Professional Documents
Culture Documents
Aula 04 Prefeitura Depor To Seguro
Aula 04 Prefeitura Depor To Seguro
Cursospar
aconcur
sos
DADISPONI BI
LIDADEDO CURSO
O al
unodeveobservaradisponi
bil
i
dadedoc ursoapósodiadacompra.Cada
cur
sopossuium pr
az oprópr
ioparaacesso.O i
níci
odac ont
agem doprazose
i
nic
iacom opri
meir
oac es
s oaaulaapósàautori
zaçãodacompra.
Apósoenc er
-
r
amentodesseprazo,vocênãoterámaisacessoaoc ur
so.
DADI SPONI BI
LIDADEDASAULASEM VÍ DEO
Cas oseuc ur
soc ontenhavídeos ,el
essãodi sponibil
izadosdeac ordoc om o
cronogr
ama.Asaul ass ãodivi
didasem bl ocosde25mi nutosec adav í
deo
poderáserassi
sti
dopeloalunoaté3( tr
ês)vezesdeac ordoc om adescri
çãocon-
t
idanoc urso,nohor ári
oquemel horlheconv i
er,nãos endopermiti
doqueas
aulassej
am baix
adasec opi
adaspar aarqui
v opes s
oal doaluno.
DOSREQUI SI
TOSDO SI STEMA
Éindi
cadoumai nt
ernetmí
nimade5Mb/spar
aaces s
oasaulasem al
t
ares
olu-
ção,s
endoquet ambém épossí
veloac
essocom i
nternetde2Mb/
sem res
olu-
çõesmenores.
DOACESSO
Asaul ases t
ar ãodi
sponívei
snos itewww. psi
c ol
ogi
anov a.com.bresomentepo-
derãos erut il
i
z adaspeloalunomat ri
c uladonoc ur
so,s endov edadaàc essãoa
t
er c
eiros.
Doi sac es s
oss i
mult
âneosfarãoc om queac onexãoc aia.
A Ps icologiaNov anãos erespons abili
zaporpr oblemasdeat ual
izaç
ãode
Flash,Jav a,nav egadores
,ouai nda,bl oqueiosporant i
vír
usouf ir
ewall
.Port
anto,
cert
if
ique- sec om ant
ecedênc i
aques uamáqui naenc ontr
a-s
eapt aparaoac es
so
aonos soc urso.
DOSCANCELAMENTOSERESCI SÕES
Cas ooc ursotenhai nici
ado,masnãof inal
izadasasf il
magens ,em c asodede-
si
s t
ênci
a,s erádes contadoov alorpropor ci
onalàsaul asjádisponibili
zadas ,as-
si
s t
i
dasounão,bem c omoincidi
rámul tar escis
ór i
ade30% ( tr
intaporc ento)
sobreototalpago.Cas otodasasaul ases tejam efetivamentedi sponíveis,não
serápossíveloc anc el
ament o.Ac r
it
ériodo( a)aluno( a),os al
doas err est
ituí
do
poderáserc onverti
doem bônuspar aabat i
ment oem f uturoscursosonl i
neof ere-
ci
dospeloPSI COLOGI ANOVA.
Em nenhumahi póteses erápos sí
velat rocadeum c urs
oc ontratadopel o(a)
al
uno(a)porout roc ursoonli
nehaj avist
aadi versidadedaquant i
dadedeaul as,
prof
essoresc ontr
atados ,disci
pl
inaslecionadas ,inves t
imentos,admi nistr
açãoe
despesasdaEs cola.
20. ASSERTIVIDADE E HABILIDADES SOCIAIS. 22. INTERDISCIPLINARIDADE E
MULTIDISCIPLINARIDADE EM ATENÇÃO PSICOSSOCIAL; 23. O PAPEL DO PSICÓLOGO EM
EQUIPE MULTIDISCIPLINAR; ........................................................................................ 2
ASSERTIVIDADE E HABILIDADES SOCIAIS .................................................................................................... 2
EQUIPES INTERDISCIPLINARES: INTERDISCIPLINARIDADE E MULTIDISCIPLINARIDADE – ASPECTOS GERAIS .......... 6
ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NOS NÍVEIS PRIMÁRIO, SECUNDÁRIO E TERCIÁRIO EM SAÚDE. ................................... 8
PROMOÇÃO, PREVENÇÃO E REABILITAÇÃO................................................................................................ 9
PREVENÇÃO PRIMÁRIA (UNIVERSAL, SELETIVA E INDICADA) ........................................................................ 11
PARA FINALIZARMOS............................................................................................................................ 12
18
EXTRA: REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL, CLÍNICA DA SUBJETIVIDADE, COMPREENSÃO DO
1:
SOFRIMENTO PSÍQUICO E INTERDISCIPLINARIDADE. ................................................... 15
:2
22
CLÍNICA DA SUBJETIVIDADE E A COMPREENSÃO DO SOFRIMENTO PSÍQUICO.................................................. 18
0
24. PSICOLOGIA JURÍDICA; ........................................................................................ 25
02
/2
HISTÓRIA DA PSICOLOGIA JURÍDICA NO BRASIL ....................................................................................... 29
01
PRINCIPAIS CAMPOS DE ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA JURÍDICA ..................................................................... 32
2/
A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO CONTEXTO FORENSE ................................................................................. 36
-0
26. PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS;..................................................................... 38
om
A ESTRUTURA HIERÁRQUICO-NORMATIVA BRASILEIRA ............................................................................... 38
l.c
ai
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS ........................................................................................... 39
gm
OS PRINCÍPIOS DOS DIREITOS HUMANOS ................................................................................................ 43
@
PRINCÍPIOS E CONTEXTOS DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS ....................................... 44
na
PNDH -1........................................................................................................................................... 55
1
PNDH-2 ........................................................................................................................................... 56
-6
43
PNDH-3 ........................................................................................................................................... 56
.2
1
31. RELATÓRIOS E LAUDOS PERICIAIS PSICOLÓGICOS; .............................................. 127
QUESTÕES ............................................................................................................. 127
QUESTÕES COMENTADAS E GABARITADAS ................................................................ 131
18
1:
Assertividade e habilidades sociais
:2
22
Em qualquer caso ou situação o psicólogo deve ser assertivo. Para ser
0
02
assertivo, deve ter habilidades sociais. Enquanto as habilidades sociais são
/2
01
competências, a assertividade é um estilo de comunicação.
2/
A assertividade é uma forma de lidar com conflitos, é um estilo de
-0
comunicação. Segundo o casal Del Prette:
om
Uma classe de habilidades sociais de enfrentamento em situações que
l.c
ai
envolvem risco de reação indesejável do interlocutor, com controle da
gm
ansiedade e expressão apropriada de sentimentos, desejos e opiniões.
@
na
agressividade.
1
-6
caracterizar por maior contato visual entre o indivíduo assertivo e seu interlocutor,
IA
IB
por Rich & Schroeder, 1976). A postura corporal, os gestos utilizados, a distância do
IA
LA
1
Del Prette, Z. A. P. & Del Prette, A. (2005). Psicologia das
habilidades sociais na infância: teoria e prática. Petrópolis: Vozes.
| 2
tom de voz que transmite raiva e ressentimento; fala muito alto e sem hesitação,
encara o interlocutor e fala imediatamente, quase interrompendo o interlocutor (cf.
Hull & Schroeder).
Apesar de caracterizações topográficas ajudarem na identificação daqueles
tipos de comportamentos, suas dimensões funcionais são reconhecidamente
relevantes. De um ponto de vista funcional, um aspecto importante a ser
considerado é que respostas assertivas/agressivas/passivas produzem
18
consequências variadas. Por exemplo, quando um indivíduo informa que está
1:
cansado demais para aceitar um convite para um passeio, essa resposta pode
:2
22
produzir tanto a evitação de um programa que seria aversivo naquele contexto,
0
como críticas de seus amigos e ameaças de não mais convidá-lo para nada. Alguém
02
/2
que, no mesmo contexto, aceita o convite, pode produzir a aprovação dos amigos,
01
mas, também, a condição aversiva de passear quando preferiria estar descansando.
2/
-0
Uma tentativa de classificar os tipos de consequências produzidas por
om
comportamentos assertivos/agressivos/passivos consiste em diferenciá-las quanto à
l.c
questão da aprovação social. Assim, em termos funcionais, pelo menos dois
ai
gm
conjuntos de consequências da assertividade/agressividade/passividade são
@
| 3
agradável, amigável, simpático) que os demais comportamentos (cf. Epstein, 1980;
Hull & Schroeder, 1979). Comportamentos assertivos também receberam avaliações
positivas (justo, passível de seguimento), embora tenham também recebido
avaliações negativas (como desagradável e antipático) (cf. Hull & Schroeder, 1979;
Kelly & cols., 1980; Schroeder & cols., 1983). Comportamentos agressivos receberam
avaliações predominantemente negativas (cf. Epstein, 1980; Hull & Schroeder, 1979).
Transpondo os resultados dos estudos de impacto social de comportamentos
18
assertivo/passivo/agressivo para a vida cotidiana, pode-se supor que o
1:
comportamento passivo produz aprovação social em maior escala que os demais
:2
22
com- portamentos, muito embora não seja eficiente na produção de consequências
0
reforçadoras diversas. Já o comportamento agressivo produz mais
02
/2
consistentemente desaprovação social, apesar de produzir também consequências
01
reforçadoras diversas de maior valor (ou mais prontamente) do que aquelas
2/
-0
produzidas pelos comportamentos assertivo e passivo. O comportamento assertivo,
om
por sua vez, é eficiente tanto na produção de consequências reforçadoras diversas
l.c
(embora menos que o agressivo) quanto na produção de aprovação social (ou
ai
gm
evitação da desaprovação social); em certos contextos, porém (por exemplo,
@
grupo, recebendo assim avaliações negativas. Por exemplo, que avaliação o grupo
.2
gesticulando muito) algo como “Qual é, seu idiota? Está me achando com cara de
04
portanto, eficaz desse ponto de vista. No entanto, a avaliação que o grupo faz de seu
PI
IA
esse indivíduo, assim não se expõem às consequências aversivas produzidas por seu
AL
LE
comportamento.
A
| 4
seu lado, o grupo mantém contato com o indivíduo passivo, uma vez que esse
contato é reforçado positivamente.
Comportamentos assertivos podem produzir tanto consequências aversivas
para o grupo, como reforçadoras. Uma maneira de o indivíduo prever as
consequências de seu comportamento assertivo (e tentar, a partir disso, emitir uma
resposta mais provável de ser reforçada) é discriminar e avaliar o contexto no qual
está inserido (cf. Falcone, 2001; Lewis & Gallois, 1984; McFall & Lillesand, 1971). Para
18
isso, o autoconhecimento e a empatia são importantes, na medida em que a
1:
discriminação dos próprios sentimentos, dos sentimentos do interlocutor e das
:2
22
variáveis das quais esses sentimentos são função facilita a emissão de respostas que
0
respeitem cada uma das partes, maximizando a produção de consequências
02
/2
reforçadoras (diversas e de aprovação social) para ambas e protegendo assim a
01
relação interpessoal.
2/
-0
É possível afirmar, portanto, que comportamentos agressivos são
om
controlados predominantemente por consequências reforçadoras diversas, de
l.c
maior valor reforçador (e assim pode-se apontar tanto a obtenção ou manutenção
ai
gm
de bens materiais como a esquiva de contatos sociais aversivos), enquanto
@
outra natureza também possam ser produzidas, mas com um menor valor
a.
an
| 5
2010, Vol. 26 n. 2, pp. 295-304. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/ptp/v26n2/a11v26n2.pdf
18
reduzir o estresse decorrente de demanda de trabalho considerada excessiva.
1:
Esse treino, no campo laboral, é indicado para a prevenção do estresse
:2
22
laboral. Para tanto, deve basear-se em um programa típico que instrui sobre
0
técnicas de relaxamento, habilidades para lidar com o estresse, capacidade de ouvir
02
/2
e métodos para lidar com pessoas difíceis, gerenciamento do tempo e assertividade
01
em si.
2/
-0
om
Equipes interdisciplinares: interdisciplinaridade e
l.c
ai
multidisciplinaridade – aspectos gerais gm
@
na
relacionam. Seu objetivo é claro: trabalhar com a saúde, mas quais as diferenças
ib
a.
| 6
preservados
Macete: MIT
18
conhecimento do psicólogo deve ser considerado importante na construção do
1:
diagnóstico do médico do trabalho, por exemplo, no entendimento do processo de
:2
22
saúde.
0
02
Creio que ainda seja necessário fazer uma série de esclarecimentos adicionais
/2
sobre equipe multidisciplinar e equipe interdisciplinar. A primeira diz respeito
01
2/
apenas a variedade de profissionais em uma dada equipe: ela pode ser formada por
-0
profissionais das diferentes áreas: médicos, enfermeiros, odontólogos, etc. Contudo,
om
o conceito de interdisciplinariedade vai além disso segundo Japiassu:
l.c
a) a interdisciplinaridade se caracteriza pela intensidade das
ai
gm
trocas entre os especialistas e pelo grau de integração real das disciplinas, no
@
ampliação, [...].
A
N
IA
posta em prática, é necessário que haja uma equipe formada por vários
profissionais. Mas, a existência dessa equipe não é garantia que essa troca intensa
de saberes característica do trabalho interdisciplinar aconteça.
Já que estamos entrando na área de saúde, qual a definição que devemos
utilizar? Recomendo trabalharmos com a da OMS:
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde não apenas como a
ausência de doença, mas como a situação de perfeito bem-estar físico, mental e
social. Essa definição, até avançada para a época em que foi realizada, é, no
momento, irreal, ultrapassada e unilateral.
| 7
Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-
89101997000600016&script=sci_arttext
18
interdisciplinar deve ultrapassar a mera consulta a outros especialistas, como
1:
ocorre no trabalho multidisciplinar, para articular constructos que proporcionem
:2
22
um entendimento mais realista das situações humanas nas organizações.
0
02
/2
01
Atuação do psicólogo nos níveis primário,
2/
-0
secundário e terciário em saúde.
om
l.c
ai
gm
É IBRAE gente, não vamos titubear aqui. Primeiro vou explicar alguns pontos
@
que sempre confundem aquele candidato que está há mais tempo nessa área e que
na
ainda mantém alguns vícios. Ação básica de saúde é a mesma coisa que níveis de
pi
ia
utilizados.
1
-6
saúde
-0
de vista do Sistema Único de Saúde – SUS. No SUS, o cuidado com a saúde está
A
N
IA
| 8
consolida os pressupostos do SUS: eqüidade, universalidade e integralidade. A
estratégia adotada pelo Ministério da Saúde, como prioritária para a organização da
atenção básica é a estratégia Saúde da Família, que estabelece vínculo sólido de co-
responsabilização com a comunidade adscrita. A responsabilidade pela oferta de
serviços de atenção básica à saúde é da gestão municipal, sendo o financiamento
para as ações básicas à saúde de responsabilidade das três esferas de governo.
A média complexidade compõem-se por ações e serviços que visam atender
18
aos principais problemas de saúde e agravos da população cuja prática clínica
1:
demande disponibilidade de profissionais especializados e o uso de recursos
:2
22
tecnológicos de apoio e diagnóstico terapêutico. A alta complexidade, por sua vez,
0
é um conjunto de procedimentos que, no contexto do SUS, envolve alta tecnologia e
02
/2
alto custo, objetivando propiciar à população acesso a serviços qualificados,
01
integrando-os aos demais níveis de atenção à saúde (atenção básica e de média
2/
-0
complexidade).
om
Vejamos onde cada uma dessas ações se organiza originalmente.
l.c
Atenção básica à Saúde Média Complexidade Alta complexidade
ai
Programa de Saúde da Família e Ambulatórios gm Hospitais
@
(postos de saúde).
ia
ib
Atenção: O que está descrito na tabela retrata o local de atuação preferencial dos
a.
an
tipos de atenção à saúde. Perceba que um posto de saúde pode ter ações de
ai
reabilitação e de ação sobre a patologia em si, assim como os níveis de média e alta
-l
1
| 9
18
1:
:2
22
Esquematicamente, podemos definir:
0
02
Promoção Prevenção Reabilitação
/2
01
Educação em saúde, bons No campo da As ações de recuperação à
2/
padrões de alimentação e proteção à saúde, saúde envolvem o
-0
nutrição, adoção de estilos são exemplos de diagnóstico e o tratamento
om
l.c
de vida saudáveis, uso ações: vigilância de doenças, acidentes e
ai
adequado e epidemiológica, danos de toda natureza, a
gm
desenvolvimento de vacinações, limitação da invalidez e a
@
na
treinamento, ao reemprego
do reabilitado ou à sua
colocação seletiva, através de
programas específicos junto
às indústrias e ao comércio,
para a absorção dessa mão
de obra
Campanhas educativas no Identificação de Recuperação, readaptação e
trabalho problemas no reabilitação
trabalho
| 10
Prevenção primária (universal, seletiva e indicada)
Ainda dentro desse campo, precisamos definir os três tipos de prevenção
primária: universal, seletiva e indicada.
Sobre isso:
18
Nesse sentido, a prevenção e a promoção da saúde, em particular da saúde mental,
1:
:2
devem contemplar a avaliação da presença de fatores protetores/indicadores
22
positivos para além dos indicadores de risco e de doença (Jessor, Turbin & Costa,
0
02
1998; Iglesias, 2002; Substance Abuse and Mental Health Services Administration
/2
01
[SAMHSA], 2002; Keyes, 2006; World Health Organization [WHO], 2004).
2/
No que se refere à prevenção do consumo de substâncias psicoativas, o
-0
Institute of Medicine (IOM), com base nos modelos compreensivos e de influência
om
l.c
social, preconiza que a intervenção preventiva deve ser operacionalizada através da
ai
avaliação dos fatores de risco associados dos indivíduos, tendo proposto um
gm
modelo operacional para o desenho das intervenções que contempla os níveis:
@
na
grau de risco individual. Toda a população é considerada como tendo o mesmo nível
an
| 11
económicos, que interferem com as escolhas individuais do uso de substâncias
psicoativas. Neste âmbito, inserem-se medidas legislativas nacionais e
internacionais relativas ao consumo e venda de substâncias psicoativas ilícitas e
lícitas, como por exemplo, a taxação fiscal de produtos como o álcool e o tabaco, a
exposição a mensagens publicitárias, o controlo da idade de venda dos mesmos ou
ainda medidas em contextos particulares, como o meio escolar, que regulamentam
o seu uso para toda a comunidade escolar (alunos, professores, profissionais e
18
responsáveis pelos alunos) (EMCDDA, 2011).
1:
Fonte: Prevenção. Serviço Nacional de Saúde de Portugal. Disponível em:
:2
22
http://www.sicad.pt/PT/Intervencao/PrevencaoMais/SitePages/Home%20Page.aspx
0
02
/2
Ainda sobre isso:
01
2/
O que é? Onde se aplica?
-0
Intervenção universal – são Intervenção universal – na comunidade,
om
programas destinados à população em ambiente escolar e nos meios de
l.c
ai
geral, supostamente sem qualquer comunicação. gm
fator associado ao risco.
@
na
de substâncias.
ai
-l
acidentes de trânsito.
PI
IA
IB
Para finalizarmos....
AL
LE
A
N
IA
| 12
desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo patológico no
meio ambiente ou em qualquer outro lugar (pré-patogênese), passando pela
resposta do homem ao estímulo, até às alterações que levam a um defeito,
invalidez, recuperação ou morte (patogênese)” (Leavel e Clark 1976:15). - O conceito
de prevenção definido como “ação antecipada, baseada no conhecimento da
história natural a fim de tornar improvável o progresso posterior da doença” (Leavel
e Clark, 1976:17). A prevenção contaria com três etapas: primária secundária e
18
terciária A prevenção primária é a efetivada no período de pré-patogênese. O
1:
conceito de promoção da saúdem nesse contexto,consistiria em um dos níveis da
:2
22
prevenção primária, definido como “medidas destinadas a desenvolver uma saúde
0
ótima” . Uma segunda dimensão da prevenção primária seria a proteção específica
02
/2
“contra agentes patológicos ou pelo estabelecimento de barreiras contra os agentes
01
do meio ambiente”. A etapa da prevenção secundária também se apresenta em dois
2/
-0
níveis: o primeiro, diagnóstico e tratamento precoce e o segundo, limitação da
om
invalidez. Por fim, a prevenção terciária que diz respeito a ações de reabilitação
l.c
(,Leavel e Clark 1976).
ai
gm
Como se pode notar, propostas de promoção da saúde em Leavell& Clark
@
de como Informe Lalonde. A realização deste estudo teve como base a verificação
A
N
significativos (Buss, 2003). O Informe Lalonde deixava claro que o ambiente, o estilo
A
| 13
físicas. Assim, a promoção da saúde não e responsabilidade exclusiva do setor saúde
vai para além de um estilo de vida saudável, na direção de um bem-estar global”
(Carta de Ottawa, 1986, p.1).
Desde esta publicação, o conceito de promoção em saúde veio se
modificando e atualmente relaciona-se a valores tais como vida, saúde,
solidariedade, equidade, democracia, cidadania, desenvolvimento, participação e
parceria. Além disso, está associado também a ideia de “responsabilização
18
múltipla”, pois abrange ações do Estado (políticas publicas saudáveis), das pessoas
1:
(desenvolvimento de habilidades pessoais), do sistema de saúde (reorientação do
:2
22
sistema de saúde) e de parcerias intersetoriais (Buss, 2003). As ações preventivas pro
0
outro lado, dizem respeito a intervenções feitas no sentido de evitar doenças
02
/2
específicas, com objetivo de reduzir sua incidência e prevalência na população. Para
01
tanto, fundamentam-se no conhecimento epidemiológico sobre as doenças e outros
2/
-0
agravos específicos (Czeresnia, 2003). A prevenção compreende então, as ações de
om
detecção, controle e enfraquecimento dos fatores de risco de enfermidades, tendo
l.c
como foco as doenças e os mecanismos para tratá-las. (BUSS, 2003).
ai
gm
A recuperação e a reabilitação, por sua vez, não são medidas antecipatórias
@
aos agravos e doenças. Assim, são processos que ocorrem após a ocorrência destes.
na
pi
específicos. Estes fins podem ser os mais diversos e desta forma, esta não é uma
a.
an
área de que seja exclusiva de qualquer profissional, e sim uma proposta de atuação
ai
depois de uma doença, agravo ou acidente, para que o indivíduo se torne mais
04
funcional.
-0
que há três aspectos básicos a serem considerados nesse processos: casa, trabalho e
PI
IA
| 14
EXTRA: Reabilitação psicossocial, clínica da subjetividade,
compreensão do sofrimento psíquico e interdisciplinaridade.
Não, reabilitação psicossocial não é um campo de interesse antigo na
humanidade. Na verdade: a reabilitação psicossocial do portador de transtorno
mental é um conceito forjado no interior do movimento brasileiro de Reforma
Psiquiátrica, tendo como referência, propostas da Psiquiatria Democrática,
18
1:
responsável pelo aprofundamento, na década de 1970, na Itália, da crítica aos asilos,
:2
dando vez à promulgação da Lei nº 180/78. Liderada por Franco Basaglia, a
22
0
Psiquiatria Democrática defendia a ruptura com o paradigma clínico, com a relação
02
linear causa e efeito, na concepção da loucura, e com o rótulo de periculosidade do
/2
01
doente mental, negando a instituição psiquiátrica e propondo uma alternativa nova
2/
-0
de tratamento2.
om
Mas, o que é reabilitação psicossocial? É um tratamento oferecido de forma
l.c
interdisciplinar que tem como objetivo fazer com que o sujeito regresse às
ai
gm
atividades funcionais da vida diária. Em outras palavras, é reintegrar o sujeito ao seu
@
grupo de origem com o menor prejuízo possível.
na
2
Fonte: Kinoshita RT. Uma experiência pioneira: a reforma psiquiátrica italiana. In: Marsiglia
RG, Dallari DA, Costa JF, Moura Neto FDM, Kinoshita RT, Lancetti A. Saúde mental e
cidadania. São Paulo (SP): Mandacaru; 1987. p.77-8.
3
Disponível em:
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/esporte/conceitos-para-
definicao-de-reabilitacao-psicossocial/42419
| 15
dano (impairment). As formas de tratamento seriam a laborterapia, o
treinamento em habilidades sociais e a reabilitação vocacional.
Já no caso do handicap, ou seja, das desvantagens advindas de uma
alteração (impairment) ou de desabilidades (disabitily), resultantes de
uma alteração de longo prazo do estado “normal” de uma pessoa, o
tratamento seria mais complexo e chegaria a envolver alternativas
residenciais e programas de suporte comunitário nas áreas de
18
trabalho, educação, transporte e lazer.
1:
:2
22
Esse tipo de trabalho conta com a ajuda de psicólogos, assistentes sociais,
0
médicos, enfermeiros e outros profissionais. A composição da equipe depende do
02
/2
tipo de reabilitação pretendida. Geralmente atuamos no campo da saúde mental
01
e sobre o sofrimento do paciente. Portanto, é preciso desenvolver uma clínica da
2/
-0
subjetividade, particularizando cada caso para o gerenciamento do sofrimento.
om
Em nossa rede de atenção à saúde mental, cabe ao CAPS trabalhar
l.c
primariamente com esse tipo de serviço. Nesses equipamentos a dicotomia
ai
gm
saúde/doença é superada e seu principal foco é a desinstitucionalização.
@
compreende o processo que envolve a luta pelos direitos civis, políticos e sociais. É
10
.1
verdade, é a ética que oferece sentido às ações sociais. Por sua vez, a própria idéia
-0
jurídico. No caso de o Estado afirmar, por exemplo, que todos devem ter acesso à
A
ações dos grupos sociais excluídos, para obtenção da aplicação da lei, literalmente
LA
4
Fonte: Oliveira FB. Reabilitação Psicossocial no contexto da desinstitucionalização: utopias
e incertezas. In: Jorge MSB, Silva WV, org. Saúde mental: da prática psiquiátrica asilar ao
terceiro milênio. Fortaleza (CE): INESP/EDUECE; 1999. p. 57.
| 16
A equipe, sempre multidisciplinar e atuando de forma interdisciplinar, vai,
através de um plano terapêutico, ofertar serviços e ações para a reabilitação
psicossocial.
Sabemos que
“Existe uma relação muito estreita entre saúde mental e fatores
psicossociais. Esses fatores estão correlacionados à origem de muitos
18
transtornos psíquicos, ao desenvolvimento de todos esses
1:
transtornos e à eficácia dos serviços de atenção psiquiátrica. Dessa
:2
22
forma, percebe-se que o usuário que apresenta esses transtornos
0
deve ser estimulado a restabelecer suas relações afetivas e sociais e
02
/2
reconquistar seu papel social dentro de sua comunidade”.
