You are on page 1of 55
LUNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLANDIA (CENTRO DE. CIENCIAS HUMQUAS E ARTES [ERDENAGKO DO CURSD DE HISTORIA Periodietdade: sonestrai Tiragen: 1-000 exenplares Pede-se permuta idee canje On demande échange We ask for exchange Mir bitten un Austausch St riehiede lo scanbio HISTORIA E PERSPECTIVA, &. 3 = 1990 - Ube indie, Universidade Federal de Uberiandia, Curse de Historia Senestral sw 0103-c09% 1. Historia, I. Universidade Federal de lverlandia, Curso de Histsris. ou 930 -APaESEITAGKO nimero_de_Histéria_f Perspectivas_¢ dedicato sobretudo as_leitores_preocupados_con_a_probleastlca cultura]. De certo nodo of artigos que compen o nucleo Tenatice deste volune ~ som, Imagen ¢ formas de sensibi~ Lidade ~ contenplan quest8es que dlzen reapetto as rele- ‘entre cultura © socledade, cultura e politica, cul e temas” 1g © soctbloge Adalberto Paranhos, on seu artigo sobre a MPS, ‘trafega exatanente por ai. Partindo de ums afir= fagie de Elonar en una de suse entrevistas, segundo a qual Bossa Nova significou una tontativa de "pacto lestturar como estrangeiro", 0 autor retona o debate que marco of anc# 60 no Brasil’ a respelto da existéncia ou nfo de una cultura genulnanente nacional, ou, maiz expe Eificamente, de une nisiea popular realmente brasileira Refutando ab posigaes assuridas pelos dofensores do "na Clonalisno cultural", -Adalberto Paranhos apresenta ux Fico reperterio de informagdes © val defender a tose de que a Bossa Nova, antes de mais nada, representou un facervo de contaz do Uresil com a nodernidade musical” Mais. do que un texto critico @ infornativo, "0 artigo oferece un detalhado roleiro discogréfico aos leltores {que quelran anpliar eeus conhecimentos sobre misica bra~ Os trabalnos das historiadoras Marta Avancini e Cristina Heneguello trata das relagder entre pablice & Presos de comunicagae no Brasil dos anos 40 6 50, enfo- Cando, respectivanente, 0 radio e a produgdo cinemato- grafic de follywoos. Posicionandonse eriticanente dian- tte das concepgies de pensedores #rankfurtianes que ence Tan os produtos da chamda indostria cultural cone expe Cles de una “anticultura’ destinada.deliberadanente a Funeionar como Instrunentos de controle social, as autor ras vio concentrar ateneie na Interagdo oxistente en~ (kre 02 nelos de cominieagis os expectadores. Parten do principle de que a indistria cultural no goza de auto- homis frente & sociedade, mas, a0 contrério, dove. ser Compreendida como parte integrante ©, a0. nesmo. tonpo, erneavel aos processos socials ¢ culturals. Nossa medi fas os indivivuoe consunidores nao deven ser vistos con Vagentes passives do processo de conunicacto, anétise’ de grande decline taorice te sigue Wabaltos Gr Gilles Delewss o Félix Gastar, procuranis estabel cor, eaves! eatesfivstinwnve crenish = yortie aoe Privilegiay cow lupar de Lubricosle.derees nocber 6 Tincette ae aiopar{ateerente detigaiyy ostranee we Site conceito, eobslizado pela estrstegis delecriana 3 Sibecituigdo do minds ds represeatacto-pelojmunde du él Ferenga | opera ua’ somtltcighs Go Golam doqmies teybety de tal modo que une form por abrir-ae's oo eter ies veces Por fim, completa este minero de Histéria & Perspec~ tiva a resenha elaborada por Ellape Cristina Lopes, so bre o Livro “As mulheres, © poder a familia ~ Sio\ Pau 10, século XIX" de Eni de Mosquita Samara. A obra 6 un indicative importante para os. estudiosos da socledade brasileira do. periedo, particularnente quanto aos temas da mulher eda fanilta Assim, esperanos que, com este ninero, a revista Wistéria '@ Perspectivas ‘continue s contribuir para o aprofundanento de tomas atualnente em debate no campo dae cléncias hunanas, M Taare TET HOVAS BOSSAS VELHOS ARGUMENTOS (CTRADIGKO E CONTENPORANETDADE NA XB) Aaiberto Paranhost# £ plnvanertcony fm Ply ramening Ct Avida nfo costuns ser facil para aqueles que_se ingurgen contra tradicSes solidanente_estabelecidas , alheivs acs dognatimnon, passan interrogar as evidin~ Glas de uns época, Joss Gilberto e Jodo Donato que 0 di- gen, Antes da Bosta Nova tonar de assalto a noderna cena fnusical brasileira, a partir do sucesso de Chega de Sauc dade, con Jodo Gilberto, exigiarse dos novos misicos eh Fornacdo muita ginga e perseveranga para driblar as di= Fleuldades inpostes pela tradigao. Ai pela segunda metade dos anos 50, of dels Joto foram convidados para una série de shows una estancia hidronineral mineira. 0 que estava em principio agendado para ser una temporada redusiu-se, tragicanente, 8. une hnolte de un show ¢6. Ao final da primeira e unica apre~ Sentagio o enpresirio chanou Jodo Gilberto e Joso Donato f'n canto e 08 despachos: “Voces vio recebor tudo di- Feitinna, mas, por favor, nfo toguen mais". Donato, que (eee + GRE Fruita Saga Senn Cue sad Se loca Paint UNICAMP, end in o> "Sia od I Taare TER culdava de acompanhar Jofo Gilberto a0 plano, hoje se lenbra desse episédio sem perder 0 bom-hunor: "Fol nus desses lugares que tén agua mineral, Conclusto: © gente Ficou 14, J que o hotel estava,pago © estava con di- Bheiro no Boles. Fol um porre gersl de agua mineral ‘ALl&s, una dor de barriga danada. VoJa voce como S803 Colsas: hoje en dia, Joso s3 canta onde quer, quando er © da maneira que quer ‘Ambos Ja estavam, afinal, acostunades aoe narizes toreides e As orelhas en pé diante do son que extratan de seus instrumentos, no" caso, piano, vials. © voz Quantas vezes, na proprie Copacabens que assistia & gee tagdo da Bosse Nove, Jogo Donato, ao se oferecer para dar une canje (tocer de graca, na giria musical), ers Sconselhado pelo proprietario de boste:"Deixa.prineiro jesvazier un pouco", o que © condenava # tocar depois dae (da nanhi Variae vezes, sentedos 4 beira da ealgada co Copacabana Palace, nio restava a Jofo Gilberto ea Joo Donato senso maldizer a incompreensio das pessoas sinter nizadae com ag eonoridades Instituidae. Records aqui esses acontecinentos porque, soja 14 cono fer, eles blo Tazem parte de un pascade coterFado. Basta atentar pars ar palavras de Elonar em una de suse Ultinas andancas por Minas Gerais. Ao ler entrevista concedida en Uberlindia pelo cantador das castingas, Inediatanonte voltei a pensar nun fendueno de que tanto 44 se falou e do qual talvez nunca se falaré o suficlen- te: a_dificuldade de_sermos contenporaneos do_nosse [pefpcla tampa, Quantos de nos, agarrados a modelos enver Thecidos de ponsanento, acto © gosto, nfo oponos resis tencia, aqui e ali, a novas experiéncias no. campo. da fexlsténcla humana, a ponto de nos tornaraos, por ve2es, egos © surdos ae exigencias de busca de novas alterna tives de vida? Isso s0 aplica, om termos gerais, @ todos os aspec~ tos das nossas vidas, inclusive ao terreno musical: Quando ¢ tona ¢ nisica popular brasileira (MPB) ou coisa que 0 valha, multos so aqueles que, trafegando na con 6 Ta a TTT trando de cortas conquistas musicals histéricas, pedon paseagen para air en defera da "noses tradieio misi~ cal", da “identidade musical brasileira’. Na pratica es Se postura implica, norminente, em congelar una deter— ‘Binada concepeao que se tem sobre o passedo © condur & tentativa de paralisia da procura de novas formes. de ex pressio © setisfacio estética. Tradigdo © identidade Cultural se convertem, portanto, en_senhas_a partir das || quais frequentenente se tenta barraro transito Tune so (CRUZADA DA PURIFICAGHO fo evocar 0 inicio de sua carrelra on disco, em Elomar declare ter aparecide "Inprensado entre dois roles compressores". E arrenessa seus petardos con tra esses dois alvos, por ele consideredos "duas grandes pinias": Tun, 0 tal de 16-16-16, ©, outro, una tal de Bossa Nova". Has, na verdade, sua inplicancia maior se dinige contra a Bossa Nova. Ele bate fundo: "ela 6 una jespecte de tentativa de un pacto cultural nosso como ‘estrangelro". Nais inde: "para entrar nos Estados. Uni~ Gos, nun puxacsaquisno danado, subserviencia, eles (os futores da Bossa Nova) pogaran 0 sanba e enfettaran de * Jazz, ‘Jazzaran” 0 sanba para entrar on Nova Torque,” Em Bintése, com a Bossa Nove aqul Jaz o samba. 1967, Nao exatanente por acaso, ouvir Elonar falar equi vale a fazer una viagen pelo tempo, irrenediavelnente om Girecto ao passado, ou melhor, a una concepgéo de passa Go musical que ele © outros wale erigen em)"nendria na (elonai”. Sua entrevista nos leva de volta sobretudo & Gécada ‘de 60, un nonento particular de efervescéncta ‘coltural no Brasil © no mundo. Entrincheirados em suas Cldadelas, os tradicionalistas (nto seria preferivel “tradinacionalistes"?), os puristas, ardorosos defenso~ res das novses ‘raizes musicals" se’ imginaven stacados de todos os lados por uma espécie de conspiraeso inter= hacional que punhaom xeque o que havia de mais. "genul- anente nacional" na MPE. Con 0 cruzado José Ramos Ti Borde A frente ~ historladar e eritice misical naciona~ 7 aaa a RSET Lita que esteve no centro de multas polémicas desenca- Geadas na época ~ enpreendeunse una verdadeira "eruzada Zen. puriticacio". Essa corrente recrutou adeptos, come pio poderia ‘delxar de ser, ate en sotores da esquerda, Cujo caganents historico com © nactonalismo, enbors nko tenhatido un final feliz, gerou muitor Tebentos, do qual fol expressio inclusive parte da producso de aueies rnum_outre_contexto, ‘ful. Philips, 1972) Ora, a entrevista de Elonar, qual Guor que seja'o lugar especifico que ele ocupe nesse de- Date, oa hoje como ur eco tardio de un nomento ja vivi- ao, Na realidade, @ Bossa Nova - para nfo entrar aqui ra analise da versio tupiniguin do Fock'n'roll, © 16-16- 18 da Jover Guarda = inconodava aos ouvidos aducados do Iacordo. com #5 soheridades tradicionals. Nun periode em Que, alimentado pelos mito’ do nacionalisao gerades pelo acional-populisno © pelo desenvolvinentisaa, © bindwlo hagio x antinagio conandava © pensamento, 2 a¢do oo gosto musical de muita gente, a Dosa Nove seria a tra dugto, ‘na area musical, do processo de desnecionallzacio en'curso. Solava, nas palavras de Elomar, un *pacto cul= tural com o estrangeire". 