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CLUBE DE REVISTAS

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SUMÁRIO

6 EDITORIAL

OPINIÃO
12 Sarah Ahmed
16 Jamie Goode
20 Duarte Calvão
24 José João Santos

ESCOLHAS DO MÊS
28 Para a Mesa
30 Para a Cave
32 Altamente Recomendados
34 Boas Compras

36 PROFILE
Jean-Michel Cazes.

38 CASTA
Batoca.

40 NOTÍCIAS

42 VINHOS E NÚMEROS
Previsão de vindima no Douro.

44 VITICULTURA
Curiosidades da vinha.

48 CERVEJAS
A sidra vai Nua.

62 52 NA MESA
Tacos com carne.

54 ESPIRITUOSOS
Valley Gin, a pureza do Gerês.
56 ENOTURISMO

98
Arvad Wine, Algarve.

62 COMPORTA
A sofisticação e a elegância do destino mais ‘trendy’ de Portugal.

80 A BAIRRADA “PERIFÉRICA”
Botão, Prior Lucas e Vinha das Penicas.

98 FIRMA WINERY
Douro e Verdes para começar..

104 ALICANTE
Vinhos de sabor mediterrânico.

112 PROVA TEMÁTICA


Tintos de prazer, até 12,5%.

118 TREMOÇOS
A magia do tremoço de Cadima.

124 CRÍTICA GASTRONÓMICA


Casa Reîa, Costa da Caparica.

128 PROVA VERTICAL


Três décadas de Vintages das quintas do Arnozelo e S. Luiz. 84 118
134 NOVIDADES
As novas entradas do mercado.

142 GUIA REVISTA DE VINHOS

158 EVENTOS
Guarda Wine Fest.
Sommeet.

162 LEGENDARY WINEMAKER


Nuno Cancela de Abreu.

@revistadevinhos
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EDITORIAL

ParabÉns,
EsporÃo!
Em Portugal, caímos por vezes na tentação de diabolizar os
grandes. Esquecemo-nos, porém, que somos um país dema-
siado pequeno para poder fazê-lo, na medida em que as escassas
grandes empresas de setores como o do vinho são as que con-
tribuem decisivamente para a sustentabilidade do negócio como
Vindouro
um todo.
– Festa
Sustentabilidade não é uma palavra vã ou um conceito abs-
Pombalina
trato no Esporão, que este ano celebra 50 anos. O projeto ini- De 31 de agosto a 3 de
ciado por José Roquette e Joaquim Bandeira, em 1973, revolu-
setembro, boa parte do
melhor do Douro reúne-se
cionou o Alentejo. Congregou uma comunidade local e criou
em São João da Pesqueira.
uma marca fortíssima, em Portugal e em mercados externos Fique atento à programação
como o Brasil, onde é uma referência incontornável nos vinhos de atividades e ao cartaz de
e no azeite. Trouxe dos primeiros exemplos do que pode ser o espectáculos.
enoturismo, oferecendo um restaurante e uma sala de provas,
convidando quem passa a entrar e visitar. Resgatou memórias,
reabilitou património e criou um museu. Pensou adegas e lagares em respeito pelo ambiente, tornou-se bio,
Vinho Verde
preservou recursos naturais e grita aos quatro ventos a absoluta necessidade de salvaguardar esse bem
precioso chamado água. Soube fazer uma transição familiar e geracional, abriu horizontes ao Douro e aos
Essência
Vinhos Verdes. Criou conceitos e nunca perdeu o sentido do lugar.
Festival – Art.
Wine. Food.
José, pai, João, o filho, celebram meio século de conquistas e todos nós facilmente sentimos que são apenas
os primeiros 50 anos.
Music.
De 8 a 10 de setembro,
Termino com uma outra nota que muito me apraz. A Wine & Travel Week acaba de receber uma nova dis- nos jardins do Museu
tinção internacional, ao ser considerado “Melhor Evento de Luxo da Europa”, nos Luxury Lifestyle Awards Nacional Soares dos Reis,
2023 – iniciativa norte-americana de prestígio global que distingue, desde há 15 anos, um conjunto exclusivo um blend notável de vinhos,
de bens e serviços de luxo. Com sede em Nova Iorque, avalia mais de 5.000 bens e serviços em 400 cate-
gastronomia, artes e música.
Um festival para fechar o
gorias, num total de 120 regiões mundiais. Trata-se, portanto, de mais um reconhecimento que surge como
verão em grande na cidade
resultado do nosso incansável empenho em posicionar Portugal como um destino de referência no vinho, do Porto.
na gastronomia e no enoturismo. Esta nova distinção internacional segue-se ao prémio “Best Drinks Event www.essenciafestival.com
2023”, pela conceituada publicação britânica The Drinks Business.

Entretanto, há já calendário para a segunda edição: 19 a 25 de fevereiro de 2024, no Porto. As reuniões


B2B, que juntarão compradores e operadores turísticos a empresas, projetos, rotas, serviços e produtos
de mais de uma dezena de países, serão realizadas no emblemático Museu Nacional Soares dos Reis. A
programação contemplará um conjunto paralelo de experiências e programas reservados aos participantes,
que oportunamente será difundido. As inscrições para participação de operadores turísticos, portugueses e
internacionais, e jornalistas estão disponíveis online, em winetravelweek.com

Como responsável pela organização da Wine & Travel Week, não posso estar mais satisfeito pelo retorno
obtido e aproveito ainda para agradecer os apoios do Turismo de Portugal e da Great Wine Capitals, a rede
de capitais de grandes vinhedos do mundo, para a concretização deste projeto.

Nuno Guedes Vaz Pires, diretor


NUNOPIRES@ESSENCIADOVINHO.COM
@NUNOGVPIRES
EDIÇÃO Nº 405 / AGOSTO 2023

6 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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À descoberta de uma casta única

Fiel ao seu espírito experimentalista, São Luiz Winemaker´s Collection decidiu ir mais longe.
Como tal, criou três vinhos totalmente distintos, mas com a particularidade de serem provenientes
de uma mesma casta minoritária no Douro, que se destaca pela sua raridade
e que fazemos questão de preservar.

Da casta Rufete, surge um Trio nunca antes visto, que o irá surpreender
numa edição limitada de apenas 1.100 caixas com os três vinhos.
Um Tinto leve e fresco de cor granada, com aroma a frutos do bosque e com especiarias finas
enaltecidas pelo estágio em cascos de castanheiro. Um Branco com aroma complexo, fresco e floral,
elegante e cremoso, com um toque de líchias e acidez viva no final. Um Rosé de cor salmão pálido,
fresco, longo e complexo, com aromas florais doces, que nos lembram pétalas de rosas e cerejas.

Deixe-se envolver por uma trilogia inédita, marcante e rara.

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S. João de Jerusalém, ordem assistencial criada para apoiar os
peregrinos em viagem à Terra Santa.

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carácter... pois há um Verde para cada
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que se inicia com o Quebra Gelo com
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OPINIÃO

Sarah Ahmed, jornalista e crítica de vinhos

Reputada jornalista e crítica de vinhos britânica, especializada


em vinhos portugueses e australianos, no blogue "The Wine Detective".

Os vinhos das penínsulas


A Wine Detective investiga as analogias entre duas famosas
penínsulas – Setúbal e McLaren Vale.

N
o meu artigo de julho de 2019, escrevi Setúbal e McLaren Vale partilham uma longa história
sobre estilos mais claros, leves e ‘pre- de produção de vinhos generosos mas, nesta última
mium’ de vinhos das castas Castelão e visita, fiquei impressionada com os paralelos entre
Grenache de Portugal e da Austrália, o perfil dos seus vinhos boutique ‘leves’ (não forti-
respetivamente, também conhecidos ficados) e os recentes desenvolvimentos estilísticos e
como ‘Pinot Noir de clima quente’. A Península de varietais. Naturalmente, sendo penínsulas, as massas
Setúbal está para a Castelão como McLaren Vale de água que as rodeiam influenciam o perfil do vinho.
para Grenache, pelo que tenho estas duas regiões Como Corinna Wright, da Oliver's Taranga Vineyards
em mente. Tendo passado apenas quatro dias na em McLaren Vale, colocou sucintamente, a influência
Península de Setúbal, percebi que as duas têm um moderadora do frio Oceano Antártico (para Portugal,
pouco mais em comum, por estarem localizadas em o Atlântico), significa que “não há altos e baixos” de
penínsulas (no caso de McLaren Vale, a Peninsula temperatura. O período de amadurecimento cons-
Fleurieu, no sul da Austrália). tante que daí resulta é uma ótima notícia para a inten-
A ligação não termina aí. Coincidentemente, a sidade de sabor e a maturação dos taninos. Os vinhos-
Península de Setúbal e McLaren Vale também estão -boutique da Península de Setúbal e de McLaren
localizadas a sul das capitais. Adelaide, capital da Vale não têm nada de magros, carnudos e frutados
Austrália do Sul, é membro da rede global Great no meio do palato, mas as brisas do oceano também
Wine Capitals (a Austrália do Sul produz 80% do reforçam o equilíbrio.
vinho premium do país). Enquanto isso, a própria No entanto, a pensar no aquecimento global e na
Península de Setúbal reivindica ser a capital portu- crescente preferência por vinhos menos extraídos e
guesa do Moscatel fortificado, na verdade uma das menos alcoólicos, os enólogos de McLaren Vale e da
“Grandes Capitais do Moscatel” do mundo. E, não Península de Setúbal preocupam-se em salvaguardar
pela primeira vez, o Moscatel de Setúbal arrecadou esse equilíbrio e manter a frescura. A francesa
o primeiro lugar do concurso ‘Muscats du Monde’ Emmanuelle Bekkers (que ainda produz Chablis)
deste ano, quando o Venâncio da Costa Lima 2019 adora a capacidade de McLaren Vale para “ofe-
superiorizou-se a 166 outros moscatéis. recer uma generosidade que muitas outras regiões
Ambas quentes e secas, as regiões da Península de do mundo não podem alcançar”. O seu objetivo

12 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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OPINIÃO CLUBE DE REVISTAS
Sarah Ahmed, jornalista e crítica de vinhos

A pensar no aquecimento
global e na crescente
preferência por vinhos
menos extraídos e menos
alcoólicos, os enólogos de
McLaren Vale e da Península
é aproveitar esta fartura de Setúbal preocupam-se em na acidez natural. Talvez
natural da fruta, mas pro- sem surpresa, a Herdade do
salvaguardar o equilíbrio e
duzir um vinho que, diz ela, Cebolal, o produtor mais a
“ainda deve estar nos carris e, manter a frescura. sul da Península de Setúbal,
por isso, tem estrutura”. Para plantou Encruzado. Os pro-
isso, rejeita meticulosamente as uvas muito maduras. dutores de McLaren Vale também estão a plantar
As fermentações de cacho inteiro trazem complexi- uvas altamente ácidas, como a Fiano da Campânia, no
dade e tanino à fruta, além de ajudar a criar espaço sul de Itália.
entre as películas e o mosto, tornando a extração André Bondar (Bondar Wines) explica:
de taninos mais suave. O seu Grenache de primeira “Pareceu-nos uma óptima opção… conseguimos
linha mostra fruta elegante e musculada, mas é floral, atingir um equilíbrio natural e frescura com esta
fresca e em camadas, com nuances minerais. casta, mesmo numa região mais quente; provavel-
mente precisa do calor para trazer esse equilíbrio com
Equilíbrio natural em regiões quentes os ácidos”. Não esperava encontrar uvas da Campânia
na Península de Setúbal mas, tendo provado em Roma
Pensei na abordagem refinada de Bekkers aos e adorado, Joe Berardo (Vinhos Bacalhôa) plantou
estilos encorpados de Grenache quando provei uma Greco di Tufo em 2010. Embora o seu coordenador
vertical de Herdade de Pegos Claros Grande Escolha de enologia, Vasco Penha Garcia, admita “que se ques-
com Bernardo Cabral. João Portugal Ramos usava tione por que o fizemos”, delicia-se com a acidez dos
engaço na década de 1990, disse, regozijando-se vinhos e, fazendo eco de Bondar, observou: “É pre-
(como eu) com a delicadeza do Pegos Claros Grande ciso esperar para colher para que a acidez diminua”.
Escolha de 1995. Em 2017, Cabral fermentou Pegos Adocicado, com notas florais e uma frescura encanta-
Claros Grande Escolha 2017 com 50% de engaço e dora, o Bacalhôa Greco di Tufo Vinhas das Fitas 2022
passou do estágio em barricas 100% para estágios de apresentou uma tipicidade varietal impressionante.
50% em barricas novas de carvalho francês de 500L. A dois passos, Domingos Soares Franco, da
e 50% de barricas de carvalho francês temperadas. José Maria da Fonseca, gosta de trabalhar com a
Comparado com o 2016, mais rico e com mais car- Verdelho, que, refere, “tem o dobro da acidez do
valho, o 2017 tem uma fluidez elegante com ameixa Verdejo”. Quanto ao produtor mais oriental da
vermelha e frutos silvestres intensos, mas não densos, Península de Setúbal, a Herdade do Portocarro, pri-
e suculentos detalhes translúcidos, com chá preto, vilegia outra casta da Madeira, a Sercial. Esta confere
sal e notas incipientes de cogumelos. Para Cabral, “a impulso e mineralidade emocionantes às variedades
Castelão é como a Pinot Noir – o momento da vin- brancas da propriedade e ao monocasta designado
dima é tão importante que não se vinifica como as Partage. Também fiquei encantada com o Partage
outras castas tintas e é preciso modificar as tempera- Galego Dourado de Portocarro. Mais conhecida em
turas de fermentação e ser delicado com o carvalho”, Carcavelos, segundo Teresa Mota Capitão, a casta
defende. foi originalmente plantada também no Sado. Achei
Por falar em suave, novo para mim, o Trois Castelão o Galego Dourado mais redondo, mais vegetal que o
2018 é um modelo de contenção, apesar de ser feito Sercial, mas com acidez harmoniosa e depurada no
por três enólogos (Filipe Cardoso, Luís Simões e José final. Quanto ao primeiro vinho a ser feito pela pró-
Caninhas). Impressionou-me imenso, tal como o Trois pria Teresa Mota Capitão, acreditando que Fernão
Atlântico Branco 2021 de uma vinha em ‘field blend’ Pires “será mal interpretado”, vindimou as uvas para
no sul da Península de Setúbal, que inclui Encruzado. o Figas Fernão Pires 2021 no início de agosto. Com a
A casta branca assinatura do Dão supera facilmente a altíssima acidez, poderíamos chamá-lo de Riesling de
Fernão Pires (casta branca da Península de Setúbal) 'clima quente'!

14 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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OPINIÃO

Jamie Goode, 'wine writer'

Cronista do The Sunday Express, autor do blogue wineanorak.com, é doutorado em Biologia de Plantas e co-chair do International Wine Challenge.
Assina esta colaboração regular na Revista de Vinhos e também na brasileira Gula.

As embalagens de vinho
na era do caos climático
Para uma indústria tão afetada pelas alterações climáticas, esta deveria fazer
a sua quota-parte na redução das emissões de dióxido de carbono.
E um dos principais contribuidores para a pegada de carbono do vinho
passa pelo engarrafamento em vidro..

A
pegada de carbono no setor do vinho é garrafas mais leves em 2010 e calculou recentemente
um tema ao qual está a ser dada muita que, ao longo dos 13 anos desde a tomada de decisão,
atenção atualmente. É uma questão economizou 2,24 milhões de dólares em custos com
importante: para uma indústria tão garrafas e remessas, além de reduzir a pegada de
obviamente afetada pelas alterações carbono. Agora estão disponíveis garrafas leves que
climáticas, esta deveria fazer a sua quota-parte na pesam apenas 300 g., mas alguns produtores utilizam
redução das emissões de dióxido de carbono. E um ainda garrafas grandes com peso superior a um quilo.
dos principais contribuidores para a pegada de car- Para muitos, o futuro passa por abandonar as
bono do vinho passa pelo engarrafamento, em vidro garrafas de vidro para a maioria dos vinhos. Fala-se
pesado e quebrável e, em seguida, a sua expedição muito em embalagens alternativas, reutilização e até
neste formato, já embalado, para todo o mundo. venda de vinho a granel para posterior acondiciona-
Especialmente penalizador é o transporte rodoviário mento nas embalagens dos clientes. Há muitas remi-
de vinho engarrafado. niscências dos dias em que isso costumava ser comum
Uma das maneiras menos dolorosas de combater nas regiões vitivinícolas. Lembro-me dos meus pais
a pegada de carbono é usar garrafas mais leves. Não visitarem adegas nos feriados espanhóis e de trazer
fará muita diferença mudar do padrão de garrafas de recipientes de plástico de cinco litros que depois se
550 g. para garrafas mais leves que pesam 350 g., mas enchiam de vinho barato. Mas esse tipo de distri-
os ganhos ambientais são enormes, principalmente buição de vinho a granel vem de uma época em que,
quando se trata de um número significativo de gar- em muitos países europeus, o vinho era um alimento
rafas. Alguns cálculos feitos na Califórnia sugerem básico para os trabalhadores agrícolas e também a
que uma adega pode baixar a pegada de carbono em bebida preferida dos trabalhadores industriais nas
10% apenas por reduzir o peso das suas garrafas do cidades. O consumo per capita era enorme, os salários
padrão de 23 onças (652 g.) para 16 onças (453 g.). nas áreas rurais eram baixos e o vinho não era moda.
O produtor californiano Tablas Creek mudou para A maior parte do vinho era uma mercadoria simples.

16 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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Jamie Goode, 'wine writer'

A decisão mais sensata para reduzir a pegada


de carbono poderia passar pelo vinho em
barris de metal (keg) para restaurantes com
serviço a copo. Isso requer um pequeno
investimento inicial mas, para cada barril,
são economizadas 25 garrafas.

Não era muito lucrativo e as pessoas envolvidas na presença ou ausência de um eliminador de oxigénio.
sua produção eram geralmente pobres. Não podemos Mas estas não podem durar mais de um ano e, para
voltar a essa época e, provavelmente, é um erro ver algumas, cerca de seis meses já é demais. As latas têm
esse tipo de venda de vinho em termos otimistas. diferentes desafios: se o dióxido de enxofre entrar
Mas persistem três problemas, no entanto, com as em contato com o alumínio, haverá problemas de
alternativas às garrafas de vidro para vinho. O pri- redução. O vidro é quimicamente inerte e atua como
meiro é que a maioria das embalagens alternativas uma barreira de oxigénio, por isso é difícil de imitar.
mercantiliza o vinho. O que quero dizer com isso? O terceiro desafio é que os consumidores parecem
É que usar bag-in-box ou garrafas plásticas faz com não querer embalagens alternativas, por melhores que
que o vinho volte a ser uma ‘commodity’, e isso é sejam para o meio ambiente. As pessoas gostam que o
mau para a rentabilidade do setor vitivinícola. A parte vinho venha em garrafas. Há algo sobre o objeto sen-
inferior do mercado não é rentável, porque existe sorial 'vinho', que inclui vertê-lo de uma garrafa para
excesso de oferta e este é um espaço onde o ‘bran- um copo, e contribui para a ocasião e que é perdido
ding’ é fraco ou ausente. Há muito vinho a granel à quando não está presente.
procura de um lar, e os preços baixos tornam mais Ainda não se sabe se o impulso da indústria pode
difícil aos produtores optarem por modos de cultura fazer as pessoas mudarem de ideias ou não. No Reino
sustentáveis. O vinho barato costuma ser substituível: Unido, vejo muito mais vinho no supermercado ofe-
se um produtor tentar aumentar o preço e obter uma recido em lata, mas não um assinalável crescimento
boa margem, o retalhista descartá-los-á e comprará em outros formatos alternativos. É claro que a reutili-
noutro lugar. No Reino Unido, o novo regime tribu- zação de garrafas de vidro faria muito sentido, em vez
tário tornará a maioria dos vinhos mais cara (é um de simplesmente reciclar, mas este continua a ser um
imposto volumétrico baseado no teor de álcool do mercado minúsculo no momento e será difícil vê-lo
vinho) e isso tornará a venda de vinho em bag-in-box crescer significativamente.
mais difícil porque aumentará muito o custo deste A decisão mais sensata, no entanto, poderia ser
formato maior. vinho em barris (keg) para restaurantes com serviço
A exceção pode ser a lata: o vinho enlatado pode a copo. Isso requer um pequeno investimento inicial
parecer muito elegante e geralmente é vendido a um mas, para cada barril, são economizadas 25 garrafas.
preço mais caro. Isso ocorre em parte porque esses E a qualidade não é afetada. Os Key Kegs demons-
são modelos de formato menor. traram manter muito bem a qualidade do vinho. O
O segundo problema são os desafios técnicos que o vinho em barril, transferido para jarros ou decanters
vinho apresenta para quem quer embalá-lo. É muito ou mesmo garrafas reutilizáveis no restaurante, pode
sensível ao oxigénio e é ácido. Para bag-in-box é ser uma exceção ao problema do apego do cliente ao
uma vida útil por causa da transmissão de oxigénio vinho em garrafa. Esta é sem dúvida uma boa ideia,
através do conjunto da torneira (o liner metalizado as pessoas ainda podem servir o vinho para o copo e
ajuda a reduzir a transmissão de oxigénio através elimina-se o problema de encontrar um vinho de uma
da própria bolsa). As garrafas PET têm uma vida garrafa aberta três ou quatro dias antes.
útil curta, cuja duração depende do seu fabrico e da

18 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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Duarte Calvão, gastrónomo

Gastrónomo e co-autor do blogue “Mesa Marcada”.

Os longos e insubstituíveis
menus de degustação
É mais fácil recordar pratos de receitas a que estamos habituados – incluindo nas nossas
casas – do que aqueles que experimentamos pela primeira e, provavelmente, única vez.
Não se trata de os pratos de cozinha criativa serem melhores ou piores, são diferentes.

N
os últimos tempos, verifico que há um Francescana ou do D.O.M. Destes exemplos men-
certo enfado, principalmente entre cionados, também me recordo bem de vários pratos,
gente do meio gastronómico, com os mesmo que se tenham passado 20 anos ou mais
menus de degustação praticados pelos desde que os provei, a não ser nos casos de Michel
restaurantes da chamada alta cozinha. Guérard e de Pierre Gagnaire, onde o que me ficou
São longos demais, obrigam-nos a ficar à mesa horas na lembrança foi a experiência como um todo e não
a fio, comemos em excesso e, sobretudo, os muitos nenhum prato em particular.
pratos que os integram não nos ficam na memória. É neste último ponto que entra a minha primeira
Seria, preferível, dizem eles, menus mais curtos discordância com os críticos dos menus de degus-
(eventualmente mais baratos), que possam ser con- tação. Porque é que para eles é tão importante lem-
sumidos num máximo de duas horas, com quatro ou brarem-se dos pratos que provaram? Tal como referi
cinco pratos verdadeiramente marcantes. Mesmo no parágrafo anterior, a minha memória selecionou
não estando de acordo com estas pessoas, reconheço sem esforço os pratos que mais me marcaram em
a quem levanta a questão o mérito de nos fazer certos lugares – e poderia citar muitos outros exem-
pensar sobre o assunto e de alertar para um problema plos, incluindo de restaurantes menos conhecidos – e
que realmente existe quando estes menus são uma noutros casos (Guérard e Gagnaire) eles desvanece-
espécie de solução automática em restaurantes que ram-se no interior de uma refeição da qual recordo o
poderiam seguir outros caminhos. estilo culinário e a enorme qualidade da experiência.
Recorrendo às minhas memórias, lembro sem Ou seja, não tem a ver com o facto de os menus serem
esforço que algumas das melhores refeições que tive longos ou curtos, mas sim com a relação que a nossa
apresentavam longos menus. Os 24 pratos do El Bulli memória estabelece com os momentos em que os
em 1999 ou os 32 em 2004 no mesmo restaurante, experimentámos. No meu caso, a ida ao El Bulli em
os muitos do Noma, de Pierre Gagnaire, do Celler de 1999 foi tão impressionante e reveladora que até hoje
Can Roca ou de Quique Dacosta, menos pratos nos muitos dos 24 pratos que então provei surgem-me
casos de Michel Guérard, do Fat Duck, da Osteria logo mal penso neles, quase 25 anos depois.

20 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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Duarte Calvão, gastrónomo

Na defesa dos menus de degustação, é fácil


perceber que se têm revelado ao longo de
décadas a melhor maneira de dar a conhecer
aos clientes o trabalho de um chefe de um
restaurante onde se vai poucas vezes.

Memória seletiva ser distante ou caro. Aliás, em muitos casos, se se


pedir quatro ou cinco pratos da carta geralmente
Esta questão da “recordação” também terá a ver fica mais caro do que se pedir o tal longo menu de
com uma tentativa de valorizar a refeição em que degustação. Mas, de facto, há o perigo desses menus
provamos os pratos de restaurantes mais criativos e serem mal concebidos, quer por falta de coerência na
caros, muitas vezes difíceis de reservar, implicando sua “construção” quer por desequilíbrios dietéticos,
viagens, estadas em hotéis e mesmo um certo inves- que fazem com que se possa ficar “pesado” no fim
timento emocional devido às altas expectativas que da refeição. Algo que, aliás, pode acontecer em qual-
temos em relação a eles. Se recordamos estes pratos, quer restaurante, mesmo que se coma só um prato
seria sinal que rendibilizámos o investimento que ou dois. Não por acaso, é cada vez mais frequente
fizemos, fazendo-os perdurar na nossa memória. Já haver restaurantes a evitar apresentar alimentos
se os esquecemos é porque não valeram a pena. Teria ricos em gorduras ou hidratos de carbono (batatas,
sido melhor, considera quem pensa dessa maneira, ir arrozes, massas, etc.) nos pratos dos seus menus de
a um restaurante menos famoso e caro e provar dois degustação e a ter cuidado no tamanho das doses, o
ou três pratos de que nos lembraríamos pelo resto que facilita em muito a sensação de leveza com que
da vida. saímos do restaurante.
Mais uma vez não estou nada de acordo. É claro Há ainda a fundamental questão do ritmo a que
que é mais fácil recordar pratos de receitas a que os pratos vão chegando nesses longos menus. Quem
estamos habituados – incluindo nas nossas casas – por eles opta deve assegurar-se que a sua cozinha
do que aqueles que experimentamos pela primeira e, tem condições de os fazer sair nos tempos ade-
provavelmente, única vez. Não se trata de os pratos quados, porque nada pior (quer para a digestão quer
de cozinha criativa serem melhores ou piores, são para a paciência dos clientes) do que demoras de
diferentes. Às vezes resultam bem, outras nem tanto, mais de 10 ou 15 minutos entre eles.
é o risco que se corre quando se vai a estes restau- Resumindo, acho que os menus degustação
rantes que se distanciam da cozinha a que estamos podem ter defeitos e insuficiências, mas ainda não
habituados no dia-a-dia. Às vezes a nossa memória se inventou nada melhor do que eles para quem
seleciona-os, outras vezes dissolve-os no âmbito de quer conhecer o trabalho e a evolução da cozinha
uma experiência geral da qual guardamos uma apre- de um determinado chefe. Será também uma opção
ciação que também pode ser mais positiva ou nega- mais em conta não só para os clientes, mas também
tiva. Não vejo razões para “forçar” a memória nestes para o controlo de custos dos restaurantes, gerando
casos (embora a facilidade atual em fotografar e, fre- inclusive menos desperdício de alimentos. Contudo,
quentemente, publicar nas redes sociais, possa dar admito que não é para todos, há restaurantes que
uma boa ajuda), ela encarrega-se de escolher aquilo deveriam pensar bem antes de apresentar menus
que vale a pena guardar. longos, que julgam que os colocam automaticamente
Na defesa dos menus de degustação, é fácil per- no patamar da “alta cozinha”. É má ideia enveredar
ceber que se têm revelado ao longo de décadas a por menus de degustação sem ter condições para o
melhor maneira de dar a conhecer aos clientes o tra- fazer, porque se há coisa que nos fica realmente na
balho de um chefe de um restaurante onde se vai memória é uma má experiência.
poucas vezes, seja por ser difícil de reservar seja por

22 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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OPINIÃO

José João Santos, jornalista e crítico de vinhos

Coordena os conteúdos editoriais da Essência Company, tem a paixão da escrita,


da reportagem, da formação e da prova. Autor do podcast "Vinho, Palavra a Palavra".

Baixo álcool,
tendência que sobe
Estima-se que o mercado de vinho sem álcool e de baixo teor alcoólico represente
dois mil milhões de euros na atualidade, valor que deverá aumentar para os 5,2 mil
milhões em 2033. O volume de vinhos com essas características subiu na ordem dos
9% em 2022. As grandes empresas já sinalizaram esta tendência internacional e estão
a interpretá-la paulatinamente. Mas não deixa de merecer reflexão o facto de surgir
também numa altura em que o clima está cada vez mais quente, nalguns locais tórrido…

À
medida que aumenta o discurso anti- de saúde nalgumas dessas campanhas tem ainda um
-álcool à escala global, os vinhos de impacto difícil de mensurar, mas ao qual a indústria
mais baixo teor alcoólico – e calórico do vinho está atenta e tem procurado contrariar. Nos
– ganham terreno, com a generalidade corredores das decisões europeias, por exemplo, o
dos estudos internacionais a prever lóbi nunca esteve tão ativo, de um e de outro lados,
uma crescente procura dos consumidores por este para fazer vingar a melhor, parecendo mesmo inevi-
segmento. Estima-se que o mercado de vinho sem tável que a rotulagem das garrafas fique semelhante à
álcool e de baixo teor alcoólico represente dois mil que encontramos nos maços de tabaco.
milhões de euros na atualidade, valor que deverá Ironicamente, é na França, nação mundial do vinho,
aumentar para os 5,2 mil milhões em 2033. O volume que o fenómeno dos vinhos sem álcool e de baixo teor
de vinhos com essas características subiu na ordem alcoólico fica mais notório, com uma adesão de mais
dos 9% em 2022, com mercados como o Japão e o 25% de consumidores ao segmento. Aliás, França,
Brasil a apresentarem as mais elevadas taxas de cres- Austrália e EUA são os países que apresentam, pro-
cimento de consumo. porcionalmente, os números mais significativos de
Os iniciáticos no vinho lideram o movimento, muito novas entradas neste segmento por entre jovens con-
influenciados pelas sucessivas mensagens que aliam o sumidores.
consumo de álcool a um sem número de problemas Os vinhos sem álcool estão a entrar bem em
de saúde e até à marginalização social. Nos anos mais momentos de consumo social, sendo uma opção cada
recentes, têm sido múltiplas e aguerridas as campa- vez mais requisitada para substituir outras bebidas
nhas de combate ao álcool, frequentemente recor- não alcoólicas. Beneficiam ainda de menores restri-
rendo a imagens choque correlacionando-as direta- ções de difusão comercial e publicitária, havendo
mente com situações limite como o desenvolvimento hoje regras cada vez mais apertadas nos Media tra-
de cancros. O envolvimento direto de profissionais dicionais e também nas esferas do online e das redes

24 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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OPINIÃO CLUBE DE REVISTAS
José João Santos, jornalista e crítico de vinhos

França, Austrália e EUA são


os países que apresentam,
sociais. Já os vinhos de A região de Lisboa
baixo teor alcoólico estão proporcionalmente, os números conheceu, durante várias
seriamente a ganhar mais significativos de novas décadas, problemas estru-
terreno aos de maior turantes de viticultura,
expressão alcoólica junto entradas neste segmento de vinhos onde nem sempre as
dos consumidores jovens, sem álcool ou de baixo álcool por vinhas, com as castas mais
que parecem assim pre- indicadas, estavam plan-
dispostos a esperar mais entre jovens consumidores. tadas nos melhores locais.
anos até conhecerem, na A forte influência atlân-
plenitude, boa parte das quase infindáveis opções tica e os ventos frios associados impediam a plena
de vinhos do mundo. Imagens, embalagens e rótulos maturação de muitas variedades, razão pela qual a
apelativos, campanhas conviviais, mostradores e região instituiu a categoria Vinho Leve. O Sôttal, da
prateleiras coloridos em lojas, associação a um certo Companhia Agrícola do Sanguinhal, foi o primeiro a
estilo de vida mais descontraído, têm sido ferra- surgir no mercado, tendo outras empresas incluído
mentas usadas na difusão destes vinhos. essa opção no portefólio. O Vinho Leve não deve
superar os 10,5% de álcool.
Uma oportunidade Tal como Lisboa, também o Tejo tem este seg-
também para Portugal mentado de Vinho Leve regulamentado em lei.
Recentemente, porém, a Comissão Vitivinícola
A José Maria da Fonseca foi pioneira a elaborar Regional do Tejo (CVRT) apresentou uma nova pro-
um vinho sem álcool em Portugal, sob orientação de posta ao mercado, um desafio que alguns produtores
um dos mais mundividentes enólogos do nosso país, já concretizaram. Trata-se do Campo do Tejo, vinhos
Domingos Soares Franco. Os primeiros exemplares brancos da casta Fernão Pires que não deverão ultra-
são de 2009, a tecnologia associada não era a coisa passar os 12% de álcool, a serem lançados e consu-
mais barata do mercado, mas a convicção da acei- midos novos, apresentando-se aromáticos, leves
tação e a observância de tendências internacionais (garrafas incluídas), fáceis de beber, a preços muito
ditaram que o projeto avançasse. Nasceu o Lancers acessíveis. A CVRT acredita tratar-se de um argu-
Free, a que se seguiu a gama de vinho 0%riginal, hoje mento de venda extra nos mercados de exportação,
constituída por um branco de Moscatel Galego, um uma nova porta de entrada que permita conhecer
rosé e um tinto de Syrah. tudo o resto que a região tem para oferecer.
Os vinhos começam por ser elaborados como quais- Os três exemplos citados são apenas isso, três exem-
quer outros, sendo a desalcoolização realizada fisi- plos de argumentos portugueses para enfrentar esta
camente pelo chamado método de coluna “spinning onda do baixo álcool. Não devemos esquecer que dois
cone”. O álcool é removido através de uma destilação dos principais embaixadores de Portugal no mundo –
em vácuo, a baixa temperatura, por forma a manter o Mateus e o Casal Garcia – também encaixam como
aromas e sabores das castas. O resultado expressa-se uma luva neste segmento. E quando a generalidade
em vinhos frutados e de fácil apelo, sugerindo-se que dos produtores da região dos Vinhos Verdes abraçar
sejam servidos mais frescos do que o habitual. O teor a causa dos tintos leves e pouco extraídos é bem pos-
alcoólico final deverá ser inferior a 0,5%. sível que o crescimento deste segmento apresente
Já o método de fervura leva em linha de conta que números ainda mais simpáticos.
a ebulição do álcool é em torno dos 78ºC e a da água As grandes empresas já sinalizaram esta tendência
nos 100ºC. Na fervura em vácuo, aquecer o vinho a internacional e estão a interpretá-la paulatinamente.
essa temperatura não belisca a integridade do líquido. Ninguém saberá dizer com absoluto grau de certeza
Por fim, pelo método da osmose inversa o vinho é por quanto tempo permanecerá no “mindset” das
alvo de uma filtragem que permite separar água e novas gerações, mas não deixa de merecer reflexão o
álcool dos restantes componentes. Segue-se uma des- facto de surgir também numa altura em que o clima
tilação, que separa o álcool, e a água que resta de todo está cada vez mais quente, nalguns locais tórrido.
o processo é novamente adicionada aos componentes Queremos refrescar-nos a qualquer custo, incluindo
restantes do vinho. através do vinho?

26 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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AGOSTO

VINHO
COMPRA EXCLUSIVA ONLINE EM
garcias.pt
FORA
DA CAPA

30,50€

24,40€
Comporta 2022
Península de Setúbal /
Rosé / Herdade da
Comporta

Cor salmão-alaranjada.
Apresenta um aroma complexo,
mas sem exageros. Tem notas
de cera, brioche e pêssego.
Na boca revela-se sem
impositividade, pautando pela
enorme harmonia entre acidez,
intensidade e doçura.

