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Rhythmas de Luis de Camoes Divididas em
Rhythmas de Luis de Camoes Divididas em
Ex.completo.
EX-LIBRIZ
D・DAIUFC
U
LIBRARIES
THE UNIVER
I
1
1
'
)
RHYTHM AS
DE LVIS DE CAMOES,
ES
MIHI TAXVS
EM LISBOA ,
F. Manoel Coelbar
de Nouembro de 94
STAKKRU SCAUN SL W
1
222117-176
REY
Ao muito Illuftre Senhor D. Gonçalo Coutinbes
VAS razões,
muito Illuſtre $.nhor,me moverlo
atirar a luz eſta parte das obras do admirauel
Luys de Camões Principe dos Poetas A primeyra
1917 ferem ellas taes, que merefce o autor eſte none.
fegunda ter eu a vm.por meu fenhor,para me v
ler de feu erparo nos cafos a quefe arriſca quem
fae a publico, & ambas meobrigain a offerecelias a v.m & pedirlhe
que fofra arrimallas a feu nome Porque fe me renderlouuor de bom
juyzo a efcolha que fiz de tao alta poëfia para a imprimir,quero fi
sar de todo acreditado , na eleyção do padroeyro que tomo para a
defender.Quam alta,& quain excellente obra feja elta,bem poffo ef
Cufar de o encarecer,pois a ponho no ticatro do mudo,na mais pura
& emendada impreffam que pude auer. Nella efta retratado,antes vi
uo aquelleadmirauel engenho, de que affimo qfe viuera pudera fa
zer immortal o nome Portuguez,& ainda das feridas de noffas cala
midades,emque tantos falfos elcrittores taopefadamente nos ma
goario,foubera tirar louuores,& tropheos. Não poffo declarar como
efpanta a agudeza de feus conceitos, como obriga a propriedade das
palautas,como enteua pencarecimento das razões. Que alteza tem
defentéças,que metaphoras,que hiperboles,que figuras ti Poëticase
Admirauel he a grauidade dos Sonetos,a graça das O des, & Cáçoes
amalencolia tain mufica , das Elegias , abrandura tam namorada
das Eglogas. Que drey da policia & facilidade do verfoeda elegácia
dos termos da riqueza da lingoa? Por húaparte me parece que tira
a todo homé a efperança defer Poëta : por outra toda a diſculpa aos
que vãomendigado lingoajes eftrangeiras para compor nelias, & ta
chioa noffa de efteril: defeito feu, mais q culpa della. Apontei eftas
coufas,que v.m. não ignora , porque quero que entenda que fer co
nhecer opreço do que dou For ondemne heipor muy obrigado a mi
nha ventura,por me apprefentar occafião, ein que defejando muito
feruir a v.m. quafi igualei avontade com a obra. Mas tambem can
feflo que lhe não deuerei nunca podenne dar coufa que iguale ao
merelcimento de v.m. Em cujos fauores nãoquero entrar , porque
wejodianteo mar Oceano muito mais largo , & eftendido do que
na verdade he. Bafte que fe fiz algum feruiço a v.m. com as poefias
de Camões , muito mayorofiz a elle, em as entregar av.m. de que
fe fabe gemdotes de anuno,he mayor todos feus iguaes, & nas do
corpo
torpo igual atodosos mayores do mundo. Porque quanto a into
que menos importa a cafa dos Coutinhos hehuadas muy poucas
quecomeçarão com o Reyno em Portugal , & com ella permanef
cerão. Mas que digo começarão? No mefino tempo doprimei
To Rey Afon oconfta per efcripturas antiguas, que auia Coutinhos,
que erão conquistadores perfi.Parao que eraneceffario terena fan
gue illuftrepara obrigar o pouo,& riqueza para opagar: quefamos
dous efteos que conferuão a nobreza. De como fe continuou por
eftes quatrocentos annos por virtudepropria, mais que fauor alheo
dao teftemunho todos os lugares,em que Portugueſes fizerão feitos
de valo´ , ſemeados de offos de Coutinhos. E como a virtude per li
mefino fem outravalia ſe ſuſtenta,deu a eſte Reyno doze,& mais ca
fas,q oje co eſplendor illuftre fe continuan libcraes de valerofos pei
tos para a guerra, & não a varas de perfundos juy zios para aadmi
niftração da paz. Entre eltas deu dous Condados, dos quaes, & do
mais antigo & verdadeyro delta familia inda queoje etinato por fe
juntarcom a cafa Real, pellocafamento do Iffante dom Fernando,
yrmio delRey dom Ioão o terceyre, coma fenhora dona Guimar
vltima poffuydora delle)hev.m decendente perlinha legitima maf
sulina. Quauto aspartes do animode que Deos dotoua v. m.boma
indicio nos deu v.m.dellas na fua emprefa da olyueyra,que tanto to
po ha quevfa em fuas armas. Porque efta he aqualla queengeitou o
Reinado das outras aruores, que dignamentelhe offereciam . E eſta
he aquella que he Symbolo da paz, & bradura corteza de quev.m.
he dotado.Efta he a aruore de Pallas,que meſtura có as armastodas
as boasfciencias & difciplinas com tal conferto,que reciprocaments
fe commumicão admitanelluſtre , como as vemos em v; m. na letraj
MIHT TAXV S. Effou contemplando o queixume geral dos
grandes entendimentos , que fentenciofamente fe defcobre nella : os
quaeshúa vez por nam ferem conhecidos daquelles aquem elles fal
áo,& outra porferem dos mesmos enuejados nunca alcanção o que
merefcem.Demaneira que o faber pella Olyueira, fignificando, que
thes ouuera de fer occafião de fobirem a grandes eftados , lhes caufa
effatos de cotradição &odio,entendidos no veneno do texo Outras
muitas applicações fe podem defcubrir nefta empreza,afsi ao fentido
moral,como aɔnam ɔrado,que todos me dão certos penhores dopro
fundo juyzode v.m.das quaes ná trato,pellas não danar co a pobreza
demai eltilio,& por deixar que efpecular aos bos engenhos. E bé ino
ftra v.m. nellas as partes excellentes de feu animo,de que não direy
mais,
porqfey qnão bastão liuros inteiros,quáto mais prologo curto
" Mg
1
Más comonão eyde exalçar até o ceo a magnifica & mui heroica
bra que v.m.fez em dar fepultura honrada aos offos defte admirauel
vaaoque pobre & plebeiamentejazião no Molteiro de fanta Anna,
Tomou v.m. âfua conta aobrigação cómua,não defte Reino foo,mas.