0 jazz, sliado & “aistoredo do samba, teria paride un monstro, estranho &s “nossas tradigoes musicals". Nessa visfo, asventada num manique~ Seno tipico de un naclonal-populisno prinirio, o estran- geiro, no caso a misica estrangeira, consistia na en~ Sarnagéo do Mal; era urgente resgatarnos o Ben, bebendo pas fontes "puras” (cominente assocladas 20 morro) onde JJorravan "0 auténtico, 0 popular, o nacional”. A xenofo~ ‘bia adquiria novas expressoes. Mudava de none, enfin Mattos so os exenplos dispontveis da “ira santa que se apoderou de disc-Jockeys © pesqulsadores identi- Fieadoe & "velha guards”. Moraes Sarmento, cujo prograna pela Rédio Bandeirantes, do ginero hora-da-saudade, anl= fava a noites paulistanas, con ressonincia por todo 0 (/Brazil, ‘via na Bosea Nove un mevinento de lesa-brasili- e Tae eg Ua ETT TTD dade © se osforcave por scordar lenbrancas senl-adorme- hnecidas, Na contracapa do LP Saudade en Forna de Saabe de Roberto Silva (Copacabane, 1966), a sua apresentacdo feguipara a un grito de guerra: ""Sanbas de verdade sen troque, fen sofisticagio! Senbas do tempo en que o Samba era sambat Do tenpo en que es fébricas de pandelro Gavan lucro.... (..-) Daqueles mesnos sanbas que os ‘en~ Ytendidos de hoje’ chanam de quedredo, as que na reali- dade, queiran ou no, 40 sanbas autenticamente nossos epitinos, sen a presenga da famigerada ‘macacobraz" to a gosto dos ‘entendides de hoje", que procuran cence" grir aquela maneira verdadelra de ‘como se cantava ou Conpunie. un ‘samba reainente brasileiro". Nacacobraz, fessalte-se, era expressio de largo use no vocabulério de Moraes Sarmento ¢ sua intencdo eritica se voltava contra tudo que, seu ver, chelrava 2 copia, postigo, Ymitagso, inadequacdo & nossa realidade cultural. Nuno pelavra, aproxinadanente © nesao que o critico Iitersrie Silvie Rowere queria dizer ao registrar que a "macaques cho" era fate octal doninante nos tenpos pés-colonials, Sepectalnente no 2° reinado. Esse tipo de “raclo-sinio* ganhou destaque no periodo pos-Bosss Nova, Atordoado pelos efeitos da. gre~ Vagke de’ Chega de Saudade, por Jo8o Gilberto, © pesgul~ Sedor misieal Lucto Rangel Ihe contraporia, no final dos Snot SD, a "interpretagto sincera e brasileira” de Ro- Berto Silva, sem “recursos exsticos". Milto preocupado con as "rafzos" ~ cle préprio misicalnente conservador ate a raiz do cabelo, sen se dar conta de que as verda~ deirse raizes estio ‘no Jardin Botanico ~ Lucie Rangel chaltecta as virtudes do intérprete que apresentave “Eis un centor que, felizsente, canta a. velha © auténtics maneira; ele nfo prende © voz, nao canta ‘p'ra dentro’, nso sussurra” e, ainds por cima, se nove 20 som fe un “ritmo cen por cento brasileiro”, (contracapa dos LPs Descendo 9 Norro, de 1958, ¢ Descendo o Morro, n* 2, {de 1959, ambos dn Copacabana). E por af padersance al) har inineros exenplos da irritacio provocada pela Bosse Nova. Quantas “sanbestelras" nfo foran proclanadas ns vi Husio —de-preservar’o.sanba de elenentos. “exogenos" 9 Targa ETT Decorridos uns tantos anos, Sargentellt, por exenplo, continuava a desconsiderar « Bossa Nova. Para ele "samba tem que ter ziriguidun’, ser "samba da pesada”, por isso io adnitia nenfluna convivencla pacifica con o "sanba gago", caracteristico do "violéo na base da. gngueir {conforne sua participagdo no LP de Nelson Cavaquinho, Depoimento do Poets, de 1970, relancads pela Relevo en 1983), trou seu nator expoente ex [lose anos Tinhorto.l| Desper~ tando reagles de anor © dio, esse estudloso das nani Festagiee musicals bresiletres ndocontenporizava. em suas criticas, Na sun obra nals difundida, Pequena Historia da Misica Popular (De Hodinha a0 Tropicalisno), ole, mais una vez, invistia: "Historicanente, 0 aparecl= fento de bossa nova na misica urbana do Ric de Janeiro (marca 9 afastenenta definitive do samba de suas. fontes Populares". Para TinhorSo os Jovens de classe média alta de zona ‘sil carieca que, produziran a Bossa Nova eran SCompletanente desligadas" das noveas tredigbes musicals populares. Mais do que Isso, eles encarnaran uma nitida Gfvisio de classe na PB: de un lado, os ritnos © can~ (Gees populares que provinhan des canadas urbanasnas mais Batnas, de outro, & alta sofisticects dos signoc musl~ cate da alta classe médis. E som fazer segredo do econo iciane que pontva ose pensanento de honen de osquer— Ja, Tinhorta resumia sua visio do. panorama musical do Brasil: "Dividida assim en quas grandes tendéncias, a partir da dicada de’ 60, a misica popular urbana passou a Cvoluir numa. perfeital correspondéncia con a situacdo Ccondnico-secial dos diferentes tipos de poblico 2 que Se dirigia™. E, nesse contexto, @ Bossa Nova, no fundo, Se reduziria /"un nove exenplo (nfo consclentenonte. de Sejado) de alienagio das eliter Brasileiras". Por essas foutras Caetano Veloso, muito Jovem alnda, porén pro- fundanente envolvide nos debates sobre of caninhos da WPE, contra-atacou quando Tinbordo 1angou, en 1965, Mi Sica Popular ~ Um Tena ew Debate: "o Livro de Tinhorio [Jaefende a preservagso do anaifabet {sno cono tnica alva~ Gao da misles popular brasileira." Tupl or not Tupi, Man a inte contr 4 Bgaa owe nn, oon 6. toe 10 a TTT that is the question, parccta afirear Tishorso, numa Adaptacto da conhecids formula, de. Onvald de Andrade 20 feu nacionalisne estético estreito [A discussio corria acalorada. Pars uns, cono frit sou recentenente Elonar en entrevista no programa Arru- lmupdo. da TV Minas, 0 distanclamento das fontes. popula Pee ge explicava easencialnente pela subjugacto da. MPB fos “elementos envenenantes do Jaz2, que mina 2 bases Culturais do povo". Para outros, situados ne. extreno Gposto, © “naclonalisne nacionaldide” da Tredicional: Fe~ inilia Musical (TFM, por alusdo a0 reaclonarisno ds TP) perdia de vista s necessidade da criagio de una misica ([PPasetonal universal", no dizer de Augusto de Campos [| In~ telectual a6 voltas com a produglo da poesia concreta desde mendos dos anos 50, Augusto de Campos lenou ne Gecada Ge €0 o cklebre Balanco da Borsa e Outras Bossas, Nele investis, Implacével, "nde contra # Velha Guarda, Noel Ross e Mério Reis esto muito nals préxinos de Joo Gilberto do que supse a TFM. Contra os velhaguardises de tunulos e tabus, 1ddlatras dos tempos dos." A_influénecia_do_Jazz_no_surgimenta da Bossa_Novs ‘ie_tinhs con - alias, nem por qué ~—ser_negada. No pré-58 0 Beco das Garrafas, en Copacabana, era tonado bor jam sessions. Misicos da malor Inportancla, de Joto Donato a Luiz Eea, reconhecian seu dsbite para con a= harnontzagées. Jazzieticas. 0 Songbook Bossa Nova, edit fdo hs povco tempo, confirma-o novanente, se é que alguén ‘ainda ‘mantinba, dividas a respelto. Luiz E¢a, maestro, firranjador, lider do Tanbe Trio e planista de primeira inha, nunca fez nenor questo de esconder as Influen~ clas Fecebidas do/Art Tatu, Errol Garner, Oscar Peter~ Sen © BILL Evans Mas, © partir de un determinado momento, ais pre- cisanonte en 1962/63, a reagio a "jazzificagso” do samba fbe instala dentro do proprio movimento bossanovista, una Gvidinela de que a oposigde sanba x Jazz no refietia ‘pene 0 pontovde-vista dot que eran contra ou a favor n nga he, UO NTT TEE 4a Bossa Nova, A realidade se apresentava algo mais com leva, incapaz de ser submetida a esquenss analiticos Simplistas. Contraditorsanente, Carlos Lyre, un dos nais Fecundos conpositores da Bossa Nova, fez scar seu grito de alerts en Influéncia do Jazz, que alcangou anpla re= percustio: "Pobre sanba mow Fel ‘se misturando, "se no- Gernizando/ E se perdeu (..)/ Quase que worrey/ E acaba norrendo, esta quase norfondo/ NEo percebeu (...)/ Eo Samba nelo morto/ Ficou meio torte/Ingluencia do Jaze (™)/"Pobre samba new Volta 14 pro norre/ E pede so- corto onde nasceu (...)/ Vai ter que se virar/ Pra poder ‘se livrar/ Da influénoia go Jazz" (LP Sambalanro de Car~ tos Lyra, Philips, 1962)". Ea mdsica, calcada nas ce Jracteristicas de ‘Bossa Nova, colidia’ intenclonalnente (coma letra, que traia 0 militente Carlos Lyra, vineule- fo 30 Centro Popular de Cultura (CPC) de UNE. Estava aberta, por asain dizer, a difspora no inte- Flor do novinento. 'Gbvianente no se tratava de una ma ifestaoto nacionalista Isolada. No contexto do naclo- hal-populisao a buses obsessiva da recuperaglo do. "po polar" e do “nacional” contagiava outras areas da cultu- Fa. A poesia, para ficar nun unico exenplo, via nascer 0 Violdo de rua, cujas publicagbes se sucedian através da editors Civilizagdo Brasileira, 0 cenéric musical nfo permanecia nen wn pouco indiferente ao debate que ele- Erizava sotretuio eetores das classes médias urbanas Nelson Lins © Barros, a0 eecrever para a Revista da Unio Nacional doz Estudantes, en 1962, J4 punha 2 nos tra oun provinidade estético-sdeolégica com Tinhorde. fenbora hotvesse se engajedo enquanto letrista na. onda boseanovieta. Para ele a Bossa Nova corporificava a hisica da alta classe nédia e, neste sentido, "é a o> ressio de una classe que pouco ton em comm con as Classes populares, con o agravante de sofrer influencia de misics estrangeira.” 0 Jornalista Franco Paulino, a0 apresentar un LP de Vandré, om 1966, batia na mesma te- Gla: "A verdade § que, quando Uerside Vandré aparec [[eembondo, a misica popular brasileira estava {jcando vi~ ‘da vox menos brapileira e muito ence popular" 2 Rg OR TET TT Ni ora de se estranher, portanto, que Tinhorso desdenhasse o maior compositor ds Boses Nova, Ton Jobim, declarando ngo entender ono ele poderia chanar-se Anto nlo Carlos Brasileiro de Alneids Jobim. -. 