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Homeschooling - O Desafio Da Educação Domiciliar No Brasil Frente À Constituição Da República Fed
Homeschooling - O Desafio Da Educação Domiciliar No Brasil Frente À Constituição Da República Fed
BAURU/SP
2018
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BAURU-CEUB
BAURU/SP
2018
K087 Kotsubo, Oswaldo Kenji
Homeschooling: o desafio da educação domiciliar no
Brasil frente à Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988 / Oswaldo Kenji Kotsubo. -- 2018.
133f.
Dissertação (Mestrado) – Instituição Toledo de Ensino,
Centro Universitário de Bauru, Núcleo de Pós Graduação -
Bauru, 2018.
Orient. Prof. Dr.Luiz Nunes Pegoraro.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________
_________________________________
_________________________________
Agradeço ao meu querido Professor Orientador Dr. Luiz Nunes Pegoraro, por
ter ajudado a direcionar o presente trabalho até o texto final, sempre contribuindo
com inigualável conhecimento e experiência.
Aos professores Drs. Cláudio José Amaral Bahia, Flávio Luís de Oliveira, José
Roberto Anselmo, Pietro de Jesús Lora Alarcón, Vidal Serrano Nunes Junior, Walter
Claudius Rothenburg, Eliana Franco Neme e Cláudia Manzani Queda de Toledo
que, direta ou indiretamente muito contribuíram através do conhecimento
disponibilizado em sala de aula e em suas obras.
Sumário
1. Introdução .............................................................................................................. 1
1. Introdução
Se a resposta for positiva, então esta leitura pode lhe trazer uma nova visão
sobre o tema. Se, por outro lado, a resposta for negativa, então esta leitura pode lhe
ser muito interessante!!
Não se desconhece que a educação dos filhos começa muito cedo, muito
antes mesmo de as crianças ingressarem no método massificado e tradicional de
educação.
Por outro lado, inúmeras famílias têm optado por substituir o método
tradicional de educação imposto pelo Estado para adotarem o método de educação
denominado de Homeschooling, Home Education, Ensino Doméstico, Ensino
Domiciliar, Educação Domiciliar ou Educação Não Formal.
Com base nestas informações o trabalho tem início com um breve escorço
histórico do direito à educação no Brasil, com base nas Constituições Brasileiras e
nas principais Reformas Educacionais. Este capítulo foi dividido em quatro períodos.
Partindo-se do monopólio da educação religiosa jesuítica, evoluindo pela
institucionalização do estudo público e privado no Brasil, passando pela criação da
primeira Lei de Diretrizes Básicas até chegar à concepção pedagógica crítico-
reprodutivista, com a conclusão do processo de regulamentação da nova Lei de
Diretrizes e Bases da Educação, que se deu com a aprovação do Plano Nacional de
Educação.
1
A Companhia de Jesus, também conhecida como Ordem dos Jesuítas, foi fundada pelo basco
Inácio de Loyola e aprovada oficialmente pelo Papa Paulo III, em 27 de setembro de 1540. Disponível
em: http://www.jesuitasbrasil.com/newportal/institucional/quem-somos/>. Acesso em: 19/12/2017.
2
Manoel da Nóbrega nasceu na região do Minho, em Portugal, em 1517. Estudou nas universidades
de Salamanca e Coimbra. Entrou para a Companhia de Jesus em 1544. Em 1552 saiu da Bahia e
veio para São Paulo, onde fundou o Colégio São Paulo na aldeia de Piratininga, a futura cidade de S.
Paulo. Faleceu no Rio de Janeiro em 1570. (GHIRALDELLI JR, 2001, p. 13).
5
Para atingir seu objetivo, criou escolas de ler e escrever e também elaborou
um plano educacional diferenciado.
3
Tomé de Sousa nasceu na freguesia de Rates, em Portugal, em 1503. Militar e político português.
Como Primeiro Governador Geral do Brasil fundou a cidade de Salvador/BA, instalou o sistema
administrativo-político conhecido como governo geral. Distribuiu as capitanias hereditárias. Faleceu
em Lisboa, Portugal, em 1579. Disponível em: <https://www.ebiografia.com/tome_de_sousa/>.
Acesso em 30/12/2017.
6
[...]VII. Item Ordeno: Que aos particulares, que puderem ter Mestres para
seus filhos dentro nas proprias casas, como costuma succeder, seja
permittido usarem da dita liberdade; pois que dahi não resultará prejuizo á
Literatura, quando, como os mais, devem ser examinados, antes de
entrarem nos Estudos Maiores. (REI DOM JOÃO I, 1772. p. 4)
4
Sebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras e, em seguida, transformado em Marquês de
Pombal (1699-1782), foi Primeiro Ministro de D. Jose I. Marcou o século XVIII e o absolutismo régio
através de uma política de concentração de poder com o objetivo de restabelecer a economia
nacional e resistir à forte dependência desta relativamente à Inglaterra. (GHIRALDELLI JR, 2001, p.
14)
8
5
O ensino mútuo, também chamado de monitorial ou lancasteriano, baseava-se no aproveitamento
dos alunos mais adiantados como auxiliares do professor no ensino de classes numerosas.
(SAVIANI, 2013, p. 128)
6
Luís Pedreira do Couto Ferraz, Visconde do Bom Retiro, nasceu no dia 7 de maio de 1818 no Rio de
Janeiro. Foi Ministro no período Imperial. Foi o responsável pela metodização e oficialização do
ensino primário, reforma do ensino secundário, das escolas de medicina, o conservatório de música,
a academia de belas artes, e criador do Imperial Instituto dos Cegos. Faleceu em 12 de agosto de
1886, no Rio de Janeiro. Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_Pedreira_do_Couto_Ferraz>. Acesso em 30/12/2017.
