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A Aplicabilidade de Políticas Criminais em Face Da Ressocialização Do Acusado em Benefício Do Estado, Sociedade e Usuário Do Sistema Revisado
A Aplicabilidade de Políticas Criminais em Face Da Ressocialização Do Acusado em Benefício Do Estado, Sociedade e Usuário Do Sistema Revisado
Resumo
O presente trabalho visa elucidar a sistemática das políticas públicas criminais, aplicadas por
meio do Estado para viabilizar melhorias aos usuários (acusado), bem como refletir em efeitos
positivos à sociedade e ao Estado. Assim, será exemplificada parte das melhorias inseridas na
classe carcerária. Contudo, o trabalho não será pautado apenas nas condições do cárcere
brasileiro, mas também na parte histórica, principiológica, na ressocialização e, claro, nos
números excessivos de presos no país de forma indevida ou em condições precárias. Desta
forma, será realizado um estudo que visa demonstrar a necessidade de haver mais políticas
públicas criminais para ensejar modalidades menos agressivas quando se houver a constatação
da desnecessidade de processamento da pena. Nesta síntese, será realizado um estudo em
cima das condições precárias das penitenciais, das formas de aplicação da pena e do efeito
reverso positivista em criar ações que evitem o aprisionamento de acusados, evitando com
que as cadeias transformem-se em escolas do crime. A problemática do tema está em aplicar
ou não politicas criminais, pois de fato a falta de aplicação faz com que gire a roda do crime,
ocorrendo a reincidência. Diferentemente ocorreria, se houvesse ressocialização aplicada em
um único investimento de métodos ressocializáveis, o que evitaria o retorno do criminoso ao
crime, trazendo menos gastos no futuro ao Estado, agiria positivamente ao preso e sua família,
que sofre com o aprisionamento, e é claro à sociedade que estaria livre de ser vítima
novamente.
1
Acadêmica do Curso de Direito pela Faculdade Católica de Rondônia. Cursando o 8° período. RA: 20171115,
com endereço eletrônico: <rhaissaalencar@gmail.com>.
2
Mestrando em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal Fluminense. Possui graduação em Direito
(2005), Especialização em Direito Material e Processual Civil (2008), e Direito Material e Processual Eleitoral
(2008) - todos pela Faculdade de Ciências Humanas, Exatas e Letras de Rondônia, Especialização em Direito
Processual Penal pela Universidade Gama Filho/RJ (2009), e Especialização em Direito Constitucional pela
Universidade Anhanguera/UNIDERP (2014). É professor universitário (Graduação e Pós-graduação) e
advogado. Com endereço eletrônico: <Thiago.viana@fcr.edu.br>.
2
Abstract
This work aims to elucidate the systematic of criminal public policies applied by the State to
enable improvements to users (accused), as well as to reflect on positive effects on society
and the State. Thus, part of the improvements introduced in the prison class will be
exemplified, however, the work will not only be based on the conditions of the Brazilian
prison, but also on the historical, principled part, on resocialization and, of course, on the
excessive numbers of prisoners in the country improperly or in poor conditions. Thus, a study
will be carried out that aims to demonstrate the need for more public criminal policies to
create less aggressive modalities when there is evidence that there is no need to process the
sentence. In this synthesis, a study will be carried out on the precarious conditions of
penitentials, the ways of applying the penalty and the positivist reverse effect of creating
actions that avoid the imprisonment of the accused, preventing them from becoming schools
of crime. The issue of the theme is whether or not to apply criminal policies, as in fact the
lack of application turns the wheel of crime with recidivism, unlike if there were
resocialization applied, a single investment of resocializable methods would pay for the
criminal's return to crime, bringing less spent in the future by the State, positively to the
prisoner and his family who suffer from imprisonment and, of course, society is free from
being victims again.
1. INTRODUÇÃO
2. DESENVOLVIMENTO
O Direito Penal e Processual Penal são áreas específicas que cuidam da parte
relacionada à última ratio3 do Estado em detrimento ao bem jurídico, seja à vida, ou um
objeto (bem material/patrimonial), moral (extrapatrimonial), entre tantos outros bens tutelados
pelo Estado em prol dele mesmo e em face da sociedade. Mas, para que isso ocorra, é
necessário haver leis e procedimentos a serem seguidos, e é claro que essa necessidade de
regulamentar limites de punir é necessária aos que ultrapassam preceitos sociais. Por isso que,
atualmente, existem normas, e é por conta disso que é de suma importância elucidar a parte
histórica e evolutiva desta espécie do direito, a fim de se entender como os regramentos
chegaram ao Brasil e se iniciaram suas primeiras aplicabilidades criminais. Serão apreciados
3
SIGNIFICADOS. Significado de Ultima ratio. Site Significados. Disponível em:
<https://www.significados.com.br/ultima-ratio/>. Acessado em: 10 março 2021.
4
até os dias atuais, pairando sob a problemática do caos da falta de eficácia nos resultados da
aplicabilidade das penas, trazendo uma visão reversa da não aplicabilidade e/ou
ressocialização.
Mas nem sempre foi assim o sistema penal brasileiro, antes de serem normatizadas leis
e realizada a organização do Estado para aplicá-las de forma igualitária a todos, havia uma
maneira não convencional aos dias atuais de punir alguém por transigir uma conduta que
deveria ser seguida na época.
