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E-BOOK

Janeiro
MÓDULO: ORDEM
Sumário

INTRODUÇÃO 01

EIXO I – VIDA INTERIOR 02

EIXO II – FORTALECIMENTO DO CARÁTER 12

EIXO III – EDUCAÇÃO DA AFETIVIDADE 23

EIXO VII – INTIMIDADE CONJUGAL 33

EIXO V – BELEZA E FEMINILIDADE 35

EIXO VI – CUIDADO DO LAR 39

EIXO IV – FORMAÇÃO CULTURAL 49

EXTRA - MASTERCLASS 59
Olá, minhas queridas!
Neste mês, iremos tratar de um tema fundamental para começarmos o
nosso ano esclarecendo as ideias e definindo nossas metas de modo consci-
ente e preciso.
O tema do mês de janeiro é a Ordem.
Vamos abordá-lo sob diferentes perspectivas, desde a sua ausência na
nossa atual condição espiritual até formas concretas de recuperar a ordem na
nossa casa e na nossa aparência.
A primeira aula é fundamental para entendermos qual é o motivo pelo
qual nos custa tanto conseguir um equilíbrio em todas as áreas da nossa vida,
as quais veremos discriminadas e hierarquizadas na aula sobre a virtude da
ordem.
Também falaremos sobre a educação da afetividade e como devemos
lidar com o nosso mundo emocional, já que as paixões e todos os nossos esta-
dos de ânimo se situam em uma área meio nebulosa da nossa personalidade,
da qual temos pouco controle.
Essa “área”, ou melhor, essa dimensão da nossa personalidade é a nossa
afetividade, mas que será devidamente orientada se buscarmos adquirir vir-
tudes e agir segundo um bem maior racionalmente escolhido, ainda que não
estejamos espontaneamente inclinados àquela boa ação.
A melhor forma de educar nossos afetos é consolidar bons hábitos em
nossa vida. No casamento, em especial, não podemos ficar à mercê dos
nossos humores, disposição física e empolgação, porque sabemos que, na
rotina puxada de profissionais, donas de casa e mães, raramente estamos
com “aquele gás” que gostaríamos – e ainda assim nossos maridos precisam e
esperam de nós carinho, atenção e cuidado.
Pensando nisso, preparei para esse mês uma aula muito especial sobre
o 5 hábitos básicos que devemos cultivar todos os dias para não perder a in-
timidade com nossos maridos, para estarmos sempre muito ligadas a ele,
mesmo que as diferentes forças que atuam sobre nós nos puxem em direções
distintas que tendem a nos distanciar daqueles que são, como ouvimos e pro-
metemos no Altar, uma só carne conosco.
Se tiverem dúvidas ou quiserem fazer qualquer comentário, manifestem-se
aqui na plataforma ou mesmo no canal do Telegram e vamos conversando.
Um abraço e vamos às aulas!
01
EIXO I

VIDA INTERIOR

A ORIGEM DA
INQUIETUDE DA
ALMA FEMININA

02
EIXO I VIDA INTERIOR

Todas nós podemos comprovar como a célebre frase de Santo Agostinho


continua atual:

“Nosso coração está inquieto enquanto não repousar em Ti”.

De fato, experimentamos uma inquietude interior que nos impede de


manter nossa mente, nossa atenção e nossos desejos concentrados por muito
tempo no que quer que seja. Não se enganem: não são apenas as sanguíneas
que têm como que um macaco dentro de suas cabeças, pulando de galho em
galho.
Experimentamos pessoalmente nossa alma distraída, dispersa. Esquece-
mo-nos facilmente do que é importante e nos apegamos a coisas secundárias,
que prometem um prazer fácil. Nosso pensamento não tem paz, não se aquieta,
não sossega; nossos desejos não se aplacam e existe em nós sempre um apelo
por novas saídas, viagens, compras, comidas, encontros.
Em resumo, ansiamos por experiências que prometem um repouso para o
nosso coração, uma satisfação e uma saciedade que ele demanda o tempo todo.
Acontece que essa satisfação não chega nunca. Não nessas coisas. Nunca con-
seguimos encontrar essa saciedade, essa tranquilidade.
Além da percepção da nossa dificuldade interior de fazer o bem, também
nos deparamos cotidianamente com o mal ao nosso redor. Com sofrimento,
com calamidades, com misérias e com a maior de todas elas, que é a morte: tão
dura quanto inevitável.
Ao mesmo tempo, experimentamos a vida como um bem e até reconhece-
mos o mal por oposição ao bem, ou seja, pela ausência de as coisas serem como
percebemos e intuímos que deveriam ser: casamentos pacíficos, filhos obedien-
tes e educados, todas as pessoas com condições de vida digna, corpos sãos e
belos.

Surge, então, esse paradoxo,

essa dualidade do bem e do mal, essa experiência de ausência do bem que nos
leva a perceber que o mal é o afastamento do verdadeiro sentido por detrás de
todas as coisas.
Assim, conseguimos perceber que as coisas foram pensadas para serem

03
boas, mas, por algum motivo, não são. Ou pelo menos não totalmente, e, certa-
mente, não sempre.
EIXO I VIDA INTERIOR

Vemo-nos diante de um dado antropológico que confirma o que nos


diz a Sagrada Escritura, no livro da Sabedoria 1,13-15; 2,23-24:

“13 Deus não fez a morte, nem tem prazer com a destruição dos
vivos. 14 Ele criou todas as coisas para existirem, e as criaturas
do mundo são saudáveis: nelas não há nenhum veneno de morte,
nem é a morte que reina sobre a terra: 15 pois a justiça é imortal.
2,23 Deus criou o homem para a imortalidade e o fez à imagem
de sua própria natureza; 24 foi por inveja do diabo que a morte
entrou no mundo, e experimentam-na os que a ele pertencem”.

A explicação está no que a Teologia cristã chama de “Pecado Original”


e todo o tema da “Queda.” Não precisamos nos espantar nem ver nesse
assunto um mito ou uma crendice de pessoas pouco esclarecidas.
Como afirmava Chesterton, “o pecado original constitui a única parte
da teologia cristã que pode realmente ser provada”. E pode ser provada
porque se trata de uma experiência universal, de que você e eu somos teste-
munhas diariamente, várias vezes ao dia.
Por isso, um filósofo como Immanuel Kant falava que o homem era mar-
cado por uma “sociabilidade insociável”.
Quer dizer, o homem tem uma inclinação para entrar em sociedade,
porque em semelhante estado se sente mais homem, sente-se desenvolven-
do as suas disposições naturais, mas tem também uma grande propensão
para se isolar. Por que o homem quer se isolar? Porque reconhece em si a pre-
disposição de querer dispor de tudo a seu gosto, a qual é uma propriedade in-
social, que nega a sua sociabilidade inata. E porque quer dispor de tudo se-
gundo seus próprios interesses sabe que deve esperar resistência de todos os
lados, pois todos também estão buscando seus próprios interesses (tal como
sabe, por si mesmo que, da sua parte, sente inclinação para exercer a resistên-
cia contra os outros).
Sigmund Freud foi outro autor que definiu a experiência do pecado
original em termos laicais, sem referência religiosa, mas a descrevendo-a
como um dado antropológico. Para ele, os desejos humanos básicos são
egoístas e levam consigo a semente da violência.

04
EIXO I VIDA INTERIOR

Vejam, Kant é um filósofo agnóstico. Para ele, Deus não é fundamento da


moralidade nem da Verdade. E Freud é ateu. Nega francamente a existência de
Deus e combate a religião, que é, para ele, fonte de neuroses, que devem ser
curadas. Tanto ele quanto Kant não consideram a visão do Gênesis para falar dos
nossos desejos egoístas e violentos.
O conhecimento que leva à verdade não contraria a fé, mas a confirma, ex-
plicando-a e aprofundando-a. Basta olhar para dentro de nós: experimentamos
na vida esta verdade de fé. Fazemos o mal que não queremos, pois sempre bus-
camos um bem. Mas é fato que temos dificuldade em executá-lo. Não caminha-
mos espontaneamente para esse bem e, inclusive, temos imensa dificuldade de
discerni-lo e, mais ainda, de conquistá-lo.
Podemos até compreender que, com toda a experiência de desintegração,
de dor, de corrupção, de desequilíbrio, debilidade, sofrimento, degeneração,
males, que há no mundo, a morte, de certo modo, veio ao mundo como um
remédio, porque a vida seria insuportável sem um prazo.
E por que a vida, em que experimentamos um vislumbre da felicidade, se
tornou fonte de tanto desprazer, de tanto sofrimento? Porque perdemos o
rumo, porque traímos a nossa finalidade. E todo o bem que buscamos aqui, se
não coincide com a felicidade para a qual fomos feitos, será fonte de sofrimento
e inquietude.
O nosso fim último está inscrito na nossa natureza. A nossa liberdade é,
nesse sentido, limitada pela nossa condição de criatura criada com uma finali-
dade. Se não a descobrimos, aceitamos e amamos essa finalidade não chegare-
mos nunca nela. E nossa finalidade é a felicidade definitiva na Comunhão com
Deus, que é fonte de toda Beleza, toda Bondade e toda a Verdade que busca-
mos de modo errante nesse mundo.

O que é afinal, o Pecado Original,


a origem da nossa inquietude?
Em primeiro lugar, é um fato histórico.
Houve, na história da Humanidade, um episódio em que o homem recu-
sou-se a manter-se dentro dos limites estabelecidos por Deus para a criação,
limites que nos ordenavam, que nos mantinham íntegros na vontade e na sabe-
doria perfeita de Deus.
Tentado por um desejo desordenado de onipotência, de gozar por ele
mesmo dos bens da realidade, sem precisar de Deus para ser feliz, o ser humano
buscou infringir a sua condição de criatura e ultrapassou o limite imposto por

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Deus a fim de que o homem pudesse manifestar a sua livre escolha pelo amor
dEle.
EIXO I VIDA INTERIOR

Não ultrapassar o limite significava amá-lo e honrar a Deus respeitando e


aceitando a sua condição de criatura. Não se trata, portanto, de “comer uma maçã”,
mas de negar a vontade de Deus sobre si e de negar a sua própria natureza criatu-
ral, por querer “ser como Deus”. Se negamos a nossa natureza por um mau uso da
nossa vontade livre, atuamos contra ela, corrompemo-la.
O que experimentamos na realidade atual são os vestígios dessa experiência.
Recebemos uma herança, uma marca que nos impede de realizar tudo aquilo que
contemplamos como ideal para a alma humana – porque de alguma forma a nossa
natureza não foi inteiramente destruída e, por isso, continuamos vislumbrando,
com muita luta, essa finalidade de excelência pessoal e a felicidade plena no amor.
Entendam: tudo o que acontece na História é real, traz consequências, deixa
marcas. Se eu esbarrar um copo d’água aqui, sem querer, eu vou derramar água
sobre o computador, que talvez queime e vocês vão perder esse texto, porque as
consequências no mundo real existem. Ou seja, mesmo que tenha sido sem querer,
as consequências vêm! A toda causa segue-se uma consequência. É a lei da reali-
dade. Nós sabemos disso.
Se o nosso pai tivesse sido um homem muito rico e que tivesse perdido todos
os bens com jogo, mulheres e bebida, só nos legando dívidas e mais dívidas, não
teríamos o que fazer, porque os seus atos na história são efetivos. Não adiantaria
nos revoltarmos contra os atos errados dele. Tudo o que cada ser humano faz reper-
cute no mundo, no tempo, e interfere, de algum modo, na existência de cada
pessoa.
Essa conexão da humanidade, essa solidariedade entre os homens, e a reali-
dade da consequência dos atos é um fato. Não podemos contestar. E ela ocorre
tanto do ponto de vista material quanto do ponto de vista espiritual. É, neste último
caso, o que a Igreja chama de Comunhão dos Santos.
Cada exercício nosso de liberdade influencia no estado das coisas, na reali-
dade criada – é um decréscimo ou um aumento de bem. Cada alma que sobe aos
Céus eleva a Humanidade inteira, e cada alma que se perde também traz
malefícios para todos. É por isso que podemos ser beneficiados com a entrega de
Cristo na Cruz. Por um só homem, todos perderam o Céu, mas pela obediência de
um é que também o recuperamos.
O simbolismo presente no relato de Gênesis é o que há de mais rico para expli-
car essa realidade da nossa inquietude e desequilíbrio: Deus nos criou para a felici-
dade, para existirmos no Amor – nosso estado original é um estado de justiça e
santidade – e fomos adornados com dons preternaturais que enriqueciam a
nossa natureza humana, como o dom da integridade.

06
EIXO I VIDA INTERIOR

Por conta da integridade, que é a imunidade à concupiscência, todas as potên-


cias humanas estavam perfeitamente alinhadas. Era especialmente difícil pecar,
sucumbir às tentações. Mas, por conta da nossa liberdade constitutiva, fomos (seres
humanos) criados em estado de prova, quer dizer, podendo pecar, errar, e, inclusive,
podendo escolher contra o princípio criador.
Só que éramos muito inteligentes, tínhamos total domínio sobre nossa vonta-
de. Era necessário que uma inteligência muito superior à nossa, como a inteligência
de um anjo, ser puramente espiritual, para nos induzir em erro.
Assim, o demônio, anjo que já havia feito a sua escolha de não servir a Deus, mentiu
e seduziu os homens, enganando-os e os colocando contra Deus com a falsa
promessa de que a vida sem Deus poderia ser mais livre, mais excitante, mais
prazerosa, mais cheia de gratificações.
Por meio desse processo de persuasão, ofereceu ao homem a excelência pro-
metida a ele por Deus de forma irregular, desordenada... e com uma promessa im-
possível de ser cumprida, que era a promessa de obter tudo isso sem Deus, sendo
mais do que Deus prometia.
Segundo a Sagrada Escritura, a promessa tentadora consistia em seduzir o
homem para ser como Deus e o homem, mesmo com toda a sua integridade, es-
colheu livremente pelo pecado, depois de ter-se deixado seduzir intelectualmente.
Atentem que a alma humana começou a enfraquecer pelas falsas promessas,
pela fantasia, pela cobiça, pela imaginação, pois o demônio não acessa nosso in-
telecto, que reside na nossa dimensão mais espiritual, que se conecta com Deus,
mas ataca a nossa parte afetiva, nossos sentimentos e nossas emoções.
Invade nossa imaginação e cria sugestões para os nossos sentimentos, que nos
hipnotizam e persuadem indiretamente o intelecto. Se ele atuasse diretamente
sobre nosso intelecto, não teríamos sequer condição de discernir e escolher (e não
seríamos efetivamente livres), mas seríamos como que arrebatados a segui-lo.
O pecado é uma mentira, uma promessa de uma vantagem, um prêmio, algum
“ganho” que teríamos ao escolher uma via sem Deus.
Todos nós experimentamos as consequências do pecado original, pois estamos
inclinados a um mundo sem Deus. A nossa experiência nos leva para longe dEle
com essa falsa promessa de que estamos em busca de um bem maior, mas que é,
no fundo, um prazer pueril, fútil, supérfluo – pois tudo o é em comparação com
Deus.

07
EIXO I VIDA INTERIOR

O que acontece com aquela alma íntegra?


