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UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DO SOLO


Caixa Postal 37 - TELEFAX (35) 3829-1251 CEP 37.200-000 - LAVRAS-MG

FÍSICA DO SOLO

Moacir de Souza Dias Junior, Ph.D.


Mozart Martins Ferreira Dr.
Geraldo César de Oliveira Dr.
Bruno Montoani Silva Dr.

2017
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 - ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO........................................7


1.1. DENSIDADE DE PARTÍCULAS ou DENSIDADE REAL ou
DENSIDADE ESPECÍFICA REAL (Dp).....................................................8
1.1.1. Determinação......................................................................................8
1.1.2. Aplicações...........................................................................................9
1.2. DENSIDADE DO SOLO ou DENSIDADE APARENTE ou
DENSIDADE GLOBAL ou MASSA ESPECÍFICA APARENTE (Ds)...10
1.2.1. Determinação....................................................................................10
1.2.2. Aplicações.........................................................................................12
1.3. POROSIDADE TOTAL DO SOLO (VTP ou n ou f).........................12
1.3.1. Aplicações.........................................................................................12
1.3.2. Cálculo da Irrigação em Vasos.........................................................14
1.3.3. Distribuição de poros por tamanho...................................................18
1.3.4. Determinação......................................Erro! Indicador não definido.
1.4. UMIDADE DO SOLO...........................................................................23
1.4.1. Umidade na Base de Peso ou Umidade Gravimétrica......................23
1.4.2. Umidade na Base de Volume............................................................23
1.5. GRAU DE SATURAÇÃO.....................................................................24
1.6. ÍNDICE DE VAZIOS.............................................................................24
1.7. DENSIDADE TOTAL............................................................................25
1.8. EXERCÍCIOS.........................................................................................25
CAPÍTULO 2 - TEXTURA DO SOLO...........................................................26
2.1. CARACTERIZAÇÃO DA AREIA, SILTE e ARGILA.....................27
2.1.1. Fração Areia......................................................................................27
2.1.2. Fração Silte.......................................................................................27
2.1.3. Fração Argila....................................................................................27
2.2. DETERMINAÇÃO DA TEXTURA DO SOLO..................................29
2.2.1. Teste de Campo.................................................................................29
2.2.2. Análise Textural ou Mecânica ou Granulométrica...........................29
2.3. CÁLCULO DO TEMPO DE SEDIMENTAÇÃO...............................31
2.4. MÉTODOS DE ANÁLISE TEXTURAL.............................................32
2.5. CURVA GRANULOMÉTRICA...........................................................33
2.5.1. Coeficiente de Uniformidade (Cu)....................................................33
2.5.2. Superfície Específica ( am, av, ab)......................................................34
2.6. EXERCÍCIOS.........................................................................................37
CAPÍTULO 3 - ESTRUTURA DO SOLO......................................................38
3.1. DESENVOLVIMENTO DA ESTRUTURA DO SOLO.....................38
3.2. FATORES QUE AFETAM A FORMAÇÃO DE AGREGADOS.....39
3.2.1. Cátions..............................................................................................39
3.2.2. Matéria orgânica...............................................................................39
3.2.3. Sistema de cultura e sistema radicular..............................................39
3.2.4. Microorganismos...............................................................................40
3.3. FATORES DESTRUTIVOS DOS AGREGADOS.............................40
3.4. IMPORTÂNCIA DA ESTRUTURA....................................................40
3.5. AVALIAÇÃO DA ESTRUTURA.........................................................40
3.6. CARACTERIZAÇÃO DA ESTRUTURA DO SOLO........................41
3.6.1. Métodos Diretos................................................................................42
3.6.2. Métodos Indiretos.............................................................................42
3.7. ÍNDICES ALTERNATIVOS PARA EXPRESSAR A
DISTRIBUIÇÃO DOS AGREGADOS POR TAMANHO.......................43
3.7.1. Diâmetro Médio Geométrico (DMG)...............................................43
3.7.2. Diâmetro Médio em Peso (DMP).....................................................44
3.7.3. Porcentagem de Agregados Estáveis (PAE).....................................44
3.8. EXERCÍCIOS.........................................................................................45
CAPÍTULO 4 - CONSISTÊNCIA DO SOLO................................................46
4.1. AVALIAÇÃO DA CONSISTÊNCIA...................................................47
CAPÍTULO 5 - O PROCESSO DE COMPACTAÇÃO DO SOLO.............49
5.1. MODELAGEM DA COMPACTAÇÃO DO SOLO...........................52
5.2. DIAGNÓSTICO DA COMPACTAÇÃO DO SOLO..........................63
5.2.1. No solo..............................................................................................63
5.2.2. Na planta...........................................................................................64
5.3. COMO PREVENIR, CORRIGIR E EVITAR A COMPACTAÇÃO
DO SOLO.......................................................................................................64
5.3.1. Manejo da água do solo....................................................................65
5.3.2. Manejo do maquinário agrícola........................................................65
5.3.3. Práticas Agronômicas........................................................................66
5.3.4. Medidas curativas.............................................................................66
5.3.5. Medidas aliviatórias..........................................................................67
5.4. ENSAIOS DE LABORATÓRIO USADOS NA INVESTIGAÇÃO
DA COMPACTAÇÃO DO SOLO...............................................................68
5.4.1. Ensaio de Compressibilidade............................................................68
5.4.2. Ensaio Proctor...................................................................................69
5.5. EXERCÍCIOS 70
CAPÍTULO 6 - A ÁGUA DO SOLO...............................................................73
6.1. RETENÇÃO DE ÁGUA PELO SOLO................................................73
6.1.1. Fatores que afetam a retenção de água pelo solo..............................73
6.2. CLASSIFICAÇÃO DA ÁGUA NO SOLO..........................................74
6.2.1. Água gravitacional............................................................................74
6.2.2. Água capilar......................................................................................75
6.2.3. Água higroscópica.............................................................................75
6.3. CONSTANTES DE UMIDADE............................................................76
6.3.1. Umidade higroscópica.......................................................................76
6.3.2. Umidade de murchamento................................................................76
6.3.4. Capacidade de Campo.......................................................................76
6.4. POTENCIAL TOTAL DE ÁGUA NO SOLO.....................................77
6.4.1. Potencial gravitacional (g)..............................................................78
6.4.2. Potencial de pressão (p)..................................................................79
6.4.3. Potencial de matricial (m)...............................................................79
6.4.4. Potencial osmótico (os)...................................................................80
6.5. CURVA CARACTERÍSTICA DE ÁGUA DO SOLO OU CURVA
DE RETENÇÃO...........................................................................................81
6.5.1. Características da curva de retenção de água do solo.......................81
6.5.2. Efeito da histerese.............................................................................82
6.6. EXERCÍCIOS.........................................................................................83
CAPÍTULO 7 – DETERMINAÇÃO DA UMIDADE DO SOLO.................86
7.1. MÉTODO DIRETO...............................................................................86
7.1.1. Método da estufa...............................................................................86
7.1.2. Método do fogareiro calibrado com o método da estufa..................86
7.2. MÉTODOS INDIRETOS......................................................................87
7.2.1. Método baseado nas propriedades elétricas do solo.........................87
7.2.3. Método da dispersão de neutrons......................................................88
7.2.4. Método da radiação gama.................................................................89
7.2.5. Método TDR (Time Domain Reflectometry)....................................90
7.3. EXERCÍCIOS.........................................................................................91
CAPÍTULO 8 – MOVIMENTO DA ÁGUA EM UM SOLO SATURADO 92
8.1. Movimento da água em uma coluna horizontal..................................92
8.2. Altura gravitacional, altura de pressão e altura total.........................93
8.3. Movimento da água em uma coluna vertical.......................................94
8.3.1. Movimento da água em uma coluna vertical de cima para baixo.....94
8.3.2. Movimento da água em uma coluna vertical de baixo para cima.....96
8.4. VELOCIDADE DO ESCOAMENTO E TORTUOSIDADE.............97
8.5. CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA....................................................97
8.6. DETERMINAÇÃO DA CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA...........98
8.6.1. Métodos diretos.................................................................................98
CAPÍTULO 9 - MOVIMENTO DA ÁGUA EM UM SOLO NÃO
SATURADO.....................................................................................................102
9.1. CONDUTIBILIDADE HIDRÁULICA EM SOLO NÃO
SATURADO.................................................................................................103
9.2. OUTRAS EQUAÇÕES UTILIZADAS PARA O CÁLCULO DA
CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA NÃO SATURADA........................104
9.3. DIFUSIVIDADE...................................................................................105
9.4. EXERCÍCIOS.......................................................................................106
CAPÍTULO 10 - INFILTRAÇÃO DE ÁGUA NO SOLO...........................109
10.1. FATORES QUE AFETAM A INFILTRAÇÃO..............................109
10.2. INFILTRAÇÃO DE ÁGUA NO SOLO...........................................110
10.3. PERFIL DA DISTRIBUIÇÃO DA UMIDADE DO SOLO
DURANTE A INFITRAÇÃO.....................................................................111
10.4. EQUAÇÕES DE INFILTRABILIDADE.........................................112
10.4.1. Equação de Horton........................................................................113
10.4.2. Equação de Phillip........................................................................113
10.4.3. Equação de Green - Ampt.............................................................114
10.5. EXERCÍCIOS.....................................................................................117
CAPÍTULO 11 - REDISTRIBUIÇÃO E ARMAZENAMENTO DE ÁGUA
NO SOLO.........................................................................................................118
11.1. DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE REDISTRIBUIÇÃO..............119
11.2. ANÁLISE DO PROCESSO DE REDISTRIBUIÇÃO....................120
11.2.1. Método de Euler............................................................................120
11.2.2. Método do trapézio.......................................................................121
11.3. CAPACIDADE DE CAMPO............................................................121
11.4. EXERCÍCIOS.....................................................................................122
CAPÍTULO 12 - AERAÇÃO DO SOLO.......................................................124
12.1. COMPOSIÇÃO DO AR DO SOLO.................................................125
12.2. FLUXO DE AR DO SOLO................................................................125
12.3. DIFUSÃO DE AR NO SOLO............................................................127
12.4. ALGUNS EFEITOS DA CONDIÇÃO ANAERÓBICA NO SOLO
......................................................................................................................129
12.4.1. Rota Metabólica............................................................................129
12.4.2. Substâncias Tóxicas......................................................................129
12.4.3. Perda de compostos solúveis.........................................................130
12.5. RESPOSTA DAS PLANTAS À ANAEROBIOSE DOS SOLOS. .130
12.5.1. Efeitos Morfológicos.....................................................................130
12.5.2. Efeitos Fisiológicos.......................................................................130
12.6. TOLERÂNCIA ÀS CONDIÇÕES ANAERÓBICAS.....................130
12.7. MEDIÇÃO DA AERAÇÃO DO SOLO...........................................131
12.7.2. Método de Raney (1950)..............................................................131
12.7.3. Método de Lemon e Erickson (1952)...........................................131
CAPÍTULO 13 - TEMPERATURA DO SOLO............................................132
13.1. TRANSFERÊNCIA DE CALOR......................................................132
13.1.1. Radiação........................................................................................132
13.1.2. Convecção.....................................................................................132
13.1.3. Condução.......................................................................................133
13.1.4. Calor Latente.................................................................................133
13.2. CONDUÇÃO DE CALOR NO SOLO..............................................133
13.3. CAPACIDADE TÉRMICA VOLUMÉTRICA DOS SOLOS.......134
13.4. REGIME TÉRMICO DO SOLO......................................................136
13.5. MEDIÇÃO DA TEMPERATURA DO SOLO................................139
13.6. CONTROLE DA TEMPERATURA DO SOLO.............................139
13.7. EXERCÍCIOS.....................................................................................139
14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................141
CAPÍTULO 1 – ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO

O solo é um sistema heterogêneo, polifásico, disperso e poroso. As três


fases do solo são representadas pela parte sólida do solo, pela água (solução do
solo) e pelo ar (fase gasosa).
A parte sólida do solo é composta por uma parte mineral e uma parte
orgânica (resíduos vegetais e animais, total ou parcialmente decompostos). A
parte mineral é constituída por partículas provenientes do intemperismo da
rocha, variando quanto ao tamanho, forma e composição. A composição química
depende da rocha mãe e a forma pode ser cúbica, esférica, laminar, etc. Já
quanto ao tamanho da parte sólida do solo pode ser classificada:

Parte sólida do solo Diâmetro (mm)

Matacões > 200

Calhaus 20 – 200

Cascalho 2 - 20

TFSA <2
A parte gasosa é semelhante ao ar atmosférico, porém, apresenta maior
concentração de CO2 e menor de O2.
A parte líquida constitui a solução do solo. É constituída pela água do
solo retida sob diferentes tensões.
Baseado no diagrama abaixo será definido algumas das relações
matemática entre os constituintes do solo.

Va
Vv Ar Mar = 0
V Va Água Ma M
Vs Sólidos
Ms

7
1.1. DENSIDADE DE PARTÍCULAS ou DENSIDADE REAL ou
DENSIDADE ESPECÍFICA REAL (Dp)

É a relação entre a massa do solo seco (105-110 oC) e o volume do solo


seco. Assim:
Dp = Ms/Vs
Onde:
Dp = densidade de partículas (g/cm3 ou Mg/m3)
Ms = massa do solo seco (g ou Mg)
Vs = volume do solo seco (cm3 ou m3)
A densidade de partículas depende da composição da fração sólida do solo e
geralmente varia de 2,60 a 2,70 g/cm3 ou Mg/m3.

1.1.1. Determinação

1.1.1.1. Método do Balão Volumétrico

Pesar 20 g de terra fina seca em estufa (TFSE) e transferir para um balão


volumétrico de 50 ml de volume, transferir 20 ml de álcool etílico para o balão
volumétrico usando uma bureta inicialmente com 50 ml de álcool, agitar e
deixar em
repouso durante 15 minutos, completar o volume do balão volumétrico e fazer a
leitura L na bureta (figura abaixo).

0 mL

L
50 mL

50 mL

8
Determinar o volume dos sólidos usando a expressão 50 - L. Calcular a
densidade de partículas usando a expressão:
Dp = 20/(50 - L)

1.1.1.2. Método do Picnômetro

Pesar 3 g de terra fina seca em estufa (TFSE) e transferir para um


picnômetro de 50 ml de volume adicionando-se 20 ml de água destilada ao
picnômetro, agitando de tal maneira a conseguir uma suspensão homogênea.
Colocar os picnômetros dentro de um dessecador acoplando-os a uma bomba de
vácuo. Após retirar todo o ar dos picnômetros, completar o volume de cada um e
pesar o conjunto picnômetro cheio de água mais o solo dentro (b). A seguir
pesar o mesmo picnômetro somente com água dentro. A soma deste peso com o
peso do solo seco será igual a (a) figura abaixo.

Ms +
Água
Água
Sólidos

a b
Calcular a densidade de partículas usando a expressão:
Dp = 3/(a-b)

1.1.2. Aplicações

a) Utilizada no cálculo da porosidade total;


b) Utilizada no cálculo do tempo de sedimentação;
c) Utilizada como critério auxiliar na classificação de minerais.

9
1.2. DENSIDADE DO SOLO ou DENSIDADE APARENTE ou
DENSIDADE GLOBAL ou MASSA ESPECÍFICA APARENTE (Ds)

É a relação entre a massa do solo seco (105-110 ºC) e o volume total do


solo. Assim:
Ds = Ms/V
Onde:
Ds = densidade do solo (g/cm3 ou Mg/m3)
Ms = massa do solo seco (g ou Mg)
V = volume total do solo (cm3 ou m3)
A densidade do solo depende da estrutura do solo, da umidade do solo, da
compactação do solo, do manejo do solo, etc.

1.2.1. Determinação

A densidade do solo pode ser obtida através da utilização de métodos


não destrutivos tais como sonda de neutrons, radiação gama e tomografia
computadorizada, ou através de métodos destrutivos tais como método do anel
volumétrico (cilindro de Uhland) e método do torrão parafinado. A seguir será
apresentado resumidamente o procedimento utilizado nos métodos destrutivos.

1.2.1.1. Método do Anel Volumétrico

Coletar uma amostra de solo com estrutura indeformada em um anel


volumétrico de volume conhecido (V). Secar a amostra de solo em estufa a
105-110 ºC e determinar a sua massa seca (Ms). Determinar a densidade do solo
usando a expressão Ds = Ms/V.

1.2.1.1. Método do Torrão Parafinado

Este método consiste em impermeabilizar um torrão mergulhando-o em


parafina fundida. O volume do torrão é determinado imergindo-o em água e
determinando o peso do mesmo dentro e fora d'água. Pelo princípio de
Arquimedes,

10
calcula-se o volume do torrão + parafina, que é igual ao peso da água deslocada.
Deduzindo-se o volume da parafina obtém-se o volume do torrão. A seguir será
apresentado um exemplo para ilustrar este método.
Considere que durante a realização deste ensaio foram obtidos os seguintes
pesos:
a) Peso do torrão ao ar sem parafina = 300 g
b) Peso do torrão ao ar com parafina = 320 g
c) Peso do torrão com parafina imerso em água destilada = 100 g
d) Umidade do torrão = 5 % em peso
e) Densidade da parafina = 0,8 g cm-3
f) Densidade da água = 1,0 g cm-3
Antes de iniciarmos a solução do ensaio será feita a seguinte
consideração. Quando se pesa uma amostra de solo úmido estamos
pesando o seguinte:
M = Ms + Ma
Onde:
M = massa do solo úmido (TFSA) (g)
Ms = massa do solo seco (TFSE) (g)
Ma= massa da água (g)
Dividindo e multiplicando a massa de água pela massa do solo seco, vem:
M = Ms + Ma(Ms/Ms)
Sabendo-se que, por definição, a relação Ma/Ms é igual à umidade
gravimétrica do solo (U), vem:
M = Ms + U Ms
Fatorando a expressão acima vem:
M = Ms (1 + U) ou TFSA = TFSE (1 + U)
Esta expressão é de grande aplicabilidade na física e mecânica do solo.

Solução do exercício:

11
Por definição a Ds = Ms/V, assim para resolver este exercício deve-se
determinar Ms e V como a seguir:
M = Ms (1 + U) logo, Ms = M/(1 + U). Substituindo-se os valores vem;
Ms = 300/(1 + 0,05) = 285,71 g
Vtorrão + parafina = (320 - 100)/1,0 = 220 cm3
Vparafina = (320 - 300)/0,8 = 25 cm3
Vtorrão = 220 - 25 = 195 cm3
Ds = 285,71/195 = 1,47 g cm-3

1.2.2. Aplicações

a) Utilizada no cálculo de uma maneira em geral;


b) Permite inferir sobre as condições de compactação do solo e,
consequentemente, inferir sobre o impedimento mecânico ao sistema
radicular das plantas.

1.3. POROSIDADE TOTAL DO SOLO (VTP ou n ou f)

Porosidade total do solo é a porção do volume do solo não ocupada por


sólidos. Matematicamente pode ser expressa por:
VTP = Vv/V = (V - Vs)/V = 1 - Vs/V
Dividindo a expressão acima por Ms vem:
VTP = 1 - (Vs/Ms)/(V/Ms) = 1 - (Vs/Ms)(Ms/V)
Sabendo-se que Vs/Ms = 1/Dp e Ms/V = Ds vem:
VTP = [1 - (Ds/Dp)] x 100

1.3.1. Aplicações

A caracterização do sistema poroso do solo é importante no estudo de:


a) Armazenamento e movimento da água no solo;
b) Desenvolvimento do sistema radicular;
c) Resistência mecânica dos solos;

12
d) Fluxo e retenção de calor.

13
1.3.2. Cálculo da Irrigação de Vasos

Calcular a irrigação em vaso contendo 3 kg de solo com umidade atual


de 5% (base em peso) sabendo que a produção máxima da planta existente no
vaso é alcançada quando 70% dos poros deste solo estiverem cheios de água. A
densidade deste solo (Ds) no vaso é de 0,95 g cm-3 e a densidade de partículas
(Dp) é 2,30 g cm-3

a) Se com 5% de umidade (0,05 g g-1) este solo pesava 3 kg (Mu)


qual seria o seu peso seco (Ms)?
Mu = Ms (1 + U)
Ms = Mu/(1 + 0,05)
Ms = 2857,14 g

b) Qual seria o volume ocupado por este solo?


Sendo Ds = Ms/V e a densidade deste solo igual a 0,95 g cm-3 então:
V = Ms/Ds
V = 2857,14/0,95
V = 3007,52 cm3

c) Qual seria o volume total de poros deste solo em % e em cm3?


Sendo VTP = 1 – (Ds/Dp)] x 100 e sendo Ds = 0,95 g cm-3 e Dp = 2,30 g cm-3
VTP = [1 – (0,95/2,30)] x 100 = 58,69%. Ou seja, 58,69% do volume do
solo é ocupado por poros, então:
VTP = 3007,52 x 0,5869 = 1765,1134 cm3 de poros.

d) Considerando que para a produção máxima da cultura 70% dos


poros devem ser ocupados com água e 30% dos poros devem
ser

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resevados para a aeração, qual será o percentual de água neste
solo, ou seja, qual deve ser a umidade nas condições ótimas?
Água no solo = 0,70 x 58,69 = 41,08% = % de umidade nas condições
ótimas.
e) Qual deveria ser o volume de água neste solo para se obter
produção máxima da cultura?
Se os poros devem ocupar um volume de 1765,1134 cm3 do solo e 70%
deste volume deve conter água, então:
Água no solo = 1765,1134 x 0,70 = 1235,58 cm3

f) Qual era o volume de água neste solo nas condições iniciais


cuja umidade era de 5%?
Quando o solo possuía esta umidade ele pesava 3 000 g e seco pesava
2857,14 g, a diferença é água, então:
Peso de água = 3000 - 2857,14 = 142,86 g
Como a densidade da água normalmente é considerada como sendo 1 g
cm- 3, logo o volume de água naquelas condições era de 142,86 cm3

g) Quanto de água deve ser acrescentada neste solo, ou


seja quanto irrigar para alcançar a condição ideal?
Volume de água a acrescentar = 1235,49 - 142,86 = 1092,63 cm3 de
água

 Controle da irrigação por pesagem


Considerando peso do vaso igual a 200,00 g e sendo o peso do solo igual
3000,00 g e peso da água na condição ideal igual a 1092,64 g, então:
Peso final = 200 + 1092,64 + 3000 = 4292,64 g. Idealmente o vaso com
solo deve apresentar este peso e sempre que baixar deste valor deve ser
acrescentada água. O Problema deste tipo de manejo da irrigação é que a planta

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dentro do vaso cresce e vai adquirindo peso tornando difícil a contabilidade de
quanto de água acrescentar diariamente.

