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Índice

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CAPÍTULO I 4

1. INTRODUÇÃO 4

1.1. PROBLEMATIZAÇÃO 5

1.2.OBJECTIVOS DA PESQUISA 6

1.3. PERGUNTAS DE PESQUISA 6

1.4. JUSTIFICATIVA 7

CAPÍTULO II9

2. REVISÃO DA LITERATURA 9

2.1. PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA 9

2.1.1. CONCEITO DE PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA 9

2.2.1. TIPOS/NÍVEIS DE PARTICIPAÇÃO 11

2.2. FECALISMO A CÉU ABERTO 12

2.3. ESTADO NUTRICIONAL 16

CAPÍTULO III 20

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 20

6. Referências bibliográficas 26
CAPÍTULO I
1. Introdução
Nas últimas décadas, o discurso sobre saúde deu ênfase às noções de educação, promoção e
participação, num objectivo expresso de aproximar da vida quotidiana das pessoas à
instituição social de saúde, com vista a melhorar o nível de saúde das comunidades.
Subjacente a este discurso está o reconhecimento da necessidade de provocar mudanças num
sistema dominado pelos cuidados clínicos e curativos, com exigências tecnológicas crescentes
e envolvendo importantes investimentos humanos, isto é, a Participação Comunitária, sem
contrapartidas proporcionais nas melhorias ao nível da própria saúde e da satisfação dos
utentes.

Nesta ordem de ideias, o presente projecto científico com tema “Práticas de Fecalismo a Céu
aberto na cidade de Quelimane: caso do bairro de Icidua”, tem como objectivo geral analisar o
contributo da Participação Comunitária na eliminação da práticas de Fecalismo a Céu aberto,
uma vez que as províncias de Zambézia e Nampula, segundo estudos feitos pela FANTA nos
períodos de 2012 a 2018, apresentam uma amostra de 50% das crianças com menos de 5 anos
que sofrem de desnutrição e, por sua vez, a presença das abordagens participativas,
especificamente a Participação Comunitária, tem sido de grande importância no estado
nutricional da população, na medida que se assumem como sendo um dos indicadores de
saúde a nível da comunidade, buscando medidas de consciencialização da população em
relação a higiene sanitária (a não prática do Fecalismo a Céu aberto), bem como alimentar.

Assim, para a materialização do trabalho, usar-se-á diversos procedimentos metodológicos,


que justificarão, com maior destaque, os dados colhidos. Deste modo, a pesquisa quanto a
abordagem será mista, com maior enfoque qualitativa e de natureza dedutiva e bibliográfica,
onde se usará também a entrevista com base no questionário bem como a análise documental.

Portanto, o trabalho está estruturado em três capítulos: o primeiro capítulo é inerente à


introdução, onde compreende a problematização, perguntas de pesquisa, objectivos,
justificativa e a delimitação da pesquisa. O segundo capítulo, diz respeito à fundamentação
teórica, onde aparecem ideias de diferentes autores referentes ao tema em estudo. Já no
terceiro capítulo, são apresentados os procedimentos metodológicos, os elementos que vão
garantir a recolha das informações da pesquisa, isto é, a apresentação, análise e interpretação
dos dados.
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1.1. Problematização

O estado de nutrição assume-se como sendo um dos melhores indicadores de saúde, tanto a
nível individual como da comunidade, com destaque para a criança, uma vez que o seu
crescimento e desenvolvimento estão dependentes de uma adequada alimentação e nutrição.
Em casos graves, o mau estado de nutrição, ou seja, desnutrição, acomete todos os órgãos da
criança, tornando-se crónica e levando a óbito, caso não seja tratada adequadamente.

Olhando para a situação de Moçambique, o perfil da saúde da população e a transição


epidemiológica vêm promovendo profundas alterações no padrão de morbimortalidade e no
estado nutricional em todas as faixas etárias, em todo o espaço geográfico, nas áreas urbana e
rural das grandes e pequenas cidades.

Não obstante, na Província da Zambézia, concretamente na cidade de Quelimane, bairro


Icidua, convivesse as enfermidades típicas de países subdesenvolvidos, cuja causa é a fome e
a desnutrição, resultado de uma associação de má alimentação e nutrição, bem como de um
inadequado estilo de vida, como no caso do défice higiene sanitária vulgo Fecalismo a Céu
aberto, sendo por estes motivos que se justifica a inserção da Participação Comunitária na
equipe de atenção básica de saúde da família, visto que , em relação aos diversos factores que
contribuem na determinação das condições alimentares e nutricionais nas comunidades, estes
têm influência reduzida no tocante à definição das acções de saúde, fazendo com que não se
concretizem na saúde, por exemplo, acções de promoção envolvendo a questão da
alimentação saudável, da higiene sanitária, da actividade física, entre outras.

Diante disto, para que essa prática se concretize, faz-se necessária a presença da Participação
Comunitária com visão sistémica e integral do indivíduo, família e comunidade, capaz de
actuar com criatividade e senso crítico, mediante uma prática humanizada, competente e
resolutiva, que envolve acções de promoção, de protecção específica, assistencial e de
reabilitação.

Assim, a Participação Comunitária sendo profissionais capacitados para planear, organizar,


desenvolver e avaliar acções que respondam às reais necessidades da comunidade, articulando
os diversos sectores envolvidos na promoção da saúde, deverão realizar uma permanente

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interacção com a comunidade, no sentido de mobilizá-la, estimular sua participação e
envolvê-la nas actividades nutricionais, de forma dinâmica e com avaliação permanente.

Portanto, aliados a estas questões, pretende-se saber:

 De que modo a Participação Comunitária pode contribuir na eliminação da prática


de Fecalismo a Céu aberto na cidade de Quelimane, bairro Icidua?

