Professional Documents
Culture Documents
drama ou na leveza;
entender como eles conseguiam conciliar tal coisa, porém, era claro, em
seus rostos, o quanto estavam apaixonados.
chefe, que viajou para fora do país. Além do nome diferente e bonito, era
guardado em minha memória, desde que nos vimos pela primeira vez há
quatro anos, como um pecado de terno. Ele era lindo, o que tornava
completamente difícil, manter-me alheia. Saber me esquivar e disfarçar,
principalmente, do quanto o achava bonito e me atraía, era o que me
Sorri, sabendo que aquele era um bom dia para comemorar. Não
tinha me perdido completamente, mesmo longe da intimidade que construí
ao lado de Anne Liv. O pensamento positivo desde a segunda-feira era que
uma nova experiência se iniciara. Apenas conseguia pensar em toda minha
trajetória até ali. Amava a história que construí. Saindo de uma cidade do
interior de Minas, depois de me dedicar arduamente a passar em uma
faculdade pública em São Paulo – a cidade que sempre sonhei morar.
Nunca conseguira entender ou explicar porque queria tanto, porém, depois
de tantos anos vivendo ali, apenas aceitei que minha mente já sabia antes
arrepiassem. Sabia que era a mesma que me elogiou minutos antes, e mais,
começara a se tornar frequente em meu dia a dia.
Virei o olhar devagar e logo, encontrei o azul dos seus. Ele já não
vestia o terno na cor preta, nem mesmo o colete ou gravata. Apenas a
camisa na cor cinza, dobrada até os antebraços. Olhei-o de relance e forcei
um sorriso, tentando disfarçar que ele não me afetava ainda mais fora da
empresa. Quatro anos trabalhando no mesmo lugar, e pela primeira vez,
encontrava-me tão informal ao seu lado. O mundo parecia conspirar..
olhar azul mais ameno poderia significar. Só sabia que o simples toque de
seus dedos nos meus, causara-me algo que me fez querer focar apenas
bebida. Não podia deixar meus pensamentos e ações irem para outro lado.
Ledo engano.
A cada dia ficava mais difícil fingir que não sentia nada e que
aquele acordo firmado há cerca de dois anos era o bastante. Não era. Pelo
menos, não mais. O que doía, era saber que para ele funcionava. Então,
todas as opções em pauta quando fazemos uma escolha? Foi aí, que vendi
minha alma para o prazer, e perdi meu coração.
Era para ser aquilo – uma foda recorrente. Porém, nunca devia ter
misturado prazer e trabalho. Era uma péssima combinação.
Sorri sem vontade e repensei meus vinte e sete anos. Já era uma
mulher com uma boa quantia em dinheiro guardada no banco, um
apartamento próprio na área que mais gostava da cidade que sonhei como
conseguia.
de sexo e falsa intimidade com ele. Que poderia superar, e assim, voltar a
sorrir de fato. Mesmo que ele sequer tivesse ideia ou culpa, estar com ele,
era minha salvação e inferno pessoal. Precisava dar um basta ou
simplesmente, confrontá-lo.
conhecia sobre Cael naqueles dois anos, era que em seus 36 anos,
— Você é meu chefe, e a gente fode o que? Uma a duas vezes por
semana? — indaguei, sentindo o amargo em minha boca ao admitir aquilo
para ele. Porém, como já esperava, ele sequer reagiu a minhas palavras,
dilacerando meu coração sem ao menos perceber.
Sua fala saiu tranquila e senti a bile vir a garganta. Não dava
mesmo, para mensurar o quanto aquilo me machucava. Apenas tive uma
certeza: que não ficaríamos juntos, nunca mais.
— Acho que não existe muita diferença entre as mulheres que fode.
— soltei, e me virei, adentrando seu quarto.
Deixei o lençol cair e fui até o canto esquerdo, onde minhas roupas
estavam jogadas. Apenas passei o vestido longo pelo corpo e vesti a
Ali notei, que era como se ele tratasse de negócios, mesmo que
estivéssemos apenas nós, frente a frente. Fora a última noite em seus
braços e meu coração se partia ao ter certeza de que nada além do esperado
sairia de sua boca.
momento que avistei meus tênis e meias. Praticamente passei por ele como
um furacão, pegando-os em mãos, sem sequer olhá-lo. Porém, no fundo,
era como se precisasse. Necessitava lhe mostrar que nos trataria como ele
fizera, um mero negócio concluído.
sertanejo sofrência até Adele, fora o que me restou. O sábado de folga que
tanto almejei, de repente, seria apenas a base para dormir o dia todo, diante
da ressaca causada por vodca, vinho e rejeição.
mulher apaixonada, e pensa que vai ser a diferente para o cara. Às vezes,
simplesmente, não era para ser. No meu caso, impossível. Assim como,
dispensei várias mulheres durante os dois anos trabalhando com ele, fui
apenas mais uma. Tão clichê e dramático, que de repente, me peguei
ouvindo Marília Mendonça.
E na cabeça deu um nó
Mas amei
Preocupa não
Preocupa não
Preocupa não
Preocupa não
Andei até meu escritório, sem conseguir acreditar que andava tão distraída.
Abri o planner e me deparei com o que sequer imaginava ser naquele dia.
meu corpo. Sorri para Noctis, meu gatinho de apenas três meses, que se
emaranhou em meu colo, e fechou os olhinhos. Ao menos, tinha um amor
real bem ali.
ser errado. — Não sei se posso fazer isso. Pode custar meu emprego.
focou tanto em querer ser sincera com ele, que deixei todo o resto se tornar
irrelevante.
