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IMUNIDADE TRIBUTÁRIA AOS TEMPLOS DE QUALQUER CULTO: UMA

ANÁLISE SOBRE OS SEUS ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS.

Alex Sandro Oliveira dos Santos Silva1


Allan Johnes Silva Rodrigues1
Daniella Martins Porto Melo1
Lusineyde Bastos Calheiros1
Wanessa Carvalho Alves da Silva1
Araken Oliveira2
RESUMO

O presente artigo buscou analisar os aspectos positivos e negativos da Imunidade


Tributária aos templos de qualquer culto. A imunidade de cunho religioso está presente na
CF/88, artigo 150, inciso VI, alínea b. Os dados obtidos favorecem o entendimento da opinião
de diversos autores sobre o tema e sobre a importância da religião para a sociedade. Após a
análise dos dados chegou-se à conclusão de que a imunidade sobre os templos é muito
importante, pois ajuda na diminuição dos custos de manutenção das entidades que contribuem
de uma maneira positiva para a sociedade, ajudando os mais necessitados, como também
auxiliando fiéis de modo psicológico e espiritual.

Palavras-chave: Imunidade, Tributos, Religião, Templos.

ABSTRACT

This article sought to analyze the positive and negative aspects of Tax Immunity to
the temples of any cult. Religious immunity is present in CF / 88, article 150, item VI,
paragraph b. The data obtained favor the understanding of the opinion of several authors on
the subject and on the importance of religion for society. After analyzing the data, it was
concluded that immunity over temples is very important, as it helps to reduce the maintenance
costs of the entities that contribute positively to society, helping the most needy, as well as
helping the faithful in a way psychological and spiritual.

Keywords: Immunity, Taxes, Religion, Temples.


1
Acadêmicos do Curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Alagoas - UFAL.
Email:alexsandro00014@gmail.com
allan.rodrigues@feac.ufal.br
daniella.melo@feac.ufal.br
lusycalheiros2@gmail.com
wanessa.carvalho.lua@gmail.com
2
PhD em Direito pela Universidade Messina - Itália; Doutor em Direito pela Faculdad de Derecho da Universidad Lomas de
Zamora – Argentina; Professor da Universidade Federal de Alagoas – UFAL. E-mail: araken@feac.ufal.br
1. INTRODUÇÃO

As imunidades tributárias são restrições/limitações expressas com relação à


incidência de impostos sobre o patrimônio, serviços e rendas, com previsão na Constituição
Federal. A imunidade dos tributos que atinge aos templos religiosos é entendida de forma
subjetiva, haja vista, estar ligada diretamente ao contribuinte, e não a um bem determinado ou
específico, definindo assim, que os templos religiosos de qualquer culto são imunes a
quaisquer tipos de impostos que possam vir a atingir seu patrimônio, bem ou serviço, desde
que, estejam devidamente regularizadas como tal. Pode-se destacar que, o entendimento
subjetivo da imunidade tributária se destina a entes que, em teoria, ajudam o Estado a garantir
ao menos o mínimo existencial aos cidadãos, tendo aqui uma relatividade com a função social
que esta entidade prestaria na sociedade.

Quanto a sua classificação, podem ser exemplificadas e entendidas como genéricas


ou específicas, com um breve entendimento de que as imunidades genéricas abrangem todo e
qualquer tributo, em contrapartida as específicas, como o próprio nome sugere, se destina a
tributos específicos. Desta maneira, quando a Lei se refere a tributo, ela é genérica, quando se
trata de uma espécie de tributo, como, por exemplo, no caso do imposto, ela será específica.
Nesta linha, pode-se concluir então que a imunidade que se refere em detrimento aos templos
religiosos é de natureza específica, haja vista que a Constituição da República Federativa, em
seu artigo 150, VI, b, prevê a vedação da instituição de impostos aos templos religiosos.

