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A educação dos jesuítas

Em geral, afirmamos que a história da educação brasileira começa com a chegada dos
primeiros jesuítas ao território brasileiro. Em março de 1549, chega o primeiro governador
geral, Tome de Souza, e os primeiros jesuítas sob o comando do Padre Manoel de
Nóbrega. Cerca de quinze dias após a chegada, edificaram a primeira escola elementar
brasileira, em Salvador. Contudo, ao afirmar isso, esquecemos que os moradores que
aqui viviam, os Índios, ao seu modo, também educavam suas crianças.
Ainda não sabemos muito sobre a educação dos índios naquela época. Sabemos, no
entanto, que a educação dos índios se dava por toda a vida. Ou seja, mesmo depois de
adultos os índios continuavam a ser educados. De acordo com Saviani (2010, p.36), os
índios viviam em comunas, comunidades que viviam numa economia natural e de
subsistência. A educação não era dividida por classes. Pelo contrário, todos tinham
acesso à educação. A única diferença estava na distribuição do que aprendiam de acordo
com o sexo. Saviani (2010, p.36-37) afirma que a educação indígena era acessível a
todos. A transmissão de conhecimentos se dava de forma direta na vida cotidiana. As
preleções dos principais eram muito importantes pela experiência dos membros mais
velhos das tribos. Os índios aprendiam de forma espontânea e não programada.
Aprendiam pela força da tradição, pela força da ação e pela força do exemplo. Contudo,
não há uma pedagogia no sentido de uma reflexão sobre a prática pedagógica.
O noviço José de Anchieta foi o mais conhecido entre os primeiros jesuítas a chegar ao
território brasileiro. Sabemos que ele foi mestre no Colégio de Piratininga e missionário
em São Vicente. Escreveu na areia os "Poemas à Virgem Maria". Foi missionário também
no Rio de Janeiro e Espírito Santo. Esteve à frente da Companhia de Jesus como
provincial de 1579 a 1586. Também foi reitor do conhecido Colégio do Espírito Santo. Sua
obra mais conhecida é a Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil.
Em 1570 a obra jesuítica já era composta por cinco escolas de instrução elementar (Porto
Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo e São Paulo de Piratininga) e três colégios
(Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia). Depois de 21 anos da presença dos jesuítas, eles
já haviam se instalado do norte ao sul principalmente nas regiões litorâneas.
Inicialmente as escolas funcionavam de acordo com o plano de estudos de Manuel de
Nóbrega. Esse plano iniciava com a aprendizagem do português e passava pela doutrina
cristã. Depois disso eram encaminhados as escolas de ler e escrever, onde também
podiam ter acesso ao canto orfeônico e a música instrumental. Depois disso recebiam a
formação profissional e agrícola e aprendiam a língua latina. Mais tarde todas as escolas
jesuítas eram regulamentadas por um documento, escrito por Inácio de Loiola, chamado
de Ratio Studiorum. Esse programa de estudos iniciava com um curso de humanidades e
passava por um curso de filosofia e por último teologia. Os que pretendiam seguir as
profissões liberais iam estudar na Europa, na Universidade de Coimbra, em Portugal, a
mais famosa no campo das ciências jurídicas e teológicas, e na França, a mais procurada
na área da medicina.
É importante destacar, portanto, que os jesuítas trabalharam em duas frentes. De um
lado, as escolas e colégios serviam para atender os órfãos portugueses e os filhos da elite
colonial. Esses, depois de concluírem a formação oferecida no Brasil, eram
encaminhados a metrópole para concluir seus estudos. De outro lado, estavam as
reduções, que serviam para proteger os índios dos bandeirantes, que queriam escravizá-
los, e para educá-los e catequizá-los.
A educação jesuítica baseava-se nas virtudes, isto é, nos valores cristãos, e nas letras
com ensino da língua. Primeiramente, os padres jesuítas aprenderam a língua da terra
(tupi-guarani) para comunicar- se com os índios, aproveitando-se da musicalidade dos
nativos e utilizando-a como metodologia de ensino.
A pedagogia jesuítica tinha um caráter tridentino, ou seja, remetia ao Concílio de Trento
da Igreja Católica, organizado no século XVI e com propósitos contrarreformistas, e
contrapunha-se ao modelo de ensino que se apregoava em outros países da Europa,
influenciados pela ciência moderna e pelo racionalismo.

Atualmente os educados e educadores se diferencia dos época dos jesuítas tanto no


conteúdo como no modo de ensino.

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