01
Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
2/
-0
Coordenação Geral de Saúde Mental e Coordenação Geral de Atenção
om
Básica. Saúde Mental e Atenção Básica – O vínculo e o diálogo
l.c
necessários, 2003 (01).
ai
gm
@
| 17
Em outras palavras, a reabilitação psicossocial é constituída de
ações de emancipação junto aos usuários e familiares no sentido da
garantia de seus direitos e da promoção de contratualidade no
território. É importante ressaltar que as estratégias de reabilitação
psicossocial e de protagonismo não se restringem a um ponto de
atenção ou ações isoladas, mas envolvem a criação de novos
campos de negociação e formas de sociabilidade.
18
Disponível em: http://portalms.saude.gov.br/politica-nacional-de-
1:
saude-mental-alcool-e-outras-drogas/851-saude-mental/41175-
:2
22
estrategias-de-reabilitacao-psicossocial
0
02
/2
E qual seria o papel mais específico da equipe? Segundo Jorge e
01
colaboradoras (2006)5, a reabilitação psicossocial precisa contemplar três vértices
2/
-0
da vida de qualquer cidadão: casa, trabalho e lazer. Nesta perspectiva, a reabilitação
om
consiste em um conjunto de estratégias capazes de resgatar a singularidade, a
l.c
subjetividade e o respeito à pessoa com sofrimento psíquico, proporcionando-lhe
ai
gm
melhor qualidade de vida. Cabe à equipe de saúde mental compreender o indivíduo
@
reabilitação é uma concepção que deve estar presente, não somente no dia-a-dia de
a.
an
portador de sofrimento psíquico, mas também nas ações que caracterizam o nosso
-l
1
sistema sócio-político e pelos diversos segmentos da sociedade, uma vez que, nesse
-6
43
processo, somos todos os agentes sociais. Assim, a pesquisa visa conhecer as ações
.2
para a prática.
04
-0
sofrimento psíquico
IA
IB
AL
Sobre isso:
IA
LA
5
JORGE, Maria Salete Bessa et al . Reabilitação Psicossocial: visão da equipe de Saúde
Mental. Rev. bras. enferm., Brasília , v. 59, n. 6, p. 734-739, Dec. 2006 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
71672006000600003&lng=en&nrm=iso>. access
on 22 Nov. 2018. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672006000600003.
| 18
Em seu trabalho sobre as afasias, Freud (1977 [1891]) contrapõe as hipóteses
de Wernicke e Lichtheim, sobretudo na posição localizacionista desses autores.
Nesse texto, é apresentado um esquema de associações neuronais no qual
apareciam lesões causadoras da perda da capacidade de falar espontaneamente, e
esse esquema Lichtheim chamou de aparelho de linguagem. Segundo Garcia-Roza
(2001, p. 26-27), termo semelhante (aparelho da alma) já havia sido utilizado por
Meynert e Wernicke, embora não muito frequentemente.
18
Ao refutar o aparelho de linguagem de Lichtheim, Freud constrói o seu
1:
próprio modelo. A intenção não era dissociar o problema da fala de suas bases
:2
22
orgânicas, mas excluí-lo da concepção vinculada à lesão localizada (GARCIA-ROZA,
0
2001, p. 24-25). De tal modo, Freud propõe um modelo que servia tanto aos sujeitos
02
/2
lesionados quanto aos não lesionados. A capacidade de observação clínica
01
apontava que não é somente quando há problemas fisiopatológicos que ocorrem os
2/
-0
problemas de esquecimento, as fusões de palavras e as trocas de letras são,
om
também, quando há afetos confusos envolvidos na mesma representação da
l.c
palavra.
ai
gm
Ao avançar criticamente sobre a análise de um esquema do aparelho de
@
dos estímulos, nem às lesões localizadas, no entanto indicou que esses problemas
ia
ib
preciso apresentar, a partir dessa notação, nova argumentação, uma arguição que
04
tratasse de ambos os casos, dos casos afásicos e dos parafásicos, definidos por
-0
Freud como:
A
N
palavra apropriada é substituída por uma outra não apropriada que tem no entanto
IB
uma certa relação com a palavra exata. [...] trata- -se (de parafasia)... quando troca
AL
LE
palavras que tem som semelhante, [...] quando comete erros de articulação, [...]
A
quando duas intenções verbais são fundidas, [...] (FREUD, 1977 [1891]. p. 9,10).
N
IA
| 19
comunicação verbal segue a mesma regência do sintoma corporal histérico, por
exemplo. Vale, em síntese, afirmar que de aparelho da linguagem o modelo vai
evoluindo, ampliando e ganhando complexidade, para tornar-se o aparelho do
pensar, termo tão caro a Bion.
O aparelho do pensar se identifica, portanto, com a linguagem desde o
princípio da clínica. Mas de que linguagem nós estamos falando? A máxima
enunciada pelos seguidores de Lacan é: "o inconsciente se estrutura na forma de
18
uma linguagem" ou "o inconsciente é, em seu fundo, estruturado, tramado,
1:
encadeado, tecido de linguagem" (LACAN, 1981, p. 135). Essa é a linguagem que nos
:2
22
constitui e que aqui focamos.
0
A estruturação do pensamento na forma de linguagem, em Freud (1980 [1896]),
02
/2
relatada na carta 52 a Fliess, com elaboração bem articulada de um gráfico, aponta
01
signos, traços mnêmicos e sistema inconsciente desenvolvidos a partir do registro
2/
-0
de simultaneidade de estímulos e da associação entre esses registros, percepções e
om
sensações. Mais tarde, outras noções foram compreendidas como o registro pela
l.c
negatividade e a reorganização desses registros de tempos em tempos.
ai
gm
O aparelho de pensar é um aparelho de memória e de linguagem, embora
@
PEREIRA, 1999).
-l
1
de uma essência. Essa essência humana hipotética pode ser identificada em várias
correntes de forma bastante evidente. Para o homem grego pré-socrático, o homem
era uma substância formada a partir dos elementos básicos: água, terra, fogo e ar,
ou, um pouco mais à frente, formado por elementos básicos que se organizavam a
partir de uma inteligência cósmica chamada nôus. Para o homem socrático, a
natureza essencial estava ligada aos deuses. O "conhece-te a si mesmo" socrático
tinha o sentido de: conheça a centelha divina que te constitui. Para o homem
medieval, a natureza humana era espiritual, devido seu pecado o homem foi jogado
| 20
num vale de lágrimas e deveria peregrinar para se religar (religião) a Deus (NANCY,
2001).
Mais próximo a nós e ainda nos constituindo, na modernidade, a razão foi
tomada como essência humana. Desta forma, o racional era o humano, o irracional
era o animalizado, bestificado, louco...
Nas abordagens psicológicas mais frequentes, em nosso meio, também há a
presença de um sujeito essencialista – um sujeito antropológico –. Alguns exemplos
18
disso são: os arquétipos, a tendência ao amadurecimento, a genética, o corpo, o
1:
gênero, a mente e a espontaneidade. Mesmo aqueles que alegam a existência
:2
22
preceder a essência reafirmam haver algo essencial.
0
As abordagens da subjetividade não consideram haver uma essência
02
/2
humana, consideram, ao contrário, que o homem seja uma construção sócio-
01
histórica, constituído na linguagem e pela linguagem. Desta forma, é pela linguagem
2/
-0
que o sujeito se autodefine, se compreende e se configura na cotidianidade. Essa
om
concepção daria corpo à possibilidade da diversidade cultural humana.
l.c
Considerando haver uma cultura que concebe a maternidade como
ai
gm
possuidora de uma essência e que toda mãe naturalmente, essencialmente, cuida
@
de seu filhote, outra cultura vai mostrar mães abandonando seus filhos
na
pi
responsável por essa concepção, afirma ser o mundo constituído pela linguagem.
.2
Muito brevemente, podemos citar a afirmação de Amaral Dias (2003): o nome mata o
10
.1
objeto. Isso significa que ao nomear qualquer objeto este passa a uma categoria
04
linguística e a ele se agrega algo da linguagem e não de sua natureza. Dar um nome
-0
relação com outros objetos, gerar novos sentidos e gerar uma identidade.
PI
IA
Mas não é aqui que termina essa história, ao contrário, começa o problema a
IB
ser examinado. Os símbolos e os signos não são criadores do homem, mas criados
AL
LE
pelo homem, e não há uma ditadura da linguagem que nos condiciona a olhar o
A
| 21
A linguagem, no entanto, pode ser compreendida de forma aberta, quer
dizer, ser um ponto de conexão entre objetos e sujeitos onde caibam a criatividade e
a imaginação. Considerando a linguagem como incompleta, como não plena ou não
positiva, a hipótese de sermos constituídos por uma falta ou por uma negatividade
ganha espaço em nossa abordagem.
Ser constituído pela falta implica na razão dos movimentos de eterna
insatisfação constitutiva humana. Para esse sofrimento não há cura. Esse sofrimento
18
nos joga à procura de algo mais, e sempre há um mais, sempre há algo a se
1:
compreender ou algo de incompleto e, então, nos momentos mais importantes da
:2
22
vida diremos: não tenho palavras para expressar !... pois as palavras jamais serão
0
suficientes para traduzir ou representar o mundo, não somente o mundo mental,
02
/2
mas também o mundo dos objetos materiais.
01
A subjetividade na Clínica: um sujeito em (re)construção
2/
-0
A subjetividade no diagnóstico
om
A concepção de diagnóstico está se massificando nos últimos anos, parece
l.c
que diagnosticar significa unicamente, agora, atribuir um código por meio de
ai
gm
identificação de sintomas disciplinares ou normativos, sem nada saber a respeito da
@
processo (cf. FOUCAULT, 1987; DELEUZE: 1992). Mas, não podemos deixar de lado a
10
.1
força da indústria farmacêutica que promete a cura das dores psíquicas com a
04
administração das pílulas da felicidade (cf. ROSE, NOVAS: 2005; ROSE, MARTINS:
-0
problema médico.
A
| 22
forma, há uma psicopatologia sem sujeito e um diagnóstico sem histórico, nem
singularidade. A linguagem é codificada e inserida no universo digital dos controles
dos indivíduos.
Para ser singular, agora, o sujeito precisa de uma nova atitude, precisa
buscar um novo comportamento que não seja previamente classificado, mas
também que não seja algo muito assustador, sob pena de exclusão social. Daí surge
um novo comportamento, um modo razoavelmente transgressor do establishment,
18
uma singularidade visual, marcada no próprio corpo. Com suporte tecnológico, as
1:
drogas e as próteses corporais de todos os tipos (de escaras e tatuagens até as
:2
22
cirurgias plásticas) vêm preencher este espaço não possível, portanto utópico, de
0
busca de singularidade e expressão da insatisfação consigo mesmo.
02
/2
Tal qual um artista sem talento que ao filiar-se a uma escola de arte reproduz
01
determinadas linhas de expressão e seus traços, ao invés de tornarem-se uma
2/
-0
demonstração criativa de uma época, tornam-se uma repetição rígida e previsível do
om
mundo imediato, os profissionais do campo psicológico estabelecem diagnósticos
l.c
que nada dizem respeito ao (do) sujeito que sofre, dizem apenas de seus índices
ai
gm
normativos, de seus desvios da média e de seus neurotransmissores deficitários.
@
exercido sobre ele esmaece, tornando o diagnóstico, para além de uma avaliação
a.
an
todos os momentos. A psicoterapia não pode tornar-se mais uma ou até mesmo a
10
.1
então, o psicoterapeuta não tem nada a dizer para o seu paciente e, retomando
A
N
1991), e, desta forma, apto a auxiliar o paciente. O significado que tanto Bion,
quanto Winnicott dão à interpretação psicanalítica é o de que uma interpretação
tem validade apenas uma única vez, e se uma interpretação se repete, o terapeuta
está confundindo pacientes, no significado mais radical do termo "com-fusão", ou
dizendo de si e apagando a alteridade do paciente.
Na situação terapêutica tradicional estão presentes os sujeitos terapeuta e
cliente. Esses são construções circunscritas ao espaço, ao tempo e a um conjunto de
práticas discursivas e não discursivas. Esse cenário enunciativo impele o primeiro à
escuta, e o segundo à fala confessional. O discurso é performativo, do discurso nasce
| 23
o sujeito, ele próprio e, nessa relação, sobre a fala, o psicoterapeuta produz um
saber compartilhado e problematizado por ambos.
A subjetividade do terapeuta pode estar carregada de desejos, memórias e
teorias (compreensões) e, se isso ocorre, sua produção será sobre seu referencial
particular, sobre seu desejo, sobre sua história e, principalmente, sobre sua teoria e
sua filiação institucional. Por esse motivo, Bion (1991) afirma que o terapeuta deve
atuar sem desejo e sem memória.
18
Ainda, antes de abordar a subjetividade do paciente, cabe lembrar que o
1:
atendimento de Freud a Anna O., acompanhado de Breuer, foi motivo de um
:2
22
acontecimento valiosíssimo à história da psicanálise. A partir de determinado ponto
0
do atendimento, Anna O. manifestou afetos de desejo sexual em relação a Breuer, e
02
/2
ele, em resposta, suspendeu suas visitas à paciente, dando-a como curada e alegou
01
que se sua esposa soubesse do acontecimento, se aborreceria (BREUER, FREUD:
2/
-0
1980 [1885]). Sem o aprofundamento que merece este tema, deixando-o para outro
om
texto, vimos aí a mostra de que a subjetividade não nasce dos atravessamentos,
l.c
mas, sobretudo, das defesas. É ao dizer não a uma sedução, a um prazer, a uma
ai
gm
intensidade ou a um atravessamento qualquer que se delineia a subjetividade.
@
Encaminho o leitor à leitura de Birman (2005) que trata desse tema com
na
pi
profundidade e clareza.
ia
ib
certamente se achava merecedor desse afeto, emergiu com uma resposta do tipo:
ai
"já sou comprometido!" O que Freud compreendeu dessa passagem foi identificado
-l
1
do paciente.
04
Considerações finais
| 24
A clínica da subjetividade é, enquanto prática terapêutica, uma experiência
cuja proposta se faz desde as origens da psicanálise. No entanto, hoje, encontra
fortes resistências devido ao discurso prevalente no meio profissional, seja do ponto
de vista do diagnóstico ou do processo clínico.
A emergência do sujeito como um fator de resistência à sociedade do
controle e aos discursos disciplinares, com toda sua sutileza, força o
enfraquecimento das posições subjetivas e favorece as resoluções objetivas,
18
pragmáticas e, como dispositivo de bem-estar, abastece o sujeito pela proposta do
1:
prazer estético, dificultando as práticas de introspecção, tidas como desnecessárias
:2
22
e prejudiciais por permitirem o contato do sujeito a uma dor incurável e à
0
insatisfação proveniente de sua falta constitutiva.
02
/2
As práticas de diagnósticos sindrômicos – baseados nos sintomas –
01
preconizadas pelo uso dos manuais diagnósticos refletem a ausência da
2/
-0
subjetividade como valor a ser desenvolvido na contemporaneidade e as
om
abordagens terapêuticas que são fundamentadas em métodos e práticas de
l.c
supressão de sintomas, seja via medicamentosa ou práticas de si, a despeito da
ai
gm
história e do significado desse sintoma, corroboram a exclusão da subjetividade na
@
clínica.
na
pi
Portanto, tal qual o sujeito emerge na sua resistência aos discursos, a prática
ia
ib
temática e histórica. Psicol inf., São Paulo , v. 17, n. 17, p. 107-121, dez. 2013
-0
. Disponível em
A
N
PI
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
IA
| 25
Alguns defendem que o termo “forense” esteja mais circunscrito aos fóruns,
enquanto que “jurídico” é capaz de abarcar mais áreas e procedimentos:
a) ocorridos nos tribunais;
b) que são frutos da decisão judicial;
c) que são de interesse da área jurídico ou do Direito.
18
que corresponderia a “… um instrumento auxiliar no exercício da Justiça nos
1:
processos que tramitam nas Varas da Infância e da Juventude e nas Varas de Família
:2
22
e Sucessões dos Foros Regionais, e nos Tribunais de Justiça dos Estados” (Silva,
0
2003, p.49).
02
/2
Sobre a definição da área forense:
01
2/
Conforme Camargo (1996), o termo forense é aplicado aos tribunais, ao foro e
-0
à Justiça, servindo também para classificar todas as tarefas e atividades de
om
prestação jurisdicional. Nesse sentido fala-se em prática forense, livraria forense e
l.c
ai
assim por diante.
gm
Fonte: http://www.psicologiananet.com.br/psicologia-juridica-e-psicologia-forense-
@
na
como-e-o-campo-de-atuacao-do-psicologo-juridico-ou-psicologo-forense/2504/
pi
ia
ib
Além disso, adianto que a Psicologia Jurídica em si NÃO é uma ciência nova
a.
an
(apesar de alguns autores dizerem isso), e que vem passando por inúmeras
ai
Jurídica Jurídica
.1
Carcerária Público
N
PI
Família
LA
• Psicologia do Testemunho
• Psicologia Jurídica e Direito Civil
• Psicologia Policial/Militar
| 26
centrada na orientação do dado psicológico repassado não só para os juristas como
também aos sujeitos que carecem de tal intervenção.
Contribui para a formulação, revisões e interpretação das leis.
18
humanos.
1:
3- Realiza pesquisa visando a construção e ampliação do conhecimento psicológico
:2
22
aplicado ao campo do Direito.
0
4- Avalia as condições intelectuais e emocionais de crianças adolescentes e adultos
02
/2
em conexão processos jurídicos, seja por deficiência mental e insanidade,
01
testamentos contestados, aceitação em lares adotivos, posse e guarda de crianças
2/
-0
ou determinação da responsabilidade legal por atos criminosos.
om
5- Atua como perito judicial nas varas cíveis, criminais, justiça do trabalho, da
l.c
família, da criança e do adolescente, elaborando laudos, pareceres e perícias a
ai
serem anexados aos processos. gm
@
6- Elabora petições que serão juntadas ao processo, sempre que solicitar alguma
na
pi
da perícia.
a.
an
com a busca de decisões próprias na organização familiar dos que recorrem a Varas
IB
| 27
14- Participa da elaboração e do processo de Execução Penal e assessorar a
administração dos estabelecimentos penais quanto a formulação da política penal e
no treinamento de pessoal para aplicá-la.
15- Atua em pesquisas e programas de prevenção à violência e desenvolve estudos e
pesquisas sobre a pesquisa criminal, construindo ou adaptando instrumentos de
investigação psicológica.
18
1:
Nesta seara, um tipo de questão provável para qualquer concurso que cobre
:2
22
esse tópico é a diferenciação entre psicólogo perito e psicólogo assistente técnico.
0
02
Sobre isso:
/2
Na Psicologia Jurídica ou Psicologia Forense o trabalho de investigação e
01
2/
avaliação psicológica é realizado pelo Psicólogo que neste contexto pode ser
-0
Psicólogo Perito ou Psicólogo Assistente Técnico.
om
Amaral (1993, p. 23) conceitua a terminologia do perito:
l.c
ai
perito – do latim peritus, formado pelo verbo perior, que significa
gm
experimentar, saber por experiência – é uma pessoa que, pelos
@
na
convicção decisória.
ai
que tem conhecimentos técnico-científicos para realizar esse trabalho. Tem que
-6
43
partes ou uma das partes do processo pode solicitar ou indicar um psicólogo que
LE
| 28
criticar ou complementar o laudo do perito oficial cabendo ao Juiz analisar seus
argumentos, podendo fundamentar sua decisão também nesse parecer.
Shine e Ramos (1994) afirmam que o assistente técnico é um psicólogo
contratado e autônomo, sendo pago pela parte contratante que quer reafirmar a
defesa da sua causa.
Silva (2003) ainda discute que a função do assistente técnico é de
desqualificar qualquer informação que contrarie o contratante. Por esse motivo o
18
psicólogo perito oficial normalmente tem um relacionamento distante do psicólogo
1:
assistente técnico por considerá-lo como uma ameaça. É necessário acrescentar
:2
22
que nem sempre isso acontece, principalmente se o laudo pericial estiver com
0
objetivo claro e bem definido, ético e conclusão coerente.
02
/2
Fonte: http://www.psicologiananet.com.br/psicologia-juridica-atuacao-da-
01
2/
psicologia-no-campo-do-direito-o-trabalho-do-psicologo-juridico/2610/
-0
om
Sobre a perícia que o psicólogo realiza:
l.c
ai
A perícia é semelhante a um exame de situações ou fatos, feito por um
gm
profissional gabaritado ou por algum que conheça a matéria que lhe é submetida.
@
na
inclusive para exame em grau de recurso. Contudo, o Juiz permanece com o poder
.1
essa verdade é oferecida aos autos sempre parcial e incompleta, não podendo obtê-
IA
Fonte: http://www.psicologiananet.com.br/psicologia-juridica-atuacao-da-
psicologia-no-campo-do-direito-o-trabalho-do-psicologo-juridico/2610/
| 29
na história brasileira. A seguir, serão apresentados os principais campos de atuação
do psicólogo jurídico, com uma sucinta descrição das tarefas desempenhadas em
cada setor. Objetiva-se, ainda, que o artigo possa ser utilizado como referência
bibliográfica para disciplinas de Psicologia Jurídica, pois seu caráter introdutório foi
delineado com esse propósito.
A história da atuação de psicólogos brasileiros na área da Psicologia Jurídica
tem seu início no reconhecimento da profissão, na década de 1960. Tal inserção deu-
18
se de forma gradual e lenta, muitas vezes de maneira informal, por meio de
1:
trabalhos voluntários. Os primeiros trabalhos ocorreram na área criminal,
:2
22
enfocando estudos acerca de adultos criminosos e adolescentes infratores da lei
0
(Rovinski, 2002). O trabalho do psicólogo junto ao sistema penitenciário existe,
02
/2
ainda que não oficialmente, em alguns estados brasileiros há pelo menos 40 anos.
01
Contudo, foi a partir da promulgação da Lei de Execução Penal (Lei Federal nº
2/
-0
7.210/84) Brasil (1984), que o psicólogo passou a ser reconhecido legalmente pela
om
instituição penitenciária (Fernandes, 1998).
l.c
Entretanto, a história revela que essa preocupação com a avaliação do
ai
gm
criminoso, principalmente quando se trata de um doente mental delinquente, é bem
@
loucura era um fenômeno bastante privado. Ao "louco" era permitido circular com
ia
ib
A partir de meados do século XVII, a loucura passou a ser caracterizada por uma
ai
| 30
De acordo com Brito (2005), os psicodiagnósticos eram vistos como
instrumentos que forneciam dados matematicamente comprováveis para a
orientação dos operadores do Direito. Inicialmente, a Psicologia era identificada
como uma prática voltada para a realização de exames e avaliações, buscando
identificações por meio de diagnósticos. Essa época, marcada pela inauguração do
uso dos testes psicológicos, fez com que o psicólogo fosse visto como um testólogo,
como na verdade o foi na primeira metade do século XX (Gromth-Marnat, 1999).
18
Psicólogos da Alemanha e França desenvolveram trabalhos empírico-experimentais
1:
sobre o testemunho e sua participação nos processos judiciais. Estudos acerca dos
:2
22
sistemas de interrogatório, os fatos delitivos, a detecção de falsos testemunhos, as
0
amnésias simuladas e os testemunhos de crianças impulsionaram a ascensão da
02
/2
então denominada Psicologia do Testemunho (Garrido, 1994). Atualmente, o
01
psicólogo utiliza estratégias de avaliação psicológica, com objetivos bem definidos,
2/
-0
para encontrar respostas para solução de problemas. A testagem pode ser um passo
om
importante do processo, mas constitui apenas um dos recursos de avaliação (Cunha,
l.c
2000).
ai
gm
Esse histórico inicial reforça a aproximação da Psicologia e do Direito através
@
apenas no campo do Direito Penal que existia a demanda pelo trabalho dos
ia
ib
psicólogo nos processos de Direito Civil. No estado de São Paulo, o psicólogo fez sua
ai
(Shine, 1998).
10
.1
Menores. Apesar das particularidades de cada estado brasileiro, a tarefa dos setores
A
N
| 31
trabalho do psicólogo em áreas como Direito da Família e Direito do Trabalho vem
tomando força. Além desses campos, outras possibilidades de participação do
psicólogo em questões judiciais vêm surgindo, as quais serão apresentadas e
discutidas na segunda parte deste artigo.
Fonte: LAGO, Vivian de Medeiros et al . Um breve histórico da psicologia jurídica no
Brasil e seus campos de atuação. Estud. psicol. (Campinas), Campinas, v. 26, n.
4, dez. 2009 . Disponível em
18
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
1:
166X2009000400009&lng=pt&nrm=iso>. acessos
:2
22
em 26 dez. 2012. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-166X2009000400009.
0
02
/2
01
2/
Principais campos de atuação da Psicologia
-0
Jurídica
om
l.c
Na Psicologia Jurídica há uma predominância das atividades de confecções
ai
gm
de laudos, pareceres e relatórios, pressupondo-se que compete à Psicologia uma
@
deverão ser tomados. Ao juiz cabe a decisão judicial; não compete ao psicólogo
an
ai
incumbir-se desta tarefa. É preciso deixar clara esta distinção, reforçando a ideia de
-l
que o psicólogo não decide, apenas conclui a partir dos dados levantados mediante
1
-6
43
Adolescente fazem parte do Direito Civil. Porém, como na prática as ações são
A
ajuizadas em varas diferenciadas, optou-se por fazer essa divisão, por ser também
N
IA
didaticamente coerente.
LA
| 32
relacionamentos humanos, ou seja, romper com o vínculo afetivoemocional
(Silveira, 2006).
Portanto, o psicólogo pode atuar como mediador, nos casos em que os
litigantes se disponham a tentar um acordo ou, quando o juiz não considerar viável
a mediação, ao psicólogo pode ser solicitada uma avaliação de uma das partes ou
do casal. Processos de separação e divórcio englobam partilha de bens, guarda de
filhos, estabelecimento de pensão alimentícia e direito à visitação. Desta forma, seja
18
como avaliador ou mediador, o psicólogo buscará os motivos que levaram o casal
1:
ao litígio e os conflitos subjacentes que impedem um acordo em relação aos
:2
22
aspectos citados. Nos casos em que julgar necessário, o psicólogo poderá, inclusive,
0
sugerir encaminhamento para tratamento psicológico ou psiquiátrico da(s) parte(s).