detoda Espanha: & afsi recolheo para fi toda a gloria quea toda cfta
prouincia viera,fe para tão deuida obra fe ajuntara. Baftante razio
era efta parafuas Poelas ferem dedicadas ao nomede v.m. & não co-
nhecerem outro. Aceiteas v.m.defendaas, honreas, que fe v..n. o fizer
entreos eſtrangeiros , elle lhe pagara com honrar feu nome entre os
eftrangeiros & naturaes, Porque a verdadeira patria dos altos enge-
nhos,nãohe olugar queconhecem por nafcimento , he sô o entendi-
mentoclaro. & perfeito, que fabe eftimar as coulas grandes, & leuan-
tadas. E. afsi o emparo que v.m.lhe der entrejuizos pobres que o per
feguem, como eſtrangeiro, pagarà com fazer enuejado o nome de v
m . entre os ricos & excellentes que o eftimão como natural. E bem .
be razão, que pois ellepormeo de v.m.começa oje a viuer noua vida
per gloria de feus efcrittos,fique a memoria dev.m.pello feu,liure das
da morte & do efquecimento, cóforme kantiga & bem prouada
profecia Poctica. Por maneira, quefev mille for Achilles entre aquel
les,feja ellepara v.m.Homero entre hús & outros. Noffo Senhora
muitoilluftre peiloa de v.m.guarde, vida & cafà accrefcente comopo
DeLisboa 27.de Feuereiro de 95..
Etendo Lopez
ļ
IN LAVDEM LODOVICI
A, LIV. D. EIVSDEM :
de Luis de Camões
SONETO .
SONET O.
Camoes.
Soneto.
SONETO.
5 gafas
E polto que não faltão murmuradores q calúniarão fuas obras, não
efcureſce illo o merelcimento dellas, porque tambem Virgilio &
Homero paffarão por este trance,que he natural à todos os ingenhos
raros: em tanto que foo de erros de Virgilio compos Carbilio Grá
matico bum liuro inteiro, & Celar Caligula ouſou affirmar, que ne
nhũa habilį Jade, nem erudição tivera, & efteue determinado para
mandar metter no fogo fuas obras & retrattos que auia en algumas
liurarias, como conta Suetonio Tranquillo, & Petro Crinito ne li.
3. dos poetas latinos. E com ifto não refta mais que lembrar, que os
erres que ouuer nefta impreffao, não paffarão por alto à quem aiu
dou acompilar efte liuro, mas achoule que era menos incouenien
te irem afsi como fe achatão per cóferencia de algús liuros de mão,
onde eſtas obras andauaõ eſpedaçadas, que nao violar as compofi
ções alheas, ſem certeza euidente dejfer a emeda verdadeira,porque
fempre aos boos entendimentos fiqua referuado julgarem que nao
faó erros do author, fenaó vicio do tempo, & inaduertencia de qué
as trasladou. E feguiofe nisto o parefcer de Augufto Cæfar, que na
somiffao que deu a Vario,& a Tucca para em mendar a Eneida de
Virgilio, lhe defendco expreffamente que nenhúa coufa mudaſſém,
nem acreſcentaffem, porque em effeito he confundir a ſubſtancia
dosverfos & conceitos do author com as palauras & inuençaó de
quem emmenda,fem fiquar ao diantecerteza fe o que ſe lee he pro
priofe em mendado. E por iffofe não bolio em mais que foo na
quillo que claramente conftou feruicio de pena, & o mais vai aſså
como fe achou fcritto , & muito differente do que ouuera de ir ſe
Luis de Camões em fua vida o dera à impreffàó : mas aſsi de
baixo deſtas afrontas, que o tempo,& ignorancia lhe
fezera refplandefce tanto a luz de feus mere
cimentos quebafta para nefte genero
de poefia nao auermos er ueja
ámenhúa naçaó cftrar
geira.
Fol.T
RITHMAS
em cinco partes.
SONETO 11.
Pintando mil
fegredos delicados,
Brandas iras, fofpiros namorados,magendes
Aquifaltafaber,engenho, arte.
Soneto.
1
Obras de Luis de Camões.
]
[N
SONETO: 111.
A 2 Soneto
Obras de Luis de Camões.
SONETO.
'Ransformaſe o amador na coufa amada,
T
Por virtude do muito imaginar,
Não tenho logo mais que defejar,
Pois em mitenho a parte defejada.
Se nella eftà minh'alm a transformada .
SONETO
Affopor meus trabalhos tão ifento
PA
De fentimento, grande nem pequeno,
Que fopolla vontade com que peno
Me fica amor deuendo mais tormentoj
Mas vayme amor matando tanto a tento,
Temperando a triaga co veneno,
Que do penar a ordem defordeno,
Porque não mo confente o foffrimento.
Porem fe efta fineza o amor fente,
Epagarme meu mal com-mal pretende,
Torname comprazer como ao fol neue.
Mas fe me vé cos males tão contente,
SONETO XX.
SONETO.
Stafe a Primauera trasladando ›
Em voffa vifta deleitofa ,& honefta,
Nas lindas faces, olhos,boca, & teſta;
Boninas,lyrios ,rofas debuxando. !
De forte voffo gefto matizando
Natura quantopode manifefta,
Que o monte,o capo, o rio, & a florefta,
Se eftão de vos fenhora namorando.
SONETO. XXV.
Stá o lafciuo & doce paffarinho
Com o biquinho as penas ordenando,
O verſo ſem medida alegre , & brando,
Efpedindo no ruftico raminho.
O cruel caçador (que do caminho
Se vem calado & manfo, defuiando)
Napronta vifta a feta endereitando,
Lhe dano Stigio lago eterno ninho.
Deft'arte o coração, que liure andaua,
(Pofto que ja de longe deftinado)
Onde menos temia foi ferido..
SONETO. XXVI.
SONETO. XXVII.
¦
'Obras de Luis de Camões.
SONET O.
'
SONETO .
Vando o folencuberto vai moſtrando
QAo mundo a luz quieta & duvidofa,
SONETO.
XXX.