1.2.Objectivos da pesquisa

1.2.1. Objectivo Geral


 Compreender de que forma a participação comunitária influenciara no combate da
prática de fecalismo a céu aberto no bairro Icidua, cidade de Quelimane.

1.2.2. Objectivos específicos


 Identificar as medidas adoptadas pela comunidade de Icidua que vissem a minimizar a
prática de fecalismo a céu aberto;
 Descrever a contributo da Participação Comunitária no combate a prática de fecalismo
a céu aberto, no bairro Icidua;
 Propor medidas que visem a minimizar a prática de Fecalismo a Céu aberto no bairro
Icidua.

1.3. Perguntas de Pesquisa

Olhando para a natureza da pesquisa e do problema em estudo, levantam-se as seguintes


perguntas:

 Que medidas são adoptadas pela comunidade de Icidua na eliminação da prática de


Fecalismo a Céu aberto?
 Qual é o contributo da Participação Comunitária na eliminação da prática de
Fecalismo a Céu aberto, no bairro Icidua?
 Que medidas a propor na eliminação da prática de Fecalismo a Céu aberto, de modo a
melhorar o estado Nutricional no bairro de Icidua?

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1.4. JUSTIFICATIVA

A escolha deste tema justifica-se por um lado, pela crença de que participação comunitária
poderá contribuir em muito na promoção do saneamento, ou seja, na diminuição da prática de
fecalismo a céu aberto no bairro de Icidua e consequentemente a promoção da saúde das
pessoas residente neste bairro. Por outro lado, pelas constantes observações de situações
causadas por esta prática, como são os casos da poluição visual e do ar, proliferação de
vectores causadores de doenças, como por exemplo as moscas, entre outras causas que
atentam contra a saúde dos moradores. Referir que a realização do trabalho em questão possui
as seguintes relevância:

Relevância individual

Como a proponente teve contacto directo com o bairro Icidua, possui interesse pessoal em
apresentar as melhores propostas na eliminação da prática do Fecalismo a Céu Aberto
(FeCA), com vista a fortalecer o estado nutricional da região, uma vez que se tem verificado
projectos da saúde de natureza privada bem como governamentais, tentando aplicar um
método de estado nutricional, muitas vezes de forma inadequada com relação a sua utilização,
na medida que não é avaliada, com relevância, o impacto da presença da Participação
Comunitária.

Diante dessa afirmação, verifica-se a necessidade de Participação Comunitária, pois que é


onde é gerado informações diárias de como está o estado nutricional das crianças, garantindo
desta forma a sua sobrevivência. Assim, a utilização da Participação Comunitária na
eliminação da prática de Fecalismo a Céu Aberto (FeCA) evita a malnutrição.

Relevância científica

Portanto, sob ponto de vista académico, a pesquisa é de extrema importância, na medida que
permitirá aplicar conhecimentos adquiridos durante o convívio académico bem como se
espera que incentive a massa académica na realização de estudos relacionados com a temática
devido a sua relevância e pertinência.

Relevância social

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CAPÍTULO II

2. REVISÃO DA LITERATURA

Conforme foi mencionado na parte introdutória deste trabalho, o capítulo em destaque diz
respeito à Revisão da Literatura. Assim, é neste capítulo onde são discutidos os principais
teóricos de diferentes autores inerentes ao tema.

2.1. Participação Comunitária

A Participação Comunitária, como centro do poder local, está cada vez mais preparada e
empenhada na melhoria da saúde da população e tem competências para tal. Nesse sentido,
aParticipação Comunitáriadeve ser detentora da chave para intervir em alguns factores
socioeconómicos e ambientais, condicionantes do estado nutricional da população.

2.1.1. Conceito de Participação Comunitária

O processo de participação desenvolve-se com base no confronto de interesses presentes, com


objectivos de se alargar na sociedade. Assim, o desenvolvimento social do ser humano exige a
participação deste nas definições e na tomada de decisão da vida social que o afecta.A real
participação popular está subjacente a uma participação efectiva para os que realmente
exercem a sua cidadania. Estes ao exercerem a sua cidadania intervêm no planeamento, nas
decisões e no controlo das políticas públicas.

De acordo com Santos (2005), “Hoje aParticipação Comunitáriatem um papel importante na


gestão da comunidade. Esta gestão não tem a ver apenas com a administração. Num conceito
muito mais alargado de gestão, aParticipação Comunitária é, por excelência, um órgão de
acesso directo à sociedade e por isso a chave no trabalho comunitário” (p. 69).

Conscientes dessa realidade, aParticipação Comunitáriatem competências definidas por lei


para melhorar afincadamente a qualidade de vida da comunidade, sendo esse o grande
objectivo de qualquer governante local.

Como diz Boog (2008):

AParticipação Comunitária tem vindo já há algum tempo a trabalhar na


comunidade para a modulação dos factores ambientais condicionantes
da alimentação.A descentralização de competências tem atribuído à
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Participação Comunitária cada vez mais responsabilidades e este
acompanha essas exigências, tendo um papel cada vez mais importante,
assegurando a promoção da saúde, a prevenção da doença e o bem-
estar da população na comunidade. (p. 45)

A Participação Comunitáriatem cada vez mais um papel importante na promoção do bom


estado de saúde da população. De facto, aParticipação Comunitária como órgão local de uma
comunidade tem todas as mais-valias para ela mesma ser a chave para a qualidade de vida
desse espaço.