9
7
Carlos Leôncio da Silva Carvalho nasceu no dia 18 de julho de 1847, na cidade de Iguaçu, no Rio
de Janeiro. Foi Ministro no Período Imperial. Foi o responsável pela introdução do ensino e da
frequência livre. Faleceu a 9 de fevereiro de 1912. Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Le%C3%B4ncio_da_Silva_Carvalho>. Acesso em 30/12/2017.
10
8
Marechal Deodoro da Fonseca nasceu no dia 5 de agosto de 1827, em Alagoas, hoje Deodoro, no
Estado de Alagoas. Filho do vereador e militar Manuel Mendes da Fonseca e de Rosa Maria Paulina
da Fonseca. Foi o primeiro Presidente da República do Brasil. Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 23
de outubro de 1892. Disponível em: <https://www.ebiografia.com/deodoro_fonseca/>. Acesso em
30/12/2017.
9
Benjamin Constant nasceu no dia 18 de outubro de 1833, em São Lourenço, Niterói, Rio de Janeiro.
Filho do português Leopoldo Henrique Botelho de Magalhães, primeiro-tenente em Portugal, e de
Bernardina Joaquina da Silva Guimarães. Foi Ministro da Guerra do Governo Provisório e General-
de-brigada. Faleceu no dia 18 de janeiro de 1891, em Jurujuba, Niterói, Rio de Janeiro. Disponível
em: <https://www.ebiografia.com/benjamin_constant/>. Acesso em 30/12/2017.
10
Campos Sales nasceu no dia 15 de fevereiro de 1841, em Campinas, São Paulo. Em 1998, foi
eleito Presidente da República. Faleceu em Santos, São Paulo, no dia 28 de junho de 1913.
Disponível em: <https://www.ebiografia.com/campos_sales/>. Acesso em 30/12/2017.
11
Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa nasceu no dia 23 de maio de 1865, em Umbuzeiro, Paraíba, Foi
Ministro da Justiça no governo do Presidente Campos Sales. Foi eleito Presidente da República em
1919. Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 13 de fevereiro de 1942. Disponível em:
<https://www.ebiografia.com/epitacio_pessoa/>. Acesso em 30/12/2017.
11
Segundo Palma Filho apud SILVA, (2010, p. 5), a reforma idealizada por
Carlos Maximiliano foi considerada a mais inteligente em toda a primeira República,
pois procurou manter o que era de melhor das reformas anteriores.
12
Hermes da Fonseca nasceu no dia 12 de maio de 1855, em São Gabriel, no Rio Grande do Sul.
Sobrinho do Marechal Deodoro da Fonseca, o primeiro presidente da República. Foi eleito Presidente
da República em 1910. Seu governo foi marcado por várias rebeliões políticas e sociais. Faleceu em
Petrópolis, no Rio de Janeiro, no dia 9 de setembro de 1923. Disponível em:
<https://www.ebiografia.com/hermes_da_fonseca/> Acesso em 30/12/2017.
13
Rivadávia da Cunha Correia nasceu no dia 9 de julho de 1866, em Santana do Livramento, no Rio
Grande do Sul. Filho de José Bento Correia e de Ana da Cunha Correia. Foi ministro da Fazenda no
governo de Hermes da Fonseca. É o criador do exame vestibular. Faleceu em Petropolis, no Rio de
Janeiro, no dia 9 de fevereiro de 1920. Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Rivad%C3%A1via_da_Cunha_Correia>. Acesso em 30/12/2017.
14
Carlos Maximiliano Pereira dos Santos, filho de Acelino do Carmo Pereira dos Santos e de D. Rita
de Cassia Pereira dos Santos, nasceu em 24 de abril de 1873, em São Jerônimo, província do Rio
Grande do Sul. Foi Ministro no governo de Wenceslau Braz. Convidado pelo Dr. Getúlio Vargas
aceitou o cargo de Ministro da Corte Suprema, sendo nomeado em decreto de 22 de abril de 1936.
Faleceu em 2 de janeiro de 1960, na cidade do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://www.stf.jus.br/portal/ministro/verMinistro.asp?periodo=stf&id=230>. Acesso em 30/12/2017.
12
15
João Luiz Alves, filho de João Luiz Alves e de D. Bárbara Horta Barbosa Alves, nasceu em 23 de
maio de 1870, na cidade de Juiz de Fora, província de Minas Gerais. Foi Ministro no governo de Artur
Bernardes. Em decreto de 8 de dezembro de 1924, foi nomeado Ministro do Supremo Tribunal
Federal. Faleceu em Paris, no dia 15 de novembro de 1925. Disponível em:
<http://www.stf.jus.br/portal/ministro/verMinistro.asp?periodo=stf&id=143>. Acesso em 30/12/2017.
16
Artur Bernardes nasceu no dia 8 de agosto de 1875, em Viçosa, Minas Gerais. Filho de Antônio da
Silva Bernardes e Maria da Silva Bernardes. Foi eleito Presidente em 1922. Faleceu no Rio de
Janeiro, no dia 23 de março de 1955. Disponível em: https://www.ebiografia.com/artur_bernardes/>.
Acesso em 30/12/2017.
13
19
Francis Galton definiu eugenia como “o estudo dos fatores físicos e mentais socialmente
controláveis, que poderiam alterar para pior ou para melhor as qualidades racionais, visando ao bem-
estar da espécie”’. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v14n2/v14n2a15.pdf>. Acesso em
12/01/2018.
