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Declinio de Um Homem de Osamu Dazai
Declinio de Um Homem de Osamu Dazai
,
ome :u
Osamu Daxai
Esto$âo Liberdode
Dec inio be um komem
Oswu DAZAi
Declinio $e um $omem
Tradu9â o do japonés
Ricardo Machado
Eaio@o Liberdode
T tulo ofiginnl: Xirigen Sbikbalni
B Editora Esta@o LiF'erdade, 20i S, para esta tradu@o
Ritz KOhl
Huendel Viana
Alex Andmde
Compostqâo
Hisae Sagara
'° 8ramas â p. Goshun Matsumura, “Cherry Blossoms',
7 Imagem de capa rolo verñml, finia e cor sobre papel, século
XVm 7 Acervo de The Meiropofitan
Museum of art
Horace Bristol/CORBlS7Latinstock
Ediior de ante Miguel Simon
D5J8d
Toclos os direitos reservâaclos Ediiora Esm9â o tiheraade. Nenhuma parte da obra pode
ser reproduzida, adaptada, multiplicada ou divuIgada de new huma forma (em
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n• 6.583, de 29 de setembrO de 2008.
PrOlo8° 11
Primeiro caderno 17
Segundo caderno 35
Terceiro caderno 83
Parte um 85
Parte dois 115
Epilogo 14S
Prologo
Vi trés fotos daquele homem.
Na primeira, uma fotografia de infilncia, ele aparenta ter
por volta de 10 anos, de pé, â beira do Iago de um jardim,
cercado por vfirias meninas (imagino que fossem snas ir-
mrs e primas), vestindo um haieama’ de listras largas, com
a cabeva inclinada cerca de trinta grans a esquerda, mos-
trando um sorriso feio. Feio? Nao é dizer que mo existisse
no sorriso daquele menino uma sombra do Que se chama de
“gracioso”, suficiente para que pessoas inscrisiveis (on seja,
indiferentes a estética) fizessem, sem muito interesse, algum
comentârio vago — “que menino bonitinho, riio é?” — e isso
nao scrasse como um elogio totalmente vazio. Contudo, qual-
quer um com alguma experiéncia com a estética, por me-
nor que seja, ao olhar essa foto provavelmente murmuraria
com enorme desagrado, ' que errand horrorosa!", e a lan -
ria para longe, como quem afasta uma taturana.
De fato, quanto mais olho para o sorriso daquele me-
nino, mais desconfortfivel me sinto. Em primeiro lugar,
14
Prc'logo
i6
Primeiro caderno
Vivo uma vida repleta de vergonha.
A vida humana é algo que nño consigo entender. Tendo
nascido no interior do Nordeste, jfi era urrr menino cres-
cido quando vi um trem a vapor pela primeira vez. En
subia e descia pela passarela da esta5ao, sem perceber
que ela era uma maneira que as pessoas tinham para pas-
ear por cima dos trilhos do trem. Achava que aqu ilo ha-
via sido instalado ali para transmitir uma ideia ao mesmo
tempo de complexidade e descontraVao, de sofisticaVao,
como se o prédio da estaVño fosse um parque de diver-
sñes estrangeiro. Passei muito tempo acreditando nisso.
Subir e descer a passarela era para mim, antes de tudo,
uma brincadeira refinada, e achava que, dentre os servi-
Nos prestados pela companhia ferrovifiria, aquele era o
mais elegante. Mais tarde, Quando descobri Que aquilo nao
passava de uma escada de uso prâtico para que os passa-
geiros passassem por cima dos trilhos, men interesse de-
sapareceu instantaneamente.
E, ainda crianCa, quando via o desenho do metrfi num
livro ilustrado, mo achava que aquilo fosse algo inven-
tado em funvño de necessidades praticas, mas sim porque
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