Desalinha-se, desequilibra-se.
Então, temos em Eva a figura da mulher que abandonou a união original com
Deus. Eva é a mãe dos viventes, mas também mãe da distração e da inquietude. É
figura da alma humana, porque tirada do lado de Adão, é a ponte entre os mem-
bros superiores e inferiores , assim como a alma é a dimensão humana que liga o
corpo e o espírito.
O espírito não é algo distinto da alma, mas é uma qualidade da alma em sen-
tido amplo, que é o que há de imaterial no homem e anima o corpo. O espírito é
como se fosse uma região, metaforicamente falando, é uma operação dessa di-
mensão imaterial do ser humano, que é a alma.
A alma é a zona de articulação entre o corpo e o espírito, possui uma face voltada
para o corpo e uma face voltada para o espírito. A mulher é, simbolicamente, a
figura da alma humana, tem geralmente a sensibilidade mais aflorada, é mais afeti-
va, porque os afetos são justamente esse vínculo do corpo com o espírito.
Ao darem ouvido à tentação, nossos primeiros pais, Adão e Eva, abrem a janela
para a sedução. Agora precisamos de muito esforço para sermos humildes e recon-
hecer a necessidade de salvação desse estado de humilhação em que nos encon-
tramos.
Com o mau uso da liberdade humana e sua natural solidariedade, todo nós nos
unimos a essa experiência de desequilíbrio, que repercutirá, em sua máxima ex-
pressão, na morte física e espiritual.
Em Adão e Eva, o pecado original foi cometido, foi um ato. Nós experimentamos
as consequências do pecado original como um “estado”, que foi adquirido: é uma
privação de um bem a que herdaríamos.
A morte passa a ser uma passagem necessária, com a sua dor e seu vazio. É o sím-
bolo da nossa fragilidade. A morte e tudo o que ela traz: a corruptibilidade dos
corpos, as doenças, o declínio físico com o passar do tempo, a tristeza pela sepa-
ração dos entes queridos.
A experiência da separação da alma do corpo é a mais aterradora para seres hu-
manos, porque é algo que distorce a natureza humana em seu âmago: somos a
unidade substancial de corpo e alma e a vida nos lembra disso o tempo todo. Por
isso, ver um cadáver, o corpo inanimado, é algo aterrador, é irreconhecível para
quem conviveu com aquele morto... assim como a ideia de uma alma sem o corpo
também é terrível. É a representação no campo corporal do que acontece com o
nosso espírito após o pecado.
08
EIXO I VIDA INTERIOR

Antes, nosso intelecto se encontrava voluntariamente submisso a Deus,


uma submissão amorosa: a vontade ao intelecto, os afetos à vontade e o
corpo aos afetos e tudo isso integrado na inteligência divina. Havia uma hierar
quia harmônica que refletia uma perfeita unidade.
Hoje, cada parte quer fazer uma coisa, cada faculdade quer agir de forma
autônoma e independente. Os vetores que atuam sobre nós se desalinharam
e apontam para várias direções e existem várias vozes assediando a nossa
vontade.
Esse jogo de forças internos é o drama da alma humana. É a luta contínua
entre a carne e o espírito.
Sentimos uma inclinação para nos afastarmos de Deus. É a nossa concu-
piscência, pois, após o pecado original, virão nossos pecados pessoais: nós
caímos e nos brutalizamos cada vez mais, cristalizamo-nos nesses erros.
É difícil sair das garras do pecado, porque as ações humanas tendem a
se repetir, a se reiterar no sentido em que as realizamos. Existe uma espécie
de inércia moral que decorre da conservação do ser na realidade. Daí a im-
portância de fomentarmos bons hábitos para que, sobre essas virtudes
humana, a graça de Deus possa agir.
A vida sem Deus, essa felicidade no desfrute contínuo, só faz criar um
buraco dentro de nós. A vida no hedonismo, que é a busca incessante e
insaciável pelo prazer, não preenche nosso coração, não sacia nossos mais
profundos anseios; as paixões nos subjugam.

“Quem não junta comigo espalha”,


afirma Cristo e, efetivamente, nossas forças internas passam a ser atraí-
das fortemente pelos sentidos. Espalham-se, desorientam-se. A inteligência
fica perturbada pelos pensamentos, imaginação, sentimentos, paixões, dese-
jos e órgãos dos sentidos.
Experimentamos um rebuliço interior em que é quase impossível encon-
trar com Deus e por isso vivemos infelizes e insatisfeitos. Nossa natureza es-
piritual foi feita para encontrar com Deus, unir-se ao Ser absoluto – e só en-
contra repouso nesse conhecimento do divino.
Hoje, procuramos o ser de Deus em coisas parciais , mas, como elas não
tem o Ser em sentido pleno, o coração tem necessidade de buscar sempre
novas coisas, que esgotam uma vez e outra a sua parcela de ser. Em resumo:
essa é a origem da inquietude humana e de suas distrações.
09
EIXO I VIDA INTERIOR

Após a Queda, com a posse do fruto da árvore do bem e do mal, o ser humano
passa a experimentar a realidade de forma dual, na sua multiplicidade. Onde antes
havia união, há hoje separação. Temos correntemente a sensação de que as coisas
são independentes, atomizadas, e encontramos muita dificuldade de harmo-
nizá-las e ver que todas se unificam em Deus de forma hierarquizada.
Por isso é tão atraente e necessário o tema da virtude de ordem, porque sen-
timos que é o que carecemos para poder crescer em vida interior e, também, em
harmonia na nossa vida ordinária, em casa, com o marido, os filhos, os estudos, o
emprego.
Se antes a realidade era um espelho que refletia a unidade , a beleza, a verdade
e a bondade de Deus, agora emerge sem um sentido explícito, que nos inquieta,
que arrasta nosso olhar para o mundo, por várias forças dispersas e até contrárias.
Para reverter esse caminho, precisamos, antes de tudo, tomar consciência de que
estamos buscando repouso no mundo externo, nas coisas passageiras, nas nossas
fantasias, que, concretizem-se ou não, não vão pacificar nossos corações.
Só que, ao tomarmos consciência disso, sentiremos dor, sofreremos, porque
nossa vida já está na dependência dessas coisas finitas. Será difícil abrir mão delas.
Também sofremos porque nos damos conta de que traímos o sentido de nossas
vidas e quem nos criou para Ele.
Por isso, para seguir adiante, precisaremos lutar contra as nossas inclinações
atuais. Isto é, teremos de escolher o que é o certo e fazer o bem, procurando sincera
-mente a Deus na nossa vida, mesmo sem sentir um prazer persistente, mesmo
que não estejamos “a fim de”.
Esse esforço nos levará a buscar as virtudes necessárias para, fortalecendo
nosso caráter, realinharmos nossa afetividade e começarmos a gostar de fazer o
bem, a ganhar inclinações para não sermos arrastado pelo mundo.
A inquietude não se cura só pelo pensamento. Não será uma aula ou um livro
que preencherá o coração e a vida de vocês de sentido. É inegociável retificar a
nossa alma por meio de atos virtuosos reiterados. E para isso todas as outras aulas
vão ajudá-las a, tendo clareza do porquê devemos nos empenhar pelo bem, mesmo
que custe inicialmente, concretizar essa luta em ações concretas.
Por onde começar? Pelo cumprimento da Lei de Deus, os 10 mandamentos.
Depois, frequentar os sacramentos, a começar por uma boa confissão e permane-
cer em estado de graça, para que as virtudes teologais, que são virtudes infusas,
cresçam e animem as virtudes humanas.

10
EIXO I VIDA INTERIOR

Mês passado falamos sobre a virtude da esperança, que é a virtude teologal


que nos permite acreditar na salvação desse mundo de inquietude e agonia, e esse
mês vamos falar sobre a virtude da ordem que, é uma virtude humana, que, como
vamos ver, é uma derivação da virtude cardeal da prudência, mas mobiliza várias
outras virtudes, como a fortaleza por exemplo.

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EIXO II

FORTALECIMENTO DO CARÁTER

A VIRTUDE DA ORDEM
12
EIXO II FORTALECIMENTO DO CARÁTER

Olá, queridas!
Após termos compreendido a origem da desordem que experimentamos na
nossa alma, na nossa vida e na própria realidade, vamos refletir sobre a Ordem.

Eu fiz questão de começar examinando a origem da desordem, porque pre-


cisamos de uma explicação para que as coisas simplesmente não funcionem como
percebemos que deveriam funcionar. A disfuncionalidade que observamos e vive-
mos não é autoexplicativa. De modo algum! Justamente porque a ordem é o
princípio da realidade.

1. Considerações Gerais

Tudo o que existe, existe, de algum modo, porque tem uma ordem subjacen-
te. E nós intuímos isso. Tudo o que é, é por ser ordenado, por estar em relação com
outras coisas. A ordem é um atributo do mundo, do universo. O mundo existe
porque tem uma articulação interna que lhe dá consistência orgânica e finalidade.
O termo de origem grega kósmos designa o Universo como ordem, como um
todo organizado, um sistema bem ordenado em oposição ao caos e à desordem. É
a palavra grega que significa "ordem", construção, e que possui uma dimensão de
beleza e bondade, de uma realidade que tem um propósito em que cada parte se
integra a um todo, a um conjunto interdependente e autônomo – uma unidade,
uma integridade.

Desse modo, refletir sobre a ordem é pensar um pouquinho sobre o dever-ser


de todas as coisas, pensar na finalidade e na máxima realização de tudo o que
existe. E falar sobre a virtude da ordem é aplicar esse princípio de ser, de realização,
de tornar plena a nossa vida moral por meio das ações que livremente realizamos.
Por isso, eu escolhi abrir o ano com essa reflexão sobre o tema da ordem, porque,
sem saber aonde queremos e devemos chegar, nossos caminhos não são apenas
tortuosos, mas são aleatórios. Viveremos com a impressão de que tanto faz agir de
um modo ou de outro; que não existe uma escolha superior à outra, e isso não é ver-
dade.

13
EIXO II FORTALECIMENTO DO CARÁTER

Interessante pensar que a virtude da ordem é uma das mais importantes,


justamente porque permite que a realidade exista, que o ser se manifeste de modo
lógico, coerente, mas não é nem uma virtude teologal e nem mesmo uma virtude
cardeal. Ela é uma “filha” da prudência, que é a virtude cardeal que orienta a nossa
razão prática na hora de tomar decisões, de escolher o meio adequado para realizar
algum bem.
Como vimos, o maior desafio do homem é ter perdido a ordem querida por
Deus para cada um de nós. recisamos empreender um grande esforço para organi-
zar a nossa vida moral, o nosso pensamento, mas também as nossas coisas, nossa
casa, nossa aparência e, principalmente, ordenar tudo isso de modo coerente,
harmônico.
É necessário fazer as escolhas certas para encontrar a ordem na nossa vida.
Ordem que vai nos trazer a paz de espírito que perdemos: “a Paz é a tranquilidade
da ordem”, como sabiamente resumia Santo Agostinho.
Na contemplação da ordem estabelecida por Deus está a fonte e o princípio
de toda ordem: a criação é um espetáculo de ordem e beleza. Quando o sistema é
funcional, é bom, cumpre seu propósito, o resultado perceptível é a beleza, que é,
justamente, a ordem percebida pelos sentidos.
Deus criou o universo segundo categorias; e a ordem natural, assim como a
ordem doméstica e a ordem pessoal, refletem uma ordem maior do universo, e o
todo ordenado é reflexo da atuação de um Princípio Ordenador, de um logos inteli-
gente, que é o próprio Deus, a unidade que organiza uma multiplicidade.
O Homem, no universo, é um microcosmos. Também possui princípios orde-
nadores: feito à imagem e semelhança de Deus, tem responsabilidade ativa e cons-
ciente na sua ordenação, porque somos dotados de liberdade e razão.
Para pensarmos em um modelo de vida em que essa ordem não foi perdida,
mas se realizou perfeitamente, devemos olhar para Cristo: perfeito Deus e perfeito
homem, que emana equilíbrio, serenidade e pleno domínio dos acontecimentos.
Devemos buscar nessa Vida a fonte e pauta da nossa ordem.

2. Nossa Vida
A conquista da virtude da ordem nos ajuda a obter um bem de valor ines-
timável, que é a unidade de vida.
Nós, mulheres, temos uma quantidade infinita de coisas para lidar, adminis-
trar, decidir. Mas precisamos emergir desse turbilhão de modo sereno, seguro, es-
tável. Integrar todas as muitas coisas em uma só vida.

14
EIXO II FORTALECIMENTO DO CARÁTER

A ordem é mais do que uma aliada, ela é a fiadora para a realização dos nossos
objetivos. Com ordem, aprendemos a priorizar, nos tornamos muito mais ativos, ad-
quirimos senhorio de nós mesmos, dos nossos planos e projetos.
Ordem é essencial na educação moral, na aquisição das demais virtudes. A
virtude da ordem está sediada na prudência, mas mobiliza virtudes paralelas na
luta por obtê-la, como constância, temperança, autodomínio, coragem.
Por que devemos lutar para conquistar hábitos virtuosos, perquirir as virtudes?
As virtudes nada mais são que “bom hábitos” e os hábitos são a segunda natureza
do homem. De modo que, se tivermos virtudes, termos uma segunda natureza que
pode atuar e corrigir a primeira natureza marcada pelo pecado original.
A aquisição de virtudes nos leva a promover a nossa realização integral como
Pessoa, como ser vivo dotado do pleno uso das faculdades humanas, sobretudo as
nossas faculdades superiores da vontade e razão, que são as que permitem que o
homem se torne efetivamente livre.
Em síntese, qual a finalidade da ordem? Obter a paz, a serenidade, a tranqui-
lidade de quem está vivendo bem, escolhendo bem, agindo bem conforme essas
escolhas. Sem ansiedade ou nostalgia, porque se vive plenamente o presente.
A virtude da Ordem é uma verdadeira engenharia do Espírito, pois ela esta-
belece os alicerces, aquilo que não aparece, mas estrutura o homem no espaço e no
tempo, sendo que sua origem e seus fins estão fora do tempo e do espaço – são
uma liberdade interior que nos abre para nosso sentido transcendente.
Importante esclarecer que a Ordem não se resume à mera organização de
coisas materiais e ocupações sociais, embora se manifeste no tempo e no espaço; a
virtude da ordem é o reflexo de uma unidade fundamental, interior, que devemos
assimilar com a razão e buscar viver por meio de hábitos concretos:

Caminho, 3: “Gravidade. – Deixa desses meneios e caretas de


menina e de garoto. Que o teu porte exterior seja o reflexo da
paz e da ordem do teu espírito”
O fato de a virtude da ordem ter origem na prudência se manifesta no fato de
termos de assumir na vida critérios, princípios, que ordenem os atos da vida cotidia-
na ao seu fim último, que é a ordem querida por Deus para cada um de nós.
Então, qual a primeira coisa: compreender a Lei de quem nos criou, o nosso
“manual de instrução”. O mínimo necessário para nossa ordenação interior, espiri-
tual. Onde estão? Nos 10 mandamentos.
Esses mandamentos são orientações, lembretes de como devemos funcionar
para sermos humanos, para nos comportarmos conforme a nossa dignidade de
criatura feita à imagem e semelhança de Deus.

15
EIXO II FORTALECIMENTO DO CARÁTER

São os princípios divinos da Ordem, uma sinalização dos deveres essenciais que
garantem os direitos humanos fundamentais. Os marcos da verdadeira humanidade
do homem. Como vimos, com o Pecado, sofremos uma corrupção, desfiguração na
nossa natureza. A desordem é causa e efeito de nossa fragilidade, diretamente ligada
ao mau uso de nossa liberdade, que nos afasta de quem nós somos por nos tornar
menos livres, menos racionais e menos integrados.
Devemos, portanto, desfazer esse equívoco, essa torção na nossa natureza, de
modo pessoal, consciente e livre. Devemos buscar uma “ordem pessoal”, uma atua-
lização desse princípio ordenador presente na realidade em cada passo da nossa vida.
O trabalho de ordenar consiste em: priorizar, subordinar, hierarquizar; colocar
as coisas em relação e proporção com o fim último da existência.

Quais são as etapas para conseguirmos


“unidade de vida”?
1- Saber a razão última de nossas ações
2- Traduzi-las por meio de ações concretas e pontuais: AQUI e AGORA
3- E os “5 Ps”:
- Planejamento (prioridade),
- Previsão (realismo),
- Pontualidade (espírito de sacrifício)
- Prontidão (atividade responsável)
- *o último P eu vou revelar ao final da aula.

Vamos agora, na prática, entender como lutar para conquistar a virtude da


ordem:

3. Ordem material
É o pontapé que mobiliza nossa estrutura anímica para crescer em virtudes.

- Regras de ouro: lugar e tempo de cada coisa


1- Um lugar para cada coisa e cada coisa no seu lugar: “Falha a memória
onde antes falhou a ordem”. Procurar as coisas é sempre uma perda de tempo e
gera mau humor e desassossego.