Manejo da irrigação usando a expressão:


h = (AI x Ds x H)/100 Onde:
h = Quantidade de água a ser aplicada ou existente no solo em mm (1mm
= 1 L/m2)
AI = Água de irrigação em %.
Ds = Densidade do solo em g cm-3
H = quantidade de água a ser acrescentada no solo (Altura de água) em mm
Sabendo que o ponto de murcha permanente (PMP) em um determinado solo é
alcançado quando atinge umidade de 15% e sua capacidade de campo (CC) é
alcançada quando a umidade atinge 28%. Considerando a densidade do solo igual
a 1,40 g cm-3 pergunta-se:

1. Qual a quantidade máxima de água (em mm) que este solo retém na
camada de 40 cm?
CC = 28%
h = (28 x 1,4 x 400)/100 = 156,8 mm de água

2. Quanto daquela água está disponível para as plantas (em mm)?


AI = CC - PMP = 28 - 15 = 13%
h = (13 x 1,4 x 40)/100 = 72,8 mm de água

3. Quanto de água de irrigação ainda resta neste solo (em mm) para as
plantas em uma camada de 40 cm de espessura quando a umidade
no solo cair para 18%?
AI = U - PMP = 18 - 15 = 3%

16
h = (3 x 1,4 x 40)/100 = 1,68 mm de água

4. Estando o solo com umidade de 18%, quanto de água será


necessário para atingir a capacidade de campo novamente?
AI = CC - U = 28 - 18 = 10%
h = (10 x 1,4 x 400)/100 = 56,0 mm de água

5. Se for aplicado 18 mm de chuva qual será a nova umidade do solo?


h = 18 mm
18 = (AI x 1,4 x 400)/100  AI = 3,2%
Portanto, a umidade do solo será = 18 + 3,2 = 21,2%

6. O que acontece se for aplicado 174 mm de água nas seguintes


situações:
Horizonte Prof. (cm) PMP (%) CC (%) U (%) Ds (g cm-3)

Ap 0 - 25 8 18 10 1,4

A2 25 - 65 15 28 18 1,4

B1 65 - 125 16 32 20 1,5

AI = CC - U
Horizonte Ap: h = (8 x 1,4 x 250)/100 = 28 mm
Horizonte A2: h = (10 x 1,4 x 400)/100 = 56 mm
Horizonte B1: h = (12 x 1,5 x 600)/100 = 108 mm
Portanto 28 + 56 + 108 = 192 mm de água (esta é a quantidade de água
necessária para molhar os três horizontes e atingir a capacidade de campo de
todos eles).

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Como 174 mm < 192 mm, conclui-se que 174 mm de água não é
suficiente para molhar os três horizontes até atingir a capacidade de campo.

Baseado nos cálculos acima pode-se calcular que profundidade foi


umedecida quando foi aplicado 174 mm.
Água que irá umedecer o horizonte B1 = 174 - (28 + 56) = 90 mm
90 = (12 x 1,5 x H)/100  H = 500 mm = 50 cm

1.3.3. Distribuição de poros por tamanho

O espaço poroso do solo resulta da organização de partículas minerais


em agregados estáveis e assim a distribuição de poros por tamanho é função da
textura e da estrutura do solo. A porosidade é importante na determinação da
qualidade de um solo por possuir forte influência na aeração, na transferência de
água/solutos/gases/calor, na resistência à penetração e ramificação de raízes,
além do desenvolvimento de microorganismos.Por outro lado o manejo do solo
pode alterar substancialmente a distribuição e configuração dos poros e desta
forma o estudo detalhado de sua porosidade merece uma atenção especial.
Normalmente a porosidade total do solo é dividida somente em
porosidade não capilar ou macroporosidade (poros com diâmetro maior ou igual
a 50 μm) e porosidade capilar ou microporosidade (poros com diâmetro menor
que 50 μm), entretanto, estudos envolvendo o uso de tomografia
computadorizada de raios-X (Crestana et al., 1985; Carducci et al., 2013; Costa
et al., 2016), tem permitido um detalhamento maior e uma nova classificação
tem sido utilizada denominando a porosidade de inter-agregados e intra-
agregados, com tamanhos de poros de 70-0,4 μm e 0,3-0,01 μm, respectivamente
(Lu et al., 2014). Os poros inter-agregados são aqueles responsáveis pela aeração
das raízes e drenagem da água no solo, e se caracterizam pelo rápido
esvaziamento e fluxo de água (COOPER & VIDAL TORRADO, 2005). Os
poros intra-agregados são aqueles responsáveis pela

18
retenção e disponibilidade de água para as plantas e se caracterizam por se
esvaziarem mais lentamente, proporcionando uma condução mais lenta da água
pelo solo (Othmer et al., 1991).

1.3.3.1. Cálculo do Diâmetro do Poro:

Quando se utiliza a mesa de tensão, a unidade de sucção e os aparelhos


de Richards na determinação da porosidade do solo, as amostras de solo são
submetidas a alturas de sucção variadas e os poros são esvaziados
proporcionalmente. A equação que se segue tem sido utilizada no calculo da
porosidade.

h = 2  cos /r  g
Onde:
h = altura de ascensão da água
 = tensão superficial da água
 = ângulo de contato da água e as paredes do
capilar r = raio do tubo capilar
 = densidade da água
g = aceleração da gravidade
Assumindo constantes alguns parâmetros da equação acima a mesma
pode ser reescrita da seguinte maneira:
h = 0,3/d
Onde:
h = altura de ascensão da água (cm)
d = diâmetro do poro (cm)
Com base na formula é possível verificar que ao se submeter amostra
indeformada de solo a uma altura de sucção de 60 cm são esvaziados poros
com diâmetro

19
superior a 0,005 cm, ou seja poros maiores que 50 μm, ou macroporos, ficando
retido água nos poros menores que 50 μm, ou seja nos microporos.
O estudo da distribuição de poros por tamanho tem sido muito utilizado
particularmente nas pesquisas que buscam avaliar a qualidade estrutural de solos
submetidos ao manejo. Desta forma, Silva (2017) estudando as alterações na
distribuição dos poros nas camadas de 0,0-0,20 m; 0,20-0,40 m e 0,40-0,60 m de
um Cambissolo após cinco anos sob manejo conservacionista, e comparando-o
com a condição natural do solo, encontraram os resultados registrados na tabela
abaixo:
No estudo da autora verifica-se que o conhecimento da distribuição de
poros por tamanho foi muito útil por permitir a afirmação de que o manejo alterou
a estrutura nas camadas 0,0-0,20 m e 0,20-0,40 m daquele Cambissolo, por
incrementar enormemente a criação de macroporos (> 49 μm), particularmente
os macroporos grandes ((> 145 μm), em detrimento da diminuição do volume de
microporos (< 0,2 μm), servindo como indicativo de que o manejo foi muito
benéfico, visto que os primeiros são poros efetivos na rápida drenagem interna
do solo.

20
21
Diâmetro de poros
Uso do solo >145 145-73 73.43-49 49-29
0,0-0,20 m
Sistema de Manejo 0,210 Aa 0,033 Aa 0,016 Ba 0,017 Ab
Cerrado 0,069Ab 0,033 Aa 0,018 Aa 0,020 Aa
0,20-0,40 m
Sistema de Manejo 0,192 Aa 0,039 Aa 0,018 Aa 0,019 Aa
Cerrado 0,050 Ab 0,027 Bb 0,015 Bb 0,017 Aa
0,40-0,60 m
Sistema de Manejo 0,056 Aa 0,025 Ba 0,014 Ba 0,016 Aa
Cerrado 0,043 Aa 0,025 Ba 0,015 Ba 0,018 Aa

22
1.3.4. Porosidade Livre de Água (Poros Bloqueados)

Os poros bloqueados são macroporos que não receberam água durante a


saturação, devido a obstrução que não deixaram a água passar. Assim, os poros
bloqueados podem ser determinados matematicamente através da seguinte
expressão:
Poros Bloqueados = VTP calculado - VTP determinado
Onde:
VTP calculado = [1 - (Ds/Dp)] x 100
VTP determinado = Umidade de saturação x Ds

1.4. UMIDADE DO SOLO

A umidade do solo pode ser expressa na base de peso ou na base de volume.

1.4.1. Umidade na Base de Peso ou Umidade Gravimétrica

A umidade na base de peso ou umidade gravimétrica é expressa pela


relação entre a massa de água e a massa do solo seco. Assim pode-se escrever:
U = (Ma/Ms) x 100
Onde:
U = umidade na base de peso ou umidade gravimétrica (% ou g/g)
Ma= massa de água (g)
Ms = massa do solo seco (g)

1.4.2. Umidade na Base de Volume

A umidade na base de volume é expressa pela relação entre a massa de


água e o volume total da amostra. Assim pode-se escrever:
 = (Ma/V) x 100
Onde:
 = umidade na base de volume (% ou cm3/cm3)
Ma= massa de água (g)

23
V = volume total da amostra (cm3)
Uma outra maneira de se expressar a umidade na base volume é
apresentada a seguir:

 = U x Ds
Onde:
 = umidade na base de volume (% ou cm3/cm3)
U = umidade na base de peso ou umidade gravimétrica
(%) Ds = Densidade do solo (g cm-3)

1.5. GRAU DE SATURAÇÃO

O grau de saturação é expresso pela relação entre o volume de água e o


volume vazios. Assim pode-se escrever:
S = (Va/Vv) x 100
Onde:
S = grau de saturação (%)
Va= volume de água (cm3)
Vv = volume de vazios (cm3)

1.6. ÍNDICE DE VAZIOS

O índice de vazios é expresso pela relação entre o volume de vazios e


volume de sólidos. Assim pode-se escrever:
e = (Vv/Vs) x 100
Onde:
e = índice de vazios (%)
Vv = volume de vazios (cm3)
Vs = volume de sólidos (cm3)

24
1.7. DENSIDADE TOTAL

A densidade total é expressa pela relação entre a massa total e o volume


total. Assim pode-se escrever:
D = (M/V) x 100
Onde:
D = densidade total (g cm-3)
M = massa total (g)
V = volume total (cm3)

1.8. EXERCÍCIOS

1) Provar as seguintes equações:


a) e = n/(1 - n) b) n = e/(1 + e)
c)  = S n d) n = 1 - (Ds/Dp)
e) Ds = (1 - n).Dp f)  = (U Ds)/Da
g) U = ( Da)/Ds

2) Interprete os seguintes resultados: umidade gravimétrica igual a 5% e


umidade volumétrica igual a 5%.
3) Calcular a quantidade de água que deve-se adicionar a 100 g de solo a 5%
de umidade gravimétrica para elevar a umidade para 20% em peso.
Considere a densidade da água igual a 1 g cm-3.

4) Coletou-se 3 cm3 de solo no campo, cujas características são: Vs = 1,5 cm 3,


Ms = 3,9 g, Ma= 0,78 g, Mar = 0. Calcular: n, Ds, Dp, U,  e S.

5) Dado: D = 1,76 Mg m-3, U = 10%, V = 1 m3, Dp = 2,70 Mg m-3


Calcular: Ds, e, n, S, Dsaturada.

25
CAPÍTULO 2 - TEXTURA DO SOLO

A textura é uma importante característica do solo, dada a sua estreita


relação com a fixação de fósforo, retenção de água e troca catiônica. Resultados
de análises texturais são fundamentais na caracterização de perfis de solos para
uso em levantamentos e classificação, o que sugere a necessidade de sua
inclusão também nas análises de rotina dos laboratórios de solos.
Tendo em vista o avanço da fronteira agrícola brasileira na direção dos
cerrados, onde recomendações de calagem, fosfatagem e mesmo gessagem têm sido
feitas com base nos percentuais de argila, a demanda por resultados de análise
textural tem aumentado muito.
A textura do solo representa a distribuição quantitativa das partículas
individuais do solo quanto ao tamanho. Portanto, para estudar a textura do solo
há necessidade de se adotar um determinado sistema de classificação
granulométrica. Infelizmente não existe um sistema de classificação
granulométrica universalmente aceito para classificar as partículas do solo
quanto ao tamanho. Os principais sistemas de classificação são:
- USDA (U. S. Department of Agriculture)
- ISSS (Int. Soil Science Society)
- USPRA (U. S. Public Roads Administration)
- BSI (British Standards Institute)
- MIT (Massachusetts Institute of Technology)
- DIN (German Standards)
No Brasil os sistemas de classificação granulométrica mais utilizados são
o USDA (classificação americana) e o ISSS (classificação internacional também
conhecida como classificação de Atterberg). Estes sistemas estão apresentados
no quadro abaixo:
Frações USDA (Americana) ISSS (Atterberg)

26
---------------------Diâmetro (mm)--------------------
-
Areia Muito Grossa 2–1 --------
Areia Grossa 1 - 0,5 2 - 0,2
Areia Média 0,5 - 0,25 --------
Areia Fina 0,25 - 0,10 0,2 - 0,02
Areia Muito Fina 0,10 - 0,05 ---------
Silte 0,05 - 0,002 0,02 - 0,002
Argila < 0,002 < 0,002
2.1. CARACTERIZAÇÃO DA AREIA, SILTE e ARGILA

A caracterização das frações areia, silte e argila de acordo com Ferreira


(1993), é a seguinte:

2.1.1. Fração Areia

A fração areia é solta, com grãos simples (não forma agregados), não
plástica, não pode ser deformada, não pegajosa, não higroscópica, predominam
poros grandes na massa, não coesa, pequena superfície específica, capacidade de
troca de cátions praticamente ausente.

2.1.2. Fração Silte

A fração silte é sedosa ao tato, apresenta ligeira coesão quando seco,


poros de tamanho intermediário, ligeira ou baixa higroscopicidade, superfície
específica com valor intermediário, capacidade de troca iônica baixa.

2.1.3. Fração Argila

A fração argila é plástica e pegajosa quando úmida, dura e muito coesa


quando seca, alta higroscopicidade, elevada superfície específica, alta CTC,
poros muito pequenos, contração e expansão, forma agregados com outras
partículas.
A fração que mais influencia o comportamento físico do solo é a argila.
A superfície da argila é carregada negativamente. Estas cargas negativas são
neutralizadas por uma nuvem de cátions. As cargas da superfície da partícula mais

27
os cátions neutralizantes formam a dupla camada elétrica. A nuvem de cátions
consiste de uma camada mais ou menos fixa na proximidade da superfície da
partícula chamada camada de Stern, e uma parte difusa estendendo-se até uma
certa distância da superfície da partícula, como ilustrado na figura abaixo.
Concentração iônica

íons +

no
íons -
Distância da superfície da partícula
Onde no é a concentração da solução fora da dupla camada
A atração de um cátion a uma micela da argila carregada
negativamente geralmente aumenta com o aumento da valência do cátion.
Assim, cátions monovalentes são mais facilmente repelidos do que os cátions
di ou trivalentes. Os cátions altamente hidratados tendem a ficar mais longe da
superfície da partícula e, portanto, mais facilmente trocados do que os cátions
menos hidratados. Portanto, os cátions di ou trivalentes formam uma dupla
camada fina causando floculação, enquanto que os cátions monovalentes
formam uma dupla camada espessa causando dispersão. Assim, dependendo
do estado de hidratação e do cátion trocável as partículas de argila podem
flocular ou ficar na forma dispersa. A dispersão geralmente ocorre com os
cátions monovalentes e altamente hidratados (ex. sódio), enquanto que a
floculação ocorre com os cátions di ou trivalentes (ex. Al3+, Ca2+).
A ordem de preferência da troca de cátion nas reações geralmente é a
seguinte (Jenny, 1932; 1938):

28
Al3+ > Ca2+ > Mg2+ > K+ > Na+ > Li+

2.2. DETERMINAÇÃO DA TEXTURA DO SOLO

A textura do solo pode ser determinada de dois modos (Ferreira, 1993)

2.2.1. Teste de Campo

O teste de campo utiliza-se da sensibilidade ao tato para identificar as


frações do solo. Assim, a areia apresenta aspereza, o silte é sedoso e a argila
apresenta plasticidade e pegajosidade.

2.2.2. Análise Textural ou Mecânica ou Granulométrica

A análise Textural é realizada no laboratório e, de um modo geral,


consiste de 3 fases: o pré-tratamento, a dispersão e a separação das frações do
solo.

2.2.2.1. Pré-Tratamento

O pré-tratamento tem por finalidade eliminar os agentes cimentantes, os


íons floculantes e os sais solúveis, que podem afetar a dispersão e a estabilidade
da suspensão. São exemplos de pré-tratamento:
a) Remoção da matéria orgânica (para teores maiores do que 5%): através da
oxidação com água oxigenada (H2O2);
b) Remoção de carbonatos: através da utilização de ácido clorídrico diluído;
c) Remoção de óxido de ferro e alumínio: através da utilização do ditionito-
citrato-bicarbonato de sódio. Sua utilização é questionável em solos
tropicais;
d) Remoção de sais solúveis: realizada através da diálise da amostra de solo.

2.2.2.2. Dispersão

O requisito básico para todos os métodos de análise textural é a obtenção


da dispersão das partículas do solo e sua manutenção durante toda etapa
analítica. A dispersão tem por finalidade a individualização das partículas do solo.
29
Para se obter a dispersão máxima das amostras de solo há necessidade de se
combinar o uso de

30
métodos mecânicos e químicos. Os métodos mecânicos mais usados são:
agitação suave e demorada, e agitação violenta e rápida. Já os métodos químicos
empregados utilizam o hidróxido de sódio e o hexametafosfato de sódio mais
carbonato de sódio (calgon) por serem mais facilmente encontrados no comércio
e por serem mais baratos.

2.2.2.3. Métodos mecânicos de Dispersão dos solos

A dispersão mecânica do solo usando ultra-som; atenuação de raios


gama, ou agitação lenta de amostras (26 – 30 rpm) em garrafas de Stholmann,
com adição de abrasivos, são os métodos mais eficientes. Entretanto, em virtude
da baixa produtividade e, ou do custo de equipamento, esses métodos têm se
restringido a trabalhos de pesquisas (Oliveira et al., 2002).
Dessa forma, os laboratórios de rotina tradicionalmente utilizam a
agitação rápida como forma de dispersão mecânica, lançando mão de agitadores
do tipo coqueteleira de alta rotação (10.000 a 12.000 rpm), numa operação com
tempo variável entre 5 e 20 minutos. Esse tipo de agitação, apesar de apresentar
menor dispersão quando comparado à agitação lenta, ultra-som ou atenuação de
raios gama, vem sendo aceito no Brasil para a realização de análises rotineiras.
Entretanto, particularmente para a principal ordem de solos encontrada
no Brasil (Latossolos, particularmente os mais argilosos e mais intemperizados)
esse tipo de equipamento não tem apresentado a eficiência desejada, devido à
forte agregação das partículas. Por causa disso o resultado de percentual de
argila disponibilizados para o produtor tem sido subestimados, o que estaria
levando a tomadas de decisões errôneas no calculo de calagem, gessagem e
fosfatagem, por exemplo. Assim, um método de análise textural que contemple
eficiência de dispersão e aumento de produtividade constitui-se numa solução
para esse problema.

31
No ano de 2002 professores de física do solo da Universidade Federal de
Lavras (UFLA), Universidade Federal de Goias (UFG), Universidade Federal da
Grande Dourados (UFGD) e um pesquisador da Embrapa Cerrados (CPAC), se
uniram e formularam uma proposta de uso de um agitador horizontal de
movimento elicoidal, que também tem como outro diferencial em relação ao
agitador tipo coqueteleira usado na rotina dos laboratórios, a inclusão na
suspensão solo-água de agentes abrasivos objetivando uma melhor dispersão de
amostras de Latossolos dos cerrados brasileiros, (Oliveira et al., 2002). Os
resultados dos teores de argila provenientes da dispersão pelo método do
agitador horizontal após 3 horas de agitação foram muito próximos aos obtidos
pelo método do Ultra-som, e por trabalhar com 110 recipientes em cada operação
o rendimento diário do laboratório aumentou substancialmente. O problema desta
metodologia é a necessidade de retirada dos abrasivos no final da operação, o
que onera a rotina.
Atualmente a indústria brasileira tem disponibilizado um agitador de
movimento helicoidal, o que melhorou substancialmente o rendimento nos
laboratórios, trazendo ainda como vantagem a diminuição no nível de ruído que
é um outro agravante no método das coqueteleira.

2.2.2.3. Separação das Frações

Esta fase consiste em separar as frações constituintes da parte sólida do


solo. As frações grosseiras (Areias) são separadas através do peneiramento,
enquanto as frações mais finas (silte e a argila) são separadas através da
sedimentação.

2.3. CÁLCULO DO TEMPO DE SEDIMENTAÇÃO

O cálculo do tempo de sedimentação é feito utilizando-se a Lei de Stokes


(1951). Esta lei é apresentada a seguir:
v = 2/9 . [(Dp - Df) . g . r2]/
mas d = v . t
32
logo a equação acima pode ser escrita como segue:
t = (9 . h . )/[2 . (Dp - Df) . g . r2]
Onde:
t = tempo de sedimentação (seg)
h = profundidade de coleta na proveta (cm)
 = viscosidade da água (poise)
Dp = densidade de partículas (g cm-3)
Df = densidade da água (g cm-3)
g = aceleração da gravidade (cm seg-2)
r = raio da partícula (cm)
Para se usar a Lei de Stokes é necessário “aceitar” algumas condições
assumidas pela mesma:
a) As partículas são suficientemente grandes para não serem afetadas pelos
movimentos térmicos (movimentos Brownianos) das moléculas do fluido;
b) As partículas são rígidas, esféricas e lisas;
c) Todas as partículas possuem a mesma densidade;
d) A suspensão é suficientemente diluída, de tal modo, que não ocorre
interferência de uma com a outra e cada partícula sedimenta
independentemente;
e) O fluxo ao redor das partículas é laminar.

2.4. MÉTODOS DE ANÁLISE TEXTURAL

A análise textural pode ser feita utilizando-se dois métodos: o método da


pipeta e o método Bouyoucos (hidrômetro).
O método da pipeta baseia-se em coletar uma alíquota da suspensão da
qual foi previamente separado as areias e determina-se, então, através de
pesagem do material seco, a porcentagem de argila contida na amostra de solo.
O silte, por sua vez, será determinado por diferença.

33
Já o método do hidrômetro baseia-se na determinação da concentração
da argila de uma suspensão da qual foi previamente separado as areias. O silte,
por sua vez, será determinado por diferença. Maiores detalhes destas duas
análises serão dados em aula prática.

2.5. CURVA GRANULOMÉTRICA

É a representação gráfica da distribuição das partículas do solo por


tamanho. No eixo X plota-se o diâmetro das partículas em milímetro, no eixo Y
plota-se a porcentagem acumulada retida e no eixo Y secundário plota-se a
porcentagem que passa. No eixo X usa-se uma escala logarítmica enquanto nos
eixos Y usa-se a escala natural (figura abaixo).