02
/2
• Regulamentação de visitas: conforme exposto acima, o direito à visitação é
01
uma das questões a ser definida a partir do processo de separação ou divórcio.
2/
-0
Contudo, após a decisão judicial podem surgir questões de ordem prática ou até
om
mesmo novos conflitos que tornem necessário recorrer mais uma vez ao Judiciário,
l.c
solicitando uma revisão nos dias e horários ou forma de visitas. Nesses casos, o
ai
gm
psicólogo jurídico contribui por meio de avaliações com a família, objetivando
@
sugestões das medidas que poderiam ser tomadas. O psicólogo pode, ainda, atuar
ia
ib
(Schabbel, 2005).
-6
43
qual dos ex-cônjuges deterá a guarda dos filhos. Em casos mais graves, podem
10
.1
ocorrer disputas judiciais pela guarda (Silva, 2006). Nesses casos, o juiz pode
04
solicitar uma perícia psicológica para que se avalie qual dos genitores tem melhores
-0
necessário que os psicólogos que atuam nessa área estudem esses temas, saibam
A
| 33
poder familiar e também o desenvolvimento e aplicação de medidas
socioeducativas dos adolescentes autores de ato infracional.
• Adoção: os psicólogos participam do processo de adoção por meio de uma
assessoria constante para as famílias adotivas, tanto antes quanto depois da
colocação da criança. A equipe técnica dos Juizados da Infância e da Juventude
deve saber recrutar candidatos para as crianças que precisam de uma família e
ajudar os postulantes a se tornarem pais capazes de satisfazer às necessidades de
18
um filho adotivo (Weber, 2004). A primeira tarefa de uma equipe de adoção é
1:
garantir que os candidatos estejam dentro dos limites das disposições legais e a
:2
22
segunda é iniciar um programa de trabalho com os postulantes aceitos, elaborado
0
especialmente para assessorar, informar e avaliar os interessados, e não apenas
02
/2
"selecionar" os mais aptos (Weber, 1997). Como a adoção é um vínculo irrevogável,
01
o estudo psicossocial torna-se primordial para garantir o cumprimento da lei,
2/
-0
prevenindo assim a negligência, o abuso, a rejeição ou a devolução.
om
Além do trabalho desenvolvido junto aos Juizados da Infância e Juventude,
l.c
existe também o dos psicólogos que trabalham nas Fundações de Proteção Especial.
ai
gm
Essas instituições têm como objetivo oferecer um cuidado especial capaz de minorar
@
ambos os pais, sem nenhuma distinção ou preferência, para que eles determinem a
-0
assistência, criação e educação dos filhos. Esse direito é assistido aos genitores,
A
N
ainda que separados e a guarda conferida a apenas um dos dois. Porém, a legislação
PI
IA
brasileira prevê casos em que esse direito pode ser suspenso, ou até mesmo
IB
perdem todos os direitos sobre o filho, que poderá ficar sob a tutela de uma família
A
decisão de separar uma criança de sua família é muito séria, pois desencadeia uma
série de acontecimentos que afetarão, em maior ou menor grau, toda a sua vida
futura. Independentemente da causa da remoção - doença, negligência, abandono,
maus-tratos, abuso sexual, ineficiência ou morte dos pais - a transferência da
responsabilidade para estranhos jamais deve ser feita sem muita reflexão (Cesca,
2004).
- Adolescentes autores de atos infracionais: o Estatuto da Criança e do
Adolescente prevê medidas socioeducativas que comportam aspectos de natureza
coercitiva. São medidas punitivas no sentido de que responsabilizam socialmente os
| 34
infratores, e possuem aspectos eminentemente educativos, no sentido da proteção
integral, com oportunidade de acesso à formação e à informação. Os psicólogos que
desenvolvem seu trabalho junto aos adolescentes infratores devem lhes propiciar a
superação de sua condição de exclusão, bem como a formação de valores positivos
de participação na vida social. Sua operacionalização deve, prioritariamente,
envolver a família e a comunidade com atividades que respeitem o princípio da não
discriminação e não estigmatização, evitando rótulos que marquem os adolescentes
18
e os exponham a situações vexatórias, além de impedilos de superar as dificuldades
1:
na inclusão social.
:2
22
…
0
Psicólogo jurídico e o direito civil: o psicólogo atua nos processos em que são
02
/2
requeridas indenizações em virtude de danos psíquicos e também nos casos de
01
interdição judicial.
2/
-0
• Dano psíquico: o dano psíquico pode ser definido como a sequela, na esfera
om
emocional ou psicológica, de um fato particular traumatizante (Evangelista &
l.c
Menezes, 2000). Pode-se dizer que o dano está presente quando são gerados efeitos
ai
gm
traumáticos na organização psíquica e/ou no repertório comportamental da vítima.
@
avaliar a real presença desse dano. Entretanto, o psicólogo deve estar atento a
ia
ib
dos atos da vida civil. Uma das possibilidades de interdição previstas pelo código
-6
43
direito não tenham o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil.
10
.1
Nesses casos, compete ao psicólogo nomeado perito pelo juiz realizar avaliação que
04
mental de que o paciente é portador o torna incapaz de reger sua pessoa e seus bens
A
N
(Monteiro, 1999).
PI
IA
assumir tutela ou curatela de incapaz e exercer o poder familiar (Taborda, Chalub &
LA
Abdalla-Filho, 2004).
- Psicólogo jurídico e o direito penal: o psicólogo pode ser solicitado a atuar
como perito para averiguação de periculosidade, das condições de discernimento
ou sanidade mental das partes em litígio ou em julgamento (Arantes, 2004).
Portanto, destaca-se o papel dos psicólogos junto ao Sistema Penitenciário e aos
Institutos Psiquiátricos Forenses.
…
Outros campos de atuação
| 35
Vitimologia: objetiva a avaliação do comportamento e da personalidade da
vítima. Cabe ao psicólogo atuante nessa área traçar o perfil e compreender as
reações das vítimas perante a infração penal. A intenção é averiguar se a prática do
crime foi estimulada pela atitude da vítima, o que pode denotar uma cumplicidade
passiva ou ativa para com o criminoso. Para tanto, a análise é feita desde a
ocorrência até as consequências do crime (Brega Filho, 2004). Além disso, a
vitimologia dedica-se também à aplicação de medidas preventivas e à prestação de
18
assistência às vítimas, visando, assim, à reparação de danos causados pelo delito.
1:
Psicologia do testemunho: os psicólogos podem ser solicitados a avaliar a
:2
22
veracidade dos depoimentos de testemunhas e suspeitos, de forma a colaborar com
0
os operadores da justiça. O chamado fenômeno das falsas memórias tem assumido
02
/2
um papel muito importante na área da Psicologia do Testemunho. Hoje, sabe-se que
01
o ser humano é capaz de armazenar e recordar informações que não ocorreram. As
2/
-0
falsas memórias podem resultar da repetição de informações consistentes e
om
inconsistentes no depoimento de testemunhas sobre o mesmo evento. É preciso
l.c
desenvolver pesquisas na área que possam contribuir para a elucidação dos
ai
gm
mecanismos responsáveis pelas falsas memórias e, assim, auxiliar o aprimoramento
@
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
IA
166X2009000400009&lng=pt&nrm=iso>. acessos
IB
AL
| 36
experimentado, prático.(...)”. Na concepção genérica, podemos dizer que a perícia é
o “exame de situações ou fatos relacionados a coisas e pessoas, praticado por
especialista na matéria que lhe é submetida, com o objetivo de elucidar
determinados aspectos técnicos” (Brandimiller, 1996). Na medida em que é
realizada por um expert, são utilizados conhecimentos científicos para explicitar as
causas de um fato.
O psicólogo nomeado Perito de um caso deve desenvolver seu trabalho de
18
forma a responder ao que lhe é solicitado, o que em geral é exposto na forma de
1:
quesitos, formulados pelas partes que se encontram em litígio ou pelo juiz.
:2
22
Assim, sua atuação deve ser imparcial e deve buscar, de forma técnico-
0
científica, a elucidação dos quesitos explanados. Nesse caso é o perito de confiança
02
/2
do juiz e o auxilia em suas decisões.
01
Também outro papel que o psicólogo pode assumir num processo judicial é o
2/
-0
de Assistente Técnico de uma das partes, sendo assim parcial, pois é de confiança de
om
uma das partes. O Assistente Técnico tem por objetivo assessorar a parte no que
l.c
tange à questão técnica da Psicologia, analisando os procedimentos de avaliação e,
ai
gm
posteriormente, o laudo elaborado pelo perito. Assim, prevê-se, neste caso, a
@
desta área, pois, em sua prática, terá de lidar no dia-a-dia com os conhecimentos
ai
Iniciação do caso
10
.1
Preparação do expediente
PI
IA
Seleção de estratégias
Não há modelo padronizado para as explorações periciais, sendo que o perito
deve estar atento às particularidades do caso e construir a metodologia mais
adequada para aquele caso;
O laudo pericial
O conteúdo deverá se adequar aos aspectos básicos do caso, respeitando-se
o aspecto da pertinência. Deve-se seguir o modelo do Conselho Federal de
Psicologia.
| 37
De forma geral, podemos concluir que o trabalho da avaliação psicológica no
contexto jurídico exige especialização nessa área, ou seja, o profissional psicólogo,
antes de aceitar a nomeação proposta, deve refletir a respeito das suas reais
capacitações para desenvolver esse trabalho com qualidade.
Como a formação acadêmica é ainda praticamente inexistente nessa área, e
as referências bibliográficas sobre esse tema são escassas, é preciso que o psicólogo
busque formações específicas, tais como especialização na área. As decisões a
18
serem tomadas a partir do laudo pericial envolverão o destino de diversas pessoas e
1:
devemos sempre estar atentos a essa responsabilidade.
:2
22
Fonte: Machado, Adriane Picchetto e Morona, Valéria Cristina. Manual de Avaliação
0
02
Psicológica - Coletânea ConexãoPsi. CRP-8, Curitiba, 2007.
/2
01
2/
-0
26. Psicologia e Políticas públicas;
om
l.c
ai
Políticas Públicas e Psicologia? O que é isso? Vamos traçar um pequeno roteiro:
gm
A estrutura hierárquico-normativa brasileira
@
na
Políticas de mulheres
43
Políticas de idosos
.1
Políticas LGBTTI
N
PI
Beleza? Vamos!
IA
IB
AL
a. Constituição Federal
b. Emendas Constitucionais
c. Leis Complementares
d. Leis Ordinárias
e. Medidas Provisórias
f. Leis Delegadas
g. Decretos Legislativos
h. Resoluções
i. Decretos Autônomos
j. Instruções Normativas
| 38
k. Portarias
l. Etc.
18
Constituição, como lei maior que rege o Estado de Direito. Todos os outros
1:
ordenamentos devem estar de acordo com a Carta Magna de 1988 e com ela se
:2
22
harmonizar.
0
Apesar da discussão que envolve a existência de hierarquia entre as leis
02
/2
complementares e as leis ordinárias, adotamos a posição de Michel Temer, que
01
afirma que “não há hierarquia alguma entre a lei complementar e a lei ordinária. O
2/
-0
que há são âmbitos materiais diversos atribuídos pela Constituição a cada qual
om
destas espécies normativas” (Temer, 2010, p. 150).
l.c
ai
gm
Características dos Direitos Humanos
@
na
pi
seguintes:
a.
an
2. Reciprocidade onde não pode haver desrespeito ou ameaça aos direitos humanos
43
ter aspecto ideológico bastante desenvolvido, por ser um direito politizado versando
04
-0
um a um.
LE
| 39
A última característica que pode ser apontada é a presunção de aplicabilidade direta
dos tratados de direitos humanos no âmbito interno. Deve ser entendida como a
faculdade de invocar estes direitos definidos internacionalmente
nos tribunais internos.
Fonte: Botelho, 2005.
18
entender os Direitos Humanos pelas suas clássicas descrições. O estudo do direito
1:
constitucional e do direito internacional acerca dos direitos humanos nos permite
:2
22
afirmar que os direitos humanos apresentam as seguintes características:
0
02
a) Historicidade
/2
b) Universalidade
01
2/
c) Relatividade
-0
d) Essencialidade
om
e) Irrenunciabilidade
l.c
ai
f) Inalienabilidade
g) Imprescritibilidade
gm
@
h) Inviolabilidade
na
pi
i) Complementaridade
ia
ib
j) Efetividade
a.
an
k) Interdependência
ai
evolução histórica dos direitos humanos significa que os direitos humanos não
IA
foram criados apenas de uma vez, mas lentamente evolvidos para o que temos hoje
IB
AL
| 40
Universalidade: a abrangência desses direitos engloba todos os indivíduos,
independente de nacionalidade, sexo, raça, credo ou convicção político filosófica.
Representa o relativismo cultural, seja no sentido de que esses direitos se destinam
a todas as pessoas (sem qualquer tipo de discriminação), seja na abrangência
territorial universal (em todo o mundo). Desse modo, não há limitações territoriais à
proteção da dignidade humana. A característica da universalidade dos direitos
humanos significa que esses direitos deixaram de ser apenas internos para serem de
18
todos os povos, e essa questão mundial demanda atitudes da comunidade
1:
internacional. Nesse sentido fala-se em “Sistema Global de Proteção aos Direitos
:2
22
Humanos”.
0
Foi depois da Segunda Guerra Mundial, e da Declaração Universal dos
02
/2
Direitos Humanos que esse princípio ganhou mais força. Na Declaração Universal
01
dos Direitos Humanos os direitos universais são enunciados a todos que têm a
2/
-0
condição de humanos, sem nenhuma discriminação.
om
Temos problemas com essa definição? Sim, pois, apesar de acreditarmos na
l.c
universalidade dos direitos humanos e a sua busca pela dignidade humana, é
ai
gm
complexo e difícil promover tal conceito entre culturas diferentes. Assim, essa
@
Corrente Relativista alega que os meios culturais e morais de uma sociedade devem
ai
ser respeitados, ainda que em prejuízo dos direitos humanos dessa mesma
-l
1
acerca de limites entre essas duas correntes, prevalece a ideia de proteção universal
04
aos direitos humanos acima do relativismo cultural - este não pode ser ignorado,
-0
desquitados, etc.).
A
N
IA
ser relativizados) desde que seja para a adequação a outros valores coexistentes na
ordem jurídica quando estiverem colidindo. O exemplo mais banal dessa colisão de
direitos é a liberdade de expressão, que deve ser harmonizado com a proteção da
imagem e da vida privada. O conceito-chave aqui é a harmonização de direitos
humanos.
Aprendizado para o seu concurso:
1- Nem os direitos fundamentais são absolutos.
2- Pode ser exercido em regime de concorrência (cumulatividade
de direitos humanos), como, por exemplo, quando um jornalista
| 41
transmite uma notícia e expõe sua opinião (liberdade de informação,
comunicação e opinião).
3- Apesar de não haver direito absoluto (latu sensu), existem
direitos de caráter absoluto (strictu sensu) como o direito à proibição
de tortura como e o direito de proibição de escravidão.
Essencialidade: os direitos humanos são inerentes ao ser humano, tendo por base os
18
valores supremos do homem e sua dignidade (aspecto material), assumindo posição
1:
normativa de destaque (aspecto formal).
:2
22
0
Irrenunciabilidade: não é possível a renúncia dos direitos humanos, pois, como são
02
/2
direitos inerentes à condição humana, ninguém pode abrir mão de sua própria
01
natureza. Dessa característica surgem discussões importantes para a doutrina,
2/
-0
como a renúncia ao direito à vida e a eutanásia, o aborto e o suicídio.
om
l.c
Inalienabilidade: não é possível alienar direitos humanos – esses direitos não são
ai
transferíveis a qualquer título (gratuito ou oneroso). gm
@
na
pi
tanto, uma vez que a Constituição Federal não se satisfaz com o simples
reconhecimento abstrato.
| 42
Os princípios dos direitos humanos
Para Comparato (2001), os princípios fundamentais dos direitos humanos
classificam-se em duas ordens:
a) Os que dizem respeito aos valores éticos supremos
a. Liberdade
18
b. Igualdade
1:
:2
c. Fraternidade
22
b) Os que dizem respeito à lógica estrutural do conjunto.
0
02
a. Irrevogabilidade
/2
01
b. Complementariedade solidária
2/
Quanto aos princípios relacionados aos valores éticos supremos, destacam-
-0
se à chamada tríade da revolução francesa: os valores da liberdade, da igualdade e
om
da fraternidade (ou solidariedade). A ideia de liberdade faz referência à submissão
l.c
ai
de todos em face das normas por eles editadas. Como bem expressa o autor, uma
gm
“[...] sociedade livre é aquela que obedece às leis que ela própria estabelece e aos
@
na
sendo uma vez os direitos humanos reconhecidos não é possível sua extinção. Com
04
-0
humanidade.
AL
LE
Resumo
A
N
IA
LA
| 43
Historicidade Universalidade Relatividade Essencialidade
18
1:
Irrenunciabilidade Inalienabilidade Imprescritibilidade Inviolabilidade
:2
22
0
02
/2
01
2/
Complementaridade Efetividade Interdependência
-0
om
l.c
ai
gm
@
na
Contexto Histórico
04
-0
A
Assembleia Geral das Nações Unidas faz parte da Organização das Nações Unidas –
LE
composto por todos os países membros da ONU. Nessa assembleia cada país tem
N
IA
direito a um voto. Além disso, essa Assembleia é um fórum político que, igualmente,
LA
| 44
discriminação, defende a igualdade e a dignidade das pessoas e reconhece que os
direitos humanos e as liberdades fundamentais devem ser aplicados a cada cidadão
do planeta. Desse modo, a DUDH é uma norma comum internacional (entre os
signatários) a ser alcançada por todos os povos e nações e estabeleceu, pela
primeira vez, a proteção universal dos direitos humanos.
Sobre o contexto da DUDH, o Ministério da Justiça publicou:
Quando a Declaração Universal dos Direitos Humanos começou a ser
18
pensada, o mundo ainda sentia os efeitos da Segunda Guerra Mundial, encerrada em
1:
1945.
:2
22
Outros documentos já haviam sido redigidos em reação a tratamentos
0
02
desumanos e injustiças, como a Declaração de Direitos Inglesa (elaborada em 1689,
/2
após as Guerras Civis Inglesas, para pregar a democracia) e a Declaração dos Direitos
01
2/
do Homem e do Cidadão (redigida em 1789, após a Revolução Francesa, a fim de
-0
proclamar a igualdade para todos).
om
Depois da Segunda Guerra e da criação da Organização das Nações Unidas (também
l.c
ai
em 1945), líderes mundiais decidiram complementar a promessa da comunidade
gm
internacional de nunca mais permitir atrocidades como as que haviam sido vistas na
@
1947, seus membros foram autorizados a elaborar o que foi chamado de “esboço
-6
43
reuniu pela primeira vez em 1947. Ele foi presidido por Eleanor Roosevelt, viúva do
04
setembro de 1948 e teve seu texto final redigido em menos de dois anos.
LE
direitos essenciais a todos os seres humanos, sem que haja discriminação por raça,
cor, gênero, idioma, nacionalidade ou por qualquer outro motivo. Eles podem ser
civis ou políticos, como o direito à vida, à igualdade perante a lei e à liberdade de
expressão. Podem também ser econômicos, sociais e culturais, como o direito ao
trabalho e à educação e coletivos, como o direito ao desenvolvimento. A garantia
dos direitos humanos universais é feita por lei, na forma de tratados e de leis
internacionais, por exemplo.
Segundo a ONU, desde sua adoção, em 1948, a DUDH foi traduzida em mais
de 360 idiomas – o documento mais traduzido do mundo – e inspirou as
| 45
constituições de muitos Estados e democracias recentes. A DUDH, em conjunto com
o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e seus dois Protocolos
Opcionais (sobre procedimento de queixa e sobre pena de morte) e com o Pacto
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e seu Protocolo Opcional,
formam a chamada Carta Internacional dos Direitos Humanos.
Os direitos humanos são essencialmente indivisíveis. Para alguns
doutrinadores, como Flávia Piovesan, a indivisibilidade dos direitos humanos está
18
representada pela sua unicidade e pela sua interdependência. Direitos indivisíveis
1:
são aqueles que não sofrem qualquer fracionamento. No caso específico dos
:2
22
Direitos Humanos, temos um conjunto de direitos, (sociais, culturais, econômicos,
0
etc.) que não têm prevalência ou referência um sobre o outro. Desse modo, os
02
/2
direitos humanos devem ser compreendidos como um conjunto, como um bloco
01
único, indivisível e interdependente.
2/
-0
Atenção: Os direitos firmados na DUDH possuem paridade hierárquica, não havendo
om
hierarquia de uns em relação a outros.
l.c
A necessidade de insculpir a indivisibilidade dos direitos humanos está na
ai
gm
histórica disputa entre os direitos liberais e sociais. Nos direitos humanos da DUDH,
@
tanto os direitos liberais como os sociais são reconhecidos como direitos humanos
na
pi
ideia de que uns seriam dotados de maior categoria em relação aos outros.
a.
an
| 46
Pontos Importantes da DUDH
18
no primeiro artigo da DUDH e orienta todos os direitos fundamentais:
1:
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de
:2
22
razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de
0
fraternidade.
02
/2
Como você já sabe, a DUDH possui natureza jurídica de resolução e caráter
01
recomendativo. Isso significa que, apesar de ter seguido os trâmites da ONU para
2/
-0
aprovação em forma de resolução, suas recomendações não geram obrigação
om
vinculada dos países signatários. Em verdade, a DUDH não prevê mecanismos de
l.c
implementação dos Direitos Humanos e nem responsáveis pela implementação
ai
gm
desses direitos. Ou seja: não tem caráter compulsório, apenas recomendativo. Isso
@
intervenção humanitária.
.2
Isso significa que ninguém seguiu, correto? Errado, todos os países, em maior
10
.1
ou menor grau, buscaram desde então a implementação dos valores ali insculpidos.
04
Outro ponto importante que você deve saber é que a DUDH reconhece uma
PI
IA
série de direitos sociais e liberais. Além disso, seu texto prevê direitos civis, políticos,
IB
geração.
A
A seguir apresento um pequeno roteiro que você deve usar para acompanhar
LA
a leitura seca da DUDH (em seguida). Criei esse roteiro por observar que as questões
sobre a DUDH versam quase sempre sobre a literalidade da declaração ou sobre os
direitos/princípios ali previstos.
Confira o roteiro e as últimas pontuações antes de ler a DUDH.
Conceitos Artigo
Direito ao Meio Ambiente Não Consta
Direito à liberdade de pensamento, consciência e religião Artigo 2
Direito à liberdade e a segurança da pessoa Artigo 3
| 47
Proibição da escravidão e do tráfico de escravos Artigo 4
Direito à igualdade perante a lei (isonomia) Artigo 7
Remédios Jurídicos Eficazes Artigo 8
Devido processo Legal Artigo 9 e Artigo 10
Proibição da Tortura Artigo 5
Direito à ser protegido pela lei contra interferências na vida Artigo 12
privada
18
Direito à liberdade de locomoção (ir e vir) Artigo 13
1:
Direito ao Asilo Artigo 14
:2
22
Direito à nacionalidade Artigo 15
0
02
Direito de expressão Artigo 19
/2
Direito de consciência e religião Artigo 18
01
2/
Direito de reunião Artigo 20
-0
Direito a Liberdade (dimensão política) Artigo 21
om
Direito a Liberdade (dimensão Individual) Artigos 7, 16, 17, 18, 19 e 20
l.c
ai
Direito ao trabalho e à proteção contra o desemprego Artigo 23
gm
Direitos trabalhistas (contrato de trabalho, salário mínimo, Artigo 23
@
na
e as férias remuneradas)
a.
an
dimensões, uma política e outra individual. Porém, essas duas dimensões são
LE
complementares e independentes.
A
N
Sobre o artigo IX, que fala que ninguém será arbitrariamente preso, detido ou
IA
exilado, é preciso fazer algumas breves pontuações. Lembre que a DUDH saiu surgiu
LA
| 48
2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente
motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos
e princípios das Nações Unidas.
Nesse artigo estão dois casos que excluem o direito de asilo:
a) perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum;
b) atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas.
Por outro lado, não exclui o direito de asilo:
18
a) a alegação falsa ou simulada de crime comum ou ato contrário aos
1:
princípios das Nações Unidas;
:2
22
b) a alegação de crime comum, ou ato contrário aos objetivos das
0
Nações Unidas, quando o Estado que persegue não oferece qualquer
02
/2
garantia de julgamento justo e público do acusado.
01
Nas duas situações referidas pelo artigo, é indispensável que a perseguição
2/
-0
seja legitimamente motivada para impossibilitar o asilo.
om
Vamos à DUDH!
l.c
ai
gm
Declaração Universal dos Direitos Humanos
@
na
pi
colocar a DUDH seca em função de ser pequena e pela grande chance de ser cobrada
ai
-l
em sua literalidade. Como veremos nas questões a seguir, a banca tende a copiar ao
1
-6
Preâmbulo
LE
| 49
entre as nações,
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé
nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e
na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidiram promover o
progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,
Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a desenvolver, em
cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e
18
liberdades fundamentais e a observância desses direitos e liberdades,
1:
Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da
:2
22
mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso,
0
02
A Assembleia Geral proclama
/2
A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a
01
2/
ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada
-0
indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se
om
esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e
l.c
ai
liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e
gm
internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e
@
Artigo I
a.
an
espírito de fraternidade.
-6
43
Artigo II
.2
cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou
-0
A
Artigo III
IA
Artigo IV
LE
Artigo V
LA
| 50
discriminação.
Artigo VIII
Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais competentes
remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam
reconhecidos pela constituição ou pela lei.
Artigo IX
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
18
Artigo X
1:
Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e
:2
22
pública por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus
0
02
direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.
/2
Artigo XI
01
2/
1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida
-0
inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a
om
lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as
l.c
ai
garantias necessárias à sua defesa.
gm
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no
@
internacional. Tampouco será imposta pena mais forte do que aquela que,
ia
ib
Artigo XII
ai
seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda
-6
43
Artigo XIII
10
.1
este regressar.
IA
Artigo XIV
IB
AL
motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos
LA
| 51
duração e sua dissolução.
2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos
nubentes.
Artigo XVII
1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.
Artigo XVIII
18
Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião;
1:
este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de
:2
22
manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela
0
02
observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.
/2
Artigo XIX
01
2/
Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito
-0
inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e
om
transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de
l.c
ai
fronteiras.
gm
Artigo XX
@
Artigo XXI
a.
an
2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.
