• Ofiolitos: fragmentos do manto superior e crosta continental
incorporados à margens continentais durante colisões entre continentes e entre arcos e continentes, durante interações entre trincheiras e cadeias meso-oceânicas e em eventos de subducção e acreção. • São encontrados em zonas de sutura que marcam grandes margens de placas e terrenos amalgamados, registrando a história evolutiva de bacias oceânicas, de sua abertura até seu fechamento. • Definição clássica de ofiolitos (conferência Penrose): associação de rochas máficas e ultramáficas, composta por, da base para o topo, peridotitos, gabros acamadados, sheeted dikes, uma sequência vulcânica e uma cobertura sedimentar pelágica.
• Os autores propõe uma classificação de ofiolitos mais abrangente,
baseada nas suas diferentes estruturações internas, assinaturas geoquímicas e tectônica regional, associando com seu significado no contexto da tectônica global e dos pulsos de geração de ofiolitos durante a evolução da Terra. • “Fragmentos alóctones do manto superior e rochas da crosta oceânica que são tectonicamente deslocados de seu ambiente ígneo primário e incorporados à orógenos devido à convergência de placas.” Pulsos de geração de ofiolitos e tectônica global
• A distribuição temporal e espacial de ofiolitos em sistemas orogênicos
reflete períodos específicos de mais intensa geração e colocação desses corpos, coincidentes com grandes eventos orogênicos que precediam a formação de supercontinentes. Assinatura geoquímica de diferentes tipos de ofiolitos • Os autores procuraram caracterizar, por meio de alguns diagramas, a assinatura geoquímica dos diferentes tipos de ofiolitos.
• Devido à ação da alteração hidrotermal e do metamorfismo em condições
intraoceânicas, procurou-se utilizar elementos traço relativamente imóveis.
• A caracterização geoquímica permite distinguir em pelo menos dois
grandes grupos, um relacionado ou ao menos influenciado por processos de zona de subducção, e outro sem relação com subducção. Diagramas de SiOxMgO e SiOxTiO para rochas vulcânicas e diques:
• Ofiolitos relacionados à subducção: há
uma maior variabilidade nas concentrações de SiO e TiO para cada valor de MgO, com destaque para a grande variabilidade em ofiolitos do tipo backarc e forearc; e ofiolitos de forearc têm, invariavelmente, baixo conteúdo de TiO.
• Ofiolitos não-relacionados com subducção:
ofiolitos associados à pluma têm grande amplitude nos valores de MgO Diagramas multi-elementares normalizados para MORB
• Ofiolitos do tipo Margem continetal, MOR e pluma possuem padrões planos
entre V e Zr e um enriquecimento em relação aos elementos mais incompatíveis (Ba, Rb, Cs...)
• Ofiolitos associados à zonas de subducção têm variabilidade muito mais alta e
são em geral mais enriquecidos em elementos mais incompatíveis, com anomalias negativas de Ta e Nb e anomalias positivas de Pb e Sr. Diagramas Ti-V • Dados de ofiolitos do tipo margem continental, MOR e pluma encontram-se no gráfico entre valores de 20 e 50, típicos de MORB; há rara sobreposição entre ofiolitos de pluma e ofiolitos de margem continental/MOR.
