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Microrg Fitop Livro 2012
Microrg Fitop Livro 2012
ISBN: 9788599082140
Autor
Coautores
ÍNDICE DE ASSUNTOS
II – Conceitos em fitopatologia – p. 14
X –Fungos fitopatogênicos – p. 82
Tabela 1.1. Relação resumida de doenças de plantas de importância histórica mundial, causadas
pelos quatro principais grupos de fitopatógenos.
Brasileira de Fitopatologia) em 1967 (1 a 3/2/1967) em Piracicaba, SP. Este primeiro encontro foi
presidido pelo Dr. Eric Balmer (ESALQ, Piracicaba, SP). Somente em 1970 não foi possível a
realização deste novo e importante evento nacional anual. Em 1972, em sua quinta edição
(Fortaleza, CE) tal encontro passou a denominar-se Congresso.
O número de trabalhos apresentados vem crescendo anualmente (Tabela 1.3),
demonstrando o grande interesse do público neste encontro. Na década de 60 (1967-1969) entre
31 e 58 trabalhos foram apresentados. Já na década de 70 foram apresentados entre 63 e 144
trabalhos, nos anos 80 entre 167 e 324, na década de 90 foram apresentados entre 211 e 725 e no
período 2000 e 2006 foram submetidos entre 608 e 1191 resumos. Até 1979 os congressos da SBF
foram realizados em fevereiro, entre 1980 e 1990 preferencialmente em julho e a partir de 1991
em agosto. Os resumos do Congresso Brasileiro de Fitopatologia entre 1967 e 1975 foram
publicados pela 'Revista Brasileira de Fitopatologia' e a partir de 1976 pela revista 'Fitopatologia
Brasileira'. Entre 2000 e 2010 cadastraram-se 720 associados.
A revista Fitopatologia Brasileira (FB) é uma publicação bimestral da SBF. Este periódico
destina-se à publicação de artigos técnico-científicos, que descrevam pesquisas originais em
Fitopatologia e contribuam significativamente para seu desenvolvimento. A FB aceita trabalhos
escritos em língua portuguesa, inglesa e espanhola. Em 2008 a FB, em conformidade a deliberação
da assembleia geral da SBF realizada durante o congresso de 2006, passou a circular com o nome
de “Tropical Plant Pathology”. A FB foi editada em Brasília/DF, Fortaleza/CE e atualmente é
editada em Lavras/MG. Seus Editores Presidentes foram: Eliot W. Kitajima [(1976-1995) UnB,
Brasília/DF], Cláudio L. Costa [(1995-1999) UnB, Brasília/DF], José Albérsio A. Lima [(1999-2005),
UFC, Fortaleza/CE], Ludwig H. Pfenning [(2006-2011) UFLA, Lavras/MG)] e, atualmente (2012-
2014) Francisco Murilo Zerbini Jr. (UFV, Viçosa/MG).
A SBF é uma associação civil de direito privado sem fins lucrativos e tem como sede as salas
102 e 103 do Edifício Athenas bloco B, localizado na SGAS 902, Asa Sul, Brasília - DF, CEP: 70390-
020, e foro a cidade de Brasília - DF.
Segundo o seu estatuto, a SBF congregará pessoas e organizações que se interessem pelo
desenvolvimento da Fitopatologia. Esta associação tem por objetivos: (a) apoiar e estimular o
ensino e o desenvolvimento científico e tecnológico de interesse da Fitopatologia; (b) divulgar
conhecimentos científicos, tecnologias, serviços e produtos de interesse da Fitopatologia; (c)
cooperar com as pessoas físicas e instituições na solução de problemas de doenças / saúde de
plantas. Para satisfazer os seus objetivos, a SBF deve: (a) promover e apoiar cursos, reuniões,
congressos e outros eventos relativos à Fitopatologia; (b) financiar a publicação do periódico
oficial (Fitopatologia Brasileira); (c) utilizar, na medida do possível, outros meios para divulgação
de matéria do interesse da SBF; (d) instituir, na medida do possível, programas de apoio editorial e
de incentivo à Fitopatologia, por meio de proposta feita pela Diretoria à Assembléia Geral.
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II – CONCEITOS EM FITOPATOLOGIA
Agente causal de doença - Os agentes causais podem ser de origem biótica ou abiótica e
são aqueles que ocasionam as doenças. Entre os agentes de origem biótica conhecidos também
como fitopatógenos, encontramos as algas, as bactérias, os espiroplasmas, os fungos, os
micoplasmas (fitoplasmas), os nematóides, os protozoários, as riquétsias, os viróides, os vírus, até
mesmo plantas parasitas. Estes agentes bióticos ocasionam processos infecciosos deletérios às
plantas. Todavia, os agentes abióticos de origem edáfica (pH, textura, excesso ou falta de
nutrientes, etc.) ou climática (excesso ou falta de chuvas, luminosidade, umidade ou temperaturas
adequadas), também podem desencadear distúrbios na planta, porém de ordem não infecciosa.
Figura 2.1. Danos em alface (Lactuca sativa) e feijoeiro (Phaseolus vulgaris) provocados por
doenças causadas por fungos. Manchas (A) e queima foliar (B), em alface de cultivo hidropônico,
causadas pelos fungos Cercospora longissima e Botrytis cinerea, respectivamente. Vagens (C) e
folhas (D) de feijoeiro afetado pelo fungo Pseudocercospora griseola. As setas indicam os sintomas
da doença. (Fotos: L.E.B. Blum)
Figura 2.2. Doenças de plantas e agentes causais (Fungo, bactéria, vírus e nematóde). (A) Doença
causada por fungo fitopatogênico. (B) Doença causada por bactéria fitopatogênica. (C) Doença
causada por fitovírus. (D) Doença em raízes causada por nematóide fitoparasita. (A) Carvão do
milho (Zea mays) causado por Ustilago maydis. (B) Podridão negra em repolho (Brassica oleracea
v. capitata) causada por Xanthomonas campestris pv. campestris. (C) Mosaico em folha de
mamoeiro (Carica papaya) causado pelo vírus do mosaico do mamoeiro (Papaya ringspot virus).
(D) Galha (seta) em raízes de tomateiro causada por espécie de Meloidogyne. (E) Esporos de
fungo fitopatogênico. (F) Colônias de células bacterianas. (G) Partículas de vírus. (H) Nematóides
fitoparasitas (adultos e larvas).(Fotos: A-E, H, L.E.B. Blum; F, C.H. Uesugi; G, R.O. Resende)
Tabela 2.1. Comparação entre doença parasitária, distúrbio (doença não-parasitária) e injúria
química ou mecânica.
Fitoparasita - Fitoparasita é um organismo que obtém seus nutrientes de uma planta viva
(hospedeira), com prejuízos significantes para a hospedeira. Os fitoparasitas, dependendo de suas
necessidades nutricionais para multiplicação, podem ser classificados em biotróficos ou
obrigatórios e em necrotróficos ou facultativos. Os parasitas podem ainda ser do tipo
endoparasita (aquele que entra na planta hospedeira e se alimenta dentro desta) ou ectoparasita
(aquele que se alimenta no exterior da planta).
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Sinais de uma doença - São as estruturas do patógeno (Figura 3.1) presentes nos tecidos
vegetais infectados e, segundo alguns autores (Blanchard & Tattar, 1997), os odores exalados
pelos tecidos doentes. Entre os sinais dos patógenos (fungos, bactérias, nematóides e
protozoários) pode-se citar:
(a) Fungos e organismos semelhantes a eles - Micélio fúngico, esclerócios (escleródios),
microesclerócios, rizomorfa, esporos (conídios, ascósporos, aplanósporos, basidiósporos,
oósporos, zigósporos, urediniósporos, etc.), esporóforos e corpos fúngicos de frutificação
(asco, basídio, esporangióforo, acérvulo, picnídio, peritécio, cleistotécio, ascostroma,
esporângio, zoosporângio, uredínia, basidiocarpo, etc.);
(b) Bactérias e organismos semelhantes a elas (Fitoplasmas) - Colônias, células e exsudatos
bacterianos;
(c) Nematóides - Ovos, larvas (juvenis) e adultos (fêmeas e machos) de nematóides fitoparasitas;
(d) Protozoários - Plasmódios (massa protoplasmática móvel, multinucleada e sem parede celular,
circundada por uma membrana plasmática) e pseudoplasmódios (plasmódios agregados).
(e) Vírus – As partículas virais só podem ser observadas ao microscópio eletrônico. Todavia,
agregados de partículas virais de alguns vírus formam inclusões celulares cristalinas que podem
ser observadas ao microscópio óptico.
Figura 3.1. Sintomatologia: se encarrega do estudo dos sintomas e sinais das doenças das plantas.
(A) Míldio da videira (Vitis vinifera) causado por Plasmopara viticola. Observa-se como sintoma a
queima e como sinal a massa micelial do organismo (seta). (B) Mofo verde (nome da doença dado
em função dos sinais) ou podridão mole (nome da doença dado em função dos sintomas) da
laranja (Citrus sinensis) causada por Penicillium digitatum. A massa micelial ou de filamentos (seta)
e de esporos esverdeados do fungo são os sinais da doença. (Fotos: L.E.B. Blum)
Tipos de sintomas - Nas doenças infecciosas (origem biótica) o surgimento dos sintomas é
dinâmico e variado. Sendo assim, os sintomas podem ser classificados de diversas maneiras,
conforme a finalidade. Duas destas formas de classificação dos sintomas seriam as seguintes,
segundo Tokeshi (1978):
(a) Classificação quanto à cronologia ou ordem de surgimento dos sintomas na planta, e;
(b) Classificação dos sintomas quanto ao processo afetado na planta.
A. Quanto à cronologia (ordem de surgimento) - estes sintomas são divididos em:
(a) Primários: sintomas da doença que surgem no local de ação do agente causal. Exemplos:
podridão radicular, necrose vascular, mancha local necrótica e anasarca;
(b) Secundários ou reflexos: sintomas que aparecem em locais distantes de onde o agente causal
agiu e causou os sintomas primários. Exemplos: murcha e seca da planta devido primariamente
à podridão radicular ou necrose do sistema vascular. A doença apresentada na figura 3.2
exemplifica este tipo de sintoma, uma vez que as necroses internervais decorrem de
degenerações necróticas no caule da planta.
Figura 3.2. Sintoma plesionecrótico. (A) Murcha em tomateiro (Solanum lycopersicum) causada
pela bactéria Ralstonia solanacearum. (B) Amarelecimento da folha do mamoeiro (Carica papaya)
causado pelo fungo Phytophthora palmivora. (C) Amarelecimento inter-nerval em soja (Glycine
max) provocado pelo nematóide Heteredera glycines agente do cisto. (D) amarelecimento
ocasionado pelo fungo Pseudoperonospora cubensis causador do míldio em cucurbitácea. (E)
Encharcamento (anasarca) em folha de tomateiro provocado pelo fungo Phytophthora infestans
causador da requeima. O sintoma primário é de anasarca seguido de queima da folha. (F)
Encharcamento em alface (Lactuca sativa) provocado por Bremia lactucae agente do míldio.
(Fotos: A, C.H. Uesugi; C, J.E. Cares; B, D-F, L.E.B. Blum)
sintomas podem ser subdivididos em necróticos e plásticos. Os primeiros levam à morte dos
tecidos e os segundos à falta ou ao excesso de desenvolvimento dos tecidos.
A. Necróticos – plesionecróticos e holonecróticos - Sintomas que levam à morte das células e
tecidos. Estes sintomas precedem (plesionecróticos) ou surgem após (holonecróticos) a morte
das células e tecidos.
(a) Plesionecróticos: sintomas que precedem à morte das células e tecido (Ex. anasarca).
(b) Holonecróticos: sintomas que seguem à morte das células e tecidos (Ex. podridão).
B. Plásticos – hipoplásticos e hiperplásticos - Sintomas que surgem devido à falta (hipoplásticos)
ou aos excessos (hiperplásticos) bioquímicos ou citológicos.
(a) Hipoplásticos: sintomas que surgem devido à falta de substâncias (Hormônios) ou estruturas
celulares (Ex. nanismo e clorose).
(b) Hiperplásticos: sintomas que aparecem em decorrência ao excesso de substâncias
(Hormônios) ou estruturas celulares (Ex. galha e encarquihamento).
Figura 3.3. Sintoma holonecrótico. (A) Manchas em beterraba (Beta vulgaris) causadas por
Cercospora beticola. (B) Manchas em batata-salsa (Arracacia xanthorrhiza) causadas por Septoria
apiicola. (C) Mancha ‘olho-pardo’ (Cercospora coffeicola) do café (Coffea arabica). (D) Pústulas da
ferrugem (Puccinia allii) em alho (Allium sativum). (E e F) Manchas (Pseudocercospora griseola)
em vagens e folha de feijoeiro (Phaseolus vulgaris). (Fotos: L.E.B. Blum)
Figura 3.4. Sintoma holonecrótico. (A) Podridão em colmo de milho (Zea mays), causada por
Stenocarpela maydis. (B) Mumificação em pessegueiro (Prunus persica) causado por Monilinia
fructicola (Podridão parda). (C) antracnose em chuchu (Sechium edule) causada por Colletotrichum
gloeosporioides. (D) Podridão em tomateiro causada por Phytophthora infestans. (E) Antracnose e
podridão em mamoeiro provocada por C. gloeosporioides. (F) Perfuração em pessegueiro causada
por Wilsonomyces carpophilus. (G) Manchas, crestamentos e perfurações em seringueira (Hevea
spp.) causados por Microcyclus ulei. As setas (A-F) indicam os sintomas. (Fotos: L.E.B. Blum)
(b) Mosaico: devido à falta de desenvolvimento de clorofila em determinadas áreas das folhas,
entremeadas com áreas normais (Figura 3.5). Ex.: Mosaico comum do feijão (Bean common
mosaic virus); Mosaico dourado do feijão (Bean golden mosaic virus).
(c) Mosqueado: sintoma semelhante ao mosaico (devido à falta de desenvolvimento do pigmento
clorofila em áreas das folhas, entremeadas com áreas esverdeadas), porém menos evidente.
Ex.: Mosqueado do feijão em soja (Bean pod mottle virus).
(d) Enfezamento (Nanismo ou atrofia): falta de desenvolvimento de alguns órgãos ou da planta
com um todo. Ex.: Nanismo amarelo da cevada (vírus do nanismo amarelo da cevada, Barley
yellow dwarf virus. Ex.: Enfezamento pálido do milho (Spiroplasma kunkelii).
(e) Roseta: encurtamento dos entrenós de ramos, provocando o agrupamento de folhas,
associado a distúrbios fito hormonais. Ex.: Enfezamento vermelho do milho (Fitoplasma).
(f) Estiolamento: falta de desenvolvimento clorofiliano, contudo com excesso de multiplicação de
células caulinares. Ex.: ‘Bakanae’ do arroz (Gibberella fujikuroi).
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São aqui apresentadas algumas informações importantes sobre o ciclo geral das doenças
parasitárias de plantas. O conhecimento detalhado sobre o ciclo das doenças de plantas favorece a
recomendação das medidas ideais de controle destas doenças. Maiores detalhes das informações
sobre este assunto podem ser obtidos em Amorim (1995) e Galli & Carvalho (1978). Todas as
etapas do ciclo da doença são afetadas em maior ou menor grau pelo ambiente. De forma geral e
simplificada este ciclo (Figura 4.1) se compõe de: (a) fonte de inóculo do patógeno; (b)
disseminação (dispersão do patógeno); (c) inoculação (deposição do patógeno); (d) penetração
(entrada do patógeno na planta); (e) colonização (invasão ou infecção das células e tecidos da
planta); (f) sintomas (expressão da doença sofrida pela planta) e; (g) reprodução do patógeno.
Figura 4.1. Ciclo da doença de planta expresso através da relação entre o patógeno e o
hospedeiro. Etapas de tal ciclo: (a) Fonte de inóculo do patógeno; (b) disseminação (dispersão) dos
propágulos do patógeno; (c) inoculação (deposição) dos propágulos do patógeno na hospedeira;
(d) penetração (entrada) dos propágulos do patógeno na hospedeira; (e) colonização (invasão ou
infecção) das células e tecidos da planta hospedeira pelo patógeno; (f) sintomas expressos pela
planta devido à doença e; (g) reprodução do patógeno nos tecidos da planta.
Ciclo geral das relações entre o patógeno e a planta hospedeira - É também conhecido
como ciclo da doença ou ciclo primário da doença de planta. Para Agrios (1997) o ciclo da doença
é uma cadeia de eventos envolvidos no desenvolvimento da doença, incluindo estágios de
desenvolvimento do patógeno e dos efeitos da doença na hospedeira. Cada combinação
patógeno-hospedeiro tem seu ciclo com as particularidades intrínsecas a cada um, isto é,
diferentes fontes de inóculo, formas de disseminação, inoculação, penetração, colonização,
sintomas e reprodução. Todavia, a sequência de eventos do ciclo geral da doença é apresentada
de forma simplificada na figura 4.1. A penetração em conjunto com a colonização pode ser
conhecida como invasão ou infecção do tecido vegetal pelo patógeno. Os sintomas e os sinais,
dependendo do tipo de patógeno e da hospedeira, podem ocorrer paralelamente. Certos insetos,
vetores de alguns fitovírus, ao mesmo tempo em que servem como fontes de inóculo atuam como
agentes de disseminação e inoculação deste grupo de fitopatógenos.
Figura 4.2. Exemplos de fontes de inóculo e de inóculo de alguns dos fitopatógenos. Raízes,
hastes, folhas, frutos, solo, insetos, água, entre outros, servem como fonte de inóculo dos
fitopatógenos. (A) Haste de tomateiro (Solanum lycopersicum) infectada (necrose vascular com
fluxo bacteriano em água) com Ralstonia solanacearum, causadora da murchadeira. (Foto: C.H.
Uesugi). (B) Fplha de soja (Glycine max) infectada com o patógeno da antracnose (Colletotrichum
truncatum). (C) Fruto de macieira (Malus domestica) com Glomerella cingulata. (D) Tubérculo de
batata (Solanum tuberosum) com exsudação de células bacterianas de Ralstonia solanacearum.
(Foto: C.H. Uesugi). (E) Fêmea e ovos de Heterodera glycines (nematóide dos cistos) extraídos de
raízes de soja (Glycine max) (Foto: J. E. Cares). (F) Folha de cebola (Alium cepa) com zoosporângios
de Peronospora destructor, causador do míldio. A seta indica o local onde o inóculo do patógeno
foi produzido ou está presente.
alguns fungos), pode ser via aberturas naturais do hospedeiro (estômatos, lenticelas, hidatódios e
nectários florais) ou pode ser via ferimentos no hospedeiro (regiões de crescimento de novas
raízes, ferimentos causados por insetos, nematóides, tratamentos agrícolas inadequadas e
implementos agrícolas e por injúrias provocadas por fatores ambientais).
Figura 4.3. Ciclo simplificado da murcha do tomateiro (Solanum lycopersicum) por Fusarium
oxysporum f. sp. lycopersici, uma doença monocíclica.
Colonização dos tecidos do hospedeiro pelo patógeno - Este evento, que segue a
penetração do patógeno na planta hospedeira, é caracterizado pela invasão e desenvolvimento
intercelular ou intracelular do agente causal biótico (bactéria, fungo, nematóide ou vírus) através
dos tecidos do vegetal hospedeiro. Posteriormente ou quase que concomitantemente com a
colonização dos tecidos vegetais surgem os sintomas da doença e os sinais do patógeno (esporos e
esporóforos de fungos) que a originou.
O ciclo primário da doença ocorre uma vez por ciclo produtivo da cultura quando o
patógeno desenvolve apenas um ciclo infeccioso, as doenças com esta característica são
conhecidas como doenças de ciclo primário ou monocíclico. Normalmente murchas, podridões,
tombamentos possuem desenvolvimento monocíclico. Quando o patógeno desenvolve mais de
um ciclo infeccioso por ciclo da cultura, isto é, as plantas infectadas permitem ao patógeno a
produção de propágulos que servirão como inóculo para outros ciclos infecciosos dentro do
mesmo ciclo de cultivo da planta, este tipo de doença é conhecido como de ciclo secundário ou
policíclico. As figuras 4.3. e 4.4 representam estes dois tipos de doença (monocíclica ou policíclica).
Figura 4.4. Ciclo primário e secundário da sarna da macieira causada por Venturia inaequalis.
Tabela 4.1. Característica do ciclo de doença ocasionada por bactéria, fungo, nematóide ou vírus.
Etapa Bactéria Fungo Nematóide Vírus
Fonte de Solo, rizosfera, Solo, rizosfera, água, Solo com raiz, Planta (cultura ou
inóculo semente(1) água(2), planta, resto de planta, semente daninha), inseto,
planta, resto de cultura, cultura, muda, semente
muda semente
Inóculo/ Células Esporo, micélio e Ovo, larva e adulto Partículas
propágulo esporocarpos
Disseminação/ Água, vento, chuva, Água, vento, chuva, Solo com raiz, Semente, inseto,
deslocamento/ solo, inseto(3), muda, solo, inseto, muda, planta infectada, muda, pólen
dispersão semente, implemento(4) semente, implemento semente, muda
Inoculação/ Água, vento, chuva, Água, vento, chuva, Água, chuva, solo, Enxertia, inseto,
deposição solo, inseto, solo, inseto, inseto, implemento contato, pólen,
implemento implemento implemento
Penetração/ Ferimento, abertura Direta, ferimento e Direta, abertura Ferimento
entrada natural abertura natural natural
Colonização/ Inter e intracelular Extra, inter e Extra e intercelular Intracelular
invasão intracelular
Reprodução Sexuada e assexuada Assexuada Sexuada Replicação na
planta
(1) Outro materiail de propagação. (2) Irrigação. (3) Outros animais. (4) Tesoura, canivete, etc.
Agrios, G. N. Plant pathology. 5th. Edition. San Diego, Academic Press. 2005. 922p.
Amorim, L. Ciclos primário e secundário. Cap. 12. In: Bergamin Filho, A. et al. Manual de
fitopatologia. V. 1, 3a. Edição, São Paulo, Editora Agronômica Ceres, 1995. p. 234-245.
Galli, F & Carvalho, P. C. T. Ciclo das relações patógeno-hospedeiro. Cap. 9. In: Galli, F. Manual de
fitopatologia. V. 1. 2ª edição, São Paulo, Editora Agronômica Ceres, 1978. p. 176-198.
Viégas, A. P. Dicionário de fitopatologia e micologia. Campinas, IAC. 1979. 882p.
