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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE
DIREITO CONSTITUCIONAL

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

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CURSO DE
DIREITO CONSTITUCIONAL

MÓDULO III

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MÓDULO III

3 OS TRÊS PODERES E SUAS ATRIBUIÇÕES

3.1 A SEPARAÇÃO DOS PODERES

A separação de poderes sob critério funcional: legislativa, administrativa


(executiva) e jurisdicional já era conhecida desde a antiguidade, sendo delineada por
Aristóteles, porém foi com base na doutrina de Montesquieu, a “separação de
poderes”, que se estruturou o poder nas democracias de tipo ocidental em um
sistema de independência e fiscalização mútua entre eles.
A Constituição brasileira não levou a cabo nenhum tratamento sistemático
das funções do Estado. Procedeu à consagração expressa do princípio da
separação dos órgãos do poder no art. 2º, nos seguintes termos: são Poderes da
União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário.
Além da referência expressa acima, há uma articulação dispersa nas normas
constitucionais e uma orientação funcional que cada um desses órgãos
corresponderá. Assim, a Constituição Federal de 1988, como de tradição, adotou o
sistema tripartido de separação dos poderes.
Com base nessa proclamação solene, o próprio legislador constituinte
atribuiu diversas funções a todos os poderes, sem, contudo, caracterizá-la com a
exclusividade absoluta. No Brasil, essas três funções são exercidas pelo Poder
Executivo, Legislativo e Judiciário, respectivamente. Assim, cada um dos poderes
possui uma função predominante, que o caracteriza como detentor de parcela da
soberania estatal, além de outras funções previstas no texto constitucional. São as
chamadas funções típicas e atípicas.
Essa separação procura, principalmente, evitar abusos de poder, já que um
poder fiscaliza e limita a atuação do outro. Esse sistema denomina-se “pesos e

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contrapesos”. A divisão dos poderes, no entanto, não é absoluta, sendo que cada
um dos poderes exerce, em menor ou maior grau, todas as funções. Por exemplo, o
Legislativo julga os crimes de responsabilidade do Presidente da República, o
Executivo legisla quando cria medidas provisórias e o judiciário administra quando
gerencia seu próprio orçamento.
Com a criação do Conselho Nacional de Justiça, muito se discute a respeito
de uma possível quebra no esquema constitucional de tripartição dos poderes, já
que teríamos um órgão externo fiscalizando, controlando o Poder Judiciário. O
Constituinte derivado, ao editar tal emenda, não inseriu, na composição dos
conselhos, membros componentes do Executivo ou do Legislativo, o que contribui
para a tese de constitucionalidade da Emenda Constitucional nº 45/2004.
De qualquer forma, somente o tempo e o STF poderão nos dizer,
exatamente, qual o papel, a importância e o reflexo do CNJ. Em relação aos três
poderes, ao Poder Legislativo compete elaborar as Leis, ao Executivo em executar
as leis e administrar o País, ao Poder Judiciário compete o poder de julgar os
conflitos que surjam no país em face das leis elaboradas pelo Poder Legislativo.
Cabe ainda aplicar a Lei, que é abstrata, genérica e impessoal, a um caso específico
que envolva algumas pessoas em um conflito qualquer e decidir, de forma isenta e
imparcial, quem tem razão naquela questão.

3.2 PODER LEGISLATIVO

A Constituição Federal consagra o princípio da separação dos Poderes,


como vimos acima. No contexto da divisão de Poderes estabelecida pelo
constitucionalismo moderno, o papel do Poder Legislativo é fundamental, pois cabe
a este, entre outras funções, a elaboração das leis e a fiscalização dos atos dos
demais poderes da União.
Então, ao Poder Legislativo cabe a função precípua de elaborar leis, ou seja,
legislar e fiscalizar, tendo ambas o mesmo grau de importância e merecedoras de
maior detalhamento. Sendo que as funções atípicas constituem-se em administrar e
julgar. A primeira ocorre, exemplificativamente, quando o legislativo dispõe sobre

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sua organização e operacionalidade interna, provimento de cargos, promoções de
seus servidores, enquanto a segunda ocorrerá, por exemplo, no processo e
julgamento do Presidente da República por crime de responsabilidade.
Nosso sistema adotou, no caso do Legislativo Federal, o sistema bicameral,
no qual o processo legislativo engloba a atividade de duas Casas Legislativas, que
são: Câmara dos Deputados, representando o povo; e Senado Federal,
representando os Estados (só o legislativo federal segue o bicameralismo,
decorrência direta da opção pelo Federalismo).
Ou seja, sistema bicameral se divide em duas casas (Câmara dos
Deputados e o Senado Federal), sendo o Congresso Nacional um órgão
representativo do poder legislativo nacional. Não há predominância, influência, de
uma Casa sobre outra. Não há interferência de uma Casa para outra, nem de
qualquer outro órgão governamental.
Sendo assim, o sistema no Brasil é bicameral por força da adoção do
sistema federalista, e não como ocorre em outros países, nos quais o bicameralismo
existente não provém da estrutura federal, mas sim de outras circunstâncias, como a
divisão histórica da Câmara dos Lordes e da Câmara dos comuns, na Inglaterra.
Assim, o poder legislativo de âmbito nacional biparte-se em sua estrutura interna,
sendo por isso considerado bicameral.
No exercício de suas funções, os membros do poder legislativo estão
resguardados por um protetivo rol de prerrogativas e imunidades, bem como por
algumas incompatibilidades, tratadas no art. 53 e seguintes da CF. No Brasil atual, o
Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara
dos Deputados e do Senado Federal.

3.2.1 Congresso Nacional, Câmara dos Deputados e Senado Federal

O Congresso Nacional é um órgão que representa o Poder Legislativo,


sendo formado pelo conjunto de duas Casas, quais sejam, a Câmara dos Deputados
e o Senado Federal. Cada qual com seus regimentos internos próprios. A Câmara
dos Deputados, previsto no art. 45 da CF, compõe-se de representantes do povo,