16
EIXO II FORTALECIMENTO DO CARÁTER

2- Faz o que deve e está no que fazes: viver o momento presente com in-
teireza. Temos de estabelecer antes o que devemos fazer e nos entregar plena-
mente. Caso contrário, vem a ansiedade, a culpa. Muitas pessoas não sabem des-
cansar, porque sabem que não fizeram o que deveria ser feito na hora e olham para
o tempo de descanso como um tempo para “sanar” essa falha, mas gera uma nova
desordem
3- Instrumentos (cuidado com o fetiche de achar que algo concreto, com-
prável, vai resolver a sua vida)
1- Relógio
2- Agenda: São Josemaria dizia que era 4ª potência do homem e fiadora dos
outros 3 (memória, inteligência e vontade) .
- Anotar: véspera/início do dia
- Conferir: meio/fim do dia
3- Objetos de organização espacial: gavetas, nichos, pastas, fichários, cabides,
caixas, estantes;

4. Decisões práticas
- Fazer o que se deve fazer hoje: não procrastinar.
- Definir o momento exato de cada coisa e para cada decisão (não ser impulsivo)
- Realismo na avaliação do tempo, contando com a possibilidade de imprevistos e,
principalmente, o tempo para fazer “bem feito”, lembrando que a finalidade última
de todas as nossas ações é o próprio Deus, que nos criou para elas. E ele não é uma
energia ordenadora impessoal, mas uma Pessoa que se importa com os detalhes e
com o carinho colocado em tudo o que fazemos.
- Dividir racionalmente o tempo, definindo metas a médio e longo prazo.
- Abolir focos de caos: quarto da bagunça, depósito, pastas com “pendências” eter-
nas.
- Destralhar: a maior causadora da bagunça é o excesso de objetos, que não têm
onde ficar. Todo acúmulo gera desordem.
- Momentos de observação da agenda: não adianta ter a agenda e checá-la; se
necesário, podemos reorganizar o dia.
- Balanço diário: fundamental fazer exame de consciência para saber onde pode
melhorar e definir metas concretas para o dia seguinte.
- Não fazer os outros perderem tempo.
- Todos os deveres são igualmente importantes se devem ser feitos – fazer aquilo a
que nos comprometemos.
- Todo dever de caridade se torna prioridade, como Cristo nos ensina nas “Bodas de
Caná” (antecipou a hora dele para atender a necessidade de uma família).
17
EIXO II FORTALECIMENTO DO CARÁTER

5. Ganhos colaterais ao nos exercitarmos


em ordem:
1- Espírito de sacrifício: quando nos esforçamos para viver a pontualidade e
a prontidão. Sem dúvida, custa fazer o que não se quer é uma maneira de conquis-
tar o autodomínio, que revela e constrói uma “personalidade equilibrada”.
2- Cuidado dos detalhes, que, como vimos, expressam amor a Deus: fideli-
dade no pouco se expressa no todo.
* Interessante ver (ou rever) a aula sobre o uso do Planner

6. Ordem implica saber escolher: escolher


implica hierarquizar. E a hierarquia bem
estabelecida é o que garante a harmonia na vida.

No livro do Francisco José de Almeida, “A Virtude da Ordem, aprendemos que,


na mão e seus 5 dedos, temos uma metáfora do nosso microcosmos, das áreas da
nossa vida que precisam se integrar como os dedos em uma luva.

A ordem hierárquica das áreas da vida é:


1- Vida Espiritual
2- Família
3- Profissão
4- Vida Social
5- Lazer
Vejamos um a um:

Dedo mais importante – o maior: médio. Ora, a matéria deve ser subordina-
da ao Espírito; esse é um princípio elementar, central da Ordem:

Aprender a ordem pelo trato íntimo com Deus é o que vai formar em nós um
espírito de reflexão, que nos leve a hierarquizar e ordenar nossas ocupações correta-
mente e todos os dias.
Para S. Josemaria, ter ordem significa ter um Plano de Vida, ou seja: definir
momentos de encontro com Deus, ao longo do dia e com horário.

18
EIXO II FORTALECIMENTO DO CARÁTER

Esses momentos de encontro com Deus ser o eixo do nosso dia, coesão dos
nossos atos, princípio de ordem, porque aí estará garantida uma perspectiva corre-
ta e sobrenatural, definição de prioridades e metas concretas, porque os compro-
missos são assumidos diante de Deus. Como ensina o Padre Francisco Faus:

“Os 15 minutos perdidos em falar com Deus se recuperam folgadamente em


objetividade no planejamento e, depois, em energia para resolvermos os problemas”

E também conta-se que S. João Paulo II, em certa ocasião, foi interrompido
durante a leitura do Breviário e teria dito: “é muito urgente? Então agora mesmo
que tenho que rezar” e seguiu fazendo a sua oração para somente depois se inteirar
do problema sério que haviam ido lhe contar.
As práticas de piedade, como o terço, a leitura espiritual, a oração mental e
mesmo a Santa Missa, devem se converter em um costume, que é o hábito refleti-
do, consciente, é a facilidade de se fazer naturalmente uma coisa que, a princípio
exigia luta e esforço.

Para reflexão:
“Gasta-se o mesmo tempo em ter uma vida santa do que em ter uma vida vulgar”

Dedo anelar – Família

É um dos melhores campos de aplicação e com resultados benéficos mais ev-


identes, pois é por meio de um feixe de atos de dedicação aparentemente banais
em família que se constrói a história de uma vida.
Indico enfaticamente que leiam o livro “As Pequenas Virtudes do Lar”, de
George Chevrot, em que apenderão sobre virtudes como cortesia, gratidão, dis-
crição, bom humor, pontualidade, paciência, perseverança... que tornam a vida no
lar mais harmônica e que dependem de uma vida organizada.
Não há dúvidas que, se nos organizarmos bem, não deixaremos as sobras (de
tempo, estudos e disposição) para a família.
Por isso, é importante programar o dia incluindo a família, planejar as re-
feirções, o lazer, os finais de semana... não deixar para cima da hora quando a maio-
ria dos passeios parecerá trabalhosa demais, cansativa demais. Com o planejamen-
to prévio, tudo se torna mais simples.
Na família, temos uma verdadeira “escola doméstica”, em que os filhos muito
aprendem ao perceber a dedicação diária dos pais no acompanhamento da sua
criação e educação.
Atenção, na correta ordem das coisas, o marido vem antes dos filhos. Você
sabe por quê? São vários os fundamentos:
19
EIXO II FORTALECIMENTO DO CARÁTER

1- Em primeiro lugar, a vocação matrimonial é anterior à paternidade e é o que


nos leva para o Céu (mesmo sem filhos, o casal deve edificar seu matrimônio com
vistas à santidade).
2- Enquanto o amor pelos filhos é natural e se sobrenaturaliza com a vivência
e a Fé, o matrimônio cristão, desde o princípio, já exige um exercício da nossa liber-
dade e vontade, de modo que requer maturidade e tem uma dimensão sobrenatu-
ral muito marcada.
3- Além disso, o casamento preenche uma vida inteira, pois, mesmo antes dos
filhos e depois que eles saem de casa, o casal já tem um vínculo e precisa estar
muito unido. A síndrome do ninho vazio é experimentada, sobretudo, por quem
viveu o casamento de modo desordenado nos anos em que os filhos estiveram em
casa, concentrando-se antes na prole do que no cônjuge. É uma desordem que não
faz bem nem pros pais e nem pros filhos.
4- O casamento sólido é necessário para oferecer aos filhos a estabilidade de
que precisam para se desenvolver seguros e felizes. A melhor coisa para os filhos é
saberem-se gerados por um amor incondicional em si e por eles, pois esse amor
deve refletir o amor de Deus e levá-los a Ele.
Por isso, todo o trabalho da Comunidade tem em vista o cuidado do casamen-
to e, neste mês, dei a aula sobre os 5 hábitos básicos do casamento: olhar nosso
olhos, sorrir, conversar, abraçar e beijar na boca (assistam a aula), para que os incor-
porem nas suas vidas e cuidem dos maridos todos os dias.

Dedo indicador - Trabalho

Pela virtude da laboriosidade ou da “estudiosidade”. Sabemos que, todo tra-


balho honesto é uma forja de virtudes e isso se expressa na nossa capacidade de
fazer com amor e excelência tudo o que está sob nossa responsabilidade.
“Faz o que deves e está no que fazes”, ensina São Josemaria em Caminho, 815.
Vocês já viram e ainda verão essa frase ser dita várias vezes aqui, porque ela resume
a vocação de todo cristão, pois somos todos convocados à constância e à fortaleza
no exercício das nossas funções ordinárias. É por meio de delas, ao santificá-las (isto
é, levá-las a Deus) que nos santificamos e levamos os outros à sua santificação.
Temos de ter em mente que, a cada momento, há uma só coisa a ser feita e
para a qual devemos nos entregar de corpo e alma. Uma sequência de interrupções
nos leva a ter “espírito de barata tonta” e perdemos muito mais tempo do que se as
acumularmos para fazer de uma só vez, como demonstra o trabalho em série. Além
de demonstrar e produzir uma desordem mental.

20
EIXO II FORTALECIMENTO DO CARÁTER

Uma sugestão prática:


Enfrentar a falta de concentração pela técnica do Pomodoro. Faça, com empenho,
seu trabalho em pequenos blocos de “foco total”, de 25 em 25 minutos, em que
você não se detém para fazer mais nada: não vê o celular, não vai ao banheiro,
não vai beber água... Ninguém vai morrer de sede ou fazer xixi na calça se esperar
por 25 minutos.

Devemos também exercitar a fortaleza e paciência de não atender o telefone


ou responder uma mensagem quando estamos ocupados fazendo algo ou com
alguém, pois a intromissão deve ser tratada como secundária e não passar a ser pri-
oridade.
Uma coisa muito importante também é que a ordem no trabalho não deve
ser mero automatismo, mas uma ordem refletida, com reexames constantes do
que devemos modificar ou melhorar.

Dedo polegar - Social

O homem é um ser social por natureza, que se realiza como pessoa em sua
relação com os outros.
Fonte de responsabilidade: na família, com os conhecidos do trabalho, velhos
amigos, os próximos são “irmãos”, um fim em si mesmo, e não instrumentos ou
meios para alguma coisa.
Temos que nos ocupar dos que nos cercam. Realizar um apostolado eficaz de
amizade e confidência, preocupar-se, dar conselhos, ouvir. Procurar ter conversas a
sós, bem conduzidas, que possam abrir novos horizontes às pessoas. Interessar-se
sinceramente pelos outros e criar espaço e tempo para as amizades.

Dedo mínimo – Lazer e Descanso

Divertir-se não é evadir-se, distrair-se; isso é sentimentalismo e comodismo.


Devemos procurar formas edificantes para repousar a mente e o corpo. Descansar
não é não fazer nada, mas mudar de atividade.
Também no campo do nosso descanso devemos exercitar nossa liberdade de
pensamento e cultivo do espírito: descansamos ao fazer leituras com critério, visitar
exposições, por meio de audições de boa música, ao entrar em contato com a rique-
za do patrimônio cultural e estético da Humanidade, que é o próprio Deus refletido
na beleza artística.
Outra forma saudável de descansar é ler para os filhos e com os filhos. É muito
bom que os filhos nos vejam lendo e sempre disponíveis para eles.

21
EIXO II FORTALECIMENTO DO CARÁTER

“Não se ama o que não se conhece e pouco se ama o que pouco se con-
hece”. É importante conhecer a Deus! Por isso, sugiro que incorporem nas suas
rotinas, realizando tanto uma meta espiritual quando cultural, a leitura de livros
espirituais. Singelos 10 minutos por dia nos garantem, ao mesmo tempo, culti-
var o saudável hábito da leitura e nos aproximar de Deus.
Outra forma de descansar é cultivar o corpo e a mente por meio do esporte.
Sobretudo para quem tem uma atividade profissional mais intelectual, mexer o
corpo renova as ideias e ajuda muito a espairecer e a recuperar as energias.

Um aspecto importante do cultivo do lazer é o “apostolado da diversão”, que


consiste em recristianizar as festas, os costumes populares. Não de modo esquisito,
mas elevando o tom humano, alegre e saudável dos ambientes que frequentamos.
E, quando isso não for possível, devemos escolher outro tipo de diversão, para não
poluir nosso imaginário e nem o dos nossos filhos, de quem somos os tutores da
pureza nessa fase inicial da vida.

5º P = PACIÊNCIA

Agora chegou a hora de revelar o quinto “P” que eu disse que teríamos para
adquirir a virtude da ordem. É o “P” de “paciência”.
Paciência para começar e recomeçar, pois, como já vimos, apesar de a ordem
ser o princípio de tudo o que existe, a natureza das coisas foi ferida na sua matriz e
a realidade tende ao caos e a perda dessa ordem originária a cada momento. Não
devemos nos entristecer por isso, mas ver nessa luta o caminho para a nossa matu-
ridade, nossa liberdade e, por fim, da nossa felicidade:

Forja, 806: “A ordem dará harmonia à tua vida [...]. A ordem proporcionará
paz ao teu coração e gravidade à tua compostura”

O encontro da felicidade, de fato, é a comunhão da vontade atual do homem


com a vontade eterna de Deus. Por isso, ao cumprir o nosso pequeno dever de cada
momento, uma vez e outra, estaremos contribuindo para que cada coisa ocupe o
seu lugar no cosmos e estaremos, com Cristo, redimindo a realidade desordenada.

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Page No - 08

EIXO III

EDUCAÇÃO DA AFETIVIDADE

AUTOCONTROLE E
SENHORIO:
ORDENANDO
OS AFETOS

23
EIXO III EDUCAÇÃO DA AFETIVIDADE

Eu preparei essa aula com muito carinho para que vocês entendam, desde
o princípio, que este eixo de educação da afetividade tem como objetivo
ajudá-las a ordenar os seus afetos para aprenderem a desfrutar do Bem e serem
verdadeiramente felizes.
Para sermos felizes, precisamos cuidar de todas as nossas dimensões da
nossa alma e do nosso corpo. A afetividade é justamente a zona da nossa alma
que nos ajuda a coordenar, integrar nossa natureza pessoal, ou seja, liga, vincula
a nossa sensibilidade em sentido estrito (natureza orgânica) à nossa razão, en-
tendida como a potência superior do homem, que comporta sua memória, sua
inteligência e sua vontade.

1. O que é a Afetividade?
A afetividade é o nosso “coração”, o locus da nossa alma que se relaciona
com os outros e com o mundo por meio da compaixão, da empatia, da alegria,
mas também onde habitam a antipatia, a irritação, o medo.
Não confundam afetividade com vontade. Elas são duas dimensões dis-
tintas da alma.
A afetividade é aquela zona intermediária da alma, que se comunica com
a sensibilidade e a razão, integrando-as. É a dimensão anímica em que se unem
o sensível e o intelectual e na qual podemos experimentar pessoalmente que
o homem é verdadeiramente unidade de corpo e alma. É como se fosse a nossa
sensibilidade interior.
A vontade, por sua vez, é intelectiva. Está para o intelecto, como a afetivi-
dade está para os sentidos. O “querer” da vontade é deliberativo, fruto de uma
decisão livre e racional; já o movimento próprio da afetividade é mais próximo
do que, em português, traduzimos com a expressão “estar a fim” de algo.
“Querer” é diferente de “estar a fim”, concordam?
O “querer” tem raízes mais profundas, expressa um esclarecimento maior
acerca da ação e do bem que se almeja com essa atitude.
O “estar a fim” da afetividade diz respeito a um apetite, a uma inclinação dos
sentidos, ainda que seja uma sensibilidade interior, imaterial.
É todo o mundo das paixões, emoções, que está muito ligado à nossa sensi-
bilidade corpórea, à influência dos hormônios e dos nossos estados fisiológicos.
Na afetividade habitam diferentes formas de perturbação da subjetividade:

Os sentimentos são formas de perturbação da subjetividade que definem


o modo de sentir as tendências e abrem o homem à apreciação do que o rodeia,
gerando uma conduta, mobilizando uma ação que se distende no tempo.
24
EIXO III EDUCAÇÃO DA AFETIVIDADE

É diferente da sensação, que é uma reação mais francamente sensível,


uma manifestação corporal, que exprime uma consciência do próprio corpo e
termina ao ser experimentado.
Os afetos podem ser emoções, que são perturbações mais circunscritas,
momentâneas e organicamente mais intensas que o sentimento, ao passo que
as paixões são afetos especialmente intensos e arrebatadores, que costumam
roubar a capacidade intelectual do homem de deliberar sobre as ações adequa-
das a serem tomadas ante o estímulo ambiental ou psicológico.
É muito importante que consigamos perceber que há uma cadeia básica
de desencadeamento dos sentimentos para que conquistemos o autoconheci-
mento necessário termos o senhorio sobre as nossas emoções:

Objeto desencadeante e suas circunstâncias → Emoção ou per-


turbação anímica → Alterações orgânicas ou sintomas físicos →
Conduta ou manifestação.