— É.
Se ela soubesse...
Toquei seu sorriso perdido, que tanto pensei ser meu, e que
devia.
Passei as mãos por seus pelos e sorri. Naquele momento, tinha que
bastar.
03
quando o coração bate à porta
— Mil infernos!
chocolate com álcool naquele grau não fora muito inteligente, porém,
acabara sendo um ótimo calmante. Dormi, serenamente, sem sonho algum
atrapalhando. Porém, alguém tinha que bater na porta e acabar com minha
paz.
raras vezes. Também, nunca fora uma questão de onde estaríamos juntos.
O que me fazia pensar a respeito da reunião com os americanos na semana
passada. Teriam solicitado algo do nada? As pessoas poderiam ser
imprevisíveis em alguns contratos.
Olha, percebi que também te amo. O aniversário sem você foi um inferno.
Volta para mim!
O que?
— Só se estiver lendo meus pensamentos para entender porque ri.
— rebati, e pensei no quanto aquilo poderia custar meu emprego.
— Não preciso, já que aposto que deve ter sido muito engraçado
— Não trabalho aos domingos e veja só, aqui está meu chefe! Em
minha casa! — acusei-o e era como se seus olhos pudessem me queimar
caso fosse possível. — Tenha respeito, Cael. Não estamos em horário de
trabalho e está na minha casa.
Ele franziu o cenho e notei que nada de bom passava por sua
mente.
— Mas resolveu trabalhar em seu dia de folga em prol de desfazer
uma ordem lhe dada. — rebateu e o encarei com preguiça. — Não é para
informações da sua festinha para sua irmã, já que quer uma explicação. O
que ela fez com isso, é responsabilidade apenas dela.
— Não tem direito de passar nada que se refere a mim para outros.
— sua voz soou forte, mas controlada.
— Não tem direito de estar na minha casa a essa hora e nesse dia, e
olhe só. — abri os braços e sorri cinicamente.
— Veio aqui para que, Cael? Ficar discutindo sobre algo que não
está sob meu controle? Sua irmã descobriria de todo jeito os números e
cancelaria sua festa de putaria, palavras dela. — rebati e ele me encarou.
Notei que sua expressão parecia ainda mais furiosa. — Vir a minha casa,
de madrugada, tirar minha paciência no domingo, com certeza, não mudará
isso.
— Deve estar muito ocupada. — sua voz soou baixa e perigosa, e
franzi o cenho, sem entender. Ele então se agachou e em seus dedos,
dele. Olhei para o chão, e ali estava minha base que custou um rim e o
iluminador novo. Felizmente, nada parecia tão arruinado.
— Filho mau!
Assim que me virei, deparei-me com a cena que não deveria ser tão
bonita assim. Noctis, filho mau, agora passaria a ser conhecido como
traidor. Ele se esfregava na perna de Cael, como se fosse sua pessoa
favorita no mundo.
como mais uma prova de que sequer fazia questão de saber sobre minha
vida.
Tudo o que queria era tirar aquela camisa cinza e todo o resto de seu corpo.
Beijá-lo pelo resto da noite e boa parte da manhã. Se eu desse um passo,
ele me daria aquilo. Aí, seria sexo, como sempre. Sexo por sexo, poderia
ter em qualquer lugar. Com ele, eu queria mais. Infelizmente, o que não
podia me dar. — Vou te levar até a porta.
Precisava espairecer.
redecorar tudo. Um jeito de tentar esquecer o fato de que Cael Marini era o
centro de meus pensamentos.
04
rotina perdida
Passei a mão por meu macacão de cor preta, em uma malha social,
que o tornava formal e bem apresentável. Prendi os cabelos loiros no alto
da cabeça e optei por uma maquiagem leve, já habitual, completada com
meu chefe, que além de tudo, eram um homem sexy como o inferno.
Porém, os últimos dois meses mostraram-me uma nova face, e até mesmo,
aquele sentimento que sequer sabia dizer quando nasceu. Não conseguia
mais me envolver com outros homens e parei para pensar sobre o que me
freava. E lá estava a imagem nítida de Cael. Lá estavam seus lábios, cheiro
e toque. Assim como, nossas conversas, momentos e sorrisos. E
principalmente, o sentimento que me despertou.
Assim como ele, sempre tive outros encontros esporádicos. Uma
mulher livre para explorar o prazer que queria, e quando queria. Porém,
sempre me vinha voltando para seus braços. Assim como, ele vinha para os
meus. No princípio, pensei que pela comodidade de explorarmos cada vez
mais o corpo um do outro, e o fato de nunca conseguirmos enjoar do que
fazíamos. Hoje, vejo que minha mente não enxergou tão cedo o que meu
Ali estava eu, apaixonada por alguém, que com toda certeza, não
pensava na possibilidade de algum relacionamento além do que tivemos.
sobre o sofá branco do lado esquerdo, vestido na parte de cima apenas uma
camisa de cor azul clara, a gravata em outro tom de azul e o colete preto.
Um óculos preto de aro grosso emoldurava os belos olhos azuis, e ele
parecia preso ao que estava no papel.
