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Acórdão Do Tribunal Central Administrativo Sul de 20 - 02 - 2020, Proferido No Âmbito Do Processo 205910.3BELRS
Acórdão Do Tribunal Central Administrativo Sul de 20 - 02 - 2020, Proferido No Âmbito Do Processo 205910.3BELRS
Processo: 2059/10.3BELRS
Secção: CT
Votação: UNANIMIDADE
Aditamento:
1
Decisão TextoAcordam,em conferência, os juízes que compõem a
Integral: Secção de Contencioso Tributário do Tribunal Central
Administrativo Sul
1 – RELATÓRIO
»«
yy) “Pelo que foi em estrito respeito por este artigo que refere
que os rendimentos e os gastos, assim como as outras
componentes positivas ou negativas do lucro tributável, são
imputáveis ao período de tributação em que sejam obtidos ou
suportados, independentemente do seu recebimento ou
pagamento, de acordo com o regime de periodização
económica que a E..... apresentou as suas declarações de
modelo 22 com base nos proveitos que resultaram as
declarações decorrentes das notas de encomendas no
período destas, desta forma os proveitos são reconhecidos no
mesmo exercício em que incorreram os custos.”
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2 – OBJECTO DO RECURSO
Conforme entendimento pacífico dos Tribunais Superiores,
são as conclusões extraídas pelo Recorrente a partir das
alegações que definem, o objeto dos recursos que vêm
submetidos e consequentemente o âmbito de intervenção do
Tribunal “ad quem”, com ressalva para as questões que,
sendo de conhecimento oficioso, encontrem nos autos os
elementos necessários à sua apreciação (cfr. artigos 639.º, do
NCPC e 282.º, do CPPT).
3 - FUNDAMENTAÇÃO
De facto
É a seguinte a decisão da matéria de facto constante da
sentença recorrida
«1. Pela ordem de serviço n.º OI 2….., emitida em 19/11/2009,
foi determinada a realização de procedimento inspectivo
externa à Impugnante relativa ao exercício de 2005 – cfr. fls.
83 do processo administrativo junto aos presentes autos.
2. Na sequência da acção inspectiva referida em 1. foi
elaborado o respectivo relatório inspectivo, tendo o mesmo
sido remetido à Impugnante por via postal registada com aviso
de recepção, tendo o aviso de recepção sido assinado em
31/03/2010 – cfr. fls. 199 a 201 do processo administrativo
junto aos presentes autos.
3. No ponto “3 – Análise contabilística… 3.2 – Exercício 2005
– Comissões Auferidas” do relatório inspectivo referido em 2.
consta o seguinte: “…o sujeito passivo entregou para o exercício
de 2005, uma Declaração de Rendimentos Modelo 22 de
substituição, contemplando as comissões auferidas no ano de 2005
que se encontrava igualmente em falta. Para verificação dos
valores declarados pelo sujeito passivo foi aberto o DI 2….., no qual
se verificou terem ocorrido omissões de proveitos, pelo que foi
aberta a presente ordem de serviço para apuramento da situação
tributária do sujeito passivo referente ao exercício de 2005.
Conforme já referido, a 26/06/2009 o sujeito passivo procedeu à
entrega da Declaração de Rendimentos Modelo 22 de substituição
inerente ao exercício de 2005, acrescendo à matéria colectável o
valor de € 321.853,94… Analisando os quadros supracitados,
verifica-se que para além das notas de débito emitidas em 2005
foram igualmente declarados em 2005 valores somente auferidos
em 2006 e cujas notas de débito foram igualmente emitidas em
2006. O contribuinte afirma que apesar de não emitir as nota de
débito, os valores recebidos num ano são reconhecidos como
proveitos do ano anterior, através de estimativa, ou seja, em 2005
reconhece as comissões respeitantes a vendas das colecções
Outono Inverno 2005 e Primavera Verão 2006. Verificou-se que em
geral, as notas de débito emitidas no 1º semestre são
contabilizadas no ano anterior e as emitidas no 2º semestre são
contabilizadas no próprio exercício. Verifica-se que o contribuinte
reconheceu como proveito do exercício um potencial recebimento.
Ora esta forma de cálculo impossibilita a Administração Fiscal de
proceder ao respectivo controlo, visto que não existe qualquer
documento de suporte a essa contabilização, não podendo a
Administração Fiscal validar o valor declarado pelo
contribuinte….” – cfr. fls. 85 e 86 do processo administrativo
junto aos presentes autos.
»«
De direito
Acrescenta, por fim que é nesta lógica que tem que ser vistas
as declarações Mod. 22 da Impugnante.
Vejamos então.
»«
Vejamos se assim é.
Da leitura do texto decisório verificamos que o mesmo a este
respeito nada refere, terminando com a alusão da
prejudicialidade do conhecimento destes vícios face
à procedência dos primeiros, nos seguintes termos:
«(…)
Tendo-se já concluído que no caso dos autos o momento a ser
considerado como aquele em que o proveito foi obtido para efeitos
do artigo 18º, n.º 1 do CIRC é o momento do envio da nota da
encomenda para os fornecedores, impõe-se agora saber se os
proveitos inerentes às notas de débito ainda em discussão nos
presentes autos serão de imputar ao exercício de 2004 ou de 2005
da Impugnante.
+
Procedendo o vício referido supra e tal procedência determinando
a anulação da liquidação, julgo prejudicado o conhecimento dos
restantes vícios imputados pela Impugnante à liquidação objecto
dos presentes autos, nos termos da primeira parte do artigo 608º,
n.º 2 do CPC, aplicável ex vi artigo 2º alínea e) do CPPT»
3 - DECISÃO
Em face do exposto, acordam, os juízes da 1.ª Secção de
Contencioso Tributário deste Tribunal Administrativo Sul, em:
Conceder provimento ao recurso e revogar a sentença
recorrida na parte em que foi apreciada e ordenar a
remessa do processo à 1ª instância para nova decisão,
com preliminar ampliação e apreciação da matéria de facto.