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ATUALIZAGAO PLANEJAMENTO DIDATICO NO ENSINO SUPERIOR (2.4 parte) RESUMO O planejamento de ensino, em nivel de disciplina, decorre do planejamento curricular, referindo-se & acao docente. Comporta trés modalidades: plano de curso, de unidade e de aula. O plano, em si mesmo, & um esquema de trabalho, e Como tal, s6 adquire vida se, junto a in- dispensével coeréncia interna, & exis- téncia de recursos e eficiéncia adminis- trativa da Escola, se aliar a personali- dade do professor que Ihe transmite 0 dinamismo necessario durante 0 ato da execugéo, plano de ensino consta dos seguintes elementos: contetido, estratégias, objetivos @ avaliagdo. Ja analisados os dois primeiros, vejamos a seguir: objetivos e avaliagao, Objetivos (para que ensinar?) ‘Sao comportamentos a serem alcanga- dos a longo ou a curto prazo no processo ensino-aprendizagem Esses comportamentos se referem as capacidades fundamentais do ser humano no: conhecer, sentir e agir. Sao capacidades fundamentais ¢ interli- gadas na totalidade da pessoa Com base nesses comportamentos, B Bloom e sua equipe classificaram os objet vos em trés dominios: 1. dominio cognitive — refere-se as ha- bilidades da inteligéncia, de conhecer. 2. dominio afetivo — refere-se as atitu- des de interesse que levam a participagao. 8. dominio psicomotor — refere-se as habilidades motoras, base da acao. or, Programa de Preparo Pesagésico, ASEM Itala Ferreira’ Os objetivos a serem alcangados alongo prazo, sejam do dominio cognitivo, afetivo ou psicomotor, so denominados objetivos gerais. (0s objetivos a serem alcancados a curto prazo, portanto, possiveis de avaliacao ime- diata, sao denominados objetivos especifi- cos (operacionalizados) Num plano de disciplina, os objetivos especificos decorrem logicamente dos obje- tivos gerais. Exemplificando: Discilina: Semiologia Objetivo geral: Conhecer os principais sintomas das atecgées mais comuns. Objetivo especifico: Enumerar os sinto- mas caracteristicos da ictericia Os objetivos especificos podem ser se- gundo Robert Mager, descritos com maior Clareza. Para tal o autor propée o objetivo especifico a que denomina operacionali- zado. 0 objetivo operacionalizado apresenta trés caracteristicas: ¢ Comportamento (final) — agao ob- servavel a ser demonstrada pelo estudante, ao final das diversas etapas da aprendiza- gem ‘* Condigéo — situaco que envolve 0 estudante no momento em que deverd de- monstrar 0 comportamente. * Critério — rendimento esperado do aluno (padréo minimo). O critério pode ser’ quantitativo, de tempo e qualitativo. Exemplificando: Objetivo especifico (operacionalizado): — Enumerar os sintomas caracteristi- os da ictericia; — sem consultar os aponta- mentos; = com 100% de acerto. A Bras. Educ. Méd., Rio de Janeiro, 81): 42-46, jan./abr. 1984 — Comportamento (final) Condi¢ao Griterio Avaliagao ‘* processo continuo de acompanha- mento do estudante que visa a diagnosticar seu conhecimento, controlar seu processo de aprender e verificar seu grau de aprovei- tamento. Saldanha diz: "No campo educacional, avaliagao refere-se ao processo que permite julgar, apreciar, determinar o valor de um procedimento cognitive, sécio-emocional ou psicomotor de uma pessoa’’""" As fungdes préprias da avaliagao que 880: de diagnéstico, de controle e de classi- ficagao correspondem as trés modalidades. avaliagao diagnéstica, formativa e somativa ‘Aavaliacao da aprendizagem se iniciana operacionalizacao dos objetivos, quando o professor determina os critérios para avaliar ‘08 comportamentos propostos. Planejamento didético no ansino superior Avaliar também consiste em se utilizar medidas adequadas aos abjetivos propostos a fim de verificar 0 seu grau de consecucao. Assim sendo, 0 professor tera condigoes de encontrar respostas as suas dividas no que diz respeito & aprendizagem do estudante, identificando seus pontos fortes e fracos. ‘Algumas caracteristicas da avaliacao: ‘« abrangem todo 0 Ambito do processo didatico, isto &, antes (diagnostico) durante (controle) e depois (resultado): ‘18m por base a modificagao do com- portamento em todos os seus aspectos; ‘ contém, para ser valida e abrangente, aspectos quantitativos e qualitativos; ‘¢ apresentam um carater de realimenta- ‘ao (feed back) que permite o aperfeicoa- mento continuo do processo”.”” © quadro 1 apresenta, em sintese, as- pectos relacionados conceituacdo, classi- ficacdo e caracteristicas dos elementos que acabamos de analisar: Quedro 1 Elomentos do Planelamento de Ensino + OBIETWVOS 2 GONTEUDO = TECNICAS “ RECURSOS “ AVALIAGAO