2. O que é a educação dos afetos?


O homem é um ser livre, que, por sua dimensão intelectiva, é capaz de
romper a necessidade do circuito estímulo-resposta.
O homem não realiza fins próprios da espécie. Não existem, na verdade, tais fins,
pois os homens se movem em direção a um fim que eles mesmos se fixam.
A humanidade representa um grau superior da vida (acima dos vegetais e
dos animais), mas que não se dá de forma unilateral. Ou seja, não basta “saber”
nem “querer” – é necessário adquirir um modo de ser, hábitos que apliquem o
saber e concretizem o “querer”. Esses hábitos são as virtudes.
O controle dos instintos é algo propriamente humano*1 , pois, por meio de
nossa inteligência ou nossa razão, temos capacidade de reconhecer, identificar
o bem. Esse discernimento é uma atividade intelectual. E, por isso, a formação
dos afetos precisa se apoiar em uma boa formação intelectual.
Saber a importância dessa formação ajuda tanto a valorizar e aprofundar
bons sentimentos. É isso o que estamos fazendo aqui na Comunidade. Em todas
as aulas vamos esclarecendo os porquês.
A vontade, ao lado da inteligência, também é fundamental na educação
dos afetos, porque é a capacidade de querer o bem (não de querer qualquer
coisa).
É um apetite intelectual, uma inclinação racional para o bem, um “querer”
movido pela razão.
1* Vamos falar sobre as condutas voluntárias no próximo modulo, da liberdade, que é a ordenação superior da

afetividade. 25
EIXO III EDUCAÇÃO DA AFETIVIDADE

O papel da afetividade humana nessa busca do bem é impulsionar ou


retrair a ação, levar-nos ou afastar-nos de uma vivência subjetiva da felicidade e
plenitude.
Por exemplo, quando sentimos “vontade” de ser mais piedosa, quando
“queremos” ser mais amorosa com os filhos, ou experimentamos um sentimen-
to forte na Missa ou quando nos empolgamos em uma formação e queremos
ser mais cultas ou mais virtuosas.

Usei as aspas de modo intencional para frisar que esses querer que exper-
imentamos não se trata necessariamente de atos da vontade. A natureza dessa
inclinação depende da profundidade e da racionalidade desse “querer”.
De todo modo, nossos bons sentimentos precisam de raízes, de se fincar
em dimensões mais profundas da alma, como a vontade e a razão – “queres de
verdade?”, como pergunta São Josemaria no ponto 316, de Caminho. Uma de-
cisão que precisa passar por uma compreensão do que é de fato.
Por outro lado, também temos que saber desviar os sentimentos ruins.
Se uma ideia ruim fica passando pela nossa cabeça, não podemos alimentar
vinganças, ciúmes, afetos desordenados por outras pessoas.
A vida humana é uma vida encarnada, dotada de emotividade... só sere-
mos íntegros quando nossa razão e nossa vontade estiverem alinhadas aos
nossos afetos. É necessário que a contemplação das verdades espirituais, morais
e intelectuais penetre nos nossos corações.
Por isso, uma linha que negue os sentimentos estará incompleta.
A escola racionalista é um exemplo desse equívoco, que considera os
sentimentos próprios de seres frágeis. Ela repousa em um falso dualismo
(corpo versus alma) que desnatura o humano, negando a verdadeira antropo-
logia. Essa indiferença fria ao núcleo caloroso, ardente da nossa alma provoca a
morte do que é animado, vivo.
Ao mesmo tempo, a via do sentimentalismo, muito em voga na nossa
sociedade hoje em dia, especialmente na nossa sensibilidade latina, enfatiza
de maneira excessiva a importância dos sentimentos, atribuindo aos afetos até
mesmo o fundamento de instituições e vínculos.
Essa abordagem equivocada da afetividade reforça a desordem da nossa
alma, porque não temos domínio dos nossos sentimentos e não podemos con-
siderá-la a base de estruturas ordenadoras da sociedade, como o casamento, a
paternidade, a família ou o Estado.

26
EIXO III EDUCAÇÃO DA AFETIVIDADE

Se os sentimentos não podem ser o fundamento de instituições ou es-


truturas sociais, qual a sua finalidade? Os sentimentos devem ser dirigidos para
favorecer o fim último, superior do ser humano, devem ser educados. Predispor
as condutas em um sentido ou em outro, nas medida em que produzem valori-
zações sobre pessoas, coisas ou situações.
Os sentimentos reforçam as convicções e lhes dão força: quando senti-
mos as coisas, elas se tornam mais nossas. Envolver as coisas com paixão é en-
chê-las de sentido. Percebemos que, quem desfruta do que realiza, torna-se at-
raente, mobiliza o impulso vital de quem faz o que acredita.
A educação dos afetos nos oferece a possibilidade de administrar nossa
sensibilidade, corrigindo os impulsos que contrariam à nossa vontade mais pro-
funda, que está intelectualmente amparada.
Por ex., se tenho a tendência desordenada ao afeto por um outro homem
que não seja o meu marido, devo reconduzir essa inclinação irracional, que me
trará infelicidade, pois negará um compromisso feito, uma decisão profunda e
livre.
Quem não vive segundo as suas convicções, acabará acreditando no modo
como vive, es isso acarretará o que os psicólogos chamam de dissonância cogni-
tiva, algo que gera muito sofrimento psíquico e, no limite, impede a nossa felici-
dade.
Trair-se é a pior forma de traição. Devo guiar meus sentimentos e não ser
guiada por eles.

3. Quais as características da educação da


afetividade?

1- Como toda forma de educação, ela é contínua e requer perseverança. Para


conquistar o senhorio de si mesmo é primordial conhecer adequadamente
a realidade e o mecanismo afetivo subjacente às nossas reações. Isso exige
luta, requer tempo, esforço, paciência, para que cheguemos a amar a vir-
tude, comprazer-nos em fazer o bem;

2- A luta nunca é definitiva, pois o surgimento e desaparecimento dos senti-


mentos não é totalmente voluntário. Devemos saber viver sem nos deixar
dominar por um pathos.

3- Os sentimentos são irracionais da sua origem, mas harmonizáveis pela


razão.
27
EIXO III EDUCAÇÃO DA AFETIVIDADE

O melhor modo de educar o homem, de maneira que se consiga nele a har-


monia das diferentes partes de sua alma consiste em saber canalizar e orientar
os sentimentos. É mostrar como se consegue que os sentimentos colaborem
com as tendências e a vontade, sem deixar com que atuem sozinhos, de modo
a causar anomalias e patologias da alma.
Isso se alcança pelo exercício de virtudes, como a prudência (sofrosyne) –
moderação, sossego, autodomínio e a temperança, que na aula sobre o fortalec-
imento do caráter do mês que vem, analisaremos.
A temperança atua na primeira camada, que é o corpo, na força irracional
dos nossos apetites corpóreos, especialmente da gula e da sexualidade desor-
denada.

4. Quais os objetivos da educação da


afetividade?
1- Alcançar proporção, simetria entre os sentimentos e a realidade, o modo,
o momento e a intensidade de expressar o sentimento;

2- Evitar dissonâncias por excesso (sentimentalismo) ou defeito (cerebral,


frio)

A prática das virtudes não é uma mera negação das nossas inclinações,
nosso ideal não é de indiferentismo.
Inteligência, vontade e afeto devem crescer juntos, de mãos dadas, a integri-
dade do ser humano exige essa integração, essa unidade da personalidade que
nos leva a ordenar nossos interesses e afetos.
A formação da nossa personalidade deve encher o nosso coração de um
amor tão forte que nos capacita a considerar os sentimentos em um contexto
mais amplo, dando-nos recursos para enfrentar os nossos desafios diários e aju-
dando-nos a captar o sentido positivo e transcendente dos acontecimentos
mais agradáveis (ou seja, aprender a gozar e das realidades humanas e estar
nelas com sentido superior, mais profundo)

5. Aprender a desfrutar do bem

28
EIXO III EDUCAÇÃO DA AFETIVIDADE

Saber ordenar os afetos não é ignorá-los ou abafá-los, mas saber colocá-los


em seu devido lugar, o que pode implicar, em determinados momentos, saber
prescindir de algo bom quando convém, quando a realidade ou a caridade
pedem, em nome de um interesse ou objetivo maior do que a emoção pediria.
Educar a nossa afetividade visa a sermos capazes de sentir alegria, um prazer
que é a verdadeira felicidade, com o bem realizado.
Isso implica ter alegria com a prática das virtudes. Aliás, ser virtuoso requer
efetivamente saber saborear o bem, na formação do “bom gosto”, é a formação
da afetividade e não o hábito de se opor sistematicamente às nossas in-
clinações: isso ainda é continência.
A continência é a fase em que já temos um movimento interior de resistên-
cia a uma má inclinação, mas isso ainda é árduo, difícil, nos custa largar um
prazer em nome do que é certo, do bem de fato. É uma fase inicial, enquanto
ainda está sendo formada a virtude.
O objetivo da educação da afetividade – e da nossa realização pessoal - não é
simplesmente “vencer o mal”, mas adquirir o gosto por esse comportamento de
amor ao bem.
Nossa meta é configurar a nossa afetividade de tal sorte que produza alegria
perante o bem e tristeza e mal estar perante o mal.

6. Luta ascética

Quando estamos lutando, devemos saber que não estamos nos habituando
a sofrer com resignação; não se trata de uma mera conformidade com o que
nos é árduo, mas de um processo de aprendizado a nos deleitar com o bem,
ainda que, por enquanto, essa luta ainda nos contrarie.
Crescer nas virtudes faz com que a afetividade de volte e se fixe no que pode
satisfazer verdadeiramente as aspirações profundas e a finalidade do ser
humano; e a deixar em segundo plano desejos que não são relevantes para a
nossa realização pessoal
Deixar-se guiar pelas virtudes permite que a nossa afetividade desfrute do
que é verdadeiramente grandioso. Inicialmente, a luta ascética é mais operativa
do que afetiva, porque as virtudes nos levam a fazer o bem e assim nos ensinam
a sentir corretamente, mas o primeiro passo é a continência. É o “se aguentar”,
“resistir”, “não ceder”, porque já sabemos que é o melhor para a gente não ceder.
Como já vimos na aula sobre a desordem da alma, nós sempre buscamos o
bem, mas muitas vezes o que nos parece bom, não o é; inclinamo-nos a algo que
nos apetece mas não por uma escolha racional, objetiva, pensada, mas simples-
mente por um movimento emotivo, sentimental.

29
EIXO III EDUCAÇÃO DA AFETIVIDADE

O que a virtude faz é escolher o que vamos fazer, como vamos operar, con-
forme o critério e a hierarquia definida pela razão.
Se a afetividade estiver bem ordenada, ela ajuda a razão a sentir alegria e
prazer com os bens mais valiosos e desejáveis; se ela está desordenada, ela
ofusca a razão.
Uma afetividade ordenada ajuda a atuar bem e uma boa atuação ajuda a or-
denar os afetos: é um círculo virtuoso.
Não podemos controlar diretamente nossos afetos. Não está totalmente sob
nosso controle ser mais corajosos, menos irados, mais alegres, menos ciumen-
tos, porque o medo, a ira, a alegria e os ciúmes são algumas emoções de base do
nosso ser. Mas podemos refletir porque elas surgem, quando surgem e como
devemos reagir caso surjam.
A etapa da reflexão e do autoconhecimento é tão importante que foi o que
coloquei no Planner como meta do ano:
* Autoconhecer-me para saber qual virtude devo buscar para orientar adequada-
mente aquele afeto.

7. Vontade sobre os afetos

A vontade tem influência indireta, mas eficaz sobre as nossas emoções. E


se a exercemos continuamente, ela se cristaliza e reforça o afeto.
Ela atua de modo “político” sobre os afetos, como ensinou Aristóteles. Tem
poder semelhante a um governante sobre cidadãos livres: pode tomar certas
medidas para obter certos resultados – aumentar ou diminuir impostos,
declarar feriado para mobilizar algum movimento, mexer no câmbio da moeda...
Por exemplo, ficar vendo a vida de alguém que consideremos perfeita, vai
suscitar inveja; se mexemos no celular do marido, estamos querendo encontrar
alguma coisa para sentir ciúmes; mas, se nos arrumamos para nossos maridos e
colocamos uma lingerie nova, , nos animamos para estar com ele e ter momen-
tos agradáveis; se tomamos uma taça de vinho, provocamos um estado tran-
sitório de euforia; se ficamos pensando em uma coisa chata que alguém nos fez,
vamos estimular o rancor e a vingança, estimulando a ira;
Os atos voluntários contribuem para criar uma “conaturalidade” afetiva com
o bem para o qual a vontade se move.
Por isso, devemos prestar muita atenção a este duplo movimento da vonta-
de, que é interior e profundo:

30
EIXO III EDUCAÇÃO DA AFETIVIDADE

1- Querer o cuidar da intenção e buscar o mais sinceramente o ver-


dadeiro bem oculto na virtude.
Retificar a intenção continuamente para ir acertando os motivos pelos quais
vale a pena fazer algo.
Lutar por uma vida refletida, purificada, com intenções polidas pelo querer
consciente. Não é só cumprir regras, nem mesmo aquelas que nós mesmos nos
imputamos.
2- o bem: ser muito livre intimamente, entender que essa atu-
ação é nobre e dizer para nós mesmas que a queremos (dizer-se “estou a fim”
do que eu “quero” – alinhando a afetividade à livre vontade)

8. PACIÊNCIA: tarefa da vida toda

A virtude só estará totalmente formada quando o bem tiver um reflexo pos-


itivo na afetividade.
Essa formação vai demorar, porque é um processo de reconhecimento do
bem pelo intelecto, de escolha do bem pela vontade (com reta intenção e
plena liberdade) e de sentir o bem de modo positivo pela afetividade. E, claro,
de lutar para concretizar esse bem, realizando-o de fato.
São muitas dimensões a serem alinhadas, mas, com a graça de Deus, esse
processo não só é possível como é algo gratificante e preenche a vida inteira de
sentido. Também notamos que, ao buscarmos sinceramente ordenar uma di-
mensão da alma e crescer em uma determinada virtude, a nossa melhora é
global.
Não conseguir logo não deve nos desanimar, nem é sinal de que não quer-
emos nem de que não somos capazes de conseguir.
Cada passo é mesmo pequeno e só conseguimos perceber com o passar
do tempo.
Repito: não se trata da submissão violenta dos sentimentos. O objetivo
não é apenas reprimir manifestações externas, mas moldar uma reação interna,
para que seja a virtude uma reação própria do nosso modo de ser.
É um trabalho a longo prazo, sem a obsessão por resultados imediatos, porque
crescer na humildade é a base de todas as virtudes e sabemos que, somos
chamados à plenitude, mas ainda muito imperfeitos e desordenados.

Passos concretos para uma luta realista:


generosidade e coragem

31
EIXO III EDUCAÇÃO DA AFETIVIDADE

1- Manifestações externas: podem parecer em uma primeira vista artifici-


ais, porque os afetos ainda estão sendo educados. Como, por exemplo, “sorrir”,
“rezar” ou “fazer amor com o marido” sem “estar a fim”?
Não é porque nossa inclinação mais superficial não se dirige para aquele bem
que ela não vale.
Devemos aprender a rejeitar ou aceitar os sentimentos conforme a decisão livre
e racional que tivemos antes da emoção surgir. Se decido amar mais a Deus e ao
meu marido, tenho que me esforçar para ser concretamente, por meio de
manifestações externas, generosa e amável mesmo quando “não estou a fim”.
Essa manifestações também nos moldam de fora para dentro.
2- Fazer o que devemos: não sucumbir ao que nossa inclinação manda
naquele momento, mas ater-nos ao que já havíamos estabelecido.
3- Colocar cada coisa no seu lugar: física e espiritualmente. Parece uma
meta simples, mas requer um sacrifício constante para estarmos inteiros e aten-
tos.
4- Exame de consciência: crucial para conhecer nossos afetos (e já saber
que não são tudo o que somos, mas uma parte de nós).
Fiquem tranquilas. Sei que o assunto pode ser novo para muitas de vocês,
porque a educação da afetividade, por mais importante que seja, é algo muito
negligenciado na nossa formação. Por isso, ao longo do ano veremos diferentes
modo de crescer nesse autodomínio e senhorio, ordenado nossa afetividade
para que sejamos plenas e alegres, desfrutando do bem com aqueles que
amamos.

32
EIXO VII

INTIMIDADE
CONJUGAL

5 HÁBITOS
BÁSICOS DO
CASAMENTO

33
EIXO IV INTIMIDADE CONJUGAL

1 - Sorrir habitualmente

2 - Olhar nos olhos

3- Conversar cotidianamente

4- O abraço de (pelo menos)

20 segundos

5- Um beijo na boca diário.

