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RESUMO PROVA

A Cultura

A cultura é um conceito amplo e multifacetado que abrange os padrões de


comportamento, crenças, valores e formas de comunicação compartilhados por um grupo
de pessoas. Ao longo do século XX, vários antropólogos ofereceram definições e
perspectivas sobre a cultura:

1. Charles H. Kraft a viu como um mecanismo de sobrevivência, consistindo em conceitos


e comportamentos padronizados, aprendidos e suas perspectivas subjacentes.

2. Paul G. Hiebert definiu cultura como um sistema integrado de ideias, sentimentos,


valores e padrões de comportamento compartilhados por um grupo de pessoas.

3. Carley H. Dodd a definiu como a acumulação total de crenças, normas, atividades,


instituições e padrões de comunicação de um grupo identificável.

Além disso, a cultura é caracterizada por:

1. Ter uma parte superficial (material) e uma parte profunda (imaterial).


2. Ser complexa, com definições próprias para várias áreas da vida.
3. Ser herdada por meio do aprendizado, não por instinto.
4. Ser aprendida inconscientemente desde a infância.
5. Ser percebida pelos membros de uma cultura como um mapa de referência.
6. Incluir padrões culturais que são aceitos pelo grupo, mesmo que não haja um contrato
formal.
7. Mudar constantemente, embora a velocidade e a natureza das mudanças possam variar.

Além disso, o texto explora as ideias de enculturação (aprendizado dentro da própria


cultura), aculturação (adaptação a outra cultura) e assimilação (adaptação tão profunda a
outra cultura que parece ser nativa).

O texto também discute como as diferentes perspectivas cristãs se relacionam com a


cultura. Algumas abordagens incluem:
1. Cristo Contra a Cultura: Vendo a cultura como corrompida e inimiga de Deus, e os
cristãos se afastam dela.

2. Cristo na Cultura: Reconhecendo que Deus está presente em todas as culturas e sendo
mais generoso com o pluralismo cultural.

3. Cristo Acima da Cultura: Considerando que Deus não se envolve com a cultura
pecaminosa e focando em princípios éticos, não na revelação da Bíblia.

4. Cristo Através da Cultura: Vendo Deus trabalhando através da cultura e buscando


redimi-la.

Por fim, o texto sugere como os cristãos devem abordar as culturas, destacando que
nenhuma produção cultural está isenta dos efeitos do pecado. Ele enfatiza a importância
de uma perspectiva crítica que reconheça a realidade maior que Deus vê e as realidades
menores, que podem ser ingênuas, relativas ou críticas. Além disso, o texto destaca a
diferença entre cultura material e imaterial e a importância de questionar os valores
transmitidos por essas manifestações culturais.

COMPLETO DA PROVA

O que é Cultura?
Na primeira metade do século XX, a Antropologia precisou definir o conceito de cultura, bem
como sua extensão.

Vejamos algumas definições propostas:

Charles H. Kraft (1932-*)

Para Kraft a cultura é vista como um mecanismo de sobrevivência, consistindo de conceitos e


comportamentos padronizados e aprendidos, junto com suas perspectivas subjacentes e
resultando em seus artefatos.
Antropólogo americano, linguista, professor de antropologia e comunicação intercultural.
Concentrou seus estudos em religião e, desde os anos 1980, seu trabalho focou a cura interior e
a guerra espiritual.
Em 1982, em parceria com Peter Wagner, tornou-se um defensor do modelo ministerial que
culminou em John Wimber, famoso pastor do movimento Vineyard. Suas compreensões sobre
cristianismo e cultura distanciam-se dos autores que defendem a teologia reformada.

Paul G. Hiebert ( 1932-2007 )


Para Hiebert a cultura é o sistema mais ou menos integrado de ideias, sentimentos, valores e
padrões associados de comportamento e produtos compartilhados por um grupo de pessoas que
organiza e regula o que elas pensam, sentem ou fazem.
Antropólogo americano, filho de pais missionários e nascido na Índia. Foi considerado um dos
antropólogos cristãos mais respeitados do mundo.
Propôs o modelo de “contextualização crítica”, onde propõe a avaliação de práticas culturais à
luz da Bíblia.
Um outro conceito desenvolvido foi o “meio excluído”, que entende que o universo é
composto por duas camadas: uma visível e outra invisível. Para Hiebert, os ocidentais
encontram maior dificuldade em reconhecer a camada invisível do que os orientais.

Carley H. Dodd ( 1956-*)


Para Dodd a cultura é a acumulação total de crenças, normas, atividades, instituições e padrões
de comunicação de um grupo identificável.
Professor na Abilene Christian University, EUA, concentrou seus estudos na comunicação entre
pessoas de culturas diferentes e suas dificuldades.

O caráter da cultura

1) A CULTURA COMO O MAR

O mar é composto de duas partes: uma superficial e outra profunda. A parte visível do mar é
muito diferente da invisível. A cultura é como o mar. Ela possui uma parte superficial, que é
material, e a parte mais profunda, que é imaterial.