20
Gustavo Capanema Filho nasceu em 10 de agosto de 1900 em Pitangui/MG. Filho de Gustavo
Xavier da Silva Capanema e Marcelina Júlia de Freitas Capanema. Iniciou sua vida política em 1927,
como vereador de Pitangui. Foi Ministro da Educação e Saúde no Governo de Getúlio Vargas.
Faleceu em 10 de março de 1985, no Rio de Janeiro/RJ. Disponível em:
http://mg.gov.br/governador/gustavo-capanema-filho>. Acesso em: 12/01/2018.
15
21
Após a deposição de Getúlio Vargas, José Linhares , na qualidade de
presidente do Supremo Tribunal Federal, assume a presidência da república e
finaliza a reorganização do ensino no Brasil com a edição das Leis Orgânicas do
Ensino: Primário (Decreto-lei n. 8529 de 02 de janeiro de 1946); Normal (Decreto-lei
n. 8530 de 02 de janeiro de 1946) e do Agrário (Decreto-lei n. 9613 de 20 de agosto
de 1946). Também é responsável pela criação do SENAC (Decretos-leis n. 8621 e n.
8622, ambos de 10 de janeiro de 1946).
CAPÍTULO II
Da Educação e da Cultura
Art. 166 - A educação é direito de todos e será dada no lar e na escola.
Deve inspirar-se nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade
humana.
Para atender ao disposto no art. 5º, inc. XV, alínea “d”, que estabeleceu à
União a competência para legislar sobre a diretrizes e bases da educação nacional,
21
José Linhares nasceu no dia 28 de janeiro de 1886, na fazenda Sinimbu, distrito de Guaramiranga,
município de Baturité, província do Ceará. Filho do Coronel Francisco Alves Linhares e D. Josefa
Caracas Linhares. Em decreto de 16 de dezembro de 1937, foi nomeado Ministro do Supremo
Tribunal Federal. Com a deposição de Getúlio Vargas, assumiu a Presidência da República em 30 de
outubro de 1945, permanecendo no cargo até 31 de janeiro de 1946. Faleceu em 26 de janeiro de
1957, na cidade de Caxambu, Minas Gerais. Disponível em:
<http://www.stf.jus.br/portal/ministro/verMinistro.asp?periodo=stf&id=147>. Acesso em 22/01/2018.
22
Eurico Gaspar Dutra nasceu no dia 18 de maio de 1883, em Cuiabá, Mato Grosso. Filho de José
Florêncio, comerciante e ex-combatente na Guerra do Paraguai, e de Maria Justina Dutra. No dia 2
de dezembro de 1945, é eleito Presidente do Brasil (1946 e 1951). É responsável pela promulgação
da Constituição Federal de 1946. Faleceu no dia 11 de junho de 1974, no Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro. Disponível em: https://www.ebiografia.com/eurico_gaspar_dutra/>. Acesso em 12/01/2018.
16
23
Clemente Mariani Bittencourt nasceu no dia 28 de setembro de 1900 em Salvador, Bahia. Filho de
Pedro Ribeiro de Araújo Bittencourt e de Ana Clemente Mariani Bittencourt. Foi Ministro da Educação
e da Saúde no Governo do General Eurico Gaspar Dutra. Faleceu no dia 13 de agosto de 1981 em
Salvador, Bahia. Disponível em:
<http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/biografias/clemente_mariani>. Acesso em
12/01/2018.
17
Este período, que também foi marcado por grandes mudanças no campo da
educação, se estendeu até a edição da Lei n. 5540 de 28 de novembro de 1968, que
trata da reforma universitária. Nota-se que a principal característica desta fase é a
reafirmação do Direito Fundamental à Educação Domiciliar em todas as
Constituições do período analisado, ou seja, de 1934, 1937, 1946 e 1967.
18
24
Emílio Garrastazu Médici nasceu o dia 4 de dezembro de 1905, em Bagé, Rio Grande do Sul. Foi
presidente do Brasil, eleito pelo Congresso Nacional, exerceu o cargo entre 30 de outubro de 1969 e
15 de março de 1974. No seu governo, a economia brasileira teve um grande crescimento, foram os
anos do "milagre econômico". Faleceu no dia 9 de outubro de 1985, no Rio de Janeiro. Disponível
em: <https://www.ebiografia.com/emilio_medici/>. Acesso em 12/01/2018.
19
Saviani (2013, p. 365) destaca ainda que “com aprovação da Lei n. 5692 de
11 de agosto de 1971, buscou-se estender essa tendência produtivista a todas as
escolas do país, por meio da pedagogia tecnicista, convertida em pedagogia oficial.”
25
Ulysses Silveira Guimarães nasceu no dia 6 de outubro de 1916, em Rio Claro, São Paulo. Filho do
coletor federal Ataliba Silveira Guimarães e da professora Amélia Correia Fontes Guimarães. Como
político brasileiro, foi um dos protagonistas da redemocratização do Brasil. Foi presidente do MDB, do
PMDB e da Assembleia Constituinte de 1988. Faleceu em um acidente de helicóptero, em Angra dos
Reis, Rio de Janeiro, no dia 12 de outubro de 1992. Disponível em:
<https://www.ebiografia.com/ulysses_guimaraes/>. Acesso em 21/01/2018.
20
1996, editou a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LBD (Lei n.
9394/96), conhecida como Lei Darcy Ribeiro.
recursos públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto - PIB, que
assegure atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e
equidade; valorização dos (as) profissionais da educação e a promoção dos
princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade
socioambiental.
3. Conceito de Educação
The word ‘education’ implies the entire process of social life by means of
which individuals and social groups learn to develop consciously within, and
for the benefit of, the national and international communities, the whole of
their personal capacities, attitudes, aptitudes and knowledge. This process is
26
not limited to any specific activities. (UNESCO, 1974)
Nota-se ainda que a educação não é um fim em si mesmo, tem por objetivo a
preparação do indivíduo para a sociedade, para compreender e reagir
adequadamente ao ambiente e às circunstâncias na qual está inserido.