Para aprofundamento, consultar o e-book

“Os 5 Hábitos Básicos para um Casamento Feliz”

34
EIXO V

BELEZA E
FEMINILIDADE

DETOXIFICAÇÃO
DA IMAGEM:
A BELEZA CURA
*Roteiro de ectoscopia gentilmente cedido pela
médica e consultora de imagem Paula Serman

35
EIXO V BELEZA E FEMINILIDADE

OBSERVAÇÃO INTEGRAL
DO ASPECTO EXTERIOR

DE CIMA PARA BAIXO


1. CABELO:
- Raiz branca, sem pintar. Cabelo multicolorido.
- Cremes de cabelo molhados, com cheiro forte.
- Cabelo sujo, raiz oleosa.
- Fios muito longos, quebrados.
- Caspa

2. DENTES:
- Muito amarelados, com placas.
- Halitose – difícil abordar esse assunto, mas pode explicar muitas
questões sociais e comportamentais. (No instagram do Entre Esposas,
há um guia para o tratamento desse problema.)

3. PELE
- Muito oleosa, acne, descamações. Isso pode ou não ser devido à pato-
logias orgânicas que podem afetar o âmbito psíquico. É um fato que tran-
stornos dermatológicos afetam muitíssimo a imagem e a autoestima. Por
isso, esses achados não devem ser vistos como coisa de pouca importân-
cia
- Pelos na pele, manchas

ACESSÓRIOS
- Brincos, colares, cordões, relógios, botões, cintos, ferragens de bolsas,
calçados e pastas descascados, lascados, foscos, com elos abertos
- Couro descascado, quebrado, aspecto envelhecido (desde que não seja
próprio da peça), desbotados.
- Salto/sola descolados, soltos, descascados.
- Adereços muito barulhentos e excessivamente grandes.
- Óculos sujos, quebrado, riscado

36
EIXO V BELEZA E FEMINILIDADE

PEÇAS DE ROUPA
- Peças gastas (com “bolinhas” de desgaste).
- Peças puídas, rasgadas, desbotadas, furadas, manchadas, desfiadas.
- Botões soltos.
- Zíper aberto.
- Bainha mal feita, se desfazendo. Bainha muito curta ou muito comprida.
- Camisas que abrem na região do busto/peitoral com o movimento de aber-
tura dos braços. Isso é um sinal de que a peça está pequena e/ou tem cai-
mento ruim.
- Camisas claras com manchas amareladas na região das axilas.
- Manchas brancas de desodorante em peças escuras.
- Peças escuras esbranquiçadas por desgaste.
- Peças muito justas, que marcam excessivamente o corpo.
- Decotes, fendas profundos, transparências exuberantes – transmite men-
sagem de muita facilidade, descuido com a intimidade, falta de conteúdo.

UNDERWEAR
- Peças que devem ficar embaixo da roupa.
- Evite alças de sutiãs aparecendo, bem como outras peças íntimas.
- Evitar que peças íntimas sejam excessivamente marcadas.

PROPORÇÃO
- Cintura muito baixa que expõe regiões muito próximas das partes íntimas.
- Blusas muito curtas que expõem a barriga quando os braços são levanta-
dos.
- Blusas muito compridas com mangas que cobrem demais as mãos.
- Decotes e fendas muito profundas.
- Transparência excessiva.

UNHAS
- Sujas, quebradas, descascadas.
- Muito grandes – alongadas.
- Unhas decoradas – em alguns ambientes, é inadequado. Eu, particular-
mente, não gosto, pois me passa uma mensagem infantil e esteticamente
não me agrada.
- Unhas do pé também devem estar bem cuidadas, bem feitas.
37
EIXO V BELEZA E FEMINILIDADE

ELEMENTOS QUE IMPACTAM A IMAGEM


E CONTRIBUEM PARA UMA SENSAÇÃO
DE ORDEM:

- Caimento
- Estrutura do tecido sem marcar muito o corpo – alfaiataria
- Roupas bem passadas com bainha feita
- Poucos detalhes : cuidado com estampas - clareza na forma estampada e
visualizar o fundo
- Cores: monocromáticos - tom sobre tom - cores análogas
- Simetria
- Lavagem das peças
- Ausência de buracos e puídos (ou com parcimônia)

HÁBITOS
- Ficar de pijama o dia inteiro: desânimo, falta de foco, produtividade. Trocar
de roupa marca o dia, armadura para a batalha da vida. Mesmo em
home-office, mesmo para quem mora só.
- Ficar de roupa de academia o dia inteiro, a não ser que você seja profis-
sional do ramo. Homens e mulheres. Impressão de pessoa que não tem
nada para fazer.

CONCLUSÃO
- Todos esses são aspectos que empobrecem a imagem precisam ser
eliminados.
- Eles podem ser sinais de comportamentos ruins (desleixo, preguiça)
ou até mesmo de transtornos psíquicos/orgânicos.
- Eliminar essas peças/hábitos é um auxílio importantíssimo para a
beleza, na imagem, e para a virtude, no fortalecimento do caráter. A
“sujeira” precisa ser retirada por meio de um processo constante.

38
EIXO VI

CUIDADO DO LAR

ANAMNESE DO LAR:
REPARANDO AS JANELAS
QUEBRADAS
39
CADERNO DE REPAROS
- Guia para anamnese da sua casa: marque o que precisa ser feito e se
programe para realizá-la com prazo certo no Planner

1- SALA CRISTALEIRA

Limpeza
Equipamentos Conserto
Troca
AR CONDICIONADO
J A N E L A ( e s p e c i fi c a r c a d a )
Limpeza filtro
Limpeza
Lavagem profissional
Conserto
Conserto/Manutenção

VENTILADOR Móveis
Limpeza
MESA JANTAR
Conserto
Troca
Limpeza
ADEGA Conserto
Troca
Limpeza
Conserto/Manutenção
MESA CENTRO
CERVEJEIRA
Limpeza
Limpeza Conserto
Conserto/Manutenção Troca

Vidros/Espelhos MESA LATERAL

MESA Limpeza
Conserto
Limpeza
Troca
Conserto
Troca

E S P E L H O S ( e s p e c i fi c a r c a d a )
Estofados
Limpeza SOFÁ

Conserto Limpeza
Troca Conserto
Troca
Piso
CORTINA
Limpeza
Limpeza
Cera
Conserto
Rejuntes
Troca

Teto
TAPETE
LUSTRES
Limpeza
Conserto Limpeza
Troca
L ÂMPADAS

CADEIRAS Troca
Limpeza
Limpeza
Conserto
CRISTAIS
Troca
Troca
P O LT R O N A S
Limpeza

Limpeza
VENTILADOR DE TETO
Conserto
Troca Limpeza
Conserto
ALMOFADAS Troca

Limpeza
Conserto
2- COZINHA/
COPA
Troca

Biblioteca/Estante de livros
Equipamentos
Limpeza do livros e dos objetos
de decoração GELADEIRA
Organização dos livros
Limpeza

Paredes
Conserto/Manutenção
Troca

Limpeza FOGÃO
Lavagem
Limpeza
Pintura
Conserto/Manutenção
Troca
FORNO Vidros/Espelhos
Limpeza MESA
Conserto/Manutenção
Limpeza
Troca
Conserto
Troca
MICROONDAS

Limpeza ESPELHOS ( e s p e c i fi c a r c a d a )

Conserto/Manutenção
Limpeza
Troca
Conserto
Troca
DEPURADOR

Limpeza externa JANELA ( e s p e c i fi c a r c a d a )

Limpeza do filtro Limpeza


Conserto/Manutenção Conserto
Troca

AR CONDICIONADO Móveis
Limpeza do filtro
MESA/BANCADA
Limpeza profissional
Conserto/Manutenção Limpeza
Conserto
Troca
MÁQUINA DE LAVAR

Pia
LOUÇAS

Limpeza externa
CUBA
Limpeza interna
Limpeza do filtro Limpeza
Conserto/Manutenção Conserto
Troca
F I LT R O D E Á G U A
TORNEIRA
Limpeza externa
Limpeza interna Limpeza
Troca do filtro (a cada 4/6 meses) Conserto
Conserto/Manutenção Troca
ENCANAMENTO TAPETE

Limpeza
Limpeza
Conserto
Conserto
Troca
Troca

CADEIRAS
LOUÇAS
v e r i fi c a r s e e s t ã o c o m a s b o r d a s Limpeza
quebradas e se os jogos estão
Conserto
completos
Troca
-Xícaras
-Pires
-Pratos sobremesa
Paredes
-Pratos rasos Limpeza
-Pratos fundos
Lavagem
-Taças
-Jarras Pintura
-Bule
-Leiteira
-Chaleira
Piso
Limpeza
PANEL AS Cera
v e r i fi c a r s e o s j o g o s e s t ã o Rejunte
completos e se é necessário
renovar ou complementar

Teto
TALHERES
LUSTRES
v e r i fi c a r s e o s j o g o s e s t ã o
completos e se é necessário Limpeza
renovar ou complementar

L ÂMPADAS
-Café
-Jantar Limpeza
-Serviço
Troca

CORTINA
VENTILADOR DE TETO

Limpeza Limpeza
Conserto Conserto
Troca Troca
Têxteis 3. ÁREA DE
PANOS DE PRATO SERVIÇO/
Lavagem LAVANDERIA
Costura
Troca
Equipamentos
BATE-MÃO

Lavagem MÁQUINA DE LAVAR


ROUPAS
Costura
Troca
Limpeza externa

PANOS DE PISO Limpeza interna


(apoio para a pia) Limpeza do filtro
Conserto/Manutenção
Lavagem
Troca
ASPIRADOR DE PÓ
PANOS DE CHÃO
Limpeza externa
Lavagem Limpeza interna
Troca Limpeza do filtro
Conserto/Manutenção
TOALHAS DE MESA

Lavagem
Costura
Vidros/Espelhos
Troca
JANELA ( e s p e c i fi c a r c a d a )

GUARDANAPOS DE TECIDO
Limpeza
Lavagem Conserto
Costura
Troca Paredes
LIXEIRA Limpeza
Lavagem
Lavagem
Pintura
Troca
Piso Guarda roupa/Closet
Limpeza CLOSET-CLEANING
Cera
Rejuntes Doação
Reparo

Teto GAVETAS

LUSTRES Limpeza
Arrumação
Limpeza
PRATELEIRAS
L ÂMPADAS
Limpeza
Troca
Arrumação
Limpeza

HASTES/CABIDEIRO
VENTILADOR DE TETO

Limpeza Limpeza
Conserto Arrumação
Troca Verificação dos cabides

4. QUARTOS Estante e Gaveteiros


(verificar cada um) Limpeza e organização

Cama Livros
Objetos de decoração
COLCHÃO Papéis
Documentos
R e c i b o s e n o t a s fi c a i s
Aspiração (Pasta: Imposto de Renda)
Inversão

CABECEIRA Armário de brinquedos


Aspiração TOYS-CLEANING
Limpeza
Doação
TRAVESSEIROS Reparo
Revezamento
Troca
Mesa de cabeceira Vidros/Espelhos
Limpeza
ESPELHOS ( e s p e c i fi c a r c a d a )
Organização

Limpeza
Móvel de TV Conserto

Limpeza Troca

Organização
JANELA ( e s p e c i fi c a r c a d a )

Têxteis Limpeza
Conserto

TOALHAS
Paredes
Verificação de rasgos,
manchas, bainhas desfeitas Limpeza

Conserto Lavagem

Troca Pintura

LENÇÓIS Piso
Verificação de rasgos,
Limpeza
manchas, bainhas desfeitas
Cera
Conserto
Rejunte
Troca

FRONHAS
Teto
LUSTRES
Verificação de rasgos,
manchas, bainhas desfeitas Limpeza

Conserto
L ÂMPADAS
Troca
Limpeza
TAPETES
Troca
Verificação de rasgos,
manchas, bainhas desfeitas
CRISTAIS
Conserto
Troca
Troca
Limpeza
CÚPULAS
5. BANHEIROS
Troca
(verificar cada um)
Limpeza

Louças
VENTILADOR DE TETO

Limpeza CUBA DA PIA


Conserto
Limpeza
Troca
Conserto

Equipamentos VASO SANITÁRIO

Limpeza
AR CONDICIONADO
ASSENTO
Limpeza filtro
Lavagem profissional Troca
Conserto/Manutenção Conserto

DESCARGA
VENTILADOR
Troca
Limpeza
Conserto
Conserto
Troca

Armários e
TELEVISÃO E APARELHOS
ELETRÔNICOS
gavetas
Limpeza
Limpeza
Organização
Conserto
Retirar excessos
Troca

FRIGOBAR Metais
Limpeza DUCHA HIGIÊNICA
Conserto
Limpeza
Troca
Conserto
Troca
CHUVEIRO
Paredes
Limpeza
Limpeza
Conserto
Lavagem
Troca
Pintura

TORNEIRAS
Piso
Limpeza
Conserto Limpeza
Troca Cera
Rejunte

Box
RALO Lixeira
Limpeza
Limpeza
Troca
Troca

NICHO PRODUTOS DE HIGIENE

Cesto de
Limpeza
Retirar excessos
roupa suja
VIDRO
Limpeza
Limpeza
Troca
Conserto
Troca

Vidros/Espelhos
ESPELHOS ( e s p e c i fi c a r c a d a )

Limpeza
Conserto
Troca

JANELA ( e s p e c i fi c a r c a d a )

Limpeza
Conserto
49

EIXO IV

FORMAÇÃO
C U LT U R A L

OS NOIVOS –
ALESSANDRO
MANZONI
EIXO VII FORMAÇÃO CULTURAL

INTRODUÇÃO

Por que escolhi Os Noivos?


- Romance que faz uma radiografia da alma italiana particular (historicidade) e
universal
- Obra volumosa, de 550 páginas, mas deliciosa, leve e agradável, maravilhosa-
mente bem escrita, ideal para colocar vocês em contato com a alta literatura, es-
forço, empenho, desconectar do mundo virtual;
- Bem humorado, leve, preciso nas descrições psicológicas – ironia engraçada
- Tema: esperança cristã
- Importância ética: formação do imaginário – aquilo que nos inspira, nos move,
modelos nossos sonhos e desejos, ideias, impacta diretamente a nossa afetivi-
dade – realidade imaterial
- Importância cultural na formação intelectual: domínio da língua ajuda a domi-
nar nossos pensamentos e a elaborar nossas concepções de modo lógico
- Ficção histórica - “baseado em fatos reais”
- Tirania feudal
- Revoltas populares
- Turbulência da peste: descrição realista
- Questão política de fundo: libertação e unificação da Itália

ENREDO

Enredo: História de dois jovens que querem se casar, mas são impedidos
pelo desejo fútil de um nobre mau, que aposta com um primo que conquistaria
Lucia e pela covardia do pároco da Diocese que se deixa intimidar.

De todos os objetivos humanos, casar-se é um dos mais comuns: quase todas


as pessoas querem e conseguem – um desejo ordinário. O núcleo do enredo é
“o ordinário como o tema de uma epopeia” . Afinal, não experimentamos uma
verdadeira epopeia interior (e à vezes exterior) para formar nossas famílias
(cuidar do nosso casamento e dos filhos) ?