Nas palavras de Rogério Sanches Cunha, In verbis:
4
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Geral. Volume Único. 3° Ed. Salvador: Editora
JusPodivm, 2015, p. 45.
5
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Parte Geral. Volume 1. 19° Ed. Revista Atualizada e Ampliada.
Niterói, Rio de Janeiro: Editora Impetus. 2017, p. 46-50.
6
BITENCOUR, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. Volume 1. 26 Ed. São Paulo: Editora Saraiva
Educação, 2020, p. 88.
5
7
BITENCOUR, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. Volume 1. 26 Ed. São Paulo: Editora Saraiva
Educação, 2020, p. 89.
8
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Parte Geral. Volume 1. 19° Ed. Revista Atualizada e Ampliada.
Niterói Rio de Janeiro: Editora Impetus. 2017, p. 46.
9
BRASIL. Decreto Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Planalto. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm>. Acessado em: 11 abril de 2021.
10
BRASIL. Lei n° 11.340, de 7 de agosto de 2006. Planalto. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm>. Acessado em: 12 abril de 2021.
11
BRASIL. Lei n° 11.343, de 23 de agosto de 2006. Planalto. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm>. Acessado em: 12 abril de 2021.
12
BRASIL. Decreto Lei n° 3.689, de 3 outubro de 1941. Planalto. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm>. Acessado em: 13 abril 2021.
6
claro que existem alguns procedimentos especiais trazidos por algumas leis, mas a grande
maioria está disposto no CPP.
Todavia, em um sentido histórico, levaram-se anos para que se fossem criados tanto o
direito penal como o direito processo penal de maneira extensa, conduzindo todos os
movimentos e procedimentos possíveis e necessários do começo ao fim do processo. Desta
maneira, antes do CPP de 1940, houve as seguintes existências processuais na história:
Nota-se que na época não era suficiente, devendo haver uma única lei que
regulamentasse todos os procedimentos criminais. Assim, no dia 29 de novembro do ano de
1832, deu-se início ao surgimento do primeiro Código de Processo Criminal, no qual “havia
nova divisão para as Comarcas; inseriu-se o júri em todas as causas criminais; além de várias
normas de transição de competência”. 14
Após esta evolução, o CPP passou o último promulgado a vigorar com força no
sistema até a presente atualidade, logicamente com diversas atualizações, como o pacote
anticrime da Lei 13.964 de 201915, que alterou diversos dispositivos. Contudo, de modo
geral, ainda continua em vigor a lei de 1941.
Os princípios nada mais são do que fontes complementadoras das leis, e, muitas vezes,
até bases para entendimentos diversos a elas mesmas; já que os princípios, em primeiro lugar,
13
NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Processual Penal. 17° Ed. Rio de Janeiro: Editora Forense,
2020. p. 244.
14
NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Processual Penal. 17° Ed. Rio de Janeiro: Editora Forense,
2020. p. 244.
15
BRASIL. Lei n° 13.964, de 24 de dezembro de 2019. Planalto. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13964.htm>. Acessado em: 10 mai. de 2021.
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são trazidos ao ordenamento jurídico a fim de respaldar direitos, preceitos básicos do ser
humano, em conjunto com a lei, mas em prol da pessoa/ser humano.
Miguel Reale conceitua princípio como sendo:
Já Luís Roberto Barroso traz seu entendimento frente aos princípios como sendo: “o
conjunto de normas que espelham a ideologia da Constituição, seus postulados básicos e seus
fins. Dito de forma sumária, os princípios constitucionais são as normas eleitas pelo
constituinte como fundamentos ou qualificações essenciais da ordem jurídica que institui.” 17
Nesta senda, serão elucidados os principais princípios, iniciando com o princípio da
dignidade da pessoa humana e o da igualdade, os quais andam lado a lado. Considerado
princípio geral, constitucional e explícito disposto na própria letra de lei, o primeiro está
disposto no artigo 1°, inciso III – “a dignidade da pessoa humana;” e o segundo no caput do
artigo 5° e também inciso I, ambos da Constituição Federal.18
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I -
homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição;19
Desta maneira, independente do delito cometido pelo acusado, todo ser humano deve
sim ser devidamente processado, recebendo todos os direitos inerentes ao processo, e, em
caso de condenação, receber o devido respeito de forma digna aos direitos básicos, como
higiene, trabalho, alimentação, saúde entre tantos outros, e findar com a precariedade e
insalubridade do sistema, pois todos estes direitos dos apenados e deveres do Estado estão
devidamente previstos na Constituição Federal, Lei de Execução Penal e Direitos Humanos.
Além disso, vale lembrar que todos os direitos emanam do princípio da dignidade da pessoa
16
REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 11° ed. São Paulo: Saraiva, 1986. p 60.
17
BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição: fundamentos de uma dogmática
constitucional transformadora. São Paulo, Saraiva, 1999, pág. 147.
18
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Planalto. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acessado em: 15 de abril 2021.
19
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Planalto. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acessado em: 15 de abril 2021.
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humana, em ter o mínimo para sua existência/sobrevivência; todavia, infelizmente, isso não
costuma ser visto dentro dos presídios brasileiros.
