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GENEALOGIA DA MALANDRAGEM

MÓDULO 2

O CATIMBÓ
OBJETIVOS

- IDENTIFICAR O SIGNIFICADO DA PALAVRA CATIMBÓ


- APRESENTAR ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DO CATIMBÓ
- ENTENDER A SESSÃO DE MESA DE JUREMA
- APRESENTAR A “ERVA DO PODER”
- IDENTIFICAR AS OBRIGAÇÕES RITUAIS DO CATIMBÓ
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
- SIGNIFICADO DA PALAVRA CATIMBÓ
- O CATIMBÓ
- A MESA DE JUREMA
- A ERVA DE PODER
- OBRIGAÇÕES RITUAIS
CONCLUSÃO
INTRODUÇÃO
“ É bastante difícil definir a que sistema religioso pertence o Catimbó. Se ao
politeísmo ou ao monoteísmo cristão. A verdade é que o Catimbó praticado
no nordeste difere grandemente do Candomblé, do Xangô ou Macumba.
Observe-se que ele não possui, como nos cultos acima, uma hierarquia
sacerdotal. Não exige período de iniciação, não havendo preceitos
especiais, rituais, cerimônias, trajes, toques, etc, próprios deste culto.”

José Ribeiro (Livro “ Catimbó – Magia do Nordeste”)


DESENVOLVIMENTO
SIGNIFICADO DA PALAVRA

CATIMBÓ (Dicionário Oxford)

1. culto de feitiçaria que combina magia branca europeia com elementos


negros, ameríndios e católicos; catimbau, catimbaua (é chefiado por um
‘mestre’ que defuma os assistentes com seu cachimbo e a quem se recorre
para resolver problemas diversos, seja para o bem, seja para o mal.

2. cachimbo usado durante esse ritual; catimbau, catimbaua.


SIGNIFICADO DA PALAVRA

CATIMBÓ (Dicionário Priberam)

1. culto ou ritual de feitiçaria = catimbau


2. cachimbo usado durante esse ritual = catimbau.
3. feitiçaria, feitiço.
4. habitante do campo ou da roça = caipira, roceiro.
SIGNIFICADO DA PALAVRA

CATIMBÓ (Dicionário Online Dicio)

Feitiçaria, baixo espiritismo, catimbau.


SIGNIFICADO DA PALAVRA

CATIMBÓ

Na língua tupi-guarani tem o significado de “fumaça de mato” e “vapor de erva”.

A definição trazida pelo idioma tupi-guarani já demonstra uma das principais


atividades desenvolvidas em uma sessão de Catimbó, que é o descarrego dos
assistentes e consulentes através da fumaça que flui dos cachimbos dos
mestres manifestados.
SIGNIFICADO DA PALAVRA

Verificamos com a definição existente nos dicionários, que o preconceito


religioso de outrora, ainda encontra espaço em nossa sociedade. Logicamente
identificaremos maus religiosos em todos os seguimentos, entretanto trata-se
de uma minoria, não devendo toda uma manifestação ser nivelada por eles.
O CATIMBÓ

O Catimbó é um conjunto de práticas mágico-religiosas, nativo da Região


Nordeste do Brasil. Alguns pesquisadores consideram ser uma das mais
antigas religiões brasileiras, agregando em sua liturgia elementos de
catolicismo, xamanismo, espiritismo e religiões de matriz africana. Essa
manifestação também é conhecida por “Culto a Jurema”, "Jurema Sagrada",
"Catimbó-Jurema", "Jurema", entre outros.
O CATIMBÓ

O autor Luiz Assunção em seu livro “ O Reino dos Mestres – a tradição da


jurema na umbanda nordestina” afirma que o Catimbó era primitivamente, uma
festa de colheita e de preparação da Jurema, uma erva que era tida como uma
erva de poder. O professor René Vandezande considera o Catimbó como um
culto muito antigo existente entre a população indígena brasileira,
principalmente entre os que estavam submetidos ao poder português,
informando existirem no séc XVI, manifestações com características básicas do
Catimbó.
O CATIMBÓ

O autor Câmara Cascudo não reconhece o Catimbó como religião, pois


segundo ele não há votos sacros, promessas por parte de seus adeptos ou
unidades de “protocolo sagrado”, segundo ele o Catimbó, seria um consultório
que visa principalmente atender as necessidades médicas de seus consulentes
através dos processos de cura espiritual.
O CATIMBÓ