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eleitos pelo sistema proporcional. O sistema é proporcional quando a distribuição
dos mandatos ocorre de maneira que o número de representantes em cada
circunscrição eleitoral seja dividido em relação com o número de eleitores, de sorte
que resulte uma proporção.
A finalidade básica do sistema de representação proporcional, portanto, é
garantir a representação das minorias nas diversas circunscrições eleitorais,
segundo o número de votos recebidos, ou seja, pretende-se reproduzir na divisão do
número de cadeiras do Parlamento, de maneira mais próxima e fiel possível da
realidade, as diversas facções políticas.
O Senado Federal previsto no art. 46 da CF, é a Casa legislativa que
representa os Estados, sendo que, em vez de seguir o sistema proporcional, segue
o princípio majoritário. O sistema majoritário é aquele em que será considerado
vencedor o candidato que obtiver o maior número de votos.
Esse sistema está ligado ao sistema presidencialista, pois é o método que
busca um vencedor e, consequentemente, a formação de um governo centrado na
figura do Presidente da República, em que a força deriva da legitimidade popular,
porém é o método por excelência para a escolha dos Senadores da República.
O sistema majoritário, em regra, divide-se em duas espécies básicas:
sistema majoritário puro ou simples e sistema majoritário de dois turnos. Pelo
sistema majoritário puro ou simples, será considerado eleito o candidato que obtiver
o maior número de votos.
Uma das principais garantias de independência do Poder Legislativo é a
capacidade de auto-organização das Casas legislativas. A Câmara dos Deputados,
o Senado Federal e o Congresso Nacional terão regimentos internos próprios, que
seguirão algumas regras previstas na própria constituição. O legislador constituinte
brasileiro concedeu ao Senado Federal a mesma relevância e força dada à Câmara
dos Deputados, adotando o bicameralismo norte-americano e contrariando, assim, a
tendência britânica do bicameralismo.
As atribuições do Congresso Nacional vêm definidas nos artigos 48 e 49 da
CF. No artigo 48, exige-se a participação do Poder Executivo por meio da sanção
presidencial, enquanto no artigo 49, por se tratar de competências exclusivas do
Congresso nacional, serão tratadas somente no âmbito do Poder Legislativo, por
meio de Decreto legislativo.

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O decreto Legislativo é a espécie normativa destinada a veicular as matérias
de competência exclusiva do Congresso Nacional previstas basicamente, no artigo
49 da CF. Também é de competência do Decreto legislativo a regulamentação
exigida no artigo 62, parágrafo único da citada Carta Magna.

3.2.2 Comissões Parlamentares

São órgãos representativos do poder Legislativo, existentes na Câmara dos


Deputados, no Senado Federal e no Congresso Nacional.
O Congresso Nacional e suas Casas possuirão comissões, com formação e
competências próprias. Essas comissões se dividem em permanentes e
temporárias. As permanentes possuirão a mesma formação durante a legislatura e
tratarão de assuntos predeterminados. Enquanto as comissões temporárias serão
constituídas por tempo determinado para tratarem de matérias específicas, tais
como votar matérias que dispensem a apreciação do plenário; convocar Ministros de
Estado para prestarem informações, solicitar depoimentos; receber reclamações de
entidades públicas; apreciar planos e programas nacionais ou regionais.
O exercício da função típica do Poder Legislativo consistente do controle
parlamentar por meio de fiscalização pode ser classificado em político-administrativo
e financeiro-orçamentário. Pelo primeiro controle, o Legislativo poderá questionar os
atos do Poder Executivo, tendo acesso ao funcionamento de sua máquina
burocrática, a fim de analisar a gestão da coisa pública e, consequentemente, tomar
as medidas que entenda necessárias. Já o segundo controle corresponde à
fiscalização prevista nos artigos 70 a 75 da CF.
A Constituição estipula duas comissões que terão um papel extremamente
importante nas atividades do Congresso Nacional, que são a comissão
representativa e as comissões parlamentares de inquérito (CPIs). As comissões
parlamentares de inquérito são formadas com o intuito de apurarem fato de extrema
relevância para o País, sempre por prazo determinado.
As CPIs, como sabemos, são criadas para investigar fato determinado e por
prazo certo. Tais características, porém, não podem servir como um obstáculo à sua
atuação. Assim, caso uma dessas comissões esteja investigando um fato A, e, ao

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longo das investigações, descubra que um fato B, também ilícito, esteja conexo ao
caso A, ela poderá investigar o fato B sem ferir o § 3° do art. 58 da CF, que limita a
investigação a fato determinado.
Exemplificando, imagine que uma CPI é criada para investigar compra de
votos e, ao longo das investigações, descubram-se indícios de que o dinheiro
utilizado no suborno é público. Nesse caso, o fato de o Poder Legislativo estar
investigando de onde veio o dinheiro não significa que houve um desvirtuamento do
objeto inicial da investigação, já que se trata de um fato conexo.
Ao final dos trabalhos, a comissão parlamentar de inquérito, se for o caso,
enviará suas conclusões ao Ministério Público, para que esse promova a
responsabilidade civil ou criminal dos infratores. Ou seja, a CPI não julga, somente
encaminha seus relatórios ao MP, que poderá, ou não, buscar, no Judiciário, a
condenação do infrator.
É bom lembrar que há limitações em relação às comissões parlamentares de
inquérito. Assim como ocorre com qualquer outro órgão do Estado ou com qualquer
dos demais Poderes da República, submetem-se, no exercício de suas prerrogativas
institucionais, às limitações impostas pela autoridade suprema da Constituição.
Exige-se do Poder legislativo, no exercício da função fiscalizadora, por meio
de CPIs, pleno respeito ao princípio da dignidade da pessoa humana e à previsão de
direito e garantias fundamentais, sob pena de flagrante inconstitucionalidade de
suas condutas e perda da legitimidade popular que sustenta a atuação fiscalizadora
dos parlamentares. Sendo assim, os poderes das Comissões Parlamentares de
Inquérito, não são absolutos, sofrem restrições impostas pela Constituição.

3.2.3 Imunidades Parlamentares

A Constituição Federal estabelece regras instituidoras das imunidades e


vedações parlamentares, para que o Poder Legislativo, como um todo, e seus
membros, individualmente, atuem com ampla independência e liberdade, no
exercício de suas funções constitucionais. Tal conjunto de regras denomina-se
estatuto dos congressistas.

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Na independência harmoniosa que rege o princípio da Separação dos
Poderes, as imunidades parlamentares são institutos de vital importância, por
buscarem, prioritariamente, a proteção dos parlamentares, no exercício de suas
nobres funções, contra abusos e pressões dos demais poderes, constituindo-se,
pois, um direito instrumental de garantia de liberdade de opiniões, palavras e votos
dos membros do Poder Legislativo, bem como de sua proteção contra prisões
arbitrárias e processos temerários.
Muito se discute a respeito das imunidades parlamentares e demais regras
especiais aplicáveis àqueles que detenham um cargo político, em sentido amplo.
Muitas vezes, ouvimos trocadilhos envolvendo as palavras imunidade e impunidade,
em clara referência ao abuso de tais prerrogativas. Mas será necessário que o
parlamento ostente ampla e absoluta liberdade de convicção, pensamento e ação,
por meio de seus membros, afastando-se a possibilidade de ficar vulnerável às
pressões dos outros poderes do Estado para o bom desempenho de seus
mandatos, assim, serve para o bom desempenho de seus mandatos.
Desta forma, é imprescindível a existência das imunidades parlamentares à
prática da democracia. Além das imunidades, os deputados e senadores ainda
possuem outras prerrogativas que lhes garantem a independência necessária ao
exercício de suas funções. Tais como: inexistência de obrigação de testemunhar
sobre informações obtidas no exercício de seu mandato; obrigatoriedade de
prestação de serviço militar sujeita, ainda que em caso de guerra, à prévia
autorização de sua Casa legislativa.
Assim, podemos concluir que a existência de prerrogativas exclusivas dos
parlamentares é algo inerente à própria Tripartição de Poderes. Cabe à sociedade
avaliar como tais prerrogativas estão sendo usadas por seus representantes eleitos,
e compete ao Poder Constituinte Derivado adaptar a Constituição de modo a
eliminar prerrogativas que não sejam amparadas em um pressuposto lógico, racional
e fático, ou seja, que não encontre mais razão de ser.