26
Tradução: A palavra "educação" implica todo o processo da vida social, através do qual indivíduos
e grupos sociais aprendem a desenvolver conscientemente, dentro e para o benefício das
comunidades nacionais e internacionais, todas as suas capacidades, atitudes, aptidões e
conhecimentos pessoais. Este processo não se limita a quaisquer atividades específicas.
27
Percebe-se, pois, que o fato sobre o qual se funda a titularidade dos direitos
humanos é, pura e simplesmente, a existência do homem, sem necessidade
alguma de qualquer outra precisão ou concretização. É que os direitos
humanos são direitos próprios de todos os homens, enquanto homens, à
diferença dos demais direitos, que só existem e são reconhecidos, em
função de particularidades individuais ou sociais do sujeito. (COMPARATO,
1997, p. 28)
The notion of human rights falls within the framework of constitutional law
and international law, the purpose of which is to defend by institutionalized
means the rights of human beings against abuses of power committed by
the organs of the State and, at the same time, to promote the establishment
of humane living conditions and the multi-dimensional development of the
27
human personality . (VASAK, 1982, p. 11)
27
Tradução: A noção de direitos humanos enquadra-se no âmbito do direito constitucional e do
direito internacional, cujo objetivo é defender institucionalmente os direitos do ser humano contra
abusos de poder cometidos pelos órgãos do Estado e, ao mesmo tempo, promover o
estabelecimento de condições de vida humanas e o desenvolvimento multidimensional da
personalidade humana.
29
que os direitos humanos “não foram dados todos de uma vez e nem conjuntamente”,
tampouco de uma vez por todas (BOBBIO. 2004, p. 95).
No momento em que essas teorias são acolhidas pela primeira vez por um
legislador, o que ocorre com as Declarações de Direitos dos Estados Norte-
americanos e da Revolução Francesa (um pouco depois), e postas na base
de uma nova concepção do Estado — que não é mais absoluto e sim
limitado, que não é mais fim em si mesmo e sim meio para alcançar fins que
são postos antes e fora de sua própria existência —, a afirmação dos
direitos do homem não é mais expressão de uma nobre exigência, mas o
ponto de partida para a instituição de um autêntico sistema de direitos no
sentido estrito da palavra, isto é, enquanto direitos positivos ou efetivos.
(BOBBIO, 2004, p. 18)
Com a Declaração de 1948, tem inicio uma terceira e última fase, na qual a
afirmação dos direitos é, ao mesmo tempo, universal e positiva: universal no
sentido de que os destinatários dos princípios nela contidos não são mais
apenas os cidadãos deste ou daquele Estado, mas todos os homens;
positiva no sentido de que põe em movimento um processo em cujo final os
direitos do homem deverão ser não mais apenas proclamados ou apenas
idealmente reconhecidos, porém efetivamente protegidos até mesmo contra
o próprio Estado que os tenha violado. (BOBBIO, 2004, p. 19)
Já para uma parte da Doutrina, da qual faz parte Comparato (2010, p. 20),
Tavares (2012, p. 486) e Moraes (2011, p. 13), a origem dos Direitos Humanos seria
mais remota. Enquanto Comparato e Tavares nos remete ao período axial (600 e
480 a.C.), Moraes aponta para o período Egípcio e Mesopotâmico, onde surgiram
as primeiras manifestações de direitos comuns a todos os homens.
De acordo com Bobbio (2004, p. 19), com a positivação dos direitos humanos
através da Declaração Universal dos Direitos Humanos, os direitos, garantias e
liberdades fundamentais nela expressos ganharam em concretude, porém,
31
28
Ato internacional é um acordo firmado entre países, regido pelo direito internacional. São como
“contratos” firmados entre pessoas jurídicas de direito internacional (Estados, organismos
internacionais, etc.) com a finalidade de regulamentar determinadas situações e convergir interesses
comuns ou antagônicos. (GOVERNO, 2012)
32
Artigo 26.
1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita,
pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O
ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional deve ser
generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a
todos em plena igualdade, em função do seu mérito.
2. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e
ao reforço dos direitos do homem e das liberdades fundamentais e deve
favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as
nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o
desenvolvimento das atividades das Nações Unidas para a manutenção
da paz.
3. Os pais têm um direito preferencial para escolher o tipo de educação
que será dada aos seus filhos. (ONU, 1948)
Para Carl Schmitt (1996, p. 170) os Direitos Fundamentais “en sentido propio
son, esencialmente, derechos del hombre individual libre, y, por cierto, derechos que
él tiene frente al Estado”.
29
Article 9. - La loi doit protéger la liberté publique et individuelle contre l'oppression de ceux qui
gouvernent.
30
Article 25. - Le Sénat est le gardien du pacte fondamental et des libertés publiques. Aucune loi ne
peut être promulguée avant de lui avoir été soumise.
39
31
originariamente el sentido de derechos fundamentales. (SCHMITT, 1996,
p. 164)
Jose Afonso da Silva (2014, p. 156), também destaca que “os textos ingleses
apenas tiveram por finalidade limitar o poder do rei, proteger o indivíduo contra a
arbitrariedade do rei e firmar a supremacia do Parlamento”, ao contrário das
Declarações Norte-Americanas e da Declaração Francesa, que “enunciam e
garantem direitos fundamentais” (DIMOULIS, 2014, p. 11).