No que diz respeito a uma política de Nutrição e Alimentação, Ferreira & Magalhães (2007),
afirmam que “o papel daParticipação Comunitária passa por enfatizar uma nutrição adequada
e actividade física, estabelecendo-as como uma prioridade para a qualidade de vida e apoiar a
educação alimentar, o envolvimento com parceiros, a comunicação, promovendo hábitos
alimentares saudáveis”. (p. 32)

Criar um ambiente propício para a saúde e responder às necessidades das comunidades,


zelando pela sua saúde e bem-estar. Na comunidade, aParticipação Comunitáriatem um
espectro de actuação que envolve muitas das suas competências e um campo de actuação
absolutamente privilegiado pela proximidade das populações. Aqui possui um conjunto
diversificado de meios e formatos de comunicação aos seu dispor que lhe permite uma
posição única para fazer educação para a saúde bem como comunicar com qualidade sobre
alimentação e nutrição, atingindo diversos estratos sociais e económicos da população,
tentando influenciar consumos alimentares e melhorar a saúde e o bem-estar das
comunidades.

Assim, a Participação Comunitária pode ser um aliado importante da diferenciação regional,


na medida que vai reforçando as potencialidades já existentes, como a identidade alimentar
regional e estimular na promoção da saúde da região. Visto que a Participação Comunitária,
depois de conhecer a sua população e a realidade da comunidade, é capaz de intervir nas
micro realidades aí existentes, potencialidade que lhe fornece uma sensibilidade que qualquer
outro profissional inserido provavelmente não teria.

Portanto, a Participação Comunitária, sendo promotor de saúde pública da comunidade, actua


como gestor de vários projectos, comunicando e dando projecção a actividades efectuadas e
eventos desenvolvidos na área da saúde entre outras, que resultam no esforço da saúde das

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populações e no reforço da imagem da comunidade que ficará mais forte, será vista como
proactiva e reconhecida como envolvida nas questões de saúde pública actuais.

2.2.1. Tipos/níveis de Participação

O acto de participação é visto em várias dimensões e visa contribuir para um determinado fim
a que os indivíduos se propõem atingir. Ao longo deste ponto vai-se desenvolver os tipos de
participação segundo os autores (Formosinho et al, 2011; Chichava, 1999; & Lima, 2001).

Lima, (1992, cit. em Formosinho et al, 2011) ao descrever a participação, afirma que este
pode ser vista obedecendo três formas:
 Participação formal– que está subjacente a forma de organização funcional de uma
organização concebido no seu sistema de comunicação seja ela interna ou externa.
Neste tipo de participação é estabelecido um conjunto de regras com estrutura que
regulam o processo de participação.
 Participação mista – estabelecida pela organização em função do que está pré-
definido no regulamento de funcionamento e das relações entre os indivíduos que nela
se juntam.
 Participação informal – estabelecida por consensos entre os indivíduos dentro da
organização, tomando em conta as relações informais vinculadas entre estes dentro da
organização. Neste processo de participação não tem uma base escrita sobre os
procedimentos e nem uma estrutura orientadora. Nesta participação está assente os
valores que o grupo aceita em seguir.

Formosinho et al (2011), acrescenta que para perceber melhor a participação dos indivíduos
nas suas diferenciadas formas há necessidade de perceber o processo de envolvimento destes
participantes. Deste modo os actores apresentam três formas de envolvimento:
 Participação activa–onde os indivíduos têm a capacidade de auto-mobilização, estes
analisam, sugerem, tomam uma posição, contribuem e reagem positivamente ou
negativamente aos assuntos em debate.
 Participação passiva– estão em posição de estar fisicamente presentes, mas não
aderem e também não contrariam as decisões a serem tomadas e por outro lado não
estão estrategicamente formulando acções para mudar a sua posição perante a decisão.

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 Participação alienante– uma posição de submissão, onde o que for decidido se segue
porque aqui os indivíduos não participam, mas vão seguindo o que for definido

Por outro lado, Chichava (1999) distingue a participação em sete formas que contribui na
organização e execução do processo de desenvolvimento, nomeadamente:
 Participação passiva– esta acontece depois de tudo ser consumado, comunica-se as
actividades a serem desenvolvidas pelas estruturas locais e sem uma prévia consulta as
comunidades abrangidas.
 Participação em informação–os indivíduos são apenas informantes das questões que
os investigadores pretendem obter, os indivíduos não são chamados a influenciar no
processo.
 Participação pela consulta–está subjacente a recolha de informação na comunidade
por um agente exterior que analisa a informação recolhida e decide o seguimento. Este
processo não envolve a comunidade, apenas esta recebe as decisões tomadas.
 Participação por impulso–nesta participação é motivada por um aspecto, exemplo de
chonga Maputo, e quando este incentivo termina, as comunidades não participam.
 Participação funcional–as comunidades organizam-se em grupos para adquirir a um
programa implementado por agentes externos.
 Participação interactiva– as comunidades interagem com as autoridades
governamentais, participam na elaboração do plano, nas capacitações, na
implementação dos planos, formação das instituições locais e no seu fortalecimento.
 Auto-mobilização–as comunidades são dinâmicas, elas se organizam voluntariamente
para realizar mudanças no seu modovivendi. Estas vão a busca de recursos externos
que possam ajudar no melhoramento do seu desempenho e assegurar o seu
fortalecimento.
Nesta forma de participação todos os interessados num determinado projecto, participam
desde o desenho, implementação, monitoria e avaliação. Todos os interessados fazem parte do
processo e asseguram a sua efectividade.

2.2. Fecalismo a Céu Aberto

De acordo com o Inquérito sobre o Orçamento Familiar publicada pelo Instituto Nacional de
Estatística (INE 2016), cerca de quarenta e dois por cento (42%) da população urbana de

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Moçambique (3,4 milhões de pessoas) não tem acesso a infra-estruturas básicas de
saneamento e, cerca de dois terços do crescimento populacional de Moçambique está previsto
nas áreas urbanas, o acesso a melhores infra-estruturas de saneamento e serviços de
saneamento nessas áreas continuará sendo um desafio crítico.

A falta de acesso ao saneamento melhorado é geralmente significativa nos aglomerados


populacionais informais e nas áreas periurbanas das 23 cidades moçambicanas com alta
frequência de surtos de cólera e diarreia generalizada e outras doenças transmitidas pela água,
resultando em alta mortalidade infantil.