A Comporta é uma propriedade


com 10 mil hectares, sendo que
a vinha responde pela produção
mais reduzida, mas que oferece
maior notoriedade. As vinhas estão
plantadas em solos de areia, a 6 km
do Oceano Atlântico, protegidas
CONDIÇÕES PARA
da influência marítima pela
COMPRA ONLINE EM:
presença da Serra da Arrábida,
garcias.pt
a norte. A equipa de enologia é
chefiada por Jorge Rosa Santos COMPORTA ROSÉ 2022
que, para este rosé, optou por PVP recomendado de 30,50€
Î Insira o código promocional
fermentação das uvas Castelão,
VFC20 e compre Comporta Rosé
Syrah e Touriga Nacional em cubas 2022 por apenas 24,40€
de inox com temperaturas entre
os 15º e 16 º C e 20% em barrica, DESCONTO
seguido por estágio em borra fina NA COMPRA, INTRODUZA O
durante nove meses. CÓDIGO PROMOCIONAL VFC20
ESCOLHAS DO MÊSCLUBE DE REVISTAS
Para a Mesa

O orgulho do avô
Num Algarve bem diferente do que é dado a conhecer ao mundo, fazem-se vinhos
de enorme tipicidade, como estes da Herdade Barranco do Vale.

PA R A A Em plena serra do Caldeirão, mais concreta-

E S
mente São Bartolomeu de Messines, Silves, a

A M Herdade Barranco do Vale é um jovem produtor


algarvio que conta muitas décadas de história.
Paradoxal? Atualmente, é a terceira geração da
família que lidera os destinos da propriedade
que, no entanto, lançou os primeiros vinhos
apenas em 2016. E logo marcaram a diferença
no potencial que o Algarve detém.
A herdada espraia-se por cerca de 100 hec-
tares em que, para além da vinha, pontifica uma
grande mancha de montado, bem como oliveiras,
alfarrobeiras e medronheiros, em solos argilo-a-
renosos e xistosos.
O clima, temperado mediterrânico que bene-
ficia da amenidade propiciada pela proximidade
do mar, é caracterizado por invernos amenos e
curtos e verões longos, quentes e secos.
O encepamento é dominado pela casta
algarvia por excelência, Negra Mole, para além
de outras variedades como Castelão, Aragonez,
Antão Vaz, Arinto, Alvarinho, temperadas com
castas internacionais. Resultam vinhos cheios de
sabor e tipicidade, que fariam o orgulho do avô!

89
Herdade Barranco do Vale Antão Vaz,
Arinto & Alvarinho Reserva 2021
Regional Algarve / Branco / Herdade Barranco
do Vale

Amarelo limão. Nariz amplo, delicada presença de
notas tropicais, florais e cremoso. Boca estruturada,
definida e cheia, acidez a manter tudo bem ligado. O
final é cativante, a especiarias, pimenta branca e um
toque a gengibre. Pede pratos suculentos. MM
Consumo: 2023-2030
12,95 € /11ºC

28 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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ESCOLHAS DO MÊSCLUBE DE REVISTAS
Para a Cave

A letra F dos irmãos Maçanita


No Cima Corgo, uma vinha com 120 anos classificada como letra F deu origem a um vinho
singular, bem ao jeito do que esta dupla de irmãos tem-nos habituado.

PA R AE O universo de vinhos Maçanita tem vindo

A C AV a ganhar densidade e complexidade de gamas


nos últimos anos. Neste particular, os vinhos
elaborados no Douro pelos irmãos António e
Joana ganham destaque no jogo que fazem com
o célebre método de pontuação de Moreira da
Fonseca que, no final dos anos 30 do século pas-
sado, classificou as vinhas da região das letras A
a F e seguintes, sendo as vinhas merecedoras de
benefício letra A consideradas as melhores.
Porém, entre aquelas classificadas com letras
mais avançadas no alfabeto, subsistem hoje par-
celas de grande riqueza e potencial. Em Carlão,
no Cima Corgo, de vinhas com 120 anos letra
F granjeadas a força equina, instaladas a 733
metros de altitude em solos de granito, nascem
333 garrafas deste vinho. Prensa direta de
cacho inteiro, decantação a frio, fermentação
espontânea em barrica. Estágio de 12 meses em
barrica neutra.

96
Maçanita Fontaínhas 2021
Douro / Branco / Maçanita Vinhos

Dourado, reflexos limão. Notas de toranja, pêssego,
lima, fósforo e levíssima especiaria. Untuoso e quase
glicerino, detentor de uma acidez eletrizante, de final
prolongadíssimo e quase cortante. Parece pedra
de granito no copo, mas a textura eleva-o a outra
dimensão. JJS
Consumo: 2023-2040
120,00€ / 11ºC

30 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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95 94 92 91 91
Quinta das Cerejeiras Pala Pinta Letra F Barão Rodrigues Bacalhôa Greco Covela Touriga
Grande Reserva 2021 2021 Grande Reserva 2015 di Tufo 2022 Nacional Biológico
Óbidos / Branco / Douro / Branco / Regional Alentejano Regional Península 2022
Companhia Agrícola do Maçanita Vinhos / Tinto / Menir BR de Setúbal / Branco / Regional Minho / Rosé /
Sanguinhal 99,00€ / 11ºC Sociedade Agrícola Bacalhôa - Vinhos de Lima & Smith
25,00€ / 11ºC 25,00€ / 16ºC Portugal
- 10,00€ /1 1ºC
- Amarelo limão. Austero - 13,99€ / 11ºC -
Amarelo limonado, no nariz, mostra algum Aroma de profundidade e - Tonalidade pêssego. Muita
profundo. Conjunto de restolho, pimenta branca, complexidade assinaláveis. frescura e sofisticação de
Palha. Boa complexidade
enorme elegância e fumo e espargos. De acidez Frutas negras maceradas, aroma. Frutado delicado,
profundidade, entre a cortante e de volume balsâmicos, cedro, café, aromática, apesar de contida.
toque herbal, ao mesmo
fruta madura, citrinos elegante, revela final cacau e alcaçuz. Cheio de Notas de fruta de polpa
tempo cremosidade bem
frescos, flores brancas e notavelmente profundo e vigor e poder, os taninos branca, citrinos, nuance integrada. Na boca, a
dimensão mineral, pólvora. teimoso, com uma nuance estão bem calibrados, vegetal, espargo. Bom volume proporção e a frescura são
Seco, a acidez é vibrante que lembra fósforo. Notável, a barrica é percetível e e estrutura, fruta doce no perfeitas. Final persistente.
mas equilibrada, sem se é daqueles que conforta... e muito faz para a duradoura ataque, a acidez viva e o lado Fica a expectativa de um
sobrepor ao volume. Final desconforta. persistência. mineral amarram o conjunto futuro de encher o olho.
em tons especiados, longo e e prolongam a prova. Termina NGVP
saboroso.
com leve especiado e toque
b b b de fumo. Elegante e original.
A escolha de A escolha de s A escolha de MB
Marc Barros José João Santo Manuel Moreira

32 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


ESCOLHAS DO MÊSCLUBE DE REVISTAS

Vinhos de patamar superior e excelente, que revelam


terroir e têm aptidão de garrafeira.
Pode também encontrá-los online em vinha.pt

91 91 91 91 90
Dona Maria Touriga Esporão Touriga Gentilis Grande Quinta dos Murças Casa Amarela
Nacional Reserva Nacional 2017 Reserva 2021 Margem 2021 Reserva 2022
2019 Alentejo / Tinto / Vinho Verde / Branco Douro / Tinto / Esporão - Douro / Branco / Laura
Alentejo / Tinto / Júlio Esporão / António José Teixeira Quinta dos Murças Valente Regueiro
Bastos 28,00€ /16ºC Sampaio 30,00€ /16ºC 16,00€ /11ºC
19,00€ /16ºC - 17,00€ /11ºC - -
- Carmim cheio. Nariz de - Carmim cheio. Pureza Boa intensidade aromática,
Cor rubi. Cocktail de fruta grande requinte, frescura Cor citrina. No nariz de fruta no aroma, de pendor floral, citrinos
preta (amora) e vermelha e complexidade. Fruta e deteta-se que não é um com amplitude, menos frescos. Abre para aromas
(morango), complementado madeira bem calibradas, vinho verde tradicional mas concentração, aromas de de madeira. Seco, corpo
por notas florais de violeta. floral e balsâmicos. Boca que é um vinho complexo, cereja e amora silvestres, médio, untuoso, acidez
Entra na boca com ligeira de grande volume, taninos com notas de fruta tropical cravinho, flores secas e crocante, fruta branca
acidez vibrante que se vai sofisticados, fluente, fruta como a papaia, aromas de balsâmicos. Corpo médio no aroma de boca. Final
desenvolvendo para um de qualidade no médio madeira presente, mas bem a elevado. Taninos firmes, saboroso, médio, a deixar
corpo de boa dimensão e palato com final complexo e integrada no vinho e flores texturados e boa sensação rasto mineral. MB
tanino que equilibra todo o apelativo. Belo vinho! MM brancas. Boca refrescante de frescura. Um final longo
conjunto. com bom volume e e charmoso.
untuosidade. Termina com
final prolongado. BA
b b
A escolha de A escolha de ires
Bento Amaral Nuno Guedes Vaz P

@revistadevinhos agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 33


CLUBE DE REVISTAS

89 89 88 88 88
Devaneio Alicante Flor das Tecedeiras Aldeias de Combro 2020 Mingorra Henrique
Bouschet & Syrah 2022 Juromenha Tannat Douro / Branco / J. M. Uva Alvarinho 2022
2020 Douro / Branco / Lima & Reserva 2020 Cálem - Vinhos Regional Alentejano /
IVV / Tinto / Nuno Smith Regional Alentejano 15,00€ / 11ºC Branco / H. UVA
Alexandre Matos 10,00€ /11ºC / Tinto / Adega - 13,99€ / 11ºC
Ferreira - Herdade das Aldeias de Amarelo verdeal. Aroma -
12,00€ / 16ºC Amarelo tília. A frescura Juromenha fino e elegante, discreto. Conjunto aromático de
mineral e o floral fresco 12,00€ / 16ºC Emergem notas de fruta de boa intensidade, com fruta
-
sobressaem, seguidas caroço, flor de laranjeira, madura, em tons citrinos
Amarelo dourado a evoluir -
por cítricos de limão e sílex, pão torrado. Seco, e tropicais, a par de notas
para âmbar. Aromas de Rubi profundo. A fruta
essência vegetal. Subtil corpo médio, a acidez é florais frescas. Acidez
fruta macerada mesclados madura surge em roupagem
nectarina e maracujá crescente e vibrante, a bem doseada, crocante,
com notas de flores fresca, com aromas de
verde. Na boca, tem dominar a prova e amarrar o estruturado e volumoso, de
secas e apontamento cereja, groselha preta, tons
vivacidade, mineralidade e conjunto. MB final persistente. MB
de mel de rosmaninho. mentolados, tudo envolto
Ataque de boca seco e acidez salivante. Estrutura
em nuance tostada. Seco,
assertivo, acidez franca, bem construída e final
corpo médio, tanino médio,
leve adstringência, persistente. MM
adstringente. Acidez bem
alguma rusticidade, final doseada, a sopesar o lado
prolongado. LC especiado do vinho. MB

34 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


ESCOLHAS DO MÊSCLUBE DE REVISTAS

Prazer garantido a bom preço. Respeitam orçamentos,


mostram boa qualidade e são de fácil acesso.
Pode também encontrá-los online em vinha.pt

88 88 87 86 85
Passadouro 2022 Phulia Sensation Bico Amarelo 2022 Guarda Rios 2022 Dom Gabriel 2022
Douro / Branco / Quinta Loureiro 2021 Vinho Verde / Branco / Regional Alentejano Regional Alentejano
do Noval Vinho Verde / Branco / Quinta do Ameal / Branco / Sociedade / Tinto / Menir BR
14,50€ / 11ºC Luís Simplício Ferreira 5,50€ / 11ºC Agrícola D. Diniz - Monte Sociedade Agrícola
- Brito - Phulia Wines - da Ravasqueira 3,50€ / 16ºC
Amarelo palha. Aromas 7,50€ / 11ºC Aromas frescos, frutado, 10,00€ / 11ºC -
expressivos a ameixa - citrino, lima e maçã verde. - Boa intensidade no
branca, pêssego, nêspera Vivacidade aromática Suave herbal. Seco, boa Aromático, fruta madura, nariz, abre em tom floral,
madura, ervas frescas e envolvente pela lima e do acidez, citrino, bom corpo notas florais a evidenciar-se. agradável e convidativo.
raspa de lima. Boca ampla, louro fresco. Raspas de e final refrescante. Escolha Seco, acidez presente, Em seguida, morango e
com untuosidade, travo limão frisam a frescura. acertada para finais de frutado, fácil de degustar. exótico de… jabuticaba.
herbáceo a dar frescura, Corpo médio a ligeiro, tarde. Boa opção para Final elegante. Ideal para Estruturado, corpo
acidez média/alta, vocação tornando-o agradável e aperitivo. RT almoços de verão. Para o médio, arrumado embora
gastronómica. LC fácil de beber. A acidez dia a dia. RT haja uma leve secura
é vibrante e a leve nota de adstringência que é
salina proporciona uma compensada pela presença
interessante diferenciação. frutada. Pronto a beber. MM
MM

@revistadevinhos agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 35


PROFILE CLUBE DE REVISTAS
texto Marc Barros / foto D.R.

Um dos grandes nomes de Bordéus, tinha uma visão global do mundo do vinho, mas nutria grande paixão
pelo Douro. Nasceu na pacata cidade de Pauillac, em Médoc, onde o pai, André Cazes, tinha uma agência
de seguros e foi autarca. Jean-Michel diplomou-se em engenharia de minas e concluiu o mestrado em
engenharia de petróleo na Universidade do Texas, tendo-se tornado gerente de vendas da IBM France.
Foi apenas aos 38 anos, em 1973, que entrou no mundo dos vinhos, depois da morte do avô, para gerir as
propriedades da família em Pauillac.
Foi ainda administrador da operação de vinhos da gigante francesa de seguros AXA, para a qual foi
contratado em 1987 para renovar e administrar a segunda propriedade do Château Pichon-Longueville-
Baron. Sob a sua gestão, a empresa adquiriu o Château Suduiraut em Sauternes e a Quinta do Noval, entre
outras. Foi Jean-Michel Cazes quem contratou Christian Seely, em 1993, como administrador da Quinta do
Noval. Com a família Roquette, lançou o projeto Roquette&Cazes no Douro, tendo por símbolo o icónico
Xisto. Desde 2006, é o filho Jean-Charles quem lidera a nau da família, a par de duas filhas, Kinou e Marina.
O grupo de vinhos Cazes inclui hoje a empresa de distribuição JM Cazes Selection, Château Haut-Batailley
em Pauillac, Domaine des Sénéchaux em Châteauneuf-du-Pape, Domaine de L'Ostal Cazes em Minervois, e
os projetos Roquette & Cazes no Douro e Tapanappa na Austrália.

36 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS

Jean-Michel e o filho Jean-Charles


CA STACLUBE DE REVISTAS
texto Marc Barros / foto Arquivo

dicas
A videira “calua”, como designada
em Oleiros, é tradicionalmente

Batoca
conduzida em vinha alta, em

1.
enforcado ou arjões, seja em
tutores vivos, ou nas chamadas
latadas e ramadas.

Em termos sensoriais, os seus


No cômputo das chamadas castas raras, ou de reduzida expressão no encepamento vinhos apresentam sobretudo notas
nacional, poucas ostentarão o ‘pedigree’ da variedade que dá pelo nome de Batoca, citrinas e florais, acidez equilibrada
na região dos Vinhos Verdes. A variedade, branca, é reconhecida ainda pelo sinó- e persistente. Os resultados
nimo Sedouro no sul da região dos Verdes ou também por Callum, na Beira Interior da casta na Quinta dos Termos
(PRT52507 - Aviso n.º 3999/2020). mostram, segundo o enólogo
Trata-se de uma casta muito produtiva, dispersa na região dos Vinhos Verdes, com Virgílio Loureiro, álcool provável
exceção nas sub-regiões de Monção e Melgaço, Lima e Amarante. Variedade rústica, próximo de 13% e acidez total
ostenta sinonímias como Batoco, Alvaroco, Espadeiro Branco ou Asal Espanhol. De superior a 5,5 gr./lt. Já o enólogo

2.
baixa acidez total, macios, os seus vinhos entravam historicamente sobretudo em Jorge Sousa Pinto que trabalha a
lotes, com outras variedades como Arinto e Azal. Surge na Galiza com os nomes de casta nos Vinhos Verdes, destaca
Blanca Mantilla e Blanca Mar. o equilíbrio e suavidade da casta
Na Beira Interior, a designação Callum, na rotulagem da DO Beira Interior e IG em boca.
Terras da Beira, remete para um passado ancestral. Referenciada em registos ampe-
Como referido, são poucas as
lográficos de 1889, terá o seu nome derivado do latim “Callum”, que corresponde a
empresas que vinificam a casta
“pele dura, crosta” ou “Callosus”, “caloso duro”, que poderá ser uma derivação do
em monovarietal. Do nosso
grego “Kalon”, que significa “madeira”.
conhecimento, apenas a Quinta
Estima-se que a origem da casta seja Oleiros, distrito de Castelo Branco e, segundo
de Santa Cristina, nos Verdes, e
a autarquia local, surge referenciada pela Ordem de Malta, nos forais de Oleiros

3.
as Quinta dos Termos, através da
velho (século XIII) e novo (século XVI), assim como em documentos oficiais da Herdade do Lousial, e Cepa C’alua,
Direção Geral de Agricultura, de finais do século XIX. Em todo o caso, vale a pena na Beira Interior, fazem-no. Boas
conhecer os (poucos) vinhos elaborados com a casta. provas!

38 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · julho 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
NOTÍCIAS CLUBE DE REVISTAS
texto Marc Barros / foto Arquivo

WINE FUTURE 2023


Portugal no centro do mundo do vinho
A quarta edição do evento Wine Future 2023 irá realizar-se entre 7 e
9 de novembro no Convento de São Francisco, em Coimbra. Este contará
com uma panóplia de convidados internacionais, especialistas no setor do
vinho, economistas, influenciadores digitais e… Bruce Dickinson, voca-
lista dos Iron Maiden, mestre cervejeiro e piloto de aviação. O certame,
co-organizado pela ViniPortugal, através da marca Wines of Portugal,
e pela empresa norte-americana Chrand Events, do qual a Revista de
Vinhos será media partner, contará ainda com as participações do prémio
Nobel da Economia de 2010, Christopher Pissarides, e do secretário-geral
da International Youth Organization for Ibero-America, Max Trejo.
De acordo com Frederico Falcão, presidente da ViniPortugal, “fomos
desafiados pelo Pancho Campo para coorganizar o evento”, com vista a
criar um fórum “para discutir as dificuldades do setor nos próximos anos”.
Trata-se de uma relação estreita com “vários anos”, desde “a vinda do pre-
sidente Obama a Portugal e, mais tarde, de Al Gore”, relação essa que se
prolongou com o evento Green Wine Future. Por outro lado, “quisemos
organizar o certame noutro local que não Porto e Lisboa, para mostrar ao
mundo outras regiões do país”, sublinhou Frederico Falcão.
A conferência deste ano é subordinada ao tema “Quebrar Barreiras”.
Desde logo, a intenção passa por colocar “o setor do vinho a debater as
nossas dificuldades comuns mas também colocar Portugal no centro do
mundo do vinho”, referiu o presidente da ViniPortugal. Mas, entre os
temas que merecem atenção especial, estará o desafio colocado ao setor
pelos “fundamentalistas anti-álcool” e, por outro lado, “a diminuição do
consumo jovem de vinho, que em Portugal não sentimos tanto, mas nou-
tros países é uma evidência”.
Salientando que o Wine Future 2023 contará com um elenco de
grandes nomes internacionais, Frederico Falcão destaca a presença da
figura de Bruce Dickinson. “Não queremos focar apenas e só no vinho,
vamos alongar o debate ao setor das cervejas, pois existem problemas
comuns”.
Por sua vez, o Nobel Pissarides, natural do Chipre, irá focar o seu dis-
curso na macroeconomia e nos temas relacionados com a mesma, nomea-
damente crescimento económico e política económica. O economista
cipriota leciona Economia e Ciência Política, tendo o estatuto de Regius
Professor de Economia na London School of Economics e ensina Estudos
Europeus na Universidade do Chipre. No ano de 2010, Christopher
recebeu o Prémio Nobel das Ciências Económicas por ter sido pioneiro na
análise teórica coerente da dinâmica do desemprego, vagas de emprego e
salários reais e, ainda, contribuiu para o desenvolvimento do conceito de
funções de correspondência.
Durante três dias, serão abordados os principais desafios que o setor
vitivinícola enfrenta atualmente a nível mundial. Mudanças de hábitos de
consumo, crescimento do consumo de vinho em lata em alguns países e
as tendências das novas gerações, com preferência nas bebidas alcoólicas
Frederico Falcão
de outro tipo, são alguns dos temas em debate. Estão também previstas
duas provas de vinhos estrangeiros (uma destas, já confirmada, incidirá
sobre grandes vinhos do mundo, estando o tema da segunda ainda por
confirmar) e duas provas de vinhos portugueses (uma de marcas mais
emblemáticas de Portugal e outra de vinhos da Madeira e Porto).
Parte da receita da venda destes bilhetes reverte para a “The Planet
Future Foundation”, de forma a garantir que continua a sua missão de
sensibilização para a importância de proteger o meio ambiente e lutar
contra a atual crise climática.

40 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
VINHOS & NÚMEROS CLUBE DE REVISTAS
Os números também contam histórias sobre o mundo do vinho.

texto Marc Barros · infografia Ângela Reis

ProduÇÃo e
benefÍcio no Douro
O quantitativo de mosto a beneficiar para Vinho do Porto fixado pelo Conselho Interprofissional do
Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto na presente campanha é inferior em 12.000 pipas face a
2022. Este “espelha a evolução das vendas ocorridas no primeiro semestre do ano” e o esperado
aumento de produção. Como gerir este excesso de existências, de vinhas, de uvas, numa região
cada vez mais envelhecida, em que coincidem dois mercados de comércio de uvas, paralelos, um
deles regulado, o outro liberalizado, que se canibalizam?

104.000 PIPAS
(550 LITROS CADA) -9%
240.000 E
Vendas totais de Vinho
57,2 ML. do Porto em volume entre
janeiro e maio.

259.000 PIPAS
Quantitativo de mosto a −8,8% em valor
beneficiar em 2023.

132 ML. E 142,45 ML.


-8,8%
116.000 PIPAS Produção estimada para a
campanha 2023/2024.
Vendas totais da RDD no
mesmo período.
(550 LITROS CADA) +10% face à vindima anterior.
63,8ML.
Produção fixada em 2022.

Fontes : ADVID, IVDP, IVV.

42 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS

18 a 20
AGO. 2023

20 PRODUTORES
6 FOOD TRUCKS

LOUREIRO DE

/ PRODUÇÃO / MEDIA PARTNERS


PELO CAMPO CLUBE DE REVISTAS
Antes do copo, antes da garrafa e da adega: a vinha. Onde tudo começa e decorre um trabalho nobre de uma indústria sem telhado.

texto Luís Alves / fotos Arquivo

10 curiosidades
sobre a vindima

Vindimar duas vezes por ano? Usar castas tintas para produzir vinhos brancos? A
rubrica da Viticultura apanha este mês a boleia das primeiras vindimas e traz-lhe
10 curiosidades que pode ainda não conhecer. Se está a pensar participar numa
vindima deste país (ou de qualquer outro) depois de ler este texto irá seguramente
mais bem preparado para o quiz que o viticultor lhe possa fazer.
CLUBE DE REVISTAS

1
origem numa videira que produziu permite ao produtor excluir as uvas
Como saber quando uvas duas vezes no mesmo ano. que não considera aptas. E podem
vindimar? ser várias as razões dessa exclusão,
desde a podridão dos bagos até ao
O ponto de colheita é um momento 3 Por que se fazem ponto de maturação que pode não
importante não apenas da uva que vindimas à noite? ser o ideal.
vai ser transformada em vinho como
de todas as colheitas em geral. A grande razão prende-se essen- 7 Pisa a pé é história
do passado ou só para
Maçãs, alfaces, batatas e, também, cialmente com as temperaturas
as uvas devem ser colhidas no atmosféricas. Uma vindima feita em
ponto que o produtor deseja. Isto julho, agosto ou setembro é feita turista ver?
é, dependendo do objetivo final do sob temperaturas que durante o dia Já não são muitos os lagares onde
produto. Neste caso, a uva deve podem superar os 40ºC. Isso tem a pisa tradicional a pé acontece.
ser colhida tendo em conta o tipo naturalmente impactos nas uvas Mas a verdade é que uma prática
de vinho que se quer produzir. colhidas e nas características que que ainda existe. De um ponto de
Tradicionalmente, por exemplo, as se querem preservar, sobretudo ao vista turístico, é naturalmente um
O derradeiro uvas que são destinadas à produção nível das reações enzimáticas. atrativo e é explorado um pouco por
momento do ciclo de espumantes são vindimadas todo o país para recriar essa mesma
cultural da videira está mais cedo para se obterem níveis 4 Cantar durante a tradição.

vindima?
aí. O mesmo é dizer de acidez mais altos. Pelo contrário,
que as vindimas já para os vinhos de colheita tardia, 8 Fazem-se vinhos
brancos de castas tintas?
arrancaram, período as uvas são deixadas nas videiras As jornadas são longas e sempre
que todos os viticul- durante um período que vai para lá duras de um ponto de vista físico.
tores, adegueiros, do tempo “normal” de vindima para Que o digam os “vindimadores” do Sim e não é uma novidade. De uma
enólogos, produtores que possam sobreamadurecer, de Douro e de todas as regiões vitícolas forma resumida, as antocianinas são
(e consumidores) forma saudável e terem aquilo a que de montanha – mas também, claro, as moléculas de cor e estão pre-
esperam. É, natural- se chama de “podridão nobre”. de todas as regiões do mundo. Para sentes maioritariamente nas pelí-
mente, um período de Atualmente, por diversos fatores, animar a “jorna”, é comum haver culas (vulgo “pele” dos bagos). Se
grande stress por toda as vindimas têm começado siste- cantorias por entre a vinha. Miguel extraídas as películas, o mosto não
a logística que envolve maticamente mais cedo para que Torga escreveu que “os homens terá a cor tinta que teria caso a fer-
– afinal de contas, é os produtores consigam cumprir os deixam as eiras da Terra Fria e mentação decorresse em contacto
o trabalho de um ano objetivos a que se propõem. descem, em rogas, a escadaria do com estas.
agrícola inteiro que lagar de xisto. Cantam, dançam e
está em causa – mas é 2 Quantas vezes por ano trabalham. Depois sobem. E daí a 9 O que é um Relatório
se colhem as uvas? de Vindima?
também um período pouco há sol engarrafado a embe-
de celebração, de bedar os quatros cantos do mundo”.
festa e de tradições. O Pode parecer uma pergunta sem Uma referência à festa que é a vin- É um documento que faz um resumo,
momento ideal para sentido mas é não só válida como dima, com música e dança incluídas. em primeiro lugar, do ano climático
referir 10 factos breves tem respostas diversas. Trata-se, Uma tradição que ainda hoje se e de como isso influiu no cresci-
sobre a vindima que na verdade, e em muitos casos, de mantém. mento e amadurecimento das uvas.
pode não conhecer e algo provocado culturalmente pelo Faz depois um resumo da vindima,
que aumentarão, de homem. Em Portugal e nos países do 5 Vindima manual ou do seu início e de como correu até

com máquinas?
alguma forma, o seu mediterrâneo a vindima acontece aos últimos quilos de uvas a entrar
conhecimento sobre apenas uma vez por ano. No entanto, na adega. Em alguns relatórios pode
este período tão impor- na América do Sul, por exemplo, Há várias décadas que as máquinas ainda ler-se quais foram as castas
tante que se prolonga em particular no Brasil, o que se ajudam no trabalho das vindimas. que produziram mais e melhores
por várias semanas em faz é podar a videira duas vezes Os tratores são aliados essenciais uvas, assim como a “performance”
diferentes regiões do por ano. A poda “extemporânea” é porque são capazes de transportar das melhores parcelas/quintas.
país. feita em pleno verão brasileiro, em as uvas das vinhas para as adegas,
janeiro, interrompendo o que seria muitas vezes em condições duras. 10 Posso vindimar? O que
são programas de vindima?
o seu ciclo cultural normal. Isso vai Nos últimos anos a mecanização
originar uma vindima dupla, ainda deu um salto com as máquinas de
que os rendimentos sejam dife- vindima capazes, elas próprias e Cada vez mais os produtores orga-
rentes. Por essa razão, é uma téc- com intervenção humana mínima, nizam programas de vindima. Não
nica agrícola usada sobretudo em de colher as uvas. A vindima manual são mais do que propostas eno-
castas que são comprovadamente continua a existir e a ser essencial. turísticas onde as pessoas podem
vigorosas porque lhes é exigido um comprar a experiência de vindimar.
esforço muito superior. A vida útil 6 As uvas são Normalmente incluem também

selecionadas?
dessas videiras será inferior à das provas e degustação de produtos
videiras que produzem uma vez por locais para recuperar a energia per-
ano mas a verdade é que os “vinhos Antes de serem prensadas pode dida numa atividade que é fisica-
de inverno” existem e têm de facto existir um “tapete de escolha” que mente exigente.

@revistadevinhos agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 45


CLUBE DE REVISTAS
PELO CAMPO

POR ESTES DIAS,


NA VINHA
Por estes dias, nas regiões mais quentes, as
vindimas já arrancaram. Noutras ainda está
no estado fenológico do “Pintor”, ou seja, as
uvas começam a ganhar a coloração que lhes
é característica, dependendo naturalmente
da casta. Para o viticultor, se ainda não está
a vindimar, é uma altura de algum descanso
– muitos aproveitam mesmo para tirar as
merecidas férias. Eventualmente poderão
ser feitas algumas desfolhas e despontas,
para ajudar no amadurecimento, e ainda um
controlo das regas no caso das videiras com
sistema associado.
CLUBE DE REVISTAS

Do terroir Norte Alentejano…


quente, mas já de caraterísticas beirãs, nascem
os vinhos Herdade do Gamito.
Altamente comprometidos com a expressão
do granito e das encostas onde nasceram.
O criador de vinhos, protetor e pouco interferente,
tem o papel de revelar a pura assinatura
da origem.

www.herdadedogamito.pt
SIDRAS CLUBE DE REVISTAS
texto e notas de prova Luís Alves / foto Daniel Luciano

Parece um fenómeno recente mas não é. A sidra

A sidra é uma bebida milenar que nas últimas décadas


perdeu fulgor e públicos por um conjunto de
razões. História do passado, a verdade é que

vai Nua
está a regressar aos poucos e são prova disso
os projetos que vão nascendo e até os eventos
que se estão a criar em torno desta bebida de
pomar. A Revista de Vinhos esteve à conversa
com o enólogo Miguel Viseu, co-autor, com dois
amigos, da Sidra Nua, nascida no Vale do Lima.

“Pensamos que
seria um produto
essencialmente para o
mercado estrangeiro
mas a verdade é
que a aceitação do
mercado nacional foi
surpreendente”.

Miguel Viseu e Emanuelle dalla Costa

48 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS

O que pode unir três amigos, ligados um amigo [o João Gomes] desafiou-me A sidra Nua tem atualmente três refe-
ao vinho e à agronomia, variedades tra- para fazer uma cerveja com estágio em rências distintas. A Nº1, sidra de prensa
dicionais de maçã e a cultura mais ou barricas de Vinho do Porto. Na altura direta produzida com as variedades
menos esquecida de toda uma região? achei que não dominava o processo Porta da Loja e Pipo de Basto; a sidra
A sidra, essa bebida agora em franca de cerveja e ‘contra-desafiei-o’ para Nº2, com mais variedades de maçã,
recuperação. Prova disso é o Sidrama - fazermos uma sidra. O Tiago [Sampaio] comercializada em garrafas de 75 cl e
Festival de Sidras e Bebidas de Pomar, entra no projeto, fazemos a sidrificação ainda a sidra Híbrida, produzida maio-
em Ponte de Lima que vai este ano para na adega dele e em 2018 nasce então ritariamente a partir de maçã (96%)
a segunda edição, de 25 a 27 de agosto a primeira sidra a três mãos”, recorda mas também com frutos vermelhos. Em
(ver caixa). Em restabelecimento cul- Miguel Viseu, que vê nas variedades jeito de curiosidade: são necessários, em
tural, chamemos-lhe assim, com um tradicionais de maçã o pilar do projeto. média, sete quilos de maçãs para pro-
interesse crescente do público consu- E aí entramos num verdadeiro baú de duzir de um litro de sidra.
midor, a Revista de Vinhos provou a história, um tanto ignorada nas últimas A receção do público consumidor
Sidra Nua e conversou com o enólogo décadas por um conjunto alargado de foi uma surpresa para os três amigos.
Miguel Viseu, autor da marca com razões. “Pensamos que seria um produto essen-
Tiago Sampaio e João Gomes e apoio Hoje em dia, existem algumas varie- cialmente para o mercado estrangeiro
ainda da esposa de Miguel, Emanuelle dades dominantes, presentes no grande mas a verdade é que a aceitação do
dalla Costa. “O embrião começou na retalho que constituem o grande con- mercado nacional foi surpreendente. O
Escola Superior Agrária de Ponte de sumo das pessoas. Da Golden à Royal turismo e a apetência pelos vinhos natu-
Lima, onde estudei. Raúl Rodrigues, Gala, passando pela Fuji, a verdade é rais podem ajudar a explicar”, conta
professor dessa escola, é um apaixo- que a paleta alargada de variedades foi Miguel Viseu que tem nas cidades de
nado das variedades tradicionais de minguando na mesma medida em que Lisboa e Porto bons mercados, em res-
maçã e foi uma das grandes influências”, as variedades tradicionais foram sendo taurantes e garrafeiras, mas também no
começa por contar Miguel Viseu que no esquecidas e as árvores arrancadas. O Algarve e um pouco pelo resto do terri-
início do seu percurso profissional deu que agora está a acontecer é o ressur- tório português.
apoio a um projeto de agricultura bioló- gimento dessas variedades, muito por Um ponto importante deste projeto é
gica que tinha a consultoria de António força, também, do movimento em torno o apoio aos pequenos produtores. A Nua
Strecht, um conhecido colecionador de das sidras. é feita a partir de vários tipos de maçã.
maçãs e também pioneiro da agricul- Desde a maçã de refugo – que não seria
tura biológica. A cultura “sidreira” foi Porta da Loja ou Focinho de Burro? comprada pelos mercados – como por
regressando não apenas à região, com maçã de primeira. Isso explica-se pela
alguns atores a trazerem-na de volta, As tradicionais variedades de maçã grande diversidade de fornecedores.
como também, em particular, a Miguel têm tanto de história como de curioso. “Temos desde o microagricultor, com
Viseu, quando começou a trabalhar no E o “curioso” começa logo nos nomes duas ou três árvores no quintal até ao
projeto Aphros, em Ponte de Lima, de dessas variedades. Porta da Loja, Pipo produtor que tem um pomar instalado,
Vasco Croft, e ainda nas várias visitas de Basto, Camoesa do Coura, Agral, com variedades específicas”, explica o
que fazia às Astúrias. Malaipo, Verdeal, Focinho de Burro, enólogo Miguel Viseu que não resiste
Mais ou menos esquecida durante Riscadinha de Palmela ou Gigante do a fazer o comparativo vinificação –
algumas décadas, recorde-se que a Douro. São apenas alguns das muitas sidração. “A carga de precisão da maçã
sidra é uma das bebidas mais antigas variedades – Raúl Rodrigues ou o é mais baixa. Mais tolerante do que
do mundo – existem registos do seu António Strecht terão certamente a uva. Em termos de acidez, temos de
consumo de há sete mil anos. E existem muitas mais para enumerar – e têm trabalhar com o ponto de colheita para
várias razões para isso, algumas até de sido usadas para a produção de sidra e depois termos a sidra que desejamos”,
origem médica. A literatura especia- também, de um ponto de vista agrícola, compara Miguel.
lizada refere a vantagem do consumo têm sido multiplicadas para que não se A fermentação das sidras é feita em
pelos muitos e benéficos antioxidantes, percam irremediavelmente. “A tradição inox e no futuro estão já gizados alguns
o baixo teor de álcool e ainda as endor- muito forte das sidras salvou as varie- planos, ainda que sem data específica
finas e o ácido natural que permite a dades tradicionais e antigas. Porque a que passarão pelo “estágio em barricas,
absorção de ferro. sidra era mais um alimento, mais um flor de sabugueiro, entre outras ideias”.
De regresso à história da Nua, o início produto à mesa. Na verdade, era o vinho
quase que era, na verdade, o de uma dos pobres. Quando o vinho acabava,
cerveja – talvez por isso o leitor esteja começava a sidra”, recorda Miguel que SIDRA NUA
numas páginas normalmente reservadas lembra também que a sidra era a bebida W. WWW.NUACIDER.COM
a essa bebida. “Comecei por fazer sidras das Feiras Novas, festa de agradeci- E. INFO@NUACIDER.COM
para mim, em casa, a pensar que pode- mento das colheitas do ano, realizada W. WWW.FACEBOOK.COM/CIDERNUA/
riam ser bons presentes de Natal. Em em Ponte de Lima, anualmente até aos W. HTTPS://WWW.INSTAGRAM.COM/CIDERNUA/
2017 sidrifiquei 200 litros. Entretanto, dias de hoje.