100 0

80 uniform 20
% que passa

% retida
60 40

40 60
bem graduado
20 80

0 100
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro dos grãos (mm)

A forma de apresentação da curva granulométrica em escala semi-


logarítmica é conveniente do ponto que solos com mesmo grau de uniformidade,
terão curvas aproximadamente paralelas

2.5.1. Coeficiente de Uniformidade (Cu)

O coeficiente de uniformidade é definido pela expressão:


Cu = D60/D10
Onde:
D60 = diâmetro das partículas correspondente a 60% passando

34
D10 = diâmetro das partículas correspondente a 10% passando
O coeficiente de uniformidade do solo informa o tipo de curva
granulométrica do mesmo. Assim, solos com Cu < 5 possuem granulometria
muito uniforme, enquanto solos com 5 < Cu < 15 possuem granulometria com
uniformidade média e solos com Cu > 15 possuem granulometria desuniforme.

2.5.2. Superfície Específica ( am, av, ab)

A superfície específica é definida como sendo a razão entre a área


superficial total das partículas do solo por unidade de massa das partículas (am),
ou por unidade de volume das partículas (av), ou por unidade do volume total do
solo (ab). Assim podemos escrever:
am = As/Ms
Unidades : cm2/g ou m2/g ou m2/kg
av = As/Vs
Unidades: cm2/cm3 = 1/cm

ab = As/V
Unidades: cm2/cm3 = 1/cm
Onde:
As = área superficial total das partículas do solo (cm2)
Ms = massa das partículas do solo (g ou kg)
V = volume total do solo (cm3)

A superfície específica do solo depende do tamanho e forma das


partículas. Portanto, partículas em forma de lâmina expõem maior área por
volume ou por massa do que partículas equidimensionais (ex. cúbico ou
esférico). Assim, as argilas têm grande influência no valor da superfície
específica dos solos.

35
A superfície específica do solo correlaciona-se com a CTC, retenção e
liberação de elementos químicos (nutrientes e poluentes), expansão, retenção de
água, plasticidade, coesão, resistência, etc.

36
2.5.2.1. Outras Relações que podem ser usadas para calcular a Superfície
Específica

2.5.2.1.1. Para uma esfera de diâmetro d:

av = 6/d
am = 6/Dp . d

2.5.2.1.2. Para um cubo de aresta L:

av = 6/L
am = 6/Dp . L

2.5.2.1.3. Conhecendo-se a distribuição das partículas do solo que possuem


dimensões iguais, como os grãos de Areia e Silte

am = (6/Dp)  (ci/di)
Onde:
ci = massa da partícula (forma decimal)
di = diâmetro médio da partícula (cm)

2.5.2.1.4. Para uma partícula na forma de placas onde a espessura (l) é


desprezível quando comparada com a dimensão principal (L), como no caso
da argila

am = 2/Dp . l
considerando Dp = 2,65 g cm-3, vem:
am = 0,75/l
Unidades: cm2/g
Observação:
1 Å = 10-8 cm
50 m = 0,050 mm

37
2.6. EXERCÍCIOS

1) Calcule a superfície específica de:


a) Uma bola de futebol profissional
b) Uma bola de ping-pong
c) Uma partícula esférica de diâmetro 50 m
d) Uma partícula de caulinita com espessura aproximada de 400 Å
e) Uma partícula de montmorilonita com espessura aproximada de 10 Å
f) Uma partícula de ilita com espessura aproximada de 50 Å
2) Estimar aproximadamente a superfície específica de um solo composto por
20% de areia grossa, 20% de areia fina, 20% de silte, 10% de caulinita, 15%
de ilita e 15% de montmorilonita.
3) Usando a Lei de Stokes, calcule o tempo necessário para:
a) Todas as partículas com diâmetro > 50 m sedimentar a uma
profundidade de 20 cm em um meio aquoso a 30 ºC.
b) Todas as partículas de silte sedimentarem nas mesmas condições
acima.
c) Todas as partículas com diâmetro > 1 m nas mesmas condições
acima.

38
CAPÍTULO 3 - ESTRUTURA DO SOLO

A estrutura do solo é determinada pelo arranjo, orientação e organização


de partículas de diferentes composições químicas, tamanhos e formas que,
quando agregadas, determinam a porosidade do solo (Hillel, 1998; Reichardt,
2008). Em geral, a estrutura dos solos pode ser categorizada em 3 tipos: grãos
simples, maciça e agregada.
A estrutura do solo do tipo agregada é classificada levando em
consideração o tipo (blocos, prismática, esferoidal ou granular e laminar), a
classe (pequena, média e grande) e o grau, o qual é variável com a umidade do
solo. O grau de estrutura é a força de união entre as unidades estruturais e é
muito importante do ponto de vista de manejo, podendo ser alterado por este.

3.1. DESENVOLVIMENTO DA ESTRUTURA DO SOLO

O pré-requisito para a agregação é que a argila esteja floculada. De


acordo com Bradfield (1936), agregação é igual a floculação associado a algo
mais. Este algo mais é igual à cimentação.
Os agregados quanto ao tamanho podem ser classificados em
macroagregado (diâmetro > 1 mm) e em microagregado (diâmetro < 1 mm). A
forma e/ou degradação dos agregados do solo depende das inter-relações dos
fatores físicos, químicos e biológicos.

39
3.2. FATORES QUE AFETAM A FORMAÇÃO DE AGREGADOS

3.2.1. Cátions

Os cátions alteram a espessura da dupla camada iônica causando


floculação ou dispersão. Exemplo: Ca, Mg, óxido de ferro e alumínio

3.2.2. Matéria orgânica

A matéria orgânica atua na agregação do solo como um agente


cimentante. Devido a matéria orgânica ser susceptível à decomposição pelos
microorganismos, a mesma deve ser reposta continuamente para que se
mantenha a estabilidade dos agregados ao longo do tempo (Hillel, 1982).

3.2.3. Sistema de cultura e sistema radicular

A influência do sistema de cultivo na agregação é função do sistema


radicular, densidade e continuidade da cobertura, modo e freqüência do cultivo e
tráfego. As raízes, além de serem responsáveis pela absorção de água e pela
sustentação da planta, são parte essencial nos processos de formação e
estabilização dos agregados do solo permitidos pelos mecanismos físicos e
químicos gerados com seu desenvolvimento (Salton et al., 2008).
As raízes exercem pressões que comprimem os agregados separando dos
agregados adjacentes. A absorção de água pelas raízes causa desidratação
diferencial, contração e abertura de numerosas trincas pequenas. Os produtos de
exudação das raízes aliados à morte contínua das raízes, particularmente do
pêlos radiculares, promovem a atividade biológica, a qual resulta na produção de
cimentos húmicos.
As condições de umidade na hora do cultivo têm grande influência na
estabilidade dos agregados. O preparo do solo com alta umidade pode causar
compactação, enquanto que o preparo do solo quando seco pode causar

40
pulverização. Portanto, para se preservar os agregados, aconselha-se que o preparo
do solo seja feito na zona de friabilidade do solo.

3.2.4. Microorganismos

Os microorganismos (bactérias e fungos) do solo cimentam os agregados


através de produtos excretados. Dentre os produtos excretados pode-se citar:
polissacarídeos, hemiceluloses ou uronides, levans, etc.

3.3. FATORES DESTRUTIVOS DOS AGREGADOS

Dentre os fatores destrutivos dos agregados pode-se citar:


a) Impacto das gotas de chuva que pode causar desagregação e erosão;
b) Preparo excessivo do solo que pode causar compactação e pulverização do
solo;
c) Aumento da concentração de Na+ relativo a Ca++ e Mg++ causando dispersão;
d) Temperatura que pose causar oxidação da matéria orgânica.

3.4. IMPORTÂNCIA DA ESTRUTURA

A estrutura do solo é de fundamental importância pois regula processos


como:
a) Aeração;
b) Armazenamento e circulação de água;
c) Penetração de raízes;
d) Disponibilidade de nutrientes;
e) Atividades macro e micro biológicas;
f) Temperatura do solo.

3.5. AVALIAÇÃO DA ESTRUTURA

A estrutura do solo pode ser avaliada indiretamente através da


determinação de algumas propriedades físicas do solo tais como:
a) Densidade do solo;

41
b) Porosidade total;
c) Distribuição de poros por tamanho;
d) Condutividade hidráulica do solo saturado;
e) Estabilidade de agregados;
f) Pressão de preconsolidação.
Baseado nestas propriedades, Ferreira (1988) fez as seguintes observações
constantes na tabela abaixo.

Latossolo Ds % Ks DMG
Macroporos
% Caulinita    

% Gibbisita     

Tais resultados foram justificados pelo pesquisador baseado em:


a) A avaliação micromorfológica da estrutura dos Latossolos cauliníticos
revelou que a distribuição dos grãos de quartzo em relação ao plasma é
eminentemente porfirogrânica, isto é, os grãos estão envoltos num plasma
denso, contínuo, com pouca tendência ao desenvolvimento de
microestrutura, implicando no surgimento de estrutura em blocos;
b) A avaliação micromorfológica da estrutura dos Latossolos gibbisíticos
revelou que a distribuição dos grãos de quartzo em relação ao plasma segue
o padrão "agglutinic", isto é, apresenta desenvolvimento de microestrutura
com predomínio de poros de empacotamento composto, implicando no
surgimento de estrutura do tipo granular.

3.6. CARACTERIZAÇÃO DA ESTRUTURA DO SOLO

A estrutura do solo pode ser estudada usando os seguintes métodos:

42
3.6.1. Métodos Diretos

Nos métodos diretos a caracterização da estrutura do solo pode ser feita


no campo (morfologia) ou em laboratório através da microscopia.

3.6.2. Métodos Indiretos

Em laboratórios de pesquisas a medição da estabilidade dos


agregados de um solo visa reproduzir mecanismos que provocam a destruição de
sua estrutura pela avaliação do grau de resistência dos agregados. Existem pelo
menos quatro mecanismos responsáveis pela desagregação de agregados: 1-
processos de hidratação: Em que a quebra ocorreria pela compressão do ar
dentro do agregado devido à entrada repentina de água; 2- desagregação por
impacto de chuva; 3- microfissuras durante os ciclos de molhagem e
secagem; 4- Dispersão por processos físico-químicos (Le Bissonnais, 1996;
Amezketa, 1999). Assim, existem diferentes métodos para medir a estabilidade
de agregada de um solo e desta forma indiretamente caracterizar a estrutura
dependendo do objetivo da análise.

3.6.2.1. Peneiramento dos agregados secos

Esta análise permite inferir sobre os efeitos da erosão eólica na estrutura do


solo.

3.6.2.2. Peneiramento dos agregados imersos em água

Esta análise permite inferir sobre os efeitos da erosão hídrica na estrutura do


solo.

O procedimento para realização destas duas análises consiste basicamente


em passar os agregados previamente homogeneizados, quanto ao tamanho, em
um conjunto de peneiras de diâmetros 2; 1; 0,5; 0,25; e 0,10 mm, imersas ou não
em água.

43
3.6.2.3. Ultrassonificação de agregados

Segundo Silva et al. (2016) os resultados da determinação da estabilidade


dos agregados em água são por vezes contrastantes, não permitindo uma
definição do nível de energia ou da força envolvida nesta análise, assim, a nível
de pesquisas nos últimos anos as técnicas de ultrassonificação vêm sendo usadas
objetivando a melhor compreensão dos fenômenos que envolvem a formação
dos agregados nos solos, por permitirem a mensuração da energia necessária
para a quebra do agregado e sua relação com os agentes de ligação, além de
possibilitar a avaliação da existência de hierarquia de agregados e da influência
do manejo do solo na agregação.

3.7. ÍNDICES ALTERNATIVOS PARA EXPRESSAR A DISTRIBUIÇÃO


DOS AGREGADOS POR TAMANHO

3.7.1. Diâmetro Médio Geométrico (DMG)

O diâmetro médio geométrico pode ser calculado pelas seguintes


expressões:
DMG = 10X
X = [ (n log d)/n]
ou
DMG = eY
Y = [ (n ln d)/n]
Onde:
n = % dos agregados retidos em uma determinada peneira
d = diâmetro médio de uma determinada faixa de tamanho do agregado
(mm)

44
3.7.2. Diâmetro Médio em Peso (DMP)

O diâmetro médio em Peso pode ser calculado pela seguinte expressão:


n
DMP =  ni di
i=1

Onde:
ni = % dos agregados retidos em uma determinada peneira (forma decimal)
di = diâmetro médio de uma determinada faixa de tamanho do agregado (mm)

3.7.3. Porcentagem de Agregados Estáveis (PAE)

A porcentagem de agregados estáveis pode ser calculada pela seguinte


expressão:
(Peso total seco dos agregados + areias) - (Peso total seco da areia)
PAE =
(Peso total seco da amostra) - (Peso total seco da areia)

O peso da areia retido é obtido através da agitação mecânica do material


retido em cada peneira com um dispersante químico. A seguir lava-se o material
disperso na peneira na qual o material ficou retido.

45
3.8. EXERCÍCIOS

1) Explicar detalhadamente como os fatores físicos, químicos e biológicos


afetam a formação e/ou degradação dos agregados.
2) Calcular o diâmetro médio em peso e o diâmetro médio geométrico para a
seguinte condição:

Classe de
tamanho de Peneiramento Seco Peneiramento Úmido
agregado (mm)
Solo Solo Solo Solo
Virgem Cultivado Virgem Cultivado
0 - 0,5 10% 25% 30% 50%
0,5 – 1 10% 25% 15% 25%
1–2 15% 15% 15% 15%
2–5 15% 15% 15% 5%
5 – 10 20% 10% 15% 4%
10 - 20 20% 7% 5% 1%
20 - 50 10% 3% 5% 0%

Discutir os resultados.

46
CAPÍTULO 4 - CONSISTÊNCIA DO SOLO

A consistência do solo pode ser definida como sendo a manifestação das


forças de coesão e adesão que se verificam no solo em função da variação da
umidade do solo. A força de coesão ocorre entre os corpos de mesma natureza,
como por exemplo, a força que ocorre entre as partículas do solo, enquanto que
a adesão ocorre entre corpos de diferentes naturezas, como por exemplo, a força
que ocorre entre as partículas do solo e as moléculas da água.
Com a crescente utilização de máquinas agrícolas, quer no preparo do
solo ou na realização de tratos culturais ou até mesmo na realização da colheita,
foi induzido, consequentemente, uma maior incidência de tráfego nas áreas
cultivadas. Além disso, este tráfego é feito muitas das vezes sem o menor
controle da umidade do solo, a qual, entre outros parâmetros, é um dos
principais condicionadores da capacidade suporte de carga dos solos. Portanto,
modificações na consistência do solo devido à variação na umidade afetará
diretamente a resistência do solo ao preparo, bem como sua capacidade suporte
de carga e sua resistência à compressão. Assim, o manejo adequado da umidade é
de fundamental importância para se evitar a compactação dos solos agrícolas.
Finalmente, espera-se que o conhecimento dos limites de consistência do solo
poderá ser de grande valia na tomada de decisões de quando determinadas
operações agrícolas devam ou não serem realizadas.
A mudança na consistência do solo pode ser exemplificada como segue:
se em um solo extremamente seco, portanto não moldável plasticamente,
adicionarmos progressivamente pequenas quantidades de água, o solo tornará
cada vez mais dócil à deformação. A partir de uma determinada umidade U1 o
solo se tornará friável. Continuando a adicionar água, o mesmo solo atingirá uma
umidade U2, a partir da qual o mesmo será plástico, permitindo ser moldado.
Continuando a adicionar mais água, o mesmo solo vai se tornando cada vez mais
mole até que, ao atingir a umidade U3, passará a atuar como um líquido viscoso
(Figura abaixo).
47
Est. Semi-
Est. sólido U1 U2 Est. plástico U3 Est. líquido
sólido

LC LP LL
Friabilidade Plasticidade Viscosidade

A região de friabilidade é a região adequada para o preparo do solo,


entretanto a susceptibilidade do solo à compactação é grande na região de
plasticidade devido a sua baixa resistência à compressão e, consequentemente,
baixa capacidade suporte de carga.
A passagem de um estado de consistência para outro é gradual. A
umidade que separa o estado líquido do plástico denomina-se limite de liquidez
(LL), sendo os limites de plasticidade (LP) e de contração (LC) as umidades
separadoras dos estados plástico do semi-sólido e do semi-sólido do sólido,
respectivamente. Assim, os limites de Atterberg representam as mínimas
umidades necessárias para que o solo se encontre em um dos seus estados.
O intervalo de umidade no qual o solo se encontra no estado plástico é
denominado de índice de plasticidade (IP). Assim.
IP = LL - LP
A consistência de um solo no seu estado natural, com a umidade U, pode
ser expressa pelo seu índice de consistência (IC), dado pela seguinte expressão:
IC = (LL - U)/IP
Os fatores que afetam a consistência do solo são: umidade, textura do
solo, tipo de argila, matéria orgânica, estrutura e tipo de cátion.

4.1. AVALIAÇÃO DA CONSISTÊNCIA

O limite de liquidez é determinado usando-se o aparelho de Casagrande.


Este limite é igual a umidade correspondente a 25 golpes do aparelho de
Casagrande.

48
O limite de plasticidade é determinado pela confecção de um cilindro de
3 mm de diâmetro e 10 cm de comprimento. Quando o cilindro, assim formado,
começa a apresentar fissuras, interrompe-se o ensaio e determina-se a umidade
do solo do cilindro. Repete-se a operação algumas vezes (mínimo de 3) e obtém-
se o valor médio da umidade, o qual será o limite de plasticidade do solo.
O limite de contração é obtido mediante a determinação da massa e do
volume de uma amostra seca em estufa (105 - 100 C). Este limite representa a
umidade abaixo da qual a maior parte dos solos não apresentam redução de
volume.

49
CAPÍTULO 5 - O PROCESSO DE COMPACTAÇÃO DO SOLO

O termo compactação do solo refere-se à compressão do solo não


saturado durante a qual existe um aumento da densidade do solo em
conseqüência da redução do seu volume (Gupta e Allmaras, 1987; Gupta et al.,
1989), devido à expulsão de ar dos poros do solo. Quando o fenômeno de
redução de volume ocorre com a expulsão de água dos poros do solo este
fenômeno passa a se chamar adensamento. Em ambos os casos esta redução de
volume ocorre devido ao manejo inadequado do solo. Entretanto, quando a
redução de volume ocorre devido a processos pedogenéticos este fenômeno
denomina-se adensamento. Como exemplo de camada adensada pode-se citar: B t,
fragipans, duripans, crosta laterítica, etc.
A curva de compressão do solo tem sido utilizada para simular estas
reduções de volume do solo (Larson et al., 1980; Larson e Gupta, 1980; Bailey
et al., 1984; Bailey et al., 1985; Bailey et al., 1986; Bailey e Johnson, 1989;
Bingner e Wells, 1992; O'Sullivan, 1992; MacNabb e Boersma, 1993; Dias
Junior, 1994). Esta curva representa graficamente a relação entre o logaritmo da
pressão aplicada e algum parâmetro relacionado com o estado de empacotamento
do solo, mais freqüentemente, o índice de vazios ou a densidade do solo
(Casagrande, 1936; Leonards, 1962; Holtz e Kovacs, 1981). Quando o solo não
sofreu nenhuma pressão prévia, esta relação é linear e a aplicação de qualquer
pressão resultará em deformações não recuperáveis (Larson et al., 1980; Larson e
Gupta, 1980; Culley e Larson, 1987; Gupta e Allmaras, 1987; Lebert e Horn,
1991), causando, portanto, compactação adicional do solo (Dias Junior, 1994).
Entretanto, quando o solo já experimentou pressões prévias e/ou ressecamento, a
variação das pressões atuando sobre o solo resultará em alguma deformação, a
qual poderá ser relativamente pequena e recuperável (não causando
compactação adicional) ou não recuperável, causando compactação adicional
(Stone e Larson, 1980; Gupta et al., 1989; Lebert e Horn, 1991; Dias Junior,

50
1994). Assim, um aumento da densidade do solo em

51
conseqüência de uma redução no seu volume pode ou não causar compactação
adicional. Portanto, para se ter uma agricultura sustentável é importante conhecer
os níveis de pressões que o solo suportou no passado e/ou a umidade do solo no
momento das operações agrícolas, para que a compactação adicional seja
evitada. Através destes conceitos espera-se explicar os efeitos benéficos
(Smucker e Erickson, 1989; Raghavan e Mckyes, 1983) e adversos (Parish,
1971; Gupta e Allmaras, 1987; Raghavan et al., 1990) da compactação do solo.
Pesquisadores têm demonstrado claramente o efeito da compactação nas
propriedades físicas do solo (Barnes et al., 1971; Gupta et al., 1985; Larson et
al., 1989; Soane e van Ouwerkerk, 1994). A compactação aumenta a densidade
do solo e a sua resistência mecânica (Grohmann e Queiroz Neto, 1966; Trouse,
1971; Taylor, 1971; Hillel, 1982; Moraes, 1984; Rosa Junior, 1984; Schultz, 1978;
Lebert, et al., 1989; Wagger e Denton, 1989; Hill e Meza-Montalvo; 1990;
Lebert e Horn, 1991) e diminui a porosidade total, tamanho e continuidade dos
poros (Warkentin, 1971; Hillel, 1982; Moraes, 1984; Smucker e Erickson,
1989). Reduções significativas ocorrem, principalmente, no volume dos
macroporos, enquanto os microporos permanecem inalterados (Hillel, 1982). A
compactação do solo pode ter efeitos benéficos ou adversos (Parish, 1971; Gupta
e Allmaras, 1987; Smucker e Erickson, 1989; Raghavan et al., 1990). Efeitos
benéficos têm sido atribuídos à melhoria do contato solo-semente (Smucker e
Erickson, 1989) e aumento da disponibilidade de água em anos secos (Camargo,
1983; Raghavan e Mckyes, 1983). Entretanto, a compactação excessiva pode
limitar a adsorsão de nutrientes, infiltração e redistribuição de água, trocas
gasosas, e o desenvolvimento do sistema radicular (Grohmann e Queiroz Neto,
1966; Moura Filho e Buol, 1972; Alvarenga et al., 1983; Oliveira et al., 1983;
Smucker e Erickson, 1989; Bicki e Siemens, 1991), causando uma diminuição
no tamanho e uniformidade das plantas o que pode resultar em decréscimo da
produção, aumento da erosão e aumento da potência necessária para o preparo
do solo (Soane, 1990).