A nota distintiva destes direitos é a sua dimensão positiva, uma vez que se
cuida não mais de evitar a intervenção do Estado na esfera da liberdade
individual, mas, sim, na lapidar formulação de C. Lafer, de propiciar um
‘direito de participar do bem-estar social’ (SARLET, MARINONI, MITIDIERO,
2015, p. 325)
A prestação estatal pode ser meramente material, como por exemplo, com a
construção de escolas e creches; com o fornecimento de transporte gratuito, de
materiais escolares e de merenda, entre outros. Pode ser ainda meramente formal,
com a elaboração de normas que viabilizem o acesso e o exercício do direito à
educação.
Nesta hipótese, o Estado não pode interferir na escolha dos pais, pois ao
Estado cumpre apenas disponibilizar os meios necessários para que a opção dos
pais seja respeitada. É o que ocorre, por exemplo, com a escolha realizada pelos
pais pelo melhor tipo de educação a ser ministrada aos filhos.
No reino dos fins tudo tem ou um preço ou uma dignidade. Quando uma
coisa tem um preço, pode-se pôr em vez dela qualquer outra como
equivalente; mas quando uma coisa está acima de todo o preço, e portanto
não permite equivalente, então tem ela dignidade. (KANT, 2007, p. 77)
Por “Valor Intrínseco” se entende todo aquele inerente a todo ser humano,
que os distingue dos outros animais.
Mas foi, sem dúvida, pelo conjunto das disposições sobre a educação
pública e o direito trabalhista que a Constituição de Weimar organizou as
bases da democracia social. Consagrando a evolução ocorrida durante o
século XIX, e que contribuiu decisivamente para a elevação social das
camadas mais pobres da população em vários países da Europa Ocidental,
atribuiu-se precipuamente ao Estado o dever fundamental de educação
escolar. (COMPARATO. 2003, p. 117)
51
Por outro lado, inobstante uma indefinição por parte da doutrina, o conceito
formulado por Sarlet, o qual se adota para a elaboração do presente trabalho, é o
que melhor exprime o sentido e o alcance da dignidade da pessoa humana.
Bem, talvez a melhor maneira de responder a essa pergunta seja pela via
contrária. Então, primeiro vamos tentar definir o que não é Educação
Domiciliar.
E para começar, Educação Domiciliar não é...
…um método de ensino;
…a utilização de um material didático específico;
…o simples ato de tirar uma criança da escola;
…uma ideologia/filosofia fechada;
…foco no conteúdo;
…saber tudo para poder ensinar tudo;
…superioridade do currículo sobre o aluno;
…divisão rígida em séries e nem o ensino de matérias
compartimentalizadas;
…utilizar as mesmas técnicas e equipamentos da escola;
…escola em casa. (ANED, 2018)
32
A ANED – Associação Nacional De Educação Domiciliar – é uma instituição sem fins lucrativos,
fundada no ano de 2010, por iniciativa de um grupo de famílias. A principal causa defendida pela
ANED é a autonomia educacional da família. Fonte: https://www.aned.org.br/pages Acesso em
01/07/2018.
60
[...] influenciado pelas ideias de John Illich, o professor Holt defendia a ideia
de que as escolas necessitavam se transformar em espaços de
aprendizagens lúdicos, variados e cheios de estímulos, onde as crianças
fossem capazes de se desenvolver de acordo com sua própria curiosidade,
e com as experiências que lhes fossem vivenciadas. No final dessa mesma
década, Holt acabou desistindo das tentativas de transformação da prática
escolar, e passou a defender a ideia de se educar as crianças em casa,
longe dos problemas e vícios presentes nas instituições escolares. (ANED,
2018)
There are about 2.3 million home-educated students in the United States (as
of spring 2016). This is up from one estimate that there were about 2 million
children (in grades K to 12) home educated during the spring of 2010 in the
United States (Ray, 2011). It appears the homeschool population is
continuing to grow (at an estimated 2% to 8% per annum over the past few
33
years). (NHERI , 2018)
33
O NHERI realiza pesquisas em homeschooling, é uma central de pesquisas para o público,
pesquisadores, homeschoolers, a mídia e os formuladores de políticas e educa o público sobre as
descobertas de todas as pesquisas relacionadas. O NHERI executa, avalia e dissemina estudos e
informações (por exemplo, estatísticas, fatos, dados) sobre educação escolar em casa (isto é,
educação domiciliar, educação domiciliar, educação domiciliar, escola domiciliar, educação em casa,
desescolarização, desescolarização, uma alternativa educação), publica relatórios e o periódico
acadêmico revisado por pares Home School Researcher, e atua em consultoria, testes de
desempenho acadêmico e testemunha especializada (em tribunais e legislaturas). Disponível em:
<https://www.nheri.org/>. Acesso em 15/07/2018.
63
34
A HSLDA é uma organização de advocacia sem fins lucrativos criada para defender e promover o
direito dos pais de orientar a educação de seus filhos e proteger as liberdades familiares. Foi fundada
por Michael Farris em 1983 com o propósito de defender as famílias de homeschooling. Disponível
em: <https://hslda.org/content/about/>. Acesso em: 10/07/2018.
64
35
Em um programa satélite um administrador é nomeado para manter todos os registros e os
professores são os pais. A escola é dividida em tantos lugares quanto forem as casas dos alunos.
65
A terceira através de um tutor certificado. Neste caso, uma pessoa com uma
licença atual de professor da Virgínia pode pedir ao superintendente escolar para
aprová-lo como tutor e, uma vez aprovado, a pessoa pode orientar qualquer criança
que ele queira, incluindo a sua própria.
Países como África do Sul e Austrália exigem que os pais registrem seus
filhos perante as autoridades de educação.
Por outro lado, ainda existem países que vedam o direito ao Homeschooling.