@revistadevinhos agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 49


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SIDRAS

NOTAS DE PROVA

95 FESTIVAL DE SIDRAS ESTE MÊS


Nua Híbrida
Espuma muito breve e bolha fina. Cor salmão, turva. Organizado pelo Município de Ponte de Lima, o
Fruta evidente, boca viva e perfumada. Acidez mais Festival Sidrama vai acontecer este ano, na sua
contida mas interessante. Final de boca prolongado.
segunda edição, entre os próximos dias 25 e 27
Uma boa opção para este verão.
de agosto. A sidra – e as “bebidas de pomar” –
6,5% de álcool / 8,50€ (75 cl.)
são naturalmente as grandes protagonistas e a

diversidade de projetos presentes é muito grande
94 e tem um âmbito internacional. Na primeira edição,
em 2022, estiveram presentes produtores de Itália,
Nua Nº 2 Astúrias, Galiza, Letónia, Áustria, Finlândia, Suécia,
Espuma muito breve, bolha média. Amarelo turvo, entre outros. Dos projetos nacionais, foram também
muito aromática. Acidez profundamente salivante e
várias as regiões presentes, desde o próprio Vale
quase viciante. No ponto. Muito refrescante, capaz
de “limpar” a boca. Final demorado. Ideal para um do Lima (Sidra Nua) até Castelo Branco, Vila Real e
fim de tarde em dias de maior calor. Madeira, para dar apenas alguns exemplos. O plano
6% de álcool / 8,00€ (75 cl.) do município limiano vai para lá do evento em si. A
ideia é posicionar-se como um território com este
produto turístico específico, à imagem das Astúrias,
por exemplo.

50 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
Para ver no
facebook, instagram
NA MESA CLUBE DE REVISTAS
e youtube da
Revista de Vinhos A mesa é espaço de conversas, de partilha, de reunião, de vinho e comida.
@revistadevinhos

receita e fotos Daniela Cunha

Tacos
com carne
Uma receita para o verão

Na Mesa é a nova rubrica da Revista


de Vinhos, um espaço mensal para
a proposta de receitas e vinhos para
explorar em itinerários que se querem
gulosos, para fazer e provar porque
apetece algo diferente, para conquistar
aprendizes e entendidos, porque Na
Mesa há espaço para tudo e para todos.
CLUBE DE REVISTAS
NA MESA

INGREDIENTES:

350 g. de bife da vazia


30 g. de manteiga
2 dentes de alho
1 cebola pequena
1 tomate grande ou vários cereja
½ manga
1 abacate
1 lima
1 ramo de salsa
Azeite
Vinagre balsâmico
Sumo de lima
Mini tortilhas
Sal q.b.
Pimenta moída na hora q.b.

PREPARAÇÃO:

1. Cortar o bife da vazia em tiras


finas. Reservar.
2. Derreter a manteiga, em lume
brando, numa frigideira. Juntar
as tiras de carne e deixar dourar.
Temperar com sal e pimenta,
juntando os dentes de alho
picados.
3. Picar a cebola, o tomate, a
manga e a salsa e temperar com Casal das Freiras
sal, azeite e vinagre balsâmico.
4. Cortar o abacate em tiras
Castelão 2022
e envolver em sumo de lima. Um vinho a descobrir… 91
Reservar. Tejo / Tinto / Quinta Casal
Um tinto para o verão, que chega da das Freiras
5. Pré-aquecer o forno a 180ºC e
Região Demarcada do Tejo e resulta Rubi translúcido. O nariz é curioso e
colocar as tortilhas na grelha cerca apresenta notas de especiaria doce,
de uma colaboração com Dirk Niepoort. romã e folha de morango. De tanino
de 7 minutos, deixando-as ficar
Para beber mais fresco – e conhecer fresco e elegante, com acidez marcante,
douradas e crocantes. Assim que
nesta edição da prova temática da tem finura estrutural e final bem
prontas, rechear as tortilhas. persistente. Muito bem elaborado. JJS
Revista de Vinhos! 15,00€ / 14ºC

@revistadevinhos agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 53


SPIRITS & MIXOLOGYCLUBE DE REVISTAS
Porque para lá do vinho há muitos outros blends que merecem a nossa atenção.

texto Marc Barros / fotos D.R.

Valley Gin
A pureza do Gerês
CLUBE DE REVISTAS

O ‘master distiller’ procurou, desde o início


do projeto, recorrer unicamente a produtos base
locais para a elaboração do seu gin. Os botânicos são,
na grande maioria, da própria serra do Gerês,
e a produção é de origem local.

As longas caminhadas de que Pedro Rodrigues A destilação é feita em alambiques de cobre, na


é adepto transformaram-se numa ideia de negócio qual entram os botânicos, entre os quais o indispen-
e num projeto empreendedor de criação do pró- sável zimbro, bem como alcaçuz, angélica, carda-
prio emprego quando, em 2014, este antigo militar momo, coentros, hipericão, hortelã-pimenta, limão
decidiu colocar a paixão pela serra do Gerês e pela e laranja de Amares, terra de Pedro (que dá origem
natureza local numa garrafa de gin. ao Valley Gin Laranja – 29,90 euros), bem como
Desta forma, “Pedro, o destilador, decidiu juntar álcool de cereal e água. Elabora igualmente gins ao
as duas paixões”, relata o próprio. “Assim começa estilo London Dry, “em processos diferentes”. Em
a criação do gin do Gerês”, sendo que, “após varias parceria com a Letra, empresa produtora de cerveja
caminhadas, foram encontrados os botânicos artesanal oriunda de Vila Verde, lançou o Hoppy,
ideais”. Seguindo métodos tradicionais de alambi- gin de cerveja (32,00 euros).
ques de cobre, como os seus familiares há décadas
faziam, ao fim de “dois anos de estudo e experiên- Regresso à escola
cias nasceu o Valley Gin”, que carrega com o nome
do Vale do Gerês e o nome do seu produtor, Pedro É em Atiães, na antiga escola local, entretanto
Vale Rodrigues. desativada, que Pedro Rodrigues instalou a sua
A ideia de cruzar “a botânica local com a moda produção. Para produzir o “blended gin”, o álcool
do gin surgiu de repente”, tendo chegado ao mer- é diluído em água para obter uma mistura com teor
cado em 2016. No ano seguinte, já vendia três mil alcoólico entre 40 % e 60 %. Cada botânico é desti-
garrafas. O interregno provocado pela pandemia lado individualmente, num total de sete destilações,
baralhou as contas, mas espera este ano alcançar as sendo a quantidade de cada botânico ajustada em
sete mil – para tanto, o segmento das exportações, função do sabor e aroma pretendidos. O tempo de
em crescendo; em sentido contrário, o aumento do maceração é estabelecido pelo mestre destilador,
preço das matérias-primas, desde logo garrafas: podendo ser de um dia a uma semana.
“Não é apenas o aumento dos preços, que já ronda Após a destilação, em que é retirada a cabeça e
200% desde que comecei, mas a falta de garrafas a cauda do destilado (em quantidades que oscilam
no mercado”, que já obrigou o empresário a longos entre 5 % e 15% no primeiro caso e 10 % a 20 % no
périplos pela Península Ibérica em busca de forne- segundo) o coração do destilado, com título alcoo-
cedores. métrico que ronda 60%, é corrigido pela adição de
O ‘master distiller’ procurou, desde o início do água, para cerca de 40 %.
projeto, recorrer unicamente a produtos base locais De acordo com Pedro Rodrigues, este gin pres-
para a elaboração do seu gin. “Os botânicos são, na ta-se a vários momentos de consumo. “Almoço,
grande maioria, da própria serra do Gerês, e a pro- jantar ou até mesmo ao final de tarde com amigos”,
dução é de origem local”, garante. dependendo do gosto de cada um.
“Os gins são feitos por blend”, relata. “Isso signi- A melhor forma de serviço, é, garante, “a mais
fica que destilamos cada botânico individualmente simples: laranja/alecrim ou o famoso limão/zimbro”.
e de seguida fazemos a mistura que corresponde à Porque é na simplicidade que obtemos o melhor –
nossa receita final”. no caso, do Gerês…
Para chegar ao ponto pretendido, foram experi-
mentadas “centenas de receitas, para chegar a um VALLEY GIN
gin equilibrado entre as várias vertentes, seja no EDIFÍCIO DA ESCOLA DE ATIÃES
palato, volume alcoólico e até mesmo na oleosidade RUA DA ESCOLA, 14
do produto final. O Valley Gin, por exemplo, é floral/ ATIÃES, VILA VERDE
cítrico”. O Valley Gin Original é comercializado a M. 919479576
30,90 euros/garrafa.

@revistadevinhos agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 55


Para ver e ouvir ENOTURISMO CLUBE DE REVISTAS
Porque todos merecemos momentos de ócio e de pura preguiça.

texto Madalena Vidigal / fotos Fabrice Demoulin

A viagem dos Fenícios pelas águas

ARVAD WINE
do rio Arade serve de inspiração
para este inovador projeto de
vinhos no Algarve.
Entre a Serra de Monchique e o Atlântico
ENOTURISMO CLUBE DE REVISTAS

Começou por um monte, depois seguiu-se mais um e outro de bordo, decidiu pousar os pés na sua terra natal e dar asas
pedaço de terra. De repente, o empresário Pedro Garcia de à paixão que já há muito tempo vinha a nutrir pelo mundo do
Matos viu-se com uma propriedade de sessenta hectares à vinho. Ela e a sua equipa recebem visitantes curiosos todo o
beira do rio Arade, em Estômbar, e completamente encantado ano. Segundo Mariana, a Arvad é bonita no verão, mas ainda
por esta localização. mais durante o inverno algarvio.
Mas vários séculos antes, já os Fenícios se tinham apaixo- A chegada à Arvad é feita geralmente por terra, de carro,
nado por esta zona a que chamaram de Arvad, ou “refúgio” mas pode optar por fazer o percurso dos Fenícios, saindo de
de inimigos e perseguições de outros povos. Diz-se até que, Portimão de barco e subindo o rio Arade até ao cais da Arvad.
pelo rio Arade acima, traziam já ânforas vinárias – ainda se Aí estará um buggy para fazer o percurso vinhas acima, até à
encontram alguns vestígios das ânforas nas margens do rio – adega.
provando que a relação do Algarve com o vinho não é, segura- Todas as visitas incluem um passeio pelas vinhas, uma pas-
mente, coisa de agora. sagem pela adega de barricas – onde também se encontram
Voltando aos tempos modernos… em 2016 plantaram-se as algumas ânforas a lembrar outros tempos – e uma prova de
primeiras vinhas com seis castas: Cabernet Sauvignon, Touriga vinho no alpendre com vista para o rio e serra de Monchique.
Nacional, Alicante Bouschet, Arinto, Alvarinho e Sauvignon As provas incluem três, quatro ou as cinco referências dispo-
Blanc. Então, e a casta bandeira do Algarve? Bom, de facto níveis, às quais se pode ainda acrescentar uma farta tábua de
a Negra Mole não fez parte da plantação inicial mas rapida- queijos, enchidos, azeitonas, azeite, pão e conservas de peixe.
mente surgiu um vinho monocasta com uvas provenientes de A sala interior, logo à entrada, é também palco de diversos
uma das mais antigas vinhas de Negra Mole, pertencentes a eventos sociais e boas memórias.
um pequeno produtor local. Estas uvas dão origem a um vinho O projeto Arvad é recente, mas promete revolucionar a
bem distinto, com pouca cor mas com acidez vincada e aromas oferta de enoturismo e hotelaria do Algarve. Está já em marcha
vivos de frutos vermelhos. a construção de um hotel vínico com 40 quartos, restaurante
A Arvad Wine é, assim, um dos mais recentes projetos de e Spa, bem no topo do monte, junto à parcela do Arinto, com
vinho no Algarve, que aposta na qualidade do produto, acre- vista 360º. A inauguração está prevista para 2025.
ditando no potencial desta região. Aqui, o enólogo Bernardo Mas enquanto não inaugura o hotel, o melhor que se pode
Cabral usa cada uma das castas na sua forma mais verdadeira, fazer é mesmo uma prova de vinhos e petiscos no alpendre.
seja em blend ou monocasta, como é o caso da Negra Mole e da Este momento, por si só, já enche a alma de qualquer visi-
Touriga Nacional. Como gama de entrada existe o trio branco, tante e desperta os cinco sentidos.
rosé e tinto, todos eles bem frescos e com forte carácter. Sentir o vento da serra, ouvir os pássaros na reserva natural,
A localização é privilegiada para se fazer vinho, sendo que cheirar os arbustos silvestres que rodeiam as vinhas, observar
as vinhas acompanham as curvas do rio Arade, conseguindo os tons de verde da paisagem contrastando com o azul do rio
diferentes exposições solares. A Serra de Monchique equilibra e claro, degustar todas as iguarias dispostas em cima da mesa.
as temperaturas ao mesmo tempo que permite a passagem Não haverá melhor descrição de enoturismo do que esta!
dos ventos do Atlântico. Tudo condições que favorecem a pro- A Arvad veio provar que o Algarve é muito mais do que um
dução de uva de grande qualidade. destino de sol e praia, aliás, é um destino para todos e para
Mariana Canelas é a responsável do enoturismo desde o dia todo o ano.
zero deste projeto. Depois de longos anos como hospedeira

@revistadevinhos agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 57


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ENOTURISMO

CONTACTOS
Mariana Canelas

ARVAD WINE
SOCIEDADE AGROP. RIO ARADE
8400-167 ESTÔMBAR, PORTUGAL
E-MAIL: GERAL@ARVAD.PT
TELEFONE: +351 968 494 049

PREÇOS
. VISITA E PROVA SIMPLES
A PARTIR DE 20€
. VISITA COM ALMOÇO
A PARTIR DE 65€

EXPERIÊNCIAS
Visita à vinha e adega com prova
de vinhos e tábua de queijos
no alpendre. A chegada à Arvad
pode ser feita de carro ou pelo
rio Arade até ao cais onde um
buggy faz o percurso pelas
vinhas até ao edifício principal.
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COMO CHEGAR
Saindo de Lisboa
Î pela Ponte 25 de Abril
Î siga pela A2 por cerca de 230 km
até encontrar a saída 14 para São
Bartolomeu de Messines
Î mais meia hora de percurso pela
N124 e antes de chegar a Estômbar
já encontra sinalética para a Arvad
Wine

Do Porto
Î conte com uma viagem de
5 horas, maioritariamente por
autoestrada. Î começando pela A1
até ao Carregado
Î aí tem a saída Benavente/
Algarve e segue pela A10, A13 e
A2 sucessivamente (é a mesma
autoestrada que vai mudando a sua
numeração)
Î uma vez que entra na A2, basta
seguir as indicações acima

@revistadevinhos agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 59


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ENOTURISMO

SUGESTÕES EXTRA
Conserveira do Arade
Portugal tem uma tradição conserveira
centenária e por isso, visitar uma fábrica de
conservas é uma atividade pouco óbvia mas
muito interessante. Ali perto, em Tavira, a
Conserveira do Arade – Saboreal está aberta
a visitas de todos os curiosos, percorrendo
toda a zona de produção, onde é explicado
detalhadamente o processo das conservas.

Passeios de barco no Rio Arade


Para completar uma visita à Arvad Wine, nada
como um passeio de barco pelo próprio rio
Arade entre Silves e Portimão num barco
movido a painéis solares. Além de amigo do
ambiente é também silencioso, o que permite
ouvir todos os sons da natureza ao longo do
rio, a um ritmo lento para disfrutar ao máximo a
reserva ecológica do Arade.

A prova de vinhos na Arvad


desperta os cinco sentidos:
sente-se o vento da serra,
ouvem-se os pássaros na
reserva natural, cheira-se
as plantas silvestres, vêm-se
os tons de verde da vinha
e o azul do rio e, claro,
provam-se todas as iguarias
dispostas em cima da mesa.

60 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023


Seja responsável. Beba com moderação. CLUBE DE REVISTAS

Onde nos
esperam
os amigos.

Apetece ir.
Para ver e ouvir no
facebook, instagram
CLUBE DE REVISTAS
R E P O RTAG E M
e youtube da
Revista de Vinhos texto e notas de prova Alexandre Lalas e Nuno Guedes Vaz Pires / fotos Fabrice Demoulin
@revistadevinhos

Subitamente, parece que o mundo descobriu a Comporta.


Não é caso para menos, pois neste pequeno paraíso, ainda
intocado, podemos usufruir da tranquilidade de extensos
areais, ao mesmo tempo que surgem projetos de hotelaria,
gastronomia e restauração altamente qualificados.
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COM PORTA
A BOÉMIA DO LUXO DESCONTRAÍDO
CLUBE DE REVISTAS
A uma hora de carro de Lisboa, entre os concelhos de que “foi há nove anos que o Sérgio me pediu em casa-
Alcácer do Sal e Grândola, fica a Herdade da Comporta. mento nesta praia”.
Zona costeira de 60 km. de florestas, dunas, arrozais, Sobre a experiência na empresa, na qual trabalha
horticultura e viticultura, tem cerca de nove km. de desde 2010, então ao lado do pai, tratando-se de um
lindas praias de areias brancas, águas limpas e um pôr- setor “exigente”, Filipa refere que, desde cedo, aprendeu
-do-sol cinematográfico. Um lugar bonito como este tem “que tinha de ser firme e resiliente”. Recordando que,
no turismo vocação natural. à época, “o ‘mindset’ era diferente”, as “experiências
Destino cada vez mais ‘trendy’, atrai turistas de todo que o meu pai proporcionou, o que o vi a fazer e a sua
o mundo, em busca do exotismo e tranquilidade que a forma de gestão” foram fundamentais. “Tentei absorver
Comporta ainda oferece. E, entre arroz, batata-doce, o melhor e adequar à minha pessoa” e aos dias de hoje,
sobreiros e pinheiros mansos (sem esquecer os omni- considera. “Acredito que devemos ser bons líderes, o
presentes e democráticos mosquitos), os vinhos ganham que é subjetivo, pois depende de pessoa para pessoa, de
espaço e importância. região para região, da zona do país. Tenho que lidar com
Desafiamos Filipa Garcia, e o marido, Sérgio Azevedo, a confiança das pessoas e tentar que as pessoas confiem
proprietários da Garcias Wines & Spirits Boutique – que em mim e passar a inspiração deste projeto, que leva o
cumpriu recentemente um ano de vida - a conduzirem meu nome”. Que tem na Comporta o passo mais recente.
o Lexus LC 500 cabrio e a Revista de Vinhos pelos Venha connosco ver – e provar - a Comporta.
melhores ‘spots’ da Comporta. Filipa confidencia, aliás,
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C O M P O RTA

Perguntamos ao casal Filipa Garcia e Sérgio Azevedo, em jeito de questionário


Proustiano (afinal de contas é verão…), o que os faz vibrar na Comporta.

ENTRE O AZUL DO MAR E O VERDE DO ARROZ DE LINGUEIRÃO OU CHOCO FRITO? NO VERÃO, O QUE É QUE ESTÁ SEMPRE NA
PINHAL, HÁ TEMPO PARA? Ambos: Choco frito.
MALA DO CARRO?
FG: É uma zona muito querida — FG: Toalha de praia, protetor e um
para nós, onde passamos férias há chapéu.
20 anos, temos sempre tempo para PÉ NA AREIA OU PIQUENIQUE NO CAMPO? SA: E uma mala de viagem.
escapar para a Comporta. —
Ambos: Sempre pé na areia.


A MELHOR BANDA SONORA PARA O
TRÊS PONTOS A NÃO PERDER NA DESCAPOTÁVEL?
O QUE NÃO DEVE FALTAR NUM CESTO DE
COMPORTA… E TRÊS CHEGAM?!
PIQUENIQUE? SA: O motor do carro.
SA: A praia, a vivência e sossego FG: Bossa nova, jazz…
Ambos: Fruta, rosé e bolhas.
(e a nossa garrafeira…). —


SE ESTE CARRO FOSSE UMA PRAIA ERA?
SE A COMPORTA FOSSE UM INGREDIENTE
RUÍNAS ROMANAS OU CAÍS PALAFÍTICO?
ERA? FG: Esta praia.
FG: Cais Palafítico, pois representa a SA: Claramente a Comporta e Tróia.
FG: Sal.
origem do estuário do Sado. —
SA: Coentros.


GOOGLE MAPS, WAZE OU SEM DESTINO?
O QUE É QUE NA COMPORTA NOS PÕE
TRABALHAR NA COMPORTA É… Ambos: Sempre Waze.
UM BRILHOZINHO NOS OLHOS? —
FG: Um descanso, não é bem um
FG: Dormir bem e recuperar do dia
trabalho. É um orgulho ter o nosso
a dia. QUEM GUARDA A CHAVE DO CARRO?
primeiro projeto a dois depois do

desaparecimento do meu pai. FG: O Sérgio.

AINDA NOS PODEMOS PERDER NA
COMPORTA? NÃO COMEÇO A TRABALHAR SEM ANTES…
FG: Temos de procurar o sítio certo;
Ambos: Treinar.
é possível encontrar praias onde

podemos estar sós, mas cada vez
menos…
ENTRE O TRABALHO E A CASA HÁ TEMPO

PARA? Desafiamos Filipa
QUANDO ESTÃO LONGE, O QUE É QUE VOS FG: Fazer escapadinhas a dois. Garcia e Sérgio
DEIXA SAUDADES? SA: E visitar clientes e amigos.
Azevedo a conduzirem
SA: O descanso e o sossego.
O LEXUS LC 500 CABRIO É MAIS SURF OU o Lexus LC 500 cabrio

O LOCAL MAIS INSTAGRAMÁVEL DA
BIRDWATCHING? e a Revista de Vinhos
COMPORTA? FG: Mais surf. pelos melhores ‘spots’

FG: No centro da vila, nos sítios mais da Comporta.
clássicos, onde conseguimos encon-
trar a Comporta do antigamente. SE NÃO FOR O CARRO, O QUE OS FAZ IR DOS
SA: Acrescentaria a praia com 0 AOS 100?
o enquadramento da Serra da
Arrábida. FG: Desonestidades e mentira.
SA: Pelo lado positivo, é a adrenalina
da venda, de conquistar o cliente e
conseguir que confie em nós.

@revistadevinhos agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 65


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À Lexus, devemos um obrigado
por não deixar “cair” os carros
que são uma fonte de prazer
para os seus condutores.

8 cilindros em V
464 cv
4969 cm3
0-100 km/h: 4,7 segundos
Caixa automática
de 10 velocidades
Consumo médio: 11,7 lt/100 km
Preço base: 194.000 €

66 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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PROMO

L E XU S
LC 5 0 0 CA BR IO
Num tempo em que a eletrificação está a dominar o
mundo automóvel, eis um puro-sangue lançado pela
japonesa Lexus. A marca que pertence ao grupo Toyota
tem neste LC500 um carro que, ao sair do stand, é já
um verdadeiro clássico e um carro de culto. Um nobre
motor V8, montado num chassis de um verdadeiro GT,
pronto a devorar milhares de quilómetros em conforto
e silêncio (se desejado) absolutos. Design na linha da
Lexus, com tanto de irreverente como de distinto, com-
provado por Sérgio Azevedo. “Deu-me uma adrenalina
enorme conduzir. Uma grande estabilidade, um motor
e dinâmica espetaculares e linhas completamente
diferentes do que tenho visto. Fiquei apaixonado”,
refere. O facto de ser cabrio pode diminuir um pouco
na rigidez torsional mas acrescenta-lhe algo de único,
sobretudo por ser uma capota clássica e tradicional de
lona, reforçada com quatro camadas de tecido, garantia
de conforto térmico e acústico.

agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 67


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C O M P O R TA

A COM PORTA ,
ST E P BY ST E P…

1/ Praia de Tróia
Mar
Cer e beber
Situada na península de Tróia, a
praia de Tróia Mar proporciona
5/ JncQuoi 7/ Comporta Café
uma visão fascinante da Serra
da Arrábida. Os acessos, seja
Beach Club Soltroia
por estrada, seja por ferry-boat Na praia do Pego, o JncQuoi A extensão do Comporta
de e para Setúbal, são fáceis. Beach Club, que abre as portas Café a Tróia, que congrega
Os empreendimentos turísticos este verão, foi desenhado pelo restaurante, piscina e quiosque
asseguram boa presença de traço do arquiteto Vincent com bebidas. Opera no antigo
serviços. Van Duysen e leva para a beach club perto da praia
Comporta a sofisticação desta Atlântida. Aqui, pode passar
marca da dupla Paula Amorim um dia relaxado, pois a oferta
2/ Praia da e Miguel Guedes de Sousa e é gastronómica é variada e

Comporta o primeiro passo do grupo no própria para os dias quentes de 9/ Almo Comporta
desenvolvimento imobiliário verão.
Restaurante e bar de vinhos
Dotada de uma invejável que traçou para a Comporta. COMPORTA CAFÉ SOLTROIA aberto todo o dia, com uma
extensão de areal, no extremo JNCQUOI BEACH CLUB PRAIA ATLÂNTIDA, TRÓIA ampla esplanada, focada em
sul da Península de Troia, a PRAIA DO PEGO 7570-789 TRÓIA
expressões contemporâneas
praia da Comporta possui 7570-783, CARVALHAL, COMPORTA M. 927 968 775
da comida portuguesa, com
facilidade de acesso, com T.269 249 890 HORÁRIO: DE TERÇA A DOMINGO DAS 10H30
base em produtos sazonais, de
espaço de estacionamento E.BOOK@JNCQUOIBEACHCLUB.COM ÀS 23H. ENCERRA À SEGUNDA.
origem local. A carta de vinhos,
privado (pago) ou público; por seu turno, está focada nos
convém ir cedo para assegurar vinhos naturais, biológicos
lugar.
6/ Comporta Café 8/ Grão de Bico ou biodinâmicos. A elevada
rotatividade do espaço pode

3/ Praia do Beach Club No eco-resort Pestana Tróia,


o restaurante Grão de Bico
levar a condicionamentos no
tempo da refeição.
Carvalhal Espaço precursor da Comporta,
aberto desde 2002 por Luís
corresponde à sumula de vários
anos de experiência de uma
ALMO COMPORTA
R. DO COMÉRCIO, 1
Mais a sul, a praia do Carvalhal Carvalho e Patrícia Pereira equipa dedicada ao segmento 7580-642 COMPORTA
tem acesso fácil, por estrada da Silva. Decorado em estilo de caterings e eventos. T.265497577
alcatroada, entre a mancha descontraído, é adequado para Para além dos espaços de
de pinhal e os arrozais, com grupos maiores ou refeições restauração, onde pode almoçar
o espaço dunar a assegurar individuais no terraço. A e jantar (e tomar o pequeno-
privacidade e sossego. esplanada abre-se para o almoço!), existe uma mercearia
oceano e serve pratos de de produtos finos, bem como
excelência, que têm no arroz
4/ Praia do Pego e nos produtos de mar as
o bar de praia, chamado Grão
de Areia, aberto aos clientes do
principais referências. eco-resort.
Contígua à praia do Carvalhal,
a praia do Pego junta à COMPORTA CAFÉ GRÃO DE BICO
tranquilidade as infraestruturas PRAIA DA COMPORTA, 7580-621 GRÂNDOLA EN 253-1, PESTANA TRÓIA ECO RESORT
de apoio próprias e espaços de T. 265 497 652 / 265 490 513 7570-789 COMPORTA

Praias
restauração. M.933 976 520 T.265 105 075
E. COMPORTACAFE@HOTMAIL.COM E.MENU@GRAODEBICOCATERING.COM
HORÁRIO: DE TERÇA A SEXTA-FEIRA DAS HORÁRIO: DE TERÇA-FEIRA A QUINTA-FEIRA
11H30 ÀS 20H00; DAS 10H30 ÀS 22H30 AO DAS 9H ÀS 18H; SEXTA-FEIRA A SÁBADO DAS
SÁBADO E DAS 11H30 ÀS 22H30 AO DOMINGO. 9H ÀS 22H30. ENCERRA À SEGUNDA-FEIRA.
ENCERRA À SEGUNDA.

68 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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Luís Carvalho e Patrícia Pereira da Silva 6 6


7 2
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18 1
7
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C O M P O RTA

Dormir
13/ AlmaLusa
10/ Dona Bia Comporta
Este que já é um clássico da Integrando o universo
AlmaLusa, que compreende
Comporta tem no arroz o
elemento de conexão das várias
12/ Sublime duas outras unidades em
especialidades gastronómicas
da casa. A localização
Comporta Country Lisboa, o AlmaLusa Comporta
é uma unidade recente, que
privilegiada, junto à estrada Retreat & Spa compreende 53 quartos, dos
quais 31 suites. O conceito do
nacional, e sendo um ponto
de passagem na partida ou
Um dos mais recentes e
luxuosos projetos hoteleiros
hotel corresponde a filosofias 15/ Casas na Areia
regresso da Comporta, fazem de sustentabilidade, bem-estar
a nascer na Comporta, esta Conjunto de quatro edifícios
aconselhar reserva prévia. e simplicidade, sem descurar
unidade é o centro de uma reconvertido pelo arquiteto
a sofisticação e o charme. No
DONA BIA propriedade com 17 hectares. Aires Mateus, o projeto Casa na
hotel está ainda disponível um
ESTRADA NACIONAL, 261 - TORRE O projeto inclui 23 quartos Areia, aberto ao público desde
espaço para refeições, com uma
7580-681 COMPORTA e suites, designados Owner’s 2010, mantém a simplicidade
T.265 497 557 pequena esplanada, onde somos
House, Guest Suites e Bio-Pool das paredes de palha e chão de
E. RESTAURANTEDONABIA@GMAIL.COM recebidos com simpatia.
Suites, bem como 22 villas de areia, retratando a forma como
HORÁRIO: DAS 11H00 ÀS 16H30 E DAS 19H30 ALMALUSA COMPORTA os pescadores e habitantes
tipologias T2 a T5, distribuídos
ÀS 22H30. ENCERRA À TERÇA-FEIRA. RUA PEDRO NUNES, N.º 3 da Comporta viviam outrora,
por vários edifícios em estilo
COMPORTA, 7580-652
de cabana, que incluem piscina perto da praia. Oferece ainda
T. 265 098 600
privada, lareira e terraços. O uma piscina virada para os
E.INFO.CP@ALMALUSAHOTELS.COM
Sublime Comporta reúne ainda arrozais.

11/ Mercearia um conjunto diversidade de


propostas gastronómicas, que
CASAS NA AREIA
SÍTIO DA CARRASQUEIRA
Gomes vão do mais orgânico The Food
Circle à Tasca da Comporta,
14/ Troia Resort 7580-613 COMPORTA
M.964 362 816
Esta é uma mercearia à passando pelo Sem Porta e Herdeiro da antiga Torralta, E.BOOKING@SILENTLIVING.PT
antiga, onde pode encontrar pelo Botânico Bar. Na praia este empreendimento turístico-
de tudo um pouco, desde do Carvalhal, o Sublime está imobiliário possui uma
vinhos e vitualhas até cestos presente com o seu Beach Club. ampla oferta de alojamento,
de vime. A oferta é vasta, a consubstanciada nos hotéis The
SUBLIME COMPORTA
simpatia é muita, e a mercearia Editory by the Sea, Aqualuz
COUNTRY RETREAT & SPA
diversificou para outro espaço, Troia Mar & Rio by the Editory
EN 261-1 MUDA, CCI 3954
bem próximo, devotado ao e Troia Residence by the
7570-337 GRÂNDOLA
mundo dos vinhos, espumantes T.269449376 Editory. Para além dos campos
e dos petiscos. E.INFO@SUBLIMECOMPORTA.PT de golfe, da ampla oferta de
MERCEARIA GOMES restauração e gastronomia,
RUA DO COMÉRCIO, N.º 2, COMPORTA das lojas e da marina, a
7580 - 621 COMPORTA praia de Troia é altamente
M. 938389949 recomendável.
E.MERCEARIAGOMES.COMPORTA@GMAIL. TROIA
COM 7570-789, CARVALHAL
HORÁRIO: SEGUNDA A SÁBADO DAS 9H00 ÀS T. 265 499 400
13H00 E DAS 15H0 ÀS 19H00. DOMINGO DAS E.RESERVAS.TROIA@EDITORYHOTELS.PT
9H00 ÀS 13H00.

@revistadevinhos agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 71


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C O M P O R TA

16/ Casa da Cultura


Este espaço resulta da
reabilitação de um antigo
celeiro de arroz e do antigo
Cinema da Comporta.
Localizado no centro da vila,
junto ao restaurante Cavalariça,
congrega um conjunto
de pequenos espaços de
comércio de artesãos e outros
comerciantes locais. Aqui têm
18/ Rice 20/ Loja do Museu
ainda lugar três mercados
anuais, na primavera. Verão
Loja da designer de interiores
Marta Mantero, este espaço
do Arroz
e Natal. O ambiente rústico inaugurou em 2011. É a base Não muito longe da Praia da
transporta os visitantes para o a partir de onde desenvolve Comporta, a Loja do Museu
Cais Palafítico da Carrasqueira. os seus projetos, é também do Arroz oferece vestuário
o ‘show room’ onde coloca o e decoração que emula a
ESPAÇO COMPORTA
espírito da sua obra e da sua elegância descontraída da
LOJA 1, EN 253-1, KM 1
perspetiva sobre o mundo da Comporta. Os proprietários,
7580 - 610 COMPORTA PORTUGAL
decoração. Isabelinha e Tozé, são também
T. 265 497 514
proprietários dos restaurantes
E. FUNDACAOHDC@FUNDACAOHDC.PT RICE
Museu do Arroz e Ilha do
EN 253 KM2, PARALELA À R. DO SECADOR
Arroz, na Comporta.
7580-610 COMPORTA
M.969 571 739 LOJA DO MUSEU DO ARROZ
17/ Alaire LARGO DE S. JOÃO, 8
COMPORTA
Uma loja de decoração com
M.927 153 677
inspirações orientais, fruto do
tempo em que o proprietário,
19/ Lavanda E.ALOJADOMUSEUDOARROZCOMPORTA@SAPO.
PT
surfista de paixão, corria o A marca Lavanda foi criada
mundo atrás da onda perfeita. em 2000, sob a qual a
Combina a elegância rústica norueguesa Cathrine Austad
com materiais naturais para a vendia têxteis lar de produção
vida no interior e exterior. artesanal e cestaria tradicional,
ALAIRE COMPORTA principalmente para lojas na
RUA DO SECADOR Escandinávia. Em 2010 abriu
CELEIRO B, ALCÁCER DO SAL a primeira loja na Comporta,
7580-648 COMPORTA, PORTUGAL ampliando o leque de produtos,
T. 26 509 86 81 desde roupa a mobiliário,
E.COMPORTA@ALAIRE.PT com um toque de elegância e
boémia. Dos sítios de sempre
LAVANDA aos novos spots, da
LARGO SÃO JOÃO
7580-624 COMPORTA areia quente ao sal

Cpras
T.265 098 364 do mar, a Comporta
merece ser vivida
intensamente.