Outro princípio de grande relevância é o da presunção de inocência, previsto no texto
constitucional, mas com aplicabilidade direta no direito penal, também disposto no artigo 5°,
inciso LVII: “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória; (...).” 20
Este princípio traduz o diverso da realidade nos presídios brasileiros, onde a grande
maioria cumpre pena antes mesmo da condenação transitada em julgado, sendo esquecidos e
encarcerados. Com isso o efeito é só um, revolta contra o Estado e Sociedade, com o único
sentimento de vingança, no momento que for posto em liberdade, retornando à vida
criminosa, na grande maioria das vezes sendo reincidente; pois, para a prática do trabalho,
deveria ser abordada a ressocialização como alvo principal.
Já o in dubio pro reo é quando o órgão acusador possui a falta de elementos
probatórios suficientes para trazer uma clara autoria e, consequentemente, uma condenação
sem quaisquer tipos de dúvida. O termo vem do Latim e significa "na dúvida será dado a
favor do réu", ou seja, melhor um culpado solto do que um inocente preso.21
O in dubio pro reo não é, portanto, uma simples regra de apreciação das provas. Na
verdade, deve ser utilizado no momento da valoração das provas: na dúvida, a
decisão tem de favorecer o imputado, pois não tem ele a obrigação de provar que
não praticou o delito. Enfim, não se justifica, sem base probatória idônea, a
formulação possível de qualquer juízo condenatório, que deve sempre assentar-se –
para que se qualifique como ato revestido de validade ético-jurídica – em elementos
de certeza. 22
De acordo com esse princípio, que funciona como causa supralegal de exclusão da
tipicidade, pela ausência da tipicidade material, não pode ser considerado criminoso
o comportamento humano que, embora tipificado em lei, não afrontar o sentimento
social de Justiça. É o caso, exemplificativamente, dos trotes acadêmicos moderados
e da circuncisão realizada pelos judeus. 26
disciplinadoras da prisão processual (art. 5º, LXI, LXII, LXIII, LXIV, LXV e
LXVI), apenas para citar alguns casos, impõem ao legislador e ao intérprete
mecanismos de controle de tipos legais. Disso resulta ser inconstitucional a criação
de um tipo ou a cominação de alguma pena que atente desnecessariamente contra a
incolumidade física ou moral de alguém (atentar necessariamente significa restringir
alguns direitos nos termos da Constituição e quando exigido para a proteção do bem
jurídico).27
Além de todos estes princípios, existem muitos outros do processamento, seja do juiz
ou do promotor natural, prova ilícita e lícita, comunhão das provas, publicidade,
proporcionalidade, legalidade, entre outros.28
O intuito não é exaurir o tema princípios, mas explanar acerca de uma parte dos
principais que envolve o preso/acusado, influenciando diretamente a situação carcerária e a
falta de retornos positivos na ressocialização, trazendo hipóteses de aplicações de institutos
penais mais brandos, como é o caso das sanções diversas à prisão (teoria dos substitutivos
penais), políticas públicas ensejadoras para aprimorar as normais que existem, mas
principalmente de criar algo que seja efetivo à luz do direito, possibilitando ao condenado sua
ressocialização, fazendo com que respingue diretamente a ele, como também a toda sociedade
e ao Estado.
Tendo em vista como basicamente operam o direito penal e o processual penal, no que
tange às leis na evolução histórica, aplicabilidade de pena e parte principiológica; neste tópico
será abordada a situação carcerária brasileira, classe esta que não possui a aplicabilidade de
direitos e princípios suscitados no tópico anterior.
Os números espantam qualquer um que leia, sendo alarmantes, demonstrando que a
prisão restritiva de liberdade atinge por quase completo o público carcerário, tendo em vista a
grandiosidade da população prisioneira brasileira, muitos com pena transitada, muitos
provisórios, outros sem entender o porquê de estarem ali.
A revista Veja traz um estudo pautado em período de 19 (dezenove) anos, do ano de
2000 ao primeiro semestre do ano de 2019, dados estes trazidos pelo Depen – Departamento
Penitenciário Nacional. Isto posto, nenhum dado apresentado é esporadicamente citado sem
27
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal Parte Geral. 23° Ed. São Paulo: Editora Saraiva Educação, 2019,
p. 99.
28
LIMA, Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal. Volume Único. 8° Ed. Revista Atualizada e Ampliada.
Salvador: Editora Juspodivm, 2020.
11
fontes confiáveis; pelo contrário, sendo uma das fontes mais seguras até o momento junto ao
CNJ- Conselho Nacional de Justiça.
In verbis:
Um dos recortes mais recentes elencados pela revista demonstram que cerca de
“758.676 pessoas estão em cadeias ligadas ao sistema penitenciário nacional ou estadual”, e
que o número de 348.371 estão cumprindo o regime fechado, e 126.146 no regime semi-
aberto, sendo que 27.069 cumprem em regime aberto. Todavia ainda sobrou um número
extremamente expressivo de presos, conforme o dado elencado, no total sendo de 253.963 o
número de detentos encarcerados em condições sub-humanas e de forma degradante, sem que
sequer tenha havido uma condenação definitiva - o trânsito julgado da sentença. É
aterrorizante um dado tão alto como este, quantas prisões sendo transigidas de forma ilegal, a
falta de políticas públicas para mudar esta situação, sem citar a falta de defensores públicos
para apurar as ilegalidades e pedir a soltura, pois a grande maioria sequer possui defensor
particular. 31
29
BORGES, Laryssa. População carcerária triplica em 20 anos; déficit de vagas chega a 312 mil -
Quantidade de presos atingiu 773.151 no primeiro semestre de 2019, diz Depen. Veja. Disponível em:
<https://veja.abril.com.br/brasil/populacao-carceraria-triplica-em-20-anos-deficit-de-vagas-chega-a-312-mil/>.