Os transes mediúnicos ocorrem tal qual verificamos na Umbanda, e também


através da ingestão do vinho da Jurema, que altera o estado de consciência do
médium . Não há modelo padronizado de práticas do Catimbó. Assim como na
Umbanda, existem variadas vertentes ou linhagens que fazem parte da tradição
juremeira, todas com elementos comuns que as interconectam. Como na
Umbanda, o Catimbó nos apresenta uma Unidade e uma Diversidade.
O CATIMBÓ

Tal qual a Umbanda, o xamanismo tupiniquim ao encontrar-se com a magia


africana, inicia um processo de simbiose, de junção, trocando e agregando
elementos mágico litúrgicos de distintas nações. Tal interação deve-se
principalmente a identificação mútua com os elementos da natureza. Desde o
século XVI é verificado o sincretismo e incorporação de rituais católicos por
parte de comunidades indígenas. A construção social inevitavelmente influencia
na construção religiosa de uma comunidade.
O CATIMBÓ

Dependendo da região considerada do nordeste, a liturgia e estrutura do


Catimbó se modificará. Em regiões que funcionaram como portos para receber
negros escravizados, identificaremos um culto com mais elementos africanos.
Em locais onde a presença de escravos era menor encontraremos um culto
com mais elementos do catolicismo, espiritismo e bruxaria europeia.
Encontraremos ainda muita influência da pajelança e do Toré.
O CATIMBÓ

O chefe do culto é chamado de Mestre (algumas casas chamam de pai/ mãe ou


babalorixá) e é ele o responsável pela sessão que é realizada na mesa ou na
mata. Nestes rituais podem incorporar caboclos, orixás, pretos velhos ou os
mestres juremeiros. Ao aproximar-se de seus médiuns os espíritos
manifestantes “acostam” e iniciam o processo de transe mediúnico. Os
espíritos acostados (ou incorporados) realizam curas espirituais através das
baforadas dos cachimbos e do receituário de banhos, chás e garrafadas.
O CATIMBÓ

No Catimbó mais “ortodoxo”, não encontraremos as presenças de instrumentos


musicais e ritualísticos, não encontraremos inclusive nem danças nem roupas
rituais, porém, como já falamos anteriormente, existe dentro do culto unidade e
diversidade, assim como na Umbanda. Assim sendo, encontraremos presentes
nos cultos o atabaque, o maracá, as imagens de santos e outros itens rituais,
bem como a padronização de roupas brancas por alguns segmentos.
A MESA DE JUREMA

A mesa é um elemento que foi agregado pelo Catimbó, sendo sua origem do
espiritismo. A mesa é posta forrada com uma toalha branca, estando em cima
velas acesas, flores, imagens e/ou objetos rituais. Basicamente a sessão de
Jurema é subdividida em 3 partes distintas: abertura, invocação dos mestres e
encerramento. Para a abertura dos trabalhos é aceso um defumador e são
preparados os cachimbos dos mestres, que são preenchidos com fumo picado
A MESA DE JUREMA

e/ou alguma erva. Todos sentam-se em torno da mesa e o Chefe ou Mestre da


início aos trabalhos entoando algum ponto cantado (ou prece), iniciando a
invocação dos mestres.

“ Vou abrir minha Jurema


Vou abrir meu Juremá (bis)
Com licença de Oxum
E de meu pai Oxalá”
A MESA DE JUREMA

Em algumas casas a “chamada dos


mestres” é acompanhada do maracá.
A mesa acaba funcionando como uma
espécie de altar sendo ali o ponto
energético central da sessão. Após a
conclusão dos atendimentos são
realizados cânticos ou preces de
encerramento.
A MESA DE JUREMA

As sessões de mesa podem funcionar abertas ao público, para que as


entidades realizem seus trabalhos de cura e amparo espiritual ou de forma
privada quando ocorrem as consagrações.
A ERVA DE PODER

A árvore Jurema é o ponto chave no culto do Catimbó. Acredita-se que nela


situam-se as cidades encantadas, que são a morada dos espíritos conhecidos
como mestres. Desta planta fabrica-se o Vinho da Jurema, que é uma bebida
preparada pelos juremeiros de uma forma ritualizada, sendo considerada
sagrada. O seu consumo, associado com toda a ritualística de culto induz o
adepto a um estado de transe profundo.
A ERVA DE PODER

