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Trabalho de Ética e Deontologia
Trabalho de Ética e Deontologia
Psicólogo e Cliente
Resumo
Este trabalho tem como objetivo explorar a temática das relações íntimas e sexuais
na terapia, isto é, entre o/a psicólogo/a e o/a cliente, bem como as implicações e
consequências para ambos os polos na terapia. O dilema ético apresentado aborda esta
temática, e são indicados os princípios éticos postos em causa, com base no Código
este trabalho, é discutido as relações íntimas e sexuais na terapia, bem como os seus
danos, que vão desde o agravamento dos sintomas para o cliente até o possível fim de
código ético e deontológico, bem como toda a literatura e prática necessária, e controlo
desenvolvido das suas emoções e sentimentos, tendo sempre o bem-estar do cliente como
centro da terapia.
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Relações íntimas e sexuais entre psicólogo e cliente
Dilema ético
O dilema ético ocorreu quando o psicólogo tinha 23/24 anos, durante o seu
estágio, portanto a sua experiência era pouca. A paciente em causa era uma rapariga de
19 anos, cujo psicólogo descreveu como bonita e interessante, que afirmou estar
que era o início da sua carreira e já estava com um problema desses entre mãos. No
entanto, após conversar com o seu supervisor de estágio, ambos chegaram à conclusão de
que estes sentimentos nutridos pelo psicólogo eram uma representação máxima das suas
inseguranças e receios, causadas pelo facto de estar a iniciar a sua carreira, e sentir que
não era capaz de levar a sua profissão a cabo. Ainda com a ajuda do supervisor, o
psicólogo foi aconselhado a explorar estes sentimentos na sessão, para tentar perceber o
quando este sentimento veio ao de cima. O seu supervisor, cuja experiência o psicólogo
achou fundamental na resolução deste dilema, com a ajuda dos dados já adquiridos nas
sessões, colocou a hipótese de que ela poderia ter experienciado relações potencialmente
abusivas no seu passado, pois quando houve algo positivo na terapia, um limite qualquer
conclusão que ela estava a sentir que determinados limites estavam a ser ultrapassados e,
seu passado, e das principais aprendizagens do psicólogo neste dilema, foi que devemos
refletir sobre determinada emoção, isto é, sobre as suas funções, seus significados e
comportamentos derivados das mesmas, porque o que considerou que poderia ser uma
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Relações íntimas e sexuais entre psicólogo e cliente
Após uma revisão do dilema, uma leitura do Código Deontológico da Ordem dos
Psicólogos Portugueses (OPP), visto que o psicólogo faz parte da OPP e a situação
causa. No entanto, os princípios que irão ser descritos, foram referenciados do Código
o psicólogo tenha consciência dos diversos resultados e consequências que a sua atuação
poderá ter nas pessoas, bem como contribuir para que os seus métodos tenham bons
efeitos e resultados no paciente. Este princípio entra em conflito neste dilema, visto que,
se o psicólogo agisse em prol dos seus sentimentos, neste caso, amorosos, mas sejam eles
surgimento dos mesmos, resolucioná-los da forma mais correta e de acordo com as suas
à ajuda do seu supervisor, e não abandonando a terapia da paciente, cumprindo assim este
os psicólogos devem centrar-se, sempre, nos melhores interesses do cliente, não devendo,
de qualquer forma, agir para o prejudicar. Neste caso, uma relação íntima poderia, como
comprovado pela literatura que irá ser explorada no decorrer deste trabalho, prejudicar
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Relações íntimas e sexuais entre psicólogo e cliente
relacionado com a avaliação psicológica, afirmando que a mesma tem de ser realizada de
isto, este princípio está em causa, devido aos sentimentos/emoções sentidas pelo
psicólogo, sendo possível que suas ações e interpretações, fujam de uma perspetiva lógica
psicológicas, que afirma que estas contam não apenas com métodos e técnicas, como
Este princípio, tal como os restantes princípios específicos, é dividido em vários pontos.