72 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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Filipa Garcia e Sérgio Azevedo

GA RC I AS
W I N E S & S P I R I TS
BO U T IQU E
LOJA/GARRAFEIRA DO ANO 2022 PELA REVISTA DE VINHOS
CLUBE DE REVISTAS
GARCIAS WINES & SPIRITS BOUTIQUE

Tudo começou com uma visita. Filipa e Sérgio foram


até a Herdade da Comporta para tratar de negócios.
A ideia inicial era apenas começar a distribuir os bons
vinhos da Herdade. Mas a meio do caminho estava um
armazém. E as conversas tomaram um novo rumo.

Fundada em 1981, no Prior Velho, em Sacavém por A partir daí, não faltou assunto. A Garcias con-
João Garcia e Arnaldo José Martins Garcia, pai e filho, tratou o escritório de arquitetura com o qual cos-
a Garcias sempre teve uma visão nacional. A intenção tumava trabalhar, apertou prazos e conseguiu em
desde sempre foi tratar o país Portugal como o 8 de julho do ano passado inaugurar a garrafeira.
grande negócio. E com mais de 40 anos de mercado, “Conseguimos fazer uma obra em tempo recorde. E
pode dizer-se que a ideia inicial tem sido cumprida ao mesmo depois de terminada a obra, em apenas quatro
longo desta bela trajetória. Mercados foram abertos, dias enchemos esta loja de garrafas. Foram madru-
fronteiras desbravadas, conceitos experimentados. E gadas valentes”, diz Filipa.
a verdade é que, hoje, a Garcias é líder de mercado na Segundo Sérgio Azevedo, na loja há mais de 2.500
distribuição de vinhos e bebidas espirituosas. referências. O valor do stock, descontado o IVA,
Desde 2021 dirigida por Filipa Garcia, terceira ronda os 600 mil euros. Nas prateleiras, há de tudo:
geração da família, a Garcias deu, em julho do ano de Bag-in-Box a Petrus, tudo vale. A loja é linda. Uma
passado, mais um importante passo na consolidação estação apenas com champanhes chama a atenção.
desta liderança: a inauguração na Comporta da pri- Há vinhos portugueses de todas as regiões, assim
meira garrafeira do grupo. E não trata-se de uma loja como estrangeiros de diversos países, preços e estilos.
qualquer. Para os amantes dos vinhos e dos desti- Há ainda uma espetacular seleção de destilados, com
lados, é um verdadeiro paraíso, onde podem ser com- destaque para os whiskys. E uma área exclusiva onde
pradas (ou, na pior das hipóteses, admiradas) gar- ficam os vinhos mais cultuados - e caros - da garra-
rafas de raridades como safras antigas do cultuado feira, chamado cofre. Trata-se de um espaço exclusivo
Château Petrus. Ou garrafas raras do não menos onde o cliente pode viver experiências personalizadas.
icónico Vega Sicilia. Sem falar nos flagships norte-a- “Inspirados em garrafeiras internacionais que vimos
mericanos, italianos, e mesmo chilenos. Ou em cham- em Paris, Madrid, Barcelona, achamos engraçado
panhes clássicas em diferentes safras e formatos. E, montar um cofre climatizado em que pudéssemos ter
como não poderia deixar de ser, uma coleção absurda alguns produtos exclusivos, como verticais de vinhos
de grandes vinhos portugueses. icónicos (tanto portugueses, como estrangeiros) ou
“A ideia aqui nunca foi ter uma loja igual às outras outros tipos de experiências possíveis”, revela Sérgio.
da Garcias. O projeto foi logo criar o nosso pri- A equipa, capitaneada pelo sommelier Pedro Luz,
meiro negócio ‘B to C’, a nossa Garrafeira Garcias. está à altura de todo o impressionante glamour
Para já por conta do potencial imenso que ronda da garrafeira. E, segundo Filipa, há mais por vir.
esta região da Comporta. E também porque eu e o “Comecei a trabalhar na Garcias em 2010. O meu pai
Sérgio (Azevedo, marido de Filipa e vice-presidente partiu em 2021, ainda convivi profissionalmente com
do conselho de administração e diretor comercial da ele 11 anos. E sempre brinquei ao dizer que um ano
Garcias) sempre tivemos um imenso gosto por garra- de trabalho com meu pai equivalia a 10 anos noutro
feiras, visitamos muitas em várias partes do mundo, sítio qualquer, tamanha era a intensidade com que
com diferentes conceitos e achamos que já era a hora mergulhava nos projetos. Sempre aprendi muito com
de termos a nossa própria”, conta Filipa. ele. E agora que fizemos esta passagem forçada de
Tudo começou com uma visita. Filipa e Sérgio comando, sinto que a minha missão é manter de pé
foram até a Herdade da Comporta para tratar de negó- o negócio e jamais manchar o bom nome da nossa
cios. A ideia inicial era apenas começar a distribuir família. Afinal, a Garcias é a nossa vida. Com muito
os bons vinhos da Herdade. Mas a meio do caminho orgulho encabeçamos este barco e vem daí nosso
estava um armazém. E as conversas tomaram um manifesto de cultura: honrar o passado, marcar o pre-
novo rumo. “Viemos à Comporta para fechar a distri- sente e construir o futuro”, garante. E sobre o futuro?
buição dos vinhos da Herdade. Vimos um armazém “O meu pai costumava dizer que enquanto há uma
que estava até em algum mau estado e servia apenas ideia na cabeça, há caminho a seguir. E o que não nos
para depósito. Mas que tinha o seu charme. Perguntei faltam são ideias”, ri Filipa.
ao administrador da Herdade por quanto ele nos alu-
garia o espaço. Ele retrucou perguntando onde guar- GARCIAS WINES & SPIRITS BOUTIQUE
daria os palets todos que estavam lá armazenados, ao HERDADE DA COMPORTA
que prontamente respondi ‘graças a Deus não falta EN 253, 7580-610 COMPORTA
espaço nos nossos armazéns’. E então fechamos o T.265 092 845
negócio. Aliás, os negócios”, lembra Filipa.

74 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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Na loja há mais de 2.500 mil referências. O valor


do stock, descontado o IVA, ronda os 600 mil
euros. Nas prateleiras, há de tudo: de Bag-in-Box
a Petrus, tudo vale. A loja é linda. Uma estação
apenas com champanhes chama a atenção. Há
vinhos portugueses de todas as regiões, assim como
estrangeiros de diversos países, preços e estilos.
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H E R DA D E DA COM PORTA
SO F I ST I CAÇÃO E E L EGÂ N C I A

Mas antes, vamos falar um pouco de história. A A equipa de enologia é chefiada por Jorge Rosa
Herdade da Comporta nasce em 1836, com a cultura Santos, jovem e talentoso enólogo com excelentes
do arroz, como parte da Companhia das Lezírias do serviços prestados em outras paragens. Chegado há
Tejo e do Sado, propriedade pertencente à Coroa pouco mais de um ano à Herdade, Jorge já tem uma
Portuguesa. Em 1825, é vendida aos ingleses da The ideia bem definida do que há por realizar na região.
Atlantic Company, Ltd. Os britânicos aumentaram “Cheguei em maio do ano passado, participei na
tanto a área de cultivo como a zona de pinhal. Aos última vindima e no afinamento dos vinhos que aqui
poucos, surgiram escolas, bairros sociais e investi- estavam por fazer. Quando cheguei, conhecia a região
mentos em infraestruturas. A partir de 1991, quando a bastante bem. Mas desconhecia em profundidade o
empresa - que havia sido nacionalizada em 1975 - foi potencial e as características mais particulares deste
integralmente devolvida aos antigos donos (a família terroir específico”, afirma.
Espírito Santo, que havia adquirido a Herdade nos “A Comporta tem as vinhas plantadas a 6 km
anos 50), nasceu o Projeto Global de Desenvolvimento do Oceano Atlântico mas, ao contrário de outras
Integrado da Herdade, que procurou a valorização e regiões costeiras, estamos um pouco mais prote-
requalificação do património natural, urbanístico e gidos da influência marítima pela presença da Serra
agrícola da propriedade. De lá para cá, o compromisso da Arrábida, a norte. E esta proteção faz com que a
com a preservação, a sustentabilidade e a promoção salinidade, acidez e alcalinidade dos vinhos não seja
do turismo sustentável foram algumas das metas que tão preponderante como em outras regiões atlânticas,
a Herdade se impôs ao longo deste século. como Colares e Bairrada. Isso permite-nos conseguir
Dentro deste contexto, quem nos explica o que hoje tintos com alguma concentração, mas também com
é a Herdade da Comporta é o diretor financeiro da a elegância e frescura necessárias para comunicar o
empresa, Luís Santos: “A Comporta é uma propriedade Atlântico. Por outro lado, podemos apresentar tanto
com mais de 10 mil hectares. E tem uma abrangência brancos com um perfil mais gastronómico, como,
significativa nas áreas de atuação. Tanto no turismo, se quisermos, usando diferentes parcelas de vinhas
na parte agrícola e de património e até na parte imo- e tipos de vinificação, conseguir brancos com mais
biliária”, explica. “A parte agrícola é composta maio- acidez e salinidade. Ou seja, o que encontro aqui é um
ritariamente por arroz, que é o cultivo dominante na terroir atlântico, mas com uma polivalência maior do
Comporta. Mas temos um lado forte também na hor- que em outras zonas costeiras” explica Jorge.
ticultura, são mais de mil hectares em produção hor-
tícola. Todos os anos saem mais de 50 mil toneladas Areia, argila e sal
de vegetais aqui da Comporta, sendo cerca de 10 mil
toneladas apenas de batata-doce, um dos ex-líbris da As vinhas estão assentes em solos de areia. A
Herdade. Dentro da agricultura, o projeto do vinho é camada subjacente, a cerca de um metro de pro-
dos mais pequenos, mas nem por isso menos impor- fundidade, é argila. “Estamos rodeados por dunas
tante. Aliás, o mundo do vinho traz alguma notorie- milenares, que nos ajudam a proteger as vinhas da
dade a mais, que somos mais conhecidos por outros influência atlântica excessiva (folhas queimadas, sali-
temas”, conclui Luís. nidade em excesso, etc…).

A Herdade da Comporta nasce em 1836, com a cultura do arroz,


como parte da Companhia das Lezírias do Tejo e do Sado, propriedade
pertencente à Coroa Portuguesa. Em 1825, a Herdade é vendida aos
ingleses da The Atlantic Company, Ltd. Os britânicos aumentaram a
tanto a área de cultivo como a zona de pinhal. Aos poucos, surgiram
escolas, bairros sociais e investimentos em infraestruturas.

76 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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Luís Santos e Jorge Rosa Santos


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A Comporta tem as vinhas plantadas a 6 km do


Oceano Atlântico mas, ao contrário de outras regiões
costeiras, protegida da influência marítima pela Serra
da Arrábida, a norte. Esta faz com que a salinidade,
acidez e alcalinidade dos vinhos não seja tão
preponderante como em outras regiões atlânticas,
como Colares e Bairrada.

Os nossos solos são de baixa retenção hídrica, castas que possam refletir de forma pura o que foi
as raízes estão bem aprofundadas nesta camada de aquela vindima, aquele ano”, conta Jorge.
argila e, por conta disto, mesmo em anos tremen- Saltamos depois para uma gama mais acima, nem
damente secos, conseguimos evitar stress hídrico. tanto em termos de preço, mas em termos de perfil.
Não temos aqui amplitudes térmicas excessivas, por chamada Parus, nome científico do chapim-real, pás-
causa da influência do oceano, o que nos permite saro que está presente nas florestas da Herdade. São
um ciclo vegetativo longo, sem picos de temperatura vinhos mais cheios, mais concentrados, com uma
muito elevadas, mesmo no verão mais extremo. fruta mais madura, e até com um grau alcoólico mais
A planta está constantemente a trabalhar em elevado. Por fim, há a linha com o nome Comporta.
termos fisiológicos, mas não tem maturação de São rótulos simples e limpos, que visam vincar o
taninos pela densidade foliar, que no fundo protege vinho topo de gama da Herdade com o tipo de fre-
os cachos da exposição solar. Isso faz com que as quentador do local. “A ideia é passar o ‘lifestyle’ que
maturações não sejam excessivas. Não encontramos temos aqui na região, a sofisticação e elegância que
aromas de frutos sobremaduros nos tintos, antes temos na Comporta. São vinhos com a identidade do
uma acidez um pouco vincada”, conta o enólogo. terroir reforçada por uma imagem que traduz este
Jorge e Luís concordam que, embora bons tintos ‘way of life’ que temos na região”, define Jorge.
possam ser (e já os são) produzidos na Comporta, a A Comporta, por sinal, tem sido alvo da sede dos
vocação da Herdade é para fazer brancos e rosados apetites imobiliários. Diversos empreendimentos
de excelente qualidade. “Em 2022, na minha pri- foram e estão ser erguidos na região. E ainda há
meira vindima aqui, ficou muito claro que é uma muito mais por vir. Se há dúvida sobre a capaci-
zona com vocação para produção de brancos, onde dade da Herdade em resistir à sanha construtiva,
tudo é muito mais intuitivo. Nos tintos, ainda é pre- Luís Santos rechaça qualquer risco. “A Herdade da
ciso mais estudos para definirmos melhor os perfis, Comporta, para já, não tem estrategicamente a pre-
as parcelas e entendermos melhor o que podemos tensão de ser um promotor imobiliário de referência
produzir na Comporta”, lembra Jorge. “Conseguimos na região. O nosso papel é tentar manter a identi-
licenciar uma área adicional para incrementarmos a dade do que é este lugar. Manter a vocação agrí-
nossa plantação de vinhas. O objetivo é trabalhar cola que é muito importante para a economia local,
mais variedades que nos proporcionem bons vinhos ajudando inclusive no desenvolvimento turístico da
brancos e rosados, o que pensamos ser a vocação da região”, tranquiliza. “A maior parte da Herdade é
nossa região”, complementa Luís. ocupada por florestas. E acreditamos que a manu-
O portefólio de vinhos é composto por quatro tenção desta área selvagem é uma aposta estratégica
linhas diferentes. Na gama de entrada estão os HDC para o futuro da companhia”, completa Luís. Para
(Herdade da Comporta). Aqui, segundo Jorge, a alívio geral da nação!
meta é valorizar a limpeza aromática e o equilíbrio.
Há um cuidado para produzir vinhos que não sejam, HERDADE DA COMPORTA
nem ácidos, nem salinos, ao extremo, para facilitar ESPAÇO COMPORTA, EN 253, KM 1
uma vocação de consumo de um entrada de gama. 7580 - 610 COMPORTA, PORTUGAL
A seguir, vem a linha Private. “Nesta gama queremos T. 265 499 900
contar histórias únicas e irrepetíveis em parcelas ou E.INFO@HERDADEDACOMPORTA.PT

78 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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92 90 89
Herdade da Comporta Private Parus Reserva 2021 Herdade da Comporta Private
Selection Viognier 2021 Península de Setúbal / Branco / Selection Alvarinho 2021
Península de Setúbal / Branco / Herdade da Comporta Península de Setúbal / Branco /
Herdade da Comporta Lote de Antão Vaz, Alvarinho e Viognier, Herdade da Comporta
Viognier cujo principal mérito está no com fermentação em inox (20% do lote Alvarinho de estilo tropical, fermentado em
equilíbrio. Fermenta maioritariamente em fermenta em barrica) com posterior estágio inox, com posterior estágio em borra fina
inox (20% do lote fermenta em barrica) em borra fina por nove meses. Amarelo por seis meses. Amarelo claro, com nuances
com posterior estágio em borra fina por palha. No nariz, notas de melão e frutas esverdeadas. Intenso e profundo no nariz,
nove meses. Amarelo palha. Nariz rico e brancas de caroço, com leves nuances de com notas de maracujá, lima, toranja. Na
intenso, notas destacadas de madressilva, manteiga. Na boca, tem boa textura, volume boca é leve, citrino e com subtil toque
flor de laranjeira com um fundo herbáceo e densidade. A acidez precisa confere salino no final.
(dill, erva-doce) e um subtil toque fumado equilíbrio ao vinho. Consumo: 2023-2025
aportado pela madeira. Na boca, tem Consumo: 2023-2026 12,00€ / 11ºC
volume e largura. A boa acidez garante a 15,00€ / 11ºC —
afinação do conjunto. Termina mais seco do —
que sugere o nariz. Grande branco.
89
Consumo: 2023-2027
12,00€ / 11ºC
90 Herdade da Comporta Private
— Herdade da Comporta 2017 Selection 2021
Península de Setúbal / Tinto / Herdade Península de Setúbal / Rosé / Herdade
91 da Comporta da Comporta
Lote de Alicante Bouschet e Castelão Aragonez fermentado em inox com
Herdade da Comporta Private
fermentado em pequenos lagares com posterior estágio em borra fina por seis
Selection 2020 sangria por gravidade e posterior estágio meses. Salmão. No nariz, é discreto, com
Península de Setúbal / Tinto / Herdade em barricas francesas. Vermelho escuro, subtis notas de morango. Na boca, tem
da Comporta com reflexos granada. Nariz rico, com notas frescura e tensão, e revela mais fruta do
Lote de Alicante Bouschet, Castelão e de tutti-fruti, geleia de groselha, chocolate. que o nariz sugere. Saboroso e leve, muito
Touriga Nacional, fermentado em lagares Na boca, é concentrado, com bastante fácil de beber.
com sangria por gravidade e posterior corpo e matéria, muita fruta madura. Mas Consumo: 2023-2024
estágio em barricas novas e usadas. há ali uma acidez que consegue dar algum
12,00€ / 11ºC
Granada. Nariz com notas de bagas equilíbrio ao conjunto. Final longo, mas com
leve sobra de álcool. —
vermelhas e negras, com evolução para
Consumo: 2023/2027
chocolate amargo. Na boca, tem taninos
macios, boa fluidez, fruta e dimensão. Final 8,50€ / 11ºC
88
médio a longo. — Herdade da Comporta 2021
Consumo: 2023-2028 Península de Setúbal / Rosé / Herdade
12,00€ / 16ºC

90 da Comporta
Comporta Moscatel Galego Lote de Castelão, Syrah e Touriga Nacional,
com fermentação em inox (20% do lote
Branco 2021
91 Península de Setúbal / Branco /
fermenta em barrica) com posterior estágio
em borra fina por nove meses. Salmão com
Herdade da Comporta Private Herdade da Comporta leve nuance alaranjada. No nariz, groselha,
Selection Verdelho 2021 Moscatel Galego Branco fermentado em pêssegos em calda e um fundo de padaria.
Península de Setúbal / Branco / inox com posterior estágio em borra fina por Na boca, tem volume e dimensão. Um rosé
Herdade da Comporta seis meses. Amarelo palha com leve reflexo de estilo mais untuoso, mas sem ser pesado.
Verdelho firme e íntegro, com boa tensão esverdeado. Exuberante no nariz, com notas Consumo: 2023-2024
e alguma delicadeza. Fermenta em inox bem marcadas de rosas e líchia. Corpo leve, 8,50€ / 11ºC
com posterior estágio em borra fina por acidez pulsante e notas de frutas tropicais
seis meses. Amarelo claro. Intenso no nariz em boca.
com notas bem marcadas de limão siciliano, Consumo: 2023-2025
cambuci e manga. Na boca, traz uma acidez 15,00€ / 11ºC
vibrante que valoriza as notas citrinas. É
seco, tem boa envergadura e final algo
salino.
Consumo: 2023-2027
12,00€ / 11ºC

@revistadevinhos agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 79


Para ver e ouvir CLUBE DE REVISTAS
R E P O RTAG E M

texto e notas de prova Luís Costa / fotos Daniel Luciano e Ricardo Garrido

Há uma nova Bairrada a despontar, liderada por um conjunto


de produtores mais jovens, com visão de mundo, mas um
grande apego à terra que os viu nascer. Levantamos o véu
sobre três projetos (um deles integrado na IG Beira Atlântico)
diferenciadores, localizados nas “periferias” da região.
BAI R RA DA
E BE I RA ATL ÂN TI CO
NA “PERIFERIA” DESPONTA UMA NOVA GERAÇÃO
CLUBE DE REVISTAS
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B OT ÃO
A CADA VINHA O SEU VINHO

Nuno Gonzalez e Pedro Lopes


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BA I R R A DA E B E I R A AT L Â N T I C O

A marca Botão surgiu naturalmente, ou não estivessem as


vinhas e o solar da família de Pedro Lopes no lugar de Botão,
junto a Souselas. Verificou-se, todavia, um pequeno percalço,
porque a marca já estava registada. Mas a sua proprietária era a
conceituada enóloga Joana Pinhão, que a cedeu de bom grado ao
amigo Nuno Gonzalez… em troca de uma mera caixa de vinho.

Durante muito tempo, Pedro Lopes, gestor hospi- projeto bairradino no extremo sudeste da região, é
talar com paixão pelas vinhas da família localizadas consequência natural do património vitivinícola (e da
em Botão, aldeia da coimbrã União das Freguesias paixão) de Pedro Lopes associada ao saber enológico
de Souselas e Botão onde não vivem mais de 1500 de Nuno Gonzalez – a cada vinha o seu vinho. Por
pessoas, limitou-se a vender as uvas de que cuidava essa razão, as principais referências da casa corres-
com imenso desvelo e carinho. Ainda com o seu pai pondem às vinhas que lhe dão origem (Vale Soeiro,
ao leme, era a Adega Cooperativa de Souselas que Vinha do Pombal, Vinha das Lamas). Quanto ao
absorvia a produção da casa, até que o “vigneron” nome Botão, fica para os demais vinhos.
bairradino Mário Sérgio – rosto e alma da Quinta das Como nos conta Nuno Gonzalez, que se deslocou a
Bageiras – lhes arranjou um comprador de renome: o Botão para receber a reportagem da Revista de Vinhos
espanhol Raúl Pérez, um dos mais conceituados enó- num dia em que ainda regressaria ao Alentejo, onde
logos do mundo, que celebrizou a região de Bierzo agora trabalha e reside, “isto é o concretizar de uma
com a casta Mencia (a Jaen do Dão). ambição, que é ter um projeto pessoal, quase como
Foi assim durante quatro anos, durante quatro um chamamento da terra.” Ainda por cima “nasci em
vindimas, até que surgiu a oportunidade de res- Coimbra, vivi a maior parte da vida na Figueira da
ponder positivamente a um desafio lançado por Foz, e cresci com os vinhos daqui da Bairrada. Era
Nuno Gonzalez, enólogo residente da Herdade da quase uma obrigação ter alguma coisa nesta zona.”
Malhadinha Nova, no Alentejo. Porque são cunhados, O projeto é muito recente, começou verdadeiramente
isso facilitou a aproximação a esse velho desejo de em 2018, “e lançámos os primeiros vinhos em março
Nuno: ter um projeto pessoal na sua zona de origem de 2020, logo quando rebentou a pandemia. Por isso,
– uma vez que é natural da Figueira da Foz – e na as coisas começaram de forma bastante periclitante
Bairrada, uma das regiões cujos vinhos acompa- e só agora começam a mexer, com a marca a ter um
nharam o seu crescimento. Em 2017 nasceria então a pouco mais de visibilidade. Mas acho que temos um
parceria de ambos, traduzindo-se hoje num pequeno caminho sólido pela frente, um caminho que vai ser
projeto familiar em que Pedro Lopes cuida das vinhas feito como deve ser.”
e Nuno Gonzalez trata dos vinhos. E que Bairrada é esta, já um pouco periférica em
A marca Botão surgiu naturalmente, ou não esti- relação ao clássico epicentro bairradino, que serve de
vessem as vinhas e o solar da família de Pedro Lopes base ao projeto dos cunhados Pedro Lopes e Nuno
no lugar de Botão, junto a Souselas. Verificou-se, Gonzalez? Como Pedro Lopes é mais introvertido e
todavia, um pequeno percalço, porque a marca já gosta de dizer, humildemente, que de vinho pouco
estava registada. Mas a sua proprietária era a con- percebe (“o meu mundo é a vinha, é nas vinhas que
ceituada enóloga Joana Pinhão, que a cedeu de bom me sinto realmente bem”), é Nuno que nos responde:
grado ao amigo Nuno Gonzalez… em troca de uma “Estamos no extremo sul da região e a Bairrada que
mera caixa de vinho. queremos mostrar é uma Bairrada que tem sido
Uma vez que a dupla Pedro Lopes e Nuno Gonzalez tantas vezes maltratada, que não tem tido grande
não têm adega própria, nem a dimensão atual do seu fama por razões diversas. Nós queremos transmitir
negócio ainda o justifica, vinificam e estagiam os uma Bairrada com vinhos que podem ser apreciados
vinhos na adega da família Campolargo, na Quinta desde cedo, que não precisam de uma década ou duas
de S. Mateus, em S. Lourenço do Bairro, o que con- para se mostrarem, mas sem descurar o seu potencial
tinuam a fazer até hoje. Quanto à filosofia deste de envelhecimento", diz.

@revistadevinhos agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 83


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Pedro Lopes durante


alguns anos esteve sozinho
neste projeto, a cuidar
das vinhas de família e
a vendê-las para outros.
Mário Sérgio, da Quinta
das Bageiras, indicou Raul
Perez como potencial
comprador.

E logo continu: "e queremos ser um ator (e não viticultura (“É um gosto pessoal, e assim continua a
mais um ator) para ajudar a promover esta região ser – vou fazendo umas formações, vou lendo, vou
magnífica que tem imenso potencial. Em 2019 e procurando, vou descobrindo, vou-me informando
2020, tivemos de combinar o Vale Soeiro com a com quem sabe”) e só na vinha é que se sente bem:
Vinha do Pombal, por razões logísticas e porque a “A vinha liberta-me, é um jardim que cuido com
quantidade de Baga foi inferior ao esperado, mas amor e carinho. A vinha encanta-me.”
vamos procurar fazer sempre vinhos de vinha. E o que está a dupla Pedro Lopes e Nuno
Vamos ver o que o futuro nos traz.” Gonzalez a pensar fazer no futuro? No imediato,
Quanto a Pedro Lopes, durante alguns anos dois brancos da colheita 2022, o Vinha das Lamas
esteve sozinho neste projeto, a cuidar das vinhas (lote de Cercial, Bical e Maria Gomes) e, numa
de família, a tratar das uvas (aos fins-de-semana, e gama abaixo desta, um vinho monocasta Bical com
tantas vezes ao final da tarde depois do trabalho no a marca Botão.
hospital) e a vendê-las para outros: “Isto começou O primeiro espumante da dupla é que ficará para
como um hobby, como um antisstress da minha pro- mais tarde, pois o vinho base de 2022 não ins-
fissão, que é gestor hospitalar, e entregava as uvas pirou Nuno Gonzalez a ir mais longe no caminho
na Adega Cooperativa de Souselas. Na altura, ainda da segunda fermentação em garrafa: “Faltava qual-
era o meu pai que estava à frente do processo. Falou quer coisa ao vinho base. E não vale a pena fazer
então com o Mário Sérgio, da Quinta das Bageiras, e uma coisa só por fazer. Quando nos aventurarmos
foi ele que nos indicou o Raul Perez como potencial a fazer um espumante, queremos um perfil com
comprador, o que veio a acontecer durante quatro alguns anos de estágio, na busca da complexidade,
anos. Até que surgiu a possibilidade de fazer este porque acidez e frescura, aqui na região nunca irão
projeto com o Nuno Gonzalez. Para mim foi uma faltar-nos.”
felicidade imensa, porque foi sempre um gosto que
tive, fazer vinho com as nossas uvas, mas sem ter VINHOS BOTÃO
o conhecimento suficiente para alavancar o projeto. QUINTA DO CALVÁRIO
Ter o Nuno, meu cunhado, a tratar da enologia e eu RUA FREI FRANCISCO MACEDO, 119
a tratar da viticultura foi uma oportunidade fan- 3020-521 - BOTÃO
tástica.” Pedro Lopes é um assumido autodidata da E.LOPESEGONZALEZ@GMAIL.COM

@revistadevinhos agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 85


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90 Estamos no extremo sul da


Botão Vinhas do Botão 2020 região, numa Bairrada com
Bairrada / Tinto / Lopes & Gonzalez Vinhos
vinhos que podem ser apreciados
Vinho de duas vinhas, Vale Soeiro e Vinha do Pombal,
está ainda numa fase embrionária, muito jovem, mas desde cedo, que não precisam
promete fazer jus ao seu antecessor de 2019 – um
tinto bairradino vinificado sem engaço e estagiado em de uma década ou duas para se
barricas de 500 litros de segundo ano, elegante, com mostrarem, mas sem descurar o
muita fruta silvestre, bosque, pinhal, bela textura e
complexidade. seu potencial de envelhecimento.
Consumo: 2023-2030
23,00€ / 16ºC

86 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


Rui Lucas

PR IOR LUCAS
OS VINHOS DA CRUZ DOS TEMPLÁRIOS
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Os depósitos em betão foram desenhados pelo próprio


Rui Lucas, que sempre gostou de arquitetura e tem um
percurso profissional na área da construção civil. Não é
só no célebre Homem Vitruviano, o conhecido “cânone
das proporções” que procura referências existenciais para
um projeto que está a fazer 20 mil garrafas por ano, das
quais 75% são espumantes.

Vamos ao encontro de Rui Lucas, o produtor, enó- em Souselas para fazer os meus próprios depósitos,
logo, viticultor e faz-tudo – porque é mesmo assim um material autóctone que permite poupar imensa
– dos vinhos Prior Lucas, em Souselas, no extremo energia, e isso permite criar também uma diferen-
sudeste da região vitivinícola da Bairrada, a dezena e ciação nos vinhos”.
meia de quilómetros de Coimbra. A adega e armazém Os depósitos em betão foram desenhados pelo pró-
estão implantados numa pequena nesga de terreno prio Rui Lucas, que sempre gostou de arquitetura e
entre o alcatrão do IP3 e a imensa cimenteira de tem um percurso profissional na área da construção
Souselas, um dos três centros de produção nacionais civil (era precisamente gestor de uma empresa de
da Cimpor. construção civil quando decidiu abraçar este projeto
Com estas características e enquadramento paisa- dos vinhos Prior Lucas): “Decidi fazer os meus depó-
gístico, a imagem é pouco romântica e nada propícia sitos de betão, pois tenho uma cimenteira aqui ao
a desfiar narrativas encantatórias que tantas vezes lado e termicamente são muito estáveis. É impressio-
adornam, de modo superlativo e desfocado da reali- nante o baixo consumo de energia em fermentação
dade, histórias de produtores e famílias do mundo do nos depósitos de betão se comparados com as cubas
vinho. Do mal o menos: com tanto alcatrão e cimento de inox. Depois lembrei-me da proporção divina –
em redor, Rui Lucas bem poderia assegurar, com ou proporção perfeita – do Leonardo da Vinci, do
indisfarçável ironia, que os seus vinhos têm imensa desenho do homem de Vitrúvio, e decidi fazer os
mineralidade. E, todavia, alguns deles têm mesmo. depósitos respeitando essa proporção divina”.
Aproveitando a alta e densa cortina arbórea que Aliás, não é só no célebre Homem Vitruviano, o
separa a cimenteira da adega e do armazém dos conhecido “cânone das proporções” (que apresenta o
vinhos Prior Lucas, naquele dia de sol e calor encos- corpo humano nas suas proporções ideais, matema-
tamos o carro numa sombra protetora. Do outro lado ticamente calculadas, inspirado na obra do arquiteto
da ruela estreita e ensaibrada vemos um homem em romano Vitruvius) que Rui Lucas procura referên-
grande azáfama, de aspeto ainda jovem, vestido com cias existenciais para um projeto que está a fazer 20
umas inconfundíveis “jardineiras” – aquelas calças de mil garrafas por ano, das quais 75% são espumantes.
ganga que parece terem suspensórios incorporados, Mesmo a designação Prior Lucas está relacionada
tão características do mundo rural de outros tempos, com o facto de ter começado com as vinhas do pai.
mas que muitos conhecerão por fazer lembrar o Avô Acresce que um seu bisavô foi padre – ou seja, foi
Cantigas. Mas não. Era mesmo Rui Lucas. prior – o que deu ainda mais sentido à escolha da
A nossa conversa começa logo ali, no exterior marca. Depois, piscando o olho a um lado místico,
das instalações: “Foi em 2013, no auge da troika em escolheu para símbolo dos seus vinhos a Cruz dos
Portugal, que resolvi mudar de vida. Resolvi criar Templários. E como o dia 13 de outubro de 1307, uma
algo que tivesse o meu próprio cunho, a minha sexta-feira, será sempre lembrado como o dia san-
identidade, que tivesse raízes. As raízes são muitos grento e amaldiçoado dos templários na França de
importantes, são algo que nos liga a um lugar. Por Filipe IV, “para brincar com isso” Rui Lucas faz sempre
isso, há dez anos, iniciei este projeto de recuperação o lançamento dos seus vinhos “numa sexta-feira dia
de vinhas, de recuperação desta microrregião dentro 13”. Acresce que tem um espumante Dominical e um
da Bairrada. E tento criar um conceito que seja real- tinto Habemus – para além dos vinhos Fénix – pelo
mente diferenciador. Nós sabemos que a sustentabi- que lhe perguntámos se o negócio dos vinhos é, para
lidade é um palavrão que dá para muita coisa, mas si, algo de religioso, ao que respondeu prontamente
a verdade é que tenho desenvolvido em cada dia com um largo sorriso: “Este negócio é mesmo uma
mais esse conceito, desde utilizar o betão que existe religião. Mas sem ser um dogma”.

88 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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B A I R R A D A E B E I R A AT L Â N T I C O

A designação Prior Lucas está relacionada com o facto de ter


começado com as vinhas do pai. Acresce que um seu bisavô
foi padre – ou seja, foi prior – o que deu ainda mais sentido à
escolha da marca. Depois, piscando o olho a um lado místico,
escolheu para símbolo dos seus vinhos a Cruz dos Templários.