-6
43
Artigo XXII
-0
A
Artigo XXIII
A
desemprego.
2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por
igual trabalho.
3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e
satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência
compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se
necessário, outros meios de proteção social.
4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para
proteção de seus interesses.
| 52
Artigo XXIV
Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das
horas de trabalho e férias periódicas remuneradas.
Artigo XXV
1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a
sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação,
cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança
18
em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos
1:
de perda dos meios de subsistência fora de seu controle.
:2
22
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais.
0
02
Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da
/2
mesma proteção social.
01
2/
Artigo XXVI
-0
1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos
om
nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será
l.c
ai
obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem
gm
como a instrução superior, esta baseada no mérito.
@
da manutenção da paz.
-6
43
Artigo XXVII
04
benefícios.
IA
seja autor.
A
Artigo XXVIII
N
IA
| 53
bem-estar de uma sociedade democrática.
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos
contrariamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas.
Artigo XXX
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o
reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer
qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer
18
dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.
1:
:2
22
0
02
Programa Nacional de Direitos Humanos
/2
01
2/
-0
A partir da Constituição de 1988, os direitos humanos foram definitivamente
om
assumidos como política de Estado no nosso país. Na materialização, ou tentativa,
l.c
dos direitos humanos, o Brasil editou três Planos Nacionais de Direitos Humanos:
ai
gm
a) Plano Nacional de Direitos Humanos – I. Lançado em 1996 no governo FHC.
@
b) Plano Nacional de Direitos Humanos – II. Lançado em 2002 no governo Lula.
na
PNDH-I: http://portal.mj.gov.br/sedh/pndh/pndh1.pdf
ai
-l
PNDH-II:
1
-6
http://portal.mj.gov.br/sedh/pndh/pndhII/Texto%20Integral%20PNDH%20II.pdf
43
.2
PNDH-III: http://portal.mj.gov.br/sedh/pndh3/pndh3.pdf.
10
.1
04
-0
| 54
e) Resultam da participação social. A sociedade foi consultada para a
construção desses programas, como as Conferências Nacionais de Direitos
Humanos ocorridas para subsidiar os dois últimos programas. No primeiro
programa foram realizados seminários para o acolhimento de propostas e
sugestões.
f) Compreendem metas de curto e médio prazo;
g) Possuem objetivos claros alinhados com ações;
18
h) Têm como objetivo final alcançar os direitos humanos consagrados na
1:
Constituição e em acordos internacionais.
:2
22
i) Dependem de edição de leis e até de mudanças constitucionais em alguns
0
casos.
02
/2
j) Versam sobre a liberdade de culto e de crença.
01
k) Combatem a intolerância religiosa, racismo e xenofobia.
2/
-0
om
Em breve síntese sobre as diferenças, podemos dizer que o PNDH-III é uma
l.c
continuação natural dos programas precedentes. Enquanto o PNDH-I enfatizou os
ai
gm
direitos civis e políticos e o PNDH-II incorporou os direitos econômicos, sociais,
@
PNDH -1
-6
43
.2
10
Foi criado em 1996, durante o governo FHC. Continha 228 propostas e foi o
.1
impunidade.
IA
IB
| 55
PNDH-2
Manteve os princípios do PNDH-1, compreendeu 518 medidas. Incorporou os
direitos de livre orientação sexual e identidade de gênero, assim como a proteção
dos ciganos. Versou com maior ênfase sobre a violência familiar, o combate ao
18
trabalho infantil e ao trabalho forçado, bem como a luta para a inclusão social de
1:
:2
pessoas portadoras de deficiências.
22
Incorporou os direitos econômicos, sociais e culturais (pouco claros no
0
02
PNDH-1) e direitos de afrodescendentes (pela primeira vez o Brasil reconhece a
/2
01
existência de racismo e aponta iniciativas para adotar políticas compensatórias).
2/
Tratou, também, de direitos à educação, saúde, previdência e assistência social, à
-0
saúde mental de dependentes químicos e portadores de HIV/Aids, ao trabalho, ao
om
acesso à terra, à moradia, ao meio ambiente saudável, à alimentação, à cultura e ao
l.c
ai
lazer. gm
Sobre o direito de afrodescendentes é importante salientar que o PNDH-2 estimulou
@
na
nacional.
.1
04
-0
PNDH-3
A
N
PI
IA
precedentes. Porém, na época em que foi lançado, foi alvo de duras críticas. A
AL
| 56
de muitos órgãos da administração pública direta e indireta. Além disso, apesar das
propostas polêmicas, grande parte do plano traz sugestões genéricas demais, como
"proteger o idoso" ou "combater desigualdades salariais". Há outras, porém, bem
específicas. Uma traz recomendação ao Judiciário para que adote uma posição em
uma matéria sobre comunidades quilombolas. Outra propõe que os municípios
incluam, no Plano Diretor, espaços para acampamentos ciganos.
O PNDH-3 é estruturado nos seguintes eixos orientadores:
18
1- Interação Democrática entre Estado e Sociedade Civil;
1:
2- Desenvolvimento e Direitos Humanos;
:2
22
3- Universalizar Direitos em um Contexto de Desigualdades;
0
4- Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência;
02
/2
5- Educação e Cultura em Direitos Humanos;
01
6- Direito à Memória e à Verdade.
2/
-0
Os 6 eixos são subdivididos em 25 diretrizes, 82 objetivos estratégicos e 512
om
ações programáticas. Além disso, apresenta as instituições responsáveis por cada
l.c
ação.
ai
gm
@
| 57
garantindo espaços consistentes às estratégias de desenvolvimento local e
territorial, agricultura familiar, pequenos empreendimentos, cooperativismo e
economia solidária.
O direito humano ao meio ambiente e às cidades sustentáveis, por exemplo,
bem como o fomento a pesquisas de tecnologias socialmente inclusivas constituem
pilares para um modelo de crescimento sustentável, capaz de assegurar os direitos
fundamentais das gerações presentes e futuras.
18
Já o tema Universalizar Direitos em um Contexto de Desigualdades dialoga
1:
com as intervenções desenvolvidas no Brasil para reduzir a pobreza e garantir
:2
22
geração de renda aos segmentos sociais mais pobres, contribuindo de maneira
0
decisiva para a erradicação da fome e da miséria.
02
/2
O eixo Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência aborda
01
metas para diminuir a violência, reduzir a discriminação e a violência sexual,
2/
-0
erradicar o tráfico de pessoas e a tortura. Propõe ainda reformular o sistema de
om
Justiça e Segurança Pública ao estimular o acesso a informações e fortalecer
l.c
modelos alternativos de solução de conflitos, além de garantir os direitos das
ai
gm
vítimas de crimes e de proteção das pessoas ameaçadas, reduzir a letalidade policial
@
reparações ocorridas durante aquele período são imperativos de um país que vem
A
Comissão Nacional da Verdade, que vai apurar violações aos direitos humanos
ocorridas entre 1946 e 1988. Sancionada em 18 de novembro de 2011, a comissão
tem prazo de dois anos para colher depoimentos, requisitar e analisar documentos
que ajudem a esclarecer as violações de direitos humanos ocorridas no período que
inclui a ditadura militar. O órgão será composto por sete membros, nomeados pela
Presidência da República.
Fonte: http://www.brasil.gov.br/sobre/cidadania/direitos-do-cidadao/programa-
nacional-de-direitos-humanos-pndh
| 58
O PNDH-3 é o mais polêmico de todos. Sua construção incluiu desde temas
como a legalização do aborto, a proibição de símbolos religiosos em locais públicos,
a criação da Comissão da Verdade, a união civil homoafetiva, o direito de adoção
por casais homoafetivos, o controle da mídia e a adoção de mediação judicial nos
conflitos urbanos e rurais. A parte dos símbolos foi revogada (assim como a do
“controle da mídia”), a do aborto foi adotada de forma tímida – recomenda-se ao
Poder Legislativo a adequação do Código Penal para a descriminalização do aborto
18
– e a Comissão da Verdade foi criada.
1:
A descriminalização do aborto não estava presente no PNDH-1, estava
:2
22
timidamente abordado no PNDH-2 (dentro do conceito de saúde pública). No PNDH-
0
3 esse tema foi abordado pela diretriz de combate às desigualdades estruturais:
02
/2
01
Eixo III - Universalizar Direitos em um Contexto de Desigualdades
2/
-0
[...]
om
Objetivo estratégico III - Garantia dos direitos das mulheres para o estabelecimento
l.c
das condições necessárias para sua plena cidadania
ai
[...] gm
@
g) Considerar o aborto como tema de saúde pública, com a garantia do acesso aos
na
pi
[...]
a.
an
Sobre a livre orientação sexual, o PNDH-1 silenciou sobre esse tema, o PNDH-
.2
| 59
examinar violações de Direitos Humanos praticados durante a época da ditadura
militar.
O PNDH-3 foi além nesse tema e propôs o seguinte:
c) Fomentar debates e divulgar informações no sentido de que
logradouros, atos e próprios nacionais ou prédios públicos não
recebam nomes de pessoas identificadas reconhecidamente como
torturadores.
18
1:
:2
22
O que todas as políticas brasileiras atuais tem
0
02
em comum
/2
01
Galera, sem ideologismos aqui, beleza? O foco é concurso. Para que serviam
2/
-0
as políticas de direitos humanos anteriormente? Defender o cidadão do estado. E
om
hoje em dia? Proteger o cidadão de outro cidadão.
l.c
Isso é bom ou ruim? Não interessa, essa pergunta não cai na sua prova.
ai
gm
Isso funciona no Brasil? Não interessa, essa pergunta não cai na sua prova.
@
na
b. Proteção do Estado
10
a. Conselhos
IB
AL
Essa lista que acabamos de apresentar é, por incrível que pareça, repetitiva e
LE
aplicável a praticamente 99% das políticas que iremos citar. É possível também que
A
N
caia em sua prova apenas algumas noções dos conceitos das políticas (destaque
IA
LA
Políticas de mulheres
Como eu gostaria que o site do Ministério dos Direitos Humanos voltasse ao
ar. O site sucumbiu junto com o ministério. Ok... Brasil.
| 60
Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006):
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm
18
1:
:2
22
Políticas de idosos
0
02
/2
01
Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003):
2/
-0
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.741.htm
om
l.c
ai
Políticas de pessoas com deficiência gm
@
na
pi
2018/2015/Lei/L13146.htm
ai
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12764.htm
.2
7.853/1989): http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7853.htm
04
http://www4.planalto.gov.br/ipcd/assuntos/legislacao?TSPD_101_R0=076720d09e0
A
N
PI
e00a85730d6b17ac8a697hTT0000000000000000364749b1ffff00000000000000000000
IA
000000005c154bc6009c2d267f08282a9212ab20006a2ff89737e46c92d23d123f74534c
IB
148d4565a4876d9221471a29e740345104081463e3b80a2800fe2b7bef57362150afd3f9
AL
LE
dcf14c55d9d270eb3dfd5405b4a39f501c84d22ee9ab804650aab1a73c
A
N
IA
LA
| 61
Na definição da especialista em Direitos Humanos Dr. Flávia Piovesan (PUC/SP):
“As ações afirmativas constituem medidas especiais e temporárias que, buscando
remediar um passado discriminatório, objetivam acelerar o processo com o alcance
da igualdade substantiva por parte dos grupos socialmente vulneráveis, como as
minorias étnicas e raciais, entre outros grupos.” (Fonte: Piovesan, Flávia. “Ações
afirmativas da perspectiva dos direitos humanos” . Faculdade de Direito e Programa
de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.Cadernos de
18
Pesquisa, v. 35, n. 124,: Políticas Inclusivas e Compensatórias. Fundação Carlos
1:
Chagas, em co-edição com a Editora Autores Associados, jan./abr. 2005.)
:2
22
Na definição de Joaquim Benedito Barbosa Gomes, professor, jurista e magistrado
0
brasileiro: “Atualmente, as ações afirmativas podem ser definidas como um
02
/2
conjunto de políticas públicas e privadas de caráter compulsório, facultativo ou
01
voluntário , concebidas com vistas ao combate à discriminação racial , de gênero e
2/
-0
de origem nacional, bem como para corrigir os efeitos presentes da discriminação
om
praticada no passado , tendo por objetivo a concretização do ideal de efetiva
l.c
igualdade de acesso a bens fundamentais como a educação eo emprego {...} “Em
ai
gm
síntese, trata-se de políticas e de mecanismos de inclusão concebidas por entidades
@
" ações afirmativas: os programas e medidas especiais adotados pelo estado e pela
10
.1
igualdade de oportunidades"
-0
- Juventude
IB
- Educação
AL
LE
- Saúde
A
- Trabalho
N
IA
- Mulheres
LA
| 62
4. Quais são as principais políticas públicas para povos e comunidades
tradicionais?
Veja em Comunidades Tradicionais:
- Comunidades Tradicionais de Matriz Africana
- Comunidades Quilombolas
- Povos Ciganos
5. O que é Discriminação Racial?
18
Segundo o Inciso I, do Parágrafo Único do Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº
1:
12.288, de 20 de julho de 2010) considera-se “discriminação racial ou étnico-racial:
:2
22
toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor,
0
descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir
02
/2
o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos
01
humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social,
2/
-0
cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada”.
om
6. O que é Desigualdade Racial?
l.c
Segundo o Inciso II, do Parágrafo Único do Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº
ai
gm
12.288, de 20 de julho de 2010) considera-se “desigualdade racial: toda situação
@
nacional ou étnica”.
a.
an
O objetivo das cotas é a busca pela real participação dos negros nos cargos e
-l
1
pobreza têm objetivos diferentes, pois visam garantir oportunidades para parcelas
04
| 63
Há mais de uma década as políticas de ações afirmativas vêm sendo desenvolvidas
com êxito no Brasil, afastando temores tanto de radicalização de atitudes e ações
discriminatórias, quanto de reforço da estigmatização das pessoas negras
beneficiadas. Ao contrário, as ações afirmativas consolidam-se no período como
fatores essenciais à superação das desigualdades raciais. Sabe-se também que a
adoção de cotas para negros no serviço público não vai acabar com a discriminação
racial automaticamente. Essa transformação requer amplas mudanças de
18
mentalidades e de comportamentos das pessoas em todos os segmentos da
1:
sociedade.
:2
22
10. As cotas raciais ferem a meritocracia?
0
A meritocracia só pode existir onde existe igualdade de oportunidades. Ao julgar a
02
/2
constitucionalidade do sistema de cotas universitárias, em 2012, o ministro Marco
01
Aurélio de Mello, do Supremo Tribunal Federal, disse que “a meritocracia, sem que
2/
-0
esteja garantida a igualdade no ponto de partida, é uma forma velada de
om
aristocracia”. As cotas não eliminam o critério da seleção pela aprovação, pois
l.c
apenas atuam na classificação dos candidatos, permitindo que aqueles com
ai
gm
melhores condições materiais e subjetivas de competir não impeçam aqueles com
@
pode ser questionada com base na possibilidade de fraude. Qualquer critério está
-l
1
prevalecer. Além disso, a lei prevê que, detectada a má fé, o candidato será
.2
eliminado do concurso.
10
.1
Fonte: http://www.seppir.gov.br/sobre/perguntas-frequentes
04
-0
A
N
PI
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/D4886.htm
IB
AL
LE
A
N
IA
Políticas LGBTTI
LA
Galera, não temos uma lei específica aqui, mas uma série de atos infra-
normativos que irá garantir que seus direitos sejam respeitados. De direitos
constitucionais até direitos legais.
Sobre isso:
O combate à discriminação contra lésbicas, gays, bissexuais e transexuais —
LGBT — e a defesa de seus direitos devem ser compreendidos não sob o equivocado
prisma da criação de novos direitos, mas sim sob a correta ótica da aplicação dos
direitos humanos a todos, indiscriminadamente. Trata-se da aceitação dos
princípios fundamentais sobre os quais todos os direitos humanos estão assentados:
| 64
a igualdade de valores e a igualdade de dignidade de todos os seres humanos.
Apesar dos avanços anotados ao redor do mundo no sentido do reconhecimento
dessas premissas, a Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos, Navi Pillay,
anunciou, com base em estudo recente, que mais de 70 países ainda criminalizam as
relações consensuais entre pessoas do mesmo sexo, havendo inclusive previsão de
pena de morte em pelo menos cinco países, com base no argumento de que a
identidade de gênero e a orientação sexual são conflitantes com certas tradições e
18
valores1.
1:
A história recente sobre a maneira como a homossexualidade vem sendo encarada
:2
22
no mundo ocidental é capaz de revelar como a questão é complexa e encerra
0
diversos problemas. A título de ilustração, pode-se mencionar que a Organização
02
/2
Mundial da Saúde — OMS — classificou a homossexualidade como transtorno
01
mental por mais de 40 anos e apenas em maio de 1990 sua Assembleia Geral
2/
-0
declarou que “a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem
om
perversão”. Essa nova postura passou a valer como premissa para os países-
l.c
membros das Nações Unidas somente em 1993, encerrando um ciclo de quase 2 mil
ai
gm
anos nos quais a homossexualidade foi tida, primeiro, como pecado, depois, como
@
homossexuais. Tendo por base o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos4,
-l
1
internacionais que a Austrália havia assumido ao assinar aquele tratado, bem como
10
.1
por ser homossexual, e não heterossexual. O Comitê também entendeu que tais leis
-0
seus registros legais e a decisão do Comitê teve forte impacto, pois sinalizou para
IB
países com leis semelhantes o que poderia vir a acontecer, em escala mundial.
AL
LE
LGBT. Além disso, o Comitê vem reafirmando essa sua posição por meio de outras
decisões semelhantes, consolidando o princípio de que nenhum país está
autorizado a cometer discriminação contra pessoas com base em sua sexualidade.
No entanto, a homofobia permanece em muitos lugares e lésbicas, gays, bissexuais e
transexuais continuam a ser alvo de espancamento, tortura, estupro e assassinatos.
No Brasil, há que se mencionar alguns marcos no que toca ao reconhecimento e à
defesa dos direitos LGBT, concretizados legal e judicialmente em particular desde a
promulgação da Constituição Federal em 19885, a qual determina, em seu art. 5º,
que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza” (caput) e
| 65
que veda, em seu art. 3º, qualquer preconceito, na promoção do bem de todos, em
virtude de “origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação” (inciso IV).
A criação do Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos
Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais6 — CNCD-LGBT —, em
2001, é um desses marcos. Trata-se de órgão colegiado integrante da estrutura
básica da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República —
18
SDH/PR —, com a finalidade de formular e propor diretrizes de ação governamental,
1:
em âmbito nacional, voltadas para o combate à discriminação e para a promoção e
:2
22
defesa dos direitos do segmento LGBT. A referência para sua atuação é o Programa
0
Brasil sem Homofobia7, lançado em 2004 e coordenado pela SDH/PR, cujos objetivos
02
/2
são, entre outros: apoiar projetos de governos estaduais, municipais e de
01
instituições não governamentais que atuam na promoção da cidadania LGBT e no
2/
-0
combate à homofobia; disseminar informações sobre direitos e promoção da
om
autoestima LGBT; e incentivar a denúncia de violações dos direitos humanos da
l.c
população LGBT. Uma das ações do programa refere-se à implantação de centros de
ai
referência para o combate à homofobia gm
em todo o País.
@
discussão dos rumos das políticas públicas voltadas para a população LGBT e
ai
união estável para pessoas do mesmo sexo pelo Supremo Tribunal Federal, ao julgar
PI
IA
Fonte:
N
IA
https://politicaspublicas.almg.gov.br/temas/lgbt/entenda/informacoes_gerais.html
LA
?tagNivel1=11465&tagAtual=11465
| 66
Simpatizantes), porém houve um grande crescimento e as pessoas começaram a
questionar as diferentes ramificações e identidades, fazendo com que o movimento
adquirisse outros tipos de orientações sexuais.
Aliás, o termo foi oficialmente alterado de GLS para LGBT em uma
Conferência Nacional, realizada em Brasília, no ano de 2008.
Infelizmente, o movimento LGBT ainda é carregado de preconceito e
conotações pejorativas, principalmente por núcleos mais conversadores da
18
sociedade e religiosos.
1:
De acordo com estas pessoas, as participações dos homossexuais nas
:2
22
paradas do orgulho LGBT são exageradas e despropositadas.
0
Por outro lado, os organizadores destes eventos dizem ser a Parada Gay
02
/2
(como ficou popularmente conhecida), um espaço de visibilidade do homossexual,
01
que é marginalizado na sociedade e deseja unicamente ter os mesmos direitos que
2/
-0
os heterossexuais (como o casamento de pessoas do mesmo sexo e a adoção, por
om
exemplo).
l.c
A Parada do Orgulho LGBT também tem o objetivo de conscientizar as
ai
gm
pessoas da diversidade que uma sociedade e construída, devendo todos saber
@
respeitar as diferenças.
na
pi
membros, desde suporte para pessoas que enfrentam discriminação até conselhos
ai
Fonte: https://www.significados.com.br/lgbt/
-6
43
.2
que só existe uma raça, a raça humana (é tese de doutorado). O racismo existe e o
IA
IB
machismo também. Enquanto alguns tem de começar do 0 (como foi o meu caso),
AL
Diferenças de Gênero
Tentarei ser o mais objetivo possível aqui, pois, como você sabe, as
discussões são intermináveis. Sabemos que os papéis de gênero variam com a
| 67
cultura e variam ao longo do tempo e a cultura é transmitida pelos pares (pelo grupo
social). Mas só isso não é suficiente para fazer uma boa prova.
Para Myers, o gênero é o conjunto de características biológicas ou
socialmente influenciadas pelas quais as pessoas definem-se como masculinas e
femininas. Para o senso comum, gênero é qualquer categoria, classe, grupo ou
família que apresente determinadas características comuns. Mas gênero é a mesma
coisa que sexo? Não.
18
Na realidade atual essas definições de “masculino” e “feminino” influenciam
1:
não só os papéis sociais e as relações de poder quanto os processos de constituição
:2
22
do sujeito. Apesar da diferença biológica entre machos e fêmeas, há muito mais em
0
jogo. Assim, classificar os indivíduos segundo a anatomia humana (sexo) é um erro
02
/2
na atualidade, pois desconsidera o gênero.
01
Um indivíduo é macho ou fêmea de acordo com os cromossomos expressos
2/
-0
em seus órgãos genitais. E quanto ao gênero? Na visão inicial dos estudos de gênero,
om
havia a concepção de que “gênero” significava definir “homem” e “mulher”.
l.c
Para não correr o erro de deixar de fora alguma classificação ou auto
ai
gm
classificação, optarei por não listar a variedade de gêneros possíveis6. No entanto,
@
humana atual. Afinal, as características de gênero não são garantidas pela biologia,
a.
an
Sobre isso:
-6
43
6
Apesar da Presidente Dilma criar a categoria “Mulher-sapiens”, não há tal gênero.
Talvez o gênero de ineptocracia, mas esse assunto não nos cabe aqui.
| 68
Fonte: A Questão de Gênero no Brasil - Maria Valéria
Junho Pena, Maria C. Correia, Bernice Van Bronkhost, Isabel
Ribeiro de Oliveira.
18
fortemente associadas com as categorias biológicas de homem e mulher. Em termos
1:
mais simples, o gênero é uma categorização de indivíduos. É justamente a interação
:2
22
humana que permite e direciona a construção do gênero e da sexualidade.
0
Historicamente, como veremos a seguir, o conceito de gênero passou a ser
02
/2
utilizado pelos movimentos feministas na década de 1980. O feminismo, assim como
01
uma série de outros movimentos atuais, analisar as diferenças entre pessoas e o
2/
-0
reconhecimento de direitos. Discutir gênero implica não só falar em papéis sociais
om
como também em direitos! A partir dessa perspectiva, surgiram novas discussões
l.c
sobre relações de gênero. As relações de gênero7 constituem campo fértil de estudo
ai
sobre a forma como os gêneros se relacionam. gm
@
para elas, sobretudo as nascidas depois da década de 40. Até essa época, as
04
mulher não tinha os mesmos direitos do homem, uma vez que lhe era inferior.
A
N
PI
7
As relações de gênero também são construídas pelas sociedades.
| 69
movimento feminista deslocou-se para a redemocratização do Brasil. (OLIVEIRA e
KNÖNER, 2005). Surge, dessa forma, uma das mais significativas marcas do
movimento feminista: seu caráter político.
O movimento feminista defendia, também, que a diferença entre os sexos
não pode oportunizar relações de subordinação da mulher ao homem, nem de
opressão da mulher na vida social, profissional ou familiar. As feministas entendem
as qualidades ditas masculinas ou femininas como conquistas individuais e não de
18
um ou outro sexo. (OLIVEIRA e KNÖNER, 2005). A partir da eclosão dos movimentos
1:
feministas, as mulheres deixaram a posição apagada e de pouca expressão que lhes
:2
22
cabia na sociedade patriarcal para um estágio de maior visibilidade social e mais
0
acentuado progresso pessoal. Embora as mulheres tenham obtido avanços em suas
02
/2
tentativas de emancipação, a atual conjuntura ainda apresenta enormes desafios a
01
essa causa. (THEBAUD, 1991, apud NOGUEIRA, 2001). No ocidente, as mulheres
2/
-0
alcançaram um nível educacional superior, porém, ainda recebem salários menores
om
do que os homens têm menor poder social e assumem maiores responsabilidades
l.c
quanto aos filhos e outros dependentes. Embora algumas mulheres tenham
ai
gm
alcançado posições de destaque e de chefia nas suas profissões, o mundo público e
@
(NOGUEIRA, 2001) Evans (1994), citado por Nogueira (2001), diz que as demandas do
a.
an
feminismo dos anos 80 ainda não foram efetivamente ganhas, embora algumas das
ai
masculinos de vida social. Dessa forma, o feminismo, que já conta com uma história
.2
de dois séculos, mais ou menos, ainda precisa ser discutido e considerado em seus
10
.1
NOGUEIRA, 2001, p. 8). Essa necessidade gerou uma grande quantidade de estudos e
PI
IA
alguma maneira a vida das mulheres foram abordados nesses trabalhos e nos meios
AL
LE
| 70
(2002, citado por FRAZÃO e ROCHA, s/d): um senso de esterilidade, vazio,
desmembramento e traição. Por terem abraçado a jornada heroica masculina,
apesar de bem-sucedidas, saíram-se dela exauridas e sofridas, tendo sacrificado
seus corpos e suas almas.