Existem várias maneiras que podem ser usadas para classificar as doenças de plantas. Uma
destas formas de classificar e estudar as doenças dos vegetais é através dos processos fisiológicos
da planta que são afetados pelos patógenos. Esta forma de classificação das doenças de plantas foi
proposta por McNew na primeira metade do século XX e mais detalhes sobre o assunto podem ser
obtidos em Balmer & Galli (1978) e Ponte (1980).
Figura 5.1. Podridões. (A-B) Podridão mole em pós-colheita da maçã (Malus domestica) causada
por: (A) Cryptosporiopsis curvispora – podridão ‘olho-de-boi’; (B) Botryosphaeria dothidea –
podridão branca; (C) Mofo verde (Penicillium digitatum ou P. italicum) sobre a lesão (podridão
mole) em limão (Citrus sp.). (D-E) Podridão do colo (seta) do feijoeiro (Phaseolus vulgaris) causada
por Sclerotium rolfsii. (D) Câmara úmida de partes do caule de feijão infectado e; (E) Caule podre
de feijoeiro infectado por S. rolfsii com formação de esclerócios próximos à lesão necrótica.
(Fotos: L.E.B. Blum)
(d) Rhizoctonia solani – (Fungo) causa tombamento e podridão de caules e raízes em mais de 200
espécies de plantas (Rhizoctonia solani em feijão e soja);
(e) Sclerotium rolfsii - (Fungo) causa tombamento e podridão no caule em várias plantas, tais
como, em feijão, rabanete, soja e tomate, além de mais de 500 outras espécies de plantas.
Figura 5.2. Estruturas de fungos causadores de podridão. (A) Conidióforo e conídios de Aspergillus.
(B) Conidióforo e conídios de Bipolaris. (C) Esporangióforo, esporângio e esporangiósporos de
Mucor. (D) Conidióforo e conídios de Penicillium. (E) Esporangióforos, esporângios,
esporangiósporos e rizóides de Rhizopus. (F) Zoosporangióforo, zoosporângio, zoósporos,
anterídio e oôgonio de Phytophthora. (G) Zoosporangióforo, zoosporângio, zoósporo, anterídio e
oôgonio de Pythium. (H) Ascoma, asco e ascósporo de Gaeumannomyces. (Adaptado de: Ellis,
1971; Moore-Landecker, 1982; Von Arx, 1981)
(e) Rhizoctonia solani – (Fungo) podridão de raiz, haste e caule em várias hospedeiras (mais de
200 espécies de plantas, tais como, batata, feijão, soja e tomate).
Figura 5.3. (A) Planta murcha de tomateiro (Solanum lycopersicum) pela bactéria Ralstonia
solanacearum, causadora da “Murchadeira da batata e tomate” (Foto: C.H. Uesugi). (B) Pústulas
(seta) alaranjadas devido à ferrugem (Puccinia recondita f. sp. tritici) da folha do trigo (Triticum
aestivum) (Foto: L.A.S. Azevedo); (C) Colônias miceliais esbranquiçadas (seta) formadas pelo fungo
causador do oídio (Erysiphe polygoni) do feijão. (D) Manchas amarelas (seta) devido ao míldio das
cucurbitáceas causado por Pseudoperonospora cubensis. (Foto: C, D, L.E.B. Blum)
Patógenos que causam doenças do grupo 5 – mancha, míldio, oídio e ferrugem - Este
grupo possui uma grande variedade de patógenos que afetam principalmente a parte aérea das
plantas. Atuam no tecido da hospedeira produzindo toxinas ou hormônios. Alguns são parasitas
facultativos (causadores de manchas) outros parasitas obrigatórios (causadores de míldio, oídio e
ferrugem) (Figura 5.3. B-D). Deste grupo constam os seguintes patógenos:
(a) Alternaria (A. solani, A. porri) – (Parasitas facultativos) causam manchas e crestamentos
foliares e de caules em várias plantas.
(b) Bipolaris (B. oryzae, B. sorokiniana) – (Parasitas facultativos) causam manchas foliares, de
inflorescências e de sementes em várias plantas, principalmente gramíneas.
(c) Cercospora (C. beticola, C. kikuchii) – (Parasitas facultativos) causam manchas em várias
plantas anuais e perenes.
(d) Phytophthora infestans – (Parasita facultativo) causa requeima em batata e tomate.
(e) Plasmopara viticola – (Parasita obrigatório) em uva causa míldio na folha, inflorescência e
fruto.
(f) Peronospora – (Parasita obrigatório) causa míldio em folhas e sementes de soja (P.
manshurica) e míldio em cebola e alho (P. destructor).
(g) Erysiphe graminis – (Parasita obrigatório) causa oídio em gramíneas (cevada e trigo).
(h) Sphaerotheca fuliginea – (Parasita obrigatório) causa oídio em cucurbitáceas (abóbora).
(i) Puccinia graminis – (Parasita obrigatório) causa ferrugem em gramíneas (centeio e trigo).
(j) Hemileia vastatrix – (Parasita obrigatório) causa ferrugem do cafeeiro.
Patógenos que causam doenças do grupo 6 – carvão, galha, amarelo e viroses - Este
grupo de fitopatógenos em geral é de parasitas obrigatórios (vírus e nematóides), todavia existem
alguns parasitas facultativos (bactérias). Em geral alteram o metabolismo hormonal das plantas
infectadas, ocasionando sintomas hipo ou hiperplásticos. Exemplificando este grupo de
fitopatógenos, enumeramos os seguintes organismos:
(a) Ustilago maydis – causa carvão (deformação e galha em semente) em milho; U. tritici – causa
carvão em trigo.
(b) Agrobacterium tumefaciens – causa galha em rosáceas (macieira, pereira e pessegueiro).
(c) Plasmodiophora brassicae – causa hérnia em crucíferas (brócolis, couve, couve-flor e repolho).
(d) Meloidogyne (M. arenaria, M. incognita, M. javanica) – causa galha da raiz em várias plantas
(feijão, pimentão e tomate).
(e) Vírus do mosaico do fumo, Vírus do amarelecimento da folha da batata e outros – causa
mosaico nas folhas.
(f) Espiroplasma do enfezamento amarelo do milho – causa clorose e nanismo em milho;
Espiroplasma dos citros (Spiroplasma citri).
causam doenças nos diferentes grupos, em geral podemos dividi-los da seguinte forma (escala
empírica crescente quanto à dependência ao parasitismo na planta – Figura 5.4):
(a) Podridão mole – causada por parasitas (fungos e bactérias) facultativos (Penicillium e
Pectobacterium).
(b) Tombamento – causado por parasitas facultativos (Pythium, Fusarium e Sclerotium).
(c) Podridão radicular – causada por fungos parasitas facultativos (Rhizoctonia e Fusarium).
(d) Murcha – causada por parasitas facultativos (Fusarium oxysporum e Ralstonia solanacearum).
(e) Mancha – causada geralmente por parasitas (fungos e bactérias) facultativos (Bipolaris e
Xanthomonas).
(f) Oídio, míldio e ferrugem – causados por parasitas obrigatórios (Erysiphe, Peronospora e
Puccinia).
(g) Carvão – causado por parasitas facultativos em pelo menos parte de seus ciclos de
desenvolvimento (Ustilago e Tilletia).
(h) Viroses – causadas por parasitas obrigatórios (v. do Mosaico do Fumo e V. do Mosaico Comum
do Feijoeiro, nomes e minúsculo).
(i) Nematoses / galhas – causadas por parasitas obrigatórios (Meloidogyne e Heterodera). [A
bactéria Agrobacterium tumefaciens, causadora da galha da coroa em rosáceas (macieira e
pereira) e outras espécies de plantas (videira), é um parasita facultativo].
Balmer, E. & Galli, F. Classificação das doenças segundo a interferência em processos fisiológicos
da planta. Capítulo 15. In: Galli, F. Manual de fitopatologia. Volume 1, Editora Agronômica
Ceres, São Paulo, SP, 1978. p. 260-288.
Ponte, J. J. Fitopatologia: princípios e aplicações. 2a edição, Editora Nobel, São Paulo, 1980. 250 p.
Neste capítulo será apresentada uma síntese dos mecanismos envolvidos nas interações
planta-patógeno. Detalhes sobre o assunto podem ser encontrados em Blum & Ferreira (2006),
Pascholati (1995), Pascholati & Leite (1995), Medeiros et al. (2003) e Pascholati et al. (2008).
Por fisiopatologia vegetal ou fisologia do parasitismo, entende-se o estudo da fisiologia e
bioquímica das interações entre o patógeno e sua planta hospedeira. Nesta área da fitopatologia,
procura-se esclarecer de que forma o patógeno agride a planta e causam sintomas, durante as
etapas de infecção e colonização, e como a planta se defende (Figura 6.1). Nas interações estão
envolvidos mecanismos bioquímicos e estruturais, tanto produzido pelo patógeno (apressório,
enzimas, hormônios e toxinas) quanto pela planta hospedeira (cutícula, papilas,proteínas de
defesa e fitoalexinas).
dependem das características e fatores genéticos das plantas e dos patógenos, além dos fatores
ambientais. Podemos entender a interação planta–patógeno como uma guerra onde o patógeno
entra com seus mecanismos de ataque ou contra-defesa e a planta com seus mecanismos de
defesa. Como resultado dessa interação pode ocorrer o desenvolvimento da doença (nesse caso
dizemos que a planta é suscetível e a interação é compatível) ou o não desenvolvimento da
doença (nesse caso, a planta é dita resistente e a interação incompatível).
Quadro informativo
Interação patógeno-hospedeiro - sintese do modelo de Flor (1943) ou teoria do gene para gene
Esta teoria baseia-se no fato de que para existe uma interação recíproca de um gene de
avirulência dominante (Avr) ou de virulência recessiva (vir) no patógeno e um gene de resistência
dominante (R) correspondente na planta hospedeira. Há uma interação entre um receptor (planta)
e um elicitor (patógeno). O gene R de resistência é responsável pela produção de receptores
específicos de elicitores produzidos pelos genes de avirulência (Avr) do patógeno. O patógeno
possui genes gerais de patogenicidade a uma dada hospedeira e genes específicos de avirulência a
variedades desta hospedeira. Os genes específicos para avirulência/virulência do patógeno são:
Avr que produz eleicitor e avr que não produz elicitor. A planta por sua vez possui genes gerais de
resistência, que conferem resistência à maioria dos organismos, e genes específicos de resistência
(R) que produzem o receptor (proteínas receptoras) de reconhecimento do elicitor do patógeno e
o gene recessivo (r) não codifica o receptor. Portanto, a possíveis interações gênicas
patógeno/hospedeiro são: Avr/R= resistência, Avr/r= susceptibilidade, avr/R= susceptibilidade e
avr/r= susceptibilidade.
Avr/R = [R→receptor]+[Avr→elicitor] = [receptor + elicitor] = defesa = incompatibilidade =
resistência
avr/R = [R→receptor]+[avr→0] = [receptor] = indefesa = compatibilidade = susceptibilidade
Avr/r = [r→0 receptor]+[Avr→elicitor] = [elicitor] = indefesa = compatibilidade = susceptibilidade
avr/r = [r→0 receptor]+[avr→0 elicitor]→[patógeno] = indefesa = compatibilidade =
susceptibilidade
degradação enzimática da cutícula e parede celular das plantas por patógenos está associada
aos sintomas de podridão mole, tombamento e murcha vascular.
(b) Toxinas: Toxinas são moléculas pequenas e efetivas em baixas concentrações. São peptídeos,
proteínas ou metabólitos secundários produzidos por microrganismos, principalmente fungos e
bactérias patogênicos. Tais substâncias podem provocar danos às células vegetais, tais como:
perda de permeabilidade da membrana celular, danos às mitocôndrias e cloroplastos,
inativação ou inibição de enzimas, captura de nutrientes e deficiência de fatores de
crescimento. Algumas toxinas (denominadas não-específicas ou não-seletivas) podem afetar
várias plantas, independente de serem hospedeiras ou não do patógeno produtor da toxina,
enquanto outras afetam exclusivamente as hospedeiras do patógeno (são chamadas específicas
ou seletivas). As toxinas são, em geral, produtos de patógenos que causam mancha,
amarelecimento, necrose e queima foliar.
• Não-seletivas (não específicas ao hospedeiro) – A maioria delas não é essencial para que o
patógeno possa causar doença, mas aumentam a severidade da doença. Alguns exemplos
de toxinas não-seletivas: (a) Produzidas por Bactérias - tabtoxina (Pseudomonas syringae
pv. tabaci), faseolotoxina (P. savastanoi pv. phaseolicola), siringomicina (P. syringae pv.
syringae). (b) Produzidas por Fungos - tentoxina (Alternaria alternata), fusicoccina
(Fusicoccum amygdali), ácido fumárico (Rhizopus spp.), ácido oxálico (Sclerotium rolfsii),
ácido alternárico (A. solani), ofiobulina (Bipolaris oryzae), piricularina (Pyricularia grisea),
cercosporina (Cercospora beticola), ácido fusárico e licomarasmina (Fusarium oxysporum f.
sp. lycopersici) .
• Seletivas (específicas ao hospedeiro) – Conhecidas como patotoxinas, pois são
considerados fatores determinantes da patogenicidade, ou seja, são essenciais para que o
patógeno possa causar doença. Todos os sintomas provocados na planta pelo patógeno
podem ser reproduzidos com a aplicação da toxina, na ausência do patógeno. Neste grupo
estão as toxinas produzidas pelos fungos dos gêneros Alternaria e Cochliobolus, entre
outros. Alguns exemplos de toxinas seletivas: victorina ou toxina HV (Cochliobolus
(Bipolaris) victoriae), toxina T (C. heterostrophus), toxina HC (C. carbonum), toxina HS ou
helmintosporoside (C. sacchari), toxina AK (Alternaria alternata f. sp. kikuchiana), toxina
AM (A. alternata f. sp. mali) e toxina PC (Periconia circinata).
(c) Hormônios: Os hormônios vegetais auxinas (AIA), giberelinas, citocininas, etileno e o ácido
abscísico podem ter seu balanço alterado na planta doente. Muitos microrganismos, além de
sintetizar esses hormônios, podem também produzir enzimas que degradam ou induzem a
formação destes hormônios na planta. Dessa forma, a indução e/ou produção de hormônio
pelo patógeno causa um desequilíbrio hormonal nas plantas e estas podem apresentar
sintomas de crescimento anormal, seja pela falta (nanismo ou enfezamento) ou pelo excesso de
crescimento das células e tecidos (superalongamento, galhas, tumores, superbrotamento,
fasciação, epinastia). Exemplos de patógenos indutores de desequilíbrio hormonal em suas
hospedeiras: a bactéria Agrobacterium tumefaciens (galha da coroa em macieira, pereira,
roseira, entre outras) e o fungo Moniliophthora perniciosa (vassoura-de-bruxa do cacaueiro).
(d) Polissacarídeos Extracelulares: São compostos de longas cadeias de monossacarídeos que são
secretados por patógenos causadores de murchas vasculares, principalmente bactérias. Um
exemplo é a goma xantana produzida por Xanthomonas campestris. A presença desses
polissacarídeos nos vasos do xilema pode levar à sua obstrução e bloqueio do transporte de
água, tal como ocorre na murcha bacteriana de várias plantas causada por Ralstonia
solanacearum. Patovares de Pseudomonas syringae que causam sintomas de anasarca
produzem polissacarídeos que provocam acúmulo e bloqueio de água nos tecidos das plantas
infectadas. O declínio e murcha, de algumas plantas, provocadas pela bactéria Xylella fastidiosa
(causador do “amarelinho” do citros) estão associados ao bloqueio parcial do xilema por células
bacterianas e substâncias pécticas. Além da obstrução dos vasos, os polissacarídeos auxiliam a
movimentação bacteriana nos tecidos da planta e favorecem a colonização ao proteger a
bactéria contra substâncias de defesa produzidas pela planta hospedeira.
Quadro 6.2. Relação entre mecanismos de ataque dos fitopatógenos e tipos de doenças e sintomas.
Mecanismo Doença/sintoma
Deficiência e excesso de hormônio Nanismo, enfezamento, galha ou tumor, superbrotamento, fasciação
Enzima pectolítica e celulolítica Podridão mole, podridão radicular, murcha, tombamento, mancha
Toxina Queima e crestamento, clorose e necrose
Polissacarídeo extracelular Murcha
São estruturas ou substâncias que a planta possui ou produz que atuam na defesa contra vários
patógenos. Como independem de serem ativados, são também denominados mecanismos
passivos, ou mecanismos de resistência passiva. Já os pós-formados são induzidos somente na
presença de patógenos ou de algum fator que cause estresse à planta. Como dependem de serem
ativados, são também denominados mecanismos ativos, ou resistência ativa. Tais mecanismos são
alvo dos programas de controle biológico de doenças através da indução de resistência a
fitopatógenos.
A. Defesa mecânica ou estrutural: são barreiras físicas à entrada ou colonização da planta pelo
patógeno (Figura 6.4; Tabela 6.1). Subdividem-se em pré e pós-formada.
(a) Pré-formada (pré-infeccional) – são estruturas, ou características morfológicas já presentes na
planta hospedeira que desfavorecem ou impedem a entrada do patógeno, conforme
exemplificado abaixo:
▪ Espessura, composição química e quantidade de ceras da cutícula: A cutícula vegetal é
composta de um polímero denominado cutina e de ceras. Poucos patógenos são capazes de
degradar enzimaticamente a camada cerosa que recobre a cutícula vegetal, desta forma, uma
maior quantidade de ceras constitui-se uma barreira natural ao ataque de patógenos. A
composição química das ceras de algumas plantas pode inibir o crescimento micelial de fungos.
Uma cutícula mais espessa, por ser uma superfície hidrofóbica, é naturalmente um meio pouco
favorável à germinação de conídios de fungos e multiplicação de bactérias. Além disso, em
algumas plantas, substâncias químicas presentes na cutícula podem impedir a germinação de
fungos e, conseqüentemente, proteger a planta contra a doença.
▪ Número, localização, morfologia e período de abertura dos estômatos: Muitos fungos e
bactérias são capazes de penetrar pelos estômatos. Nas superfícies com maior número de
estômatos é comum encontrar-se um maior número de lesões. O período de abertura pode
favorecer a planta, caso este não coincida com o período em que os esporos germinam e estão
aptos para a penetração. Em citros, a morfologia das cristas pode conferir resistência ao agente
causal do cancro cítrico, Xanthomonas axonopodis pv. citri, ao reduzir a entrada do filme de
água e células bacterianas através dos estômatos (Figura 6.4).
▪ Tricomas: A presença de um maior número de tricomas na superfície da planta não favorece a
formação de um filme contínuo de água, essencial para germinação de conídios fúngicos e
multiplicação de bactérias. Além disso, pêlos podem estar conectados às glândulas que
secretam substâncias inibidoras da germinação de fungos.
▪ Tecido com células de parede celular espessa: As fibras esclerenquimáticas, nervuras das
folhas, vasos condutores, e todo o tecido mais rígido (rico em lignina) são uma barreira natural
à colonização e impedem a coalescência (união) das lesões. A mancha angular, sintoma foliar
induzido por algumas bactérias e fungos, forma-se devido a essas regiões de parede mais
espessa. O patógeno não coloniza além das nervuras, que acabam delimitando a lesão.
(b) Pós-formada ou pós-infeccional – são estruturas, ou características morfológicas formadas na
planta hospedeira após o contato com o patógeno que impedem sua entrada ou desfavorecem
a colonização, conforme exemplificado abaixo:
▪ Agregação citoplasmática: Resposta celular rápida que ocorre de segundos a minutos após a
infecção (adesão, germinação e entrada do patógeno). Os agregados citoplasmáticos são
constituídos de retículo endoplasmático rugoso e complexo de Golgi, organelas envolvidas na
síntese e secreção de substâncias de defesa que serão usadas na formação de halos e papilas.
▪ Papilas: formam-se pela deposição de substâncias como calose (polímero de ß-1,3- glucana),
lignina, sílica, suberina, entre a membrana plasmática e a parede celular. Papilas podem
envolver a hifa (ou ponta) de penetração, bloqueando esse processo e também dificultando a
troca de metabólitos entre a planta e o patógeno.
▪ Halos: São alterações na camada superior da epiderme que sofrem depósito de calose, lignina,
sílica ou lipídeos. É um mecanismo de reparo da região danificada, comum em tecido foliar de
gramíneas.
▪ Bainha ou tubo lignífero: Forma-se na parede celular pelo depósito de lignina, em resposta à
penetração. A lignificação torna as paredes mais resistentes à degradação enzimática e impede
o desvio de água e nutrientes da planta para o patógeno, assim como protege a planta das
toxinas liberadas pelo patógeno.
▪ Camadas de cortiça: São constituídas de tecido morto e suberina. Isolam o patógeno na área
invadida impedindo a colonização de novos tecidos. Tecidos mortos envoltos por camadas de
cortiça podem originar manchas necróticas em folhas ou sintomas como a sarna em frutos.
▪ Camadas de abscisão: São resultados da formação de uma zona de abscisão entre o tecido
sadio e o tecido invadido pelo patógeno que leva à degradação enzimática da lamela média,
que mantém células adjacentes unidas. Assim, ocorre o afrouxamento do tecido e sua queda.
Em folhas, atacadas por fungos (Ex. Cladosporium) ou bactérias (Ex. Xanthomonas) podem ser
visualizadas como pequenos furos no limbo .
▪ Tilose e gel no xilema: As tiloses ocorrem nos vasos do xilema como conseqüência da
hipertrofia das células do parênquima adjacente aos vasos e que acabam por extravasar seu
conteúdo para o interior dos vasos levando a uma obstrução parcial ou total dos mesmos. Tais
tiloses formam uma barreira que restringe o transporte de água, mas também restringe a
colonização do patógeno nos vasos. Associada à produção de tiloses é comum a produção de
géis de pectina (ou gomas) pela planta que também colaboram na oclusão vascular. Tanto o
estresse biótioco (invasão de patógenos) quanto abióticos pode induzir a formação de tilose.
B. Defesa bioquímica: são substâncias produzidas pela planta que podem impedir a germinação,
esporulação, crescimento ou multiplicação do patógeno. Para serem eficientes como
mecanismos de defesa essas substâncias devem ser produzidas ou estarem presentes em
concentrações tóxicas ao patógeno, no local certo (sítio de infecção) e no tempo certo (Tabela
6.2).Assim como a defesa estrutural, esse mecanimso também pode ser pré ou pós-formado.
(a) Pré-formada ou pré-infeccional: Várias substâncias, também denominadas fitoantecipinas,
pertencentes a grupos químicos diversos (fenóis, alcalóides, lactonas, terpenóides), são
produzidas constitutivamente pelas plantas e muitas têm efeito antimicrobiano. São
produzidas como compostos ativos, na forma tóxica ou inativos, para posterior liberação de seu
componente tóxico ao patógeno. Entre elas, destacam-se os compostos fenólicos, as saponinas,
os glicosídeos cianogênicos e os glicosinolatos.