Sabia bem do porquê, mas jamais levantaria tal questão ali. E como
já não existia nós fora do trabalho, o assunto não seria explanado. Ou
melhor, nunca houvera nós.
— Fale com Garcia, e peça para que Anne Liv vá. — assenti e
Estava mais para uma versão de Capitão América, que com toda certeza,
não aprovava. Como sempre, começava a vagar por minha mente.
mudara. O que vivíamos era fora. Mesmo assim, parecia ter incomodado.
paixão.
horas de SP.
— Quero socar essa sua carinha, por ser uma viciada em trabalho,
mas eu entendo. — poderia vê-la nitidamente revirando os olhos. — Fui a
mulher que escolheu o trabalho no lugar do amor. — comentou e notei o
tom triste em sua voz.
entre nós. Ela falava sobre quando estava pensando demais ou em modo
bêbada dramática. — Passaram anos desde a faculdade, e bem, ninguém é
tão maduro assim nessa época.
Era meu horário de café, e como Cael tinha saído para um café de
negócios, ali estava, perdida em minha mesa, aproveitando a solidão
ensurdecedora por saber que em algum momento, ele passaria pela porta.
— Ou beber até cair por dois dias e depois disso, bola para frente.
O salário compensa o soco no coração.
parado de comer. Só faz isso quando parece sem vontade de nada. Não se
esqueça de quem é a mais velha aqui.
Qual é, Chia? Você já estava amando esse cara sem sequer perceber.
direto para a sua sala, parando a minha frente. — Tenho que ir. Nos
falamos mais tarde? — indaguei, ainda sem coragem de encará-lo.
lo, por mais que lembrasse a cada instante de nossa conversa na sexta-
feira. Ou melhor, nosso ponto final.
ser perspicaz.
segundos. Minha mente poderia até mesmo fantasiar alguma paixão por
um CEO sedutor, entretanto, aquilo não justificava meu coração a ponto de
sair pela boca, após uma simples conversa. Precisava ir para casa de minha
mãe, fugir da selva de pedras. Era o melhor jeito de me reencontrar de fato.
Sabia que era um caminho sem volta. Ali estava eu, forçando-me a
levantar o olhar, e encarar o espelho do elevador, fugindo do reflexo de
meu chefe. De canto de olho, notei que Cael carregava o semblante de
Se tinha algo que Pablo Marini não fazia, era ficar quieto.
— Cael tinha que ter contado. Ele tinha que ter feito isso. —
pareceu ainda mais nervoso e passou as mãos pelos cabelos. — Eu vou
falar com ele antes, mas...
apertou minha mão com carinho. Pablo era um amigo, acima de tudo.
Pelos seis anos trabalhando na Marini, descobri nele, uma ótima pessoa.
Assim como fora com Cael. Infelizmente, com o último, atravessei uma
linha que não deveria.
Ali, tudo fez sentido. Caindo como uma bomba em meu colo.
estúpido. — fiz questão de pontuar. — Mas vejo que não sabe lidar sequer
com o sentimento alheio. É bom apenas em fechar seus negócios, senhor
Marini. Então, saiba que acabou de fechar mais um. — levantei as mãos e
bati palmas. Sabia que olhares se virariam para nós, mas pouco me
importava. Cael ultrapassara um limite que jamais deveria. São Paulo era o
meu sonho, e nem ele nem ninguém se atreveria a tirar de mim. — Espero
que esteja sendo clara, em alto e bom som. Eu me demito.
Seus olhos se arregalaram e notei que abriu a boca para dizer algo,
mas nada saiu. Dei-lhe as costas por um segundo e até pude imaginar
minha irmã gritando e batendo palmas diante daquele barraco. Porém,
faltava algo. Algo que apenas o diabinho de Nina que vivia em meu ombro
esquerdo, poderia aconselhar a fazer. E bom, o fiz.
contra a porta e me lembrei que não era do tipo que chorava sóbria. Uma
bebida e poderia me debulhar em lágrimas a noite toda se quisesse.
Entretanto, não seria o bastante. Precisava dar um ponto final. Como diria
minha mãe: arrancar o mal pela raiz. Doía saber que aquele mal era Cael, e
mais, custava o emprego que tanto amava. O emprego que tanto batalhei
para conseguir.
filho, ainda por cima, felino. — Bom, lembra do cara no qual se esfregou
ontem? Então, ele queria nos mandar para outra cidade, longe da nossa
casinha... — olhei em direção ao céu, e senti a dor daquilo. — Se ele ao
menos tivesse me perguntado, tivesse me chamado para conversar... Por
que ele não pode agir como um profissional, Noct? Ou quem sabe, como
um velho amigo, mesmo sabendo que não somos? Sei lá, acho que
esperava muito de Cael, mesmo que soubesse que seu amor era
improvável. O mínimo de consideração, talvez?
Assim que ela atendeu, nem lhe dei tempo de dar oi.
— Que tal ter sua irmã por um bom tempo ao seu lado? Tocando o
negócio da família? — perguntei de imediato, e tentei parecer animada. No
fundo sabia, precisava de férias.
Gargalhei alto, pois sabia que aquele era o jeito Nina Moreira de
deixar claro que iria até o inferno por mim. Infelizmente, sentia-me nele
naquele momento.
Por mais que fosse o certo, não queria encarar Cael pelo tempo do
— Então, pela primeira vez na vida, não vai agir como uma
profissional? — a indagação de minha irmã não fora uma surpresa.
