You are on page 1of 4

COLÉGIO DIPLOMATA

Professor João Luiz – Geografia


Thiago Timbó – 1º Ano A

Salvador - BA
Novembro/2004
1. Introdução
A Baía de Todos os Santos, considerada como área núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, é a
maior Baía do Brasil com 1.100 km2 de extensão. É bordejada por exuberantes manguezais nos estuários
dos rios Paraguacu, Subaé, Jaguaripe, Cobre, dentre outros, em mais de 60% de seu perímetro,
apresentando uma riqueza de flora e fauna com inigualáveis paisagens de costões rochosos e praias
arenosas, restingas e apicuns, com a singularidade de agregar duas pequenas baías em seu interior: a Baía
do Iguape e a de Aratu.

O entorno da Baía apresenta os mais elevados índices de densidade demográfica do Estado. Nos dezesseis
municípios que são banhados por suas águas, perfazendo um total aproximado de duzentos quilômetros
de borda, moram cerca de três milhões de baianos (nativos, naturalizados por afinidade ou conveniência),
vivendo nas cercanias de um parque industrial fundamentado na indústria química e de exploração, refino
e processamento de petróleo, além da indústria de celulose e de extração e beneficiamento de recursos
minerais. A atividade comercial se mostra significativa, com portos e terminais marítimos e uma
capacidade hoteleira dentro dos padrões internacionais. Mais de sessenta por cento da geração de capital
no Estado se concentra neste espaço. Em síntese, este ambiente se mostra como um didático modelo de
desenvolvimento urbano industrial dentro de uma perspectiva concentradora de terra e renda.

O rico acervo cultural, de tradição secular, é um caminho a ser perseguido no despertar da coletividade,
para discutir e definir estratégias de enfrentamento de seus temas emergentes. Por outro lado, a ação
articulada com os meios de comunicação de massa, o incentivo e o acompanhamento à presença e ação do
Estado, no sentido de fiscalizar e controlar o meio ambiente, o patrimônio público, a educação ambiental
não formal ou mesmo o desenvolvimento de projetos de levantamento e publicação de
informações/dados, levantados pela sociedade civil, sobre a qualidade ambiental são, também, caminhos a
serem perseguidos.

Obviamente que a qualidade ambiental da Baía de Todos os Santos encontra-se comprometida. 80% dos
esgotos urbanos, até então, são lançados diretamente no mar, sem qualquer tratamento. Os efluentes
líquidos e emissões atmosféricas das indústrias ainda são monitorados de forma precária. Da mesma
forma, os resíduos sólidos urbanos e industriais ainda não encontram disposição final adequada.
Associado à questão, encontra-se uma população, em sua maioria, analfabeta e desinformada sobre a
inter-relação dos problemas sócio-ambientais com os quais convivem. Sentem as conseqüências, mas têm
dificuldades em relacionar e/ou associar aos fatos cotidianos.

2. A Poluição

Pelo menos 95 mil toneladas de resíduos industriais são despejados na Baía de Todos os Santos
anualmente. Deste total, quase a metade é considerada tóxica, sendo que o mercúrio é encontrado em
grandes quantidades.

A presença desses poluentes em trechos da Baía de Todos os Santos tem ocasionado impactos ambientais
que estão trazendo efeitos nocivos para a fauna e a flora local. O problema foi identificado durante os
primeiros resultados de uma pesquisa realizada por um grupo de estudos da Ufba. Os estudos mostram
que em áreas isoladas de Mataripe, que estão com seus ecossistemas bastante impactados em relação às
áreas controle (não poluídas), necessitam de restauração emergencial. Em determinados pontos, as
avaliações detectaram um nível médio de agressão, o que possibilita a realização de intervenções
preventivas e de recuperação.

Estudos químicos realizados com o material colhido constataram que a contaminação nos locais é
ocasionada, principalmente, por hidrocarbonetos industriais, depositados na água e no solo pelas
indústrias instaladas na região da baía.
Uma coordenadora da pesquisa revela que, em outros locais, como a região noroeste, considerada como
uma das menos impactadas, foram encontrados organismos atingidos por agrotóxicos, oriundos,
sobretudo, das hortas cultivadas em espaços próximos ao mar. Além de prejudicar a saúde do homem,
quando ingerido junto com os animais e plantas marinhas, os poluentes podem provocar dificuldades de
alimentação e reprodução, entre outros problemas.

Iniciado em 1992, o projeto identificou alterações nos organismos em diversos níveis biológicos, graças à
avaliação dos biomarcadores - modificações intracelulares, fisiológicas e comportamentais, medidas a
partir de amostras dos tecidos e fluidos corporais. O recurso, diferente das técnicas comuns usadas para o
biomonitoramento (avaliação ambiental), identifica de forma precoce as alterações bioquímicas no
interior da célula, possibilitando o controle dos impactos antes que maiores prejuízos sejam oferecidos ao
ecossistema.

Sem o uso dos biomarcadores, os impactos só eram detectados depois que os organismos apresentavam
deformidades físicas, problemas para se alimentar, reproduzir ou quando apareciam mortos. Agora,
através de métodos não invasivos, como o estudo de fragmentos de tecidos de animais, por exemplo,
pode-se encontrar modificações precursoras dos problemas que acometem os animais e plantas e
estabelecer estratégias preventivas de combate à poluição, antes que todo corpo vivo do indivíduo seja
atingido.

