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Atividade 1

João Victor Ferreira de Almeida

1. Os quatro critério que uma formulação adequada de relativismo deve satisfazer, são:

(1) Ela deve capturar uma intuição importante de seu conteúdo;

(2) Deve descrever um compromisso metafísico distintivo, que, a um só tempo, seja


controverso e possa ser levado à sério;

(3) Deve fornecer ferramentas para o relativista evitar uma formulação incoerente, vulnerável à
refutação que se levanta frequentemente contra ele;

(4) Deve mostrar como se pode viver significativamente em acordo com ele.

Quanto a (1), parece claro que a formulação de qualquer teoria deve dar conta de uma intuição
importante em seu conteúdo. Uma formulação satisfatória de realismo metafísico deve dar
conta da intuição do realista de que há um mundo independente da mente, se não o fizer, ela
falha nesse critério. As intuições às quais a formulação adequada de relativismo deve dar conta
serão enumeradas e descritas na próxima questão.

O critério (2) tem relação direta com a alternativa a ser explicada na questão 2, e com a definição
de relativismo como multimundialismo, argumentada na seção 2. Por metafísica entende-se aqui
aquilo que tem relação com a existência. O relativismo não é, portanto, uma tese meramente
epistêmica ou semântica, mas se compromete com um determinado tipo de existência, que deve
ser a um só tempo interessante, não pode ser meramente tautologia ou platitude, e ao mesmo
tempo deve ser uma tese digna de ser levada à sério, não obviamente falsa. O que satisfaz esse
critério é a noção de multimundialismo, que na definição mais breve possível, é a negação do
unimundialismo. Esse é entendido, logicamente, como a tese de que de todos os portadores de
verdade são consistentes e podem ser postos em uma conjunção e são coerentes entre si
(sempre pressupondo a lógica clássica, ou pelo menos uma lógica não paraconsistente e não
paracompleta). O que implica a tese metafísica de que há um único corpo de verdades, e,
portanto, a unidade do mundo. O multimundialismo é, então, do ponto de vista lógico, a tese de
que há conjuntos incomensuráveis de portadores de verdade, que refletem a existência de mais
e um corpo de verdades incomensuráveis, isto é, mais de um mundo. A relação entre os
portadores de verdade destes mundos seria incomensurável, de modo que o conceito de
coerência não se aplicaria a eles, isto é, eles não seriam nem coerentes nem incoerentes entre
si. A pretensão é que, assim definido, o multimundialismo constitui uma tese interessante, isto
é, a que se pode discordar; e, ao mesmo tempo, não obviamente falsa, satisfazendo o critério
(2). Para atender satisfatoriamente o critério (2), seria necessária argumentação sobre como
podem haver conjuntos de portadores de verdade nem coerentes nem incoerentes entre si, bem
como argumentar sobre esta ser uma tese genuinamente metafísica e não sobre a natureza da
lógica, mas está fora do escopo desta pergunta, basta dizer que o critério exige que o relativismo
sej uma tese metafísica interessante, e a formulação que satisfaz essa exigência é o
multimundialismo.

O critério (3) é autoevidente, e serve para qualquer teoria que não esteja interessada em violar
leis da lógica clássica. Costumamos pensar que qualquer teoria digna de ser levado à sério, no
mínimo, deve ser coerente. O que há de específico é que formulações clássicas de relativismo
parecem incoerentes devido a uma tensão entre as afirmações centrais de que ela trata de
discordâncias genuínas em que cada um das partes e, ainda assim, está certa. Alguém diz que
sushi é bom, outra pessoa diz que é ruim. Um relativista quanto a gostos deveria conseguir
mostrar que ambos estão certos, e ainda assim, estão em discordância genuína. Mas isso parece
ser incoerente: se estão ambos certos, ou a discordância não é genuína, ou estão afirmando
proposições genuinamente contrárias, e há contradições verdadeiras. Parece, portanto,
incompatível que ambos estejam certos e discordando genuinamente. O problema tem relação
direta com a primeira intuição, a intuição da discordância. A intuição da verdade contextual e da
alternativa, e, por fim, a definição de relativismo como multimundiali

2. São elas: discordância, verdade contextual e alternativa, intimimamente relacionadas entre si.

A primeira intuição a que uma formulação adequada de relativismo deve dar conta de resolver
é a da discordância. O relativista precisaria dar conta de explicar como é possível haver
discordância genuína, isto é, discordância que não seja meramente aparente, porque as partes
enfatizam aspectos distintos compatíveis ou falam de coisas diferentes, por exemplo,
concordância quanto aos fatos e “discordância” meramente verbal. E, além disso, os
discordantes, estão ambos corretos. Precisamente o que gera problema de incoerência tratado
na resposta anterior. A crítica a esta intuição será feita na próxima questão.

A segunda intuição, a da verdade contextual, foi introduzida precisamente como parte da


solução desse problema. Esta é a visão de que a verdade depende do contexto. Assim, os
discordantes estariam afirmando verdades que funcionam em contexto distintos, no exemplo do
sushi, ambas as afirmações podem ser verdadeiras porque estão funcionando cada uma em um
contexto distinto, definido pelo gosto pessoal de cada falante. Esta é uma boa opção para evitar
a violação do princípio da não-contradição, mas tem o problema de explicar como o relativista
pode alegar que discordância é genuína, e se não puder, como ele pode fornecer uma
formulação interessante de sua tese. Embora as duas primeiras intuições pareçam inconciliáveis,
a semântica relativista faz exatamente isso.

A terceira, e última, é a da alternativa. Ela afirma que o relativismo se dá por esquemas


conceituais alternativos. Os discordantes estão falando, na verdade, de esquemas conceituais
alternativos, e incomensuráveis. E esta intuição que permite à Rovane fundamentar sua
formulação do relativismo, como “multimundialismo”. Como os esquemas conceituais variam de
modo incomensurável, é possível conjuntos verdadeiros de proposições incomensuráveis.
Parece haver um problema de justificar como o multimundialismo pode estar baseado em
diferenças de esquemas conceituais, e ainda assim ser uma tese genuinamente metafísica, isto
é, uma tese sobre o que há (no sentido relevante).

3. O motivo principal motivo foi tratado nas respostas anteriiore. Rovane tem por alvo o
problema de que os discordantes tenham desacordo genuíno, e estejam ambos correto.

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