▪ Compostos fenólicos: Nas cebolas de escamas coloridas são encontrados o catecol e o ácido
protocatecóico, dois compostos fenólicos capazes de inibir a germinação dos conídios de
Colletotrichum circinans. Outros exemplos são a floretina da macieira e a arbutina da pereira.
▪ Saponinas: São glicosídeos contendo alcalóide ou triterpenóides. Exemplos: tomatina (tomate)
e a avenacina (raízes de aveia), que conferem resistência a Sclerotium rolfsii e
Gaeumannomyces graminis var. tritici, respectivamente.
▪ Glicosídeos cianogênicos: São compostos químicos que, devido à injúria mecânica e posterior
ação enzimática, dão origem ao ácido cianídrico (HCN). O HCN é um potente inibidor da cadeia
respiratória. Exemplo: durina (sorgo) e linamarina (trevo).
▪ Glicosinolatos: São glicosídeos que contêm enxofre presentes em várias plantas, entre as quais
as brássicas (couve, couve-flor, repolho). Também por injúria e ação enzimática dão origem a
compostos fungitóxicos, os isotiocianatos. Exemplo: sinigrina (repolho e couve).
(b) Pós-formada ou pós-infeccional: substâncias ausentes ou presentes em níveis muito baixos nas
plantas antes da infecção. São produzidos em resposta à presença de microrganismos
patogênicos ou fatores abióticos. Entre elas citam-se as fitoalexinas, e as proteínas relacionadas
à patogênese. Fitoalexinas: são compostos antimicrobianos de baixo peso molecular,
sintetizados pelas plantas, através de vias biossíntéticas do metabolismo secundário, em
resposta a sinais produzidos pelos patógenos (elicitores exógenos) ou pela própria planta
(elicitores endógenos) ou a fatores abióticos, como luz ultravioleta e metais pesados.
Apresentam atividade antifúngica ao inibir o crescimento das hifas e reduzir germinação de
conídios. Podem também reduzir a multiplicação de bactérias nos espaços intercelulares da
planta. Mais de 300 fitoalexinas já foram descritas em mais de 30 famílias botânicas. Exemplos:
faseolina (feijão), pisatina (ervilha), gliceolina (soja), rishitina (batata) e enxofre (cacau).
Proteínas relacionadas à patogênese (PRP): Constituem um grupo diverso de proteínas
sintetizadas pela planta após a infecção. Algumas delas têm função enzimática, como as
glucanases (PR-2) e as quitinases (PR-3), que atuam na degradação da parede celular dos
fungos fitopatogênicos.
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(c) Fatores ambientais - Umidade (ar / solo / orvalho / chuva); Temperatura (ar / solo / folha);
Vento (direção / frequência / intensidade); Luminosidade (quantidade / frequência / intensidade);
Drenagem do solo (alta / baixa); Textura e química do solo;
(d) Práticas culturais e de controle - Espaçamento entre plantas; Tipo de irrigação (superfície /
aspersão); Tipo de material vegetal propagativo; monocultura; Quantidade de pulverizações.
Figura 7.1. (A) Ferrugem do jambeiro (Syzygium jambos) causada por Puccinia psidii. Nota-se que a
incidência da doença é de 100%, todavia a severidade em cada folha varia de cerca de 0,5% a
aproximadamente 30% de tecido com sintomas visíveis (Adaptado de Blum, 2002). (B) Escala
hipotética para avaliação de uma doença com pequenas manchas definidas nas folhas. A escala
varia de 0,5 a 20,0% de área foliar afetada.
Figura 7.2. (A) Mancha foliar de Glomerella em maçã ‘Gala’ (Malus domestica) causada por
Glomerella cingulata. Nota-se que a incidência da doença é de 100%, todavia a severidade em
cada folha varia de cerca de 2,0% a 30% de tecido com sintomas visíveis. (Foto: L.E.B. Blum, Lages-
SC, 2001); (B) Escala diagramatica para avaliação da doença que varia de 2,0 a 30,0% de área foliar
afetada [Escala produzida, fotografada e desenhada por L.E.B. Blum (2001 – dado não publicado)].
Quantificação das plantas doentes - Duas das formas mais conhecidas de se quantificar as
doenças de plantas são a incidência e a severidade (Figuras 7.1., 7.2.). O uso de uma ou de outra
vai depender da doença e dos objetivos do trabalho. Podemos definí-las como:
(a) Incidência (I): proporção de plantas doentes em função do total de plantas. Exemplo: 80% de
plantas infectadas;
(b) Severidade (S): proporção de área ou quantidade de tecido doente. Exemplos: 80% da área
dos tecidos afetados; 20 manchas / dm2 de tecido.
Geralmente a incidência é usada nas fases iniciais do progresso da doença, para quantificar
enfermidades que atacam toda a planta, ou no caso de podridões de fruto. Já a severidade é mais
usada no caso de doenças foliares ou de lesões superficiais em frutos.
Existem dois tipos de ferramentas muito usadas na quantificação da severidade (As
subdivisões de todas as escalas devem respeitar a acuidade visual, pois o olho humano visualiza
tecido com sintomas até 50% de área infectada e tecido sadio acima deste ponto):
(a) Chaves descritivas: Escalas arbitrárias com certo número de graus para quantificar a doença.
Exemplo: 1 = 0 - 5%; 2= 6 - 15%; 3 = 16 - 25%; 4 = 26 - 50%; 5 = >50%;
Doenças monocíclicas e doenças policíclicas Segundo Kushalappa & Cruz Filho (1985),
podemos classificar os processos epidemiológicos em dois: (monocíclicos e policíclicos. Um
processo é monocíclico quando há somente um ciclo de infecção pelo fitopatógeno na planta, e é
policíclico quando ocorrem vários ciclos de infecção ou processos monocíclicos, por ciclo de
produção da cultura. Em função desses processos podemos classificar as doenças em dois tipos -
monocíclicas e policíclicas): (a) Monocíclicas (ciclo primário): são aqueles onde o patógeno
desenvolve apenas um ciclo infeccioso por ciclo da cultura vegetal. As plantas infectadas não
serão fonte de inóculo para novas infecções no mesmo ciclo de cultivo. Exemplos: carvões,
podridões radiculares e murchas vasculares; (b) Policíclicas (ciclo secundário): são aquelas onde o
patógeno desenvolve mais de um ciclo infeccioso por ciclo cultural da planta. Plantas infectadas no
início do ciclo serão fonte de inóculo para infecções posteriores no mesmo cultivo (inóculo
secundário). Exemplos: oídios, ferrugens, míldios e manchas foliares. Um ciclo de infecção se inicia
a partir do primeiro contato entre patógeno e hospedeiro e termina na morte da lesão. Este é um
processo recorrente que é dividido em até três períodos constituídos de vários elementos (Tabela
7.1). Nas doenças policíclicas ocorre uma superposição de vários ciclos de infecção originando a
cadeia de infecção.
Padrões de curvas das doenças monocíclicas e policíclicas A quantificação e representação
de uma epidemia de quaisquer fitomoléstias podem ser conseguidas pela obtenção de uma curva
de progresso da doença. Graficamente esta curva é estabelecida pela determinação da proporção
(eixo y) de doença (Incidência ou severidade) em vários tempos (eixo x) de avaliação durante o
ciclo da cultura, que vai do plantio até a colheita da produção.
Um dos primeiros estudiosos a tentar quantificar e representar matematicamente as
doenças em plantas foi o holandês Vanderplank em 1962-63. Este pesquisador associou as
doenças com os juros de mercado, criando assim os termos doença de juros simples e doença de
juros compostos. A primeira (juros simples) é conhecida como doença de ciclo primário ou
monocíclica, enquanto que a segunda (juros compostos) de doença de ciclo secundário ou
policíclica. As curvas características de cada um dos tipos são apresentadas na figura 7.3.
Tabela 7.1. Ciclo geral de infecção de uma doença causada por um fitopatógeno qualquer.
Adaptado e modificado de Blanchard & Tattar (1997) e de Teng & Bowen (1985).
Etapas Período
Deposição
Penetração Infecção
Incubação
Colonização Latente
Sintomas (lesão)
Produção de inóculo
Maturação do inóculo
Infeccioso
Liberação do inóculo
Morte da lesão
Figura 7.3. Curvas ideais hipotéticas de progresso da doença. (A) Doença monocíclica. (B) Doença
policíclica.
doenças policíclicas, é a quantidade de inóculo secundário que tem forte influência sobre a taxa de
infecção (r), pois vários ciclos infecciosos vão ocorrer durante uma única temporada.
A. Monocíclicas - (a) quantidade inicial de inóculo do fitopatógeno (Q0); (b) taxa de infecção
(progresso) (R) da doença (unidade média de incremento de doença / unidade de tempo); (c)
fatores ambientais (clima e solo); (d) resistência do hospedeiro;
B. Policíclicas - (a) taxa de infeccção (progresso) (r) da doença; (b) taxa de reprodução do
fitopatógeno; (c) quantidade (secundária) de inóculo secundário produzido pelo patógeno; (d)
quantidade inicial de inóculo do patógeno (Q0); (e) resistência do hospedeiro; (f) fatores
ambientais (clima e solo).
Curvas com padrão monocíclico e de curvas com padrão policíclico - A figura 7.4. mostra
exemplos de curvas de progresso de algumas doenças de importância econômica. A murcha de
esclerótio em feijão, a murcha de fitóftora em pimentão e a podridão da espiga do milho
apresentam padrão monocíclico. Todavia, a ferrugem do feijão, a mancha cinza (Cercosporiose) do
milho e a queima de halo do feijão apresentam padrão policíclico. Os gráficos e tabelas
apresentados a seguir foram adaptados e modificados de diferentes fontes literárias e de APSNET.
http://www.apsnet.org/education/AdvancedPlantPath/Topics/Epidemiology.htm, 2001.
Transformações de curvas com padrão monocíclico e com padrão policíclico - As tabelas
7.2 e 7.3 (Adaptadas de: Katherman, 1979 e APSNET, 2001) apresentam dados originais e
transformados de doença com padrão monocíclico e de doença com padrão policíclico,
respectivamente. Através destes dados transformados foi possível calcular as taxas de progresso
da doença R (taxa de infecção) e r (taxa de infecção aparente), demonstradas a seguir. Estes
cálculos estão apresentados e exemplificados no quadro abaixo da tabela.
Figura 7.4. (A-C) Padrão monocíclico. (D-F) Padrão policíclico. (A) Murcha de Sclerotium rolfsii em
feijão (Phaseolus vulgaris) (Adaptado: Chet & Baker, 1980). (B) Murcha de Phytophthora capsici
em pimentão (Capsicum annuum) (Adaptado: Hord & Ristaino, 1992). (C) Podridão (Fusarium
moniliforme) da espiga do milho (Zea mays) (Adaptado: King, 1981). (D) Ferrugem do feijão
(Uromyces appendiculatus) (Adaptado: Imhoff et al., 1982). (E) Mancha cinza ou cercosporiose
(Cercospora zeae-maydis) do milho (Adaptado: Rupe et al., 1982). (F) Queima de halo
(Pseudomonas syringae pv. phaseolicola) do feijão (Adaptado: Katherman, 1979; APSNET, 2001).
O cálculo de r (taxa de infecção aparente) para doenças de padrão policíclico pode ser
obtido com o uso da fórmula a seguir (Adaptado de: Vanderplank, 1963):
r = 1 / (t-t0) * [ln d / (1-d)- ln d0 / (1-d0)]
Onde, r = taxa de infecção aparente, d = quantidade final de doença, d 0 = quantidade inicial
de doença, t-t0 = intervalo de tempo entre as duas medidas (Inicial e posterior), [d / (1-d)] e [d0 /
(1-d0)] = correção de tecido do hospedeiro disponível para infecção.
Para exemplificar o cálculo de r (taxa de infecção aparente) entre as avaliações de
incidência de 10 (Inicial) e 70 (posterior) dias, considere-se (Valores da tabela 7.3):
r(10-70) = r entre t10 e t70; r = 1/60*[2,75-(-4,60)];r = 1/60*7,35;
r (10-70) = 0,12 unidade de doença/dia (Figura 7.5B).
Figura 7.5. Gráficos criados através dos números das tabelas 6.1 e 6.2. (A) Murcha (Fusarium
oxysporum f. sp. lini) do linho (Adaptado de: Arneson, 2001 e de APSNET, 2001). (B) Queima de
halo (Pseudomonas syringae pv. phaseolicola) do feijão (Adaptado de Katherman, 1979 e de
APSNET, 2001).
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(a) Evasão, escape, fuga, evitação ou regulação – este princípio visa evitar as condições
ambientais favoráveis à doença. Alguns autores diferenciam os termos evasão, escape e
regulação;
(b) Exclusão – este princípio visa impossibilitar a entrada do fitopatógeno em um local ou área
onde o mesmo ainda não exista ou esteja estabelecido;
(c) Erradicação - este princípio visa reduzir ou eliminar o inóculo do fitopatógeno onde o mesmo
já esteja estabelecido em um local;
(d) Proteção – este princípio visa proteger a planta, através da interposição de uma barreira
(física, química ou biológica) entre o hospedeiro e o patógeno;
(e) Terapia – este princípio visa recuperar ou curar a planta hospedeira através da interrupção do
processo infeccioso estabelecido;
(f) Resistência de plantas a doenças – este princípio visa a obtenção de resistência genética da
planta à doenças, expressa através de modificações bioquímicas e morfológicas, que
dificultarão a infecção por um agente causal patogênico. Este princípio é colocado por alguns
autores dentro do princípio de proteção (barreira biológica). A resistência induzida e a
proteção cruzada podem situar-se dentro do princípio de resistência e de proteção.
O uso conjunto de diferentes métodos ou táticas pertencentes ao mesmo princípio ou a
princípios diferentes é de fundamental importância para a eficácia de um plano de controle ou de
manejo de doenças de plantas (Figura 8.2).
As tabelas 8.2 e 8.3 mostram o efeito do tratamento químico de sementes com fungicidas e
da adição de matéria orgânica ao solo na redução de algumas doenças. Esta redução está
associada à diminuição do inóculo do fitopatógeno presente na semente ou no solo.
Tabela 8.2. Tratamento químico de sementes de soja. Efeito de fungicidas na incidência das
doenças em sementes causadas por de Phomopsis sojae, Colletotrichum truncatum e Cercospora
kikuchii (Adaptado de Goulart, 1998).
Fungicidas g i.a. / 100 Incidência (%) kg / ha
kg Phomopsis C. truncatum 1 C. kikuchii 2
Tabela 8.3. Efeito do uso de material orgânico no solo sobre algumas doenças (Adaptado de
Zambolim et al., 1997).
Material Efeito Doença Patógeno Cultura
Esterco aviário Redução Podridão branca Sclerotium cepivorum Alho/cebola
Esterco aviário Redução Tombamento Phytophthora capsici Pepino
Esterco bovino Aumento Mofo cinzento Botrytis cinerea Aspargo
Esterco bovino Redução Galha Meloidogyne spp. Tomate
Esterco bovino Redução Tombamento Rhizoctonia solani Rabanete
Esterco bovino Redução Mofo branco Sclerotinia sclerotiorum Alface
Esterco bovino Variável Sarna comum Streptomyces scabies Batata
Esterco suíno Redução Galha Meloidogyne spp. Cenoura
Casca de pinus Redução Tombamento Sclerotium rolfsii Soja/tomate
Mucuna moída Redução Tombamento Rhizoctonia solani Soja/tomate
Tabela 8.4. Efeito de níveis altos ou baixos de Nitrogênio e Potássio na redução ou no aumento da
severidade de diferentes doenças de plantas provocadas por parasitas necrotróficos e biotrófocos
(Adaptado de Yamada, 1995).
Patógeno Doença Nível de Nitrogênio Nível de Potássio
Baixo Alto Baixo Alto
Puccinia * Ferrugem Redução Aumento Aumento Redução
Erysiphe * Oídio Redução Aumento Aumento Redução
Alternaria ** Mancha Aumento Redução Aumento Redução
Fusarium oxysporum ** Murcha Aumento Redução Aumento Redução
Xanthomonas ** Mancha Aumento Redução Aumento Redução
*Parasita obrigatório (Biotrófico); **Parasita facultativo (Necrotrófico).
A seguir, a tabela 8.5 mostra a melhor combinação tempo / temperatura para o controle
(Erradicação ou Terapia) de algumas doenças propagadas através das sementes. Esta combinação
varia (50-70ºC / 10-30 minutos) em função da cultura. Todas as combinações tempo /
temperatura deve ser amplamente testadas antes da recomendação para tratamento de
sementes.
Diversos tipos de resistência podem ser descritos. Abaixo seguem alguns destes tipos de
resistência (Camargo, 1995):
(a) Resistência de campo - A variedade de planta pode demonstrar suscetibilidade quando
inoculada e incubada em condições controladas. Todavia, sob condições naturais de infecção
no campo, demonstra resistência.
(b) Resistência raça-específica - A variedade da planta é resistente somente a algumas raças do
patógeno. Alguns autores consideram como sinônimo de resistência vertical (Tabela 6)
(Vanderplank, 1963).
(c) Resistência geral ou não-específica – A variedade apresenta certos níveis de resistência a
quase todas as raças do patógeno. É considerada por alguns autores como sinônimo de
resistência horizontal (Tabela 6) (Vanderplank, 1963).
(d) Resistência de planta adulta e de planta jovem (plântula) – Resistência que se refere ao
estádio de desenvolvimento da planta em que a resistência é expressa.
(e) Resistência durável - Resistência que permanece ou permaneceu efetiva por vários anos.
(f) Resistência qualitativa - Resistência do tipo monogênica, onde a diferença entre plantas
suscetíveis e resistentes é de fácil visualização, inexistindo reações intermediárias na ausência
de outras fontes de variação que não a genética, o que gera uma distribuição fenotípica
descontínua. É a chamada resistência completa, onde a planta ou está livre da doença ou
completamente tomada por ela. Neste caso, quando uma planta resistente é cruzada com
uma suscetível, as plantas da segunda geração são facilmente classificadas em suscetíveis ou
resistentes, não necessitando a utilização de uma escala quantitativa para a avaliação de
sintomas (Tabela 7).
(g) Resistência quantitativa - A característica mais marcante deste tipo de resistência é a
presença de uma variação contínua de graus de resistência, indo desde extrema
suscetibilidade até extrema resistência (Tabela 8.6). Para que seja possível distinguir genótipos
resistentes de suscetíveis há a necessidade de quantificar a doença, uma vez que a distinção
entre estes não é tão evidente como no caso de resistência monogênica (Camargo, 1995). É
um tipo de resistência incompleta, que proporciona uma baixa taxa de desenvolvimento da
moléstia no campo, a qual resulta da combinação de componentes de resistência como baixa
freqüência de infecção, período latente longo, pústulas pequenas, baixa produção de esporos
por pústula e período infeccioso curto (Chaves et al., 2004).
(h) Resistência induzida - A resistência sistêmica adquirida (SAR) e a resistência sistêmica induzida
(ISR) são duas formas de resistência induzida; no SAR e no ISR, as defesas da planta são
precondicionadas pela infecção ou pelo tratamento prévio que conduz à resistência contra a
subseqüente infecção por um patógeno (Durrant & Dong, 2004). A SAR e a ISR são fenômenos
distintos, mas fenotípicamente semelhantes onde as plantas, após exposição a um agente
indutor, têm seus mecanismos de defesa ativados não apenas no sítio de indução como
também em outros locais dele distantes, de forma mais ou menos generalizada (Pieterse et al.
2005). A SAR envolve o acúmulo de PRPs (Proteínas Relacionadas com Patogênese) como
mecanismos induzidos de defesa da planta, sua indução é salicilato-dependente, pode resultar
em alterações visuais, como por exemplo, necroses na planta que sofreu indução e
geralmente é induzida por patógenos ou ativadores químicos. No caso de ISR, não há acúmulo
de PRPs, a planta que sofreu indução não exibe alterações, o agente indutor é usualmente um
microrganismo não-patogênico e sua indução não é salicilato dependente, parecendo haver
outra rota de sinalização mais associada à jasminatos e etileno (Vallad & Goodman, 2004).
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Figura 9.4.
Identificação de
doenças. (A)
Mancha de
alternaria em
folha de couve
chinesa; (B)
Teste do copo
para detecção
de pus
bacteriano em
caule de planta
com suspeita de
murcha
bacteriana
(Ralstonia
solanacearum);
(C) Mancha angular em folhas primárias de feijoeiro; (D) Oídio em folha de abóbora; (E) Mancha
em ‘V’ em folha de couve (Fotos cedidas por Milton Luiz Paz Lima).
aplicada para doenças conhecidas – Figuras 9.2 a 9.5); Nos sintomas e sinais (Direta) - consulta de
literatura adequada (muito aplicada para doenças conhecidas – Figura 9.6); Nos postulados de
Koch (Completa) – utilizada quando não se tem informação sobre a doença em literatura
(Hospedeiro-patógeno-ambiente); Em técnicas sorológicas (Imuno-difusão-dupla em ágar gel),
biológicas (Infecção de hospedeiras indicadoras), bioquímicas (baseado na produção de
determinados açúcares e álcoois) ou moleculares (PCR - Reação em cadeia da polimerase).
Algumas técnicas moleculares aplicadas à fitopatologia estão descritas sucintamente em Lambais
(1995).
Ao analisar-se uma amostra se poderá enfrentar uma série de obstáculos que refletirão nos
tipos de procedimentos a serem executados. Desta forma, inicialmente o técnico deve avaliar
visualmente a amostra identificando o grupo fitopatogênico mais provável a qual ele pertence
para se empregar a técnica de diagnose mais apropriada conforme listado a seguir:
(a) Doença causada por fungo: para este tipo de doença têm-se os procedimentos padrões e
rápidos para a análise. E estes, ocorrem quando a doença for amplamente relatada em
literatura, caso isto não exista o teste de patogenicidade (Postulados de Koch) deve ser
realizado – diagnose completa (Figura 9.5).
(b) Doença causada por bactéria: consiste na observação dos sintomas, observação do fluxo
bacteriano, isolamento da bactéria em cultura pura, teste de patogenicidade (postulados de
Koch), testes bioquímicos e outros.
(c) Doença causada por vírus: Devido às características de parasitismo intracelular obrigatório os
vírus (e nematóides) de plantas, o isolamento de vírus em cultura pura não é possível. Deste
modo, para vírus, pode-se partir para o isolamento biológico (macerado da planta infectada,
inoculada em plantas indicadoras ou na própria hospedeira - indexação), isolamento fito-
químico (série de tratamentos de purificação para separação das partículas virais do tecido da
hospedeira), análise do tecido (preparação purificada) através da análise em microscópio
eletrônico de transmissão.