0 "internacio- Ralisno’ bossanovista, presente tanto na incorparseao de Fecursos da misics poplar do Estador Unidos quanto ds nisica eruaita, desaguara, para esse historiador, mura musica “antinacional,, "0 que correspendia, "no plane fconomico, # tentativa de industrialtzacso do pais com ‘uso de tecnologia importada' Esse vies econonicieta de antlise faria escola e se conservaria por un bon tempo. En 1968, por exenplo, nas paginas da Revista Clvilizacto Brasileira, outro compositor, Sidney Miller, sociéloge ¢ Ietrists preniado em festival de TV Record, discorria sobre "o universalisno © a misics popular brasileira" Apoindo en consideragses de Nelson Lins e Barros, que exercera a fungdo de coordenador da seqio de misica da eB, ele encarsva s Bossa Nova "cone una exigéncis. in {jposta por um aunanto do poder aqulsitive da classe me (Gis," Consequdnete da politica fesenvolvinentista doe pele governo J” . Ainda hoje € necessirio contrapor a esses simplis~ nos autre tipo de explicacso. De fato, a partir dafdéca- “Ge de t0llos clrouttor internactonaie da industria cultu- Fal interligen cada ver mais ss diferentes partes do hnundo, un vasto mercado que se abre particularmente 3 penetracie da inddstria fonografics norte-anericana 0, fonela, do Jazz. Con ® supremacia mundial do capitals hho norte-snericano que se configura no pés-segunda guer~ a mundial, 4 musica "made in U.S.A", Vinda no seu ras~ {ror gatha’ nals adeptos, E influenctaré os bossanovie~ ths, multos doe quate seus adniradores confessos. Agora, Geduzir dai, & uoda de Tinhorde, que o capltalisno nor “inventado" a Bosse Nova Consiste em acrediter nun tal autonatisno das forcas de hereado que redur os agentes da criagio da Bossa Nova. a heros. produtos (nanipulavete) de necessidados econdml= Ges. Engin, anova correlacio de forcas dentro do siste~ ja capitalista internacional, exportase da musica Rortevonericana e a existencia de una classe media urbs 13 ep, TTT TT na_com poder aquisitivo ¢ nivel de inforsacso cultural ado s80_condicoes que ajudam «_explicar_o Surginento da Bossa Nova,nas_nio o determingn por_inpe- | Glodo cegn daa forces de "mercado. Assunlr essa concepeto Scononicista squivale # colocar or homens totalmente © Feboque de fateres Irresistiveis ©, no caso especifico, Passar por cima de outros condicionantes fundamentals Tigados 8 formacio cultural ¢ musical brasileira que, en hipstese alguns, podem ser negligenciades. ‘Acusados de “entreguismo musical" responsabiiza- dos pela "deturpagio” Jo rama,” of Jovens de classe mo- ‘dia urbana afinador con at origens da Bossa Nove respon— (deren a tes0 tudo com hunor e provocagies. Valter Santos fe Tereza Souzn estaven entre os que ndo se davan por Vencidos. E esgrinian, slegrenente, 0s sous argunentos fn Sanba $5, n contraface de Infludncia do Jazz! "Bossa Nova, ‘samba"azz/ ‘Sombalango ou samba s6/ 0 quo importa, 2 que o Balango € bon/ Interessa € balancar/ Bossa Nova ‘ou sanba-Jeze’ Nosso samba agor esté denais/ Al, neu Samba, Fizeran tanta confurSo/ Disseram que vocé desari~ hava’ Al, neu suaba, quanta ingratidio (.--)/ Balangando ViaJou/ Balgneande ele provou/ Que esse mundo nio # qu drado, nfo" (05 RISCOS DA. APROPRIAGLO/EXPROPRIAGKO DO PASSADO ualquer nistoriador nfo contaminado pelo virus éo positivigno sabe que a histérla, tal qual a escrevenos, Eonstitut une construoio humana, Os fatos histéricos, Carregan consigo a subJetividade de quon of vé, de quen Oe interpreta, de quem Julgs o que & ou nto relevante en elo a docunentacdes © registros dispersos, os quais, por sua vez, nfo passan, igualnente, de produgdes hun bas de carater social Se asain 6, podenos questioner, on prineiro Luger, face ao discurs® pacional-tradicionalista arraigado nos padrdes de julganento da MPB, 0 que autoriza, certos, usrdises da "purezs nacional”, @ la Ary Barroso’, a fa~ Zeren une tantos cortes com bise nos quais se separa c “ Tai Pa EEE TS /Pautentico’ do "inauténtico”. Multas vozes tornaran 4 se evantar, en fins da decada de 60, contra o Tropicals po, inclusive a esquerds tradicional, porque - escora~ foe, entre outros, pela usina sonora do maestro Rogerio Duprate do guitarrista Lanay Gordin ~ Castano Veloso Giberte G1, Torquato Neto, Capinan, Gal Costa e outros nals ousaran revolucionar a’ postica cantada © os modelos musicals Vigentes. Absorvendo influéncias do rock, eles promoveran s eletrificacio da MPB con a estridéncia das gultarras que aturdia or tinpanos conservadores. [seo Seria uns conspiracio contra ae "nossa tradigtes.* as de_que_tradicdo_se_estava_falando? Certanente ée_una_tradigao particular, por sinal muito rica, |eiags & cules, ao pandeiro, a0 viold6, a0 sanba,cujar origens, © preciso recordar, nie sdo “puranente naclo~ pals". Essa tradicio, legitinada cone “autentica", deli~ Deradanente ou Aso, ocultava, por exemple, para nfo ir= nos muito longe, Ja tradicional - se ben que cegionsl “Vhusica eletrificada que rolava pelas ruas de Salvador on © aparecinento da Dupla Eletrica de Dodd © Osnar, a¢ Vesperes do carnaval de 1950. Data dai sua evolugso em Girecde aos trios elétricos, instrumentos de eletrifice ‘9ho do carpevel Delano, monento contagiante de denccra- Gla soctall Cone toda escolha ¢ seletiva, aftrmar una tradicio implica en negar outras tantar tradigdes. Afinal de con tas, © pascado, tal cono e presente, go ¢ univoco, uni Linear. ‘Felo contrario, ele envolve diferentes sentides, ultiplas perspectivas. Ao elegermos una ou algunas de Jas cono a8 auténticas procedencs a un Julganento com tm grauconsiderével de arbitrarsedade.” A apropriagao do pessado sempre ten multe © ver con a expropriagso de de terminados sxpectos do passado. Ae falas dominantes se inpoen a partir dos dispositivos do poder de silenciar ov asfixiar az outras fslae, [En segundo lugar, convén problenatizar e/ou relat!~ vizar a propria valorizagdo da tradigao, independente- nente do seu cardter seletivo. Ate que ponte af "nossa 1s Ha Png OT TT nals caras tradigSes* nilo podem functonar como auténti- a5 canlsas de forca, obrigando-nos 8 subaissse aos voos Fasantes da crlatividade artistiea, aprisionando-nos a Inaginacdo? Se_a Bossa Nova alargou sensivelnente nargens do possivel na MPB, preparando terreno inclusive para c advento da Tropicalle, af pelo final de 1967, ela terla necessarianente de agitar as Aguas estagnadss en que lan beber multos dos zeladores da “cultura _nacio~ Dal”. so romper con una visio anacrénica sobre a tradi 80, a Bossa Nova contribulu poderosanente para apagar 2 Tinka que divide os campos do “nacional” @ do "estran- gelro". Por outras palavres, atyalizou o Brasil no cené— ‘ou, para ir direto ao. assur j.Provinelanteno de aldeia, acrescente-se, cone confessa, orguihoso, Elonar: ‘Acho que cada cantor deve cantar para sin sldeia. Se extrapolar & desinancias de sua aldola e chegar en ou frag Sldeias, belezal Agora, ou fazer misica para gringo ouvir, por qué? que & que ten a ver comigo? Nada.” culto & tradiego, combinado & tentativa de resga~ te da "pureza original” da MPD, cantinha, alee de tudo o ‘que se ‘iu, um elemento perturbador. Estvanoa, no fun Go, diante de una veptcie de nazisno e/ou arianismo cul~ tural. A busca de forms pares, = incapacidade pera se dar conta de que a arte ¢ inpura, o apego @ unifornes Senores ¢ a uniformidades denunciavan 0. autoritarisno Subjecente 2 essas posicoes. Um cono que fechanento das fronteiras culturais para teentar « PB de contatos "es irios" com a produgSo internacional comporta 6bvios pa- Palellanos con 0 "nacional-socialisno". Allés, Gilberto Gil se referiu recentenente a "Ingensidade naziste” que Inpulsionava opositeres da Bossa Nova na sua persequicte Gaquele “colss pura, brasileira nun sentido mais folels- Fico, fechado, ume cpisa que s6 existisse para a sensi~ Dilidade brasiteira’’. A sonna purificadora de Tinhorso, por exemple, no poupou nen Paulinso da Viola, s ques Bousaria, nos anor 70, de ter deformado um senba de Nel~ ‘Son Cavaguinho, Fauliaho, enfim, plo s6 nic acreditava jun existéncla de formas puras no’ samba como ainda achava se negécio de! autent eo muito perigoso" 16 Takara aa SET Néo & de hoje que se valorizan 0 “prinitivisno” © 9 *purieno”, clot de una mesma cadeia de concepeaes. Na perspective rondntica anbos se Ligam unbilicainente 2 Feultura popular", enquante territerio das tradigses 40 povo, cuje preservacdo originou toda una plataforma cul~ tural, Cono esclarese Marilena Chau en seus estudos so- bre o' tens, sbordagen romantics parte do pressuposto de autononia da cultura popular, encarnagdo de una cul= ture "auténtica". por oposicio a cultura doninante. E nals, atribul @ un Eetago novo e 2 uma nagSo nova. 8 nis de recupera-la ¢ preservarle & nargon da contamina~ Glo e do contato “deletério" com o mundo da cultura of1— Elsi, Converte-se, asin, en solo, propiolo para que Sflorea populienos de todes os tipos’. Na outra ponte da gengorra,se situa a perspective {lustrada. No Limite, 2 Cultura popular € percebids como pega de museu e argul- vo, restos de um pasado em processo de decomposicio. 0 enpo da "tradigio” estaria Irrenediavelmente contado: 3 ‘odernidade” ditaria sua sentenca de morte © os elenon~ tor da “culture tradicionel” nem sequer reunirian forgas para gravar of seus efeitos sobre o curso da nodernizar to. A rigor, subsiste una certa base conun a essas duas posighes contearias. Marilena Chaul aponts. para. isso FRoninticos e {lustrados pensan a Cultura Popular como tbialidade orgénica, fechada sobre st nesna € perden © cesencial: as diferencas culturais pastas pelo movinento historico-social de une socledade de classes." Eo que a intereauh Feter aqui, @ que na lute “politico-cultuy Tal travada especiainente na década de 60 entre Fentes eststicas “nacional popalal ‘vanguardie aia", ‘também Genoninada"fornalista’, tals posturas estar Presenter De algun nodo elas ‘atuslizargo umes tantas ‘questes que. J8 Gespontava na Semana de Arte Moderna de 1922, no entrechoque de “verde-amarelos” © "antropofagi~ 08" Seja como for, se evidencia cone, esteticanente, as ‘concepgdes nacional-populistas derembocan &direita pew Tavia da —esquerda-- Por essa razio Sergio Paulo Rouanet hana atencae para o pirentesco Ideolégico entre © "povo" do modelo "nacional-popular” dos anos 60 © 0 7 eas TTT ‘volk" do romantisno alenio, 0 historism, de origen conservadora, se transfornou, no contexte cultural bra Sileire, nun historisno do esquorda. Nas palavres desse pensador, o historiono "esta defendendo un patrinénio: 3 bropriedade, a tradigdo e a orden social. Mss por una Aberragdo que no € peculiar go Brasil, 9 historfeno fol apropriads pelo ponsamento critico, como coles su. 0 historisno de esquerda coubste o universal, porque 0 Ve. como agente da doninagio. Ele se considera