— Anne Liv não tem nada a ver com isso. Não quero envolvê-la.
— Não quer que ela saiba, isso sim. — revirei os olhos, mesmo
sabendo que era verdade.
— Obrigada.
nada tentar.
— Cael.
sentar, para não dar ainda mais suprimento ao showzinho que as pessoas
estavam adorando. Pela vidraçaria do restaurante, conseguira ver Chiara
passando do lado de fora, e com toda certeza, indo em direção a sua casa.
Suspirei fundo, sabendo que havia cometido um erro.
palavras saíram de sua boca. Fora como uma bomba ou choque, não
conseguia entender como ela poderia se apaixonar por mim.
— Não sei como lidar com isso, Pablo. — rebati. — Já tive várias
mulheres se declarando, jurando amores... Mas o que vi no rosto de Chiara
foi diferente. Isso não justifica a magoar, mas me assustou pra caralho. —
confessei, e vi seu semblante mudar. — A considero uma amiga.
— Olha, vou dizer isso uma vez e espero que entenda, ok? —
assenti, sabendo que Pablo era como um irmão mais velho para mim. Não
existia possibilidade de seguir conselho de outra pessoa que não fosse ele.
— Talvez o que viu no rosto de Chiara seja realmente diferente, porque o
que ela sente é real. Diferente das outras mulheres que se envolveram com
você. E o que te assusta, pode ser o simples fato de gostar disso.
Sem me dar tempo para responder, ele saiu. Encarei o outro lado da
mesa vazio, e fora impossível não me lembrar de todas as reuniões que
fizemos exatamente ali. Era como se pudesse vislumbrar a imponência,
sobre a transferência. Fora um erro o fazer antes de conversar com ela. Por
que estava tão aflito em ter aquele momento com ela, afinal? Deixei tal
pergunta de lado e apenas precisava focar em encontrar uma forma de
consertar as coisas.
07
adeus indefinido
Para curar minha falta de sono apenas uma boa maquiagem, que me
fazia parecer pronta para pedir demissão, e não a ponto de querer mandar
tudo aquilo a merda. Já dentro do elevador privativo, encarei meu reflexo,
e notei que estava, aparentemente impecável. Por que não conseguia me
longe dali, com toda certeza, não me ter durante o aviso prévio seria um
alívio.
rapidamente meu relógio de pulso. Oito horas, e com toda certeza, Cael já
estaria em sua mesa. Parei a frente da grande porta de madeira escura, e
sequer olhei em direção a minha mesa. Trouxera uma bolsa grande o
suficiente para poder levar o que fosse necessário. Sem cena dramática de
sair com uma caixa em mãos. Aquela parte, realmente, era dispensável.
Ao menos, pensei que meu lado profissional fosse algo importante para
ele.
tentava. Seu olhar desceu para a pasta que carregava. Notei então que em
uma de suas mãos estava um copo de uísque, o que era relativamente
estranho, naquele horário no trabalho. Porém, não era um problema meu.
Ele levou a outra mão ao rosto e a passou pelo queixo, como se não
estivesse nem um pouco surpreso com aquela atitude. Se me conhecesse,
ao menos um por cento, saberia que não voltaria atrás naquela decisão.
Não trabalharia mais com ele. Sem dizer absolutamente nada, ele parou a
frente de sua mesa e pegou a pasta em mãos, abrindo-a. O silêncio
perdurou, enquanto ele lia atentamente cada linha, e não pude evitar de o
analisar por alguns segundos. Ele era lindo, um fato incontestável. O
sabendo lidar com isso e não quero que pague o preço. Nunca quis que
pagasse.
me importar em parecer uma boa funcionária. Não o era mais, e não sairia
dali sem ter aquela carta aceita. — Não preciso dessa merda na minha
vida, Cael. — apontei o dedo em sua direção. — Sou uma mulher que sabe
o que quer, ao contrário de você. Portanto, apenas espero que tenha um
pingo de consideração e aceite minha carta de demissão.
Estendi-lhe a mão e notei seu olhar passar para a mesa. Ele então
apertou minha mão e aquela conexão gostosa que apenas sentira com ele,
percorreu cada célula de meu corpo. Queria ser puxada e tomada por seus
beijos. Assim como, afastar-me e nunca mais encarar seu rosto. Optei pela
segunda vontade.
Apenas ela sabia que chegaria naquele dia, e com toda certeza,
estava na porta há um longo tempo. Típico de Clarice Moreira. Ser
envolvida por ela dava-me paz. Fazia um longo tempo desde o momento
em que realmente passaria mais de um fim de semana com ela e minha
irmã. Além de poder rever velhos amigos.
netinho favorito.
— Ele não destruindo a casa toda está tudo bem. — deu de ombros,
ainda mexendo na portinha, e com toda certeza, Noctis estava escondido
ao fundo. A viagem de carro não fora nem um pouco fácil devido ao fato
de ele odiar o movimento.