3.3 PROCESSO LEGISLATIVO

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O termo processo legislativo pode ser compreendido com duplo sentido,
jurídico e sociológico. Juridicamente, consiste no conjunto coordenado de
disposições que disciplina o procedimento a ser obedecido pelos órgãos
competentes na produção das leis e atos normativos que derivam diretamente da
própria constituição, enquanto sociologicamente pode ser definido como o conjunto
de fatores reais que impulsionam e direcionam os legisladores a exercitarem suas
tarefas.
Assim, entende-se por Processo Legislativo o conjunto de atos realizados
pelos órgãos legislativos visando à formação das leis constitucionais,
complementares e ordinárias, resoluções (de efeitos internos) e decretos legislativos
(de efeitos externos). Compreende: iniciativa, emenda, votação, sanção e veto.

Iniciativa de Leis

É a faculdade que se atribui a alguém ou a algum órgão para apresentar


projetos de lei ao legislativo, podendo ser parlamentar (quando confere a todos os
membros do Congresso Nacional) de apresentação de projeto de lei ou
extraparlamentar (àquela conferida ao Chefe do poder Executivo, aos tribunais
superiores, ao Ministério Público e aos cidadãos por meio de iniciativa popular) e
concorrente (é aquela pertencente a vários legitimados de uma só vez, como, por
exemplo, parlamentares e Presidente da República) ou exclusiva (sendo aquela
reservada a determinado cargo ou órgão, como por exemplo, art. 61, § 1° da CF).
Iniciativa é o ato que dá início ao processo legislativo por meio de um projeto
de lei. Várias são as pessoas que podem dar início ao processo legislativo, tais
como: os parlamentares; as comissões da Câmara, do Senado ou do Congresso
Nacional; o Presidente da República; o Supremo Tribunal Federal; os Tribunais
Superiores; o Procurador-Geral da República e os cidadãos. A iniciativa popular nas
Assembleias Legislativas dos Estados será determinada pela Legislação Estadual.

Emenda

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Quando o projeto de lei é encaminhado às Mesas, abre-se prazo para a
propositura de emendas, ou seja, alterações aos projetos de lei.

Discussão e Votação

Serão feitas nas duas Casas legislativas. O projeto é iniciado na Câmara dos
Deputados, salvo quando sua iniciativa venha de um senador ou de Mesa do
Senado. Temos, assim, a atuação de duas Casas na votação do projeto, a Casa
iniciadora e a revisora.

 A Casa iniciadora aprova e a Casa revisora também aprova. Resultado:


o projeto é encaminhado ao Presidente para a sanção.
 A Casa iniciadora aprova e a Casa revisora desaprova. Resultado: o
projeto é arquivado.
 A Casa iniciadora aprova e a Casa revisora emenda. Resultado: o
projeto é reencaminhado à Casa iniciadora para a votação das
emendas.

Sanção ou Veto

Sanção significa a concordância, a aceitação do Presidente da República,


aplicada ao projeto de lei. Somente irão para o Presidente os projetos aprovados
pelas duas Casas. Existem duas formas de sanção: a expressa e a tácita. O
Presidente terá quinze dias úteis para sancionar expressamente sua aquiescência
ao projeto, caso não o faça, considerar-se-á que ele concorda com o projeto, ou
seja, ocorrerá a sanção tácita.
Nos quinze dias úteis de que o Presidente dispõe para sancionar, ele
também pode, ao invés disso, vetar, ou seja, recusar o projeto, total ou parcialmente.
Caso seja parcial, não poderá alcançar somente palavras ou expressões, mas
deverá abolir por completo um artigo, parágrafo, inciso ou alínea.
O veto é a manifestação de discordância do Presidente da República com o
projeto de lei aprovado pelo Poder Legislativo. No entanto, não é absoluto, sendo

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apreciado posteriormente pelo Congresso Nacional, que poderá derrubar esse veto
desde que assim o entenda por maioria absoluta de seus membros.

Promulgação e Publicação

A promulgação é o ato que declara a existência da lei, dando validade a


esta. Em primeiro lugar, cabe ao Presidente da República promulgar as leis, mesmo
que este a tenha vetado. Caso o Presidente não o faça nas 48 horas posteriores ao
prazo para sanção, caberá ao presidente do Senado fazê-lo, também dentro de 48
horas.
Se, por fim, o presidente do Senado também não o fizer, a responsabilidade
recairá no vice-presidente do Senado. Com a publicação da lei, dá-se ciência à
sociedade da existência e do conteúdo desta no mundo jurídico. Caberá à
autoridade que promulgou a lei publicá-la.
Existe um preceito legal que indica que ninguém pode deixar de cumprir a lei
alegando que não a conhece. Mas essa força vinculatória do art. 3° da Lei de
Introdução ao Código Civil só existe a partir do momento de entrada em vigor da lei.
A entrada em vigor não será necessariamente coincidente com a publicação da lei.

3.4 HIERARQUIA DAS LEIS

Juridicamente, a Constituição Federal define uma sequência de atos a


serem realizados pelos órgãos legislativos, visando à formação das espécies
normativas previstas no artigo 59, quais sejam, as emendas constitucionais, as leis
complementares, as leis ordinárias, as leis delegadas, as medidas provisórias, os
decretos legislativos e as resoluções.