52
A facilidade com que o solo não saturado decresce de volume quando
sujeito a pressões é chamada compressibilidade (Gupta e Allmaras, 1987). A
compressibilidade do solo é função de fatores externos e internos (Lebert e
Horn, 1991). Os fatores externos são caracterizados pelo tipo, intensidade e
freqüência da carga aplicada (Koolen e Kuispers, 1983; Horn, 1988; Horn, 1989;
Raghavan et al., 1990; Lebert e Horn, 1991), enquanto os fatores internos são
influenciados pela história de tensão (Harris, 1971; Horn, 1988; Gupta et al.,
1989; Reinert, 1990, Dias Junior, 1994), umidade do solo (Gupta et al., 1985;
Bailey et al., 1986, Dias Junior, 1994), textura do solo (Silva, 1984; Gupta et al.,
1985; Horn, 1988; McBride, 1989, Dias Junior,1994), estrutura do solo (Dexter e
Tanner, 1974; Horn, 1988), e densidade inicial do solo (Gupta et al., 1985; Culley
e Larson, 1987; Reinert, 1990, Dias Junior, 1994).
Para uma mesma condição, o fator que governa a quantidade de
deformação que poderá ocorrer no solo é a umidade (Dias Junior, 1994). Assim,
quando os solos estão mais secos, a sua capacidade de suporte de carga pode ser
suficiente para suportar as pressões aplicadas e a compactação do solo pode não
ser significativa (Trouse, 1971; Taylor, 1971; Larson e Allmaras, 1971, Dias
Junior, 1994). Entretanto, qualquer compactação é detrimental para as plantas
sob condições de alta umidade (Swan et al., 1987), o que pode causar redução na
produção (Negi et al., 1980; Carter, 1985; Gameda et al., 1985; Negi et al.,
1990; Bicki e Siemens, 1991). Em áreas que possuem uma pequena estação de
crescimento de plantas, as operações de preparo do solo são realizadas assim que
os solos são considerados trafegáveis, entretanto, sob estas condições os solos
provavelmente ainda estão muito úmidos para serem trafegados (Håkansson et
al., 1988) e este tráfego freqüentemente resultará em deformações não
recuperáveis (compactação do solo). Para tentar uma solução alternativa para
este problema, Dias Junior (1994) sugeriu um modelo de compressibilidade que
prediz a máxima

53
pressão que o solo pode suportar para diferentes umidades sem causar
compactação adicional do solo, com base na pressão de preconsolidação do solo.
A persistência da compactação do solo além da cultura atual causada
pelo trafego anterior à esta cultura tem sido relatada por vários pesquisadores
(Smith et al., 1969; Black et al., 1976, Voorhees, 1977; Voorhees et al., 1978;
Pollard e Elliot, 1978; Logsdon et al., 1992). Alguns destes estudos mostraram
que os efeitos da compactação do solo são apenas temporariamente prejudiciais,
entretanto, na maioria dos casos, pequena ou nenhuma modificação da
compactação do solo foi observada. Assim sendo, em uma agricultura
sustentável, a estimativa dos níveis de pressões a serem aplicados ao solo, através
do uso da modelagem matemática, possivelmente, seja uma alternativa viável
para minimizar os problemas da compactação dos solos.

5.1. MODELAGEM DA COMPACTAÇÃO DO SOLO

A preocupação crítica com a susceptibilidade do solo à compactação


reside na definição de quando o solo está muito úmido para ser cultivado ou
trafegado e estimar quanto de deformação ocorrerá no solo quando as pressões
aplicadas excederem a sua capacidade de suporte. Assim, um solo é considerado
úmido, em qualquer umidade, se deformações não recuperáveis ocorrerem.
Os atuais modelos de compactação do solo têm sido agrupados de
diferentes maneiras. Shafer et al. (1991) agrupou estes modelos da seguinte
maneira: a) modelos hidrostáticos (Bailey et al., 1984; Bailey et al., 1986); b)
modelos baseados na tensão desviadora (fase I) (Grisso et al., 1987); c) modelos
baseados na tensão desviadora (fase II) (Bailey e Johnson, 1989); d) modelos
baseados na tensão desviadora (fase III). Gupta et al. (1989), por sua vez,
agruparam os modelos de compactação do solo em dois grupos: a) modelos
baseados na técnica do elemento finito (Perumpral et al., 1969; Perumpral et al.,
1971; Coleman e Perumpral, 1974; Pollock et al., 1984; Raper e Erbach, 1988);
e b) modelos analíticos (Söhne, 1953;

54
Larson e Gupta, 1982; Gupta et al., 1985; Vanden Akker e Van Wijk, 1987). E
finalmente, Gupta e Raper (1994) agruparam os modelos de compactação do
solo em quatro categorias: a) modelagem das forças mecânicas provenientes de
veículos agrícolas aplicadas à superfície do solo (Söhne, 1958; Trabbic et al.,
1959; Gill e VandenBerg, 1968; Koolen e Kuipers, 1983; Burt et al., 1989); b)
modelagem das relações entre tensão e deformação do solo (Söhne, 1953;
Dexter e Tanner, 1973; Amir et al., 1976; Larson et al., 1980; Gupta e Larson,
1982; Koolen e Kuipers, 1983; Grisso et al., 1987; Bailey e Johnson; 1989); e c)
modelagem da propagação das forças no solo: c.1) modelos baseados na técnica
do elemento finito (Duncan e Chang, 1970; Perumpral et al., 1971; Pollock et
al., 1986; Chi e Kushwaha, 1989; Raper e Erbach, 1990a; Raper e Erbach,
1990b) e c.2) modelos analíticos (Boussinesq, 1885; Fröhlich, 1934; Söhne,
1953; Gupta e Larson, 1982; Van den Akker e Van Wijk, 1987). Verifica-se que
a história de tensão tem sido negligenciada na modelagem da compactação do
solo, talvez porque no desenvolvimento de alguns destes modelos foram usadas
amostras deformadas e/ou com alta umidade, o que tende a mascarar o efeito do
manejo do solo ou porque na maioria dos modelos enfoque especial tem sido
dado à reta de compressão virgem, a qual define deformações plásticas e não
recuperáveis.
Para se avaliar a susceptibilidade do solo à compactação, relações entre
propriedades físicas e mecânicas dos solos têm que ser determinadas. Um
resumo destas relações é apresentado na Tabela 1. Estas relações foram obtidas
usando amostras deformadas (Bailey e VandenBerg, 1968; Larson et al., 1980;
Larson e Gupta, 1980; Bailey et al., 1984; Bailey et al., 1985; Bailey et al., 1986;
Grisso et al., 1987; Bailey e Johnson, 1989; O'Sullivan, 1992), e amostras
indeformadas (Smith, 1985; Lebert e Horn, 1991; MacNabb e Boersma, 1993).
Também diferentes tipos de ensaios, tais como: 1) ensaio de compressão
uniaxial (Larson et al., 1980; Larson e Gupta, 1980; O'Sullivan, 1992); 2) ensaio
de compressão triaxial (Bailey e VandenBerg, 1968; Bailey et al., 1984; Bailey

55
et al., 1985; Bailey et al.,

56
1986; Grisso et al., 1987; Bailey e Johnson, 1989); e 3) ensaio de cisalhamento
direto (MacNabb e Boersma, 1993) têm sido utilizados empregando amostras
saturadas (MacNabb e Boersma, 1993) e amostras não saturadas (Bailey e
VandenBerg, 1968; Dexter e Tanner, 1973; Larson et al., 1980; Larson e Gupta,
1980; Bailey et al., 1984; Bailey et al., 1985; Bailey et al., 1986; Lebert e Horn,
1991; O'Sullivan, 1992). Desta forma, verifica-se que não existe uma padronização
da metodologia que deve ser utilizada na modelagem da compactação dos solos. A
curva de compressão do solo, entretanto, tem sido usada como base comum para
estimar a susceptibilidade do solo à compactação (Larson et al., 1980; Larson e
Gupta, 1980; Bailey et al., 1984; Bailey et al., 1985; Bailey et al., 1986; Bailey e
Johnson, 1989; Bingner e Wells, 1992; O'Sullivan, 1992; MacNabb e Boersma,
1993). Quando o solo não sofreu nenhuma pressão prévia, a curva de compressão
do solo é linear (Larson e Gupta, 1980; Larson et al., 1980; Culley e Larson, 1987;
Gupta e Allmaras, 1987; Lebert e Horn, 1991), entretanto, quando o solo já
experimentou pressões prévias ou ressecamento, a variação das pressões atuando
sobre o solo determinará a formação de duas regiões distintas na curva de
compressão do solo: a curva de compressão secundária e a reta de compressão
virgem (Stone e Larson, 1980; Gupta et al., 1989; Lebert e Horn, 1991). A curva de
compressão secundária representa os níveis de pressões experimentadas pelo solo
no passado, enquanto que a reta de compressão virgem representa os níveis de
pressões nunca experimentadas pelo solo. Entretanto, é na região da curva de
compressão secundária que o solo deve ser cultivado ou trafegado sem que
deformações não recuperáveis ocorram. É este componente da curva de
compressão do solo que reflete a história de tensão do solo e que está sendo
negligenciado na agricultura (Dias Junior, 1994).
A pressão de preconsolidação tem sido usada para indicar o ponto de
separação entre estes dois casos. Assim, a pressão de preconsolidação divide a
curva de compressão do solo em duas regiões: (a) uma região de deformações

57
pequenas, elásticas e recuperáveis (curva de compressão secundária); e (b) uma
região de deformações plásticas e não recuperáveis (reta de compressão virgem).
Portanto, na agricultura, a aplicação de pressões maiores do que a maior pressão
previamente aplicada no solo deve ser evitada (Gupta et al., 1989; Lebert e
Horn, 1991), para que deformações não recuperáveis não ocorram. Assim, a
pressão de preconsolidação deve ser a pressão máxima que deve ser aplicada ao
solo para que compactação adicional seja prevenida. Apesar de Lebert et al.
(1989) e Lebert e Horn (1991) terem estimado, através de regressão linear
múltipla, a pressão de preconsolidação usando propriedades físicas e mecânicas
dos solos e de Bailey et al. (1984); Bailey et al. (1985); Bailey et al. (1986);
Bailey e Johnson (1989) e Bingner e Wells (1992) terem modelado a curva de
compressão do solo, existem poucos modelos que estimam a pressão máxima
que o solo pode suportar sem que compactação adicional ocorra, para diferentes
umidades, com base na pressão de preconsolidação (Dias Junior, 1994). Assim,
a maioria dos modelos (Bailey e VandenBerg, 1968; Amir et al., 1976; Larson et
al., 1980; Gupta et al., 1985; Lebert e Horn, 1991; Bingner e Wells, 1992) usados
para avaliar a compactação do solo têm dado ênfase à reta de compressão virgem,
a qual define deformações plásticas e não recuperáveis e é geralmente bem
descrita para altas umidades (Larson e Gupta, 1980; Gupta et al., 1985; Gupta e
Allmaras, 1987; Horn, 1989).
Kassa (1992) mostrou que a pressão crítica na qual os agregados do solo
sofrem cisalhamento é maior do que a pressão de preconsolidação. Isso implica
que a pressão crítica na qual os agregados do solo sofrem cisalhamento está
localizada na reta de compressão virgem, onde deformações não recuperáveis
(compactação adicional) ocorrem. Portanto, é de se esperar que os modelos
baseados na pressão crítica na qual os agregados do solo sofrem cisalhamento
(Larson e Gupta, 1980) superestimam a capacidade de suporte do solo,
causando, consequentemente, compactação adicional, visto que a pressão crítica
na qual os agregados do solo sofrem cisalhamento é maior do que a pressão de

58
preconsolidação.

59
Considerando estes aspectos, Dias Junior (1994) desenvolveu um modelo
de compressibilidade que prediz a pressão máxima que o solo pode suportar para
diferentes umidades, sem causar compactação adicional, tomando como base a
pressão de preconsolidação. Este modelo fornece informações acerca de quando
um solo pode ser cultivado ou trafegado sem sofrer compactação adicional.
Entretanto, se faz necessário a geração deste modelo para as condições brasileiras
e ainda a sua validação a nível de campo.
Finalmente, acredita-se que o uso dos modelos de previsão da
compactação do solo promoverá um aumento do entendimento do processo de
compactação com conseqüente minimização deste problema. Entretanto, para se
obter um modelo dentro da realidade se fazem necessárias a correta observação,
coleta, organização, interpretação dos dados e finalmente a construção do
modelo (Yaalon, 1994) e posteriormente a sua validação a nível de campo.
Contudo, um modelo, seja ele numérico ou gráfico, é uma simplificação da
realidade, o que requer um entendimento dos processos da natureza bem como
de suas interações para evitar que o modelo gerado seja inadequado (Yaalon,
1994).

60
Tabela 1. Relações entre propriedades físicas do solo usadas para avaliar a
compactação do solo.
Referências Relações
Söhne, 195 n = m ln  + no

VandenBerg, 1966  = A + B log [oct (1 + max)]

Bailey e VandenBerg, 1968 1/b = m log  + B


1/b = A log  + B (max/m) + C
 = (m2 + max2)1/2
m = (1 + 23)/3
max = (1 - 3)/3
Dexter e Tanner, 1973 D = Do + B exp(-k) + C exp(-L)
D = (/2660)[(100-OC)/(100+)]
Colleman e Perumpral, 1974 vT = (-0.007 + 1.72 R - 15.854R2 +
96.107 R3 – 237.304 R4 + 213.301 R5)* 10-3
Bowen, 1975 n = - m log  + C
b = 2.65 (1 - n/100)
Amir et al., 1976 n = A – B ln (r + ) - C ln 
b = A + B ln (r + ) - C ln 
Larson et al., 1980 b = bk + ST(S1 - Sk) + m log (/k)
Larson e Gupta, 1980 log c = n log s
Blackwell e Soane, 1981 (b) = f()
bf = 1.166 + 0.252 ln octma
Howard et al., 1981 b = 1.19 - 0.596 OC - 0.076 LL + 0.0019 s
+ 0.0058 Fe
b = 1.93 - 0.0628 OC - 0.0063 LL
+ 0.0012 s
b = 3.27 - 0.0231 OC - 0.528 ln op
- 0.0008 s + 0.0039 Fe
Gupta e Larson, 1982 n = f(, )
leva em consideração os critérios de:
- aeração crítica;
- pressão crítica na qual os agregados
sofrem cisalhamento;
- resistência crítica à penetração de raízes.
Jones, 1983 b = 1.52 - 0.00646 Cl

61
Tabela 1 (cont.)
- para solos franco arenosos
Leeson e Campbell, 1983  = 2.25 - 0.008 
- para solos francos
 = 2.28 - 0.011 
Bailey et al., 1984 v = (A + B)(1 - e-C)
v = V/Vo V = Vo - V
1/b = 1/bi - 1/bi (A + B) (1 - e-C)
Johnson et al., 1984 v = (A + B)(1 - exp(-C))
ln b = ln bi - (A + B) (1-exp(-C))
Saini et al., 1984 b = 1.2926 - 0.2504  + 0.8353 2
+ 0.9932 3 + 0.1203 F - 0.0330F2 +
0.0026 F3 + 1.0635 F +7.4289 2F +
12.96353F + 0.0984 F2 - 0.3842
2F2 - 0.1272 2F3 + 0.0288F3 -
0.2231 2F3 +0.45883F3
Gupta et al., 1985 b = f(S, )
Bailey et al., 1985 v = (A + Bh)(1 - e-Ch)
e v = ln (V/V0)
Bailey et al., 1986 ln(b) = ln(bi) - (A + Bh) (1 - e-Ch)
Bolling, 1985 n = no - (/o)3 [CI/CIo)]1/2
n = no - (no - 0.225)/(35Cp + 1)(/12)3/2 1
Smith, 1985 1 = i-(b-bi)[(i-f)/(bf-bi)]
Angers et al., 1987 Y = - 112.2 + 88.9 b
Pollock, Jr. et al., 1986 v = z + r + 
Grisso et al., 1987 n = ( / )(A +B  )(1 - e-C  )/3
oct octR octH H H oct H oct
Brandon et al., 1987 YF = a + [(x + y)/2] -
{[(x - y)/2]2 + xy2 }1/2
Håkansson, 1988 - para 0 < Cl < 60% ; 1 < H < 11%
Dopt = 90.5 - 0.29 Cl + 0.0059 Cl2 - 0.139 H
- para 0 < Cl < 60%
Dopt = 86.5 + 0.041 Cl
Bailey e Johnson, 1989 v = (A + Boct)(1 - e-Coct) +
E(oct/oct) ln b = ln bi - (A + Boct) (1
- e-Coct) +
E(oct/oct)

62
Tabela 1 (cont.)
p = 2.1592 b + 0.234 LK + 0.0360 AWC
Lebert et al., 1989 + 0.0770 NAWC - 3.426
p = (3.0975 b - 0.0475 Cl - 0.0280U
- 0.9659 log s +0.3369 LK - 0.0268 
+ 2.1330 log c + 0.0839)2
Raper e Erbach, 1990 a v = exp[(A + Bh)(1 - e-Ch)]-1
Raper e Erbach, 1990 b {} = [c] {}
Reinert, 1990 p = - 263 - 2.66 S + 322 bi
log RP = - 4.14 + 0.0858 b - 0.000347b 2
Canarache, 1991
Lebert e Horn, 1991 e = B + m log 
p = f(, c ,b, LK, AWC, NAWC, Kf, OC)
Wlodek, 1991 b = bi [z/(z + z)]
Binger e Wells, 1992 Curva
 =  de+compressão
m log (/secundária
)
b bi s k
*

Reta de compressão virgem


b = bk + ST(S1 - Sk) + m log (/k)
O'Sullivan, 1992  = r - m ln(/r)- b( - r)
b = bk + ST(S1 - Sk) + m log (/k)
McNabb e Boersma, 1993 ln b = ln(bi*i) - (A + B +Jc) (1 - e-C)
i = bi/biavg
c = (i - 1) bi
Dias Junior, 1994 Modelo baseado na História de Tensão
p = 10 (a + b )
Modelo baseado na Reta de Compressão
Virgem
 bfinal = b + m log (final/p)

Onde:

a.....................................Intercepto vertical no eixo q


A, B, C, E......................Parâmetros do solo
AH, BH, CH.................. ..Parâmetros do solo determinados em ensaios de
compressão triaxiais durante carregamento hidrostático,
(oct = 0)
AWC..............................Água disponível
b.....................................Constante

63
c.....................................Coesão
[C]..................................Matriz tensão deformação
CI...................................Índice de Cone
CIo..................................................... Índice de Cone inicial
Cl...................................Teor de argila
Cp....................................................... Razão entre 3 e 1
D....................................Densidade de Partícula
Do.......................................................Densidade do solo máxima
Dopt.................................................... Grau de compactação ótimo
e.....................................Índice de vazios
E....................................Coeficiente da componente da deformação natural devido
à tensão cisalhante
F....................................Tensão de compactação
Fe...................................Ferro ditionito
J.....................................Parâmetros de ajuste da curva de compressão
H....................................Teor de húmus
k, L................................Medida da rapidez na qual a máxima densidade é obtida
com o aumento da pressão, 
kf...................................Condutividade hidráulica saturada
Lk..................................Aeração
LL..................................Limite de liquidez
n.....................................Porosidade
NAWC...........................Água não disponível
no........................................................ Porosidade inicial
m....................................Índice de compressão íon index
ms....................................................... Declividade da curva de compressão secundaria
OC.................................Teor de C orgânico

64
R....................................Razão da máxima tensão cisalhante e a tensão normal
média
s.....................................Teor de areia
S....................................Grau de saturação
Su...................................Resistência ao cisalhamento não drenada
RP..................................Resistência a penetração na capacidade de campo
S1........................................................ Grau de saturação desejado
ST...................................Declividade da curva densidade do solo vs grau de
saturação
Sk........................................................ Grau de saturação correspondente a k e k
um....................................................... Pressão neutra mínima
u.....................................Pressão neutra
U....................................Teor de silte
V....................................Volume
Vo.......................................................Volume inicial
Y....................................Resistência à tração do agregado
YF..................................Função de rendimento para o comportamento plástico
z.....................................Profundidade de uma camada específica
z..................................Mudanças na profundidade de uma camada específica
....................................Declividade da superfície de ruptura
i = i/iavg..................................Densidade do solo inicial normalizada
c = (i - 1) i...........................Ajustamento da curva de compressão para diferenças na
densidade inicial de cada amostra
1........................................................ Deformação principal maior
3........................................................ Deformação principal menor
{}.................................Iqual { xx yy xy zz}T
oct...................................................... Deformação natural octaedral normal

65
octH................................................... Iqual a oct, quando os coeficientes foram determinados de
ensaios triaxiais onde 1/3 = 1
octR................................................... Iqual a oct, quando os coeficientes foram determinados de
ensaios triaxiais onde 1/3> 1
v = V/Vo.................................Deformação volumétrica
v = ln (V/Vo).................Deformação natural volumétrica
vT...................................................... Deformação volumétrica total
z.........................................................Deformação volumétrica na direção vertical
r......................................................... Deformação volumétrica na direção radial
........................................................ Deformação volumétrica na direção tangencial
.....................................Ângulo de fricção interno
.....................................Umidade volumétrica
....................................Umidade gravimétrica
o....................................................... Umidade gravimétrica inicial
op..................................................... Umidade gravimétrica ótima
.....................................Densidade do solo
bf...................................................... Densidade do solo final
bi.......................................................Densidade do solo inicial
bk...................................................... Densidade do solo na tensão k

boavg................................................ Densidade do solo inicial média


bo*....................................................Densidade do solo resultante do tráfego anterior
....................................Tensão aplicada
{}................................Iqual a { xx yy xy zz}T
1....................................................... Tensão principal maior
3....................................................... Tensão principal menor
c........................................................Tensão crítica

66
f........................................................ Tensão final
h....................................................... Tensão confinante
i........................................................ Tensão inicial
k....................................................... Tensão aplicada = 98 kPa
m...................................................... Tensão normal média
n....................................................... Tensão normalizada para um = 1
oct = (x + y + z)/3 ...Tensão normal média ou tensão normal octaedral ou
pressão esferoidal
p....................................................... Pressão de preconsolidação
r ...................................Tensão residual (solo sem pressão de preconsolidação,
r=0)
s........................................................ Pressão aplicada para u = 0
x....................................................... Pressão relativa ao eixo dos x
z........................................................Pressão relativa ao eixo dos z
'....................................Pressão vertical efetiva
max.................................................... Pressão de cisalhamento máxima
oct...................................................... Tensão de cisalhamento octaedral
....................................Volume específico = volume total/volume dos sólidos
r ...................................Volume específico para r = 100 kPa e r = 0.20 kg kg-1
....................................Ângulo de fricção interno em graus

5.2. DIAGNÓSTICO DA COMPACTAÇÃO DO SOLO

Os sintomas de compactação do solo podem ser observados tanto no solo


quanto na planta. De acordo com Ferreira (1993), dentre os sintomas observados
nos solos compactados pode-se destacar:

5.2.1. No solo

- Presença de crostas
67
- Aparecimento de trincas nos sulcos de rodagem do trator
- Zonas endurecidas abaixo da superfície do solo
- Empoçamento de água
- Erosão pluvial excessiva
- Presença de resíduos vegetais parcialmente decompostos muitos meses após
sua incorporação
- Necessidade de maior potência das máquinas de cultivo.