Voltei até o carro, parado à frente da casa onde cresci. Sempre era
nostálgico estar ali, mesmo nos melhores momentos – como as festas de
final de ano. São Paulo era meu sonho e lar desde muito jovem, porém, ali,
sempre seria uma parte deixara uma parte de minha alma, e poder ficar por
um longo período, mesmo por motivos não muito felizes, fazia-me ao
menos, ver o lado bom de ser rejeitada e perder o emprego.
em Lúcio, não era um assunto que gostaria de tratar com ele naquele
momento. — E você? Não deveria estar no trabalho nessa hora? —
indaguei, e ele deu de ombros.
que...
acredito que Lúcio Alves está apaixonado. — apontei para seu coração, e
ele arregalou os olhos.
no sofá, com Noctis sobre sua barriga. Ela com certeza caíra no sono, e
felizmente, aquela bolinha de pelos parecia afim de compartilhar o
momento e não destruir a casa toda.
cobrindo suas pernas. Poderia até imaginar o porque de estar tão cansada.
Ela acordava todos os dias com as galinhas, como a mesma diria. Aquilo,
para deixar tudo pronto para os clientes da manhã na padaria, o horário
mais movimentado, segundo Nina. O que me lembrou que era hora de ir
surpreender minha irmã no trabalho. Com toda certeza, ficaria puta por não
a ter avisado que chegaria hoje, entretanto, seria um bom esporro, porque
ao menos, seria pessoalmente.
me rir como sempre. Por mais cafona que fosse, adorava o fato de que
aquele lugar resumia nossa mãe por inteira. Ela fora a mulher que batalhou
contra tudo e todos para dar a mim e Nina a oportunidade de realizar
nossos sonhos. Abandonada por um completo imbecil, vulgo aquele que
jamais chamaria de pai, ela se desdobrou, fez empréstimo no banco e
começou seu pequeno negócio.
minha mãe. Olhei ao redor, e notei o quanto estava cheio, mesmo sendo
em torno de uma da tarde. Talvez a maioria das pessoas fossem como eu,
optavam por um doce logo após o almoço. Parei a frente do balcão e uma
jovem de cabelos escuros me encarou, com um sorriso amistoso no rosto.
rosa e branco que lhe caía superbem. — O que gostaria de provar hoje?
sendo levada para outro mundo ao comer aquilo. Nossa senhora das
viciadas em doce! Aquilo era o próprio céu na terra. Olhei ao redor,
enquanto comia, e tentei me lembrar de onde ficava o escritório. Porém,
assim que avistei as escadas, que imaginei dar para o segundo andar, e
quem sabe, onde minha irmã estaria, vi-a descendo. Ela não me notou de
imediato, claramente, falando com alguém no celular. Aguardei então, que
ela seguisse o caminho, e a pararia assim que passasse ao meu lado.
— Eu sei que não está tudo bem, mas mesmo assim.. Obrigada. —
sua voz soou baixa assim que se aproximou e notei seu olhar perdido. Era
um assunto que a afetava, e com toda certeza, forçaria aquele túmulo a se
abrir.
Assim que ela parou ao meu lado, praticamente pulei a sua frente, e
— Senti sua falta. — confessei, e não pude evitar ficar feliz por
estar ali.
Era irritantemente perfeito para mim. Sabia que logo mais, algum funk iria
estourar pelo local todo. Aí sim, me deixaria levar por completo.
A bebida não era solução para nada – fato. Porém, era uma boa
distração, e sempre adorei festas e bebida alcoólica. Era o meu jeito de ser,
e não mudaria por nada, muito menos por alguém.
minha cara.
Aguenta, vai!
era protocolo oficial do dia a dia comum. Nunca saberia como ela
aguentava beber tanto e não ficar completamente bêbada. Depois de várias
cervejas, doses de tequila e vodca, finalmente, estávamos voltando para
casa. Suadas, cansadas e bêbadas, mas importante, o rímel continuava
Nina, aproveitando o teor da conversa. — Sei lá, por mais que a queira na
minha cama, não rolou aquela coisa.
Dei de ombros e resolvi não entrar no assunto. Mas Nina estava ali,
e com toda certeza, faria questão de lembrar.
mãos, encenando um microfone, e soltando a voz. Sabia que ela sofria por
alguém, mas nunca se abrira de fato. Apenas partes do passado e um
homem misterioso.
estavam na mesma.
Ô ô ô, ô ô ô
tocando meu ombro, como se para chamar atenção. Mal sabia ela, que de
canto de olho a vi chegar, e minha opção fora simplesmente ignorar.
Era uma mulher bonita, não poderia negar. Em qualquer outro dia,
até mesmo, algumas semanas atrás, não pensaria duas vezes em levá-la
para casa. Entretanto, ali estava eu, sem conseguir foder com alguém,
porque a declaração de Chiara fodeu minha cabeça.
nada e que realmente não era uma boa noite. Ela não a melhoria. Acho que
ninguém seria capaz.
por isso, já esperava tal reação. E já imaginando que Chiara não falaria
abertamente sobre o que aconteceu e acabara de sair dali, só restava uma
opção – Pablo.
— Anne...
— Acha mesmo que ela era uma amiga? Simples amiga? — Pablo
esperar. Entretanto, doía saber que fui o responsável por colocá-la daquela
maneira para fora de minha vida. Chiara até então era uma constante.
— Já parou para pensar que pode estar sentindo o mesmo que ela e
por isso correu? Optou por afastá-la? Com medo do que você sente? —
indagou e o encarei sem a mínima vontade.
— Eu não...
mesmo.
Engoli em seco e tentei jurar a mim mesmo que logo, tudo voltaria
ao seu lugar, e que a falta de Chiara em meu dia e dia, e noites, não seria
tão massacrante. Ledo engano. Era apenas o começo de meu martírio.