A limitação de tributar sobre os templos tem por objetivo a proteção aos locais de
culto, bem como suas liturgias e tutela também quaisquer atos que venham a causar esbulho
ou embaraço ao seu funcionamento. A grande problemática que temos na atualidade, é para
com a aplicação da extensão da imunidade tributária em determinadas situações. Vista para
alguns como um benefício, a não incidência fiscal para os templos religioso, no que diz
respeito à sua extensão usada por líderes de instituições religiosas, bem como determinadas
situações, pois, como já dito anteriormente, a imunidade tributária, por ter sua natureza
subjetiva, seu entendimento dependerá, em determinados casos, de interpretação.

As imunidades tributárias são institutos de extrema importância na realização da


justiça fiscal brasileira. Através das normas imunizantes, os direitos e garantias fundamentais
que as alicerçam são efetivados na sociedade, pois estarão protegidos dos efeitos deletérios da
tributação. As situações de intributabilidade constitucional, que se viabilizam através das
imunidades, existem, normalmente, em função de determinada coisa e sua importância social
(como ocorre com a imunidade tributária dos livros, que são instrumentos auxiliadores na
concretização da liberdade de pensamento) ou em razão de entidades que desenvolvem
atividades de nítido interesse público.

A imunidade dos templos de qualquer culto é exemplo de norma imunizante que


existe em virtude das características e finalidades a que se propõem determinadas pessoas,
tendo em vista a importância social dos serviços e atividades de cunho religioso.

A desobrigação de tributar em templos religiosos impossibilita a instituição de


qualquer imposto sobre as entidades que, ao desenvolverem suas atividades, estão efetivando
o direito fundamental à liberdade religiosa. Pois, não objetivam lucros e, comumente, estão
desprovidos de recursos e a tributação dessas entidades acarretaria clara ofensa aos objetivos e
fins da Constituição que reconheceu a liberdade de culto em inúmeros dispositivos
constitucionais.

Em virtude da importância das instituições que efetivam a liberdade religiosa na


sociedade brasileira, o presente trabalho destina-se à uma análise sobre a Imunidade tributária
a templos de qualquer culto abordando seus pontos positivos e negativos. Assegurando que
são mecanismos essenciais para a atual ordem econômica brasileira, pois resguardam da
tributação das pessoas ou bens fundamentais para a sociedade. O objetivo deste estudo é
evidenciar as potencialidades das normas imunizantes nesse contexto jurídico-econômico.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Tributos

Tributos correspondem a impostos, taxas de serviços públicos específicos, divisíveis


e contribuição de melhoria decorrente de obras públicas, são pagamentos obrigatórios que
estão previstos em lei (CTN lei nº 5172 de 25 de outubro de 1966) com base em fato gerador.
A constituição federal de 1988 estabelece cinco tipos de modalidades tributárias: Taxas;
Impostos; Contribuições de melhoria; Empréstimos Compulsórios; Contribuições Especiais.

2.2 Imunidade Tributária


É uma norma negativa de competência descrita na própria Constituição Federal, que
traz situações que não podem ser objeto de tributação. Tem em vista garantir direitos sociais e
fundamentais, como liberdade religiosa e de expressão, acesso à cultura e democracia política.

A Constituição, ao atribuir competência para os entes políticos instituírem e


cobrarem tributos, o faz de duas formas: por meio de regras positivas, prescrevendo
materialidades e características possíveis dos tributos a serem criados; por meio de regras
negativas, que estabelecem, de maneira expressa, a não competência dos entes políticos para
tributar determinadas situações e pessoas.

Nesse passo, Paulo de Barros Carvalho define imunidade tributária como:

“a classe finita e imediatamente determinável de normas jurídicas,


contidas no texto da Constituição da República, e que estabelecem, de modo
expresso, a incompetência das pessoas políticas de direito constitucional interno
para expedir regras instituidoras de tributos que alcancem situações específicas e
suficientemente caracterizadas”.

Na realidade, como aponta José Souto Maior Borges, a competência tributária “já
nasce limitada”. Em suas palavras, a competência é “como que um perfil resultante de um
desenho constitucional, não só com as normas autorizativas que definem positivamente o
exercício do poder fiscal, mas também com normas limitativas, quer dizer, as normas que
determinam os limites em que esse poder poderá ser exercido, ou deverá ser exercido”.