ur rebelde, © fexpulsa © universal como quem expulsa un batalhto ‘de ‘marines’. Daf enredar-se ‘no apelo aos particularisnos {que oncontram sou ponto de sustentacte numa "individua~ Tidade coletiva: una época, uma raga, un estanento, una cultura.” Fespirava-se naquele momento un ar saturado de tra~ Gictonalisnos populistas, que se voltarian, com toda carga, contra @ Tropicalia, un pouco mais tarde. Sob es Se elina € que se pode entender o significado da icone Elastica Interpretagao dor Mutantes do claesico Chao de Ectrelag, de Silvio Caldas © Orestes Barbosa (LP A Divi= ‘na Conedia ou Anto Nelo Desligado, do 1970. relancado pela Polydor en 1985). Unindo os seus talentos 20 de Ro- frie Duprat, eles flzeran dessa musica 0” bode explats- Fic na propoattainente ridicula wetanorfose do sério en hilariente: Nusa gravagse ononatopaica, esses agentes provecedores dispararan’~ os tiros, agui, io a0 pt da Tetra - contra 0 cullo & tradiglo,” desfezendo-a em co- cos. Rese pepo Jé esteva pra ld de qualquer coise insu portaver [PEQUENA HISTORIA DE ALGUMAS INCONPREENSOES. A desnontagen dos andaines tradictonais nos quais se apoiou e/ou se apdia a criagio musical jamais fol ta~ refa facil, Caben aqui alguns paralelos, por exenplo, entre Debussy ¢ 2 Bossa Wova. Cono se eabe, Ton Jobin, Gentre a8 influéncias ervditas que assinilou en sua obra, nunca escondeu ua divida pare com Debussy, um Restre da dissonaneia que dispencava & musics o trate rrento de um obra aberta. Até se impor e Teceber 0 devi- 1 a Ra TET TS do reconhecinento por parte da critica e dos misicos Ghudites, ele amargou maus nonentos. No final do” século passede seus smprovisor ao piano de sérles de acordes Gissonantes eran inconpreendidos pelos burceratas do conservatério. Nels de uns vez fol visto ¢ ouvido con ‘oxotico’ © tachado de "birbero". Assistiavse a batalha da dissonncia x consendnela, aftecessora de outro en frentanento que se deslocarls pare o canpo dos Tuldos » ‘sons misicsis". Mio seria, pols, de se surpresnder aur dose géneros musiceis que se apreveltaran dos ensinanen- tos de. Debussy, © cool jazz ¢ Bossa Nova, motivanscn ‘ees de natsfcrnisns” Arial, anton, comb eesinaiae erities J.J Sarregaran de "trocar slddoe™ alaunaa can infornacées de Debussy A historia do Jazz tanbén esta recheada de exenplos ‘do inconpreensses. ouve necessidade de renover multas resistencias pera que o bebop, autre vertente Jazzistica Guja presence sera notada ma Bosta Nova, fosse acelto cone Jazz. uantos ndo foran os eriticos © misicos, che- pados 4 batida sale necknica de seine que lnperava noe nos 90 nos Estados Unidos, que repudiareno beat db bebop cono © anti-jazz, por teren como paradigms tio-so- ente © Jazz tradicional? 0 bebop, em neador dos anos 40, detonou una revolugdo na musica” norte-americana © ppagou seu prego pela ousadia de. propor novar solugbes husicais. Pai do Jazz woderno, recairia sobre ele a fur Fla dos que o Tesponsabilizavan = bem como as distintas Variantes do Jazz dos anos $0, as quals, de una forma ou Ge outra, ele inpriniu a aus marca'- pela distancia que fe eavou entre © jazz e 0 honen comun, como decorréncla a crescente sofisticagio dos produtos musicals Jazzis~ licos, En rota de colisso con ov eultores do traditional Jazz, 08 boppers, cono aconteceria mais tarde no Orasil, Teservavan a palavra square (quadrsdo) para se referih fo jazz pré-bop. Mag nfo @ preciso recorrer a exenplos tirados & historia da mostea erudite ou do Jazz para rastrear as Unconpreensses tio freqientes ante"o surginento do novo. No provesso de constituigse ds tradiogo musical brasi~ ~ aaa Pag a ETT eT letra, 0 que atualnente ¢ encarade cono tal nen sempre o foi, Pixinguinha,/ quen diria?, ums das glértas da musics do Brasil, em plends anos 20 se tornou objeto de conen~ Cirios nada elogiosos por haver absorvido a influénela ac jazz bands, Ios0 ficou clare apos una ben sucedids, tonporada de meses na Paris de 1922. Enquanto un eritico da poca, Cruz Cordoiro, denunctava a influéneta Ga misica norte-anericana na nelodia « inclusive na par~ te ritmica de "Lanente", o conjunto Les Batutas se exi- bia nas noltes parisienses com Pixinguinha & flauta, 20 Tado de musices que tecavan banjo, saxofone, clarinata, piston e trombone, instrunentes pouco conuns As nossas Tradigees. Cano se Sse0 nfo bastasse, as fotos dos batu- tee nostravan,. pela propria dlaposiczo dos misicos, po bet caracteristicanente norte-anericanas das Jazz bands. Apagados eosee fator da mendria, en 1954 a Revista de Mislea Popular Brasileira, dirigiéa. por Lucto Rangel © Pérsio de Horais, dedicava ® cape do seu nunero de es tréla e Pixinguisha, saudado cone simbolo do “auténtico Jrasteo brasiieiro, © criador © verdadero que nunce Gelxou Influencia? pelas medas eféneras ou pelos ritnos festranhog 20 nosso populario". Ironlas da histéris. Bide e Ismael Silva, hoje recothides 4 galeria dos mortals da MPB, tanbém nfo foram digeridos con a faci- ifaade que’ se. poderia.supor. Estiveram na berlinds na virads dos anos 20 para os 30, quando o samba, até entdo hulte tnfluonciade pelo maxixe dos fins do século XIK, Fol cedendo eopago a0 "samba de carnaval”. SinhO, com {Jeu Senbe anayivado, glorifieads cone "0 Ret do. Samba", Geucarregava sua ira contra Bide en 1930, estendendo Gvas criticas 4 todos os conpositores “nodernistas". E ole nao falava sinplesnente por si, Na verdade refletis © pensanento ‘dos integrantes da “primeira geragio do Samba", Insatisfeitos com as novidades Introduzidas no saaba tradicional”. Cono disse 0 pesquisador Sergio Ca~ bral. "o que SinhS, Donga & Cie., do perceblan era que fe novo sanba resuliava da necessidade de un tipo de mi= Gite que servisse & nova realidade implantada pela esco- /ia de samba, que surgia po talrro do Estéclo (onde more~ ‘van conpositoree Smportantes como Bide © Isnael Silva) 20 fe, rapidanente, palhava pelas favelas © pelos su Birbies do Blo de Janeiro.” Dongs, por sinal, rnizou criticas a Ismael Silva pelo surgimento daqullo que virle a ser batizado “samba earloca® Por essas © outras raztes, nfo constatar. que onde_antes so via a tralefo hoje so v8 « tradicio. A tal_ponto que, con o_passar_do_tonpo, da prépria Bossa Nova hoje se poderia afirnar que integra o |[ue mereceria. ser chanado de nodernatrad\qdo musical Norasiletea: xa de sor curioso TTUNSVADOS D0 SAMBA A Bossa Nova nio enereiu do nada. Compreender © seu aparecinento, enquanto acontecinento musical, requer una andlise que con certeza val se deparar com ima sucessio ide deavios que compen 0 processo de sua formagio. Eeses deavios, multac vores censurades & epoca en que ganharan abriran caninho no interior da historia da_MPB que, dlaleticanente, 0 acimulo de mudangas propor: Clonaase o salto qualitative que instauraria © nove. ‘Az conposicbes de Gproto, violoniste eélebre, fazen te do rol de contribuigses que convergiran na diregio {ie Bossa Nova, Ex-profestor de violgo de Carlos Lyra, teeta dissondnctas pioneiras na area da musics popular, ono e Feconhecen, entre outros, © compositor Roberto Nenescal eo double de conpositor © produtor de disco Mloysio de Oliveira, awbos figuras narcantes do novinen= to borsanovista’. 0 que falar, tanbén, de Custadio Nes quits, cajas melodias Ja causavan estranhoza?. Sinpati- Zante declarady do musics norte-anericana,(notedanente. 0 Poni! pra desagrado dos mactonaliatas, inovou.e sanbe= angio! Tom Jobin, por sua vez, por dever de gratidio, Giseorre, encantade, ‘sobre 0 impacto que as musicas de forivel Caymei exerceran sobre ele. Caries Lyra igual~ Inente © aponta como um precursor da Bossa Nova. E Caynmi hilo delwa por menos: vincule as novidades que Intultlva~ hnente injeteu na arte de compor ao trabalho a0 violo de Tpurindo de Almeida © Garote. Seu depoimento & bastante a Taser na RT elucidativo: “eles fazian aproxinadanente © meso que ‘oa, 88 que atraves do estudo. Eu, por conte propria, Sempre tive tendéncia de alterar os acordes perfeltos (ey procurando harnonia diferente. (... Desde peqwen acho que © som deve ter outra beloza alén do acorde per~ Fetto." E nessa busca de porcursores ~ tona permanente nente aberto & pesquisa ~ Sergio Cabral resgate do es~ qQuecinento, entre outros, © none de. Valzinho (Norival Caries Telxeira), compositor ¢ Violonista que na decada Ge 40 egredia a Consonancia no conjunte Bossa Clube, Ii Serado por Garote. ‘A Bossa Nova alterou profundanente o modo de can- tar. Porén mosno nesse campo existen antecedentes que nos obrigan a recuar 20 final dos anos 200 a0 inicio |dos 30. ‘Sobressai, entdo, 0 charme discrete de Mario Reis, que soube tirer partido cono ninguén das transfor~ rages por-que passavan as técnicas de gravacto, evolu indo dos procestos necdnicos de producto de discos até a incorporagie dos processos eletricos. Ele percebeu gue, como advento do microfone, nfo ere nals necessario ape lar para s voz forte, tonitruante, para gravar os rogis~ troe vocals nos cilindros de cera. Provando que hima Tos que ven pré bem, ele Fevolucionau a interpretacto, con eeu estilo sincopado, Indicative de una cepacidade Sncomun de divicio ritmica. Misto de diseur e chanteur, ele mais diz do que canta. Revela, notavelmente, o canto de fala em vez do canto do falo (de voz potente’e mascu Ta). tase. explica porque, vbitanente, ele, conduzide pela aio doe proprios bossanovistas, retornou A cena no Conege dos anos 60. Ton Jobin comps en 1960. Teso_eu, io fago, nso especialnente para Mario Reis. Aloysio de Oliveira, © nesno produtor dos dois prineiros LPs de ‘loko Gilberto, profiziu of seus dois Onicos LPs, lanca~ ‘dos en 1960 0 1972) A nodernidade de Noel Ross foi outra constatacso que se impos no auge da Boséa Nova, Primelro compositor a expreear “bossa una conposicie_de-1932_ (Si /Calsas Nostas), ‘Compreendeu como poucos ©. signifi~ 10 da_mudance tos tempos e da entrada do radio no cir- a Ra ORT TTT TR cculto comercial, ben como da expansio do nercado para c disco, Nesse contexte envolveu-se em discussses, inclu- Sive através de duclos musiests, com of cultores do sam bba dal malandrager saido do porto e das rodas de sanba