3.4.1 Emendas à Constituição

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O legislador constituinte de 1988, ao prever a possibilidade de alteração das
normas constitucionais por meio de um processo legislativo especial e mais
dificultoso que o ordinário, definiu nossa Constituição Federal como rígida, fixando-
se a ideia de supremacia da ordem constitucional.
Emendar, na linguagem popular, significa colocar, num tecido, por exemplo,
um pedaço que lá não existia. Da mesma maneira ocorre com as emendas à
Constituição, visto que inserem no texto constitucional novas determinações,
estando o legislador atuando como poder constituinte derivado. A EC está prevista
na CF em seu artigo 60.
A emenda à Constituição (EC), enquanto proposta é considerada um ato
infraconstitucional sem qualquer normatividade, só ingressando no ordenamento
jurídico após sua aprovação, passando então a ser preceito constitucional, de
mesma hierarquia das normas constitucionais originárias.
Podem dar início a uma emenda um terço, no mínimo, dos membros de
qualquer das Casas legislativas (Câmara ou Senado), o Presidente da República ou
mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação,
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
A proposta de emenda constitucional (PEC) será discutida e votada em cada
uma das Casas legislativas e será considerada aprovada se obtiver voto favorável
de pelo menos três quintos dos votos de seus parlamentares em dois turnos em
cada Casa. Trata-se de limitação procedimental do processo de emenda.
Como exemplo de proposta de emenda constitucional (PEC), poderemos
citar a polêmica PEC 33, que foi aprovada em 24 de abril de 2013 pela Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Sua intenção é reduzir os
poderes (limites) do STF. Isto é, o STF deixaria de dar a última palavra sobre
mudanças na CF. No dia seguinte a essa PEC, o Presidente do STF, Joaquim
Barbosa, afirmou que essa proposta fragilizará a democracia, caso seja aprovada e
o Ministro Gilmar Mendes disse que se aprovada é melhor que feche o tribunal, com
certeza, que essa PEC ofende a tripartição e a autonomia dos poderes.

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É primordial a importância das emendas constitucionais para a sociedade,
pois a Constituição tem que se ajustar aos fatores sociais, econômicos, religiosos,
por isso tem que ser revista ou emendada, como vem acontecendo há muito tempo,
para ajustar os seus preceitos às novas realidades sociais e corrigir os equívocos ou
exageros do constituinte de 1988.
Emenda é o processo formal de mudanças das constituições rígidas, por
meio da atuação de certos órgãos e mediante determinadas formalidades,
estabelecidas nas próprias constituições para o exercício do poder reformador.
Sendo assim, a Emenda Constitucional é um instrumento do poder constituinte
reformador.
Como exemplo de EC, poderemos citar a EC Nº 72/ 2013 onde altera a
redação do § único do art. 7º, parágrafo único da CF para estabelecer a igualdade
de direitos trabalhistas entre os trabalhadores domésticos e os demais trabalhadores
urbanos e rurais.

É bom lembrar que a emenda possui algumas limitações, como as materiais,


formais e temporais, além de limitações implícitas.

Limitações materiais: abrangem as cláusulas pétreas, certas matérias que


não podem ser objeto de reforma constitucional e a impossibilidade de alteração em
estado de sítio, de defesa e intervenção federal.
Limitações formais: a titularidade para a iniciativa é reservada somente a
um terço dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, ao
Presidente da República e a mais da metade das Assembleias Legislativas dos
estados e somente poderá ser aprovada por três quintos do Congresso e em dois
turnos de votação.
Limitações temporais: podem ser decorrentes da impossibilidade de se
alterar a Constituição senão depois de decorrido certo espaço de tempo. Na atual
Constituição Federal não existe esta regra. E também, da impossibilidade da matéria
constante de proposta de emenda ser rejeitada.
Limitações Implícitas: proibição de alteração das próprias normas de
limitação expressa (veja proibição de alteração do art. 60 da CF).

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Não poderá haver emendas à Constituição nos casos de intervenção federal,
estado de sítio e estado de defesa, visto que não existirá, nesses casos, a
tranquilidade essencial à sua elaboração. Essas são as chamadas limitações
circunstanciais do processo de emenda da Constituição.
Existem certos tópicos em nossa Constituição que não poderão ser extintos
por emenda constitucional, dada a sua enorme importância. Esses tópicos são as
chamadas cláusulas pétreas, que de forma alguma serão objeto de emenda que vise
a extinguir o que está ali contido, configurando, assim, uma limitação material do
processo de emenda constitucional.
Dispõe o art. 60, § 4º, que não será objeto de votação a emenda que queira
extinguir: “a forma federativa do Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico;
a separação dos Poderes; os direitos e garantias individuais”. Dizer que algum
dispositivo constitucional é uma cláusula pétrea não significa que ele não poderá ser
objeto de emenda constitucional. O que a Constituição proíbe é que seja objeto de
deliberação uma proposta de ementa tendente a abolir essas cláusulas, o que não
significa que possa existir uma emenda que implique em modificações que não
levarão à extinção da cláusula. Esse posicionamento ainda não é completamente
aceito, mas é o que mais se coaduna com o texto da norma, já tendo sido levantado
perante o STF.

3.4.2 Leis Complementares

O artigo 59 da CF traz as leis complementares como espécie normativa


diferenciada, com processo legislativo próprio e matéria reservada. O procedimento
de elaboração da lei complementar segue o modelo padrão do processo legislativo
ordinário, com a única diferença em relação à subfase de votação, ou seja, o
quorum será de maioria absoluta.
As leis complementares são leis para as quais o constituinte reservou certas
matérias, consideradas de maior importância. Essas leis exigirão, para que sejam
aprovadas, os votos da maioria absoluta das respectivas Casas, entendida esta

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maioria como mais da metade de todos os seus membros (maioria simples é mais
da metade dos presentes).
Parte da doutrina atribui uma hierarquia maior às leis complementares, já
que exigem mais dificuldade em sua aprovação e só tratam das matérias
determinadas expressamente pela Constituição, concepção que vem sendo
progressivamente abandonada. Como exemplo de Lei Complementar, poderemos
citar a Lei Complementar n° 135 de 2010, denominada Lei da Ficha Limpa, que
ampliou as hipóteses de inelegibilidade e as sanções decorrentes da prática de atos
violadores da probidade no exercício do mandato eletivo, foi aprovada, após ampla
mobilização nacional, por uma lei de iniciativa popular, com a finalidade de
purificação do mundo político, habitat dos representantes do povo.

3.4.3 Leis Ordinárias

Assim, apresentado o projeto de lei ao Congresso Nacional, haverá ampla


discussão e votação sobre a matéria nas duas casas, delimitando-se o objeto a ser
aprovado ou mesmo rejeitado pelo Poder Legislativo. Além da atividade legislativa,
na chamada deliberação parlamentar, caso o projeto de lei seja aprovado pelas duas
Casas legislativas, haverá participação do chefe do Poder Executivo, por meio do
exercício do veto ou da sanção (deliberação executiva).
Quanto às leis ordinárias, como o próprio nome diz, são aquelas que tratam
de todas as matérias possíveis, sem qualquer rito especial para sua aprovação.
Requer somente maioria simples, que significa mais da metade dos presentes.
As leis ordinárias podem ser classificadas como leis nacionais ou leis
federais. Com se segue:

Leis Nacionais são aquelas que, elaboradas pelo Congresso Nacional,


disciplinam matérias que se aplicam a todo o território brasileiro, ou seja, têm força
geral, alcançando todos os níveis da Federação. São exemplos de leis nacionais as
que tratam do sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas (art. 48, I, da

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CF), as que dispõem sobre telecomunicações e radiodifusão (art. 48, XII, da CF),
dentre outras.
Leis Federais são as que regulam matérias que só aproveitam à União, ou
seja, não se aplicam aos Estados, aos Municípios e à população de uma forma
ampla. Como exemplo, podemos citar as leis orçamentárias (art. 48, II, da CF), a que
fixa ou modifica o efetivo das Forças Armadas (art. 48, III, da CF) e a lei que fixa o
subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal (art. 48, XV, da CF).
Existem basicamente duas limitações às leis ordinárias, quais sejam não
podem dispor sobre matérias reservadas a lei complementar, nem tratar sobre
assuntos de competência privativa das Casas legislativas, como por exemplo,
decretos legislativos e resoluções.