Segundo Gomes (1995):

Desde a Independência Nacional em 1975, a provisão de


serviços de saneamento em Moçambique constitui um desafio,
quer nas zonas urbanas bem como nas zonas rurais. Em 1976, o
Governo lançou em 1976 a Campanha Nacional de Saneamento
com o lema “Uma família, uma latrina”. Como resultado da
campanha, muitas latrinas foram construídas pelas famílias, nas
zonas rurais e peri-urbanas, tendo a cobertura de saneamento
rural atingido 43%. (p. 32)
Porém, durante a campanha a educação para a mudança de comportamento de higiene e os
aspectos técnicos ligados à construção de latrinas sustentáveis, não foram considerados
preponderantes, o que levou a não sustentabilidade das intervenções. Para reverter o cenário,
o Governo estabeleceu em 1985 o Programa Nacional de Saneamento a Baixo Custo
(PNSBC), que teve como base o subsídio à venda de latrinas melhoradas para as famílias das
zonas peri-urbanas das cidades.

Existe pouca informação sobre o financiamento alocado às actividades de saneamento e


higiene rural, principalmente devido a: Ausência de uma discriminação clara das intervenções
de saneamento integradas em outros sectores; Difícil rastreio do financiamento à construção
das infra-estruturas uma vez que são financiadas pelas famílias. Todavia, em relação as zonas
rurais, decorridas cerca de quatro décadas o saneamento seguro nas áreas rurais cresceu de 3%
em 2002 para 13,2% em 2015.

Entretanto, dados recentes do Censo da População (2017), indicam um crescimento da taxa de


uso de saneamento seguro nas zonas rurais, em 28%. Dados históricos de 2000 a 2015
mostram uma tendência de redução do fecalismo a céu aberto de 68% para 48,5%
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respectivamente, equivalente a cerca de 1,6% por ano. Neste contexto, caso o ritmo actual de
decréscimo não seja alterado, só será possível eliminar o fecalismo a céu aberto em 2043.

Este avanço não é ainda suficiente para o País, pois a falta de um saneamento melhorado custa
aos cofres do Estado, cerca de 4 mil milhões de meticais anualmente – equivalente a 1,2% do
produto interno produto – que se perdem maioritariamente devido às mortes prematuras,
tratamento médico e perdas de produtividade. Devido ao seu carácter transversal, a resolução
dos desafios de saneamento em Moçambique, requer uma abordagem multisectorial com
participação de todas entidades do Estado a todos os níveis, a sociedade civil, o sector privado
e os parceiros de cooperação e desenvolvimento, e que haja espírito de colaboração
interinstitucional para garantir melhores serviços a população moçambicana; daí a visão de
que o saneamento é responsabilidade de todos.

O Governo de Moçambique, estabeleceu no seu Plano Quinquenal (PQG 2014-2019) e nos


Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), metas nacionais que visam expandir o
acesso aos serviços básicos de saneamento e para a eliminação do fecalismo a céu aberto até
2025, bem como para o acesso universal dos serviços básicos de saneamento seguro e higiene
para as famílias, escolas e unidades sanitárias até 2029. Foi nesse contexto, que o Grupo
Multisectorial de Saneamento, desenhou de Estratégia Nacional de Saneamento Rural, o qual
apresenta a visão, os princípios e as acções estratégicas a serem seguidas no processo de
implementação, bem como os papéis e as responsabilidades de cada um dos intervenientes a
vários níveis.

A Estratégia considera preponderante o papel das lideranças locais mas também a


descentralização das actividades, pois constitui uma oportunidade premente para alavancar os
níveis de acesso aos serviços básicos sustentáveis de saneamento e higiene, ao nível local. A
teoria de mudança é um dos elementos fundamentais, que a estratégia considera fulcral, pois
para a implementação do saneamento rural, uma mudança de comportamento ao nível
comunitário, e não apenas individual, que inclua soluções tecnológicas, inclusão de pessoas e
famílias vulneráveis, contribuirá para o alcance a longo prazo e à escala nacional, na melhoria
da saúde pública e reflectindo no impacto da saúde no desenvolvimento económico.

É necessário criar uma nova consciência social que reconhece os impactos negativos na saúde
individual e comunitária da prática de fecalismo a céu aberto, através da promoção de boas

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práticas de higiene e de saneamento á escala, com enfoque na intensidade a todos os níveis e
na qualidade da intervenção. As acções devem ser coordenadas entre sectores, usando
metodologias e abordagens participativas testadas e que resultam no impacto desejado. Os
meios de comunicação de massa devem reforçar as actividades implementadas ao nível
individual, familiar e comunitário, considerando as dinâmicas e barreiras socioculturais
prevalecentes.

Segundo Kamal (2005):

Para garantir a promoção do saneamento do meio zona rural, têm sido


implementadas abordagens participativas baseadas na comunidade. As
técnicas de maior destaque incluem visitas porta a porta, palestras,
PHAST e muito recentemente, o Saneamento Total Liderado pela
Comunidade (SANTOLIC) e marketing de saneamento. As
intervenções nas comunidades são feitas através de técnicos de
medicina preventiva, APEs, Unidades Móveis, professores, Empresas
da Área Social (EAS) e Organizações Não-Governamentais (ONGs).
Esta estratégia visa estabelecer uma plataforma de coordenação e
interacção entre as abordagens, bem como promover a intensificação
das intervenções. (p. 89)

Por outro lado, a estratégia orienta para a mobilização de recursos, quer humanos, financeiros
e materiais a todos os níveis, para assegurar o alcance das metas e resultados preconizados. É
também necessário assegurar a introdução sustentável de mudanças institucionais com vista à
descentralização efectiva dos serviços de saneamento e higiene. No que concerne ao
financiamento do saneamento rural, destaca-se a necessidade de aumentar o nível de
financiamento a pelo menos 0,5% do PIB, alinhado com os compromissos internacionais. O
plano orçamental multissectorial, deve também permitir ter uma visão geral das dotações
orçamentais ao saneamento e promoção da higiene, e avaliar o nível de execução financeira
em cada linha orçamental a todos os níveis, incluindo o descentralizado.