Olnar_stento, sentencisva: "o samba est4 na cidade Jé esteve, € verdade, ne morro, sso no tempo en que no havia seas aqui enbalxe, Quando a bossa nasceu, a clda~ de derrotou o-morro.” A associagdo de seu none i noder— idade correu solte entre os bosssnovistas. Jorge Cal~ Gelrs, no livee Hoel Ross, lenbrou que "seu jeito de cantar, "a estilizagio que fer do sauba ea nodernidade Gas letras passaran a ser olhedas com outros olhos. Os Fevollictonarios da Zone Sul apontavan Noel cows un ante= cessor c, em livre, sus obre comegou a ser avallada pela Via. da nodernidade de seus procedinentos.” Para horror Ge Tinhorso, que considerava suspeita qualquer aproxina~ (do entre lioel ea Bossa Nova, insistiu-se no caréter Cologuisi do seu canto-falado © de cuas letras, elonon- tos que serian retonados pela Bossa Nova. Se por moder iene, Ligado @ Semana de Arte Moderna, entendernos ~ ‘Segundo de Affonso Romano de Sent’ Anna en Misica Popular o'Moderna Poesia Brasileira ~ 0 "esforgo por tenatizer Sspectos da vida noderna", inplicando, entre outras col~ 585, a "valorizagdo do prosaico da vida e da descrigdo do cotidianc real", mais do que munca a misica de Noel Rosa era moderna, ‘raze pela qual ainda fol realcado, Jos. anos 60,0 quanto Chico Buarque carregava de los [dentto de si" © canto sem a afetaggo habitual era nats una carac~ terigties de renomados compositores do que proprianente dos Gantores do rédio, assin cone viria a ocorrer, pelo hence parcialmente, no periodo da Bossa Nove. Por outr io, & interessante verificar que a ligacto entre o ‘oo canto da Bossn Nova se dé mais através dos stores, cuje projecso om geval ere assegureds pe tai, Hesse caso se incluem, sob varios aspectos, ataul~ Tamartine Babo, Ismael Silva e Geraldo Perel— Fa, qUtores de misicas, s oxerplo de outros compositor prinavan pela’ letra cologuial. De Ataulfo Al- 23 Teg Ci TT ves, nineiro de Miraf, Zons da Mata, © de seu samba, por exenplo, Jé disse Mario Lago que se tratava de algo di~ ferente! "parece mineiro andande no meio da estrada Melo Fingindo que nfo quer Ir, mas Indo", o que se apli- Cava tapben, acrescento, & sue naneira descontraida de cantar! Neste rapido inventario de elonentos musicals tra- Aicionais que serian, postertornente, retrabalnades «© atuallzados pela Dossa Nove, nao poderia feltar, para Concluir, una referéncls ao Saxba-canodo. No mowento en (que a Bossa Wova era gestada, © sanba-cangio, surgido om Aecadas paseadae como una espécle do sanbarde-nolonde~ fano, dominava noite dos centres urbanos ais desenvol- Vidos nos anos 50 con gua “alsica de boate". Una parcela mals sofisticeds do publica consunider de misica, nor malnente de extragSo social de classe nédia, identifica Ya nele una coisa de “bon-ton", inclusive pels assinile~ (Glo de determinados conponentes da nisica harte-aner ica hha, Apesar de descanbar, por vezes, para o "sanbolero" fou “sambalads” pouco sighificatives e, en casos extrema fos, dar aoe dramas hunanos un af de dranalhdo novice ‘a, com direite a sangue e punhal, s produsfo mais con sistente do sanba-canqdo eo clina de intinidade que ele Snstalava propictaram, até certo ponto, © aparigao da Rossa Nova, Masica cantads en pequenos anblentes, astociada, rats Ou nonos freqientenente, 4 cultura de fossa, ae ca” a2 noturnas en que era cuvida serviran de escola para Jon Jobin e Johnny Alf, por exemple, destaques nas fol- tes cariocas e paulistanss. Cantores rotulades cone "ro- ninticos", prinoipainente Dick Farney @ Lucio Alves, muito lewbrados como "precursorgs” pelos bossanovistas, mmarearan epoca na década de 50. Dick Farney, desde o Inicio de sue carreira, deimava claro que celcava dire- thnente sus forma de expresso artistica em modelos. nor~ teranericanos, tanto no jeito de cantar cono de tocar plano. 1as0 80 evidenciava ate no ngge: nascido Farnéslo Batra, projetourse cono Dick Farney™ (Nede colncidente~ fente, outre davérador das harmoniae Jazzisticas, Alfre 28 Ta Rg ETT TE do Joaé da Siva, s6cio do SinatracFarney FR Clube, fis batizado artisticamente como Jonny ALf)- Compostto- ave cantora cercada do grande adniragso, Dolores Duran Trepresentativa do que aquele periogo tina de nelhor Srveredava, inclusive polo scat singing, no que viria a Influenciar Igpy Andrade, que até hoje a reverencia cone a sua “aivat © samba-cango expressava, enfim, como ‘a cbservou o critico Jost Line Grancvald, un nonento de Internacional izagio do senbs “atraves do-abandona da ti pleldede soe Insitunentes eo ritaa ae edapta a orquer= Trasser con predoninancia de cords Eesas influéncias "estranhas” © "estrangeiras™ vio ‘obvianente prevocar eriticas: a reacdo ao samba-cancio Fepresenta, sob diversos aspectos, a antevsala da reacio AGossa Nova, Mio era para menos. Os Cariocas, o mais Eriative conjunto vocal deste pais, um dos enblemas da JBossa Nova, j4 en 1948 esneravan-se na cusadia de harmo zagies vocals distonantes. Reprocessando Influéncias de. conjuntor vocais norle-anerieapos, se consagrarian ‘ono un marco no vocal brasileiro’ Recolber, aqui oy SI, contribuieSee para dar vida a Bossa Nova nao causa ‘ra nonhim renorso nos plonelros bossanovistas. Con sin tetizou Luis E¢a, “nfo tive nenhun muro de Berlin na mi- nha formagio musical”, e por isso assinilava Beethoven, jazz ou Radants Gnatalli, sea qualquer problema de ma Gonseteneia. Os sonhos dourados dos adolescentes Roberto |JWenescale Nara Leso eran enbaladgs 20 son de clissicos ‘[gq'misica popular norte-anericana’®. E tudo bem, Tudo ben, coisa nenhuna. José Ranos Tinhordo © ou- tros que tals botavam fogo pelas ventas. Néo podian as- Slstir, inpacsiveis, a essa “intromissgo indevida” do jjze ©! da musica norte-anericana om geral na MPB ou 0 (Que, Gs no, nesno 0 seu distancianento das nossas, *raizes*. Num artigo sobre "Marcha e Samba", publicado fon 1966 na. Revista Civilizagio Brasiteirs, Tinhoro.de~ fonstrava toda sua contrariedade con 0 que se poderia Gesignsr de involugdo do samba. Vale a pena acompanhar por alto 4 andlise histériea do autor, cujo final € um hnonunento & ortodoxia: "Con o aparecinente de composito- 2s Taga ag EET ret profiseionaie dos eles de rédio © das fabricas de Gisco (...) 0 sanba nascido. carnavalesco fo1 adaptado pela nodificagto do seu andanento para o meio do ano 200 © nome de sanba~cangso.(...) (Ele) fol progressivanente anolengando © ritno até transformar-se, no correr da ‘Sécada de 1940, ‘pa pasts sonara que o confundtu pratica frente con o bolero. (..) E fol asim que, quando 0 san~ Davcanglo cullivado pelos compositores proflssionais de Classe média parsou a nfo conportar mais qualquer evolu Gio formal, pelo esgotanente daa possibilidades (ainda foran tontadas se sumbaladas e os diferentes t1pos de “Solengss’, dnutiinente), surgi no fim da decada de 50 uns mudanga de estrutura’ © sanba de Doras nove, Mar si 3h s# penetra na hatéria do jazz 0 autor deste artigo 38 gosta de faler de musica popular brasileira." (Senba-canglo) ¢ (Bosse Nova) eran atirados is feras, eprectades cono representantes da "corrupsio" dos cos ‘unos musicals populares. Nada estrannavel, partindo de quem elevava o "nactonal-popular* (entendase, 0 nacio- Ral-populisno) a categoria de bem supreno. VERA 0 DISCO: A REVOLUGKO SONORA DA BOSSA NOVA Estavan mduras a2 condicsee objetivas ¢ subjetivas para que o exercito de libertagio nacional dos "decaf! (/nados” desenbarcasse, con forga total, na histéria da Imisica popular brasileira. Apesar dos! avancos obtidos esse ol naquele caxpo, reinava, particularnente entre ‘Jovens universitarios dé classe wédia de grandes centros Urbanos, un estado de espirito de cantestacdo ao status quo musical." Una insurreigde sonora pairava no ar. Nes- Ge conjuntura, aliado a hipercriatividade de Tom Jobin, lie genio de none Jodo pouss sobre a cangso ¢ a revolu> ‘oiona. Estavenos dlante de una Bossa realnente Nova/ Gectads en apartanentos, nos bares ¢ boates do Beco az Garrafas, em Copacabana, 4 Bossa Nova congregos mu- Sicos ¢ compositores que en Sua inensa waloria eran da Zona Sul do Rio de Janeiro. Multos deles, alias, univer Sitarios ou pré-universitarios com passagens par conser 26 a ra SST ETT LT vaterios musicals ou conhecimentos especializados na ea’ de fornacte mvical. No que ae diferenciavan bas ante dos tradiclonais compositores da MPB. O que fez com que atraissen para sia peche de "pequeno-burgue~ Ses". acusacto repetidanente enderecada eles pelos de~ tratores de esquerda da "alienante” Bossa Nova. 44 vines que, historicanente, ¢ possivel reconsti tuir une tantos deavios que levan & Bossa Nova, A pré- hlstéria da Bossa Nova esta cheia de investidas mals’ ou Sadas, una espécie de guerra de guerriihas que questio~ hava & orden sonora estabelecid.O sanbacancao, part — Cularmente dos anos. 50, cada vez mals cangio. © monde Sanba, Jé corporificava esse estado de coisas. No entan- {o, ebaas elenentos, acreseidos 9 cutros, vEo ser reela- borados pele novinento bossancvista a ponto de pronover fom meio & continildade dossas oxperiénctas mals arroje- Sher une sinultines ruptura com 0 paseado. A Bossa Nova InpSeee cono novinento estetico inoveder- Suas disso- Rineias, produto dos acordes alterades, se casaran con line nova Foupagen timbristica. As mareacses ritmicas as-, Sinttricas evoluiran integradas & conciltacgo entre as) fungdes harmonicas © percutives. Misica e letra com fre qitncia andsran de mio dadaz, em certos casos se autoco- fentando ou se, Justificande mituanente. 