Eftafoi a celeftefermofura
Sonelva
Obras de Luis de Camões.
SONETO XXXI.
.Soncto
Obrasde Luis de Camões. TO
SONETO . XXXII.
SONETO XXXIII.
Ermofos olhos, que na idade noffa
FE
Moftrais do ceo certifsimos finais
SONETO XXXV.
SONETO XXXVI.
B 3 Soneto
關
Obras de Luis de Camões:
SONETO XXXIX..
Soneto
Obras de Luis de Camões. 12
SONETO XXXVIII .
SONETO XXXIX.
SONETO XXXXI.
Ramtempo haja que foube da ventura,
GR
A vida que metinha deftinada ,
Que a longa experiencia da paffada
Me daua claro indicio da futura.
Amorfero,cruel, fortuna dura,
Bem tendes vofla força exprimentada,
Affolai, deftrui,não fique nada,
Vingaiuos defta vida, qu'inda dura.
Soube amor da ventura que a não tinha,
E porque mais fentiſſe a falta della,
De images impofsiueis me mantinha .
Mas vos fenhora, pois que minha eftrella
Não foi melhor, viuei nefta alma minha,
SONETO.
XXXXII.
Bs Soneto?
2607
Jun
Obras de Luis de Camões.
THE 3
H❀KINF
SONETO. XLIII.
Soneto
1
SONETO XXXXV.
Mor, co a efperança ja perdida "
A
Teu foberano templo vifitei,
Por final do naufragio que paffei
Em lugar dos veftidos pus a vida.
Que queres mais de mí , que deftruida'
Me tes a gloria toda que alcancei ?
Não cuides de forçarme, que não fei ¡¡
Tornar a entrar onde não ha faida...
SONETO XXXXVII
SONETO . XXXXIX.
Vando vejo que meu deftino ordena
L SONETO LI.
NAyades ,vos que osrios habitais
Que os faudofos campos vão regando,
De meus olhos vereis eftar manando ,
Outros que quafi aos voffos fam iguais:
Dryades,vos que asfertas atirais,
Os fugitiuos ceruos derrubando,
Outrosolhos vereis que triumphando
Derrubão corações, que valem mais ,
Deixai as aljauas logo, & as agoas frias,
Evinde Nymphas minhas , fe quereis
Saber como de hus olhos nafcem magoas;
Vereis como fe paffao em vão os dias ,
Mas não vireis em vão , que cà achareis
Nos feus asferras, & nos meus as agoas.
Soneto.
?
Obrasde Luis de Camõeis
SONETO, Lille
Soneto
Obras deLuis de Camões,
XOXO
K
SONETO LIIII.
Soneto
Obras de Lais de Camões.
፲፯
SONETO LV.
Ioão Terceiro.
DePortugal Terceiro,femfegundo
Obras de Luis de Camões
SONETO. LVL
Soneto
Obras de Luis de Cambes.
SONETO. LVII..
C : Soneto
Obras de Luis de Camões.
SONETO LVIII.
XOXOK
AO AVTOR..
Da :HomericaMuſa Italiana.
Soneto
Obras de Luis de Camber
}
SONE TO LIX.
9ʻmana,
Mas de voffos efcrittoscorre ¿
. C 3 Soneto
Obras de Luis de Camões;
SONETO LX.
de Caftro..
Soneto
Obras de Luis de Camões. 20
SONETO LXI.'
Viforci.
C 4 Sonete
Obras de Luis de Camões.
SONETO LXII.
Pequenas efperanças,maljobejo,
Soneto
Obras de Luis de Camões. 21
SONETO LXIII.
Offos olhos fenhora que competem
Cofolem fermofura & claridade,
Enchem os meusdé tal fuauidade,
SONETO LXIIII..
Ermoſura do ceo a nòs defcida,
F
Que nenhum coração deixais ifeuto
Satisfazendo a todo o penfamento,
Sem feres de nenhum bem entendida.
SONETO LXVI
SEGVNDA PARTE
Das Canções.
Canção primeira,
Alli me manifefto
De quem me queixarei
"
Se vos medais a vida defte geito,
Senão de meufogeito,
Quenão cabe com bem de tanto preço?
Em alguafraqueza de contente,
Canção fegunda
A Inftabilidade da fortuna,
Os enganos fuaues de amor cego,
Suaues (fe durarão longamente)
Direi,por dar á vida algum foffego;
Que pois a graue pena me importuna,
Importune meu canto a toda gente.
E fe
r
Obras de Luis de Camões.
]
M
[
Efe o paffado bem co mal prefente
Me endurefce a vozno peitofrio
Ogrande defuario
Dará deminha pena final certo,
Que hum erro em tantos erros he concerto,
Q
Obras de Luis de Camões.
Meu humano defejo de atreuido 25
AUSALATALU
Canção terceira.
【 Aaroxamanhã clara
Defug alegreviftafaudofo,
Tras ellapreffurofo, C.A
Os paffaros voandu,
De raminho em⋅raminho
, modulando, b )0
Branda,fuaue,angelica, ferena,
Anegraefcuridão dofentimento
Ao doce penfamento:
Porem a Natureza
Amorferà culpado,
Ou vòs, onde elle viue tão isento,
Nadura pedrafria
Damemoria, te deixo em companhia
Do letreiro de minhafepultura,
AVERA RELAT迎
Canção quarta.
Aó as ferenas agoas
Do Mondego deſcendo ,
Manfaméte , que ate o mar não parão,
Por onde minhas magoas
Pouco a pouco crefcendo ,
Para nunca acabar ſe começarão:
Alli fe ajuntarão
Nefte lugar ameno ,
Aonde agora mouro ,.
Tefta de neue & ouro ,
Rifo brando , fuaue , olhar fereno
O efperar m'enganaua,
Longo tempo paffei,
Com a vida folguci,
Sòporqu'em bem tamanho m'empregaua,
Mas que me prefta ja
Que tao fermofos olhos não os ha.
Canção tu cftaras ! R
Aqui acompanhando ,
Eftes campos, & eftas claras agoas,
E pormi ficaras
Chorando & fufpirando ,
B
Obras de Luis de Camões.
E ao mundo moftrando tantas magoas
Que de tão larga hiſtoria,.
Minhas lagrimas fiquem por memoria.
Canção quinta.
SE efte meupensamento-
Moftrandofeu tormento,.