Na busca da sustentabilidade, há um vinho de Rui refletida nos meus vinhos. Nesta região temos imenso
Lucas que marca especialmente o seu projeto e filo- calcário e muita marga [tipo de calcário que chega a
sofia de vida, o Fénix, em que o próprio nome sugere ter 60 por cento de argila], que é esta pedra que se
aquilo que o vinho significa: “O Fénix surgiu em 2022 desfaz com o calor, que dilata e que depois contrai
e foi fruto do acaso, de aproveitar a oportunidade com o frio do Inverno. E isso permite passar nutrição,
de não haver garrafas no mercado, o que me levou a passar minerais, passar história à própria raiz da
reaproveitá-las e a aproveitar o resto da história que planta e marcar o vinho de forma distinta dos demais.
eu tinha, digamos assim, para criar essa marca que Provavelmente não são melhores nem piores, mas
remete para a ave mítica – e mística – que renasce têm um cunho diferenciador. E também acrescentaria
das cinzas. E neste caso estamos também a fazer o processo de vinificação em betão, que vinca ainda
renascer as garrafas que já foram utilizadas noutros mais esse conceito e essa diferenciação dos vinhos
vinhos e também uma técnica que antigamente era Prior Lucas relativamente aos demais. São sempre
muito utilizada, que é a vinificação em betão. E as bastante frescos, com uma acidez sempre mais ele-
próprias vinhas, que estavam gradualmente a ser dei- vada, sem serem magros, sem serem delgados, porque
xadas ao abandono, porque as gerações mais velhas este tipo de solo tão pobre produz realmente uma uva
iam prescindindo das vinhas como atividade e forma de grande qualidade. E não quero muito álcool nos
de sustento. Eu decidi então, em 2013, iniciar este meus vinhos, não quero muita cor, não quero muita
processo inverso de recuperar esta área produtiva de extração, não quero madeira nos vinhos. Não que
vinho da Bairrada, que ainda faz parte do concelho a madeira seja errada, mas o objetivo é tentar que
de Coimbra, cidade da qual também tenho muito a nota predominante nos vinhos seja o calcário e o
orgulho e de onde sou natural.” betão – que é feito, aliás, com o calcário aqui desta
Se o entorno paisagístico da adega e armazém dos zona. É isso que eu gostaria de ver refletido nos meus
vinhos Prior Lucas transmite uma imagem pouco vinhos.”
romântica, o mesmo não pode dizer-se da paisagem Dos seus depósitos de betão, só o primeiro que
vinhateira, ali bem perto, onde abunda a casta Baga, construiu não respeita o “cânone das proporções”
naturalmente. Foi numa das parcelas das vinhas de desenhado por Leonardo da Vinci. Por isso, meio a
Rui Lucas que fizemos um agradável almoço onde os sério meio a brincar, diz que os vinhos vinificados
seus vinhos tiveram de ombrear – e muito bem – com neste depósito “são quase perfeitos”, ao passo que
um excelso bacalhau cozinhado a baixa temperatura os outros – feitos nos depósitos com proporções
e um indispensável leitão assado à moda da Bairrada, “divinas” – são mesmo “perfeitos”. “Eu sou um
claro está. romântico”, assume Rui Lucas, “e não tenho forma de
E terminámos esta visita, já depois da prova feita conseguir provar o contrário”.
e do tal almoço no meio das vinhas, pedindo a Rui
Lucas um autorretrato dos seus vinhos: “Os produtos RUI LUCAS
têm de ter sempre uma identidade. E todos os dias TRAVESSA DOS TROVISCAIS AZ3
vamos trabalhando para acentuar cada vez mais essa 3020-886 SOUSELAS - COIMBRA
identidade. Julgo que o calcário é uma marca bem M.919195577
INVINOPRIORLUCAS@GMAIL.COM

90 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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92 86
Prior Lucas Habemus R 2020 Prior Lucas Baga Bairrada
Bairrada / Tinto / Prior Lucas Vinhos
Rosé Brut Nature 2020
Este “field blend” onde pontificam Baga, Castelão, Bairrada / Espumante / Prior Lucas
Jaen, Merlot e Syrah tem uma tonalidade rubi Espumante com 18 meses de estágio antes do
aberta, aromas de fruta silvestre e boca acetinada “dégorgement”, tem uma suave tonalidade salmão
com suaves taninos. Vinho raçudo e saboroso, tem que não esconde a origem “blanc de noirs”. Aromas
personalidade, marca distintiva, e é daqueles vinhos de fruta silvestre e boca fresca com acidez de bom
em que apetece (sempre) mais um copo. nível, bolha média, travo vegetal e apontamento de
Consumo: 2023-2030 suave tanino.
16,00€ / 16ºC Consumo: 2023-2025
— 13,00€ / 8ºC

88
Prior Lucas Falala Brut Nature 2020 As raízes são muitos importantes,
Bairrada / Espumante / Prior Lucas são algo que nos liga a um lugar.
Lote de Syrah e Bical, meio por meio, apresenta Por isso, há dez anos, iniciou este
tonalidade amarelo limão. Curiosos aromas de pão
fresco a envolver notas de maçã verde, tremoço e projeto de recuperação de vinhas,
folha de louro. Espumante de bolha fina, na boca
é seco, com mousse cremosa, muita frescura e
de recuperação desta microrregião
vivacidade. dentro da Bairrada.
Consumo: 2023-2026
15,00€ / 8ºC

@revistadevinhos agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 91


VINHA DAS PENICAS
TERRAS DE VINHEDOS ANTIGOS
Alberto Almeida
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Por estas paragens em torno do maciço da


Serra de Sicó vemos imensas vinhas velhas,
bem como castas brancas e tintas misturadas,
num alegre “field blend” que alguns produtores
emergentes da sub-região começam a vinificar
para engarrafamento e venda.

Por estes lados, a certificação dos vinhos é feita nossa conversa de fundo, ainda antes de voltarmos
pela Comissão Vitivinícola da Bairrada, mas a à “adega” de Podentes para provar alguns dos seus
indicação geográfica aposta nos rótulos é “Beira vinhos. “As cinco vinhas de que disponho perfazem,
Atlântico” porque, na verdade, já estamos para além no seu conjunto, 2,5 hectares, tudo vinhas entre
dos limites bairradinos. os 70 e os 100 anos. O meu projeto, aliás, foca-se
Por aqui, nas Terras de Sicó, cujo epicentro na exploração da riqueza ancestral desta região –
abrange terras e vinhedos de Condeixa-a-Nova, são vinhas velhas em que abunda a Baga nas castas
Penela e Soure (mas também de Miranda do Corvo, tintas e a Fernão Pires nas brancas”, conta-nos em
Alvaiázere, Ansião, Figueiró dos Vinhos e Pombal), início de conversa, para depois sublinhar que “das
não há só bom queijo, mel ou azeite. Também há vindimas resulta sempre um lote de vinha. A ideia
bom vinho, graças a uma tradição ancestral feita de é ser fiel àquilo que a matéria-prima nos dá. Faço
pequenas produções que radicam na tradição fami- uma primeira vindima para espumante, misturo
liar de fazer vinho para consumo próprio. as brancas com as tintas deste universo de cinco
Não por acaso, por estas paragens em torno do vinhas. Depois, logo a seguir, muito cedo – porque
maciço da Serra de Sicó vemos imensas vinhas privilegio sempre vinhos de baixo teor alcoólico –
velhas, bem como castas brancas e tintas mistu- faço uma vindima para brancos, também um “field
radas, num alegre “field blend” que alguns produ- blend”. São também vinhos feitos de forma ances-
tores emergentes da sub-região começam a vinificar tral, em lagar aberto, e no caso dos brancos faço
para engarrafamento e venda. alguma maceração pelicular”.
Em solos de predominância argilosa e calcária Com Alberto Almeida “as fermentações ocorrem
com afloramentos de xisto, terra de invernos frios e de forma espontânea” e só utiliza leveduras indí-
húmidos e verões quentes e secos onde predominam genas. “A ideia é, de alguma forma, levar para dentro
as castas Alfrocheiro, Baga, Bastardo, Rufete, Grand da garrafa aquilo que é a marca de um território, ou
Noir, Tinta Roriz, Trincadeira e Touriga Nacional seja, não utilizar leveduras comerciais e fazer vinhos
(nas tintas) e Fernão Pires, Rabo de Ovelha, Arinto e que procurem ser autênticos, vinhos diferenciados
Cercial (nas brancas) vamos até Podentes, freguesia e sem máscaras.” Por isso é que “os vinhos brancos
de Penela, ao encontro de uma das “estrelas” que estagiam em cimento” – porque o cimento confere
despontam nas Terras de Sicó, o “vigneron” Alberto aos vinhos brancos “um toque de mineralidade, de
Almeida, que há cerca de 20 anos fez (e faz) da pro- pedra molhada, de giz” que é tanto do agrado deste
dução vitivinícola o seu hóbi primordial, sem aban- irreverente produtor de Podentes.
donar a atividade profissional que desenvolve na Mas não se pense que os vinhos de Alberto Almeida
área da saúde mental, na cidade de Coimbra. são fruto do acaso, apesar de serem vinhos de baixa
Da casa branca onde reside mesmo junto ao largo intervenção. Os equipamentos rudimentares de que
da igreja de Podentes e em cujo piso térreo tem o dispõe na sua “garagem de fazer vinhos” também
seu “centro de produção” – podemos dizer, por ocultam uma genuína preocupação em fazer vinhos
isso mesmo, que é literalmente um “produtor de bem feitos, equilibrados e rigorosos, com uma marca
garagem” –, Alberto Almeida conduz-nos a uma das distintiva e imensa singularidade, numa espécie de
cinco vinhas que possui, ali bem perto, num encanto alquimia a que se entrega de alma e coração: “Não
de enquadramento paisagístico repleto de vinhas sou enólogo e não tenho curso de enologia – ainda
velhas, entroncadas e retorcidas. que tenha feito muitas formações e seja ajudado por
Aproveitamos o ambiente rural e bucólico para a amigos enólogos.

@revistadevinhos agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 93


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A marca escolhida por


Alberto Almeida (Vinha
das Penicas) e o aspeto
pueril dos seus rótulos nem
sempre geram consensos,
como o próprio nos relata.
Mas depois de explicada
a escolha e, sobretudo,
quando vemos a enorme
quantidade de fósseis
em forma de búzios que
inspiraram a “imagem de
marca” deste projeto, tudo
faz sentido.

Basicamente, a minha formação fez-se a partir “importadores de Singapura, Taiwan e Dinamarca


das microvinificações que comecei em 2006, com têm demonstrado algum interesse pelos meus
as quais fui testando as diferentes abordagens das vinhos. Sendo um projeto pequeno, tenho con-
castas, sobretudo da Baga, que é uma casta que seguido penetrar em mercados espalhados pelo
levanta algumas questões porque é difícil na vinha mundo. Isto começou como um hobby, ainda é um
e na adega. Durante muitos anos fui recriando, na hobby, mas é um hobby que dá muito trabalho, mas
adega, um determinado perfil de vinhos – com mais sobretudo dá um prazer imenso e permite, nesta
ou menos maceração pelicular, com mais ou menos tribo do vinho, relacionarmo-nos com pessoas, his-
tanque, com mais madeira ou menos madeira, mas tórias e culturas. O vinho é, de facto, um mediador
sempre madeira usada – numa construção gradual das relações humanas. E para mim é um privilégio
que assentou num processo de alquimia. Só quando poder estar nesta área do vinho, ainda que não a
me senti seguro, passados alguns anos e depois de tempo inteiro. Estar nisto é quase tão necessário
muitas experiências, é que avancei para a certifi- como o ar que respiro.”
cação do meu primeiro vinho. Foi em 2017”. E do que precisam as Terras de Sicó para que
A marca escolhida por Alberto Almeida (Vinha exemplos como este não se eternizem em casos iso-
das Penicas) e o aspeto pueril dos seus rótulos lados? A resposta de Alberto Almeida parecia estar
nem sempre geram consensos, como o próprio nos mesmo à espera da pergunta: “Precisamos de mais
relata. Mas depois de explicada a escolha e, sobre- produtores, de massa crítica, de gente que venha de
tudo, quando vemos a enorme quantidade de fós- fora. Ou então gente daqui da zona que traga ideias
seis em forma de búzios que inspiraram a “imagem novas, com abordagens diferentes. Uma região que é
de marca” deste projeto, tudo faz sentido: “A Vinha pequena tem obrigatoriamente de marcar pela dife-
das Penicas foi a primeira vinha a que tive acesso rença. E o potencial desta região é vender o que é
quando era miúdo. Era uma vinha do meu pai, plan- ancestral, aquilo que é a sua “marca de água”. Por
tada por ele, onde eu brincava e onde tive acesso aos isso, quando desenhei este projeto fui à procura
fósseis que são o motivo do rótulo – fósseis que eu desse contexto, que foi inteiramente concebido a
encontrava enquanto por ali brincava. E nunca tive partir de vinhas velhas”.
a preocupação de agradar ao mercado. Sou um pro-
dutor pequeno, um produtor de garagem, com uma VINHA DAS PENICAS
produção bastante limitada, apenas interessado em R. DOM JERÓNIMO DE VASCONCELOS, CONDE DE PODENTES, 2680
fazer vinhos diferenciados que, felizmente, têm sido 3230-530 PODENTES
bem acolhidos pelos enófilos e também pela crítica.” M.936462700
A verdade, como sublinha Alberto Almeida, é que E.VINHADASPENICAS@GMAIL.COM

94 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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93 91 89
Vinhas das Penicas 2019 Vinhas das Penicas 2019 Vinhas das Penicas
Beira Atlântico / Tinto / Alberto Costa Beira Atlântico / Branco / Alberto Costa Curtimenta 2020
de Almeida de Almeida Beira Atlântico / Branco / Alberto Costa
Rubi aberto a indiciar baixa extração. Aromas Amarelo dourado. Notas aromáticas de avelã de Almeida
bem calibrados entre bagas vermelhas, notas e pinhão, alguma fruta cristalizada, cera de Amarelo brilhante surpreendente para vinho
de pinhal e alguma liquorice. Na boca mostra abelha e mel de flores. Na boca é delicado de curtimenta. Aromas de fruta de caroço
taninos musculados, mas domados pela e envolvente, mas tem nervo, amparado por (nêspera, pêssego, nectarina), bagos de fruta
elegância do vinho, com uma acidez quase leve tanino e bela acidez. silvestre e apontamento de fisális. Final com
perfeita a dar-lhe enorme equilíbrio. Consumo: 2023-2030 persistência e profundidade.
Consumo: 2023-2032 22,00€ / 11ºC Consumo: 2023-2028
22,00€ / 16ºC — 22,00€ / 11ºC
— —
90
92 Vinhas das Penicas 88
Vinhas das Penicas 2018 Brut Nature 2019 Vinhas das Penicas
Beira Atlântico / Tinto / Alberto Costa Beira Atlântico / Espumante / Alberto Brut Nature 2018
de Almeida Costa de Almeida Beira Atlântico / Espumante / Alberto
Rubi aberto. Nariz marcado pelas notas Espumante singular com leve tonalidade Costa de Almeida
aromáticas de Baga, com imenso bosque, salmão, a indiciar a presença de castas tintas Espumante com estágio de 40 meses antes
fruta silvestre e pinhal. Na boca prima das vinhas velhas, e notas de fermento a do “dégorgement”, de tonalidade amarelo
por acidez de grande nível, com taninos envolver aromas de fruta silvestre e de pinhal. brilhante e bolha fina, tem aromas de fruto
muito bem integrados e final prolongado e Com acidez incisiva, mas sem exageros, seco, leve panificação, bagas silvestres e
saboroso. na boca é cremoso e frutado, profundo e fundo lácteo. Na boca é cremoso, envolvente,
Consumo: 2023-2030 envolvente. Belo espumante. sem vislumbre de açúcares, com acidez
22,00€ / 16ºC Consumo: 2023-2030 vibrante, sabores cítricos e imensa maçã
24,90€ / 8ºC verde.
Consumo: 2023-2028
24,90€ / 8ºC

96 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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Para ver e ouvir CLUBE DE REVISTAS
R E P O RTAG E M

texto e notas de prova José João Santos / fotos André Macedo

Depois de vender a operação editorial do grupo Leya de Portugal e


Moçambique, Isaías Gomes Teixeira decidiu apostar no vinho. Por gozo
pessoal e por considerar o Douro “singular face ao mundo” aposta forte
numa propriedade com 600m de frente de rio onde, a par do vinho,
prevê criar um hotel cinco estrelas. No Minho também adquiriu um
pedaço de terra mais singelo, que contempla um solar do séc. XVI.
Os vinhos têm assinatura do enólogo Constantino Ramos e Álvaro
Veiga é o sócio viticultor da Firma que agora apresenta-se ao mercado.

98 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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Constantino Ramos, Isaías Gomes Teixeira e Álvaro Veiga

DOURO E VERDES PARA COMEÇAR

@revistadevinhos agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 99


FIRMACLUBE DE REVISTAS

Isaías Gomes Teixeira é um dos novos atores dos vinhos Os primeiros Firmamento
portugueses. Chegou ao Douro, já está com um pé e meio
nos Vinhos Verdes e continua atento a outras oportunidades Os vinhos estão entregues a Constantino Ramos, enólogo
que possam surgir. Entrou no setor depois de ter vendido, em que cresceu com Anselmo Mendes, que faz consultorias para
2022, o grupo editorial Leya ao fundo de investimento NPM, diversos produtores e que é ainda o autor dos pessoais Zafirah,
que detém a neerlandesa Infinitas Learning, especializada em Juca e Afluente. Talento de uma nova geração, Constantino
publicações educacionais nos Países Baixos, Bélgica e Suécia. nasceu em Vouzela mas tem sido nos Vinhos Verdes que tem
Fora do negócio, cujos valores não são revelados, ficaram a trilhado a maior parte do trajeto, razão pela qual decidiu viver
Leya Angola e Brasil, que mantém. em Viana do Castelo.
Entretanto, dotou com 35 milhões de euros a World Ora, o agora também enólogo da Firma - Viticultores
Approach, uma empresa familiar de capital de risco e gestão & Vinicultores combina Douro e Verdes neste projeto, na
de fortunas, criada em 2018. Ex-CEO de empresas da medida em que também foi adquirida a Quinta de Nabais,
Media Capital, antigo administrador da TVI, foi ainda jor- em Seara, Ponte de Lima, um pequeno solar do séc. XVI com
nalista durante 10 anos, tendo sido diretor do semanário “O uma área de bosque e uma vinha que será totalmente replan-
Independente” entre 1995 a 1997. Hoje, e para lá do vinho, tada, estando ainda previsto um investimento em turismo, em
detém a escola de pilotos de aviação civil Seven Air mas o moldes ainda por definir, num total de uma dezena de hec-
“porta-aviões” está no Brasil. tares.
A sede da empresa é em Brasília, a fábrica localiza-se já Os primeiros Firmamento obtidos nos Verdes foram vinifi-
na fronteira do Estado de Goiás. Produz insumos biológicos, cados na adega de Anselmo Mendes e apresentam-se no mer-
soluções agro-industriais pensadas para substituir os tradicio- cado através de um Alvarinho e de um Loureiro, dois mono-
nais produtos químicos usados na agricultura e na pecuária varietais de 2022. Os Firmamento do Douro são um tinto de
convencionais, havendo perspetivas de médio prazo de apli- 2020 e um branco de 2022, a que se junta o Confirma-se?
cação dessa tecnologia e conhecimento na elaboração de 2022, um palhete enquadrado numa gama mais experimen-
produtos para alimentação humana. Por outras palavras, uma talista.
área que apresenta valioso crescimento e valorização, não “Recebi carta branca para fazer algo de diferente, a minha
apenas no Brasil como no resto do mundo. interpretação. O Douro está a ensinar-me a saber esperar e a
“É o maior investimento da minha vida”, admite. ter cuidado com a maturação e o momento exato de vindima”,
A chegada ao vinho tem primeiro capítulo no Douro. explica Constantino.
Concretizou sociedade com Álvaro Veiga, também detentor Os exemplares mais estruturados e complexos do Douro
de várias parcelas de vinhas em Ervedosa do Douro e S. ainda estão em estágio. A afinação dos 2022 é promissora,
João da Pesqueira, e ambos adquiriram duas propriedades: tendo o 2020 tinto sido resultado de um blend do arquivo
a Quinta de Cabanas, no vale do rio Torto, e a Quinta Beira de vinhos de Álvaro Veiga. As vinhas do Douro estão ainda
Douro, vizinha da Quinta de São José, margem esquerda do em fase de namoro com Constantino Ramos, que procura
rio, defronte da Quinta da Romaneira. Neste último caso, o explorar ao máximo o potencial das cepas mais antigas e as
que está pensado é ambicioso e, a par da produção de vinho, diferenças de exposições e de altitudes, que vão do rio aos
prevê a criação de uma unidade hoteleira cinco estrelas. Na mais de 500m. A Touriga Franca está a ser privilegiada nas
cota superior, de acessibilidade rodoviária mais facilitada, está novas plantações e prevê-se a criação de uma vinha experi-
programada a construção de um hotel que terá 25 quartos mental para avaliar o comportamento de diferentes varie-
e um restaurante. Na cota inferior, junto rio, o projeto con- dades neste terroir.
templa 11 suites, um segundo restaurante de apoio e também A estreia no mercado fez-se, no total, com 130.000 gar-
um ancoradouro para facilitar o acesso por barco, forma extra rafas, estando a fasquia apontada para o meio milhão, ope-
de potenciar os mais de 600m de frente de rio. O prazo da ração Douro e Verdes em conjunto. O Minho, muito pen-
empreitada, que ainda está por iniciar, sinaliza finais de 2025 sado para a exportação, será suportado na dupla de castas
– “Quem vem para o vinho tem que ter muita paciência finan- Alvarinho e Loureiro que terá por companhia breve outros
ceira. Alguns projetos cometem o erro de estarem curtos vinhos brancos, com estágios em barrica e em cimento, um
financeiramente quando começam, isto é, há dinheiro para rosé e um tinto.
iniciar o projeto mas não o há para o aguentar. Vim para cá a Os Firmamento confirmam-se? Como sempre no vinho, só
saber isso”, analisa. o tempo e a consistência o dirão.
O hotel “é focado no público internacional, sobretudo ameri-
canos, com estadias médias de três a quatro dias, que queiram FIRMA - VITICULTORES & VINICULTORES
paisagem, passeios, gastronomia e vinhos”, explica. E porquê o LUGAR DAS BARROCAS 5130-557 VILAROUCO
Douro? “Gosto de vinho, acho o Douro singular face ao mundo. S. JOÃO DA PESQUEIRA
Quando se faz um investimento ele deve dizer-nos alguma
coisa, deve ter valor. Além disso, arranjei um ótimo sócio e um
ótimo enólogo”, complementa Isaías Gomes Teixeira.

100 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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Isaías Gomes Teixeira concretizou sociedade


com Álvaro Veiga, também detentor de várias
parcelas de vinhas em Ervedosa do Douro e S.
João da Pesqueira, e ambos adquiriram duas
propriedades: a Quinta de Cabanas, no vale do
rio Torto, e a Quinta Beira Douro, vizinha da
Quinta de São José, margem esquerda do rio,
defronte da Quinta da Romaneira.

@revistadevinhos agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 101


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As vinhas do Douro estão ainda em fase


de namoro com Constantino Ramos, que
procura explorar ao máximo o potencial
das cepas mais antigas e as diferenças de
exposições e de altitudes, que vão do rio
aos mais de 500m.

90 88 85
Firmamento 2020 Firmamento 2022 Firmamento Loureiro 2022
Douro / Tinto / Firma - Viticultores & Douro / Branco / Firma, Viticultores & Vinho Verde / Branco / Firma, Viticultores &
Vinicultores Vinicultores Vinicultores
Rubi brilhante. Apontamentos florais elegantes, Amarelo limão. Notas de limão, lima, tangerina e Dourado, reflexos limão. A pureza aromática em
muita cereja vermelha, romã e um toque vegetal um amanteigado de barrica que logo se confirma primeiro plano, lima e maçã verde. Fresco, de boa
bem-vindo. A pureza do sabor da cereja é de no decorrer da prova. Untuoso, quase glicerino, acidez, com trabalho de borras finas impoluto, de
aplaudir. De tanino fresco, volume no ponto, combina nervo, acidez e volume de forma final certeiro e levemente untuoso. Um Loureiro
muito boa acidez e final delicioso. Convida a particularmente feliz. O final tem um toque de seguro.
repetições sucessivas no copo. pólvora que o valoriza. Consumo: 2023-2027
Consumo: 2023-2033 Consumo: 2023-2033 9,00 € / 11ºC
12,00 € / 16ºC 12,00 € / 11ºC
— —

89 86
Confirma-se? 2022 Firmamento Alvarinho 2022
Douro / Tinto / Firma, Viticultores & Vinho Verde / Branco / Firma, Viticultores &
Vinicultores Vinicultores
Rosa, laivos rubi. Notas florais interessantes, Amarelo limão. Nariz de toranja, líchia e pêssego.
seguidas de romã, cereja e folha de morango. A Untuoso e cremoso, tem bom ataque, acidez que
acidez garante-lhe a alma e o equilíbrio entre lhe suporta a estrutura, bom volume, perfil guloso
o fruto e o volume. Termina gastronómico e bastante gastronómico.
e saboroso, muito contemporâneo. Sirva-o Consumo: 2023-2033
levemente refrescado.
12,00 € / 11ºC
Consumo: 2023-2027
17,00 € / 14ºC

102 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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texto Miguel Pires / fotos Jake Abbott

NOS DOMÍNIOS DOS GUTIÉRREZ DE LA VEGA

Quando pensamos em Alicante, a primeira coisa que nos vem à cabeça não
são vinhos. Provavelmente, nem a segunda ou sequer a terceira. Mas a região,
localizada na Comunidade Valenciana, produz vinho há muito tempo (desde
1510), tendo recebido a demarcação em 1957. Os solos, aluviais com algum
calcário, e o clima, de pendor mediterrânico, geram vinhos originais. A Revista
de Vinhos visitou dois dos produtores mais emblemáticos da denominação.
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Curii Uvas
y Vinos
VINHOS DE SOL, MAR E SERRA

Passavam poucos minutos das 9h30 e o sub-regiões da D.O. Alicante - para encon-
calor mediterrânico do sul de Espanha já se traram nas zonas de montanha, as vinhas
fazia sentir em Xaló, pequena localidade na com que se identificaram. Começaram com
província de Alicante. À nossa espera estava duas e, a pouco e pouco, foram juntando
Alberto Redrado que, após uma curta outras. Hoje, entre alugadas, próprias e
paragem para uma dose de cafeína e abas- outras que supervisionam no vale traba-
tecimento de águas, nos levou em direção à lham oito hectares de vinhas espalhadas
montanha no seu pequeno Fiat Panda 4X4, por dezena e meia de parcelas, quase todas
o carro ideal para os estreitos caminhos plantadas com a casta Giró. A exceção, é
necessários para chegar às suas vinhas. uma vinha com 80 anos, próxima do mar,
Alberto é sommelier do prestigiado res- da também autóctone Trapadell, com que
taurante L'Escaleta, em Cocentaina, que elaboram o único branco do seu portefólio.
conta com duas estrelas Michelin, e em
2010 passou da retórica à prática tornan- A recuperação e valorização
do-se igualmente produtor ao criar a Curii da casta Giró
Uvas & Vinos, juntamente com a mulher,
Violeta Gutiérrez de la Vega - enóloga e O facto de a casta Giró se encontrar
filha do conhecido produtor local Felipe nas partes mais altas tem uma explicação.
Gutiérrez de la Vega. Historicamente, as terras mais planas e fér-
De início, como tantos outros, o casal teis situavam-se nas zonas mais baixas e
começou por comprar uvas a um pequeno embora, em grosso modo, fossem dedicadas
produtor com a intenção de produzir um à cultura da vinha, o destino era a uva para
vinho de forma minimalista que mostrasse “passificação”, que encontrava no estran-
um território onde o sol, o mar e a serra são geiro um retorno financeiro muito superior.
os protagonistas. Porém, logo depois da pri- Mesmo quando a indústria de passa de uva
meira colheita e após reflexão, concluíram entrou em declínio, no início do século pas-
que se a ideia era mostrar o território deve- sado, os agricultores da Marina Alta dedi-
riam basear-se na casta autóctone Giró, caram-se a outros cultivos, como a laranja,
uma variedade que até há pouco tempo era o figo, a amêndoa e a azeitona, passando
confundida com a Garnacha. a uva Moscatel a ter outros fins além da
Por outro lado, para terem um maior con- uva passa, o de uva de mesa e produção de
trolo sobre o trabalho no campo, tinham de vinho. Estes fatores relegaram a Giró para
ser eles a cuidar das vinhas. Deste modo, as terras mais pobres, situadas em lugares
percorreram a Marina Alta - uma das oito cimeiros.

agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 105


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Alberto é sommelier do prestigiado restaurante


L'Escaleta, em Cocentaina, que conta com duas
estrelas Michelin, e em 2010 passou da retórica à
prática tornando-se igualmente produtor ao criar a
Curii Uvas & Vinos, juntamente com a mulher, Violeta
Gutiérrez de la Vega - enóloga e filha do conhecido
produtor local Felipe Gutiérrez de la Vega.

Outras condições que contribuíram para que “O senhor que vindimava tudo isto sabia que esta era
esta variante da Garnacha perdurasse foi a sua boa a melhor e fazia o seu vinho daqui. Por isso, mesmo
adaptação a climas secos e aos ventos quentes do quando decidiu vender as terras manteve esta”.
Mediterrâneo, bem como o facto a sua maturação Segundo Alberto, este é “um saber que se está a
ser mais tardia – facto relevante dado que a priori- perder, uma vez que, ao privilegiarem o rendimento e
dade dos agricultores estava nas colheitas que lhes a compra de uva de forma indiferenciada, “as coope-
traziam maiores proveitos e só depois desse trabalho rativas” acabaram com este conhecimento”, conclui.
concluído é que se dedicavam a colher o que era para Enquanto percorremos outra das suas vinhas,
consumo próprio. Alberto Redrado aponta para algumas plantas dani-
Nos anos de 1960, para enfrentar a queda do preço ficadas. Nos últimos anos, os maiores problemas que
da uva, boa parte agricultores associaram-se em dife- têm enfrentado, além das alterações climáticas, não
rentes cooperativas num movimento que permitiu tem sido as doenças habituais da vinha (que também
que a atividade prosseguisse até hoje e mantivesse causam as suas mossas), mas sim os bandos de javalis
não apenas o cultivo das vinhas de moscatel, mas que dizimam as videiras, bem como grupos de cabras
também a preservação da própria Giró. Contudo, selvagens, que veem nos brotos dos cachos uma
de um modo geral, o modelo de negócio assentou iguaria. Esta questão, associada às vinhas velhas e à
(e assenta) na produção de volume, com vinhos de cultura de sequeiro faz com que a produtividade seja
preço médio e baixo sem grande identidade. Porém, baixa e a produção nas últimas colheitas não tenha
mais recentemente, surgiram produtores como ido além das 10 mil garrafas.
Alberto Redrado e Vitória Gutiérrez de La Vega que Desta quantidade, fazem essencialmente seis refe-
procuraram resgatar a tradição de fazer vinhos com rências, dos quais quatro tintos, todas de intervenção
a casta Giró, mas com uma aposta na sua valori- mínima na adega, com fermentações espontâneas,
zação, nomeadamente, procurando fazer vinificações utilização do engaço, bem como estágios em barricas
por parcela de forma a aprofundar o conhecimento de madeira usada diferentes de dimensões. “Una
sobre o comportamento da mesma, de acordo com noche y un dia” (PVP, 12€) é um ‘gluglu’ mais leve,
diferentes características terroir, como é o caso da frutado (cereja), com um toque adstringente a com-
altitude, orientação solar e tipos de solos. pensar uma acidez menos presente. Por sua vez
“A nossa ideia é mostrar um pouco o território de o Curii (PVP, 20€) já é um pouco mais estruturado,
uma forma honesta. Porque, afinal, a paisagem é esta: mas igualmente acessível e redondo. Nos rótulos
rochosa, com muito sol, numa zona alta e com um mais especiais temos o Dra.Jekyll (PVP, 30€), um
clima seco. Procuramos fazer vinhos menos extraídos vinho de parcela, elegante, com um final de boca com
e frescos, mas temos de pensar que o rendimento é mais volume, onde se destacam notas de fruta preta
baixo e que a graduação normal, consoante os anos, (amora) e o cacau. Por sua vez, o Sr. Hyde (PVP,
anda pelos 14%, 14.5 %. Por isso, a nossa obsessão é 38€), igualmente de parcela, é um tinto bem estru-
fazer um vinho muito contundente, com mais sabor”. turado, intenso, de taninos bem presentes, que trans-
Todavia, com este discurso não significa que os mitem certa frescura. Este ano, houve ainda um
vinhos do casal sejam volumosos ou madurões. Na quinto tinto, para comemorar o décimo aniversário
verdade, são mais frescos do que se poderia imaginar da casa, o Curii Deka 2020 (PVP, 45€), feito com as
e sem necessidade de intervenção enológica neste uvas das duas melhores parcelas, as que dão origem
campo. “Se trabalhas bem, se a planta está em equi- ao Sr. Hyde e Dra. Jekyll, e que resultou naquele que
líbrio, os vinhos têm frescura, não precisas de cor- a dupla considera ser o seu vinho mais harmonioso.
rigir a acidez”. Neste campo, também ajuda a opção Fora os tintos, a dupla produz ainda o Curii
por incluírem o engaço (total ou parcial, nos tintos) Clarete (23€), um rosado mais sério do que é comum,
e vinificarem cada parcela individualmente, obtendo com estágio em madeira usada, bem como o tal
um maior conhecimento de cada lugar. “O conhe- branco de casta autóctone, o Curii Trapadell (23€),
cimento empírico também era assim”, explica-nos elaborado em quantidades mínimas.
enquanto visitamos uma das suas vinhas preferidas.

106 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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José António Navarrete e Alberto Redrado

@revistadevinhos agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 107


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Bodegas
Gutiérrez
de la Vega
CHEGAR AOS 80 ANOS SEGUINDO
PELO SEU PRÓPRIO CAMINHO

Franzino, simpático e comunicativo, A Bodegas Gutiérrez de la Vega produz


Felipe Gutiérrez de la Vega aproxima-se dos anualmente cerca de 70 mil garrafas. Na ver-
80 anos com uma jovialidade de fazer inveja. dade, devido à seca, nos últimos anos a pro-
Felipe é um contador de histórias, culto, dução tem sido menor, na casa das 50 mil.
sedutor, caótico e sem rodeios. Quando o Algumas uvas (poucas) vêm do tal vinhedo
encontramos na sua adega num destes dias da família, porém, a maior parte tem origem
de Verão finaliza uma visita com um grupo em viticultores com quem trabalha há
de turistas. A boa disposição é visível nos muito tempo, entre eles um cujo compro-
rostos e embora o álcool explique, em parte, misso verbal, que já passou de pai para filho,
o estado de alma do grupo, é bem provável dura há mais de 40 anos. A sua produção
que as histórias contadas por Felipe tenham resulta essencialmente em brancos e tintos,
ajudado à festa. secos e doces, quase todos com nomes que
Foi na década de 70 que o produtor e a remetem para a ópera ou para a literatura,
sua mulher, Pilar, se instalaram na comarca de que é Felipe é um entusiasta. De igual
de Marina Alta, na região de Alicante, modo, todos os vinhos são elaborados com
embrenhados num certo espírito hippie de castas autóctones ou tradicionais da região,
absorver a cultura local e retomar a ativi- como é o caso da Monastrell e da Giró, nos
dade de uma antiga quinta com vinha da tintos, ou da Moscatel, nos brancos.
família. Em 1982, mudaram a adega para
um antigo lagar, em Parcent, e a partir Brancos e tintos originais
daqui o assunto começou a ficar mais sério
com Felipe, desde o início, a mostrar-se um Nos brancos secos, o Casta Diva Cosecha
espírito livre, com ideias próprias e uma Dorada (PVP 15€) revela o bom perfil de
intuição muito particular. acidez da casta Moscatel quando cultivada
Culto, conhecedor de História e das tra- próximo do mar. Por sua vez, o Monte
dições locais, Gutiérrez de la Vega sempre Diva mostra como é possível fazer um
procurou navegar entre o antigo e o novo vinho mais complexo e estruturado com
– sendo reconhecido o seu trabalho na estágio em madeira, sem que a componente
recuperação dos vinhos tradicionais da aromática desta variedade tome conta de
zona – e tendo-o feito sem dogmas e com tudo. Por último, o Tío Raimundo é um
um bichinho pela experimentação. Com Moscatel muito singular, de véu de flor com
essa filosofia e modo de estar no mundo as típicas notas oxidativas e salinas asso-
dos vinhos acabou por granjear prestígio e ciadas ao estilo, mas surpreendentemente
reconhecimento, mas também alguns dissa- elegante, tendo em conta de que se trata de
bores. uma casta muito mais expressiva do que a
Palomino Fino de Jerez.