0 coloquial das Tetras incorporavese tanbém ao nodo de cantar. A delica~ dezs da sia ertruture sonora Langava una ponte entre © popular ¢ 0 erudite, compondo una musica popular de sci mera. A conbinacéo haraoniosa de todos esses elenentos, fom forma de una grande sintese, a0 alcancar um nivel até fentdo ininaginsvel na MPE, s0\poderia mosao desaflar © fazer dosafinar 9 core doe contentes. Basta de saudade, ou nethor, chega de saudade, di- zian os bossmnovistas gos cultores do passade esquecidos: {ip contenporsneidade. £6 marco dessa Irrupgie sonara de Ghrater Fevelucionyio seria encontrado Jurtamente na gravacko de Ghega de Saudade, por Jo80 Gilberts (ini~ Clainente en 78 rotagdes, depois em LF). No seu LP, en especial, se condensavan, belrando g perfeicio, todos Squeles ‘ingredientes aqui apontados™, "Ellzeth Cardoso a aa ap, i ETT Ja tinha rogistrado en disco essa misica de Ton © Vini- lus (LP Cancdo do Amor Demis, Festa, narco de 1358), nas ela sinplesmonte passou em branco. Elizeth, "una es Pecle de acerde enprestado” da Goasa Nova, como a defi niu Carlos Lyra, ‘nfo incorporava as caracteristicas ori- ainals da Bossa|Nove, sen qualquer donerito & ava quali- Gade de cantora. Na sua gravagso, por sinal com arran= Jo de Ton Jobin, o que havia de mais notavel era, 20 Fundo, 0 violgo ‘muitissine diferente de Jot Gilberto, que nto passou despercebido a0 ouvidos mais epurados. 0 Brande estoure estava ainda por vir. E ele velo, meses pos, com a interpretacso do préprio Jofo, cam os’ 78 ro tages contendo Chega de Saudade e Bin on (dele) Odeon, Julho de. 1956, © Decaf inado (de Ton Jobim « Nev” ton Mendonca) e H6-bi-[a-14_(dele)..Oleon.naveabro de H 1958, gravacdee precurcoras do lancananto do LP Chege de Saudade, pela Odeon, ocorrido no prineiplo de 1953 /.. Pecididanente tinha um Joo no meio do caminho da /risica popular brasileira. Divigor de aguas na MPE, esse hordostino de Juazeiro, cidade finceda as nargens do Sto Francisco, irta inperar na Zona Sul, no "Rio que nora no f mar" e outros centres mais desenvolvidos, O maestro An tonto Carlos Brasileiro de Almeida Jobin se rendia ao Dritho de Jogo Gilberto do Prado Pereira de Oliveira: ‘Jo80 apareceu cono aquele cantor especial, quer dizer, fo homen sucinto, que diz aquela nota no momento preciso, ono belanco, com a cor que ten de ser. E issn, natu Felnente, abriy para min um outro ponto de vista ue Iria me levar ao Samba de una nota sé e outras manifos~ -tacbes da bossa nove.” Ja ne contracapa do LP Chega de ‘Saudade, Jobim, o arranjador do disco, explicava porque fra Jodo, acina de tudo, quen dava o fom da Bosca’ Nova: ‘Joao Gilberto é un beiano, bossa-nova de 27 anos, En pouguissino tewpo Infiuenciou tode ums geracio de arran= adores, guitarristas, musicos e cantores. Nossa maior preocupagdo, neste long-play. fol que JoSozinho nfo fos~ je atrapalhado por arranjos que tirassen ® sua Liberda~ Go, sua natural ogilidade, sua maneira pessoal ¢ in- transferivel de ser, em suma, sun espontanesdade. Nos arranjes contides neste Lene-play, Josozinho partielpou 28 aa TTT TD ativanente: seus palpites, suas idéias, estie todos af uando lose Gilberto se aconpanha, 0 viol ele. Quan doa ofquestre o aconpanha, a orquestra tanbén € ele. (C0) Poser Caymn também acha." Mas no melo da caninho do JoSo tinha une pedra, wninto, multas pedras, inclusive atiradas contra ele. Conpreendé-lo era cono que eaptar o britho da contraluz, tarefa que excapava ae multidses. As dificuldades foran sontidas até no processo de gravagio do seu prineiro LP. he peripécine denta aventurs foram narredas pelo bate~ Tista Milton Banana @ Zu2s (Jose Eduardo Honon de Mello) no. livre Misies Popular Brasitelra. Logo de cara os tecnicos estranharan a exigéncla de Joi Gilberto: un icrofene para ele, outro para o Viol. Segulran-se brigase desencontros en relagio aos acordes da orques~ ira: "Esse cara ¢ loves, ficou maluco", er o minine que foe owvia. Por pouco ele nfo desietiu de gravé-lo, tana fhe» resistencia enfrentads.Chegou & pensar en largar fio de tal projeto. Sempre # voltas com discordanelss, para alén dee dissondncias, discutiu até com Ton Jobim, ha sua Sneis de definir, tintin por tintin, 0 que que Fla. "Ninguém fezia £6 no disco, achavan muito complica io", diz Milton Banana. "Fo! o Antonio Carlos Jobim que Jfonvenceu a diretorta toda’ da Odeon para gravar.”" Como Tenbra o Jornalista Paulo Cotrin, quando 0 disco conerou A"uer executado nas enisaoras de radio, multe. gente hchava, de fato, que Joo era dessfinado. Pouce ou nada Inclinados pars’ novas experiéneies sonoras, dlante dos “novos acordes de um violio acasalados com uss voz con tlda, adniravelmente diviaida, un soa revolucionério, Jsurpregndente © absorvente, (...) os desavisados rien da [eente A Bossa Nova, como inaiste em ressaltar o maestro Julio Medaglia, constitu una especie de misica popular ide cinera, pelo nonos on suas nanifestagées originarias. Nesse sentido atraves dela se viabilizou un certo diélo- jo entre 0 erudite © 0 popular. Isso esta presente, por fexenplo, na leveza das orquestragdes de Ton Jobin. Ao vsorver elenentor da nésica cldseica, ele dé aos seus 29 aaa TST arranjos 0 colorido das meias-tintas © inaugura una nova ‘Suavidede na MPH. O toque delicade do seu piano, una Constante na producdo de Jobim, incorpora na pritica 0 fanoso conselho de Chopin ("E preciso exquecer-se que © plano ¢ um Instrunento de nartelos."), tao ben assinila- fo. por Debussy, outra influéneta reconhecida en sia Obra. Jobin sabla, 4 seneinanca do nectre Debusey, que o stléncio € tanbén un elemento musical, da jeana foraa Gono "misica’ © "nSo-nusict” podem integrar-se nuna nar= Fative musical. Nascids © devenvolvida on pequenos. an Bientes = dos apartanentos ds boates © teatros ~ ecets clreunstancias factliggvam a pratica dostanovists de una Linguagen caneréatica™*, apropriads para fisgar detalhes antes desvalorizedes. ‘Quantas vezes, pare realgar 0 exenple eléssico do LP Chega de Saudade, 2 orquestra of fesse ou aquele instrunento enitian sus frase sonora e £© Fecothian a0 siléncio, remunciando a transberdanentes “Ginfénicos™, nuns economia de mesos que representava a condenagdo ad estrelisno © A denagogia musicals? Af inal, o expurge do acetssrio @ do virtuosisne era un trace Cartos Lyra, en entrevista. recente, snserida no Songbook Bossa Hover chanou'a atone para as influéne ins do tnpressionisne europen © ao\ Jaze na fossa Nove Sus" harwonias segundo tyra, diferia de barmonve tradi ional a HPS pelo au elevado grav de eleboragio, tanto ‘uanto armelodie, "alge blue nate, com muita nota alee Sean, cotes que & pove nfo cartave’ Ak -nigrecho. de pro- Ecdiventes" co Juzr, dlotecadn por Brest Rocka Brito en Goees Hove's importante estado plonetro, catado de 1960 « pubiicato en Baiango a Bones e Ouires Boreas, contrs~ ELEi"ceme Bosse Hove, prineipainonte has verventes, do bobop edo cool Jane. Acreseante-se que isso se revelou Ticlasive no plaso lingvietico, samunindovte abortanente ici Unnluenesa. Darvel Ferveira «auricle Elnora eo Dseran Setbop, Corar_Canargo Mariano, Sanblues, um dos Sais’ conhecidos pequenos conjuntos que ae. apresengqven em shows do Paramount denominava~se Bossa~Jazz_ Tee Nessa perspectiva 2 Bossa Nova introduzty una nova coloragge tinbristics. Ae marcas do Jazz, associado no- 20 Tae TTT tadanente eo samba, so tornaram inogiveis. A misica ins- trumental ques Bossa Nova lnpulsionou, com una forga Jomois vista ne histérda da MPB, € 0 mais patente teste- imunho disso. Sao quase Intersinavels os exenplos dispo- niveis. Relebro, de passagen, que o som produzido por tim Lutz Chaves © seu Conjunto (que continha © micleo bisico do future Zimbo Trio, composto por ele, Tubens Bareottie Hamilton Godoy, en 1968) no LP Projecdo, ou rum LP como sergio Mendes § Bossa Rio (gravado para a Philips em 1963 com arranJos de Ton Jobin), trazia con igo 6 sinal de noves tempos. Lulz Chaves, por exemple, Sonava aos elesentos que estruturavan os inlimeros. trios (ue entko so formven (bateria, plano © contrabaixo) a guitarra, flauta, sax-alto, av-tenor e trompete. A di- Ferenga era audivel, Basta ouvir, mum outro exemple, De Safinado, no LP do Octeto de Cesar Canargo Mariano: esta Imisica, emblena da Bossa Nova, recebeu Una roupagen ins trunental en que, particularnente em funeso do naipe de [pistons enone’ ae entrafan efeltce alesonantee ie hols perecian un tapa no ouvido dos aconadador_ ss sono- Fldades doninantes no periodo.pré-Soesa Nova. Toda essa, hove realidade acirrava op aninor dor debatedores sobr 6s runos da MPB. Sylvia Telles, alén de gravar om Inglés Glussicos da Bosta Hova no conego des anos 60, se fazia Sconpanhar pelo gultarrista Barney Kessel ov pelo pis fists Calvin Jakson, £ cosa "nde companhias” eran ence Pada por uns © outros cong atentado a ideologia da se fguranga da misica nactonal*// Mas s0 enganaré quen pensar que a Bossa Nova Inove por trensplantar o Jazz pare o contexto musical brasi= [oiro. Ex prineiro lugar porque antes dola Ja haviam si Wo sentidae ae proninctas do Jazz © da misica popular forte-anericana na MPE. En segundo Iogar’ porque ela 0 Fetrabaina, tritura as suse infornagiee «partir da nos fin fornagso musical. O Jazz digeride na grande maloria jos casos nfo se confunde con 0 produto final, que é jst Nova. Ate porque, como. J& enfatizou Carlos Lyre, Bossa Nova ¢ mais ccondaica nos meios. Enquanto nd Jjiez voce encontra, a= vezes, quatro acordes mun compas~ iio quaterniric, 1as0 nfo acontece com Bossa Nova, onde a aa TET EE dois acordes J constituon uma explosto.denogréticn.” Paraiclienos con ojeaz f parte, sempre. conven retomr OF prineiros Ura de" loto Chiberto, ume overdece alvel= mante de. cristividede que teilna o'ate entdo descorheci= dove mategjaliza oo elhores reswltador dotitce pala fovsn hove!" A elas se-aplican, por involve, am, poles res de Julio Medagita. no Livro Risice Tapopular’ "ha Tealidads operoucae uma verdageira, fiitragee’ da massa Cinle, on quats foran usados saparas 2 econoaicamente, 8 fin de ‘io pesturbar a autil erticulasto. ae, marvative, 2.5" Enon "reauete. du'car‘orquestral pronovens "ao onirario do gue se poderta pensar, na valorizagto’ ofc tive do som instrumental que reagyiow na formset tn ‘sen-nimero de pequenos coniuntow Se a sintonia con harmonizacées mais elaboradas se proJjetou sobre as melodias, enriquecendovas, un capitulo Sspacialissino @ representado pela batida diferente de (oto Gliterto, Seu viele functonava ac mesmo tempo come Instrunento de marcacto de harmonia e de percussao, ter= ono qual, alias, o Jazz Ja avangara. Porém’ Joéo, herdetro e transformader da tradigao do samba, feria 6 que Jazzista algun conseguirie fazer ~ ¢ ago falteran fentativas ~ ao transaltir a sensacio, econo Jé fol defi- ido, de que "0 ritno claudica", pols’ tonica permanece ‘enpre incerta. Outras batidas v8o entrar na Bossa Nova, mas a base ou a inspiragio iniclal ¢ una s6: Jogo G1l- Derto. Kaquele grupo de rapazes do Rio que se afinava, con ag harmonlas Jazzisticas havia, conforme declaragdes: de Roberto Menescal, "un objetivo. comum, que era o de fazer una ndsica com una hartonla nelhor © una letra nals noderne. A barmonia fol s mole iniclal (..