Paul Hiebert classifica a cultura em três níveis:

1º) Cognitivo = conhecimento, lógica, intelecto


2º) Emocional = sentimentos, afeto, beleza
3º) Valorativo = valores, confiança, lealdade, dedicação

Hiebert defende que o último nível é o mais profundo entre os níveis.

2) A CULTURA COMPLEXA

A cultura é complexa. Toda cultura tem definições próprias sobre ações, nascimento,
casamento, regras, cerimônias, ritos, morte e etc. Pode haver variações dessas definições em
uma mesma região, como na cultura familiar, cultura urbana, cultura rural, etc.

3) A CULTURA HERDADA

Brasileiros falam português e, dependendo da região, de maneira diferente. Por que há tanta
variação?
A cultura é a herança de uma sociedade. Herdamos nossa cultura do aprendizado e não dos
instintos.

4) A CULTURA SE APRENDE INCONSCIENTEMENTE

Aprendemos falar uma língua, a comer com talheres, a cumprimentar, a expressar alegria e
tristeza, a usar o banheiro e outras coisas sem planejarmos. Diariamente, inconscientemente, as
crianças assimilam a cultura ao redor.
5) A CULTURA COMO UM MAPA

Nem os homens e nem as culturas são perfeitas. Embora nenhuma cultura seja completa, as
pessoas que vivem em suas culturas delas acreditam que elas lhes fornecem um mapa de
referência no mundo.
Os membros de uma cultura tendem a simplesmente repetir seus costumes, sem se darem conta
de que foram aprendidos.

6) A CULTURA COMO CONTRATO DE GRUPO

Ninguém faz um contrato cultural oficial; no entanto, as pessoas seguem, aceitam e usam
costumes que são compreendidos por um determinado grupo. Ex: Na China, Coreia e Japão as
pessoas evitam o número “4”. No Brasil, evitam o número “13”.
7) A CULTURA MUDA CONSTANTEMENTE

Uma cultura não é congelada, mesmo que exista diferença de velocidade e grau de mudanças.
A cultura sempre muda. Uma cultura pode ser mais flexível, outra mais rígida. As culturas
apresentam duas faces: uma de preservação e outra de mudança.

ENCULTURAÇÃO, ACULTURAÇÃO, ASSIMILAÇÃO

ENCULTURAÇÃO é o comportamento aprendido dentro da sua própria cultura.


ACULTURAÇÃO é o comportamento de adaptar-se a outra cultura.
ASSIMILAÇÃO é o comportamento mais extremo de aculturação. Uma pessoa se adapta tão
bem a outra cultura que parece ter nascido nela.

Deus e a cultura

Deus criou o homem e o colocou no mundo. O homem criado e inserido no mundo começou a
criar culturas.
A queda humana trouxe desarmonia entre o homem e Deus, o homem e o homem e entre o
homem e o cosmos.
Estudar sobre as culturas em uma perspectiva cristã implica em considerar os efeitos da queda.
Isso nos leva a dizer que:

NÃO HÁ CULTURA ISENTA DO PECADO.


Diante dessa perspectiva, como o cristão deve se relacionar com a cultura que está inserido?

Algumas compreensões foram produzidas. São elas:

1) CRISTO CONTRA A CULTURA


A cultura é vista como totalmente corrompida e inimiga de Deus. Está sob o poder de Satanás,
por isso, se amarmos o mundo, estaremos fora do amor de Deus.
Textos bíblicos usados para defender essa posição:
Mt 6:24 Hb 11:26
Jo 15:18-19 1 Jo 5:19
1 Jo 2:15-17
Crentes fieis têm que afastar-se do mundo, não podem ter regozijo no mundo.
Por outro lado, crentes verdadeiros devem ser odiados pelo mundo e, até mesmo, perseguidos.

Exemplos históricos dessa posição:

1) Anabatistas

2) Fundamentalismo americano

2) CRISTO NA CULTURA

Esta posição é contrária à primeira posição. Deus não está contra a cultura, mas se mostra
nela. Ele é amigo de todas as culturas, até aquelas que são influenciadas por outras religiões.
Aqueles que têm essa posição, têm uma atitude mais generosa para com o pluralismo de
culturas. Eles se identificam facilmente com o mundo

Exemplos históricos dessa posição:

1) Muitos na igreja pós-Constantino

2) Liberais

3) CRISTO ACIMA DA CULTURA

Deus criou o mundo, porém, não se relaciona com sua criação. Ele está acima da cultura e não
tem interesse por ela, não deseja intervir na cultura pecaminosa.
Aqueles que defendem esta posição tendem a focar em princípios éticos, mas não na revelação
de Deus ( Bíblia ).

