You are on page 1of 149

ENSINO FUNDAMENTAL

CADERNO DE FORMAÇÃO

CULTURA
RELIGIOSA
E FILOSOFIA
APRESENTAÇÃO

Caro/a professor/a,

Este caderno possui uma característica especial: ele é um


caminho de construção pessoal e coletiva sobre dois temas
relevantes para a vida atual e das futuras gerações – a Cultura
Religiosa e a Filosofia.

O conteúdo aqui apresentado está organizado em duas


partes. Na primeira, situamos a relação entre Cultura
Religiosa e Filosofia, compartilhando as escolhas teóricas e
metodológicas deste trabalho. Esperamos que esta tabela
colabore no seu planejamento pedagógico.

A segunda parte é chamada “Sugestões para as práticas”,


e nela apresentamos vinte planos de encontro, compondo
um percurso de introdução à filosofia e à cultura religiosa.
A cada plano, convidamos você, professor/a, a instigar
e partilhar com seus/suas estudantes um mergulho em
questões que buscam contribuir para o autoconhecimento
e o conhecimento de mundo.

Desejamos que o trabalho com este caderno seja prazeroso


e instigante para sua prática pedagógica, oportunizando a
construção, junto com seus/suas estudantes, de um caminho
de trocas e aprendizados.

Bom percurso! Bom trabalho!


SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO. ...................... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
Parte 1 | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
Autoconhecimento e construção de relações................................ 3
O modo de nomear a divindade.. ..................................................... 4
A dinâmica dialogal.. .. .. .. .. ................................................................ 4
A diversidade religiosa.. .. ................................................................. 4
A ética como ação de cidadania...................................................... 5
A abertura para a cultura religiosa.. ................................................. 5
PARTE 2 | SUGESTÕES PARA AS PRÁTICAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Encontro 1. Quem sou eu? O que sabemos
e o que não sabemos?........ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Encontro 2. Os outros se parecem conosco.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Encontro 3. Em busca da compreensão dos mistérios da vida.. . . . . . 13
Encontro 4. Todos nós podemos filosofar.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Encontro 5. Como surgiu o pensar filosófico?...............................................18
Encontro 6. O que é o sagrado?.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Encontro 7. O ser humano e a busca do sagrado........................................ 25
Encontro 8. Duas formas de pensar o ser humano e a realidade. . 28
Encontro 9. A dinâmica da história e da vida. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Encontro 10. A ética como caminho, reflexão e diálogo.. . . . . . . . . . . . . . . . 32
Encontro 11. Ética: uma questão pessoal e também coletiva............36
Encontro 12. Os caminhos religiosos e a busca do bem comum.. . . 38
Encontro 13. A declaração universal dos direitos humanos e as
tradições religiosas..........................................................................................................40
Encontro 14. Espiritualidade e caminhos religiosos..................................43
Encontro 15. As tradições religiosas no brasil................................................46
Encontro 16. A dimensão sagrada da terra e seus direitos..................49
Encontro 17. Dialogar também é aprendizado.............................................53
Encontro 18. O fazer político.................................................................................... 57
Encontro 19. Juventudes: cuidar do que é de todos.................................58
Encontro 20. Filosofia e espiritualidade: para onde vão?......................63
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................65
PARTE 1

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


Compreendendo o exercício de ensino e aprendizagem como
uma rede formada por diferentes elementos, podemos
dizer que não estamos apenas diante das relações entre
professor/a e estudantes dentro de uma sala de aula, mas
também implicados com outras dimensões que se fazem
presentes, influentes, atuantes e que dinamizam cada
encontro, tornando-o único e surpreendente.

Tenhamos diante de nós as múltiplas dimensões que se


entrelaçam nesta teia: as culturas que se relacionam e a
cultura de cada turma; a seleção de conteúdos, interpretações,
análises possíveis; as fontes de informação e comunicação
cada vez mais complexas e atuantes; a metodologia que
conduz e constrói o fazer pedagógico; as muitas formas de
revisão e avaliação possíveis; os fatos históricos e cotidianos da
cidade, o contexto sociopolítico no qual estamos inseridos; as
muitas visões de mundo, leituras e interpretações; a dimensão
psíquica, emocional e espiritual de cada pessoa presente neste
cotidiano.

Ao acolhermos este projeto pedagógico de ensino e


aprendizagem, estamos cientes de que atuamos em uma
rede complexa, rica e dinâmica. Sendo assim, propomos cada
encontro apresentado neste caderno como parte de um
caminho, que começa antes dele e vai muito além, como uma
árvore que tem suas raízes e suas possibilidades infinitas de
copas, flores e frutos.

6 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


Articulando a Cultura Religiosa e a Filosofia, nos encontramos
com muitas das dimensões que se entrelaçam nessa rede de
ensino e aprendizagem. Nos encontramos com a universalidade
de temas que perpassaram a história da humanidade, suas
principais questões e tentativas de respostas, mesmo que
provisórias. Portanto, nossa proposta é de uma iniciação nessa
reflexão e investigação, buscando atuar na formação do/a
estudante não apenas para o estudo desses dois componentes
curriculares, mas para a vida.

Além de dialogar com a perspectiva de educação integral,


o percurso aqui proposto também está relacionado ao
desenvolvimento das competências gerais 8, 9 e 10 da Base
Nacional Comum Curricular (BNCC)1. São essas competências
que mobilizam temas relacionados a autoconhecimento,
empatia, diálogo, valorização da diversidade, responsabilidade,
coletividade, ética, entre outros, e que também estarão
presentes nas propostas apresentadas neste caderno.

AUTOCONHECIMENTO
E CONSTRUÇÃO DE RELAÇÕES
Existem muitos caminhos para o autoconhecimento. A
filosofia procurou encontrar as origens da natureza e da
humanidade, e, nessa estrada do pensamento, os filósofos
nos ajudam em muitos caminhos para o autoconhecimento,
para a compreensão do mundo. Todo ser humano que pensa,
sente, observa, é curioso, se admira, se dá novas chances,
enfim, todo ser humano que se recusa a ser uma máquina
é um filósofo. Ao lado da religião e da ciência, a filosofia é
como uma irmã, uma parceira nesse longo caminho.

Reconhecendo o autoconhecimento como uma prática


filosófica e, portanto, valorizado no percurso formativo
proposto por este caderno, um recurso pedagógico que estará

1
As dez Competências Gerais da Educação Básica propostas pela Base Nacional
Comum Curricular estão disponíveis em: http://basenacionalcomum.mec.
gov.br/abase/#introducao. Acesso em: 19 jan. 21.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 7


presente em muitos encontros é o da meditação. A meditação
é uma prática importante para o silenciamento, a abertura
de consciência e da sensibilidade para muitas possibilidades
presentes em cada ser humano. É uma prática muito antiga
e presente em várias experiências religiosas e não religiosas.
Entre as tradições religiosas, o hinduísmo e o budismo são os
mais antigos nessa prática, mas hoje está presente também
no judaísmo, no islamismo, no cristianismo, e também em
alguns povos indígenas.

A partir de ferramentas pedagógicas de autoconhecimento


conduziremos para trocas, diálogos entre dois/duas ou mais
colegas, a fim de que pratiquemos a escuta atenta, a abertura
para novas ideias, a sensibilidade, o respeito e a construção
coletiva. Privilegiamos, portanto, a comunicação, a linguagem,
as narrativas, as trocas de saberes, as rodas de conversa.

O MODO DE NOMEAR A DIVINDADE

Nosso eixo referencial não será tanto o conhecimento


específico de tradições religiosas, mas especialmente a
abertura para a riqueza das muitas tradições e expressões
religiosas e de espiritualidades presentes na história da
humanidade.

Diante desse fator e de nosso objetivo de confirmar a


dimensão de respeito e diálogo, optamos por não escolher uma
forma religiosa de falar sobre a divindade, pois poderíamos
estar excluindo outras. Sendo assim, optamos pelo termo
“divindades”, uma expressão mais abrangente e dialogal.

A DINÂMICA DIALOGAL

O diálogo, importante prática filosófica, é também a principal


ferramenta em todo o percurso proposto neste caderno.
Lembremos de que as turmas são sempre heterogêneas,
compostas por estudantes de diversos contextos sociais,
familiares, religiosos, econômicos, psíquicos, histórias

8 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


pessoais e formação. Realidade que nos coloca diante da
importância da abertura e da aproximação de diversidades.
Esse universo plural não deve nos causar estranhamento ou
desejo de uniformidade. Ao contrário, ele é um convite, uma
convocação, pois a diversidade potencializa os encontros
com as diferenças, a sensibilização, a acolhida e a escuta a
cada pessoa. A singularidade de cada pessoa é, na verdade,
a grande riqueza e a razão de ser deste trabalho.

Portanto, ao longo dos encontros, vamos proporcionando


as condições para que o diálogo se torne também uma
aprendizagem comunitária, de respeito às diferenças, escuta
atenta e reconhecimento de que as diferenças são legítimas.
Podemos contribuir para um mundo de diálogo e respeito e
não de fronteiras e de muros que não aceitam a diversidade.

Esse mesmo pressuposto está presente na forma como


apresentamos os conteúdos, procurando apresentar a
diversidade das culturas, dos posicionamentos éticos e políticos,
as tradições religiosas ou não religiosas, sem tomar partido ou
definir algo como verdade absoluta, ou desconsiderar outras
possibilidades. Um exemplo prático é que nas rodas de conversa
e partilhas das atividades não trabalhemos com conceitos de
certo/errado, mas de síntese, construção, hipótese, revisão.

A DIVERSIDADE RELIGIOSA

Falando em diversidade e pluralidade religiosa, lembramos


que para muitas tradições religiosas o tema do caminho é
uma constante. Ele está presente em judaísmo, islamismo,
candomblé, cristianismo, budismo, tradições indígenas. Em cada
uma dessas o tema do caminho tem relação com a origem da
tradição religiosa, mas também com as suas orientações. Por
exemplo, nas três religiões monoteístas – judaísmo, cristianismo
e islamismo – encontramos narrativas com o povo, profetas,
mestres, no caminho, no deserto, na estrada, em peregrinação.

Estudar as expressões e tradições religiosas como caminho,


trajetória, processo, estrada, é importante para mantermos

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 9


esse pensamento em nossas orientações. São palavras que
falam de movimento e não de definições absolutas, e, com
isso, percebemos que a relação com o Ser Divino é um processo
de revelação e descobertas parciais e relacionais.

Outra questão que nos interpela e, por isso mesmo, é um dos


eixos presentes em nossos encontros é o tema da intolerância
e da discriminação. A intolerância e suas muitas consequências
desumanas e até mesmo criminosas estão presentes no mundo
inteiro, contra grupos culturais e religiosos diferentes da
cultura que domina cada contexto. Presenciamos atentados,
manifestações com linguagem de ódio, grupos extremistas,
perseguições a grupos religiosos, destruição de templos
sagrados. E, muitas vezes, com reações de minorias, silêncios
ou até mesmo justificativas.

Apesar de a Constituição Brasileira defender a liberdade de


culto para todas as religiões, ainda presenciamos mídias e
discursos nos quais se fomenta a intolerância.

Nossa abordagem vai no sentido da valorização e da reverência


pela diversidade religiosa, e consequentes atitudes éticas
de respeito, diálogo e legitimidade de cada tradição. A
diversidade cultural e religiosa faz com que os diferentes
caminhos espirituais possam se complementar e se enriquecer
mutuamente. Faz com que cada grupo reconheça os elementos
de verdade que existem em outros grupos e se abram ao que
o Ser Divino revela a cada um, não somente a partir da sua
própria tradição, mas também através dos outros caminhos
religiosos.

Nesse sentido, também buscamos superar uma divisão


frequente entre sagrado e profano, como se o sagrado não
estivesse presente no cotidiano. Para tanto, consideramos
que o sagrado é parte das culturas, da interpretação que uma
pessoa ou uma comunidade imprime a um objeto, um rito,
uma dança, uma forma de se relacionar com o Ser Divino ou
com a vida como sagrada.

10 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


A ÉTICA COMO AÇÃO DE CIDADANIA
Outro elemento que perpassa todos os planos é a ética. É um
dos nossos pressupostos, que passa pelo olhar, pela postura,
pelas atitudes, pela descoberta dos saberes como riquezas,
pela observação e a percepção da realidade e de nosso agir
como possível, tanto pessoal como coletivamente.

A ética também está presente no universo religioso. Ao


conhecermos as tradições religiosas descobrimos que
buscam o bem comum, cuidam dos valores que conduzem
à convivência pacífica, fraterna. Em seus princípios orientam
que seus adeptos integrem a fé e a vida, ou seja, que cada
vez mais vivam de forma a encontrar a felicidade para si
mesmos, para a comunidade e para todo o mundo.

Por outro lado, também podemos observar duas questões


atuais. A primeira é que nem todos os que participam de uma
tradição religiosa integram a fé e a vida. É comum ouvirmos
que há pessoas que não vivem o que professam, ou seja, não
integram a espiritualidade e a vida prática, cotidiana, social,
econômica, afetiva, política. E a segunda questão é que,
independente de uma pessoa professar ou não uma religião,
a ética é um tema ligado à cidadania.

Com essas considerações, observamos que este é um tema


emergencial. Ele nos orienta a agir de forma consciente e
responsável sempre, em todas as situações, mas também a
compreendermos a ética como um processo de educação,
de sensibilidade, de autoconhecimento e de solidariedade.

É importante também percebermos que os meios de


comunicação social possuem formas de pensar e de conduzir
reflexões que necessitam de nosso olhar atento, crítico e
responsável. Nem todas as fontes de informação trabalham
de forma ética. É nossa responsabilidade como educadores
trabalharmos um olhar crítico, consciente e capaz de
interpretar fatos e notícias.

Ainda nesse aspecto motivamos os/as estudantes a serem


agentes de transformação, a serem protagonistas em seu
próprio contexto pessoal, familiar, escolar, de vizinhança.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 11


A ABERTURA PARA
A CULTURA RELIGIOSA

Por fim, vale uma reflexão sobre o papel de cada professor/a


como educador/a nesse processo. Nosso objetivo é
proporcionar uma abertura para as Culturas Religiosas presente
na humanidade por meio da aproximação, do conhecimento,
da contemplação das experiências, da compreensão dos
processos próprios de cada tradição religiosa.

Por isso mesmo, o caderno integra Cultura Religiosa e Filosofia.


É diferente de um processo de Educação Religiosa, ou de
Iniciação Religiosa, onde muitas vezes se fazem experiências
mais profundas de conhecimento e introdução das pessoas
no universo religioso, com a intenção de uma adesão àquela
fé e futura pertença religiosa. Portanto, nossa proposta não
possui um caráter pastoral ou evangelizador, mas sim uma
perspectiva filosófica de se trabalhar com o processo de
diálogo e construção comunitária de abertura ao sagrado e
à busca de compreensão da diversidade religiosa presente
na história da humanidade e ainda em processo.

12 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


PARTE 2

SUGESTÕES PARA AS PRÁTICAS


Pedagogia é abrir caminhos novos,
dinâmicos, inéditos, irrepetíveis, sentidos e
espirituais.
Os caminhos assim entendidos são
processos
que necessariamente
devem ser vividos um a um,
como experiências novas
e com sentido renovado.

Francisco Gutiérrez e Cruz Prado Rojas

Em sinergia com a Metodologia Telessala – Incluir para


transformar, a organização dos vinte planos de encontro
apresentados nesta terceira parte é uma proposta de um
passo a passo: cada encontro retoma o anterior e estabelece
elos de continuidade, apontando para os seguintes. Por isso,
é fundamental firmar os passos, como em um processo de
iniciação, cuidadoso, pedagógico.

Por isso também foram nomeados como encontros,


na intenção de construirmos ambientes de confiança,
autoconhecimento, respeito às ideias e visões de mundo,
diálogo e construções coletivas. Não se trata, portanto, de
transmissão de conteúdos fechados, de aulas objetivas,
mas de proposições, pesquisas, reflexões e orientações para
o caminho. Essa também é a postura do/a professor/a, se
colocar no caminho, como guia e também como aprendiz
juntamente com seu grupo.

A estrutura de um plano de encontro é composta por etapas,


como Acolhimento, Problematização, Leitura de Mídias,
Atividades, Reflexão, Socialização ou Avaliação, nas quais

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 13


o texto, que na maioria conversa com o/a professor/a,
indica orientações para o desenvolvimento de propostas,
perguntas motivadoras de trocas de saberes, valorização
das contribuições e novas construções de pensamentos e
atitudes.

Destacamos, aqui, uma seção do plano chamada de Reflexão,


que apresenta conteúdos relacionados ao tema do encontro
fundamentais para o/a professor/a mediar o debate e a
leitura do objeto de aprendizagem com os/as estudantes.
O texto da Reflexão, em sua maioria, tem o/a estudante
como interlocutor, escrito em um tom narrativo, como se
um/uma professor/a estivesse falando diretamente com
o/a estudante. São dicas para apoiar o/a professor/a na
mediação das reflexões que devem ser estabelecidas pelos/
as estudantes durante as atividades.

Apresentamos também, em alguns planos de encontro,


o Esticador de Horizontes, compartilhando referências
e sugestões de aprofundamento em temas ou conceitos
citados ao longo do encontro.

Recomendamos que esse percurso formativo seja feito na


sequência proposta, pois cada encontro foi pensado como
um passo na caminhada da compreensão e da reflexão acerca
das temáticas da Cultura Religiosa e Filosofia. Sabemos que
cada turma é única, e as atividades aqui sugeridas servem
como guia para você se planejar, mas devem ser ajustadas às
suas realidades, tanto físicas e materiais quanto de interesses
que possam ser despertados e que devem ser estimulados.

Os planos trazem pistas para tratar a diversidade de temáticas


deste percurso – tais como mistério da vida, pensamento
filosófico, paradigmas, cidadania, autoconhecimento – com
os/as estudantes. Uma caminhada em clima de diálogo,
respeito e liberdade.

14 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


QUEM SOU EU?
O QUE SABEMOS E O
QUE NÃO SABEMOS?
01
OBJETIVOS
} Sensibilizar para a contemplação de si
mesmo, para a autoestima,
a autodescoberta e a autocrítica
} Perceber que cada pessoa vive seu próprio
processo de autoconhecimento e de relação
com o mundo
} Reconhecer as semelhanças e diferenças
entre o eu e o outro
ATIVIDADE INTEGRADORA
01_QUEM SOU EU? O QUE SABEMOS E O QUE NÃO SABEMOS?

Neste percurso, a escuta – de si e dos outros – será um


elemento muito importante. Para iniciar este primeiro
encontro, proponha para a turma o seguinte exercício de
escuta:

Cada um diz seu nome e uma característica sua, com a inicial


do seu nome. Por exemplo: Ana, Amiga.

Vamos prestar muita atenção no que cada um fala, qual a


característica escolhida e perceber como cada pessoa se vê...
às vezes a gente pensa uma característica sobre o outro e
ele nos vai dizer uma nova, que nos faz conhecê-lo melhor.

Vamos ver quem consegue lembrar das características


associadas aos nomes? Sem anotar, na memória.

Escutar cada um é muito importante. Quando alguém acabar


de se apresentar, chama uma outra pessoa, dizendo: “Agora,
eu convido você”...

PROBLEMATIZAÇÃO

Proponha e conduza com a turma um exercício de reflexão,


conforme orientações abaixo:

Vamos começar fazendo uma viagem na imaginação.

Feche os olhos e imagine que você está num lugar lindo,


anoitecendo, e o céu está bem limpo. Você sente um ventinho
bem gostoso, fresquinho, e escuta os passarinhos cantando.
Na imaginação ainda, quando você abre os olhos, se depara
com uma linda Lua cheia. Uma Lua imensa, como um clarão
que ilumina tudo. Ela é tão linda que você fica sem fala, apenas
encantada olhando para ela.

16 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


Nesse momento, você nem pensa que está vendo só um lado da

01_QUEM SOU EU? O QUE SABEMOS E O QUE NÃO SABEMOS?


Lua, não é? Você não pensa que a luz dela vem lá do Sol...

Fica tão encantado/a que imagina que está vendo a Lua inteira
na sua frente, mas o que você está vendo mesmo é só a face
iluminada pelo Sol nesse instante.

Agora, vamos abrir os olhos e conversar um pouco.

Imagine que você está conhecendo um novo amigo, uma nova


amiga. Você está vendo apenas “um lado” dessa pessoa. Aos
poucos, conforme você vai convivendo, vai vendo “outros lados”
dela... alguns “lados” você gosta mais do que outros, certo?

O mesmo também acontece com essa pessoa: ela conhece, no


início, “um lado” seu, e, aos poucos, convivendo, vai conhecendo
“outros lados” seus...

Algumas perguntas para animar a conversa:

} A gente tem medo de se revelar?


} A gente tem coragem de se revelar?
} O que acontece quando a gente vê lados diferentes
da “Lua” que inicialmente nos “encantou” em nosso
primeiro olhar?
} Como uma amizade pode se aprofundar enquanto vai
se conhecendo cada vez mais uma pessoa?

LEITURA DE MÍDIAS

Proponha a leitura e/ou audição da canção “Luz e Mistério”,


escrita por Caetano Veloso e Beto Guedes.

Letra disponível no link: https://www.letras.mus.br/beto-


guedes/79057/. Acesso em: 10 ago. 2022.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 17


Para ouvir a música, com os dois autores, acesse o link:
01_QUEM SOU EU? O QUE SABEMOS E O QUE NÃO SABEMOS?

https://youtu.be/ndgAtm9KBUs. Acesso em: 10 ago. 2022.

Oriente que os/as estudantes prestem atenção na letra e, se


estiverem ouvindo a música, experimentem fechar os olhos
e sentir também seu ritmo, sua melodia. Sugira que cada um
repita alto um verso, ou melodia, que goste mais.

Converse sobre os significados da canção, destaque o


seguinte verso:

ÉS UM LUAR, AO MESMO TEMPO LUZ E MISTÉRIO.


O que seria a luz e o que seria o mistério de um luar?

Apresente a imagem das fases da Lua, e peça aos/às


estudantes para refletirem sobre as possíveis relações entre
a letra da música e a imagem.

Fonte: Shutterstock
Os autores da canção comparam o luar com uma pessoa. O
que seria a luz e o que seria o mistério em uma pessoa?

A partir dessas perguntas e de outras que você também pode


fazer para compreender a canção com a turma, conduza
uma reflexão sobre a imagem da Lua e sua relação com o
processo de autoconhecimento.

18 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


REFLEXÃO

01_QUEM SOU EU? O QUE SABEMOS E O QUE NÃO SABEMOS?


Podemos pensar que, assim como a Lua, o processo de autoconhecimento
é marcado por luzes e mistérios, por momentos de revelação e
desconhecimento. Assim também é quando conhecemos outra pessoa, há
momentos de revelação, outros de estranhamento, de desconhecimento,
até de decepção. Mas a ênfase importante é observarmos todas as relações
– conosco mesmos e com os outros – como caminhos, como convivências,
como processos. Ou seja, nunca conhecemos completamente nem a
nós, nem às pessoas, mas podemos conhecer parcialmente. O convite é
sermos abertos, humildes, despretensiosos, apostarmos no caminho e
não em visões imediatas.