3.4.4 Leis Delegadas

Lei delegada é ato normativo elaborado e editado pelo Presidente da


República, em razão de autorização do Poder Legislativo, e nos limites postos por
este, constituindo-se verdadeira delegação externa da função legiferante e aceita
modernamente, desde que com limitações, como mecanismo necessário para
possibilitar a eficiência do Estado e sua necessidade de maior agilidade e
celeridade.
A elaboração de leis delegadas é solicitada pelo Presidente da República ao
Congresso Nacional, que, por meio de resolução, especificará o seu conteúdo e os
termos de exercício. O Congresso Nacional pode, quando da autorização,
determinar que a lei fique condicionada a uma posterior votação, que será única e
sem a possibilidade de emendas.
Não podem ser objeto de leis delegadas: os atos de competência exclusiva
do Congresso Nacional ou de qualquer de suas Casas; organização do Judiciário ou
do Ministério Público; nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e
eleitorais; questões orçamentárias.
Apesar da necessidade de aprovação, pelo Congresso Nacional, de uma
resolução, autorizando o Presidente da República a editá-la, a lei delegada, quanto

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ao conteúdo e à eficácia, tem sua natureza jurídica idêntica às demais previstas no
artigo 59 da CF, qual seja, espécie ou ato normativo primário, derivado de pronto da
Constituição.

3.4.5 Medidas Provisórias

O processo legislativo das medidas provisórias inicia-se com o Presidente da


República, único detentor da Competência para editar a medida provisória que terá
imediatamente força de lei. A medida provisória é instrumento que veio substituir o
malfadado instituto do decreto-lei, instrumento ditatorial editado pelo Presidente da
República e que poderia ser convertido pelo decurso do tempo, desde que não
apreciado pelo Congresso Nacional em sessenta dias.
A medida provisória surgiu em 1988, com graves limitações em relação ao
decreto-lei, limitações essas que foram agravadas com a edição da Emenda
Constitucional n° 32, de 11/9/2001. Por outro lado, a medida provisória se mostrou
um instrumento muito mais amplo do que o decreto-lei, no sentido de que permite ao
Presidente da República tratar de quaisquer temas, desde que não proibidos
expressamente pela CF.
Como exemplo, poderemos citar a Medida Provisória 592/12 que modifica as
Leis n° 9.478/1997, e n° 12.351/2010, para determinar novas regras de distribuição
entre os entes da Federação dos royalties e da participação especial decorrentes da
exploração de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos sob o regime de
concessão, e para disciplinar a destinação dos recursos do Fundo Social.
A medida provisória, uma vez editada, permanecerá pelo prazo de sessenta
dias e será submetida, imediatamente, ao Poder Legislativo, para apreciação, nos
termos dos incisos do art. 62, incluindo a EC n° 32/01, que disciplinam o processo
legislativo especial das medidas provisórias. Assim, a EC n° 32/2001 deu um caráter
definitivo às medidas provisórias que estavam em vigor na data de 11 de setembro
de 2001 ao dispor, em seu artigo 2º, que as tais medidas “continuam em vigor até
que medida provisória ulterior as revogue explicitamente ou até deliberação
definitiva do Congresso Nacional”.

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Depois de publicada, a medida provisória é encaminhada ao Congresso
Nacional, com votação iniciada na Câmara dos Deputados, para que decida se a
converte em lei ou se a “derruba”, ou seja, se rejeita a medida provisória e sua
conversão. Antes de o plenário e cada uma das Casas do Congresso Nacional
analisarem o mérito da medida provisória, essa espécie legislativa será examinada
por comissão mista (deputados + senadores), que deverá emitir parecer prévio.
A faculdade de que o Presidente da República dispõe de expedir medidas
provisórias permite a ele que tome medidas com força de lei (sujeitas à condição
resolutiva) quando houver uma grande urgência e relevância (art. 62 da CF). Esses
requisitos de relevância e urgência, em regra, somente deverão ser analisados,
primeiramente, pelo próprio Presidente da República, no momento da edição da
medida provisória, e posteriormente pelo Congresso Nacional, em cada uma de
suas casas legislativas, que poderá deixar de convertê-la em lei, por ausência dos
pressupostos constitucionais.
A medida provisória, enquanto espécie normativa definitiva e acabada,
apesar de seu caráter de temporariedade, estará sujeita ao controle de
constitucionalidade, como todas as demais leis e atos normativos.
Por fim, sabemos que a medida provisória é um instrumento normativo
necessário, a ser utilizado em circunstâncias excepcionais. No entanto, ela tem sido
utilizada, de modo abusivo, pelos sucessivos presidentes da República. Desta
forma, em nova orientação jurisprudencial, o Supremo Tribunal Federal passou
examinar a existência dos requisitos de relevância e urgência. Nesse novo contexto,
medidas provisórias poderão vir a ser declaradas inconstitucionais, quando não
atenderem os requisitos específicos para sua edição.

3.4.6 Decretos Legislativos e Resoluções

Decretos Legislativos são elaborados pelo Congresso Nacional, com


tramitação por ambas as Casas (de forma bicameral) e aprovados por maioria
relativa. São “leis” que não precisam de sanção do Presidente. Serão sempre
utilizados quando se tratar de questões referentes às competências exclusivas das

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Casas Legislativas, tendo sempre uma força normativa para toda a sociedade
(externa).
As resoluções são elaboradas pelo Congresso Nacional ou por cada Casa
Legislativa de forma isolada, sempre por maioria relativa. São atos de caráter
interno, que regulam o bom funcionamento das atividades legislativas, regulando,
portanto, as competências privativas das Casas. Há casos excepcionais em que
uma resolução gera efeitos externos, ou seja, influenciam diretamente a sociedade e
a ordem jurídica.