11
saudade do que fomos, do que somos
Semanas depois...
E outra, já faz quase um mês que não piso em casa, preciso começar a
enviar currículos e mais, terminar a decoração. E não quer dizer que vou
esbarrar em Cael em alguma esquina.
— Chia! — ralhou.
de repente.
— Dia 27. Mas por que parece que viu um fantasma? — perguntou
e soltei o ar com força.
essa festa?
suspirei.
família, sentia que já era hora de voltar, e de quebra, encarar Cael Marini
mais uma vez. Acho que aquele reencontro era inevitável, porém, estava
feliz por poder me preparar psicologicamente para vê-lo.
No fundo, apenas torcia para não sentir nada. Mesmo que fosse
apenas minha pobre mente querendo enganar meu bobo coração. Ele ainda
permanecia preso em meus sentimentos e pensamentos. Seja por amor,
mágoa, mas principalmente, saudade. Até mesmo, como diria a banda
favorita de minha mãe: saudade que eu sinto de tudo que ainda não vi.
Ele se jogou no grande sofá ao meu lado, vestido apenas com uma
Notei que se virou e disse algo para nossa mãe, e já até poderia imaginar.
Nenhuma delas estava feliz pela minha conduta, na realidade, nem eu
estava. Contudo, não tinha como resolver aquilo sabendo que Chiara
estava a quilômetros de distância. Muito menos, bateria em sua porta e
pediria para que me perdoasse, novamente, por ser um imbecil. Seria
ultrapassar uma linha, e temia, magoar ainda mais aquela mulher. Chiara
era importante, e percebia aquilo, a cada maldito dia em que estávamos
longe. Como uma reafirmação diária.
amolecer um pouco.
Anne Liv poderia ser durona em todos os âmbitos de sua vida, mas
como seu irmão mais velho, a conhecia muito bem. A pouca diferença de
idade, apenas nos unia ainda mais. Conheci-a a ponto de saber que aquela
Sempre soube que ela se envolvia com outros homens, assim como,
estive com outras mulheres desde que começamos nosso caso. Porém, ver
aquela cena a minha frente, com ele a guiando pelo salão, fez-me sentir um
soco diretamente no estômago. Ali, remoí o fato das tantas vezes que ela
simplesmente via mulheres diferentes saindo de meu apartamento. Aquela
porra doía, ainda mais, porque seu olhar sequer encontrava o meu,
— Ela vai vir até você, então... Vou lhe dar espaço para o fazer. —
— Sei o que faz aqui e o jogo que quer, mas eu não vou cair nisso.
— a voz de meu primo soou dura, e franzi o cenho, saindo de meus
devaneios, e olhando em direção ao casal que estava praticamente
escondido sob a árvore, e com toda certeza, não me via a poucos metros.
— Não sou o mesmo idiota de antes, Nina.
diferente agora? — o deboche na voz de meu primo, fez com que quisesse
me intrometer, porém, virei meu olhar, e de repente, nada ao redor pareceu
importante.
festa. Vi o caminho livre, e não pensei duas vezes em chegar ao seu lado.
Quando faltava pouco para alcançá-la, notei sua postura mudar, e o sorriso
em seu rosto morrer. Ela levou a taça de champanhe a boca e logo, se
virou. Seus olhos bateram nos meus, e senti-me imerso naquele momento.
o mesmo.
— Aquela foi uma noite difícil e percebi de fato que era tarde
— A última vez que nos falamos, foi quando liguei para perguntar
sobre como você poderia prosseguir caso Cael não aceitasse a dispensa de
aviso prévio. — senti-me culpada no mesmo instante. — Nem faz essa
cara, não tinha como saber que era justamente o cara do meu passado. —
parei no sinal vermelho, e a vi revirar os olhos. — Enfim, ele me ajudou, e
Ali soube que minha irmã conhecia os Marini muito além do que
eu imaginava.
— Chiara?
Coração ridículo!
— Ei, Leo! — fui até ele, e nos abraçamos. — Acho que sumi. —
comentei sorrindo e ele assentiu, logo se afastando.
— Juro! — sorriu. — Essa semana ela disse que quer ser modelo, e
aposto que semana que vem será algo como bióloga.
sabendo que aquele era o jeito Anne Liv de ser, ao menos, para as pessoas
que considerava como suas.
— Minha irmã veio e vou acha-la para lhe dar parabéns. — falei
Saí de perto dela com Leonardo a tiracolo, e pude jurar que o ouvi
soltar o ar assim que estávamos a passos suficientes de distância.
— Vou fingir que não vi e nem senti nada rolar entre você e Anne
Liv. — comentei, assim que nos encontramos perto das lindas roseiras que
a mãe dela cultivava.
Não escolhi amá-lo, mas aconteceu. Porém, não o deixaria sair por
cima. Nunca mais. Nem que precisasse mentir em voz alta que não sentia
absolutamente nada.
— Oi, Chia! — minha voz saiu empurrada e notei que ela apenas
me encarou, sem demonstrar qualquer outra coisa com o olhar. — É bom
te ver.
passo e puxá-la com força para meus braços. Nunca me sentira daquela
forma por alguém e não sabia como deveria agir. Porém, não podia
simplesmente me aproximar. Não depois de tudo. — Como vai?
tal, mas... Fica tranquilo. O que passou, passou. — fiquei paralisado diante
de suas palavras, e tentei buscar algum resquício de dúvida em seu
semblante. Não conseguia ver nada. Ou ela me confundia ou estava fodido
o suficiente para não entender nada. — Somos adultos e agimos feito
— Sei que deve ter sido uma pressão da sua irmã, primo e até
Ela então deu um passo a frente e levou a mão livre até meu ombro.
empresa.