50
EIXO VII FORMAÇÃO CULTURAL

Gênero: – romance histórico – a partir de situações históricas reais cria um


enredo fictício; perigoso: distinguir do que é verdade e do que é romantização –
problema de verossimilhança – Fatos reais da Itália – como a revolta de Milão, a
própria Peste e alguns personagens, mas o romance é inventado
Personagens principais: simples, operários da tecelagem de seda, que só
querem casar – um interesse ordinário de um casal, sem grandes poderes
sociais (influência, dinheiro, etc)
* sucessão de eventos extraordinários, ações gloriosas, retumbantes, capazes de provocar a admi-
ração, a surpresa, a maravilha,

Sinopse: (Otto Maria Carpeaux)


Análise dos Personagens: vou fazer a análise do romance a partir de 5 per-
sonagens que julgo serem os principais:
- Renzo, Lucia, Fra Cristoforo, D. Abbondio e D. Rodrigo:

D. Abbondio
- Padre – “um olho no breviário e outro na paisagem” → isso resume a per-
sonalidade dele: meio pau, meio tijolo – está desconectado da sua missão espiri-
tual – excepcional covardia – ícone da literatura pela imagem da covardia – “não
nasceu com fígado de leão” – decisão de acovardar-se (“salvar a minha pele”) –
ele não quer enfrentar o D. Rodrigo – falta total da capacidade de cumprir a sua
missão
- Cura paroquial tem a função de casar os paroquianos daquela circun-
scrição (O Bispo só se submete ao Papa – Padre diocesano apenas ao Bispo)
- Modelo de fraqueza humana, de falta de coragem; de falta de decisão

Fra Cristoforo (Frei Cristóvão)


Amigo do casal – representará o oposto de D. Abbondio – virtude da cora-
gem e da vocação bem vivida – história: sujeito nobre que matou alguém e que
dá tudo o que tem para a viúva e dá a si o nome daquele que morrera por ele –
mudança extraordinária – como se fosse o branco da noiva – transição de
estado. Honra: decidiu ser padre de verdade.
Don Abbondio e Fra Cristoforo nos mostram os piores e os melhores no
sacerdócio e na vida religiosa. D. Abbondio é covarde em abandonar Renzo e
Lúcia à maldade de D. Rodrigo, colocando seu interesse próprio e conforto ma-
terial sobre o bem de seu rebanho. Em contraste, Fra Cristoforo é destemido em
sua busca por justiça para o casal de noivos, entrando na cova dos leões para en-
frentar Don Rodrigo.
51
EIXO VII FORMAÇÃO CULTURAL

D. Rodrigo
- Nobre mau – D. Rodrigo – motivo fútil: uma aposta com o primo (não a
ama de verdade) – e por isso quer atrapalhar o Casamento dos dois.
- Teimosia – vício oposto à constância – aferrado ao mau, má honra, desejos
vis – como o próprio Herodes ao matar João Batista – “já tinha prometido a
Salomé e não pode descumprir” – ninguém está obrigado a perseverar no mal
(nem a cumprir o que não foi livre para assumir como compromisso); absurda a
ideia de que ele estava obrigado a cumprir a aposta. Tema da Promessa → vai
ressurgir em Lucia, que, em desespero para salvar a própria vida, promete
sua virgindade à Nossa Senhora se ela for libertada do Inominado.
- Em Rodrigo e o Inominado, Manzoni nos apresenta dois tiranos temíveis,
cada um dos quais tiranizou os fracos no exercício do poder para seus próprios
fins. No último, ele também nos mostra um dos exemplos mais poderosos e
palpáveis de conversão espiritual em toda a literatura.

Renzo
- Princípio ativo masculino (arquétipo da virilidade): busca agir, tomar
medidas. Ativismo: quer fazer as coisas, convencer-se de que sua ação sobre o
mundo é eficaz; demonstrar a sua capacidade de fazer dar certo – mas se
descobre impotente.
- Virtudes: coragem; tem honra, hombridade; não tem medo nem desejos
mesquinhos. É bom, seus desejos são nobres e os fins benéficos e justos.
- Vícios: audácia (seu primeiro impulso é querer matar D. Rodrigo, quer
casar por meio de artifícios, se mete em confusão em Milão); impetuosidade
(Cabeça quente, precipitado em seus julgamentos, e apressado em suas ações
– Falta de prudência e temperança que, muitas vezes, piora as coisas.
- Apesar de sua fraqueza, ele é bom e forte, e não carece de coragem nem
astúcia. Por esta razão, o leitor gosta dele, apesar de sua irritante falta de julga-
mento. Desejamos-lhe bem e desejamos-lhe sucesso em se reunir com a
mulher de quem ele é tão evidentemente inferior.
- A mulher espiritualmente forte é superior ao homem, porque sua força
está em se saber conduzir. Renzo é o princípio ativo do casal, mas Lucia não se
submete a ele enquanto a Providência não cumpre o seu papel.
- Ele quer ser o Protagonista, mas quem os conduz é a Providência, que,
afinal, faz sempre o bem e prepara os dois para Casamento → Fugindo de Milão,
ele invoca a figura da Providência → “Lucia é tão boa, não pode padecer muito
tempo”.
52
EIXO VII FORMAÇÃO CULTURAL

“Omnia in Bonum”

Um dos importantes pontos de inflexão do livro é a Conversão de Renzo:


ele perdoa D. Rodrigo. Foi necessário perder o orgulho e ser capaz de compreender
o que a Lucia representa. Ele vive um processo de “feminilização” espiritual, trans-
formando-se em um ser humilde como a Lucia, reconhecendo que não seria capaz
de vencer aquela “batalha” (com suas próprias forças aparentemente simplíssima
que é “casar-se”) e que precisam contar com a Providência Divina para que isso
aconteça no final das contas.
* Outro é a conversão do Inominado

- Ressalta o papel da Providência/de Deus no Casamento – O Casamento é


sempre um vínculo entre três Pessoas: Marido, Esposa e Deus .
- Fra Cristoforo é o mediador, é quem esclarece a ação da Providência – papel
profético: coloca-o em seu lugar. Ele ensina a Renzo que ele não deve ocupar o
papel do vingador divino nem se considerar vítima das circunstâncias e do poder,
mas reconhecer-se como um pecador, como qualquer outro homem – ele precisa
perder a empáfia, sua vaidade, seu “ar quente”, para perceber que há uma mão
mais forte que todas as coisas.
- Não é uma história sobre o perdão, mas sobre o que acontece com a nossa
alma quando não nos revoltamos com a ação de Deus no mundo e somos capazes
de nos arrepender dos nossos pecados e perdoar. O perdão é uma consequência
desse processo. Sempre é. Aprendemos a perdoar quando aprendemos a amar e
nos deixar guiar pela Providência Divina. Esse processo é o que faz com que Renzo
se dê conta do que havia acontecido, do fato de que a Providência divina estava no
comando sempre, seja permitindo algo mau para extrair uma coisa boa, seja por
remediar algo que parecia insolúvel.
- A mensagem central é que a Providência sempre age na nossa história – e
é capaz de resolver os problemas que as ações concretas do homem no mundo
não são. Tudo o que Lucia e Renzo eram capazes de fazer ali, diante de todos aque-
les acontecimentos, era muito insignificante, muito pouco, porque o conjunto de
poderes que tinham sobre o mundo naquelas circunstâncias era ínfimo.
- O problema da vida humana é que ela não é só nossa ação no mundo.

Já voltaremos a analisar essa complementaridade de forças.

53
EIXO VII FORMAÇÃO CULTURAL

Lucia
- Logo que sabe do empecilho à realização do casamento, nega-se ao sub-
terfúgio: não quer começar a vida de casada dela assim e acredita na justiça aos
pobres.
- Modelo da inocência e de docilidade à vontade de Deus: Confia na vonta-
de de Deus
- Princípio feminino passivo virtuoso: lunar. O feminino representado em
Lucia é aquele que recebe e reflete a luz do sol. A natureza feminina é a condição
essencial para a realização humana, porque seu rosto humilde é capaz de enxer-
gar a Deus. A ação da providência é invisível para quem é solar.
- Só com a humildade seremos capazes de ver a face de Deus
- Princípio da paixão – que padece.
- É uma heroína digna na tradição das grandes heroínas literárias:
- Ela nos lembra a Penélope de Homero em sua fortaleza fiel em meio a
grandes provações e tribulações, exibindo uma força espiritual santa no próprio
coração da escuridão em que ela se encontra com muita frequência. Como
Penélope, ela é assediada pelos avanços indesejados de homens perversos e as-
solada por problemas que não são de sua própria autoria.
*Sobre esse tema, um livro excelente é o Três para Casar. Sheen, Fulton. J., Ed. Molokai.
- Ela exibe o poderoso silêncio da Cordelia de Shakespeare em sua res-
olução de se abster do caminho de menor resistência, mantendo sua virtude
em meio à maldade.
- Ao fazê-lo, ela também nos lembra a Beatrice de Dante, na medida em
que ela representa um ícone de feminilidade idealizada, digna do amor de
qualquer pessoa e garantindo grande sacrifício por parte do amante na busca
por ganhar sua mão;
- Preservação da virtude em meio às tribulações. Ela é flexível, se deixa guiar,
mas não cede, não sucumbe. Sua matéria espiritual é robusta, mas sua matéria
humana é dócil. Vamos trabalhar muito este tema no módulo da Liberdade.
- Biografia do Papa João XXIII – Voltou-se agora, como fizera tantas vezes
no passado, para aceitação orante e às palavras da heroína de Manzoni, Lúcia, en-
quanto se prepara para enfrentar o Inominado: “Aquele que te deu tanta
alegria está em toda parte; e ele nunca perturba a felicidade de seus filhos,
exceto para preparar para eles uma felicidade mais segura e maior.”

54
EIXO VII FORMAÇÃO CULTURAL

- Beleza de Lucia: Normal – ao final a família que abriga Renzo meio que
se surpreende. Não é a beleza estética que mobiliza grandes amores, mas uma
alma íntegra, convicta, reta. Ela não é feia, se arruma (ver a descrição logo no
início), mas isso não é o principal e, inclusive, nos damos conta que, ao longo do
livro inteiro, isso não é destacado, mas a riqueza e beleza dos seus movimentos
interiores.

Complementaridade

- Lucia confia em Deus e Renzo tenta agir. Existe uma dicotomia, mas que
revela uma complementaridade.
- A existência humana não é uma alternativa entre ação e passividade/ ativ-
idade e contemplação. A vida humana é a composição dessas duas forças o
tempo todo.
- É preciso ter, ao mesmo tempo, a capacidade de ação sobre o mundo e a
capacidade de deixar a Providência agir sobre si.
- Renzo aprende que, para deixar isso acontecer, é preciso permitir que a luz da
Providência o ilumine... o que requer a perda de todo o orgulho, toda a soberba,
toda a pretensão humana.
- Povo inocente: Lúcia (princípio feminino, passivo, espera) e Renzo
(princípio masculino, ativo, ativo, ação, justiça pessoal e social – revolução)
- Questão central do livro: papel da Providência na vida humana e o livre ar-
bítrio. Não se pode negar a existência da liberdade nem a ação de forças in-
sondáveis, que estão para além do tempo e do espaço.
- Quais as forças que atuam sobre nós?
- Herança: o ser humano herda uma série de circunstâncias que indepen-
dem dele. A maioria das coisas que nos dizem respeito não escolhemos.
- Liberdade e Responsabilidade moral: a nossa vida real repousa sobre as
decisões concretas que tomamos e, portanto, sobre as escolhas que fazemos
tendo em vista as circunstâncias que recebemos e não controlamos;
- O determinismo é um engodo, pois o homem não é produto do meio –
por mais que você herde tendências comportamentais (assim como herda car-
acterísticas físicas)

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EIXO VII FORMAÇÃO CULTURAL

- Por fim, existem interferências espirituais, forças boas ou ruins, que


atuam sobre nós sobre a forma de pensamentos, intuições, tentações... que não
explicamos. Ao lado disso tudo, a mão invisível de Deus que conduz os fatos da
História, universal e da nossa vida. Tudo o que acontece, Deus permite.
- Vida humana: soma de 3 dimensões – O que eu recebi sem pedir (he-
rança) + o que eu escolhi, o que eu faço (livre arbítrio) + Providência divina
(providência é a “caligrafia de Deus”: mão invisível que guia os acontecimentos)
- Os Noivos: casal simples, com pouquíssimo meio de ação sobre o mundo,
não são bem relacionados, não tem poder social ou econômico, mas são capazes
de decidir o que querem, com coragem, com firmeza. Não tem poder de imple-
mentar essa decisão... mas atua a Vontade Divina, por meio da Providência, que é
uma série de circunstâncias que vai acontecendo e que não depende da sua von-
tade, não depende o seu livre arbítrio, nem depende dos seus meios, mas que atua
sobre você, produz a ação final que você deseja, mas da maneira mais torta e sur-
preendente que você possa imaginar

Para refletir
-Se a nossa vida fosse:
(1) apenas o resultado de nossas ações concretas, do que deriva do livre arbítrio
seria totalmente controlada, o que é absurdo (na prática, existem coisas que resul-
tam de modo diferente do que planejamos – A vida é aquilo que acontece quando
estamos planejando) ou
(2) do que recebemos (vida humana seria parecida com a de um bichinho – per-
spectiva darwinista – seres sem nenhum mérito moral, carimbado pro sucesso ou
fracasso) – as circunstâncias não definem a nossa vida de modo absoluto;
- Interferências espirituais – contigenciam a minha vida e o meu livre
arbítrio → Mistério da Vontade Divina - limite da inteligência humana.
- Mesmo uma pessoa com grande capacidade de tomar decisões livres,
ainda assim não tem nas mãos a capacidade de mudar todas as circunstâncias ao
seu redor. O esforço não dá conta de tudo. A maioria das pessoas, por mais esforça-
da que seja, vai continuar tendo a vida muito parecida com a sua situação inicial.
O livre arbítrio não garante a sua vida, mas define seu acolhimento interior com
relação as acontecimentos e suas ações e o parâmetro com que você vai ser julga-
do moralmente.
- Nosso Juízo Final não será com base no resultado de nossas ações, mas
na intenção com que fizemos as coisas.

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EIXO VII FORMAÇÃO CULTURAL

Nos Noivos, não há um convite à inação – toda a história só tem sentido


porque eles agem: a ação é imprescindível para que possa haver a vida humana,
mas a ação não pode ser soberba nem desvinculada do respeito à vontade divina.
- A espera purifica e aguça, amplia o desejo – primeiro o jejum e depois o
Banquete – ou primeiro o Banquete e depois a dor de cabeça → via purgativa, via
contemplativa e via unitiva
- É algo passivo? Podemos fazer algumas coisas para receber os dons de
Deus, fomentando as virtudes anexas aos dons:
- Educar a nossa sensibilidade, o nosso prazer – refinar o gosto e o paladar
– apresentar-se a uma arte, aprender a captar uma beleza mais sutil, mais profun-
da – esportes, artes... educar a sensibilidade para perceber o que tem mais valor;
- No âmbito da moral: o prazer qualifica os homens, segundo Santo Agost-
inho (qual teu prazer diz quem a pessoa é – sempre que posso ajudar alguém,
ajudo; gosto de torturar animais)
- Ser capaz de contemplar a Deus nas circunstâncias, nas pessoas: fomen-
tar a educação do olhar. A beleza de sabermo-nos perto dEle nas diversas circun-
stâncias.
- Orientar a nossa afetividade para impulsionar nosso caminho, nossa
paixão pela metas: Deus cria as coisas deletáveis, bonitas: Ele viu que as coisas
eram boas!
- As circunstâncias são muito duras e podemos ser felizes nessas circun-
stâncias.
- A criação é uma brincadeira de Deus conosco. Um Homem que dançava
com Deus – brincar de viver – dar essa alegria a Deus: de experimentar sua doçura,
saborear o Amor de Deus todos os dias.

Outros personagens

Monja de Monza
- Na confusão gerada pela tentativa de casar clandestinamente e de escapar
o rapto tentado pelo D. Rodrigo, o casal é ajudado pelo Fra Cristoforo e foge da
aldeia. Renzo vai para o Mosteiro da porta Oriental em Milão e as mulheres (Inês
com D. Agnese) vão se refugiar em um convento em Monza, onde vai depender de
a Senhora aceitar o compromisso de cuidar de Lucia.

57
EIXO VII FORMAÇÃO CULTURAL

-Forçada a entrar na vida religiosa, a Monja de Monza vive uma vida amarga,
sucumbindo à fornicação e suas sórdidas ramificações.
Essa figura foi tão marcante na literatura italiana, que deu origem a um estilo de
folhetim erótico com freiras pervertidas, com orgias de lésbicas, sadomasoquis-
tas.
- A freira de apenas 25 anos dá a impressão de uma extraordinária formosura,
mas de uma beleza triste e sem viço. Cultiva uma amargura interior, um ressenti-
mento vingativo, que quer revidar todo o ódio que sente pela situação em que se
encontra. É a antípoda de Lucia, que está ali e guarda a sua liberdade interior de
não se revoltar e permanecer confiando em Deus.

Inominado
- Outro libertino, que representa um arquétipo de perversidade, enquanto
Lucia representa um arquétipo de inocência.
Ele aceita a missão de Rodrigo de raptar Lucia do convento, mas se dá conta da
diferença entre a sua vida e a daquela menina e, pelo contraste, fica atormentado
e não consegue dormir.
- Experimenta um choque disruptivo e pesa-lhe a vida como um libertino.
Sua conversão é o verdadeiro ponto de inflexão do livro, pois muda o destino da
história toda. Ele se confessa e rompe a cadeia de perseguição, passando a agir
como o protetor de quem era o algoz.

