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Identificação Humana

A identificação humana é uma necessidade social. Ninguém


deve ser confundido com outro.
Há que distinguir entre identificação e identidade.

Identidade: A identidade é o conjunto de carateres físicos,


funcionais e psíquicos, patológicos ou não, que conferem ao
indivíduo caraterísticas únicas. É um elenco de atributos que
torna alguém ou alguma coisa igual apenas a si próprio.
Sendo certo que todos os cidadãos ao abrigo da Constituição
da República Portuguesa, nomeadamente no número 1, do
artigo 26º, têm consagrado o direito à identidade pessoal.
Identidade Objetiva: permite afirmar que determinada
pessoa é ela mesma por apresentar um conjunto de
elementos positivos e menos perenes que faz com que ela
se distinga das demais. Identidade subjetiva: é a sensação
que cada individuo tem de que foi, é e será ele mesmo, ou
seja, a consciência da sua própria identidade ou do seu eu,
estando este ligado intrinsecamente à sua personalidade.
Identificação: A identificação é o processo pelo qual se
determina a identidade de uma pessoa, ou o conjunto de
diligências com a finalidade de se estabelecer uma
identidade. Como resultado destas diligências podemos
determinar que a identificação se subdivide em identificação
conclusiva e não conclusiva
A conclusiva consiste num resultado que por si só, nos
permite identificar a vítima, sendo este o método mais
fidedigno. São exemplos a identificação através do DNA, da
arcada dentária, das impressões labiais, da íris entre outras.
Por sua vez, na identificação não conclusiva, trata-se de
caraterísticas que individualmente não permitem o acesso à
identidade da vítima; como exemplos temos o tipo
sanguíneo, marcas e tatuagens e o tamanho do pé.
Reconhecimento: O reconhecimento consiste do ato de
reconhecer algo ou alguém, podendo distinguir-se três
modalidades, nomeadamente por descrição, presencial e
com resguardo.
O reconhecimento de pessoas está previsto no Código de
Processo Penal.

Artigo 147.º - Reconhecimento de pessoas

1 - Quando houver necessidade de proceder ao


reconhecimento de qualquer pessoa, solicita-se à pessoa que
deva fazer a identificação que a descreva, com indicação de
todos os pormenores de que se recorda. Em seguida, é-lhe
perguntado se já a tinha visto antes e em que condições. Por
último, é interrogada sobre outras circunstâncias que
possam influir na credibilidade da identificação.
2 - Se a identificação não for cabal, afasta-se quem
dever proceder a ela e chamam-se pelo menos duas pessoas
que apresentem as maiores semelhanças possíveis, inclusive
de vestuário, com a pessoa a identificar. Esta última é
colocada ao lado delas, devendo, se possível, apresentar-se
nas mesmas condições em que poderia ter sido vista pela
pessoa que procede ao reconhecimento. Esta é então
chamada e perguntada sobre se reconhece algum dos
presentes e, em caso afirmativo, qual.
3 - Se houver razão para crer que a pessoa chamada a
fazer a identificação pode ser intimidada ou perturbada pela
efetivação do reconhecimento e este não tiver lugar em
audiência, deve o mesmo efetuar-se, se possível, sem que
aquela pessoa seja vista pelo identificando.