5.2.2. Na planta

- Baixa emergência das plantas


- Variação no tamanho das plantas
- Folhas amarelecidas
- Sistema radicular pouco profundo
- Raízes mal formadas

5.3. MEDIDAS PREVENTIVAS PARA EVITAR A COMPACTAÇÃO


DO SOLO

Os solos variam grandemente na sua susceptibilidade à compactação. A


persistência das camadas compactadas além da cultura atual causada pelo prévio
tráfego já foi relatado por diversos pesquisadores. Alguns estudos mostraram que os
efeitos da compactação são temporariamente prejudiciais. Entretanto, na maioria
dos casos, pequenas ou nenhuma modificação foi observada. Portanto, a restauração
da compactação do solo, se possível, é de alto custo e consome muito tempo.
Assim, a melhor estratégia para evitar a compactação é a sua prevenção.
A seguir serão apresentadas algumas medidas sugeridas por Larson et al.
(1994), que puderam levar à prevenção da compactação do solo.

68
5.3.1. Manejo da água do solo

A susceptibilidade dos solos à compactação é função da umidade do


solo. Portanto, o manejo da água é muito importante no manejo da compactação
do solo. O manejo da água do solo pode ser feito por drenagem ou irrigação
sendo seu objetivo final a modificação da consistência do solo como pode ser
visto no seguinte diagrama.

Limites LC LP LL
Estado sólido Semi-sólido plástico líquido
Consistência Duro Friável Plástico Líquido
Resistência Alta Baixa Média Muito baixa
ao preparo
Capacidade Alta Alta a Baixa Muito baixa
suporte de moderad
carga a
Resistência à Muito alta Alta a Baixa Alta
compressão moderada

Apesar do diagrama acima proposto por Larson et al. (1994) apresentar


uma classificação qualitativa da capacidade suporte de carga dos solos, esta
classificação não nos permite quantificar os níveis de pressões que podem ser
aplicados aos solos em função da sua umidade. Assim, uma outra alternativa para
auxiliar no manejo da água é a utilização de modelos matemáticos que
quantifiquem a capacidade suporte de carga do solo em função da umidade como
os desenvolvidos por Dias Junior (1994). Estes modelos apresentam uma relação
entre a pressão de preconsolidação e a umidade do solo, sendo a pressão de
preconsolidação a máxima pressão que deve ser aplicada ao solo sem que
adicional compactação ocorra.

5.3.2. Manejo do maquinário agrícola

Um dos grandes dilemas do manejo do maquinário agrícola é o de


decidir quando as operações agrícolas devem ou não serem realizadas devido às
condições de umidade do solo. Até hoje não existe um método comprovadamente

69
seguro que

70
possa auxiliar o produtor na tomada de decisão de realizar ou não uma
determinada operação agrícola. A decisão errônea de se aplicar uma determinada
pressão ao solo, sem o prévio conhecimento de sua capacidade suporte para uma
determinada condição de umidade, pode levar a aplicação de uma pressão que
excede a sua capacidade suporte resultando em compactação adicional do solo.
Portanto, em uma agricultura sustentável é de extrema importância o manejo do
maquinário agrícola em função da umidade do solo. A seguir são apresentadas
algumas medidas sugeridas por Larson et al. (1994), no que se refere ao manejo
do maquinário agrícola que poderão levar à prevenção da compactação do solo.
- Nível de pressão por eixo das máquinas agrícolas o que causará diferentes
níveis de pressão de contato das rodas (pneus ou esteira). Rodas largas, duas
rodas juntas ou redução da pressão de inflação dos pneus são algumas
medidas a serem consideradas para redução da pressão de contato das rodas.
- Operações das máquinas agrícolas. Alguns dos fatores a serem levados em
consideração neste item são: velocidade de operação, condições de umidade
do solo, trafego controlado, número de passadas e tipo de implemento
agrícola.

5.3.3. Práticas Agronômicas

A compactação dos solos pode ser prevenida ou minimizada pela escolha


correta das práticas agronômicas. A seguir são apresentadas algumas medidas
sugeridas por Larson et al. (1994), no que se refere a práticas agronômicas que
poderão levar à prevenção da compactação do solo.
- Incorporação e manutenção da matéria orgânica
- Calagem
- Sistema de plantio

5.3.4. Medidas curativas

Quando a compactação começa limitar o desenvolvimento das plantas


com conseqüente redução na produtividade, é necessário que medidas curativas
71
sejam

72
adotadas com o objetivo de quebrar a camada compactada o que melhorará a
curto prazo as condições nas quais as plantas estão se desenvolvendo. A seguir
são apresentadas algumas medidas sugeridas por Larson et al. (1994), no que se
refere a medidas curativas que podem aliviar o efeito da compactação do solo.
- Preparo do solo: aração, aração profunda e gradagem
- Subsolagem: em uma direção e cruzada
- Rotação de cultura, incluindo, se possível for, uma planta que funcione
como subsolador natural.

5.3.5. Medidas aliviatórias

Uma alternativa para tornar os efeitos da compactação menos severos a


curto e médio prazo é usar a estratégia do manejo adequado da umidade do solo,
dos níveis de fertilidade, bem como optar pela escolha de espécies mais
resistentes aos efeitos da compactação. Características como maior resistência ao
estresse de água, bem como plantas com sistema radicular com maior poder de
penetração, são características desejáveis nas plantas para tornar os efeitos da
compactação menos severos.

73
5.4. ENSAIOS DE LABORATÓRIO USADOS NA INVESTIGAÇÃO DA
COMPACTAÇÃO DO SOLO

Os ensaios de laboratório mais utilizados na investigação da


compactação dos solos são:

5.4.1. Ensaio de Compressibilidade

Este ensaio consiste, basicamente, em aplicar sucessiva e continuamente


pressões crescentes e pré-estabelecidas a uma amostra de material de solo na
condição parcialmente saturada. Este ensaio permite obter a curva de
compressão do solo a qual é representada por um gráfico no qual plota-se no
eixo X os valores das pressões aplicadas em escala logarítmica e no eixo Y
plota-se os valores da densidade do solo ou do índice de vazios em escala
natural. No estudo da compressibilidade dos solos agrícolas tem-se usado mais
freqüentemente a densidade do solo do que o índice de vazios. Da curva de
compressibilidade do solo obtém-se a pressão de preconsolidação usando o
método clássico de Casagrande (1936) ou o método proposto por Dias Junior e
Pierce (1995).
O método gráfico, proposto por Casagrande (1936), é baseado na escolha
do ponto de raio mínimo ou de máxima curvatura da curva de compressibilidade
do solo. Entretanto, tem sido mostrado na literatura que a medida que aumenta
as perturbações na amostra indeformada (Schmertmann, 1955; Brumund et al.,
1976; Holtz e Kovacs, 1981) ou a medida que são usadas, no ensaio de
compressibilidade, amostras com alta umidade (Dias Junior e Pierce, 1995), fica
difícil a escolha do ponto de máxima curvatura pois as curvas de compressão do
solo ficam praticamente quase lineares. Assim, este método é gráfico, manual e
subjetivo.
O método proposto por Dias Junior e Pierce (1995), usa-se uma planilha
eletrônica de fluxo livre para estimar a pressão de preconsolidação. Como
algumas vantagens deste método podemos citar: redução significativa do tempo
74
gasto para se determinar a pressão de preconsolidação; redução significativa da
probabilidade

75
de erros durante a determinação; ser um método rápido, confiável e repetitivo e
possibilidade de ser usado por outros laboratórios que realizam determinações
semelhantes.

5.4.2. Ensaio Proctor

Este ensaio consiste basicamente em compactar o solo (3 ou 5 camadas),


em um cilindro de volume conhecido (1000 ou 2300 cm 3), usando, para isso, um
soquete de peso conhecido (2,5 ou 4,5 kgf), variando o número de golpes (sendo
os mais usados 12, 13, 25, 28, 36 e 60), obtendo, assim, diferentes níveis de
energia de compactação.
A energia de compactação pode ser calculada de acordo com a seguinte
expressão:
Ec = (P . L . N . n)/V
onde:
Ec = energia de compactação (kgf . cm/cm3)
P = peso do soquete (kgf)
L = altura de queda do soquete (cm)
N = número de golpes por camada
n = número de camadas
V = volume do cilindro (cm3)
Este ensaio permite obter a curva de compactação do solo, a qual é
representada por um gráfico no qual plota-se no eixo X os valores de umidade
em escala natural e no eixo Y plota-se os valores da densidade do solo também
em escala natural. No ponto de pico da curva de compactação do solo, obtém-se
a densidade do solo máxima e a umidade correspondente, a qual é chamada de
umidade ótima de compactação para uma determinada energia de compactação.
Apesar do ensaio de proctor ser um ensaio relativamente simples de ser
feito em laboratório acredita-se ser um ensaio limitado para o estudo da

76
compactação de solos agrícolas devido ao fato da estrutura do solo ser destruída
para a sua realização, o que apagará a história de tensão do solo, a qual é função
do tipo de manejo usado na condução da cultura. Todavia, Raghavan et al.
(1990) observou que para umidades acima da umidade ótima de compactação
obtida pelo ensaio de proctor as rodas do trator patinam causando cisalhamento
do solo, o que contribui significativamente para agravar a compactação do solo.
Deste modo, Raghavan e McKyes (1977) mostraram que no mínimo 50% da
compactação da camada superficial do solo pode ser atribuída ao deslizamento
das rodas dos veículos agrícolas. Assim, estudos adicionais procurando
correlacionar a umidade ótima de compactação obtida pelo ensaio de proctor
com a pressão de preconsolidação determinada para teores críticos de umidade
como o limite de plasticidade (Dias Junior, 1994), são necessários para que se
possa validar o uso do ensaio de proctor para a previsão da compactação dos
solos agrícolas.

5.5. EXERCÍCIOS

1) Para o dados abaixo:

Proctor modificado Proctor standard Proctor baixa


energia
Ds Umidad Ds Umidad Ds Umidade
(Mg/m3) e (%) (Mg/m3 e (%) (Mg/m3 (%)
) )
1,873 9,3 1,691 9,3 1,627 10,9
1,910 12,8 1,715 11,8 1,639 12,3
1,803 15,5 1,755 14,3 1,740 16,3
1,699 18,7 1,747 17,6 1,707 20,1
1,641 21,1 1,685 20,8 1,647 22,4

a) Plotar a curva de compactação.


b) Determinar a densidade do solo máxima, bem como sua umidade ótima de
compactação.
77
c) Calcule o grau de saturação para cada umidade ótima.
d) Plote as curvas de 100, 90, 80 e 70% de saturação.
e) Interprete os resultados

Sabe-se que:
Ds = (água S)/[U + (água S/Dp)]
água = 1,0 Mg m-
3 Dp = 2,64 Mg
m-3

2) Você está verificando a compactação de uma camada de solo compactado no


campo. A curva de compactação de laboratório foi obtida dos seguintes
valores:

Ds (g cm-3) Umidade (%)


1,68 14
1,70 16
1,71 18
1,70 20
1,67 22
1,63 24

As especificações do projeto são:


- grau de compactação de 95%
- umidade = umidade ótima ± 2%
Você coletou uma amostra na camada compactada de 936,48 cm3 de
volume, peso úmido igual a 1816 g e peso seco de 1543 g.
a) Qual a densidade do solo da camada compactada?
b) Qual a umidade da camada compactada?
78
c) Qual o grau de compactação da camada? (GC = Ds/Ds máx)
d) A camada compactada satisfaz às especificações do projeto?
e) Se a Dp = 2,70 Mg m-3, qual é o grau de saturação da camada compactada?
f) Se a amostra for saturada mantendo a mesma densidade do solo, qual será a
umidade de saturação?

3) Usando as expressões matemáticas estudadas anteriormente deduza a seguinte


expressão:
Ds = (água S)/[U + (água S/Dp)]

4) Uma carga concentrada de 109 dyn (1000 kg) é aplicada à superfície do solo.
a) Estimar a pressão vertical a 0,01; 0,10 e 0,30 metros de profundidade
diretamente debaixo do ponto de aplicação da carga e a 0,30; 1; 2 e 4 metros
de distância horizontal do ponto de aplicação da carga.
Sabe-se que:
P = (F . A )/z2 Onde;
P = pressão vertical (bar)
F = carga concentrada aplicada (dyn)
A = 3/{2 [1 + (r/z)2]5/2}
r = distância horizontal do ponto de aplicação da carga (m)
z = profundidade (m)
b) Exprimir os valores das pressões verticais no sistema internacional de unidades.
c) Represente os resultados graficamente.

79
CAPÍTULO 6 - A ÁGUA DO SOLO

A água é uma das mais importantes substâncias da crosta terrestre. Nas


formas líquida e sólida cobre mais de 2/3 da crosta terrestre, e na forma gasosa é
constituinte da atmosfera estando presente em toda parte. A água é uma
substância essencial à agricultura, pois é de vital importância para as plantas. A
água utilizada pelas plantas fica armazenada no solo, sendo fornecida às plantas
de acordo com suas necessidades. Entretanto, a recarga natural deste reservatório é
variável, devido à variabilidade na distribuição das chuvas. Todavia, o uso de
irrigação tem contribuído para minimizar a variabilidade da recarga de água do
solo pelas chuvas. Assim, o conhecimento de seu comportamento em relação ao
sistema solo-planta- atmosfera é essencial para estudos visando a produção
vegetal.

6.1. RETENÇÃO DE ÁGUA PELO SOLO

O solo tem a propriedade de atrair e reter a água no estado líquido e em


forma de vapor. A molécula de água apresenta uma distribuição assimétrica de
carga, a qual gera um dipolo elétrico que é responsável por uma série de
propriedades físico-químicas como por exemplo: bom solvente, adsorsão sobre
superfície sólida e hidratação de íons e colóides. Como o solo apresenta cargas
elétricas, as moléculas de água se orientam para serem retidas. Nesta interação
solo- água, verifica-se a influência de forças de adsorsão (forças de coesão e de
adesão). Além destas forças, a água do solo pode ser retida por capilaridade. A
capilaridade atua na retenção de água na região de baixa sucção (solo úmido).
Na região de alta sucção (solo seco), as forças de adsorsão passam a dominar o
fenômeno de retenção de água do solo.

6.1.1. Fatores que afetam a retenção de água pelo solo

Os principais fatores que afetam a retenção de água pelo solo são:

80
6.1.1.1. Textura e tipo de argila

Solos argilosos retém mais água do que solos arenosos e solos com
argila 2:1 retém mais água do que solos com argila 1:1. A retenção de água a
alta sucção (maior que 1 atm) é influenciada pela textura e superfície específica,
sendo que o fenômeno de adsorsão domina a retenção de água.

6.1.1.2. Matéria orgânica

A matéria orgânica aumenta a capacidade de retenção de água do solo


diretamente e indiretamente através da melhoria das condições físicas do solo,
devido a sua influência na estrutura do solo. Freire e Scardua (1978) observaram
que a retenção de água do horizonte A1 de um Latossolo Roxo distrófico
diminuiu quando a matéria orgânica foi oxidada. Observou-se também que a
capacidade de reter água da matéria orgânica do solo influencia mais os
resultados na faixa de baixa sucção.

6.1.1.3. Estrutura do solo

A retenção de água a baixa sucção depende do fenômeno de capilaridade


e distribuição do tamanho de poros, sendo grandemente afetada pela estrutura do
solo. O manejo inadequado do solo pode causar compactação do solo com
conseqüente destruição da estrutura do solo, o que diminuirá a retenção de água
a baixa sucção.

6.2. CLASSIFICAÇÃO DA ÁGUA NO SOLO

A água do solo pode ser classificada segundo Briggs em:

6.2.1. Água gravitacional

Caracterizada por:
- Teor acima da capacidade de campo
- Localizada nos macroporos

81
- Permanência efêmera no solo
- Removida facilmente pela drenagem
- Provoca lixiviação no solo
- Água retida no solo sob sucção abaixo de 0,1 atm

6.2.2. Água capilar

Caracterizada por:
- Teor compreendido entre a umidade higroscópica e a capacidade de campo
- Localizada nos microporos
- Parcialmente permanente no solo
- Não removida pela drenagem
- Água retida no solo sob sucção entre 0,1 e 31 atm
- Atua como solução do solo

6.2.3. Água higroscópica

Caracterizada por:
- Localizada próxima da superfície das partículas do solo
- Permanente no solo
- Removida apenas no estado de vapor
- Água retida no solo sob sucção entre 31 e 10.000 atm
Esta classificação não é mais válida atualmente devido ao fato de que
toda água do solo é afetada pela gravidade da terra e não somente parte da água
como sugerido pela classificação acima. Entretanto, muitos ainda a adota
simplesmente para efeito didático.

82
6.3. CONSTANTES DE UMIDADE

6.3.1. Umidade higroscópica

Umidade higroscópica é a máxima quantidade de água que o solo é


capaz de absorver da atmosfera, em forma de vapor, e manter o equilíbrio com o
ambiente. É a umidade da TFSA.

6.3.2. Umidade de murchamento

É a umidade que o solo mantém quando ocorre o murchamento


permanente da planta. É considerada como sendo a umidade retida a 15 atm. É
considerada, ainda, como sendo o limite inferior da faixa de água disponível
para as plantas.

6.3.3. Umidade de equivalente (Ueq)

É a umidade que uma amostra de solo retém quando, depois de saturada,


é submetida durante 30 minutos à centrifugação com velocidade correspondente
a
1.000 vezes a gravidade.
Através de sua determinação pode-se estimar o ponto de murcha
permanente (PMP) e capacidade de campo (CC) pelas seguintes expressões:
PMP = 0,68 Ueq e CC = 1,3 Ueq

6.3.4. Capacidade de Campo

É a umidade retida no solo depois que o excesso de água percolante


tenha sido drenado. É considerado como sendo o limite superior da faixa de
água disponível para as plantas. A literatura apresenta diferentes valores para
este parâmetro, entretanto, tem-se usado com mais freqüência 0,33 atm para os
solos argilosos e 0,10 atm para os solos arenosos.

83
6.4. POTENCIAL TOTAL DE ÁGUA NO SOLO

A água pode ser caracterizada na natureza por um estado de energia. A


física clássica reconhece duas formas principais de energia, a cinética e a
potencial. Uma vez que o movimento da água no solo é muito lento, sua energia
cinética é em geral considerada como sendo desprezível. Entretanto, a energia
potencial, função da posição, é muito importante na caracterização de seu estado
de energia (Reichardt, 1985). Assim, o potencial total de água é uma medida de
sua energia potencial.
A energia da água em um dado ponto no solo é dada pela diferença entre
este estado e o estado padrão. Como estado padrão, tem-se a água pura e livre,
submetida a condições normais de temperatura e pressão e livre de sais minerais
e outros solutos. Para este estado atribui-se arbitrariamente o valor de sua
energia como nulo. Assim:
0 (padrão) = 0

Assim, o potencial total de água do solo (T), é dado por:

T
 =  d = T - 0) = T
0

Portanto, a diferença de energia entre dois estados é medida através do


trabalho que é realizado quando se passa de um estado para outro. Assim, o
potencial total da água do solo (T), também é definido como sendo o trabalho
necessário para levar a água do estado padrão ao estado considerado no solo.
A diferença de potencial da água entre diferentes pontos dão origem ao
movimento. Este movimento ocorre do lugar de maior potencial para o de
menor. O potencial total de água no solo é composto de uma série de
componentes.
Como os processos que ocorrem no solo são aproximadamente isotérmicos, a

84
componente térmica é considerada desprezível (Reichardt, 1985). Portanto, o
potencial total de água no solo pode ser expresso pela expressão:
T  g  p  m  os  ...
Onde:

T = potencial total de água no solo


g = potencial gravitacional
p = potencial de pressão
m = potencial matricial
os = potencial osmótico

6.4.1. Potencial gravitacional (g)

A determinação do potencial gravitacional é feita medindo-se a distância


vertical a partir de um referencial arbitrário escolhido antecipadamente ao ponto
em questão. Seu sinal será positivo (+) se o ponto estiver acima do referencial e
negativo (-) se o ponto estiver abaixo do referencial.
O potencial gravitacional está sempre presente e independe das
propriedades do solo. Ele depende somente da distância vertical entre o
referencial e o ponto em questão.
A

15 cm gA= 15 cm

+
Referencial
-

10 cm gB= -10 cm

85
6.4.2. Potencial de pressão (p)

O potencial de pressão aplica-se somente para solos saturados. Portanto, sua


determinação é feita medindo-se a distância do ponto à superfície da água. No
campo, sua determinação é feita usando o piezómetro.

15 cm pA= 0

NA
+

10 cm pB= +10
cm

B
6.4.3. Potencial de matricial (m)

O potencial matricial é o resultado de forças capilares e de adsorção que


surgem devido à interação entre a água e as partículas sólidas. O potencial
matricial somente existe para a condição de solos parcialmente saturados. Sua
determinação é feita usando-se tensiômetros, unidade de sucção e extrator de
placa porosa.
Matematicamente pode ser calculado pelas expressões:
m = - 12,6 h + h1 + h2
ou
m = - 12,6 h + h0
A representação gráfica de h, h0, h1 e h2 pode ser vista na figura abaixo.

86
h

h1

ho
h2

6.4.3.1. Unidades da componente matricial

As unidades usadas na medida da componente matricial são: atmosfera,


cm de coluna d'água, e pF. A unidade pF é definida como sendo o logaritmo
decimal da altura de coluna d'água em cm. Assim, o pF de uma coluna d'água de
1000 cm é igual a 3.

6.4.4. Potencial osmótico (os)

A água do solo é uma solução de sais minerais o que causa o


aparecimento do potencial osmótico. O potencial osmótico torna-se importante no
potencial total de água quando a concentração salina é significante, o que
acontece quando a umidade é baixa e quando existe acumulo de sais em certas
regiões, como é o caso das proximidades de fertilizantes aplicados ao solo e
superfície de um solo salino, sujeito a evaporação intensa.
Na maioria dos solos, porém, a componente osmótica é desprezível,
principalmente quando a umidade do solo não é muito baixa. Concentrações
típicas são 10-3 ou 10-4 mol/L, o que implica em valores desprezíveis da
componente osmótica.