Garcatongio Formuiagbes ich ConluntoSgnicalvo” Naneiaspariadares Sto os vanod tos de Presto continuo de Ts desmucengae ce comecimenin ce oganizaroensh_componenies do am ieseneren Saeconadon an Poatimde oer brio studanie desenvol fn maneis de por-vorauascapaciades ‘ar aspacto ogni ua ale rvetments noe tho) anti (aspocto palcomtoras Sepectos coon, tea) ea (espe: iittvoe pacomotor seen" [ESTRATEGINS OE AGAO| Ghassiieapio + Quanto a nivel = 7 Trica de orsino Romanos proessr,_ Avallcdo apectiegto Cmatuagio inci" extudantepercoal ” « Diagnostica Sere Susizees ficolare decom ¢ Formative Espectioos ‘Teeices de ersiro Gade) 1+ Quanto 30 dominios: Crane Se ipo «Mwai tunis, Sonata itasiov st comunise) rtvoe Pstcomotores “ Ccaractrieiese + Claeza + Lesieaaee s Acoauseso ‘Grasuatcaeo + opercionaiace + Continuidade + unaase «+ Sonhel do conhecineno os alunos teasoe ona gas + 4a possbiidae real da Escola + Continviceee A. Bras. Educ. Méd., Alo de Janeiro, (1): 42-46, jan /abr. 1964 43 Rovista Brasileira do Educagdo Médica Ill, Modalidades de Planos de Ensino Trés 80 as Modalidades de planos de ensino: plano de curso, de unidade e de aula, Sao planos que se referem a disciplina e que se diferenciam, especialmente, quanto @ abrangéncia na apresentagdo das ativida- des, objetivos (contetidos) avaliacao. Esquematizando: PUNO. oe ‘spresntags gota detocnses ais Feateapae ce cuss (aro, semaste, Dimes: més at | semana) + expecting, dine Plano de Curso 0 plano de curso esta mais préximo do plano curricular e tem como finalidade a apresentagao global da disciplina, garan- tindo a coeréncia vertical e horizontal nas atividades desenvolvidas com a finalidade de assegurar um todo integrado. Além de ter ‘como ponto de partida 0 conhecimento da realidade da populagao alvo € indispensavel que seja exeqiivel, atendendo as caracteris- ticas dessa populacdo e 0 tempo disponivel para ser executado. Plano de Unidade O plano de unidade é 0 detalhamento de um tema central j4 previsto de modo abran- gente pelo plano de curso. As unidades pre- Vistas no plano de curso séo desenvolvidas, no decurso de tempo previsto para o Curso ‘como um todo, em ardem crescente de com- plexidade. As unidades que tratam da fun- damentagéo como conhecimento de voca- bulario, conceitos indispensdveis a outros niveis de conhecimento sao apresentadas de forma que se permita ao aluno a integracao das informagées 0 que 0 torna apto a novas 44 R aprendizagens. ‘Apresentando-se sob a forma de um todo organizado 0 que supée vinculagéo coerente entre objetivos (conteudos), estra- tégias e avaliacao, 0 plano de unidade ga- rante uma seqléncia de conhecimentos gra- dativos 0 que assegura, no final do Curso, a integragao dessas aprendizagens. @ Proviso de formas ‘erie ce avaacao Concrete part peracionsie Plano de Aula 0 plano de aula é o instrumento con- creto que especifica as atividades de cada aula, tendo como ponto de partida os cam- Portamentos esperados do aluno, 0 que su- gere a selegao dos contetidos e estratégias adequados & consecugao desses compor- tamentos. Turra ressalta a relacao de subordinagao © coeréncia que deve existir entre as trés modalidades de planos: ""... 08 objetivos tragados no plano de curso de forma ampla e em termos gerais envolvem os mesmos comportamentos em nivel de plano de aula, mas sé que nesse momento em termos de desempenhos visi veis, observaveis, avalidveis enquanto se rea- lizam”.0® © plano de aula em fase de execugdo envolve 0 relacionamento professor-aluno, aluno-aluno. Abreu e Masseto descrevem como caracteristicas desse relacionamento: “...0 comportamento de didlogo, cola- boragao, participagao, trabalho em con- junto, clima de confianga, o professor néo sendo um obstaculo 4 consecugao dos obje- Bras. Educ, Méd., Flo de Janeiro, 8(1): 42-46, jan./abr. 1964 tivos propostos e nao sendo percebido como ree IV —Esquema de um plano Todo plano, seja de curso, de unidade ou de aula, deve apresentar elementos que ex- plicitem de maneira coerente a acao didatica aser desenvolvida nas situagoes de aprendi- zagem. Embora nao exista uma forma unica de se esquematizar um plano, sao elementos basicos para sua elaboragdo: 1. Dados de identificagao: 2. Dados sobre a populacdo alvo; 3. Cronograma (distribuigao do tempo) 4. Objetivos (gerais, especificos ou compor- tamentais, conforme a modalidade de plano); 5. Contetidos; 6. Estratégias (Técni- cas e Recursos) e 7. Avaliacao. Esses elementos sao comuns as trés modalidades de planos. O critério que dife- rencia cada momento da acdo didatica éo da crescente especificagao, que culmina no plano de aula, momento de aplicaco con- creta V—Ementa — Porque e como redigi-la Objetivos da ementa ‘A-ementa tem como abjetivos: (a) orga~ nizar 0 conteUdo a ser desenvolvido na dis- ciplina, de forma légica, geral e sumaria; (b) possibilitar a visdo global da disciplina face a0 contexto do curso; (c) facilitar aos res- ponsaveis por outras disciplinas 0 pronto re- conhecimento do conteudo a ser desenvol- vido na disciplina em questéo, Ementa — seu significado Ementa vem do latim “ementa”, plural “ementum”, e significa idéia, pensamento. Este vocdbulo apresenta outras significa goes: 1. apontamento, rol, lembranga. 