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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOSCENTRO DE

CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS E SAÚDECURSO


ENFERMAGEMTrabalho de Conclusão de Curso
O ENFERMEIRO E A EQUIPE DE ENFERMAGEM NO
ATENDIMENTO A DEFICIENTES AUDITIVOS: Revisão Sistemática
da Literatura

Acadêmicos:Bruno Fernandes LeiteMárcio BernardesMarco Antônio Gomes da Silva


Orientadora: Profa. Me. Luzana Mackevicius Bernardes
INTRODUÇÃO
A comunicação humana é um processo
natural de aprendizagem, troca de informações e
compreensões entre os indivíduos, com objetivo
transmitir pensamentos, fatos e valores sendo um
importante instrumento para o cuidado entre
enfermeiro e paciente, durante todo o processo de
enfermagem (CHAVEIRO; BARBOSA; PORTO,
2008).
INTRODUÇÃO
Para estabelecer relacionamento efetivo entre
pessoas, o processo comunicativo torna-se importante,
pois exerce influência no comportamento e é um
instrumento para poder oferecer apoio, conforto e
informação, como também despertar o sentimento de
confiança e de auto estima, considerados essenciais ao
sucesso da comunicação e da realização pessoal e
profissional.
INTRODUÇÃO

A relação entre os profissionais de saúde e


pacientes que têm audição em níveis anormais é
estabelecida pelo mecanismo da linguagem de
sinais para se comunicar.
INTRODUÇÃO

Para Britto e Sanperiz (2009), a surdez


compromete o principal meio de comunicação entre o
indivíduo.

Para superar as dificuldades de comunicação na


prestação do cuidado, os enfermeiros devem apontar
soluções e condutas diferenciadas na assistência aos
pacientes com deficiência auditiva.
INTRODUÇÃO
Nesta perspectiva, constata-se que ainda não há
uma estrutura eficaz na área da saúde para atender
pacientes com deficiência auditiva.

Os profissionais de saúde ainda têm dificuldades em


prestar uma boa assistência a esses pacientes.

A equipe de enfermagem sente-se insegura e


limitada em relação à comunicação, principalmente para
explicar alguns procedimentos, o que pode gerar uma
relação não confiável entre ambos.
INTRODUÇÃO

Diante da complexidade que emerge desta


temática, este estudo tem o objetivo conhecer a
dinâmica de atendimento do enfermeiro e da equipe
de enfermagem aos deficientes auditivos por meio
de uma revisão sistemática da literatura.
REFERENCIAL TEÓRICO
A comunicação utilizada pelos deficientes auditivos

Atualmente a LIBRAS é reconhecida


cientificamente como um sistema linguístico de
comunicação gesto visual com estrutura gramatical própria,
independente da língua portuguesa, desse modo os
deficientes auditivos utilizam as mãos em combinação com
os braços, tórax, cabeça e abordam qualquer tipo de
assunto. (LACERDA; NAKAMURA; LIMA, 2004).
REFERENCIAL TEÓRICO

A comunicação utilizada pelos deficientes auditivos


Estudos apontam que a LIBRAS, constitui um
sistema de sinais independente das línguas faladas,
contudo, mesmo aqueles portadores de deficiência
auditiva, que utilizam a língua de sinais como meio de
comunicação, encontram obstáculos no acesso aos
serviços de saúde, visto que esta linguagem ainda não
é compreendida pelos profissionais que atuam nestes
serviços.
REFERENCIAL TEÓRICO
Obstáculos na comunicação

Ao recorrer aos profissionais da área de saúde, o


paciente com necessidades especiais se defronta com a
falta de domínio de comunicação por parte da
equipe.

Dessa maneira, na opinião dos pacientes com


deficiência auditiva, o atendimento a eles oferecido
pode ser traduzido por descaso e desinteresse dos
profissionais.
REFERENCIAL TEÓRICO
Obstáculos na comunicação

Conforme Chaveiro e Barbosa (2004 apud


TRECOSSI; ORTIGARA, 2013), é fundamental uma
adequada inclusão dos deficientes auditivos nos
serviços de saúde, para a garantia de uma assistência
humanizada e de qualidade.
Neste contexto, ressalta-se a importância da
qualificação profissional para a assistência adequada
aos portadores de deficiência auditiva.
REFERENCIAL TEÓRICO
Política nacional de atenção à saúde auditiva
No Brasil ocorre escassez de informação recente a
respeito da perda auditiva, devido ao reduzido número de
estudos epidemiológicos.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) mostram que, no ano de 2010, havia
aproximadamente 9,7 milhões de pessoas portadoras de
algum tipo de deficiência auditiva, o que representa cerca
de 5,1% da população brasileira.
REFERENCIAL TEÓRICO
Política nacional de atenção à saúde auditiva

A Política Nacional de Saúde da Pessoa com


Deficiência (Portaria MS/GM nº 1.060, de 5 de junho
de 2002) estabelece como uma de suas diretrizes a
"Atenção integral em saúde", atribuindo ao Sistema
Único de Saúde (SUS) e sua rede a responsabilidade
direta nos cuidados de saúde das pessoas com
deficiências.
REFERENCIAL TEÓRICO
Política nacional de atenção à saúde auditiva

A política tem como objetivo atender a


população brasileira com problemas auditivos, criando
condições de acesso desta população a todos os
procedimentos de saúde auditiva.