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Felipe Gutiérrez de la Veja

@revistadevinhos agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 109


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Felipe Gutiérrez de la Vega decidiu sair da D.O.


Alicante pois o caderno de encargos deixa de fora
o estilo não oxidativo (tipo Ruby ou LBV) que
defende ser mais próximo da ideia do que eram esses
vinhos históricos produzidos com uvas da Huerta
de Alicante, do que os Fondillónes oficiais que,
segundo ele, não eram os melhores, mas sim apenas
os vinhos “de rancio” (oxidativos) que os camponeses
guardavam das suas colheitas.

Nos tintos secos, mais do que nunca os abrilhantar uma solera iniciada em 2002, eram os melhores, mas sim apenas os vinhos
esforços estão concentrados na casta Giró, o Casta Diva Cosecha Real (PVP 50€, 37.5cl). “de rancio” (oxidativos) que os camponeses
sobretudo desde que, nos últimos anos, A casa faz ainda um moscatel de colheita guardavam das suas colheitas.
Violeta, a filha de Felipe, assumiu a enologia tardia, o La Diva Vendimia Tardia, (PVP 25€, Felipe, de uma forma mordaz, critica ainda
da empresa familiar. É com essa variedade 37.5cl) com um perfil diferente, elaborado a a recuperação do nome e o discurso de que
autóctone, que durante muito tempo foi con- partir de cachos inteiros já com a uva pró- estes vinhos são feitos desde há séculos. “No
fundida com a garnacha, que fazem o Rojo xima do estado de passa. estrangeiro conheciam-no como Alicante,
y Negro (PVP 20€) com uvas provenientes não como Fondillón. Então, como já não há
de vinhas com uma idade média de 40 anos, Um “fondillón que no es Fondillón” vinhas na Huerta de Alicante, o que há são
implantadas em solo argilo-calcário, a uma apartamentos, e como com apartamentos não
altitude de 400 metros. Já no Imagine (PVP De todos os vinhos de Alicante, o mais se pode fazer vinho, isso que dizem agora, que
27€) são utilizadas uvas de vinhas velhas famoso dá pelo nome de Fondillón, um vinho a DO Alicante leva 510 anos… leva 510 anos
(com idade média de 80 anos), cultivadas histórico cuja origem remete para o início perdida, porque não existe desde aí como DO
em solo com margas calcárias brancas que do Século XVI e cujo termo é protegido Alicante!”, afirma.
se encontram a 700 metros acima do nível pela União Europeia, desde 2011. Segundo Com ou sem polémica, os Monastrell doces
do mar. Por sua vez, o Viña Ulises (PVP as regras da DO Alicante, um Fondillón é de Felipe, a que deu o nome de Recóndita
12€) é um blend de 60% Giró, com 40% um vinho doce, natural (não fortificado) Armonía, são diferentes: são engarrafados e
Garnacha também de vinhas de montanha de produzido e estagiado na região, a partir vendidos mais cedo e têm um perfil frutado
solos argilo calcários. E, por fim, temos ainda das uvas tintas da casta Monastrell colhidas mais presente, mesmo nas colheitas mais
o Príncipe de Salinas, elaborado com a casta tardiamente, fermentado e estagiado em antigas. A propósito, a colheita mais recente
Monastrell de uma vinha de pé franco da barrica por um período mínimo de 10 anos. no mercado é de 2021 (PVP 20€, 37.5cl),
zona da Sierra de Salinas. Em termos de estilos, podemos encontrar mas ainda é possível encontrar, pelo menos
Fondillónes de Solera, em que as barricas na adega, o de 2011 (PVP 50€, 37.5cl), tal
O branco doce do casamento vão sendo atestadas com colheitas mais como o impressionante 1987 (PVP 90€,
dos reis de Espanha jovens à medida que se vão realizando novas 37.5cl). Liberto do espartilho da denomi-
“sacadas”; e Fondillónes com data de colheita, nação de origem, Felipe Gutiérrez de la Vega
Se os tintos e brancos secos de Gutiérrez em que o vinho pode vir de um blend de bar- segue o seu ideário e a sua intuição, tendo
de la Vega são vinhos com identidade, que ricas diferentes, mas sempre do mesmo ano. como desafio para os seus “no fondillónes”
exprimem o terroir local, e que por isso Num estilo ou no outro, pelo estágio prolon- encontrar um lado mais luminoso da fruta,
merecem ser conhecidos, os doces – não gado em barrica, o vinho passa sempre por bem como a harmonia entre álcool, açúcar e
fortificados - são aqueles que mais se evi- um processo de oxidação que marca bastante acidez. E, apesar de algum amargor que não
denciam e que trouxeram maior prestígio à o perfil. deixa escapar, não se tem dado nada mal.
casa. Um dos principais reconhecimentos E é sobretudo nesta questão (mas não
foi dado pelo casamento dos atuais reis de só), que fez com que Felipe Gutiérrez de la BODEGAS GUTIÉRREZ DE LA VEGA
Espanha, em 2004, onde foi servido um dos Vega tenha decidido sair da D.O. Alicante. CALLE QUINTANA, 1, 03792 PARCENT, ALICANTE, ESPANHA
seus vinhos sobremesa mais conhecidos, o É que o caderno de encargos deixa de fora VISITAS (COM MARCAÇÃO):
Moscatel Casta Diva Cosecha Miel 1981. É o estilo não oxidativo (tipo Ruby ou LBV) DE SEGUNDA A SÁBADO DAS 10H ÀS 14H.
possível encontrar edições de colheitas mais que defende ser mais próximo da ideia do TELEFONE: +34 966 40 38 71
recentes deste vinho, como a de 2019 (PVP que eram esses vinhos históricos produzidos
15€, 37.5cl), porém três das barricas do vinho com uvas da Huerta de Alicante, do que os NOTA: EMBORA NÃO TENHAM DISTRIBUIDOR EM PORTUGAL,
do casamento real serviram depois para Fondillónes oficiais que, segundo ele, não OS VINHOS DE AMBOS SÃO FÁCEIS DE ADQUIRIR NUMA DAS
VÁRIAS LOJAS ONLINE ESPANHOLAS.

110 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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TINTOS
DE PRAZER
Vinhos até 12,5%, ideais para a mesa de verão… e não só!
TINTOS DE PRAZER CLUBE DE REVISTAS
texto Marc Barros / notas de prova Bento Amaral, José João Santos, Marc Barros e Nuno Guedes Vaz Pires / fotos Ricardo Garrido

Com o verão a dominar as prioridades dos portugueses, há tintos desenhados para


saciar e dar muito prazer. À mesa ou fora dela, em diversos momentos de consumo,
são vinhos com algo de ‘season’ mas pouco de ‘silly’, leves, frescos e, sobretudo, muito
saborosos. Vamos a eles!

Na segmentação de vinhos é usual delinear uma categorização em possível fazer bons vinhos ligeiros, que vão de encontro às novas
vários patamares, que podem ir desde os vinhos ditos de valor até tendências do mercado”. Isso mesmo foi frisado por Nuno Guedes
aos chamados ícones, intervalados por um conjunto de outras cate- Vaz Pires, diretor da Revista de Vinhos, ao sublinhar que até “vinhos
gorias, como os vinhos populares, premium ou luxo. de regiões mais quentes são leves e secos”.
Porém, existe uma tipologia que ultrapassa a pura dimensão E se, no geral, todas as regiões nacionais disseram presente, des-
comercial do preço e abrange, essencialmente, vinhos desenhados taque para o facto curioso de a região mais participativa terem
para darem prazer. Os franceses, experientes como poucos na capa- sido… vinhos classificados como Mesa (ou IVV), o que remete, por
cidade de valorizar aquilo em que tocam, chamam-lhes ‘vin de soif’, um lado, para a dificuldade das comissões de provadores em aceitar
traduzido rudemente como vinhos para saciar. vinhos mais abertos e leves, desprovidos de madeira, mas também,
Os anglo-saxónicos atribuem-lhes o termo ‘easy drinking’, os por outro, para a maior facilidade burocrática e administrativa que
nossos irmãos brasileiros ‘vinhos gluglu’. Pois é nesta categoria geral aquele tipo de aprovação carece. Algo a rever pelas próprias comis-
que cabem os vinhos que lhe trazemos na prova temática deste mês sões vitivinícolas regionais, no sentido de alargarem as suas denomi-
– os tintos de verão, vinhos de puro prazer, leves, abertos, fáceis de nações aos vinhos que o mercado procura.
beber, mas que não deixam de ser fruto de muito e apurado trabalho, Este conjunto de vinhos obedece a certas premissas que podemos
tanto na vinha como na adega, mais ou menos complexos e, sobre- considerar transversais, as quais redundam na busca por elementos
tudo, muito frescos e apetecíveis. de frescura, leveza e baixo álcool: a seleção das castas vinificadas,
A prova temática da Revista de Vinhos incidiu sobre vinhos que com destaque para variedades como Alvarelhão, Bastardo, Jaen ou
apresentam título alcoométrico volúmico adquirido até 12,5% e Castelão; vinhas de altitude ou, em alternativa, instaladas em zonas
resultou num conjunto de 24 exemplares de “nível médio bom, fáceis atlânticas; alguns exemplares, de vinha velha ou não, com uva branca
de beber e prazenteiros”, como resumiu José João Santos. misturada, ao estilo palhete. Pouca extração, prensagens suaves e,
Por seu lado, Bento Amaral salientou que “a maior parte dos vinhos em alguns casos, maceração carbónica, definem o perfil geral destes
tem perfil leve e fresco, a mostrar que Portugal faz bem este perfil”. vinhos.
A comprová-lo, o facto de as “pontuações médias serem elevadas". São tintos que primam pela elegância frutada e fineza aromática,
Na realidade, os vinhos mais pontuados ultrapassam a barreira dos de corpo leve a médio. E se, em alguns casos, apresentam aspeto
90 pontos, com a esmagadora maioria a posicionar-se acima dos 88 visual aberto e brilham na acidez vincada e crocante, no seu con-
pontos. junto apresentam taninos macios, de qualidade. E são, sobretudo,
Por outro lado, o preço dos vinhos, que oscila entre 3,00€ e gulosos. Saborosos! Trata-se de vinhos que podem ser bebidos um
72,00€, pende, na maioria das amostras, para valores abaixo dos pouco mais frescos, a acompanhar boa gastronomia e pratos mais
20,00€, demonstrando a sensatez dos produtores em tornar acessí- estivais, de preferência num copo adequado. Nas férias, e não só,
veis vinhos de enorme valia qualitativa. faça-se acompanhar por estes tintos de prazer!
Desta forma, prossegue Bento Amaral, Portugal mostra que “é

A prova temática incidiu sobre vinhos que


apresentavam título alcoométrico volúmico
adquirido até 12,5% e resultou num
conjunto de 24 exemplares de nível médio
bom, fáceis de beber e prazenteiros.

@revistadevinhos agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 113


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TINTOS DE PRAZER
OS MAIS BEM PONTUADOS

92 92

Bastardo por Dirk Niepoort Quinta de Saes Altitude


2020 Field Blend VV 2021
Douro / Tinto / Niepoort Vinhos Dão / Tinto / Quinta da Pellada
Tom aberto, laivos cereja acobreados. O nariz denota a frescura do vinho,
Fruta fresca, cereja, morango, tomate. fruta silvestre e tons de terra e
Ligeiro verniz, direto. Corpo leve, bosque. Seco, tanino ponderado,
seco, acidez bem doseada. Tanino de qualidade, e final longo. NGVP
suave. Herbáceo no aroma de boca, Consumo: 2023-2033
especiaria leve no fim de prova. MB 12,00€ / 14ºC
Consumo: 2023-2026
38,20€ / 14ºC

91 91 91

Casal das Freiras Castelão Pretexto 2020 Proibido à Capela 2021


2022 Dão / Tinto / Textura Wines Douro / Tinto / Márcio Lopes
Tejo / Tinto / Quinta Casal das Rubi. As impressões de bosque Rubi médio, brilhante. Aroma bonito,
Freiras predominam, há muita cereja, pinhal fruto silvestre, framboesa, ameixa
Rubi translúcido. O nariz é curioso e menta. De tanino firme, estrutura preta. Ligeiro citrino. Flores brancas.
e apresenta notas de especiaria geral bem competente, equilibrado Seco, corpo leve, tanino suave.
doce, romã e folha de morango. De e de acidez presente. O final é Conjunto delicado e elegante, com
tanino fresco e elegante, com acidez demorado, com toque de folhagem final herbáceo. MB Consumo: 2023-
marcante, tem finura estrutural e final seca. Saberá evoluir. JJS Consumo: 2028
bem persistente. Muito bem elaborado. 2023-2033 19,50€ / 14ºC
JJS Consumo: 2023-2028 14,50€ / 14ºC
15,00€ / 14ºC

90 90

Espera Nat’Cool Castelão Frey Palheto, É o Que É


2022 2021
IVV / Tinto / Rodrigo Martins IVV / Tinto / Frey
Tom aberto. Aromas de romã, cereja, Rubi translúcido. Notas de cereja
flores brancas. Nuance mineral em vermelha e morango, alguma erva
notas de pólvora. Seco, corpo leve, fresca a completar. Tanino leve e
tanino vivo mas domado, a acidez muito fresco, acidez no ponto, ligeira
alonga a prova. NGVP Consumo: perceção salina e final tentador, pela
2023-2025 simplicidade e pureza do fruto. Que
17,00€ / 14ºC delícia! JJS Consumo: 2023-2028
20,00€ / 14ºC

114 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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N OTA PREÇO NOME DO V INHO / REGIÃO / PRO DUTOR NOTA PRE ÇO N OME DO VINH O / REG IÃO / PROD UTOR

Bastardo por Dirk Niepoort 2020 / Proibido à Capela 2021 / Douro /


92,0 Douro / Niepoort Vinhos
91,0 Márcio Lopes
38,20 Tom aberto, laivos cereja acobreados. Fruta fresca, cereja, morango, 19,50 Rubi médio, brilhante. Aroma bonito, fruto silvestre, framboesa,
tomate. Ligeiro verniz, direto. Corpo leve, seco, acidez bem doseada. ameixa preta. Ligeiro citrino. Flores brancas. Seco, corpo leve, tanino
Tanino suave. Herbáceo no aroma de boca, especiaria leve no fim de suave. Conjunto delicado e elegante, com final herbáceo. Consumo:
prova. Consumo: 2023-2026 MB 2023-2028 MB

92,0 Quinta de Saes Altitude Field Blend 90,0 Espera Nat’Cool Castelão 2022 / IVV /
VV 2021 / Dão / Quinta da Pellada Rodrigo Martins
12,00 O nariz denota a frescura do vinho, fruta silvestre e tons de terra 17,00 Tom aberto. Aromas de romã, cereja, flores brancas. Nuance mineral
e bosque. Seco, tanino ponderado, de qualidade, e final longo. em notas de pólvora. Seco, corpo leve, tanino vivo mas domado, a
Consumo: 2023-2033 NGVP acidez alonga a prova. Consumo: 2023-2025 NGVP

Casal das Freiras Castelão 2022 / Tejo / Frey Palheto, É o Que É 2021 / IVV /
91,0 Quinta Casal das Freiras
90,0 Frey
15,00 Rubi translúcido. O nariz é curioso e apresenta notas de especiaria 20,00 Rubi translúcido. Notas de cereja vermelha e morango, alguma erva
doce, romã e folha de morango. De tanino fresco e elegante, com fresca a completar. Tanino leve e muito fresco, acidez no ponto,
acidez marcante, tem finura estrutural e final bem persistente. Muito ligeira perceção salina e final tentador, pela simplicidade e pureza
bem elaborado. Consumo: 2023-2028 JJS do fruto. Que delícia! Consumo: 2023-2028 JJS

91,0 Pretexto 2020 / Dão / Textura Wines Casa de Mouraz Palhete 2022 / Dão /
Rubi. As impressões de bosque predominam, há muita cereja,
89,0 Casa de Mouraz
14,50 pinhal e menta. De tanino firme, estrutura geral bem competente, Cor aberta granada com laivos acobreados. Perfumado. Cereja,
10,50
equilibrado e de acidez presente. O final é demorado, com toque de framboesa, floral e pêssego. Entra delicadamente e vai crescendo
folhagem seca. Saberá evoluir. Consumo: 2023-2033 JJS ao longo da prova terminando com o ligeiro tanino que lhe dá
vivacidade. Um vinho descontraído. Consumo: 2023-2025 BA

@revistadevinhos agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 115


TINTOS DE PRAZER CLUBE DE REVISTAS
N OTA PREÇO NOME DO VINHO / R EGIÃO / PRO D UTOR NOTA PRE ÇO N OME DO VINHO / REGIÃO / PROD UTOR

Esquissos Tudo ao Molho Palheto 2021 88,0 Villa Alvor Negra-Mole 2022 / Regional
/ Regional Alentejano / Adega Mayor Algarve / Aveleda
88,0 16,50 Tom cereja aberto. Boa intensidade aromática, a fruta é fresca e 11,99 Rubi translúcido, a lembrar um palhete. Alguma flor seca, romã e
limpa, em nuances cítricas. Floral. Corpo leve, tanino suave, travo pimento. Tanino fino, boa acidez, leveza estrutural e final salgado.
herbáceo verde a dar frescura à prova. Consumo: 2023-2026 NGVP Leve-o para jantares junto à praia. Consumo: 2023-2026 JJS

Messias Tradição Baga 2020 / Bairrada Atlantis 2021 / Madeirense / Madeira


/ Sociedade Agrícola e Comercial dos Wine Company
88,0 Vinhos Messias 87,0 16,10 Rubi translúcido. Notas de cereja seca, romã e nuance de pimento.
11,50 Tonalidade rubi translúcida a indiciar baixa extração. Perfil Tanino fresco, alguma salinidade no perfil, de final teimoso e
aromático muito fresco e cítrico, com notas de bagas de groselha, texturado. Pede mesa. Consumo: 2023-2026 JJS
framboesa, bergamota e apontamento de barro molhado. Na boca é
intensamente fresco e leve, amparado por viva acidez e taninos de Cota 600 2022 / Douro / Quanta Terra
bom porte. Consumo: 2023-2030 LC Rubi vivo, intensidade média. Aroma marcadamente herbáceo,
87,0 24,00 mentolado, flores brancas. Leve citrino. Corpo leve, tanino discreto,
88,0 Pedra a Pedra Clarete 2021 / Douro / fresco. Acidez média, bem conseguida, a amparar o conjunto. Final
Vinhos Quinta da Pedra Alta seco, de comprimento médio. Consumo: 2023-2026 MB
9,35 Rubi translúcido. Notas de romã, lavanda, pimento e floresta. Tanino
fresquíssimo, muito boa acidez, estrutura suave e final imaculado. Mater Clarete 2021 / Douro / Sociedade
Bem elaborado, pronto para curtir no verão. Consumo: 2023-2025 JJS Agrícola Quinta Seara d'Ordens
21,00 Cereja aberto. Fruta vermelha em tons frescos, morango, cereja.
Pontual Clarete 2021 / IVV / PLC - 87,0 Bagas azuis, citrino. Aromas herbáceos, mato seco. Corpo leve,
88,0 Companhia de Vinhos do Alandroal tanino suave, acidez bem conseguida. Final seco, médio, com leve
8,00 Rubi translúcido. Notas de amora, morango e um ligeiro toque de amargor. Consumo: 2023-2025 MB
bosque. Tanino muito fino, estrutura mais complexa do que aparenta,
de final sedoso e cheio de sabor. Uma ternura de vinho. Consumo: 87,0 Património 2020 / Regional Lisboa /
2023-2030 JJS António Francisco Bonifácio & Filhos
6,49 Suave no tanino, mostra aromas ricos de fruta vermelha e bagas
88,0 Primeur de Trois 2022 / IVV / Trois - pretas. Corpo médio, elegante, acidez média e final de bom
Vinhos com Identidade comprimento. Consumo: 2023-2026 NGVP
7,45 Rubi aberto. Fruta gulosa, algo madura. Nota compotada. Herbáceo
fresco, leve hortelã. Seco, corpo leve, tanino suave, conjunto fresco, 86,0 Encostas de Penalva 2021 / Dão / Adega
com final especiado. Consumo: 2023-2026 MB Cooperativa de Penalva do Castelo
3,00 Cor rubi de média intensidade. Aroma fruta preta, láudano, resinoso
Quinta do Tamariz Vinhão Escolha e chocolate. Entra vibrante e com corpo médio e tanino pouco
88,0 2022 / Regional Minho / Sociedade intenso. Consumo: 2023-2029 BA
Agrícola da Quinta de Santa Maria
14,00 Rubi denso, profundo. Profusão de aromas frutados, com a nuance JUCA 2022 / Vinho Verde ( Monção e
herbácea a marcar a diferença. Bom volume, alguma doçura natural, Melgaço) / Constantino Casimiro Barbosa
tanino macio, pede tempo de frio antes de servir. Consumo: 2023- Ramos
2025 NGVP 86,0 18,00 Cor rubi profunda com laivos violeta. Aroma fechado que abre após
agitação. Ameixa seca, compota de amora e vegetal seco. Na boca,
Sin Fronteras Slate 'N' Chalk Palhete uma acidez viva e taninos presentes conjugam-se com uma doçura
2022 / IVV / Soc. Vit. Courela dos natural. Consumo: 2023-2028 BA
21,00 Aleixos - Adega Marel
88,0 Aberto na cor, com aromas de fruta de polpa amarela, maçã, bagas Vale de Lobos Pinot Noir Reserva 2022
vermelhas. Seco, corpo leve, a acidez é viva e crocante, com boa 86,0 / Regional Tejo / Sociedade Agrícola da
intensidade de prova. Consumo: 2023-2026 NGVP Quinta da Ribeirinha
10,70
Aberto, tom granada. Aromas de fruta gulosa, alguma tosta e
Tinto do Tareco Vinho de Talha 2022 / especiarias. Bom corpo, acidez média, final persistente. Consumo:
88,0 Alentejo / Aconchego da Aldeia 2023-2026 NGVP
12,50 Cor rubi aberta. A sua origem é detetada no nariz pela presença
de ameixa seca, especiarias e notas de barro e giz. Boca redonda Gatão / IVV / Sociedade dos Vinhos
como é pedido a vinhos deste perfil. Acompanhar com sardinhas. 85,0 Borges
Consumo: 2023-2026 BA Cor rubi de média intensidade. Perfil floral, bouquet de flores
3,99
campestres, amora madura, resinoso. Bom equilíbrio gustativo
88,0 Uivo Semi 2022 / IVV / Folias de Baco entre uma acidez luminosa e um tanino vegetal seco. Consumo:
Rubi, rebordo azulado. Exuberante nas notas florais, de groselha e 2023-2024 BA
10,00
morango.Tanino jovial, acidez muito interessante, de matriz fresca e
leveza de prova. Desafia o verão. Consumo: 2023-2026 JJS

São tintos que primam pela elegância frutada e fineza aromática,


de corpo leve a médio. E se, em alguns casos, apresentam aspeto
visual aberto e brilham na acidez vincada e crocante, no seu conjunto
apresentam taninos macios, de qualidade. E são, sobretudo, gulosos.

116 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
Para ver e ouvir PRODUTO CLUBE DE REVISTAS
texto Fátima Iken / fotos Jorge Matos Maria de Lurdes Sequeira

A MAGIA
DO TREMOÇO
DE CADIMA
CLUBE DE REVISTAS

Quem é que não se deixa seduzir por uma cerveja gelada


com tremoços, mal o verão dá um ar da sua graça? Uma
dupla imbatível de borbulhas refrescantes a enlear-se na
salinidade da leguminosa que exige perícia na hora de
descascar e muito labor. A sua produção artesanal é feita
por mulheres, em Cadima (Cantanhede), e obriga a uma
verdadeira odisseia antes de chegar ao prato. Mas é um
rico petisco. Difícil é parar.

Quando nos sentamos tranquilamente numa espla- de passados por várias águas antes e depois, numa tra-
nada, acompanhados de uma “loira” efervescente e um balho exaustivo.
prato de tremoços dourados, mal imaginamos a traba- As águas das nascentes dos Olhos da Fervença, em
lheira necessária, nos bastidores, para os ter à mesa. Cadima, Cantanhede, acabam por “lavar” e purificar de
Sobretudos se curados de forma artesanal, cozidos em forma especial estes tremoços, conferindo-lhe um sabor
fogo de lenha e lavados na água do rio. peculiar. Lurdes começou com cinco anos a apanhar,
Para percebermos os passos necessários à obtenção madrugada dentro, os tremoços com a mãe, por isso
final da iguaria, fomos até Cadima, em Cantanhede, esta história é antiga para ela. “Íamos descalças às 5h
terra onde a tradição singular da “tremoceira” é preser- da manhã pelos pinhais para apanhar e trazíamos em
vada. Situada entre a praia e o pinhal, onde as cigarras ceirões nos burros. Tinha de ser apanhado de madru-
parecem gritar num silêncio ensurdecedor, Cadima gada para não estalar. Depois a burrita às vezes atolava
embala-se entre tremocilha, vinha, olivais e pinheiros. A nos açafates. Foram anos de sacrifícios”, conta.
imaginação dita estratégias para sobreviver na labuta As grandes panelas ao lume já começam a ferver em
do quotidiano. cachão e agora é só esperar, ir atiçando o lume para
De facto, a vertente feminina na preparação do tre- não deixar morrer a fogueira e controlar a cozedura que
moço radica num antigo costume que aproveita da dura cerca de meia hora. “Chama-se a isto o marisco dos
melhor forma uma leguminosa produzida pelos lavra- pobres porque era aquilo a que se conseguia chegar.
dores locais. As tremoceiras são autênticas protago- Sempre foi um petisco que aparecia nos casamentos,
nistas de uma complicada coreografia necessária para nas romarias e nas festas. É uma tradição, apesar do
a operação da curtição do tremoço. trabalho que dá”. Não se consegue parar de comer,
Para o testemunharmos, estamos em casa da pioneira mas não sacia. “Dantes havia sete ou oito tremoceiras,
D. Lurdes, com 75 anos, que ainda faz tudo sozinha. A ia-se de burro. Hoje já vamos de trator ou motorizada,
idade não parece ser empecilho para esta mulher de que não se aguenta com o peso disto. Somos poucas já
armas que conhece desde criança as voltas que é pre- e poucas pessoas da geração nova se interessam, só a
ciso dar para conseguir este petisco, crocante, dourado minha sobrinha”.
e de sapidez única. Hora de deitar fora a água da cozedura que é vene-
A fogueira feita por si já está a crepitar e o cheiro nosa, de seguida é altura de escorrê-los e colocá-los em
a lenha invade a casa. Os grandes tachos com água grandes cestos de verga e passar novamente por várias
começam agora a borbulhar, e depois da demolha do águas. Depois metem-se em sacos com atilhos e colo-
tremoço, em gigantes alguidares, é hora de os deitar cam-se na água do rio, para retirar todo o amargor.
a cozer. Para estas mulheres acaba por ser uma forma D. Lurdes vai sozinha na sua mota e leva os sacos no
de aumentar o orçamento familiar, normalmente com atrelado para os colocar a curtir na água pura da nas-
tempo dedicado à agricultura. “O meu tremoço é só dos cente. Mete-se no rio, de galochas, e empurra sozinha os
lavradores daqui. Vem seco, mas é preciso demolhar. sacos. O espaço é edénico, cheira a hortelã da ribeira e
Incha e fica mais graúdo com a água. Põe-se um dia de só as rãs a coachar parecem quebrar o silêncio. Depois,
molho em grandes baldes com água e ele fica já bom. os tremoços ficam a purificar alguns dias na nascente.
Depois é preciso lavar e colocar a panela a cozer em No final, é só retirar e colocar sal a gosto, apregoando
lume de lenha. Faço tudo sozinha, já estou habituada. “Olha o tremoço de Cadima”.
Mas faço tudo de forma natural. Há quem ponha cinza, O facto de o tremoço ter produção local biológica
mas eu não uso nada disso, só sal no final”. e água de nascente onde é feita a curtição da legu-
Se crus são tóxicos (contêm uma substância alca- minosa, asseguram, à partida, as condições ideais, ao
lóide, a lupanina), obrigam a demolha e a uma cozedura natural e sem corantes ou conservantes. A prova é
em grandes tachos com água, em lume de chão, depois que só no evento da feira do tremoço, que ocorre em

@revistadevinhos agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 119


PRODUTO CLUBE DE REVISTAS

Se crus são tóxicos (contêm uma


substância alcalóide, a lupanina), obrigam
a demolha e a uma cozedura em grandes
tachos com água, em lume de chão, depois
de passados por várias águas antes e
depois, numa trabalho exaustivo.

maio, se chegam a vender cerca de cinco mil litros esses campos fora, só que não a consegue identificar,
de tremoços durante os três dias em que decorrer e serve na maioria das vezes para azotar os terrenos.
o encontro. Mas se quiser, todos os sábados, no Os romanos já o consumiam e até papas e pão dele
Mercado de Cantanhede, está lá D. Lurdes a vender faziam. De facto, a farinha de tremoço pode ter múl-
esta iguaria. Faz ainda broinhas doces no forno a lenha tiplas aplicações como pão, biscoitos ou bolos e até
que dizem ser de comer e chorar por mais. massas, servindo ainda para azotar solos e o mundo
Para imitar o processo, só precisa de comprar os produz toneladas. Em Portugal, a produção está a
tremoços em cru, secos, numa mercearia, demolhá-los decrescer e estamos pelas seis toneladas.
durante 24 horas e depois cozê-los, por 20 minutos, Se quiser optar pelo “do it yourself” também pode
deixá-los arrefecer e colocar num alguidar com água aventurar-se nesta odisseia. É só comprá-los numa
limpa, mudando a água durante várias vezes durante mercearia e seguir os cinco passos que aqui deixamos.
cinco dias. No final, escorrer e adicionar sal, oregãos
ou qualquer erva aromática.

Petisco viciante e saudável

Da mesma família que a fava, a lentilha ou a ervilha,


o tremoço (Lupinus) tem a vantagem de ser saudável
e ter poucas calorias. O único senão é o sal, mas pode
ser retirado o excesso. Acaba, assim, por ser indicado
para quem tem diabetes ou colesterol. Para os vegeta-
rianos poderá ser uma excelente escolha (por isso aqui
deixamos uma receita de húmus de tremoço). Possui
ainda, do ponto de vista nutricional, três vezes mais
proteína e o dobro do fósforo presente no leite, só para
dar o exemplo, três vezes mais fibra que a aveia, vita-
minas (E e do complexo B), potássio, ferro, fibras e gor-
duras insaturadas ómega 3 e 6 e pouco teor de amido.
O tremoço possui 36 a 52% de proteína, 5 a 20% de
ácido oleico e linoleico e 30 a 40% de fibra alimentar.
Para além disso, têm, em média, apenas um quinto das
calorias que outros aperitivos, como amendoins ou
batatas fritas... e ainda propriedades antioxidantes e
de renovação celular. Só vantagens.
A nível da agricultura, não exige rega e quase não
dá trabalho, sendo apenas necessários sachar e colher
as vagens secas. Depois, é só malhar para retirar o
grão e secar ao sol. Se noutros tempos o tremoço era
semeado no outono, as alterações climáticas, nomea-
damente as geadas primaveris, obrigam a semear em
fevereiro e collher no verão. A flor é estonteante e de
certeza que já a viu em manchas amarelas ou roxas por

120 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS

O tremoço possui 36 a 52% de


proteína, 5 a 20% de ácido oleico
e linoleico e 30 a 40% de fibra
alimentar. Para além disso, têm,
em média, apenas um quinto das
calorias que outros aperitivos,
como amendoins ou batatas
fritas... e ainda propriedades
antioxidantes e de renovação
celular. Só vantagens.

agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 121


CLUBE DE REVISTAS
PRODUTO

Versão urself”
o
“Do it y
1. Coloque os tremoços de molho durante
24 horas.

2. Lave por várias águas e coloque num
tacho com água a cozer durante vinte
minutos.

3. Após arrefecerem, transfira para um
alguidar com água fresca que deve ser
mudada, várias vezes ao dia, durante pelo
menos cinco dias.

4. Experimente um para verificar que saiu
ú mu s de
qualquer travo de amargor. H

re m oç o
5. Tempere-os com sal e guarde no frigorí-
fico ou em vácuo. Pode ainda adicionar alho
t
e/ou ervas aromáticas, como orégãos.
INGREDIENTES

. 250g. de tremoços cozidos e


descascados
. Sumo de um limão
Os romanos já o consumiam e . Uma colher de sopa de azeite
. Duas colheres de sopa de tahini
até papas e pão dele faziam. De . Uma colher de café de cominhos
facto, a farinha de tremoço . Sal e pimenta q.b.
pode ter múltiplas aplicações . Dois dentes de alho

como pão, biscoitos ou bolos


e até massas, servindo ainda PREPARAÇÃO
para azotar solos e o mundo Trituram-se todos os ingredientes até obter
uma pasta macia e homogénea.
produz toneladas.