2. sumério, resumo. Ementar significa: 1. Fazer ementa, apontamento de. 2. Fazer mengao de; relem- brar e ementério é 0 livro ou caderno de ementas (Buarque de Holanda, 1978)."" Outros dicionérios consultados como Almoyna (s/d)®, Bueno (1976), Parlagreco (1973)®, Pinheiro (s/d)” sao coincidentes em apresentar como significados de ementa: Planejamento didatico no ensino superior Em educagao, ementaé a apresentacao, por escrito, em forma de sumario do con- teudo de uma disciplina. Critérios para elaboragao de uma ementa s critérios estabelecidos para 2 elabo- racdo das ementas podem ser reduzidos a (a) organizagao légica das idéias contidas no sumario; (b) uso das palavras sem prejuizo da compreensao global do contetido: (c) es- colha de termos técnicos e cientificos; (d) limite de 25 a 30 palavras. Exemplificagao Disciplina: Medicina Legal ¢ Deontologia Ementa Conceitos de Medicina e Deontologia.Identi- ficacao médico-legal. Traumatologia fo- rense. Tanatologia. Infortunistica. Questées médico-legal relacionadas com a atividade sexual. Obstetricia forense. Psicopatologia forense. Problemas médico-legais do casa- mento. Deontologia. Diceologia” concLusAo © planejamento tem importancia fun- damental para 0 desenvolvimento de um proceso integrado de aprendizagem. Nao se justifica um proceder empirico ealeatério, quando se trata da formagao de futuros pro- fissionais. Se um “planejamento sempre se faz den- tro, apartir e para uma situacao concreta” temos de considerar que a Escola de Medi- cina esta inserida num meio social que exige do médico competéncias apropriadas para uma prestagao efetiva de servicos. Impoe-se, pois, reviso periddica do planejamento da Escola, tanto em nivel de curticulo, quanto em nivel de planos de en- sino, & luz das novas exigéncias, com a fina- lidade de reformulagao dos objetivos. A in- dagacéo: Que tipo de médico a Escola esta formando? implica em reviséo corajosa e séria de metas a atingir. © Programa de Integracao Docente- Assistencial (IDA) coloca claramente a preo- cupagao de inserir a Escola Médica na situa- 40 concreta que a sociedade atravessa, Para aceitar 0 desafio proposto Expressa-se a respeito dessa preocupa- esquema, sumario, resumo, apontamentos, 40: : : rol, lembranca. 0s curriculos da area da saiide, A. Bras. Educ, Méd, Rio de Janeiro, 81): 42-46, an./abr. 1984 45 a Revista Brasileira de Educagio Médica como em qualquer outra area, devem ser de tal modo flexiveis que permitam pequenas © cumulativas modificagoes, que, em determi- nados momentos, conflitando com 0 estabe- lecido, se fixem, quando uteis, ou sejam el minados, quando nao respondam ao pro- cesso evolutivo da sociedade".” Procuramos, pois, apresentar a parte técnica da elaboracao do planejamento didatico, enfatizando que a técnica esta sempre a servico do homem. ABSTRACT Teaching planning at discipline level depends upon curriculum planning and is referred to teacher action. It is compo- sed by three segments: the planning of the discipline as a whole, unity planning and lesson planning. Planning itself is ‘only @ working scheme and, as such, only becomes alive if allied to teacher personality that gives to the plan the ne- cessary dinamism in the execution act; on the other hand the plan needs internal coherence, teaching resources and school administrative efficiency. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 41. ABREU, Maria Célia de & MASSETO, Marcos T.O Professor universitario em aula: pratica e princi- pios tedricos. Sa0 Paulo, Cortez, 1982. 2. ALMOYNA, J. Martinez. Dicionério de portugués- 46 10, 1" 12 espanol. Porto, Porto Editores Lid {aria de Ensino Superior. Programs i Stig G40 docente-assistencialIDA. Brast,H. Seu, 1981, 32p. (Série Cadermos deca, YEO Sauce). asa, BUENO, Francisco da Slvr. Dion x da lingua portuguesa. 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Bras. Edue. Méd., Ro de Janeiro a1): 4246.18" 6 y

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