A política prevê articulação do Ministério da


Saúde com as Secretarias Estaduais e Municipais de
Saúde.
METODOLOGIA
Esta pesquisa é uma revisão sistemática da
literatura. A escolha desse método se dá pelo fato de poder
reunir, sintetizar e fortalecer o conhecimento pré existente
a respeito da temática proposta.
A revisão sistemática da literatura, assim como
outros tipos de estudo de revisão, é uma forma de pesquisa
que utiliza como fonte de dados a literatura sobre
determinado tema (SAMPAIO; MANCINI, 2007).
METODOLOGIA
A abordagem subsequente desse método oferece
aos leitores um resumo objetivo e minucioso do que se
conhece sobre um determinado tópico, ele deve contar
com as consistências e contradições existente na
literatura, além de ofertar possíveis explicações para
diferentes conceitualizações ou método de coleta de
dados (POLIT; BECK; HUNGLER, 2004).
OsCOLETA DE
termos de busca DADOS
empregados nesta pesquisa
foram obtidos através de consulta aos Descritores em
Ciências da Saúde (decs.bbv.br).

Na busca dos trabalhos utilizou-se a combinação


dos descritores

“perda auditiva”, “deficiente auditivo”, “LIBRAS”,


“cuidados de enfermagem”, “enfermeiro”.
Publicações potencialmente elegíveis identificadas nas
bases bibliográficas através dos descritores: 65

Pesquisas excluídas por não preencherem os


critérios de inclusão: 42
Interpretação e análise de dados
A análise dos dados foi realizada em três etapas:

Caracterização dos estudos selecionados;


Leitura;
Análise dos artigos.

Na caracterização dos estudos selecionados foi


classificado quanto as informações de publicação e
delineamento da pesquisa.
Para isso todos os artigos foram entregues a dois
profissionais que atuam diretamente com a assistência aos
pacientes surdos e que conhecem a temática do estudo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir dos estudos e da análise realizada entre


os artigos, evidenciaram-se três vertentes de discussão
temática.

A Importância da comunicação com os surdos;


O direito do surdo à assistência;
A capacitação profissional.
A importância da comunicação com
os surdos
Os estudos mostram que os pacientes surdos
ainda encontram diversas barreiras no que diz a
respeito à assistência à saúde por não serem
compreendidos, visto que são raros os profissionais da
saúde que conhecem uma forma adequada ou
utilização de métodos visuais para facilitar o
atendimento. (CHAVEIRO; BARBOSA; PORTO,
2004)
O direito do surdo a assistência

As literaturas apontam que as políticas públicas


de saúde e inclusive as normas jurídicas, apesar de
estarem em sua grande maioria bem estruturadas e
planejadas, quando se deparam com particularidades,
como o atendimento às pessoas com deficiência
auditiva, apresentam dificuldades para sua
operacionalização (MONTREAL, 2004).
A capacitação profissional

Segundo Gomes et al. (2009) as barreiras de


comunicação encontradas pelos profissionais da
saúde e pelos próprios pacientes surdos, são
prejudiciais ao diagnóstico e tratamento efetivo desses
pacientes.
A capacitação profissional

O conhecimento da LIBRAS deveria ser


obrigatório, principalmente na área da saúde, através do
curso de LIBRAS, o profissional da enfermagem adquirirá
conhecimento para a comunicação não-verbal,
estabelecendo uma comunicação eficaz com o deficiente
auditivo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A revisão sistemática da literatura mostrou que o


acesso do deficiente auditivo aos serviços de saúde é mais
difícil porque não há comunicação efetiva entre o surdo e
a equipe que o acolhe.

Este fato poderá implicar na resolutividade da


assistência prestada em decorrência da dificuldade em
auxiliar o paciente a resolver seus problemas.
O resultado que este estudo trouxe ressalta
que a III Conferência Distrital de Defesa dos
Direitos da Pessoa com Deficiência, realizada em
Brasília no período de 18 a 19 de Agosto de 2012,
apontou como a terceira proposta mais
prioritária para o eixo de saúde a capacitação dos
profissionais da área de saúde pública e privada
em Libras, Braille e outras metodologias de
comunicação primando por um atendimento
adequado à pessoa com deficiência (SEJUS, 2012).
Verificou-se através da análise dos artigos
pesquisados que os pacientes surdos
encontram barreiras durante o atendimento,
principalmente na saúde, já que não são
compreendidos, devido a escassez de
enfermeiros com conhecimento em LIBRAS ou
em outros métodos visuais que possam facilitar
o atendimento aos pacientes surdos.
Conclui-se que para aprender LIBRAS é
necessário dedicação, pois trata-se de uma língua
nova, porém é possível preparar os enfermeiros e a
equipe de enfermagem, assim como os demais
profissionais de saúde com aprendizados básicos que
auxiliem no seu trabalho, melhorando o
relacionamento profissional/paciente para que possam
contribuir para a verdadeira inclusão dos deficientes
auditivos (BARBOSA et al., 2004).
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