122 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
CRÍTICA GASTRONÓMICA CLUBE DE REVISTAS
texto Miguel Pires / fotos Fabrice Demoulin

Um almoço agitado num domingo de verão

COSTA DA CAPARICA
CLUBE DE REVISTAS

Aberto em abril de 2022, na Praia da Cabana dos Pescadores, a 20 meia dúzia de yogis, impávidas e serenas na sua prática, aparentemente
minutos (sem trânsito) de Lisboa, a Casa Reîa apresenta-se como “um imperturbáveis com o calor (que inveja!). Portanto, passada a tormenta
beach club holístico que explora e combina experiências gastronó- inicial, conseguimos facilmente marcar mesa e alugar um guarda-sol e
micas, musicais e sensoriais”. Ao todo, são 600 m2 de área (interior e duas camas.
exterior), que permitem acolher até 340 pessoas e que inclui, além do Pelas 12h30, com o espaço a preencher-se a bom ritmo, dirigimo-nos
espaço de gastronomia/restaurante (com áreas interiores e exteriores), a quem estava a coordenar as reservas que chamou outra funcionária
loja, café, cocktails (no interior e no bar que dá apoio à praia), música, que nos encaminhou a uma mesa no exterior. O procedimento foi rápido
eventos e atividades como yoga. e feito de forma cordial, mas a tensão no rosto de ambas era evidente. E
O projeto ressurgiu de um outro, o Yamba, um bar de praia “holístico” percebia-se a razão. A fila de pessoas que se acumulava à entrada era
que fez sucesso na zona, entre Maio de 2019 e Maio de 2021, altura em cada vez maior e adivinhava-se um certo caos. Ao que entendemos, o
que sucumbiu a um incêndio, cuja origem nunca foi verdadeiramente trânsito multiplicou os atrasos e fez com que muitos clientes chegassem
apurada. Pelas imagens e características do primeiro, a que estavam em simultâneo. Cá fora o calor continuava impiedoso e a zona da nossa
ligados duas das principais caras da Casa Reîa, o francês Sacha mesa, embora protegida do sol, parecia uma estufa. Ainda esbocei um
Gielbaum e a sua companheira franco-inglesa Melody Sanderson, este pedido para nos mudarem para o interior, mas percebi que não ia fazer
lugar recupera o conceito do anterior fazendo um upgrade com mais diferença, pois o aparelho de ar condicionado portátil não conseguia dar
valências, nomeadamente no espaço (com outra estrutura) e uma com- conta do recado. Restava-nos, portanto, não complicar e tentar, dentro
ponente gastronómica mais ambiciosa, a que não é alheia a entrada, da medida do possível, desfrutar do almoço.
como sócio, do macedónio Emil Stefkov, empresário com restaurantes A ementa do Casa Rêia cruza influências mediterrâneas (europeias e
em Nova Iorque e investidor no sector tecnológico. do Médio Oriente), com um toque brasileiro pelo meio, tendo como figura
Foram vários os motivos que me levaram à Costa da Caparica naquele central um forno/grelhador Josper, de onde sai boa parte das propostas.
domingo de finais de Junho: o calor insuportável que fazia em Lisboa, o Os autores da carta são o brasileiro Dário Costa (que, entretanto, se des-
facto de ser difícil manter uma criança de quatro anos em casa com esse ligou do projeto), o israelita Udi Barkan e o compatriota do primeiro, Pedro
tempo, a recomendação médica para que ele fizesse praia e, porque, Lima, que é o chefe executivo.
sendo a Costa conveniente (perto e com algumas boas praias) achei que Nesse dia, havia alguns pratos crus como um tártaro de atum, car-
saindo cedo, mesmo a um domingo, talvez conseguisse escapar ao trân- paccio de carabineiro e sashimi de lírio – descritos de forma mais
sito. Quanto à Casa Reîa, mesmo não pertencendo à tribo “hoolistica”, alargada e interessante –, mas dadas as condições atmosféricas resol-
pareceu-me um lugar onde daria para comprar umas horas de paz em vemos não arriscar. Demos prioridade à criança, que aviou com agrado
frente ao mar (no espaço de praia concessionado) e almoçar decente- um filete de robalo – naturalmente de viveiro – servido com batata frita
mente no restaurante, tudo no mesmo local. Não seria barato, mas na e salada (14€) e ainda se atirou ao pão de fermentação natural deixan-
véspera, à falta de grandes alternativas, pareceu uma ideia razoável. do-nos as côdeas que mergulhámos na boa manteiga de laranja com
Bom, pelo menos em teoria, porque houve uns milhares de pessoas cogumelos e no azeite com harissa e zaatar, que acompanhava – um
que tiveram uma ideia parecida. Poupo-vos a todos os detalhes, mas bom couvert, mas inexplicavelmente caro (10€).
deixo o aviso: se pretenderam mesmo ir num domingo saiam de Lisboa Agradáveis, os três pratos à base de vegetais que pedimos: salada de
(se for o caso) às 7h30 e não às 9h30, assim talvez evitem uma hora e kale, abóbora, “queijo” de caju maturado, vinagrete de mostarda com
meia por um percurso que se faz em vinte minutos. Isto para não falar mel de cana e cogumelos; courgette grelhada, feijão branco, granola de
que, ao madrugarem, pode ser que escapem de ter de estacionar num especiarias e pickles de jalapeño; e baba ganoush de beringelas assadas
lugar longínquo, sujeito a reboque, à beira da estrada, em virtude de o no forno a lenha, pistáchios, hortelã e malagueta. Cada um, à sua maneira,
parque estar cheio. cumpriu bem os preceitos que desejo de um prato (vegetariano ou não):
Valha-nos que, mesmo numa tribo, os hábitos não são iguais e os sabor, boas conjugações e uma certa personalidade (mesmo quando a
madrugadores adeptos do Casa Reîa eram poucos nesse domingo: base é mais óbvia).

@revistadevinhos agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 125


CRÍTICA GASTRONÓMICACLUBE DE REVISTAS

O polvo grelhado com molho aioli demorou a chegar. cerveja e cocktails nas mesas do que vinhos. O calor pode
No prato, vinham quatro tentáculos de um espécime ajudar a explicar o porquê, mas certamente que o preço
de porte pequeno, bem cozinhados (ligeiramente resis- dos vinhos é capaz de ter a sua quota parte na razão, uma
tentes ao dente, como prefiro) e aprazíveis no palato, com vez que não há uma única garrafa abaixo de 40€. É de
um toque de fumo próprio da cocção no Josper. À parte, lamentar, porque a carta até tem critério, com uma boa
como acompanhamento, pedimos os vegetais do dia seleção de vinhos de pequenos e médios produtores
assados na brasa, em que se destacavam dois tomates portugueses e estrangeiros – acompanhámos a refeição
num molho, quase um puré, também de tomate assado. a copo, com dois vinhos adequados à comida e ao lugar:
Não foi consensual, mas pactuou com o molusco. Cortinha Velha Alvarinho Reserva 2021, de Monção e
Pedro Lima De sobremesa, entre as três disponíveis, a escolha Melgaço e com o Ameixâmbar Colheita Seleccionada
recaiu na “torta” (termo brasileiro para tarte) de requeijão 2020, um branco açoriano da Adega do Vulcão. Contudo,
com coulis de frutos vermelhos. Com um ligeiro toque é difícil abstrairmo-nos dos preços elevados, sobretudo
chamuscado no topo, a revelar a passagem no forno porque a qualidade do serviço não o justifica. Os copos
a lenha, a tarte tinha uma boa textura (como um bolo eram banais, o aconselhamento com conhecimento de
húmido) e doçura equilibrada. Já o coulis, embora agra- causa não existiu e as temperaturas dos vinhos e dos
dável, vinha um pouco desligado (se a ideia é mesmo copos foram difíceis de controlar. Chegou-se ao ponto
assim, mais valia chamarem-lhe molho rústico, ou algo do do empregado sugerir uma pedra de gelo, quando me
género). queixei que o copo estava quente – mas vou dar o bene-

classificação Claro, nesse dia, com a quantidade de gente para


servir, faltou afinação: sal a mais aqui, demasiado picante
fício da dúvida, pode ser que a sugestão fosse para arre-
fecer o copo vazio e não o vinho, embora tivesse sido
ali e umas folhas de salada por temperar em três dos dada quando já estava a servi-lo. Por fim, com a conta,
pratos (quando só tinha sido pedido para vir assim no da a cereja no topo do bolo: com é cada vez mais hábito em

15,5 criança). Por si só, não disto seria grave, mas o descuido
tornou-se notório quando acumulado com outras falhas,
muitos restaurantes – sobretudo da área de Lisboa – a
gorjeta vem acrescida na conta, com a referência, escrita
essas sim, menos toleráveis, tendo em atenção “a exce- ou oral, de que é facultativa. O assunto é polémico e há
Cozinha lência” que querem vender e os preços (altos) que pra- muitos clientes portugueses que ficam indignados. Não
ticam. Por exemplo, foi evidente a descoordenação entre é o meu caso. Quando não concordo, peço para retirar e,
a cozinha e a sala com os três primeiros pratos a virem se se justificar, dou o valor que entendo à parte. Só que,

13 ao mesmo tempo, enquanto o polvo demorou uma eterni-


dade. Por outro lado, ainda que parecesse não haver falta
no caso, a menção dos 10% de “serviço incluído”, ainda
que bem visível, não vinha referida como opcional nem
de pessoal de sala – que de modo geral foram simpáticos foi mencionada pelo empregado, o que me pareceu um
Sala - foi notória a diferença de experiência e de conheci- abuso. Todavia, quando pedimos para retirar, o mesmo foi
mento entre eles, nas explicações, quando se tentava feito sem qualquer problema.
tirar alguma dúvida, ou na forma como se movimentavam, É provável que a experiência durante um dia mais
15 como se houvesse sempre um fogo para apagar. Depois,
há ainda a questão da terminologia da ementa em por-
calmo, de semana, ou fora da época alta, seja melhor e
disfarce o tipo de serviço mais de acordo com o de um
tuguês. Utilizar termos como “torta” em vez de tarte, ou bar, como pouca especialização, do que o de um restau-
Vinhos “salsa” em vez de molho devia ser corrigido, dado que rante de um clube de praia que pretende distinguir-se
ambos os termos possuem um significado diferente em dos demais.
Preço médio com vinho: Portugal (tal como chamar desnecessariamente “gam-
60/70€ (por pessoa). bero rosso”, ao carabineiro). CASA REÎA
Pagou-se pela refeição Em relação às bebidas, diria que se estivéssemos num PRAIA DA CABANA DO PESCADOR 2825-491, COSTA DA CAPARICA
descrita para duas pessoas lugar similar, no Sul de França, nove em dez mesas estaria T. 937 346 841
(com água e café): 145€ + 14€ a beber um daqueles rosés clarinhos da Provence, cujo RESERVAS APENAS ATRAVÉS DO SITE WWW.CASAREIA.COM/RESERVATIONS
estilo (para o bem e para o mal) foi adoptado um pouco HORÁRIO: SEGUNDA A QUARTA: 13H ÀS 18H; QUINTA DAS 13H ÀS 20:00;
pelo menu infantil.
por todo o mundo. Porém, no Casa Reîa, vi mais água, SEXTA/SÁBADO/DOMINGO, DAS 13H00 ÀS 22H00.

126 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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P R O VA V E R T I C A L P O R T O V I N T A G E 2 0 0 9 - 2 0 2 1

texto Luis Costa / notas de prova Luís Costa e Nuno Guedes Vaz Pires / fotos Arquivo e D.R.

Burmester e Kopke
Single Quinta
Três décadas de Porto Vintage

O lançamento dos Porto


Vintage “single quinta”
da Sogevinus, ambos de
2021, foi o pretexto para a
realização de uma prova
vertical intitulada “Três
décadas de Porto Vintage”
Quinta do Arnozelo e
Quinta de São Luiz.

128 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS

Carlos Alves

A Sogevinus acaba de lançar os seus mais romana assinala a sua antiguidade. A primeira
recentes Porto Vintage Single Quinta da referência escrita sobre esta quinta data de
Burmester e da Kopke, do ano vitícola de 1527 e a capela dedicada a Nossa Senhora da
A Sogevinus acaba de
2021, respetivamente da Quinta de Arnozelo Ribeira, construída no século XVI e recons-
lançar os seus mais e da Quinta de São Luiz. Este lançamento foi truída no século XVIII, reafirma a importância
o pretexto para a realização de uma prova ver- desta propriedade.
recentes Porto Vintage
tical em que se provaram os Vintage de ambas Quanto à belíssima e conhecida Quinta de
Single Quinta da as quintas desde 2009 (prova intitulada S. Luiz, localizada no coração do Cima Corgo,
“Três décadas de Porto Vintage” Quinta do bem próxima do Pinhão, é uma referência do
Burmester e da Kopke,
Arnozelo e Quinta de São Luiz), quase todos Douro. Epicentro da Sogevinus na região, a
do ano vitícola de 2021, da responsabilidade do enólogo de Vinhos do sua adega está equipada com a mais moderna
respetivamente da Porto da Sogevinus, Carlos Alves – à exceção tecnologia de vinificação, tendo como base a
do Kopke Quinta de São Luiz Vintage 2009, produção integrada e sustentável. A inovação
Quinta de Arnozelo e da ainda da autoria de Pedro Sá. aliada ao modo tradicional tem permitido evo-
Quinta de São Luiz. Este Refira-se que a Quinta do Arnozelo, berço luir e manter a personalidade destas terras,
dos Porto Vintage Burmester, localiza-se entre que ao longo dos anos têm conhecido várias
lançamento foi o pretexto São João da Pesqueira e Vila Nova de Foz Côa, modificações. Com efeito, a construção da
para a realização de uma mesmo no coração do Douro Superior, na Barragem de Bagaúste e a consequente subida
margem esquerda do rio. Com uma área total do nível das águas fez com que parte da área
prova vertical em que se de 200ha, dos quais 100 ha de vinhas classi- original da Quinta de S. Luiz ficasse submersa.
provaram os Vintage de ficadas com letra “A”, a Quinta do Arnozelo – A solução passou pela aquisição de proprie-
com vinhas em declive que bordejam o Douro dades contíguas, como a Quinta da Mesquita
ambas as quintas desde e beneficiam de um microclima favorável à (1972), Quinta da Lobata (1974), Quinta da
2009. viticultura – conserva ainda espaço para oli- Alegria (1982) e Quinta da Galeira (1987). A
veiras, laranjeiras e uma extensa zona de flo- quinta contabiliza hoje 125ha, 90 dos quais
resta. Pelo Arnozelo já passaram vários povos plantados com vinha.
e culturas e um moinho de azeite da época

@revistadevinhos agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 129


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P R O VA V E R T I C A L P O R T O V I N T A G E 2 0 0 9 - 2 0 2 1

BURMESTER
QUINTA DE ARNOZELO

90 94 94
Burmester Quinta de Burmester Quinta de Burmester Quinta de
Arnozelo Vintage 2009 Arnozelo Vintage 2015 Arnozelo Vintage 2021
Vinho do Porto / Vintage/ Vinho do Porto / Vintage/ Vinho do Porto / Vintage/
Sogevinus Fine Wines Sogevinus Fine Wines Sogevinus Fine Wines
Rubi denso, rebordo violáceo. Rubi violáceo. Com a fruta em primeiro Rubi intenso e profundo. Perfil muito
Especiaria vermelha e nota de pimenta plano, fresca, envolvente e bem aromático, com imensa fruta em
preta a envolver apontamentos de definida, surgem depois as notas primeiro plano, apontamento de
ameixa madura, amora, chocolate e balsâmicas, de bosque, arbustivas e esteva e notas de caruma, casca de
grãos de café. Tanino suave, acidez especiadas (alcaçuz, pimenta preta) pinheiro, raspas de chocolate, mentol
e doçura bem calibradas, final em perfeita harmonia. Na boca é e eucalipto. Na boca é sedoso e
persistente. acetinado, com excelente acidez e envolvente. Um Vintage sedutor.
tanino de fino recorte. Belíssimo.
Consumo: 2023-2045 Consumo: 2023-2060
Consumo: 2023-2050
65,00€ / 16ºC 55,00€ / 16ºC
65,00€ / 16ºC


92
Burmester Quinta de
93
Arnozelo Vintage 2012 Burmester Quinta de
Vinho do Porto / Vintage/
Arnozelo Vintage 2019
Sogevinus Fine Wines Vinho do Porto / Vintage/
Rubi muito vivo e brilhante. Frescura Sogevinus Fine Wines
aromática floral e mentolada a Rubi, rebordo púrpura. Imensa fruta
envolver notas de fruta preta e madura no nariz (ameixa vermelha,
especiaria. Na boca é muito elegante, a amora, cereja preta e cassis),
exprimir grande equilíbrio, com tanino apontamento de chocolate e flores
de fino recorte e acidez vincada. Final azuis. Na boca é pura sedução,
amplo e persistente. saboroso e persistente. Um “Vintage”
Consumo: 2023-2050 sem arestas, com tanino fino e
65,00€ / 16ºC delicado.
Consumo: 2023-2055
60,00€ / 16ºC

130 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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@revistadevinhos agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 131


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P R O VA V E R T I C A L P O R T O V I N T A G E 2 0 0 9 - 2 0 2 1

KOPKE
QUINTA DE SÃO LUIZ

91 93 93
Kopke Quinta de São Luiz Kopke Quinta de São Luiz Kopke Quinta de São Luiz
Vintage 2009 Vintage 2015 Vintage 2021
Vinho do Porto / Vintage/ Vinho do Porto / Vintage/ Vinho do Porto / Vintage/
Sogevinus Fine Wines Sogevinus Fine Wines Sogevinus Fine Wines
Rubi ainda muito vivo e opaco. Notas Rubi impenetrável. Grande Rubi brilhante e impenetrável.
de amora, cereja madura, groselha complexidade aromática com Aromas de cedro e sândalo a
preta, cacau e apontamento de destaque para as notas de fruta envolver notas de fruta preta e
madeira com algum exotismo. Na preta, cacau e alcaçuz. Na boca é alcaçuz. Na boca é concentrado,
boca mostra tanino seco e firme, opulento, com taninos hercúleos, opulento, ainda muito jovem, com
frescura de bergamota, acidez firme e bela acidez e final (muito) persistente, excelente balanço entre doçura
final especialmente longo e profundo. longo, amplo e profundo. e acidez. Para guardar (e evoluir)
durante décadas.
Consumo: 2023-2050 Consumo: 2023-2050
Consumo: 2023-2065
75,00€ / 16ºC 65,00€ / 16ºC
60,00€ / 16ºC
— —

93 91
Kopke Quinta de São Luiz Kopke Quinta de São Luiz
Vintage 2012 Vintage 2019
Vinho do Porto / Vintage/ Vinho do Porto / Vintage/
Sogevinus Fine Wines Sogevinus Fine Wines
Rubi denso. Aromas frutados Rubi violáceo. Nariz algo fechado,
complexos, com apontamentos com notas de pinhal e especiaria
frescos de fruta silvestre mesclados vermelha a envolver aromas de
com notas compotadas. Nota fruta preta e chocolate. Na boca
amadeirada de sândalo e especiarias. mostra potência, concentração,
Na boca exprime caráter e potencial alguma rusticidade, tanino seco,
de envelhecimento, com taninos acidez irrepreensível – e uma notória
musculados, secos e firmes. capacidade de envelhecimento.
Consumo: 2023-2050 Consumo: 2023-2060
73,00€ / 16ºC 50,00€ / 16ºC

132 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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NOVIDADES CLUBE DE REVISTAS
texto e notas de prova Manuel Moreira / fotos D.R.

Alexandre Botelho

Porto Dos Santos é a mais recente empresa de Vinho do Porto, fruto


da iniciativa de Alexandre Botelho, que decidiu reavivar a marca fami-
liar Dos Santos, carregada de uma rica história desde os primórdios do
século XIX. O tetravô de Alexandre, Joaquim Ferreira Pinto, primeiro
cônsul do Brasil no Porto, aproveitou os seus contatos comerciais para
abastecer o mercado brasileiro, transformando a firma Dos Santos
numa das maiores e empresas de Vinho do Porto. A marca "Dona
Othilia" liderava o mercado brasileiro com sucesso.
No entanto, a gestão ineficiente e o estilo de vida excêntrico de um
Porto Dos Santos membro da família levaram a empresa a ser vendida, juntamente com
os stocks, por volta de 1920, a outra empresa do Porto. Em 2022,
Alexandre Botelho recuperou a marca familiar e tirou partido da sua

Reviver experiência e contactos de 10 anos de negócios numa outra empresa. A


sólida rede de clientes e fornecedores estabelecidos, essencial, ajudou
e muito ao lançamento do Porto Dos Santos.

história no Ao criar a marca, Alexandre inspirou-se nos rótulos originais da


belle-époque e na simbologia do Douro, os chamados “rótulos à por-
tuguesa”. Além disso, quis explorar os sentidos do pecado, da tentação

Vinho do e da virtude, elementos que o excêntrico tio Armando, um membro da


família, não conseguiu alcançar. A marca baseia a comunicação nas
dicotomias da vida, transmitindo a mensagem de que é necessário tra-

Porto balhar e dar o melhor, mas também aproveitar a vida e ceder às tenta-
ções de vez em quando. Essa abordagem é refletida nos rótulos, em que
cada família de vinhos apresenta uma tentação específica: Ostentação
nos brancos, a Gula nos Tawnies e Prazeres Carnais nos Ruby. A forma
das garrafas também é diferente, procurando fugir da imagem este-
reotipada e adotar uma linguagem mais próxima do mundo dos des-
tilados. Dessa forma, o objetivo é aproximar o Vinho do Porto Dos
91 Santos do novo consumidor, usando uma linguagem com a qual estes
possam identificar-se, mas mantendo as tradições enraizadas.
Dos Santos Porto Tawny 20 anos A empresa não possui quintas ou propriedades próprias, nem
Vinho do Porto / Fortificado / Companhia de Vinho do armazém (embora tenha planos para resolver essa questão em breve).
Porto dos Santos O Porto Dos Santos adquire vinhos novos ou envelhecidos, de acordo
A finura aromática é notável. Muito bem nas notas de farripa com o estilo desejado, ou compra uvas e produz o próprio vinho. Ou
de laranja, tostados, tabaco, chocolate de leite e café. Alexandre faz encomendas de vinhos novos com especificações per-
Destaca-se pela frescura e vivacidade sem perder a nobreza sonalizadas. Atualmente, a empresa possui um stock de 110 mil litros
desta tipologia. O final é longo, afinado e simplesmente
de vinho, que envelhecem em antigas vasilhas de castanho português.
irresistível.
Esse stock é o alicerce da empresa e a base para os vinhos futuros,
Consumo: 2023-2035
garantindo o estilo concebido por Alexandre.
55,00€ / 14ºC
Alexandre busca vinhos com teor alcoólico em torno de 19%, boa

acidez, frescor e um perfil no limite entre seco e meio seco para os
brancos, e meio seco para os Ruby. A “receita” base do Porto Dos
89 Santos envolve uma mistura de sete vinhos provenientes de diferentes
Dos Santos Porto Branco 10 anos zonas da região, especialmente Baixo Corgo e Cima Corgo, além de
Vinho do Porto / Fortificado / Companhia de Vinho do Porto diferentes métodos de envelhecimento.
dos Santos Alexandre conta com o apoio de Jaime Costa, um renomado enó-
Âmbar. Cativa pela riqueza dos frutos secos, compota de logo do Vinho do Porto, com quem trabalha há 12 anos. Na execução
laranja, gengibre e tâmara, seguido por leve toque de ranço. da receita de Alexandre, é Jaime quem define o blend, enquanto
Boca untuosa, aliciante na relação entre doçura e acidez, Alexandre se encarrega de encontrar os vinhos e ambos realizam a
com silhueta de secura. Aparenta mais idade. O que o mistura final. A linha de produtos do Porto Dos Santos é composta por
favorece.
sete vinhos, incluindo o Branco Reserva, o Branco 10 anos, um belís-
Consumo: 2023-2030 simo Ruby Reserve, e, na família dos Tawnies, o Reserve, um 10 anos
30,00€ / 14ºC e um 20 anos. Além desses, há também o LBV da colheita de 2018.

134 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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NOVIDADES CLUBE DE REVISTAS
texto e notas de prova Manuel Moreira / fotos D.R.
Paulo Laureano

Ourada, uma pitoresca localidade na sub-região


de Borba, em Alentejo, foi palco de um encontro que
mudaria para sempre a vida do casal suíço Erika e
Thomas Meier. Apresentada por um amigo suíço,
que também produz vinho na região, a Herdade da
Cardeira gerou amor à primeira vista. Em 2010, o
casal adquiria a propriedade e desde então passaram
a dividir a vida e futuro entre a Suíça e Portugal.
Apesar de não terem qualquer ligação prévia com
a área dos vinhos, os Meier tinham em mente uma
clara visão do que queriam fazer: criar vinhos que
eles próprios gostariam de beber, refletindo os seus
valores e expressando o terroir único de Ourada.
Essa paixão pela produção vinícola está intimamente
ligada à outra grande paixão do casal: a música.
A propriedade tem 100 hectares, dos quais 21 de
vinha plantada originalmente em 2003, com acrés-
Herdade da Cardeira cimos em 2015 a que se soma, recentemente, mais
um talhão. Vinhedos instalados em solos compostos
por depósitos de mármore, xisto vermelho e man-

Uma história
chas de argila calcária, em uma altitude média de
450 metros, desempenham um papel fundamental
no equilíbrio das uvas e na qualidade dos vinhos

de amor à
produzidos.
As castas plantadas abrangem uma ampla gama de
variedades, incluindo as clássicas alentejanas, bem

primeira vista
como outras de origem portuguesa e internacional.
Parte dos vinhedos é cultivada em método biológico,
demonstrando o compromisso dos Meier com prá-
ticas sustentáveis.
Nesta sua aventura, Erika e Thomas têm a seu
lado Filipe Ladeiras, o enólogo responsável pela
90 90 88 adega e campo, e contam com o apoio experiente do
Cardeira Reserva Cardeira Touriga Cardeira Talha tinto enólogo Paulo Laureano. Atualmente, a produção
2018 Franca 2020 2021 anual da Herdade da Cardeira varia entre 60.000
e 70.000 garrafas, sendo que cerca de 80% é desti-
Alentejo / Tinto / Regional Alentejano Alentejo / Tinto /
nado à exportação, com a Suíça em destaque. Apesar
Herdade da Cardeira / Tinto / Herdade da Herdade da Cardeira
do sucesso internacional, a aposta passa por criar
Unipessoal Cardeira Unipessoal Unipessoal
mais notoriedade no mercado nacional. Os vinhos
Nariz de boa concentração, No nariz, boa profundidade, O aroma revela a carácter
tintos representam cerca de 80% da produção, mas
profundo, fruta boa, ginja, ameixa negra e floral, do processo. Traz à tona
a oferta global conta com brancos, rosé, espumante,
contorno de especiarias, envoltos em delicadas a deliciosa fruta envolta
tabaco e tostados finos. notas de barrica e por ervas secas, funcho, vinhos de talha, azeite, obtido com azeitona de olival
Paladar é bem estruturado, chocolate. Belo volume de chocolate e licor de ginja. tradicional e até whisky, feito em colaboração com a
corpo médio a elevado, boca, taninos suculentos Na boca é envolvente, mais antiga destilaria da Suíça.
taninos voluptuosos, e amplos, que apesar dominada pelo frutado, Além de ser um espaço dedicado à produção de
apesar do estilo seco. de vigorosos, possuem taninos de sensação vinhos, a Herdade da Cardeira é um local onde vivem
Madeira integrada a afinação distintiva. Pronto sedosa e acidez a boa parte do ano e que acolhe e recebe com carinho
favorecer complexidade na a beber, mas apto a guarda. equilibrar tudo. Valoroso os clientes, amigos e família. Para esse fim ergueram
persistência. Consumo: 2023-2035 à mesa. várias unidades de alojamento, que oferecem tran-
Consumo: 2023-2030 55,09€ / 16°C Consumo: 2023-2028 quilidade e uma atmosfera acolhedora, combinando
31,78€ / 16°C 24,72€ / 16°C elementos tradicionais com o conforto moderno.

136 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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As enzimas DSM trazem-nos a tranquilidade de espirito


Enzimas Rapidase são produzidas pela DSM um dos poucos líderes mundiais em

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NOVIDADES CLUBE DE REVISTAS
texto e notas de prova Manuel Moreira / fotos D.R.

Fernando Tavares, António Ventura, Rita Tavares e Rafael Neuparth

Mamoré de Borba

91 90
O passado da Mamoré da Talha
Moreto 2021
Mamoré da Talha
2021

talha apontado Alentejo / Tinto / Sovibor


Rubi aberto. Aroma elegante,
frutado e leve compota, uma
Alentejo / Tinto / Sovibor
Rubi aberto. Elegância desde
o primeiro momento. Frutas

ao futuro identidade própria que nos vermelhas envoltas em balsâmicos


conduz por genuinidade e toques de ervas secas. Solidez e
cativante. Macio de sensação sabor rico, sente-se ligeiro, taninos
suculenta. Acidez e taninos integrados e acessíveis com leve
finos, o final é prolongado, com o presença de amargor. Persistente
A defesa acérrima da tradição do Vinho de Talha alentejano e o e potencial para evoluir.
charme das coisas autênticas que
teste à capacidade de envelhecimento foram o mote do produtor lhe assenta bem. Consumo: 2023-2030
alentejano Sovibor para uma prova alargada da gama de topo, o 23,50€ / 16°C
Consumo: 2023-2028
Mamoré da Talha. —
30,00€ / 16°C
Recuperada a cave que reúne 85 talhas de diversas idades, o

“laboratório”, nas palavras de António Ventura, que lidera a equipa 88
de enologia, em que cada recipiente faz o seu vinho, irrepetível,
motivando, por isso mesmo, várias experiências procurando tirar
90 Mamoré da Talha
partido de um “universo” de possibilidades ainda por descobrir. Mamoré da Talha Aguardente Bagaceira
Apesar deste lado experimentalista, a tradição é quem mais 2021 Alentejo / Aguardente /
manda. E aí, não abdicam de pesgar a talha somente “com pez louro, Alentejo / Branco / Sovibor Sovibor
cera de abelha e azeite”, que permite alguma transferência de oxi- Amarelo-dourado, exemplar Aparência cristalina. Evidencia
génio para o vinho, o que não acontece num “depósito completa- no nariz cativante que mistura pureza na fragrância frutada
mente estanque, perdendo-se grande parte da tipicidade dos vinhos citrino seco, mel, resinas, tâmara e e herbal refinada. No paladar,
de talha”, pelo que é perfeitamente natural a coerência de serem marmelo em ambiente de frescura destaca-se a delicadeza e a
“contra a utilização de epoxy na impermeabilização”. e vivacidade. Corpo moderado, textura macia, untuosa. Os
porém, firme e bem estruturado, sabores são puros e nítidos, álcool
A reforçar a abordagem do Vinho da Talha como manda o figu-
deliciosa adstringência e frescura que nunca queima, refletindo
rino, usam exclusivamente uvas de castas tradicionais alentejanas,
ácida. Forte pendor gastronómico. o cuidado dedicado à sua
de vinhas velhas de sequeiro, das castas Antão Vaz, Rabo de Ovelha elaboração.
Consumo: 2023-2030
e Tamarez nas brancas e as tintas Trincadeira, Moreto, Carignan e
23,50€ / 11°C Consumo: 2023-2023
Castelão, sobretudo da zona de Orada, Borba.
60,00€ / 14°C

138 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
NOVIDADES CLUBE DE REVISTAS
texto e notas de prova Manuel Moreira / fotos D.R.

A casta Padeiro,
anteriormente conhecida
como Padeiro de Basto,
exibe neste vinho uma
vertente mais vegetal e
de frescura, preservando
taninos que conferem
deliciosa estrutura ao vinho.

Quinta de Monforte

Reinventa castas 90
tradicionais Quinta de Monforte Azal 2021
Vinho Verde / Branco / Quinta de Monforte
No nariz, há uma sensação vibrante, mas sofisticada
nas notas a maçã, limoncello e nuances herbáceas.
A barrica é percetível na textura cremosa e
A Quinta de Monforte, propriedade histórica de Penafiel, inserida no Vale do suculenta na boca, a compensar a ativa acidez.
Sousa, região dos Vinhos Verdes, lançou dois vinhos das variedades Padeiro e Persistente, capaz de crescer ao longo do tempo.
Azal, dando novo fôlego a estas castas autóctones ainda entregues a um certo Boa estreia!
anonimato. Consumo: 2023-2030
“Este é um momento especial para a Quinta de Monforte. Estamos a lançar 26,00€ / 11°C
dois vinhos muito diferentes, produzidos e fermentados em barricas de carvalho —
francês, de duas variedades pouco trabalhadas na região. Com este atrevimento,
quisemos dar um lado nobre e sério a estas variedades. Pensamos tê-lo conseguido.
Os novos Quinta de Monforte Azal e Padeiro são vinhos únicos e que saem com-
88
pletamente fora da caixa”, diz Francisco Gonçalves, o enólogo.
Quinta de Monforte Padeiro 2021
A casta Padeiro, anteriormente conhecida como Padeiro de Basto, normalmente Vinho Verde / Tinto / Quinta de Monforte
de tonalidades rosado claro e com aromas frutados, por vezes rebuçado, exibe Tom acobreado. No nariz há uma curiosa junção
neste vinho Quinta de Monforte Padeira 2021 uma vertente mais vegetal e de fres- de notas frescas com toques de marmelada de
cura, preservando taninos que conferem deliciosa estrutura ao vinho. laranja e goiabada. No paladar, destaca-se pelo
corpo moderado e suavidade, ainda com uma leve
Já a casta Azal, conhecida pela sua elevada acidez, beneficia com a exposição em
influência da barrica. Apesar disso, é competente e
encosta ensolarada na Quinta de Monforte. Este fator permite que as uvas tenham
versátil à mesa.
uma maturação mais longa do que é comum na região, resultando num equilíbrio
Consumo: 2023-2028
irrepreensível entre acidez fresca e boa estrutura.
29,00€ / 16°C

140 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
CLUBE DE REVISTAS
PONTUAÇÕES
Regras de avaliação Todos os vinhos que obtiverem uma pontuação igual ou

e classificação inferior a 74 valores serão submetidos a nova prova (de pelo


menos um membro do painel). Caso a pontuação resultante
desta segunda prova seja inferior a 74 valores, tal facto é
da Revista de Vinhos comunicado ao produtor e a nota respetiva não é publicada
na revista.

As notas e pontuações atribuídas são registadas imediata-


A Revista de Vinhos segue, desde a edição 400, o modelo de prova e clas- mente na base de dados da Revista de Vinhos, antes de serem
sificação de vinhos da chamada escala OIV - Organização Internacional da reveladas aos membros do painel. Após a identificação dos
Vinha e do Vinho -, ou seja, de 0 a 100 pontos. vinhos são permitidos comentários adicionais a uma nota
de prova, por exemplo sobre a relação qualidade/preço, mas
Sabemos que o mundo do vinho está em constante evolução. É, por isso, nunca alterando a pontuação previamente atribuída.
tendo em mente a necessidade de acompanhar as grandes tendências
internacionais e até as necessidades dos produtores, que a Revista de
Vinhos adota esta escala, ao mesmo tempo que uniformiza o modelo de PROVA DE VINHOS
avaliação com a revista brasileira Gula que, desde a inclusão na esfera
do grupo Essência, utiliza esta escala. Também a parceria ibérica com o As provas são efetuadas no respeito pelas condições necessá-
grupo Peñin, responsável pela edição do celebérrimo guia com o mesmo rias para o efeito, nomeadamente no que se refere à tempe-
nome, impõe a colaboração em provas e eventos no mundo ibero-ameri- ratura da sala, humidade, iluminação e ausência de cheiros.
cano num modelo semelhante. Em todas as provas, as garrafas são cobertas e a cada vinho
é atribuída uma referência, que constará da base de dados
da Revista de Vinhos. O painel da Revista de Vinhos - A
Essência do Vinho adota a ficha de provas e respetivos parâ-
metros de avaliação OIV - Organização Internacional da
Vinha e do Vinho.

PROVAS REGULARES

O painel prova todos os meses dezenas de amostras de


vinhos, com incidência nas novidades lançadas no mercado,
procedendo individualmente à respetiva avaliação. A nota de
95-100 90-94 85-89 prova correspondente a cada vinho, embora reflita a opinião
da revista, é identificada através das iniciais do respetivo pro-
vador. Nuno Guedes Vaz Pires, diretor da Revista de Vinhos,
exerce o voto de qualidade na tomada de decisões.
EXCELENTE SUPERIOR MUITO BOM
vinho monumental, vinho de caráter e vinho acima
de características estilo superiores da média, com PROVAS TEMÁTICAS
singulares complexidade
Nestas provas, todos os membros do painel provam os
mesmos vinhos de acordo com um tema pré-definido. A nota
de prova de cada vinho resulta de uma média aritmética das
classificações atribuídas.

COPOS
80-84 75-79 50-74 Nas provas da Revista de Vinhos, são utilizados os copos
Riedel Wine Cabernet / Merlot.

De todos os vinhos provados e selecionados para publicação,


BOM MEDIANO NÃO o coordenador do painel escolhe mensalmente um conjunto
vinho bem vinho correto, sem RECOMENDADO de vinhos de acordo com os seguintes parâmetros:
elaborado pretensões
Altamente Recomendados
Vinhos mais surpreendentes, classificados com mais de 90
pontos.

Boas Compras
Vinhos de melhor relação qualidade/preço, vinhos classifi-
cados a partir de 80 pontos.

Os preços indicados nas notas de prova (PVP) são os preços


de venda recomendados pelo produtor em Portugal.
CLUBE DE REVISTAS
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Conheça os vinhos provados pelos nossos especialistas.


