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AS CATEGORIAS TRIBUTÁRIAS

OS IMPOSTOS
1. A NOÇÃO DE IMPOSTO

IMPOSTO: prestação pecuniária, coativa e unilateral, exigida por uma entidade pública com o propósito
da angariação de receita.

§1. CARACTERIZAÇÃO OBJETIVA


 PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA: constitui uma obrigação que deve ser satisfeita através de pagamento em dinheiro ou
meio equivalente (cf. artigo 40.º da LGT).
 PRESTAÇÃO COATIVA: constitui uma obrigação que é gerada pela mera concretização de um pressuposto legal e
não pelo encontro da vontade das partes, sendo uma obrigação ex lege (cf. artigo 36.º da LGT).
 PRESTAÇÃO UNILATERAL: pressuposto legal que origina a obrigação tributária é constituído por um
comportamento do sujeito passivo.
OS IMPOSTOS
1. A NOÇÃO DE IMPOSTO

§2. CARACTERIZAÇÃO SUBJETIVA


 São prestações devidas a entidades públicas (cf. artigo 18.º da LGT).

§3. CARACTERIZAÇÃO FINALÍSTICA


 Têm o propósito da angariação de receita, ou seja, servem para trazer às entidades públicas os meios
financeiros necessários ao exercício das suas funções que lhes estão atribuídas.
OS IMPOSTOS
2. AS CLASSIFICAÇÕES DOS IMPOSTOS

§1. IMPOSTOS DIRETOS E IMPOSTOS INDIRETOS

 IMPOSTOS DIRETOS: incidem sobre a pessoa que se pretende que suporte o encargo económico do
imposto, onerando a riqueza que está na esfera do sujeito passivo (impostos sobre o rendimento e impostos
sobre o património).

 IMPOSTOS INDIRETOS: incidem sobre pessoa distinta daquela que se pretende que suporte o encargo
económico do imposto, onerando riqueza que esteja na esfera de terceiro (impostos sobre o consumo).
OS IMPOSTOS
2. AS CLASSIFICAÇÕES DOS IMPOSTOS

§2. IMPOSTOS PESSOAIS E IMPOSTOS REAIS

 IMPOSTOS PESSOAIS: ponderam a condição social do contribuinte, sobressaindo na sua incidência o


elemento subjetivo (impostos sobre o rendimento).

 IMPOSTOS REAIS: não ponderam a condição social do contribuinte, sobressaindo na sua incidência o
elemento objetivo (impostos sobre o consumo).
OS IMPOSTOS
2. AS CLASSIFICAÇÕES DOS IMPOSTOS

§3. IMPOSTOS PROGRESSIVOS, REGRESSIVOS E PROPORCIONAIS

 IMPOSTOS PROGRESSIVOS: a taxa aumenta à medida que aumenta a matéria tributável (a fração da riqueza
absorvida pelo imposto aumenta).

 IMPOSTOS REGRESSIVOS: a taxa diminui à medida que aumenta a matéria tributável (a fração da riqueza
absorvida pelo imposto diminui).

 IMPOSTOS PROPORCIONAIS: existe uma taxa uniforme, indiferente ao valor da matéria tributável (a fração da
riqueza absorvida pelo imposto mantém-se inalterada).
OS IMPOSTOS
2. AS CLASSIFICAÇÕES DOS IMPOSTOS

§4. IMPOSTOS ESPECÍFICOS E IMPOSTOS AD VALOREM

IMPOSTOS ESPECÍFICOS: incidem sobre grandezas físicas (p. ex., a área de um imóvel, a
cilindrada de um automóvel – ISV, IUC).

IMPOSTOS AD VALOREM: incidem sobre valores (p. ex., valor do rendimento, valor do
património, valor do consumo – IRS, IRC, IVA, IMI).
OS IMPOSTOS
2. AS CLASSIFICAÇÕES DOS IMPOSTOS

§5. IMPOSTOS PERIÓDICOS E IMPOSTOS DE OBRIGAÇÃO ÚNICA

IMPOSTOS PERIÓDICOS: o facto gerador do imposto prolonga-se no tempo, gerando para o


contribuinte a obrigação de pagar o imposto com regularidade (IRS, IRC e IMI).