Identificação humana: A identificação humana é


imprescindível na ciência forense, por razões legais e
humanitárias, tornando-se a identificação parte essencial
dela.
No que diz respeito aos métodos utilizados, podemos dividi-
los em dois grupos, o s de identificação primária e os de
identificação secundaria.
Os métodos de identificação primária são os mais confiáveis
e são nomeadamente a análise da impressão digital, a
análise odontológica comparativa e o estudo do perfil de
DNA.
Por sua vez, os métodos de identificação secundários servem
para reforçar a identificação estabelecida por outros meios,
isto porque, por si só, são métodos que se mostram
suficientes para identificar a vítima.
Como métodos secundários contam-se a descrição pessoal,
os dados médicos e o vestuário.
Os métodos de identificação humana para se serem
fidedignos devem dispor de 5 carcterísticas indispensáveis:
De caracter biológico:
 A unicidade que é o facto do conjunto de carateres
pessoais não se poder repetir em nenhum outro indivíduo
 A imutabilidade que é o facto das caraterísticas não se
alterarem com o decurso do tempo
De caracter técnico:
 Classificabilidade que se mostra importante para o
arquivamento dos dados assim como a facilidade de
comparação pós-mortem.
 Praticabilidade é o facto do método ter de se mostrar
prático e de se utilizar no dia a dia sem grandes
contratempos.
 Perenidade é o facto de um processo não poder ser
complexo, quer na obtenção, quer no registo dos
caracteres/características.
Do processo de identificação humana podem surgir dois
resultados distintos, ou seja, esta pode ser conclusiva, o que
significa que os métodos utilizados levaram a uma
correspondente identidade; para tal são utilizados
normalmente métodos como a análise do DNA, a arcada
dentária ou as impressões papilares. Por outro lado, o
resultado do processo de identificação pode ainda ser não
conclusivo, ou seja, os métodos utilizados, por si só, não
permitem aferir a identidade do indivíduo. Esta situação
decorre normalmente de métodos como a análise da tipagem
sanguínea, de marcas e tatuagens ou do tamanho do pé por
exemplo.
Papiloscopia-
É a ciência responsável pela identificação humana através
das papilas Dérmicas encontradas nas palmas das mãos e
dos pés. As papilas dérmicas são pequenas saliências de
natureza neurovascular, situadas na parte externa
(superficial) da derme.
Desenhos papilares
A pele possui duas camadas, a primeira, denominada
epiderme, encontra- se localizada na parte mais superficial,
e a derme, mais profunda. As cristas papilares são
circunvoluções da epiderme que se estendem sobre as
cadeias paralelas de glândulas, terminações nervosos e
vasculares existentes na derme.
Quando se toca numa superfície são deixados resíduos de
gordura, suor, aminoácidos e proteínas. São esses resíduos
que permitem obter as impressões digitais, as quais. As são
depositadas nas superfícies de uma forma mais ou menos
contínua de acordo com a morfologia das cristas e contêm
uma grande variedade de químicos As impressões podem
ser: visíveis, moldadas e latentes.
Visíveis são as impressões papilares deixadas com tinta,
gordura, sangue, ou qualquer outro produto que apresente
certa pigmentação e seja facilmente visível a olho nu.
Moldadas são as impressões deixadas sobre suportes que
possuam consistência pastosa e acabem por “moldar” o
formato da crista papilar tal como ela é; tais substâncias
podem ser o sabão, cera, pomada, etc.
Latentes são as impressões que não podem ser visualizadas
a olho nu, ou seja, que necessitam que o pesquisador use
aparelhos tos para auxiliá-lo na descoberta de tal impressão
deixada por dedos limpos.
A papiloscopia subdivide-se em
 Quiroscopia É o processo de identificação humana por
meio das impressões da palma da mão, classificada em
três regiões: tenar, hipotenar e superior.
 Poroscopia é o tipo de identificação que utiliza os poros
digitais
 Podoscopia é o processo de identificação humana
através das impressões das solas dos pés. Esse tipo é
mais utilizado em maternidades, na identificação de
recém-nascidos.
 Dactiloscopia - O sistema datiloscópico, criado, em
1891, por Juan Vucetich, este estudou as impressões
digitais ou vestígios deixados pelas polpas dos dedos
em objetos ou quaisquer outros lugares em que fosse
possível observar tal sinal.