Nesse sentido, as pessoas de Direito Público somente podem atuar, na área da


tributação, dentro do âmbito da competência tributária, definido de maneira rígida e expressa
pela Constituição. As imunidades tributárias definem um campo textualmente subtraído à
competência legislativa tributária. Assim, as imunidades são normas construídas a partir do
texto constitucional, que prescreve a não competência das pessoas políticas para instituir
tributos sobre determinadas materialidades e sobre determinados sujeito.

2.2.1 Imunidades previstas na Constituição Federal


No art. 150, inciso VI, a CF veda à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios instituir impostos sobre:

a) o patrimônio, a renda ou serviços uns dos outros (imunidade recíproca);


b) templos de qualquer culto;
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, entidades sindicais de
trabalhadores, instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos;
d) livros, jornais periódicos e o papel destinado à sua impressão;
e) fonogramas, videofonogramas musicais contendo obras de autores brasileiros e/ou
interpretados por artistas brasileiros.

Importa salientar que o Supremo Tribunal Federal (ARE n. 928575) já entendeu que
tais imunidades são aplicáveis somente aos impostos, e não às outras espécies tributárias,
como taxas e contribuições.

2.2.2 Imunidade dos Templos de Qualquer Culto


Trata-se de consagração do direito fundamental à liberdade religiosa insculpido no
artigo 5º, VI, da CF/88. O parágrafo 4º do mesmo artigo restringe a imunidade à finalidade
essencial da entidade religiosa, isto é, a expressão da própria religiosidade. Sobre a finalidade
essencial, o STF (RE n. 325822) já manifestou no sentido que, por exemplo, os imóveis
utilizados para o culto, ou mesmo aqueles para moradia de padres e pastores, são albergados
pela imunidade.

2.3. Religião

Desde os tempos mais primitivos, os primeiros seres humanos sentiram necessidade


de explicar fenômenos naturais como a chuva, vento, eclipses, etc. Da mesma forma, queriam
entender os acontecimentos como o nascimento e a morte.

É esta necessidade de explicação que vai gerar a busca por um mundo metafísico, ou
seja: além da física, além daquilo que posso ver e tocar. Assim, como um fenômeno inerente à
cultura humana, as religiões se configuram como conjunto de sistemas culturais e crenças.
Possuem conteúdo Metafísico, nos quais se busca relacionar a humanidade com o mundo
espiritual. De toda forma, esta é uma definição ocidental. Isso porque não existe uma palavra
equivalente na cultura oriental (no hinduísmo e budismo, Dharma é o conceito mais
aproximado).

2.3.1 Templo Religioso

Da definição do conceito jurídico de templos de qualquer culto depende a extensão


da imunidade conferida pelo art. 150, VI, “b”, da Constituição Federal. Conforme o dicionário
Caldas Aulete, templo significa “edifício público consagrado à divindade e ao culto
religioso”.

O Templo representa o local onde é exercida a liberdade religiosa (direito protegido


pela imunidade) de maneira mais intensa.

Adicionalmente, o caráter laico do Estado, somado ao direito à igualdade (CF/1988,


art. 5º, caput e art. 150, II), apontam para a necessidade de uma consideração ampla a
respeito. Nessa linha, são acertadas as ponderações de Sacha Calmon Navarro Coelho, no
sentido que “o templo, dada a isonomia das religiões, não é só a catedral católica, mas a
sinagoga, a casa espírita kardecista, o terreiro de candomblé ou de umbanda, a igreja
protestante, xintoísta ou budista e a mesquita maometana. Pouco importa que tenha poucos
adeptos. Desde que uns na sociedade possuam fé comum e se reúnam em lugar destinado
exclusivamente à culta da sua predileção, este lugar há de ser um templo e gozará da
imunidade tributária”.

Com efeito, o traço fundamental do conceito parece ser a existência de um local,


onde, por excelência, os seres humanos exercem suas conexões com o transcendental. Em
face da presença desses requisitos, não cabe ao intérprete exercer avaliações quanto ao seu
mérito ou número de adeptos, por exemplo.