Cardeal Borromeo
- Figura histórica real, o Cardeal é o retrato de uma santidade viril – e não
adoçada.
- Servidor santo da Igreja, incansável e corajoso em seu zelo pelas almas. Um
home que efetivamente dedicou seu tempo e sua vida à contínua prática do bem

D. Inés – Agnese – mãe da Lucia:


- Representa a mulher experiente, que “concede”. Sugere de que se declarem
marido e mulher e furtivamente se celebre o casamento, ensinado à filha que: “é
preciso agir, Lucia, só com a virtude seremos tragadas pelas circunstâncias”.

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59
EXTRA

MASTERCLASS

CASAMENTOS QUE
NÃO DEVERIAM
TER EXISTIDO:
SOBRE DECLARAÇÃO DE NULIDADE
MATRIMONIAL
EXTRA MASTERCLASS

Parte I – O que é o Casamento

O SACRAMENTO DO MATRIMÔNIO
- CIC, 1601 . «O pacto matrimonial, pelo qual o homem e a mulher constituem
entre si a comunhão íntima de toda a vida, ordenado por sua índole natural ao (1)
bem dos cônjuges e (2) à procriação e educação da prole, entre os batizados foi el-
evado por Cristo Senhor à dignidade de sacramento».
*CIC = Catecismo da Igreja Católica*

- O que é um sacramento: é um sinal visível e eficaz da graça invisível da


graça, instituído por Cristo e confiado à Igreja, pelo qual nos é concedida a partici-
pação na vida divina. Os ritos visíveis, com os quais são celebrados os sacramen-
tos, significam e realizam as graças próprias de cada sacramento.
- São 7 os Sacramentos: Batismo, Eucaristia, Confissão, Crisma, Ordem, Mat-
rimônio e Unção dos Enfermos.
- CIC, 534, : Dois sacramentos, a Ordem e o Matrimônio, são ordenados para
a salvação de outrem. Se contribuem também para a salvação pessoal, é através
do serviço aos outros que o fazem. Conferem uma missão particular na Igreja, e
servem a edificação do povo de Deus.

O MATRIMÔNIO NO DESÍGNIO DE DEUS


- Do princípio ao fim, a Escritura fala do Matrimônio e do seu «mistério»,
da sua instituição e do sentido que Deus lhe deu, da sua origem e da sua finali-
dade, das suas diversas realizações ao longo da história da salvação, das suas difi-
culdades nascidas do pecado e da sua renovação «no Senhor» na Nova Aliança
de Cristo e da Igreja.

O MATRIMÔNIO NA ORDEM DA CRIAÇÃO


- CIC, 1603. «A íntima comunidade da vida e do amor conjugal foi fundada
pelo Criador e dotada de leis próprias [...]. O próprio Deus é o autor do Matrimônio
». → A vocação para o Matrimônio está inscrita na própria natureza do homem e
da mulher, tais como saíram das mãos do Criador.
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EXTRA MASTERCLASS

O Matrimônio não é uma instituição puramente humana, apesar das nu-


merosas variações a que esteve sujeito no decorrer dos séculos, nas diferentes
culturas, estruturas sociais e atitudes espirituais: existem traços comuns e per-
manentes.
- Muito embora a dignidade desta instituição nem sempre e nem por toda
a parte transpareça com a mesma clareza, existe em todas as culturas um certo
sentido da grandeza da união matrimonial.
- Deus, que é Amor, criou os seres humanos por amor, também os chamou
ao amor, vocação fundamental e inata de todo o ser humano.
- Tendo-os criado homem e mulher, o amor mútuo dos dois torna-se
imagem do amor absoluto e indefectível com que Deus ama o homem. É bom,
muito bom, aos olhos do Criador. E este amor, que Deus abençoa, está destinado
a ser fecundo e a realizar-se na obra comum do cuidado da criação: «Deus
abençoou-os e disse-lhes: "Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e sub-
metei-a"» (Gn 1, 28).
- CIC, 1605. Que o homem e a mulher tenham sido criados um para o outro,
afirma-o a Sagrada Escritura: «Não é bom que o homem esteja só» (Gn 2, 18). A
mulher, «carne da sua carne», isto é, sua igual, a criatura mais parecida com ele,
é-lhe dada por Deus como uma ,auxiliar», representando assim aquele «Deus
que é o nosso auxílio». «Por esse motivo, o homem deixará o pai e a mãe, para se
unir à sua mulher: e os dois serão uma só carne» (Gn 2, 24). Que isto significa uma
unidade indefectível das duas vidas, o próprio Senhor o mostra, ao lembrar qual
foi, «no princípio», o desígnio do Criador: «Portanto, já não são dois, mas uma só
carne» (Mt 19, 6).

O MATRIMÔNIO SOB O REGIME DO PECADO


- CIC, 1606. Todo o homem faz a experiência do mal, à sua volta e em si
mesmo. Esta experiência faz-se também sentir nas relações entre o homem e a
mulher. Desde sempre, a união de ambos foi ameaçada pela discórdia, o espírito
de domínio, a infidelidade, o ciúme e conflitos capazes de ir até ao ódio e à rup-
tura. Esta desordem pode manifestar-se de um modo mais ou menos agudo e
ser mais ou menos ultrapassada, conforme as culturas, as épocas, os indivíduos.
Mas parece, sem dúvida, ter um carácter universal.

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EXTRA MASTERCLASS

- CIC, 1607. Segundo a fé, esta desordem, que dolorosamente comprova-


mos, não procede da natureza do homem e da mulher, nem da natureza das
suas relações, mas do pecado. Ruptura com Deus, o primeiro pecado teve como
primeira consequência a ruptura da comunhão original do homem e da
mulher. As suas relações são distorcidas por acusações recíprocas; a atração
mútua, dom próprio do Criador, converte-se em relação de domínio e de cupid-
ez: a esplêndida vocação do homem e da mulher para serem fecundos, multipli-
carem-se e submeterem a terra fica sujeita às dores do parto e do ganha-pão.
- CIC, 1608. No entanto, a ordem da criação subsiste, apesar de grave-
mente perturbada. Para curar as feridas do pecado, o homem e a mulher precis-
am da ajuda da graça que Deus, na sua misericórdia infinita, nunca lhes recu-
sou. Sem esta ajuda, o homem e a mulher não podem chegar a realizar a união
das suas vidas para a qual Deus os criou «no princípio».

O MATRIMÔNIO SOB A PEDAGOGIA DA LEI


- CIC, 1609. Na sua misericórdia, Deus não abandonou o homem pecador.
As penas que se seguiram ao pecado, «as dores do parto», o trabalho «com o suor
do rosto» (Gn 3, 19), constituem também remédios que reduzem os malefícios do
pecado. Depois da queda, o matrimônio ajuda a superar o auto-isolamento, o
egoísmo, a busca do próprio prazer, e a abrir-se ao outro, à mútua ajuda, ao dom
de si.
- CIC, 1610. A consciência moral relativamente à unidade e indissolubili-
dade do matrimônio desenvolveu-se sob a pedagogia da antiga Lei. A poligamia
dos patriarcas e dos reis ainda não é explicitamente rejeitada. No entanto, a Lei
dada a Moisés visa proteger a mulher contra um domínio arbitrário por parte do
homem, ainda que a mesma Lei comporte também, segundo a palavra do
Senhor, vestígios da «dureza do coração» do homem, em razão da qual Moisés
permitiu o repúdio da mulher.
- CIC, 1611. Ao verem a Aliança de Deus com Israel sob a imagem dum
amor conjugal, exclusivo e fiel, os profetas prepararam a consciência do povo
eleito para uma inteligência aprofundada da unicidade e indissolubilidade do
matrimônio.
- Os livros de Rute e de Tobias dão testemunhos comoventes do elevado
sentido do Matrimônio, da fidelidade e da ternura dos esposos. E a Tradição viu
sempre no Cântico dos Cânticos uma expressão única do amor humano, en-
quanto reflexo do amor de Deus, amor «forte como a morte», que «nem as águas
caudalosas conseguem apagar» (Ct 8, 6-7).

62
EXTRA MASTERCLASS

O MATRIMÔNIO NO SENHOR
- CIC, 1612. A aliança nupcial entre Deus e o seu povo Israel tinha preparado
a Aliança nova e eterna, pela qual o Filho de Deus, encarnando e dando a sua
vida, uniu a Si, de certo modo, toda a humanidade por Ele salva, preparando
assim as «núpcias do Cordeiro».
- CIC, 1613. No início da sua vida pública, Jesus realiza o seu primeiro sinal –a
pedido da sua Mãe – por ocasião duma festa de casamento. A Igreja atribui uma
grande importância à presença de Jesus nas bodas de Caná. Ela vê nesse fato a
confirmação da bondade do matrimônio e o anúncio de que, doravante, o mat-
rimônio seria um sinal eficaz da presença de Cristo.
- CIC, 1614. Na sua pregação, Jesus ensinou sem equívocos o sentido original
da união do homem e da mulher, tal como o Criador a quis no princípio: a per-
missão de repudiar a sua mulher, dada por Moisés, era uma concessão à dureza
do coração: a união matrimonial do homem e da mulher é indissolúvel: foi o
próprio Deus que a estabeleceu: «Não separe, pois, o homem o que Deus uniu»
(Mt 19, 6).
- CIC, 1615. Esta insistência inequívoca na indissolubilidade do vínculo mat-
rimonial pôde criar perplexidade e aparecer como uma exigência impraticável.
- No entanto, Jesus não impôs aos esposos um fardo impossível de levar e
pesado demais, mais pesado que a Lei de Moisés. Tendo vindo restabelecer a
ordem original da criação, perturbada pelo pecado, Ele próprio dá a força e a
graça de viver o matrimônio na dimensão nova do Reino de Deus.
- É seguindo a Cristo, na renúncia a si próprios e tornando a sua cruz, que
os esposos poderão «compreender» o sentido original do matrimônio e vivê-lo
com a ajuda de Cristo. Esta graça do Matrimônio cristão é fruto da cruz de Cristo,
fonte de toda a vida cristã.
- CIC, 1616. É o que o Apóstolo Paulo nos dá a entender, quando diz: «Mari-
dos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e Se entregou por ela, a
fim de a santificar» (Ef 5, 25-26): e acrescenta imediatamente: «"Por isso o homem
deixará o pai e a mãe para se unir à sua mulher e serão os dois uma só carne". É
grande este mistério, digo-o em relação a Cristo e à Igreja» (Ef 5, 31-32).
- CIC, 1617. Toda a vida cristã tem a marca do amor esponsal entre Cristo e a
Igreja. Já o Baptismo, entrada no povo de Deus, é um mistério nupcial: é, por
assim dizer, o banho de núpcias que precede o banquete das bodas, a Eucaristia.
O Matrimônio cristão, por sua vez, torna-se sinal eficaz, sacramento da aliança de
Cristo com a Igreja. E uma vez que significa e comunica a graça desta aliança, o

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EXTRA MASTERCLASS

A CELEBRAÇÃO DO MATRIMÔNIO
- CIC, 1621. No rito latino, a celebração do Matrimônio entre dois fiéis católi-
cos tem lugar normalmente no decorrer da santa Missa, em virtude da
ligação de todos os sacramentos com o mistério pascal de Cristo. Na Eucaris-
tia realiza-se o memorial da Nova Aliança, pela qual Cristo se uniu para sempre à
Igreja, sua esposa bem-amada, por quem se entregou. Por isso, é conveniente
(não essencial, mas expressa o que é o casamento) que os esposos selem o
seu consentimento à doação recíproca pela oferenda das próprias vidas, un-
indo-a à oblação de Cristo pela sua Igreja, tornada presente no sacrifício eu-
carístico, e recebendo a Eucaristia, para que, comungando o mesmo corpo e
o mesmo sangue de Cristo, «formem um só corpo» em Cristo.
- CIC, 1622. «Enquanto ação sacramental de santificação, a celebração litúr-
gica do Matrimônio [...] deve ser por si mesma válida, digna e frutuosa». Por isso,
é conveniente que os futuros esposos se preparem para a celebração do seu
Matrimônio, recebendo o sacramento da Penitência.
- CIC, 1623. Segundo a tradição latina, são os esposos quem, como ministros
da graça de Cristo, mutuamente se conferem o sacramento do Matrimônio, ao
exprimirem, perante a Igreja, o seu consentimento.
- CIC, 1624. As diversas liturgias são ricas em orações de bênção e de epiclese,
pedindo a Deus a sua graça e invocando a sua bênção sobre o novo casal, espe-
cialmente sobre a esposa. Na epiclese deste sacramento, os esposos recebem o
Espírito Santo como comunhão do amor de Cristo e da Igreja. É Ele o selo da
aliança de ambos, a nascente sempre oferecida do seu amor, a força pela qual se
renovará a sua fidelidade.

O CONSENTIMENTO MATRIMONIAL
- CIC, 1625. Os protagonistas da aliança matrimonial são um homem e uma
mulher batizados, livres para contrair Matrimônio e que livremente exprimem o
seu consentimento.
- «Ser livre» quer dizer: não ser constrangido e não estar impedido por nen-
huma lei natural nem eclesiástica.
* CIC, 1626. A Igreja considera a permuta dos consentimentos entre os es-
posos como o elemento indispensável «que constitui o Matrimônios.
* Se faltar o consentimento, não há Matrimônio.

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EXTRA MASTERCLASS

- CIC, 1627. O consentimento consiste num «ato humano pelo qual os es-
posos se dão e se recebem mutuamente»: «Eu recebo-te por minha esposa. Eu
recebo-te por meu esposo».
- Este consentimento, que une os esposos entre si, tem a sua consumação
no fato de os dois «se tornarem uma só carne».
- CIC, 1628. O consentimento deve ser um ato da vontade de cada um
dos contraentes, livre de violência ou de grave temor externo. Nenhum poder
humano pode substituir-se a este consentimento. Faltando esta liberdade, o
matrimônio é inválido.
- CIC, 1629. Por este motivo (ou por outras razões, que tornem nulo ou não
realizado o casamento), a Igreja pode, depois de examinada a situação pelo
tribunal eclesiástico competente, declarar «a nulidade do Matrimônio», ou
seja, que o Matrimônio nunca existiu. Em tal caso, os contraentes ficam livres
para se casarem, salvaguardadas as obrigações naturais resultantes da união
anterior.
- CIC, 1630. O sacerdote (ou o diácono), que assiste à celebração do Mat-
rimônio, recebe o consentimento dos esposos em nome da Igreja e dá a bênção
da Igreja. A presença do ministro da Igreja (bem como das testemunhas) ex-
prime visivelmente que o Matrimônio é uma realidade eclesial.
- CIC, 1631. É por esse motivo que, normalmente, a Igreja exige para os seus
fiéis a forma eclesiástica da celebração do Matrimônio.
- O Matrimônio sacramental é um ato litúrgico. Portanto, é conveniente
que seja celebrado na liturgia pública da Igreja;
- O Matrimônio introduz num ordo eclesial, cria direitos e deveres na Igreja,
entre os esposos e para com os filhos; uma vez que o Matrimônio é um estado de
vida na Igreja, é necessário que haja a certeza a respeito dele (daí a obrigação de
haver testemunhas); – o carácter público do consentimento protege o «sim»
uma vez dado e ajuda a permanecer-lhe fiel.
- CIC, 1632. Para que o «sim» dos esposos seja um ato livre e responsável, e
para que a aliança matrimonial tenha bases humanas e cristãs sólidas e dura-
douras, é de primordial importância a preparação para o matrimônio:

OS EFEITOS DO SACRAMENTO DO MATRIMÔNIO


- CIC, 1638. « Do Matrimônio válido origina-se entre os cônjuges um vínculo
de sua natureza perpétuo e exclusivo: no matrimônio cristão, além disso, são os
cônjuges robustecidos e como que consagrados por um sacramento peculiar
para os deveres e dignidade do seu estado»
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EXTRA MASTERCLASS

O VÍNCULO MATRIMONIAL
- CIC, 1639. O consentimento, pelo qual os esposos mutuamente se dão e
se recebem, é selado pelo próprio Deus. Da sua aliança «nasce uma instituição,
também à face da sociedade, tornada firme e estável pela lei divina». A aliança
dos esposos é integrada na aliança de Deus com os homens: «O autêntico amor
conjugal é assumido no amor divino».
- CIC, 1640. O vínculo matrimonial é, portanto, estabelecido pelo próprio
Deus, de maneira que o Matrimônio ratificado e consumado entre batizados não
pode jamais ser dissolvido.
- Este vínculo, resultante do ato humano livre dos esposos e da consumação
do Matrimônio, é, a partir de então, uma realidade irrevogável e dá origem a uma
aliança garantida pela fidelidade de Deus. A Igreja não tem poder para se pro-
nunciar contra esta disposição da sabedoria divina.