Entre eles estão a Alemanha, Bulgária, China, Croácia, Cuba, Espanha, Holanda,
Grécia, Lituânia e Suécia.
A opção dos pais pela educação doméstica era fundamentada, muitas vezes,
na necessidade de complementação da educação recebida nas escolas ou para o
aprendizado de alguma atividade especifica.
O fim do regime militar em 1985 criou uma nova ordem jurídica no País e
também deu início ao processo de redemocratização brasileiro, o qual resultou na
promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
81
A “Constituição Cidadã”, como ficou conhecida, trouxe uma nova visão acerca
da educação no Brasil carreando ao Estado a obrigatoriedade pela prestação do
serviço educacional de forma integral e gratuita.
Por outro lado, o novo texto constitucional também resultou em um duro golpe
ao Homeschooling no Brasil. Isto porque, ao invés de repetir a norma disposta no
artigo 168 da Constituição Federal de 1967 e no artigo 176 da Emenda
Constitucional n. 1 de 17 de outubro de 1969, bem como nas Constituições
brasileiras anteriores, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
optou por excluir do texto constitucional a possibilidade de a educação ser dada no
lar, relegando às instituições educacionais a exclusividade na prestação do serviço
educacional.
Os motivos apresentados pelos pais são os mais variados, que partem desde
a insatisfação com o conteúdo didático ou com as condições materiais das escolas,
passando pelos históricos de bullying, violência física e emocional, chegando até a
incidentes mais graves, como a convivência com drogas lícitas e ilícitas.
A falta de vagas nas escolas ainda continua sendo um dos maiores desafios
da educação no Brasil. Faltam vagas em todos os níveis e em todas as esferas de
competência. A deficiência na infraestrutura, que envolve desde a falta de
profissionais da educação, até a de escolas é outro grande desafio da educação.
Faltam escolas não só nas grandes metrópoles, mas principalmente nas cidades
83
Desta forma, muitos pais têm optado por deixar de matricular os seus filhos
nas escolas públicas ou privadas passando a ensiná-los em suas próprias
residências.
Ainda de acordo com o Andrade (2014, p. 90), “a preocupação dos pais não
se concentra apenas no aspecto instrucional, mas que os valores morais e
espirituais estão presentes no processo educacional que querem implementar.”
apenas na forma pela qual esses pais, comprometidos com o futuro de seus
filhos, se empenham em enfrentar o Estado para promoverem por si
próprios a instrução da criança, como também em razão do valor que
atribuem à própria educação que promovem. (2014, p. 92)
Andrade (2014, p. 102) observou ainda que a maioria dos pais, embora
preocupados com a qualidade do ensino de seus filhos, não possuíam nenhum
método avaliativo para “mensurar estes resultados em termos de ensino
aprendizado.”
d) Proteção:
O quarto fundamento mais apontado na entrevista conduzida por Andrade
para os pais optarem pelo Homeschooling está no receio dos pais com relação à
integridade física, moral, psíquica e espiritual dos seus filhos.
Aqui eu já parto para a minha pesquisa, feita no ano passado com 62 pais
educadores, em um universo, estimando pela Aned e por outros estudiosos,
de 600 a 2.000 pais educadores no Brasil, pais que educavam em casa 117
crianças e adolescentes. Os pais estavam espalhados por 11 Estados e o
Distrito Federal, em todas as regiões do País; mais ou menos cerca da
metade em Minas Gerais. (CAMARA DOS DEPUTADOS, 2014, p. 38)
36
Recurso Extraordinário n. 888.815 RG/RS. Origem RS. Relator Atual. Min. Luís Roberto Barroso.
Reclamante: V.D. representado por MPD. Reclamado: Município de Canela/RS. Disponível em:
<https://www.nheri.org/>. Acesso em 15/07/2018.
87
A Impetrante, então com onze anos de idade, alegou que estava insatisfeita
com os aspectos educacionais proporcionados pela Municipalidade de Canela/RS,
razão pela qual requereu junto a ela, o direito de ser educada em casa, pelos seus
pais, pelo método conhecido como Homeschooling, no entanto, o seu pedido foi
indeferido, com recomendação para que a matrícula fosse realizada imediatamente
na rede regular de ensino, com o compromisso de frequência escolar.
Por fim, os Ministros Rosa Weber, Dias Tóffoli e Carmen Lúcia, seguiram o
voto do Min. Alexandre de Moraes, para negar provimento ao recurso ao
fundamento de que a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 não
veda o Homeschooling, contudo, é necessário que o Legislador Ordinário
regulamente a matéria.
divergente aberto pelo Min. Alexandre de Moraes. Isto porque, embora não haja
vedação constitucional ao direito á Educação Domiciliar é imprescindível que o
direito á Educação Domiciliar obedeça requisitos mínimos pré-estabelecidos para a
sua fruição.
Entende ainda que, para a fruição do direito à educação domiciliar deve haver
a obrigatoriedade de matrícula do estudante em escola regularmente autorizada pelo
Poder Público; a manutenção de registro oficial das famílias optantes pela educação
domiciliar; a observância de currículo com conteúdo mínimo, de modo a assegurar a
formação básica comum nacional; a participação do estudante em exame anual
final, vinculado à escola onde se encontra matriculado, para aferição de grau de
conhecimento; a participação do estudante nos exames realizados nacionalmente e
exames do sistema estadual ou sistema municipal de avaliação da educação básica
quando houver; a previsão de inspeção educacional, pelo órgão competente do
sistema de ensino, no ambiente em que o estudante estiver recebendo a educação
domiciliar e a vedação de qualquer espécie de discriminação entre crianças e
adolescentes que recebam educação escolar e aquelas educadas domiciliarmente.