Assim somos nós, assim somos cada um de nós. Um lado nosso é revelado,
se apresenta, se compararmos com aquela noite de Lua cheia, seria o
nosso lado “luz”. O outro lado é o que está na outra face da “Lua”, ou
seja, um lado “mistério”, que pode se revelar com a convivência, com o
autoconhecimento, ou pode também não se revelar, porque há coisas
em nosso interior que nem nós mesmos conseguimos entender, certo?

Se conhecer é assim – a gente percebe coisas nossas claramente e outras


que nos fazem pensar, e vamos descobrindo aos poucos... é preciso coragem,
mas é a aventura mais linda da vida. Quando a gente se conhece bem,
pessoalmente, a gente se sente mais feliz, com mais tranquilidade para
tomar decisões, para nos relacionarmos, para dialogar com as pessoas…

} E quando a gente não se conhece bem, o que pode acontecer?

Então, se a gente quer ser feliz, também é importante nos conhecermos


muito bem. Isso vale também para as pessoas. Conhecer alguém não é
de uma hora para outra.

Significa conviver, dialogar, perdoar, compreender, descobrir coisas legais


e coisas mais difíceis, e saber que ninguém é perfeito. É como passar por
todas as “fases da Lua” com aquela pessoa. É muito legal e também uma
grande aventura, às vezes vem a coragem, às vezes vem o medo. É da
vida, não é um problema.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 19


01_QUEM SOU EU? O QUE SABEMOS E O QUE NÃO SABEMOS?

ATIVIDADE INDIVIDUAL

Desenhe uma Lua cheia de cada lado de uma folha de papel.


Escreva de um lado a palavra CONHECIMENTO e do outro
lado a palavra DESCONHECIMENTO.

Do lado da palavra CONHECIMENTO escreva tudo que você


sabe sobre você e também o que dizem sobre você e você
concorda. Por exemplo: cuidadoso, amigo, gosta de filme.

Escreva sem pensar, deixe o lápis livre e não se preocupe com


o olhar dos outros. Ninguém, além de você, vai ler, pois essa
atividade é para si mesmo.

Do outro lado, da palavra DESCONHECIMENTO, escreva tudo


o que você não entende ainda sobre você e o que dizem sobre
você e você não concorda. Por exemplo: tenho vergonha de
falar, preguiçoso.

Agora olhe de novo, use canetinhas coloridas para circular


as palavras que você mais gosta sobre você e para sublinhar
as palavras que você ainda gostaria de se entender...

Guarde essa folha com carinho, para você voltar a ler quando
tiver vontade e quiser voltar ao seu autoconhecimento com
coragem e gostando cada vez mais de você mesmo.

20 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


SOCIALIZAÇÃO E AVALIAÇÃO

01_QUEM SOU EU? O QUE SABEMOS E O QUE NÃO SABEMOS?


Convide os/as estudantes a partilhar na turma:

} O que sentiu escrevendo sobre você?


} O que este encontro lhe fez pensar sobre suas relações
com os outros?

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 21


OS OUTROS SE
PARECEM CONOSCO 02
OBJETIVOS
} Perceber-se parte da humanidade, com
uma memória, um presente e um futuro
} Sensibilizar-se pelas histórias pessoais, de
povos, de diferentes contextos
} Compreender as questões fundamentais da
humanidade e suas respostas históricas e
dinâmicas.
ATIVIDADE INTEGRADORA

02_O EU E O OUTRO
Com a turma sentada em círculo, peça para um/uma estudante
ficar, voluntariamente, no meio do círculo. Pode ser sentado
ou de pé, mas não deve mudar de posição.

Oriente para que cada um/uma fale o que está observando


sobre o/a colega do centro, pode ser fisicamente, detalhe
da roupa, do rosto, pode ser se ele/a está sorrindo, ou se
está encabulado/a... Não pode repetir o que o/a colega
anterior falou e, principalmente, não falar nada que seja
constrangedor ou ofensivo, pois estamos em um clima de
amizade e confiança. É importante descrever apenas o que
é observável nesse momento, do lugar onde cada um/uma
está, a partir do seu ponto de visão.

} Depois que todos falarem, pergunte ao/à estudante do


centro: quem chegou mais perto de descrever sobre você?

Conduza o diálogo para que percebam que todos podem ter


“parte” da verdade, mas não a “totalidade” sobre o/a colega.
Lembrar do encontro anterior e falar que conhecemos
sempre parcialmente as pessoas e a nós mesmos, mas
nunca totalmente, portanto não devemos rotular, pois
todos temos liberdade de agir, mudar, somos seres vivos,
dinâmicos e históricos.

PROBLEMATIZAÇÃO

Selecione fotografias de pessoas e apresente aos/às


estudantes. Se achar interessante, peça que os/as estudantes
pesquisem e apresentem essas imagens, compartilhando
com a turma para realizar a atividade coletivamente.

Para apoiar na busca pelas imagens, aqui você encontra


algumas referências de fotógrafos que possuem, em seus
repertórios, retratos de pessoas:

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 23


SEBASTIÃO SALGADO
02_OS OUTROS SE PARECEM CONOSCO

Sebastião Salgado: 13 fotos impactantes que resumem


a obra do fotógrafo. Disponível em: https://www.
culturagenial.com/fotos-sebastiao-salgado/. Acesso em:
10 ago. 2022.

Para conhecer Sebastião Salgado. Disponível em: https://


enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa2597/sebastiao-
salgado. Acesso em: 10 ago. 2022.

EDGAR CORRÊA KANAYKÕ

Exposição Edgar Corrêa Kanaykõ na UFMG. Disponível


em: https://www.ufmg.br/campustiradentes/index.php/
exposicao-edgar/. Acesso em: 10 ago. 2022.

Olhares – fotografias on-line | Edgar Corrêa Kanaykõ.


Disponível em: https://olhares.com/edgarkanaykon_
banaykan. Acesso em: 10 ago. 2022.

PIERRE VERGER

Fundação Pierre Verger – Portfólios: Fluxo e refluxo.


Disponível em: https://www.pierreverger.org/br/acervo-foto/
portfolios/fluxo-e-refluxo.html. Acesso em: 10 ago. 2022.

Para conhecer Pierre Verger. Disponível em: https://www.


pierreverger.org/br/pierre-fatumbi-verger/biografia/
biografia.html. Acesso em: 10 ago. 2022.

24 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


WALTER FIRMO

02_O EU E O OUTRO
Biografia de Walter Firmo na coleção IMS. Disponível
em: https://testemunhaocular.ims.com.br/fotografo-ims/
walter-firmo/. Acesso em: 10 ago. 2022.

ANA REGINA NOGUEIRA

Ensaio “Deus e o Diabo na Terra do Sol”. Este ensaio,


criado a partir de fotos de Arquivo, homenageia quem
através de múltiplas formas responde ao chamado de
transformação para chegar a Deus. Disponível em: http://
anareginanogueira.com.br/deus-e-o-diabo-na-terra-do-
sol/. Acesso em: 10 ago 2022.

Para conhecer Ana Regina Nogueira. Disponível em:


http://anareginanogueira.com.br/biografia/. Acesso em: 10
ago. 2022.

LUIZ BRAGA

Luiz Braga – Obras em cor. Disponível em: http://www.


luizbraga.com.br/cor.html. Acesso em: 10 ago. 2022.

Para conhecer Luiz Braga. Disponível em: http://www.


luizbraga.com.br/bio.html. Acesso: em 10 ago. 2022.

Oriente que os/as estudantes contemplem as imagens em


silêncio, olhando com atenção, procurando olhar nos olhos
das pessoas das fotos. A ideia é que os/as estudantes sintam
e pensem sobre o que cada um/uma está vendo, fazendo o
exercício diante das imagens.

Contemplar é um exercício importante, uma forma de olhar


para o outro com atenção, sentindo junto, sem julgar nada,
apenas sentindo.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 25


Perguntas para a conversa com os/as estudantes:
02_OS OUTROS SE PARECEM CONOSCO

} Quem são essas pessoas? Você se reconhece nelas?


} O que você sente ao olhar esses retratos?
} Por que será que sentimos algo por pessoas que nem conhecemos?

Você pode conduzir essa etapa de problematização, desde a observação


das fotografias até a resposta das perguntas, junto com os/as estudantes
no momento do encontro.

LEITURA DE MÍDIAS

Veja com a turma dois ou mais dos vídeos abaixo, que fazem parte da
série Diz Aí, do Canal Futura, em que os jovens falam o que pensam
sobre diversos temas, como cidade, família, cultura, democracia, além
dos preconceitos que sofrem e os modos como são representados pela
sociedade e pela mídia.

Diz Aí – Fronteiras do Preconceito


Canal Futura | Duração: 07’26’’
Acesso em: 12 ago. 2022
https://youtu.be/0BocJ7nKAKU

A série audiovisual Diz Aí Fronteiras apresenta as visões de mundo de jovens


das cidades de Santana do Livramento e Uruguaiana (Rio Grande do Sul, Brasil),
Rivera (Rivera, Uruguai) e Paso de los Libres (Corrientes, Argentina) sobre as
identidades culturais e os problemas sociais vividos pela juventude nessas
regiões de fronteira.

Diz Aí
Canal Futura | Duração: 15’22’’
Acesso em: 12 ago. 2022
https://youtu.be/PmozPqRXcfQ

Os jovens falam o que pensam sobre diversos temas. Cidade, família, cultura e
democracia são alguns dos assuntos em pauta nesse episódio.

26 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


02_O EU E O OUTRO
Entrevista com Márcio Libar
Documentário Eu Maior | Duração 4’52’’
Acesso em: 10 set. 2022
https://youtu.be/13-6Bqfriak

Márcio Libar, ator, é um dos mais influentes palhaços em atuação no Brasil.


Nos anos 1990 criou o evento “Anjos do Picadeiro: Encontro Internacional de
Palhaços”, que por quase duas décadas lhe permitiu ter contato com mestres
da palhaçaria de todo o mundo. Em 2006 ganhou o Prêmio Especial Cirque du
Soleil e Nariz de Prata no Festival de Circo de Montecarlo.

Entrevista com Marcelo Gleiser


Documentário Eu Maior | Duração: 5’18’’
Acesso em: 10 set. 2022
https://youtu.be/nslq6a8JvjQ

Marcelo Gleiser é professor de física e astronomia no Dartmouth College (EUA).


Sua paixão pela ciência e a capacidade de explicar questões complexas de
forma acessível para o público são características marcantes dos livros que já
escreveu – dois dos quais receberam o Prêmio Jabuti. Desde 2007 é membro da
Academia Brasileira de Filosofia.

Após a exibição, proponha uma roda de conversa: o que mais


lhe chamou a atenção ao ver os vídeos? Você se identificou
com alguma fala dos entrevistados?

REFLEXÃO

Somos todos diferentes, cada um tem sua história, nasceu


em uma família, em um lugar diferente, mora ou não com
a sua família e, além de tudo isso, tem seu próprio jeito de
ser, de pensar, de agir. Mas também somos todos iguais ou
semelhantes.

Algumas religiões vão nos dizer que somos filhos de deuses,


deusas, Deus ou entidades. Outras religiões vão dizer que

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 27


viemos de outras vidas. Outras, ainda, podem dizer que somos
02_OS OUTROS SE PARECEM CONOSCO

como as estrelas do céu.

Cada religião tem seu jeito de explicar o mundo, mas, no


fundo, todas as religiões fazem as mesmas perguntas:

} Quem sou eu? Quem somos nós?


} Qual a nossa origem? De onde viemos?
} Qual a nossa finalidade? Para onde nós vamos?

ATIVIDADE INDIVIDUAL

Escolha uma das imagens do Sebastião Salgado, trabalhadas


na etapa de Problematização, e escreva uma carta para a
pessoa retratada na fotografia. Pode inventar um nome para
essa pessoa e escrever para ela, como se fosse um amigo
distante. Fale para ela sobre seus sonhos, fale sobre as coisas
que lhe deixam feliz. Pergunte sobre os sonhos dela e as
coisas que a deixam feliz.

Guarde essa carta em um cantinho da sua casa. Sempre que


quiser pensar em seus sonhos, volte a ela.

SOCIALIZAÇÃO E AVALIAÇÃO

Converse com os/as estudantes sobre a experiência de


escrever a carta.

Pergunte se alguém deseja ler a carta que escreveu.

A seguir, algumas perguntas para animar a conversa:

} O que você sentiu escrevendo a carta?


} Por que você considera importante pensar na sua
felicidade própria, mas também na de outras pessoas?

28 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


EM BUSCA DA
COMPREENSÃO DOS
MISTÉRIOS DA VIDA
03
OBJETIVOS
} Compreender que o ato de refletir e se
perguntar sobre a vida é parte da busca de
todo ser humano
} Valorizar, respeitar e buscar conhecer as
perguntas e respostas já presentes na
história da humanidade
} Reconhecer que os mitos são expressões
de sabedoria e possuem mensagens
importantes para todos os tempos
ACOLHIMENTO
03_EM BUSCA DA COMPREENSÃO DOS MISTÉRIOS DA VIDA

Já perceberam como nosso país é uma riqueza cultural


maravilhosa? Em cada recanto, encontramos expressões
culturais que nos encantam e nos ajudam a viver com sabedoria.

Muitas festas surgiram ligadas à agricultura, ao tempo da


colheita. Outras nasceram dos momentos de nascimento ou
superação de alguma dificuldade. Outras são as memórias
trazidas pelos povos migrantes que foram chegando no Brasil.
Outras, ainda, são também festas religiosas. Lembremos
algumas: folguedos, quadrilhas, festas do Boi, o coco, o
maracatu, o jongo, as feiras, os festivais, as procissões, as
folias, o carnaval.

Neste encontro vamos pensar sobre algumas das inúmeras


manifestações musicais e culturais do nosso país.

Proponha uma leitura em voz alta dos versos de algumas


músicas que fazem parte delas:

Como será o amanhã?


Responda quem puder
O que irá me acontecer?
O meu destino será como Deus quiser

(“O amanhã”, Didi/João Sérgio, G.R.E.S União da Ilha do Governador, 1978)

Quando oiei’ a terra ardendo


Qual fogueira de São João
Eu preguntei, a Deus do céu, uai
Por que tamanha judiação?

(“Asa Branca”, Luiz Gonzaga, 1947)

30 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


Sou Parintins dos Parintintins dos

03_EM BUSCA DA COMPREENSÃO DOS MISTÉRIOS DA VIDA


Tupinambás / Sou descendente de índios e
negros, sou caboclo sonhador / Sou da terra
onde a arte imita a vida / Sou do povo das
caboclas mais bonitas / Doce balanço das
minhas águas vai te chamar

(“Sou Parintins”, Enéas Dias/João Kennedy, Boi Bumbá Garantido, 2014)

Em seguida, converse com a turma a partir das seguintes


perguntas:

} Alguém tem uma história de festa de sua família pra


contar? Pode ser de qualquer outra festa popular.
} O que é mais interessante nessas festividades?

As letras das músicas trazem muitas perguntas e também


muitas respostas. Perguntam sobre a felicidade, perguntam
sobre o que vale a pena na vida, perguntam sobre as dores
e também sobre as alegrias... as respostas podem vir com
palavras de coragem, de amor, de paz, mas também podem
vir como orações aos deuses, deusas, a Deus, à natureza, às
divindades, às gerações que já passaram e nos ajudaram a
chegar até aqui.

PROBLEMATIZAÇÃO

Oriente que, a cada palavra ou frase dita por você, cada


estudante escreva o mais rápido possível tudo o que vier à
cabeça, palavras, ideias, sentimentos... Por exemplo: a palavra
é ALEGRIA – podem pensar em: festa, comida, dança, música,
família, amigos...

Depois de alguns segundos, bata palma e todos devem parar


de escrever.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 31


Passe, então, para a palavra/frase seguinte e os/as estudantes
03_EM BUSCA DA COMPREENSÃO DOS MISTÉRIOS DA VIDA

continuam a escrever, na sequência de onde pararam, ideias


referentes a cada nova palavra dita pelo/a professor/a.

Sugestão de palavras: MISTÉRIO – VIDA – MUNDO –


FELICIDADE – MORTE – SOFRIMENTO – NASCIMENTO

Ou frases que podem ser completadas, com a mesma lógica:

A vida é maravilhosa quando...; Eu não entendo a razão de...;


Fico superfeliz quando...; Fico supertriste quando...; A vida vale
sempre a pena porque...

Na partilha com a turma, os/as estudantes podem ler em voz


alta e voluntariamente, selecionando palavras – ou frases –
que escreveram durante a dinâmica.

LEITURA DE MÍDIAS

Proponha a leitura e/ou audição da canção “O que é? O que


é?” de Gonzaguinha.

Letra disponível no link: https://www.letras.mus.br/


gonzaguinha/463845/. Acesso em: 10 ago. 2020.

Para ouvir a música, acesse o link: https://youtu.be/


tHLdWLdAyP8. Acesso em: 10 ago. 2020.

Peça para que cada estudante destaque uma frase que tenha
chamado a atenção. Cada estudante pode ler a frase que
destacou e o motivo da escolha.

32 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


REFLEXÃO

03_EM BUSCA DA COMPREENSÃO DOS MISTÉRIOS DA VIDA


Não é de hoje que os seres humanos estão tentando entender o que é a
vida, perguntando-se por que há alegrias, sofrimentos.

} Como podemos ser felizes?


} O que é mais importante?

Todos os povos tentaram responder a essas grandes perguntas. E, muito


antes de haver escola, os povos de todo o mundo já tentaram responder,
com sua sabedoria, com a contemplação da natureza... e começaram a
contar histórias que foram passando de geração em geração.

Algumas dessas histórias são chamadas de MITOS.

} O que é um mito?

Os mitos são lembranças compartilhadas que falam sobre as nossas


experiências no mundo, as nossas vidas em grupo.

A história nasceu com a espécie humana. É uma necessidade de toda e


qualquer sociedade ou grupo humano. Ao longo da história, em diferentes
momentos históricos e nas mais distintas culturas, dividimos a história por
meio dos mitos, nos quais lembramos valores ancestrais, comportamentos
considerados corretos. Os mitos estimulam e ensinam a memória dos
grupos e culturas e dão sentido à vida, explicam a realidade, contam sobre
o nascimento do mundo, da Humanidade e dos povos.

Portanto, os mitos são narrativas de uma cultura, uma forma de transmitir


e perpetuar os valores de um grupo humano em períodos históricos e
culturais nos quais a ciência não existia ou não dava conta de explicar os
fenômenos vivenciados pela Humanidade.

Em quase todas as sociedades, como na Índia, na China, no Egito, na


Pérsia, na Grécia, na África, nas Américas, entre os povos indígenas, em
todo o mundo, os mitos estão presentes como uma forma de transmitir a
cultura de uma sociedade para os seus descendentes. Os mitos oferecem
uma mensagem, uma ajuda diante das várias perguntas que fazemos ao
longo das nossas vidas.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 33


ATIVIDADE
03_EM BUSCA DA COMPREENSÃO DOS MISTÉRIOS DA VIDA

Essa atividade é possível de ser feita em dupla ou em grupo, e


cada um escolhe um desses mitos abaixo para conhecer mais
profundamente, acessando o link oferecido. O mesmo mito
pode ser trabalhado por mais de uma dupla e/ou grupo, mas
é interessante que o máximo de mitos sejam contemplados
para que, no momento da partilha, a turma possa conhecer
a diversidade de narrativas.

MITOLOGIA GREGA

A Caixa de Pandora
Acesso em: 10 ago. 2022

https://youtu.be/FyI6c0b6hgI

MITOLOGIA NÓRDICA

Criação do mundo
Acesso em: 10 ago. 2022

https://www.infoescola.com/
mitologia/mitologia-nordica/

MITOLOGIA DE MATRIZ AFRICANA

Iemanjá ajuda Olodumare


na criação do mundo
Acesso em: 10 ago. 2022
https://contosencontados.
blogspot.com/2016/02/iemanja-
ajuda-olodumare-na-criacao-do.
html

34 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


MITOLOGIA INDÍGENA

03_EM BUSCA DA COMPREENSÃO DOS MISTÉRIOS DA VIDA


Mito da criação, Tupi-Guarani
Acesso em: 10 ago. 2022

https://www.infoescola.com/
mitologia/mitologia-tupi-guarani/

Ao conhecer a narrativa escolhida, pense e responda: Qual é


a mensagem que cada mito quer transmitir?

SOCIALIZAÇÃO E AVALIAÇÃO

Em uma roda, cada pessoa e/ou grupo conta a história e


apresenta a mensagem do mito escolhido. Ao final, proponha
a construção coletiva de um mural impresso ou digital com as
mensagens que os mitos contam, pode ser em papel, em slides.

ESTICADOR DE HORIZONTES

Origem da vida: como as diferentes mitologias a


explicam? Disponível em: https://www.hipercultura.
com/origem-da-vida-na-mitologia/. Acesso em: 10
ago. 2022.

Apesar das diferenças, existe algo em comum entre os mitos?

Existem temas comuns aos mitos dos ameríndios (povos indígenas


que vivem em todo o continente americano), pois durante milhares
de anos conviveram, realizaram trocas, compartilharam experiências
e ideias, e assim se criou um conjunto de características comuns.
Conheça alguns temas comuns aos mitos ameríndios: https://
mirim.org/pt-br/como-vivem/mitos. Acesso em: 10 ago. 2022.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 35


TODOS NÓS
PODEMOS FILOSOFAR 04
OBJETIVOS
} Perceber em si mesmo a
capacidade de se admirar e de
se perguntar pelo sentido da
vida
} Aprender a silenciar, imaginar,
refletir, ser sensível e criativo
} Despertar o interesse e a
curiosidade pelo pensamento
filosófico
ACOLHIMENTO

04_TODOS NÓS PODEMOS FILOSOFAR


Proponha e conduza com a turma um exercício de reflexão,
conforme orientações abaixo:

Colocar uma música suave de fundo e pedir que cada um/uma


encontre uma posição confortável, faça silêncio, feche os olhos
e preste atenção em sua respiração: o ar entrando e saindo,
devagar, respirando com todo o seu corpo, enchendo a barriga
e esvaziando lentamente. Sinta seu coração batendo, sinta o
sangue fluindo por todo o seu corpo. Relaxe os pés, as pernas,
os joelhos, a perna inteira, o quadril. Relaxe a barriga, as costas,
os ombros, os braços, o pescoço, a cabeça, sua mente...

Agora pense apenas em você, não se preocupe com os/as colegas.

Fique atento à sua respiração e vamos viajar na imaginação.