(d) Doença causada por nematóide: pode-se utilizar o exame direto (dissecação da amostra em
microscópio estereoscópico), ou fazem-se coletas de raízes infectadas (ou amostragens de
solo), para extração dos nematóides (que é a separação dos nematóides do substrato), bem
como preparo de lâminas temporárias e permanentes para identificação. Ao analisar as
lâminas se identificará o agente causador da enfermidade, e neste caso, os postulados de Koch
são feitos inoculando os nematóides extraídos da planta em estudo para observação dos
mesmos sintomas. Informações mais detalhadas podem ser verificadas em Tihohod (1993).
Além dos testes empregados para diagnose, se ainda assim não se obteve sucesso na
identificação da doença e de seu agente causal, outro tipo de diagnose pode ser empregado
utilizando marcadores moleculares.
(d) O organismo deve ser isolado novamente em cultura pura e apresentar as mesmas
características observadas anteriormente (item b).
Figura 9.6. Procedimentos a serem seguidos para execução de diagnose direta (Míldio da alface) e
de diagnose completa (Teste de Patogenicidade – Postulados de Koch – Mancha-angular do feijão)
a partir de amostra de planta doente.
Para a maioria das receitas de meio de cultura depois de adicionados seus constituintes há
necessidade de autoclavagem (15-20 minutos). Após a autoclavagem e resfriamento (~60ºC),
pode-se adicionar antibióticos (vancomicina, rifampicina, pimaricina, tetraciclina, penicilina e
outros) e fungicidas específicos para inibição do crescimento de bactérias e fungos contaminantes
(Benomyl, captan, hymexazol, PCNB).
Figura 9.7.
Equipamentos
para assepsia
de vidraria e
preparo de
meios de
cultura. (A)
Autoclave
horizontal; (B)
Estufa ou
secador para
esterilização a
seco; (C)
Autoclave
vertical; (D)
Câmara de
fluxo laminar
horizontal,
local para
verter meios de
cultura; (E)
Crescimento de colônia de fungo em meio de cultura líquido; (F) Procedimento de deposição do
meio de cultura em placas de petri; (G) Meio sólido em placa de petri (Fotos cedidas por Milton
Luiz Paz Lima).
(b) Meio Suco de tomate - ST (10%): 12-18g de ágar, 3g de CaCO3, 100 ml de suco de tomate
(“SuperBom” temperado ou normal) e 900ml de água destilada.
(c) Meio V8 (10%): 12-18g de ágar, 3g de CaCO3, 100ml de suco de tomate V8 e 900ml de água.
(d) Malte-ágar: 25g de extrato de malte, 15-20g de ágar e 1000ml de água destilada.
(e) Solução de Czapek em ágar: 30g de sacarose, 2g de NaNO3, 1g de KH2PO4, 0,5g de MgSO4.7H2O,
0,5g de KCl, 0,01g de FeSO4.7H2O, 0,01g de ágar e 1l de água.
(f) Meio ágar Leonian modificado: 6,25g de maltose, 6,25g de extrato de malte, 1,25g de KH2PO4,
1g de extrato de levedura, 0,25g de MgSO4.7H2O, 0,625g de peptona, 20g de ágar e 1000ml de
água destilada.
(g) Meio ágar Rosa de Bengala de Martin: 10g de glicose, 5g de peptona, 1g de KH2PO4, 0,5g de
MgSO4.7H2O, 0,03g de estreptomicina, 15g de ágar e 1000ml de água destilada.
(h) Meio ágar de farinha de milho: 60g de farinha de milho amarelo, 15g ágar e 1000ml de água
destilada.
(i) Meio ágar de farinha de aveia: 100g de farinha de aveia, 15g de ágar e 1000ml de água
destilada.
(j) Meio de Nash Snyder: 15g de peptona, 1g de KH2PO4, 0,5g de MgSO4.7H2O, 1g de PCNB a 75 %
PM, 0,12g de neomicina em 100ml de água, 1g de streptomicina em 100ml de água, 15g de
ágar e 700ml de água destilada.
(k) Meio de Reis: 50mg de benomyl em 100ml de água, 500mg de sulfato de streptomicina em
100ml de água, 30mg de sulfato de neomicina em 100ml de água destilada, 3ml de captam
(solução estoque = 133,33mg [75% pm] em 100ml de água), 5ml de Botram (=dicloram; solução
estoque = 200mg [50% pm] em 100ml de água), 10g de ágar, 15g de batata com casca em fatias
e 2,5g de sacarose, 700ml de água.
(l) Meio de Oxygall: 10g de dextrose, 10g de peptona, 15g de oxygall, 0,4g de estreptomicina, 20g
ágar e 1000ml de água destilada.
(m) Meio ágar para extrato de plantas: 50g do vegetal, 12g ágar e 1000ml de caldo de planta.
(d) Crescimento de espécies de Clavibacter – Meio CNS: 8g de caldo nutritivo ‘bacto’, 2g de extrato
de levedura, 2g de K2HPO4, 0,5g de KH2PO4 (anidro), 15g de ágar, 1000ml de água destilada, pH
7,1.
(e) Isolamento de Xillela fastidiosa e similares limitadas ao xilema - Meio PW: 4g de ‘Phytone’
peptona (BBL), 1g de Tripticase peptone, 0,01g de Cloreto de hemina, 1,2g de KH2PO4, 1g de
K2HPO4 (anidro), 0,4g de MgSO4.7H2O, 0,02g de vermelho de fenol, 4g de L-glutamina, 6g de
albumina de soro bovino (‘Sigma’ fração V), 12g de ágar, 1000ml de água destilada, pH 7,1.
Agrios, G.N. Plant pathology. 5th edition, San Diego, Academic Press, 2005, 922p.
Amorin, L.; Salgado, C.L. Diagnose. Cap. 11. In: Bergamin Filho, A. et al. Manual de fitopatologia. V.
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Tihohod, D. Nematologia agrícola aplicada. Funep, Jaboticabal, SP. 1993. 372 p.
X – FUNGOS FITOPATOGÊNICOS
Figura 10.1. Posicionamento empírico entre alguns organismos (bactérias, animais, protozoários e
algas) e os fungos.
dois Reinos para agrupar os organismos, Vegetalia e Animalia, mais de um século após, Haeckel
(1865) sugeriu os Reinos Protista, Plantae e Animalia. Na primeira metade do século passado
Chatton (1937) sugeriu dois Domínios, Prokaryota e Eukaryota. Nos meados do século XX,
Copeland (1956) organizou os organismos em quatro Reinos, Monera, Protoctista, Plantae e
Animalia, e, cerca de dez anos após Whittaker (1969) sugeriu a organização em cinco Reinos,
Monera, Protista, Fungi, Plantae e Animalia. Logo depois sugeriram alteração deste esquema,
inclusive com a criação de novos reinos. Mais tarde, Woese & Fox (1977) propõem seis Reinos:
Eubacteria, Archaebacteria, Protista, Fungi, Plantae e Animalia (Tabela 10.1),. Cavalier-Smith em
1981 e 1986, subdividiu o Protista em Protozoa e Chromista. Em 1988, Margulis sugere a seguinte
classificação: dois Domínios (Super-reinos) Prokarya e Eukarya, cinco Reinos, Monera (Sub-reino:
Archaea e Eubacteria), Protoctista, Fungi, Plantae e Animalia. Poucos anos depois, Woese et al.
(1990), indica três Domínios aos organismos: Bacteria, Archaea e Eukarya. Dick (1995) separou de
Chromista os membros da Classe Oomycota, incluindo-os no Reino Straminipila. Crescente foi o
número de Reinos propostos há alguns anos, atingindo até 25 (Luz, 2000). Todavia, estudos
recentes (Cavalier-Smith, 2004) sugerem a aceitação do sistema com dois Impérios (Prokaryota e
Eukaryota) e de seis Reinos (Bacteria, Protozoa, Animalia, Fungi, Plantae e Chromista). Contudo,
evidencias filogenéticas baseadas em seqüências de rRNA indicam que a classificação em três
domínios (Bacteria, Archae e Eucarya) é mais adequada (Brown & Doolitle, 1997; Madigan et al.,
2000).
1. Fungos
alguns fungos onde a produção de esporos é rara ou ausente (Deuteromycota, Classe Mycelia
Sterilia – Rhizoctonia e Sclerotium). O esporo é unidade reprodutiva básica da maioria dos
fungos, pode ser unicelular ou pluricelular, e, ao germinar forma o talo (corpo) do fungo.
Figura 10.2. Filogenia dos fungos e sua relação com os demais seres vivos.
O esporo é a unidade básica dos fungos e varia quanto à forma, coloração e a origem. Os
principais tipos de esporos podem variar também quanto ao grupo taxionômico (Ascomycota,
Basidiomycota, Oomycota e Zygomycota) dos fungos que os produzem. Quanto à forma o esporo
pode ser: globoso, oval, elíptico, redondo, falcado, fusóide, curvo (alantósporo), filiforme
(escolecósporo), helicoidal ou em forma de estrela (estaurósporo). Quanto à cor ou pigmentação o
esporo pode ser: não pigmentado (hialósporo) e pigmentado (feósporo) ou escuro (melanizado).
Quanto à formação o esporo pode ser: Endógeno (ascósporo, aplanósporo e zoósporo), quando
produzido dentro de uma modificação estrutural do esporóforo (asco, esporângio ou
zoosporângio), ou, Exógeno (basidiósporo, conídio, picníosporo, aeciósporo, urediniósporo e
teliósporo) quando produzidos externamente no esporóforo. Já, quanto ao número de células o
esporo pode ser classificado em: Amerósporo: esporo unicelular (asseptado), variando quanto à
forma de globoso a elíptico (Colletotrichum e Glomerella); Didimósporo: esporo bicelular
(unisseptado), variando quanto à forma de globoso a elíptico (Diaporthe e Didymella);
Fragmósporo: esporo pluricelular com septos transversais, variando quanto à forma de globoso a
elíptico (Gibberella e Elsinoe); Dictiósporo: esporo pluricelular com septos transversais e
longitudinais, variando quanto à forma de globoso a elíptico (Alternaria e Pleospora); Quanto à
origem reprodutiva do esporo, o mesmo pode ser originado de forma assexual ou sexual (Figura
10.6); Origem assexual: aplanósporo [(esporangiósporo) Zygomycota]; zoósporo (Oomycota e
Plamodiophoromycota); conídio (Deuteromycota, Ascomycota); picniósporo (Basidiomycota);
São várias as modificações que as hifas podem apresentar. Estas modificações variam
conforme o grupo (Ascomycota, Basidiomycota, Deuteromycota, Oomycota, Zygomycota) dos
fungos e entre elas citamos as seguintes (Figuras 10.7 a 10.9): Esporóforos e corpos de frutificação
(conidióforo livre, esporodóquio, sinêmio, anterídio, acérvulo, picnídio, oogônio, ascocarpo,
basidiocarpo, esporângio, teliossoro, uredossoro, basídio, picniossoro, aeciossoro). Estruturas de
resistência do tipo clamidósporos terminais ou intercalares e outras dilatações da hifa. Esclerócios
(escleródios ou esclerótios) e microesclerócios – formados pelo arranjo e enovelamento
compactado e melanizado de um conjunto de hifas. Apressório ou dilatação de adesão ou fixação
da hifa na superfície da hospedeira. Haustório ou hifa sugadora, modificação responsável pela
absorção de nutrientes nas células das hospedeiras. Progenitores de esporos sexuados (anterídio e
oogônio) observados em organismos do Filo Oomycota (Exemplo: Phytophthora). Rizomorfa ou
feixe paralelo ramificado de hifas dos fungos, que lembram raízes. Rizóide ou ramificação da hifa
em forma de raiz. Presente em alguns gêneros de fungos do Filo Zygomycota (Exemplo: Rhizopus).
Hifopódios ou ramificações curtas e comumente infladas da hifa externa de certos fungos foliícolas
e armadilhas de fungos parasitas de nematóides do solo.
Micélio é a denominação dada ao conjunto de hifas. Pode ser haplóide com um núcleo
com N número de cromossomos, mas, também pode ser dicariótico haplóide, sendo de duração
limitada. Micélio homotálico (talos auto-férteis) é haplóide e capaz de dar origem a um
esporocarpo, portanto a reprodução pode ocorrer sem a intervenção de dois talos diferentes. Já, o
micélio heterotálico (talos auto-estéreis), corresponde à presença de dois ou mais micélios
haplóides (+/-), que se unem induzindo diploidização e formação de esporocarpo. Esta condição
de reprodução (conjugação) sexual ocorre só por meio da intervenção de talos diferentes (+/-).
Micélio holocárpico ocorre em fungos cujo corpo não tem diferenciação entre a função
vegetativa e reprodutiva (todo o talo constitui o corpo reprodutivo ou frutífero), como nos
gêneros Synchitrium e Spongospora. Já, no micélio eucárpico existe diferenciação entre a fase
vegetativa e a fase reprodutiva.
O micélio pode classificar-se segundo características macro e microscópicas quanto:
Localização - Micélio aéreo de substrato: emerge do substrato e os órgãos de frutificação
presentes (facilitam a dispersão da espécie); Micélio submergido: imerso no substrato (Função de
absorção). Morfologia macroscópica - Aspecto: cotonoso, granuloso, liso, pulverulento; Cor:
diferentes cores; Consistência: moles, papiráceos, coriáceos, lenhosos; Quantidade: escasso,
regular, abundante. Ausência ou presença de septos - Contínuos (asseptados): sem tabiques ou
septos; Septados: com tabiques ou septos. Função - Vegetativa: possui as funções de absorção,
assimilação, fixação e às vezes reprodução; Reprodutiva: está destinado a produzir elementos para
perpetuar a espécie (esporos). Associação nos tecidos do hospedeiro - Externo: hifas colocadas
por fora do órgão atacado; Interno: hifas colocadas interior do tecido atacado. Pode ser
intercelular (entre as células e obtem nutrientes por haustórios) ou intracelular (dentro das células
e obtem nutrientes por osmose).
Figura 10.9.
Modificação da hifa.
Esporóforo e
esporocarpo. (A)
Pseudotécio
(ascostroma
monolocular)
peritecióide de
Mycosphaerella. (B)
Basídia com
basidiósporos de
Corticium. (C) Pícnia de
Puccinia. (D)
Zoosporângio com
zoósporos de
Phytophthora. (E)
Rizóide, esporangióforo e esporângio (liberando aplanósporos) de Rhizopus.
Cada fungo apresenta seu ciclo característico de vida, variando do mais simples ao mais
complexo. No entanto, o ciclo assexuado simplificado de vida dos fungos está representado
esquematicamente na figura 10.5-B. O esporo sob condições ambientais favoráveis germina
formando o tubo germinativo, este se desenvolve formando a hifa, esta por sua vez ramifica-se
formando o micélio. Determinadas partes da hifa modificam-se formando o esporóforo, que por
sua vez dará origem à formação de novos esporos. Os fungos podem ser disseminados na forma
de esporo, fragmentação do micélio, artrósporo, esclerócio e clamidósporo por meio dos
seguintes agentes de disseminação: vento, água (chuva ou irrigação), homem, equipamentos,
sementes, mudas, bulbos, bulbilhos, estacas, toletes, insetos e ácaros. Existem alguns fungos ou
organismos do tipo fungo que produzem zoósporos (esporos assexuados com um ou dois flagelos)
e que podem disseminar-se a curtas distâncias em filmes de água nas folhas, hastes e raízes da
planta e no solo.
As faixas de temperatura aos quais os fungos podem desenvolver-se são bastante amplas:
mínimas, 5 a 10ºC (-5 a 6ºC); ótimas, 20-40ºC (15 a 22ºC); máximas, 35 a 45ºC (28 a 38ºC), e; letal,
mais de 37ºC. Há Cladosporium herbarum que suportam -6ºC, Aspergillus fumigatus que crescem
até 45ºC, A. niger com temperatura ótima com 30ºC, e Botrytis cinerea com temperatura ótima de
Tabela 10.2. Comparação entre sistemas de classificação dos fungos por vários autores.
CAVALIER- BARR (1992) MARGULIS (1993) HAWKSWORTH et al., KIRK et al., (2001) AGRIOS (2005) WEBSTER & WEBER
SMITH (1991) (1995) (2007)
PROTOZOA PROTOZOA PROTOCTISTA PROTOZOA PROTOZOA PROTOZOA PROTOZOA
Mycetozoa Myxomycota Myxomycota Acrasicomycota Plasmodiophoromycota Myxomycota Myxomycota
Plasmodiophoromycota Oomycota Dictyosteliomycota Myxomycota Plasmodiophoromycota Plasmodiophoromycota
Plasmodioforomycota Myxomycota Acrasiomycota
Hyphochytridiomycota Plasmodiophoromycota
Chytridiomycota
CHROMISTA CHROMISTA CHROMISTA CHROMISTA CHROMISTA STRAMINIPILA
Heterokonta Heterokonta Hyphochytridiomycota Oomycota (STRAMENOPILES) Oomycota
Pseudomycotina Labyrinthulomycota Labyrinthulomycota Oomycota Labyrinthulomycota
Oomycetes Oomycota Hyphochytriomycota Hyphochytriomycota
Hyphochytridiomycete
FUNGI EUMYCOTA FUNGI FUNGI FUNGI FUNGI FUNGI
Archemycota Chytridiomycota Mycophycophyta Chytridiomycota Chytridiomycota Chytridiomycota Chytridiomycota
Ascomycota Zygomycota Zygomycota Zygomycota Zygomycota Zygomycota Zygomycota
Basidiomycota Ascomycota Ascomycota Ascomycota Ascomycota Ascomycota Ascomycota
Basidiomycota Basidiomycota Basidiomycota Basidiomycota Basidiomycota Basidiomycota
Deuteromycota Fungos mitospóricos Deuteromycota,Fungos Deuteromycota,
mitospóricos ou fungos Fungos mitospóricos ou
imperfeitos Fungos anamórficos
Fonte: Adaptado de Hawksworth et al. (1995); Esposito & Azevedo (2004).
Figura 10.10. Seqüência evolutiva morfométrica empírica entre grupos de fungos e assemelhados.
hérnia das crucíferas (tumor em raízes de couve, repolho e brócoli); Polymyxa graminis –
lesões radiculares em trigo; Spongospora subterranea – sarna pulverulenta da batata.
(B) Reino Straminipila (Stramenopila), Filo Oomycota (Reino Chromista): Produzem esporos
assexuais com flagelos contendo mastigonemas (zoósporos), hifas cenocíticas, celulose nas
paredes celulares, reprodução sexuada por contato gametangial e formação de oósporo.
Exemplos: Pythium – podridão radicular em fumo e milho; Phytophthora capsici – murcha em
pimentão; Phytophthora infestans – requeima da batata e tomate (Figura 10.15); Bremia
lactucae – míldio da alface; Peronospora destructor – míldio da cebola; Peronosclerospora
sorghi – míldio do milho; Plasmopara viticola – míldio da uva; Pseudoperonospora cubensis –
míldio em cucurbitáceas.
(C) Reino Fungi, Filo Chitridiomycota (Reino Chytridia): Produzem zoósporos móveis uniflagelados
polarmente formado por clivagem citoplasmática em um esporângio. Decompõe celulose,
quitina e queratina. Alguns são parasitas de plantas. Exemplos: Olpidium brassicae – lesão
radicular em couve e repolho; Synchytrium endobioticum – verruga negra da batata;
Physoderma maydis – mancha parda do milho.
(D) Reino Fungi, Filo Zygomycota: Produzem esporos assexuais imóveis (esporangiósporos),
parede celular constituída principalmente de quitina, hifas cenocíticas, reprodução sexuada
por copulação gametangial e formação de zigósporos. Exemplos: Rhizopus – podridão mole em
morango; Mucor – podridão mole em abóbora.
(E) Reino Fungi, Filo Ascomycota: Produzem esporos imóveis, hifas apocíticas, parede celular:
quitina, reprodução sexuada com formação de ascos e ascósporos (forma perfeita) e
assexuada com formação de conidióforos e conídios (forma imperfeita). Exemplos: Taphrina
deformans – crespeira do pêssego; Erysiphe graminis – oídio em cereais; Erysiphe polygoni –
oídio em feijão; Erysiphe diffusa – oídio em soja; Podosphaera leucotricha – oídio da maçã;
Uncinula necator – oídio da uva; Microcyclus ulei – queima das folhas da seringueira; Didymella
bryoniae – cancro gomoso em melancia; Mycosphaerella musicola – mal de Sigatoka da
bananeira; Ceratocystis fimbriata – cancro do cacaueiro; Glomerella cingulata – podridão
amarga da maçã; Elsinoe ampelina – antracnose da uva; Diaporthe phaseolorum f.sp.
meridionalis – cancro da haste da soja; Cryphonectria cubensis – cancro do eucalípto; Venturia
inaequalis – sarna da maçã; Monilinia fructicola – podridão parda do pêssego;
Gaeumannomyces graminis – mal do pé em cereais;
(F) Reino Fungi, Filo Basidiomycota: Produzem esporos imóveis, hifas apocíticas, parede celular:
quitina, reprodução sexuada, formação de corpo de frutificação (basidiocarpo) e formação
exógena dos meiósporos (basidiósporo). Algumas spp. têm ciclo de vida complexo, com várias
fases. Exemplos: Hemileia vastatrix – ferrugem do cafeeiro; Puccinia recondita – ferrugem da
folha do trigo; Puccinia graminis tritici – ferrugem do colmo do trigo; Uromyces appendiculatus
– ferrugem do feijão; Phakopsora pachyrhizi – ferrugem asiática da soja; Ustilago maydis –
carvão do milho; Ustilago tritici – carvão do trigo; Armillaria mellea – podridão em eucalipto e
pinus.
(G) Reino Fungi, Filo Deuteromycota (Fungos mitospóricos, fungos anamórficos): Formas
conidiais são anamorfos de Ascomycota. Caracteristica das hifas, parede celular, septo e
produção de esporos indicam a relação com teleomorfos de Ascomycota ou Basidiomycota.
Alternaria solani – pinta preta da batata; Cercospora beticola – cercosporiose (mancha) em
beterraba (Figura 10.15); Fusarium oxysporum – murcha em abóbora, feijão e tomate;
Fusarium solani – podridão radicular em abóbora, feijão e soja; Verticillium dahliae – murcha
em fumo, tomate e pepino; Bipolaris oryzae – mancha parda do arroz; Pseudocercospora
griseola – mancha-angular do feijão (Figura 10.15); Pyricularia grisea – brusone do arroz;
Stenocarpella maydis – podridão cinza do colmo do milho; Sclerotinia sclerotiorum – podridão
em alface, feijão e soja; Sclerotium rolfsii – podridão em haste e caule em mais de 500 espécies
de plantas; Rhizoctonia solani – podridão em haste e raiz em mais de 200 espécies de plantas.