IMPOSTOS DE OBRIGAÇÃO ÚNICA: o facto gerador do imposto surge isolado no tempo, gerando
para o contribuinte uma obrigação de pagamento com caráter avulso (IVA e IMT).
AS TAXAS
1. A NOÇÃO DE TAXA

TAXA: prestação pecuniária e coativa, exigida por uma entidade pública, em contrapartida de uma prestação
administrativa efetivamente provocada ou aproveitada pelo sujeito passivo.

§1. CARACTERIZAÇÃO OBJETIVA


 PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA: são pagas em dinheiro ou meio equivalente (cf. artigo 40.º da LGT).
 PRESTAÇÃO COATIVA: a obrigação de pagamento resulta da concretização de um pressuposto legal e não de um acordo
de vontades a Administração e os contribuintes (cf. artigo 36.º da LGT).
 PRESTAÇÕES ADMINISTRATIVAS: utilização de um serviço público, utilização de bem do domínio público e remoção de
obstáculo jurídico à atividade dos particulares.
AS TAXAS
1. A NOÇÃO DE TAXA

§2. CARACTERIZAÇÃO SUBJETIVA


 São prestações devidas a entidades públicas (cf. artigo 18.º da LGT).

§3. CARACTERIZAÇÃO FINALÍSTICA


 Têm o propósito da angariação de receita e de compensação do custo ou do valor de prestações
administrativas provocadas ou aproveitadas pelo sujeito passivo.
AS CONTRIBUIÇÕES
1. A NOÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO
CONTRIBUIÇÃO: prestação pecuniária e coativa exigida por uma entidade pública em contrapartida de uma prestação
administrativa presumivelmente provocada ou aproveitada pelo sujeito passivo.

2. AS CONTRIBUIÇÕES FINANCEIRAS
São reportadas a grupos de pessoas ligados pela partilha de uma específica contraprestação de natureza grupal (tarifas e tributos
parafiscais).

3. AS CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
São reportadas a grupos de pessoas ligados por uma particular manifestação de capacidade contributiva decorrente do exercício de
uma atividade administrativa (cf. artigo 4.º, n.º 3, da LGT).
 Contribuições de melhoria
 Contribuições por maiores despesas
OS PRINCÍPIOS DO DIREITO FISCAL
O PRINCÍPIO DA IGUALDADE TRIBUTÁRIA

 Artigo 13.º da CRP


 Artigo 103.º, n.º 1, da CRP
 Artigo 104.º da CRP

 IGUALDADE HORIZONTAL: postula a igualdade de tratamento e contribuintes no mesmo escalão de rendimentos,


ou seja, as pessoas nas mesmas condições devem pagar o mesmo imposto.

 IGUALDADE VERTICAL: postula o tratamento diferenciado de contribuintes colocados em diferentes escalões de


rendimento, ou seja, as pessoas em diferentes condições devem pagar diferentes impostos, na medida da
diferença.
O PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA

 É o critério material de igualdade adequado aos impostos.

 Os impostos devem adequar-se à força económica do contribuinte e, por isso, o imposto deve incidir sobre
manifestações de riqueza e todas as manifestações de riqueza devem ficar sujeitas ao imposto.

 Pressuposto da tributação: o imposto só deve começar onde comece a força económica real do contribuinte.

 Limite da tributação: o imposto deve terminar onde termine a força económica real do contribuinte.

 Corolários na estruturação dos impostos pessoais sobre o rendimento: tributação do rendimento global;
tributação do rendimento líquido; e, tributação de rendimentos reais.
O PRINCÍPIO DA EQUIVALÊNCIA

 É o critério material de igualdade adequado às taxas e contribuições.

 As taxas e contribuições devem adequar-se ao custo ou valor das prestações públicas e, por isso, exige-se que este
tributos sejam dirigidos a custos ou benefícios reais e não apenas imaginários, ficando excluído o lançamento de
taxas e contribuições onde tais custos e benefícios não possam ser identificados com um mínimo de objetividade.