3.5 PODER EXECUTIVO

O Poder Executivo constitui órgão constitucional cuja função precípua é a


prática dos atos de chefia de Estado, de Governo e de Administração. A chefia do
Poder Executivo foi confiada pela Constituição Federal ao Presidente da República,
a quem compete seu exercício, auxiliado pelos Ministros de Estado, compreendendo
ainda o braço civil da administração (burocracia) e o militar (Forças Armadas),
consagrando mais uma vez o presidencialismo, concentrando na figura de uma
única pessoa a chefia dos negócios do Estado e do governo.
Como vimos, em nosso País, adotamos o sistema presidencialista, no qual o
Chefe de Estado (aquele que o representa diplomaticamente) e o Chefe de Governo
(aquele que atua nas decisões políticas) são a mesma pessoa. As atribuições do
Presidente da República estão listadas no artigo 84 da Constituição Federal.
Em contrapartida, os países que adotam o sistema parlamentarista possuem
duas pessoas distintas para exercerem tais funções, quais sejam o Primeiro-Ministro
(Chefe do Executivo) e o Presidente (representante diplomático do Estado). Os
Ministros de Estado terão a função de auxiliar o Presidente da República, orientando
os órgãos da administração relacionados à sua área de atuação, expedindo decretos
e resoluções, e praticando os demais atos que lhes sejam designados.
Ministros de Estado são escolhidos pelo Presidente da República, dentre
quaisquer brasileiros com mais de vinte e um anos de idade e que detenham seus

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direitos políticos. São em nosso regime, meros auxiliares do Presidente, que os
pode livremente nomear ou demitir.

3.6 AS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL

As atribuições do Congresso Nacional estão estabelecidas nos artigos 48 e


49 da Constituição Federal. Além dessas, o artigo 51 define mais algumas que são
privativas apenas da Câmara dos Deputados e o artigo 52 aquelas que são apenas
do Senado Federal.
O Congresso Nacional exerce sua atribuição legislativa sobre todas as
matérias de competência da União, especialmente sobre as questões tributárias,
como:
 A arrecadação e distribuição de recursos públicos;
 O planejamento das ações de governo, por meio das leis de
planejamento e orçamentárias, que definem em que os recursos
públicos federais serão gastos;
 Organização do território nacional, particularmente com relação às áreas
dos Estados, ouvidas as Assembleias Legislativas;
 Criação de órgãos públicos, cargos e empregos públicos federais;
telecomunicações e radiodifusão;
 Questões monetárias, dentre outras.

Dentre as demais e variadas matérias sobre as quais compete ao Congresso


Nacional legislar encontra-se:

 Todos os ramos do direito;


 Desapropriação;
 Águas, energia e informática;
 Serviço postal;
 Comércio exterior e interestadual;
 Jazidas minerais;

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 Emigração e imigração;
 Nacionalidade, cidadania e naturalização;
 Diretrizes e bases da educação;
 Registros públicos;
 Licitação e contratos na administração pública;
 Defesa nacional;
 Propaganda comercial.

Ao Congresso Nacional compete ainda privativamente decidir sobre:

 Tratados e acordos internacionais que impliquem algum ônus para o


patrimônio nacional;
 Autorizar o Presidente da República a declarar guerra ou celebrar a paz
ou permitir o trânsito no País de forças estrangeiras;
 Autorizar o afastamento do País do Presidente e do Vice-Presidente da
República por período superior a quinze dias;
 Fixar os subsídios do Presidente, do Vice-Presidente da República, dos
Deputados, dos Senadores;
 Julgar as contas do Presidente da República;
 Fiscalizar os atos do Poder Executivo;
 Sustar os atos normativos deste Poder que ultrapassem o que estiver
previsto em lei, dentre outras.

3.7 O PODER JUDICIÁRIO

O Poder Judiciário é um dos três poderes clássicos previstos pela doutrina e


consagrado como poder autônomo e independente de importância crescente no
Estado de direito. Não se consegue conceituar um verdadeiro Estado Democrático
de direito sem a existência de um Poder Judiciário autônomo e independente para
que exerça sua função de guardião das leis.

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Sendo assim, o Poder Judiciário está vinculado aos fundamentos do Estado
Democrático de Direito arrolados no artigo 1º da CF (I — a soberania; II — a
cidadania; III — a dignidade da pessoa humana; IV — os valores sociais do trabalho
e da livre iniciativa; V — o pluralismo político). E mais: está o Poder Judiciário
também atrelado aos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil
estipulados no artigo 3º da Carta Magna (I — construir uma sociedade livre, justa e
solidária; II — garantir o desenvolvimento nacional; II — erradicar a pobreza e a
marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV — promover o
bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação).
Um dos comandos constitucionais que conferem essa tarefa fundamental ao
Poder Judiciário brasileiro está consagrado, com dignidade constitucional de
cláusula petrificada, no capítulo dos direitos e garantias constitucionais
fundamentais, mais precisamente no artigo 5º, inciso XXXV, que estabelece: “a lei
não excluirá da apreciação do poder judiciário lesão ou ameaça a direito”. Em artigo
substancioso sobre o direito constitucional à jurisdição.
A função típica do Poder Judiciário é a jurisdicional, ou seja, julgar, aplicando
a lei a um caso concreto, que lhe é posto, resultante de um conflito de interesses. O
Judiciário, como os demais Poderes do Estado, possui outras funções, denominadas
atípicas, de natureza administrativa e legislativa.

De natureza administrativa, são:


 Concessão de férias aos seus membros e serventuários;
 Promover, na forma prevista nessa Constituição, os cargos de juiz de
carreira na respectiva jurisdição.

De natureza legislativa, são:


 A edição de normas regimentais, pois compete ao Poder Judiciário
elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de
processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a
competência;
 O funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos.

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Caberá ao Poder Judiciário, aplicando a lei e todas as fontes de direito,
solucionar conflitos existentes na sociedade ou conflitos entre os próprios poderes.
O Judiciário é autônomo, não se subordina a nenhum outro poder. Por conta disso,
ele mesmo elabora seus orçamentos.
Para que o Judiciário possa exercer, eficientemente, a função que lhe é
atribuída se faz necessário que esteja devidamente estruturado e aparelhado, isto é,
precisa de estrutura material e humana para desempenhar a sua tarefa. Eis o
grande problema do nosso Judiciário, porquanto não basta que haja leis boas e
eficazes, mas também pessoas especializadas e em número suficiente para aplicar
a lei, além, é claro, de uma estrutura material adequada. Afinal, pior do que não ter
leis é tê-las e não aplicá-las.