Além disso, por pensarem equivocadamente que homens e mulheres
possuem uma mesma natureza, buscaram uns nos outros as mesmas características
que encontravam em si mesmos. Isso não favoreceu a compreensão mútua nem
18
facilitou a comunicação. Pelo contrário, a supressão ou banalização das diferenças
1:
acarretou novas dificuldades e conflitos. (FRAZÃO e ROCHA, s/d). “Quando as
:2
22
diferenças entre feminino e masculino são suprimidas, impedimos a constituição de
0
uma identidade em consonância com a identidade de gênero, o que gera conflitos
02
/2
tanto intrapsíquicos quanto relacionais.” (FRAZÃO e ROCHA, s/d, p. 28). Esses
01
mesmos autores dizem ainda que, quando masculino e feminino são integrados,
2/
-0
ampliam-se nossas capacidades e nosso poder. Para Frazão e Rocha (s/d), vivemos
om
em uma sociedade que ainda tende a valorizar os aspectos masculinos em
l.c
detrimento dos femininos. Na verdade, a integração harmônica de ambos é
ai
gm
componente essencial ao processo de desenvolvimento e crescimento, enquanto
@
As questões de gênero
ai
2008).
PI
IA
inteiramente aos estudos sobre estereótipos sexuais. Essa revista procurou estudar
A
| 71
permaneciam praticamente inalterados. Os estudos apontavam, também, para os
efeitos que os estereótipos causavam na identidade das mulheres, provocando
baixa auto-estima, tendência ao insucesso ou ao fracasso. Esses efeitos incluíam,
ainda, a patologia, porque o modelo ideal de adulto mentalmente equilibrado era
baseado no estereótipo masculino, aos quais as mulheres recorriam para se
autodescrever. A tentativa, expressa pelo feminismo, de ultrapassar a opressão
feminina, impulsionou estudos sobre as causas das desigualdades sociais baseadas
18
nas diferenças de sexo/gênero, bem como das formas de melhor combater essas
1:
desigualdades. Como consequência, diferentes disciplinas sentiram o efeito desses
:2
22
estudos em seu domínio de conhecimento, entre elas a sociologia, a antropologia e
0
a psicologia. (NOGUEIRA, 2001)
02
/2
Com a constatação da igualdade intelectual entre homem e mulher,
01
buscaram-se novas possibilidades de justificar a divisão sexual do trabalho, na
2/
-0
identificação dos temperamentos masculinos e femininos. Associaram-se, então, à
om
mulher características subjetivas, como a afetividade e a docilidade, vinculando-se
l.c
ao homem a agressividade e a racionalidade. Foi legitimada a distinção entre as
ai
gm
duas formas de ser e de agir conforme o sexo biológico. O efeito dos processos de
@
dominação foi tomado, portanto, pela psicologia e pelas demais ciências, como a
na
pi
Essa perspectiva predominou até metade do século XX. Era utilizada para
ai
feminina no lar para garantir a saúde mental das crianças, num momento histórico
10
.1
distúrbios psicológicos infantis. (LAGO et al., 2008). Segundo Amâncio (2001, apud
A
N
LAGO et al., 2008), na década de 60, a psicóloga clínica feminista Betty Friedan
PI
IA
guerra. Para ela, esses mitos haviam sido criados para justificar a submissão da
AL
LE
para outros estudos que se opunham aos estereótipos sexuais. Amâncio ressalta,
LA
| 72
Destaca-se, nessa época, a teoria do papel social de Alice Eagly, para quem
os papéis sociais atuam sobre o comportamento das pessoas, disso resultando as
diferenças sexuais. Ao longo de seu desenvolvimento, as crianças se apropriam
desses comportamentos. (LAGO et al., 2008). Como a psicologia não é neutra, o
conjunto de determinantes sociais, históricos, políticos e filosóficos interfere na
formulação de modelos e conceitos da psicologia. Esses determinantes condicionam
a importância dos problemas e as interpretações mais adequadas a eles. Dessa
18
forma, a psicologia social, a partir de determinado momento, passou a estudar as
1:
mulheres, incorporando-as à ciência. Nogueira (2001) ensina que
:2
22
Desde os estudos acerca das diferenças associadas ao sexo de pertença,
0
passando pelas críticas a esses trabalhos, à apresentação de novas teorias
02
/2
(androginia, por exemplo) até à introdução do termo gênero nas pesquisas, toda
01
esta evolução se foi construindo pelo “entrelaçar” de diferentes teorias e
2/
-0
perspectivas provenientes, quer das teorias feministas, quer do debate ao nível da
om
construção do conhecimento e da epistemologia positivista característico de todo o
l.c
período da modernidade. (NOGUEIRA, 2001, p. 9)
ai
gm
A partir das críticas ao determinismo biológico e das críticas feministas do
@
vista psicossocial e, dessa forma, como algo passível de mudança. (HOLLWAY, 1994,
-l
1
apud NOGUEIRA, 2001). É por meio do gênero que o sujeito se identifica. Dessa
-6
43
forma, a análise do sujeito se faz levando em conta o gênero em que ele está
.2
inserido. Para Azeredo (1998) citado por Oliveira e Knönen (2005), na psicologia,
10
.1
utilizar o gênero faz uma grande diferença, porque permite compreender o sujeito a
04
partir da ideia que ele faz de si mesmo, como homem ou mulher. Estudos realizados
-0
por médicos e psiquiatras ao final dos anos 60 mostraram que mudar o sexo
A
N
2995).
LA
| 73
Violência
Do ponto de vista técnico, a violência pode estar presente em todo tipo de
relação social humana. Interessa-nos adentrar no modo psicológico como essa
violência produzida e quais as suas nuances. Não abordaremos, portanto, as
perspectivas sociológicas ou até antropológicas que também buscam explicar esse
fenômeno.
Antes de falarmos em processos psicológicos de vitimização, devemos
18
elucidar a violência em si e os seus tipos. Nesta seara, temos três dimensões:
1:
:2
a) Violência Física
22
b) Violência Psicológica
0
02
c) Violência Sexual.
/2
01
De acordo com Brasil (2002) A violência física pode ser definida como atos
2/
violentos, uso de força física de forma intencional, não acidental, praticada por pais,
-0
responsáveis, familiares ou pessoas próximas da criança ou do adolescente, com o
om
objetivo de ferir, lesar ou destruir a vítima, deixando ou não marcas evidentes em
l.c
ai
seu corpo. gm
Nesse aspecto, a violência contra a criança e o adolescente só pode ser
@
na
considerada quando esta tiver propósito lesivo para a vítima. São descartados
pi
aqueles casos ocasionados por algum tipo de acidente, ou ainda com a intenção e
ia
ib
punição educativa.
a.
an
agressor está em estágio mais adiantado que a criança ou o adolescente. Tem por
43
adolescente pela violência física, ameaças ou indução de sua vontade. [...] Engloba
04
-0
e da pornografia.
N
PI
corporais visíveis. No entanto, esse tipo de violência só será notado quando houver
AL
| 74
verdade é que se instalou uma perda do estranhamento diante das agressões
vividas ou presenciadas no dia a dia, e reside exatamente aí o perigo. Enquanto a
violência, seja a psicológica, física ou sexual, neste caso, contra crianças e
adolescentes, não chamar atenção das pessoas, não lhes causar indignação
suficiente para que denunciem os agressores, dificilmente será um problema que
poderá ser avaliado com bases em números reais de ocorrências, dificultando,
assim, sua resolução.
18
Ainda existe uma incerteza nas consequências precisas e causas universais
1:
da violência contra crianças e adolescentes. Cada caso tem suas peculiaridades e as
:2
22
definições de agressão variam entre pesquisadores da área. Fato certo, é que a
0
mudança de mentalidade com relação a proteção que deveria sempre ser esperada
02
/2
do ambiente familiar, ajudou a criar um alerta não só entre a população mas,
01
também, entre os profissionais e pesquisadores que tratam dessas crianças e
2/
-0
adolescentes que passam pelos diversos tipos de violência. Esta postura do familiar
om
como agressor da criança e do adolescente foi bem elucidada por Bock:
l.c
ai
A família, como lugar de proteção e cuidado, é, em muitos casos, um mito.
gm
Muitas crianças e adolescentes sofrem ali suas primeiras experiências de violência: a
@
sexual.
ia
ib
próprios pais, por exemplo, foi um fator que ajudou a traçar o perfil destes
-6
43
investigação mais específica de suas causas. Vale observar o que conclui Gonçalves:
04
-0
infligidos aos corpos das crianças tinham como origem a agressão paterna ou
N
PI
pesquisas, ainda persiste. Por uma questão, inclusive, cultural, o que pode ser
considerado violência contra crianças em determinada comunidade, resultando em
sérias consequências psicológicas à criança, em outras comunidades pode não
passar de um ritual que não provocará danos graves e passará despercebido como
algo comum. Neste ponto, é importante que se faça uma definição do que pode ser
violência e o que vem a ser a vítima, de acordo com a realidade vivida e não somente
pautando-se no senso comum.
A violência pode obter uma definição generalizada, como é possível
perceber, segundo Velho (1996): “é o uso agressivo da força física de indivíduos ou
grupos contra outros.” Afirmando mais adiante que: “violência não se limita ao uso
| 75
da força física, mas a possibilidade ou ameaça de usá-la constitui dimensão
fundamental de sua natureza.”
Independente do contexto, a violência não é só uma qualidade de relação
interpessoal, mas um complexo sistema de agressor/vítima e de objetos que
sustentam ou tentam resolver essa violência. Estou falando dos aparatos
tecnológicos, jurídicos e sociais para lidar com a violência. Emerge mais
recentemente, por exemplo, o cyberbulling, surgem leis de proteção a grupos sociais
18
específicos, a sociedade passa a considerar crimes condutas discriminatórias acerca
1:
da orientação sexual, etc.
:2
22
Por outro lado, quando falamos de violência como fenômeno da sociedade,
0
não há como dissocia-la da delinquência. Além disso, todo crime é, em si, um ato de
02
/2
violência contra a humanidade.
01
No linguajar comum, violência é sinônimo de agressão. Porém, para nós
2/
-0
psicólogos, a violência é mais que a agressão. Enquanto o comportamento agressivo
om
é um comportamento adaptativo humano e necessário como habilidade no trato
l.c
social, a violência é um exagero da agressividade, a ponto de transgredir as regras
ai
gm
sociais e morais de um grupo de pessoas. É um atentado que pode ser físico e
@
psicológico.
na
pi
aceitável socialmente.
a.
an
Minayo (2002) afirma que pode ser considerada como uma das formas de
-l
1
privada. A autora associa ainda a violência sofrida por crianças e adolescentes com
.2
de determinantes diversos, além dos sociais, visto que a violência doméstica não é
-0
No Brasil, somente ao final dos anos 80 foi dado devido destaque para os
PI
IA
| 76
exemplo do que é exposto por Emery e Laumann-Billings (1998) que afirmam existir
a violência em família leve, ou moderada classificada como “maus-tratos em
família” e a violência do tipo grave denominada “violência familiar”. Esta última
seria a de consequências mais profundas para a criança e o adolescente, com
traumas psicológicos, violação sexual e danos físicos.
O desafio observado, não só na realidade brasileira, mas em boa parte dos
países, é descobrir, de fato, os casos existentes de violência doméstica contra
18
criança ou adolescente. Os pais e familiares muitas vezes deixam a situação de
1:
violência “escondida” dos olhos da sociedade, principalmente quando a agressão
:2
22
parte daqueles que deveriam proteger a prole, circunstância que implica
0
constrangimento para a vítima e os demais familiares. Tal situação dificulta o
02
/2
trabalho de médicos, psicólogos, juízes, assistentes sociais e tantos outros
01
profissionais que vêm tentando ajudar as vítimas a superar estes acontecimentos
2/
-0
também afastando e punindo seus agressores.
om
Diante desta violência encoberta pela família, o método a ser utilizado para
l.c
facilitar o diagnóstico dos casos de agressão contra crianças e adolescentes é
ai
gm
baseado na busca por indícios, que são revelados através do depoimento dos pais e
@
interação com os pais (se é distante ou não), além da investigação de lesões físicas
a.
an
repetitivas na vítima e até sua frequência escolar (se vem caindo e possui relação
ai
podem ser das mais variadas, dependendo, inclusive do ambiente cultural no qual a
.2
ansiedade ou depressão.
IA
| 77
mudanças no comportamento e como orientadora para a conduta dos agressores
(medida principal e estratégica); contar com o auxilio de profissionais
especializados, como psicólogos e assistentes sociais no acompanhamento à vítima
para seu retorno a uma vida normal; a intervenção dos profissionais do Direito na
função de encaminhar um tratamento adequado à vítima e a devida punição ao
agressor, garantindo que a violência não se repita. Também faz-se mister citar a
importância da família no processo de recuperação da criança ou adolescente,
18
devendo obter consciência diante dos fatos e apoiar a vítima, mesmo que se
1:
impossibilite a reintrodução do agressor no núcleo familiar, não transferindo
:2
22
sentimentos de culpa ao indivíduo que sofreu a violência e procurando
0
reestabelecer uma convivência saudável com os demais membros da família.
02
/2
Aqui preciso fazer algumas considerações sobre a violência doméstica e
01
suas consequências psicológicas. De acordo com Minayo (2002) a violência
2/
-0
doméstica contra a criança e o adolescente pode ser considerada como uma das
om
formas de manifestação de violência, caracterizada como aquela que é exercida na
l.c
esfera privada.
ai
gm
O fenômeno da violência doméstica contra a criança e o adolescente é
@
mostrou que apenas a metade das nações desenvolvidas e um terço dos países em
LE
| 78
Fonte: Gonçalves e Ferreira (2002)
18
indivíduo não desenvolva qualquer autocontrole.
1:
Consequências da violência nas crianças:
:2
22
a) Sentimento de insegurança em relação ao convívio social;
0
b) Perda do sentido de proteção família;
02
/2
c) Ideias paradoxais a respeito de valores sociais como o sentido da sociedade,
01
justiça, etc.
2/
-0
om
Para a compreensão do fenômeno da violência, Viana (1999) enumera uma série
l.c
de variáveis que irão caracterizar esse fenômeno:
ai
gm
• Características da vítima (mulher, negro, criança, etc.)
@
etc.)
-6
43
Não sou o Viana, mas além desses pontos descritos, eu adicionaria mais três:
.2
quanto mais frágil for a estrutura cognitiva da pessoa que sofre a violência, maiores
04
quanto maior sua intensidade, maiores seus efeitos. A cultura, por sua vez, não só
A
N
PI
contínua e agravar as suas consequências. Não foi há muito tempo que vivemos uma
IB
AL
fase onde a criança era propriedade dos pais e esses tinham o direito absoluto sobre
LE
Rosângela Francischini:
A prática de violência contra crianças e adolescentes (maus tratos, abandono e
negligência, abuso e exploração sexual comercial, trabalho infantil, dentre outras)
não é recente. Um olhar atento à trajetória histórica de crianças pobres no Brasil nos
mostra a procedência dessa afirmação. Sua visibilidade, no entanto, vem ganhando
novos contornos, principalmente, na proporção e extensão que vem ocorrendo nas
duas últimas décadas, no Brasil. A promulgação do ECA, com certeza, contribuiu e
vem contribuindo para que se torne visível uma condição, antes de tudo, de violação
| 79
dos Direitos Humanos, conforme Declaração Universal dos Direitos Humanos, da
ONU.
Vários são os fatores que contribuem para que essa prática seja observada e
mantida, dentre os quais destacamos: as relações de poder e de gênero
predominantes nas sociedades, as características do agressor e da vítima, questões
culturais, ausência de mecanismos seguros e confiáveis, medo de denunciar,
ineficiência dos órgãos de atendimento, certeza de impunidade, dentre outras.
18
Fonte: Rosângela Francischini e Manoel Onofre de Souza Neto. Enfrentamento à
1:
violência contra crianças e adolescentes: projeto escola que protege. Revista do
:2
22
Departamento de Psicologia - UFF, v. 19 - n. 1, p. 243-252, Jan./Jun. 2007. Disponível
0
02
em: http://www.scielo.br/pdf/rdpsi/v19n1/18.pdf
/2
01
2/
A seguir, listo os conceitos psicológicos teóricos mais comuns no
-0
entendimento da violência na visão de Fiorelli e Mangini (2012):
om
a) Mecanismo de defesa inconsciente: Winnicott sugere que a agressão pode
l.c
ai
ser percebida como reação à frustração. Na impossibilidade de ver realizado
gm
o seu desejo, o psiquismo reage e desloca a energia para a agressividade.
@
deslocamento ou sublimação.
ia
ib
| 80
impactos desse convite brutal. [...] Valores, comportamentos e linguagem
induzem pensamentos que conduzem à prática da violência.
h) Expectativas: os mecanismos de detecção, punição e neutralização dos
comportamentos violentos disponíveis na sociedade variam entre o precário
e o inexpressivo. A impressão que se tem é que, apesar de todo o
aparelhamento legal, aquele que burla as regras não sente especial controle
e certeza de punição. As teorias em torno da expectativa para promover a
18
motivação funcionam, nesta situação, de maneira perversa. O indivíduo
1:
comporta-se de maneira inadequada e sabe que nada acontecerá; o “nada
:2
22
acontecer” constitui um reforço positivo vital para fortalecer a expectativa de
0
impunidade. [...]
02
/2
01
2/
-0
Violência Doméstica e Urbana
om
l.c
ai
Entre as faces da violência na família, estão: o assédio moral, o abuso sexual
gm
a violência física (incluindo a violência sexual), a violência psicológica, a violência
@
na
contra idosos, crianças, adolescentes, etc. Esse tipo de violência produz uma série
pi
de consequências nas vítimas não só pelo tipo de violência, mas pelo contexto em
ia
ib
que foi produzido. Falaremos mais sobre isso nos tópicos seguintes.
a.
an
percebido fora do ambiente de proteção da família e da casa. Boa parte dos teóricos
1
-6
que estudam esse assunto versam sobre como a violência urbana afeta os nossos
43
ambiente externo. A violência praticada entre os cônjugues transmite aos filhos uma
04
-0
| 81
com penetração (digital, genital ou anal). O abuso sexual também inclui situações
nas quais não há contato físico, tais como voyerismo, assédio, exposição a imagens
ou eventos sexuais, pornografia e exibicionismo. Estas interações sexuais são
impostas às crianças ou aos adolescentes pela violência física, ameaças ou indução
de sua vontade (Azevedo & Guerra, 1989; Thomas, Eckenrode & Garbarino, 1997).
O abuso sexual também pode ser definido, de acordo com o contexto de
ocorrência, em diferentes categorias. O abuso sexual intrafamiliar ou incestuoso é
18
aquele que ocorre no contexto familiar e é perpetrado por pessoas afetivamente
1:
próximas da criança ou do adolescente, com ou sem laços de consangüinidade, que
:2
22
desempenham um papel de cuidador ou responsável destes (Cohen & Mannarino,
0
2000a; Habigzang & Caminha, 2004; Koller & De Antoni, 2004). Por outro lado, o
02
/2
abuso sexual que ocorre fora do ambiente familiar envolve situações nas quais o
01
agressor é um estranho, bem como os casos de pornografia e de exploração sexual
2/
-0
(Koller, Moraes & Cerqueira-Santos, 2005).
om
A experiência de abuso sexual pode afetar o desenvolvimento cognitivo,
l.c
afetivo e social de crianças e adolescentes de diferentes formas e intensidade (Elliott
ai
gm
& Carne, 2001; Runyon & Kenny, 2002; Saywitz, Mannarino, Berliner & Cohen, 2000).
@
relacionados com a violência sexual em si, como por exemplo, duração, grau de
ai
e transtorno do estresse pós-traumático (Briere & Elliott, 2003; Cohen, Mannarino &
PI
IA
Rogal, 2001; Duarte & Arboleda, 2004; Habigzang & Caminha, 2004; Runyon & Kenny,
IB
mais citada como decorrente do abuso sexual, uma vez que é estimado que 50% das
A
crianças que foram vítimas desta forma de violência desenvolvem sintomas (Cohen,
N
IA
| 82
inferioridade e inadequação. As alterações emocionais referem-se aos sentimentos
de medo, vergonha, culpa, ansiedade, tristeza, raiva e irritabilidade (Cohen &
Mannarino, 2000b; Cohen et al., 2001; Habigzang & Koller, 2006; Haugaard, 2003;
Jonzon & Lindblad, 2004). O abuso sexual também pode ocasionar sintomas físicos
tais como hematomas e traumas nas regiões oral, genital e retal, coceira, inflamação
e infecção nas áreas genital e retal, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez,
doenças psicossomáticas e desconforto em relação ao corpo (Sanderson, 2005).
18
O abuso sexual no contexto familiar é desencadeado e mantido por uma
1:
dinâmica complexa. O agressor utiliza-se, em geral, de seu papel de cuidador, da
:2
22
confiança e do afeto que a criança tem por ele para iniciar, de forma sutil, o abuso
0
sexual. A criança, na maioria dos casos, não identifica imediatamente que a
02
/2
interação é abusiva e, por esta razão, não a revela a ninguém. À medida que o abuso
01
se torna mais explícito e que a vítima percebe a violência, o perpetrador utiliza
2/
-0
recursos, tais como barganhas e ameaças para que a criança mantenha a situação
om
em segredo. Estudos apontam que esse segredo é mantido, na maioria dos casos,
l.c
por pelo menos um ano (Furniss, 1993; Habigzang & Caminha, 2004; Habigzang,
ai
gm
Koller, Azevedo & Machado, 2005). A criança sente-se vulnerável, acredita nas
@
medo de revelá-lo à família e ser punida. Dessa forma, adapta-se à situação abusiva,
ia
ib
2000a). Outro fator freqüentemente associado ao abuso sexual, que dificulta que sua
ai
que o abuso sexual seja mantido em segredo pela própria vítima e por outros
10
.1
denunciam (De Antoni & Koller, 2000; Habigzang & Koller, 2006; Kellog & Menard,
-0
2003).
A
N
Fatores externos à família também contribuem para que o abuso sexual não
PI
IA
como a insistência dos tribunais por regras estritas de comprovação do abuso para a
A
que esse significa a violação de tabus sociais, como o incesto (Furniss, 1993). Até
recentemente, a criança que fazia revelações de abusos sexuais era suspeita de
fantasiar (Thouvenin, 1997). Atualmente, os profissionais da saúde capacitados para
trabalhar com crianças vítimas de violência tendem, a saber, que são raros os casos
em que as crianças não dizem a verdade. A revelação é um momento crucial que
pode, por si só, representar um risco de trauma suplementar para a criança ou
adolescente. Dessa forma, a denúncia do abuso aos órgãos de proteção e o
acompanhamento do caso por profissionais da saúde são fundamentais e eles
| 83
precisam estar conscientes das implicações legais e éticas de suas intervenções ou
de sua omissão (Saywitz et al., 2000).
HABIGZANG, Luísa Fernanda et al. Avaliação psicológica em casos de abuso sexual
na infância e adolescência. Psicol. Reflex. Crit. [online]. 2008, vol.21, n.2 [cited 2013-
08-08], pp. 338-344 . Available from:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
79722008000200021&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0102-
18
7972. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722008000200021.
1:
:2
22
Quem é o agressor?
0
02
/2
A violência sexual doméstica pode desencadear sérias consequências para
01
2/
crianças e adolescentes, além de sequelas físicas, comprometimentos emocionais
-0
na fase adulta, como distúrbios de caráter e do comportamento social, prostituição
om
e sintomatologia pré- delinquente, frigidez e aversão pelas relações sexuais, neurose
l.c
ai
aguda, reações depressivas com tentativas de suicídio e ciúme excessivo.
gm
Segundo o UNICEF (2000), em 90% dos casos conhecidos de violência sexual
@
na
espaço para a expressão de seu sofrimento, para que seja possível elaborar o
ai
em: http://www.asbap.com.br/producao/incesto_sociodrama_familiar.pdf
.2
10
.1
04
-0
adolescente
PI
IA
IB
| 84
São apenas essas as consequências? Absolutamente, não. Temos, por
exemplo, uma série de consequências emocionais ao abuso sexual familiar. Sobre a
definição de alterações emocionais, cabe uma definição:
18
fugas do lar, furtos, isolamento social, agressividade, mudanças nos padrões de
1:
sono e alimentação, comportamentos autodestrutivos, tais como se machucar e
:2
22
tentativas de suicídio (Cohen, Mannarino, & Rogal, 2001; Haugaard, 2003; Jonzon &
0
02
Lindblad, 2004; Rosenthal, Feiring, & Taska, 2003). O abuso sexual também pode
/2
ocasionar sintomas físicos, tais como hematomas e traumas nas regiões oral,
01
2/
genital e retal, coceira, inflamação e infecção nas áreas genital e retal, doenças
-0
sexualmente transmissíveis, gravidez, doenças psicossomáticas e desconforto em
om
relação ao corpo (Sanderson, 2005).
l.c
ai
Fonte: HABIGZANG, Luísa Fernanda et al. Entrevista clínica com crianças e
gm
adolescentes vítimas de abuso sexual. Estud. psicol. (Natal) [online]. 2008, vol.13, n.3
@
na
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
ia
ib
294X. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-294X2008000300011.
ai
comprometem sua saúde física e mental (Neves, Ramirez & Brum, 2004). As
04
-0
sexual que seriam úteis para a sua identificação. Depressão, sentimentos de culpa,
AL
ideação suicida são sintomas que podem aparecer na infância e se estender pela
vida adulta (Boney-McCoy & Finkelhor, 1995; Finkelhor & Tackett, 1997; Williams,
2002).
As manifestações do TEPT na infância e adolescência são mais graves e
comprometedoras, uma vez que as funções afetivas e cognitivas do sistema nervoso
central não amadureceram e não foram ainda totalmente reguladas. Doenças
sexualmente transmissíveis, traumas físicos e ginecológicos, gravidez, transtornos
mentais e dificuldades no ajustamento sexual adulto são apenas algumas das
| 85
possíveis conseqüências físicas, emocionais, sexuais e sociais da violência
(Amazarray & Koller, 1998).
Dentre os indicadores mais relatados, encontra-se o comportamento
sexualizado, que não é exclusivo de crianças vítimas de abuso sexual, mas é
considerado como o que melhor as identifica (Williams, 2004). As brincadeiras
sexualizadas com bonecos, a introdução de objetos no ânus ou na vagina, em si
mesmo ou em outras crianças, a masturbação excessiva em público, o
18
comportamento sedutor, a solicitação de estimulação sexual e um conhecimento
1:
sobre sexo inapropriado à idade incluem-se nos comportamentos sexualizados.