Exemplo histórico dessa posição:

1) Deísmo

4) CRISTO ATRAVÉS DA CULTURA


Esta posição é mais positiva para com a cultura. O povo de Deus vive em um dualismo: no
mundo, mas sem ser do mundo.
- De acordo com essa posição, Deus trabalha através da cultura e deseja redimi-la.
Exemplo histórico dessa posição:
1) Cristãos intelectualizados da atualidade.

COMO FAZER
UMA LEITURA
Das culturas
SEGUNDO A BÍBLIA

Os cristãos não devem cair no relativismo cultural, criando a perspectiva de que todas as
produções culturais são aceitáveis indistintamente.
Como vimos, todas as culturas estão debaixo da condição da queda humana diante de Deus.
Quando entendemos a queda humana e suas implicações na produção cultural, somos levados à
seguinte pergunta:

De que maneira devemos ler as culturas?


A seguir, apresentamos alguns aspectos.

Após a rebelião do homem diante de Deus, nenhuma produção cultural ficou isenta dos efeitos
do pecado.
Uma consideração: TODOS VEMOS PARCIALMENTE A REALIDADE.

Leia 1 Coríntios 13:11-13.


Há uma maneira de ver como menino, outra como homem maduro, mas ainda assim obscuro
até que se manifeste a plenitude. Precisamos que nossos olhos sejam guiados pela plenitude da
Palavra de Deus!

1) REALIDADE MAIOR

Leia Nm 13:1-33. Neste texto, Moisés nomeou doze espias para vistoriar a terra de Canaã.
Todos retornaram e deram um relatório.
O que fez que 10 espias dessem um relatório de um jeito e outros 2 de maneira diferente?
Existe uma realidade total e completa que somente Deus vê e existe uma realidade parcial que
conseguimos ver. Josué e Calebe olharam a realidade a partir de Deus.

Vejamos exemplos da realidade maior:


a) Êx 14:1-25 – A realidade vista por Deus, a realidade vista por Moisés e a do povo de Israel
diante do mar.
b) 2 Rs 6:8-17 – A realidade vista por Deus, a realidade vista por Eliseu e a do seu moço.
c) Mt 12:1-12; Mc 2:27; Lc 14:1-5; Jo 5:9-10 – A realidade de Deus e a realidade dos fariseus
sobre o sábado.
d) At 16:6-10 – A realidade de Deus e a realidade do apóstolo Paulo sobre a Bitínia e a
Macedônia.

2) REALIDADE MENOR

Se existe uma realidade maior que podemos considerá-la como sendo a realidade do que Deus
vê, há também uma realidade menor. Nessa, existem três tipos: a) ingênua; b) relativa; c) crítica.

a) Realidade ingênua
É aquela perspectiva em que a pessoa acredita que a sua cultura é superior a qualquer outra
apenas pelo fato de ter sido criado nela e não ter estabelecido nenhuma ou quase nenhuma
percepção sobre o que aprendeu.

Exemplos: Os judeus, Jesus e Paulo no NT.


Em Jo 5:16-20, os judeus queriam matar Jesus por acreditarem que ele quebrava o sábado.
Em At 23:21, os judeus tentaram matar o apóstolo Paulo e fizeram um juramento acreditando
que agravam a Deus com isso.

b) Realidade relativa
É aquela perspectiva em que a pessoa acredita que nada é real, nada é certo e não existe
objetividade. Tal posicionamento leva à aceitação de um multiculturalismo, sendo todas as
posições válidas, mesmo que em algum momento o conflito apareça.

c) Realidade crítica
É aquela perspectiva em que a pessoa considera a realidade maior e a realidade menor. As
pessoas que seguem essa posição demonstram atenção às duas realidades, reconhecendo suas
limitações, mas admitindo que há algo maior, vindo Deus em sua Palavra.

Exemplos:
“São muitas, Senhor, Deus meu, as maravilhas que tens operado e também os teus desígnios
para conosco; ninguém há que possa se igualar contigo” ( Sl 40:5 )
Exemplos:
“Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão
insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos” ( Rm 11:33 )

Cultura material e imaterial

Vamos tratar de dois tipos de aspectos culturais que encontramos em uma sociedade.

1- Cultura material
2- Cultura imaterial

Cultura material
São as manifestações palpáveis, como itens que podem ser tocados. Ex: esculturas, pinturas,
utensílios religiosos, etc.
Outros exemplos: complexos arquitetônicos, fachadas de prédios, estilos de templos religiosos,
sítios arqueológicos, etc.

Cultura imaterial
Abrange produções que não podem ser tocadas, apenas apreciadas e transmitidas.
Ex: Danças, encenações, festas populares, músicas, culinária, etc.

Toda manifestação cultural (material ou imaterial) reflete uma visão de mundo, seja ela
abrangente ou não. Sempre devemos nos perguntar: Que valores são esses que são
transmitidos por essa manifestação cultural material ou imaterial?
Nem toda manifestação cultural (material ou
Imaterial) é pecaminosa, mas algumas podem ser.

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