 Corolários na estruturação dos tributos comutativos: base de incidência objetiva estreita; base de incidência
subjetiva estreita; base tributável específica; o respetivo montante deve ser próximo do custo ou valor das
prestações a compensar; consignação da receita.
O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA

 Artigo 103.º, n.º 2, da CRP

 Artigo 165.º, n.ºs 1, alínea i) e 3, da CRP

 Artigo 8.º da LGT

 Exigência formal de reserva de lei parlamentar em matéria fiscal

 Exigência material de tipicidade ou determinabilidade das leis de imposto


O PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA

 Garantir a estabilidade, previsibilidade e calculabilidade da legislação e das obrigações tributárias

 Precisão, clareza e determinabilidade das normas e atos tributários

 Tutela das expetativas legítimas, fundadas e de boa-fé dos cidadãos

 Proibição da retroatividade (artigo 103.º, n.º 3, da CRP e artigo 12.º, n.º 1, da LGT)
A INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS
TRIBUTÁRIAS
OS ELEMENTOS DA INTERPRETAÇÃO

 Artigo 9.º do Código Civil


 Elemento literal
 Elemento histórico
 Elemento teleológico ou finalístico
 Elemento sistemático

Artigo 11.º da LGT


A INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO E AO
DIREITO EUROPEU

 A interpretação conforme à Constituição


 Princípio da prevalência da Constituição: perante uma pluralidade de sentidos possíveis a atribuir a um preceito
normativo, deve optar-se pelo mais conforme com a Constituição (lei hierarquicamente superior).

 No caso de o intérprete, mediante a aplicação dos elementos interpretativos, chegar a mais do que um sentido
possível a atribuir a um preceito normativo, deve optar pelo que mais se adeque à Constituição.

 A interpretação conforme ao Direito Europeu


 Princípio da prevalência do Direito Europeu: a superioridade hierárquica do Direito Europeu sobre o direito
interno justifica o reconhecimento de um princípio de interpretação das normas de direito fiscal em conformidade
com o Direito Europeu.
A RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA
DEFINIÇÃO

 Artigo 1.º, n.º 2, da LGT

 Relação jurídica tributária é o vínculo intersubjetivo emergente de


um facto tributário e enformado por normas jurídico-tributárias (Prof.
Joaquim Freitas da Rocha).
I. O FACTO CONSTITUTIVO

 Verificação cumulativa e simultânea de duas circunstâncias (facto


tributário lato sensu – artigo 36.º, n.º 1, da LGT):

 Um facto real e concreto (facto tributário stricto sensu)

A previsão desse facto numa norma tributária de incidência


II. OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

1. O SUJEITO ATIVO

Artigo 18.º, n.º 1, da LGT: o sujeito ativo da relação jurídica tributária


é a entidade de direito público titular do direito de exigir o
cumprimento das obrigações tributárias a que o sujeito passivo está
adstrito.
§1. A ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

Artigo 1.º (Âmbito de aplicação) da Lei Geral Tributária


(…)
3. Integram a administração tributária, (…), a Autoridade Tributária e Aduaneira, as demais
entidades públicas legalmente incumbidas da liquidação e cobrança dos tributos, o Ministro das
Finanças ou outro membro do Governo competente, quando exerçam competências administrativas no
domínio tributário, e os órgãos igualmente competentes dos Governos Regionais e das autarquias locais.
A AUTORIDADE TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA

Decreto-Lei n.º 118/2015, de 15 de dezembro


Aprova a orgânica da Autoridade Tributária e Aduaneira

Artigo 1.º
Natureza
1. A Autoridade Tributária e Aduaneira, abreviadamente designada por AT, é um serviço da administração
direta do Estado dotado de autonomia administrativa.
2. A AT dispõe ainda de unidades orgânicas desconcentradas de âmbito regional, designadas por direções de
finanças e alfândegas, e de âmbito local, designadas por serviços de finanças, delegações e postos aduaneiros.
AS “DEMAIS ENTIDADES PÚBLICAS”

 As autarquias locais (criação, disciplina jurídica e cobrança de taxas)

 As conservatórias (taxas de registo)

 As entidades de regulação e supervisão (setor bancário, da energia, farmacêutico, etc.)

 Os institutos públicos (setor do turismo, do vinho, da aviação, etc.)

 As universidades públicas (taxas de propina)

Os hospitais públicos (taxas moderadoras)


§2. OS ATOS DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

 Atos meramente materiais


Não fixam nem produzem efeitos jurídicos autónomos (v.g., receção de um
documento, audição de um contribuinte, etc.)