Acessado em: 19 maio de 2021.
30
BORGES, Laryssa. População carcerária triplica em 20 anos; déficit de vagas chega a 312 mil -
Quantidade de presos atingiu 773.151 no primeiro semestre de 2019, diz Depen. Veja. Disponível em:
<https://veja.abril.com.br/brasil/populacao-carceraria-triplica-em-20-anos-deficit-de-vagas-chega-a-312-mil/>.
Acessado em: 19 maio de 2021.
31
BORGES, Laryssa. População carcerária triplica em 20 anos; déficit de vagas chega a 312 mil -
Quantidade de presos atingiu 773.151 no primeiro semestre de 2019, diz Depen. Veja. Disponível em:
<https://veja.abril.com.br/brasil/populacao-carceraria-triplica-em-20-anos-deficit-de-vagas-chega-a-312-mil/>.
Acessado em: 19 maio de 2021.
12
Fonte da Imagem: 32
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Fonte: Imagens de presídio no Ceará feitas pelo Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura
durante inspeção em março deste ano. Foto: reprodução: VASCONCELOS, Caê. Com 812 mil pessoas presas,
Brasil mantém a terceira maior população carcerária do mundo. Ponte. Disponível em: <
https://ponte.org/com-812-mil-pessoas-presas-brasil-mantem-a-terceira-maior-populacao-carceraria-do-mundo/
>. Acessado em: 18 de maio de 2021.
33
VASCONCELOS, Caê. Com 812 mil pessoas presas, Brasil mantém a terceira maior população
carcerária do mundo. Ponte. Disponível em: < https://ponte.org/com-812-mil-pessoas-presas-brasil-mantem-a-
terceira-maior-populacao-carceraria-do-mundo/>. Acessado em: 18 de maio de 2021.
13
Fonte da Imagem: 34
Dentre estes dados, é importante observar a jurisprudência 35 no que concerne aos
resultados na mesma linha de consequências negativas advindas da má administração pública
nas cadeias, trazendo só a raiva por parte da população carcerária. Em um cenário deste, é
impossível falar ou fomentar maneiras de ressocialização e, o pior de tudo, são os efeitos
devolvidos ao Estado, em realizar constantemente o mesmo mecanismo com presos
reincidentes; à sociedade, vítima constante destas pessoas; e ao preso, pela perda do bom
senso e esperança de mudar de pensamento e vida, após ser encarcerado. É dever fundamenta,
trazido pela Lei de Execução Penal, a ressocialização, a volta a integrar a sociedade, a
inclusão, sem qualquer tipo de discriminação. A incógnita, em cenário absurdo que o país
enfrenta por anos, é como se fará para conseguir cumprir com o objetivo de ressocializar, ação
quase que impossível. Utopia seria dizer que as possibilidades são boas, e esta afirmação não
é uma crítica, é apenas um raciocínio lógico baseado em números oficiais trazidos nesta
pesquisa.
Nestes termos, relatando parte do resultado negativo de todas as críticas elencadas,
observa-se a própria jurisprudência que elucida os resultados da não ressocialização
carcerária:
34
GOMES, Marcos Antonio. Ressocialização: papel da sociedade no auxílio ao tratamento penitenciário.
Desenvolvimento do Potencial Humano. Ipog. Disponível em: <https://blog.ipog.edu.br/desenvolvimento-do-
potencial-humano/ressocializacao/>. Acessado em: 17 de maio de 2021.
35
SOUSA, Pedro Henrique Nogueira. SISTEMA PENITENCIÁRIO: ressocialização do preso no Brasil e
suas consequências para a sociedade. Trabalho de conclusão de curso. Curso de Direito UniEvangélica, 2018.
Disponível em: <http://repositorio.aee.edu.br/bitstream/aee/758/1/Monografia%20-%20Pedro
%20Henrique.pdf>. Acessado em: 15 de maio de 2021.
14
Como confiar em um sistema penal legislativo instável, com mal funcionamento nas
instalações, falta de recursos e políticas públicas de mudanças e, principalmente, de novas
36
SOUSA, Pedro Henrique Nogueira. SISTEMA PENITENCIÁRIO: ressocialização do preso no Brasil e
suas consequências para a sociedade. Trabalho de conclusão de curso. Curso de Direito UniEvangélica, 2018.
Disponível em: <http://repositorio.aee.edu.br/bitstream/aee/758/1/Monografia%20-%20Pedro
%20Henrique.pdf>. Acessado em: 15 de maio de 2021.