DACTILOSCOPIA CIVIL – É a aplicada à identificação para


fins civis, isto é, o registo em documentos de identidade
como o cartão de cidadão.
DACTILOSCOPIA CRIMINAL – É a aplicação à identificação
para fins criminais e expedição de documentos de idoneidade
DACTILOSCOPIA CLÍNICA – Estuda as perturbações que
ocorrem nos desenhos digitais, como consequência do
exercício de certas profissões ou de estados patológicos.
Sistema de Vucetich
1) Arco: dactilograma geralmente adéltico, formado por
linhas que atravessam o campo digital, apresentando em sua
trajetória formas mais ou menos paralelas abauladas ou
alterações caraterísticas;
2) Presilha interna: o dactilograma com um delta à direita do
observador, apresentando linhas que, partindo da esquerda,
curvam-se e volta ou tendem a voltar ao lado de origem,
formando laçadas;
3) Presilha externa: o dactilograma com um delta à esquerda
do observador, apresentando linhas que, partindo da direita,
curvam-se e volta ou tendem a voltar ao lado de origem,
formando laçadas.
4) Verticilo: o dactilograma com um delta à direita e outro à
esquerda do observador, tendo pelo menos uma linha livre e
curva à frente de cada delta.
A eficiência do sistema da dactiloscópico está intimamente
ligada a três princípios fundamentais:
a) Perenidade: os desenhos formados nas polpas dos dedos
são formados no sexto mês de vida intrauterina, perduram
durante a vida e só desaparecem após a morte quando se
inicia o processo putrefativo.
b) Imutabilidade: mesmo em caso de queimaduras (exceto
se estas forem de 3º grau, onde há uma total destruição dos
tecidos internos e mais profundos, não existindo assim
possibilidade de uma identificação daclitoscópica) ou cortes
as cristas papilares não desaparecem, mas sim regeneram-
se sem apresentar qualquer mudança na sua forma.
c) Variedade: o desenho da polpa dos dedos é diferente em
cada ser humano. Até hoje não foram encontradas duas
impressões idênticas. Tais características foram
apresentadas por Edmond Locard.
Odontologia-
A identificação é um processo imprescindível na procura da
identidade. Para tal, o método da análise odontológica
comparativa é um dos métodos principais, bem como, um
dos mais fidedignos, tendo em vista uma identificação
conclusiva. Este método revela-se importante e distinto,
sabendo se que os dentes apresentam duas caraterísticas
fundamentais, a unicidade, ou seja, o facto de nenhum outro
ser humano apresentar igual dentição, tal como a
durabilidade, isto é, os dentes são o órgão com mais duração
do corpo humano, por resistirem a temperaturas na ordem
dos 1600 graus durante cerca de 50 minutos.
O método odontológico comparativo consiste essencialmente
na comparação entre o raio-x realizado post-mortem, comn
outro durante a vida do indivíduo, sendo ambos os raios-x
retirados do mesmo ângulo. Na impossibilidade de existir um
raio-x ante-mortem resta a alternativa de usar uma
fotografia em que o indivíduo esteja a sorrir, ou em que de
alguma maneira seja possível observar a dentição.
As duas imagens radiográficas são sobrepostas em
computador de maneira a encontrar semelhanças no formato
dos dentes bem como de eventuais tratamentos
odontológicos como restaurações, canais, coroas ou
próteses.
Por outro lado, poderá acontecer que não existam suspeitas
para a identidade do morto, e nesse caso, a análise
odontológica apenas fornece uma estimativa da sua idade.
Até aos 16 anos oferece elevada precisão devido à etapa do
desenvolvimento dentário em que o jovem se encontra. Em
adultos, esta análise não é tão fidedigna tendo em conta os
vários fatores que podem variar, como o desgaste dos dentes
provocado pelos hábitos e alimentação da pessoa em
questão.
A odontologia legal tem importância significativa perante a
necessidade de técnicas de identificação de vítimas que pela
violência das suas lesões, desfigurando muito a vítima, não
permitindo a identificação de outra forma. É também um
método de máxima relevância no caso de o cadáver se
encontrar com elevado nível de putrefação, com lesões nas
polpas digitais, nos corpos carbonizados e em acidentes de
massa e em corpos com dilacerações que impossibilitem a
colheita de impressões digitais.
DNA
A identificação humana também pode ser feita através do
DNA. O DNA é um ácido de tipo nucleico, responsável pela
hereditariedade. É nesta molécula que se encontram todas
as informações necessárias para a síntese de proteínas, e
por isso, armazenam todas as características de um
indivíduo. Formado então por nucleotídeos, estes são
constituídos por um açúcar, um grupo de fosfato e uma base
nitrogenada. Estas podem ser: Adenina, Citosina, Guanina e
Timina.
Esta molécula do DNA, referida anteriormente é estruturada
por cadeias, variando de organismo para organismo, como
cadeia simples, dupla e em raros casos, tripla, moléculas
estas, que se situam maioritariamente no núcleo celular,
formando cromossomos (o ser humano possui 46
cromossomos). Além deste núcleo celular, o DNA também
pode ser encontrado nas mitocôndrias, sendo certo que o
DNA Mitocondrial é uma herança genética, exclusivamente
maternal.
Posto isto, concluímos que o DNA é então responsável pelo
controlo e comando das funções celulares e que possui três
tipos : tipo A, forma mais curta e grossa, sendo necessário
para dar uma volta à hélice, 11 pares de bases ; tipo B,
necessários 10 pares de bases para dar uma volta à hélice,
sendo certo que a dupla hélice aqui já é mais longa e fina e
tipo Z, mais alongada e fina do que o tipo B, sendo
necessários 12 pares de bases para dar uma volta à hélice.
Assim, o DNA possui duas finalidades: identificar uma
representação da molécula de DNA e reconhecer a sua
importância, associando-a à hereditariedade e à transmissão
de informação genética. Então, a identificação por DNA, é
indispensável para a resolução de várias situações do foro
penal e paternal. Para que seja possível diferenciar um ser
humano de outro, é apresentado um vasto conjunto de
técnicas e princípios. Apresenta (o DNA), uma estabilidade
química elevada mesmo após um longo período ou depois de
sofrer alterações de temperaturas.
Esta análise por DNA é a única que fornece informações de
identidade, a partir de qualquer tipo de tecido. Esse método
requer uma amostra, podendo utilizar-se perfis de familiares
ou amostras extraídas da própria vítima e ainda de objetos
de uso pessoal. Por fim, é importante referir que as técnicas
de DNA podem ser usadas em combinação com outros
métodos utilizados na identificação das vítimas

Ana Filipa
Mariana Martel
Ricardo Magalhães

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