 Atos jurídicos
Atos individuais e concretos fixadores de efeitos jurídicos na esfera de
determinado sujeito (v.g., liquidação de um imposto, avaliação de um imóvel,
indeferimento de uma reclamação, etc.)
ATOS ADMINISTRATIVOS TRIBUTÁRIOS

Atos da Administração Tributária de aplicação da norma tributária ao caso concreto e


produtores de efeitos jurídicos na esfera jurídica de determinado sujeito.
§3. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

A. ATOS SINGULARES E ATOS GERAIS

Atos singulares são os que têm um destinatário individualizado, produzindo efeitos numa determinada
esfera jurídica e numa situação jurídica concreta (ex.: atos de liquidação).

Atos gerais têm uma abrangência potencialmente geral e abstrata e os seus efeitos atingem um número
indeterminado ou indeterminável de pessoas e de situações (ex.: orientações genéricas).
§3. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

B. ATOS IMPOSITIVOS E ATOS NÃO IMPOSITIVOS

Atos impositivos são os que fixam ou impõem efeitos jurídicos desfavoráveis para o seu destinatário
(ex.: atos de derrogação do sigilo bancário).

Atos não impositivos são os que fixam efeitos jurídicos favoráveis para o seu destinatário,
reconhecendo ou alargando um determinado direito ou interesse em matéria tributária (ex.: atos de
reconhecimento de isenções).
§3. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
C. ATOS PREPARATÓRIOS OU INTERLOCUTÓRIOS E ATOS DEFINITIVOS
Atos preparatórios ou interlocutórios são os que se inserem no procedimento mas que não fixam, de modo
último, efeitos jurídicos (ex.: projetos de decisão). [artigo 66.º da LGT]

Atos definitivos:
 Definitividade material: os atos definitivos são aqueles que são fixadores de efeitos jurídicos finais.
 Definitividade vertical: os atos definitivos são aqueles que expressam a última palavra da Administração
Tributária, i.e., a manifestação do mais elevado superior hierárquico.
 Definitividade horizontal: os atos definitivos são os atos decisórios, concludentes do procedimento.

Princípio da impugnação unitária: artigo 54.º do CPPT.


§3. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
D. ATOS DE PRIMEIRO GRAU, ATOS DE SEGUNDO GRAU E ATOS DE TERCEIRO GRAU

Atos de primeiro grau são os que consubstanciam a primeira apreciação de uma determinada situação tributária,
i.e., são a primeira pronúncia decisória da Administração Tributária (exs.: atos de liquidação, atos de indeferimento
de reconhecimento de benefícios fiscais).

Atos de segundo e de terceiro graus são os que consubstanciam uma reapreciação de uma determinada situação
tributária, procedendo à sindicância de uma anterior decisão da Administração Tributária; comportam, ou podem
comportar, a apreciação da legalidade dos atos de primeiro grau (exs.: atos que decidem reclamações graciosas, atos
que decidem recursos hierárquicos).
§3. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

E. ATOS EXPRESSOS E ATOS TÁCITOS

Atos são expressos quando a Administração Tributária exterioriza a sua vontade através de um
comportamento que revela inequivocamente um determinado sentido decisório, positivo (deferimento
expresso) ou negativo (indeferimento expresso).

Atos são tácitos quando o sentido decisório da Administração Tributária resulta de um comportamento
indireto, mas que revela com probabilidade um determinado sentido, positivo (deferimento tácito) ou
negativo (indeferimento tácito).
§3. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
F. ATOS VINCULADOS E ATOS DISCRICIONÁRIOS

Atos vinculados são os praticados pela Administração Tributária no estrito cumprimento de poderes vinculados
pela lei, cabendo-lhe apenas, i.e., sem a mínima possibilidade de conformação, a subsunção do caso concreto à
norma que fixa em termos absolutos, complexos e exaustivos todos os pressupostos da sua aplicação (exs.: matérias
de incidência dos impostos ou das respetivas taxas).

Atos discricionários são os praticados pela Administração Tributária ao abrigo de poderes discricionários, i.e.,
quando o legislador se limita a configurar uma moldura geral do regime jurídico, atribuindo à Administração
Tributária uma margem de decisão ou de escolha na aplicação da norma, i.e., concedendo-lhe um espaço de
discricionariedade (exs.: artigo 60.º, n.º 6, da LGT, artigo 68.º, n.º 13, da LGT, artigo 77.º, n.º 1, do CPPT).
§3. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
G. ATOS TRIBUTÁRIOS E ATOS EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA

Atos tributários lato sensu são atos produtores de efeitos jurídicos, de caráter individual e concreto, de aplicação da
norma tributária substantiva a um caso concreto; incluem:
 Atos tributários stricto sensu; e
 Atos administrativos em matéria tributária

Atos tributários stricto sensu são os atos de determinação concreta da dívida tributária (atos de liquidação).