Cruel, afpero, & graue,
a vossopeitoduro.
Tornaramanfo & brando
E eu quefempre ando
Paffarofolitario.humilde, efcuro .
Tornado.bum Cifne puro,
Q
a minino que osfeus nelles cegoug,
33
Obras de Luis de Camões. 19
Eos dourados cabellos
Em tranças de ourofinas
Natura tãofermosa,
Obem proporcionado
Nariz, lindo, afilado,,
Abocagraciofa,
Virafe claramente:
&dama delicada,
E eu degente em gente
Trouxera trasladada
Em meu tormento voffagentileza,
Somente a afpereza
De voffa condição,
Senbora não dißera
Porquefe nãofoubera
Efepolla ventura
Evoffafermofura
Tão baixo não defceffe,
Seria ofundamento
Daquillo quecantaffe
Todo de puro amor,
Eondeſe julgaße
Então amoftraria
Os olhos faudofos,
Afingida alegria,
Os paffos vagarofos,
Obras de Luis de Camões.
30
Ofallar, o esquecerme do que digo,
E logo difculparme,
Emfim averiguarme
Que ofim de tudo quanto eſtou fallando
Aquellagloriafalle
Que dentro na minhalma amor ordena,
Se nãofor ajudada
Quefazendome o danno
Canção
Obras de Luis de Camões.
Apena vempequenos,
Canção feiſta.
Comforça defufada
A quenta ofogo eterno
Hua ilha,lá nas partes do Oriente,
De eftranhos habitada ,
Aonde o duro inuerno
Que
Obras de Luis de Camões.
31
De mi qualquer memoria
Ficaffe como hyftoria, ·
Que de hús fermofos olhos foffe lida
A vida & alegria 1
Portão doce memoria trocaria.
1
Mas efte fingimento
Por minha dura forte ·
Com falfas efperanças me conuida;
Não cuide o pensamento
Que pode achar na morte
O que não pode achar tão longa vida;
Efta ja tão perdida
A minha confiança,
Que de defefperado
Em ver meu trifte eftado,,
Tambem da morte perco a efperança !
Mas o que fe algum dia
Defefperar podeffe , viuitia ..
Temor de efquecimento ,
Ouxalameu perigo
Me foratão amigo
Se pode recear,
Mas trifte quem não pode ja perder;
Senhora a culpa he voffa,
Que pera me mattar
Batára húa hora fo de vos nãover:
Pofeftesme em poder
De falfas efperanças ,
E do que mais me espanto
Que nunqua vali tanto
Que viueffe tabem com efquiuăças;
Valia tão pequena
Da cura defpedido ,
O medico fabido
HEKOK
Canção fetrima.
(Comprofuppofto de defabafarme
Se nãose arrependeße
Co apena o engenho efcurefcendo .
Porem a mais me atreno ,
Quando v amorfoltaua
& quegentilpartido,
Trocar ofer do montefemfentido,
Qu'erarazão
fer arazão vencida :
AB
T
A
" ſenti de amor a mòrfineza,
qui
Comofoiverfentir o infenfiuel,
Canção oitaua .
Se em voffo efquecimento
Tão enuolto eftou
Como os finais demoftrão que moftrais,
Viuo nefte tormento,.
Em vos efcritta vi
Voffa grande dureza,
En'alma efcritta eftá , que de vos viue,
Não que acabaffe alli
Sua grande firmeza
Otrifte defengano que então tiue;
Porque antes que a dor priue
De todo meus fentidos ,
Ao grande tormento
Acode o entendimento,
E Com
Obras de Luis de Camões.
Com dous fortes foldados , guarnefcidos
De rica pedraria,
Que ficão fendo minha luz & guia.. 1
Deftes acompanhado
Eftou pofto fem medo
Atudo o que o fatal deftino ordene,
Canção nona.
O qual a natureza
Situonjunto âparte
Minhaferaventura
Porqueficaße a vida
Pello mundo em pedaços repartida.
E 4 Aqui
Obras de Luis de Camões,
Trazendome à memoria.
Querompião os ares:
Aqui
Obras de Luis de Camões.
37
Aqui a alma catiua
Dafoberbafortuna,
Soberba, inexorauel,& importuna.
Somente o ceofeuero.
Os tempos jàpaſſados,
De meus doces errores,
E logo
Obras de Lais de Camões.
38
Emfaudades brandas,
&fuaues?
Soportornar a veruos ,
Nuncafoffreo,fem tento
Canção
Obras de Luisde Camões
Canção decima.
SEXTINAS
i
N'alma tembo contino bumfogo viua.
Eflariajafeitacinza à pena:
Odeprimeira, à Lua!
Moue piadofamente
Ouuindo a minha voz fraca & doente .
E lagrimas da efpofa
Do ciofo Tithão branca & fermofa..
Ode fegunda.
Nunqua no ceofabio,,
A a pena quepadefço.
'
Ligeirar
1
Obras deLuis de Camors )
Ligeira,bella Nymphalinda,irofa,
Tãoprofpero começo.
!
A tudo me offereço.
Ode terceira.
SE demeupensamento
Tanta razão tiuera de agrautarme, alegrarme
Quanta de meu tormento
A tenho de queixarme ,
Aygoftos fugitiuos,
Aygloria já acabada , & conſumida ,
8 bem afortunado .
Tu
Obras deLuis de Camões: 47
Tu que alcançafte com lyra toante
Orpheo fer efcutado ,
Do fero Rhadamante,
E cos teus olhos ver a doce amante.
As infernais figuras
Moueſte com teu canto docemente .
As tres furias efcuras,
Implácaueis à gente,
Quietas fe tornárão de repente..
A ordem fe mudaus
Edouro guarnefcidas
Voffas louras cabeça's ,leuantando
Sobota goa erguidas,
As tranças gottejando,
Sahi alegres todas , ver qual ando,
Sahi em companhia
Cantando & colhendo as lindas flores,
Vereis minha agonia
Quuireis meus amores ,
Ode quarta.
FErmofaferahumana,
AforçaSoberana
Aspontas amoladas
QueVenus efcondido
E vendofe deixada
Sefoi desesperada
Te
Obras de Luis de Camões.
Acude tufuaue,
Acudepoder ofa diuina que
ade
Obras de Luis de Camões.
0
]
[
Ode quinta .