87
O potencial osmótico é determinado usando a seguinte expressão:
os = -RTC
Onde:
R = 0,082 (atm L/mol ok)
T = temperatura absoluta (ok), sabe-se que Tk = 273 + Tc
C = concentração (mol/L)

6.5. CURVA CARACTERÍSTICA DE ÁGUA DO SOLO OU CURVA DE


RETENÇÃO

A curva característica de água do solo é a representação gráfica das


relações umidade-potencial matricial (Figura abaixo).
Sucção (atm)

Umidade (%)

Os aparelhos utilizados para a determinação da curva característica de


água do solo são a unidade de sucção (0 - 0,1 atm), extrator de placa porosa para
sucção média (0,1 - 1,0 atm) e o extrator de placa porosa para sucção alta (1 -
20,0 atm).

6.5.1. Características da curva de retenção de água do solo

- São específicas para cada solo, podendo ocorrer variações entre horizontes
de um mesmo perfil do solo
- Para altos teores de umidade há predominância de fenômenos capilares,
função da densidade e da estrutura do solo

88
- Para baixos teores de umidade há predominância de fenômenos de adsorção,
função da textura e superfície específica do solo
- Desde que a distribuição dos poros quanto ao tamanho não varie com o
tempo, a curva característica de água do solo é única e não precisa ser
determinada anualmente
- Sua representação é feita em papel monolog, pois expande a faixa de baixa
sucção de interesse para a irrigação. Se usar a escala natural, expressar a
sucção em pF.
- Permite estimar o potencial matricial conhecendo a umidade ou vice-versa.

6.5.2. Efeito da histerese

A relação entre o potencial matricial e a umidade do solo não é unívoca.


Esta relação pode ser obtida de duas maneiras distintas:

6.5.2.1. Por secamento (curva de secagem ou desorção)

Nesta maneira toma-se uma amostra de solo inicialmente saturada de água


e aplica-se gradualmente e sucessivamente sucções maiores. Faz-se então medidas
da sucção e da umidade.

6.5.2.2. Por molhamento (curva de umedecimento ou sorção)

Nesta maneira toma-se uma amostra de solo inicialmente seca ao ar


(TFSA) e permite-se seu molhamento gradual por redução da sucção. Para cada
sucção aplicada determina-se a umidade da amostra correspondente.

89
Cada método fornece uma curva, mas as duas em geral, são diferentes.
Este fenômeno é denominado histerese (Figura abaixo).

Curva de secagem
(ramo principal)
B
Sucção (atm)

Scanning curve

A
Curva de Saturação
umedecimento
(ramo principal)

Umidade (%)

Como se pode verificar a umidade de saturação é a mesma


independentemente do método utilizado. Se uma curva de retenção é obtida por
molhamento a partir de um solo seco, e por exemplo para o ponto A (figura
acima) a sucção é aumentada, obtém-se outra curva representada por AB. Esta
curvas intermediárias são denominadas scanning curves e as duas curvas
completas são denominadas ramos principais de histerese (Reichardt, 1985).
A histerese é atribuída a não uniformidade dos poros, bolhas de ar,
contração e expansão durante os processos de molhamento e secagem do solo
(Hillel, 1992).

6.6. EXERCÍCIOS

1) Calcular o valor do potencial total e determine o sentido do fluxo de água


sabendo-se que dois tensiômetros possuem as seguintes características:

90
Tensiômetro A: profundidade de instalação 50 cm, ascensão da coluna de
mercúrio dentro da cuba que se encontra a 20 cm da superfície do solo igual a 20
cm.
Tensiômetro B: profundidade de instalação 100 cm, ascensão da coluna de
mercúrio dentro da cuba que se encontra a 20 cm da superfície do solo igual a
10cm.
2) A concentração da solução de um solo é de 1,5 x 10-3 M. Qual o seu
potencial osmótico a 27 oC.
3) Para a condição abaixo calcular: T, g, m e o p. Considere: referencial
de posição a superfície do solo e o lençol freático a 70 cm de profundidade.

Potencial,  (cm)
-120 -100 -80 -60 -40 -20 0 20 40

-10

-30 m
t
Profundidade (cm)

-50
NA
-70

-90
p
-110

4) A coluna de solo abaixo possui uma de suas extremidades mergulhada em


água, conforme figura abaixo. O nível de água é mantido constante e a
evaporação foi evitada por um período suficiente no qual a coluna de solo
alcançou o equilíbrio. Assim, não existe fluxo de água na coluna. Calcule o
T ,
g, m e o p para os pontos A, B, C, D, E e F da figura.

91
21 cm

D E
15 cm 18 cm
C F
15 cm
B
9 cm
A
6 cm Referência

5) Na coluna de solo abaixo o nível de água é mantido no ponto G e atingiu


um estado de equilíbrio com a água pingando no ponto L, portanto, existe
fluxo de água. Calcule o T, g, m e o p para os pontos G, H, I, J, K, e L
da figura.
Referênci
G
H Coluna
6 cm
I
12 cm L d’água
18 cm
J K
24 cm

27 cm

92
CAPÍTULO 7 – DETERMINAÇÃO DA UMIDADE DO SOLO

Os métodos de determinação da umidade do solo podem ser


classificados em diretos e indiretos.

7.1. MÉTODO DIRETO

7.1.1. Método da estufa

Este método consiste em se determinar a massa de uma amostra de solo


antes e depois da secagem em estufa a 105 - 110 C durante 24 horas ou até
massa constante, e calcular a umidade pela expressão:
massa de água
U= x 100
massa do solo seco

Um inconveniente deste método é que consome muito tempo sendo


inviável a obtenção dos resultados instantaneamente.

7.1.2. Método do fogareiro calibrado com o método da estufa

Este método consiste em aquecer uma amostra de solo em uma frigideira


durante 15 minutos usando um fogareiro a gaz. Determina-se, então, a umidade
utilizando a expressão do método da estufa. Para corrigir a umidade para o
método da estufa basta usar a expressão obtida por Pacheco e Dias Junior
(1990). Esta expressão é apresentada a seguir:
Uestufa = 0,9778 Ufogareiro - 2,6095....................R2 = 0,99093

Como vantagem deste método pode-se citar a facilidade na sua


execução, pois é um método rápido, barato e simples o que permitiria ao
produtor rural ter pelo menos uma idéia da umidade do solo.

93
7.2. MÉTODOS INDIRETOS

Os métodos indiretos envolvem a medição de alguma propriedade do


solo que é afetada pela umidade ou instalando algum objeto dentro do solo, o
qual entrará em equilíbrio com a umidade do solo. Dentre os métodos indiretos
pode-se citar:

7.2.1. Método baseado nas propriedades elétricas do solo

Este método baseia-se na correlação da passagem da corrente elétrica e a


umidade do solo. Para a obtenção desta correlação, instala-se no solo corpos
porosos constituídos de um par de eletrodos envoltos por gesso, nylon ou fibra
de vidro. As leituras só devem ser feitas quando estes corpos entrarem em
equilíbrio com a umidade do solo.
Existem dois métodos para a determinação da umidade baseado na
medida das propriedades elétricas do solo, quais sejam:

7.2.1.1. Método de Bouyoucos

Este método usa como corpo poroso um bloco de gesso e mede a


resistência à passagem da corrente elétrica de um solo em função de sua
umidade.

7.2.1.2. Método de Colman

Este método usa como corpo poroso um bloco de fibra de vidro revestido
por uma chapa de aço inox e mede a quantidade de corrente elétrica que passa
em um solo em função de sua umidade.
Tanto na instalação quanto no uso destes blocos alguns problemas
podem ocorrer. De acordo com Freire (sem data), os problemas que podem
ocorrer são:
- São afetados pela histerese
- Contato entre bloco e solo
- Variação das propriedades hidráulicas do bloco com o tempo

94
- Blocos feitos de fibra de vidro são altamente sensíveis a pequenas variações
de concentração salina da solução do solo. Já nos blocos de gesso isso não
acontece, pois a solução dentro do bloco tem concentração constante e
praticamente igual a de uma solução saturada de sulfato de cálcio.
- Os blocos de gesso deterioram com o tempo devido a sua solubilidade.

7.2.2. Método de Speedy

Este método consiste em medir a pressão exercida pelo gás etino gerado
pela reação do carbureto de cálcio com a água do solo de uma certa quantidade
de material de solo colocado juntamente com o carbureto dentro de uma garrafa
metálica, na qual existe um manômetro acoplado. Com a leitura da pressão e com
a quantidade de material de solo usada, determina-se em uma tabela a umidade
do solo. Este método tem sido muito usado na construção civil.

7.2.3. Método da dispersão de neutrons

De acordo com Hillel (1970), o aparelho utilizado neste método consiste


de duas partes: uma sonda, que é introduzida em um tubo de acesso perfurado no
solo e que contém uma fonte de neutrons rápidos e um detector de neutrons
lentos e um aparelho para medir o fluxo de neutrons lentos.
Resumidamente este método funciona do seguinte modo (Hillel, 1970).
Os neutrons rápidos se dispersam no solo em todas as direções. Em sua
trajetória, os neutros rápidos encontram vários corpos no solo e com eles
colidem, perdendo gradualmente a sua energia cinética. A perda de energia é
máxima sempre que o neutron colide com os núcleos de hidrogênio da água.
Alguns dos neutrons que foram desacelerados retornam à sonda onde são
contados por um medidor de neutrons lentos. Observou-se, então, que a
densidade de neutrons lentos formada perto da sonda é proporcional à
concentração de hidrogênio no solo e, portanto, mais ou menos proporcional à
umidade do solo. Se o solo estiver seco a nuvem de neutrons lentos ao redor da
sonda será menos densa do que para solos úmidos e
95
estenderá a uma distância maior da fonte de neutrons. Em geral, o raio de
influência da sonda é menor do que 10 cm para solos úmidos e maior do que 25
cm para solos secos. Por questão de segurança, a sonda de neutrons deve ser
transportada dentro de um recipiente cilíndrico preenchido com chumbo e algum
material com hidrogênio (parafina ou polietileno), designado a prevenir o escape
de neutrons rápidos. O uso impróprio ou excessivo do equipamento pode ter
efeitos desastrosos. O perigo de ser exposto a radiação depende da potência da
fonte, da qualidade do cilindro protetor, da distância do operador à fonte e da
duração do contato. Com a observância das normas de segurança o equipamento
pode ser usado sem riscos à saúde.

7.2.4. Método da radiação gama

Este método baseia-se na absorção de raios gama pelo solo. O grau de


atenuação dos raios gama correlaciona-se com as mudanças na umidade do solo.
Assim, utilizando a equação de atenuação e desprezando o efeito do ar, pode-se
calcular a umidade do solo pela seguinte expressão:

Im/I0 = exp [-S (s b + w ) - 2 S' c c]

Onde:
Im/I0 = razão do fluxo transmitido e o incidido
c, s, w = coeficientes de atenuação do recipiente, solo e água, respectivamente
 = umidade do solo em g cm-3
c = densidade do recipiente
S' = espessura da parede do recipiente
b = densidade do solo
S = espessura da coluna de solo

96
7.2.5. Método TDR (Time Domain Reflectometry)

O TDR é um método indireto de determinação da umidade do solo, o


qual baseia-se na determinação das características de propagação das ondas
eletromagnéticas no solo. O sistema consiste de um transmissor/receptor de ondas,
cabos e hastes metálicas de comprimento conhecido que servem para conduzir
as ondas. No final da linha de transmissão o sinal é refletido. O tempo de viagem
da onda depende das propriedades dielétricas do meio. Portanto, o TDR permite
medir o tempo de viagem do sinal com o qual pode-se calcular a constante
dielétrica do solo. De posse da constante dielétrica do solo calcula-se a umidade
do solo usando as seguintes equações (Topp et al., 1980).

Ka = (c . t/2 . L)2

Onde:
Ka = constante dielétrica do solo
c = velocidade de propagação da onda eletromagnética no espaço livre (3 x 1010
m/s)
t = tempo de viagem da onda
L = comprimento da haste metálica
e

 = -0,053 + 0,029 Ka - 5,5 x 10-4 Ka2 + 4,3 x 10-6 Ka3

Onde:

 = umidade volumétrica (m3 m-3)


Com algumas vantagens deste método podemos citar (Pierce, 1991):
- Operação segura
- É possível fazer medições na superfície do solo
- Possibilita medições em qualquer condição de umidade, apresentando algum
problema quando o solo está muito seco ou próximo à saturação

97
- Permite medições no campo e no laboratório
- Fácil transporte (portátil), instalação e calibração
- Permite medições contínua
- Permite medições no sentido horizontal, vertical e inclinado

7.3. EXERCÍCIOS

1) Uma amostra de solo possui umidade gravimétrica de 5%. Quantos gramas


de água e quantos centímetros cúbicos (Dágua = 1 g cm-3) serão necessários
para passar a umidade de 3 kg deste solo a 20% gravimétrica.

2) O peso úmido de uma amostra de solo coletado no campo foi de 350 g e o


peso seco em estufa a 105 - 110 oC de 300 g. O volume do cilindro
amostrador é de 250 cm3. Calcular a umidade gravimétrica e volumétrica.

3) Determinar a porosidade livre de água do solo do exercício anterior.


Considerar Dp = 2,65 g cm-3.

4) A umidade gravimétrica de saturação de um solo é 35%. O peso de 600 cm3


do solo saturado é de 1053 g e quando seco em estufa a 105 - 110 oC 780 g.
Determinar a porosidade total do solo.

5) Se o solo do exercício anterior for parcialmente drenado a 150 g de água, qual


o seu grau de saturação após a drenagem? Qual a sua umidade volumétrica?
Qual a porosidade livre de água quando sua umidade gravimétrica for igual a
19,2%?

98
CAPÍTULO 8 – MOVIMENTO DA ÁGUA EM UM SOLO SATURADO

8.1. Movimento da água em uma coluna horizontal

A Figura abaixo representa uma coluna de solo horizontal e alongada,


através da qual ocorre um fluxo contínuo de água, da esquerda para a direita,
vindo de um reservatório mais elevado e passando para outro situado em nível
mais baixo. Em ambos os reservatórios o nível da água é conservado constante.

H

Hpi L
Hpo
Coluna
de solo
Hi
Ho

Hgi Hgo

Nível de Referência

O regime de descarga Q (volume V que flui através da coluna na unidade


de tempo) é proporcional à diferença entre as alturas de carga H e a área da
seção transversal e inversamente proporcional ao comprimento L da coluna.
Assim temos:
Q = V/t  A (H/L)
Q  A (H/L) (H/L)=i

no lugar do sinal de proporcionalidade, introduz uma


constante K, assim:

Q=KiA

Onde:
H = Hi - Ho
99
Hi = altura da entrada de água na coluna de solo em relação a um
referencial
Ho = altura da saída de água na coluna de solo em relação a um
referencial Se H = 0, não haverá movimento de água.
A redução da altura por unidade de distância, na direção do fluxo
(H/L), é denominado gradiente hidráulico, que é a força que conduz o líquido
da coluna. A vazão específica Q/A, é chamada de fluxo e é representada pela
letra q.
Assim temos:

q = Q/A = V/(A . t)  H/L

A constante de proporcionalidade K é chamada de condutividade hidráulica.


Assim a Lei de Darcy pode ser expressa por:

q = - K (dH/dx)

A lei de Darcy é válida para escoamento laminar, isto é, o deslizamento


de lâminas paralelas do fluido umas sobre as outras ocorre sem turbulência.
Se a superfície do solo ou amostra for tomada como zero os valores da
profundidade são números negativos. O fluxo para cima será considerado positivo
e para baixo será negativo.

8.2. Altura gravitacional, altura de pressão e altura total

Na Figura 1, a água que entra na coluna está sob a pressão Pi, que é soma
da pressão hidrostática (Dw . g . Hpi) com a pressão atmosférica que atua sobre
a superfície da água. Como a pressão atmosférica é praticamente constante,
pode-se desconsiderá-la. Dessa maneira, a pressão da água na entrada é a
pressão hidrostática. Uma vez que Dw e g são praticamente constantes a pressão
hidrostática pode ser expressa em termos da altura de pressão Hpi.
O movimento de água em uma coluna horizontal ocorre em resposta ao
gradiente da altura de pressão. O movimento em uma coluna vertical pode ser

100
produzido tanto pela gravidade quanto pela altura de pressão. A altura
gravitacional (Hg) em qualquer ponto é determinada pela altura do ponto em
relação a qualquer plano de referência, ao passo que a altura de pressão é
determinada pelo comprimento da coluna d'água que se apoia sobre tal ponto.
A altura total (H) é constituída pela soma dessas duas alturas. Assim,

H = Hp + Hg

Portanto, para aplicar a Lei de Darcy ao movimento vertical devemos


considerar a altura total na entrada (Hi) e na saída (Ho). Assim podemos
escrever:

Hi = Hpi + Hgi

Ho = Hpo + Hgo

sendo portanto H = Hi - Ho
É conveniente situar o plano de referência na base da coluna vertical, de
modo que o potencial gravitacional seja sempre positivo. Já o potencial de
pressão corresponderá à altura da coluna d'água sobre o ponto e será também
positivo.

8.3. Movimento da água em uma coluna vertical

8.3.1. Movimento da água em uma coluna vertical de cima para baixo

A figura abaixo é uma coluna vertical de solo uniforme e saturado, cuja


face superior está sob a ação de uma coluna de água de altura constante H1 e cuja
face inferior está em contato com a água de um reservatório de nível constante.
A água se movimenta através da coluna de comprimento L do reservatório
superior para o inferior.

101
Água

H1
Z=L
Profundidade=
H S L
O
L
O

Profundidade=-L
Z=0 Ref.  g+

Para calcularmos o fluxo através da Lei de Darcy, devemos proceder


como a seguir:
Hi = Hpi + Hgi = H1 + L
Ho = Hpo + Hgo = 0 + 0 =
0
Assim H = Hi - Ho = H1 + L - 0 = H1 + L

Aplicando a Lei de Darcy vem:


q = - K (dH/dx) = - K {(H1 + L)/[0 -(-L)]} = - K (H1 + L)/L
Onde:
dH Hi-Ho H1+L H1+L
dx xi-xo 0-(-L) L

dx: distância
L: profundidade. Não confundir com potencial gravitacional “L”
O sinal negativo indica que o fluxo (q) é para baixo. Se a H1 for
desprezível o fluxo é igual à condutividade hidráulica saturada.

102
8.3.2. Movimento da água em uma coluna vertical de baixo para cima

A figura abaixo é uma coluna vertical de solo uniforme e saturado, cuja


face superior está sob a ação de uma coluna de água de altura constante H1 e cuja
face inferior está em contato com a água de um reservatório de nível constante.
A água se movimenta através da coluna de comprimento L do reservatório
superior para o inferior.

Profundidade 0 H
Z=L

H1

L H0

Z=0 Ref.
Profundidade -L

Para calcularmos o fluxo através da Lei de Darcy, devemos proceder


como a seguir:
Hi = Hpi + Hgi = H1 + 0
Ho = Hpo + Hgo = 0 + L = L
Assim H = Hi - Ho = H1 - L

Aplicando a Lei de Darcy vem:


q = - K (dH/dx) = - K {(H1 - L)/[-L -(0)]} = + K (H1 - L)/L

O sinal positivo indica que o fluxo (q) é para cima.

103
8.4. VELOCIDADE DO ESCOAMENTO E TORTUOSIDADE

A velocidade real do escoamento no solo não é uniforme, pois existem


poros de diferentes diâmetros. Além disso, o líquido no centro do poro pode
mover- se mais rápido do que o próximo das paredes, devido à viscosidade. Por
estes motivos a velocidade de escoamento é considerada como sendo uma
velocidade média. Esta velocidade média pode ser totalmente diferente do fluxo
devido ao escoamento não ter ocorrido em toda a área da seção transversal A,
devido, parte desta, estar obstruída pelas partículas sólidas do solo. Assim, a área
de escoamento é menor do que a área total A, o que implica que a velocidade
média é maior do que o fluxo.
Outro aspecto a considerar é que o percurso percorrido pelo líquido
durante o escoamento é maior do que a distância L, em virtude da tortuosidade
dos poros, resultando, portanto, em diferentes valores da velocidade média e do
fluxo.
Entende-se por tortuosidade a relação entre o percurso aparente e a
distância realmente percorrida pela água.

8.5. CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA

A condutividade hidráulica é a razão entre o fluxo e o gradiente


hidráulico (figura abaixo).

Solo Arenoso
Fluxo q

Solo Argiloso

Gradiente Hidráulico H
x

104
As dimensões da condutividade hidráulica é a mesma do fluxo uma vez
que o gradiente hidráulico é adimensional. Seu valor para um solo arenoso varia
de 10-2 a 10-3 cm/seg enquanto para um solo argiloso seu valor varia de 10-5 a 10-
7
cm/seg. A condutividade hidráulica depende da porosidade total do solo, da
distribuição dos poros e da tortuosidade, além da viscosidade e da densidade do
fluido que escoa.

8.6. DETERMINAÇÃO DA CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA

A condutividade hidráulica de um solo pode ser obtida através de


métodos diretos e indiretos. A seguir serão apresentados somente os métodos
diretos. Informações sobre os métodos indiretos poderão ser obtidas em Holtz e
Kovacs (1981).

8.6.1. Métodos diretos

Os métodos diretos são aqueles que fornecem o valor da condutividade


hidráulica através de ensaios de laboratório ou in situ.
Os ensaios realizados em laboratório são: permeâmetro de carga constante e
permeâmetro de carga variável.