Imagine que você pode sair daqui e voar. Voe para fora dessa
sala, veja o bairro, a cidade, e procure um lugar para pousar e
observar tudo à sua volta. Um lugar lindo, em que você se sinta
bem e feliz. Pode ser uma praia, uma montanha, um lago, um
rio, uma casinha... Onde você quiser...

Nesse cantinho que você escolheu, olhe em volta e veja o que


mais lhe chama a atenção.

Fique olhando, observando, vendo os detalhes: pode ser uma flor,


um animal, o Sol, o céu, qualquer coisa que chame a sua atenção
neste momento. Observe a beleza do lugar e seus detalhes...

Observe, respire profundamente e agradeça pela sua vida, pelas


belezas da natureza, pelas pessoas que são cuidadosas e amigas...

Agora você vai voltar aos poucos, vai voar de volta para nossa
“sala”, devagar, observando a cidade...

Entre na sala, sente-se, respire, pense no seu corpo aqui, e aos


poucos abra os olhos.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 37


Instigue a turma a partilhar como foi essa experiência de
04_TODOS NÓS PODEMOS FILOSOFAR

reflexão:

} O que foi mais legal?


} O que foi difícil?

É interessante pensar sobre a importância de momentos


como esse para soltar a imaginação e também conhecer
melhor a si mesmo.

PROBLEMATIZAÇÃO

Para começar a introduzir o que é filosofia, provoque os/as


estudantes a responderem o que pensam sobre as perguntas
abaixo:

} Será que tem como saber a explicação de tudo?


A curiosidade para saber coisas é legal?
} Todos nós podemos filosofar? É legal buscar a
explicação das coisas?
} Você se espanta com algo na natureza e no mundo?

LEITURA DE MÍDIAS

Exiba a videoaula “Origem da Filosofia”, da coleção Videoaulas


do Canal Futura.

Oriente aos/às estudantes que anotem o que mais chamou


a atenção durante a videoaula.

Disponível em: https://youtu.be/gXaLBGQTkrw. Acesso


em: 10 ago. 2022.

38 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


A seguir, algumas perguntas que aparecem na videoaula para

04_TODOS NÓS PODEMOS FILOSOFAR


roda de conversa com os/as estudantes:

} O que a professora Eliana quis dizer com a frase “A


filosofia é baseada no questionamento”? Lembrando
que questionamento é o ato de perguntar.
} Hoje em dia as pessoas também perguntam sobre o que
não entendem?
} Por que os gregos começaram a questionar os mitos?
} Quais as diferenças entre mitologia e filosofia?
} Além do registro de cultura e das leis, a Escrita tem mais
alguma importância?
} O que significa filosofia? Onde a filosofia nasceu?
} Você também é amigo do saber? Por quê?

Deixe a conversa livre para quem desejar trazer o que mais


lhe chamou a atenção sobre o tema.

REFLEXÃO

Pensar sobre essas coisas é importante? Sim, muito


importante, porque assim vamos ajudando uns aos outros
e, conhecendo o que pensaram já antes de a gente existir, no
passado, aprendemos com os povos anteriores formas que
ajudam e formas que não ajudam a pensar sobre o mundo.

Essas perguntas têm sido feitas por pessoas de todas as


épocas. Isso não é muito legal? Diferentes culturas, ao longo da
história da humanidade, se perguntam essas coisas. Isso é que
é filosofia, é desejar saber, é ter curiosidade, é não se contentar
com respostas superficiais, é buscar mais conhecimento.

Na história, já tivemos diferentes respostas para cada uma


das perguntas importantes. Mas, como a vida vai mudando…
muitas vezes, as perguntas voltam, e a gente vai em busca
de novas respostas, como uma onda no mar.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 39


ATIVIDADE INDIVIDUAL
04_TODOS NÓS PODEMOS FILOSOFAR

Numa folha de papel, faça um retângulo no centro e nele


desenhe uma paisagem. Pode colorir o desenho, deixar a
imaginação dirigir sua criatividade nesse trabalho.

Transforme a linha do retângulo em uma moldura, como se


fosse um quadro ou um porta-retratos.

Em volta do retângulo escreva com caneta da cor AZUL:


PALAVRAS ou EXPRESSÕES sobre as coisas que você mais
admira na vida, nas pessoas.

Em seguida, escreva com caneta da cor VERMELHA: PALAVRAS


ou EXPRESSÕES sobre as coisas que deixam você pensativo
na vida e nas pessoas.

Professor/a, se você estiver com a turma em encontro presencial,


proponha fazer o desenho ouvindo a música “Como uma onda”,
do artista Lulu Santos. Se desejar, coloque a música para tocar
muitas vezes, deixando baixinho ao fundo.

Você encontra a música disponível neste link: https://youtu.


be/JGEi1hxV-zA. Acesso em: 15 dez. 2020.

SOCIALIZAÇÃO E AVALIAÇÃO

Organize com os/as estudantes uma exposição dos quadros


desenhados por eles/as. E estimule que eles/as apresentem o
seu trabalho, explicando o motivo que fez ele/a criar aquela
paisagem. Peça que compartilhem uma das palavras ou
expressões escritas no desenho.

Se desejarem, encerrem o encontro cantando juntos a música


“Como uma onda no mar”, de Lulu Santos.

40 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


COMO SURGIU O
PENSAR FILOSÓFICO? 05
OBJETIVOS
} Valorizar a curiosidade pelo saber como
caminho para as descobertas e as
reflexões filosóficas;
} Perceber que o pensamento filosófico
é próprio da condição humana e está
presente em todos os povos e culturas;
} Diferenciar mitologia, religião e filosofia.
ACOLHIMENTO
05_COMO SURGIU O PENSAR FILOSÓFICO?

Oriente que os/as estudantes desenhem um círculo e no


centro dele escrevam o seu primeiro nome. Em seguida,
façam seis linhas em torno desse círculo, como se fossem
raios de Sol.

Em cada raio de Sol peça para escreverem uma dessas


expressões: eu sinto, eu penso, eu não entendo, eu gostaria,
eu sonho, eu acredito. Agora, os/as estudantes devem
completar cada frase com o que vier na sua cabeça, pode
ser apenas uma palavra ou várias.

Deixe o tempo necessário para essa folha ser bem preenchida.


Essa atividade é importante para o autoconhecimento e para
que percebam as muitas dimensões da consciência humana.

Pergunta motivadora para a partilha:

} O que você descobriu sobre si mesmo ao fazer essa atividade?

REFLEXÃO

Assim como nós vamos nos conhecendo, cada geração vai


passando para outra os seus conhecimentos. Dessa forma,
vamos aprendendo uns com os outros. Milênios de civilização
produziram conhecimentos que chegaram ao nosso tempo.

} Vocês acham importante conhecer o que a


humanidade já aprendeu? Por quê?

Retornar ao passado é aprender, é sabedoria. Ajuda muito


a viver o presente e a continuar construindo o futuro. No
encontro passado vimos como a curiosidade é importante. Por
causa dela, a gente vai descobrindo, inventando, estudando,
testando, aprendendo.

42 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


} Mas como tudo começa? Será que é na cabeça? Será

05_COMO SURGIU O PENSAR FILOSÓFICO?


que é no coração? Será que é nas surpresas da vida?
Será que é no corpo?
} Onde começaram as ideias que você colocou na sua
folha?

É em tudo isso junto: é no ser humano. Não dá para ficar


dividindo a gente em pedaços. Nós somos pessoas, e pessoas
são tudo isso junto: cabeça, coração, corpo, mistérios,
descobertas.

PROBLEMATIZAÇÃO

Oriente os/as estudantes para que desenhem um novo


círculo no centro de uma folha e coloquem dentro do círculo
a expressão: SER HUMANO.

Dessa vez, peça que façam apenas três raios em torno


do círculo. Em cada um deve-se escrever: MITOLOGIA –
FILOSOFIA – RELIGIÃO

Instigue-os a pensar no que sabem sobre essas palavras:

O que é a mitologia? O que é a filosofia? O que é a religião?

Peça, então, que escrevam uma frase relacionada a cada


palavra escrita no raio.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 43


REFLEXÃO
05_COMO SURGIU O PENSAR FILOSÓFICO?

O nome FILOSOFIA vem da conjugação de duas palavras –


FILO significa amizade e SOFIA significa sabedoria. FILOSOFIA
é a amizade pela sabedoria, o filósofo é o amigo da sabedoria.
Ser amigo da sabedoria é sempre se fazer as perguntas que
nos ajudam a viver com qualidade, com felicidade, não apenas
para nós, mas para todos.

FILO + SOFIA
Uma das origens da FILOSOFIA mais conhecida é a da Grécia
antiga, no século VI a.C. Mas a FILOSOFIA existe em todos
os povos espalhados pela Terra, por todos os recantos e
continentes, e com diferentes origens e formas.

Tudo começou com a curiosidade de saber de onde viemos.


Sim, como tudo começou? Como começou a vida, a natureza,
o Sol, a Lua, as estrelas, as estações do ano. Essa curiosidade
recebeu um nome que vamos aprender agora: COSMOLOGIA.

COSMOS + LOGIA
mundo à nossa volta, estudo,
universo compreensão

Juntando cosmos e logia temos a reflexão sobre o universo ou


o estudo do mundo organizado. Os dois possuem o mesmo
sentido.

A mitologia dos povos também começa tentando encontrar


respostas para essas perguntas.

44 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


MITOLOGIA

05_COMO SURGIU O PENSAR FILOSÓFICO?


A mitologia conta como surgiram o Universo, os fenômenos
naturais e a Humanidade SEM TER COMO BASE O
PENSAMENTO RACIONAL

As religiões dos povos também fazem um caminho parecido,


tentando entender a natureza, como tudo foi criado e como
podemos viver de forma a sermos todos felizes.

A filosofia é um pouco diferente da mitologia e da religião.

Quem saberia dizer por quê?

Na mitologia vemos muita imaginação e precisamos entender


os mitos para encontrar as mensagens.

RELIGIÃO
Nessa dimensão chamada fé, os seres humanos buscam
conhecer, entender e louvar Deus, Deuses ou Entidades. É
uma forma de aproximar as pessoas das divindades.

Na religião temos uma dimensão chamada fé, ela é uma


experiência, mas não pode ser provada pela razão.

Na filosofia tudo passa pelo pensamento, ela busca entender


de forma racional, buscando provas.

LEITURA DE MÍDIAS E ATIVIDADE

Para ampliar a compreensão sobre esses três saberes da


humanidade – Mitologia, Filosofia e Religião –, trabalharemos
na construção e na leitura de um quadro comparativo.

Distribua as definições dos cartões a seguir entre os/as


estudantes, sem informar qual definição corresponde a cada
uma das colunas.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 45


05_COMO SURGIU O PENSAR FILOSÓFICO?

MITOLOGIA FILOSOFIA RELIGIÃO

Contam como Se preocupa É uma forma de


as coisas eram e em encontrar religar, aproximar
continuariam sendo. respostas usando o o Ser Humano de
pensamento lógico, Deus, Deuses ou
mesmo sabendo que entidades.
não há respostas
para todas as
perguntas.

Contavam as origens Dialoga com Tem muitas formas,


das coisas através da as ciências em cada cultura, em
imaginação. naturais e exatas cada povo.
para encontrar
explicações naturais
das coisas, da
natureza, da vida,
dos mistérios do
Universo.

Contam origens É fruto da Surgem de histórias


dos seres celestes, capacidade de todo contadas por
terrestres, marinhos ser humano de lideranças ou
de forma mágica e pensar e investigar por mensageiros
sem utilizar lógica de maneira racional que contam que
racional. a vida. conversaram com
Deus, ou com
deuses.

É um produto Busca explicações São passadas de


de cultura que coerentes, lógicas e geração em geração
transmite os valores racionais. e elas podem ser
de uma sociedade. experimentadas
dentro da
comunidade, como
uma experiência
de fé.

46 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


Como um jogo de quebra-cabeça, proponha que a turma

05_COMO SURGIU O PENSAR FILOSÓFICO?


construa coletivamente o quadro comparativo, buscando
encaixar quais definições correspondem à MITOLOGIA, à
FILOSOFIA e à RELIGIÃO. É interessante debater, ao longo da
atividade, que algumas definições podem dialogar com mais
de um conceito, e, quando isso acontecer, procure entender
os motivos e percepções dos/as estudantes.

AVALIAÇÃO

Peça aos/às estudantes que voltem a ler as frases que


escreveram na etapa de Problematização, relacionadas
a cada saber: Mitologia, Filosofia e Religião. Oriente que
reflitam, individualmente, sobre essas frases junto ao quadro
comparativo, a partir das seguintes perguntas:

} Você percebe semelhança(s) entre as suas frases e as


definições do quadro? Qual(is)?
} O que você aprendeu de novo?

Convide os/as estudantes que desejarem a adicionar suas


próprias frases no quadro.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 47


O QUE É O SAGRADO? 06
OBJETIVOS
} Descobrir as muitas formas de
compreender o sagrado, desde o cotidiano
até as expressões religiosas
} Experimentar atitudes de abertura, diálogo
e respeito pela diversidade religiosa
} Perceber que a concepção de sagrado é
mais ampla e complexa do que as muitas
expressões religiosas
ACOLHIMENTO

05_COMO SURGIU O PENSAR FILOSÓFICO?


Prepare uma mesa com muitos objetos que sejam ligados ao
cotidiano e símbolos religiosos, de diferentes religiões. Alguns
exemplos: prato, copo, chave, celular, livro, pano de prato,
remédio, crucifixo, imagens, velas, pedras, cristais, plantas,
anjos, alguidá, Bíblia, arruda, menorah, Crescente Islâmico,
o machado de Xangô e um portal xintoísta.

Traga o que achar importante para a reflexão.

Com a mesa posta, peça que os/as estudantes olhem para


todos os objetos e pensem em seus significados. Você pode
orientá-los/as estimulando que pensem:

} Esses objetos lhe trazem alguma recordação?


} Memórias importantes?
} Trazem mensagens?

Esse momento é para uma experiência de contemplação,


na qual cada um é convidado e não deve falar ainda, apenas
observar, deixar que o objeto “fale” com você e “escutar” a
memória ou mensagem.

Em seguida, abra uma roda para conversar sobre os objetos.


Cada um/uma pode escolher um objeto que tenha sido mais
simbólico e dizer qual a mensagem que o objeto lhe traz, qual
a importância na sua vida.

Não tem importância se um/uma estudante escolhe o mesmo


objeto que outro, pois o significado será diferente.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 49


06_O QUE É O SAGRADO?

OBJETIVO DA DINÂMICA
É importante que a mesa com símbolos seja preparada pelo/a
professor/a, pois o objetivo dessa atividade é surpreender os/as
estudantes com a mistura de símbolos que normalmente estão
separados: cotidianos e religiosos, proporcionando um novo
olhar para o universo simbólico, a partir da experiência pessoal
ou coletiva com determinado objeto. O senso comum separa
esses objetos, considerando que alguns são sagrados e outros são
profanos. Desejamos construir a compreensão de que o sagrado
é uma experiência, uma vivência, que pode estar inserida em uma
pertença religiosa ou não. Contudo, se um objeto para uma pessoa/
comunidade é sagrado, ele deve ser respeitado.

PROBLEMATIZAÇÃO

Após a conversa sobre os significados dos objetos, suas


histórias e sentidos na vida dos/as estudantes, fale sobre
como cada um de nós é cheio de memórias e saberes.
Destaque que os objetos podem ter significados diferentes
para cada pessoa. Que não temos como saber qual objeto
é mais importante porque o sentido, o significado de um
objeto, vai depender do papel dele na vida de cada um.

Por exemplo, um crucifixo pode ser muito importante na


vida de uma pessoa cristã. Para outra pessoa, não cristã, vai
ser apenas um objeto.

Lance algumas perguntas para estimular os/as estudantes


a pensarem sobre as questões:

} O que vocês perceberam com essa atividade?


} Por que um mesmo objeto é sagrado para uns e para
outros é apenas um objeto do cotidiano?
} Todos respeitam os objetos sagrados religiosos? Você
já percebeu algum tipo de preconceito com símbolos
religiosos?

50 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


LEITURA DE MÍDIA E

06_O QUE É O SAGRADO?


ATIVIDADE EM GRUPOS

Divida a turma em grupos e oriente para que cada grupo assista a um dos
vídeos da série “Retratos de fé” da TV Cultura:

Tradições indígenas – Guaranis


Duração: 25’37’’
Acesso em: 10 set. 2022
https://youtu.be/0aFoA9g_CV4

Na pequena aldeia indígena Jaraguá, em São Paulo, cerca de cem famílias


lutam para manter as tradições guaranis. Todos as noites, elas se reúnem para
cultuar Nhanderú, o Deus Guarani. O pajé Tupã explica ainda os principais
rituais dos Guaranis, enquanto Karai Ryapua reflete sobre a missão desse povo.

Igreja Católica Romana


Duração: 25’35’’
Acesso em: 10 ago. 2022
https://youtu.be/Vm5KXElRwys

Na cidade de São João Del Rei (MG), o novo padre Vinícius auxilia o bispo na
missa de domingo, na tradicional Catedral do Pilar, onde uma multidão está
reunida. A liturgia da luz celebra Cristo ressuscitado. Em Aparecida (SP), o
presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Dom Damasceno,
mostra o santuário, comenta a evolução da Igreja Católica no País e avalia
a atuação do novo líder da Igreja, o papa Francisco. No Domingo de Ramos,
moradores de Candeias (BA) relembram a entrada de Jesus em Jerusalém
e utilizam ramos de oliveira para a encenação de sua chegada. Em Porto
Alegre, as irmãs Scalabrinianas vivem pela profissão de conselhos evangélicos
mediante os votos públicos de castidade, pobreza e obediência.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 51


06_O QUE É O SAGRADO?

Candomblé
Duração: 25’38’’
Acesso em: 10 set. 2022
https://youtu.be/MCB8-rlKmDc

Em Salvador, Bahia, o Retratos de Fé visita o terreiro do Gantois, fundado em


1849, onde Mãe Ângela destaca a trajetória do Candomblé e explica costumes
e tradições da religião secular. Em Olinda, Pernambuco, um Oxaguian, de 17
anos, descreve seu dia a dia no Candomblé, apresenta o terreiro e faz uma
apresentação de afoxé. Já em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, um praticante
conta o que mudou na sua vida depois que fez santo em uma comunidade de
terreiro.

Igreja Batista
Duração: 26’04’’
Acesso em: 10 set. 2022
https://youtu.be/W3MYYaum0xM

Na faculdade de Teologia, em Vitória, estudantes estudam a Bíblia. O pastor


Robson Junior, presidente da Convenção Batista Nacional do Espírito Santo,
explica o processo de evangelização por meio do estudo. Também analisa
a autonomia de cada Igreja Batista e a evolução, desde a convenção mais
tradicional até as renovadas. Em Trindade (GO), Edmilson mostra como é seu
envolvimento com a Igreja e a vivência na religião. Em Ibirité (MG), o casal
Elias e Andressa relatam sua experiência de conversão e como a Escola Bíblica
Dominical os ajudou a decidir que queriam fazer parte da Igreja.

52 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


06_O QUE É O SAGRADO?
Espiritismo
Duração: 26’08’’
Acesso em: 10 set. 2022
https://youtu.be/PIUa5ss1bfs

“Retratos de Fé” visita Palmelo, em Goiás, considerada a capital espírita do


Brasil para explicar como acontece o desenvolvimento dos dons mediúnicos e
como esses dons são colocados à disposição da doutrina. Em Salvador, Bahia,
uma líder espírita fala sobre a presença do Espiritismo no mundo e os trabalhos
sociais realizados no Brasil. Em Pedro Leopoldo, Minas Gerais e em Porto Alegre,
Rio Grande do Sul, o programa acompanha o dia a dia dos praticantes da
tradição.

Budismo
Duração: 26’02’’
Acesso em: 10 set. 2022
https://youtu.be/bHzB7aOEjKM

Um monge recém-formado mostra um pouco da sua rotina diária. No maior


templo zen budista japonês do Brasil, em São Paulo, ele acompanha uma
cerimônia budista. Em Florianópolis, um monge mais experiente conta a
história do budismo e seu papel no Brasil e no mundo. Praticantes do Budismo
falam ainda dos estudos sobre a tradição religiosa, meditação e outras práticas
que transformaram suas vidas.

Assistam ao vídeo, conversem sobre suas impressões com os/


as colegas e, em grupo, respondam as seguintes perguntas:

} O que essa tradição religiosa entende por ações e


objetos que remetem às divindades?
} Como essa comunidade religiosa se relaciona com o
sagrado? Como são seus rituais?
} Qual a novidade que essa tradição religiosa trouxe para
o grupo?

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 53


SOCIALIZAÇÃO
06_O QUE É O SAGRADO?

Cada grupo apresenta suas percepções sobre o episódio,


compartilhando suas respostas.

Conduza uma conversa sobre a noção de SAGRADO,


relacionando o conteúdo dos episódios e as respostas
dos/as estudantes, com base na proposta de REFLEXÃO
deste encontro.

REFLEXÃO

A palavra SAGRADO tem mais de uma forma de entender.

1. Pode ser entendida como uma realidade especial, pois


foi importante e significativa na vida de alguém ou de
um grupo.
2. Pode ser entendida como uma realidade especial,
porque foi e é importante na vida de uma comunidade
religiosa.
3. Pode também ser entendida como um Ser Divino, como
vários deuses sagrados, como entidades sagradas,
porque as formas de entender têm a ver com a
realidade da comunidade.
} E, agora, o que vocês entendem por SAGRADO?

Podemos ver que temos muitas formas de falar e de entender


o SAGRADO, é como aquele Sol que desenhamos no encontro
passado. O que sabemos sobre o SAGRADO são como os raios
do Sol, porque ele mesmo, o Sagrado, é um mistério.

Não é um mistério escondido, é um mistério que vai se


revelando.

Lembram de nosso encontro sobre a Lua? Imaginem só, se


nós, pessoas, não conseguimos nos conhecer completamente,
porque temos um lado luz e um lado mistério, e o SAGRADO?

54 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


Isso mesmo. Não há como dizer que há apenas uma forma de

06_O QUE É O SAGRADO?


entender o SAGRADO, porque cada pessoa, cada povo, cada
comunidade religiosa, cada religião tem seu próprio jeito de
conhecer o SAGRADO e, por isso também, de ir entendendo,
pouco a pouco.

AVALIAÇÃO

Escreva uma mensagem falando da importância de respeitar


o sagrado para cada pessoa e para cada religião.

Use no mínimo cinco das palavras abaixo na construção de


sua mensagem:

mistério – sagrado – religiões – significado – Ser Divino – encontro


– respeito – diversidade – pessoas – comunidades – deuses –
sabedoria – paz – apoio – entendimento

Organize as mensagens em pequenos cartazes, para


confeccionar um mural coletivo ou de slides construídos
em uma apresentação.