:2
22
É consenso, entre muitos pesquisadores, que há um severo impacto da
0
vitimização por violência sexual no desempenho e na vida acadêmica da vítima.
02
/2
Alterações no desenvolvimento cognitivo, na linguagem, na memória e no
01
rendimento escolar, rebaixamento da percepção do próprio desempenho e
2/
-0
capacidade, agressividade e impulsividade têm sido freqüentemente relatados
om
(Amazarray & Koller, 1998; Ferrari & Vecina, 2002; Finkelhor & Tackett, 1997; Kaplan
l.c
& Sadock, 1990; Williams, 2002). No entanto, dados encontrados sugerem que as
ai
gm
vítimas parecem ser afetadas de diferentes maneiras e graus; enquanto algumas
@
psiquiátricos (Dattilio & Freeman, 1995), portanto, não se deve esperar um perfil
ia
ib
fatores referentes à ação sexual em si, como a intensidade da violência sexual e não
-6
43
descoberta da violência acentuam o dano (Amazarray & Koller, 1998; Williams, 2002).
A
N
PI
Fonte: VIODRES INOUE, Silvia Regina and RISTUM, Marilena. Violência sexual:
IA
(Campinas)[online]. 2008, vol.25, n.1 [cited 2013-08-09], pp. 11-21 . Available from:
LE
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
A
166X. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-166X2008000100002.
LA
| 86
socialmente delinquentes, outra é pegar todas as crianças abandonadas ou
negligenciadas emocionalmente e verificar os comportamentos de delinquência.
Nessa perspectiva, que eu claramente adoto, não podemos falar em crianças
e adolescentes infratores em função da ausência de pai, de mãe, de ambos, da
pobreza ou da falta de oportunidade de estudo e trabalho. Devemos falar, ao
contrário, em na delinquência entendida em seu contexto social (acima do
psicológico). Em função de inúmeros fatores que já tratamos, como a aprendizagem
18
social, a formação da cultura e da identidade social das crianças e adolescentes.
1:
Caso você tenha tempo para a prova, recomendo que pesquise um pouco a Teoria
:2
22
da Identidade Social. Foge um pouco do nosso contexto, mas é um excelente
0
assunto.
02
/2
Assim, se perguntarem em sua prova se a delinquência é consequência de um
01
ambiente precário ou do abandono, você terá de justificar que esse é, na verdade,
2/
-0
um fenômeno multifatorial e que não temos indícios suficientes para afirmar que
om
existe uma relação direta entre essas duas variáveis.
l.c
Mas, me conterei e falarei do que pode cair em sua prova caso a postura da
ai
gm
banca não seja a minha – e você tem de ficar muito atento para identificar a linha da
@
desigualdade social, pois que não tem renda suficiente para usufruir de bens e
a.
an
visão é que o jovem fica ansioso quando se compara com o que assiste em sua
-l
1
televisão ou vê nas ruas. Ele não tem liberdade de usufruir do que os outros
-6
43
ele não conseguiria pelas vias normais ou que demoraria para conseguir.
04
desigualdades sociais vê isso? Não vê. É mais um indicador que esse fenômeno é
PI
IA
multifatorial.
IB
Independente dessas duas correntes que tentei simplificar, o pai e a mãe não
AL
LE
podem ser olvidados desse processo (com as devidas ressalvas). É a família que
A
| 87
exercício de suas funções paternas, como aquele que representa a lei, o limite,
segurança e proteção. é considerado pior que o abandono material (PEREIRA, 2004).
A importância da mãe é amplamente admitida por diversas áreas do
conhecimento. A orientação da vivência feminina é demonstrada pela segurança
outorgada ao filho e na segurança que este tem de si próprio. Todavia para o filho
galgar e alcançar o mundo das vivências humanas e o do próprio ser precisa do
encontro com o pai e com a mãe.
18
Segundo Juristsch (1970), a ausência do pai restringe o campo de vivência
1:
infantil, uma vez que, permanecem inexploradas muitas possibilidades psíquicas
:2
22
que influenciarão em maior ou menor grau na conduta infantil. Isto porque lhe falta
0
a coragem e a segurança de si para encontrar-se com o mundo e com as outras
02
/2
pessoas.
01
Com a separação e/ou divórcio dos pais, permanecendo a guarda com a mãe,
2/
-0
ocorre um esmaecimento da imagem paterna, na medida em que o contato com o
om
pai torna-se restrito ou mesmo nulo.
l.c
Ao tratar da importância do pai para a formação e desenvolvimento do filho,
ai
gm
necessário se faz entender as linhas básicas da abordagem psicanalítica acerca do
@
assunto.
na
pi
diferenças de personalidade.
ai
Fonte: http://jus.com.br/artigos/9502/desagregacao-familiar-e-delinquencia-
-l
1
infanto-juvenil
-6
43
.2
10
.1
04
que muitas vezes diante da revelação de abuso sexual, a mesma nega o fato ou
LE
recrimina a criança. Por outro lado, existe uma patente impunidade dos que
A
N
| 88
atendimento efetuado pela rede, ficou evidente que o abuso sexual, foco da
denúncia, foi muitas vezes ignorado, sendo que as intervenções se deram em função
de outras violações. Desta forma, não houve acompanhamento, avaliação e
atendimento adequado aos casos. Os agressores, com poucas exceções, foram
punidos criminalmente. Na maioria dos casos analisados, as crianças foram
abrigadas e alguns pais agressores destituído(s) do pátrio poder. O estudo apontou
a necessidade emergente de criar serviços especializados de atendimento e
18
capacitar os profissionais que trabalham com essas crianças e com suas famílias,
1:
permitindo-lhes obter uma compreensão real dos casos, bem como conduzir uma
:2
22
intervenção adequada (Habigzang, Azevedo, Koller & Machado, 2006).
0
02
HABIGZANG, Luísa Fernanda et al. Avaliação psicológica em casos de abuso sexual
/2
na infância e adolescência. Psicol. Reflex. Crit. [online]. 2008, vol.21, n.2 [cited 2013-
01
2/
08-08], pp. 338-344 . Available from:
-0
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
om
79722008000200021&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0102-
l.c
ai
7972. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722008000200021.
gm
@
na
pi
1998)
an
ai
-l
Apesar do foco desse livro ser o abuso sexual, temos a definição de vários
1
-6
conceitos úteis para o nosso concurso. Esse é aquele livro que você tem de ter em
43
.2
uma aula compilada sobre o entendimento do abuso sexual. O livro começa com
.1
04
Adolescentes), por exemplo, Tomkiewicz faz uma interessante distinção que creio
LE
| 89
maior ou menor gravidade, ocorrem com frequência nas instituições para
adolescentes.
18
transgredir.
1:
De todos os aspectos dos maus-tratos, o abuso sexual de crianças é talvez
:2
22
um dos mais difíceis de delimitar, pois apoia-se na utilização abusiva da autoridade
0
sobre a criança que o adulto detém. Além disso, ela envolve não só a sexualidade do
02
/2
adulto, mas também a da criança, e, por isso, coloca sobre essa última o peso de
01
uma grande culpa. E, no entanto, não há certeza alguma de que os abusos sexuais
2/
-0
deixem, em todas as crianças, marcas tão profundas ou indeléveis: talvez sejam
om
mais a vulnerabilidade, a idade da criança, a repetição e o tipo de abuso sexual ou o
l.c
silêncio em torno da criança que fundamentam a gravidade do traumatismo.
ai
gm
O abuso sexual praticado contra a criança é uma das formas de maus-tratos
@
que mais se ocultam: a criança tem medo de falar e, quando o faz, o adulto tem
na
pi
por adultos contra crianças dos que as crianças ou adolescentes cometem contra
a.
an
eles. Da mesma forma, impõe-se distinção entre os abusos sexuais cometidos dentro
ai
outras culturas, mostrar que as relações edípicas e o que se entende por abusos
10
.1
sexual é entendido, e até vivido, de forma diferente para cada tipo de sociedade.
04
...
LE
sexual, a observação das crianças em uma sociedade tradicional deverá nos levar a
N
IA
artificialmente, estudioso.
Fonte: Gabel (1998)
| 90
a abandonar tal hipótese ou a tornar mais complexo o nosso raciocínio: 1) Se a regra
de proibição de incesto está presente em todo luar, o mesmo acontece com suas
transgressões. A regra não é um fato! Porém, uma vez instituída, todos se organizam
em relação a ela; 2) A regra de proibição do incesto, repito, não concerne
prioritariamente às relações sexuais, mas, sim, às alianças matrimoniais.
Surpreendentemente, é entre os animais que encontramos mecanismos, às vezes
extremamente sutis, de evitar, aí sim, as relações sexuais incestuosas. Os animais
18
parecem, assim, proibir as relações sexuais incestuosas, enquanto que os homens só
1:
proibiram as alianças culturalmente definidas como incestuosas; 3) Sem dúvida, os
:2
22
homens das sociedade tradicionais associam toda forma de infelicidade à
0
transgressão do tabu do incesto.
02
/2
Fonte: Gabel (1998)
01
2/
-0
Desde o nascimento, a criança é vítima de forças pulsionais, fonte de
om
tensões e de excitações que ela só controla parcialmente. A mãe irá exercer um
l.c
ai
papel concomitante, de “anteparo da excitação” para que a criança só receba os
gm
estímulos externos que seja capaz de integrar. Em um “banho de afeto” as diferentes
@
Spitz já havia estudado, em 1964, o jogo genital nos primeiros meses de vida
ai
(jogo genital definido como atividade exploratória de suas partes genitais, pela
-l
1
mãe e a criança têm uma boa relação, a criança brinca com seus órgãos genitais ao
10
.1
não ocorrem.
-0
O livro começa a ficar interessante a partir da página 54, no tópico: Por que
A
N
PI
importantes para a sua prova, é Summit. Segundo esse autor, a criança aparece
LE
criança vão, de fato, reforçar os adultos e seus preconceitos. Elas são cinco. As duas
LA
| 91
movimento da criança seria de recusa, o ódio e nojo, isso se não existisse um medo
intenso. As crianças sentir-se-iam física e moralmente indefesas, e este medo,
quando atinge o ápice, obriga-as a submeterem-se automaticamente à vontade do
agressor, adivinhando o seu menor desejo e identificando-se totalmente com ele.
Essa identificação seria a introspecção do sentimento de culpa do adulto. Ela viveria
uma grande confusão, é ao mesmo tempo, inocente e culpada, a sua confiança no
testemunho dos seus próprios sentidos está abalada. A criança torna-se um ser que
18
obedece mecanicamente, mas já não consegue dar-se conta das razões desta
1:
atitude.
:2
22
Fonte: http://www4.fe.uc.pt/fontes/trabalhos/2005018.pdf
0
02
/2
Convêm agora separar em tópicos, como os apresentados no livro, uma
01
2/
espécie de conceitos atrelados ao abuso sexual:
-0
(a) O Segredo: A realidade aterrorizante deve-se ao fato do abuso sexual
om
só acontecer quando a criança está sozinha com o adulto e esse segredo jamais deve
l.c
ai
ser partilhado com quem quer que seja. Esse terrível segredo tem de ser preservado
gm
pela ameaça, por exemplo, “não diga nada para sua mãe, senão ela vai me odiar”;
@
“se ela souber, vai matar você, vai manda-lo para o colégio interno”.
na
pi
obedientes e afetuosas com todos os adultos que cuidam delas. A criança não
ai
provoca, não parece seduzir o adulto. É fato essencial: o indivíduo que comete o
-l
1
estabelecer uma relação de confiança com a criança e certificar-se de que sua vítima
.2
imediatamente ajuda e não foi protegida, sua única opção possível é aceitar a
-0
da experiência no seu oposto: o que era ruim será afirmado como bom; seja pelo
LE
| 92
especialistas, com a condição de que eles próprios não incorram na síndrome de
adaptação.
(e) A retratação: a criança, em menor frequência o adolescente, tende a
retratar-se para reduzir a tensão causada pela sua revelação. Volta atrás no
depoimento dado ou silencia. Em função disso é fundamental o amparo emocional
de uma equipe preparada. Não digo, contudo, que a equipe estimule a produção de
informações (pesquise sobre o caso americano das memórias reprimidas), mas que
18
acolham a criança e deem condições para seu depoimento.
1:
No próprio capítulo são citadas três conclusões sobre o depoimento de
:2
22
agressores:
0
a) Os agressores sentem-se capazes de identificar as crianças
02
/2
vulneráveis e aproveitar-se dessa vulnerabilidade para abusar sexualmente delas.
01
b) A coerção é inerente ao abuso sexual
2/
-0
c) Os agressores empenham-se em dessensibilizar as crianças aos
om
contatos sexuais.
l.c
Essa última conclusão merece destaque. Os agressores desenvolvem uma
ai
gm
estratégia bastante sofisticada para a progressão do contato das regiões não sexuais
@
(pernas costas) em direção aos órgãos genitais. Essa evolução ocorre de tal modo
na
pi
que a criança pode sentir que deu seu consentimento. Se esse assunto não
ia
ib
despertasse tanto asco, arriscaria citar Wolpe, mas aqui, diferentemente de outras
a.
an
É preciso ensinar as crianças que elas podem voltar atrás nesse seu
-l
1
consentimento ou que consentir uma coisa não é consentir tudo. Dai a necessidade
-6
43
de mais informações sobre a maneira pela qual a criança percebe se está ou não
.2
autorizada a fazer certas coisas e sobre seu nível de responsabilidade sobre seus
10
.1
atos.
04
médio prazo), Rouyer afirma que a maioria dos autores concorda em reconhecer que
A
N
a criança vítima de abuso sexual corre o risco de uma psicopatologia grave, que
PI
IA
perturba sua evolução psicológica, afetiva e sexual. Aqui, a gravidade do abuso será
IB
criança quanto a psicológica: quanto mais cedo ocorreu o incesto, maior o risco de
A
afirma que o abuso sexual cometido por familiares (incesto) é o tipo de abuso mais
LA
| 93
d) Manifestações psicossomáticas
e) Lesões genitais
f) Lesões corporais
O autor vai adiante:
As queixas somáticas são habituais: mal-estar difuso, impressão de
alteração física, persistência das sensações que lhe foram impingidas, dores nos
ossos.
18
A enurese e a encoprese são frequentes, sobretudo nas crianças menores e
1:
nas que sofreram penetração anal.
:2
22
As dores abdominais agudas sem substrato orgânico ocorrem em todas as
0
02
idades, sobretudo em adolescentes. Encontramos crises de falta de ar, desmaios ,
/2
problemas relacionados à alimentação – como náuseas, vômitos, anorexia ou
01
2/
bulimia – que, assumirão, em seguida, outro significado, a saber, a recusa da
-0
feminilidade e a destruição do corpo. Nesse estado, a anorexia e a bulimia podem
om
ser fenômenos de rejeição e de compensação transitórios.
l.c
ai
A interrupção da menstruação dá-se mesmo quando não houve penetração
gm
vaginal. À repugnância de si mesma podemos acrescentar os rituais de “se lavar”, as
@
dermatoses provocadas por lesões consequentes do ato de se coçar, que vão até o
na
pi
guarda e ser agredido sem defesa; observa-se a recusa das crianças menores em ir
-l
1
morosa ou inquieta.
IB
AL
atributos sexuais e cenas de coito, que são bem diferentes daqueles que os pré-
LA
| 94
Antigamente tinha-se a visão que as denúncias de abuso feitas por
adolescentes eram infundadas ou injustificadas. Isso se devia a compreensão que
jovens são sedutores por natureza (e teriam provocado o abuso) ou têm
características de naturais de mitomania (tendência a criar mentiras). Felizmente
essa imagem foi superada do imaginário social e aceita-se tais tipos de denúncia
com a mesma seriedade que as de agressão à crianças.
No entanto, destaco que no trabalho com adolescentes é importante que os
18
profissionais envolvidos não caiam em duas armadilhas (descritas na terceira parte).
1:
A primeira é a falsa acusação (causado pelo adolescente mitômano) e a segunda é a
:2
22
retratação.
0
02
Na maior parte dos casos, a vítima de abuso sexual continua a sofrer as
/2
sequelas muito tempo depois de ter vivido a violência. Em tal contexto de
01
2/
fragilização, uma jovem pode, com muito mais facilidade que outra, sentir-se
-0
ameaçada e até agredida, quando na realidade não há nenhuma evidência que
om
corrobore seus receios. Nessas condições, poderá fazer acusações graves, de boa-fé,
l.c
ai
sendo que o verdadeiro problema consistiria em numa “patologia seqüelar” diante
dos homens em geral ou de um indivíduo em particular.
gm
@
acusação, e vem de certo modo corroborar essa odiosa mentira. A realidade não é
a.
an
tão simples. Durante a crise de revelação, e sobretudo nos casos de abusos sexuais
ai
com que se ignora quase sempre a série de pressões familiares contra as quais é
-6
43
muito difícil lutar. A retratação, na maior parte dos casos, visa, portanto,
.2
adolescente sobre o abuso sexual sofrido é sine qua non para que o status quo seja
LE
| 95
Os resultados de numerosos estudos sobre a memória da criança, evocados
por Van Gijseghem, justificam a necessidade de se evitar a implicação de
interrogatórios, como é de praxe:
- A lembrança diminui progressivamente com o tempo;
- A memória e a lembrança são contaminadas pela informação obtida
depois do acontecimento, efeito que pode ser induzido por perguntas sugestivas;
- A criança tem uma percepção do tempo diferente da que tem um adulto.
18
Ela não é sequencial, mas organizada em torno de detalhes significativos associados
1:
a acontecimentos que a tocam de perto; e
:2
22
- A memória de um fato diminui progressivamente em prol de um “enredo”.
0
02
Por ocasião de novos interrogatórios, a criança usará esse enredo para encontrar os
/2
elementos de suas respostas, em um processo que vai se intensificar com o tempo.
01
2/
Daí pode resultar, então, uma impressão de inconsistência e de dúvida para quem
-0
estiver fazendo a pesquisa.
om
Fonte: Gabel (1998)
l.c
ai
gm
Outro ponto significativo do texto é:
@
na
...
1
Para lidar com o trauma do incesto, busca-se uma terceira pessoa confiável
N
PI
e a lei. As duas pessoas que deveriam ser confiáveis naturalmente (o pai e a mãe)
IA
IB
ausentes. O resultado desse estudo (pág. 97) demonstra que essas mulheres
caracterizam seus relacionamentos com termos como “frieza e distância
emocional”. Em contrapartida, por terem um modelo materno insuficiente para se
identificar, sentem-se obrigadas a ser distantes com os próprios filhos, a conferir-
lhes excessiva autonomia cedo demais. Os autores sublinham que isso só faz
aumentar a demanda afetiva da criança em relação ao pai.
Na parte 4 (Os que Cometem Abusos Sexuais), é explicitada uma teoria dos
agressores (psicopatas) sexuais:
| 96
Nossa prática profissional com esses indivíduos mostrou que sua vida se
organiza em torno de um tríptico existencial que chamamos de “3D”: Denegação,
Desafio e Delito.
Denegação: modo de defesa onde o sujeito se recusa a reconhecer a
realidade, em especial, o trauma. Assim, no nosso contexto estudado, o agressor
psicopata é incapaz de reconhecer a sua responsabilidade ou sua causalidade
psíquica dos males que o oprimem.
18
Desafio: é o desafio aos outros e à lei. É uma ação que busca restaurar
1:
:2
a onipotência narcísica.
22
Delito: é a ação de abuso sexual em si.
0
02
E, por fim, após a análise de alguns casos e referências à personalidades
/2
perversas, psicopatas e do tipo borderline, é descrita a conclusão de um estudo, de
01
2/
Scherrer, que identificou traços comuns na biografia dos que cometeram delitos
-0
sexuais:
om
a) Suas mães teriam desempenhado, na realidade, o papel de pai
l.c
ai
primitivo;
gm
b) Esses sujeitos, em geral, apresentavam incapacidade de levar
@
na
relações objetais satisfatórias com o sexo oposto, o que se traduzia por uma
pi
mulher”.
a.
an
ai
[...]
LE
8
https://site.cfp.org.br/wp-
content/uploads/2009/10/CREPOP_Servico_Exploracao_Sexual.pdf
| 97
responsáveis pela implantação e pela implementação de políticas públicas no Brasil,
inclusive os/as psicólogos/as.
[...]
O psicólogo, para dar conta das demandas atuais no seu trabalho, deve
refletir permanentemente sobre suas ações, reinventar suas intervenções e criar
outros fazeres, pautado sempre por uma atitude científica e por referenciais teóricos
consistentes.
18
Kastrup, apud Lazzarotto (2004, p. 67), destaca que “[...] a prática profissional
1:
não pode fazer com que se perca a condição de aprendiz. A formação e a aplicação
:2
22
não são dois momentos sucessivos, mas devem coexistir sempre.” Manter a
0
permanente problematização da prática é uma exigência do exercício profissional e
02
/2
um fundamento da ética profissional. “A ética demarca a fronteira entre a teoria e a
01
prática, entre o pensamento e a vida, entre a concretude da história e a abstração do
2/
-0
conhecimento.” (DRAWIN, 2003).
om
Nos contextos da assistência social, o psicólogo tem de ter toda cautela para
l.c
não contaminar as novas práticas profissionais com modelos assistencialistas,
ai
gm
tutelares e adaptacionistas, centrados em uma ação individualizada, que
@
que apresentam sofrimento psíquico, mas nosso olhar deve fazer a leitura da
ai
[...]
-0
| 98
e legais, especialmente acerca do ECA, do Plano Nacional e da rede de
enfrentamento da violência sexual infanto-juvenil.
O que se percebe é que os psicólogos têm buscado aprimoramento: 68%
declararam ter pós-graduação; 77% dos inseridos no Serviço de Enfrentamento têm
especialização na área; 18% têm mestrado, e 5% têm doutorado. Dessa forma, a
formação continuada tem sido estratégia de qualificação dos psicólogos para que se
sintam preparados para as exigências na implementação de políticas públicas da
18
assistência social.
1:
Limites e possibilidades de uma prática em construção
:2
22
Embora sejam inúmeras as possibilidades de inserção do psicólogo como
0
operador da Política Nacional da Assistência Social, neste material, destaca-se sua
02
/2
atuação no Serviço de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e
01
Adolescentes e suas Famílias.
2/
-0
A violência deve ser compreendida como produto de um sistema complexo,
om
de relações historicamente construídas e multideterminadas, que envolve diferentes
l.c
realidades de uma sociedade, assentadas em uma cultura, permeadas por valores e
ai
gm
representações (AMORIM, 2005). Essa multideterminação implica, portanto, que
@
política, jurídica – que estão assentadas em uma cultura e organizadas em uma rede
ia
ib
e, no máximo, de uma família, não se pode perder de vista que a violência é sempre
10
.1
com o observado em outros estudos, este estudo identificou – a partir dos dados
AL
LE
| 99
a) Intrafamiliar: quando existe laço familiar, biológico ou não, ou relação de
responsabilidade entre vítima e autor/a da violência. Quando ocorre no espaço onde
reside a família, é chamada também de violência doméstica.
b) Extrafamiliar: se o autor da violência não possui laços familiares ou de
responsabilidade com o violado. Embora, na violência extrafamiliar, o agressor
possa ser um desconhecido, na maioria das vezes, ele é alguém que a criança ou o
adolescente conhece e em quem confia.
18
Em relação às formas de apresentação, a violência contra crianças e
1:
adolescentes pode ser classificada como: negligência, violência física, violência
:2
22
psicológica e violência sexual.
0
a) Negligência
02
/2
Ocorre negligência quando a família ou os responsáveis pela criança ou pelo
01
adolescente se omitem em prover suas necessidades físicas e/ou emocionais básicas
2/
-0
para o desenvolvimento saudável. Consiste em falhas com os cuidados básicos e
om
com a proteção da criança ou do adolescente, e deve ser distinguida da carência de
l.c
recursos socioeconômicos.
ai
b) Violência física gm
@
c) Violência psicológica
-6
43
emocional, é pouco reconhecida como violência pela maioria das pessoas. Só muito
10
.1
adultos. Pela sutileza do ato e pela falta de evidências imediatas, esse tipo de
IB
d) Violência sexual
Dentre as formas de violência contra crianças e adolescentes, a mais
perturbadora é, inegavelmente, a violência sexual, que, embora identificada com
fenômeno antigo, só passou a ser considerada problema social a partir do século XX,
quando foi inserida no contexto dos direitos humanos e considerada responsável
por sérias consequências, como o comprometimento do desenvolvimento físico,
psicológico e social de suas vítimas.
A violência sexual apresenta-se, em geral, pelo abuso e pela exploração
sexual. Como outras formas de violência contra a criança e o adolescente, não são
| 100
fatos novos. Há relatos bíblicos fazendo referência a essas práticas. Mesmo vindo de
longa data o reconhecimento da existência do abuso e da exploração sexual, essas
são práticas que só foram formalmente identificadas e estudadas a partir da década
de 1960 (AMORIM, 2005).
d. 1) Abuso sexual
De acordo com Azevedo (1997), violência sexual é todo ato ou jogo sexual,
relação hetero ou homossexual entre um ou mais adultos e uma criança ou um
18
adolescente, tendo por finalidade estimular sexualmente essa criança ou esse
1:
adolescente ou utilizá-los para obter estimulação sexual de sua pessoa ou de outra
:2
22
pessoa. O agressor pode se impor por força, ameaça ou indução da vontade da
0
vítima.
02
/2
O abuso sexual compreende uma série de situações que estão locali- zadas
01
em um continuum que muitas vezes dificulta o estabelecimento dos limites entre o
2/
-0
aceitável e o inaceitável, especialmente em uma cultura como a nossa, que
om
sexualiza a infância.
l.c
d. 2) Exploração sexual de crianças e adolescentes
ai
gm
A exploração sexual comercial de crianças e adolescentes é uma forma de
@
que o fenômeno não ocorre somente nos setores mais empobrecidos da população,
-l
1
mas perpassa todas as classes sociais. O que difere, em função dos extratos sociais,
-6
43
violação de direitos.
PI
IA
| 101
A utilização da expressão prostituição com referência a crianças e
adolescentes é bastante discutível, e a construção da expressão “exploração da
prostituição infantil” resolve em parte a questão. Crianças e adolescentes, por estar
submetidos a condições de vulnerabilidade e risco social, são considerados (as)
prostituídos(as), e não, prostitutos(as).
Existem variações na faixa etária de crianças e adolescentes nessa situação,
mas as idades entre 12 e 18 anos são as mais comuns. A maioria é afrodescendente e
18
migra internamente ou é enviada para fora do País (LEAL, 2002).