• Dados de ofiolitos associados à subducção apresentam
variabilidade maior, com razões Ti/V entre <10 e >50; os de ofiolitos de forearc raramente ocorrem no mesmo campo que os de backarc, com grande dispersão de valores entre eles (devido à alta variedade de fontes de magmas em ambientes de subducção) Diagramas de Nb/Yb x Th/Yb • Dados de ofiolitos associados à margens continentais, MOR e plumas encontram-se no campo associado à fontes mantélicas;
• Dados de ofiolitos associados à zonas de subducção
apresentam um deslocamento em direção ao campo do arco das Marianas, fora do campo do manto. Petrogênese de ofiolitos em diferentes ambientes tectônicos • Ofioliotos sem relação com subducção: • Ofiolitos de margem continental são formados nas fases iniciais da evolução de bacias oceânicas, logo após a ruptura da crosta continental, representando a transição oceano-continente. • Em ofiolitos do tipo MOR, magmatismo do tipo MORB forma intrusões de diques gabróicos e derrames basálticos no fundo oceânico ao longo do eixo do rifte, produzindo crosta oceânica do “tipo Penrose”;
• A extensão pode não ser acompanhada de magmatismo basáltico,
resultando na exumação de peridotido serpentinizado do manto superior. • Ofiolitos de pluma podem ser formados próximos a centros de espalhamento oceânico ou como platôs oceânicos; • Fontes mais quentes resultam em maiores taxas de fusão que nos MORBs, com maiores teores de Mg, derrames basálticos maciços, pequena proporção de sedimentos pelágicos intercalados, e intrudidos por sills e plútons gabroicos a localmente ultramáficos. • Ofiolitos de zonas de suprasubducção (ZSS) possuem uma evolução que envolve a geração em sequência de MORB, toleiítos de arco de ilha e boninitos;
• O estágio inicial é representado por uma fusão parcial do manto fértil
por descompressão, com pouca ou nenhuma influência dos fluidos derivados da placa subductada, produzindo magma com composição semelhante ao MORB;
• A fase seguinte de magmatismo envolve fusão parcial do manto
metasomatizado, muito influenciada pelos processos de desidratação da placa oceânica subductada, produzindo toleiitos de arco de ilha que intrudem e formam derrames que sobrepõe a sequência de basaltos MORB; • Boninitos são produzidos na fase mais tardia, como consequência da fusão de rochas muito refratárias do manto — fases residuais dos processos anteriores de fusão parcial do manto — devido à interação prolongada com os fluidos derivados da placa subductada e do aumento da temperatura na cunha mantélica associado à subida diapírica da astenosfera. • Ofiolitos de arcos vulcânicos têm uma estrutura composta por: • Uma crosta inferior com plútons gabroicos e diabásio maciço representando uma litosfera oceânica mais antiga em sua base;
• Uma suíte de rochas tonalíticas a dioríticas de arco maduro, que a
sobrepõe;
• Rochas andesíticas a riolíticas na crosta superior, com intrusões de
diques e rochas piroclásticas associadas.
• Nesse tipo de ofiolito, a Moho representa um front de fusão, gerado à
medida que a crosta inferior máfica é produzida, deixando um restito peridotítico. • A evolução geoquímica dos ofiolitos de ZSS e de arcos vulcânicos caracteriza-se por uma fase inicial de magmatismo com depleção em elementos incompatíveis, seguida por uma fase tardia com enriquecimento nesses elementos em relação ao MORB;
• Essa evolução reflete consecutivos episódios de fusão parcial com
empobrecimento do manto devido à extração de MORB, seguido por um enriquecimento da fase residual do manto pela interação com fluidos derivados da placa oceânica subductada e da fusão dos sedimentos associados. Aplicação aos greenstone belts • O greenstone belt de Isua (3.8 Ga) na Groelândia é composto por duas unidades tectonoestratigráficas principais de anfibolitos, uma com todas as unidades litológicas típicas de um ofiolito clássico “tipo Penrose” e uma que representa uma sequência de arco de ilha imaturo. • Representa uma bacia de forearc em ZSS. • O greenstone belt de Wawa (2.7 Ga), na Província Superior do Canadá, possui komatiitos e rochas máficas vulcânicas e plutônicas comparáveis com basaltos de platô oceânico fanerozóicos, tectonicamente imbricados com basaltos de arco primitivo.
• Possui características de ofiolitos de pluma.
• O Complexo Jormua (1.95 Ga), no nordeste da Finlândia, é composto por pillow lavas, brechas vulcânicas, sheeted dikes, cumulados máficos e peridotitos do manto superior. Há partes em que a sequência vulcânica está colocada logo acima das rochas do manto superior.
• Essa estruturação assemelha-se à estrutura de uma crosta oceânica
cuja abertura teve baixas de espalhamento, sendo interpretada como um ofiolito de margem continental. Obrigado!