Atos administrativos em matéria tributária são todos os outros atos que integram a noção ampla de ato
tributário mas que não são atos de liquidação (exs.: reconhecimento de benefícios fiscais, indeferimento de um

pedido de pagamento prestacional da dívida tributária, indeferimento de uma reclamação graciosa).


II. OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

2. O SUJEITO PASSIVO

Artigo 18.º, n.º 3, da LGT: o sujeito passivo da relação jurídica


tributária é a pessoa ou entidade que, nos termos da lei, está adstrita ao
cumprimento das vinculações que a mesma integra (dever ou obrigação
principal e deveres ou obrigações acessórias).
II. OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

2.1. O SUJEITO PASSIVO DIRETO


É a pessoa ou entidade que tem uma relação pessoal e direta com o facto tributário, ou seja, preenche ela
própria as normas de incidência de um tributo.

 Sujeito passivo singular: o facto tributário ou pressuposto da tributação verifica-se apenas


relativamente a uma pessoa ou entidade.
 Sujeito passivo plural: o facto tributário ou pressuposto da tributação verifica-se ab initio
relativamente a mais do que uma pessoa ou entidade.
II. OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

2.2. O SUJEITO PASSIVO INDIRETO


É a pessoa ou entidade que, sem ter uma relação pessoal e direta com o facto tributário, é
chamada ao cumprimento de obrigações tributárias (normalmente relacionadas com terceiros).

 Categorias:
 Substitutos tributários
 Sucessores tributários
 Responsáveis tributários (solidários e subsidiários)
II. OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

2.2.1. OS SUBSTITUTOS TRIBUTÁRIOS

Substituição tributária: por imposição legal, a prestação tributária vai ser entregue ao sujeito ativo não
pelo sujeito que realizou o facto tributário, mas por um terceiro que com ele mantém relações especiais e
que, por isso, lhe vai exigir a prestação em causa (artigo 20.º da LGT).

 Retenção na fonte (artigo 34.º da LGT): os rendimentos, ao serem pagos ou colocados à disposição,
são alvo de uma amputação a título de pagamento do tributo, recebendo o respetivo credor um
montante menor do que aquele que teria a receber. O substituto é a fonte dos rendimentos do
contribuinte, pelo que lhe cabe reter dada percentagem desses valores.
II. OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

2.2.1. OS SUBSTITUTOS TRIBUTÁRIOS

 Retenção na fonte a título definitivo: é efetuada a título liberatório e , por tal motivo, não dará lugar a
acertos posteriores, sendo a tributação retentiva uma tributação última e terminante.

 Retenção na fonte a título de pagamento por conta: é seguida de englobamento e, por isso, dá lugar a
acertos posteriores, especificamente por via de dedução, à coleta do imposto devido, dos montantes retidos
ao longo do período de tributação, podendo daí resultar quer o pagamento de uma determinada diferença,
quer o reembolso de determinado montante.
II. OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

2.2.1. OS SUBSTITUTOS TRIBUTÁRIOS

 Substituição sem retenção na fonte: o substituto é credor do contribuinte substituído,


obrigando-o a lei, em primeiro lugar, a cobrar o tributo juntamente com os valores que tenha a
haver do contribuinte substituído e, depois, a entregar esse tributo ao Estado. O contribuinte é a
fonte dos rendimentos do substituto, pelo que a tarefa deste é a de cobrar o tributo juntamente
com os valores que tem a haver.
II. OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

2.2.2. OS SUCESSORES TRIBUTÁRIOS

 Sucessão tributária: a obrigação tributária transfere-se para outro sujeito passivo em virtude do
desaparecimento por morte do sujeito passivo direto ou originário (artigo 29.º, n.º 2, da LGT).

 A sucessão acontece quer para herdeiros, quer para legatários


 O sucessor só responde, em princípio, com o valor dos bens herdados, i.e., até às forças da herança
 O sucessor só é chamado caso tenha aceite a sucessão (aceitação pura e simples ou a benefício de inventário)
 Não se exige que as dívidas a transmitir já tenham sido liquidadas pelo credor tributário
 A sucessão não abrange quantias exigidas a título sancionatório
II. OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

2.2.3. OS RESPONSÁVEIS TRIBUTÁRIOS

 Responsabilidade tributária: verifica-se quando alguém, por imposição legal, é chamado ao pagamento de
dívidas tributárias de outra pessoa ou entidade, após o incumprimento desta (artigo 22.º da LGT).