1:
Turismo sexual
:2
22
Caracteriza-se pelo comércio sexual em regiões turísticas, envolvendo
0
turistas nacionais e estrangeiros e principalmente mulheres jovens, de setores
02
/2
pobres e excluídos, de países do Terceiro Mundo. O principal serviço comercializado
01
no turismo sexual é a prostituição, incluindo nesse comércio a pornografia (shows
2/
-0
eróticos) e o turismo sexual transnacional, que acoberta situações de tráfico de
om
pessoas para fins sexuais.
l.c
O turismo sexual é talvez a forma de exploração sexual mais articulada com
ai
gm
as atividades econômicas, como no caso do desenvolvimento do turismo. A rede de
@
globalizada.
a.
an
Pornografia
ai
uma criança, cujo caráter dominante seja a exibição com fins sexuais
N
IA
| 102
A ONU, em 1994, definiu o tráfico de pessoas como o movimento clandestino
e ilícito de pessoas através de fronteiras nacionais, principalmente dos países em
desenvolvimento e de alguns países com economias em transição, com objetivo de
forçar mulheres e adolescentes a entrar em situações sexualmente ou
economicamente opressoras e exploradoras, para lucro de aliciadores, traficantes e
crime organizado ou para outras atividades (por exemplo, trabalho doméstico
forçado, emprego ilegal ou falsa adoção).
18
No Brasil, país em que foram identificadas inúmeras rotas nacionais e
1:
internacionais, o tráfico para fins sexuais é, predominantemente, de mulheres e
:2
22
garotas negras e morenas, com idade entre 15 e 27 anos. (LEAL, 2002).
0
A tipificação das diferentes formas de violência contra crianças e
02
/2
adolescentes é estratégia didática. Raramente encontra-se a ocorrência de apenas
01
um tipo de violência.
2/
-0
Refletindo sobre as causas e as consequências das múltiplas violências contra
om
crianças e adolescentes
l.c
Não é simples identificar a etiologia (causa) dos casos das múltiplas
ai
gm
violências impostas a crianças e adolescentes até porque, como dito anteriormente,
@
de proteção.
-6
43
vista dos operadores das políticas quanto do ponto de vista dos envolvidos nas
04
situações.
-0
| 103
ausência de figuras parentais protetoras e de apoio social (nesses casos, o dano
psicológico é agravado) e o grau de segredo e de ameaças contra a criança.
Entre as consequências mais comuns, são apontadas: lesões físicas, morte,
sentimentos de raiva e medo em relação ao autor de agressão, quadros de
dificuldades escolares, dificuldade para confiar em outros adultos, autoritarismo,
“morte da alma”, apatia, atitudes antissociais (delinquência), violência doméstica
quando adulto, parricídio/matricídio, abuso de drogas, quadros depressivos em
18
variável intensidade e transtornos graves de personalidade (quadros dissociativos,
1:
personalidade múltipla, etc.).
:2
22
O(a) autor(a) da violência
0
Contrariando muitas representações de que os(as) agressores(as) sexuais são
02
/2
pessoas estranhas às vítimas, dados demonstram que os agressores, em geral, são
01
pessoas próximas e de confiança da criança. Em cerca de 85% a 90% dos casos,
2/
-0
exceto em situações de exploração sexual, são pais, mães, professores(as), tios(as),
om
etc. No caso de violência física, a maioria é de mulheres (mães, cuidadoras,
l.c
professoras). No caso de violência sexual, a maioria são homens heterossexuais,
ai
gm
com idade entre 16 e 40 anos, e, quando ocorre na família, 44% são pais, 17%
@
padrastos, 10% tios (GABEL, 1997). Esses dados são corroborados pelas estatísticas
na
pi
vidas.
-6
43
qualquer adição (drogas, por exemplo) e, como tal, constitui quadro que interage
10
.1
| 104
• As pessoas que abusam sexualmente de crianças e adolescentes tendem a negar a
dependência, para ela própria e para os outros, independentemente de ameaças
legais;
• A tentativa de parar o abuso pode levar a sintomas de abstinência como ansiedade,
irritabilidade, agitação e outros sintomas (FURNISS, 1993, p. 37).
Ainda que esse quadro de síndrome possa servir de referência para a
compreensão do processo que constitui a dinâmica do autor ou autora de violência
18
contra crianças e adolescentes, o cenário geral desse fenômeno indica que, ao se
1:
abordar a questão do autor ou da autora de violência, é preciso levar em conta uma
:2
22
série de fatores socioculturais que interferem na determinação de suas ações.
0
Elementos como a socialização de gênero e a cultura familiar adultocêntrica podem
02
/2
interferir fortemente na tomada de consciência por parte de quem pratica a
01
violência, dificultando a percepção de seu ato como um crime grave. Também uma
2/
-0
hierarquia familiar fortemente marcada pelo sexismo e pelo machismo pode facilitar
om
a formação de homens e mulheres abusadores(as).
l.c
No caso da exploração sexual, a demanda é predominantemente masculina –
ai
gm
quem se serve da exploração sexual são pessoas do sexo masculino, e a esse público
@
[...]
A
| 105
Da Resolução CFP no 10/2005, que institui o Código de Ética Profissional do
Psicólogo, do qual destacamos de seu preâmbulo:
[...] um Código de Ética profissional, ao estabelecer padrões esperados quanto às
práticas referendadas pela respectiva categoria profissional e pela sociedade,
procura fomentar a autorreflexão exigida de cada indivíduo acerca da sua práxis, de
modo a responsabilizá-lo, pessoal e coletivamente, por ações e suas conseqüências
no exercício profissional. A missão primordial de um Código de Ética profissional não
18
é normatizar a natureza técnica do trabalho, e, sim, assegurar, dentro de valores
1:
relevantes para a sociedade e para as práticas desenvolvidas, um padrão de
:2
22
conduta que fortaleça o reconhecimento social daquela categoria. Códigos de ética
0
expressam sempre uma concepção de homem e de sociedade que determina a
02
/2
direção das relações entre os indivíduos. Traduzem-se em princípios e normas que
01
devem pautar-se pelo respeito ao sujeito humano e seus direitos fundamentais.”
2/
-0
(CFP, 2005a).
om
Destacam-se também os seguintes princípios fundamentais:
l.c
I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da
ai
gm
liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser
@
[...]
.2
| 106
existe receita pronta. As diretrizes ora apontadas devem servir de referência para a
equipe de trabalho procurar construir permanentemente conhecimentos que vão
subsidiar suas práticas.
O atendimento psicossocial
O objetivo do atendimento psicossocial no Serviço é efetuar e garantir o
atendimento especializado, e em rede, a crianças e adolescentes em situação de
violência e a suas famílias, por profissionais especializados e capacitados (BRASIL,
18
2006a).
1:
O atendimento psicossocial é um instrumento fundamental para a garantia
:2
22
dos direitos de crianças e adolescentes, que tem como referência básica os
0
princípios de prioridade absoluta, por ser sujeitos de direitos e em condição peculiar
02
/2
de desenvolvimento. Configura conjunto de atividades e ações
01
psicossocioeducativas, de apoio e especializadas, desenvolvidas individualmente e
2/
-0
em pequenos grupos (prioritariamente), de caráter disciplinar e interdisciplinar, de
om
cunho terapêutico – não confundir com psicoterapêutico –, com níveis de
l.c
verticalização e planejamento (início, meio e fim), de acordo com o plano de
ai
gm
atendimento desenvolvido pela equipe. Esse atendimento deve ser
@
adolescente para a entrada nos grupos, ou quando, a partir dessa avaliação, ficar
-l
1
sexual. O atendimento deve ser entendido ainda como conjunto de ações internas
04
do CREAS e dos demais serviços da rede, e deve estar voltado, além da atenção
-0
pode e deve ter efeitos terapêuticos, mas ela se distingue da psicoterapia pela forma
de intervenção e pelos objetivos. A psicoterapia tem o seu lugar na atenção à saúde,
mais especificamente, nos serviços de saúde mental. Nem todas as crianças e nem
todos os adolescentes que passam pelos serviços da assistência social têm demanda
para a psicoterapia, e o psicólogo do CREAS deve avaliar adequadamente cada
situação, indicando a psicoterapia quando necessário.
Os profissionais envolvidos no atendimento psicossocial devem, portanto,
estar aptos a lidar permanentemente com o novo, sendo capazes de observar,
interpretar e compreender as situações que se apresentam. Para tanto, devem ser
| 107
instrumentalizados com sólido instrumental teórico (que permita leitura e
interpretação da realidade apresentada) e estratégias metodológicas e técnicas (que
possam ser utilizadas como referências de suas ações).
O compromisso fundamental é a interrupção do ciclo da violência. Para isso,
serão necessárias medidas jurídicas de responsabilização do autor da agressão,
medidas sociais de proteção às crianças e de reinserção escolar ou laboral, medidas
médicas de tratamento das consequências e medidas psicossociais.
18
O serviço deve desenvolver acolhimento, escuta, atendimento especializado,
1:
em rede, interdisciplinar, encaminhamento e acompanhamento de crianças,
:2
22
adolescentes e famílias em situação de violência sexual (inclusive os autores da
0
agressão sexual), criando condições que possibilitem a garantia dos direitos, o
02
/2
acesso aos serviços de assistência social, saúde, educação, justiça e segurança,
01
esporte, lazer, cultura, geração de renda e qualificação profissional, garantindo
2/
-0
compromisso ético, político e multidisciplinariedade das ações (BRASIL, 2006b).
om
Alguns conceitos importantes
l.c
Atendimento: ato ou efeito de atender; atenção sistemática prestada ao
ai
gm
grupo familiar e/ou à criança e ao adolescente pela equipe do Serviço de
@
atendimento que está sendo realizado, por outros serviços e ações definidos no
PI
IA
| 108
violação de direitos; a construção de novas possibilidades de
enfrentamento; e o fortalecimento/reconstrução de seus vínculos
afetivos familiares e comunitárias.
Atenção: conjunto de atos técnicos promovidos por profissional no campo da
assistência social, da saúde, da educação, da profissionalização e geração de renda,
da cultura, do esporte e lazer, etc., como escuta, atendimento, encaminhamento,
acompanhamentos, orientação, etc.
18
Planejamento da intervenção
1:
Atender a demanda tão complexa de promoção do desenvolvimento
:2
22
psicossocial de crianças e adolescentes em situação de risco pressupõe a inserção
0
de práticas de outros campos e o envolvimento de diversos profissionais, de áreas
02
/2
diferentes, promovendo prática transdisciplinar. Isso significa que cada caso é visto
01
como único, com suas especificidades e particularidades. Os profissionais intervêm
2/
-0
de maneira articulada, cada um em sua especialidade, mas atuam com vistas a um
om
objetivo comum, que é oferecer atendimento especializado que compreenda esse
l.c
sujeito em suas diversas dimensões.
ai
gm
O primeiro passo para o planejamento da intervenção consiste na
@
assistente social e educador social) não devem atuar de maneira isolada. Toda a
LA
equipe tem acesso aos procedimentos adotados por seus membros de acordo com o
sigilo e a conduta ética de suas profissões. Dessa forma, a equipe busca identificar
necessidades individuais elaborando planos de intervenções singulares.
Um ponto de destaque para o atendimento a esse público em situação de
risco é que muitas vezes torna-se necessária a ultrapassagem de settings (espaços,
contextos) terapêuticos clássicos, ou seja, não se pode ficar engessado nessas
amarras, sob pena de não se conseguir efetivar o trabalho. O profissional deve levar
o atendimento até onde se encontra o sujeito, e, muitas vezes, o encontro
terapêutico se dá em ambiente diverso do que está convencionado, qual seja, a sala
| 109
de atendimento propriamente dita. É importante pensar em momentos
terapêuticos, que podem se dar no consultório, em uma visita domiciliar, em uma
consulta médica ou em uma saída para confecção de documentos. O mais relevante
nessa perspectiva é a formação de vínculos, a possibilidade de interagir com o
sujeito, acessar a sua subjetividade, estabelecer relação.
Atualmente, são aplicados diversos modelos de intervenção em casos de
violência contra crianças e adolescentes. Furniss (1993) traz à reflexão alguns
18
modelos de intervenção contemporâneos, que podem ser adaptados para os casos
1:
de violência sexual.
:2
22
A intervenção punitiva primária refere-se a toda intervenção cujo foco esteja
0
voltado para o autor da agressão com o objetivo exclusivo de puni-lo. Esse modelo
02
/2
compreende a violência como fenômeno monocausal, ou seja, a explicação se
01
concentra apenas nas características individuais do agressor.
2/
-0
A intervenção primária protetora da criança tem como foco a criança/ vítima,
om
com o claro objetivo de proteger seu desenvolvimento físico, emocional e moral.
l.c
Já a intervenção terapêutica primária considera a singularidade do sujeito e
ai
gm
o contexto em que está inserido; considera a família como o espaço privilegiado de
@
rede não podem ser tratados como transferência de responsabilidade, pois cabe a
IB
ciclo da violência.
N
IA
| 110
espaço das reuniões da equipe é importante também para o compartilhamento das
dificuldades e das angústias, considerando que o trabalho com a violência sexual é
complexo e afeta diretamente os profissionais.
Cada caso requer um planejamento específico; o desenvolvimento desse
planejamento acontece nas reuniões semanais de equipe. A partir da realização do
diagnóstico social e dos primeiros atendimentos, já é possível ter uma ideia das
necessidades e dos encaminhamentos que podem ser feitos. É importante salientar
18
que essas reuniões são extremamente importantes para a condução adequada dos
1:
casos e para as tomadas de decisão. O andamento dos atendimentos é avaliado em
:2
22
conjunto, e os passos, discutidos com os profissionais das diversas áreas da equipe.
0
Sugere-se que, a cada vez, um membro da equipe fique responsável por
02
/2
apresentar o caso a ser discutido e analisado por todos.
01
Roteiro de estudo de caso
2/
-0
1. Identificação do caso;
om
2. Histórico (resumo da história do sujeito, da situação de
l.c
violência vivenciada e do seu percurso institucional);
ai
gm
3. Profissionais envolvidos (quais profissionais da equipe estão
@
equipe);
-6
43
adolescente?
A
N
sujeito e da família?
A
| 111
15. Situação das relações familiares – conflitos
transgeracionais, padrões violadores de relacionamento,
vinculações afetivas, aspectos favorecedores do
desenvolvimento, etc.
É importante que o estudo de caso aponte também a necessidade de
elaborar em conjunto com a família o plano de atendimento.
Operacionalização do atendimento
18
Os procedimentos operacionais implicam uma sequência de passos ou
1:
técnicas que descrevem em detalhes como determinada tarefa ou função deve ser
:2
22
realizada. Os procedimentos costumam detalhar as várias atividades que devem ser
0
realizadas para o alcance de determinado objetivo. Entretanto, não podem ser
02
/2
compreendidos como uma receita de bolo, como algo frio e distante do meio em
01
que é utilizado. Os procedimentos devem ser construídos na dimensão humana,
2/
-0
fundamentados em visões de mundo e no arcabouço teórico de referência.
om
Como já dito anteriormente, a prática do profissional de Psicologia no CREAS
l.c
deve estar comprometida com uma perspectiva emancipatória, promotora de
ai
gm
autonomia e consciência social, ou seja, deve proporcionar o empoderamento do
@
sociedade.
ia
ib
CREAS.
LA
Acolhimento e triagem
O primeiro atendimento tem como objetivo o acolhimento da criança, do
adolescente e de sua família, bem como o levantamento das suas demandas
imediatas, atentando-se para as situações de emergência e/ou ameaças que possam
surgir em alguns casos. O atendimento realizado com crianças e adolescentes para
os quais não tenha havido atendimento prévio do Conselho Tutelar deve ser
noticiado/comunicado imediatamente pelo CREAS ao Conselho Tutelar, em
observância ao disposto no artigo 13 do ECA.
| 112
Portanto, o atendimento no CREAS antes do Conselho Tutelar seria uma
exceção. Além dessa exceção do CREAS como primeiro serviço a ter contato com a
situação, é importante ressaltar, ainda, que, ao longo do atendimento, podem ser
identificadas novas situações que demandem a aplicação de novas medidas e, nessa
situação, também o Conselho Tutelar deve ser acionado. (BRASIL, 1990).
O acolhimento é fundamental, e constitui fator determinante para a
permanência ou não da criança/do adolescente na instituição, assim como para sua
18
adesão ao atendimento. O pedido inicial das crianças, dos adolescentes e de família
1:
é o de ser ouvidos e acreditados sem julgamentos. Segue-se a isso a necessidade de
:2
22
proteção, acolhimento e ajuda para lidar com os aspectos subjetivos advindos da
0
violência sexual. Deve-se levar em conta que o trabalho é desenvolvido com
02
/2
crianças, adolescentes e seus familiares, que estão extremamente fragilizados e em
01
risco pessoal e social. Um acolhimento inadequado pode deflagrar um processo de
2/
-0
revitimização e comprometer todo o atendimento.
om
O sigilo, a crença e o amparo social da fala da criança são inerentes a esse
l.c
tipo de trabalho. É importante atentar que, muitas vezes, a ida ao CREAS significa
ai
gm
um pedido de socorro, uma forma de buscar interromper o ciclo da violência e se
@
difícil é para a criança estar ali, muitas vezes como denunciante, fragilizada e até
ia
ib
sociedade.
ai
outras pessoas, por todas as características envolvidas nesse tipo de situação. Por
.2
isso, o profissional que realiza o acolhimento deve adotar uma postura que
10
.1
transmita segurança. Esse cuidado é válido também para os casos que não são de
04
instituição para a qual está sendo encaminhado o caso para que, de fato, seja
AL
LE
garantido o atendimento.
A
N
IA
| 113
família, como se lida com a sexualidade no contexto familiar, quais as possibilidades
da família para suportar o processo judicial, além da forma como são estabelecidas
as relações entre os membros da família.
Deve-se estar atento, principalmente na violência intrafamiliar, se a família
está envolvida em situações de crise (e de que tipo), se existe propensão para a
continuidade da violência. É importante verificar o risco de o abuso acontecer com
outras crianças da família e quais foram as situações que indicaram a ocorrência da
18
violência.
1:
É preciso estabelecer um contato empático e haver clima favorável para os
:2
22
responsáveis fornecerem todas as informações, procurando mostrar que o interesse
0
é ajudar a criança/o adolescente e a família como um todo, e não, proceder a
02
/2
julgamentos. Deve-se levar em consideração que, nos casos de violência sexual, a
01
eficácia da atuação é muito influenciada pelo nível de envolvimento das famílias e
2/
-0
pela abordagem inicial, pela qualidade do vínculo estabelecido.
om
Além desses aspectos, é preciso estar atento, pois, em alguns casos, em
l.c
situações de disputa pela guarda de uma criança, pode acontecer de um dos pais
ai
gm
manipular as crianças para que insinuem situação de abuso, a fim de prejudicar a
@
imagem do outro. Esses são casos que merecem atenção redobrada, embora a
na
pi
perceber se ela sabe algo sobre o Serviço de Proteção Especial; caso ainda não
-6
43
saiba, conversar sobre o que é, o que faz, quem trabalha nele e como trabalha. Deve
.2
Essa entrevista com a criança deverá ser conduzida de forma não diretiva e
A
N
criança e do adolescente para que se defina qual o grupo adequado para sua
A
inclusão.
N
IA
| 114
avaliação psicológica, a criança/o adolescente poderá ser encaminhada/o para os
serviços que atenderão suas demandas psicológicas: apoio psicossocial, trabalho
em grupo ou outro acompanhamento no âmbito da saúde mental, inclusive
psicoterapia.
Sugere-se que a avaliação psicológica se dê em entrevistas individuais, com a
criança/o adolescente, por meio de sessões no mínimo semanais O processo de
avaliação psicológica muitas vezes não se esgota em um único encontro,
18
demandando-se pouco mais de tempo para se chegar a diagnóstico mais preciso. O
1:
atendimento às famílias poderá ser realizado de conformidade com as informações
:2
22
relatadas pela criança/adolescente sobre os vínculos e de acordo com o andamento
0
do atendimento e das avaliações procedidas.
02
/2
01
Atendimento psicológico
2/
-0
Compreende encontros sistemáticos de apoio e orientação referentes a
om
demandas psicológicas que podem ser trabalhadas no âmbito do CREAS. O papel do
l.c
psicólogo é proporcionar atendimento a crianças/adolescentes e suas famílias que
ai
gm
apresentem sofrimento emocional e psíquico decorrente da sua vivência na situação
@
de violência sexual.
na
pi
familiar, fatores que podem repercutir nas relações afetivas, na dinâmica da família
PI
IA
que pode surgir em alguns casos. Esse trabalho é atribuição da política pública de
A
saúde, uma vez que os agravos provocados pela violência sexual devem ser
N
IA
| 115
consiste em um espaço de conscientização e participação, no qual o processo
interpessoal (participação em atividades grupais – relação com outros componentes
do grupo) é transformado em processo intrapessoal (fortalecimento da autoestima,
ressignificação de valores e percepções pessoais). O trabalho em grupo constitui um
dispositivo potente de produção de relações e experiências, colocando o sujeito
como ator principal do seu processo de desenvolvimento, em que vivencia e exerce
sua cidadania.
18
O grupo possibilita a interação, que, de acordo com Villardi (2001), se refere à
1:
afetação mútua, ou seja, uma dinâmica em que a ação ou o discurso do outro
:2
22
causam modificações na forma de agir e pensar. Além disso, proporciona a troca e a
0
busca por um objetivo comum, por meio do compartilhamento de informações,
02
/2
sentimentos e conhecimentos entre os participantes, resultando na construção do
01
saber, que, no nosso caso específico, é a superação da situação de violência, a
2/
-0
reinserção social e a autonomia. No trabalho em grupo, a diversidade, o diferente, é
om
visto como instrumento coletivo e de crescimento individual.
l.c
Objetiva-se, com o trabalho em grupo, proporcionar o espaço de convivência
ai
gm
e o compartilhamento de experiências com vistas a ampliar as possibilidades de
@
(DOLABELA, 2003).
AL
LE
oficinas temáticas como um dos recursos para trabalhar temas específicos, como
N
IA
| 116
desenvolvimento emocional, afetivo, físico, sexual e social, protegido e a salvo de
toda e qualquer violência ou violação dos direitos individuais e coletivos.
Os grupos devem ser formados de acordo com a faixa etária, e sugere- se a
sua composição com oito participantes. Considerando as questões específicas do
abuso e da exploração sexual, é importante que se organizem, ao menos
inicialmente, separadamente por tipo de violência.
O CREAS deverá definir se esses grupos serão fechados ou abertos, ou seja, se
18
terão uma composição inicial dos participantes e seguirão nesse mesmo grupo até o
1:
encerramento do trabalho ou se estarão abertos para a entrada de novos
:2
22
participantes durante o processo.
0
Grupos de apoio às famílias
02
/2
Os grupos de apoio às famílias são formados por membros adultos das
01
famílias de crianças e adolescentes atendidos no serviço. Esses grupos têm o
2/
-0
objetivo de fortalecer os familiares para o enfrentamento das consequências da
om
violência e para o suporte emocional que a criança/o adolescente em situação de
l.c
violência sexual necessita.
ai
gm
Além do objetivo de acolhimento e de oferecer orientações para a família no
@
que diz respeito às questões advindas da violência, o grupo de apoio tem função
na
pi
para o exercício de sua cidadania e para a busca de seus direitos. É papel do grupo
a.
an
aspectos são importantes, pois a violência pode ser praticada pela própria família.
A
N
Entrevistas de revelação
Não é incomum que, especialmente nos casos de abuso sexual, o CREAS
receba casos onde exista somente suspeita da violência. A própria família pode
procurar o serviço ou algum órgão da Justiça e solicitar auxílio por meio da
elaboração de relatórios. A equipe do CREAS precisa estar preparada para realizar
entrevistas de revelação.
| 117
Por entrevistas de revelação, entendem-se aquelas entrevistas que podem
confirmar a existência da situação de violência sexual. Em muitos casos não há
queixa formalizada com uma situação definida. O objetivo da entrevista de
revelação é trazer luz aos fatos e tentar esclarecer o que está acontecendo com a
criança ou o adolescente e, assim, poder ajudá-los.
A entrevista de revelação é um processo, e exige, devido a sua complexidade,
mais de um encontro para ser finalizada. É necessário entrevistar os outros
18
membros da família, pois essas pessoas podem oferecer informações valiosas sobre
1:
a situação de abuso.
:2
22
A entrevista de revelação tem por objetivo:
0
02
/2
• Levantar evidências sobre a possível ocorrência do abuso-
01
vitimização sexual doméstica e sobre a sua natureza;
2/
-0
• Avaliar a possível gravidade do abuso sexual e de seu impacto sobre
om
a vítima e demais membros da família;
l.c
• Avaliar o risco psicológico decorrente do abuso para a vítima e para
ai
gm
outras crianças e adolescentes eventualmente existentes no lar;
@
está sendo entrevistado. Isso ajuda a perceber se foram preparados por algum
.2
(ABRAPIA, 1997):
-0
da transgressão;
AL
LE
verdade;
• Averiguar os sentimentos da criança/adolescente em relação aos
familiares e adultos de seu convívio.
Os pontos acima servem para orientar a entrevista, cabendo ao psicólogo
buscar ampliar e fazer as adequações necessárias para cada caso. Cabe também a
utilização de teste e técnicas psicológicas caso o psicólogo julgue necessário, daí
ressaltamos mais uma vez a necessidade de sustentação teórica e flexibilidade
técnica a fim de subsidiar as ações profissionais.
| 118
No final do processo de entrevista de revelação, o psicólogo deverá elaborar
parecer psicológico sobre o caso, seguindo as normas estabelecidas pelo Conselho
Federal de Psicologia (CFP). Esse material poderá ser utilizado durante o processo
judicial, se solicitado.
Vale lembrar que a Resolução no 07/2003, do CFP, que institui o Manual de
Elaboração de Documentos Escritos produzidos pelo psicólogo, além de apontar as
formas de redação de documentos, indica o seguinte:
18
Torna-se imperativa a recusa, sob toda e qualquer condição, do uso dos
1:
instrumentos, técnicas psicológicas e da experiência profissional da Psicologia na
:2
22
sustentação de modelos institucionais e ideológicos de perpetuação da segregação
0
aos diferentes modos de subjetivação. Sempre que o trabalho exigir, sugere-se uma
02
/2
intervenção sobre a própria demanda e a construção de um projeto de trabalho que
01
aponte a reformulação dos condicionantes que provoquem o sofrimento psíquico, a
2/
-0
violação dos direitos humanos e a manutenção das estruturas de poder que
om
sustentam condições de dominação e segregação. Deve-se realizar uma prestação
l.c
de serviço responsável pela execução de um trabalho de qualidade cujos princípios
ai
gm
éticos sustentam o compromisso social da Psicologia. Dessa forma, a demanda, tal
@
como é formulada, deve ser compreendida como efeito de uma situação de grande
na
pi
profissional.