Figura 10.11. Ciclo generalizado de vida de fungo do Filo Zygomycota (Baseado em Agrios, 1997 e
Carlile & Watkinson, 1994).
A reprodução dos fungos pode ser assexuada por de gemação (vegetativa), divisão da hifa
(vegetativa) e de esporos (Figura 10.12), bem como, pode ser sexuada por meio de esporos.
(A) Reprodução Assexual Vegetativa: (a) Por meio de divisão direta (cissiparidade, fissão binária,
bipartição) ou através de brotação (gemação). Como exemplo citam-se as leveduras
(Nematospora coryli); (b) Por meio de partes da hifa (talo fúngico) que se destacam do talo
original – fragmentos de hifa ou micélio (Rhizoctonia e Sclerotium), clamidósporos (Fusarium e
Phytophthora), esclerócios (Rhizoctonia e Sclerotium), microesclerócios (Cylindrocladium),
rizomorfas (Armillaria).
(B) Reprodução Assexual por Esporos – por meio de esporos endógenos (aplanósporos e
zoósporos – Rhizopus e Phytophthora, respectivamente) ou exógenos (conídios de Alternaria e
Bipolaris).
(C) Reprodução Sexual – por meio da fusão de corpos diferenciados com posterior formação de
esporos endógenos (ascósporos) ou exógenos (basidiósporos, oósporos, zigósporos) (Figuras
10.11 a 10.13).
Figura 10.12.
Ciclo
generalizado de
vida de fungo
do Filo
Oomycota
(Baseado em
Agrios, 1997 e
Carlile &
Watkinson,
1994).
Figura 10.13. Ciclos generalizados de vida de fungos do Filo Ascomycota e do Filo Basidiomycota
(Modificado de Agrios, 1997 e Carlile & Watkinson, 1994).
Tabela 10.3. Características gerais (Hifa e esporo), classificação (Reino e Filo) e exemplos dos
principais grupos com fungos ou organismos semelhantes a fungos fitopatogênicos.
Reino Filo Talo Esporo Exemplos
Fungi Ascomycota Hifa septada Ascósporo (sexual) Erysiphe
Gibberella
Glomerella
Mycosphaerella
Nectria
Sclerotinia
Taphrina
Venturia
Basidiomycota Hifa septada Basidiósporo (sexual) Hemileia
Puccinia
Phakopsora
Uromyces
Ustilago
Zygomycota Hifa cenocítica Zigósporo (sexual) Choanephora
Mucor
Rhizopus
Deuteromycota Hifa septada Conídio (assexual) Alternaria
Botrytis
Cercospora
Colletotrichum
Diplodia
Fusarium
Chytridia* Chytridiomycota Hifa cenocítica Zoóporo uniflagelado Olpidium
Physoderma
Synchytrium
Straminipila Oomycota** Hifa cenocítica Zoóporo biflagelado Albugo
Bremia
Peronospora
Plasmoparara
Pythium
Phytophthora
Protozoa Plasmodiophoromycota Plasmódio Zoóporo biflagelado Plasmodiophora
Polymyxa
Spongospora
*Alguns taxonomistas inserem Chytridiomycota no Reino Fungi. **Alguns taxonomistas inserem
no Reino Chromista.
Figura 10.14. Alguns fungos fitopatogênicos dos Filos Zygomycota (Rhizopus), Basidiomycota
(Phakopsora e Hemilleia), Ascomycota (Ceratocystis, Glomerella, Mycosphaerella e Venturia) e
Deuteromycota (Demais fungos) (Modificado de: Ellis, 1971; Moore-Landecker, 1982; Arx, 1981).
Tabela 10.4. Princípios (estratégias) e métodos (táticas) gerais de controle de doenças de plantas
de origem fúngica.
Princípio Foco Razão Medida
Evasão Ambiente Evitar ambiente favorável Escolha de época de plantio
Escolha de área de plantio
Exclusão Patógeno Impedir a entrada Plantio de sementes sadias
Fiscalização de fronteiras
Erradicação Patógeno Reduzir o inoculo Eliminação de plantas doentes
Uso de fungicida erradicante
Proteção Planta Interpor uma barreira Evitar ferimentos
Uso de fungicida protetor
Terapia Planta Interromper a infecção Termoterapia
Uso de fungicida curativo
Resistência Planta Barreira genética Resistência ao patógeno
Resistência ao vetor
O controle (Tabela 10.4) de doenças em plantas de importância causadas por fungos pode
ser efetuado considerando-se os princípios (estratégias) de controle e seus respectivos métodos
(táticas). Métodos dentro do controle biológico, cultural, químico e resistência de plantas podem
ser usados em conjunto, com o objetivo de reduzir os danos causados pelas doenças de plantas de
origem fúngica.
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XI - BACTÉRIAS FITOPATOGÊNICAS
(a) Flagelo – estrutura de natureza protéica, com função motora. Muitas espécies de bacilos
possuem flagelos. Os cocos raramente possuem. Em relação à fixação e número de flagelos
pode ser: atríquica (Clavibacter), monotríquica (Xanthomonas), lofotríquica (Pseudomonas) e
peritríquica (Erwinia).
(b) Pelos (Fímbrias) - São estruturas semelhantes aos flagelos, porém sem função motora.
Comparativamente são mais curtos do que os flagelos e em maior número. São encontrados
tanto em espécies moveis como imóveis. Possuem funções como porta de entrada de material
genético durante a conjugação bacteriana, sítios de adsorção de bacteriófagos ou como
mecanismo de aderência a superfície do hospedeiro.
(c) Cápsula - Cobertura viscosa formada basicamente por polissacarídeos, com função de
proteção contra dessecamento e, em algumas bactérias patogênicas aumentar o seu poder
infectante.
(d) Membrana externa - Parte do envelope celular das bactérias gram-negativas localizadas
externamente à parede celular. Formada por uma estrutura complexa composta de
fosfolipídios, lipopolissacarídeos e vários tipos de proteínas. As principais funções da
membrana externa podem ser como: 1) proporcionar canais para difusão passiva de nutrientes
ou solutos hidrofílicos, 2) barreira à permeabilidade a algumas substâncias como antibióticos,
detergentes e substâncias tóxicas, 3) sítios receptores para bacteriocinas e bacteriófagos, 4)
facilitar a formação e a manutenção de pareamento durante a conjugação, e 5) dotar de
hidrofilicidade à superfície da célula.
(e) Parede celular - Estrutura rígida que protege e da forma à célula, possui espessura em média
de 10 a 25 nm (100 a 250 Å). Formada basicamente de peptídeoglicana que é composta na
essência por três tipos de unidades; 1) Ácido acetilglucosamina (AGA), 2) Ácido acetilmurâmico
(AMA) e 3) Peptídio constituído por 4 ou 5 aminoácidos de variedade limitada. Bactérias gram-
negativas possuem membrana externa e camada de peptídioglicana, porém a peptídioglicana é
delgada, enquanto bactérias gram-positivas possuem uma camada espessa de peptídioglicana
e não possuem membrana externa e sim ácido teicóico.
(f) Periplasma - É a matriz de polipeptídios e sacarídeos. Ela contém diversas enzimas incluindo
enzimas degradadora de tecidos vegetais tais como celulases e pectinases.
(g) Membrana citoplasmática – Localiza-se imediatamente abaixo da parede celular. É formada
por camada dupla de lipídio de 50 a 75% de proteínas e 20 a 35% de lipídios base peso seco.
Nas bactérias os lipídios são do tipo ácido graxo-glicerol éster. A membrana celular possui
várias enzimas envolvidas no metabolismo produtor de energia tais como citocromos,
citocromo oxidase, desidrogenases, ATPases, sintetase de proteínas e permeases e tem
importante papel na respiração, transporte ativo, rotação flagelar ou segregação de material
nuclear na divisão celular. É semipermeável, seletiva, controla a entrada e saída de nutrientes
e de escórias para dentro e para fora da célula respectivamente.
(h) Mesossomo (Invaginação membranosa e sistema de membrana) - está associada com a
atividade respiratória, divisão nuclear, formação de septo, formação de esporos e secreção de
enzimas hidrolíticas. Forma uma associação complexa com o material nuclear e sua replicação.
(i) Citoplasma - Material celular contido dentro da membrana citoplasmática, pode ser dividido
em: área citoplasmática rica em RNA e área nuclear rica em DNA. Células bacterianas não
possuem o núcleo típico das células eucaróticas.
(j) Endósporo - Corpo oval de parede espessa (um por célula) que é uma célula altamente
resistente. Sua parede é composta por ácido dipicolínico, substância não detectada nas células
vegetativas. Ex: Bacillus e Clostridium
Figura 11.1. A célula bacteriana e seus componentes. (A) Desenho esquemático da célula
bacteriana e suas estruturas (Cápsula, parede celular, plasmalema, mesossomo, cromossomo,
ribossomo, plasmídio, etc.); (B) Desenho esquemático de células bacterianas mostrando a
distribuição dos flagelos (átrica, monótrica, lofótrica e perítrica).
Figura 11.3. Curva de crescimento típica de bactérias (logaritmo do número de células x tempo).
(A) fase lag (adaptação); (B) fase log (logarítmica); (C) fase estacionária; (D) fase de morte ou de
declínio.
DOMÍNIO BACTERIA
FILO Proteobacteria - Procariotos com parede celular fina, contendo o tipo de parede Gram-
negativa, com células tipo esfera, bastonete ou curvo e hélice. As bactérias fitopatogênicas são do
tipo bastonete, com raras exceções. A maioria das bactérias fitopatogênicas de importância
econômica esta incluída aqui.
CLASSE Alphaproteobacteria
ORDEM Rhizobiales
FAMÍLIA Rhizobiaceae
realizar respiração anaeróbia na presença de nitrato. A maioria das estirpes pode desenvolver em
condição de baixa tensão de oxigênio dentro de tecidos de plantas. Temperatura ótima de
crescimento entre 25 a 28 ºC. As colônias são geralmente convexas, circulares, lisas, mucosas, não
pigmentada ou bege clara. Em meio suplementado com carboidratos formam colônias com
abundante mucilagem de polissacarídeo extracelular.
Candidatus Liberibacter (africanus, americanus e asiaticus) - Causa o Huanglongbing (ex Greening
dos citros). Bactéria de floema transmitida por Psilideos – Diaphorina citri (Brasil, Ásia e África) e
Trioza eritreae (África).
CLASSE Betaproteobacteria
ORDEM Burkholderiales
FAMÍLIA Burkholderiaceae
Burkholderia - (espécie tipo Burkholderia cepacia). Bastonetes reto, raramente curvo. Móvel com,
normalmente, mais de um flagelo polar (lofotríquio). Colônia branca, cinza-clara ou creme.
Estritamente aeróbia. Algumas espécies podem exibir respiração anaeróbia com nitrato. Causa
numerosas manchas foliares, queimas, murchas vasculares, podridões moles, cancros.
Ralstonia - (espécie tipo Ralstonia picketii). Bastonetes reto, raramente curvo. Móvel ou não
móvel. Espécies móveis tem flagelos polar (lofotríquio) ou peritríquio. Gram-negativa. Colônia
branca, cinza-clara ou creme. Estritamente aeróbia. Causa numerosas manchas foliares, queimas,
murchas vasculares. Ex. murcha bacteriana do tomateiro (Ralstonia solanacearum).
FAMÍLIA Oxalobacteriaceae
FAMÍLIA Comamonadaceae
Acidovorax - (espécie tipo Acidovorax facils). Bastonetes reto ou ligeiramente curvo. Móvel por
um único flagelo polar, raramente com dois ou três. Gram-negativa. Aeróbia estrita. Colônia
circular, convexa, lisa a ligeiramente granular, bege a ligeiramente amarela. Causa mancha foliar
em milho, orquídeas e melancias.
Xylophilus - (espécie tipo Xylophilus ampelinus). Bastonetes reto ou ligeiramente curvo, simples
ou em pares. Em cultura velha pode ocorrer células longas e filamentosas. Gram-negativa. Móvel
por um flagelo polar. Aeróbia estrita. Causa a necrose bacteriana e cancro da videira.
CLASSE Gammaproteobacteria
ORDEM Pseudomonadales
FAMÍLIA Pseudomonadaceae
também patógenos de animais. Causa numerosas manchas foliares, queimas, murchas vasculares,
podridões moles, cancros e galhas.
Rhizobacter - (espécie tipo Rhizobacter dauci). Bastonetes reto ou ligeiramente curvo. Gram-
negativa. Móvel por flagelos polar ou lateral ou ambos ou imóvel. Aeróbia. Catalase e oxidase
positiva. Temperatura ótima 28-30 ºC. Colônia branca ou branca-amarela. Crescimento flocular
consistindo de unidades globulares em meio líquido. Causa a galha bacteriana da cenoura.
Família Xanthomonadaceae
ORDEM Enterobacteriales
FAMÍLIA Enterobacteriaceae
Enterobacter – (espécie tipo Enterobacter cloacae). Bastonete reto. Movel por flagelos
peritríquios (4-6). Anaeróbia facultativa. Temperatura ótima 30 ºC. Tem sido reportada causando
a descoloração marrom do fruto do mamão atraves da infecção oportunistica. Erwinia herbicola,
epífita comum, é muitas vezes referidos como sinônimo de Enterobacter agglomerans.
Erwinia - (espécie tipo Erwinia amylovora). Bastonetes reto, simples ou em pares. Gram-negativa.
Anaeróbia facultativa. Móvel por flagelos peritríquios. Colônia branca. Pectinase negativa. Oxidase
negativa. Catalase positiva. Temperatura ótima 27-30 ºC. Causa doenças em plantas,
principalmente queimas e murchas. Geralmente inicia causando danos no sistema vascular e
posteriormente espalhando para toda a planta. Penetra geralmente por aberturas naturais e
ferimentos.
Brenneria – (espécie tipo Brenneria salicis). Bastonete reto com terminação arredondada. Gram-
negativa. Anaeróbia facultativa. Móvel por flagelos peritríquios. Temperatura ótima 27-30 ºC.
Colônia branca. B. rubrifaciens produz enzimas pectinolíticas. Oxidase positiva. Catalase negativa.
Causa doenças em árvores (ex. Nogueira) na forma de queima, cancro, murcha, necrose e
podridão. A bactéria penetra por abertura natural e ferimentos.
Dickeya – (espécie tipo Dickeya chrysanthemi) Bastonetes reto simples ou em pares. Gram-
negativo. Anaeróbio facultativo. Móvel por flagelos peritríquios. Colônia branca umbonada.
Catalase positiva. Oxidase negativa. Temperatura ótima 30 ºC. Produz enzimas pectinolíticas e,
portanto, são capazes de provocar a podridão mole em tecido vegetal. Causa doenças que inclui,
queimas, cancro, morte descendente, manchas foliares, murcha descoloração de tecidos e,
especialmente podridão mole de talo, de coroa, de haste ou colápso de frutos.
Pectobacterium - (espécie tipo Pectobacterium carotovorum). Bastonete reto Gram-negativa
anaeróbia facultativa. Móvel por flagelos peritríquios. Colônia branca. Catalase positiva. Oxidase
negativa. Temperatura ótima para crescimento 27-30 ºC. Produz enzimas pectinolíticas e,
portanto, são capazes de provocar a podridão mole em tecido vegetal. Causa doenças que inclui,
queimas, cancro, morte descendente, manchas foliares, murcha descoloração de tecidos e,
especialmente podridão mole de talo, de coroa, de haste ou colápso de frutos.
Pantoea - (espécie tipo Pantoea aglomerans). Bastonete reto, Gram-negativa. Anaeróbia
facultativa. Geralmente móvel por flagelos peritríquios. Oxidase negativa. Catalase fortemente
positiva. Temperatura ótima 30 ºC. Colônia amarela, bege, vermelha-amarela ou apigmentada,
convexa.
Serratia – (espécie tipo Serratia marcescens). Gram-negativa. Bastonete reto com flagelos
peritriquios. Anaeróbia facultativa. Colônia em nutriente ágar são muito frequentemente opaco,
algo iridescente ou branca ou vermelha ou roseas. S. proteomaculans e S. marcescens tem sido
reportada como patogenicas a plantas. A primeira tem sido reportada causando mancha
bacteriana em Protea cynaroides e a segunda causando a “podridão da coroa” em alfafa.
FILO - FIRMICUTES: procariotos com parede celular espessa e forte, indicando o tipo Gram-positivo
de parede celular. Gram-positivas, bastonetes formadoras de espóros com ou sem flagelos
peritríquios.
CLASSE Clostridia
ORDEM Clostridiales
FAMÍLIA Clostridiaceae
Clostridium – (espécie tipo Clostridium butiricum). Bastonete. Gram-positica. Móvel ou não móvel.
Quando móvel movimente através de flagelos peritríquios. Estritamente anaeróbias. Produz
endósporo oval ou esférico. Causa a podridão da folha do fumo em processo de secagem e
Sindrome da madeira molhada do álamo e do olmo.
CLASSE Bacilli
ORDEM Bacillales
FAMÍLIA Bacillaceae
Bacillus – (espécie tipo Bacillus subtilis). Bastonete reto. Gram-positiva ou positiva somente na
fase inicial de crescimento ou negativa. Aeróbias ou anaeróbias facultativas. Forma endósporo.
Catalase (muitas espécies). Oxidase positiva ou negativa. Causa varias doenças tais como podridão
da batata em armazenamento (Bacillus sp.), podridão da folha do fumo em processo de secagem
(Bacillus sp.), podridão da muda de tomate (Bacillus sp.), podridão da soja (Bacillus sp.), estrias
brancas do trigo (B. megaterium pv. cerealis).
CLASSE Mollicutes - Procariotos desprovidos de parede celular, envolvido apenas pela membrana
plasmática. São denominados de micoplasmas, incluindo a Classe Mollicutes. Tem reação Gram-
negativa. Alguns requerem meios complexos para crescimento e penetram a superfície do meio de
cultura, formando colônias do tipo “ovo-frito”.
ORDEM Acholeplasmatales
FAMÍLIA Acholeplasmataceae
ORDEM Entomoplasmatales
FAMÍLIA Spiroplasmataceae
Spiroplasma - (espécie tipo Spiroplasma citri). Não possui parede celular. Insensível à penicilina.
Sensível à tetraciclina. Formas variadas (pleomorfismos), inclusive helicoidais. Não móvel. Algumas
espécies têm movimento por deslizamento em superfície úmida e as formas helicoidais têm
movimento rotatório e por flexão. Requer esteróis (colesterol) para crescer. A principal espécie
fitopatogênica é a Spiroplasma citri agente causal da Stubborn disease (doença teimosa) do citrus.
CLASSE Actinobacteria
SUBCLASSE Actinobacteridae
ORDEM Actinomycetales
SUBORDEM Micrococcineae
FAMÍLIA Micrococcaceae
FAMÍLIA Microbacteriaceae
Clavibacter - (espécie tipo Clavibacter michiganensis). Bastonetes curtos, podem ser retos ou
ligeiramente curvo; formas cocoides podem ser observadas. Predominantemente células
individuais mas células em forma de “V” e “Y” podem ser observadas. Gram-positiva. Não móvel.
Aeróbia estrita. Colônia amarela. Catalase positiva. Oxidase negativa. Temperatura ótima 21-26
ºC. (Clavibacter michiganensis subsp. michiganensis). Causa murcha bacteriana em tomate, alfafa,
batata e cancro em tomateiro (Clavibacter michiganensis subsp. michiganensis).
Curtobacterium - (espécie tipo Curtobacterium citreum). Bastonete curto, irregular. Geralmente
móvel por flagelos laterais. Gram-positiva (culturas velhas frequentemente perdem a gram
positividade). Aeróbia estrita. Catalase positiva. Colônia amarela, alaranjada ou rósea.
(Curtobacterium flaccunfaciens pv. flaccunfaciens). Causa murcha em feijoeiro e outras plantas.
Rathayibacter - (espécie tipo Rathayibacter rathayi). Bastonetes curtos, podem ser retos ou
ligeiramente curvo; formas cocoides podem ser observadas. Predominantemente células
individuais, mas células em forma de “V” e “Y” podem ser observadas. Gram-positiva. Não móvel.
Aeróbia estrita. Colônia amarela. Catalase positiva. Oxidase negativa. R. iranicus, R. rathayi, R.
tritici. Estas espécies causam exudações amareladas (gomose) na inflorescência, nos grãos em
formação e também nas folhas e distorções foliares em trigo e em várias espécies de gramíneas
anuais. São bactérias associadas com nematoides do gênero Anguina, necessitando destes como
vetores.
Leifsonia - (espécie tipo Leifsonia aquatica). Bastonetes pleomórficos, ou seja, com formas
diversas. Não móvel. Aeróbia estrita. Gram-positiva. Colônia amarela. Causa raquitismo da
soqueira da cana-de-açúcar (Leifsonia xyli subsp. xyli) e raquitismo da grama bermuda (Leifsonia
xyli subsp. cynodontis).
SUBORDEM Corynebacterinae
FAMÍLIA Nocardiaceae
SUBORDEM Streptomycinae
FAMÍLIA Streptomycetaceae
Streptomyces - (espécie tipo Streptomyces albus). Apresenta colônia de crescimento lento com
aspecto granular, pulverulento e aveludado. Há desenvolvimento aéreo de micélio, que é
ramificado, não fragmentado e com cadeia de três ou mais esporos redondos, ovais ou cilíndricos.
Gram-positiva. Aeróbia. Causa a sarna da batatinha (S. scabiei).
segundos); (i) Lavar com água corrente; (j) Observar ao microscópio óptico (1000 X); (k) Células de
bactéria Gram-positiva (Bacillus, Clavibacter e Streptomyces) apresentam cor violeta / azulada e;
(l) as bactérias Gram-negativas (Agrobacterium, Erwinia, Pseudomonas, Xanthomonas e Xylella)
apresentam cor vermelha/rósea (Figura 11.4), após contra-corar com safranina ou fuccina.