-) mas a Detida nfo era definida. Quen inventou Isso £61 0 Jose E, na cola do Joo, 0 viclfo adquiriu una inportene’a, ‘jenate desfrutada na historia da PB. Mun cantinbo qual quer, fobre un banquinhe qualquer, 14 estava ele, um dos | Simtolos mixtince da. Bossa, Nova, ‘Sia reentrads em "cena inflanou noves geragies de violonistas: tocar. violgo pastou a ser moda. Ele se revestia dos signos do novo, Violonistas tradicionais ficavan enbasbacados. Paulo Ta 2 aa TTT TS pajos, um deles, ao ver Meneacal ao vielfo, no rastro do 'Jolo, penzos,stordoado, en pendurar © viele: “tudo 0 (qwe aprend! ago vale mais nada...” Todos esses fatores de transformagio mantinham intina relagso. com a necessidade de una letra mals Atval, Afinal, cone percebere Menoscal, a0 observar a tonade das influsncies desencadesdas pels Bosse Nov4 Gas nao ‘se resunian @ area estritanente musical: "a Stitode, msicsl mudou, ae rovpas tanben mudaren". E, Guanto as letras, "o que fizenos foi falar na Tinguegen [feies (aos univeraitarios). £8 misioa coneqou # sanher Universitaries." Nada de. “meu aleandorado amar", muito hlenos 0 rebuscanente barroco que ggctdas stras tinha ftareado une parte da musica "séria’™’. Em seu Luger re~ forsavse,con a Hossa Nova, wma determinada tradicto, fendaptads us novas altuactes, de letra em clina de pro- fhe. como en Garota de Ipanema (de Tom Jobin e Vinicius) de woraes). una das misicar brasileiras mais gravadas de todos os tenpos: "Olha que coisa mais linda/ Mais cheia de graga/ E ela menina/ Que ven © que passa/ Nun doce | Dpevango, caminbo do mar ( De ruptura em ruptura ou, em certes casos, aprofun~ endo rupturas, s trrupese bossanovista provocaria. ainda maior estranhanento pelo seu mode de cantar. 0 coloquial \s letras ae traneferia para o estilo de interpretacio e vice-versa. Enbora tanben nfo se possa reduzir os di- Ferentes estilo de interpretagso presentes na Bossa No~ Va a un denopinador comm, nesno agul subsiste una base Interpretativa sobre s qual se identifice boa parte dos fantores que construirem o vacal bossanevista. Os sfel- os contrastantes, caracterizades por bruscas alternin- Glas entre gritos © sussurros, estargo.ausentes tanto fas conposigbes quanto na maneira de cantar. A Bossa Ni (i radicaliza a0 extreno alguné elenentos que onorglan fio intinisno do sanba-cangie, Abaixo 0 "campeonato do tewios vocais*, diria Augusto we Canpos. 0 cperiano do ‘Ivcanto ruia's0 tom das vores de Joo Gilberto © Nara Leio, of dois intérpretes mais Inconpreendides da nova, ffra de centores, Cantores “afo-cantores", alias, na 2 aaa eT opiniso de muitos, Onde j& se viv ousar substituir of arrebatanentos grandiloqientes, de indesmentivel spelo popular, pela "Jagrina soca” da Bossa Nova? © algance da revolucdo bossanovista era denats para © Brasil", Caetano Veloso soube apreendé-lo como poucos fo aprender con a Gossa Nova, Para ele, “nim pais tao pobre cons o Brasil, a misica deles (dos conponentes do Rovimente) tinha us grau de sofisticagdo de prineira 1i- ‘ha, ven termos internacional. Talvez tenha sido un dos aeontecinentor culturais mais importantes na formagto 40 Brasil, Espero que o Brasil, algun dia, possa correspon Ger’ como pais a0 que # Bossa Nove profess ele” (gritos reus) A misica popular brasileira noderna, couo. frequen temente se autodenominava, era, entretanto, suficient fpente noderna para nao sepultar © pessado. Por mals qu Tonpesce com 0 parsado ds MPD, ela, slmultaneanento, Sprofundava, retomando-es, algunas de suas melhores con tribulgdes, Desdenhada como "antivsanba", a Bosca Nova fanbin se proclamava "sanba noderno". N&o fo1 Joto Gil~ tortor exereoner do conjinto Garotos da Lis, ue, on rnelo 2 conenoragSes dos 30 anos da Bossa Nova, reafir~ hou, para surpresa de miitas pessoas, que "eu 250 san- ba" e por 1s20 deveria ser considerado un Sinples san pista Concorde-se ou no com Jofo ~ “pSo ou paes @ Guestio de opinites", Jé disse Gulnardes flosa = 0 fato & Gue, per exemple, na contracspa do LP Jofo Gilberto 11 Misicas eran deseritas cono "sanbas", 20 lado de una narcha. E "sanbistas", por extensio, serian os conposi~ tores tipicanente bossanovistas de netade do repertorio: Antonio Carlor Jobim, Roberto Manoscal © Carlos Lyra, para no fg]ar dos perceires Viniclus de Moraes © Ronal= fe Bscols 44 en Chega de Saudade Joso Giiberto gravara Dori~ val Caymnt, Ary Barroso, Harino Pinto. Voltaria a Cayani ho seu segundo e terceiro Ls, alén de incluir peste Gizco obras de Geraldo Pereira © Bide e Marsal. 0, “palano bossa nova’ repetia como velho Cayanl, en Sanba * Rp, SET TET de Minhs Terra: °0 ganbe da minha terra/ Deixa a gente fnole/ Quando se canta’ Todo mundo bole/ Quon nde gosta tle sanba/ Bon ujeito nfo ¢/ E rulm da cabera/ Ou doente do pé7 Bu naset com 0 saRba/ No samba me criei/ F do da hago do senba/ Nunca ne separes.- Paulinho Nogueira, um Use mais respettados violonistar da Dossa Nova, gravava Pela RGE @ serie Sanbas de Ontem e de Hoje. Nela Tigura~ Vn classicor de NPB, de Ernosto Nazareth a Lupiscinio, passando, entre outros, por Ary © Caymni, até chogar & Bossa Nova, a partir ds qual Paulinho revia 2 nossa tra- fiieso musical Oleanbs,/presente na autoconsciéncia dos misicos da Bossa Nova, era igualnente una constante tanto en noxes de conjuntos.(Sanbalange Trio, Sanbossa Cinco) ono de Conposigaes. Delvando de lado, agul, 0 essencial, ou se jar a estrutura ritnica com a feigSo que a Bossa Nova The dou, face sonente elgune regietros. Do. prineiro LP de soso Gilberto constava Saudade Fez um Samba, de Car~ Jos Lyra e Ronaldo Boscols. Antonto Carlos Jobim compas Sanba do Avido, 56 Danco Sanba (cop Vinicius), Samba de, lina Nota Sé (com Newton Mendonca)". E por af val. Nos) Shows destinados 20 publico estudantil, geralmente de (Mvel Universitario, a historia se repetia. Desde o pri- ineiro "Festival de Sanba Hoderno", realizedo en 1959 na Faculdade de arquitetura da PUC do Rio de Janeiro, até Oe eepetacvios organtzados pelo radialista Walter Silva Gntre agosto de 1964 ¢ 1968 em Sto Paulo. "Mens Sana in Corpore Sanbo", iniciativa de alunos de Educagto Fisica, oo “benti-Sanba", obviarente de estudantes de Odontolo- fis, serven como’ Llustragio, Mas nals significative do que sinples aproxinacies formais ou linguisticas como pasado fois releitura SGhocante’ de multas bree tradicionais da MPB. Aindas agui © sentido arqueolégico da Bossa Nova deve a Jose Gilberto of passos decisivos para essa/revisto estética he aguda observagio de Almir Chediak, no seu. Songbook Bossa Wova, ele "nuda son deformar. Quen owir uns de Goce regravacées de masicas antigas perceboré con toda Clareza que Jodo se debrugau sobre o seu potencial ates in Rng Oo TT exaustagto, Ao invés de oriar a sua prépris versio, vai Tunde ne versie original, pretendendo, ao nesno tempo, ser fiel aos ebjetives dos autores e dar a sus colabera (Glo pars que esseg objet ivor sejan atingidos de melhor form possivel” ©, Enfin, aplicando a Jogo Gilberto Aquilo que Caetano Veloso falou de chigg Buarque, ele Sogulu on frente arrastando a tradigfo “'. 0 senso in- Walgar de divisio ritmica de Jodo cortou fundo nossas ‘raizes", juntanente con as harmonizagdes bossanovstas, tendo tanbén # frente Ton Jobin. A proposito, Edu. Lobo avalla que con Jobim “nossa misica dou un salto de nil anos, (1) Ele era 0 subversive da época e por isso fol trenendanonte ‘conbat ido"; representou "una" mudance no plane haruinico de tananha inportancia que hoje € possi= Yel dar un tratanento moderne # misicas antigas.” besar= nado dos preconceitos erguldos contra os bossanovistas, Caynai, por exenplo, un conpositor consagrado, aderiu ao ovinento con seu -- Das Rosas, una valsa-bossacnova, on_que honenageou_ Ton (LP Caynni Visita Tos. e190, Pelancado pela Fontana-en187S).. Ao contrario de muitos dos sous contenporaneos, ele entendeu gue se conservar & argon da Bossa Nova era flear fora do tom WOLTIPLAS FACES DE UM MESWO ROSTO Nas tentativas de anosquinhanento da significacao da osse Nova vieran a toma varias interprotacées._ Os ‘equivocos nos quais incorreran me sugeren a neceseidade Ge retonar una ou cutra dessas linhas interpretativas, © que exigiré que se examinen, con un tanto nals de deta~ Thanento, certos aspectos enfocados anterlormente de une naneira generica Un dos clichés utilizados por erstico defensores desavicados da Boca Nova reiterava sun su posts redugso, em Ultima andlise, a batida do viola de (ei Gilberto, pa qual, quando muito, se reconecia a ‘sua originalicade, TinhorSo, una vez ‘mais, se destace Turibundo, ele manifesta sua repulaa ao absstardanento fds batida’ tradicional do senda". Pare ele © Bosse Nova ‘se sustentava sobre un "esquena rgido", isto é, 8 "mul 26 1osn0 por Tag em SET tipiicagdo das sincopss, aconpanhads de una descontinul~ dade entre © acento ritnico da melodia do acompanha- nto. O que expiica a designacio pejorativa de "viclio eso" para qualificer a birritnia produside por esse de~ fencontro de scentos Por alguns momentos, no periodo Inedlatanente pré- Boose, Hover restava. a laprersio Gee ritalcanante © Sette para'a Bossa Nova seria Gado. Situss-ee nesse caso Sb arranjoe de aigusas faixas contides na coletanea Tos Jeoia e'ail1y Slancor Casimha Pequena. (de tuclo Alves), Gono autor e Dick Farney (1950), scompanhados por Tos SGbim c seu Conjunto, # Chuve Cais ie Jobim e Lulz Bon 72). com Bonta © aou Conjunto entregando-se, particular fenie’ mum patsagon, a un toque Jezzistico’ (1956), © Sinoe Wao’ Bringuedo (as nesaa dupla), con Dora Lopes © Stonpantanents de Bons e"aeu Conjunto (1996). alias, entre ap gravagges precursoras da Bosse Nowa, sobressai de'ponterde-vists rfteico = pars nlo sbordar aqut outros