Ao final, leiam com atenção as mensagens uns dos outros,


percebendo o que aprendemos nesse encontro.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 55


O SER HUMANO E A
BUSCA DO SAGRADO 07
OBJETIVOS
} Perceber que o ser humano
busca o sagrado de formas
diferenciadas;
} Reconhecer que há diferentes
perguntas e respostas para a
busca do sagrado, ao longo da
história da humanidade e das
diversas culturas.
ACOLHIMENTO

07_O SER HUMANO E A BUSCA DO SAGRADO


Coloque uma música de fundo e proponha o seguinte exercício
de imaginação:

Imagine que você encontra com um Ser Divino, senta,


conversa com ele, conta sobre seus sonhos e também suas
preocupações. O que você falaria para essa divindade? O que
você perguntaria a ela?

Escreva uma pequena carta para a divindade que você


encontrou, conversando com ela.

Caso o/a estudante declare que não acredita em nenhum Ser


Divino, deve-se respeitar e reforçar com a turma que todos têm
direito de pensar e agir livremente. Nesse caso, uma possibilidade
é pedir que este/a estudante converse com um amigo sobre o
que ele/a pensa sobre essa fé ou descrença e escrever uma carta
falando sobre essa reflexão.

PROBLEMATIZAÇÃO

Convide os/as estudantes a lerem em voz alta suas cartas


para a divindade, apenas quem desejar. A ênfase não é julgar
quem é essa divindade ou quem acredita ou não, apenas
prestar atenção nas emoções, nas perguntas, nas narrativas.

O importante não é encontrar uma única verdade e sim


nos encontrarmos como “buscadores”, como pessoas que
desejam compreender o sentido do viver e buscar juntos
formas de viver momentos de felicidade e de integridade,
como seres humanos que se respeitam e se valorizam.

Apresente algumas questões para animar esse momento de


conversa:

} Como será que os primeiros seres humanos entenderam


as divindades?
} Como será que surgiram as religiões?

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 57


LEITURA DE MÍDIAS
07_O SER HUMANO E A BUSCA DO SAGRADO

E ATIVIDADE EM GRUPO

Já vimos que antes de existirem as religiões existiram os


mitos, e que eles possuíam mensagens para os povos. Era
uma forma de entender o sagrado. Mas será que ainda hoje
é assim?

A humanidade é movimento, como as fases da Lua. Mas


também podemos comparar com as fases da vida humana.
Isso mesmo, como criança, adolescente, jovem, adulto.

1. Quando tudo era sagrado


2. Quando o sagrado entra em eclipse
3. Quando o sagrado retorna

Divida a turma em grupos e entregue, para cada grupo, uma


tarjeta que apresenta um dos três tempos da relação do ser
humano com o sagrado. Caso a turma se divida em mais de
três grupos, é possível repetir uma ou mais tarjetas. Peça
que cada grupo leia e converse entre si sobre o conteúdo
da tarjeta. Algumas perguntas que podem orientar a leitura
dos grupos:

} Qual a principal característica desse tempo?


} Esse tempo se parece com o tempo em que vivemos?

Em seguida, proponha que cada grupo represente, por meio


de imagens, o tempo histórico que recebeu. Essa representação
pode ser feita com desenhos ou colagem – de imagens
recortadas de revistas, jornais, panfletos etc. – ou ainda
selecionadas em uma busca na internet.

58 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


Tarjeta 1 Tarjeta 2: Tarjeta 3:

07_O SER HUMANO E A BUSCA DO SAGRADO


QUANDO TUDO QUANDO O SAGRADO QUANDO O SAGRADO
ERA SAGRADO ENTRA EM ECLIPSE RETORNA

Uma humanidade O avanço das ciências A vida em primeiro


mais contemplativa como mais importantes lugar, o encontro das
do que as religiões ciências e as religiões
Houve um tempo
de uma humanidade Mas os seres humanos No entanto, a
em que se acreditava foram desenvolvendo a humanidade vai
nos mitos como se biologia, a geografia, a mudando, e chega a
fossem realidade. literatura, a filosofia, e entender que cada
Os seres humanos começaram a entender coisa tem seu lugar
estavam iniciando que nem tudo que importante. A Ciência
suas descobertas acontecia era por é muito importante
cosmológicas, então causa de Deus ou dos e a Religião também.
achavam que os deuses, mas muita A Ciência com suas
deuses estavam coisa era consequência descobertas tão
por trás de muitos de ações humanas e importantes para os
acontecimentos. dos fenômenos da seres humanos e para a
Poderíamos até dizer natureza. É um tempo natureza. As Religiões
que houve um tempo em que a CIÊNCIA se com seus jeitos
em que TUDO ERA desenvolve mais. especiais de ajudar
SAGRADO. Um longo os seres humanos
Mas será que nesse a encontrarem o
tempo em que tanto
tempo acabaram as sentido de suas vidas,
o bem como o mal,
religiões? a confiarem que há
tanto o amor como a
guerra, eram explicados mistérios que não
Não chegaram a
através da imaginação e entendemos, mas que
acabar, mas ficaram
da crença de que havia fazem parte da vida, e
em segundo plano.
deuses tomando conta a aprenderem a viver
Nem todo mundo
de tudo. em comunidades de
tinha religião, e
fraternidade e respeito
havia até quem não
mútuo. O que importa
acreditasse em nada,
nesse momento não
apenas na CIÊNCIA
é mais escolher quem
e nos pensamentos
está certo, se a Ciência
que poderiam ser
ou a Religião, mas sim
comprovados.
a VIDA.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 59


SOCIALIZAÇÃO E AVALIAÇÃO
07_O SER HUMANO E A BUSCA DO SAGRADO

Os grupos apresentam suas produções, contando um


pouco sobre seus motivos para escolher essas imagens e
compartilhando com a turma o que entenderam sobre seus
respectivos tempos históricos.

Agora, vamos pensar juntos:

} Será que esses três tempos históricos em que o ser


humano busca o Sagrado já passaram?

Experimentem colocá-los em uma linha do tempo, de uma


ordem do mais antigo para o mais atual.

} Ou será que os três tempos podem coexistir?


} Pensem nos dias de hoje, no lugar onde vocês vivem:
vocês percebem características desses três tempos?
Quais são elas?
} Por que no momento “Quando o sagrado retorna” o
mais importante é a VIDA? O que mudou em relação aos
outros dois tempos?

60 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


DUAS FORMAS
DE PENSAR O
SER HUMANO E A 08
REALIDADE
OBJETIVOS
} Identificar a existência de mais de uma
forma de pensar o ser humano, a realidade
e o Universo;
} Diferenciar o pensamento dualista e a visão
integrada;
} Respeitar as diversas possibilidades de
pensar o ser humano, a realidade e o
Universo.
ACOLHIMENTO
08_DUAS FORMAS DE PENSAR O SER HUMANO E A REALIDADE

Comece esse encontro conduzindo a seguinte reflexão:

A cada novo encontro, vamos nos conhecendo cada vez mais.


Vamos ouvir uma música, em silêncio e pensando em coisas boas
que nos aconteceram. Pode ser também uma aprendizagem
boa depois de um momento difícil. Pode ser uma pessoa, uma
lembrança, uma emoção, enfim... deixe sua mente vagar pela
sua vida...

Procure lembrar dos últimos dias, semanas, meses... Lembrar das


coisas boas que aconteceram, pessoas que encontrou, momentos
de paz, de alegria, de amor...

Depois de lembrar de muitos momentos, agarre um dos


momentos bons. Sim, só UM, não precisa ser o mais importante
de todos, porque seria difícil escolher. Mas imagine que pode
segurar uma dessas lembranças com sua mão e guardar no
seu coração.

Devagar, vá voltando para o momento presente, abrindo os


olhos, e se encontrando aqui conosco.

Em seguida, oriente que cada um escreva em um pedaço de


papel a sua lembrança.

Para compartilhar as lembranças, a proposta é que o/a


professor/a – ou algum/a estudante – desenhe, em uma
grande folha de cartolina, uma árvore: apenas o tronco e
os galhos.

Cada estudante é convidado a oferecer a sua lembrança,


desejando que cada pequena felicidade vá florindo nossa
árvore, e possamos experimentar juntos a felicidade de
cada um.

62 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


PROBLEMATIZAÇÃO E LEITURA DE MÍDIA

08_DUAS FORMAS DE PENSAR O SER HUMANO E A REALIDADE


Apresente algumas imagens e peça que as observem:
Fonte: Shutterstock

Uma leitura possível, para essa imagem, é pensar na


dicotomia da natureza: o dia e a noite.

E uma leitura possível para essa imagem é pensar sobre a


integração entre os seres humanos e a natureza.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 63


Pergunte aos/às estudantes:
08_DUAS FORMAS DE PENSAR O SER HUMANO E A REALIDADE

} O que essas imagens nos transmitem?


} Qual a diferença da primeira imagem para a segunda?

Esse exercício de observação e comparação dos dois conjuntos


de imagem tem o objetivo de problematizar o pensamento
dualista e perceber que o ser humano é complexo e integrado
à natureza. Portanto, a reflexão a seguir é fundamental para
a mediação da conversa desse momento.

REFLEXÃO

Muitas vezes, pensamos dividindo a realidade em duas partes


– preto e branco, mau e bom, corpo e alma, matéria e espírito,
ser humano e natureza, verdadeiro ou falso. Isso se chama
pensamento dualista ou binário, porque tem sempre dois
lados e apenas isso. Esse pensamento não considera, por
exemplo, que entre o preto e branco há muitos tons. Não
considera que o ser humano e a natureza estão juntos, um
cuidando do outro.

Mas também tem outra forma de pensar, que não considera


só duas partes. Por exemplo, se falamos do ser humano,
podemos pensar que ele é corpo e alma, mas também que
é emoção, razão, sentimentos, relacionamentos, alegrias e
tristezas, memórias e esquecimentos... Nossa, muita coisa
mesmo, seria um infinito pensar no ser humano, e não daria
para reduzir em apenas um pensamento binário, ou seja, o
antagonismo entre os contrários como Bem e Mal.

Chamamos essa forma de pensar a realidade de pensamento


integrador, ou pensamento complexo.

1.

64 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


08_DUAS FORMAS DE PENSAR O SER HUMANO E A REALIDADE
ESTICADOR DE HORIZONTES
Para saber mais sobre o pensamento complexo, recomendamos:

Edgar Morin, o arquiteto da complexidade.

Sociólogo francês, propõe a religação dos saberes com novas


concepções sobre o conhecimento e a educação.

Disponível em: https://novaes-


cola.org.br/conteudo/1391/
edgar-morin-o-arquiteto-da-complexidade?gclid=-
CjwKCAiA57D_BRAZEiwAZcfCxaRuDwrrq6f-
ksZS06Ory7o3Twr2nyow9EWsTg83S6fV6n-
folYn0pNRoCVmAQAvD_BwE. Acesso em: 11 jan. 21.

A complexidade do Eu – Entrevista com Edgar Morin.

Disponível em: https://youtu.be/ExOqRgBKDKA.


Acesso em: 11 jan. 21.

ATIVIDADE EM DUPLAS

Após a conversa da etapa anterior, proponha um novo


exercício, para ser feito em duplas: completar o quadro abaixo
com palavras que façam sentido com essas duas formas de
pensar a realidade.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 65


08_DUAS FORMAS DE PENSAR O SER HUMANO E A REALIDADE

Pensamento dualista Pensamento integrador


ou binário ou complexo

Ser humano corpo e _____________ corpo, mente, coração,


espiritualidade, relações,
______________

Atitudes boas e _____________ boas, más, precipitadas,


inteligentes, _____________ ,
______________ , críticas

Fé acreditar ou _____________ acreditar, ser ateu,


não entender, _____________ ,
buscar conhecer, _________

Família unida ou _____________ unida, se perdoando, com


dificuldades, _____________ ,
_____________

Natureza descuido ou _____________ descuido, _____________ ,


destruição, amor,
_____________ , _____________

Divindade Um só ou _____________ Deus, muitos deuses, ____


_________ , _____________ ,
_____________

66 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


SOCIALIZAÇÃO E AVALIAÇÃO

08_DUAS FORMAS DE PENSAR O SER HUMANO E A REALIDADE


Partilhar as palavras colocadas na tabela. Se desejar, faça
um único grande quadro reunindo a contribuição de todas
as duplas.

Se desejar encerrar de forma poética este encontro, compartilhe


com os/as estudantes o poema de Ferreira Gullar: “Traduzir-se”.
É possível acessar neste link: https://youtu.be/qdlvu6z8WaI.
Acesso em: 16 dez. 20.

Você pode propor uma – ou mais de uma – dessas aproximações/


interações com o poema: ler, meditar, escolher um verso, deixar
ecoar, trocar ideias livremente.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 67


A DINÂMICA DA
HISTÓRIA E DA VIDA 09
OBJETIVOS
} Desenvolver a atenção, a escuta, a
percepção diante de cada momento da vida
e da história;
} Perceber que no dinamismo da vida
há períodos em que as mesmas ideias
permanecem por longo tempo;
} Valorizar o desenvolvimento do
pensamento ao longo da história e seu
dinamismo.
ACOLHIMENTO

09_A DINÂMICA DA HISTÓRIA E DA VIDA


Comece propondo que todos façam muitos sons. Podem
utilizar o próprio corpo, objetos, sendo criativos e observando
a criatividade uns dos outros.

Em seguida, escolha um sinal sonoro para fazer e combine


que, ao ouvi-lo, todos façam silêncio, interrompendo todos
os sons produzidos.

Peça que percebam esse silêncio.

Por fim, convide a turma a relatar os sons percebidos.

O importante é valorizar cada momento dessa dinâmica,


da produção de sons, do silêncio e da escuta atenta, cada
momento tem seu valor.

PROBLEMATIZAÇÃO

Pesquise na internet a letra da canção “Certas Coisas”, de


Lulu Santos, e ofereça à turma.

É possível acessar a música por este link: https://youtu.be/


NlTQAp2X6FI. Acesso em: 10 ago. 2022.

Proponha imaginar essa música como se fosse uma oração,


pensar nos versos, nas palavras. Pensar nas divindades lhe
dizendo essas coisas, ou em você dizendo para ela(s)...

Se houver estudantes que não creem na divindade, convidar


para escutarem como uma voz amiga, que vem da natureza,
do universo.

Escolher um verso da canção, repetir, sem precisar explicar


nada. Não tem problema se mais de um/uma estudante
repete o mesmo verso, cada um/uma deve escolher sem se
preocupar se é repetido. Deixe ecoar.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 69


Destaque esse verso da canção: “Não existiria som, se não
09_A DINÂMICA DA HISTÓRIA E DA VIDA

houvesse o silêncio”.

Proponha refletir sobre esse verso, como eles/as interpretam.


Além do sentido de que um não existiria sem o outro, proposto
no verso, quais outras relações podemos criar entre o som
e o silêncio?

LEITURA DE MÍDIAS

Apresente aos/às estudantes os textos A, B e C abaixo e


proponha uma leitura coletiva. A cada texto, peça que reflitam
sobre o significado das palavras indicadas.

(A)

Um tempo em que a vida parecia mais lenta, menos movimentada,


com poucas mudanças nas sociedades.

AGRICULTURA – ARTESANATO – FAMÍLIAS GRANDES –


OBEDIÊNCIA – CUIDADO COM A NATUREZA – RELIGIÃO O
CENTRO – POUCAS MUDANÇAS – TRADIÇÃO

(B)

Um tempo de muito dinamismo, muitas mudanças, e o ser humano


se descobre dominando o mundo pela ciência e pelo seu pensamento
racional.

SER HUMANO – PENSAMENTO RACIONAL – CIÊNCIA –


DESCOBERTAS – MUITAS MUDANÇAS – INDIVIDUALISMO –
RELIGIÃO DESVALORIZADA – REVOLTAS – DESTRUIÇÃO DA
NATUREZA

70 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


09_A DINÂMICA DA HISTÓRIA E DA VIDA
(C)

Um tempo mais próximo de nós. Temos mudanças, mas também


muita reflexão sobre o que já passamos e o que é melhor para todos.

RAZÃO E EMOÇÃO JUNTAS – COMUNIDADES – CONSUMO


– PREOCUPAÇÃO COM O AMBIENTE – CRÍTICA À POLÍTICA
– MUITAS RELIGIÕES – CRIATIVIDADE – VALORIZAÇÃO DOS
SENTIMENTOS

Em seguida, com base nos três tempos apresentados, peça


que os/as estudantes recordem e comentem livremente
sobre um personagem ou acontecimento histórico com:

Características de A;
Características de B;
Características de C;
Características de A, B, C ao mesmo tempo.

SOCIALIZAÇÃO E AVALIAÇÃO

Proponha uma roda de conversa sobre o exercício individual,


a partir das seguintes provocações:

} Em qual dos três momentos estamos hoje em dia?


} Será que estes três momentos se misturam? Como?

Nessa atividade é possível perceber que, mesmo com o


desenvolvimento de novas ideias e novas descobertas,
há características dos paradigmas anteriores que
continuam presentes, ou retornam, porque a vida é
movimento e dinamismo.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 71


A ÉTICA COMO
CAMINHO, REFLEXÃO
E DIÁLOGO
10
OBJETIVOS
} Refletir sobre as situações morais e a
importância da reflexão ética;
} Compreender que a percepção tem relação
com o contexto e a história de cada um;
} Valorizar o diálogo como forma de
discernimento ético;
} Diferenciar diálogo de julgamento moral.
ACOLHIMENTO

10_A ÉTICA COMO CAMINHO, REFLEXÃO E DIÁLOGO


Em uma folha de papel, peça para que os/as estudantes desenhem uma
árvore. Em seguida, faça uma a uma das perguntas abaixo e peça para
que respondam com palavras-chave.

Se uma árvore fosse uma pessoa:

} Quais os aspectos que ficariam na raiz de uma pessoa?


} Quais os aspectos são tronco, os que sustentam uma pessoa?
} Quais os aspectos que estariam nos galhos e na copa da árvore, ou
seja, quais os frutos na vida de uma pessoa?

Sugira alguns aspectos, e cada estudante pode completar com outros


que lhe sejam importantes, por exemplo: família, comunidade, religião,
trabalho, estudo, lazer, afetividade, passado, presente, futuro, corpo,
amigos, sofrimentos, memórias, avós, desejos, sonhos, outros...

Converse sobre o exercício: De que forma a história de vida de cada um de


nós nos faz ter percepções diferentes?

PROBLEMATIZAÇÃO E LEITURA DE MÍDIAS

Olhem para a imagem na próxima página.

} O que vocês veem?


} O que vocês fariam se fossem visitar uma pessoa que tivesse uma
sala como essa?

Pode ser que cada um de nós tenha uma reação diferente. Pode ser que
alguém nem se incomode, pode ser que alguém sinta vontade de mexer
no quadro, ou ainda que alguém questione ao dono da casa...

Assim também acontece com as situações que vemos nas ruas, na cidade,
na vida, e nem sempre temos as mesmas reações.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 73


10_A ÉTICA COMO CAMINHO, REFLEXÃO E DIÁLOGO

Fonte: Shutterstock
} Quando vemos uma situação que achamos que não está correta, o
que fazemos?
} Até que ponto me envolver?
} Devo me intrometer?
} Chamo alguém para ajudar?
} Converso com alguém?
} Devo ficar indiferente, cuidar dos meus interesses?

REFLEXÃO

Na maioria das vezes, agimos de forma automática, apenas repetindo o


que já se faz no ambiente em que vivemos. Já repararam isso? Às vezes,
sabemos que não é para jogar papel no chão. Se o chão está limpo, não
jogamos, mas se já está sujo, a gente pensa: “É só mais um, por que eu
vou ser diferente?”.

74 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


Mas será que somos sempre assim? Será que fazer o que “todo mundo

10_A ÉTICA COMO CAMINHO, REFLEXÃO E DIÁLOGO


faz” está certo? Ou devemos conversar com nossa consciência e agir de
acordo com o que acreditamos?

Acontece é que, quando fazemos o que “todo mundo faz”, muitas vezes
não paramos para pensar, mas também pode ser que tenhamos medo
de ser diferentes e não ser aceitos, mesmo agindo de forma a prejudicar
os outros.

Imaginem uma pessoa que visita a casa de outra cuja sala é como a figura
que trabalhamos nesta etapa. Esse visitante fica incomodado com o
quadro, pois o considera torto, e tem vontade de alinhar na parede. Vamos
nos colocar no lugar desse visitante e dividir essa história em quatro partes:

1. Na primeira parte a gente só OLHA, observa. Isso vai depender de


onde estou, do que eu penso sobre isso, ou seja, meu olhar é o “meu
olhar”, do meu jeito de ser.
2. Na segunda parte a gente já REFLETE, pensa. Será que está certo?
Pode mudar? Por que será que está assim? É melhor deixar ou
modificar? Nesse momento, ainda estou pensando conforme o que
eu acho que está certo ou não, através dos meus valores.
3. Na terceira parte é a hora da AÇÃO, e a gente vai decidir se mexe
no quadro, se conversa ou se deixa como está. As três decisões
são possíveis, mesmo aquela que não faz nada, pois também é
uma decisão de não se envolver. Nas três decisões também há
consequências. Quais são as consequências em cada decisão destas?
4. Então entramos na quarta parte, a hora da RESPONSABILIDADE.
Se há decisão, eu me torno responsável por ela, e, mesmo que eu
resolva não fazer nada, também sou responsável. Quando nos
envolvemos, podemos ser aplaudidos, elogiados, mas também
podemos ser criticados e até incompreendidos. Quando estamos
na terceira parte, pensamos também na quarta parte, ou seja,
pensamos se vamos assumir a responsabilidade.

Mas nessa conversa está faltando uma parte importante. Qual seria?

É a parte do DIÁLOGO.

DIÁLOGO é a construção do Conhecimento através da troca de ideias


com outra pessoa.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 75


DI + LOGOS
10_A ÉTICA COMO CAMINHO, REFLEXÃO E DIÁLOGO

Dois Construção do
Conhecimento

Sim, sempre tem uma outra pessoa diante da situação, nunca estamos
totalmente sozinhos, e devemos, então, dialogar com ela, para buscarmos
juntos uma forma de agir. Se eu OLHO, PENSO, a outra pessoa também
está OLHANDO E PENSANDO, então podemos juntos buscar a melhor
forma de AÇÃO e nos RESPONSABILIZARMOS também.

Sabe qual o nome de tudo isso que estamos conversando? Se chama


ÉTICA, uma palavra muito importante, mas que não deve ser apenas
uma palavra.

ÉTICA é uma atitude, um jeito de viver, uma forma de estar presente no


mundo.

ATIVIDADE EM DUPLA

Peça que formem duplas e pensem em uma situação real ou fictícia em


que perceberam que algo não estava certo. Pensem também em como
agiram diante da situação.

Apresente para a turma quatro atitudes possíveis diante de uma situação.


E oriente que eles pensem nessas atitudes e criem um diálogo para
a situação escolhida. Eles têm a liberdade de escolher um desfecho
diferente, considerando o diálogo entre as partes envolvidas e a ética.