Novos estudos com biomarcadores foram iniciados na região dos Alagados, em Salvador. O objetivo do
estudo desta área é identificar a contaminação do mar nas áreas próximas aos locais onde existe muita
utilização de pesticidas aplicados para o combate do mosquito da dengue e das pragas da agricultura.

3. A Pesca Predatória com Explosivos

Recentemente foi descoberta uma prática muito comum entre pescadores da Bahia: a pesca com
explosivos. Pescadores, com bombas preparadas, aguardam o momento em que a maré começa a encher
para que possam então atacar peixes que se aproximam da praia procurando comida.

Dos crimes ecológicos, este é um dos mais violentos. As bombas são feitas com dinamite, material
controlado pelo Exército. Muitos desses bombistas, como são conhecidos, já foram presos. Mas, quando
saem da cadeia, insistem em desrespeitar as leis ambientais.

De acordo com os técnicos em explosivos, o impacto de uma dessas bombas pode se propagar por até um
quilômetro no mar. E não só os peixes, mas também a flora marinha, sofre as conseqüências desse crime.
Mergulhando nos locais onde as bombas explodem percebe-se os estragos. Ambientes marinhos
alterados, corais destruídos. Os peixes perdem suas áreas de reprodução, além da comida.

Pescadores que utilizam esta prática não percebem que estão transformando o ambiente aquático em um
deserto marinho. Sem ter comida, os peixes irão para mais longe. A pesca criminosa prejudica até o
turismo. No fundo da baía, áreas visitadas por mergulhadores de todo o país também estão sendo
destruídas. Na região da Gamboa, perto de uma das áreas mais nobres de Salvador, as bombas
comprometem a sustentação de um píer. Pilares submersos, de prédios antigos, estão trincados,
ameaçando a população da área.

4. O Petróleo

A presença de resíduos de petróleo na Baía de Todos os Santos, nas proximidades da Refinaria Landulpho
Alves (RLAM), em Mataripe, Bahia, pode estar desfavorecendo a biodiversidade de espécies da
macrofauna bentônica (do fundo do mar) da área.
Duas campanhas de coleta de amostras de água e sedimentos do fundo do mar forma realizadas em 32
pontos da Baía, entre a Ilha Madre de Deus e a Ilha da Maré. Além de contabilizar o número de espécies e
indivíduos da fauna associada aos sedimentos, foi medida também a salinidade, temperatura, quantidade
de oxigênio dissolvido e o pH (acidez) da água de fundo. O estudo analisou ainda a composição e a
quantidade de matéria orgânica, assim como a concentração e a origem dos hidrocarbonetos presentes nos
sedimentos.

Segundo a pesquisadora, os sedimentos da região possuem hidrocarbonetos derivados de restos vegetais


trazidos pelos três rios que atravessam regiões de manguezal e desembocam na Baía de Todos os Santos.
Entrtanto, a pesquisa também encontrou hidrocarbonetos derivados do petróleo e outros, alguns dos quais,
ao atingirem certa concentração, podem ser altamente tóxicos para a fauna.

Os hidrocarbonetos aderem-se às partículas mais finas do sedimento, acumulando-se no fundo do mar


com outros compostos orgânicos. O acúmulo reduz a quantidade de oxigênio na água e no sedimento,
diminuindo a quantidade e a variedade de espécies associadas ao leito marinho.

4.1. A Contaminação

Apesar da RLAM possuir uma estação de tratamento de efluentes e um separador de água e óleo, não foi
encontrada nenhuma espécie da macrofauna bentônica na estação de coleta mais próxima da refinaria.
Seria necessário um estudo sobre os efluentes da estação de tratamento e do separador para saber com
certeza se os resíduos vem da RLAM, afirmam pesquisadores. Entretanto, estes apontam a possibilidade
dos hidrocarbonetos ingressarem também por intermédio de outras atividades, como o transporte de
petróleo bruto e o tráfego de embarcações.

De acordo com esses pesquisadores, algumas regiões da baía ficam descobertas nos períodos de maré
baixa, e os catadores de mariscos da região aproveitam para coletar várias espécies de moluscos. Os
níveis de contaminação encontrados reforçam a necessidade de estudar também os níveis de
hidrocarbonetos nas espécies consumidas pela população local, pois podem comprometer os habitantes.

Desde 1995, o Centro de Recursos Ambientais da Bahia tem cuidado da questão dos efluentes das
indústrias da região da Baía de Todos os Santos, mas faltam pesquisas mais detalhadas sobre o impacto
ambiental dos resíduos industriais na área.

5. Referências Bibliográficas

1) http://www.correiodabahia.com.br/2001/08/04/noticia.asp?link=not000032464.xml

2) http://jg.globo.com/JGlobo/0,19125,VTJ0-2742-20041101-65957,00.html

3)http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./agua/doce/index.html&conteudo=./agua/
doce/artigos/poluicao_agua.html

4) http://www.universiabrasil.net/html/noticia_fcdaf.html

5) http://ospiti.peacelink.it/zumbi/org/germen/tsantos.html

You might also like