— Sabe por que? Porque o que me assustou foi a verdade em seu olhar
quando disse que estava apaixonada, e mais ainda, o fato de eu ter gostado
absurdamente disso.
Minha voz soou um pouco mais alta, e senti a raiva correr por meu
corpo. Estava farta daquilo, e principalmente, do que ele me fazia sentir.
Por mais que tudo que tentasse fosse esquecê-lo, estar tão perto, apenas me
— Tive tempo para pensar no que fazer, Chia. Tive todo esse
tempo longe para entender porque agi como agi, e mais, a forma como
sinto sua falta em minha vida. — enfatizou as duas últimas palavras e
simplesmente me vi presa aos sonhos que me atormentaram por várias
noites. Nos quais, ele me queria também. O quão absurdo tudo aquilo
seria? — Sei que errei e quero me redimir, quero te mostrar que...
ele era diferente. — Não quero ouvir ou discutir sobre, apenas seguir em
frente. Meus sentimentos por você foram apenas algo perdido de minha
mente, aceite.
— Não. — seu hálito fresco tocou meu rosto, mas não me movi.
Era uma briga de cachorro grande, como mamãe diria. — Pode tentar
mentir para si mesma, mas eu sei que sente. Assim como, eu sinto. Tive
que descobrir da pior maneira, te mandando para longe da minha vida, mas
não vou deixar com que isso continue.
Fora impossível não ficar surpresa com sua revelação, assim como,
querer socar sua cara por brincar comigo daquela maneira. Ele sabia que
eu sentia, por mais que tentasse esconder e mentisse segundos atrás.
— Se sente o mesmo que eu, sabe que não foi do nada. — seu
hálito fresco tocava meu rosto e boca, como uma leve carícia. Tentava
manter o foco, mas era impossível. Precisava me afastar. Cael Marini era
perigo, e sabia muito bem daquilo. Ele tinha destroçado meu coração em
poucos dias. — Tivemos dois anos para isso, Chiara. Só nos bastou
enxergar de fato, que por mais que existissem outras pessoas em nossas
vidas, sempre voltamos um pro outro.
parabéns de Anne Liv. Estar ali era sufocante, ainda mais, porque não
esperava nada daquilo.
— Não sei ao certo como vocês eram no dia a dia, mas pelo que me
disse, se apaixonou por ele em algum momento. — assenti e coloquei a
chave na ignição, ainda sem saber o que fazer. — Ele agiu como um
completo imbecil, de forma que sequer poderíamos imaginar isso... Nunca
diria que ele está apaixonado.
— Nem eu. — suspirei profundamente. — Não sei o que fazer, eu
só... Não quero me iludir e pensar que ele realmente vai lutar por mim. —
fiz aspas com as mãos e notei o olhar surpreso de Nina. — Que foi?
— O resumo da ópera foi esse. Tentei mentir que não sinto nada e
que me confundi sobre nós, e no fim, ele apenas insistiu que me queria. —
revirei os olhos daquela contradição. — Acho que você estava certa, e não
devia ter vindo. — comentei, sentindo-me cansada. — São Paulo é grande
suficiente para não nos esbarrarmos mais, mas vir a festa...
— Acho que você quer, mas está com medo. — acusou-me, e não
pude negar. Era a mais pura verdade.
Acostumei-me com o a rejeição e que Cael era apenas mais um
babaca em minha vida. Voltar e o ver agindo como alguém que se
— Você se preparou pro cara que te queria fora de sua vida, não
para o que quer conversar e te manter. — olhei para Nina, buscando nela
algum norte. — Se quer ouvi-lo, por que não? Não precisa ser agora, mas...
Dê o seu tempo de ter essa conversa. Não precisa se julgar por querer ouvir
voltar atrás.
— Tenho algo para te dizer, irmã. Aquele homem seria louco por
não te querer. — sorri, ainda sem olhá-la. — Mas dê tempo a si mesma, ao
seu coração... Não vai começar a procurar emprego, antes de ir passar mais
uns dias conosco em Minas?
sentindo-me mais leve. — Acho que preciso voltar a rotina, e quem sabe,
conseguir falar com ele.
casa.
conhecido me recebeu.
— Parece que faz uma eternidade que não tenho a chance de olhar
para você.
Bom, Heitor já era uma exceção, mas não contava pois aconteceu
antes da regra ser criada.
— Chia!
Olhei-o incrédula, pois imaginava que diria algo como: Bom dia,
como vai? Fingindo que íamos recomeçar daquela forma. Porém, por
alguns momentos parecia tão relapsa, que me esquecia que Cael era
daquela forma. Ele não mentia. O que me fazia temer ainda mais o que
realmente queria com um café. Olhei para a pasta em minhas mãos, e sabia
que tinha encaminhado ao menos a parte de conseguir um emprego.
Poderia, finalmente, dar um basta no que atormentava meu coração e
mente?
— Ok.
ainda entender qual era o objetivo. — Eu fiquei puto, Chia. Mas não pelo
fato de que tinha cancelado tudo, sabia que era coisa de minha irmã. Mas
sim, porque sequer se lembrou do meu aniversário ou me levou um
bolinho minúsculo no dia anterior para comemorarmos juntos.