Pode também encontrá-los online em vinha.pt

painel de provadores
da revista de vinhos

Nuno Guedes Vaz Pires Alexandre Lalas António Lopes Bento Amaral
DIRETOR REVISTA DE VINHOS JORNALISTA E CRÍTICO SOMMELIER ENÓLOGO
DE VINHOS E WINE EDUCATOR E WINE EDUCATOR

Célia Lourenço Guilherme Corrêa Igor Beron José João Santos


REDATORA E CRÍTICA SOMMELIER DIP.WSET SOMMELIER DIP.WSET JORNALISTA E CRÍTICO
DE VINHOS DE VINHOS

Luís Costa Manuel Moreira Marc Barros


CRÍTICO DE VINHOS SOMMELIER EDITOR REVISTA DE VINHOS
E WINE EDUCATOR

Nuno Bico Rodolfo Tristão Sara Matos


PROVADOR SOMMELIER WINE EDUCATOR
E WINE EDUCATOR

@revistadevinhos agosto 2023 · 405 / Revista de Vinhos · 143


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G U I A R E V I S TA D E V I N H O S

ALENTEJO
90 88
90 Vinha de Saturno Guarda Rios Signature
Touriga Nacional & 2022
Aldeias de Juromenha
Syrah 2019 Regional Alentejano / Tinto /
Petit Verdot Reserva
Regional Alentejano / Tinto / Sociedade Agrícola D. Diniz -
2020 Monte da Ravasqueira
Herdade Monte da Cal
Regional Alentejano / Tinto / Cativa pela cor, aromas
Cor vermelha, aromas
Adega Herdade das Aldeias de
frutados, frutos vermelhos, frutados, frutos vermelhos
Juromenha
ameixa, amora. Especiado. presentes. Tosta de madeira.
Rubi brilhante. Aromas de fruta
Madeira evidente. Sabor Notas ligeiras especiadas. No
silvestre, bagas pretas, nuances
seco, acidez suave, taninos palato é seco, taninos secos,
de manjericão, hortelã. Madeira
presentes, volumosos, frutado ligeiros, fácil de degustar. Ideal
discreta e elegante, que se faz
e especiado. Encorpado com para jantares entre amigos! RT
sentir mais na prova de boca,
final persistente. Precisa de Consumo: 2023-2030
pelo tanino já bem polido e na
tempo. Escolha acertada para 17,00€ / 16ºC
sensação de especiaria picante.
comidas de tacho. RT Consumo:
MB Consumo: 2023-2033
2023-2033
12,00€ / 16ºC
25,00€ / 16ºC 88
Guarda Rios Signature
90 89 Syrah 2022
Regional Alentejano / Tinto /
Herdade do Sobroso
Família Margaça Touriga Sociedade Agrícola D. Diniz -
Rosé Cellar Selection Monte da Ravasqueira
Nacional Talhão 01 2020
Syrah 2022
Regional Alentejano / Tinto / Cor vermelha, notas de fruta
Alentejo / Rosé / Herdade do vermelha, toque especiado,
Sociedade Agrícola de Pias
Sobroso
Rubi. Aromas de ameixa correto. Sabor seco, taninos
Casca de cebola. Framboesa, secos mas corretos, frutado,
madura, amora, cássis,
cereja, romã e groselha nos bom corpo e final equilibrado.
alcaçuz, chocolate negro e
aromas. Na boca mostra Ideal para a mesa. Gosta de
apontamento de pimentão
compromisso bem conseguido petiscos. RT Consumo: 2023-
vermelho. Na boca é sedoso e
entre volume, untuosidade, 2030 / 17,00€ / 16ºC
envolvente, amplo e untuoso,
notas cítricas e acidez
com tanino domado e acidez
expressiva. Um belo rosé. NGVP
média a reforçar o perfil. LC
Consumo: 2023-2025
15,95€ / 11ºC
Consumo: 2023-2028 87
27,95€ / 16ºC
Dom Gabriel Reserva
2021
90 89 Regional Alentejano / Tinto /
Menir BR Sociedade Agrícola
Herdade dos Grous Aroma penetrante, cheio
Guarda Rios Signature
23 Barricas Touriga de fruta preta, balsâmico
2022
Nacional & Syrah 2021 de eucalipto, floral, madeira
Regional Alentejano / Branco
Regional Alentejano / Tinto / ainda algo imprecisa. Boca
/ Sociedade Agrícola D. Diniz -
Monte do Trevo de bom porte, generosa de
Monte da Ravasqueira
Rubi profundo, violáceo. Aroma sabor, além de certa secura e
Aroma frutado, frutos de árvore,
de boa intensidade, complexo. adstringência, sem prejuízo.
floral presente, com toque
Fruta vermelha madura, cereja, Final de boa extensão. E ainda
herbal que lhe confere frescura.
groselha. Bagas pretas, alcaçuz, com coisas por integrar. MM
Sabor seco, acidez suave,
tostados em nota elegante. Consumo: 2023-2028
frutado, bom corpo, volumoso.
Pimenta. Seco, corpo médio, 5,50€ / 16ºC
Final apetecível. Ideal para a
acidez viva a suportar o tanino
mesa. RT Consumo: 2023-2029
ainda em definição. Final
17,00€ / 11ºC
longo, seco, com rasto de fruta
compotada. MB Consumo: 87
2023-2030 Guarda Rios Gold Edition
24,99€ / 16ºC 2022
Regional Alentejano / Tinto /
Sociedade Agrícola D. Diniz -
Monte da Ravasqueira
Aromático, frutos vermelhos
evidentes, ameixa e morango.
Seco, acidez suave, tanino
suave, fácil de degustar. Final
correto. Escolha acertada para
o dia-a-dia. RT Consumo: 2023-
2029 / 19,00€ / 16ºC

144 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS
21ª edição

F E S TA P O M B A L I N A

WINE AND HISTORY

S. João Da Pesqueira

2023
31 AGO.
D.A.M.A

01 SET.
NOITE BRANCA
PROVAS
DE VINHOS
COM PRODUTORES DA REGIÃO
02 SET.
ANIMAÇÃO MARIZA
POMBALINA

DOURO
03 SET.
EM PROVA
Concurso de Vinhos RESISTÊNCIA
CLUBE DE REVISTAS
G U I A R E V I S TA D E V I N H O S

86 85 79
Encantado 2021 Dona Maria Arinto Ravasqueira Seleção do
Regional Alentejano / Tinto / Reserva 2021 Ano2022
Sociedade Agrícola D. Diniz - Alentejo / Branco / Júlio Bastos Regional Alentejano / Rosé /
Monte da Ravasqueira Sociedade Agrícola D. Diniz -
Cor citrina. Aroma intenso
Carmim intenso. No nariz, Monte da Ravasqueira
floral, cítrico, leve verde e
fruta madura, notas florais tropical maduro, com nota Salmão pálido e brilhante. Fruta
mentoladas e um toque subtil secundária de madeira. Na subtil, mais para o lado da romã,
de madeira. Corpo moderado, boca demonstra-se um vinho com leves notas florais. Na boca
a fruta é generosa, frescura cheio de volume trespassado os aromas também não são
vibrante e secura. Muito por ligeira acidez. Para peixe expansivos, a doçura a marcar
competente, não se limitando assado, podendo acompanhar no equilíbrio. O final é fugidio e
a ser apenas apelativo. Uma com um frango com pouca simples na expressão de fruta.
proposta de confiança. MM confeção. BA Consumo: 2023- GC Consumo: 2023-2024
Consumo: 2023-2026 2027 9,00€ / 11ºC
8,00€ / 16ºC 17,50€ / 11ºC
ALGARVE
86 85 88
Encantado 2022 Herdade Grande Herdade Barranco do
Regional Alentejano / Branco Roupeiro Vinhas Velhas Vale Castelão Grande
/ Sociedade Agrícola D. Diniz - 2021 Reserva 2019
Monte da Ravasqueira
Alentejo / Branco / Herdade Regional Algarve / Tinto / Herdade
No nariz, revela o charme Grande - António Manuel Baião Barranco do Vale
cativante das notas tropicais Lança Cor granada de média
sutis, tangerina, ameixa e um Cor cítrica aberta. Palha, intensidade. Aroma complexo
toque a vegetal cheiroso. pêssego, pera, cera. Boca de e pouco comum de terra,
Na boca, mostra textura média dimensão com ligeiro argila, especiarias, compota
envolvente e suculenta. amargo. Final característico de de cereja, feno. Ataque suave
Frescura retemperadora, vinhos de clima quente que lhe com crescendo ao longo da
deliciosa, final perfumado a traz vivacidade. BA Consumo: prova terminando num grip
inspirar convivialidade. MM 2023-2025 interessante dado pelo tanino
Consumo: 2023-2026 vegetal. BA Consumo: 2023-
23,40€ / 11ºC
8,00€ / 11ºC 2029 / 24,95€ / 16ºC

86 84 88
B Adega de Borba 2022
Guarda Rios 2022 Herdade Barranco do
Alentejo / Tinto / Adega de Borba
Regional Alentejano / Tinto / Vale Sauvignon Blanc
Rubi. Aromas frutados intensos
Sociedade Agrícola D. Diniz - Reserva 2021
Monte da Ravasqueira a amora, cassis, mirtilo e cereja
madura. Na boca é elegante, Regional Algarve / Branco /
Aromas a frutos vermelhos, Herdade Barranco do Vale
envolvente, sedoso, com acidez
fresco e elegante. Sabor seco, Amarelo limão. O estilo soa a
média, muito equilibrado. LC
taninos presentes, secos, maduro, fechado e um toque
Consumo: 2023-2023
frutado e ligeiro especiado. subtil de redução. A acidez
Final suave. Escolha acertada 3,99€ / 16ºC
aparece, enérgica, a aliviar a
para almoços entre amigos. RT sensação de calor no paladar
Consumo: 2023-2028 estruturado e persistente. Cada
10,00€ / 16ºC 82 vez mais nítido e integrado ao
Ravasqueira Seleção do evoluir no copo. Vai progredir
Ano2022 com o tempo. MM Consumo:
85 Regional Alentejano / Branco
2023-2028
14,95€ / 11ºC
/ Sociedade Agrícola D. Diniz -
Couteiro Mor Signature Monte da Ravasqueira
2022 Limão pálido, brilhante.
Regional Alentejano / Branco / Aromas intensos de fruta
Menir BR Sociedade Agrícola
citrina madura, com alguns
No nariz, frutado agradável. apontamentos mais tropicais
Subtil acácia e gengibre. Fica no perfil. Na boca sente-se uma
a ideia de que ainda há algo delicada doçura, contrastada
por integrar. Boca estruturada, por uma acidez citrina. Vinho
a fruta de polpa amarela simples, para a piscina. GC
assume destaque e tem volume Consumo: 2023-2024
satisfatório mesmo com ligeiros 9,00€ / 11ºC
amargos, o que o molho de um
prato resolverá. MM Consumo:
2023-2025 / 15,90€ / 11ºC

146 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


CLUBE DE REVISTAS

Meu querido
mês de agosto!

El Garbi Terra Alta 2020 Maïa 2020 Qalt Touriga Francesa 2022
ESPANHA (CATALUNHA) FRANÇA (PROVENCE) DOURO

Kendall-Jackson Vintners Lenzmark New Chapter Vin Winning Drache


Reserve Chardonnay 2020 Grüner Veltliner 2019 Riesling 2021
EUA (CALIFÓRNIA) ÁUSTRIA ALEMANHA

ESTAS E OUTRAS SUGESTÕES EM VINHA.PT, INCLUINDO PACKS PROMOCIONAIS,


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DOURO
84 86
Herdade Barranco do Messias Brut Milésime 93
Vale Antão Vaz Reserva 2020
Maçanita Vale da Barca
2021 Bairrada / Espumante / Sociedade
2021
Regional Algarve / Branco / Agrícola e Comercial dos Vinhos
Herdade Barranco do Vale Messias Douro / Branco / Maçanita Vinhos

Cor palha. Fruto da árvore Tonalidade amarelo palha. Nariz Amarelo limão. Reservado no
madura, argila, lápis, cera. delicado com fruta de pomar, nariz, mostra muito solo, palha
Sensação gustativa de grande cítrico de limão, leve nota de seca, ligeiríssima especiaria
volume e boa untuosidade. BA pão e fermento. Seco e cítrico e um toque vegetal seco.
Consumo: 2023-2026 na boca, cremoso, com leve Untuoso e texturado, tem
14,95€ / 11ºC adstringência a dar-lhe nervo, bom volume, elegância e
acidez franca e muita frescura. final preciso. Para crescer na
LC Consumo: 2023-2026 garrafeira. JJS Consumo: 2023-
2035 / 120,00€ / 11ºC
83 8,75€ / 8ºC

Herdade Barranco
do Vale Castelão & 84 90
Aragonês Grande
Valdoeiro 2022 Combro 2020
Reserva 2020
Bairrada / Rosé / Sociedade Douro / Tinto / J. M. Calém -
Regional Algarve / Tinto / Herdade
Agrícola e Comercial dos Vinhos Vinhos
Barranco do Vale
Messias Primeiro ataque de frutos
Cor rubi com orla granada.
No nariz sobressaem notas Suave tonalidade salmão. vermelhos, compotados, notas
de geleia de morango, mel e Elegância aromática com notas florais evidentes, com madeira
especiarias da madeira. Boca de bagas de romã, groselha e suave. Seco, acidez suave,
redonda e suave, com tanino framboesa. Seco, acidez média frutado, especido, taninos
rugoso não agressivo. Para e agradável textura na boca presentes, firmes, encorpado
“barbecue” de enchidos e com apontamentos de fruta e final persistente. Precisa
carne de porco. BA Consumo: fresca. LC Consumo: 2023- de oxigenação. RT Consumo:
2023-2026 2025 / 3,90€ / 11ºC 2023-2026
24,95€ / 16ºC 20,00€ / 16ºC
BEIR A INTERIOR
BAIRR ADA
86 90
88 Beyra Quartz Flor das Tecedeiras 2021
2022 Douro / Tinto / Lima & Smith
Quinta do Valdoeiro 2018
Beira Interior / Rosé / Rui Carmim médio. Quer no aroma
Bairrada / Tinto / Sociedade
Roboredo Madeira Vinhos
Agrícola e Comercial dos Vinhos e na boca, revela fruta de
Messias Cor salmão aberta, reflexos bom porte, uma sensação de
Rubi. Intensidade aromática alaranjados. O cenário é maturidade equilibrada. Ameixa
com notas de fruta preta e silvestre, das pétalas de rosa e leve toque de morango e
azulada, cacau, especiaria às nuances de amora e alguns subtis nuances de fumo. Possui
vermelha e casca de pinheiro. citrinos. Texturado e amplo, corpo médio, harmonioso,
Na boca tem textura sedosa e releva bom volume, acidez fresco, fácil de beber, com
envolvente, mas sem perder que lhe afina a silhueta e um detalhes deliciosos. MM
a raça que lhe é dada por final demorado. Um rosé para Consumo: 2023-2026
franca acidez e taninos muito maridar com gastronomia. JJSC 10,00€ / 16ºC
presentes. Perfil gastronómico. Consumo: 2023-2026
LC Consumo: 2023-2030 9,95€ / 11ºC
6,80€ / 16ºC 90
Maçanita Touriga
Nacional Cima Corgo
2020
Douro / Tinto / Maçanita Vinhos
Rubi escuro. Notas citrinas de
bergamota e alguma violeta,
ameixa e cereja vermelha.
Tanino sedoso e fino, boa
acidez a correr de fundo,
2021
elegância de aplaudir e que sai
acentuada no final. A silhueta
que exibe é o melhor atributo.
JJS Consumo: 2023-2033
30,80€ / 16ºC

148 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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90 90 87
Qalt Reserva 2019 Raio de Luz 2021 Scylla Reserva 2022
Douro / Tinto / Quinta Alta Douro / Tinto / Rocim Douro / Branco / Jean-Hugues
Fruta madura no nariz (amora, Cativa pelo aroma, frutado, Gros Wines
mirtilos, cássis), mato rasteiro, frutos maduros, notas Amarelo palha. Componente
terra molhada. Na boca exprime florais evidentes. Madeira floral e frutada em agradável
equilíbrio, acidez correta, a enriquecer. Seco, frutado, simbiose. Pureza e equilíbrio
tanino de bom porte, final com compotados, taninos elegantes, aromático, nota de ervas
profundidade. NGVP Consumo: bom corpo e final elegante e frescas e raspa de limão. Boca
2023-2027 apetecível. Escolha acertada com acidez vincada, muito
20,00€ / 16ºC para petiscar com os amigos. fresca e cítrica, final com travo
RT Consumo: 2023-2031 herbáceo. LC Consumo: 2023-
10,49€ / 16ºC 2025
90 16,00€ / 11ºC

Qalt Touriga
Francesa2022
90 86
Douro / Rosé / Quinta Alta Real Companhia Velha
Séries Rufete 2018 Cedro do Noval 2022
Cor salmão aberta. Notas finas
de romã e folha de morango. Douro / Tinto / Real Companhia Douro / Branco / Quinta do Noval
Amplo, untuoso e firme, mostra Velha Amarelo tília. A sensação geral
bom compromisso entre Rubi aberto, laivo atijolado. é de frescura e vivacidade
volume e acidez, textura e Elegante e rico, de enorme mantendo sobriedade notável.
especiaria. O final perdura e complexidade na sua dimensão Madressilva, fruto de caroço,
merece gastronomia tão séria contida. Notas de fumo, toranja, fundo mineral. Boa
quanto ele. JJS Consumo: fruto silvestre em compota, estrutura de boca, prevalece
2023-2027 ligeiríssimo verniz. Herbáceo a ligeireza e vivacidade. Uma
19,35€ / 11ºC seco. Corpo médio, elegante, a delícia, sem dificuldade para
acidez é suave e o final longo e ser apreciado. MM Consumo:
saboroso. MB Consumo: 2023- 2023-2026
90 2028 / 25,00€ / 16ºC 18,39€ / 11ºC

Quinta do Estanho
Grande Reserva 2019
Douro / Tinto / Quinta do Estanho
88 86
Maçanita Touriga Scylla 2022
Cor vermelha, aromas frutados,
frutos vermelhos, notas florais Nacional Letra A 2020 Douro / Rosé / Jean-Hugues Gros
Douro / Tinto / Maçanita Vinhos Wines
ligeiras. Toque especiado
a envolver. Sabor seco, Rubi escuro. Notas de café, Tonalidade casca de cebola.
acidez suave, frutado, frutos violeta, groselha negra, mirtilo e Muito aromático, com notas
vermelhos, taninos presentes, cedro. Tanino musculado, perfil de framboesa, cereja madura,
mas equilibrados. Madeira bem quente, texturado, perceção morango e groselha. Boca
integrada. Encorpado. Final de grande volume e final de fresca e cítrica, acidez média/
persistente. Ganha com pratos matriz gastronómica, com alta, boa textura, versatilidade.
2021

de carne. RT Consumo: 2023- algum vegetal seco. Um vinho Para beber a solo ou em
2033 / 24,99€ / 16ºC para a mesa. JJS Consumo: descomprometida parceria
2023-2030 gastronómica. LC Consumo:
30,80€ / 16ºC 2023-2025
90 11,00€ / 11ºC

Quinta dos Murças


Minas 2021
88 84
Douro / Tinto / Esporão - Quinta Scylla Reserva 2020
dos Murças Douro / Tinto / Jean-Hugues Gros Cachão 2022
Profusão de fruta silvestre no Wines Douro / Branco / Sociedade
aroma, florais de violeta e um Rubi brilhante. Fruta preta Agrícola e Comercial dos Vinhos
Messias
toque subtil de grafite. Frescura e azulada nos aromas,
geral. Paladar de boa estrutura, apontamento arbustivo, Amarelo-pálido. Aromas
frutas silvestres bem colocadas, especiado. Na boca é seco, com expressivos a fruta do pomar,
taninos são firmes, porém travo vegetal, taninos firmes, fruta de caroço e nota tropical
equilibrados e a frescura a ser o acidez correta, apetência de manga e ananás. Boca
fio condutor. Longo e delicioso. gastronómica. LC Consumo: fresca e equilibrada com boa
NGVP Consumo: 2023-2026 2023-2028 acidez, jovialidade e agradável
apontamento cítrico. LC
12,50€ / 16ºC 16,00€ / 16ºC
Consumo: 2023-2025
3,89€ / 11ºC

150 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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IVV LISBOA
83
Maçanita 2021 90 90
Douro / Tinto / Maçanita Vinhos
Devaneio Viosinho 2020 Fizei Castelão 2021
Rubi. Notas florais e de
IVV / Branco / Nuno Alexandre Regional Lisboa / Tinto / Miguel
groselha, cereja escura e Matos Ferreira Dias Aleixo Nunes
mirtilo. Tanino firme, exatidão 2021 Amarelo dourado. Aromas Cor aberta, suave. Aromas
no volume, facilidade geral
de fruta de pomar madura, frutados, frutos vermelhos,
de prova. Um Douro sem
cítrico doce, argila, amêndoa ligeiro terroso, com notas
sobrematuração, de matriz
pelada e avelã. Vinho de perfil especiadas bem equilibradas.
democrática. JJS Consumo:
oxidativo, na boca tem uma Sabor seco, acidez suave,
2023-2028
frescura incisiva, muito cítrica, frutado e especiado, fresco,
12,90€ / 16ºC amparada por acidez vincada. taninos secos mas elegantes,
Final herbáceo e persistente. bom corpo. Final apelativo
LC Consumo: 2023-2025 e envolvente. Gosta da
83 12,00€ / 11ºC companhia de carnes
grelhadas. RT Consumo: 2023-
Qalt Unique Unoaked
2030 / 15,00€ / 16ºC
2020
Douro / Tinto / Quinta Alta 88
Rubi violáceo. Muito aromático,
floral e notas frutadas de
Devaneio Fernão Pires
Curtimenta 2020
90
ameixa madura, cereja preta, IVV / Branco / Nuno Alexandre Quinta de S. Francisco
cássis e mirtilo desidratado. Na Matos Ferreira 2019
boca é madurão, com tanino Amarelo dourado a evoluir Óbidos / Tinto / Companhia
redondo, textura untuosa, para âmbar. Aromas de Agrícola do Sanguinhal
sensação de doçura e de baixa fruta macerada mesclados Rubi de baixa intensidade,
acidez. LC Consumo: 2023- com notas de flores secas rebordo cereja. A fruta
2025 e apontamento de mel de desempenha um papel
12,00€ / 16ºC rosmaninho. Ataque de boca secundário, em tons silvestres
seco e assertivo, acidez franca, e frescos. Musgo, herbáceo
leve adstringência, alguma fresco, tomate. Corpo leve e
82 rusticidade, final prolongado.
LC Consumo: 2023-2025
fresco, saboroso, o tanino é
suave mas confere textura.
Portal Reserva 2022 Acidez discreta, em conjunto
12,00€ / 11ºC
Douro / Branco / Quinta do Portal elegante e cheio de sabor. MB
Amarelo. Fruta de pomar, Consumo: 2023-2029
citrinos. Flores brancas, tudo 8,00€ / 16ºC
envolto em aromas torrados e
balsâmicos. Seco, bom volume,
untuoso, propiciado pela fruta
madura e fruta desidratada no
aroma de boca, com acidez
viva. MB Consumo: 2023-2033
18,00€ / 11ºC
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T E JO
88 90
Sanguinhal Touriga 90 Covela Avesso 2022
Nacional & Petit Verdot Vinho Verde / Branco / Lima &
ODE Naturalmente
2019 Smith
Touriga Nacional 2022
Regional Lisboa / Tinto / Amarelo claro. Aroma
Companhia Agrícola do Tejo / Tinto / Planeurimo - ODE
requintado e fresco, frutas de
Sanguinhal Winery
caroço, raspa de limão, notas
Rubi aberto. Tons florais Aroma de boa intensidade.
florais e aneto. Na boca, há
delicados, flores brancas, Compota de fruta preta, como
uma noção de leveza, mas de
jasmim. Fruto vermelho, nota amora e mirtilo, seguido de
suculência notável e acidez
terrosa, ligeiro abaunilhado. notas de chocolate e de geleia.
sumarenta e refinada. Final com
Seco, bom volume, elegante, Ataque suave que é prolongado
sensação mineral e a sugerir
tanino firme mas polido, pelo corpo redondo, finalizando
potencial para guarda. NGVP
de qualidade. Final médio, com leve adstringência tânica
Consumo: 2023-2030
levemente especiado. MB que traz vivacidade a todo o
8,50€ / 11ºC
Consumo: 2023-2028 conjunto. NGVP Consumo:
12,00€ / 16ºC 2023-2031 / 18,00€ / 16ºC

VINHO DO 86
87 PORTO Vale dos Santos Avesso
2021
Sanguinhal Touriga
Nacional & Syrah 2019
90 Vinho Verde / Branco / dos Santos

Messias Porto Colheita


Cor citrina. Aroma complexo
Regional Lisboa / Tinto / de agradável intensidade
Companhia Agrícola do 2011
aromática com notas de
Sanguinhal Vinho do Porto / Fortificado /
Sociedade Agrícola e Comercial
pêssego, manga e papaia. Entra
Rubi aberto, brilhante. Boa
dos Vinhos Messias grande e opulento na boca,
dimensão aromática, com a
Tonalidade âmbar. Notas de esvanecendo-se ao longo da
fruta em tons submaduros a
figo, tâmara, miolo de noz, prova. BA Consumo: 2023-2026
surgir a par de notas de mina
amêndoa torrada e caramelo. 8,10€ / 11ºC
de lápis e herbáceo fresco.
Seco, corpo médio, elegante, Boca de extrema elegância,
o tanino é polido e suave, leve muito equilibrado no balanço
compota no aroma de boca, entre doçura e acidez, 85
especiarias no fim de prova. MB agradável travo salgado,
profundidade e persistência. Gentilis Grande Escolha
Consumo: 2023-2028
Belo tawny. LC Consumo: 2023- 2021
12,00€ / 16ºC
2035 / 25,00€ / 14ºC Vinho Verde / Branco / António
José Teixeira Sampaio

85 V I NHO V E RDE Cor citrina com ligeira


libertação de gás. No nariz
encontram-se aromas de
Quinta das Cerejeiras
2022
90 pêssego, palha, cera, campo.
AJTS 30 Anos Edição Boca assente na sensação
Regional Lisboa / Rosé /
Especial Vinhão de acidez e com boa gordura.
Companhia Agrícola do
Sanguinhal Regional Minho / Tinto / António
Casar com peixe gordo ou
José Teixeira Sampaio caldeirada de peixe. BA
Salmão pálido. Conjunto
Cor púrpura opaca. Aromas Consumo: 2023-2025
aromático de expressão
frutada, romã, alperce. Nota de iniciais pungentes, de madeira, 10,00€ / 11ºC
flores brancas e panificação. ameixa seca, floral, compota
Sucroso no ataque, rebuçado de amora. Na boca também
no aroma de boca. A acidez
média amarra o conjunto. Travo
não se nota a acidez marcante
de um verde tinto tradicional,
85
vegetal no fim de prova, em sendo redondo com taninos Tormes 2022
bom equilíbrio com a sensação granulosos mas polidos. Vinho Vinho Verde / Branco / Lima &
doce. Rosé elegante e vivo. MB interessante podendo não Smith
Consumo: 2023-2025 ser consensual. BA Consumo: Amarelo-esverdeado e
20,00€ / 11ºC 2023-2026 “agulha”. No nariz, é fresco e
26,00€ / 14ºC expressivo, presença marcante
de frutas tropicais, acácia
e limão. Na boca, é bem
refrescante, leve “agulha” muito
bem integrada. É um vinho
que se bebe com muito prazer,
bem à mão para o verão. NGVP
Consumo: 2023-2025
5,49€ / 11ºC

154 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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G U I A R E V I S TA D E V I N H O S

84 83 83
Vale dos Santos Adega Coop. Ponte da Vale dos Santos Padeiro
Alvarinho 2022 Barca Loureiro Bruto 2022
2022 Vinho Verde / Rosé / dos Santos
Vinho Verde / Branco / dos Santos
Vinho Verde / Espumante / Adega Cor rosada com laivos salmão,
Cor citrina esverdeada de
Coop. Ponte da Barca e Arcos de detetando-se libertação
boa intensidade. No nariz Valdevez
detetam-se flores brancas, gasosa. Aroma de rosa de Santa
Amarelo, bolha fina e Teresinha, Sugus de morango e
frutas de caroço e ligeiro
persistente. Aromas florais de manga. Boca pautada por boa
vegetal verde. Na boca é feito
tília, a par de notas de fruta de acidez e ligeiro frisante que se
entre uma acidez e ligeiro pico
caroço e pastelaria fina. Leve combinam com a doçura. Para
com um bom corpo e final
amargor vegetal no ataque, sushi. BA Consumo: 2023-2024
com toque amargo. Para peixe
seco, mousse delgada, acidez
gordo grelhado. BA Consumo: 8,10€ / 11ºC
bem doseada. Um espumante
2023-2024
de calibre gastronómico. MB
6,90€ / 11ºC Consumo: 2023-2025
8,10€ / 8ºC 82
Vale dos Santos Superior
2022
Vinho Verde / Branco / dos Santos
Cor citrina esverdeada com
ligeira libertação gasosa. Aroma
de rebuçado de limão e de
ananás. A acidez é frisante e
equilibrada por ligeira sensação
doce. Servir como aperitivo
ou com peixe delicado. BA
Consumo: 2023-2024
6,90€ / 11ºC

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editor Marc Barros
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fotos Jorge Matos

Guarda
wine fest

A cidade “mais alta” de Portugal celebrou a segunda edição do


Guarda Wine Fest. Na emblemática Alameda de Santo André, mais
de 50 produtores da Beira Interior, do Douro e do Dão juntaram-se
num evento de promoção de vinhos e do território, com muita
música, gastronomia e novidades.
As três Denominações de Origem - DO - convivem no distrito
da Guarda e encontram-se na base de muitos dos mais entusias-
mantes vinhos portugueses, que estiveram em prova no certame.
Isso mesmo ficou patente nas “Conversas sobre Vinho” guiadas por
três especialistas: Rodolfo Tristão, Tiago Macena e Tiago Marques,
com temas como “Vinhos de verão do distrito da Guarda”, “Dão, o
field blend de clássicos e descoberta dos monovarietais”, “Douro,
Brancos de altitude e tintos elegantes para dias quentes”, “Beira
Interior - Diversidade e Terroir” e “Wine Lees - a economia circular
no setor vitivinícola - reutilização dos subprodutos as borras. O pro-
grama integrou ainda a visita de 12 Sommeliers nacionais ao evento
e um tour pela região da Beira Interior, com objetivo de proporcionar
negócios e promover os vinhos regionais juntos a este grupo de
influenciadores. O Evento foi organizado pelo município da Guarda
e pela Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI).

158 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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Sérgio Costa e Nuno Fazenda Rodolfo Tristão

Rodolfo Queirós e Manuel Moreira Hernâni Ermida


Para ver e ouvir EVENTO CLUBE DE REVISTAS
fotos Ricardo Garrido

SOMMEET
Pela terceira edição, o SOMMEET – Encontro Internacional
de Sommeliers na Região dos Vinhos Verdes reuniu um con-
junto de 20 sommeliers de quatro países diferentes – Alemanha,
Brasil, México e Japão – para explorar o que de melhor a região
oferece.
Trata-se de um programa intensivo de formação em Vinho
Verde com seminários formativos, provas temáticas, harmoni-
zações e visitas ao território. O SOMMEET surgiu para mos-
trar que o Vinho Verde não é apenas um perfil de vinho, mas
uma região demarcada que produz uma grande diversidade de
estilos, incluindo Vinhos Verdes mais estruturados, com poten-
cial de guarda, desde tintos a brancos, rosés e espumantes.
Para isso, proporcionou o contacto directo com produtores e
enólogos, culminando num teste e certificação do conhecimento
dos sommeliers sobre a Denominação de Origem Vinho Verde.

160 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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LEGENDARY WINEMAKER CLUBE DE REVISTAS
texto Marc Barros / foto D.R.

OPTA ALFROCHEIRO
93 IMPERATRIZ DO DÃO 2018
S TA D E V I N DÃO / TINTO / OPTA WINES
VI H
O Elegância e delicadeza, extrema-
E S
R
mente complexo, com pimentas
·

moídas diversas, baunilha e fruta


azul e preta, final vegetal que con-
fere frescura. Já no palato o vinho
ganha corpo e densidade, assim
como imensa amplitude e taninos,
uma “besta” vestida de donzela.
·
· N

U
E

N FONTE DO OURO DÃO NOBRE


U

91
R

O B
CA A 2019
NCEL A DE
DÃO / BRANCO / SOC. AGR. BOAS
QUINTAS
Aromas diretos de resina. Fruta
madura de polpa amarela, nota
tostada elegante. Flores brancas.
Belíssimo volume, amanteigado,
acidez profunda e mineral. Final
longo, saboroso mas elegante.

LUZES, CÂMARA, AÇÃO... 89 MORGADO DE BUCELAS CUVÉE


CONTINUAMOS COM ARINTO 2021
LISBOA / BUCELAS / SOC. AGR. BOAS
QUINTAS

NUNO CANCELA
Dourado. Nariz de boa barrica, flor
branca, limão, lima e antevisão
salina. Untuoso e de grande
volume, especiado e de motor

DE ABREU nervoso. Fecha com bom prolon-


gamento. Tem matriz clássica e vai
perdurar.

Nuno d’Orey Cancela de Abreu é um dos mais experientes enólogos


portugueses. Sendo oriundo de uma família com tradição secular no Dão, foi
1. Nasceu no seio de uma 6.Entre 2001 e 2010
família com mais de 130 acumula as funções de
no Douro que deu os primeiros passos profissionais. anos no Dão, fundada pelo diretor do departamento de
Depois da licenciatura em Agronomia pelo ISA de Lisboa em 1980 e pós- bisavô José Tavares Festas. Enologia e administrador da
graduação em Viticultura e Enologia na Escola Nacional Superior de 2.No início dos anos 80, Quinta da Alorna.
Agronomia de Montpellier, foi um dos mentores e diretor executivo da criou e coordenou a ADVID, 7. Em 2010 aposta defini-
Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID), entre altura em que o Douro tivamente no seu projeto
1981 e 1987. conheceu o famoso PDRITM. pessoal no Dão, com a
Após uma passagem por Bucelas, na Quinta da Romeira, aprendeu como 3.Tem na figura de José empresa Boas Quintas, que
havia fundado em 1991.
8.Nesse local, em
poucos a dominar a casta Arinto, mestria que ainda hoje demonstra. E, após António Rosas o seu grande
quase uma década na Quinta da Alorna, assumiu definitivamente o projeto mestre.
pessoal baseado no Dão, com a empresa Boas Quintas (era para ter sido 4.Entre 1985 a 1987 foi Mortágua, onde o bisavô
plantou as primeiras vinhas
Duas Quintas, mas a Ramos Pinto antecipou-se…). Em Mortágua, na sub- professor de Vinificação,
e passaram as tropas de
região de Besteiros, o enólogo granjeia 7 ha. a 150 metros de altitude para Tratamentos e Estabilização
Wellington em direção
de Vinhos no curso de
os vinhos de topo, para além das uvas que adquire a produtores com quem ao Bussaco, recupera a
Enologia da UTAD.
5.
trabalha e da aquisição de vinho a granel para grandes volumes dedicados à tradição.
exportação. Em 1988 desenvolve o
projeto Quinta da Romeira
9.Para além do Dão,
A produção anual da sua empresa monta a cerca de um milhão de garrafas, opera em Bucelas, Douro e
em Bucelas. Criou as
entre as 800 mil garrafas no Dão, 200 mil garrafas produzidas na Herdade Península de Setúbal.
10.Três dos seis vinhos
marcas Prova Régia e
da Gâmbia, na Península de Setúbal e 15 mil em Bucelas, a partir de vinhas Morgado de Sta.Catarina,
de parceiros. dois porta-estandartes do classificados na categoria
Nunca perdeu a ligação à academia e é, verdadeiramente, um dos grandes Arinto de Bucelas. Dão Nobre, em 30 anos,
são seus.
senhores do vinho português.

162 · Revista de Vinhos ⁄ 405 · agosto 2023 @revistadevinhos


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