O protocolo das comunidades livre do fecalismo a céu aberto, é um instrumento deveras


importante para alimentar todos os sectores, que lidam com as questões de saneamento, em
particular das áreas rurais. Por outro lado, as lideranças comunitárias, os profissionais de
saúde nas Unidades Sanitárias (técnicos de medicina preventiva, técnicos de saúde materno-
infantil e agentes de medicina) e os Agentes Polivalentes Elementares (APE) serão
responsáveis pela recolha da informação ao nível dos agregados familiares. Ao nível das
escolas a informação será recolhida e agregada pelas respectivas direcções, através dos
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professores responsáveis pela saúde escolar. No processo de monitoria, os APEs irão trabalhar
em estreita colaboração com as lideranças comunitárias, os comités de saúde e os comités de
água e saneamento existentes em cada comunidade, bem como com outros actores relevantes
de extensão rural e escolas.

A nível de cada comunidade a monitoria será feita pelo líder comunitário de maior escalão
existente ou em alguns casos pelos líderes naturais, que irão articular com as organizações
comunitária de base e reportar ao Chefe da Localidade e sucessivamente aos níveis
imediatamente acima. Ao longo da implementação das acções estratégicas dever-se-á avaliar
a possibilidade de premiação das comunidades que alcancem o estatuto LIFECA. Ao nível
central, os ministérios deverão assegurar que os quadros de monitoria incluam indicadores do
saneamento e higiene.

2.3. Estado Nutricional

Actualmente, existe um consenso entre autores estudiosos da desnutrição infantil que sugerem
algumas vertentes determinantes para a desnutrição, destacando-se, entre elas, a adequação do
cuidado, a segurança alimentar, a salubridade do ambiente e acesso aos serviços de saúde.

A desnutrição ou subnutriçãoé como um distúrbio do estado nutricional decorrente da


deficiência nas reservas corporais de calorias, proteínas, vitaminas e/ou minerais. Os motivos
que levam à desnutrição podem ser a deficiência na ingestão e a modificação no metabolismo
(ex.: alteração na digestão, diminuição na absorção, na utilização ou na síntese; desequilíbrio
na excreção).

De acordo com Monteiro (2003), “as causas mais comuns de desnutrição, na infância, são o
desmame precoce, a higienização deficiente na preparação dos alimentos, a falta de vitaminas
e mineiras na dieta e a incidência repetida de infecções, em particular, das doenças diarreicas
e parasitoses intestinais. Aliado a tudo isso, está a pobreza que torna mais frequente a
presença da desnutrição na criança”. (p. 63)

Por sua vez, Nuldelman&Halpern (2011), especificam que, pelo facto da criança depender da
mãe ou responsável para o seu cuidado, a desnutrição tem ligação íntima com o fraco vínculo
mãe-filho, normalmente associado à ocorrência da gestação indesejada, além da
multiparidade, a condição económica da família e a falta de alimento. (p. 48)

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Entende-se com acima citado, que a desnutrição ocorre quando o aporte de alimento é
insuficiente para suprir as necessidades nutricionais. É responsável por mais de 1/3 das mortes
de crianças em todo o mundo. Por outro lado, a falta de conhecimentos necessários para tomar
decisões correctas sobre oconsumo alimentar dos filhos, em adição às infecções
frequentes,particularmente, diarreias e parasitoses, contribuem para as carências específicas
da desnutrição. O insuficiente aporte energético é muitas vezesacompanhado por carências de
nutrientes específicos, como proteínas, ferro ezinco, responsáveis pelo comprometimento do
crescimento na infância.

Dentre os tipos de desnutrição infantil, neste estudo destaca-se a desnutrição energético-


proteica (DEP), que segundo Fernandes (2000):

[…] há factoresdirectamente relacionados à Desnutrição Energético-


proteica, como o consumo alimentar e a saúde do indivíduo, e
factoresdirectamente relacionados, como as condições familiares, sua
situação social e económica e, por último, o nível das políticas sociais.
É a interacção entre a pobreza (condição socioeconómica e familiar),
saúde e alimentação da criança que conduz ao estado nutricional. (p.
76)

Nesta ordem de ideia, conclui-se aqui que a desnutrição energética proteica (DEP) apresenta
um elevado índice de mortalidade. Caracteriza-se por um diagnóstico e um tratamento
complexo, oque se agrava a situação nos países em vias de desenvolvimento, eparticularmente
em Moçambique.

Assim, a desnutrição pode ser classificada como leve, ligeira, moderada, grave ou severa,
independentemente de ser aguda ou crónica. Segundo o programamundial de alimentação
(PMA) de 2013, 35% de crianças com menos 5 anosapresentavam desnutrição crónica, sendo
que os países africanos apresentavam os valores mais elevados.