— Anne Liv até comentou que ia sair com um velho amor... — Mal
sabiam eles que meu encontro foi com bebida e filme romântico. Mais com
a bebida. — Isso me quebrou, porque não conseguia entender como
parecia ter me esquecido e de repente, sua declaração tinha se desfeito. —
notei que parecia nervoso e me encostei contra o banco acolchoado. — Eu
não soube como agir, e quando vi, estava na sua casa. Sempre soube que
tinha outros, fomos sinceros sobre mas... Desde a sua declaração tudo
mudou em mim, Chia.
— Não sei onde quer chegar, Cael. — falei por fim. — Estou
cansada de sentir que não encerramos esse assunto e quero fazer isso.
Quero muito. Vamos seguir em frente, sem mais nos prendermos a isso.
ações até os gemidos na cama. Sinto falta de poder passar horas assistindo
— Primeiro, quero conseguir seu perdão por ter agido tão baixo ao
simplesmente pensar em te transferir e mandar para longe. — engoli em
seco, sabendo que aquilo era um assunto pendente. — Segundo, quero que
me dê a chance de ser seu. De... Sermos mais do que um caso.
Ele sorriu e poderia jurar que ouvi algumas pessoas gritando para
que dissesse sim. Porém, apena via um homem ainda mais confuso que eu
a frente. Neguei com a cabeça, sem conseguir dizer aquilo em voz alta.
Passei por ele, sem querer olhar para o que deixava. Entretanto, tinha
certeza que deixara um homem completamente de joelhos para trás.
cada vez mais de casal do anonimato para o casal do barraco. — O que fez
foi loucura!
seu colo e sinto muito se agi feito um louco. Desde que me deixou, tenho
ficado a cada dia mais insano. O não eu já tinha, e admito, não sabia o que
esperar.
— Não pode estar falando sério. — falei como se para mim mesma.
— Você me rejeitou e depois me mandou para longe. Como pode querer
estar comigo agora?
peito. Senti seu coração bater rapidamente sob minha palma, e sabia que
me encontrava da mesma forma.
de tentar compreender seus atos. — Quero estar com você. Só com você.
Ainda era algum tipo de carma, mas cogitava até mesmo o destino.
Suspirei e não soube como respondê-lo. Era uma mulher que sabia
o que queria e que por mais maluca, gostava de ser daquela maneira. Sem
pensar duas vezes, subi minha mão até sua gravata azul, e o puxei
— Talvez.
Foco, Chiara!
Sem dizer nada, ele apenas me cercou contra o mesmo, e senti seus
lábios descerem firmemente para os meus. Derreti-me mais uma vez, e
pouco me importei com o fato de que poderia estar trocando os pés pelas
— Vou te mandar por mensagem o link, mas me diz, está com ele,
não é? — indagou e engoli em seco.
— Sim.
— Só quero que seja feliz, nada mais. Se ele vai ajudar nisso,
veremos.
estranhei o fato de ter ficado tanto tempo longe. Parecia que fora ontem
que saíra dali. Saíra para nunca mais voltar.
e não pude evitar uma gargalhada ao final, quando simplesmente saio, com
o rosto claramente aborrecido e perdida naquela situação. Sorri,
imaginando os comentários e teorias que as pessoas já estariam fazendo.
Se achava que existia alguma dúvida sobre estar de volta para seus
braços, e principalmente, em seu apartamento, acabara ali. Deixei o celular
de lado, e sequer me importei com o vídeo que circulava, ainda mais,
porque eu sabia da verdade. Não era questão de pisar ou não, muito menos,
da rejeição que acontecera. Quando nossos lábios se encontraram mais
uma vez, soube, apenas queria ser amada, assim como ele.
— Posso ser o que quiser. — virei meu olhar para ele, e notei o
sorriso em seu rosto, assim como, o desejo em seu olhar. — Temos muito
que aprender juntos, Chia.
Sorri, e seus lábios desceram nos meus. Sabia que era apenas o
começo da reciprocidade de amor que tanto queria. De alguma forma, nos
encontramos no meio do caminho. No meio de tudo que não era para ser,
mas acabou sendo. Eu e ele, em meio ao caos que nos tornamos em busca
Andei até ele, e parei a frente da mesa, abrindo a boca para falar,
mas nada saiu. Parecia ter ficado muda momentaneamente.
Senti suas mãos em minha cintura, mas não consegui encará-lo. Era
como se estivesse presa em um universo paralelo e pudesse ver Noctis a
minha frente, julgando-me como uma péssima mãe por não o preparar. E
mais, eu me julgava pelo fato de que tinha bebido todas nos últimos
tempos.
— Disse que não ia aparecer aqui porque isso lhe daria ideias... —
forçando-me encará-lo.
Continua...
Espero que tenham se divertido com o desenrolar da história de
Chiara e seu amor rejeitado por Cael. Parece que não era tão rejeitado
assim, não é? Bom, as loucuras entre eles continuam em Amada pelo
CEO. O livro já está disponível aqui na amazon:
sério nunca lhe pareceu tão difícil, e, aos poucos, ela percebe fatores que
não tinha considerado: insegurança, ciúme e ideais diferentes. Além da
descoberta mais inesperada: uma gravidez.