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Poemas Afro
Poemas Afro
AMÉRICA NEGRA
Élio Ferreira
Brasil,
Trabalhei de sol a sol,
dia e noite,
de norte a sul do país:
na cultura da cana de açucar,
na cultura do algodão,
do café, do tabaco.
Trabalhei mais de dezesseis horas por dia,
Nos charques das terras do Sul.
Cuidei dos rebanhos,
Das fazendas, estâncias,
Da casa grande,
Do sinhô, da sinhá,
Cachorros, galinhas e do diabo-a-4.
Américas,
Minha América Negra
Construí estradas,
Ruas, pontes, mansões, palácios,
Palacetes, igrejas, edificios
Lavei o cascalho dos rios,
Tirei ouro, o diamante
E pedras preciosas das minas
E fui soterrado sob os escombros
das valas
ESPERANÇA GARCIA
Élio Ferreira ( uma reescrita da carta de Esperança Garcia)
Brasil,
meu Brasil Negro.
Sou Esperança Garcia do Piauí:
escrava da fazenda Algodões da Coroa
de Portugal,
casada e mãe de dois filhos.
A escola é maça proibida para escravos
De cada cem ou mil
um de nós saber ler ou escrever.
ALFORRIA
Fernanda Lisboa
Ouviu-se distante
Um som estridente
Sem dúvida, um grito,
Angustiado e reverente...
Estremencendo as estrelas,
Em meio à agonia,
No tronco, uma negra escrava
Implorava
Pela carta de Alforria!
POEMA 4
AMA DE LEITE
Maria da Conceição do A. Alves
Gritos e gemidos
Lágrimas roladas ao chão
Leite esbanjado
Serve ao filho do patrão
RECORDAR E SENTIR
Márcia de Freitas Santana
Lá na mãe África
Éramos reis, rainha, gente.
Como com rolo compressor,
Definiram-nos diferentes.
E como animais ou saco de batatas.
Dos porões para o mundo,
Imundo, desmundo...
Comeram fogo, feitos ratos,
Baratas...
,
POEMA 6
ME GRITARAM NEGRA
Victoria Santa Cruz
Sou negro
Sou gente
Que dá jeito e que constrói.
Fizeram de mim
Injustiças migrações que não pude caminhar
E sim, apanhar.
Lá vou eu...
Derramando o meu sangue por toda essa terra
Que eu ajudei.
Quero romper.
Criar asas e voar.
Unidos iremos formar
Liberdade irá conquistar.
DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA
Jeremias Brasileiro
ANJOS NEGROS
Shirley Pimentel de Souza