3. METODOLOGIA

Demo (2003, p. 19) diz que Metodologia “(...) é uma preocupação instrumental. Trata
das formas de se fazer ciência. Cuida dos procedimentos, das ferramentas, dos caminhos”.
Segundo Prodanov e Freitas (2013, p. 192) “a metodologia é compreendida como uma
disciplina que consiste em estudar, compreender e avaliar os vários métodos disponíveis para
a realização de uma pesquisa acadêmica.”

Ao abordarmos a importância da metodologia, distinguimos que não existe um único


método e sim inúmeros métodos que procuram atender as necessidades das pesquisas de
acordo com os assuntos e suas finalidades, bem como os vários exercícios das ciências.
O presente artigo foi elaborado por meio de fonte primária de pesquisa analisando
relatórios técnicos, descritiva para os objetivos e a abordagem foi quantitativa. Sendo
caracterizado como estudo de caso.

De acordo com YIN (2005) o estudo de caso pode ser descritivo que dá a possibilidade
ao investigador descrever os fenômenos contemporâneos dentro do contexto real. O estudo de
caso está além de uma simples estratégia de coleta de dados, mas de uma estratégia de
pesquisa integral.

Segundo Marconi e Lakatos (2001) “as fontes de dados podem ser: documentos;
literatura existente; estatísticas (documentação indireta de fontes primárias ou secundárias;
documentação direta, com os dados escolhidos pelo autor); observação; entrevista;
questionário; formulário etc.”

O site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o do Instituto de


Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA) foram usados como fonte de recolhimentos de dados
para a construção dos gráficos e a Constituição Federal como embasamento teórico e, entre
outros artigos que discutiam sobre a carga tributária por renda familiar também foram
consultados.

O gráfico que descreve a carga tributária por família no Brasil foi feito da seguinte
forma: as famílias foram divididas por faixa salarial até dois salários mínimos, de dois a três
salários mínimos, de três a cinco salários mínimos e assim por diante até uma renda familiar
com mais de trinta salários mínimos. Foi utilizado o valor da carga tributária por cada faixa
salarial, valores disponibilizados no site do IPEA, valores esses multiplicados pelos dias do
ano para achar os dias trabalhados destinados ao pagamento de tributos, os devidos
arredondamentos foram feitos. Os dados utilizados para a produção do gráfico foram do ano
de 2008.
O gráfico de setores utilizado no presente artigo para explicar a porcentagem das
Religiões no Brasil de acordo com o número de habitantes no ano de 2010, dados retirados no
site do IBGE. Porcentagem de pessoas que têm religião e quais são as religiões por elas
seguidas. Foi utilizado o software Excel® para fazer os cálculos e os gráficos utilizados no
artigo.

4. RESULTADO DA PESQUISA

4.1 – Aspectos Negativos

Um dos aspectos negativos acerca da Imunidade Religiosa é a carga tributária bruta


brasileira (CTBB) que segundo a Receita Federal é relação entre a soma da arrecadação
federal, estadual e municipal por meio de tributos e o Produto Interno Bruto, o CTBB mostra
o quanto de tributos os brasileiros pagam em relação a sua renda. De acordo com o tesouro
nacional a carga tributária bruta brasileira no ano de 2008 foi de 36,2 % do PIB.

Segundo o art. 145, I, II, III da CF - Os tributos são divididos em três partes que são os
impostos, as taxas e a contribuição de melhoria, enquanto que os impostos são divididos entre
Impostos diretos e indiretos. Os Impostos diretos, que são os que incidem diretamente sobre a
renda pessoal do cidadão, por exemplo o Imposto de Renda, seguem o princípio da
capacidade contributiva que segundo o §1º do art. 145 ele terá sempre que possível caráter
pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte.

Segundo Pereira (2015) “Os impostos indiretos são aqueles, que devido a sua
natureza, podem ter o ônus tributário transferidos do contribuinte à outra pessoa, que
suportará este ônus.” Essa transferência de ônus tributário é suportada pelo Imposto sobre
Produtos Industrializados e pelo Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
(Ibidem, p, 3), sendo assim os impostos indiretos que são os Impostos sobre consumo, não
contém caráter pessoal, portanto não seguem o princípio da capacidade contributiva, uma vez
que onera o consumidor final de determinado bem ou serviço, independentemente de seu
poder econômico (D'ARAÚJO, 2015).