afirma que os psicólogos devem ter consciência da importância das suas características
O princípio 5.7, referente aos conflitos de interesse, explicita que o psicólogo deve
prevenir e evitar os conflitos de interesse, sendo que, no dilema deste trabalho, o conflito
às relações múltiplas, afirma que o psicólogo não deve estabelecer uma relação
profissional com um cliente com o qual tem ou tenha tido uma relação, e, neste mesmo
sentido, não deve desenvolver uma relação de qualquer outro tipo para além da relação
com a cliente, devido aos sentimentos de ambos. Num registo bastante semelhante está o
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Relações íntimas e sexuais entre psicólogo e cliente
princípio 5.9, referente a relações românticas ou sexuais, onde está escrito que os
psicólogos não se envolvem em relações românticas ou sexuais com os clientes. Tal como
romântica e/ou sexual, motivada pelo sentimento de ambas as partes. O princípio 7.1, não
causar danos, que afirma que a investigação e tudo o que está incluído na mesma, não
deve causar danos ao cliente, sejam eles físicos ou psicológicos. O envolvimento numa
relação com a cliente poderá causar danos à mesma. E, por último, o princípio 5.14, onde
quando se observa qualquer tipo de constrangimento à prossecução dos mesmos (tal como
A temática do nosso dilema pode ser uma situação bastante complicada, tanto para
um psicólogo com experiência, como para um psicólogo com menos experiência, sendo
que envolvimento íntimo ou sexual com um cliente pode prejudicar ambas as pessoas
envolvidas na relação. Capawana (2016) no seu artigo Intimate attractions and sexual
explora, tal como indica o título, as relações íntimas e sexuais dos psicólogos, não só com
dessa relação, sejam elas a nível profissional e pessoal, bem como as implicações que têm
O artigo começa por nos dar os dados de prevalência desta situação, sendo que
percentagem, existe uma maior preponderância por parte dos homens a terem sentimentos
de intimidade, sendo que 9.4% são homens e 2.5% são mulheres (Celenza, 2007). Os
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com os clientes, só foi formalizado pela APA em 1977, resultado de precedentes legais,
mais especificamente o caso Roy v. Hartogs (1975), no qual o psicólogo teve relações
piorou e levou o psicólogo a tribunal, sendo a partir daí que se estabelecem os códigos
éticos atuais, tendo sido observados os possíveis danos da prática sexual no/a paciente.
Capawana (2016) identifica os vários códigos de ética da APA que referem, direta
trabalham, sendo os princípios: 3.02, Assédio sexual; 3.04, Evitamento de dano; 3.05,
Relações múltiplas; 3.08, Relações de exploração; 7.07, Relações sexuais com estudantes
e descrito anteriormente neste trabalho, os princípios mais envolvidos são o 3.04, o 3.05
e o 10.05, que são semelhantes, respetivamente, aos princípios 5.8, 5.9 e 7.1 do código
sexual. Pope (2001) observou que, para o cliente, as reações mais comuns à temática sexo
cognitiva, culpa e aumento da ideação suicida, sentimentos de vergonha, entre outros. Por
parte do psicólogo também existem diversos riscos, desde sanções no meio profissional
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relações de exploração.
terapêutica, é de destacar o facto de que o cliente tende a ser a parte mais vulnerável,
podendo até ter implicada uma visão, em parte, mais feminista, que conta com a
construção de uma aliança igualitária, com o intuito da mesma não ser utilizada de forma
responsável por prevenir danos e abusos tanto físicos como verbais. Segundo (Hill &
Ballou, 1998), se o poder for dividido de forma colaborativa, vai ter como efeito, no
cliente, um sentimento de empoderamento, isto é, dando ao cliente uma voz ativa que
Contudo, se esta relação terapêutica não contar com uma divisão colaborativa do poder,
temos como consequência um potencial de abuso, pois, com esta discrepância de poder,
Bajt e Pope (1989), identificou-se que cerca de 25% dos entrevistados identificaram
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Relações íntimas e sexuais entre psicólogo e cliente
segundo Welfel (2012), a atração sexual na terapia é uma situação que pode ser
considerada normal e que não é necessariamente antiético, desde que esta atração não
escassez de dados sobre a atração sexual na terapia, principalmente no que toca à violação
volta deste dilema ético, no qual os investigadores consideram que é, de certa forma,
objetivos da terapia em benefício do cliente. Porém, segundo Rodolfa et al., (1994), cerca
de 50% de uma amostra de cinco mil psicoterapeutas, afirmam que sentimentos de atração
Para finalizar este capítulo, Pope (1986), afirma que é necessário que os terapeutas
detrás da atração sexual por clientes, os psicólogos/terapeutas devem ter uma visão
positiva e objetiva em relação aos seus sentimentos, de forma a ser possível clarificar e
de forma explícita e direta, os sentimentos pelo cliente. Esta abordagem tem demonstrado
após a mesma (Gabbard, 1994). Nesta abordagem, é visto, também, que os ambientes em
questão têm um grande peso na equação, ou seja, o ambiente onde tanto o psicólogo como
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encontros acidentais após um mínimo de dois anos de tratamento breve e/ou não
intensivo. Gabbard afirma que o código não deveria incluir esta exceção à regra,
paragem imediata de tabagismo, que a regra dos dois anos pode ter argumentos que a
atividade sexual é permissível, pois não era uma terapia intensiva. Não deixa de ser
como ser mal interpretado ou julgado tanto por clientes como colegas.