Sintomas comuns provocados pelas bactérias fitopatogênicas - Alguns dos sintomas das
principais fitobacterioses são enumerados e exemplificados a seguir:
(a) Galha: Agrobacterium tumefaciens / rosáceas e algumas outras plantas (Figura 11.4);
Pseudomonas syringae pv. savastanoi / oliveira;
(b) Cancro: Clavibacter michiganensis subsp. michiganensis / tomate; Xanthomonas citri pv. citri /
citros; Xanthomonas arboricola pv. pruni (X. campestris pv. pruni) / rosáceas;
(c) Podridão aquosa: Pectobacterium carotovorum (Erwinia carotovora subsp. carotovora) /
podridão mole ou canela preta em solanáceas e outras plantas; Burkholderia cepacia
(Pseudomonas cepacia) / cebola;
(d) Mancha e crestamento: Pseudomonas cichorii / alface; Pseudomonas savastanoi pv. glycinea
(P. syringae pv. glycinea) / soja; Xanthomonas axonopodis pv. phaseoli / feijão; Xylella
fastidiosa / escaldadura em ameixa e citros (clorose variegada) (Figura 11.4);
(e) Murcha: Ralstonia solanacearum (Pseudomonas solanacearum) / solanáceas (Figura 11.4);
Erwinia tracheiphila / cucurbitáceas;
(f) Sarna: Streptomyces scabiei (S. scabies) / sarna comum da batata (Figura 11.4).
(g) Raquitismo: Leifsonia xyli subsp. xyli / raquitismo da soqueira da cana-de-açúcar.
(j) Mancha angular do algodão causada por Xanthomonas axonopodis pv. malvacearum (X.
campestris pv. malvacearum);
(k) Sarna comum da batata causada por Streptomyces scabiei.
(l) Murcha vascular do feijoeiro causada por Curtobacterium flaccumfaciens pv. flaccumfaciens.
Ciclo geral das doenças bacterianas de plantas - De forma simplificada e resumida o ciclo
geral das fitobacterioses pode ser apresentado como o seguinte:
(a) Fonte de inóculo: restos de cultura no solo, partes infectadas de plantas, mudas infectadas,
insetos infestados, implementos agrícolas infestados, sementes e materiais vegetais
propagativos infectados, água infestada;
(b) Disseminação: partes infectadas de plantas, mudas infectadas, insetos infestados,
implementos agrícolas infestados, sementes e materiais vegetais propagativos infectados,
água de irrigação ou de chuva infestada;
(c) Penetração: ferimentos (provocados ou naturais) e aberturas naturais (estômatos lenticelas,
nectários, hidatódios);
(d) Colonização: inter e intracelular dos tecidos (Figura 11.5).
Figura 11.4. (A) Gram-positiva com coloração azul; (B) Gram-negativa com coloração vermelha; (C)
Exudação (setas) de células bacterianas da haste para a água; (D) Clorose variegada dos citros
causada por Xylella fastidiosa. (E) Colônias de Xylella fastidiosa em meio de cultura; (E) Murcha em
tomate (Solanum lycopersicum) causada por Ralstonia solanacearum; (F) Podridão negra em
repolho (Brassica oleracea v. capitata) causada por Xanthomonas campestris pv. campestris; (G)
Galha em datura (Datura stramonium) causada por Agrobacterium tumefaciens; (H) Sarna em
tubérculo de batata causada por Streptomyces scabiei.
Figura 11.5. Ciclo do cancro cítrico em laranja doce causado por Xanthomonas citri pv. citri.
(Fonte: Esquema baseado e modificado de Leite Jr., 1990).
Manejo das fitobacterioses - As medidas para o manejo das bacterioses variam com o
problema. Todavia, a combinação das seguintes medidas pode reduzir a quantidade de doença:
(a) Uso de sementes e outros materiais propagativos (manivas, toletes, bulbilhos, bulbos, mudas)
certificados. Esta medida enquadra-se no princípio da Exclusão.
(b) Uso de sementes e outros materiais propagativos tratados (Água quente, ar quente, calor
seco, radiação, fungicidas / bactericidas, antibióticos). Esta medida enquadra-se no princípio
da Exclusão se objetivo é excluir a possibilidade de entrada e estabelecimento do patógeno
em área livre do mesmo. Todavia, se o objetivo é eliminar o patógeno está passa a ser uma
medida do princípio de Erradicação.
(c) Eliminação de plantas doentes. Esta medida enquadra-se no princípio da Erradicação.
(d) Pulverizações de fungicidas / bactericidas e antibióticos. A finalidade desta medida pode ser
de Erradicação, Proteção ou Erradicação, dependendo do objetivo.
Figura 11.6. Isolamento de bactérias que infectam folhas. (A) Planta infectada. (B) Seleção dos
tecidos lesionados. (C) Fragmentos de tecidos. (D) Desinfestação superficial em Hipoclorito de
Sódio (0,5-1,0%). (E) Secagem em papel filtro. (F) Lâmina de microscópio e bisturi. (G) Extração da
suspensão mestra com alça de transferência. (H) Riscagem em meio de cultura. (I) Colônias
desenvolvidas após dois a três dias de incubação. (J) Culturas isoladas e puras.
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O aparelho reprodutor da fêmea compõe-se de: vulva, vagina, útero, oviduto, espermateca
e ovário. Os nematoides machos possuem: um par de espículos (Figuras 12.2 e 12.4), gubernáculo,
vaso deferente e testículo. Externamente, vários machos possuem um par de membranas
copulatórias próximas aos espículos, que recebem o nome de bursa.
Figura 12.2. (A) Região cefálica de Criconemoides e as partes do estomatoestilete; (B) Tipos de
estilete: estomatoestilete, odontoestilete e onquioestilete; (C - D) Partes do corpo (estilete,
esôfago e intestino) de um nematoide macho (espículo e bursa) e fêmea (vulva) de Pratylenchus
(Figuras adaptadas de Cares & Huang, 2000; 2001).
O sistema excretor dos fitonematoides não apresenta células flamas e consiste de um par
de tubos excretores de extremidade cega imersos na cavidade hipodérmica lateral anterior do
nematoide (um de cada lado), sendo que os dois tubos são conectados por um curto tubo
transversal, assumindo assim a forma de H. Do tubo central parte o ducto excretor que se
prolonga até o poro excretor na superfície da cutícula na altura do anel nervoso.
Biologia dos nematoides fitoparasitas - Os nematoides possuem os dois sexos e
geralmente sua reprodução é anfimítica (fertilização cruzada) e ovípara. Todavia, em algumas
espécies os machos são raros ou não são encontrados, apresentando reprodução do tipo
partenogenética (desenvolvimento do ovo sem fecundação) ou por hermafroditismo (os dois
sexos presentes em um mesmo indivíduo). A partenogênese encontrada em nematoides pode ser
mitótica, quando a oogônia (2n) não passam por meiose, já inicia as divisões mitóticas para formar
o juvenil (Ex: Meloidogyne incognita) ou meiótica (Ex: Meloidogyne hapla), quando a oogônia (2n)
passa por meiose para formar um óvulo (n) e dois corpos polares (n). Na ausência de um
espermatozóide (n) para fertilizar o óvulo, este funde seu material genético com o material
genético de um dos corpos polares, resultando em um zigoto (2n). Diferente da partenogênese
mitótica, a meiótica é facultativa pois, se houver a presença de um macho este pode copular coma
fêmea e resultar em fertilização cruzada. A reprodução partenogenética apresenta como
vantagem evolutiva a independência do macho, o qual nas espécies dotadas de partenogêse
meiótica tem função de aumentar a diversidade genética da população.
Os nematoides apresentam quatro estádios juvenis e um adulto. No ovo é formado o
primeiro estágio juvenil (J1), que ao passar pela primeira ecdise transforma-se no segundo estádio
juvenil (J2), que eclode do ovo, sendo o principal estágio infectante para a maioria dos nematoides
fitoparasitas. Após a segunda ecdise, seguem-se os estádios juvenis J3 e J4 separados pela terceira
ecdise. Após a quarta edcise, o J4 transforma-se no estádio adulto, macho ou fêmea (Figura 12.4).
Figura 12.4. Ciclo de vida de Ditylenchus dipsaci, causador do amarelão alho. A duração do ciclo
(ovo a adulto) está entre 19 a 23 dias. A letra J significa estádio juvenil e os números de 1 a 4 são
os estádios juvenis. Entre os estádios J1 e J2 ocorre a ecdise 1 (primeira troca de cutícula), entre J2
e J3 a ecdise 2, entre J3 e J4 a ecdise 3 e entre J4 e o adulto a ecdise 4 (Fotos; L.E.B. Blum).
1.1a Ectoparasitas migradores necrotróficos – grupo de nematoides que se alimenta por curtos
períodos em uma mesma célula, causando a morte da mesma por ocasião do término do
processo de alimentação. Apresentam o tipo de parasitismo menos especializado e inclue
um amplo círculo de plantas hospedeiras. Ex. Trichodorus spp. (Triplonchida) e
Tylenchorhynchus (Tylenchina), apresentam estilete curto e fino, portanto, alimentam-se de
células superficiais ou subepidérmicas. Já Belonolaimus e Dolichodorus (Tylenchina)
apresentam estomatoestilete longo e alimentam-se de células em camadas mais profundas
1.1b Ectoparasitas migradores biotróficos – grupo de nematoides que se alimenta de células
individuais ou grupos de células (sítios de alimentação), induzindo a formação de galhas
terminais em raízes secundárias induzindo a formação de estruturas análogas aos tubos de
alimentação em células das hospedeiras. Ex:.Xiphinema, Longidorus e Hemicycliophora
arenaria.
1.2 Ectoparasitas sedentários - Grupo de nematoides que permanecem do lado de fora da
hospedeira se alimentando de células individuais ou grupos de células (sítios de
alimentação) por período de tempo mais prolongado que os demais ectoparasitas.
Ocasionam poucos danos no local de alimentação podendo induzir a formação de galhas
terminais em raízes secundárias. Ex: Criconemoides xenoplax e Cacopaurus spp.
2. Endoparasitas
Os nematoides endoparasitas penetram por completo nas raízes ou outros órgãos das
plantas e também são divididos em migradores e sedentários.
2.1. Os endoparasitas migradores são patógenos necrotróficos, pois penetram os tecidos
vegetais a nível de parênquima cortical e, devido à sua constante movimentação e
alimentação, causam a morte de células, podendo formar caniais ou galerias nos tecidos
infectados. Ex. Pratylenchus spp. e Radopholus similis.
2.2. Os endoparasitas sedentários constituem o grupo de nematoides com o parasitismo mais
especializado, pois penetram por nas raízes e migram intercelularmente (Meloidogyne spp.) ou
intracelularmente (Heterodera spp. e Globodera spp.) em direção ao cilindro vascular onde
induzem a formação de sítios de alimentação conhecidos como células gigantes (Meloidogyne
spp.) ou sincício (Heterodera spp. e Globodera spp.).
3. Semi-endoparasitas:
Os nematoides introduz apenas a parte anterior do corpo na hospedeira, permanecendo a
parte posterior para fora da mesma. São divididos em migradores (Helicotylenchus spp.,
Scutellonema spp., Hoplolaimus e Rotylenchus) e sedentários (Tylenchulus semipenetrans,
Trophotylenchulus spp. e Rotylenchulus reniformis).
Enoplea cujos membros, em sua maioria, não possuem órgãos sensoriais denominados fasmídios
e a classe Chromadorea, com a presença de fasmídios, sendo que ambas incluem nematoides
fitoparasitas. A tabela 12.5 mostra uma adaptação do sistema de classificação proposto por De Ley
& Blaxter (2002).
Na classe Enoplea eles pertencem às ordens Dorylaimida e Triplonchida, enquanto na
Chromadorea, os nematoides fitoparasitas pertencem à ordem Rhabditida, subordem Tylenchina,
infraordem Tylenchomorpha.
Dorylaimida - caracteriza-se por apresentar nematoides de corpo alongado com: cutícula
lisa, anfídios posteriores aos lábios, odontoestilete e esôfago dorilaimóide. Ex. Longidorus e
Xiphinema são os principais representantes. Esses nematoides podem transmitir vírus de plantas
do gênero Nepovirus. (Figura 12.5).
(a) Triplonchida - caracteriza-se por apresentar nematoides de corpo curto com: cutícula lisa,
anfídios posteriores aos lábios, onquioestilete e esôfago dorilaimóide. Ex. Trichodorus e
Paratrichodorus. Esse grupo pode transmitir fitovírus do gênero Tobravirus (Figura 12.6A).
(b) Tylenchina, infraordem Tylenchomorpha - caracteriza-se por apresentar nematoides com:
cutícula anelada, anfídios labiais, estomatoestilete e esôfago tilencóide, neotiliencóide,
criconemóide ou afelencóide. Ex. Ditylenchus, Pratylenchus, Helicotylenchus, Meloidogyne,
Hemicycliophora e Aphelenchoide. (Figuras 12.6B-C a 12.13)
Tabela 12.5. Classificação simplificada dos nematoides fitoparasitas (reino Animalia, filo
Nematoda) (adaptado de De Ley & Blaxter, 2002).
Ordem Subordem Superfamilia Família Gêneros
representantes
Tylenchina Tylenchoidea Tylenchidae Tylenchus
Rhabditida (infraordem Anguinidae Anguina
Tylenchomorpha) Ditylenchus
Dolichodoridae Dolichodorus
Belonolaimidae Belonolaimus
Tylenchorhynchus
Pratylenchidae Pratylenchus
Radopholus
Nacobbus
Hoplolaimidae Hoplolaimus
Rotylenchus
Helicotylenchus
Rotylenchulus
Heteroderidae Globodera
Heterodera
Meloidogyne
Criconematoidea Criconematidae Criconemoides
Hemicycliophora
Tylenchulidae Paratylenchus
Tylenchulus
Aphelenchoididea Aphelenchoididae Aphelenchoides
Bursaphelenchus
Sphaerularioidea Fergusobiidae Fergusobia
Dorylaimida Dorylaimina Dorylaimoidea Longidoridae Longidorus
Xiphinema
Aporcelaimidae Tubixaba
Triplonchida Diphtherophorina Trichodoroidea Trichodoridae Paratrichodorus
Trichodorus
nomenclatura taxonômica dos nematoides. A designação das categorias taxonômicas é feita por
sufixos, como discriminados a seguir para as categorias taxonômicas de nematoides mais usadas:
ea (classe), ia (subclasse), ida (ordem), ina (subordem), orpha (infraordem), oidea (superfamília),
idae (família), inae (subfamília), ini (tribo). A designação do gênero é feita por palavra latinizada,
escrita de maneira diferenciada do texto com a letra inicial maiúscula e as demais minúsculas,
devendo ser sublinhada ou escrita com tipo itálico, por exemplo, Xiphidorus ou Xiphidorus. O
nome da espécie é composto pelo epíteto específico, incluindo o nome do gênero seguido do
nome latinizado que designa a espécie, escrito da mesma forma que o gênero, exceto por todas as
letras serem minúsculas como, por exemplo: Xiphidorus amazonensis ou Xiphidorus amazonensis.
Em um texto, a primeira vez que aparece o nome de um táxon de qualquer uma das categorias
taxonômicas acima deve ser mencionado o nome da autoridade que o descreveu, seguido do ano
da publicação, como por exemplo: Nematoda Potts, 1932; Xiphidorus amazonensis Uesugi, Huang
& Cares, 1985.
Figura 12.7. Fêmeas, corpo inteiro. (A) Criconemoides sp.; (B) Discocriconemella sp.
Figura 12.8. (A-C) Hemicycliophora. (A) fêmea, região anterior; (B) fêmea, região posterior; (C)
macho, região posterior; (D) Tylenchulus semipenetrans, fêmea sem a região labial.
Figura 12.9.
Tylenchorhynchus sp. (A) fêmea, corpo inteiro (Detalhe: vulva); (B) macho, corpo inteiro (Detalhe:
bursa peladora).
Figura 12.10.
Pratylenchus sp. (A) fêmea, corpo inteiro; (B) fêmea, região anterior; (C) fêmea, região posterior;
(D) macho, corpo inteiro.
Figura 12.11. Radopholus similis. (A) fêmea, corpo inteiro; (B) fêmea, região anterior; (C) macho,
região anterior; (D) macho, região posterior.
Figura 12.12. Helicotylenchus multicinctus. (A) fêmea, corpo inteiro; (B) fêmea, região anterior; (C)
região posterior.
Figura 12,13. Meloidogyne javanica. (A) ovo em segmentação; (B) ovo com juvenil; (C) juvenil 2;
(D) fêmea adulta; (E) macho envolto em cutícula anterior; (F) e (G) macho.
Figura 12.14. Radopholus similis em bananeira: A. raízes e rizoma com necrose; B. radicelas
necrosadas; C. superfície de raiz sustentadora com machas necróticas; D-E. Seção longitudinal de
raízes sustentadoras com necrose cortical; F. rizoma com necrose.
Figura 12.16.
Rhynchophorus
palmarum (gorgulho
das palmeiras) vetor
do nematoide do anel
vermelho das
palmeiras
(Bursaphelenchus
cocophilus): A. larva;
B. adultos; C. Seção
tangencial em estipe
de dendezeiro
mostrando galerias
abertas pela larva do
inseto; D. Seção
longitudinal próximo à
região meristemática
de dendezeiro,
mostrando sintoma
de anel necrótico de coloração avermelhada (setas). Fotos: J.C. Abreu Araújo.
Figura 12.17. A. Bulbo sadio de alho e bulbos atacados por Ditylenchus dipsaci (foto: C.S.Huang).
B. túbera de inhame (Dioscorea cayennensis) atacada por Scutellonema bradys; D. sintoma da
casca preta do inhame.
Figura 10.36. Soja com nanismo e amarelecimento, devido a ação de Heterodera glycines; A1.
Raízes com fêmeas de H. glycines (pontos brancos); A2. Cistos e ovos de H. glycines.
dos nematoides nos tecidos da planta, compostos fenólicos podem ser oxidados por enzimas da
planta (polifenol-oxidases) na presença de oxigênio, com posterior polimerização dos fenóis
oxidados em polímeros como quinonas e a melanina. O acúmulo desses polímeros causa a morte
das células da hospedeira, resultando em lesões necróticas de coloração escura. Esse tipo de
injúria é associado principalmente ao ataque de nematoides endoparasitas migratórios de raiz
como Pratylenchus, Radopholus similis e, de outros órgãos subterrâneos como rizomas de
bananeiras por R. similis e túberas de inhame por Scutellonema bradys e, de parte aérea como
folhas, por espécies de Aphelenchoides e caules por Bursaphelenchus spp.
(c) Maceração de tecidos - Os nematoides Ditylenchus dipsaci e D. destructor tem a capacidade de
secretar enzimas pectolíticas que provocam a hidrólise de componentes da lamela média entre as
células, bem como de constituintes da parede celular de folhas e órgãos de reserva como bulbo de
alho, cebola e tubérculo de batata. Com a hidrólise dos constituintes da lamela média e da parede
celular resulta na maceração dos tecidos, caracterizada pelo sintoma de apodrecimento dos
tecidos do órgão afetado.
(d) Galhas - São equivalentes a tumores em órgãos vegetais, induzidos durante o parasitismo por
espécies de nematoides de hábito alimentar sedentário ou não. Tais nematoides induzem o
desbalanço hormonal nos tecidos da hospedeira, levando ao acúmulo de fitohormônios que
favorecem a hiperplasia de células parenquimáticas. Com a proliferação de células ocorre o
aumento em volume do tecido no local afetado pelo nematoide. Em alguns casos a hiperplasia
celular pode estar associada a células hipertróficas do sítio de alimentação do nematoide. As
galhas podem ser em órgãos subterrâneos, como raízes, tubérculos e rizomas, ou em órgãos de
parte aérea, como caules, folhas, flores e sementes. Galhas radiculares terminais - são induzidas
por ectoparasitas migratórios que se alimentam nas proximidades do meristema radicular
incluindo Xiphinema spp., Longidorus spp., Hemicycliophora arenaria, Dolichodorus
heterocephalus e Belonolaimus longicaudatus. Galhas radiculares não terminais - são induzidas por
endoparasitas sedentários como Meloidogyne spp. e Nacobbus aberrans. A galha induzida por
Meloidogyne inicia-se com o estabelecimento do juvenil infectante no parênquima vascular, que
estimula a formação das células gigantes multinucleadas por endomitoses sucessivas sem a
citocinese, as quais servem como sítio de alimentação para a fêmea. Nas proximidades do sítio de
alimentação, as células parenquimáticas do cilindro vascular e do córtex se dividem
continuamente, resultando na formação da galha, que geralmente se desenvolve com a
contribuição de mais de um nematoide parasitando a mesma região da raiz. Já a galha induzida
por N. aberrans, se inicia com o estabelecimento do sítio de alimentação pela fêmea jovem ainda
vermiforme. Neste caso, o sítio de alimentação é um sincício, que consiste em uma massa
citoplasmática multinucleada, sendo que os núcleos são provenientes de células vizinhas que
tiveram a parede celular degradada com posterior fusão dos respectivos protoplastos. Além de
galhas radiculares, as espécies de Meloidogyne podem induzir galhas em outros órgãos
subterrâneos, como rizomas e tubérculos. Galhas em caules - podem ser estimuladas pelo
endoparasita migratório Ditylenchus dipsaci, que leva à hiperplasia de células parenquimáticas no
córtex de plantas como alfafa. Galhas em folhas - podem ser formadas pelos nematoides
endoparasitas sedentários Anguina spp. e Ditylenchus spp. Galhas em flor e sementes - espécies
de Anguina são capazes de transformar o ovário em galha em cereais como o trigo e outras
gramíneas.
Injúria indireta causada por fitonematoides - Os nematoides podem afetar indiretamente
as plantas de várias maneiras, como vetores de patógenos, como um agente mecânico de
ferimentos, causando alterações fisiológicas na planta, alterando a composição química da
rizosfera e contribuindo para a perda ou redução da resistência da planta a outros patógenos.
Nome vulgares de nematoides fitoparasitas - Certos nematoides são conhecidos por seus
nomes vulgares relacionados aos danos que causam nas plantas ou a sinais do patógeno. Entre
estes citam-se: nematoide das galhas de raízes – Meloidogyne spp.,; nematoide de cisto em raízes
– espécies de Heterodera (H. glycines – nematoide de cisto da soja - nanismo amarelo da soja) e de
Globodera (G. rostochiensis – nematoide dourado da batata); nematoide do declínio lento dos
citros - Tylenchulus semipenetrans; nematoide das lesões de raízes – Pratylenchus spp.; nematoide
cavernícola da bananeira - Radopholus similis; nematoide de caules bulbos e hastes, ou nematoide
do amarelão do alho - Ditylenchus dispsaci; nematoide de galhas em sementes de trigo - Anguina
tritici; nematoide de folhas – espécies de Aphelenchoides (A. besseyi – nematoide da ponta branca
do arroz); nematoide de raiz “cega” – espécies de Trichodorus e Paratrichodorus; nematoide do
anel vermelho do coqueiro - Bursaphelenchus cocophilus. Outros nematoides a denominação é
feita com base em características marcantes de sua morfologia, como: nematoide espiralado –
espécies de Helicotylenchus e Rotylenchus; nematoide de ferrão - Belonolaimus longicaudatus (o
estilete é longo e apontado); nematoide de sovela - Dolichodorus (cauda em forma de sovela);
nematoide reniforme - Rotylenchulus reniformis; nematoide de anel - membros da família
Criconematidae (o corpo apresenta anéis grossos); nematoide de bainha - Hemicycliophora
(apresenta duas camadas de cutícula, a externa em forma de bainha); nematoide de adaga -
Xiphinema (alusivo à forma do estilete); nematoide de agulha – Longidorus spp.; nemtóide de
alfinete - Paratylenchus spp.