37
IPEA. Reincidência Criminal no Brasil. Rio de Janeiro, 2015. Disponível em:
<https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/relatoriopesquisa/
150611_relatorio_reincidencia_criminal.pdf>. Acessado em: 19 abril 2021. p.14
15
medidas diversas da prisão (substitutivos penais), estudo, trabalho, entre outros, para que se
influencie o desejo do acusado na mudança, na ressocialização, trazendo benefícios em prol
dele, do Estado e, principalmente, da sociedade. Afinal, é esta que paga devidamente os
impostos revertidos na manutenção do sistema carcerário, a qual é precária. Com isso, acaba
por ocorrer um giro de erros sem um fim positivo, fazendo com que a marginalidade só
continue e aumente cada vez mais. Este é o atual cenário do cárcere brasileiro.
38
AZEVEDO, Ana Oliveira de. A ineficácia do sistema penitenciário brasileiro na ressocialização dos
presos. Trabalho de Conclusão de Curso – Instituto Brasiliense de Direito Público. IDP. Brasília, Distrito
Federal, 2017. Disponível em: <https://repositorio.idp.edu.br/bitstream/123456789/2390/1/Monografia_Alana
%20Oliveira%20de%20Azevedo.pdf>. Acessado em: 25 de maio de 2021, p. 171.
16
39
FILHO, Eleones Rodrigues Monteiro. O sistema penal e a ressocialização do preso no Brasil. apud
BECHARA, 2004. jus.com.br. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/41528/o-sistema-penal-e-a-
ressocializacao-do-preso-no-brasil>. Acessado em: 28 de mai. de 2021.
40
FILHO, Eleones Rodrigues Monteiro. O sistema penal e a ressocialização do preso no Brasil. jus.com.br.
Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/41528/o-sistema-penal-e-a-ressocializacao-do-preso-no-brasil>.
Acessado em: 28 de mai. de 2021.
41
LEMES, Thiago Morais de Almeida. A falaciosa ressocialização de presos no Brasil. apud BERISTAIN,
2002. Âmbito Jurídico. Disponível em: <https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/a-falaciosa-
ressocializacao-de-presos-no-brasil/>. Acessado em: 27 de mai de 2021.
17
42
CABRAL, Luisa Rocha. SILVA, Juliana Leite. O trabalho penitenciário e a ressocialização do preso no
Brasil. apud ALVIM. 1991, p. 79. Pag. Artigo. 162 - Revista do CAAP, 2010 (1), Belo Horizonte, jan-jun 2010.
43
CABRAL, Luisa Rocha. SILVA, Juliana Leite. O trabalho penitenciário e a ressocialização do preso no
Brasil. Revista do CAAP, 2010 (1), Belo Horizonte, jan-jun 2010.
44
CABRAL, Luisa Rocha. SILVA, Juliana Leite. O trabalho penitenciário e a ressocialização do preso no
Brasil. apud LEAL, 2004 p. 65. Página do artigo 167-168. Revista do CAAP, 2010 (1), Belo Horizonte, jan-jun
2010.
45
CABRAL, Luisa Rocha. SILVA, Juliana Leite. O trabalho penitenciário e a ressocialização do preso no
Brasil. apud ANDRADE, 2009. Revista do CAAP, 2010 (1), Belo Horizonte, jan-jun 2010.
18
ressocialização não é banalizar o crime, mas cumprir com papel e intuito que a lei e os
princípios trouxeram, é executar a “ressocialização” no sentido literal do texto da LEP. 46
46
LEMES, Thiago Morais de Almeida. A falaciosa ressocialização de presos no Brasil. Âmbito Jurídico.
Disponível em: <https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/a-falaciosa-ressocializacao-de-presos-no-
brasil/>. Acessado em: 27 de mai. de 2021.
47
DEPEN – Departamento Penitenciário. Programa de Ressocialização no Sistema Penitenciário do Paraná.
Secretaria da segurança pública e administração penitenciária. Disponível em:
<http://www.depen.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=6%3E%20Acesso%20em:
%2028%20set.%202008>. Acessado em: 01 de jun. de 2021.
19
aplicação do trabalho nos sistemas interno, a mão-de-obra segue sendo administrada pela
equipe da divisão ocupacional e de produção das unidades prisionais.48
49
48
DEPEN – Departamento Penitenciário. Programa de Ressocialização no Sistema Penitenciário do Paraná.
Secretaria da segurança pública e administração penitenciária. Disponível em:
<http://www.depen.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=6%3E%20Acesso%20em:
%2028%20set.%202008>. Acessado em: 01 de jun. de 2021.
49
DEPEN – Departamento Penitenciário. Programa de Ressocialização no Sistema Penitenciário do Paraná.
Secretaria da segurança pública e administração penitenciária. Disponível em:
<http://www.depen.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=6%3E%20Acesso%20em:
%2028%20set.%202008>. Acessado em: 01 de jun. de 2021.
50
DEPEN – Departamento Penitenciário. Programa de Ressocialização no Sistema Penitenciário do Paraná.
Secretaria da segurança pública e administração penitenciária. Disponível em:
<http://www.depen.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=6%3E%20Acesso%20em:
%2028%20set.%202008>. Acessado em: 01 de jun. de 2021.
20
Fonte da Imagem:53
Por fim, pode-se destacar o esporte, lazer e o contato com o mundo exterior para
finalizar os projetos realizados pela DEPEN do Paraná. Todavia, vale ressaltar que nem todos
conseguem ser aplicados em todas as penitenciárias, mas na grande maioria sim, tendo uma
grande relevância de êxito na ressocialização.