Concluindo o artigo, sentir uma atração sexual tanto por clientes, supervisionados
e alunos não é necessariamente uma violação ética, mas, ao ultrapassar o limite para o
contacto sexual, já cumpre os requisitos para uma infração grave. A literatura revela a
sentimentos, de forma a entender qual a razão das suas motivações e pensar no dano
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Relações íntimas e sexuais entre psicólogo e cliente
Reflexão Crítica
Em suma, muitas das vezes não temos controlo sobre os nossos sentimentos ou
como foram ditas anteriormente, e casos como este que foi relatado acontecem diversas
vezes. É necessário saber intervir de uma forma ética, sem nunca atingir o cliente
negativamente. Por isso mesmo, achamos que esta temática do artigo apresentado é
essencial para lidar com esses problemas de cariz amoroso/sexual. Para este tipo de
perceber que os seus sentimentos, muitas das vezes, são apenas inseguranças ou receios,
como o tal referiu na sua entrevista, sendo também essencial o próprio ter um
conhecimento aprofundado do código ético, como revela o próprio artigo. Técnicas como
a autorrevelação, citada do estudo, que depois iremos explorar mais à frente, são também
formas de ultrapassar este conflito ético e não pôr em causa a competência e o objetivo
da consulta. Logo sentimos a necessidade de explorar mais esta temática e perceber que
maneiras podemos resolver este dilema ético, como iremos falar a seguir.
proteção deste dilema, acabando por afetar mais jovens recém-formados. No artigo
apresentado, terapias como a terapia feminista para uma aliança igualitária e assim evitar
o desequilíbrio de poder, são aspetos utilizados para conseguir ultrapassar o dilema visto
avaliação terapêutica (Gabbard, 1994). No lidar com estes sentimentos amorosos, refere-
se que o ambiente tem um grande peso, sendo que se o contexto for de segurança e de
abertura, o trabalho em equipa será vantajoso para o psicólogo reconhecer melhor as suas
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Relações íntimas e sexuais entre psicólogo e cliente
emoções, que converge com as próprias ações do psicólogo, visto ter recorrido à ajuda do
seu supervisor. Conforme o código ético mostra e foi referido na secção "Princípios éticos
com a sua cliente. Umas das soluções para ultrapassar este conflito poderia ser, por
portanto a melhor alternativa para este dilema ético seria de acordo com o princípio D da
integridade, relembrar que o mesmo foi usado pelo psicólogo, assenta que os psicólogos
não se podem mover de acordo com as suas motivações, neste caso sentimentos pela
tentando sempre respeitar os princípios gerais da psicologia, como foi praticado pelo
passou. Após uma reflexão do grupo, com base na revisão dos artigos e do código
deontológico, concluímos então que o psicólogo agiu de forma correta e de acordo com
em aula, foi algo bastante elucidativo e importante para a nossa aprendizagem, bem como
e/ou sexuais uma dessas. O artigo principal do trabalho, complementado pelos artigos
secundários, teve esse mesmo propósito, de nos dar a conhecer as diversas implicações
que esta temática poderá ter em diversos contextos e em diversas pessoas, e o impacto
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Relações íntimas e sexuais entre psicólogo e cliente
Referências
Bajt, T. R., & Pope, K. S. (1989). Therapist-patient sexual intimacy involving children
https://doi.org/10.1037/0003-066x.44.2.455
1194176. https://doi.org/10.1080/23311908.2016.1194176
Goodman, L. A., Liang, B., Helms, J. E., Latta, R. E., Sparks, E., & Weintraub, S. R.
https://doi.org/10.1177/0011000004268802
https://doi.org/10.1002/jclp.22063
Hill, M., & Ballou, M. (1998). Making feminist therapy: A practice survey. Women &
Koocher, G. P., & Keith-Spiegel, P. (2008). Ethics in psychology and the mental health
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Pope, K. (2001). Sex between therapists and clients. In J. Worell (Ed.), Encyclopedia of
women and gender: Sex similarities and differences and the impact of society on
Pope, K. S., Keith-Spiegel, P., & Tabachnick, B. G. (1986). Sexual attraction to clients:
The human therapist and the (sometimes) inhuman training system. American
Rodolfa, E., Hall, T. A., Holms, V. L., Davena, A., Komatz, D. G., Antunez, M., & Hall,
https://doi.org/10.1037/0735-7028.25.2.168
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