OLHAR, observar. Isso vai depender de onde estou, do que eu penso sobre
isso, ou seja, meu olhar é o “meu olhar”, do meu jeito de ser.

REFLETIR, pensar. Será que está certo? Pode mudar? Por que será que
está assim? É melhor deixar ou modificar? Nesse momento, ainda estou
pensando conforme o que eu acho que está certo ou não, através dos
meus valores.

76 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


AGIR, decidir se interfere na situação, se conversa ou se deixa como está.

10_A ÉTICA COMO CAMINHO, REFLEXÃO E DIÁLOGO


As três decisões são possíveis, mesmo aquela que não faz nada, pois
também é uma decisão de não se envolver. Nas três decisões também
há consequências. Quais são as consequências em cada decisão destas?

RESPONSABILIZAR-SE. Se há decisão, eu me torno responsável por


ela e, mesmo que eu resolva não fazer nada, também sou responsável.
Quando nos envolvemos, podemos ser aplaudidos, elogiados, mas também
podemos ser criticados e até incompreendidos.

SOCIALIZAÇÃO E AVALIAÇÃO

Cada dupla pode apresentar seus diálogos, narrando ou por meio da


dramatização. Ao final da apresentação irá dizer brevemente o que
aprendeu com a situação.

ORIENTAÇÕES IMPORTANTES PARA ESTE ENCONTRO:

1. Não construir espaço de julgamento de certo e errado,


porque estamos todos em processo de reflexão;
2. É comum desejarmos uma coisa e fazermos outra, é parte da
condição humana;
3. O importante é pensarmos sobre isso e buscarmos agir de
acordo com o que pensamos, mas é um processo, pouco a
pouco;
4. Deixando passar o momento inicial, fica mais fácil de pensar
na situação, a reflexão ganha mais “dados”;
5. Não julgar a si mesmo e nem aos outros. Cada um age como
pode;
6. Buscar dialogar sobre o que aconteceu já é um caminho para
a ética;
7. Toda ação ética é importante e, mesmo que seja pequena,
ela faz o efeito na sua consciência e no mundo todo.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 77


ÉTICA: UMA QUESTÃO
PESSOAL E TAMBÉM
COLETIVA
11
OBJETIVOS
} Experimentar a diferença entre o pensar e o
agir nas ações pessoais e coletivas;
} Perceber que o agir de forma ética é um
caminho pessoal, de diálogo e respeito ao
outro.
} Desenvolver a sensibilidade para a escuta
pessoal (e individual) e dos outros; para os
problemas sociais e ambientais.
ATIVIDADE INTEGRADORA

11_ÉTICA: UMA QUESTÃO PESSOAL E TAMBÉM COLETIVA


Organize a turma em duplas. Faça a primeira das perguntas
abaixo e dê um tempo para que as duplas respondam entre
si. Peça que um integrante da dupla permaneça onde está e
que o outro troque de lugar, formando novas duplas. Faça a
segunda pergunta e dê mais um tempo para responderem.
Siga a mesma lógica da troca de duplas para cada pergunta.

Sugestões para perguntas, mas você pode adicionar outras


também:

} Para você, o que vem primeiro: pensar ou agir?


} Conte um caso em que você agiu sem pensar.
} Conte um caso em que alguém fez isso com você: agiu
sem pensar.
} Como se sente quando você pensa diferente de um
grupo?
} O que acontece quando você para e pensa antes de agir?

PROBLEMATIZAÇÃO

Para conversar mais um pouco sobre as diferenças entre o


pensar e o agir nas ações pessoais e coletivas, exiba o curta:

https://youtu.be/A6PWu3EH7Xw.

Agora, provoque a turma a refletir a partir das seguintes


perguntas sobre o curta exibido:

} Em relação ao “pensar e agir”, como você percebe as


atitudes iniciais do personagem?
} O que fez o personagem mudar?
} Como essa mudança afetou a vida desse personagem?

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 79


LEITURA DE MÍDIAS
11_ÉTICA: UMA QUESTÃO PESSOAL E TAMBÉM COLETIVA

Exiba a aula 4 do Telecurso de Filosofia:

https://youtu.be/pjE4TDzQ7CE.

Abra uma roda de conversa para debater com os/as estudantes


sobre o que é ética.

A seguir, algumas falas da teleaula para animar a conversa e


instigar os/as estudantes a falarem sobre a relação da ética
com as situações vividas pelos personagens:

“ética é a atitude de colocar-se em dúvida, de questionar a


moral e os valores”

“ética tem a ver com autonomia pessoal”

“autônomo é quem dá a lei para si mesmo, quem decide por


si mesmo quais são seus valores”

“eu tenho ética quando paro para pensar nas minhas ações,
nas relações com as pessoas na sociedade”

“existem éticas diferentes”

“investigamos e testamos nossa ética quando temos que


escolher entre dois caminhos”

80 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


REFLEXÃO

11_ÉTICA: UMA QUESTÃO PESSOAL E TAMBÉM COLETIVA


Um dos primeiros filósofos se chamava Sócrates. Sócrates viveu nos
anos 470 a 399 a.C. Ele era professor e ensinava seus alunos a descobrir a
verdade que mora dentro de cada um. Ele acreditava que todas as pessoas
possuem uma luz interior que ajuda a pensar o que é certo e errado.
Mas como se descobre isso? É preciso silenciar outras “vozes” externas
e ouvir a “voz interior”, ou seja, a nossa consciência. Quando a gente faz
meditação, por exemplo, é um bom caminho para essa escuta interior.

Será que existem outras formas de ouvir nossa “voz interior”?

Existem muitas – o silêncio, a oração, a leitura, a contemplação da natureza,


a dança, a poesia, o desenho, contemplar fotos de rostos, de situações
no mundo, a leitura das biografias de pessoas que admiramos –, e cada
uma dessas formas faz a gente parar, pensar, analisar, chegar à nossa
consciência.

Quando a gente escuta nossa voz interior, já pode ouvir outras vozes,
sem se confundir. Então, começa um diálogo entre interior e o exterior.
Você consegue ouvir as pessoas e ouvir a você mesmo, chegar às suas
conclusões e também ouvir as conclusões das pessoas.

Às vezes, conseguimos pensar de forma parecida com as pessoas, mas


às vezes pensamos bem diferente, e só com muito diálogo é que vamos
encontrando alguns pontos em comum, já perceberam?

A ética pode então ser pessoal, quando a gente age de acordo com o que
pensamos, e nos sentimos em paz interior.

E também pode ser uma ética em diálogo, comunitária, quando juntos


conseguimos encontrar um ponto em comum, e agimos de acordo com
esse mesmo pensamento.

E de que forma podemos chegar a essa ética comunitária? Temos também


muitas formas – rodas de conversa, pesquisas, construção de textos
coletivos, estudo de acordos já realizados em povos, em cidades ou até
países, inclusive as diversas manifestações artísticas, sagradas ou leigas.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 81


ATIVIDADE EM GRUPOS

Relembre as situações mostradas na teleaula em que as


pessoas vivenciaram questões e decisões relacionadas à
ética, tais como:

“Mulher bate no carro do taxista, promete pagar o conserto,


mas deixa um número de telefone falso para contato”

“Rapaz quebra por acidente o retrovisor de um carro e vai


embora sem assumir a responsabilidade”

“Mulher deixa de comer carne porque não quer ter uma


atitude contrária ao amor que tem pelos animais”

Divida a turma em grupos e proponha que pensem em uma


situação semelhante, na qual os personagens devem acessar
os princípios éticos pessoais, dialogar e chegar a um acordo.

SOCIALIZAÇÃO E AVALIAÇÃO

Os grupos dramatizam seus diálogos para a turma.

Ao final, proponha as seguintes questões e pergunte aos/às


estudantes:

Se todas as pessoas agissem com ética, seria mais fácil a


convivência em sociedade? Por quê?

O que você pode mudar para ajudar a construir um mundo


com mais ética?

Peça que cada estudante escreva em um pedaço de papel


uma atitude com a qual pode se comprometer para tornar
o mundo mais ético. Depois, junte todas as atitudes e faça
um mural ou uma nuvem de palavras com todas as ideias.
SOCIALIZAÇÃO E AVALIAÇÃO

11_ÉTICA: UMA QUESTÃO PESSOAL E TAMBÉM COLETIVA


Os grupos dramatizam seus diálogos para a turma.

Ao final, proponha as seguintes questões e pergunte aos/às


estudantes:

} Se todas as pessoas agissem com ética, seria mais fácil a


convivência em sociedade? Por quê?
} O que você pode mudar para ajudar a construir um
mundo com mais ética?

Peça que cada estudante escreva em um pedaço de papel


uma atitude com a qual pode se comprometer para tornar
o mundo mais ético. Depois, junte todas as atitudes e faça
um mural ou uma nuvem de palavras com todas as ideias.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 83


OS CAMINHOS
RELIGIOSOS E A BUSCA
DO BEM COMUM
12
OBJETIVOS
} Identificar a presença da ética nas tradições
religiosas;
} Valorizar as tradições religiosas como
caminhos de construção pessoal e de bem
comum;
} Estimular sentimentos de empatia,
solidariedade, amizade, compreensão,
perdão, reconciliação, atitudes fraternas e
de busca de paz.
ATIVIDADE INTEGRADORA

12_OS CAMINHOS RELIGIOSOS E A BUSCA DO BEM COMUM


Solicite três estudantes voluntários para saírem da sala. Peça
que cada um/uma pense em argumentos para, ao retornar à
sala, convencer a turma de que sua presença é importante,
que eles podem estar juntos, mesmo sendo diferentes. Cada
um dos três voluntários entrará sozinho, em três etapas
diferentes, e a turma deverá reagir da seguinte forma com
cada um deles: diante do primeiro, rejeitar completamente sua
fala através de vaias, exclamações de “fora”, “não queremos
saber disso” etc. Pedir que o grupo seja criativo... Lembrar que
o respeito é fundamental, e, mesmo sendo uma encenação,
não pode haver ofensas, ironias, nem de brincadeira.

Diante do segundo, o grupo deverá ter uma reação


completamente indiferente. As pessoas não demonstrarão
o menor interesse ao que ele disser, conversando entre
si, fazendo alguma tarefa, olhando para outro lado,
levantando-se etc.

Diante do terceiro, o grupo deverá fazer perguntas sobre


o que ele diz, demonstrar interesse, trazer contribuições e
novas questões.

Após essa experiência, abra uma roda de conversa, animada


pelas seguintes perguntas:

} Como vocês se sentiram com cada prática dessas?


} Tem alguma relação com nosso cotidiano?
} O que sentiram os voluntários a cada etapa?
} Quais as razões que nos fazem agir dessas formas?
} Como poderíamos agir de agora em diante?

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 85


12_OS CAMINHOS RELIGIOSOS E A BUSCA DO BEM COMUM

ALGUMAS DICAS PARA COMPARTILHAR COM OS/AS


ESTUDANTES SOBRE A REFLEXÃO:

Consultar sempre nossa própria consciência; cuidar com a pressão


que o coletivo exerce sobre cada um de nós; se colocar no lugar do
outro, da outra; sentir junto; aprender a dizer NÃO para intolerância
e preconceito; dizer SIM para diálogo, compreensão, escuta, paz.

PROBLEMATIZAÇÃO

Uma das formas que a humanidade encontrou para buscar


juntos a felicidade, o bem comum, a paz, foram os caminhos
religiosos. Pergunte para os/as estudantes quais religiões
eles/as conhecem e construam uma lista coletiva. Escolham
livremente duas ou três religiões para refletir a partir das
seguintes perguntas:

} O que sabem sobre elas?


} O que diferencia uma da outra?
} O que as aproxima?

REFLEXÃO

Vamos pensar as religiões como caminhos, como estradas


para chegar a lugares de paz, de amor, de fraternidade, de
bem comum. Cada uma tem uma proposta, um caminho.

O convite nesse encontro é refletirmos não apenas com a


consciência racional, mas com a consciência religiosa, que
também é parte do ser humano. Desde os tempos mais
antigos, os seres humanos procuram entender o sentido da
vida, e muitos povos desenvolveram as religiões, em todo o
mundo, como uma forma de se colocarem neste caminho.

86 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


Um ponto em comum que os muitos caminhos religiosos

12_OS CAMINHOS RELIGIOSOS E A BUSCA DO BEM COMUM


possuem é a busca da paz interior, e ela é muito importante
para a nossa felicidade e para a busca do bem comum. São
caminhos que nos conduzem para dentro de nós mesmos,
para uma avaliação pessoal de nossas escolhas, de nosso jeito
de agir, de nossos sentimentos. Desse jeito, podemos olhar
para fora de nós, para o mundo, e perceber muitas coisas,
como, por exemplo, a beleza que há nas coisas, o sofrimento
de irmãos e irmãs, a riqueza nas diferenças.

É como se dentro de nós houvesse um lugar onde podemos


consultar o que é certo e errado, é uma chave dentro de nós
mesmos, que nos ajuda a agir de forma ética e, quando isso
não acontece, poder compreender, perdoar e recomeçar.

Existe um pensamento presente em quase todas as religiões,


vamos chamá-lo de REGRA DE OURO: “Faça para os outros o
que você gostaria que fizessem a você”. Ou, formulada de modo
negativo: “Não faça para os outros o que você não gostaria que
fizessem a você”.

ESTICADOR DE HORIZONTES
Sobre o tema da Intolerância Religiosa

Disponível aqui: https://www.politize.com.br/intole-


rancia-religiosa/. Acesso em: 11 jan. 2021.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 87


ATIVIDADE INDIVIDUAL

Professor/a, apresente como algumas religiões expressam


a regra de ouro. Pode ser em um mural na sala do encontro.
Façam uma leitura coletiva das frases:

BUDISMO CRISTIANISMO

Não trates os outros como não Em tudo, trata os outros como


gostarias que te tratassem. gostarias que te tratassem;
porque esta é a lei dos profetas.
(O Buda, Udana-Varga 5, 18)
(Jesus, Evangelho de São Mateus 7, 12)

ESPIRITUALIDADE INDÍGENA CANDOMBLÉ

Estamos tanto mais vivos, Você pode até tentar me


quanto mais viva conservarmos destruir, mas eu tenho Oyá que
a Terra. não me deixa desistir. Meus
Orixás, agradeço hoje e sempre
(Tuxaua Dan George)
pela proteção!

UMBANDA HINDUÍSMO

É a lei de Xangô: quem deve, Este é o resumo de qualquer


paga; quem merece, recebe. dever: não faças aos outros
Sou do Axé e não nego a nada que te magoasse se te
minha fé. fizessem a ti.
(Mahabharata 5, 1517)

ISLAMISMO JUDAÍSMO

Nenhum de vocês crê O que é odioso para ti, não o


verdadeiramente até que faças a outrem. Isto é toda a
deseje aos outros o que deseja Torá; tudo o mais é comentário.
para si mesmo. Vai e aprende-a.
(O Profeta Mahoma, Hadito) (Hillel, Talmud, Shabbat 31a )
Oriente que cada estudante escolha uma das frases do mural

12_OS CAMINHOS RELIGIOSOS E A BUSCA DO BEM COMUM


ou que traga um pensamento de alguma religião que fale
sobre busca da paz, da fraternidade e do bem comum. Eles/as
devem escrever um cartão para alguém (colega da sala, amigo,
familiar) com o pensamento escolhido e uma mensagem
sobre a importância de vivermos em comunidade.

Os cartões podem ser enviados, caso os/as estudantes


desejem, ou podem fazer uma troca dos cartões entre os/
as colegas da sala.

SOCIALIZAÇÃO E AVALIAÇÃO

Reúna todos os pensamentos escolhidos e proponha a


construção de um único texto, que pode ser entendido como
uma oração coletiva.

Para encerrar, exponha o texto coletivo em um mural, peça


que, voluntariamente, cada um leia em voz alta uma frase
de sua escolha. Deixe como sugestão que levem essa frase
anotada para reler durante a semana.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 89


A DECLARAÇÃO
UNIVERSAL DOS
DIREITOS HUMANOS
E AS TRADIÇÕES
13
RELIGIOSAS
OBJETIVOS
} Relacionar direitos e deveres como duas
dimensões que integram a cidadania e o
bem comum;
} Compreender a relação entre as tradições
religiosas, a busca do bem comum e a
Declaração Universal dos Direitos Humanos;
} Conhecer a Declaração dos Direitos
Humanos e sua relevância para a
Humanidade.
ACOLHIMENTO

13_A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS E AS TRADIÇÕES RELIGIOSAS


A partir de uma pergunta, “Qual o seu maior sonho?”, peça
que cada estudante comece um desenho.

Combine um sinal que, a cada vez que for feito, deve-se parar
de desenhar e passar a folha para a direita, recebendo uma
nova folha e continuando o desenho do/a colega. A troca de
folhas continua até que cada um tenha interferido em todos
os desenhos e receba sua folha inicial de volta.

Oriente para que os/as estudantes observem atentamente


as mudanças em seus desenhos. Agora, peça que respondam
as seguintes questões, anotando suas respostas em torno
do desenho:

} Como você se sentiu ao receber o desenho modificado?


} Essa brincadeira pode ser comparada à vida na
sociedade?
} Qual a importância de cada pessoa na construção do
sonho comum?

Proponha uma roda de conversa para compartilhar a


experiência.

PROBLEMATIZAÇÃO

Divida a turma em dois grandes grupos e entregue para


cada grupo uma folha de papel pardo. No centro de uma das
folhas escreva a palavra DIREITOS e no centro da outra folha
a palavra DEVERES.

Oriente os grupos a escrever, em suas respectivas folhas,


palavras ou expressões que tenham relação com a palavra
do centro. Deixe-os com um tempo para conversarem sobre
o que escrever.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 91


Em seguida, os dois grupos trocam as folhas. Um grupo deve
13_A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS E AS TRADIÇÕES RELIGIOSAS

explicar para o outro o que está entendendo da folha que


recebeu, ou seja, um grupo explica a folha do outro grupo,
e não a sua própria.

O grupo original de cada folha pode dialogar dizendo se


concorda ou não, se quer complementar ou esclarecer.

Ajude-os a encontrar os pontos de contato entre os DIREITOS


e os DEVERES, a partir dos relatos dos grupos.

LEITURA DE MÍDIAS

Exiba este vídeo, sobre o que é Direitos Humanos:

Disponível em: https://youtu.be/hGKAaVoDlSs. Acesso em:


11 jan. 2021.

Em seguida, escreva no quadro as palavras Direitos Humanos


e peça que os/as estudantes digam o que o vídeo apresentou
sobre esta expressão. Registre no quadro o que for sendo dito
e os/as instigue a lembrar o que viram, ouviram e sentiram
ao ver o vídeo.

Algumas questões para estimular a conversa:

} O que foi novidade para vocês neste vídeo?


} Esses Direitos sempre existiram?
} Apareceram algumas pessoas que lutam ou lutaram
por Direitos iguais para todos, vocês lembram quem
apareceu no vídeo? (Malala, Maria da Penha, Gandhi,
Martin Luther King, Zumbi...)
} Conhecem outras pessoas e/ou instituições que lutam
pelo direito das pessoas?
} Como podemos relacionar Direitos Humanos com as
religiões?

92 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


REFLEXÃO

13_A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS E AS TRADIÇÕES RELIGIOSAS


Estamos descobrindo juntos que sonhar um mundo de paz, fraternidade,
justiça é um sonho de todos nós. Mas, para isso, é importante que as duas
palavras DIREITOS E DEVERES andem de mãos dadas.

Ou seja, todos os povos da história chegaram à conclusão de que para que


essas duas palavras andem de mãos dadas é preciso construir algumas
regras importantes e que todos concordem em cumprir essas regras,
para o bem de todos ser garantido.

Então, para cada desejo, um conjunto de regras, conhecidas como leis.


Mas, também, para cada problema encontrado, outro conjunto de regras
ou leis. As regras ou leis podem ser do que deve ser feito, e também do
que não deve ser feito – os DIREITOS e os DEVERES.

As tradições religiosas sempre procuraram o bem comum, ou seja, sempre


cuidaram de formas de convivência em que os Direitos e os Deveres
andem de mãos dadas. Em muitas civilizações, antes mesmo de uma
Constituição Civil ser criada, a tradição religiosa já fazia esse caminho de
cuidado com o bem comum.

Em 1948, uma grande reunião foi convocada para essa conversa tão
importante para o mundo, e construíram uma regra universal – A
Declaração Universal dos Direitos Humanos.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos procura assegurar os direitos


básicos de toda pessoa, sem nenhuma distinção. É um conjunto de regras,
uma lei para toda a Humanidade. Toda vez que, em algum lugar do nosso
planeta, esse direito é negado, a vida de todas as pessoas também é
afetada, porque, se um ser humano não tem seu direito respeitado, vai
afetar a todos os seres humanos em algum momento. Quem sabe dizer
por que isso acontece?

Então, descobrimos que na Declaração existem 30 Direitos Humanos.


Todos são muito importantes, pois tratam da dignidade de todos nós, e
da vida, que são regras ou leis para todos e todas, que se tornam Valores
Éticos. É também o tema central que está presente nas tradições religiosas:
a vida e o bem comum.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 93


Destacamos dois caminhos para cuidarmos uns dos outros, na vida, do
13_A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS E AS TRADIÇÕES RELIGIOSAS

bem comum: a ética e as religiões.

A ética é um caminho de atenção, respeito, cuidado.

As religiões são os caminhos de conhecimento, sabedoria, consciência e


sensibilidade.

As duas, tanto a ética quanto as religiões, nos pedem duas coisas muito
importantes:

A consciência de si, para pensar, refletir, se conhecer, saber o que dar


valor, falar, criar, propor;

A consciência do outro, para prestar atenção, escutar, sentir junto,


compreender, perdoar, apoiar.

ESTICADOR DE HORIZONTES
Os vídeos abaixo compartilham um pouco sobre essa presença do
cuidado com o bem comum nas tradições religiosas, por meio da vida
de algumas personalidades. Professor/a, se desejar e houver tempo,
exiba para a turma, para complementar, a conversa desse encontro:

Tradição Afro-brasileira – Mãe Aninha

Disponível em: https://canaisglobo.globo.com/assis-


tir/futura/herois-de-todo-mundo/v/5588035.
Acesso em: 11 jan. 2021.

Filha de africanos, Eugênia Ana dos Santos, a ialorixá Obá Biyi,


nasceu em Salvador em 1869. Mãe Aninha sempre lutou para
fortalecer o culto do candomblé no Brasil e garantir condições
para o seu livre exercício. Formou o terreiro de Candomble Ilê
Axé Opô Afonjá, hoje considerado Patrimônio Histórico Nacional.

94 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


13_A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS E AS TRADIÇÕES RELIGIOSAS
Tradição Muçulmana – Malala

Disponível em: https://youtu.be/aIUvH5b0A_8.


Acesso em: 11 jan. 2021.