 Responsabilidade solidária: casos em que ao património do incumpridor se junta o património do


responsável, sem ser preciso esgotar o primeiro;
 Responsabilidade subsidiária: casos em que ao património do incumpridor se junta o património do
responsável, mas apenas após verificado o benefício de excussão prévia, i.e., após demonstrada a
insuficiência do primeiro.
II. OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

§1. OS RESPONSÁVEIS SOLIDÁRIOS


 Artigo 21.º, n.º 2, da LGT
 Artigo 27.º, n.º 1, da LGT
 Artigo 21.º, n.º 7, do EBF
 Artigo 22.º, n.º 15, do EBF
 Artigo 103.º, n.ºs 4 e 5, do CIRS
 Artigo 30.º, n.º 5, do CIVA
 Artigo 79.º, n.º 1, do CIVA
 Artigo 49.º, n.º 6, do CIMT
 Artigo 42.º, n.ºs 1, 2 e 4, do CIS
II. OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

§2. OS RESPONSÁVEIS SUBSIDIÁRIOS

 Artigo 23.º da LGT: a responsabilidade subsidiária efetiva-se por reversão do processo de execução
fiscal.

 Artigo 24.º , n.º 1, alíneas a) e b), da LGT


 Artigo 24.º, n.º 2, da LGT
 Artigo 24.º, n.º 3, da LGT
 Artigo 28.º da LGT
II. OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

2.3. A PERSONALIDADE TRIBUTÁRIA


 Artigo 15.º da LGT: consiste na suscetibilidade de ser sujeito de relações jurídicas tributárias.

2.4. A CAPACIDADE TRIBUTÁRIA


A capacidade tributária consiste na medida dos direitos e deveres tributários que cada sujeito tributário pode exercer por si.

 Artigo 16.º, n.º 2, da LGT: em princípio, tem capacidade tributária quem tiver personalidade tributária (regra da
equiparação).
 Artigo 16.º, n.º 1, da LGT
 Artigo 16.º, n.ºs 3 e 4, da LGT
 Artigo 16.º, n.ºs 5 e 6, da LGT
II. OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

2.5. O DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO

DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO: local onde os sujeitos passivos se devem considerar fixados para efeitos
jurídico-tributários.

 Artigo 19.º, n.ºs 1, 2 e 11, da LGT


 Artigo 19.º, n.º 3, da LGT
 Artigo 19.º, n.º 4, da LGT
 Artigo 19.º, n.ºs 5, 6, 7 e 8, da LGT
 Artigo 19.º, n.ºs 12 e 14, da LGT
III. O OBJETO DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

 Artigo 30.º, n.º 1, da LGT: o objeto da relação jurídica tributária é formado pelo crédito e dívida tributários, pelo
direito a prestações acessórias e correspondente dever ou sujeição, pelo direito à dedução, reembolso ou
restituição do imposto, bem como pelo direito a juros compensatórios e a juros indemnizatórios.

 Conteúdo essencial da relação jurídica tributária:


 Obrigação principal (de natureza material) de efetuar o pagamento do tributo (artigo 31.º, n.º 1, da LGT);
 Obrigações acessórias (de natureza formal) que visam acautelar o cumprimento da primeira (artigo 31.º,
n.º 2, da LGT).
III. O OBJETO DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

1. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS (DE NATUREZA DOCUMENTAL):


 Artigo 112.º, n.ºs 1, 2, e 3 do CIRS
 Artigo 57.º do CIRS
 Artigo 117.º do CIRS
 Artigo 123.º do CIRC
 Artigo 124.º do CIRC
 Artigo 29.º, n.º 1, alínea b), do CIVA
 Artigo 59.º, n.º 4, da LGT
 Artigo 19.º, n.º 3, da LGT
 Artigo 130.º do CIRS
III. O OBJETO DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

2. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS (DE NATUREZA PECUNIÁRIA):