De um modo geral, a desnutrição afecta todos os grupos etários de umacomunidade. No


entanto, os recém-nascidos e crianças pequenas são osindivíduos mais vulneráveis, assim
como as mulheres grávidas. No que diz respeito ao peso ao nascer verifica-se que, no
continente africano, o número de crianças com baixo peso aumentou entre 1990 e 2000. 25%
de todas as crianças com menos de 5 anos de idade estão abaixo do peso, verificando-seum
aumento da prevalência de desnutrição infantil em toda a ASS, contrariando asua redução
prevista a partir de 2005.
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Muitos outros factores podem contribuir para as elevadas taxas de desnutriçãoinfantil,
principalmente a instabilidade política, fraco crescimento económico, doenças infecciosas
frequentes, falta de educação, fraca qualidade de cuidados primários de saúde, como
descrevem Frota e Barroso (2005):

A desnutrição infantil deve ser vista de forma ampla, o que significa


dizer compreendê-la como um problema circunscrito não apenas ao
contexto familiar da criança, mas também compreendendo e
compartilhando dos sentimentos vividos pela família da criança
desnutrida, principalmente o sofrimento e a dor, além das doenças
oportunistas. Há de se lembrar, ainda, de que a mãe é a pessoa mais
envolvida, neste processo. (p. 29)

Segundos esses autores, normalmente as famílias de crianças desnutridas são numerosas,


coexistindo mais de um caso de desnutrição o que requer estratégias educativas resolutivas
com a participação de profissionais que busquem se aproximar do cenário onde as famílias
residem com vistas ao entendimento dos problemas que enfrentam, em específico, os
relacionados com o processo saúde-doença. Isso implica em um cuidar não centrado apenas
no biológico, cujos resultados deflagram recidivas da desnutrição e aumentam os índices de
mortalidade.

O estado de nutrição assume-se como sendo um dos melhores indicadores de saúde, tanto a
nível individual como da comunidade, com destaque para acriança, uma vez que o seu
crescimento e desenvolvimento estão dependentes de uma adequada alimentação e nutrição.

Conforme Frota e Barroso (2005), o estado nutricional de uma população é determinado por
diversos factores, como a disponibilidade de alimentos em casa, condições ambientais,
socioeconómicas e também pode ser influenciado pelo acesso e pela qualidade da assistência
à saúde, assim como pelas políticas públicas. (p. 67)

Particularmente nas crianças, o estado nutricional é considerado um elemento importante para


avaliar as condições de vida e saúde da população que elas fazem parte, sendo resultante do
consumo alimentar relacionado às necessidades nutricionais. Assim, um consumo de
alimentos que ocorra de maneira inadequada poderá causar danos ao indivíduo, sejam estes
devido à insuficiência, levando à desnutrição, ou por excesso, ocasionando a obesidade.

Por seu turno, Farias & Osório (2005), afirmam que:

17
As influências da – boa ou má – nutrição são determinantes nos
primeiros anos de vida, pois estes correspondem à fase mais decisiva
no processo de crescimento e desenvolvimento infantil. Crianças
menores de cinco anos de idade necessitam de um cuidado especial,
devido às suas características biológicas, uma vez que todos os
processos biológicos podem ser afectados por uma alimentação
inadequada, o que pode influenciar negativamente sua capacidade
produtiva e aspectos biopsicossociais. (p. 53)

Como a nutrição possui fundamental papel em todo o processo de crescimento, torna-se


imprescindível uma alimentação adequada para assegurar que todas suas fazes ocorram
correctamente, assim como proporcione um desenvolvimento equilibrado durante a infância,
uma vez que a deficiência de nutrientes pode comprometer o ganho pondero-estatural de
forma definitiva, e também promova e mantenha a saúde e o bem-estar do indivíduo ao
decorrer da sua vida.

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CAPÍTULO III

3. Procedimentos Metodológicos

Ao longo deste capítulo, apresentam-se as metodologias utilizadas neste trabalho de pesquisa,


com o intuito de conhecer a opinião dos profissionais de saúde que no seu dia-a-dia se
deparam com as dificuldades na promoção da saúde comunitária, especificamente no estado
nutricional. A escolha da metodologia está relacionada com os objectivos definidos para este
estudo, uma vez que todo procedimento metodológico tem como objectivo delinear o caminho
a ser percorrido pelo pesquisador na tentativa de relacionar a teoria com a prática.

Como afirma Gil (2002):

Os procedimentos Metodológicos da pesquisa devem ser entendidos


como conjunto detalhado e sequencial de métodos e técnicas científicas
a serem executados ao longo da pesquisa, de tal modo que se consiga
atingir os objectivos inicialmente propostos. (p. 26)

Nisso, serão seguidos os seguintes caminhos para a concretização da pesquisa:

3.1. Pesquisa quanto a abordagem


Em relação à pesquisa quanto a abordagem, esta é de natureza Mista, ou seja, pesquisa
qualitativa e quantitativa, pelo facto de ser de natureza interpretativa dos fenómenos e a
atribuição de significados, assim como por abordar o objecto de pesquisa preocupando-se em
medir ou quantificar os dados colectados.

De acordo com Malhotra (2001):

A pesquisa qualitativa não procura enumerar e/ou medir os eventos


estudados, nem emprega instrumental estatístico na análise dos dados.
Parte de questões ‘o quê?’, ‘por quê?’ e ‘como?’, que vão se definindo
a medida que o estudo se desenvolve (…). Ao passo que, a pesquisa
quantitativa procura quantificar os dados e aplicar alguma formade
análise estatística. Na maioria das vezes, esse tipo de pesquisa deve
suceder a pesquisa qualitativa, já que esta última ajuda a contextualizar
e a entender o fenómeno. (p. 155)

Desta feita, para este trabalho optou-se em usar este tipo de pesquisa, uma vez que para além
de se preocupar com a ocorrência dos fenómenos, isto é, como a Participação Comunitária
contribui na eliminação da prática do Fecalismo a Céu Aberto, também haverá a necessidade
de se triangular a pesquisa, apoiando-se desta forma, nos valores numéricos e mensuráveis,
19
onde será possível conhecer quantas pessoas na Comunidade de Icidua estão em estado
nutricional comprometido e quantas delas já passaram por um atendimento por parte dos
promotores das saúde comunitária.

Portanto, cabe afirmar que a pesquisa mista será a mais indicada para este estudo, uma vez
que permitirá um estudo exaustivo e profundo, tendo como fonte de análise uma gama de
fenómenos que decorrem no acto de promoção da saúde pública em nível comunitário.