8.6.1.1. Ensaio de carga constante

O equipamento utilizado neste ensaio está esquematizado na figura abaixo:

105
NA

A amostra de solo é acondicionada no permeâmetro, tendo-se o cuidado


de procurar não criar caminhos preferenciais de percolação. Os níveis de água de
montante e de jusante são mantidos constantes durante a realização do ensaio, de
forma a se ter sempre uma diferença de carga total h. A água é deixada percolar
através do corpo de prova, até que haja a saturação do corpo de prova. Pode-se
considerar que o corpo de prova está saturado quando os tempos de percolação
de um certo volume de água forem iguais. Nesta condição, a condutividade
hidráulica ou coeficiente de permeabilidade pode ser determinado aplicando-se a
Lei de Darcy.
Assim tem-se:
K = (V . L)/(A . h .t)

Onde:
K = condutividade hidráulica ou coeficiente de permeabilidade (cm/seg)
V = volume de água percolante no tempo t (cm3)
L = altura do corpo de prova (cm)
A = área transversal do corpo de prova (cm2)

106
h = h = altura da carga constante durante o ensaio
(cm) t = tempo decorrido para percolar o volume V
(seg)

8.6.1.2. Ensaio de carga variável

O equipamento utilizado neste ensaio está esquematizado na figura abaixo:

NA

(dh,t)

NA
ho

NA
SOLO L

Neste ensaio a amostra também é saturada sendo, entretanto,


aconselhável para solos menos permeáveis (K < 10-7 cm/seg).
O ensaio é realizado deixando a água contida no tubo de carga percolar
da posição inicial h0 até a posição final hf, determinando-se o tempo necessário
para que isso ocorra. Para o cálculo da condutividade hidráulica saturada aplica-se
então a seguinte expressão:
K = [(a . L)/(A . t)] ln (h0/hf)
ou em termos de log10
K = [2,3 (a . L)/(A . t)] log (h0/hf)
Onde:
107
a = área interna do tubo de carga (cm2)
h0, hf = altura da carga nos instantes inicial e final (cm)
Calculando a condutividade hidráulica a uma temperatura T oC, o mesmo
deve ser calculado a uma temperatura de 20 oC, através da relação:
K20 = KT (T/20)
Onde:
K20 = condutividade hidráulica a 20 oC
KT = condutividade hidráulica a T oC
T = viscosidade da água a T oC
20 = viscosidade da água a 20 oC

108
CAPÍTULO 9 - MOVIMENTO DA ÁGUA EM UM SOLO NÃO
SATURADO

O fluxo de água denomina-se não saturado quando ele ocorre no solo em


qualquer condição de umidade abaixo do valor da umidade de saturação. A
maioria dos processos que ocorrerem em solos agrícolas ocorrem em condições
não saturada. Nestas condições, processos de escoamento são mais complicados
uma vez que durante o escoamento pode ocorrer variações nas relações umidade
do solo e sucção, que podem afetar a condutibilidade dos solos. A formulação e
solução de problemas relativos ao escoamento não saturado exige, muitas vezes,
o uso de métodos complexos de análise matemática e, muitas vezes, requer
técnicas aproximadas de computação.
Basicamente, a força causadora do movimento da água no solo saturado é
o gradiente de um potencial de pressão, enquanto na condição não saturada é o
gradiente de um potencial de sucção, o que é equivalente a um potencial de
pressão negativo. A diferença mais importante entre o escoamento em um solo
saturado e o de um solo não saturado é a condutibilidade hidráulica. Quando o
solo está saturado, todos os poros estão cheios e conduzindo água de maneira
que a condutibilidade é máxima. Quando o solo é não saturado, alguns poros
tem a água substituída por ar, diminuindo a área dos poros do solo utilizada para
o escoamento. Além disso, à medida que a sucção se desenvolve, os poros
maiores e de maior condutibilidade são os primeiros que se esvaziam, deixando
a água apenas nos poros menores que apresentam maior resistência ao
escoamento. Assim, o escoamento persiste por mais tempo em solos argilosos do
que em solos arenosos. Desta forma, a existência de uma camada de areia em
um perfil de textura fina, em vez de intensificar a drenagem, pode na realidade
impedir o movimento da água até que esta se acumule e determine a redução da
sucção o suficiente para saturar os grandes poros da areia.

109
A Lei de Darcy para os solos não saturados inclui o potencial mátrico do
solo em vez do potencial de pressão para a condição saturada, assim a
condutividade hidráulica depende da umidade do solo. Assim tem-se:
q = - Kw (dH/d x)

A altura total (H) é constituída pela soma dessas duas alturas. Assim,

H = Hm + Hg

9.1. CONDUTIBILIDADE HIDRÁULICA EM SOLO NÃO SATURADO

A condutividade hidráulica não saturada é a razão entre o fluxo e o


gradiente hidráulico. Entretanto, a inclinação da linha gradiente versus fluxo
varia com a sucção (figura abaixo).

H=0
H=-10 cm
K=Ks
H=-50 cm

H=-300 cm
Fluxo q

Gradiente de sucção
H/x

À medida que a sucção aumenta, cada vez um número maior de poros


são esvaziados, diminuindo, consequentemente, a condutibilidade hidráulica
(figura abaixo).

110
Solo Arenoso

Condutividade Hidráulica
Solo Argiloso

Sucção

Nesta figura pode-se observar que, embora a condutibilidade de um solo


arenoso seja maior do a de um solo argiloso, quando saturado, a condutibilidade
decai abruptamente assim que o solo deixa de ser saturado, adquirindo, portanto,
uma condutibilidade menor do que a do solo argiloso. Isso pose ser explicado
pelo fato de que os solos arenosos possuem a maioria de seus poros grandes que
uma vez drenados, deixam o solo praticamente sem condição de transportar água
devido ao aumento da sucção, com conseqüente redução na umidade do solo. Já
os solos argilosos possuem poros pequenos e contínuos capazes de conduzir
água ao longo do tempo causando, portanto, uma condutibilidade maior do que os
solos arenosos. Assim, os solos argilosos são caracterizados por apresentarem
uma diminuição muito mais lenta da condutibilidade quando a umidade se reduz
ou quando a sucção aumenta.

9.2. OUTRAS EQUAÇÕES UTILIZADAS PARA O CÁLCULO DA


CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA NÃO SATURADA

Diversos pesquisadores propuseram diversas equações para estimar a


condutividade hidráulica não saturada do solo. Entre elas destacam-se:
K = a/m
K = a/(b + m)

111
K = Ks/[1 + (/c)m]
K=am
K = Ks Sm = Ks ( /f)m
Onde:
K = condutividade hidráulica não saturada
Ks = condutividade hidráulica saturada
a, b, m = constantes
 = umidade volumétrica
 = altura de sucção mátrica
c= altura de sucção quando K = Ks/2
S = grau de saturação
f = porosidade

9.3. DIFUSIVIDADE

A difusividade pode ser calculada como segue:


D() = K()/C()
Onde:
D() = difusividade
K() = condutividade hidráulica não saturada em função da umidade
C() = conteúdo específico de água, que é definido como sendo o
inverso
da declividade da curva característica de água do solo em um determinado
ponto. Assim: C() = d /d.

112
9.4. EXERCÍCIOS

1) Considere o experimento original de Darcy como mostrado na figura abaixo.


A área da seção transversal é igual a 100 cm2 e o volume de água coletada em
10 horas foi igual a 500 cm3. Calcular a condutividade hidráulica saturada e o
fluxo.
12 cm
água

A
solo 15 cm


solo
B Ref.

2) Calcular a condutividade hidráulica saturada e o fluxo para as seguintes


condições, sabendo-se que a área da seção transversal é igual a 10 cm 2 e o
volume de água coletada em 1 hora foi igual a 30 cm3.
a)


150 cm

50 cm 50 cm

A Ref.

113
b)

100 cm

50 cm

 

20 cm 50 cm
Nível de Referência

Para a condição acima calcular o potencial total em um ponto C situado a


10 cm à direita de A.

3) Calcule a condutividade hidráulica não saturada para a condição abaixo


sabendo que:
- potencial matricial no ponto A igual a -10 cm e no ponto B igual a -100
cm. A área da seção transversal é igual a 10 cm 2 e o volume de água
coletada em 104 segundos foi igual a 104 cm3.

0
A
Prof. Solo (cm)

-5 

-10 10 cm

-15  B

4) Considere a mesma situação do exercício 3, exceto mB = -50 cm,  mA = -10


cm e condutividade hidráulica igual a 1,5 x 10 -2 cm/s, calcule o valor do
fluxo. Determine também a direção do fluxo.

114
5) Se a condutividade hidráulica de um solo é igual a 1,5 x 10 -4 cm/s para uma
umidade volumétrica de 30% e a inclinação da curva característica de água
do solo igual a 10 cm/0,01, calcule a difusividade para esta umidade.

115
CAPÍTULO 10 - INFILTRAÇÃO DE ÁGUA NO SOLO

Denomina-se infiltração o processo pelo qual a água entra no solo. Este


processo é de grande importância prática, pois a velocidade de infiltração
influencia o volume do escorrimento superficial e, consequentemente, o processo
de erosão do solo. Além disso, no planejamento de sistemas de irrigação é
necessário que se tenha conhecimento do processo de infiltração.
Muitos fatores influenciam a velocidade de infiltração, incluindo as
condições da superfície do solo, sua cobertura vegetal, as propriedades do solo,
como a porosidade, a condutividade hidráulica e a umidade atual.

10.1. FATORES QUE AFETAM A INFILTRAÇÃO

10.1.1. Umidade atual

Quanto mais úmido estiver o solo no início da infiltração, menor será a


infiltrabilidade inicial, devido aos gradientes de sucção serem mais fracos, e
mais rapidamente será atingido o regime final no qual a infiltrabilidade é
constante. Já nos solos secos, a infiltração é geralmente alta no início do
processo e diminui gradativamente até atingir o regime constante (figura
abaixo).

Solo inicialmente seco


Infiltração

Solo inicialmente úmido


Tempo

116
A infiltrabilidade do solo também chamada capacidade de infiltração é
definida como sendo o fluxo máximo que o solo pode absorver através de sua
superfície, quando a água é aplicada sob a pressão atmosférica.

10.1.2. Condutividade hidráulica

Quanto mais elevada a condutividade hidráulica saturada de um solo,


mais elevado tenderá ser seu regime final de infiltração, ou seja, maior será a
quantidade de água a ser infiltrada quando o regime final for atingido.

10.1.3. Condições da superfície do solo

Quando a superfície de um solo é muito porosa, a infiltrabilidade inicial


é alta, entretanto, a infiltrabilidade final permanece inalterada, pois ela é função
da condutividade hidráulica do solo. Entretanto, em solos compactados ou com
encrostamento superficial, a infiltrabilidade inicial é baixa, pois a camada
compactada ou crosta funciona como uma barreira hidráulica.

10.1.4. Presença de diferentes camadas no perfil do solo

As camadas de textura ou estrutura diferentes da do solo que esta acima


delas, pode retardar o movimento da água durante a infiltração. A camada de
argila impede o movimento da água devido a sua menor condutividade no
estado de saturação, enquanto que a camada de areia retarda o movimento da
água em condição de não saturação devido a sua menor condutividade não
saturada. O movimento da água em uma camada de areia seca ocorre apenas
depois que a altura de pressão elevar-se o suficiente para que a água penetre e
encha os poros grandes da areia.

10.2. INFILTRAÇÃO DE ÁGUA NO SOLO

Dependendo da intensidade da chuva, três situações podem ocorrer:


a) A intensidade da chuva exceder a infiltrabilidade do solo - neste caso o
processo de infiltração ocorre na sua capacidade máxima, ou seja, o fluxo de
água é igual
117
à condutividade hidráulica saturada do solo, considerando-se a altura de água
acumulada na superfície do solo desprezível.
b) A intensidade da chuva é menor do que a infiltrabilidade inicial do solo e
maior que a infiltrabilidade final - neste caso o solo absorverá água em um
regime menor do que seria capaz e o fluxo de água no solo ocorrerá em
condições de não saturação. À medida que a infiltrabilidade diminui, a
superfície do solo se satura e dai em diante o fluxo de água passa a ser igual à
condutividade hidráulica saturada do solo.
c) A intensidade da chuva permanece sempre menor do que a infiltrabilidade -
neste caso o solo continuará a absorver a água tão rapidamente quanto for
aplicada, sem nunca atingir a saturação. Após um longo período de aplicação
de água, os gradientes de sucção se tornarão insignificantes e o perfil molhado
atingirá uma umidade para a qual a condutibilidade será igual ao regime de
aplicação de água.

10.3. PERFIL DA DISTRIBUIÇÃO DA UMIDADE DO SOLO DURANTE


A INFITRAÇÃO

A distribuição da umidade dentro do perfil do solo é ilustrada na figura


abaixo:
Umidade

Zona de saturação
Profundidade

Zona de
transmissão

Zona de
umedecimento
Frente de umedecimento

Como pode-se observar nesta figura existem quatro zonas: a zona


saturada próxima à superfície, a zona de transmissão de fluxo não saturado e de
umidade
118
constante, a zona de umedecimento na qual a umidade decresce com a
profundidade e a frente de umedecimento onde a variação da umidade com a
profundidade é tão abrupta que aparenta uma descontinuidade entre o solo
úmido acima e o solo seco abaixo.

10.4. EQUAÇÕES DE INFILTRABILIDADE

Antes de introduzirmos as equações de infiltrabilidade é necessário


entendermos o conceito da velocidade de infiltração (f), expressa em cm/h, a
qual expressa a velocidade na qual a água entra no solo através de sua superfície.
Se a água empoça na superfície do solo a infiltração é máxima e a velocidade de
infiltração é denominada velocidade de infiltração potencial. A infiltração
acumulada (F) é a quantidade de água infiltrada acumulada durante um dado
período de tempo (figura abaixo).
Infiltração Acumulada (F)
Veloc. de Infiltração (f) e

f0
F

fc f

Tempo

Portanto, tem-se:
t
F(t) =  f(t) dt ou f(t) = dF(t)/dt
0

A seguir serão apresentadas as equações mais usadas no cálculo da


infiltrabilidade:

119
10.4.1. Equação de Horton

Uma das primeiras equações foi desenvolvida por Horton (1933, 1939),
o qual verificou que a infiltração inicia a uma certa velocidade (fo) e
exponencialmente decresce quando o tempo aumenta, até atingir uma velocidade
constante (fc), figura acima. Assim tem-se:
f(t) = fc + (fo - fc) e-at
Onde:
f(t) = velocidade de infiltração em um determinado tempo
fc = velocidade de infiltração constante
fo = velocidade de infiltração inicial
a = constante
t = tempo

A infiltração acumulada pode ser determinada pela expressão:


F(t) = fc . t + [(fo - fc)/a] (1 - e-at)

10.4.2. Equação de Phillip

Phillip (1957, 1969) propôs a seguinte equação para a condição de


infiltração vertical:
F(t) = S . t1/2 + K . t
Onde:
S = sortividade (cm/min1/2) e S = [s - i) . x]/t1/2

s = umidade volumétrica de saturação (cm3 cm-3)


 i = umidade volumétrica inicial (cm3 cm-3)
x = distância de avanço da frente de umedecimento à fonte (figura abaixo)
(cm) t = tempo (minuto)
K = condutividade hidráulica (cm/min)

120
Umidade Volumétrica
i s

Distância da fonte de Água


x

Por diferenciação vem:


f(t) = (1/2) S . t-1/2 + K
Quando t  , f(t) tende para K
Na infiltração horizontal a sucção é a única pressão atuando sobre a água
e a equação de Phillip reduz-se a:
F(t) = S . t1/2

10.4.3. Equação de Green - Ampt

Green - Ampt (1911) propôs as seguintes equações para a infiltração f(t),


e para a infiltração acumulada:
f(t) = K {[( . )/F(t)] + 1}
e
F(t) = K . t +  .  . ln {1 + [F(t)/( . )]}
Onde:
f(t) = velocidade de infiltração em um determinado tempo
K = condutividade hidráulica
 = sucção na frente de molhamento
 = variação na umidade volumétrica

121
F(t) = infiltração acumulada
t = tempo

Sabendo-se K, t, , e , uma boa estimativa do valor de F(t) é


substituir o F(t) do lado direito da equação acima por F(t) = K . t, e um novo
valor de F(t) é calculado para o lado esquerdo da equação, o qual é substituído
no lugar do F(t) do lado direito, e assim por diante até que o F(t) calculado
convirja para um valor constante. O valor final de F(t) é, então, substituído na
equação de f(t). Este procedimento de solução é conhecido por método da
substituição sucessiva.
O parâmetro  pode ser calculado pela equação:
 = (1 - Se) e
Onde:
Se = saturação efetiva, e Se = ( - r)/(n - r)
 = umidade volumétrica
r = umidade volumétrica residual (é a umidade do solo após ele ter sido
totalmente drenado)
n = porosidade total
e = porosidade efetiva e e = n - r
Os valores de n, e,  e K podem ser obtidos na seguinte tabela
proposta por Green - Ampt.

122
Sucção na
Porosidade Condutividade
Classe de Porosidad frente de
efetiva hidráulica
Solo en molhament
e o
K (cm/h)
 (cm)
Areia 0,437 0,417 4,95 11,78

Areia 0,437 0,401 6,13 2,99


franca
Franco 0,453 0,412 11,01 1,09
arenoso
Franco 0,463 0,434 8,89 0,34
Franco 0,501 0,486 16,68 0,65
siltoso
Franco 0,398 0,330 21,85 0,15
argilo
arenoso
Franco 0,464 0,309 20,88 0,10
argiloso
Franco 0,471 0,432 27,30 0,10
argilo
siltoso
Argila 0,430 0,321 23,90 0,06
arenosa
Argila 0,479 0,423 29,22 0,05
siltosa
Argila 0,475 0,385 31,63 0,03

123
10.5. EXERCÍCIOS

1) Determinar a sortividade de um solo para as seguintes condições: i = 0,10 ; s


= 0,50 e a frente de molhamento avançou 10 cm da fonte em 16 minutos. A
condutividade hidráulica saturada do solo é igual a 10-2 cm/min.

2) Em uma coluna se solo saturado e colocado na posição horizontal obtém-se F(t)


= 2,5 cm em 0,25 horas. Se a condutividade hidráulica saturada do solo é igual
a 0,4 cm/h, determine a infiltração acumulada em 30 minutos se a coluna for
colocada na posição vertical.

3) Supondo que os parâmetros da equação de Horton são fo = 3,0 cm/h, fc =


0,53 cm/h e a = 4,182 h-1, determine a velocidade de infiltração e a infiltração
acumulada após 0; 0,5; 0,75; 1,0; 1,5; e 2,0 h. Plote ambos em função do
tempo. Plote a velocidade de infiltração em função da infiltração acumulada.

4) A velocidade de infiltração no inicio de uma chuva foi fo = 4,0 cm/h e


decresceu para 0,5 cm/h após 2 horas. A infiltração acumulada neste período
foi de 1,7 cm. Determine o valor de a da equação de Horton.

5) A velocidade de infiltração em função do tempo é apresentada abaixo:

Tempo (h) 0 0,07 0,16 0,27 0,43 0,67 1,0 1,10


Veloc.
Infiltração
0,26 0,21 0,17 0,13 0,09 0,05 0,03 0,03
(cm/h)

Determine os valores de fo, fc e a da equação de Horton para esta condição.

6) Para um solo franco arenoso, calcule a velocidade de infiltração (cm/h) após


uma hora se a saturação efetiva inicial é 40% usando a equação de Green -
Ampt.

124
CAPÍTULO 11 - REDISTRIBUIÇÃO E ARMAZENAMENTO DE ÁGUA
NO SOLO

Quando a chuva ou irrigação cessa, o processo de infiltração termina, pois


a reserva de água da superfície do solo se esgota. O movimento de água dentro
do perfil não termina imediatamente e pode, muitas vezes, persistir por muito
tempo. As camadas de solo que foram molhadas durante o processo de
infiltração, quase ou totalmente saturadas, não retém todo o seu teor de água e
parte dessa água se move para as camadas mais profundas sob a influência da
gravidade e dos gradientes de sucção. Este movimento pós-infiltração é
denominado de drenagem interna ou redistribuição. Este processo se
caracteriza por aumentar a umidade das camadas mais profundas através da
percolação de parte da água contida nas camadas superficiais.
Em alguns casos, a velocidade de redistribuição diminui rapidamente
tornando-se desprezível após um ou dois dias, dando a impressão que daí em
diante o solo parece reter sua umidade, a não ser que haja evaporação ou retirada
do perfil pelas raízes das plantas. Todavia, em outras situações, a redistribuição
pode continuar com uma intensidade apreciável por muitos dias ou mesmo
semanas.
A velocidade e a duração da redistribuição determinam a capacidade
efetiva de armazenamento do solo, propriedade esta de vital importância para as
plantas, por ser um fenômeno temporário, devido à natureza dinâmica do
movimento de água no solo.

125
11.1. DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE REDISTRIBUIÇÃO

O processo de redistribuição pode ocorrer na presença de um lençol


freático próximo à superfície do solo ou pode ocorrer onde o lençol não existe ou
está muito profundo não afetando o estado e o movimento da água na zona
radicular.
Onde os lençóis (plano freático) são rasos, a água do solo abaixo dele se
encontra sob uma pressão maior do que a atmosférica, e acima dele a água do
solo se encontra sob sucção. O processo de redistribuição na presença de um
lençol freático tende ao estado de equilíbrio no qual a sucção em cada ponto
corresponde à sua altura acima do nível livre de água.
Na ausência de lençol freático e desde que o solo seja suficientemente
profundo, o perfil ao final do processo de infiltração consiste de uma zona úmida
na parte superior do perfil e de uma zona seca na parte inferior (Figura abaixo).
Nesta condição, as camadas mais profundas retiram água das camadas
superiores. Assim em um solo seco os gradiente de sucção são grandes e a
redistribuição é rápida. Já num solo úmido os gradiente de sucção são pequenos e
a redistribuição se processa sob a ação da gravidade.
wi Teor de água w
4
14 1 0
Profundidade do solo

0
1
4

14

A umidade da zona superior é dependente do tempo (figura abaixo). Para


um solo arenoso, o valor da condutividade hidráulica cai rapidamente para um
valor insignificante com o decorrer do tempo, enquanto num solo argiloso a
redução da condutividade hidráulica é mais lenta e o processo de redistribuição
persiste por mais tempo.
126
Saturação

Teor de água
Solo argiloso

Capacidade
de campo
Solo arenoso

1 2 3 4 5 6 7
Tempo pós-infiltração (dias)

11.2. ANÁLISE DO PROCESSO DE REDISTRIBUIÇÃO

Após a cessação da infiltração e na ausência de evaporação o


armazenamento de água no solo pode ser determinado pela seguinte expressão:
zf
A =   dz
zi
Onde:
A = armazenamento (cm)
 = umidade volumétrica (cm3 cm-3)
dz = espessura (cm)
Esta integral pode ser resolvida de duas maneiras apresentadas a seguir:

11.2.1. Método de Euler

Considerando a figura abaixo tem-se:

n
A =  i z
i=1

127
 (cm3 cm-3) i

z

z

Profundidade (cm) z

z

11.2.2. Método do trapézio

Considerando a figura acima tem-se:


n
A =  Área do trapézio
i=1

ou
n
A =  (Área do retângulo + área do triângulo)
i=1
11.3. CAPACIDADE DE CAMPO

Como já foi mencionado, o fluxo e as variações de umidade do solo


decrescem com o tempo de tal forma que o fluxo torna-se desprezível ou mesmo
cessa depois de alguns dias. A umidade do solo na qual a drenagem interna
praticamente cessa é denominada capacidade de campo. Entretanto,
questionamentos como quando e como se pode determinar que o fluxo tornou-se
desprezível ou mesmo cessou coloca em dúvida a precisão desta determinação.
Para

128
tentar minimizar estes questionamentos sobre a determinação da capacidade de
campo, deve-se levar em consideração que este valor é específico para um
determinado tipo de solo, a uma profundidade específica e com as condições de
evapotranspiração controlada.
Os solos a que este conceito mais se adaptam são os solos de textura
grossa, nos quais a condutividade hidráulica decresce rapidamente com a
diminuição da umidade do solo e o fluxo torna-se pequeno rapidamente. Em
solos de textura média e fina, o processo de redistribuição pode persistir de
maneira apreciável por vários dias ou até mesmo meses. Assim, a velocidade de
saída da água de uma camada de solo depende de sua textura, condutividade
hidráulica e da composição e estrutura do perfil do solo, pois a presença de uma
camada limitante ao fluxo em qualquer posição dentro do perfil retarda a saída
de água de todas as camadas acima. Portanto, torna-se claro que a capacidade de
armazenamento de água de um solo não está apenas relacionada ao tempo, mas
também à composição textural, seqüência das camadas de propriedades físicas
distintas, etc.
Apesar de tudo, o conceito de capacidade de campo é considerado como
um critério prático e útil para se determinar o limite superior de retenção de água
pelo solo. Portanto, a capacidade de campo deve ser determinada no campo e o
usuário deve estar ciente de suas limitações. Assim, não existe um método de
laboratório capaz de reproduzir as condições de campo. Entretanto, têm-se usado
os valores das umidades retidas a 1/10 ou 1/3 atm, para representar a capacidade
de campo determinada no laboratório.