Dentre o esporte e lazer, destacam-se as atividades de leitura nas bibliotecas, salas de
vídeo e áudio, música, poesia, bem como campeonato de futebol e xadrez; já o contato com
mundo exterior fica por conta das visitas de familiares, palestras, o contato com advogados e
afins, restando claro que os apenados não são monstros, mas pessoas sociáveis com mundo
além muros, sentindo-se iguais e integrantes da sociedade na iniciativa da ressocialização. 54
51
DEPEN – Departamento Penitenciário. Programa de Ressocialização no Sistema Penitenciário do Paraná.
Secretaria da segurança pública e administração penitenciária. Disponível em:
<http://www.depen.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=6%3E%20Acesso%20em:
%2028%20set.%202008>. Acessado em: 01 de jun. de 2021.
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DEPEN – Departamento Penitenciário. Programa de Ressocialização no Sistema Penitenciário do Paraná.
Secretaria da segurança pública e administração penitenciária. Disponível em:
<http://www.depen.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=6%3E%20Acesso%20em:
%2028%20set.%202008>. Acessado em: 01 de jun. de 2021.
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DEPEN – Departamento Penitenciário. Programa de Ressocialização no Sistema Penitenciário do Paraná.
Secretaria da segurança pública e administração penitenciária. Disponível em:
<http://www.depen.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=6%3E%20Acesso%20em:
%2028%20set.%202008>. Acessado em: 01 de jun. de 2021.
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DEPEN – Departamento Penitenciário. Programa de Ressocialização no Sistema Penitenciário do Paraná.
Secretaria da segurança pública e administração penitenciária. Disponível em:
<http://www.depen.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=6%3E%20Acesso%20em:
%2028%20set.%202008>. Acessado em: 01 de jun. de 2021.
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Esses dados, na maioria das vezes, não se conversam para pensar políticas públicas
efetivas para combater o encarceramento em massa. Quando esses dados não
dialogam assim, eles são apresentados como uma resposta para a sociedade para
mostrar que efetivamente temos uma política que tem funcionado, que tem prendido
pessoas”, explica Fábio. “Se perguntarmos para qualquer pessoa qual é a sensação
dela de segurança, se perguntarmos para as pessoas ‘olha, o Brasil hoje tem 812 mil
pessoas presas, isso faz você se sentir mais segura?’, a resposta não vai ser
positiva.57
[...]
É uma política que alcança um grupo e sabemos que esse grupo é majoritariamente
composto por pessoas negras. Segundo esses mesmos dados, hoje, 63% das pessoas
presas no Brasil se autodeclaram pretas e pardas. São pessoas com diversas
situações de vulnerabilidade social, que as colocam em uma posição não de sujeitos
criminosos, mas de sujeitos que não foram alcançados pela cidadania que nos é
constituída em um processo de reabertura democrática. 58
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DEPEN – Departamento Penitenciário. Programa de Ressocialização no Sistema Penitenciário do Paraná.
Secretaria da segurança pública e administração penitenciária. Disponível em:
<http://www.depen.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=6%3E%20Acesso%20em:
%2028%20set.%202008>. Acessado em: 01 de jun. de 2021.
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VASCONCELOS, Caê. Com 812 mil pessoas presas, Brasil mantém a terceira maior população
carcerária do mundo. Ponte. Disponível em: < https://ponte.org/com-812-mil-pessoas-presas-brasil-mantem-a-
terceira-maior-populacao-carceraria-do-mundo/>. Acessado em: 18 de maio de 2021.
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VASCONCELOS, Caê. Com 812 mil pessoas presas, Brasil mantém a terceira maior população
carcerária do mundo. Ponte. Disponível em: < https://ponte.org/com-812-mil-pessoas-presas-brasil-mantem-a-
terceira-maior-populacao-carceraria-do-mundo/>. Acessado em: 18 de maio de 2021.
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VASCONCELOS, Caê. Com 812 mil pessoas presas, Brasil mantém a terceira maior população
carcerária do mundo. Ponte. Disponível em: < https://ponte.org/com-812-mil-pessoas-presas-brasil-mantem-a-
terceira-maior-populacao-carceraria-do-mundo/>. Acessado em: 18 de maio de 2021.
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outros recursos, enfatizando um retorno e não somente número de aprisionamento sem retorno
de mudança para as partes envolvidas neste círculo da criminalidade brasileira.
Existe, ainda, outro projeto chamado Carpe Diem, realizado e idealizado pelo Sr.
Márcio Coutinho, diretor no Centro de Detenção Provisória de Sorocaba, nascido da
necessidade de separar do ambiente prisional presos de delitos primários e reincidentes,
diminuindo a famosa frase “escola do crime” e fazendo fazer novos futuros positivos de
mudança.59
Além disso, o projeto visa realizar um tratamento aos presos de menor potencial
ofensivo - a diferença está na separação de ambos e nos projetos aplicados a estas pessoas,
dificultando a convivência e a aproximação com mentes mais criminosas (periculosidade).
Ademais, são aplicados no local métodos de ressocialização, pautados na psicologia
do preso e realizados cursos e afins.