Nncamanhã Juane
Aquellafermofura
Terceira
1
Obras de Luis de Camões.
57
TERCEIRA PARTE
Poeta Simonidesfallando
Co capitão Themistocles hum dia
comobradariajuftamente
Ou no Caucafoborrendofraco infante,
Homemforaformado de diamante.
Porque a ceruizferina & inhumana
Configofoffegados os mouia..
Os marinheiros ja defefperados
E dos
Obras de Lais de Camões.
54
E dospropios quampouca , contra quem
lauradores bemauenturados ,
Se conheceffemfeu contentamento,
Comoviuem no campofoffegados.
漫漫
Elegiau
Obrasde Luis de Camões,
1
Elegia fegunda.
A DOM ANTONIO De no
ronha eftando na India.
Elegia fegunda.
1.1
II
Obras de Luis de Camões.
38
O cèo, o ar, &a terra adonde estaua.
Dallieflendo os olhos
faudofos
De imaginações triftesfefuftenta.
Imagina nagloriapoßuida.
百倍 暴
CAPITVLO .
1 Mostrando em fim
que tudofao myfterios,,
Parefce
D Obras de Luis de Camõers
Diogenespifaua de Platao
Cefar
Obras deLuis de Camões,
Cefar dirâ
, Sou dino de memoria,
Ficarâ de meusfeitosfublimados,
Quem
Obras de Luis de Camões,
63
A
' os medicos o entrega,& com auiſo
Por
Obras de Luis de Camões.
67
Porque Rei,porque duque me trocara?
Porquefenhor degrandefortaleza?
E
Obras de Luis de Camões,
Depura'amor bpeitofalteado , T
Nãopedira então que amor me deffe
Sò
So para que afortuna mo negaffe,
XK
XXX 靈
OITAVA RHIMA ,
on na India.
Co
(Principe illuftre raro)fuftenteis
Contra o comimumproueitopeccaria.
...
E
Obras de Luis de Camões.
Quenunquapoffasfer fenaofublime..
Nifio
Obras de Luisde Camões.
13 QNew
Obras deLuis de Camões,
1
Bem vifte contrati nadantes naues,
EX
OITAVA RHIMA ,
E
Obras de Luis de Camões.
ISHO
KS
QVARTA PARTE,
DAS ECGLOGAS.
ECGLOGA PRIMEIRA
VMBRANO..
Fronds
Obras de Luis de Camões.
73
Frod.Vmbrano irmão , decreto he da natura
Inuiolauel, fixo,&fempiterno,
Eftâfuauemente apreſentando,
Do comer efquecidas,inclinando
Nasfombras a auegarrulafofpira
Canta Frondelio.
K 2 Opafto
Obras de Luis de Camões
Prodigios infinitos
Voando,repetifte
A tyrannica lei da morte dura.
Eanoite fempiterna ,,
Que tu tão cedo vifte,
E as
flores a Aurora nega o orualho,
Afrauta quefobia
Mouer as altas aruores tangendo,
As Tagides no rio, el
na efpeffura
Nos olhosfaudofos,
K3 DA
2 Obras de Luis de Camões,
Epellasfolitarias efpefsuras,
Defitodo embebido,,
Andaua tooperdido ,
DI Porque
Obras de Luis de Camões,
Por injuftavittoria
No Hifpanoginete bellicofo,
Que ardendo tambem vinha no desejo
Da multidãoforçofa do inimigo,
A13
།
Obras deLuis de Camões.
Da bocacongelada a almapura:
Conomejuntamente da inimiga,
E excellente Marfida derramaua,,
Accentos numerofos ,
Se muda o femminapenfamento .
Eo Laffo caminhante:
Vendo tamanba magoaj›.
Vmbrano
Efpera
Obros deLais de Camer
85
Efpera adareidepèfc queres,
SubirásJemtrabalho ,&femruido,
fepuderes
Masprimeiro medize,
Frond
Obras de Luis de Camões,
Aonia.
Dondefuiste engendrada ,
y procedida.
Refcibe
π
Si la memoriadellos noperdiste.
Aoratepoffuya Scytherea,
Lau
Obras de Luis de Camões?
Lagrimasygemidos amorofos,
fuppremoyfanto choro,
Que mueuan el
Ecgloga
.. :
TCHER Obras de Luis de Cambes. 81
EGLOGA II.
Ao longo dofereno
Tejo, fuaue & brando,
Nhum valle d'alcas aruores fombrio,
SufpirosSpalhando
Ao vento, & duces lagrimas ao rio
No derradeirofio
O tinka a esperança,
Moftraua aefpeffura
As roucas rãsfoauão
No filencio confifte,
E com estagraueza
Tomandopor efcudo
Parapoderfoffrella,
Eftarimaginando a caufa della
Mayor he otormento,
Ao rio fe queixaua ,.
Quando dafantaſia
Correfuauebrando
E a mortese despreza
De me mattar,deixandome à trueza
De fazerfeu officio,,
Nemfalte o foffrimento,,
Porqueparefce vicio,,
Para tão doce malfaltarme nada,,
De teugefto celeste
Fora do natural?
Abrolhos meparecemfuasflores,
Por ti do manjogado
Como de mí, não curo,
Osjogos dospaites,
As lutas entre a ramaŋ
L 3 Nada
18 Obras deLuds de Camões,
De docesfe tornarão
Comfeupurolicor fe misturarão ,,
E de arte te diffeffe
La a esmaltada Aurora
Defcanfafrauta agora,
O gefto dilicado,
ouuirfe me conſente.
Que meu mal nem ouuirſe
Agrariopaftor..
Então
Obras de Luis de Camões. 85
Sualindafigura delicada,
1
Mas Ecco namorada defeu gesto
'
ô immatura morte, que a ninguem
Por
Porque este befeu partido, & fua vſança,
Almeno fonhando ..
Quer
Obras de Luis de Camões,
Agrario.
Com
Obres de Luis de Camões
Perigos,lingoas más,murmurações,
Čiumes,arroidos,competencias,
Μ Nesta
Obras de Luis de Camões,
Agrario..
Agrario..
faitodo ofifo.
Omenos queperdi ,
E
]]
Obras de Luis de Camões,
Agrario
M 3 De
Obras de Lais de Camões,
Porque
Obras de Luis de Camões, 02
Agrario, fe do geſtofugitiuo
F
Agrario..