Segundo Gassen, D'Araújo, Paulino (2013) “Do total da carga tributária brasileira, os
tributos incidentes sobre o patrimônio representam 3,52%, sobre a renda 24,14%, e sobre o
consumo 68,20%”, ou seja, a maior parcela da Carga tributária bruta brasileira vem dos
Impostos sobre consumo o que faz com que as pessoas com a menor capacidade contributiva
arquem com a maior parte dos tributos arrecadados em nosso país, por causa disso pode-se
observar que o brasil apresenta uma matriz tributária altamente regressiva. (Gassen, D'Araújo,
Paulino, 2013)

Como podemos ver na tabela abaixo, no ano de 2008 um trabalhador que recebe até
2 salários mínimos destina 53,9% de sua renda para o pagamento de tributos, ele passa 197
dias para pagar todos os tributos enquanto que aqueles com renda mensal maior de 30 salários
mínimos tiveram uma carga tributária de apenas 29% de sua renda e passaram 106 dias para
pagarem os tributos.

Tabela 1- Carga Tributária por Renda familiar

Renda Mensal Carga Tributária Bruta - Dias Destinados ao Pagamento de


Familiar 2008 Tributos
Até 2 SM 53,90% 197
2a3 41,90% 153
3a5 37,40% 137
5a6 35,30% 129
6a8 35,00% 128
8 a 10 35,00% 128
10 a 15 33,70% 123
15 a 20 31,30% 115
20 a 30 31,70% 116
Mais de 30 SM 29,00% 106
Fonte 1 - IPEA

Em paralelo a essa situação, as igrejas evangélicas no brasil têm uma renda, por meio
de doações dos fiéis, de mais de R $1 bilhão por mês em sua totalidade, enquanto que as
igrejas católicas arrecadam cerca de R $680 milhões.
Gráfico 1 - Porcentagem das Religiões no Brasil em 2010

Fonte 2 – IBGE

Segundo o IBGE em 2010 o Brasil possuía 190.755.799 milhões de habitantes, como


podemos ver no gráfico acima 64,60% dessa população eram católicas, seguido por 22,20%
de evangélicos, que juntos representam 86,80%, ou seja 86,80% da população brasileira em
2010 eram cristões, essa porcentagem corresponde a 165.555.612 milhões de pessoas. De
acordo com o IBGE, desses 86,80%, apenas cerca 1% possui uma renda maior que 10
Salários Mínimos (SM), além disso cerca de 70% dos cristãos possuíam uma renda de até 2
SM.

Percebe-se então que a renda bilionária das igrejas é paga por aqueles que além de
terem pouca renda, ainda possuem uma carga tributária maior, enquanto que essas entidades
que estão recebendo bilhões de doações não são obrigadas a pagar tributos sobre essas
receitas.

4.2 - Aspectos positivos

As Entidades Religiosas não possuem fins lucrativos, toda a sua renda é destinada
única e exclusivamente ao patrimônio da própria instituição, ou seja, todo o seu lucro é
empregado de volta na respectiva entidade, então com essa imunidade todo o dinheiro que
seria empregado no pagamento de tributos, poderá ser usado para trazer benefícios a própria
instituição como também a sociedade.

Então, um dos aspecto positivo da Imunidade a templos de qualquer culto é que ela
facilita a concepção e manutenção das instituições religiosas, que apesar de existência das
entidades religiosas que possuem uma renda milionária como dito anteriormente, existem
também as outras instituições em regiões mais pobres que possuem uma renda muito pequena
e que se não fosse por essa imunidade, elas passariam por dificuldades para se manter,
podendo acabar até fechando, prejudicando assim aquelas pessoas que são ajudadas por essas
entidades.

Segundo Carlin, Oliveira (2017) “As entidades religiosas contribuem com o


desenvolvimento espiritual, cultural e social da sociedade e estes são valores fundamentais
para o desenvolvimento saudável de qualquer cidadão”.