Outra coisa importante são as sanções aplicadas ao preso que participa do projeto
Carpe Diem - em caso de qualquer tipo de infração em face das normas do local, este terá que
59
GUIDO, Gilzia Dias Payão. Sistema prisional e a ressocialização do preso. Trabalho de Conclusão de
Curso. - Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis - IMESA, Assis, 2015. Disponível em:
<https://cepein.femanet.com.br/BDigital/arqTccs/1211400211.pdf>. Acessado em: 05 de jun. de 2021.
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GUIDO, Gilzia Dias Payão. Sistema prisional e a ressocialização do preso. Trabalho de Conclusão de
Curso. - Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis - IMESA, Assis, 2015. Disponível em:
<https://cepein.femanet.com.br/BDigital/arqTccs/1211400211.pdf>. Acessado em: 05 de jun. de 2021.
61
GUIDO, Gilzia Dias Payão. Sistema prisional e a ressocialização do preso. Trabalho de Conclusão de
Curso. - Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis - IMESA, Assis, 2015. Disponível em:
<https://cepein.femanet.com.br/BDigital/arqTccs/1211400211.pdf>. Acessado em: 05 de jun. de 2021.
23
ser desligado automaticamente do programa, como se fosse uma falta grave aplicada dentro
das prisões, por meio do procedimento de RDD – Regime Disciplinar Diferenciado. 62
Já o atendimento psicológico, realizado de forma individual ao preso participante do
projeto, possui grande relevância e impacto positivo. Observa-se abaixo a seguinte explicação
acerca das atividades aplicadas no local:
62
GUIDO, Gilzia Dias Payão. Sistema prisional e a ressocialização do preso. Trabalho de Conclusão de
Curso. - Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis - IMESA, Assis, 2015. Disponível em:
<https://cepein.femanet.com.br/BDigital/arqTccs/1211400211.pdf>. Acessado em: 05 de jun.2 de 021.
63
GUIDO, Gilzia Dias Payão. Sistema prisional e a ressocialização do preso. Trabalho de Conclusão de
Curso. - Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis - IMESA, Assis, 2015. Disponível em:
<https://cepein.femanet.com.br/BDigital/arqTccs/1211400211.pdf>. Acessado em: 05 de jun. de 2021.
64
IPEA. Reincidência Criminal no Brasil. Rio de Janeiro, 2015. Disponível em:
<https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/relatoriopesquisa/
150611_relatorio_reincidencia_criminal.pdf>. Acessado em: 08 de jun. de 2021. p. 15.
24
Não tem um tanto de dinheiro que o Estado manda para cada preso? Para gastar com
roupa, produtos de higiene? Tem quatro meses que eu estou aqui e esta (mostrando
uma escova de dentes que acabara de ganhar da assistente social) é a primeira
escova que eu ganho. Cadê esse dinheiro? A comida eu tenho certeza que você não
dá conta de comer ela.65
Após toda a análise acerca das cadeias superlotadas, dos princípios e direitos não
aplicados da maneira que deveriam, bem como de alguns dos projetos de ressocialização
disponíveis, todavia escassos; o presente tópico abordará elementos de aplicabilidade diversa
da prisão, importantes ao apenados, por se constituírem em maneira mais branda de aplicar
sanções ao crime. Caso sejam introduzidos projetos como os demonstrados no trabalho e
criadas políticas públicas, haverá uma grande chance de haver diminuição da reincidência e
um início da ressocialização do preso, fazendo com que este diminua o medo e raiva do
sistema e tenha mais respeito por ele.
Nestes termos, nas palavras de Juarez Cirino dos Santos apresenta a “teoria dos
substitutivos penais”, elucidando suas três ramificações - a teoria humanitária, como se
aborda neste trabalho a sociedade; a teoria científica que mostra os benefícios de o Estado, de
forma inteligente e científico, aplicar a pena; e, pôr fim, a teoria das críticas que seria a
apresentação da má qualidade da administração pública nos presídios brasileiros. Conforme
todo o exposto até aqui, verifica-se ser a melhor saída.66
Inicia-se a explanação da teoria humanitária (in verbis):
A tese das críticas, que é novamente subdividida, possui amparo na crise fiscal que
assola o país, sendo um melhor custo/benefício a aplicabilidade de substitutivos penais
diversos da prisão, pois o auto custo que o preso possui leva isso muito em consideração.
Todavia, apesar de haver alto custo, os benefícios nem sempre chegam até suas celas, fazendo
com que estes se sintam desumanos e o efeito da ressocialização normalmente não ocorre. 71
67
SANTOS, Juarez Cirino do. Direito Penal Parte Geral. 5° ed. Florianópolis: Editora Conceito, 2021. p. 564.
68
SANTOS, Juarez Cirino do. Direito Penal Parte Geral. 5° ed. Florianópolis: Editora Conceito, 2021. p. 564 –
565.
69
SANTOS, Juarez Cirino do. Direito Penal Parte Geral. 5° ed. Florianópolis: Editora Conceito, 2021. p. 565.
70
SANTOS, Juarez Cirino do. Direito Penal Parte Geral. 5° ed. Florianópolis: Editora Conceito, 2021. p. 565.
71
SANTOS, Juarez Cirino do. Direito Penal Parte Geral. 5° ed. Florianópolis: Editora Conceito, 2021. p. 567.