Malala Yousafzai, a mais jovem vencedora do Prêmio Nobel da


Paz e ativista paquistanesa defensora da educação de mulheres
e meninas.

Tradição Cristã – Martin Luther King

Disponível em: https://youtu.be/yCLCyvF9p7g.


Acesso em: 11 jan. 2021.

Discurso proferido pelo pastor negro Martin Luther King em 28


de agosto de 1963, durante a famosa Marcha de Washington, em
favor dos direitos raciais dos negros dos EUA.

Tradição Hinduísta – Gandhi

Disponível em: https://youtu.be/fNi_awBbnw0.


Acesso em: 11 jan. 2021.

Mahatma Gandhi (1869-1948) foi um líder pacifista indiano.


Principal personalidade da independência da Índia, então colônia
britânica. Ganhou destaque na luta contra os ingleses por meio
de seu projeto de não violência.

Tradição Católica – São Francisco de Assis

DIsponível em: https://youtu.be/4ljb3UEHaGk.


Acesso em: 10 ago. 2022.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 95


ATIVIDADE EM DUPLAS
13_A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS E AS TRADIÇÕES RELIGIOSAS

Divida a turma em duplas e sorteie um artigo da Declaração


Universal de Direitos Humanos.

Disponível neste link: https://www.unicef.org/brazil/


declaracao-universal-dos-direitos-humanos. Acesso em:
28 dez. 2020.

Proponha que cada dupla pesquise reportagens que falem


do direito expresso no artigo.

A seguir, apresente algumas questões para inspirar a conversa


dos/as estudantes sobre o Direito e a elaboração de um cartaz.

} Essas situações estão presentes entre nós? Em nossa


cidade?
} O que já é feito e o que pode ser feito para cuidar desse
DIREITO?

Construam uma mensagem sobre o que vocês pensam da


Declaração e registrem no seu trabalho.

A dupla pode ter como base as experiências sociais e políticas


ou as tradições religiosas.

SOCIALIZAÇÃO

Peça que cada dupla apresente as suas observações para


toda a turma.

Reserve as mensagens das duplas para serem relidas


coletivamente ao final das apresentações.

96 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


AVALIAÇÃO

13_A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS E AS TRADIÇÕES RELIGIOSAS


Proponha que cada um/uma responda, em poucas palavras,
o que mais chamou atenção nos assuntos deste encontro.

Para encerrar, exiba o videoclipe da campanha em


comemoração aos 70 anos da Declaração Universal dos
Direitos Humanos, cantado pela Karol Conká.

Disponível neste link: https://youtu.be/ks41yauJ63E.


Acesso em: 11 jan. 2021.

Estimule os/as estudantes a escolherem um dos direitos


humanos para guardar no pensamento e levar consigo
durante essa semana.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 97


ESPIRITUALIDADE E
CAMINHOS RELIGIOSOS 14
OBJETIVOS
} Reconhecer a espiritualidade como uma
dimensão presente na vida das pessoas, em
diferentes povos
} Reconhecer que a espiritualidade é
expressa de formas diferentes, em culturas
diferentes
} Desenvolver atitudes de admiração,
respeito e desejo de conhecimento pela
diversidade dos caminhos religiosos.
ACOLHIMENTO

14_ESPIRITUALIDADE E CAMINHOS RELIGIOSOS


Proponha uma meditação e, se desejar, escolha uma música
para deixar tocando no ambiente. Conduza o momento da
seguinte forma:

Vamos voltar ao exercício de viagem pelas nossas memórias.


Sente-se confortavelmente na postura de meditação. Em
silêncio, feche os olhos.

Vamos respirar profundamente, perceber o ar entrando e saindo,


perceber o batimento cardíaco, relaxar o corpo, desde os pés,
devagar, subindo, até a cabeça, inspirar e expirar, fechar os olhos,
pousar as mãos sobre as pernas ou sobre a mesa, sem cruzar as
pernas, nem os braços.

Imagine que por dentro de você passa um fio de luz, que faz com
que sua coluna fique retinha, em direção ao céu e enraizando na
terra. Sinta o fio de luz puxando você para cima, e enraizando
você na terra, como raízes que são firmes, onde você está
plantado.

Agora, viajando nas suas memórias, lembre-se de uma situação


em que você se sentiu incompreendido, ou que não conseguiu
compreender a pessoa que estava com você. Pode ter ficado
triste, magoado, ou apenas desapontado.

Imagine essa pessoa diante de você e olhe nos seus olhos, deixe
que o sentimento venha naturalmente. Agora, ouça o que ela tem
a lhe dizer. Depois, fale com ela, diga a ela o que tinha vontade
de dizer naquele dia. Se despeça dessa pessoa com uma palavra
de amizade ou um gesto.

Volte a ficar sozinho e veja como está seu coração agora. Imagine
o fio de luz que está passando pelo meio do seu corpo parando
no coração e irradiando luz, como o Sol. Deixe essa luz ficar
dentro de você.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 99


PROBLEMATIZAÇÃO
14_ESPIRITUALIDADE E CAMINHOS RELIGIOSOS

No quadro, ou em uma grande folha de papel, desenhe um Sol


e escreva, no centro do desenho, a palavra ESPIRITUALIDADE.

Peça para que cada estudante escreva em torno de


ESPIRITUALIDADE uma outra palavra que se associe a ela,
também pode ser uma expressão, ou sentimento, ou dúvida,
ou emoção.

Em seguida, peça para que todos respirem profundamente,


sentindo o ar entrando e saindo do corpo, de olhos fechados,
e em um segundo momento, de olhos abertos. Pergunte,
então: onde está o ar que respiramos? Converse sobre
espiritualidade, articulando as palavras/expressões escritas
pelos/as estudantes. Pode-se dizer que não há nada fora
do campo da espiritualidade, pois ela é uma dimensão que
está dentro de cada um de nós, mas também em toda parte,
como o ar que respiramos.

LEITURA DE MÍDIA

Exiba o vídeo Crianças desenham deus, que mostra nove


crianças de nove religiões mostrando nove jeitos de encarar
as divindades, disponível neste link: https://youtu.be/
Entcc3mI0QI. Acesso em: 11 jan. 2021.

Oriente a turma a observar como cada criança percebe o


Ser Divino:

} Quais as semelhanças e quais as diferenças no jeito de


cada uma sentir e viver a espiritualidade?
} O que chamou a sua atenção?
} O que deixou você mais curioso/a?

100 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


REFLEXÃO

14_ESPIRITUALIDADE E CAMINHOS RELIGIOSOS


Este tema também foi abordado nos encontros 7 e 8.

Existem muitas formas de pensar na espiritualidade, tantas


formas como as culturas que existem no mundo, ou seja,
nem dá para contar. Cada uma, do seu jeito, vai buscando
entender o que é esse “ar” precioso que todos respiramos,
e nos faz viver, nos anima.

Se olharmos apenas para a palavra ESPIRITUALIDADE,


vamos encontrar que ela deriva da palavra “espírito”. Mas
procuremos lembrar que nem sempre espírito é o contrário
de matéria. Ele pode ser também o que está presente e dá
vida, anima, motiva.

PARA AS TRADIÇÕES JUDAICAS PARA AS TRADIÇÕES CRISTÃS

a espiritualidade é algo como o Espírito é Deus mesmo


um fio invisível que liga todas presente em nós, nos inspirando,
as coisas. Não podemos ver, nem nos conduzindo, nos lembrando
medir, nem provar, mas podemos dos caminhos sagrados para
sentir, nos inspirar. É sutil e ao vivermos como irmãos e irmãs.
mesmo tempo fundamental,
sem ela não há vida.

Na língua hebraica, a palavra


é ruah – quer dizer vento,
respiração, hálito, sopro,
disposição, ânimo, sentido.

PARA AS TRADIÇÕES PARA AS TRADIÇÕES


INDÍGENAS AFRODESCENDENTES

espiritualidade é a própria vida, espiritualidade é axé, energia,


é a relação com a terra, com a poder, força, ânimo. É a força
natureza, com os antepassados, sagrada dos orixás, é a força
com tudo que já existiu e existe. sagrada dos alimentos, da terra,
da água, do ar e da vida.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 101


Cada religião é um caminho espiritual, é uma estrada que fala
do mistério que há em tudo, mesmo com ritmos e lógicas
diferentes daquelas que estamos acostumados a pensar.
Cada caminho espiritual ajuda a compreender e a viver
numa grande rede onde todos estão inter-relacionados,
interdependentes, interligados.
É belo perceber que cada caminho de espiritualidade
pode ajudar na abertura ao mistério que está presente e
transbordando em toda a vida, e algumas chegaram a dar
nomes ao mistério – Deus, Atma, Yahweh, El Shadai, Pai,
Olorum, Guaraci.

Qual será o nome do mistério? É um caminho, uma experiência,


uma aproximação, uma sensação que as pessoas se permitem
viver ao mergulhar na espiritualidade.

ATIVIDADE EM GRUPOS

Divida a turma em grupos e destine um “caminho de


espiritualidade” para cada um pesquisar. Pode ser uma escolha
do grupo ou um sorteio, por exemplo: judaísmo, islamismo,
cristianismo, protestantismo (evangélicos, pentecostais...),
espiritismo, umbanda, candomblé, tradições indígenas,
budismo, hinduísmo.

Essa é uma aproximação inicial, então a pesquisa pode centrar


nos seguintes aspectos:

origem da religião;
figuras mais importantes;
um rito importante;
um símbolo;
uma mensagem;
algo novo que o grupo aprendeu durante a pesquisa.
SOCIALIZAÇÃO E AVALIAÇÃO

14_ESPIRITUALIDADE E CAMINHOS RELIGIOSOS


Peça que cada grupo apresente suas pesquisas e expresse o que aprenderam
neste trabalho e sua relação com o tema deste encontro.

ESTICADOR DE HORIZONTES
Algumas religiões dão nome ao Mistério. Vejamos alguns nomes
atribuídos ao Ser Divino, dentro da experiência e da cultura de cada
uma das tradições a seguir:
Judaísmo – YHWH – não é pronunciável, pois não possui vogal. Ao
introduzirem as vogais – a/e – passou a ser pronunciável – YAHWEH.
Contudo, a comunidade judaica solicita que, em respeito à sua
tradição, não se pronuncie o nome do Ser Divino. Por isso mesmo,
essa tradição reconhece o Ser Divino por títulos como Adonai (quer
dizer Meu Senhor), Elohim (quer dizer Altíssimo), El Shadai (quer
dizer Todo-Poderoso).
Cristianismo – Deus – a comunidade cristã nomeia o Ser Divino.
Jesus Cristo apresentou como Abba (quer dizer, paizinho, uma forma
carinhosa de se dirigir ao Ser Divino).
Islamismo – Alláh – a comunidade muçulmana assim se refere ao
Ser Divino. É o onipotente criador, mantenedor e juiz do universo.
Contudo, além desse a tradição islâmica tem mais 99 nomes para o
Ser Divino, e os mais usados são O Compassivo e O Misericordioso.
Hinduísmo – Atma – é compreendido como a essência divina, a
alma do Ser Divino, sem forma e sem divisão. Também pode ser
compreendido como o Ser Divino em nós.
Tradições afrodescendentes – Olorum – é o ser supremo na Umbanda
e no Candomblé, é o Senhor do Orun. É compreendido como o ser
superior e criador dos orixás e do ser humano, que estabeleceu a
existência e o universo.
Tradições indígenas – Guaraci – para o povo tupi, não há um único
Ser Divino, pois tudo é sagrado. O nome Guaraci é usado para se
referir ao Sol, por ser aquele responsável pela criação e pela vida de
todos os seres.
Fonte: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/
dilemas-contemporaneos/e-preciso-combater-a-into-
lerancia-religiosa-na-educacao-basica/

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 103


AS TRADIÇÕES
RELIGIOSAS NO BRASIL 15
OBJETIVOS
} Conhecer as matrizes religiosas que
formam a religiosidade no Brasil;
} Valorizar cada matriz religiosa e desenvolver
atitudes de respeito e de diálogo;
} Perceber que a dimensão do sagrado está
presente em muitas culturas e expressões
diversas.
ACOLHIMENTO

15_JAS TRADIÇÕES RELIGIOSAS NO BRASIL


A proposta deste acolhimento é de contemplação e trocas.
Se possível, leve para o encontro uma colcha de retalhos, ou
pesquise na internet a imagem de uma.

Algumas sugestões de links para pesquisar:

https://www.revistaartesanato.com.br/
artesanato-com-retalhos-colchas/

https://www.vivadecora.com.br/revista/
colcha-de-retalhos/

Peça que os/as estudantes observem atentamente a colcha,


contemplem seus detalhes e deixem surgir memórias,
sentimentos e pensamentos. Se estiver com uma colcha de
verdade, deixe que os/as estudantes a toquem, sintam sua
textura, seu cheiro.

} Em seguida, abra uma roda de conversa motivada pelas


perguntas: quais os sentimentos que vieram?
} Que pensamentos?
} Qual a semelhança dessa colcha com a vida?
} Como será que ela é construída?

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 105


15_JAS TRADIÇÕES RELIGIOSAS NO BRASIL

COLCHA DE RETALHOS
Para essa atividade é interessante perceber a beleza da colcha de
retalhos, os retalhos sozinhos não formam uma colcha, mas alguém
separa, recorta, costura uma a uma, com paciência e muito tempo,
e vai formando a colcha que está diante de nós. Assim é a vida,
vários pedacinhos de nossa vida vão se unindo com outras vidas,
e vamos nos descobrindo juntos, com pessoas, com a natureza,
com o passado, o presente, e até mesmo com o futuro.

A beleza da colcha só é vista depois de muito tempo, mas cada


momento presente é importante, cada pessoa é importante, cada
cultura é importante.

PROBLEMATIZAÇÃO

Assim como a colcha de retalhos é construída por muitos


pedacinhos, assim também são as muitas expressões culturais
presentes na história da humanidade, e dentre elas as
tradições religiosas.

Estimule essa reflexão perguntando aos/às estudantes: como


podemos relacionar a imagem da colcha de retalhos com as
tradições religiosas?

LEITURA DE MÍDIAS

Ouça a canção “Diversidade”, de Lenine, prestando atenção


na letra.

Disponível em: https://youtu.be/BuCN4BlFrPc. Acesso em:


10 ago. 2022.

106 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


Proponha uma conversa sobre a canção a partir das perguntas:

15_JAS TRADIÇÕES RELIGIOSAS NO BRASIL


} O que mais chamou a sua atenção?
} Como você percebe a diversidade religiosa?
} É possível dialogar quando há diversidade? De que forma?

Você pode formar grupos e indicar um vídeo para cada


um. No momento da roda de conversa os/as estudantes
podem socializar o que aprenderam sobre a tradição religiosa
apresentada no vídeo.

REFLEXÃO

Para pensarmos na diversidade religiosa presente na


história da humanidade, precisamos de muito tempo de
estudos, pesquisas e reflexões. Podemos também pensar
na diversidade religiosa no Brasil, por exemplo.

Nosso país é diverso em muitos aspectos culturais. Cada


recanto, cada povo, cada comunidade possui seu próprio
jeito de criar símbolos, formas de viver e de crer. É assim
também com as tradições religiosas. Mas, mesmo com muita
diversidade neste campo, podemos observar que recebemos
quatro grandes influências culturais, que podemos chamar
de matrizes religiosas.

Podemos pensar na imagem de um rio e seus afluentes. As


matrizes são as origens, os fundamentos, os princípios. A
partir delas, podem surgir diferentes afluentes, mas todos
saem daquele primeiro braço de rio.

São, portanto, a MATRIZ INDÍGENA, a MATRIZ EUROPEIA, a


MATRIZ AFRICANA e a MATRIZ ORIENTAL.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 107


MATRIZ INDÍGENA
15_JAS TRADIÇÕES RELIGIOSAS NO BRASIL

É a primeira expressão religiosa não apenas de nosso país, mas de todo


o nosso continente, a América do Sul.

Para os povos indígenas o sagrado está presente nas pessoas, nos animais,
nas plantas, nas pedras, em toda a natureza. Não há apenas um lugar
sagrado, pois tudo é sagrado. E, por isso mesmo, tudo deve ser cuidado
e respeitado.

Para os povos indígenas, o sagrado é mais invisível do que visível, ou seja,


há um espírito, uma energia ou força em cada coisa, e é esse espírito que
dá vida e sentido a cada coisa. Para muitos povos, há também um Grande
Espírito, que cuida de todas as coisas e as orienta.

Os ritos religiosos buscam dialogar com o sagrado que está presente


tanto nas alegrias como nas tristezas, de forma que aquele povo indígena
possa se harmonizar em qualquer dessas situações.

Como o rio que possui muitos afluentes, se formos pesquisar e conhecer


mais profundamente os povos indígenas, encontraremos formas diferentes
de viver essa MATRIZ religiosa. Segundo os dados do site Survival, no
Brasil, atualmente existem 305 povos indígenas, vivendo nas matas, nos
campos e também nas cidades.

MATRIZ EUROPEIA

As tradições religiosas que já existiam na Europa chegam no Brasil


juntamente com os colonizadores. A principal tradição religiosa que é
desenvolvida em nosso país é o Cristianismo, na forma conhecida como
Catolicismo e também na forma conhecida como Protestantismo.

As tradições cristãs acreditam em um único Deus, que se revela ao longo


da história da humanidade, orientando seus filhos e filhas pelo caminho
do amor, da fraternidade, da paz e da justiça. O livro sagrado, a Bíblia, é
uma fonte para a oração e a reflexão das comunidades religiosas.

Os ritos religiosos buscam acolher as mensagens de Deus para que a


vida cotidiana seja cada vez mais de acordo com o Plano de Amor para a
humanidade e a natureza.

Como o rio que possui muitos afluentes, essa MATRIZ religiosa se expandiu
em todo o País com centenas de denominações cristãs.

108 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


MATRIZ AFRICANA

15_JAS TRADIÇÕES RELIGIOSAS NO BRASIL


As tradições afrodescendentes se tornaram presentes na configuração
religiosa do Brasil desde a Diáspora Africana imposta pelos colonizadores
que vinham da Europa. Os africanos foram escravizados e, nesse processo,
foram obrigados a aderir à evangelização católica. Eram de várias etnias –
bantos, jejês, nagôs – e continuaram suas práticas religiosas em segredo
como uma forma de preservar suas tradições, seus saberes e valores. Essas
práticas deram origem a muitas formas religiosas, e as mais conhecidas
são o Candomblé e a Umbanda.

A MATRIZ AFRICANA acredita em um deus criador e em muitas divindades,


formando um panteão de deuses. Essas divindades possuem características
próprias, desejos e sentimentos que influenciam a vida humana e a
natureza.

Os ritos religiosos são cultos às divindades (ou entidades), com cantos,


louvações, preces e oferendas.

Como o rio que possui muitos afluentes, essa MATRIZ religiosa se expandiu
em todo o País com muitas expressões religiosas, com suas particularidades
de doutrina e de culto.

MATRIZ ORIENTAL

Os povos orientais também migraram para o Brasil, no início do século


XX, e trouxeram sua forma de crer e se relacionar com o sagrado.

A tradição religiosa mais conhecida é o Budismo, trazida pelos japoneses.


Outras tradições também vêm sendo difundidas pelo Brasil, como, por
exemplo, a Igreja Messiânica ou o Movimento Hare Krishna, que veio da
Índia.

Essa MATRIZ possui diferentes crenças. Para o Budismo, por exemplo,


não há a fé em um Ser Divino. A experiência religiosa tem como centro
a prática do autoconhecimento, principalmente através da meditação.

Contudo, assim como as matrizes anteriores, é um rio com muitos


afluentes, que vem do Oriente e se espalha por todo o mundo com
formas diferentes de crer e viver a fé.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 109


ATIVIDADE EM GRUPOS
15_JAS TRADIÇÕES RELIGIOSAS NO BRASIL

Divida a turma em grupos e oriente que cada grupo escolha


uma das quatro Matrizes religiosas. Os grupos devem
organizar uma apresentação para a turma sobre a Matriz
escolhida, compartilhando seus principais símbolos e rituais.

Proponha também a criação de um desenho que expresse


o respeito à diversidade religiosa para acompanhar a
apresentação.

SOCIALIZAÇÃO

Os grupos apresentam sobre as Matrizes. Incentive os grupos


a realizarem uma apresentação em formato livre, como
desejarem. Pode ser uma apresentação por slide, mas também
uma dramatização, a declamação de um poema, exibição de
um vídeo, imagens, entre outros.

AVALIAÇÃO

Reflita com a turma:

} O que destacamos nessa aprendizagem?


} Quais os desafios para que a diversidade religiosa seja
reconhecida e respeitada?

110 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


A DIMENSÃO SAGRADA
DA TERRA E SEUS
DIREITOS
16
OBJETIVOS
} Sensibilizar para a integração entre homem
e natureza;
} Reconhecer a necessidade dos Direitos da
Terra para que se garanta a vida humana,
dos seres vivos e continuidade da vida no
planeta;
} Estimular atitudes éticas de
responsabilidade ambiental e solidária.
ATIVIDADE INTEGRADORA
16_A DIMENSÃO SAGRADA DA TERRA E SEUS DIREITOS

1. Se a escola tiver um espaço aberto, convide a turma


para o contato direto com a natureza. Oriente os/as
estudantes da seguinte forma:

Caminhe pelo pátio, sozinho, observando tudo ao seu redor.


Deixe seus olhos pousarem em cada detalhe e contemple
uma planta, uma semente, uma pedra, formigas, luz do Sol,
céu, água... Preste atenção em todos os detalhes. Vamos
apenas ver, prestar atenção, pousar o olhar, pensar sobre
o que estamos vendo, sentir o que estamos vendo.

Escolha dois elementos que tenham despertado sua


curiosidade. Se for possível, leve-os para a sala. Se não
for possível, guarde na memória para descrevê-los aos/
às colegas.
2. Se a escola não tiver espaço aberto, convide a turma a
contemplar imagens da natureza. Você pode selecionar
imagens na internet, ou buscar algum livro. Oriente os/
as estudantes:

Observe cada imagem, devagarinho. Deixe seus olhos


pousarem em cada detalhe e contemple a imagem. Preste
atenção em todos os detalhes. Vamos ver, prestar atenção,
pousar o olhar, pensar sobre o que estamos vendo, sentir
o que estamos vendo.

Escolha dois elementos que tenham despertado sua


curiosidade para descrever na sala.

Faça uma roda de conversa e peça que os/as estudantes


compartilhem seus elementos escolhidos. Você pode animar
a conversa com as seguintes perguntas:

} Como foi viver essa experiência?


} O que foi mais importante?
} O que gostaria de dizer para nós?
} Costuma fazer isso?
} O que sentiu?

