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RESENHA CRÍTICA DO FILME HANS STADEN

Rebeca Maria Carrion Freire Pessoa

O filme é narrado por Hans Staden, um viajante alemão, que vindo ao Brasil como
artilheiro em navios espanhóis teve sua embarcação naufragada. Para sua sobrevivência,
Staden foi viver em São Vicente e serviu como instrutor de artilharia para os portugueses.
Quando estava prestes a voltar para a Europa, Staden foi capturado pelos índios
tupinanbás, aliados dos franceses, em uma caçada a procura de seu escravo. Mesmo
clamando não ser português, ele foi levado para a aldeia de Koniambebe, com a
finalidade de ser morto e alimentar os povos indígenas, pois os tupinambás eram adeptos
a antropofagia. Em Koniambebe, Hans Staden viveu durante nove meses.

Várias foram as tentativas para matar Hans Staden, mas de alguma forma a sorte estava
com ele. Durante o período que esteve preso a sua fé foi essencial para que pudesse
resistir às situações de extrema privação. Ele acreditava que, através de suas orações, o
seu Deus o mantinha vivo. A religiosidade era muito forte em toda narrativa, pois o autor
sempre fala da presença de Deus e que o mesmo sempre o salvara, deixando-o sempre
agradecido por está dádiva. Existia uma intolerância religiosa presente em ambos os
lados: o alemão considerava seu deus o único, já os nativos tinham muitos deuses e não
acreditavam na existência do deus de Staden.

Foi nesse mesmo tempo que esteve cativo que ele pode conhecer aspectos importantes
da organização daqueles índios. Ele observou seus ritos, crenças, seus hábitos e
costumes. Com muita estranheza ele foi incorporando informações sobre uma sociedade
que vivia da caça, pesca e colheita. Uma sociedade em que não existia dinheiro ou
riquezas, não se acumulavam terras e no qual todos viviam para o bem da natureza. Uma
sociedade sem privilégios, onde todos eram respeitados.

Foram muitas as tentativas do alemão de se libertar dos indígenas, mas sempre


fracassadas. Duas expedições tentaram resgata-lo, porém, não tiveram êxito. Ele tentou
pedir asilo a alguns marinheiros franceses, mas estes não quiseram se indispor com os
tupinambás que eram seus aliados e com quem mantinham práticas de escambo. Por fim,
uma embarcação de franceses amigos trouxe presentes aos índios em troca de sua
liberdade, chegando ao fim os seus dias de cativeiro. Nessa embarcação retornou a
Europa, seguindo para sua cidade natal.
Hans Staden é um retrato seco e fiel da História Colonial, sem julgamentos, emoções ou
aventuras espetaculares. É uma visão ilustrada e pitoresca de uma época de nossa
história, onde os índios ainda tinham um pouco de força e poder, não sendo tão afetados
pela ganância e vícios do homem branco. A narrativa de Staden descreve fatos e
costumes, trazendo a visão da cultura indígena com uma riqueza de detalhes que não se
acha em outras fontes.

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