-6
43
acordo com a concepção de um trabalho que deve ser realizado de forma coletiva e
04
processual.
-0
violência vivida.
A
psicólogo ausente nas demais instâncias. Assim, do mesmo modo que não deve
LA
| 119
Tradicionalmente, o atendimento psicossocial e jurídico operam
isoladamente, o que, em muitas situações, ocasiona dano adicional ao sujeito, uma
vez que o fragmenta em dimensões distintas: punição do agressor e tratamento das
consequências. O atendimento articulado (jurídico e psicossocial) é a proposta do
CREAS, na perspectiva de um atendimento que considere o aspecto global, levando-
se em conta os aspectos criminal, de proteção e terapêutico.
O atendimento acompanhamento jurídico deve acontecer de forma
18
integrada e articulada com o atendimento psicossocial. O psicólogo trabalha as
1:
questões relativas aos aspectos psicológicos da violência e suas consequências
:2
22
psíquicas, sem perder de vista a importância do processo jurídico e da
0
responsabilização dos autores de agressão sexual. Ao oferecer atendimento
02
/2
psicossocial a crianças, adolescentes e suas famílias, o CREAS busca atingir não só
01
sua reconstrução como sujeitos, mas também fortalecê-los e instrumentalizá-los
2/
-0
para enfrentar o processo judicial, quando for o caso. Para alcançar esse objetivo é
om
preciso ver a criança não apenas como vítima de um processo jurídico, mas também
l.c
como um sujeito singular, inserido socialmente e que necessita de espaço para ser
ai
escutado e tratado como tal. gm
@
violência vivida.
04
Psicologia ou Serviço Social durante a audiência facilita a revelação dos fatos, por
transmitir mais segurança ao sujeito. A presença do profissional de Psicologia tem
sido avaliada como de fundamental importância nessas circunstâncias.
| 120
a partir da perspectiva de esse fenômeno constituir uma violação dos direitos
humanos de crianças e adolescentes, direitos que estão descritos na Constituição
Federal, na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) e no Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA): direito à saúde, à convivência familiar e comunitária, à cultura, à
educação e ao desenvolvimento biopsicossocial, dentre outros.
A violência sexual é produto de relações sociais desiguais, onde a interação
dos atores envolvidos se estabelece numa dinâmica em que o(a) autor(a) da
18
agressão tem alguma condição de vantagem, seja física, emocional, econômica seja
1:
social, sobre a vítima. Como afirma Chauí (1985), a violência é a transformação dos
:2
22
diferentes em desiguais e dessa desigualdade em uma relação de poder: do mais
0
forte sobre o mais fraco, do maior sobre o menor, do homem sobre a mulher, do
02
/2
adulto sobre a criança.
01
Em lugar de tomarmos a violência como violação e transgressão de normas,
2/
-0
regras, etc., preferimos considerá-la sob dois outros ângulos. Em primeiro lugar,
om
como conversão de uma diferença e de uma assimetria numa relação hierárquica de
l.c
desigualdade, com fins de dominação, de exploração e de opressão. Isso é a
ai
gm
conversão dos diferentes em desiguais e a desigualdade em relação entre superior e
@
inferior. Em segundo lugar, como ação que trata um ser humano não como sujeito,
na
pi
mas como uma coisa. Está caracterizada pela inércia, pela passividade e pelo
ia
ib
situação geralmente são pessoas afetadas por fatores de riscos que contribuem para
04
o processo de sua vulnerabilização. Considera- se que esses fatores são eventos que,
-0
doméstica são exemplos de fatores de risco. Esses fatores isoladamente não têm o
AL
LE
sujeito.
LA
| 121
procedimento é muito importante para o planejamento da intervenção que indicará
as etapas necessárias para a situação apresentada.
Além dos fatores de risco, é importante também fazer o levantamento dos
chamados fatores de proteção. Esses fatores referem-se aos aspectos que podem
favorecer a resiliência. São recursos que auxiliam o sujeito a enfrentar as situações
estressoras e conseguir bons resultados, e estão relacionados a: 1) características
individuais, como autoestima e competência social; 2) apoio afetivo transmitido por
18
pessoas da família ou da rede social – os vínculos positivos, 3) apoio social externo,
1:
representado por pessoas ou instituições da comunidade com quem o sujeito pode
:2
22
contar – recursos materiais ou humanos que atuam como suporte ou fator de
0
proteção social. O apoio profissional consistente, durante o atendimento, insere-se
02
/2
justamente nesse terceiro aspecto, e pode ser fundamental como fator de proteção.
01
Nesse contexto de vulnerabilização de crianças e adolescentes sujeitos
2/
-0
especialmente à exploração sexual, dois aspectos centrais devem ser trabalhados no
om
atendimento: a sexualidade e a estigmatização relacionada à prática da prostituição
l.c
.
ai
gm
Com relação à sexualidade, é importante considerar a vivência que a
@
fundamental trabalhar não só com a fala da vivência sexual mas também com a
ia
ib
homens adultos, que lhes imprimem marca associada à figura da prostituta, o que
-0
possibilitar a reflexão sobre essa vivência e sobre como ela afeta a identidade do
IB
sujeito atendido.
AL
LE
constituída por uma identidade pessoal (a forma como ela se percebe) e por uma
N
IA
identidade social (aquilo que a sociedade lhe atribui a partir de sua inserção em
LA
| 122
de metodologias de atendimento psicossocial e, por isso mesmo, estas devem ser
levadas em consideração no planejamento de qualquer ação voltada para esse
público.
Atendimento aos autores de agressões sexuais
A incorporação do atendimento aos autores de agressões sexuais se torna
indispensável ao trabalho com crianças e adolescentes em situação de violência
sexual, principalmente pelo fato de todo o trabalho ter sido planejado considerando
18
a centralidade na família, em especial por ser esse um direito da criança ou do
1:
adolescente violado. Nesse sentido, os laudos endereçados ao sistema de Justiça ou
:2
22
de responsabilização devem demonstrar, sempre que possível, o alcance e a
0
importância de isso de fato se efetivar e sua repercussão no equilíbrio futuro da
02
/2
criança ou do adolescente.
01
É imprescindível que as redes locais constituam alternativas para esse tipo de
2/
-0
atendimento, especialmente no âmbito das políticas públicas da saúde, pois, em
om
sua grande maioria, os agressores revelam transtornos de personalidade, com
l.c
atitudes que indicam tratamento em saúde mental.
ai
O CREAS poderá realizar esse atendimento desde que: gm
@
semelhantes; deve haver dias específicos para cada um, vítimas e agressores.
-0
terapia.
AL
LE
[...]
A
diversas áreas do conhecimento. Pinheiro (2006) chama a atenção para esse fim ao
declarar que diferentes profissões não podem mais abordar o problema
isoladamente, de maneira estanque. Os sistemas de saúde pública, de Justiça
criminal, de serviços sociais e de educação, as organizações de direitos humanos, os
meios de comunicação de massa e empresas têm interesse comum em eliminar a
violência contra a criança e podem identificar formas mais eficientes e eficazes de
alcançar essa meta se trabalharem juntos.
Para a concretização dessa tarefa, ganha relevância a atuação
interdisciplinar, que envolve questões histórico-culturais, sociais, comportamentais
| 123
e econômicas, que devem ser tratadas a partir de contextos que não prejudiquem o
desenvolvimento pleno da cidadania.
Segundo Paro e Machado (2001), a existência de equipe composta por
diversas áreas do saber favorece a leitura da realidade, pois, ao reunir vários
conhecimentos, amplia-se a visão do todo, evitando a fragmentação da realidade.
Nesse movimento de interlocução do conhecimento determina-se uma direção de
mudança, tanto na parte específica quanto na parte global de cada área.
18
Ao estabelecer claramente o objetivo de promover a efetivação da prática de
1:
atendimento, o ECA já pressupõe a existência de um sistema de garantia de direitos
:2
22
(SGD) que se apoia em três dimensões: a de promoção de direitos, a de defesa e a de
0
controle social, que constituem eixos estratégicos e complementares.
02
/2
Como é de conhecimento de todos, o SGD se materializa, na prática, por meio
01
de uma política de atendimento, resultado de um conjunto articulado de ações
2/
-0
governamentais e não governamentais na esfera da União, dos estados, do Distrito
om
Federal e dos municípios.
l.c
O desenho do SGD revela uma proposta cujo objetivo é ser capilar o
ai
gm
suficiente, com capacidade de acionar os serviços intersetoriais necessários. Por
@
Delegacias Especializadas.
a.
an
passando por suas influências e limitações. Ele deve ser compreendido como
-6
43
de rede de atendimento.
-0
violência, tem-se que os serviços devem basear suas ações em uma configuração de
PI
IA
organização social que vêm se estruturando, no Brasil, desde a década de 80, com o
N
IA
| 124
a efetivação de serviços, pois a articulação entre os vários serviços mobiliza as
equipes para a realização de atendimento mais qualificado e eficiente.
18
Aqui temos uma importante publicação Rede de Enfrentamento à Violência
1:
:2
contra as Mulheres, da Secretaria de Políticas para as Mulheres / Presidência da
22
República (SPM/PR), de 2011. É bem curtinho:
0
02
/2
01
O conceito de rede de enfrentamento à violência contra as mulheres diz
2/
respeito à atuação articulada entre as instituições/ serviços governamentais, não-
-0
governamentais e a comunidade, visando ao desenvolvimento de estratégias
om
l.c
efetivas de prevenção e de políticas que garantam o empoderamento e construção
ai
da autonomia das mulheres, os seus direitos humanos, a responsa- bilização dos
gm
agressores e a assistência qualificada às mulheres em situação de violência.
@
na
situação de violência).
A
N
| 125
continuada de agentes pú- blicos e comunitários; da criação de
serviços especializados (Casas-Abri- go/Serviços de
Abrigamento, Centros de Referência de Atendimento à Mulher,
Serviços de Responsabilização e Educação do Agressor, Juiza-
dos de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher,
Defensorias da Mulher, Delegacias Especializadas de
Atendimento à Mulher); e da constituição/fortalecimento da
18
Rede de Atendimento (articulação dos governos – Federal,
1:
Estadual, Municipal, Distrital- e da sociedade civil para o
:2
22
estabelecimento de uma rede de parcerias para o
0
enfrentamento da violência contra as mulheres, no sentido de
02
/2
garantir a integralidade
CONCEITO DE REDE DEdo atendimento
ENFRENTAMENTO (SPM, 2007,
À VIOLÊNCIA p. AS
CONTRA 8).MULHERES
01
E DE REDE DE ATENDIMENTO ÀS MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA
A rede de atendimento à mulher em situação de violência está dividida em
2/
-0
quatro principais setores/áreas (saúde, justiça, segurança pública e assistência
om
social) e é composta por duas principais categorias de serviços (vide quadro 1):
l.c
Quadro 1: Principais Características da Rede de Enfrentamento e da Rede de
ai
Atendimento às Mulheres em Situação de Violência gm
@
Rede de Atendimento
na
Rede de Enfrentamento
pi
social das políticas de gênero, além dos serviços de atendimento (especializados e não-
1
atendimento. especializados).
-6
43
É mais ampla que a rede de atendimento às mulheres Faz parte da rede de enfrentamento
.2
polícia ber,
federal, Centros
gerais, de Referência debásica,
Assistência Social/CRAS, Centros de
IA
defensorias públicas);
LE
defensorias públicas);
LA
mulheres.
serviços
No que tange especializados
aos de atendimento
serviços especializados, à mulher
a rede - aqueles
de atendimento é composta
que atendem exclusivamente a mulheres e que possuem expertise
por: Centros de Atendimento à Mulher em situação de violência (Centros de
no tema
Referência da violência contra
de Atendimento as mulheres.
à Mulher, Núcleos de Atendimento à Mulher em situação
de Violência, Centros Integrados da Mulher), Casas Abrigo, Casas de Acolhimento
No que tange aos serviços
Provisório (Casas-de-Passagem), especializados,
Delegacias a rede de atendi-
Especializadas de Atendimento à
mento é ou
Mulher (Postos composta
Seções por: CentrosdedeAtendimento
da Polícia AtendimentoààMulher),
Mulher em Núcleos da Mulher
nas Defensorias
situação de Públicas, Promotorias
violência (Centros Especializadas,
de Referência Juizados
de Atendimento à Especiais de
Violência Doméstica
Mulher, e Familiar
Núcleos contra a àMulher,
de Atendimento MulherCentral de Atendi-
em situação de Vio-mento à Mulher - 15
Ligue 180,
lência, Centros Integrados da Mulher), Casas Abrigo, Casas odeatendimento aos
Ouvidoria da Mulher, Serviços de saúde voltados para
Acolhimento Provisório (Casas-de-Passagem), Delegacias Espe-
cializadas de Atendimento à Mulher (Postos ou Seções da Polícia
| 126
de Atendimento à Mulher), Núcleos da Mulher nas Defensorias
Públicas, Promotorias Especializadas, Juizados Especiais de Vio-
casos de violência sexual e doméstica, Posto de Atendimento Humanizado nos
aeroportos (tráfico de pessoas) e Núcleo de Atendimento à Mulher nos serviços de
apoio ao migrante.
A rede de enfrentamento à violência contra as mulheres é marcada, portanto,
pela multiplicidade de serviços e de instituições. Esta diversidade deve ser
compreendida como parte de um processo de construção que visa abarcar a
multidimensionalidade e a complexidade da violência contra as mulheres. Todavia,
18
para que o enfrentamento da violência se efetive, é importante que serviços e
1:
instituições atuem de forma articulada e integrada. No âmbito da assistência, é
:2
22
fundamental que os serviços trabalhem a partir de uma perspectiva intersetorial e
0
que definam fluxos de atendimento compatíveis com as realidades locais os quais
02
/2
devem contemplar as demandas das mulheres em suas diversidades. A perspectiva
01
da intersetorialidade representa, portanto, um desafio na medida em que insta a
2/
-0
uma ruptura com o modelo ‘tradicional’ de gestão pública, que tende à
om
departamentalização, à desarticulação e à setorialização das ações e das políticas
l.c
públicas.
ai
gm
@
na
pi
https://psicologianova.com.br/documentos-psicologicos
1
-6
43
.2
10
.1
04
-0
A
N
PI
IA
IB
AL
LE
A
N
Questões
1. PUC PR – DPE PR – Psicólogo - 2012
Ao listar as explicações para as dificuldades interpessoais, os pesquisadores da área,
em especial Del Prette e Del Prette (1999), listam as seguintes:
| 127
I. Assertividade.
II. Inibição pela ansiedade.
III. Falhas no processamento cognitivo de estímulos sociais do ambiente.
IV. Déficits de habilidades no repertório do indivíduo.
Está(ão) CORRETA(S):
a) Apenas as assertivas II e IV.
b) Apenas as assertivas II, III e IV.
18
c) Apenas as assertivas I e IV.
1:
d) Apenas as assertivas II, III e IV.
:2
22
e) Apenas a assertiva III.
0
02
/2
2. PUC PR - COHAPAR - Téc Des Jr - 2011
01
O conjunto de competências interpessoais, relações humanas, assertividade no
2/
-0
trato com colegas, chefes e usuários de um serviço é conceitualmente nominado
om
como?
l.c
a) Empatia.
ai
b) Autorregulação. gm
@
c) Habilidades sociais.
na
pi
d) Persuasão.
ia
ib
e) Bullying.
a.
an
ai
| 128
c) a criação de redes de assistência a famílias de alto risco, com o foco principal em
atendimento conjunto de crianças vítimas de abusos e abusadores, pois o trabalho
que envolva toda a família é sempre mais benéfico.
d) o desenlace das dificuldades com as quais o Poder Judiciário, frequentemente,
precisa lidar, desde que relacionadas a seu campo de atuação, sem intercâmbio de
conhecimento técnico com outros campos.
e) a organização do contexto de referência familiar, a fim de que a criança possa se
18
constituir como sujeito e se desenvolver de maneira saudável.
1:
:2
22
5. CESPE- CNJ – Psicólogo - 2013
0
A leitura dos autos e as entrevistas realizadas com o indivíduo que cometeu o
02
/2
delito norteiam a seleção dos exames e das baterias de testes que podem confirmar
01
ou refutar as hipóteses diagnósticas levantadas.
2/
-0
( ) Certo ( ) Errado
om
l.c
6. CESPE- CNJ – Psicólogo - 2013
ai
gm
Em matéria penal, ao redigir suas conclusões, o psicólogo deve elaborar um
@
instrumentos utilizados.
ia
ib
( ) Certo ( ) Errado
a.
an
ai
( ) Certo ( ) Errado
04
-0
( ) Certo ( ) Errado
A
N
IA
| 129
endereçada ao psicólogo e avaliar as competências individuais e a
qualidade do relacionamento entre os membros do grupo familiar,
para emitir um laudo que possa contribuir efetivamente para o
deslinde da questão processual.
II. Os críticos da atuação estritamente pericial do psicólogo afirmam
que a perícia, segundo o Código Civil e o Código de Processo Civil e
seus mais importantes intérpretes na literatura brasileira, é
18
procedimento de produção de verdade que, em relação aos conflitos
1:
familiares transformados em processos judiciais, tende a definir e
:2
22
reproduzir padrões de comportamento idealizados, normatizando-os.
0
Por isso, esses autores entendem que no trabalho com as questões
02
/2
que emergem dos conflitos familiares, o objetivo deve ser intervir no
01
conflito apresentado e não simplesmente avaliar e relatar, pois dessa
2/
-0
forma estaria sendo considerado o sofrimento das pessoas envolvidas
om
e não somente a demanda jurídica.
l.c
III. As definições de funções do psicólogo que atua junto à Justiça
ai
gm
como servidor, por exemplo, a definição de funções da equipe
@
d) todas as afirmativas.
A
N
PI
IA
| 130
12. CESPE – TJDFT – Psicólogo – 2015
Com relação à alienação parental, julgue os itens subsequentes.
Os critérios de diferenciação entre abuso ou descuido e a síndrome de alienação
parental englobam as recordações dos filhos; a lucidez do genitor; situações
patológicas da vítima; características pessoais das vítimas do abuso; e a análise do
momento do abuso.
18
1:
Questões Comentadas e Gabaritadas
:2
22
0
02
1. PUC PR – DPE PR – Psicólogo - 2012
/2
01
Ao listar as explicações para as dificuldades interpessoais, os pesquisadores da área,
2/
em especial Del Prette e Del Prette (1999), listam as seguintes:
-0
I. Assertividade.
om
II. Inibição pela ansiedade.
l.c
ai
III. Falhas no processamento cognitivo de estímulos sociais do ambiente.
gm
IV. Déficits de habilidades no repertório do indivíduo.
@
na
Está(ão) CORRETA(S):
pi
Gabarito: B
.2
10
Comentários: Vejamos:
.1
| 131
expectativas, padrões negativistas ou perfeccionistas de pensamento), problemas
de percepção social (ausência ou alterações na decodificação de sinais sociais) e
problemas de processamento de estímulos do ambiente (demora na discriminação
de símbolos, déficit de atenção, decodificação de sinais sociais alterada por
estereótipos, falha na identificação de alternativas).
As habilidades sociais podem ser classificadas, ainda, em alguns conjuntos,
como (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2001): habilidades sociais de comunicação
18
(exemplo: iniciar, manter e encerrar conversação), habilidades sociais de civilidade
1:
(exemplo: apresentar-se), habilidades sociais assertivas (exemplo: manifestar
:2
22
opinião), habilidades sociais empáticas (exemplo: expressar apoio), entre outras. A
0
amplitude de manifestações comportamentais das habilidades sociais coloca em
02
/2
destaque o seu papel central nas interações e comportamentos sociais como
01
reconhecidos indicadores de adaptação.
2/
-0
Fonte: Feitosa, F. B., Del Prette, Z. A. P., Del Prette, A., & Loureiro, S. R. (2011).
om
Explorando relações entre o comportamento social e o desempenho acadêmico de
l.c
ai
crianças. Estudos e Pesquisas em Psicologia, 11(2),442-455.
gm
@
como?
ai
a) Empatia.
-l
1
b) Autorregulação.
-6
43
c) Habilidades sociais.
.2
d) Persuasão.
10
.1
e) Bullying.
04
Gabarito: C
-0
| 132
Comentários: A perícia é um procedimento possível por várias profissões, no nosso
caso, é um procedimento eminentemente psicológico (obviamente). Assim,
questões técnico-operacionais do exercício da psicologia podem devem ser objeto
de consideração pericial no processo judicial – não quer dizer que constem do laudo
final, mas que devem ser considerados. O diagnóstico que forme prova
esclarecedora de determinada situação de conflito consiste em estudo psicológico,
que é a perícia em si. E, por fim, realizamos perícia judicialmente e
18
extrajudicialmente. Lembra do papel do assistente técnico?
1:
:2
22
4. CESPE - TJ – RO – Psicólogo - 2012
0
A atuação do psicólogo jurídico pode abranger
02
/2
a) enquanto mediador, uma função interventora, no intuito de solucionar conflitos,
01
focalizando estabelecimento de acordo entre as partes, mesmo que o resgate do
2/
-0
canal de comunicação não ocorra.
om
b) a aplicação de questões psicodiagnósticas e a elaboração de laudos e pareceres
l.c
relativos às áreas criminal e civil, podendo o psicólogo decidir e opinar sobre o
ai
andamento do processo judicial. gm
@
precisa lidar, desde que relacionadas a seu campo de atuação, sem intercâmbio de
-l
1
Gabarito: E
04
mediação ai). A letra B é bem estranha, desde quando o psicólogo decidir e opinar
IB
| 133
6. CESPE- CNJ – Psicólogo - 2013
Em matéria penal, ao redigir suas conclusões, o psicólogo deve elaborar um
relatório sucinto, evitando detalhar os resultados obtidos, mas explicitando
instrumentos utilizados.
( ) Certo ( ) Errado
Gabarito: E
18
Comentários: Lembra da Resolução 7/2003 do CFP? No laudo/relatório é preciso
1:
(obrigatoriamente) colocar os resultados obtidos, afinal, esse é o objetivo da
:2
22
avaliação psicológica!
0
02
/2
7. CESPE- CNJ – Psicólogo - 2013
01
Em casos de crimes sexuais, é usual o auxílio de um perito que avalie as condições
2/
-0
psiquiátricas e clínicas do indivíduo infrator, além de sua deliberação,
om
voluntariedade e consciência no momento do crime.
l.c
( ) Certo ( ) Errado
ai
Gabarito: C gm
@
psicológica!
ia
ib
a.
an
( ) Certo ( ) Errado
10
.1
Gabarito: E
04
| 134
II. Os críticos da atuação estritamente pericial do psicólogo afirmam
que a perícia, segundo o Código Civil e o Código de Processo Civil e
seus mais importantes intérpretes na literatura brasileira, é
procedimento de produção de verdade que, em relação aos conflitos
familiares transformados em processos judiciais, tende a definir e
reproduzir padrões de comportamento idealizados, normatizando-os.
Por isso, esses autores entendem que no trabalho com as questões
18
que emergem dos conflitos familiares, o objetivo deve ser intervir no
1:
conflito apresentado e não simplesmente avaliar e relatar, pois dessa
:2
22
forma estaria sendo considerado o sofrimento das pessoas envolvidas
0
e não somente a demanda jurídica.
02
/2
III. As definições de funções do psicólogo que atua junto à Justiça
01
como servidor, por exemplo, a definição de funções da equipe
2/
-0
multidisciplinar nos artigos 150 e 151 do Estatuto da Criança e do
om
Adolescente (Lei 8.069 e suas modificações posteriores) ou mesmo as
l.c
atribuições do cargo de psicólogo judicial definidas pelo Tribunal de
ai
gm
Justiça de Minas Gerais, não restringem esta atuação ao
@
d) todas as afirmativas.
.2
Gabarito: D
10
.1
| 135
A atenção psicossocial é operacionalizada com o objetivo de estruturar ações de
atendimento e de proteção à criança e ao adolescente e devem ser realizadas após o
afastamento desses indivíduos do contexto de vulnerabilização.
Gabarito: E
Comentários: A atenção psicossocial pode ser primária, ou seja, pode ser realizada
antes da quebra dos laços familiares e da integridade da criança e do adolescente.
18
12. CESPE – TJDFT – Psicólogo – 2015
1:
Com relação à alienação parental, julgue os itens subsequentes.
:2
22
Os critérios de diferenciação entre abuso ou descuido e a síndrome de alienação
0
parental englobam as recordações dos filhos; a lucidez do genitor; situações
02
/2
patológicas da vítima; características pessoais das vítimas do abuso; e a análise do
01
momento do abuso.
2/
-0
Gabarito: E
om
Comentários: Vejamos as dimensões para a diferenciação entre abuso e síndrome
l.c
de alienação parental.
ai
gm
Como diferenciar uma Síndrome de Alienação Parental de um caso de
@
abuso ou de descuido.
na
pi
1. As recordações muito bem do que se passou com têm menos credibilidade. Quando
LE
dos filhos ele. Uma palavra basta para ativar interrogados separadamente,
A
| 136
genitor que abusa (ou descuida) do
filho.
Em caso de comportamentos
psicopatológicos, um genitor que O genitor alienador se mantém são nos
3. A patologia do
abusa de seus filhos apresenta outros setores da vida (GARDNER1, §65 a
genitor
iguais comportamentos em outros 67).
setores da vida.
18
Um genitor que programa seus filhos
1:
:2
Um genitor que acusa o outro de contra o outro geralmente se queixa
22
4. As vítimas do abuso com seus filhos, somente do dano que o genitor alienado faz
0
02
abuso geralmente também o acusa de aos filhos – ainda que a reprovação contra
/2
abuso contra si próprio. ele não deve faltar, já que houve
01
2/
separação (GARDNER1, §71).
-0
A campanha de desmoralização contra o
om
5. O momento do As queixas de abuso se referem
genitor alienado começa depois da
l.c
abuso a muito antes da separação.
ai
separação (GARDNER1, §74 y 75).
gm
Fonte: Podevyn, François. Síndrome de Alienação Parental. Disponível em:
@
na
http://www.apase.org.br/94001-sindrome.htm
pi
ia
ib
a.
an
ai
-l
Bons estudos! =]
1
-6
| 137