3.8 FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA

3.8.1 Os Magistrados

O ingresso na magistratura de primeira instância, por força de dispositivos


constitucionais, no Brasil, faz-se por meio de concurso público de provas e títulos, o
que revela termos adotados o melhor sistema seletivo. Já a escolha dos magistrados
integrantes dos tribunais superiores, Ministros do Supremo Tribunal Federal,
Superior Tribunal Militar, Tribunal Superior do Trabalho e do Superior Tribunal de
Justiça, são nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha
pelo Senado Federal.
Temos assim, um sistema misto, integrado por concurso público de provas e
títulos para a seleção de primeira instância, e por nomeação pelo Chefe do
Executivo para os Ministros dos Tribunais Superiores. Nos tribunais de Justiça dos
Estados, um quinto dos membros é também escolhido por nomeação do Chefe do
Executivo Estadual, mediante lista tríplice organizada pelo respectivo Tribunal de
Justiça; metade das vagas decorrentes do quinto é para candidatos oriundos da

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OAB e a outra metade para membros do MP, cujos órgãos superiores encaminham
ao Tribunal de Justiça uma lista sêxtupla para a elaboração da lista tríplice.
A regra do “quinto constitucional” se aplica aos Tribunais Regionais Federais
e aos Tribunais de Justiça e determina que um quinto das vagas nesses tribunais
seja ocupado por membros do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira,
e de advogados com notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez
anos de efetiva atividade.

O procedimento de escolha é o seguinte:


 Os órgãos de representação indicam listas sêxtuplas (com seis nomes);
 O tribunal reduz essa lista para uma lista tríplice (com três nomes) e
remete ao Poder Executivo;
 O Chefe do Poder Executivo tem vinte dias, após a remessa, para
escolher um integrante da lista tríplice para ser nomeado.

No caso do Distrito Federal, como seu Poder Judiciário é organizado e


mantido pela União, a escolha é feita pelo Presidente da República, não pelo
Governador. A aposentadoria dos juízes seguirá as regras gerais da aposentadoria
dos servidores públicos federais. Com a reforma da previdência, implementada pela
Emenda Constitucional n° 41/2003, foram praticadas modificações nas regras da
aposentadoria, as quais, porém, não se aplicarão aos juízes, aos membros do
Ministério Público e do Tribunal de Contas.
O número de juízes nas unidades jurisdicionais deve ser proporcional ao
número de demandas, processos ali existentes, bem como à população do local. Os
atos processuais de administração ou de mero expediente, ou seja, aqueles que não
possuem conteúdo decisório serão delegados aos servidores do Tribunal ou do
juízo. Tal previsão já possuía paralelo na legislação infraconstitucional e foi erigida
ao status constitucional pela EC n° 45/2004.
A distribuição dos processos, ato pelo qual se repartem os feitos entre os
juízes que atuam em cada foro, é imediata em todos os graus de jurisdição.

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3.8.2 Garantias e Vedações dos Magistrados

Para o exercício de tão importantes missões constitucionais, se faz


necessária a existência de certas garantias ao Poder Judiciário. Os Magistrados
possuem constitucionalmente determinadas garantias que lhes oferecem a
segurança necessária para que exerçam sua atividade de forma justa, sem se
preocupar com pressões. São garantias:

 Vitaliciedade: está prevista no artigo 95, I da CF, somente adquirida


após o chamado estágio probatório, ou seja, após dois anos de efetivo exercício de
carreira, mediante aprovação de concurso público. Com essa garantia, só por
sentença judicial transitada em julgado será declarada a perda do cargo.

 Inamovibilidade: uma vez titular do respectivo cargo, o juiz somente


poderá ser removido ou promovido por iniciativa própria, nunca ex-officio de outra
autoridade, salvo em uma única exceção constitucional por motivo de interesse
público e pelo voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do CNJ,
assegurada ampla defesa (art. 93, VIII, 95, II e 103-B, § 4°, III). Portanto, o
magistrado não pode ser lotado em outra localidade sem que haja o seu
consentimento, salvo se o tribunal assim decidir, por voto de maioria absoluta, em
razão do interesse público. O magistrado somente pode ser removido, posto em
disponibilidade ou aposentado compulsoriamente por decisão da maioria absoluta
dos membros do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça. As demais
decisões administrativas disciplinares também devem ser tomadas por maioria
absoluta de votos. A remoção a pedido ou a permuta (troca) de magistrados de uma
comarca para outra deve atender, no que possível, os requisitos para promoção.

 Irredutibilidade de subsídio: remuneração que garante a


impossibilidade de se diminuir a quantia recebida pelos juízes em virtude do seu
trabalho. Ou seja, o salário, vencimentos ou subsídios do magistrado não podem ser
reduzidos como forma de pressão, garantindo-lhe assim o livre exercício de suas
atribuições.

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Quanto às Vedações, aos magistrados é proibido:

 Exercer outro cargo público, salvo o de professor;


 Receber dinheiro ou outra vantagem por conta dos processos;
 Dedicar-se à atividade político-partidária;
 Receber auxílios ou contribuições de pessoas físicas ou entidades
públicas ou privadas, salvo os casos previstos em lei;
 Exercer a advocacia, nos três anos após a sua aposentadoria ou
exoneração, junto ao Tribunal ou juízo no qual atuou.

3.8.3 O Conselho Nacional de Justiça

O CNJ deve fiscalizar a atuação administrativa e financeira do Judiciário,


bem como o cumprimento dos deveres funcionais dos juízes. O Conselho Nacional
de Justiça foi introduzido no Direito brasileiro pela Emenda Constitucional nº 45 de
2004. É uma das novidades introduzidas pela chamada reforma do Poder Judiciário.
Com sede em Brasília, capital federal. Sua área de abrangência cobre todo o
território nacional. È composto por quinze membros, chamados de conselheiros,
previsto no art.103-B na CF, que foi alterado pela Emenda Constitucional nº 61 de
2009, que serviu para modificar a composição do CNJ.

Suas atribuições serão definidas pelo Estatuto da Magistratura e incluirá:

 Zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do


Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua
competência, ou recomendar providências.
 Zelar pela observância do artigo 37 e apreciar, de ofício ou mediante
provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou
órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para
que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem
prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União.

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 Receber e conhecer as reclamações contra membros ou órgãos do
Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos
prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do Poder
Público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e correcional dos
tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a remoção,
a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao
tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla
defesa;
 Representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a
administração pública ou de abuso de autoridade;
 Rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de
juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano;
 Elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e
sentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder
Judiciário;
 Elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar
necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País e as atividades do
Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal
Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão
legislativa.

3.8.4 Ministério Público

A Constituição atual situa o Ministério Público em capítulo especial, fora da


estrutura dos demais poderes da República, consagrando sua total autonomia e
independência e ampliando-lhe as funções, sempre em defesa dos direitos,
garantias e prerrogativas da sociedade.
O Ministério Público, antes da atual Constituição, servia basicamente para
defender os interesses do Estado, atualmente, deixou de ser mero advogado do
Estado e passou a defender os interesses da sociedade, mesmo que para isso fosse
de encontro aos interesses estatais.