112 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


PROBLEMATIZAÇÃO

16_A DIMENSÃO SAGRADA DA TERRA E SEUS DIREITOS


Proponha um exercício de reflexão individual, uma caminhada
e uma escalada imaginária. Nesse exercício de imaginação,
a proposta é subir uma montanha e chegar ao topo. Siga
conduzindo a reflexão, orientando-os/as com o seguinte texto:

Você vai começar a subir a montanha. Olhe lá para o alto e pense


na sua meta, no seu sonho que vai ser realizado.

} O que você sente? Algum medo? Quais as emoções que


vêm? Prepare sua mochila... O que vai levar? Com tudo
preparado, se vista e saia para a trilha.
} Você está se aproximando da montanha, e o que você está
vendo lá no alto da montanha?

Comece sua caminhada, olhe em torno, as árvores, a natureza,


sinta a brisa na pele... Ouça o barulho de água corrente. Você
avista uma cachoeira e vai se refrescar, descansar e tomar um
banho... Nessa parada observa seus amigos, alguns começam
a lanchar... Levaram saquinhos reserva para os restos e lixos,
mas você repara que uma das pessoas deixa o lixo no caminho...
Você olha, pensa que está errado, mas não faz nada... Segue sua
trilha, seu objetivo...

Então, você vê outro riacho, mas uma placa informa que é


proibido mergulhar ou beber água. Ela está contaminada porque
uma fábrica joga seus detritos químicos naquela água... Você
percebe que naquele riacho as plantas estão secas, e não há
peixinhos na água...

A caminhada continua, agora a mata está mais cerrada, mais


difícil, você se machuca, mas olha no alto da montanha e lá
está seu objetivo, que vale a pena atingir... Continua subindo,
cada vez com mais dificuldades...

Finalmente você chega ao alto da montanha, mas encontra


um enorme muro... O que este muro está fazendo aqui? Como
transpô-lo? Você olha em volta e percebe que não está sozinho,
há várias pessoas também diante daquele muro...

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 113


Proponha, primeiro, uma partilha em duplas, buscando
16_A DIMENSÃO SAGRADA DA TERRA E SEUS DIREITOS

responder as perguntas:

} Como se sentiu nessa trilha?


} Quais as dificuldades?
} Qual a relação dessa trilha com a vida?
} O que seria o muro? Como superá-lo?

Por fim, abra uma roda de conversa com todos e procure tocar
em pontos da meditação, como os descuidos no caminho,
a falta de reação e de atitude ética, mas também sobre o
muro. Você também pode instigá-los, perguntando:

} O que esse muro representa? Como superá-lo?


} Quais muros existem em nossa caminhada pela natureza?

LEITURA DE MÍDIAS

Exiba o vídeo “Preservação das plantas Medicinais Tradicionais


Indígenas” e incentive os/as estudantes a fazerem anotações
de frases que despertaram a curiosidade.

Trechos indicados: de 00’01’’ a 09’00 e de 22’00 a 24’00.

Disponível em: https://canaisglobo.globo.com/assistir/


futura/tempo-da-terra/v/7995067/.

Plantas Medicinais (26min)

Sinopse: Depois de conversar com Leonardo sobre o poder


curativo da natureza, Felipe vai à Serra Fluminense visitar
uma comunidade que usa conhecimentos ancestrais para
fazer remédios com plantas medicinais.

Peça que, de forma voluntária, alguns/mas estudantes


escolham uma dessas frases para comentar. Abra a conversa
para que todos comentem também. Faça isso com quantas

114 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


frases desejar, relacionando os comentários com a Reflexão

16_A DIMENSÃO SAGRADA DA TERRA E SEUS DIREITOS


do encontro.

1. Salvar a vida, proteger a Terra.


2. Respeitar as práticas antigas medicinais.
3. Nascimento é vida e vida que continuamente se
regenera, se refaz.
4. Nós somos natureza, somos parte da natureza.
5. Os princípios ativos da natureza são curativos.
6. Falta consciência. Ela surge quando os problemas tocam
nossa pele.
7. Tudo que faz bem para o corpo, faz bem para alma,
porque o ser humano é uma unidade.
8. A grande sabedoria dos ancestrais é o conhecimento das
plantas.
9. O saber da natureza e o saber da medicina convergem.
Essa troca enriquece toda a vida.

REFLEXÃO

No Encontro 13, conversamos sobre a Declaração Universal


dos Direitos Humanos e as tradições religiosas. Neste encontro
vamos conhecer a Declaração dos Direitos da Terra e podemos,
nós mesmos, relacionar com as tradições religiosas, já que
estamos descobrindo juntos que a dimensão do sagrado,
presente em todas as tradições, abraça toda a natureza,
toda a Terra.

Sendo assim, somos todos convidados a cuidar desse bem


comum, seja pela atitude amorosa e ética, seja pelos caminhos
das espiritualidades.

Ser cidadão é cuidar da ética, do bem comum. O nosso maior


bem comum é a Terra, nossa Mãe Terra, que tudo nos dá
para que possamos viver em harmonia e saúde. No Brasil,

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 115


essa Declaração tão relevante e emergencial ainda é uma
16_A DIMENSÃO SAGRADA DA TERRA E SEUS DIREITOS

construção, mas em alguns países da América Latina ela já


existe e está em vigor.

No ano 2000, conseguimos conquistar a publicação da Carta


da Terra, fruto de um processo internacional participativo
com adesão de mais de 4.500 organizações da sociedade civil
e organismos governamentais.

No Equador, foi redigida em 2008 – são direitos orientados a


proteger ciclos vitais e os diversos processos evolutivos, não
apenas as espécies ameaçadas e as áreas naturais. A Bolívia
também aprovou, em 2012, a Lei da Mãe Terra.

Mas por que será que precisamos construir uma Declaração


dos Direitos da Terra? Muitas pessoas, empresas, indústrias,
começaram a não respeitar a Terra e todas as suas criaturas.
E agora, estamos em uma situação muito difícil, pois, ao
descuidarmos da Mãe Terra, acabamos por descuidar da vida,
por comprometer a vida com os danos já causados. Já vimos
que houve uma mudança de paradigma que trouxe uma ideia
de desenvolvimento que não considerou a natureza como
sujeito e sim como objeto.

Os Direitos da Terra irão nos ajudar a viver como cidadãos


responsáveis pela vida de todos e todas. Nos ajudarão a
descobrir como podemos apoiar essa causa que é de todo o
planeta, de todas as gerações. Vão cuidar, por exemplo, sobre
o uso dos recursos naturais: deve-se estabelecer limites,
entender os ciclos da natureza, protegê-la, conservar a
biodiversidade, a integridade dos ecossistemas.

116 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


ATIVIDADE EM GRUPOS E SOCIALIZAÇÃO

16_A DIMENSÃO SAGRADA DA TERRA E SEUS DIREITOS


Compartilhe com a turma o texto da Carta da Terra:

PRINCÍPIOS DA CARTA DA TERRA

A Carta da Terra possui 16 princípios básicos, os quais estão


agrupados em quatro grandes tópicos:

I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DA VIDA


1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.
2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão,
compaixão e amor.
3. Construir sociedades democráticas que sejam justas,
participativas, sustentáveis e pacíficas.
4. Garantir as dádivas e a beleza da Terra para as atuais e as
futuras gerações.1

II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA


5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos
da Terra, com especial preocupação pela diversidade
biológica e pelos processos naturais que sustentam a vida.
6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método
de proteção ambiental e, quando o conhecimento for
limitado, assumir uma postura de precaução.
7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que
protejam as capacidades regenerativas da Terra, os direitos
humanos e o bem-estar comunitário.
8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica
e promover a troca aberta e a ampla aplicação do
conhecimento adquirido.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 117


16_A DIMENSÃO SAGRADA DA TERRA E SEUS DIREITOS

III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA

9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e


ambiental.

10. Garantir que as atividades e instituições econômicas em


todos os níveis promovam o desenvolvimento humano de
forma equitativa e sustentável.

11. Afirmar a igualdade e a equidade de gênero como pré-


requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar
o acesso universal à educação, assistência de saúde e às
oportunidades econômicas.

12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as


pessoas a um ambiente natural e social, capaz de assegurar
a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar
espiritual, concedendo especial atenção aos direitos dos
povos indígenas e minorias.

IV. DEMOCRACIA, NÃO VIOLÊNCIA E PAZ

13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis


e proporcionar-lhes transparência e prestação de contas no
exercício do governo, participação inclusiva na tomada de
decisões e acesso à justiça.

14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo


da vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessários
para um modo de vida sustentável.

15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.

16. Promover uma cultura de tolerância, não violência e paz.

Disponível em: http://www.cartadaterrabrasil.com.br/prt/


texto-da-carta-da-terra.html. Acesso em: 11 jan. 21.

118 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


Peça que, divididos em grupos, escolham um dos 16 princípios

16_A DIMENSÃO SAGRADA DA TERRA E SEUS DIREITOS


da Carta. Cada grupo deve pesquisar uma notícia, ou relatar
uma situação real, que respeite o princípio escolhido.

Ao final, cada grupo apresenta para a turma sua notícia e sua


relação com o artigo escolhido.

AVALIAÇÃO

Apresente os relatos de duas lideranças indígenas


contemporâneas: Ailton Krenak e Davo Kopenawa.
Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=16rsuWW6Q1E

https://www.youtube.com/watch?v=f48HAu0bNPc

Instigue a turma a refletir sobre a relação dos vídeos com o


que foi aprendido no encontro.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 119


DIALOGAR TAMBÉM É
APRENDIZADO 17
OBJETIVOS
} Valorizar o diálogo como
prioridade em todas as
relações;
} Compreender as dificuldades
para o diálogo como parte da
vida e não como um empecilho;
} Experimentar os passos
necessários para dialogar. .
ATIVIDADE INTEGRADORA

17_DIALOGAR TAMBÉM É APRENDIZADO


Proponha uma reflexão por meio da Dinâmica de GV-GO (grupo
de verbalização – grupo de observação). No Esticador de
Horizontes você poderá conhecer mais sobre essa dinâmica.

Divida a turma em dois grupos, que formarão dois círculos


de dimensões diferentes: GV (Grupo de Verbalização) pode
ser três vezes menor do que GO (Grupo de Observação).

O círculo interno será o da Verbalização, que tem como tarefa


a discussão de um tema proposto. O círculo externo será o
de Observação, e a ele cabe a tarefa de observar o processo
de discussão e o conteúdo da mesma.

Entregue uma pergunta-chave para o GV debater. O grupo


deve escolher um de seus integrantes para assumir a função
de coordenador, que será responsável por cuidar do tempo,
não deixar fugir do assunto principal e fazer pequenos
resumos do que está sendo falado.

Oriente que o GO permaneça quieto, em silêncio total, como


se não estivesse na sala, para que o GV fique à vontade mesmo
sabendo que estão sendo observados. Esse grupo deve prestar
atenção em cada reação, emoção, e observar se o grupo
consegue chegar a um consenso sobre a pergunta-chave.
Pode-se anotar as observações em um papel individualmente.

Abaixo, sugestões de perguntas-chave. Você pode propor


outras que se relacionem com o tema do encontro:

} Como podemos buscar juntos o respeito?


} Como podemos dialogar com pessoas muito diferentes
da gente?

Ao final, os grupos compartilham a experiência.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 121


17_DIALOGAR TAMBÉM É APRENDIZADO

ESTICADOR DE HORIZONTES
Para saber mais sobre a dinâmica de GV/GO.

Acesse o link: https://youtu.be/Z0EPj7jwxd4.


Acesso em: 11 jan. 2021.

PROBLEMATIZAÇÃO

Distribua as cartelas abaixo entre os/as estudantes, cada um


deverá receber uma das imagens. Oriente que analisem a
imagem e escrevam duas dicas que colaborem e/ou promovam
o diálogo entre as pessoas.

Abra uma roda de conversa e peça que alguns/mas estudantes


mostrem seus cartões e leiam duas dicas.

122 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


REFLEXÃO

17_DIALOGAR TAMBÉM É APRENDIZADO


Vamos conhecer algumas palavras muito importantes para o DIÁLOGO.
Algumas já vieram nos debates anteriores, significa que todos nós temos
a capacidade de filosofar, e, quando paramos para refletir, nossas ideias
ficam mais claras e podemos aprender juntos a conhecer, dialogar e
aprender.

Estamos vivendo em um tempo em que muitas pessoas pensam que vivem


sozinhas no mundo, e agem desse jeito, sem pensar nas outras pessoas,
em seu jeito diferente de ser, de pensar, de viver. Mas isso é uma grande
ilusão, porque somos todos diferentes, pensamos e agimos de forma
diferente. Só que queremos viver com respeito, nos comunicando para
que possamos nos entender e viver em paz e em fraternidade. Então,
nem sempre o diálogo é fácil, mas é o melhor caminho.

LEITURA DE MÍDIAS

Organize a turma em pequenos grupos e entregue um dos cartões da


próxima página para cada.

Peça que conversem entre si sobre a palavra do cartão que receberam,


respondendo a seguinte questão:

} Como essa palavra contribui para uma boa conversa? Por que ela é
importante para o diálogo?

Em seguida, os grupos compartilham suas reflexões. Um representante


de cada grupo pode, então, depositar o cartão-palavra no chão – ou sobre
uma mesa – para todos, coletivamente, definirem uma ordem para as
palavras inscritas nos cartões, criando um passo a passo para o DIÁLOGO.

Ao final, observem as palavras lado a lado e conversem sobre o caminho


construído. A turma também pode criar outros possíveis caminhos,
reorganizando a ordem dos cartões quantas vezes desejarem.

Abaixo, uma possibilidade de caminho:

SENSIBILIDADE – ESCUTA – ATENÇÃO – ARGUMENTAÇÃO – LINGUAGEM


– COMPREENSÃO – NOVAS IDEIAS – TEMPO e PACIÊNCIA – IDENTIDADE
– ÉTICA e RESPEITO

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 123


17_DIALOGAR TAMBÉM É APRENDIZADO

1
Sensibilidade – o contrário da
indiferença, da frieza, da vaidade –
a sensibilidade faz com que a gente
considere que cada pessoa é única,
especial.

Escuta – se somos sensíveis uns aos

2
outros, somos capazes de escutar
o que cada pessoa tem a dizer, é
importante não interromper, não se
distrair, para entender bem o que ela
quer dizer.

Atenção – prestar atenção é estar

3
concentrado na pessoa, no seu jeito
de falar, no rosto, no corpo, até
mesmo nos silêncios. Não mexer
em celular, não fazer nada além de
prestar atenção.

Argumentação – organizar os

4
pensamentos devagar, para que cada
palavra seja bem compreendida ao
você falar, com começo, meio e fim,
sem querer impor, apenas apresentar
suas ideias.

Linguagem – buscar uma linguagem

5
para cada pessoa. Elas são diferentes,
então o jeito de falar também
pode ser diferente, o objetivo é
a comunicação e não dificultar o
diálogo.

124 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


17_DIALOGAR TAMBÉM É APRENDIZADO
Compreensão – buscar um ponto
em comum, sempre tem algo em

6
comum, mesmo em pensamentos
muito diferentes. Compreender
que, se a pessoa pensa diferente, ela
tem esse direito. Não se sentir ofen-
dido ou inferior por causa de ideias
diferentes.

7
Novas ideias – apresentar novas ideias,
sonhar juntos, imaginar e também
estar disposto a mudar suas ideias, a
ceder, a ser convencido de que se pode
pensar de outras formas.

Tempo e paciência – dar tempo

8
ao tempo. Perceber qual o melhor
momento para dialogar, e saber espe-
rar, porque nem sempre vai ser um
diálogo onde os dois se entendam, o
importante é a intenção.

Identidade – dialogar não é mudar de

9
identidade, é expressar o seu jeito de
ser, seus princípios, suas crenças, seus
valores. Isso não é ser agressivo, é
ser quem você é. O mesmo acontece
com a pessoa com quem você está
dialogando.

Ética e respeito – sempre buscar

10
pontos em comum que sejam em
vista do bem de todos e não só de
uma parte, respeitar as diferenças, a
diversidade é também cuidar uns dos
outros.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 125


ATIVIDADE EM GRUPOS E SOCIALIZAÇÃO
17_DIALOGAR TAMBÉM É APRENDIZADO

Inspirados em documentos de compromissos com a sociedade


que conhecemos nos encontros anteriores, como a Declaração
Universal de Direitos Humanos e a Carta da Terra, a proposta
desta atividade será organizar um acordo coletivo para a
convivência e o diálogo da turma.

Para a construção desse documento, retome a organização dos


grupos com seus respectivos cartões-palavras trabalhados na
etapa anterior. A partir da palavra, seu significado e o debate
feito na Leitura de Mídias, cada grupo ficará responsável por
criar um artigo do documento.

As dez palavras vão resultar em dez artigos para compor


o Acordo de Convivência e Diálogo. A turma pode decidir
coletivamente a ordem dos artigos.

Ao final, leiam juntos o Acordo de Convivência e Diálogo,


afirmando o compromisso coletivo. É interessante que esse
documento seja exposto, por exemplo, em um mural, para
que fique visível ao longo dos encontros cotidianos da turma.

AVALIAÇÃO

Ao final do encontro, faça uma roda de conversa a partir das


perguntas:

} Como foi realizar essa atividade?


} Como estamos percebendo uns aos outros agora?

126 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


O FAZER POLÍTICO 18
OBJETIVOS
} Reconhecer a articulação entre ética,
cidadania e política;
} Valorizar a política como ação de
todo cidadão responsável, sensível e
comprometido com a sociedade;
} Compreender o sentido mais amplo do
fazer político – cuidar do bem comum.
ATIVIDADE INTEGRADORA
18_O FAZER POLÍTICO

Comece contando uma história e proponha que um/uma estudante


continue a partir do ponto em que você parou, adicionando mais uma
frase, uma situação. Outro/a estudante continua na sequência, e assim
por diante, construindo uma história coletiva.

Como tema para a narrativa, procure dar a tônica de uma cidade que
precisa de cuidados e de ações de cidadania.

Um exemplo para começar: Quando chegam as férias, a gente vai até uma
cidade aqui perto que é muito linda, tem jardins, um rio correndo, brinquedos
nas praças. As pessoas podem conversar nas calçadas. Seria maravilhoso se...

PROBLEMATIZAÇÃO

Divida a turma em duplas e entregue, para cada dupla, uma das situações-
problema abaixo:

1. Em um bairro há uma praça, com brinquedos e jardim, que está


abandonada e suja. Por que será? O que pode ser feito?
2. Em uma escola, há falta de merenda. Por que será? O que pode ser
feito?
3. Em uma família, cada vez que uma pessoa discorda, ela fica isolada, e
não há espaço para um diálogo. Por que será? O que pode ser feito?
4. Em um Estado, existem políticos que prometem coisas em tempos
de eleição, mas, quando eleitos, não cumprem suas promessas. Por
que será? O que pode ser feito?
5. Em um grupo de amigos algumas diferenças pessoais não são
aceitas, e essas pessoas são excluídas dos programas. Por que
será? O que pode ser feito?
6. Mesmo sabendo da importância da preservação da natureza,
pessoas jogam lixo na rua, indústrias poluem os rios e florestas estão
sendo desmatadas. Por que será? O que pode ser feito?

128 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


7. Em uma cidade havia um rio onde as crianças brincavam

18_O FAZER POLÍTICO


e tomavam banho, e hoje ele está totalmente poluído.
Por que será? O que podemos fazer?

As duplas devem, então, conversar entre si sobre a situação,


fazendo um diagnóstico e buscando encontrar uma possível
solução.

Em círculo, proponha conversar sobre as situações-problema


e as possíveis soluções debatidas entre as duplas. Pergunte
também se essas situações se aproximam de alguma realidade
de seus cotidianos.

LEITURA DE MÍDIAS

Exiba o episódio da série Diz Aí – Amazônia com depoimentos


de jovens:

Movimento estudantil (07min53seg)

Como o jovem se articula em uma região de grandes


dimensões e onde ainda existem diferenças entre a vida
rural e a urbana? Para serem ouvidos, eles se envolvem em
vários movimentos sociais, na luta por uma realidade melhor.

Disponível em: https://canaisglobo.globo.com/assistir/


futura/diz-ai-amazonida/v/5321478/.

Proponha uma conversa sobre este vídeo.

1. O que mais chamou a sua atenção?


2. Você participa, já participou ou tem vontade de
participar de algum movimento social? Qual(is)?
3. Para você, de que forma a atuação de movimentos
formados por jovens, como os exemplos do vídeo,
podem contribuir para a sociedade?

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 129


REFLEXÃO
18_O FAZER POLÍTICO

Pensemos sobre três palavras que estão ligadas no tema que


estamos trabalhando:

CIDADANIA – POLÍTICA – BEM COMUM

Já conversamos nos encontros 10 e 11 sobre a importância


do agir com ÉTICA. Naquele momento, conhecemos um
pouco sobre o pensamento do filósofo Sócrates. Quando
era professor, Sócrates teve um discípulo muito interessado,
que também se tornou outro grande filósofo, o nome dele é
Platão. Foi Platão quem escreveu sobre seu mestre Sócrates.
Lembremos que ele falava que cada pessoa tinha sua luz
interior, e, por isso mesmo, a ética nasceria de dentro de
cada pessoa, de sua consciência e sensibilidade profunda.

Platão avança mais um pouco nessa reflexão, ele vai investigar


que, quando consultamos nossa consciência e sensibilidade,
também percebemos que o mundo em que vivemos precisa
de cuidados especiais, para que todos vivam com dignidade,
como cidadãos.

As palavras acima vão nos ajudar a pensar sobre muitas


questões, buscando compreendê-las segundo a língua grega:

CIDADE = polis;

CIDADÃO = aquele que tem voz e vez na polis;

CIDADANIA = ação dos cidadãos;

BEM COMUM = tikós;

POLÍTICA = polis + tikós = ação pelo bem comum de todos


os cidadãos.

A política, portanto, é o cuidado, o governo, a administração


pelo BEM COMUM PARA TODOS E TODAS. Por isso que há
uma relação entre ética e política, pois pensar no bem comum
é pensar na ética, na vida digna para todas as pessoas e para
toda a natureza.

130 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


Na Grécia Antiga, séculos V a.C., por exemplo, eram essas as

18_O FAZER POLÍTICO


ideias que orientavam a POLÍTICA:

} A igualdade de todas as pessoas diante da lei, tanto para


direitos como para deveres;
} O direito ao voto, a escolher representantes e
administradores da cidade;
} O direito de participação nas assembleias e nas decisões;
} Fazer o necessário para que todos os cidadãos vivam com
qualidade – reformas sociais para o benefício de todos.

A cidadania é esse processo no dia a dia. Através de ações sociais


participativas, de diálogos, de exercícios de solidariedade, nos
tornamos seres políticos, cidadãos do mundo.

ATIVIDADE EM GRUPO

Com a turma dividida em grupos, proponha que cada grupo


crie um slogan para uma campanha que promova um BEM
COMUM para a sociedade em que vivem. Definam qual seria
esse BEM COMUM, pensando no que é importante e pode
contribuir para a construção de uma sociedade ética e justa.
Os slogans podem ser confeccionados em cartazes.