3.2. Pesquisa quanto aos objectivos


Para este estudo, a pesquisa quanto aos objectivos é exploratória, uma vez que permitirá uma
maior familiaridade entre o proponente e o tema em questão, visto que este ainda é pouco
explorado. Não só por esta natureza, como também se optou por este tipo de pesquisa por ser
típica no estudo de caso, fazendo-se valer das referências bibliográficas e das entrevistas com
pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado.

Nesse sentido, não ocorreu o processo de sondagem com vista a aperfeiçoar ideias, descobrir
intuições e, posteriormente, construir hipóteses, uma vez que o problema proposto já
apresenta aspectos que permitem a visualização dos procedimentos a serem adoptados.

3.3. Pesquisa quanto ao Método de Abordagem


Partindo do princípio que um método é uma forma escolhida para se chegar a um determinado
resultado, a presente pesquisa científica será desenvolvida sob os seguintes métodos:

3.3.1. Método Dedutivo


Olhando para a natureza do tema e o tipo de pesquisa (mista), optou-se pelo uso deste método
como forma de se chegar ao conhecimento ou demonstração da verdade, partindo de factos
gerais e comprovados, o que levou à uma conclusão particular, isto é, o bairro de Icidua.

Assim, acredita-se que os problemas que a população enfrenta em relação ao estado


nutricional face ao fecalismo a céu aberto, não sejam apenas vividos no bairo Icidua, mas que
é também um dilema enfrentado pelas outras regiões em nível da cidade de Quelimane.

3.3.2. Método Bibliográfico


Toda a pesquisa necessita de uma bibliografia de consulta, pelo facto de ser um método
desenvolvido com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e
20
artigos científicos, não sendo aconselhável, em muitos casos, que textos retirados da internet
constituam a arcaboiço teórico do trabalho.

Desta feita, usou-se este método para a obtenção de bases teóricas e científicas, que justificam
os factos e fenómenos a serem observados, através de consultas de uma gama de livros
relacionados com a prática de fecalismo a céu aberto e o estado nutricional, concretamente
nas comunidades Moçambicanas.

Portanto, com este procedimento obter-se-á várias informações que constituirão o corpo
teórico da pesquisa, assim como a elaboração de instrumentos e sua aplicação durante a
realização do trabalho de campo.

3.4. Técnicas e Instrumentos de Colecta de Dados


Numa pesquisa para se colher os dados é fundamental definir-se, de princípio, as técnicas bem
como os instrumentos a serem usados para o efeito, uma vez que ambos recursos representam
a maneira através da qual serão colhidos os dados da pesquisa.

Conforme Barbetta (1999):

Técnica é a parte material que fornece a operacionalidade ao método.


Por sua vez, a definição do instrumento de colecta de dados dependerá
dos objectivos que se pretendem alcançar com a pesquisa e do universo
a ser investigado. (p. 19)

Nesta ordem de ideia, olhando para a natureza do problema, o tipo de pesquisa bem como os
objectivos das técnicas e instrumentos de colecta de dados, optou-se em usar nessa pesquisa,
para a recolha de dados, as seguintes técnicas e instrumentos:

3.4.1.Entrevista
Considerando que a entrevista é a obtenção de informações de um entrevistado, sobre um
determinado assunto ou problema, para esta pesquisa optou-se por esta técnica com vista a
obter-se informações quanto à caracterização da amostra, experiência profissional da
Participação Comunitária, a interacção com a comunidade e os programas de promoção da
saúde, a fim de se identificar as dificuldades, as causas e as estratégias adoptadas pela
Participação Comunitária na promoção do estado nutricional.

21
Nesta ordem de ideia, farão parte da entrevista cinco (05) abordagens participativas actuantes
na promoção da saúde, especificamente o estado nutricional tendo em conta ao fecalismo a
céu aberto na cidade de Quelimane. Assim, a entrevista será estruturada, onde se elaborará
antecipadamente as questões abertas para a recolha de dados inerentes aos problemas vividos
na região em estudo, respectivamente quanto ao contributo da Participação Comunitária na
eliminação da prática do Fecalismo a Céu Aberto.

3.4.2. Observação
Optou-se por esta técnica para se obter uma percepção racional, atenta, e sistemática dos
fenómenos relacionados com os objectivos aqui traçados, principalmente na observação da
promoção da saúde comunitária, na medida que a observação sistemática não tem
planeamento e controle previamente elaborados, esta técnica ajuda a observar o
comportamento da população em estudo.

Nisso, será efectuado uma observação directa acerca do problema no distrito em estudo, com
vista a familiarizar o proponente do trabalho em relação ao problema, como forma de adquirir
dados concretos da problemática em estudo.

Portanto, esta técnica permitirá entrar em contacto directo com a região e todos seus
componentes, embora não sendo necessário o proponente ter que participar nas acções
realizadas pela Participação Comunitária, pois ficando somente por testemunhar estas
actividades.

3.4.3.Questionário
O questionário é um documento escrito, usado para guiar uma ou mais pessoas a responder a
uma serie de questões, como afirma Chizzott (2005):

Questionário é um conjunto de questões pré elaboradas, sistemáticas e


sequencialmente dispostas em itens que constituem os temas de
pesquisa com objectivos de suscitar respostas dos informantes por
escrito ou verbalmente sobre o assunto que os informantes saibam
opinar. (p. 55)
Para esta pesquisa, usar-se-á este instrumento pelo facto de a administração ser de pouco
custo, leva menos tempo e permite obter informações sobre o objecto de pesquisa em pouco
tempo. Assim, o questionário produzido foi padronizado (aberto e fechado) de forma

22
combinada, onde o primeiro proporcionou respostas mais espontâneas e livres, enquanto o
segundo permitirá ao inquirido a economizar o tempo.