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Conquistou, ainda, garantias inerentes à magistratura, quais sejam, a
vitaliciedade, a inamovibilidade e a irredutibilidade de subsídio, para que atuasse de
forma autônoma. Por conta de sua autonomia funcional e administrativa, o Ministério
Público poderá propor ao Legislativo a criação e a extinção de seus cargos,
provendo-os por concurso.
Não devemos confundir a iniciativa de lei com a própria criação desses
cargos. Quem cria o cargo é o Legislativo, quem inicia o projeto de lei e provê o
cargo é o próprio Ministério Público. O MP também é autônomo sob o ponto de vista
orçamentário, já que ele mesmo elabora sua proposta orçamentária dentro dos
limites estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
Sendo assim, as garantias constitucionais do MP foram-lhe conferidas pelo
legislador constituinte, objetivando o pleno e independente exercício de suas
funções. Assim, essas garantias e prerrogativas dos membros do MP, da mesma
forma que as imunidades parlamentares, não são privilégios, nem quebram o
princípio da isonomia. É essa a razão pela qual se pode falar da vitaliciedade,
inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos dos promotores e dos juízes como
prerrogativas, visando à defesa do Estado democrático de Direito e dos direitos
fundamentais.
O parquet, como é chamado por alguns, é uma instituição permanente e
essencial à função jurisdicional do Estado. Por conta disso, defende-se não ser
possível a edição de emenda constitucional que venha a extingui-lo ou diminuir-lhe a
função, constituindo, portanto, verdadeira cláusula pétrea implícita (entendimento
controverso).
Muito se discute sobre qual seria o poder a que pertence o Ministério
Público. Essa ideia se baseia principalmente no fato de o MP não estar
hierarquicamente vinculado a nenhum outro Poder e pelo fato de ser tratado, em
vários artigos, como se fosse um quarto poder (vide, por exemplo, o art. 85, II). Uma
tendência doutrinária muito forte busca enquadrar o Ministério Público como uma
entidade à parte, não vinculada a nenhum Poder.
A melhor e mais segura posição, no entanto, é aquela que classifica o
parquet como pertencente ao Poder Executivo, como se depreende da leitura dos
artigos 61, §1°, II, d, e 84, parágrafo único.

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As principais funções do Ministério Público são:

 Promover a ação penal pública (significa processar quem cometeu


determinados crimes para os quais a lei prevê esse tipo de ação, como,
por exemplo, o homicídio);
 Zelar pelo efetivo respeito aos poderes públicos e serviços de relevância
pública;
 Promover o inquérito civil e a ação civil pública para a defesa de
interesses difusos e coletivos;
 Ajuizar a ações de inconstitucionalidade (ADI, ADC, ADPF);
 Promover a representação para fins de intervenção da União e dos
Estados (intervenção federal);
 Defender os interesses das populações indígenas;
 Exercer a fiscalização da atividade policial;
 Requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial.

3.8.5 Defensoria Pública e Advocacia

A Constituição Federal prevê a criação da Defensoria pública, como


instituição essencial à justiça, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa em
todos os graus e gratuitamente dos necessitados. Assim, a Defensoria Pública tem a
função de exercer a orientação jurídica e a defesa dos necessitados.
Diante do artigo 5°, LXXIV, esses necessitados são aqueles que provam
insuficiência de recursos, ou seja, não são capazes de pagar um advogado sem com
isso comprometer sua própria subsistência. A assistência jurídica da Defensoria
Pública não pode se restringir a algum grau recursal, devendo ser ampla e integral.
Entre as funções institucionais da Defensoria Pública, é preciso analisar a
Lei Complementar 132/2009 que altera dispositivos da Lei Complementar nº 80/1994
(que organiza a Defensoria Pública da União, do Distrito Federal e dos Territórios e
prescreve normas gerais para sua organização nos Estados, e da Lei nº 1.060/1950,
e dá outras providências).

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O ingresso na carreira de Defensor Público é a mesma dos Magistrados e
Ministério Público e só ocorrerá mediante concurso de provas e títulos. Uma lei
complementar deverá definir a organização da Defensoria Pública da União, do
Distrito Federal e dos Territórios, bem como traçar linhas gerais para as Defensorias
Públicas dos Estados.
Os Defensores Públicos são inamovíveis (não podem ser transferidos de
forma livre) e não podem exercer a advocacia. A proibição de exercer a advocacia
se mostra inteiramente harmônica com o princípio da moralidade administrativa, já
que sua ausência poderia levar a certos absurdos, como a utilização da defensoria
pública para a captação de clientela para seus escritórios particulares, sob a
promessa de uma defesa mais eficiente, ou ainda o desestímulo do defensor quando
fosse atuar em uma causa que não lhe rendesse honorários.
Os Defensores Públicos também recebem remuneração mediante subsídio.
As Defensorias Públicas Estaduais possuem autonomia funcional e administrativa.
Como consequência disso, detêm, por exemplo, poder de iniciativa de sua proposta
orçamentária, dentro, obviamente, de certos limites constitucionalmente impostos.
Já a advocacia não é apenas um pressuposto da formação do Judiciário, é
também indispensável à administração da justiça (art. 133 da CF). Em outras
palavras, diz não ser possível que o Poder Judiciário funcione sem a atuação de um
advogado. Isso não impede que, excepcionalmente, haja ações que possam ser
ajuizadas sem advogados, como, por exemplo, os Habeas Corpus, as reclamações
trabalhistas e as ações dos juizados especiais cíveis até determinado valor.
No Brasil, para ser advogado, é preciso que, além do título de graduação
como bacharel em Direito, obtenha a aprovação no exame da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) e sua regular inscrição nos quadros da ordem. O
advogado possui a chamada inviolabilidade material, que significa ser ele inviolável
por seus atos e manifestações no exercício de sua profissão.
Essa inviolabilidade, não é absoluta, sujeitando-se aos limites legais,
devendo sempre apresentar relação de causalidade com o exercício profissional.
Portanto, não alcança atos que exorbitem o exercício profissional, como, por
exemplo, ofensas ao juiz ou ao advogado da outra parte. Nesses casos, haverá a
possibilidade de responsabilidade civil, penal e administrativa (junto à OAB).

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A Advocacia-Geral da União (AGU) foi criada em 1993, por meio de lei
complementar, tendo nascido da necessidade de distinguir as atribuições de defesa
do Estado daquelas de defesa da sociedade e de fiscalização da lei, antes
concentradas no Ministério Público. A partir da criação da AGU, o Ministério Público
deixou de fazer a representação da União, que costumava ser feita por um órgão
denominado Consultoria Geral da República.
O Advogado-Geral da União é o chefe da AGU, está prevista no art. 131,
que diretamente ou por meio de órgãos vinculados, representa a União judicial e
extrajudicialmente; tem por chefe o Advogado-Geral da União, de livre nomeação do
Presidente dentre cidadãos maiores de 35 anos, de notável saber jurídico e
reputação ilibada; serão organizados em carreira, em cuja classe inicial ingressará
por concurso. Não pode ultrapassar os 70 anos, que é a idade máxima para o
exercício de cargos público no Brasil.

FIM DO MÓDULO III

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