Por
Obras de Luis de Camões:
Tu neffafantaſiafalfa tua
Outra
Obras de Luis de Camões.
ECGLOGA III.
nuando co a paffada.
Co monte emafpereza,
:
Coprado emgentileza,
Por quem o triste Almeno endoudecia,
la ofol confentia
E acordadoja dopensamento
A quemdefora engana
Aconfiança humana,
Comettimentofazdefefperado ,
Porque em tamankaspenas
Belifa.
Obras de Luis de Camões.
Belifa pastora.
'
Asfombras caem, & vaõſe as alimarias
Das eruas variasfartas ,feu caminho,.
Almeno
Pare-
Obras de Luis de Camões.
Se podereifallarlhe de maisperto?
Huafeverdadeira,bum amorfino ?
Belifa.
Almeno.
Belifa
/ceja gentilpaftora)
Como te efque
Quefolganas de ler nosfreyxos verdes
Belifa.
Tuanunca entendidagentileza,
Eteus membros aßife trasformarão,
Mi
Obras deLuis de Camões.
Alegrespor aqui,masfaudofas,
Que pareçao que vem dos olhos viuas
Semorripor amorespreguntando ,
Refponderão os Eccos, Por amores.
Amenofuipaftor de manfogado,
Em quanto confintio minha ventura
Egloga
f
.
ل
Obras de Luis de Camões,
100
FE MERC. DESC
Taal 2:56 36
EGLOGA IIII.
A hũa dama .
Co a maispiquenaparte
Senbora, que me deis da ajuda voßa,
Podeis
fazer qu'cu poſſa.
Efcreuer aofolrefplandeſcente,
La agora meparefce:
Ia
Obras de Luis de Camõesì
Lamentandofeu danno,
E sò as que podião
Frondofo.
#
Iftobe o que aquella verdadeira
Maspoisja medeixafte
Lagora 1
1
Obras de Luis de Camõèi
Sentiraomen's
fufpiros mimbas quejxas,
Tu so(cruel)me deixas
Enfin
Obras de Luisde Camões
Vejofaltarme a tuafermosura ,
Ebüafe uerdadeira
Mas tu quede razaō nunca curaſte
Porque era dar me a vida, ma tirafte.
Frondofo.
Aquem ( Belifa ingrata ) te entregaste?
Nao he de mayorforte
Poremfe minhaforte
feja caufada,
Confente quepor ti
Frondofo
A quem(cruel)faifte deshumana ?
No ceoformadafoi tuafermofura,
Eftatua dureza
Porque
Obras de Luis de Camões.
Doriano.
E tu que dediuina
14
Naotes menos que Venus & cupido,
Porquefequer co ouuido
Frondofo.
Aminao me faltaua o que fe preza
E em peito celeste
Hum tal contrario pode apofentarfe,
Tamanhafè,taomal agradecida,
Doriano
As
feftas dos paftores,
Frondofo
Obras de Luis de Camões.
Frondofo .
A mi não me fizeste
O teufeminilpeito delicado,
Tal auorrefcimento
Frondofo.
E agoraapartada
Tevee deficomtal apartamento,
Qualferafen tormant o?
Que
Abras deLuis de Camões
.
Agora naofamente
Frandofo.
Juntamente viner compridos annos,
Confenterpois agora .
N'hum coraçãofogeito,
Frondoso.
Doriano.
Porquefe a natureza
Qualfera a pedradura:
Quanto maisfracagente
Frondofo .
E poisfeverdadeira, amorperfeito
Tormento defigual, & vida triſte,,
A amoftraresfequer contentamento ›
Deveres meu tormento,
Mas
Obras de Luis de Camões. 107
E a outrem te entregaſte,
Nenhum apartamento
Poderâaufentarte
Defta alma trifte,que continuamente
Emfite temprefente,
Frondofo.
A noite efcura,trifte, tenebrofa ,
་
Fezpor a eftespastoresfim do canto,
Que ao longo daribeira deleitofa,
Senbora alcançarpoffo,
Egloga
Obras de Luis de Camors, TO
EGLOGA V.
fe entregao valerofas,
Que em voffas mais
Detua taoperfeitafermafura,
!
Vem como quando o rayo eminente
Afera
Obras de Luis de Camões.
Tambemfabefentirfuapaixao,
E bempoucofizerasfeme viras,
la que eu sopor te verfufpiro tanto,
Neffe
Obras de Luis de Camõer 114
As circunftantesfeluasfe abaixárão,
Egloga
i
Obras de Luis de Camões,
ICK*H象
*
EGLOGA VI ,
AO DVOVE. DAVEIRO.
Alicusopescador, Agrariopaftor.
Cujafrondente comaja.cubrio
Ecujofaomadeirojafato
2 26 Hi
Obras de Luis deCamors, Εισ
Horafalla,boramudofe entristefce.
Perdidapellobruto companheiro..
,
Quepouco &poucofora o mar canandaj
Aicutofechama, queperdido
Erapellafermofa Lenoria
Aleuantando roftofoffegado,
Querazãohapaftorporque te fayas
Pera onoffo efcamo vil terreno,
Aa tuaperigofaLemnoria.
Ao vencedor ospremiosfemelhantes.
Agrario.
PrvoSUTE Voi
Obras de Luis de Camõès.
119
Vos femicapros Deofes do alto monte,
Alicataj
Obras de Luisde Camões
Os implumes penhoresjafurtei
Aa doce philomena, & dos mortinhos
Agras
Obras deLuis deCamões, 120
Egloga
*....
„Obras deLuis de Camões..
GA
EGLO VII:
De louuarvoffa ftirpe,
efcurefce
0 que em voff louuor meu canto afpira
O o
Q 2
2 0
Obras de Luis de Camões..
"
Do nao vistolugar que perto estaua
10
Topâ ão dospès aluos & mimoſoe
As quaisforaõfeguido prefurofos.
Mas encontrando as Nymphas, que defpidas
Primeiro Satyro..
Ab Nymphasfugitiuas,.
Da bibora efcondida,,
Olhay que toda a Nympha naherua verde: I
Olbayque em geftolindo,
Coufas
Obras de Luísde Camões 120
Confasgrandes eftraubas
Os Crocodillosferes, de pintara
O mundo temfogeito
Tendes de naturezajuntamente
Os corações estão
Porvoffagentilezatanfermosa,
Chesdeweisamorofa.condição.