11.4. EXERCÍCIOS

1) Usando o aplicativo EXCEL determine o armazenamento d'água para as


condições da figura abaixo utilizando o método de Euler e a regra do
trapézio.

129
 (cm3 cm-3)
0 20 40 60 80 100%

argila areia
20

Profundidade (cm)
40

60

80

2) Usando o aplicativo EXCEL determinar a variação do armazenamento d'água


com o tempo para as condições da figura abaixo utilizando o método de
Euler e a regra do trapézio. Determine também o erro entre os dois métodos.

 (cm3 cm-3)

0 0,1 0,2
0,3 0,4 0,5

20
Profundidade (cm)

40
t1
60
t2
t3
80

130
CAPÍTULO 12 - AERAÇÃO DO SOLO

A aeração do solo refere-se ao transporte de gases através do espaço


poroso ocupado pelo ar e à troca de gases entre o solo e a atmosfera. Os dois
gases mais importantes do ar do solo são o gás carbônico, o qual é produzido
como um subproduto da respiração das raízes das plantas e da atividade biológica
do solo, e o oxigênio, o qual é consumido no solo pelo mesmo processo.
Para a maioria das espécies vegetais a translocação de oxigênio das
folhas para as raízes é inadequada, para suprir o oxigênio na mesma taxa que é
requerida pela planta e, portanto, as raízes têm que retirar o restante do ar do
solo. À medida que o oxigênio é exaurido, ele tem que ser reposto pelo oxigênio
proveniente da atmosfera acima da superfície, o qual moverá para dentro do
solo. Portanto, condições anaeróbicas se desenvolverão no solo quando as raízes
e os organismos usarem o oxigênio do solo mais rápido do que este possa ser
reposto através dos poros conectados e abertos para a atmosfera.
Os gases podem mover-se através da fase ar, isto é, o movimento ocorre
nos poros sem água desde que estes estejam interconectados e abertos para a
atmosfera, ou dissolvidos na água. A velocidade de difusão dos gases no ar é
geralmente maior do que na água. Assim, a difusão do oxigênio na água é em
torno de 104 vezes mais lenta do que no ar. Portanto, a presença de água nos
poros do solo é a principal restrição para a aeração do solo. Além disso, a
difusão de gases como o gás carbônico para fora do solo poderá ser impedida
pelo excesso de água ou pela compactação, podendo, portanto, acumular no solo.
Assim, as condições anaeróbicas induzem a uma série de reações químicas e
biológicas como a desnitrificação, reações de redução do manganês, ferro e
sulfato. Muitas destas reações são tóxicas para as plantas.
De uma maneira em geral, os problemas de fertilidade do solo e
deficiência de água têm sido contornados através do manejo adequado das
adubações e do uso correto da irrigação, entretanto, devido ao uso inadequado do
maquinário agrícola,
131
o problema da compactação tem aumentado recentemente, contribuindo para que
a aeração passe a ser um dos fatores limitantes para se obter máxima
produtividade.

12.1. COMPOSIÇÃO DO AR DO SOLO

A composição dos gases contidos no ar do solo depende da taxa de


respiração dos microorganismos e das plantas, da solubilidade do CO2 e do O2
na água e da velocidade da troca gasosa com a atmosfera.
Os processos de produção de CO2 no solo também diminuem a
concentração de O2, portanto, enquanto a concentração de CO2 aumenta a de O2
diminui. Assim, a concentração destes gases varia em um determinado lugar
para diferentes épocas do ano. Estas variações sazonais refletem não somente na
atividade respiratória dos microorganismos, mas varia também com a resistência
do solo causada por diferenças na umidade.
Em geral a composição dos principais gases da atmosfera e do solo é a
seguinte:

Gases Atmosfera Solo


N2 (%) 80 < 80
O2 (%) 21 0 - 21
CO2 (%) 0,03 0,3 - 15

12.2. FLUXO DE AR DO SOLO

A troca gasosa entre o solo e a atmosfera pode ocorrer através de dois


mecanismos: a convecção e a difusão.
No caso da convecção, também conhecida por fluxo de massa, a força
responsável pelo movimento é devido a um gradiente de pressão total do gás e
isso provoca o movimento da massa de ar da zona de alta pressão para a zona de
baixa pressão.

132
No caso da difusão, a força responsável pelo movimento é devido a um
gradiente de concentração de qualquer constituinte da mistura gasosa que provoca
a migração das moléculas da zona de alta para a de baixa concentração, mesmo
quando o gás como um todo possa permanecer isobárico e estacionário.
Diversos fenômenos podem causar diferença de pressão entre o solo e a
atmosfera induzindo, portanto, fluxo por convecção para dentro ou para fora do
solo. Dentre estes fenômenos pode-se citar: variação na pressão atmosférica,
variação na temperatura, ventos sobre a superfície do solo, penetração de água
no solo durante a infiltração, flutuação do lençol freático, extração de água pelas
raízes das plantas, compactação e preparo do solo.
A maioria dos estudos tem mostrado que o fluxo de ar por difusão é mais
importante do que por convecção para a aeração do solo. Entretanto, recentes
evidências têm mostrado que o fluxo de gás por convecção, em certas
circunstâncias, contribui significativamente para a aeração do solo,
particularmente em profundidades rasas e em solos com poros grandes.
Em solos agregados, a difusão de gases ocorre rapidamente nos poros
entre os agregados, os quais rapidamente drenam após a chuva ou irrigação e
formam uma rede de poros contínuos cheios de ar. Por outro lado, os poros
intra-agregados podem permanecer quase saturados por longos períodos e,
assim, restringirem a aeração interna dos agregados. É comum observar que as
raízes das plantas geralmente estão confinadas nos poros grandes entre os
agregados e raramente penetram os agregados, talvez por causa dos poros serem
pequenos e por causa de sua resistência não permitindo a penetração das raízes
ou por causa da aeração restrita. Entretanto, os microorganismos penetram os
agregados e pela sua demanda de oxigênio afetam a aeração do solo como um
todo. Assim, o centro dos agregados pode estar na condição anaeróbica, enquanto
os poros ao redor dele indica boa aeração.

133
Currie (1961) concluiu que o raio máximo do agregado (r) para o centro
o qual o oxigênio pode alcançar é dado por:
r2 = 6 (D . C)/M
Onde:
D = coeficiente de difusão do oxigênio no agregado o qual depende do tamanho e
tortuosidade do poro cheio de água
C = concentração de oxigênio na água do lado de fora do agregado
M = velocidade de utilização do oxigênio
Já Greenwood (1975) estimou o raio máximo (R) sem estar anaeróbico o
centro do agregado pela expressão:
R = (6 . D. S . P)/M
Onde:
D = coeficiente de difusão do oxigênio na água de saturação do solo
S = solubilidade do oxigênio na água do solo
P = pressão parcial do lado de fora do agregado
M = velocidade de utilização do oxigênio

12.3. DIFUSÃO DE AR NO SOLO

O transporte dos gases O2 e CO2 por difusão ocorre parcialmente na fase


gasosa e parcialmente na fase líquida. A difusão através do ar contidos nos
poros mantém a troca gasosa entre a atmosfera e o solo, enquanto que a difusão
através dos filmes de água mantém o suprimento de oxigênio para os tecidos e
transporta o CO2 destes tecidos. Em qualquer destas condições, o processo de
difusão pode ser descrito pela lei de Fick, a qual é apresentada a seguir:
qd = - D (dC/dX)
Onde:
qd = fluxo devido a difusão
D = coeficiente de difusão

134
C = concentração
X = distância
dC/dX = gradiente de concentração

Considerando a trajetória da difusão, observa-se que o coeficiente de


difusão do ar no solo (Ds) é menor do que o do ar (D o), devido a apenas parte do
volume ocupado por ar estar contido em poros contínuos e também devido à
tortuosidade dos poros. Assim, espera-se que Ds seja uma função dos poros
preenchidos com ar (fa). Diferentes relações têm sido obtidas correlacionando
estes parâmetros, tais como:

a) Buckingham (1904)
Ds/Do = k . fa2

b) Penmam (1940)
Ds/Do = 0,66 . fa

c) Blake e Page (1948)


Ds/Do = (0,66 a 0,80) . fa
onde: Ds tende para zero quando a % de ar é em torno de 10% da
porosidade.

d) Van Bavel (1952)


Ds/Do = 0,61 . fa

e) Marshall (1959)
Ds/Do = fa3/2

135
f) Millington (1959)
Ds/Do = (fa/f)2 . fa4/3
onde: f = porosidade total

g) Wesseling (1962)
Ds/Do = 0,90 . fa - 0,10

12.4. ALGUNS EFEITOS DA CONDIÇÃO ANAERÓBICA NO SOLO

12.4.1. Rota Metabólica

Quando o oxigênio livre está ausente, muitas das mudanças no solo, as


quais podem afetar o desenvolvimento das plantas, são devido aos produtos do
metabolismo anaeróbico dos microorganismos. Assim, a comparação entre a
respiração aeróbica e anaeróbica mostra uma grande mudança nas condições do
solo quando o anaerobismo ocorre. Assim, como exemplo, pode-se citar o que
acontece com o açúcar no processo de respiração.

Aeróbica 6H2O+6CO2+300000cal
+ 6 02

C6H12O6

Anaeróbica
2C2H5OH+2CO2+16000cal

12.4.2. Substâncias Tóxicas

Muitas das substâncias que são produzidas no metabolismo anaeróbico


podem ser prejudiciais para as plantas, pois podem atingir níveis tóxicos. Dentre
estas substâncias pode-se citar: ácidos orgânicos (ácido acético, fórmico,
propiônico, butírico), gases como metano, etileno, gás carbônico e ácido
sulfídrico.
136
12.4.3. Perda de compostos solúveis

Sob condições anaeróbicas uma quantidade considerável de nitrato pode


ser perdido por desnitrificação ( NO
3
-
 NO
2  N
-
2 O N2 ) e por lixiviação. A

lixiviação é independente da concentração de oxigênio no solo, entretanto, desde


que solos anaeróbicos são freqüentemente, na prática, armazenadores de água é
interessante considerar este processo.

12.5. RESPOSTA DAS PLANTAS À ANAEROBIOSE DOS SOLOS

12.5.1. Efeitos Morfológicos

Nas plantas, os efeitos do anaerobismo podem ser: murchamento das


folhas, epinastia (enrugamento das folhas), clorose e envelhecimento precoce das
folhas. A exposição da planta a condições anaeróbicas por um curto período de
tempo (exemplo 24 h) pode causar, muitas vezes, redução permanente no
crescimento da planta e longa exposição pode levar a morte.

12.5.2. Efeitos Fisiológicos

Alguns dos mais comuns efeitos fisiológicos devido ao anaerobismo do


solo são: redução da permeabilidade das raízes, alteração do metabolismo
respiratório e da produção hormonal. A alteração hormonal pode provocar
inibição do crescimento do caule, envelhecimento precoce das folhas,
desenvolvimento de raízes adventícias, etc.

12.6. TOLERÂNCIA ÀS CONDIÇÕES ANAERÓBICAS

As características morfológicas e fisiológicas das plantas podem conferir


tolerância às condições anaeróbicas. Uma dessas adaptações é o aumento do
espaço aéreo intercelular no córtex, formando, assim, canais paralelos ao eixo
das raízes, através dos quais os gases podem mover-se longitudinalmente. Este
aerênquima é, particularmente, bem desenvolvido no arroz e em numerosas
plantas aquáticas.

137
Nestas plantas é capaz de ser suprido quase todo, se não todo, o oxigênio
necessário para as raízes e, certamente, fornece oxigênio para a rizosfera vizinha.
Outra modificação morfológica desenvolvida pelas plantas é o desenvolvimento
de raízes próximas à superfície do solo, onde a pressão de oxigênio é alta o que
permite a sobrevivência das plantas em condições anaeróbicas.

12.7. MEDIÇÃO DA AERAÇÃO DO SOLO

As técnicas mais usadas para medir a aeração do solo são:


12.7.1. fa = n -
Onde:
fa = volume de poros cheio de ar
n = porosidade
 = umidade volumétrica

12.7.2. Método de Raney (1950)

Este método consiste basicamente em encher uma cavidade no solo com


nitrogênio e, então, amostrar o ar da cavidade periodicamente para determinar a
velocidade de difusão dos gases, particularmente o nitrogênio, no solo vizinho.

12.7.3. Método de Lemon e Erickson (1952)

Este método consiste, basicamente, em medir a redução do oxigênio por


um micro eletrodo de platina mantido a um potencial constante. Esta medição é
comumente chamada ODR (oxygen diffusion rate).

138
CAPÍTULO 13 - TEMPERATURA DO SOLO

A temperatura do solo pode ser definida como sendo uma manifestação


da intensidade de calor no solo. A temperatura do solo influencia os processos
físicos, químicos e biológicos. Assim, a temperatura do solo influencia a
formação de agregados, nitrificação, germinação, emergência e desenvolvimento
das plântulas, desenvolvimento radicular, decomposição da matéria orgânica,
atividades biológicas, etc.

13.1. TRANSFERÊNCIA DE CALOR

O calor pode ser transportado através do solo por meio de diferentes


mecanismos, tais como radiação, convecção e condução.

13.1.1. Radiação

A radiação refere-se à emissão de energia na forma de ondas


eletromagnéticas provenientes de corpos com temperatura acima de 0 ºK. De
acordo com a lei de Stephan - Bolzmann a energia total emitida por um corpo (J)
pode ser expressa pela seguinte expressão:

J =  .  . T4

Onde:

= emissividade
 = constante de Stephan - Bolzmann
T = temperatura absoluta

13.1.2. Convecção

A transferência de calor por convecção envolve o transporte de calor


através do movimento de massa, como é o caso das correntes oceânicas e dos
ventos.

139
13.1.3. Condução

A transferência de calor por condução é devido à propagação de calor


dentro do corpo através do movimento interno de moléculas. Assim, a
temperatura é uma forma de energia cinética das moléculas dos corpos e a
existência de diferentes temperaturas no corpo provocará a transferência de
energia cinética pelas numerosas colisões que ocorrerá entre as moléculas que
estão movendo da região mais quente para a mais fria.

13.1.4. Calor Latente

Além dos modos de transferência de calor descritos acima, um outro


modo é o calor latente. Como exemplo deste processo pode-se citar o processo
de destilação o qual inclui os estágios de evaporação e condução.
A transferência de calor através da superfície do solo pode ocorrer por
qualquer um dos mecanismos acima descritos. Entretanto, dentro do solo, os
processos de radiação, convecção e calor latente são de importância secundária e
o principal processo de transferência calor ocorre por condução.

13.2. CONDUÇÃO DE CALOR NO SOLO

A equação utilizada para estimar o fluxo de calor é a equação de Fourier.


Esta equação é apresentada a seguir:
qh = - Kz (dT/dz)
Onde:
qh = fluxo de calor
Kz = condutividade térmica
dT/dz = gradiente de temperatura na direção vertical
O subscrito h, do fluxo de calor, indica a possibilidade deste parâmetro
poder variar com a direção considerada. O sinal negativo nesta equação é devido
ao fato do fluxo de calor ocorrer da alta para a baixa temperatura. Esta
equação é

140
usada para a condição de temperatura e fluxo permanecerem constantes com o
tempo.

13.3. CAPACIDADE TÉRMICA VOLUMÉTRICA DOS SOLOS

A capacidade térmica volumétrica dos solos é definida como sendo a


variação na quantidade de calor por unidade de volume de solo por unidade de
temperatura. As unidades da capacidade térmica volumétrica dos solos são
cal/cm3.ºK ou Joule/m3.ºK. A capacidade térmica depende da composição da
parte sólida do solo (parte mineral e parte orgânica), densidade do solo e
umidade.
O valor da capacidade térmica do solo (C), pode ser calculado
adicionando as capacidades térmicas dos vários constituintes do solo. Assim,
Vries (1975) propôs a seguinte equação para o cálculo da capacidade térmica:
C =  fsi . Csi + fw . Cw + fa . Ca
Onde:
f = fração do volume do solo ocupado por sólidos (s), água (w) e ar (a). A fase
sólida inclui vários componentes (i) como, por exemplo, a parte mineral e a
parte orgânica.
O valor da capacidade térmica (C) da água, ar e de cada componente da
fase sólida pode ser calculado pelo produto da densidade (de partículas, água e
ar) pelo calor específico por unidade de massa (cm). Assim. tem-se:
Csi = si . cmi
Cw = w . cmw
Ca = a . cma

141
O quadro abaixo apresenta alguns valores da densidade (), da
capacidade térmica (C) e da condutividade hidráulica (K) de alguns
componentes do solo.

Densidade Condutividade Capacidade


COMPONENTES () (g cm- Térmica (K) Térmica (C)
3
) (m cal/cm sec (cal/cm3 K)
K)
Minerais 2,65 7,00 0,48
Matéria orgânica 1,30 0,60 0,60
Água 1,00 1,37 1,00

Como a densidade do ar é 1/1000 da densidade da água este valor pode


ser considerado desprezível e a equação da capacidade térmica pode ser rescrita
como segue:
C = fm . Cm + fo . Co + fw . Cw

Onde os subscritos significam:


m = mineral
o = matéria orgânica
w = água
Observe que:
fm + fo + fw = 1 - fa
Onde o subscrito a significa ar e
f = fa + fw
Onde: f = porosidade total

Usando os valores de C da tabela acima, a equação da capacidade térmica


fica:

142
C=
0,48 .
fm +
0,60 .
fo + fw

143
13.4. REGIME TÉRMICO DO SOLO

A mais simples representação matemática da variação do regime térmico


é assumir que a temperatura em todas as profundidades do solo oscila como uma
função senoidal do tempo em torno da temperatura média. Estas variações da
temperatura é devido à sucessão de: dias e noites, verão e inverno, frente fria e
frente quente, chuvas e veranicos, variações nas características térmicas do solo
(capacidade térmica e condutividade térmica), o solo seca e umedece, variação
na localização e vegetação, etc.. Portanto, o modelo descrito acima é uma
aproximação grosseira da realidade. Assim, a temperatura em uma profundidade
qualquer pode ser expressa pela expressão:
T(z,t) = T ' + Ao {sen [w . t - (z/d)]}/ez/d
Onde:
T(z,t) = é a temperatura em uma profundidade z como uma função do tempo t
T ' = temperatura média
Ao = amplitude da curva
w = freqüência radial . No caso da variação diária tem-se que o período é
igual a 86400 seg (24 h) e portanto w = 2/86400 = 7,27 x 10 -5/seg
t = tempo
z = profundidade
d = damping depth, a qual é definida como sendo a profundidade na qual a
amplitude da temperatura decresce de 1/e = 0,37 da amplitude da superfície
do solo Ao.

144
A figura abaixo apresenta um exemplo da variação da temperatura do
solo para diferentes profundidades. Observe as mudanças na amplitude, período
e deslocamentos das curvas em relação ao eixo da temperatura.

30
0 cm

10 cm
25
Temperatura (oC)

20 cm

30 cm
40 cm
20

15

10
12 () 24 (2) 36
Tempo (h)

145
A damping depth (d) pode ser calculada pelas expressões:
d = (2 . K/c . w) ou d = (2 . Dh/w )1/2
Onde:
K = condutividade térmica
c = calor específico
w = freqüência radial
Dh = difusividade térmica
Dh = K/cs . s ou Dh = K/Cv

Onde:
Cv = capacidade térmica volumétrica

146
13.5. MEDIÇÃO DA TEMPERATURA DO SOLO

As técnicas mais modernas para o monitoramento do regime térmico do


solo são os termômetros de radiação e as placas de fluxo de calor.

13.6. CONTROLE DA TEMPERATURA DO SOLO

A temperatura do solo pode ser modificada através da utilização de


algumas práticas tais como:
a) Proteger a superfície do solo com resíduos das culturas.
b) Preparo do solo - os sistemas de preparo do solo que deixam mais resíduos na
superfície do solo resulta em mais baixas temperaturas.
c) Irrigação e drenagem - devido a água possuir maior capacidade e
condutividade térmica do que o ar os solos úmidos serão mais frios do que
quando secos. Já a drenagem dos solos úmidos, geralmente, resultará num
aumento da temperatura do solo.
d) efeito da copa das culturas – este efeito é diferente de cultura para cultura e
para uma mesma cultura depende do estágio vegetativo. Entretanto, em
qualquer situação à medida que a copa fica mais densa, aumenta o
sombreamento do solo, o que causa uma redução da temperatura do solo.

13.7. EXERCÍCIOS

1) Determinar o fluxo térmico e a quantidade total de calor transferida através de


uma camada de 20 cm de espessura, sendo sua condutividade térmica igual a
3,6 x 10-3 cal/cm . seg . oC e a diferença de temperatura de 10 oC é mantida na
amostra durante 1 hora.
2) Calcular a capacidade térmica volumétrica para as condições seco e saturado,
sendo a densidade do solo igual a 1,60 g/cm 3. Assumir que a densidade de
partículas é igual a 2,65 g/cm3 e que a matéria orgânica ocupa 1,5% do
volume dos sólidos.

147
3) Considerando que o modelo que descreve a variação da temperatura no solo
pode ser definido em uma forma bem simplificada como T = a + b sen (c .t +
d), discutir detalhadamente o efeito dos parâmetros a, b, c, e d na curva
gerada pela função. Mostre graficamente o efeito da variação de tais
parâmetros.
4) A temperatura máxima diária na superfície do solo é igual a 40 oC e a mínima
10oC. Assumindo que a variação da temperatura é representada por uma
senóide, que a temperatura média é igual em todo perfil, que a temperatura
média do perfil é igual às 6 e às 18 horas, que a damping deph é igual a 10
cm, calcule a temperatura às 12 e 24 horas para as profundidades 0, 5, 10 e 20
cm. Interprete os resultados.

148
14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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