26
Apesar da ressocialização de presos ser apenas uma prática teórica e não verdadeira, se
ela fosse posta realmente em prática traria mais benefícios - ao Estado, sociedade e ao próprio
usuário do sistema, ou seja, o preso - do que malefícios; pois, caso realizada sua adequada
implementação, ao invés de enfraquecer e quebrar algo que já se encontra neste estado,
realizaria o oposto, resolveria o problema atual.
“Um exemplo disso é a criação da Associação de Proteção ao Condenado (PAC), que
propõe um modelo humanizado de sistema penitenciário sem deixar de lado a finalidade
punitiva das prisões.” 75
Infelizmente, ter que ficar criando proteções quando se poderiam estar realizando
resoluções permanentes já é algo ruim, mas já é o início da tentativa de mudança.
As ações de ressocialização só ajudam a diminuir a incidência de reincidência sendo
positivas à sociedade e diretamente ao Estado. Sendo estes os beneficiários, não há porque
não investir nesta aplicação e visão de vida. 76
72
SANTOS, Juarez Cirino do. Direito Penal Parte Geral. 5° ed. Florianópolis: Editora Conceito, 2021. p. 569.
73
SANTOS, Juarez Cirino do. Direito Penal Parte Geral. 5° ed. Florianópolis: Editora Conceito, 2021. p. 570.
74
SANTOS, Juarez Cirino do. Direito Penal Parte Geral. 5° ed. Florianópolis: Editora Conceito, 2021. p. 570.
75
GOMES, Marcos Antonio. Ressocialização: papel da sociedade no auxílio ao tratamento penitenciário.
Desenvolvimento do Potencial Humano. Ipog. Disponível em: <https://blog.ipog.edu.br/desenvolvimento-do-
potencial-humano/ressocializacao/>. Acessado em: 17 de maio de 2021.
76
NETO, Manoel Valente Figueiredo. MESQUITA, Yasnaya Polyanna Victor Oliveira de. A ressocialização do
preso na realidade brasileira: perspectivas para as políticas públicas. Âmbito Jurídico. Disponível em:
<https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/a-ressocializacao-do-preso-na-realidade-brasileira
perspectivas-para-as-politicas-publicas/>. Acessado em: 10 de jun. de 2021.
27
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa e trabalho redigido não buscam de forma alguma exaurir o conteúdo, isto
porque esta seria uma tarefa árdua e quase que impossível, tendo em vista a vasta e inúmera
fonte de dados e teorias sobre a inserção de medidas diversas da prisão, como os substitutos
penais, como forma de aplicar resolução sobre a superlotação do sistema carcerário do Brasil,
bem como a garantia de que a ressocialização dos apenados crescesse cada vez mais.
O presente trabalho teve como principal objetivo apresentar o que de fato está
ocorrendo sob os olhos da sociedade e Estado e nada está sendo feito para mudar; pelo
contrário, só está piorando a situação e assolando cada vez mais a realidade, propiciando o
aumento da decadência carcerária. Pessoas tratadas como animais, animais tratados como
gente, papeis invertidos, mas é apenas a realidade pura e atual.
O trabalho busca enfatizar que aumentar a pena, aplicar presos temporários, sem
sentença transitada, presos de baixa periculosidade com outros presos de alta e com sentença
transitada não é a melhor maneira de equilíbrio, de inteligência, trazendo revolta dos
familiares dos presos, trazendo superlotamento e o tratamento comum de “todos são ruins da
mesma laia” Isso não é política pública, não é uma política criminal, é uma burrice insana de
na forma de continuar conduzindo o sistema prisional brasileiro.
É necessária uma visão moderna para salvar do colapso, antes que seja tarde demais.
Substitutivos penais, centros de ressocialização, divisão de apenados conforme as penas,
reincidências, a aplicação de oficinas, trabalho, lazer, estudo, saúde visita é o mínimo para
não fazer o ser humano se revolver com a própria espécie e sair pior do que entrou.
Por isso o ditado “prisão escola do crime” soa tão forte, pois é a mais pura realidade.
Impossível sair um apenado ressocializado de local que foi tratado e permaneceu sob
condições sub-humanas sem que revolte e queira dar o troco em alguém. Se em um século
ainda não foi possível verificar que a forma de aplicação não está trazendo resultados
esperados algo deverá sim ser feito para que a situação mude.
Apesar do cometimento de crimes, mudar as formas de aplicação, abrir mais centros
de ressocialização, diminuir o público carcerário deixando apenas o necessário nestes locais,
trazer olhar consciente, dar uma segunda chance é ensinar um segundo caminho, ensinar uma
28
profissão, despertar desejo de estudo, preceitos básicos da LEP que não são aplicados. É por
conta disso que o presente trabalho visa apresentar e indagar críticas acerca desta
administração criminal e, de alguma maneira, demonstrar que ser brando e mostrar outras
hipótese, ao invés da prisão, não é ser imprudente; no atual cenário, é ser inteligente e mudar
o mundo com intuito de fazê-lo melhor.
ANDRADE, Carla Coelho de. JÚNIOR, Almir de Oliveira. O desafio da reintegração social
do preso: uma pesquisa em estabelecimentos prisionais. IPEA. Brasília, maio de 2015.
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Atualizada e Ampliada. Niterói Rio de Janeiro: Editora Impetus. 2017.
LIMA, Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal. Volume Único. 8° Ed. Revista
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30
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