Paraaumentarascousas quecriou,
De amor eftàfogeito
Tudoquantopoffue a redondeza,
Acaufaprincipal.omundo amado,
Dondeopayfamulento foideitado,
Comomundo reforma,
Não
Obras de Lais de Camões, :
728
Cupido, maltrattou ?
Aquelle amorfuaue,
1
Mais quifera dizer
St
Obras de Luis de Camões.
Masfoilbo defender
Satyro fegundo.
Se....
Obras de Luis de Camões, 13D
Olhaicomo na Arcadiafoterrando
Os penedos tambemforaoperdidos,
Olbay os dous conformes amadores,
Defuafermofuraprocedidos,
Como emfeutempoforaonamoradas,
Que inda agora o troncofente as dores .
Vereis tambem ,
fefordes alembradas,
R
Obras de Luis de Camões.
Emramosfelleforao transformando,
Emrayzesospèsfevaõtorcendo ,´
A defufadaforma,fepartio,
Osfeus que o não conhecem, o vão chamando
R4 Aqui
SST Obras de Luis de Camões.
Agal o trifleSatiroacabou, --
A cleftepastorapellacio
5.9
Obres de Luisde Cambero
EGLOGA VIL
WA
PESCATORIA
Serenopefcador pobre,forçado
"
Ao romper d'alica anda ametoa čega,.
Eftres
221 Obras de Luis de Camões.
CHE
QVINTA PARTE,
os montesfazieis vir
fentepor pouquidade.
aquellesgostospaffados......
Más em trillezas enojos
nemferiaconfa idonia,
em Babylonia fogeito,
aperpetuo z
/quecimentos que com a efcrita doutrina
..
E.as que cà me catiuâraŭ…… daparticular belleza,
SP
Obras deLuis de Camões
✔ cà defta atileuado,
Derrubayos ,
fiquem sos, cuja alma de vicios nua,.
neftaminha fortaleza
napadra dofurorfautor
que
Obrasde Luis de Camõer. 139
paffarlogo o entendimento
Alliacharà alegria
Querendo efcreuer humdiag
mautimento ao viuer,
efcrempois que te prezas
perdewafloresdediques
Epofte que tão remota
ObrandeLuisde Camões; 140
¡ Querendo amor.fuftentarfer
Quem da doença Real
fezbúa vontade efquisa
de longe enfermofe fente
d'hua estatuanamorarfe
,
porfegreda natural, 24466
y defpoispormanifeſtarfe
ficaLao vendo somente conuertsoa em valber ninadi
a
bum volatil animal.
anada quefeaprefente..
antrenos,
Mas nem com ifto creais
quem poderá mais que vos,
façais
que
meas
ľ
es.
& 41 Obras deLuis de Camõ
Nadaefpero,
telacypor defculpada.
Soporestafantefia
merefcia Oravedequeperigos
quenuncamalfofpeitei,
Ia determinei mudarme
Porque fe efta so verdade
paraoutraparte comira
me confeffa limpa & nua,.
defpois vim aconcertarme
de cautella & falfidade,
naopòde a minha vontade que era bom certificarme
que
Obras deLuis de Camões,ND
fofpeita.
por
Obras deLuis de Camões.
EAS
"
por eftas artes manhofas, Seporvos que aẞimatais *N
394
PEçouos que medigais
fanpellosque matafter,
fe leuantais as mãos and sini,
Obras de Luis de Camões. 145
mandou a húa
poisja nãopodefer noua,
dama.
que a cea cftà muifegura
Ceanão a papareis
&papeispor iguaria...
Pefar
Obras de Luisde Camões, 146
foipofta a Francifco de
Senhor não vos agafteis, Mello, & dezia,
a hũ da na na India , q fe glofaffe.
banque atras..
Tanto mayores tormentos
não digo que não venhais, Ter n'hus olhos tao fermofor
Shora.
*fica mais que desejar, que poder acertar com este mote de
glofas miales.
.....
T 3 Mote
TA Obras de Luis de Camões.
poemavida emperigo
Redondilhas mandadas
axali quefora aßi..
ao Viforei , com o
Voltas proprias..
morcatras.
Viuer cufendo mortal
de cadadosredeado, Conde, cujo illuftre peito
Seruirdesvos de occuparme,
culados comque nafci» .
como coraçaotamanho
paraquefempre
fejais,
Campos bemanenturados….
Glofa propria
Quem voffas cruczas jas
foffreo, a tudofepos ,.
Nunca oprazerfe conbefce:
costumado ficarà,
Jenão depois da tormenta;
& muito millorfera
tampouco o bempermanefce,
fe traballar para vos:
quefe adefcanfo florefce Tristezas el quecerian,
logoo trabalhoarrebenta.
posto que mal me tratârao ,
Sempre os besfe lograrião, annos naome lembrarião,,
mas os males tudo atalhão,
que como eftoutros paßarao
Je
Obras deLais de Camões.
fe algňa bora vos lembraffe. aßi que vos & mais ex,
mefiquemporgalardaõ.
Se voffos merefcimentos
de tao alta estima são, Por iffo contentamentos
inda meficaōreceos.
10
da que menos fe.concede. olhay com quem, & fem que.
Glofa
זין Obras deLuis de Camões.
Vendo amor que com vos ver porque n'alma vos leuaffe,
maisleuemente
foffria refpeitando o mal de aufencia.
-Evendome ir maltratado,
não mepòde iftofoffrer.
eu meu cudado sos
Conjuroufe com meufado,
com talmal, fem tal bem, fem a alma que em fivos tem
Glofa
Obras de Luis de Camões
.
ISE
:
guiado de minha estrella,,
Todo o trabalhado bem quando ouuerdos dò de mi
fazosbomes immortais,
de quefefaz fenbor
comofenhorſoberano,,
&poismeſoffre tenggo
• refifto,
de mis malles foy contento, y no lo confiento,
Jatisfizo a mi
paßion.
em micofangue nopeito.
Trouas a hua dama que
mores. podeferforeismaisfua.
prorem eu
Da doença , em que ardeis,
} įtamira nãofer meu --
eufora voffa mezinba
fe vosnãoforeis tãofua..
foo com vosfer des a minha.
quepodereisfer curada
degraçae o coração,
Lomente comme curar
nãono quifestes de cruaj
Le que
Obras deLuis de Camõesor
F54
fe quereis damatrocar então vendo a differença, i
paragloria da doença.