Existem no culto dois tipos de Jurema: a branca (mimosa hostilis) e a preta


(mimosa tenuiflora). Faz-se a associação de que a Jurema branca seria
utilizada em rituais de magia positiva e a Jurema preta em rituais de magia
negativa.
OBRIGAÇÕES RITUAIS

Apesar de alguns autores afirmarem não existirem iniciações no Catimbó,


identificaremos ao realizar uma pesquisa rasa na internet, diversos praticantes
afirmando o contrário. Basicamente as diferentes manifestações do Catimbó
podem apresentar 3 estágios a serem vivenciadas pelos adeptos: o batismo, a
consagração e o tombo.
OBRIGAÇÕES RITUAIS

BATISMO:

Ba.tis.mo (dicionário Michaelis)

1. Sacramento do cristianismo na qual a simples aspersão com água ou a


imersão apaga o pegado original do indivíduo que é batizado, promovendo seu
renascimento espiritual;ablução (lavagem).
OBRIGAÇÕES RITUAIS

No cristianismo, como vimos no significado dado pelo dicionário, o batismo


primeiramente visa remover o “pecado original”, que vem no indivíduo desde
que Adão e Eva comeram do fruto proibido e foram expulsos do paraíso. No
Catimbó o batismo primeiramente vem como um ato formal, que visa a
apresentação do indivíduo aos mestres, para que lhe seja concedida benção e
proteção. A partir daqui poderá o indivíduo iniciar o desenvolvimento mediúnico.
OBRIGAÇÕES RITUAIS

CONSAGRAÇÃO: é um rito que é realizado após um período de


desenvolvimento mediúnico e que “habilita” o médium a realizar os trabalhos
espirituais nas mesas de Catimbó. Neste rito são realizadas diversas atividades
como limpezas rituais, montagem de assentamento, sendo consagradas suas
entidades e suas ferramentas de trabalho. Dessa forma o médium passa a ser
reconhecido pela comunidade de terreiro como um juremeiro de fato e de
OBRIGAÇÕES RITUAIS

direito. Nesta obrigação o médium recebe uma chave que ficará em cima da
mesa branca durante a sessão e simboliza sua outorga pra abrir as portas das
ciências que vem dos reinos encantados..
OBRIGAÇÕES RITUAIS

TOMBO: é um rito que é realizado por quem já foi batizado e consagrado na


jurema, onde são entregues oferendas para todas as entidades que incorporam
no juremeiro. Diz-se que os médiuns acostados “tombam” no pé de jurema e
realizam uma viagem astral com seus espíritos guias e ao recobrarem a
consciência ganham uma faculdade que os habilita para o trabalho, a chamada
“ciência”. Entende-se como uma jornada de auto conhecimento espiritual. É o
último estágio pelo qual deve passar o religioso.
OBRIGAÇÕES RITUAIS

Como sempre citamos a questão da unidade e diversidade deverá sempre ser


levada em consideração. Cada casa tem uma raiz, uma tradição que irá
determinar como cada símbolo é interpretado e em como cada ato litúrgico será
realizado. Cada casa é uma realidade.
CONCLUSÃO

ATRAVÉS ESTE MÓDULO PUDEMOS ENTENDER DE FORMA SUCINTA ALGUNS


CONCEITOS BÁSICOS QUE CERCAM O CATIMBÓ, ENTENDEMOS UM POUCO A
RESPEITO DE SUA RITUALÍSTICA E DE SEUS OBJETOS DE CULTO. ASSIM COMO
DIVERSAS OUTRAS MANIFESTAÇÕES RELIGIOSAS, O CATIMBÓ BEBEU DE
VARIADAS FONTES DOUTRINÁRIAS, QUE INFLUENCIARAM E INFLUENCIAM ATÉ
HOJE AS PRÁTICAS DE SEUS ADEPTOS. APESAR DA DIVERSIDADE DE
INTERPRETAÇÕES, DIVERSOS SÃO OS ELEMENTOS QUE CONSTITUEM UMA
UNIDADE RELIGIOSA E ENRIQUECEM A JUREMA SAGRADA.

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