A GRAÇA DO SACRAMENTO DO MATRIMÔNIO


- CIC, 1641. Os esposos cristãos, «no seu estado de vida e na sua ordem,
têm, no povo de Deus, os seus dons próprios». Esta graça própria do sacramento
do Matrimônio destina-se a aperfeiçoar o amor dos cônjuges e a fortalecer a
sua unidade indissolúvel. Por meio desta graça, «eles auxiliam-se mutuamente
para chegarem à santidade pela vida conjugal e pela procriação e educação dos
filhos».
- CIC, 1632. Cristo é a fonte desta graça. «Assim como outrora Deus veio ao
encontro do seu povo com unia aliança de amor e fidelidade, assim agora o Sal-
vador dos homens e Esposo da Igreja vem ao encontro dos esposos cristãos com
o sacramento do Matrimônio». Fica com eles, dá-lhes a coragem de O seguirem
tomando sobre si a sua cruz, de se levantarem depois das quedas, de se perdo-
arem mutuamente, de levarem o fardo um do outro, de serem «submissos um
ao outro no temor de Cristo» (Ef 5, 21) e de se amarem com um amor sobrenatu-
ral, delicado e fecundo. Nas alegrias do seu amor e da sua vida familiar, Ele
dá-lhes, já neste mundo, um antegosto do festim das núpcias do Cordeiro:

«Onde irei buscar forças para descrever, de modo satisfatório, a felicidade do Matrimônio
que a Igreja une, que a oblação eucarística confirma e a bênção sela? Os anjos procla-
mam-no, o Pai celeste ratifica-o [...] Que jugo o de dois cristãos, unidos por uma só esper-
ança, um único desejo, uma única disciplina, um mesmo serviço! Ambos filhos do mesmo
Pai, servos do mesmo Senhor; nada os separa, nem no espírito nem na carne; pelo con-

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trário, eles são verdadeiramente dois numa só carne. Ora, onde a carne á só uma, também
um só é o espírito».
EXTRA MASTERCLASS

OS BENS E AS EXIGÊNCIAS DO AMOR CONJUGAL


- CIC, 1644. Pela sua própria natureza, o amor dos esposos exige a unidade
e a indissolubilidade da sua comunidade de pessoas, a qual engloba toda a sua
vida: «assim, já não são dois, mas uma só carne» (Mt 19, 6). «Eles são chamados a
crescer sem cessar na sua comunhão, através da fidelidade quotidiana à
promessa da mútua doação total que o Matrimônio implica». Esta comunhão
humana é confirmada, purificada e aperfeiçoada pela comunhão em Jesus
Cristo, conferida pelo sacramento do Matrimônio; e aprofunda-se pela vida da fé
comum e pela Eucaristia recebida em comum.
- CIC, 1645. «A igual dignidade pessoal, que se deve reconhecer à mulher e
ao homem no amor pleno que têm um pelo outro, manifesta claramente a uni-
dade do Matrimônio, confirmada pelo Senhor». A poligamia é contrária a esta
igual dignidade e ao amor conjugal, que é único e exclusivo.

A FIDELIDADE DO AMOR CONJUGAL


- CIC, 1646. Pela sua própria natureza, o amor conjugal exige dos esposos
uma fidelidade inviolável. Esta é uma consequência da doação de si mesmos
que os esposos fazem um ao outro. O amor quer ser definitivo. Não pode ser «até
nova ordem». «Esta união íntima, enquanto doação recíproca de duas pessoas,
tal como o bem dos filhos, exigem a inteira fidelidade dos cônjuges e reclamam
a sua união indissolúvel».
- CIC, 1647. O motivo mais profundo encontra-se na fidelidade de Deus à
sua aliança, de Cristo à sua Igreja. Pelo sacramento do Matrimônio, os esposos
ficam habilitados a representar esta fidelidade e a dar testemunho dela. Pelo
sacramento, a indissolubilidade do Matrimônio adquire um sentido novo e mais
profundo.
- CIC, 1648. Pode parecer difícil, e até impossível, ligar-se por toda a vida a
um ser humano. Por isso mesmo, é da maior importância anunciar a boa-nova
de que Deus nos ama com um amor definitivo e irrevogável, de que os es-
posos participam neste amor que os conduz e sustém e de que, pela sua fi-
delidade, podem ser testemunhas do amor fiel de Deus. Os esposos que, com
a graça de Deus, dão este testemunho, muitas vezes em condições bem difíceis,
merecem a gratidão e o amparo da comunidade eclesial.
- CIC, 1649. No entanto, há situações em que a coabitação matrimonial se
torna praticamente impossível pelas mais diversas razões. Em tais casos, a Igreja
admite a separação física dos esposos e o fim da coabitação. Mas os esposos
não deixam de ser marido e mulher perante Deus: não são livres de contrair
nova união.
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EXTRA MASTERCLASS

Nesta situação difícil, a melhor solução seria, se possível, a reconciliação.


A comunidade cristã é chamada a ajudar estas pessoas a viverem cristãmente a
sua situação, na fidelidade ao vínculo do seu Matrimônio, que continua indis-
solúvel.
- CIC, 1650. Hoje em dia e em muitos países, são numerosos os católicos que
recorrem ao divórcio, em conformidade com as leis civis, e que contraem civil-
mente uma nova união. A Igreja mantém, por fidelidade à palavra de Jesus Cristo
(«quem repudia a sua mulher e casa com outra comete adultério em relação à
primeira; e se uma mulher repudia o seu marido e casa com outro, comete
adultério»: Mc 10, 11-12), que não pode reconhecer como válida uma nova união, se
o primeiro Matrimônio foi válido.
- Se os divorciados se casam civilmente, ficam numa situação objetivamente
contrária à lei de Deus. Por isso, não podem aproximar-se da comunhão eu-
carística, enquanto persistir tal situação. Pelo mesmo motivo, ficam impedidos
de exercer certas responsabilidades eclesiais. A reconciliação, por meio do sacra-
mento da Penitência, só pode ser dada àqueles que se arrependerem de ter vio-
lado o sinal da Aliança e da fidelidade a Cristo e se comprometerem a viver em
continência completa.
- CIC, 1651. Com respeito a cristãos que vivem nesta situação e que muitas
vezes conservam a fé e desejam educar cristãmente os seus filhos, os sacerdotes
e toda a comunidade devem dar provas duma solicitude atenta, para que eles
não se sintam separados da Igreja, em cuja vida podem e devem participar como
batizados que são:
- «Serão convidados a ouvir a Palavra de Deus, a assistir ao sacrifício da Missa,
a perseverar na oração, a prestar o seu contributo às obras de caridade e às inicia-
tivas da comunidade em prol da justiça, a educar os seus filhos na fé cristã, a cul-
tivar o espírito de penitência e a cumprir os atos respectivos, a fim de im-
plorarem, dia após dia, a graça de Deus».

Parte II – Causas de Nulidade

1. Ponto de partida: A Igreja não anula nenhum casamento. Ela apenas


declara nulos aqueles que nunca existiram, e foram aparentes e inválidos.
2. Os casamento são presumivelmente válidos. É preciso que se prove que
são nulos.

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EXTRA MASTERCLASS

3. TIPOS:
IMPEDIMENTOS: casar violando alguma lei divina, natural ou da Igreja → são
dispensáveis pelo Bispo (necessário verificar se houve dispensa)
São 12:
1- Idade: mulher antes dos 14 e a mulher antes dos 16 – presume-se que não
são capazes, mas o homem antes dos 18 e a mulher antes dos 16 ainda exigem
dispensa → se, mesmo assim, for provado que não tinha maturidade quanto ao
compromisso que assumiriam e seus deveres essenciais, o casamento é nulo. “É
imaturo o homem (ou a mulher) que age como se fosse solteiro: namora com
outras mulheres, volta tarde da noite sem justo motivo, não compartilha a vida
com a esposa, não se preocupa em sustentar a casa e os filhos e coisas semel-
hantes”.

2- Impotência antecedente e real para realizar o ato conjugal completo e nat-


ural. Atenção: se a impotência for decorrente da velhice, ela não invalida o casa-
mento.

3- Vínculo Matrimonial pré-existente

4- Disparidade de culto: entre um batizado e outro não batizado (entre católi-


co e protestante, por serem cristãos, não é nulo é possível, mas exige dispensa).
Não é sacramento, mas casamento natural. Não cria a comunhão com a Igreja.

5- Ordem Sagrada

6- Voto de Castidade (instituto religioso)

7- Rapto (sem consentimento)

8- Assassinato de Cônjuge (colaboração dos dois, mesmo que não seja para
casar, ou um dos dois o faz para casar)

9- Parentesco de Consanguíneos:
- Pais com filhos ou netos
-Irmãos
- Primos (filhos de irmãos)

10- Afinidade (todos esses vínculos acima decorrentes do casamento)

11- Pública Honestidade (todos esses vínculos acima decorrentes de união


pública, ex. união estável)

12- Parentesco Legal (todos esses vínculos acima decorrentes de adoção)

VÍCIOS DE CONSENTIMENTO: falhas subjetivas (na mente) que produzem


a impossibilidade de consentir efetivamente, como estar embriagado ou droga-
do, em surto psicótico, depressivo, crise psíquica, contra a sua vontade, disposto
a divorciar-se...
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EXTRA MASTERCLASS

A maior parte dos vícios de se encontra aqui: ninguém pode casar com
sua liberdade minimamente forçada, seja por forças externas seja por forças in-
ternas; casar sem vontade; casar sem capacidade de assumir os compromissos
- Hábil, capaz: não pode ser criança ou incapaz mentalmente
- O ato deve ser totalmente livre de qualquer condicionamento que lhe di-
minua a vontade (querer racional):
São 10
1- Falta do uso da razão

2- Falta da discrição de juízo – incapaz de agir como uma pessoa casada e


assumir seus compromissos – cuidar dos filhos, tratar o cônjuge com respeito e
dignidade, excesso de dependência dos pais, fora da realidade, agressividade,
incapacidade de dialogar...;

3- Incapacidade de assumir obrigações matrimoniais por causas psíquicas


(descontrole total, maníaco, irresponsável, irascível, intratável, sem diálogo, es-
quizoide, misóginos e narcisistas). As obrigações são:
- Formar comunhão de vida e de amor entre marido e mulher
- Promover o bem do cônjuge
- Promover o bem e a educação dos filhos
- Fidelidade
- Indissolubilidade
Exemplos: Compulsão sexual; homossexualismo; pedofilia; sadismo; dependên-
cia de drogas; ludopatia; agressividade patológica grave; psicoses graves
(esquizofrenia, paranoia, maníaco-depressiva).

4- Ignorância sobre o que é o casamento

5- Erro de pessoa

6- Erro grave da qualidade diretamente visada

7- Dolo (vontade deliberada de enganar que perturbe gravemente a co-


munhão dos esposos)

8- Simulação (por fora diz “sim”, mas por dentro diz “não” – casa, mas não
quer ter filhos, está disposto a divorciar-se, não quer formar uma comunhão de
vida...)

9- Condição (decisão de manter-se casado se houver algo no futuro...se já


tiver se curado da doença, do vício, se ficar rico como promete, etc.)

10- Coação ou medo (sente-se ou é, de fato, obrigado – a vontade está


lesada – nem precisa ser expresso, pode ser presumido pelos valores familiares,
por ex., temor reverencial, perante autoridades, chefes, patrões, mestres)
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EXTRA MASTERCLASS

DEFEITOS DE FORMA: formas eclesiais, como os proclamas, dispensas, doc-


umentos, formas, rito todo (palavras, ministro, etc.)
- Duas testemunhas que entendam o que é o casamento
- Assistente, que é o Padre ou diácono, deve pedir e receber o consentimen-
to dos noivos em nome da Igreja
- Assistente deve estar dentro do território , caso contrário precisa de autor-
ização do Bispo ou do Pároco.
- Palavras do Ritual canônico
- Salvo em caso de perigo de morte (dispensa a formalidade)

4. PROCESSO
- É dispendioso, como todo processo;
- Tornou-se mais célere com o Papa Francisco, porque antes só o Papa
mesmo sentenciava. Agora, após a instrução, o próprio Bispo com dois asses-
sores dá a sentença.
- Casos claros de nulidade são julgados diretamente pelos Bispos, mas, em
geral, são encaminhados ao Tribunal de 1a Instância, que inicia o processo, recol-
her as provas e profere a sentença.
- Depois vai pra 2a Instância que reexamina o processo, confirmando a sen-
tença ou proferindo uma nova.
* Caso sejam iguais, o processo acaba
*Caso dOs Noivos.
* Se diferentes, a parte interessada pode apelar ao Tribunal da Rota
Romana, submetido diretamente ao Papa (e arcar com as despesas)

Será disponibilizado também um arquivo com a lista de documentação necessária, o passo


a passo e modelos de Libelo e Sanação da Raiz.

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BIBLIOGRAFIA

1. AGOSTINHO, Cidade de Deus. Vol. 2. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenki-


an, 2006. Livro XV, cap. I e V.
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com a destruição dos vivos. Disponível em: https://on.sound-
cloud.com/Vcnh9EyV7JU3oHcZ9
4. CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
5. CARPEAUX, Otto-Maria. Introdução aOs Noivos. Ed. Sétimo Selo
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Disponível em: https://opusdei.org/pt-pt/article/chegar-pessoa-integri-
dade-papel-afetos
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DUMOUCHEL, Paul. (org.). Violence et Verité – actes du coloque de Cerisy.
Paris: Grasset, 1985, pp. 235-241.
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completas, vol. XVIII. Trad. Paulo César de Souza. Companhia das letras, São
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Christian Mellon, Jean-Marie Muller, Hervé Ott et Jacques Sémelin. Alterna-
tives non violentes, n. 36, jan. pp. 49-67.
10. HORTAL, Jesús. Casamentos que nunca deveriam ter existido: uma
solução pastoral. Ed. Loyola
11. KANT, Immanuel. Ideia de uma historia universal de um ponto de vista
cosmopolita. Ed. Martins Fontes, São Paulo: 2004
12. MANENT, Pierre. La leçon de Ténèbres de René Girard. Commentaire 19,
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14. NASSER, José Monir. Análise d’Os Noivos. Disponível em: https://you-
tu.be/lOTGc_SSur4
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BIBLIOGRAFIA

16. PINHEIRO, Victor Sales. Palestras:


16.1- Análise dOs Noivos. Disponível em: https://youtu.be/fVaGaLdf6fk
16.2- A Virtude da Ordem – Organizando um estudo eficiente. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=tydcp2eUWZY
16.3 - A Virtude da Ordem e Integração - Mentoria Acadêmica e Intelec-
tual. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=CcnWBK7-
JbD4&t=3s
16.4 - A Virtude da Ordem - Hierarquias e Prioridades. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=46U2VqGkUd0&t=4s
17. RESENDE, Sergio. Palestras:
17.1- As Duas Inocências. Disponível em:
https://youtu.be/c3w14CBSCaA
17.2- Corpo, Alma e Espírito. Disponível em:
https://youtu.be/bkdkA3gKdDc
17.3- Eva ou a Alma Inquieta. Disponível em:
https://youtu.be/VtUyhj8U_aA
17.4-Adultério espiritual. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=nSKJEhIRl9E
18. SARRAIS, Fernando. Compreender a Afetividade. Ed. Cultor de Livros
19. SCHWAGER, Raymund. Banished from the Eden. Ed. Gracewing Publish-
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20. SERMAN, Paula. Detoxificação da imagem: formulário de ectoscopia.
21. WILLEMSENS, Pedro Padre (Canal Granum Sinapis). Meditações:
21.1- Em Busca da Unidade Perdida. Disponível em: https://you-
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21.2- Disciplina. Disponível em: https://youtu.be/VXGvt7D3xxg
21.3- O Pecado, Ferida da alma. Disponível em: https://youtu.be/MP-
mgu0MxB5A
22. YEPES, Ricardo. Fundamentos de Antropologia. Ed. Instituto Brasileiro
de Filosofia e Ciência “Raimundo Lúlio”

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