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Conforto Acústico em Edificações
Conforto Acústico em Edificações
ARQUITETÔNICA
Introdução
Neste capítulo, você vai perceber que estudar e planejar um projeto
pensando na acústica e em como ela vai interferir em ambientes como
bares, restaurantes, cinemas e teatros é fundamental, embora ainda
seja um aspecto pouco levado em consideração na construção de uma
edificação para moradia. Esse assunto, muitas vezes, é esquecido, seja por
falta de conhecimento ou por economia. Porém, nada justifica a ausência
de uma solução para qualquer espaço, mas leva em consideração o
bem-estar e a qualidade de vida dos habitantes.
atmosférica que o ouvido humano capta. Podemos também definir como som
algo agradável como músicas e vozes, e ruídos, com sensações indesejadas
(CHING; BINGGELI, 2014). Tavares, Silva e Souza (2017) citam que o conforto
está relacionado às questões psicológicas, como a identificação e a satisfação
com o local, assim como assim como às condições físicas de temperatura,
umidade, ventilação, iluminação e acústica. Temos, portanto, que o estudo do
conforto acústico lida com a subjetividade e a percepção de cada indivíduo,
valendo-se então com a avaliação humana.
A palavra conforto se relaciona com o conceito de bem-estar, uma questão
psicológica, e varia de pessoa a pessoa, dependendo também das características
individuais. É mais facilmente percebido quando a execução de alguma tarefa
é interrompida em razão da falta de concentração do indivíduo por causa do
ruído que o cerca.
Para Ching e Binggeli (2014), a acústica é o ramo da física que trata do
controle, da transmissão e da recepção dos efeitos do som, e que, em espaços
internos, é necessário preservar sons desejados e eliminar sons que interfiram
nele.
Baseado em uma convivência em um local de trabalho ou de lazer, onde
se encontram cada vez mais pessoas que se sentem prejudicadas pela poluição
sonora, podemos verificar que as pessoas têm aceitado que esse é um “pro-
blema” de todas as cidades. Sendo assim, a maneira como o indivíduo percebe
e interpreta as sensações do ambiente é individual, variando da relação dos
usuários e do ambiente (CHING; BINGGELI, 2014).
O som, de acordo com Ching e Binggeli (2014), pode ter diversas definições,
dependendo da área:
[...] quando o nível sonoro é inferior a certo valor, 70 dB(A), com o aumento do
nível de pressão sonora equivalente contínuo, não há mudanças significativas
na avaliação de conforto acústico, enquanto a avaliação dos níveis sonoros
muda continuamente.
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Pode-se também trabalhar com materiais isolantes, que não permite que
o som reverbere no espaço ou ambiente. A seguir, são descritos tipos de
isolamento.
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Há materiais separados por classificação, variando de acordo com a ação que se deseja
para cada ambiente, de acordo com Catai, Penteado e Dalbello (2006).
Materiais convencionais: materiais de uso comum na construção e com a vanta-
gem do isolamento acústico. São exemplos, blocos cerâmicos, blocos de concreto,
madeira e vidro.
Materiais não convencionais (inovações): materiais especialmente desenvolvi-
dos e com vantagens térmicas: lã de vidro, lã de rocha, espumas e fibra de coco.
Ching e Binggeli (2014) mencionam que há uma redução de ruídos quando a pressão
entre dois espaços for diferente, podendo ser por:
absorvência do espaço receptor;
perda de transmissão em razão da parede, do piso e do teto;
nível do som ambiente, diminuindo a percepção de sons que nos perturbam.
Observe a Figura 2.
Mateus (2008) afirma que normas europeias chegaram ao nosso país, o que
contribui para o aparecimento de novas legislações sobre prevenção e controle
de ruído, incluindo também sobre o conforto acústico no interior dos edifícios.
Para esses controles, podemos contar com algumas normas e leis que têm suas
especificidades voltada para cada consideração, conforme listadas a seguir.
A NBR 15575 — Desempenho de edificações habitacionais (ASSO-
CIAÇÃO..., 2013) traz critérios de uso dos imóveis, baseada em estudos das
edificações, limitando o que é considerado conforto acústico pelos usuários.
Essa norma, que visa a proporcionar bem-estar para todos, está em vigor
desde 2012 e estabelece requisitos máximos de ruídos para cada edifício,
estabelecendo níveis e atendendo às necessidades humanas, beneficiando a
qualidade de vida dos moradores das edificações. Com a revisão e a aprovação
em 2013, essa norma entra em uso para todas as novas edificações em todo
o país. Ela chega como um marco na construção civil, passando a obrigar
que as construtoras se adaptem e coloquem em prática, nas obras, o nível de
desempenho específico para cada projeto, atendendo às indicações da norma.
Os moradores, consumidores desses espaços, são os beneficiados pela norma,
que garante a diminuição da poluição acústica e a proteção contra incêndios.
Para a construtora, essa norma agrega maior qualidade dos espaços oferecidos
à população, com vedação externa para isolamentos acústicos.
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Áreas de sítios 40 35
e fazendas
Área estritamente 50 45
residencial urbana ou de
hospitais ou de escolas
Área mista, 55 50
predominantemente
residencial
Área 70 60
predominantemente
industrial
Podemos perceber que as normas entraram em vigor para que sejam re-
gulamentados os níveis de ruídos. A Organização Mundial da Saúde (OMS)
prevê que o ruído recomendável, sem prejuízo à audição humana, é de 50 dB,
sendo que a maioria percebe como se 30 dB fosse algo silencioso e mais de 65
dB fosse um ruído que passa a ser incômodo, prejudicando a concentração.
Se o ruído for acima de 85 dB, já pode levar a algum problema de audição ou
insônia. Em contrapartida, ficar em um ambiente muito silencioso pode ser
algo cansativo e monótono, podendo gerar sonolência.
Sabemos, então, que o conforto acústico, além de ser uma percepção pessoal
de indivíduos, deve ser planejado de acordo com as normas e leis existentes,
para o bom convívio e a tranquilidade entre as pessoas. Dessa forma, é possível
criar ambientes que respeitem o conforto acústico e as individualidades.
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Leituras recomendadas
AUDIRE. Quais as diferenças entre som e ruído? 24 jun. 2016. Disponível em: <http://
www.audireacustica.com.br/blog/quais-as-diferencas-entre-som-e-ruido>. Acesso
em: 11 nov. 2018.
BARRY, P. Desempenho Acústico em Edifícios: grandezas, métodos, normas e critérios.
In: SEMINÁRIO DE ACÚSTICA ARQUITETÔNICA CONTEMPORÂNEA, 4., 2008, São Paulo.
Anais... São Paulo, 2008.
ROAF, S.; CRICHTON , D.; NICOL, F. A adaptação de edificações e cidades às mudanças
climáticas. Porto Alegre: Bookman, 2010.
SALVADOR. Lei nº 5909 de 26 de janeiro de 2001. Modifica dispositivo da Lei nº 5.354 de
28 de janeiro de 1998, que dispõe sobre sons urbanos, fixa níveis e horários em que
será permitida sua emissão e cria a licença para utilização sonora. Salvador, 2001.
Disponível em: <https://cm-salvador.jusbrasil.com.br/legislacao/824270/lei-5909-01>.
Acesso em: 11 nov. 2018.
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