§1. Dedução, reembolso e restituição de tributos

 Dedução de tributo: situações em que no cálculo de um tributo se pode deduzir o montante de outro já
pago (por ex., crédito de imposto previsto nos artigos 78.º, n.º 1, alínea j) e 81.º do CIRS e dedução prevista
no artigo 19.º, n.º 1, do CIVA).
 Reembolso de tributo: situações em que o contribuinte ou obrigado tributário efetuou ao longo do período
de tributação pagamentos antecipados por conta do imposto final (pagamentos por conta e retenções na
fonte a título de pagamento por conta) e se conclui que os montantes já pagos superam o montante devido.
III. O OBJETO DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

2. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS (DE NATUREZA PECUNIÁRIA):

§1. Dedução, reembolso e restituição de tributos

 Restituição de tributo: situações em que o contribuinte ou obrigado tributário tem direito à restituição
quando anteriormente tiver pago um tributo com base num ato tributário ilegal que é posteriormente
anulado ou revogado.
III. O OBJETO DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

2. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS (DE NATUREZA PECUNIÁRIA):

§2. Juros tributários

 Juros compensatórios (artigo 35.º da LGT): são juros devidos pelo sujeito passivo à Administração, com
vista a ressarci-la por atraso na liquidação que a ele seja imputável.
 Juros indemnizatórios (artigo 43.º da LGT): são juros devidos pela Administração ao sujeito passivo,
com vista a ressarci-lo pelo pagamento de tributo indevido.
III. O OBJETO DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

2. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS (DE NATUREZA PECUNIÁRIA):

§2. Juros tributários

 Juros de mora (artigo 44.º da LGT): são, por um lado, juros devidos pelo sujeito passivo à Administração,
com vista a ressarci-la pelo atraso no pagamento de um tributo e são, por outro lado, juros devidos pela
Administração ao sujeito passivo, com vista a ressarci-lo pelo atraso no cumprimento de uma sentença que a
condenou a restituir um tributo cobrado ilegalmente.
IV. A EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

1. O CUMPRIMENTO

§1. Pagamento
 Artigo 40.º, n.º 1, da LGT: o pagamento representa a forma típica de extinção da obrigação tributária (cf. artigo
84.º do CPPT).
 Artigo 42.º da LGT: pagamento em prestações (cf. artigo 196.º do CPPT).

§2. Dação em cumprimento


 Artigo 40.º, n.º 2, da LGT: a dação em cumprimento tem carácter excecional, valendo apenas nos casos
expressamente previstos na lei (cf. artigos 87.º, 201.º e 202.º do CPPT).
IV. A EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

1. O CUMPRIMENTO

§3. Compensação
Artigo 40.º, n.º 2, da LGT: a compensação tem carácter excecional, valendo apenas nos casos expressamente
previstos na lei (cf. artigos 89.º, 90.º e 90.º-A do CPPT).
IV. A EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

2. A CADUCIDADE DO DIREITO À LIQUIDAÇÃO


 Artigo 45.º, n.º 1, da LGT: o direito de liquidar os tributos caduca se a liquidação não for validamente notificada ao
contribuinte no prazo de quatro anos, quando a lei não fixe outro prazo (cf. n.ºs 2, 3 e 7).

 Artigo 45.º, n.º 4, da LGT:


 Impostos periódicos: o prazo de caducidade conta-se a partir do termo do ano em que se verificou o facto tributário.
 Impostos de obrigação única: o prazo de caducidade conta-se a partir da data em que o facto tributário ocorreu.
 IVA / IRS e IRC (retenção na fonte a título definitivo): o prazo de caducidade conta-se a partir do início do ano civil
seguinte àquele em que se verificou, respetivamente, a exigibilidade do imposto ou o facto tributário.

 Artigo 46.º da LGT: suspensão do prazo de caducidade.


IV. A EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

2. A PRESCRIÇÃO DA PRESTAÇÃO TRIBUTÁRIA


Artigo 48.º, n.º 1, da LGT: salvo lei especial, as dívidas tributárias prescrevem no prazo de oito anos (cf.
n.º 4) contados:
 Impostos periódicos: a partir do termo do ano em que se verificou o facto tributário.
 Impostos de obrigação única: a partir da data em que o facto tributário ocorreu.
 IVA / IRS e IRC (retenção na fonte a título definitivo): a partir do início do ano civil seguinte àquele em que se
verificou, respetivamente, a exigibilidade do imposto ou o facto tributário.

 Artigos 48.º, n.ºs 2 e 3, e 49.º da LGT: interrupção e suspensão da prescrição.

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