Portanto, produzir-se-á um questionário1 dirigido a cinco (05) profissionais engajados na


promoção da saúde comunitária da região em referência, sendo este número um pequeno
grupo dentro do universo, com o objectivo de se verificar a compreensão do tema em função
das questões a levantar, a fim de se ter a validade dos mesmos.

3.5.População e Amostra
No campo de pesquisa existe um conjunto total referente aos dados que, por sua vez, um
número considerável deste conjunto vai constituir a amostra, isto é, uma parte
convenientemente seleccionada da população ou universo que vai constituir o seu
subconjunto, como se pode observar a seguir:

3.5.1. População
A população da pesquisa será a cidade de Quelimane, especificamente o bairro Icidua,
correspondente aos profissionais da saúde, Participação Comunitária e a população local.
Acredita-se que com este grupo de população será possível colher informações concretas
sobre a manifestação do problema em estudo, assim como as limitações encontradas pela
Participação Comunitária na eliminação de Fecalismo a Céu Aberto nas comunidades que
ajude a melhorar o estado nutricional.

3.5.2. Amostra
Para esta pesquisa, usar-se-á o tipo de amostra não probabilística, onde contará com um
número de sessenta (60) pessoas. Para a selecção da amostra, proceder-se-á de seguinte modo:
tomar-se-á em causa a área de actuação dos profissionais em relação o propósito da pesquisa.
Sendo assim, será pertinente levar-se dez (10) profissionais responsáveis pela promoção de
saúde comunitária, neste caso nutricionistas e Participação Comunitária e cinquenta
moradores.

A validade das questões de investigação anteriormente apresentadas dependerá das


informações que serão fornecidas, bem como as propostas ou sugestões que serão comentadas
por este grupo alvo.

1
Vide em anexo
23
3.6. Técnicas de tratamento de Dados
Para o tratamento, análise e interpretação de dados, recorrer-se-á a técnica de estabelecimento
de categorias, codificação, tabulação e a técnica de a análise estatística, que consistiu na
apresentação, interpretação e discussão dos quadros construídos com os programas SPSS e
Word.

De acordo com Gil (2006, p. 38):

Para que as informações possam ser adequadamente


analisadas, faz-se necessário organiza-las, o que é feito
mediante seu agrupamento em certo número de
categorias. A codificação é o processo pelo qual os dados
brutos são transformados em símbolos que possam ser
tabulados. Isso pode ocorrer antes ou após a colecta. Já a
tabulação é o processo que consiste em agrupar e contar
os casos que estão nas várias categorias de análise, ou
seja, a tabulação simples consiste na simples contagem
das frequências das categorias de cada conjunto.

Sendo assim, para a colecta de dados mediante à Codificação, dividir-se-á em duas partes: a
primeira, classificar-se-á os dados agrupando-os sob determinadas categorias; já a segunda
atribuir-se-á uma letra tendo nisso um significado, com a finalidade de facilitar não só a
tabulação dos dados, mas também sua comunicação.

Em relação à Tabulação, possibilitará maior facilidade na verificação das inter-relações entre


as amostras, visto que é uma parte do processo técnico de análise estatística, permitirá, desta
forma, sintetizar os dados de observação conseguidos pelas diferentes categorias.

Por fim, na Triangulação, far-se-á uma ‘triangulação’ dos dados, uma vez que se usará os dois
tipos de pesquisa, a qualitativa e a quantitativa, onde para além da interpretação dos
fenómenos e a atribuição de significados, que são básicos no processo de pesquisa qualitativa,
far-se-á também o uso de dados numéricos.

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6. Referências Bibliográficas

Aquino, R.C.A.; Philippi, S.T. (2002). Consumo infantil de alimentos industrializados e


renda familiar na cidade de São Paulo. São Paulo: Revista de Saúde Pública.

Arágon, W. E. (2008). Ensinamentos de saneamento de meios nas escolas de saúde pública.


São Paulo.

Barbeta, P. (1999). Estatística Aplicada às Ciências Sociais. 3ª Ed. Florianópolis: UFSC.

Boog, M. C. F. (2008). Actuação do nutricionista em saúde pública na promoção da


alimentação saudável. Porto Alegre.

Chizzotti, A. (2001). Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. 4ª Edição. São Paulo.

Farias, J.G.; Osório, M.M. (2005). Padrão alimentar de crianças menores de cinco anos.
Campinas.

Fernandes, B.S. (2003). Nova abordagem para o grave problema da desnutrição infantil. São
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Fernado, A. R. (2007). Erosão do Solo. Belém.

Ferreira, V.A; Magalhães, R. (2007). Nutrição e promoção da saúde: perspectivasactuais. Rio


de Janeiro.

Frota, M. A; Barroso, M. G. T. (2005). Repercussão da desnutrição infantil na família.


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Gil, A. C. (2002). Como elaborar Projecto de pesquisa. 4ª Ed. São Paulo.

Gomes, S. L. (1995). Engenharia ambiental e saúde colectiva. Salvador. Edfuba.

Kamal, K. (2005).Guião prático para o desencadeamento do Saneamento Total Liderado


pela Comunidade (SANTOLIC). InstituteofDevelopmentStudie

Malhotra, N. K. (2001). Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 3. Ed. Porto Alegre:
Bookman.

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Monteiro, C.A. (2003). A Dimensao da pobreza, da desnutrição e da fome no Brasil. São
Paulo: IPEA.

___________. (2007). Causas do declínio da desnutrição infantil no Brasil. São Paulo.

Nudelmann, C; Halpern, R. (2011). O papel dos eventos de vida em ames de crianças


desnutridas: o outro lado da desnutrição.

Santos, A. C. (2005). A Inserção do Nutricionista na estratégia da Saúde da Família: O olhar


de diferentes trabalhadores da saúde. Curitiba.

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