95
Embora não estivesse vedada nas Constituições de 1824, 1891, 1934 e 1937
o exercício da Educação Domiciliar esteve expressamente garantido aos pais nas
Constituições de 1946, 1967 e na Emenda Constitucional n. 1 de 1969.
Artigo 26.
4. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita,
pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O
ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional deve ser
generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a
todos em plena igualdade, em função do seu mérito.
5. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e
ao reforço dos direitos do homem e das liberdades fundamentais e deve
favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as
nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o
desenvolvimento das atividades das Nações Unidas para a manutenção
da paz.
6. Os pais têm um direito preferencial para escolher o tipo de educação
que será dada aos seus filhos. (ONU, 1948)
Com efeito, no que diz com as garantias dos direitos sociais contra
ingerências por parte de atores públicos e privados, importa salientar que,
tanto a doutrina, quanto, ainda que muito paulatinamente, a jurisprudência,
vêm reconhecendo a vigência, como garantia constitucional implícita, do
princípio da vedação de retrocesso social, a coibir medidas que, mediante a
revogação ou alteração da legislação infraconstitucional (apenas para citar
uma forma de intervenção nos direitos sociais), venham a desconstituir ou
afetar gravemente o grau de concretização já atribuído a determinado direito
fundamental (e social), o que equivaleria a uma violação da própria
Constituição Federal e de direitos fundamentais nela consagrados.
(SARLET, MARINONI, MITIDIERO, 2015, p. 639)
JUSTIFICATIVA
“Art. 23
§ 3º É facultado aos sistemas de ensino admitir a educação básica domiciliar,
sob a responsabilidade dos pais ou tutores responsáveis pelos estudantes,
observadas a articulação, supervisão e avaliação periódica da aprendizagem
pelos órgãos próprios desses sistemas, nos termos das diretrizes gerais
estabelecidas pela União e das respectivas normas locais.”
JUSTIFICAÇÃO
“Art. 5º (...)
III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola para os
estudantes matriculados em regime presencial e pela frequência em
cumprimento ao calendário de avaliações, para os estudantes matriculados
em regime de ensino domiciliar.” (NR)
“Art. 21 (...)
Parágrafo único. Nos termos da regulamentação dos sistemas de ensino, fica
autorizado o ensino domiciliar nos níveis de que trata o inciso I do caput
deste artigo.” (NR)
“Art. 24 (...)
VI - o controle de frequência fica a cargo da escola, para os alunos em
regime presencial, conforme o disposto no seu regimento e nas normas do
respectivo sistema de ensino, exigida a frequência mínima de setenta e cinco
por cento do total de horas letivas para aprovação e, para os alunos
102
JUSTIFICAÇÃO
pais e, quando for o caso, os tutores, têm direito a que seus filhos e pupilos
recebam a educação religiosa e moral que esteja de acordo com sua
próprias convicções.”
Imperioso rememorar que direitos e garantias expressos na Constituição
não podem excluir outros decorrentes dos princípios por ela adotados, ou
dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja
parte, consoante o § 2º, do artigo 5º, como é o caso dos acima
mencionados. Necessário, parece, apenas o aperfeiçoamento da legislação
infraconstitucional em vigor para conformar as necessidades das famílias
que escolherem o ensino domiciliar e as exigências do Poder Público para a
certificação da capacitação dos educandos.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, instituída pela Lei nº
9.394, de 20 de dezembro de 1996, impõe ao Poder Público o
acompanhamento da frequência escolar, onde opinamos pelo primeiro
ajuste necessário:
“Art. 5º (...)
III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola para os
estudantes matriculados em regime presencial e pela frequência em
cumprimento ao calendário de avaliações, para os estudantes matriculados
em regime de ensino domiciliar.”
(Nova redação proposta em destaque)
Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada
de acordo com as seguintes regras comuns:
(...) VI - o controle de frequência fica a cargo da escola, para os alunos em
regime presencial, conforme o disposto no seu regimento e nas normas do
respectivo sistema de ensino, exigida a frequência mínima de setenta e cinco
por cento do total de horas letivas para aprovação e, para os alunos
previamente matriculados em regime de ensino domiciliar, a frequência em
cumprimento ao calendário de avaliações;
VII - cabe a cada instituição de ensino expedir históricos escolares,
declarações de conclusão de série e diplomas ou certificados de conclusão
de cursos, com as especificações cabíveis, inclusive aos previamente
matriculados em regime de ensino domiciliar.”
(Nova redação proposta em destaque)
106
“Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em
idade escolar: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.”
“Art. 5º
III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola e, no caso
do disposto no art. 23, § 3º, pelo adequado desenvolvimento da
aprendizagem do estudante.
Art.23
§ 3º É admitida a educação básica domiciliar, sob a responsabilidade dos
pais ou tutores responsáveis pelos estudantes, observadas a articulação,
supervisão e avaliação periódica da aprendizagem pelos órgãos próprios dos
sistemas de ensino, nos termos das diretrizes gerais estabelecidas pela
União e das respectivas normas locais, que contemplarão especialmente:
I – manutenção de registro oficial das famílias optantes pela educação
domiciliar;
II – participação do estudante nos exames do sistema nacional e local de
avaliação da educação básica;
III – vedação de qualquer espécie de discriminação entre crianças e
adolescentes que recebam educação escolar e aquelas educadas
domiciliarmente;
§ 4º É plena a liberdade de opção pela educação domiciliar ou escolar dos
filhos, podendo ser exercida a qualquer tempo, sem sujeição a qualquer
espécie de requisito ou condição;
Art.24
VI – para os estudantes matriculados em regime presencial, o controle de
frequência fica a cargo da escola, conforme o disposto no seu regimento e
nas normas do respectivo sistema de ensino, exigida a frequência mínima de
setenta e cinco por cento do total de horas letivas para aprovação;
Art.31
IV – para os estudantes matriculados em regime presencial, controle de
frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida a frequência
mínima de 60% (sessenta por cento) do total de horas;
Art.32
§ 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a distância
utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações
emergenciais, ou domiciliar, nos termos do disposto no § 3º do art. 23 desta
lei. (NR)”
“Art. 129
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e
aproveitamento escolar, de acordo com o regime de estudos, se presencial
ou domiciliar; (NR)”
JUSTIFICAÇÃO
neste parecer, não vejo como o procedimento possa ser autorizado. Sua
adoção dependeria de manifestação do legislador, que viesse a abrir a
possibilidade, segundo normas reguladoras específicas”. (grifo nosso).