Em relação ao aspecto cultural, a religião é influenciada pela cultura, mas ela


também influencia a cultura daqueles que vivem em seu entorno. Ela ajuda na construção dos
valores éticos de uma determinada sociedade. (Bernardi, Castilho, 2016)

No aspecto social, muitas entidades religiosas vêm desempenhando um papel


fundamental para melhorar a qualidade de vida das pessoas nas regiões mais empobrecidas
das periferias urbanas, por meio de atividades de caráter social, educativo, profissionalizantes,
de inclusão no mercado de trabalho, como também em doações de alimentos, roupas e até
mesmo de dinheiro para aqueles que estão passando por necessidade. (Ribeiro e Minayo,
2014)

A religião também tem uma grande importância para aqueles que estão encarcerados
nos presídios, pois ela contribui para uma maior expectativa de futuro, na promoção da
esperança e da motivação para a mudança, além de criar laços para o momento pós-
encarceramento ajudando assim na ressocialização dos presos (ibidem, p, 10)

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O sagrado ou divino é cultuado em diversas religiões e seitas e fazem parte da cultura


social e são encontradas no mundo todo. Diversos são os símbolos e crenças existentes na
sociedade que demonstram alguma devoção, portanto, o fato de obedecerem aos critérios
estabelecidos pela Constituição Federal, fazem com que sejam enquadrados no sistema de
imunidade tributária com relação aos templos em que são exercidos eventos, atividades e
cerimônias religiosas.

Em caráter constitucional os templos de qualquer culto não são atingidos pela


tributação sobre o patrimônio, serviços e renda. A imunidade é constitucional, diferente da
isenção que é uma modalidade da lei que a cria. É importante frisar que a maioria das
arrecadações das entidades religiosas advém de doações dos fiéis e sócios que participam
ativamente do crescimento da manutenção do templo e das obras que realizam em caráter
social. É possível verificar na constituição que tanto a União, Estados, Distrito Federal e
municípios não podem criar impostos sobre os templos, pois a Religião é tratada com
atividade essencial, mesmo o Estado sendo laico.

O tema em questão vem causando grande repercussão desde o seu surgimento em


1891, várias alterações já foram feitas na lei, porém a decisão se mantém nos dias atuais.
Apesar dos diversos argumentos e posicionamentos, o que prevalece é que versa a
Constituição Federal. É observado que os mantenedores dos templos são em maioria as
pessoas que possuem renda de até dois salários, o que indica o grande número de fiéis em
comparação com os montantes “faraônicos” obtidos. Em destaque se encontram as igrejas
evangélicas, em que são possíveis destacar, entre as mais recentes, diversas nomenclaturas e a
inobservância de padrões ou requisitos para criação das mesmas.

O grande aumento no número de religiões e ordens religiosas fazem com que se torne
difícil o controle e a justa aplicação da lei. São observadas diversas polêmicas envolvendo
autoridades religiosas em caráter de desvio de valores, lavagem de dinheiro, sonegação de
impostos e diversos crimes, em que utilizam dos templos e instituições religiosas para
praticarem ilícitos em favorecimento próprio. Os casos não são exclusivos de uma religião, no
entanto, tais eventos são desprezíveis e, não apenas por causar danos financeiros aos fiéis
doadores e pagadores de impostos, configuram um grande rombo para os cofres públicos
devido a tais "estratégias" usadas para driblar a Lei. Os valores são desviados para contas
particulares, favorecendo o crescimento de quadrilhas organizadas compostas por membros
das próprias instituições.

O principal intuito da imunidade tributária dos templos de qualquer culto tem o dever
favorecer toda e qualquer denominação religiosa. Os fiéis e adeptos são devem ser os
principais beneficiários, e segundo seriam os alvos dos projetos estabelecidos pelos templos,
tudo em favor da sociedade. Os delitos cometidos com a utilização das denominações
religiosas precisam ser apurados e tratados com severidade, pois os transtornos causados vão
além das ofertas deixadas no altar, são roubos do salário de muitos, enriquecimento para o
bolso de uma minoria, causando demérito para as religiões envolvidas em escândalos e para a
nossa Constituição.

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