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Os vírus são entidades biológicas que podem causar nas plantas doenças importantes,
como o mosaico dourado do feijoeiro (Bean golden mosaic virus - BGMV), o “vira-cabeça” do
tomateiro (espécies de Tospovirus: Tomato spotted wilt virus - TSWV, Tomato chlorotic spot virus -
TCSV e Groundnut ringspot virus - GRSV) e a tristeza dos citros (Citrus tristeza virus - CTV). As
infecções por vírus podem
ocasionar diminuição na
quantidade e qualidade da
produção agrícola das plantas. A
extensão das perdas depende de
aspectos ligados à proporção de
plantas infectadas no campo, do
estádio fenológico da cultura no
momento da infecção, da
resistência da planta hospedeira,
da presença de vetores, da
virulência do vírus e das condições
ambientais. Os vírus são um grupo
peculiar devido às características
da relação vírus-planta, que
implica na adoção de medidas de
controle quase exclusivamente
preventivas. É difícil enquadrar os
vírus na diversidade de
organismos, pois, os vírus são
entidades simples quanto à
estrutura e quanto à composição
em relação a outros patógenos.
Apesar da simplicidade verifica-se
uma dificuldade na conceituação
dos vírus, devido a determinadas
características bioquímicas
bastante variáveis entre eles.
Os primeiros relatos que se tem conhecimento de infecções causadas por vírus (embora
ainda não se conhecesse a etiologia) são encontrados em escritas das civilizações egípcias e greco-
romanas. No ano 1000 a.C., já existiam leis atribuindo responsabilidades e obrigações a donos de
animais domésticos em caso destes tornarem-se raivosos. Os hieróglifos egípcios da época
mostravam sequelas de infecção causada pelo vírus da pólio na face e pescoço do faraó Ramsés V.
Quanto aos vírus de plantas acredita-se que o primeiro relato tenha sido feito pela
imperatriz japonesa Koken em 752, através de um poema que descreve o sintoma de
amarelecimento. Hoje acreditamos que o sintoma por ela descrito tratava-se do sintoma causado
por Eupatorium yellow vein virus (EuYVV) em planta de Eupatorium lindleyanum.
Na Holanda por volta de 1660, bulbos de tulipa, mostrando diferentes padrões de
segregação de cores eram comercializados por preços elevadíssimos. Na verdade, estes bulbos
estavam infectados pelo Tulip breaking virus (gênero Potyvirus, família Potyviridae) que com o
passar das gerações ocasionava perda de vigor e tamanho das plantas.
Cientificamente, os vírus de plantas começaram a ser estudados em 1886 por Adolf Mayer.
Este holandês foi capaz de transmitir uma enfermidade do fumo (mais tarde conhecida como
mosaico do fumo, cujo agente causal foi denominado de TMV) de planta p/ planta via extrato de
planta doente. Adolf Mayer descreveu o termo mosaikkrankheit (mosaico) característico de folhas
com áreas claras e escuras. Sabe-se que Mayer tentou fazer uma cultura pura do organismo
causador da doença, usando técnicas para o crescimento bacteriano. A procura no isolamento de
formas puras bacterianas ou fúngicas falhou, apesar da doença poder ser transmitida como
qualquer outra doença infecciosa.
Em 1892, o cientista russo, Dimitrii Ivanovsky, realizou os experimentos propostos por
Mayer, porém acrescentou a etapa de filtrar o sumo retirado das plantas doentes em filtros
especiais de porcelana capazes de reter bactérias. Os resultados de Ivanovsky mostraram que o
agente infeccioso não ficava retido no filtro, porém ele concluiu que seus filtros estavam com
algum defeito e não descartou a possibilidade de uma bactéria ser a causadora da infecção da
planta.
Martinus Beijerinck, microbiologista alemão e amigo de Mayer, em 1898 filtrou o sumo das
plantas doentes e fez diluições seriadas, demonstrando que mesmo diluições baixas, eram capazes
de manter a infecciosidade com a mesma capacidade do sumo original. Beijerinck percebeu que
estava diante de um novo agente infeccioso ao qual ele chamou de contagium vivum fluidum.
Por outro lado, pesquisadores alemães assistentes de Koch foram os primeiros a relatar o
isolamento do contagium vivum fluidum de animais como o vírus da febre aftosa. Na mesma
época, Walter Reed, médico americano, estudou o vírus da febre amarela.
A Taxonomia, termo derivado do grego taxon (arranjo) e nomus (lei), é a disciplina que se
encarrega de estudar e nomear os organismos. Taxonomia constitui a base de toda a Biologia, uma
vez que a comunicação seria difícil sem algum sistema de classificação.
A classificação dos organismos por sua vez, tem como principais funções ordenar o
conhecimento, padronizar a comunicação e estudar a filogenia dos organismos.
A classificação dos vírus passou por vários sistemas, visto que as evidências da estrutura e
composição dos vírus começaram a emergir a partir de 1930. Estas informaçoes levaram os
pesquisadores a proporem que os vírus fossem agrupados com base nas propriedades
compartilhadas pelos vírions, sendo que os primeiros grupos taxonômicos criados foram do
herpesvirus, myxovirus, poxvirus e vários grupos de vírus de planta com forma de bastonete ou
filamentosa. Novos vírus foram sendo descobertos nas décadas subsquentes, acumulando uma
série de informações, assim vários pesquisadores e comitês, independentemente, avançaram nos
esquemas de classificação.
Assim, o avanço obtido com os estudos do vírus resultou na implantação de um sistema
baseado nas propriedades dos vírus proposto pelo International Committee on Nomenclature of
Viruses (ICNV), criado no Congresso Internacional de Microbiologia em Moscou, em 1966. Em
1973, o Comitê passou a ser designado International Committee on Taxonomy of Viruses (ICTV),
tendo implantado um sistema de taxonomia e nomenclatura para todos os vírus. O ICTV definiu o
inglês na denominação das espécies virais. Quanto à nomenclatura, utilizam-se os sufixos: virales
para ordem, viridae para família, virinae para subfamília e virus para gênero. Ficou estabelecido
que todos os termos devem ser escritos em itálico e a primeira letra da ordem, família, subfamília
e gênero, devem ser escritos em maiúsculo. O nome da espécie viral deve ser composto, sendo
que a recomendação é de que o nome inclua, preferencialmente, o hospedeiro, o sintoma típico, a
localidade onde o vírus foi isolado pela primeira vez e o termo virus. Os fitovírus são denominados
pelo tipo de doença ou sintomas apresentados pelo hospedeiro. No VII Relatório do ICTV (van
Regenmortel et al., 2000) encontram-se descritas 13 famílias e 67 gêneros que incluem fitovírus,
totalizando 594 espécies definitivas e 323 possíveis espécies (Tabela 10.8). Existem possíveis
espécies e gêneros que não pertencem a nenhuma família. Isso é evidência da definição de van
Regenmortel (1989, 1990) aceita pelo ICTV em 1991: ”Uma espécie de vírus é definida como uma
classe politética, que constitui uma linhagem replicativa e ocupa um nicho ecológico particular”.
Para a maioria das doenças de plantas os sintomas na planta hospedeira em muito auxiliam
na identificação do agente causal. Em muitos casos é possível a identificação com quase 100% de
confiabilidade a nível de espécie do patógeno, apenas em observação de sintomas e sinais em
determinadas hospedeiras. Como exemplo se pode citar Hemileia vastatrix em cafeeiro, Alternaria
porri em alho e cebola.
Para vírus de plantas, que são agentes sub-microscópios, não é possível a observação de
sinais. Por outro lado, os sintomas na maioria das vezes não permitem uma diagnose segura,
exceto em poucos casos de vírus que induzem sintomas bem peculiares na sua hospedeira aliado a
uma grande experiência de campo. Como exemplo disto pode citar o vira cabeça do tomateiro,
causado por espécies do gênero Tospovirus (família Bunyaviridae). No Brasil um complexo de
espécies deste gênero (predominando a espécie Groundnut ringspot virus - GRSV) induz sintomas
de bronzeamento e /ou manchas em anéis cloróticos nas folhas, necrose de pecíolos, anéis
necróticos em frutos e necrose generalizada em plantas suscetíveis de tomate.
Outra virose com sintomas bem típicos e de fácil diagnose é causada pelo Begomovirus
Bean golden mosaic virus, agente causal do mosaico dourado do feijoeiro.
Muitas vezes, entretanto as hospedeiras podem mostrar-se assintomáticas, o que se torna
um problema para a diagnose, além disso, é relativamente comum o fato de diversos vírus
causarem sintomas indistinguíveis em uma determinada planta, assim como um mesmo vírus
pode ocasionar sintomas completamente distintos ao infectar diferentes hospedeiros. Portanto,
os sintomas das viroses vegetais apresentam baixo valor diagnóstico, sendo preciso conciliar a
sintomatologia com outras ferramentas mais consistentes no processo de diagnose. De forma
resumida, podemos dizer que os sintomas proporcionam um diagnóstico parcial, devido aos
seguintes aspectos: (a) Sintomas semelhantes são produzidos por diferentes vírus; (b) Sintomas
podem ser variáveis, e o mesmo vírus pode produzir uma série de sintomas, dependendo das
condições ambientais e do genótipo do hospedeiro; (c) A ausência de sintomas não significa,
necessariamente, que o vírus não está presente. Pode ser o caso de uma infecção latente; (d)
Infecções mistas com diversos vírus podem ocasionar efeito aditivo na manifestação de sintomas
no hospedeiro, resultando em sintomas mais severos. A exemplo disto temos sinergismo entre
espécies de PVY (Potato virus Y – gênero Potyvirus) e PVX (Potato virus X - Potexvirus). É conhecido
que a infecção de plantas de batata por PVY ocasiona perdas de 30 %, enquanto perdas de 15%
são relatadas para infecções por PVX. A associação destes dois vírus, entretanto é responsável por
causar perdas de 70% na produção. Outro exemplo do sinergismo entre espécies virais refere-se a
infecção de plantas de tomate por espécies de Crinivirus e Tospovirus. Sabe-se que plantas
portadoras do gene Sw-5 que confere resistência a espécies de Tospovirus, quando inicialmente
inoculadas com Tomato chlorosis virus e posteriormente inoculadas com TSWV (Tomato spotted
wilt virus - Tospovirus) apresentaram sintomas e alta acumulação viral de TSWV.
Os sintomas causados por vírus de plantas, de modo geral induzem baixo desenvolvimento
vegetativo, menor rendimento da produção, baixa qualidade dos produtos colhidos e menor
longevidade produtiva. Os sintomas são variáveis em relação a características da planta infectada
(idade e espécie), das condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento da doença e do
próprio vírus - como a estirpe viral em questão. Uma característica marcante das infecções
causadas por vírus é a natureza sistêmica apresentada pela maioria das espécies, e pelo fato de
persistirem na planta até o final do seu ciclo. Alguns vírus, sob determinadas condições, podem
infectar as plantas sem lhes causar qualquer manifestação de sintomas, conforme comentado
anteriormente, entretanto, outros podem levar as plantas a senescência em um curto período.
Entre esses extremos, existe uma grande variação de sintomas manifestados pelas plantas
infectadas por vírus.
Existem diversos sintomas que as viroses podem provocar nas plantas, podendo ser
divididos sistematicamente em morfológicos (alterações nos órgãos vegetais) e citológicos
(alterações celulares). A seguir, encontra-se grande parte dos sintomas morfológicos manifestados
pelas plantas infectadas por vírus:
(a) Clorose das nervuras: é considerada a primeira manifestação da reação sistêmica em
hospedeiras suscetíveis. Os sintomas sistêmicos frequentemente têm início com a clorose das
nervuras e, no caso de elevada sensibilidade das nervuras mais novas, pode ocorrer necrose das
nervuras. A clorose das nervuras é um sintoma decorrente da multiplicação do vírus nos tecidos
associados ao floema, sendo que, mesmo evoluindo para outros tipos de sintomas, a clorose pode
persistir e se constituir na principal manifestação da infecção viral, em alguns casos. Ex.: Potato
virus Y (PVY) em fumo (clorose das nervuras) e em pimentão (necrose das nervuras).
(b) Mosaico: Caracteriza-se pela presença, no limbo foliar, de áreas com coloração verde
entremeadas com cores verde-escuras ou com cores verde-claras ou até mesmo amarelas,
distribuídas irregularmente pela superfície do limbo foliar. Essas áreas apresentam bordos
limitados, sendo essa característica que diferencia os sintomas de mosaico e mosqueado. O
mosaico é um dos sintomas mais comuns apresentados por plantas infectadas, assim como outros
sintomas associados a alterações na coloração, como amarelecimento, clorose e mosqueado. De
acordo com a parte da folha onde há alteração da coloração normal, pode-se verificar a ocorrência
de mosaicos restritos a áreas específicas, como o mosaico internerval e mosaico das nervuras, e
distribuídos ao longo de todo o limbo foliar, como é o caso do mosaico amarelo (caracterizado por
intenso amarelecimento). Há variações como o mosaico rugoso e estriado, respectivamente
causados por espécies de Begomovirus e pelo PVY em tomateiro, como exemplos [Tomato mosaic
virus (ToMV) em tomateiro, Cucumber mosaic virus (CMV) em cucurbitáceas, Abutilon mosaic virus
(AbMV) em algodão]. O sintoma de mosaico por ser muito comum entre os sintomas induzidos
por vírus de planta costumam ser adjetivados, usando para isto outro sintoma bastante evidente e
em associaçao ao mosaico. Assim temos mosaico dourado, mosaico amarelo, mosaico rugoso e
mosaico anão.
(c) Clorose: Caracteriza-se pela diminuição da concentração do pigmento clorofila em função de
alterações nos cloroplastos ou pela destruição dos mesmos. É um sintoma bastante associado às
infecções virais, e existem variações com denominações típicas, como clorose internerval, clorose
das nervuras, entre outras [Apple mosaic virus (ApMV) em macieira, CMV em pimenta-do-reino,
Begomovirus em tomateiro]. Vale lembrar que aqui não ocorre o aumento de outros pigmentos.
(d) Amarelecimento: Caracteriza-se pela diminuição da concentração de clorofila, porém, verifica-
se incremento da concentração de outros pigmentos, como carotenóides, xantofilas, entre outros.
Este sintoma difere-se da clorose, pois nesta não se verifica o aumento da concentração de outros
pigmentos em detrimento da concentração de clorofila. Essa diferenciação é difícil na diagnose
[Tomato yellow top virus (TYTV) em tomateiro, Beet western yellows virus (BWYV) em alface].
(e) Manchas: São lesões necróticas com tamanhos e formatos diferentes no tecido da hospedeira:
circulares, anelares, alongadas, totalmente irregulares, delimitadas pelas nervuras, entre outras
[Tobacco ringspot virus (TRSV) em fumo].
(f) Mosqueado: É um sintoma facilmente confundido com o mosaico. Trata-se de diferentes
tonalidades da cor verde, havendo pouco contraste entre elas e de distribuição difusa no tecido,
sendo os bordos indefinidos (CMV em pepino).
(g) Variegação: ausência de pigmentação em parte do tecido da hospedeira. Essa ruptura da
coloração normal consiste em manchas, faixas ou setores do tecido que apresentam coloração
diferente (Variegação exibida pelas pétalas de tulipa infectadas pelo Tulip breaking virus
ocasionada pela perda do pigmento antocianina).
(h) Bronzeamento: É a coloração cobre apresentada muitas vezes pela epiderme das folhas
verdes, como resultado do aumento da concentração de pigmentos semelhantes à melanina. Ex.:
Fase inicial do “vira-cabeça" em tomateiro.
(i) Enrolamento: Deformação de folhas devido ao desenvolvimento excessivo dos tecidos de uma
das faces do órgão afetado. Ex.: Potato leafroll virus (PLRV) em batata, Tomato yellow leaf curl
virus (TYLCV) em tomate.
(j) Riscas necróticas: Lesões necróticas alongadas, estreitas ou superficiais no caule ou nas
nervuras da folha. A tonalidade das riscas varia de verde clara a amarela ou branca, e o formato
varia em relação à angulação, dispostas paralelamente ao comprimento da folha. Ex.: Maize streak
virus (MSV) em milho.
(k) Arroxeamento: É o resultado do acúmulo de antocianina nas folhas, como o ocasionado por
Grapevine leafroll-associted virus (GLRaV) em uvas viníferas tintas.
(l) Enações: São anormalidades caracterizadas pela presença de protuberâncias nas superfícies
abaxial e adaxial das folhas associadas freqüentemente às nervuras. Podem ser pequenas ou
grandes porções do tecido foliar, distribuídas irregularmente, apresentando forte enrugamento.
Ex.: Pea enation mosaic virus (PEMV) em ervilha.
De forma geral podemos citar algumas aplicações da sintomatologia na virologia, dentre
elas: valor diagnóstico (quando associada a outras técnicas de diagnose, como moleculares e
sorológicas), nomenclatura, hospedeiras diferenciais e avaliações de campo.
(m) Afilamento foliar: É o afilamento do limbo foliar, o qual chega a desaparecer totalmente,
restando apenas a nervura central. Também é conhecido por “cordão-de-sapato”. Ex.: TMV em
tomateiro.
(n) Caneluras: São depressões no lenho caracterizadas por reentrâncias longitudinais, que
correspondem ao local onde a casca penetra no lenho do tronco prejudicando a formação dos
vasos condutores da seiva. Ex.: Rupestris stem pitting-associated virus (RSPaV) em uva, xiloporose
em citros.
(o) Necrose apical: É a ocorrência de necrose no topo da planta ocasionada pela morte do
meristema apical. Ex.: Tomato spotted wilt virus (TSWV) em tomateiro.
(p) Lesões locais: São lesões de tamanho reduzido resultantes da reação de hipersensibilidade da
planta hospedeira. A infecção é limitada pela resposta da hospedeira nas células vizinhas à célula
que foi inicialmente infectada, impedindo o movimento sistêmico do vírus. As lesões são
circundadas por anéis cloróticos, os quais tornam-se necróticos posteriormente. É muito
freqüente a manifestação de lesões locais após a inoculação mecânica de vírus em hospedeira
resistente, podendo ser elevado o número de lesões locais devido ao grande número de sítios de
infecção decorrentes desta modalidade de inoculação. A hipersensibilidade pode ser importante
como resultado da resistência ao vírus sob condições naturais.
(q) Enfezamento: é a redução do crescimento da planta ou alguns de seus órgãos. Este sintoma é,
em muitos casos, o resultado da inibição da produção de hormônios vegetais de crescimento,
como o ácido giberélico, pela ação do vírus. O enfezamento pode afetar todas as partes da planta,
uniformemente ou não, incluindo a redução de tamanho das folhas, flores, frutos e o
encurtamento dos pecíolos e internódios. Muitas doenças causadas por outros microorganismos
induzem enfezamento nas plantas, assim como distúrbios de origem abiótica, como deficiência
nutricional ou hídrica.
(r) Tumores: Caracterizam-se pelo crescimento anormal do tecido de parte das folhas, caule ou
raízes, podendo ainda ser formados internamente no floema destes órgãos. Ex.: Wound tumor
virus (WTV) em trevo.
Tabela 13.3. Grupos de fitovírus [VII Relatório do ICTV (van Regenmortel et al., 2000)].
Ácido nucléico Família Gêneros Espécie tipo Definitiva Possível Total
Mastrevirus Maize streak virus 12 2 14
ssDNA Geminiviridae Curtovirus Beet curly top virus 2 1 3
Begomovirus Bean golden mosaic virus-Puerto Rico 76 8 84
- Nanovirus Subterranean clover stunt virus 4 1 5
dsDNA Caulimoviridae Caulimovirus Cauliflower mosaic virus 9 4 13
Badnavirus Commelina yellow mottle virus 17 4 21
Nucleorhabdovirus Potato yellow dwarf virus 7 0 7
Rhabdoviridae Cytorhabdovirus Lettuce necrotic yellows virus 8 0 8
Não classificado - 0 58 58
Bunyaviridae Tospovirus Tomato spotted wilt virus 8 5 13
ssRNA - Ophiovirus Citrus psorosis virus 3 0 3
- Tenuivirus Rice stripe virus 6 5 11
Sequiviridae Sequivirus Parsnip yellow fleck virus 2 0 2
Waikavirus Rice tungro spherical virus 3 0 3
Aureusvirus Pothos latent virus 1 0 1
Avenavirus Oat chlorotic stunt virus 1 0 1
Carmovirus Carnation mottle virus 13 6 19
Dianthovirus Carnation ringspot virus 3 1 4
Tombusviridae Machlomovirus Maize chlorotic mottle virus 1 0 1
Necrovirus Tobacco necrosis virus A 5 2 7
Panicovirus Panicum mosaic virus 1 1 2
Tombusvirus Tomato bushy stunt virus 13 0 13
Não classificado Cucumber leaf spot virus* 0 1 1
Luteovirus Barley yellow dwarf virus-PAV 2 0 2
Luteoviridae Polerovirus Potato leafroll virus 5 0 5
Enamovirus Pea enation mosaic virus-1 1 0 1
Não classificado - 0 11 11
- Marafivirus Maize rayado fino virus 3 0 3
- Sobemovirus Southern bean mosaic virus 11 3 14
- Tymovirus Turnip yellow mosaic virus 21 2 23
- Umbravirus Carrot mottle virus 7 4 11
Comovirus Cowpea mosaic virus 15 0 15
Comoviridae Nepovirus Tobacco ringspot virus 31 9 40
Fabavirus Broad bean wilt virus 1 4 0 4
ssRNA
- Idaeovirus Raspberry bushy dwarf virus 1 0 1
Alfamovirus Alfafa mosaic virus 1 0 1
Bromovirus Brome mosaic virus 6 0 6
Bromoviridae Cucumovirus Cucumber mosaic virus 3 0 3
Ilarvirus Tobacco streak virus 17 0 17
Oleavirus Olive latent virus -2 1 0 1
Ourmiavirus Ourmia melon virus 3 0 3
Tobamovirus Tobaco mosaic virus 16 1 17
Potexvirus Potato virus X 26 19 45
Carlavirus Carnation latent virus 31 29 60
Allexivirus Shallot virus X 7 3 10
Foveavirus Apple stem pitting virus 2 1 3
Capillovirus Apple stem grooving virus 3 1 4
Trichovirus Apple chlorotic leaf spot virus 3 0 3
Vitivirus Grapenive virus A 4 1 5
Potyvirus Potato virus Y 91 88 179
Ipomovirus Sweet potato mild mottle virus 1 1 2
Potyviridae Macluravirus Maclura mosaic virus 2 0 2
Rymovirus Ryegrass mosaic virus 4 1 5
Tritimovirus Wheat streak mosaic virus 2 0 2
Bymovirus Barley yellow mosaic virus 6 0 6
Closteroviridae Closterovirus Beet yellows virus 11 16 27
Crinivirus Lettuce infectious yellows virus 7 0 7
- Tobravirus Tobacco rattle virus 3 0 3
- Furovirus Soil-borne wheat mosaic virus 1 4 5
- Pecluvirus Peanut clump virus 2 0 2
- Hordeivirus Barley stripe mosaic virus 4 0 4
- Pomovirus Potato mop-top virus 4 0 4
- Benyvirus Beet necrotic yellow vein virus 2 0 2
Fijivirus Fiji disease virus 8 0 8
Reoviridae Phytoreovirus Rice dwarf virus 3 1 4
dsRNA Orizavirus Rice ragged stunt virus 2 0 2
Partitiviridae Alphacryptovirus White clover cryptic virus 1 16 10 26
Betacryptovirus White clover cryptic virus 2 4 1 5
Não classificado - - 0 15 15
Vale a pena salientar ainda que os sintomas são variáveis de acordo com a composição
genética da hospedeira (imune, resistente, suscetível, tolerante), do vírus (estirpe severa ou
atenuada), idade da hospedeira e fatores ambientais como temperatura e luminosidade. Además
outros sintomas com diferentes causas podem ser confundidos com sintomas de vírus de plantas.