Ao longo do tempo, a matéria tem sido objeto de diversas iniciativas
legislativas. Está também por receber manifestação do Supremo Tribunal
Federal.
Não há dúvida que o aproveitamento dos estudantes submetidos ao regime
domiciliar de estudos é significativo. É preciso, porém, em nome da devida
proteção do Estado às crianças e adolescentes, em colaboração com as
famílias, estabelecer regras autorizativas que consagrem essa cooperação,
assegurando àqueles o direito à educação em equivalência ao garantido
nos espaços escolares.
Por tal razão, apresenta-se o presente projeto de lei que, ao lado de inserir,
na legislação educacional, essa opção de estudos, lista alguns requisitos
que mantêm a articulação entre a família e o sistema de ensino, para
benefício dos estudantes.
Estou seguro de que a relevância da iniciativa haverá de angariar o apoio
dos ilustres Pares para sua aprovação.
Sala das Sessões, em de de 2018.
Deputado ALAN RICK
“Art.23
§ 3º É admitida a educação básica domiciliar, sob a responsabilidade dos
pais ou tutores responsáveis pelos estudantes, observadas a articulação,
supervisão e avaliação periódica da aprendizagem pelos órgãos próprios dos
sistemas de ensino, nos termos das diretrizes gerais estabelecidas pela
União e das respectivas normas locais, que contemplarão especialmente:
I - obrigatoriedade de matrícula do estudante em escola regularmente
autorizada pelo Poder Público;
II- manutenção de registro oficial das famílias optantes pela educação
domiciliar;
III- participação do estudante nos exames realizados nacionalmente e
exames do sistema estadual ou sistema municipal de avaliação da educação
básica quando houver;
IV- previsão de inspeção educacional, pelo órgão competente do sistema de
ensino, no ambiente em que o estudante estiver recebendo a educação
domiciliar;
V- Vedação de qualquer espécie de discriminação entre crianças e
adolescentes que recebam educação escolar e aquelas educadas
domiciliarmente. (NR)
109
Art.24
VI - o controle de frequência fica a cargo da escola, conforme o disposto no
seu regimento e nas normas do respectivo sistema de ensino, exigida
frequência mínima de setenta e cinco por cento do total de horas letivas para
aprovação, ressalvado o disposto no § 3º do art. 23 desta lei;
Art.31
IV - controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida a
frequência mínima de 60% (sessenta por cento) do total de horas, ressalvado
o disposto no § 3º do art. 23 desta lei;
Art.32
§ 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a distância
utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações
emergenciais e ressalvado o disposto no § 3º do art. 23 desta lei.”(NR)
“Art. 129
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e
aproveitamento escolar, ressalvado o disposto no § 3º do art. 23 A Lei nº
9.394, de 20 de dezembro de 1996;” (NR).
Art.23
§ 3º É admitida a educação básica domiciliar, sob a responsabilidade dos
pais ou tutores responsáveis pelos estudantes, observadas a articulação,
supervisão e avaliação periódica da aprendizagem pelos órgãos próprios
dos sistemas de ensino, nos termos das diretrizes gerais estabelecidas pela
União e das respectivas normas locais, que contemplarão especialmente:
I - obrigatoriedade de matrícula do estudante em escola regularmente
autorizada pelo Poder Público;
II- manutenção de registro oficial das famílias optantes pela educação
domiciliar;
III- observância de currículo com conteúdo mínimo, de modo a assegurar a
formação básica comum nacional;
IV- participação do estudante em exame anual final, vinculado à escola
onde se encontra matriculado, para aferição de grau de conhecimento;
V- participação do estudante nos exames realizados nacionalmente e
exames do sistema estadual ou sistema municipal de avaliação da
educação básica quando houver;
VI- previsão de inspeção educacional, pelo órgão competente do sistema de
ensino, no ambiente em que o estudante estiver recebendo a educação
domiciliar;
VII- Vedação de qualquer espécie de discriminação entre crianças e
adolescentes que recebam educação escolar e aquelas educadas
domiciliarmente. (NR)
Art.24
VI - o controle de frequência fica a cargo da escola, conforme o disposto no
seu regimento e nas normas do respectivo sistema de ensino, exigida
frequência mínima de setenta e cinco por cento do total de horas letivas
para aprovação, ressalvado o disposto no § 3º do art. 23 desta lei;
Art.31
IV - controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida
a frequência mínima de 60% (sessenta por cento) do total de horas,
ressalvado o disposto no § 3º do art. 23 desta lei;
Art.32
§ 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a distância
utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações
emergenciais e ressalvado o disposto no § 3º do art. 23 desta lei.”(NR)
“Art. 129
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e
aproveitamento escolar, ressalvado o disposto no § 3º do art. 23 A Lei nº
9.394, de 20 de dezembro de 1996;” (NR).
Conclusão
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