SOCIALIZAÇÃO E AVALIAÇÃO

Os grupos apresentam suas produções. Proponha a construção


de um mural coletivo com os slogans e, se desejarem, escolham
um título para a campanha.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 131


JUVENTUDES: CUIDAR
DO QUE É DE TODOS 19
OBJETIVOS
} Perceber que, mesmo com muitas
diferenças, a Humanidade tem sonhos em
comum;
} Identificar temas que desafiam
adolescentes e jovens em nossa sociedade;
} Refletir, discernir, estudar, dialogar e juntos
buscar possibilidades para os desafios
elencados.
ATIVIDADE INTEGRADORA

19_JUVENTUDES: CUIDAR DO QUE É DE TODOS


Convide a turma a realizar uma dinâmica que relacionará
corpo e pensamento.

A cada etapa, os/as estudantes, organizados em duplas,


deverão assumir as posturas corporais indicadas e pensar
sobre as questões que serão colocadas, sem precisar responder
em voz alta, apenas no pensamento.

Conduza a dinâmica da seguinte forma:

1. Dois a dois, de pé. Um se posiciona de costas para o


outro. O/A professor/a propõe as questões: como você
está se sentindo? Em que situações é agradável esta
posição? Em que situação há mal-estar? O que você
tem vontade de fazer? O que sente como limitação? Em
que situações essa postura se repete? Qual a frequência
na sua vida? Qual a diferença de quando é você a virar
as costas e quando é o outro a virar as costas? Até que
ponto pode ir esta relação?
2. Dois a dois, de pé. A dupla fica lado a lado. O/A
professor/a repete as mesmas questões.
3. Dois a dois, de pé. A dupla fica frente a frente. O/A
professor/a repete as mesmas questões.

Abra uma roda de conversa para partilhar a experiência. Quais


os desafios presentes em cada postura? São posturas fixas
ou elas podem se modificar durante um relacionamento?

Nesta conversa, é interessante apontar para as semelhanças


com o cotidiano de relacionamento entre as pessoas, como
é importante construir espaços de diálogo, seja lado a lado
ou frente a frente, para que o “de costas”, seja o mais raro,
mesmo que conscientes de que é parte da vida. Perceber
que ficar lado a lado é assumir juntos uma meta que está
diante dos dois – olhar para a mesma direção. Perceber que
ficar frente a frente é uma troca mais profunda, o olhar
para o outro e ser olhado por ele ou ela exige mais entrega,
compreensão, história e convivência.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 133


PROBLEMATIZAÇÃO
19_JUVENTUDES: CUIDAR DO QUE É DE TODOS

Proponha um levantamento de quais seriam, do ponto de


vista dos/as estudantes, os principais temas que mobilizam as
juventudes atuais. Faça as perguntas abaixo separadamente,
deixando um tempo entre elas para que respondam:

} Quais são os interesses dos jovens do seu bairro?


} Quais são os interesses dos jovens da sua cidade?
} Quais são os interesses dos jovens do seu país?

Você pode registrar as respostas em uma nuvem de palavras.

LEITURA DE MÍDIA

Exiba os episódios da série Diz Aí com depoimentos de jovens:

Preconceito e Discriminação (7min36seg)

Jovens mineiros mostram as dificuldades e as ações afirmativas


que encontram para lidar no dia a dia com discriminação racial,
com a homofobia e com a intolerância religiosa. Preconceito
nas ruas, em casa, no trabalho, na escola.

Disponível em: https://canaisglobo.globo.com/assistir/


futura/diz-ai-maleta-juventudes/v/6307439.

Juventude, Arte e Cultura (7min)

Os jovens da Amazônia também querem se expressar através


da arte, seja em intervenções urbanas como o grafite ou
no tradicional artesanato, usando materiais da natureza.
Também fotografam, fazem poesia e organizam cineclubes.

Disponível em: https://canaisglobo.globo.com/assistir/


canal/diz-ai-amazonida/v/5320877/.

134 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


Convide os/as estudantes a observarem e escutarem os

19_JUVENTUDES: CUIDAR DO QUE É DE TODOS


depoimentos dos vídeos. O que percebem, sentem e pensam?

Provoque-os a identificar, na fala dos jovens entrevistados, quais


os principais temas que preocupam e desafiam os adolescentes
e jovens em nossos tempos e pensando no futuro.

REFLEXÃO

O mundo que desejamos é também o mundo que construímos.


Muitas gerações antes de nós sonharam e buscaram realizar
um mundo melhor, percebendo onde estavam os principais
problemas e buscando soluções. Agora, é nossa vez.

} Mas o que será que sonhamos e ainda não realizamos?


} Onde estão os principais problemas de nossa geração?
} Como poderíamos já começar a construir o nosso sonho
para nós mesmos e para as futuras gerações?

Tantas mudanças podem nos paralisar, nos deixar sem ação,


mas, se deixarmos aflorar a solidariedade e o sonho de que
todos e todas possam viver bem, o movimento vai chegando.
E, se nos unimos com outras pessoas que também sonham
o mesmo sonho, aí sim o movimento se torna realidade.

O convite é que as mudanças não se tornem problemas,


mas que vejamos como desafios para que nossos sonhos se
tornem realidade. A dinâmica que nos move é a ética, o amor
solidário, o bem comum.

Alguns temas para trabalharmos juntos:

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 135


19_JUVENTUDES: CUIDAR DO QUE É DE TODOS

1. Uma nova realidade social – estamos em um mundo globalizado,


mas já sabemos que nem todos participam da globalização, ela é
fruto de desenvolvimento, mas também de muitas desigualdades
e prejuízos humanos e ambientais. O que podemos fazer?

tomar consciência desse processo e ajudar outras pessoas a


fazerem o mesmo;
apoiar e participar de movimentos sociais que repensam a
forma de vida e constroem novas possibilidades que incluem
todos e todas e não prejudicam o ambiente.

2. A presença de novas tecnologias – o avanço tecnológico


é também uma questão que traz problemas de dispersão,
consumismo, sofrimentos, padrões de estética, de pensamento,
exclusões, informações falsas. O que podemos fazer?

aprender mais sobre tecnologias e participar de mídias


sociais, construir sensibilização e boa informação;
perceber as linguagens, se estão sendo éticas e
humanizantes ou se estão “usando” o ser humano
para outras finalidades – ajudar nessa percepção e
conscientização.

136 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


19_JUVENTUDES: CUIDAR DO QUE É DE TODOS
3. A relação entre fé, cidadania e política – já compreendemos que
essas três palavras estão integradas, que a fé convida ao cuidado
comum, a atitudes de cidadania e participação na sociedade.
Mas também sabemos que muitos adolescentes e jovens estão
desanimados e sem esperança. O que podemos fazer?

sermos nós mesmos pessoas que integram essas três


dimensões;
ajudarmos nos discursos que separam essas três dimensões, a
partir de uma espiritualidade profunda, conectada com a gente
mesmo, com as pessoas, com o mundo em que vivemos;
promover pequenas ações solidárias próximas de nós.

4. A busca por alternativas socioeconômicas – depois que


percebemos que o nosso sistema econômico, social e político
está distante da realização das pessoas e do cuidado com a Terra,
começamos a pensar se há alternativas a esse sistema. O que
podemos fazer?

conhecer alternativas socioeconômicas – agricultura familiar


e outros projetos;
participar de projetos alternativos, observando como fazer,
como apoiar, dificuldades e busca de soluções;
acreditar na força da comunidade e da ética solidária;
começar por nós mesmos a reduzir o consumo, o
individualismo, as distrações que nos são “oferecidas” para que
não cuidemos nem de nós, nem das pessoas, nem da Terra.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 137


19_JUVENTUDES: CUIDAR DO QUE É DE TODOS

5. Os direitos humanos e ambientais – muito já conversamos sobre


essas importantes questões para que o sonho de um mundo para
todos e todas não sejam apenas documentos. O que podemos fazer?

conhecer e fazer conhecer os direitos humanos e os direitos


da Terra;
conversar sobre estes temas onde estivermos – na família, na
escola, na vizinhança;
mudar nosso estilo de vida cada vez mais – desapegar, ser
mais simples, não desperdiçar, valorizar cada pessoa e cada
ser precioso da natureza.

6. A diversidade e a tolerância – em tempos em que a liberdade


cresce, também cresceram os preconceitos e a intolerância. Vieram
de muitas formas, desde pequenas ironias até agressões, violência
e o extermínio das diferenças, principalmente dos negros, gays,
indígenas, desabrigados, sem-terra e sem-teto. O que podemos
fazer?

divulgar a importância do direito à liberdade – “nos


princípios da liberdade, da igualdade, da equidade e da
diversidade, afirmando sua universalidade, indivisibilidade e
interdependência” (BRASIL, Comitê Nacional de Educação
em Direitos Humanos. Plano Nacional de Educação em
Direitos Humanos. Brasília: Secretaria Especial de Direitos
Humanos; Ministério da Educação e Ministério da Justiça;
UNESCO, 2006);
desenvolver atitudes de diálogo, respeito, valorização da
diversidade, participação em metas comuns;
perceber quando houver desrespeito e intolerância e
construir caminhos de mudança dessas atitudes;
refletir se há preconceitos em nós mesmos, descobrir as
causas, procurar modificar, pedir ajuda, se necessário.

138 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


ATIVIDADE EM GRUPOS E SOCIALIZAÇÃO

19_JUVENTUDES: CUIDAR DO QUE É DE TODOS


Divida a turma em grupos e entregue um tema para cada
grupo. A proposta é a criação de um podcast que debaterá
os caminhos possíveis para as juventudes acerca dos temas.

Peça que cada grupo leia sobre o tema e o discuta entre si. Se
sentirem necessidade, podem buscar mais informação sobre o
assunto também, pesquisando na internet. Os grupos devem
procurar responder a pergunta “O que podemos fazer?” com
ideias de soluções e caminhos práticos.

Podcast é a gravação em áudio de um bate-papo entre duas


ou três pessoas que conversam em torno de um tema. Os
grupos podem também encenar um programa de entrevistas
ou um telejornal.

Ao final, os grupos apresentam suas produções.

ESTICADOR DE HORIZONTES
Já pensou no podcast como recurso educacional?

Programas de áudio são uma forma simples de encontrar quem


quer aprender a qualquer hora e em qualquer lugar.

Disponível em: https://porvir.org/ja-pensou-podcast-


-como-recurso-educacional/. Acesso em: 11 jan.2021.

Chegou a hora de inserir o podcast na sua sala

Os arquivos em áudio podem ser produzidos como parte das


atividades dos/as estudantes, que vão desenvolver sua criatividade,
oralidade e trabalho colaborativo.

Disponível em: https://novaescola.org.br/con-


teudo/18378/chegou-a-hora-de-inserir-o-podcast-
-na-sua-aula. Acesso em: 11 jan. 2021.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 139


AVALIAÇÃO
19_JUVENTUDES: CUIDAR DO QUE É DE TODOS

Em uma roda, peça que os/as estudantes respondam, em


poucas palavras:

} Como foi fazer essa produção?


} O que mudou para mim?
} O que aprendi?
} Quais as dificuldades que ainda permanecem?
} Como podemos prosseguir?

Finalize o encontro exibindo, como inspiração, o vídeo do


Slam nas Escolas.

Disponível em: https://youtu.be/rqa4m-VwsSc. Acesso em:


15 dez. 2020.

ESTICADOR DE HORIZONTES
Por que falamos em Tolerância?

O tema da Tolerância merece um olhar especial, pois muitas vezes é


confundido como sinônimo de suportar uma diferença. Não é este
o sentido em que o tema é tratado quando se trata de cuidar do
diálogo e do respeito à diversidade.

Segue abaixo um trecho da Declaração de Princípios sobre a


Tolerância, aprovado pela Conferência Geral da UNESCO em sua
28ª Reunião em Paris, 16 de novembro de 1995.

140 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


19_JUVENTUDES: CUIDAR DO QUE É DE TODOS
Artigo 1º – Significado da tolerância

1.1 A tolerância é o respeito, a aceitação e o apreço da riqueza e


da diversidade das culturas de nosso mundo, de nossos modos de
expressão e de nossas maneiras de exprimir nossa qualidade de seres
humanos. É fomentada pelo conhecimento, a abertura de espírito,
a comunicação e a liberdade de pensamento, de consciência e de
crença. A tolerância é a harmonia na diferença. Não só é um dever
de ordem ética; é igualmente uma necessidade política e jurídica. A
tolerância é uma virtude que torna a paz possível e contribui para
substituir uma cultura de guerra por uma cultura de paz.

1.2 A tolerância não é concessão, condescendência, indulgência.


A tolerância é, antes de tudo, uma atitude ativa fundada no
reconhecimento dos direitos universais da pessoa humana e das
liberdades fundamentais do outro. Em nenhum caso a tolerância
poderia ser invocada para justificar lesões a esses valores fundamentais.
A tolerância deve ser praticada pelos indivíduos, pelos grupos e pelo
Estado.

1.3 A tolerância é o sustentáculo dos direitos humanos, do pluralismo


(inclusive o pluralismo cultural), da democracia e do Estado de Direito.
Implica a rejeição do dogmatismo e do absolutismo e fortalece as
normas enunciadas nos instrumentos internacionais relativos aos
direitos humanos.

1.4 Em consonância ao respeito dos direitos humanos, praticar a


tolerância não significa tolerar a injustiça social, nem renunciar às
próprias convicções, nem fazer concessões a respeito. A prática
da tolerância significa que toda pessoa tem a livre escolha de suas
convicções e aceita que o outro desfrute da mesma liberdade.
Significa aceitar o fato de que os seres humanos, que se caracterizam
naturalmente pela diversidade de seu aspecto físico, de sua situação,
de seu modo de expressar-se, de seus comportamentos e de seus
valores, têm o direito de viver em paz e de ser tais como são. Significa
também que ninguém deve impor suas opiniões a outrem.

Fonte do texto: http://www.dhnet.org.br/


direitos/sip/onu/paz/dec95.htm

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 141


FILOSOFIA E
ESPIRITUALIDADE:
PARA ONDE VÃO?
20
OBJETIVOS
} Fortalecer as práticas de diálogo, tolerância,
respeito e admiração pela diversidade
filosófica e religiosa;
} Reconhecer que há diversidade filosófica e
espiritual no mundo.
ATIVIDADE DE INTEGRAÇÃO

21_FILOSOFIA E ESPIRITUALIDADE: PARA ONDE VÃO?


Proponha uma dinâmica da seguinte forma:

A turma vai caminhar livremente pela sala e, a um sinal, todos


param diante de uma pessoa – formando duplas. Agora,
devem olhar e dizer para a pessoa um elogio e uma palavra
de estímulo.

Repita essa sequência de caminhar livremente, parar e formar


diferentes duplas, quantas vezes achar necessário.

Ao final, proponha uma partilha coletiva, perguntando:

} O que cada um sentiu durante esta dinâmica?

PROBLEMATIZAÇÃO

Em um primeiro momento, distribua pequenos pedaços de


papel colorido entre todos e estimule-os/as a pensar nas
seguintes perguntas:

} Qual é o meu primeiro sentimento quando vejo e convivo


com pessoas diferentes de mim? Como me sinto diante das
diferentes formas de viver e ser das pessoas?

No papel que foi distribuído, peça que os/as estudantes


escrevam seus pensamentos em uma única palavra.

Em seguida, recolha os papéis em uma cesta e redistribua-os


ao grupo. Atente que ninguém deve pegar o próprio papel.

Convide cada um/uma a apresentar o que recebeu e explicar,


como se fosse o/a autor/a da palavra, colocando-se no
lugar de quem escreveu. Por exemplo: Eu escrevi a palavra
“esperança”, porque...

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 143


LEITURA DE MÍDIAS
21_FILOSOFIA E ESPIRITUALIDADE: PARA ONDE VÃO?

Exiba o vídeo “Educação: Diálogos Pedagógicos: Ações


promovidas pela Escola Estadual Érico Veríssimo”.

Diálogos Pedagógicos (26min)

Como inovar na educação? Ensinar e aprender são processos


que sempre fizeram parte da vida humana. No entanto, as
formas como esses processos são desenvolvidos precisam
estar sempre em debate. Inovar na educação, portanto,
diz respeito a atualizar as práticas pedagógicas tanto às
concepções de cidadania correntes quanto aos meios
oferecidos pela tecnologia.

Disponível em: https://canaisglobo.globo.com/assistir/


futura/a-chave/v/8080691.

Oriente os/as estudantes a anotarem o que mais lhes chamou


atenção.

Ao final, converse com a turma a partir da seguinte questão:

O que chamou atenção na trajetória/história do professor


Alexandre?

É possível realizar as ações mostradas no vídeo em nossa escola?

REFLEXÃO

} Será que a filosofia ainda tem lugar no mundo de hoje?

A filosofia sempre será muito importante, afinal, somos


pessoas que não apenas pensam, mas também sonham,
transformam, são críticas e criativas, somos capazes de
avaliar, rever, e também de construir a partir de tudo que
pensamos. No mundo atual, existem tantas formas de pensar
que também a filosofia é plural, ou seja, não existe só um

144 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


jeito de pensar. E isso é muito bom, porque, se fosse apenas

21_FILOSOFIA E ESPIRITUALIDADE: PARA ONDE VÃO?


um jeito de pensar, onde estaria a liberdade e a diversidade?
Mas tem quem ache o contrário, tem quem ache que todos
deveriam pensar igualzinho.

} E a espiritualidade, será que tem futuro?

Sim, se todos somos pessoas com muitas dimensões,


já sabemos que não dá para jogar fora a dimensão da
espiritualidade. Ela também possui muitos caminhos, mas é
presente e atuante. Pode se manifestar desde a contemplação
do pôr do Sol até uma comunidade religiosa e suas práticas
orantes. Tudo é espiritualidade, na sua diferença e riqueza.
A espiritualidade é caminho, é processo de integração e
autoconhecimento, é processo de ligação de saberes e
dimensões da vida humana e ambiental, histórica e cósmica.

A filosofia e a espiritualidade são referenciais importantes


para nossas vidas. Através desses dois saberes nós fazemos
conexões, relações, como fios invisíveis que vão ligando
coisas, fatos, pessoas, tempos, criaturas de toda ordem. É
processo contínuo, que vai ao encontro com respeito e amor,
com cada elemento.

ATIVIDADE EM GRUPOS

Divida a turma em pequenos grupos e distribua o texto


abaixo:

Dicas de cuidados para se praticar a FILOSOFIA e a


ESPIRITUALIDADE

FILOSOFIA

1. Respeitar a diversidade de ideias


2. Nunca impor seu pensamento, e sim propor, como um
convite
3. Observar qual a semelhança que há em dois
pensamentos aparentemente diferentes

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 145


4. Buscar o consenso em função do bem comum, mas nunca da
21_FILOSOFIA E ESPIRITUALIDADE: PARA ONDE VÃO?

intolerância (lado a lado)


5. Dar tempo ao tempo – aceitar uma diferença muito difícil e procurar
construir caminhos para o diálogo
6. Não se fechar
7. Pesquisar sobre as diferenças do pensar
8. Sempre trocar ideias, não se fechar em uma bolha

ESPIRITUALIDADE

1. Respeitar a diversidade de religiões, espiritualidades, crenças e não


crenças
2. Nunca impor seu pensamento sobre esse tema, mas pensar que é
“uma” forma de viver a espiritualidade, mas não a única
3. Se interessar de verdade pela diversidade religiosa, perguntar, ouvir
profundamente, valorizando sempre
4. Observar o que há em comum entre espiritualidades
aparentemente diferentes
5. Buscar metas comuns entre as muitas espiritualidades e
expressões religiosas
6. Manter a prática da espiritualidade, seja através da
contemplação dos seres vivos, plantas, pedras, estrelas, pessoas, seja
através das práticas religiosas
7. Pesquisar, conhecer, se interessar pela diversidade religiosa no
mundo

Peça que os grupos leiam e conversem sobre o texto. Em seguida, eles


devem listar proposições de atitudes cotidianas e situações em que
podemos vivenciar esses cuidados.

Por exemplo:

Cuidados para praticar a filosofia:

6. não se fechar.

Proposição: Procurar conversar com alguém quando tiver um problema.

146 ENSINO FUNDAMENTAL | CADERNO DE FORMAÇÃO | CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA


Cuidados para praticar a espiritualidade:

21_FILOSOFIA E ESPIRITUALIDADE: PARA ONDE VÃO?


6. manter a prática da espiritualidade.

Proposição: Ter momentos com a natureza, pegar sol, rezar.

SOCIALIZAÇÃO

Os grupos apresentam suas produções.

Se desejar, reúna todas as proposições de atitudes cotidianas


e situações e crie uma lista, dividida entre Filosofia e
Espiritualidade, para compartilhar ou expor em um mural.

AVALIAÇÃO

Crie uma grande nuvem de papel, em um mural ou em formato


digital. Peça que cada estudante adicione, dentro da nuvem,
UMA PALAVRA que represente seu principal aprendizado
deste ciclo de encontro. Quem desejar, pode partilhar com
a turma sobre a escolha dessa palavra.

CULTURA RELIGIOSA E FILOSOFIA | CADERNO DE FORMAÇÃO | ENSINO FUNDAMENTAL 147


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAZÁN, Francisco García. Aspectos incomuns do sagrado.
São Paulo: Paulus, 2002.

BOFF, Leonardo. Ética e Moral. A busca dos fundamentos.


Petrópolis: Vozes, 2003.

BRASIL. Presidência da República. Secretaria de Direitos


Humanos. Diversidade religiosa e direitos humanos:
reconhecer as diferenças, superar a intolerância, promover
a diversidade. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos das
Presidência da República, 2013.

CROATTO, José Severino. As linguagens da experiência


religiosa. São Paulo: Paulinas, 2001.

FILHO, Miguel Martins; LIBANIO, João Batista. A busca do


sagrado. São Paulo: FTD, 1991.

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de


Janeiro: Paz e Terra, 1967.

KÜNG, Hans. Religiões do mundo: em busca dos pontos


comuns. Campinas: Verus, 2004.

LIBANIO, João Batista. A religião no início do milênio. São


Paulo: Loyola, 2002.

LIBANIO, João Batista. Fé. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.

OLIVEIRA, Pedro Ribeiro; SOUZA, José Carlos (orgs.)


Consciência planetária e religião. Desafios para o século
XXI. São Paulo: Paulinas, 2009.

PASSOS, João Decio. Como a religião se organiza. Tipos e


processos. São Paulo: Paulinas, 2006.

QUEIRUGA, Andrés Tores. O diálogo das religiões. São Paulo:


Paulus, 1997.

SUNG, Jung Mo. Deus: ilusão ou realidade? São Paulo: Ática,


1996.
ENSINO FUNDAMENTAL
CADERNO DE FORMAÇÃO

CULTURA
RELIGIOSA
E FILOSOFIA

You might also like