Dentre eles podemos citar as deficiências nutricionais (sintomas de clareamento de nervuras,
clorose ou mosaico), as toxinas produzidas por insetos, os distúrbios de origem genética
(mosaico), a toxidez por inseticidas ou herbicidas (clorose/deformação foliar) e condições de altas
temperaturas (mosaico).
Já os sintomas citológicos decorrentes da infecção viral incluem diversos tipos de
alterações celulares, aparecimento de inclusões e viroplasmas. De forma sintetizada, estão
listados abaixo alguns sintomas citológicos: (a) Diminuição (hipoplasia) ou aumento (hiperplasia)
do número de células ou do tamanho (hipertrofia); (b) Ausência ou diminuição do número de
cloroplastos nas células dos parênquimas foliares, alterações estruturais nos cloroplastos; (c)
Segregação do nucléolo em regiões fibrilares e granulares, formação de anéis fibrilares (típico da
infecção por vírus da família Geminiviridae); (d) Presença de inclusões celulares, que podem ser
citoplasmáticas ou nucleares: Inclusões citoplasmáticas tipo cata-vento: são assim denominadas,
pois se assemelham a cata-ventos dispersos no citoplasma, típicas da infecção por potyvírus.
Possuem alto valor diagnóstico, e são visualizadas ao microscópio eletrônico a partir de cortes
transversais do tecido infectado. Este tipo de inclusão é formado por uma proteína viral e,
acredita-se que a sua função seja facilitar a replicação viral ao condicionar o metabolismo celular
para tal atuação; Inclusões citoplasmáticas cristalinas: ao contrário das do tipo cata-vento, podem
ser visualizadas com o auxílio do microscópio ótico e constituem-se de aglomerados de partículas
virais, as quais podem se encontrar em grande número; Inclusões nucleares cristalinas: são visíveis
ao microscópio ótico e constituem-se de proteínas virais. São típicas da infecção por potyvírus;
Inclusões citoplasmáticas denominadas “viroplasmas”: são os locais onde as partículas virais são
montadas, e normalmente encontra-se presente uma única inclusão por célula. São constituídas
de partículas virais e por uma proteína viral. São típicas da infecção por caulimovírus, portanto,
apresentam valor diagnóstico.
Os vírus, como partículas extracelulares, não têm atividade metabólica independente. Ao
contrário, a multiplicação dos vírus dá-se por replicação, na qual os componentes protéicos e o
ácido nucléico viral são sintetizados dentro de hospedeiros suscetíveis. A infecção sistêmica de
plantas por vírus envolve três fases distintas, a saber: replicação viral, movimento a curta distância
(célula a célula) e movimento a longa distância (movimento sistêmico).
Assim o primeiro evento do processo de infecção viral é a entrada dos vírus nas células
hospedeiras. Em célula animal a entrada é feita pelo processo conhecido como endocitose e é
mediada por receptores, necessitando para isto de reconhecimento de proteínas virais por
proteínas da hospedeira. Em célula vegetal, este reconhecimento inicial não ocorre a nível de
vírus-hospedeira uma vez que a entrada do vírus se dá basicamente por vetores ou por
ferimentos. No caso da transmissão por vetores é necessário que haja reconhecimento de
proteínas virais por proteínas do vetor. Estudos de interação entre proteínas virais e proteínas do
vetor vem sendo conduzidos com maior intensidade nos últimos anos e para alguns casos já se
conhece proteínas virais envolvidas no reconhecimento dos insetos vetores. A exemplo podemos
citar a HC-pro e a proteína capsidial de Potyvirus que interagem com proteínas do estilete do
inseto vetor.
Se por um lado a transmissão por vetores e ferimentos possibilita a disseminação dos
vírus de uma planta para outra, o movimento célula a célula via plasmodesmas (curta distância) e
via floema (longa distância) permitem a translocação viral no interior da planta. Esta translocação
é mediada por interaçoes compatíveis entre proteínas da hospedeira e proteínas virais e
basicamente este processo de translocação no interior da hospedeira é requisito básico para
sucesso na infecção sistêmica. Além disso é importante considerar também a habilidade do vírus
em suprimir o sistema de defesa da planta.
Após a entrada do vírus na célula vegetal, existe a necessidade da interação inicial vírus-
planta, a qual somente ocorre nas células hospedeiras do vírus. Acredita-se que esta interação
inicial com a hospedeira seja feita através de sítios específicos existentes na célula da planta. Uma
vez no interior da célula vegetal, após o estabelecimento da interação entre a célula e o vírus,
ocorre a exposição do ácido nucléico viral (desencapsidação), tornando-o disponível para o início
do processo de replicação. Ocorre a síntese de proteínas virais e de novas cópias do genoma viral,
sendo que esta etapa pode ser efetuada de vários modos dependendo do tipo de ácido nucléico
(ssDNA, dsDNA, ssRNA ou dsRNA) apresentado pelo vírus em questão. A biossíntese dos
componentes virais ocorre com o auxílio dos compostos e organelas celulares envolvidas na
síntese de proteínas e ácidos nucléicos. O local específico para a montagem e maturação do vírus
dentro da célula é característico de cada gênero de vírus (núcleo ou citoplasma).
Subsequentemente, ocorre a liberação das novas partículas virais para o exterior da célula, para
que ocorra o início do processo de infecção sistêmica. O mecanismo de liberação das partículas
virais varia com o tipo de vírus. A saída da célula vegetal pode ocorrer por exocitose ou lise celular
(morte da célula). A produção de partículas virais pela célula varia de acordo com o vírus, o tipo de
célula e as condições de crescimento, sendo a produção média variável entre milhares a cerca de
um milhão de vírions por célula.
Concomitante a replicação viral ocorre o movimento a curta distância. Este movimento
para as células vizinhas é lento, enquanto o movimento a longa distância, via sistema vascular,
ocorre de forma mais ágil. Para o movimento célula a célula os vírus de plantas desenvolveram
mecanismos adaptáveis às conexões existentes entre as células vegetais, denominadas
plasmodesmas. O plasmodesma consiste em uma junção comunicante célula-célula em vegetais,
na qual um canal de citoplasma revestido por membrana plasmática une duas células adjacentes,
através de um pequeno poro nas suas paredes celulares. Todos os vírus estudados em nível de
replicação e movimento viral codificam pelo menos uma proteína, cuja função é auxiliar ou
permitir o movimento célula-a-célula. Essas proteínas são coletivamente designadas proteínas de
movimento. Uma das funções da proteína de movimento é interagir com as proteínas do
plasmodesma, alterando a sua conformação e provavelmente o seu limite de exclusão de
moléculas, permitindo que o vírus seja transportado entre as células adjacentes. Outro mecanismo
básico de movimento célula-a-célula é a formação de túbulos, que consistem da proteína de
movimento a partir da modificação estrutural de plasmodesmas primários modificações,
conectando células adjacentes e permitindo a passagem de partículas virais de uma célula para
outra. Neste mecanismo, a proteína capsidial interage com a proteína de movimento permitindo o
movimento célula a célula das partículas virais através do túbulo.
Por outro lado para que o vírus infecte sistemicamente a planta é necessário o movimento
a longa distância. Neste caso o movimento viral se dá através do sistema vascular seguindo o fluxo
de fotoassimilados. Este tipo de movimento é realizado principalmente através do floema. Alguns
vírus porém podem se movimentar através do xilema. Como exemplo podemos citar Southern
bean mosaic virus (SBMV) (Hull, 2002). De modo geral o movimento viral através do floema ou
xilema não envolve a replicação viral, como ocorre no caso do movimento a curta distância, exceto
para espécies virais que são restritas ao floema. Como exemplo temos as espécies Citrus tristeza
virus (CTV) e Beet curl top virus (BCTV) espécies classificadas nos gêneros Closterovirus e Curtovirus
respectivamente.
A proteína capsidial auxilia no movimento sistêmico do vírus, apesar de sua função ainda
não ter sido esclarecida em muitos casos. Não se sabe se o movimento do vírus no floema na
forma de vírions ou na forma de ácido nucléico viral e outras proteínas - virais ou do hospedeiro.
Ou seja, assim como no movimento a curta distância no hospedeiro, acredita-se que existam
união de tecidos não é expressiva, já que existe pequena possibilidade de transmissão de vírus de
uma planta infectada para outra sadia a partir da união espontânea de raízes e ramos das plantas
envolvidas.
(d) Transmissão através da Cuscuta: A Cuscuta é uma planta trepadeira que cresce sobre a
vegetação, parasitando a planta hospedeira. Caracteriza-se pela ausência de folhas e clorofila, e
sua ação parasitária consiste em remover nutrientes do hospedeiro por meio de haustórios.
Também é conhecida como cipó-chumbinho, sendo pertencente à família Convolvulaceae. É
comum, na natureza, uma mesma planta de Cuscuta parasitar mais de uma espécie vegetal,
portanto, sendo possível que um vírus presente em um dos hospedeiros possa ser transmitido
para os demais por meio da ação parasitária da Cuscuta. A Cuscuta serve como veículo do vírus
entre plantas diferentes, muitas vezes entre plantas pouco relacionadas, desde que estas sejam
hospedeiras não somente do vírus, mas também da própria Cuscuta. Na natureza, a transmissão
através da Cuscuta tem se apresentado de pouca importância na disseminação de vírus de
importância econômica.
(e) Transmissão por vetores: Esta é a forma mais comum de transmissão das diversas
espécies de vírus na natureza, sendo inquestionável o papel dos vetores no contexto das doenças
de etiologia viral. Os vetores são agentes biológicos de disseminação, transmissão e inoculação, os
quais participam de inter-relações com os vírus que transmitem na natureza. De acordo com Costa
(1998 e 1999) vetor é todo organismo que no processo de alimentação é capaz de adquirir o vírus
e na alimentação subsequente é capaz de transmiti-lo, entretanto este organismo não participa da
patogenicidade. Além disto a relação estabelecida entre vírus e vetor não é ao acaso.
Fungos, nematóides, ácaros e insetos podem atuar como vetores. Dentre as ordens de
insetos vetores merecem destaque Hemiptera, Thysanoptera e Coleoptera, sendo que os insetos
alocados na ordem Hemiptera são os mais importantes. Nesta ordem os afídeos constituem o
grupo mais numeroso, sendo responsável pela transmissão de um grande número de vírus de
plantas. Dentre estes afídeos sabe-se que o Myzus persicae é transmissor de mais de 50 vírus
diferentes. Os vírus representam o principal grupo de fitopatógenos que utiliza vetores em sua
estratégia de sobrevivência.
Métodos artificiais de transmissão - A maioria é resultado da intervenção do homem no
cultivo, e a transmissão viral é resultante de adoção de práticas culturais que facilitam este
processo. Essas práticas culturais podem ser associadas ao plantio e multiplicação, aos tratos
culturais destinados à cultura durante seu desenvolvimento e à colheita. A infecção de matrizes de
material de propagação vegetativa leva à redução da qualidade dos tubérculos, hastes, bulbilhos
ou borbulhas que afetará a cultura deles derivados. Deve-se realizar cuidadosa manipulação das
mudas, desde o semeio até o transplantio delas, evitando-se qualquer tipo de injúria. Como foi
visto anteriormente, os vírus só conseguem penetrar no hospedeiro via ferimentos, e o homem
tem importante papel neste processo, por meio da indução de injúrias no tecido da planta
hospedeira mediante determinadas práticas agrícolas. A desbrota das plantas assim como o
desbaste, potencialmente apresenta-se como importantes veículos de disseminação de vírus, caso
não seja levada em consideração a assepsia dos instrumentos destinados à condução dessas
práticas. Outras práticas culturais importantes na disseminação de vírus são as podas, repicagens,
capação e amarração. Em relação à colheita, a disseminação de vírus é ponto crítico em plantas
perenes e semi-perenes, ou em plantas nas quais se realiza mais de uma colheita no período
vegetativo. Muitos vírus são transmitidos mecanicamente e, entre eles, o Tobacco mosaic virus
(TMV) caracteriza-se pela elevada estabilidade da partícula viral, o que permite a sua fácil
disseminação no manuseio de plantas de tomate, caso o responsável pela condução dos tratos
culturas fume e não lave as mãos (com água e sabão) antes de iniciar suas atividades.
Tabela 13.4. Alguns vírus associados às hortaliças e seus respectivos vetores naturais.
de plantas hospedeira pelo vetor, em que os insetos realizam picadas de prova aleatoriamente em
plantas hospedeiras e não-hospedeiras o que possibilita a aquisição e transmissão de vírus em
poucos minutos ou segundos. O uso de inseticidas para o controle de vetores que apresentam
este tipo de inter-relação com os vírus que transmitem em geral é ineficiente, podendo inclusive
estimular a frequência das picadas de prova e, com isto, aumentar a disseminação dos vírus no
campo. Em casos de transmissão circulativa, geralmente o controle químico do inseto vetor
promove a redução da incidência do vírus na cultura. Isso acontece porque a transmissão do vírus
ocorre durante a alimentação do inseto, a qual ocorre após as picadas de prova. É de grande
importância o melhoramento visando resistência ao vetor, o que impediria a inoculação da planta
e, em consequência, a transmissão do vírus. Alguns trabalhos com espécies selvagens do gênero
Solanum (seção Lycopersicon) vêm mostrando resultados bastante interessantes onde alguns tipos
de tricomas apresentam tricomas glandulares que produzem substâncias como acilaçucares que
são capazes de manter os insetos, (no caso específico de Bemisia tabaci, presos na superfície
foliar.
(d) Alteração do período e local de plantio - Como já foi mencionado anteriormente, o efeito da
infecção viral é bastante acentuado no caso desta ter sido iniciado quando as plantas se
encontram jovens. O plantio em regiões ou locais, assim como em épocas desfavoráveis ao vetor é
uma medida de controle eficaz para muitas viroses, porém está condicionada à viabilidade técnica
e econômica. É comum a adoção desta medida de controle no caso de produção de sementes
certificadas ou de material de propagação vegetativo, como tubérculos-semente de batata. É uma
medida típica de escape ao vetor, pois a população de vetores apresenta variação sazonal ao
longo do ano, assim como em diferentes latitudes sob o ponto de vista geográfico. Comumente, a
produção de sementes de hortaliças está concentrada em regiões de clima frio, onde se verifica
menor população de vetores.
(e) Intervenção no ciclo de infecção - No caso de culturas que apresentam elevada suscetibilidade
à infecção pelos vírus, uma medida que mostra bastante eficiência é a estipulação de um período
de pousio, no qual o campo de cultivo permanece um determinado período de tempo sem
vegetação. Essa medida visa quebrar o ciclo de infecção do vírus por meio da ausência do
hospedeiro, evitando assim, que o vírus esteja estabelecido na área antes do próximo cultivo.
(f) Proteção cruzada - Consiste na resistência adquirida por uma planta após a infecção por uma
estirpe atenuada de um vírus à infecção pela estirpe normal da mesma espécie. Após a invasão
sistêmica da planta pela estirpe atenuada do vírus, a estirpe normal não consegue infectá-la. A
partir dos resultados obtidos em alguns estudos, presume-se que mais de um mecanismo esteja
envolvido na proteção da planta pela estirpe atenuada, como: competição entre os sítios de
replicação (entre a estirpe atenuada e a normal, favoravelmente à primeira, pois se estabeleceu
anteriormente), deficiência de metabólitos essenciais da célula (grande utilização pela estirpe
atenuada, indisponibilizando-os para a estirpe normal), encapsidação do ácido nucléico da estirpe
normal, impedimento da perda da capa protéica da estirpe normal, entre outras hipóteses.
Atualmente acredita-se que o silenciamento gênico possa explicar o mecanismo pelo qual estas
plantas se tornam resistentes quando desafiadas com a estirpe severa. Algumas características são
requeridas para que uma estirpe possa ser considerada atenuada e possa ser utilizada na proteção
cruzada: a estirpe deve induzir sintomas mais suaves em todas as hospedeiras cultivadas em
relação aos outros isolados, assim como não deve alterar as características comerciais dos
produtos colhidos; a infecção pela estirpe atenuada deve ser sistêmica, atingindo todos, ou a
maioria dos tecidos vegetais; a estirpe deve ser estável, não possibilitando o surgimento de formas
mais agressivas; a estirpe não deve ser facilmente disseminada pelo vetor para evitar a
disseminação não-intencional para outras culturas; a estirpe deve conferir proteção à planta da
infecção por todas as estirpes desafiantes do vírus e; o inóculo da estirpe atenuada deve ser de
simples obtenção e de baixo custo. Apesar das dificuldades apresentadas pela técnica para a sua
transgênicas com resistência a vírus, como a obtenção de cultivares resistentes a vírus em tempo
reduzido, a possibilidade de obtenção de cultivares resistentes em casos de ausência de
resistência natural, além da facilidade de incorporação de genes selecionados nas plantas. Porém,
os mecanismos envolvidos na resistência transgênica não são totalmente compreendidos, então, é
importante a condução de estudos relacionados à elucidação dos mecanismos da resistência
transgênica, para a comprovação das diversas hipóteses formuladas desde o momento que se
verificou a possibilidade da transferência e expressão de genes entre os diversos organismos.
(h) Cultura de meristemas - O método tradicional de produção de mudas de muitas espécies
ornamentais e frutíferas depende da qualidade das matrizes, da capacidade do viveirista na
formação do porta-enxerto e posterior realização da enxertia. A existência de plantas matrizes
livres de vírus é de suma importância para a boa qualidade das mudas formadas no viveiro. A
cultura de meristemas apresenta-se como uma possibilidade de obtenção de matrizes sadias, além
de garantir a estabilidade genética e a produção de muitas mudas durante o ano inteiro. Uma
forma de eliminar os vírus associados ao tecido vegetal é através da cultura de ápices
meristemáticos isentos ou contendo um ou mais primórdios foliares, pois os tecidos
meristemáticos da planta geralmente não contêm partículas virais. A hipótese mais aceita para a
ausência de vírus nestes tecidos diz que a interrupção temporal da organização normal dos tecidos
meristemáticos, ocasiona uma inibição da multiplicação do vírus devido a não disponibilidade das
enzimas requeridas para este processo. Além disto, a ausência de tecido vascular na região do
meristema apical, a presença de conexões plasmodesmáticas em dimensões diminutas nestas
células e o ritmo ativo de divisões celulares nesta região, também são fatores que podem explicar
a baixa concentração ou a ausência de vírus nestas células. O processo ativo de divisão celular
poderia utilizar a maior parte da energia para a formação de macromoléculas e componentes
celulares estruturais, deixando os vírus em condições pouco competitivas para a própria
multiplicação. A regeneração de uma planta a partir da cultura de meristema pode dar origem a
uma planta livre de vírus. O tamanho do meristema varia entre as espécies vegetais (0,1-0,5mm)
sendo que, pelo fato de ser bastante reduzido, implica em dificuldade na remoção. Este
procedimento é associado a termoterapia ou quimioterapia, pois o tecido meristemático pode
conter partículas virais assim como, durante o processo de excisão do mesmo, algumas células do
tecido adjacente podem ser retiradas juntamente com o meristema, o que possibilita a
contaminação da planta gerada através desta técnica.
(i) Termoterapia - É o tratamento térmico da planta ou de suas partes, o que possibilita a
inativação de vírus associados aos tecidos. O princípio básico do tratamento pelo calor
fundamenta-se na sensibilidade diferencial entre o vírus e o hospedeiro. Neste caso, quanto maior
for a diferença entre a sensibilidade térmica do hospedeiro e do vírus, maiores serão as chances
de sucesso da técnica. Vários fatores podem afetar a sensibilidade térmica, como o teor de
umidade do material vegetal; o nível de dormência; a idade e o vigor especialmente das sementes;
a condição das camadas externas do material devido ao efeito de diversas variáveis, a relação
tempo-temperatura não pode ser reduzida a uma fórmula geral aplicável a todos os casos. Ela
deve ser determinada experimentalmente, sendo que, de modo geral, é escolhida a menor
temperatura letal ao vírus, no menor tempo, resultando em um tratamento uniforme e com
menor gasto de energia. O mecanismo de ação da temperatura, tanto no controle de vírus quanto
na injúria do hospedeiro, é complexo, sendo que um ou vários fatores podem estar envolvidos,
como desnaturação de proteínas, liberação de lipídeos, destruição de hormônios, asfixia de
tecidos, destruição de reservas e injúria metabólica com ou sem acúmulo de intermediários
tóxicos. O material de propagação pode ser tratado com água quente, ar quente ou vapor. Uma
variação do método é a inativação térmica localizada de alguns vírus em borbulhas ou garfos
enxertados em cavalos imunes, por meio de mini-câmaras. A aplicação do calor é localizada na
parte do porta-enxerto na qual foi enxertada a borbulha ou o garfo infectado, ficando o restante
da planta fora da câmara, sob condições de casa de vegetação.
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