Olbay que não quer amor,
doceparafepafsar
1 2 Elan
Obras de Luis de Camões.
claro eftâ
que a parteja vos perdoa.
que em vos so me achard,
pefaruosde vosferuir..
coma todumundove
namfereisporcore
/ma tamſcm rezão tão mao nome,
inda odiabo vos tome.
autranezdefiprinadas
paramaisfe engrandefcer
Confefio fenborafer
maso diabo nam quer Mote alheo.
ferapcraque vostome.
Voltas propias
Je como meconfentio
eufenhora namintgabo,
maspois que me dais tal nome falar omiasme confenta,
Labarinto do autorquci
quanto quifefleisfazen
feeffevoffopormeter
Correfem vella, & fem limes
folle permeter bun dia, otempo defordenado
todo então me desfaria. dhum grandevento leuade
Moçafermofa defprefa
a tudofe offreceria,
paffapella neuefria
Mote feu. mais alua que apropria newe
de ninguem fejafentida,
e defejado tramento
Volta
Minha dor,& a caufa della
de ninguem a oufofiar
porfentença da ventura,
Voltas propias.
quepois me teue apindura
os olhospus no chão
porquenella viuo.
quee
Obras de Luis de Camics.
Viterra florida
bem pareffe eftranha
mas barbora nao. de lindos abrolhos,
lindespara os olhos
me fiz laurador,
proprias
I
Obras de Luisde Camões,
[164
doces me parecem.
Propias Correy doces agoas
de mim a verdade..
Outra alheo
Por elles me atreuo
alcanfar as agoas
Minina dos olhos verdes
que mostrem as magoas
porque me naovedes?
que nesta alma leuo..
Propias
As agoas que em va☎o
mefazem chorar
Elles verdesfas
fe ellasfao do mar
& tempor vfançai
eftas do marfao.
na cor esperança.
Por ellas releuo
nas obras naõ
todas minhas magoas
α
volla condiçao
quefeforça d'agoas naobe dolhos verdess
meleuzõ, eu as leuo.
porque menaovedes
Todas me entristecem,,
Infenções a molhos
todasfaofalgadas,
que elles dizem terder
porem as choradas.
naofaō d'olhos verdes :.
nema
1
Obras de Luis de Camões.
porque
poffa vellos, vejais o que vejo,
I
ObrasdeLis de Camões. 161
fenboreonfe de mim,
Cantiga velha
agora que o conheci
falfos amores
fizerão
Obras de Luisde Camões, 167
erganaifme:
¿ vos ataifme.
Se de meu mal me contento,
Otro alheo
Para que me dan tormenta
Voltas propias
Voltas propias
Dotou em vos natureza
.
porquefon a ca en elfuelo,
Otro mote alhco.
dos tan hermofas eftrellas.
Madrefi mefucre
Tratais amor de manera do quiera que vò
boyporque no muera
Saudade minha
que fies marinero
Es tirana ley,
Voltapropia.
del niñofenbor
quandovos vería?
X4 feefts
Obras de Luis de Camões.
Minhafaudade:
que viuafenbora
fuera remediofufrible
enfim la vospicaram,
eucapicarey no dente.· mas ya que no puedefer
Volta.
Motefcu!
Isto nam por mepefar
Pois he mais voffo que men
de morrerfevos quiferes
Lenhora meu coração
que milhor mebe a cabar
euvosso captiuofam
mil vezes quefoportar ·
meus olhos lembreuos eut
os males que mefizerdes,
masfooporferdesfiruida ·
Volta
de mi em quanto viuer,
Dospelo quemiuba vida
Lembremos minha trifleza .
não queirais que diſtruyda .
queja mais nunca me deixa
poffafer.
lembreuos com quanta queixa
Outrofeu ahua dama
tw ...
Obras de Luis de Camões.
que hum por bu mefaz morrer quem crerâ ,fellas não crem,
Voltas.
Hüadiz que me quer bem,
Efe
¿,
foopelta namconftranger,
Ahua dama que lhe ju
ajurarfalso por elles.
raua fempre pellos
feus olhos . Mote.
Voltas proprias.
tapello beirame
Atodos encanta
tão ireļosperami.
Não fey de que vem :
Voltas proprias.
andares viftido
Bayxus oneftos andais “
que o mesmo Cupido ...
por vos negardès aquem
viftido nás tem e
não quer mais que aquell be
Sabesde que vem is
que vos no chão espalha ,
amores beirame
• Se pouco vos mereci
vem defer Ioane.
não me eftinais mais q o chao,
Mote alico.
a quem vos ygalardaő
de noite chora.
o bem queperdeftes!
Quem viue contente
Quem malesfintio
Y 2
O campo
Obras de Luis de Camões..
nada permanece
o mal quepadeço
LAVS DEO.
TABOAD A.
SONETOS.
Fol.4
A Alma minhagentil que te partiſte
7
Està o lafciuo & doce paffarinho ,
20
Eu me aparto de vos Nymphas do Tejo,
r 3
TAVOA DA.
LembrançasJaudofasfe cudaes. 14
£2.
• Cifne quandofentefer cheguada..
2
Pois meus ollos não canfaõ de chorar.
13.
Quantas vefes dofufose esquecia.
Quando vejo que meu deftino ordena . 15.
6.
Se quando vos perdi minba efperança,
na coufa amada.
Trasformafe o amador us 2.
སསྶ
སསྒཻ
ཧ
Tomoume voffs vistafoberana.
Canções .
AA
" instabilidade dafortuna. 23.
27
V Vão asferenas agoas!
Sextina.
Odes .
F Fermofafera humana , 48
45!
S Se demeu penfamento .
Elegias.
Capitulo .
Oitaua Rima .
Eglogas..
A Aolongo dofereno .. fol. 81..
A quem darei queixumes namorados: fol. 108..
A ruftica contenda defufadas . fol. 115..
As doçes cantilenas que cantauão .. fol. 121..
Correfemvela,
But at & fem leme.. 156.
Com
TAKOAD AS
fol. 153.
Meninafermofa crua.
Menina dos olhos verdes. fol. 160 .