Stpectos doves conposicio " Rapaz de” Bem, de econ SShnny ALF. que, dos, discos ds epoca que cu. conheeo, foctre, mas gue qialgver outro, o novo om gestagdo, con tn balange ben diferente, (langado en 70 fprn. en seten fro de. 199¢ e relangado na colctanea Sanbay Abril Culte- Fal, 1989). Mas 0 salto definitive ficaria por conta do “balano bossa nova", De fate, s batida revoluciontria de Jos0 Griberte a0 violdo estava no coragto da Bossa Nova, Ton fe de novas pulsag6es musicals. Apreendé-ta, princi~ plo ere tarefa ardua, Ao trazer 2 publico os bastidores Ae gravagio do LP Chega de Saudade, Hilton Banans adn\~ {ioe hunfige, que Jodo lhe ensinare como transpor para a boteria s batida diferente do seu violse. E a enpolgacso {ive sontia era conpartiinada por outros nestres da Bossa flova,, como Roberto Meneseal, Carlos Lyra e Tom Jobin. Neda’ cono abrir eapago para suas proprias palavras a fim {le se ter maior clareza sobre 0. valor dessa novidade. Henescal confessa: “grudet no Jodo uns dez diss, jante! Mince! o tonel café con ele até pagar a batids. Carli- fos {Lyra) fez @ mesna coisa. Para nés, fol un pouco a ae TT aaa ag TTT ificil, porque era una coisa intesranente nova, nas sa bbfanos que irianos assinilar loge. Eu pegue! de un Jel to, Carlinnos J pegou de outro, mas tudo na. base’ do Joo, E vocé vé que cada um que’ pegava contribula, com ‘guna colsinha, por nto conseguir pegar (inteiranente) Datida do Joke." Lyra se. surpreendia a0 verificar que’ “ele tocava com os cinco dedos e con a mao invertida, (2) Tocava com os cinco dedos « nfo come a escala cor= Feta. 0 viollo do Joie 6, ao nesno tempo, un Instrumente de harnonia © ritmico, nunca ur Instrumente melédico co no en Bonfé outros.* Dai a percepeio de Jobin, ac res saltar que "a grande contribuieso da Gossa Nova € que, guando ‘Joto ‘cantava, havia_un Jogo ritnico entre 9 Viole, a voz ea baterla. Ho era una batida estandar~ Gizada, que se repetia sempre, ro era un cliche (gritos neus, pare a critica dos erfticos, inclusive Sergio Ca~ bral, que Ja se roferiu € “batign repetitive” da Bo Nova). “(-..) Cada caso era un caso. Havis una conbinagdo. ritnica da'nelodia con @ harnonia, quer dizer, a harno- nis nun ritmo, a melodia en outro" fossa Nova de Roberto Menesca!, Elenco, 1964) ¢ de Luiz Een (no LP A Misica de Meneseai & Béscoli, coletanea da Fontana, 1981, que reeditou esta faixa do seu disco de 1964): ela foge, em multo, 20 enguadranento que multa gente tentou inpor & Bossa Nova. 0 nd da questéo a ser desstado esté na dificuldade fom se Gar conta de que * ones Nova cruze a2 frontelras (ios géneros musicals e por isso mesno no se deve espe~ Tar dela a nitidez dos contornor finer. Se batids & ‘jolo Gilberto ~ melhor seria dizer, ss batidas 080 Giiberte = 60 sou cartée de spresentagio, = contribul= (elo itaica da Bosss Nova nio ge linita 2 els. Se 0 san fi, ‘ao sesimilar certas influéneias principalmente do (jazz,, constitul-se em género predoninante, também sob ‘ste’ angulo Bossa Nova nfo pode ser concebida ypllate~ Talmente como un mero "hibridisno ssnba- Jaze" Nun falavra, enquanto concepoo musical ela nso se reduz lin gnero'en particular, couo Jé advertia on 1960 Brasil Roche Brito. Néo faz mito tempo, Carlos Lyra tornava 2 jnsistir: “en relaggo & Bossa Nova, ha um velbo fequivoce: o de achar que ela se ocupou apenas do sanba. Isso ae @ verdade. A Bossa Nova € nodinha, @ baiso, € anbe-eangdo, @ tudo 1860. A Bossa Nova € 0 espirite da Edise. Entre’ os minhas wisicas nals conhecidas, Prinave~ Ya (6) una nodinha, Marcha de Quarta-Feira de Cinza ha marcha-rancho, 'e Minha Wanerada, un saxba-cancto’ (as trés, acrescente-se, on parceria con Vinicius de Mom faes). 0” "balano. bossa nova" nfo conpusera un bbuldo-bossa-nove (Bin Bon) para figurar no outro lado do Te rpm. que lencava Chega de Saudade? Eo que era he a de Saudade? Choro de nascinento, con declarou Jogo Gliverto na sua altima entrevista concedida na Europa No seu segundo LP Jodo no inclulu una marcha, Treve de Qistro Foinaz (de H. Divon eH. Woods, une versio, para filor horror dos nactonalistas, de Milo Sergio)? E aais, © balange da Bossa Nove nto tinha como contraface, od Wtelhor, cone outra face, © lirisno de misicas de anda~ ftento lento como Precis Aprenier « Ser Sé (de Marcos © Paulo Sergio Valle) © Ope Esta Voce (de Oscar Castro Neves © Luvercy Fiorini)? Poderia continuar enunerando ‘Sim, a Inconpreensio e/ou desconhacinento disso con iste nim dos pecedos capitais dos que teinan on tonar cono sinéninos a Bossa Novae sua nova batida. Prineiro, porque no hi una batida una. Segundo, porque, sobre una erigen comun, acona-se con multiplas possibiiidaces Sinventividade ritmies. Dialeticanente, "tudo é un. tude € aI", ‘no caso. Una audicdo atenta, por exemplo, do LP Tanba Trio o comprova exaustivanente. Se Batica Diferen- te purouo primero LP do. trio, langado no final de 1962, na realidade © que ele nos apresents so diversas batidas diferentes, produto da afinacio © da afinidade musical de Lulz E¢a (piano), Bebeto’(contrabaixo fla ta) e Hélcto MILito (percussao, bateris, inclusive eria- dor da tanba, instrunento de ‘percussto). Ou se. Ligue, ‘entio, no LP Balangando com Milton Banana Trio, de 1965 (relancado pela Eni-Odeon en 1985). A Bossa, Nova era permedvel a novas solugées ritnicas, a ponts de abrir-se 2 una mescla de ritmos, Un exemple definitive? A Korte de un Deus de Sal, do Menoscal e Béscols, espactainente, fas gravacbes de Roberto Meneseal © seu Conjunto (LP = 8 Tae eg TST RTT Tea ‘oxomplos. Pare terminar basta recordar que Ho-bé-1é-1é, do compositor bissexto Jogo Gilberto, nfo passava de um bolero ov um beguin elevado & categoria de Bosva Nova 8 que, composto ne ponvo de confluencia entre Chopin ¢ © choro, Seu Chopin, Desculpe, de Johnny Alf, fora fet= to, cons registra sus letra, “ao compasso 2 por @ Leve, slhicopado/ desse chor Inho-eancle" (reedi ado’ no seu LPO. Que € Arar, RCA, 1989) De una vez por todas, @ preciso entender @ diversi- dade da Bossa Nova. Un nese rosto que comporta miltl— plas faces. Na sua pulsagdo ritmics, na sua tessitura, haradnica © melédica, na sua maneirade dizer as coisas, ela conbinou Ingredientes “estranhos”. Con a produgio do Conpositor e pianists Joso Donato estabeleceue sus cu plieidade musical com gjtmos centro-anericanos e caribe~ fos, de origen negra ™, fonte, por sinal, de onde pro Coden © samba e © Jazz (numa confiraaode musical do que Giria mals tarde Cilberto GLl, na contracapa de seu LP de 1968: "o nogro é a soma de todas as cores", agsin co- no "a nudez € a soma de todas a2 roupas'). 6 bebop en= Controu en Durval Ferreira, compositor e guitarrista, un isico que soube digeri-lo e retrabaihi-lo de forma ori- Binal, a0 lado do excepelonal geitista Mauricio Einhorn, on quen dividiu grande parte de suas criacSes. Mio foi Astoa que © conjunto organizado por Durval Ferreira no infelo de 1960 aconpanhave nada menos do que Leny Andre e, Un ponto comum os aproxinava: 0 culto a0 improvise, tanto que mitas de suas nisicas eran origineriarente Instrumentals, cglcadas en cllulas bésicas que convida- vam & Improvisto™. jo da Lua, que colecionou viries sucesso dos carna~ fis dos anos 30, ele dé seu testomunho na condigio de Vives intensamente a velha e a nova guarda da. NPB: Dousa. Nova fos uma evolucto nals acentuada. Fol ut sso 4 frente, em relagko nao 36a misica popular bra- jeira, de im modo geral, como tanbém en reiagio aos ys02 conpositores ais evoluides, como préprio Ary reso e Custedio Mesquite.” Mas © passado musical do Brasil se projetou tanben chelo sobre a Bosse Nova. Aqui un capitule & parte ria ser reservase & Baden Powell. Ele eveluts ~ fibute qualquer conctagaoadjetiva a ease evolugso. futile doninante ne nascinento do novinento.bossano- a pare un nibride de Bossa Nova e samba tradielonal, fe entrar com tudo no afro-sama, E tudo. isso era im Hosea Wovgy cor avangos Baden absorveu com mul= criginaiidade™®, “Suse conposigBes nese Lercetro.mo= ito Serio mreadas pela batica da Borsa Nove fltrada la *nogritudes» © not e ¢ cool se entrecruzen a0 ritmo onbarbossacnove, sen esquecer az inequivoces digros= oo creditas de seu violio, Seus afro-sanbes se benef orem do-seu encontro com Vinicius en 1962 e foram Te Wigoradcs a partir de un estigio de 6 moses a Banta en TEs, no contato com os ritnos afro-balanos, © berinbauy A capoeira os terreiros de. candomble. Berimbau, Ins trunonto que anina a capoeira, Je fora graveda no LP Ba fiom Powell a Vontade (Elenco, 1963), © faria carrelra fmo ne day wicicas de naicr sucesso da duple Baden Miniclus, ela oe sogsirian outras cono Cento de Ossa~ Ih Sanbs ea Denes € Consolap8o, centre ax nats fano~ Outra faceta da Bossa Nova, conven reptsar, condu- | mast. 0 consul Vinicius de Morais sabia ser Zona sul ziura a un nergulho no pasado, injetando-Ihe ‘wm novo J pariocs, negro talano e cidadio do mundo. Come dissera Sopro de vide. E c= bossanovistar tiveran coneciéncia If fiergio Porto (Stanisiau Ponte Freta), era miltiplo de ‘isso. ara Leto, por ‘exemplo, umn dar principais res J} uscenca: "forse una pettoa a6 © se chanaria Vinicio de onsivels pelo reavivanento i obra ce Conposttores de fl Warsi” Grigen popular om ncsdos dos anos’ 60, denvacoy que “Snoase ova contribuiu milto com 8 nossa ‘isica (radi- ff Por falar nisso, freqientenente as anilises sobre = cionai, pois renter oa Bossa Hova'o sanba nfo tinha una fossa Nova definen, mals ov menos claranente, correntes fistintas e separaias no interior do novinento Tecons™ hharmonia Fica." Una opinigo insuspeita ¢ a de Aloysio de Oliveira. Fundador em fins da década de 20 do conjunto | (oem sua evolugdo a base de cortes relativanente preci a 0 aang, Dot ST TT sos. Esses procedimentos me parecen muitas vezes proble~ rnéticos. Comunente hé conpositores © intérpretes que nic Se fixam rigidanente new aqui nen alle, inclusive en om Geterninado "periodo" da Bossa Nova, ‘ncontram-se tam ben, de una ol de outra form, outros tipos de manifes- taco bossanovista. Onde enquadrar, por exemplo, Carlos Lyra? Ele 6 0 compositor lirieo de’ Primavera, con Vini~ clus, de Marla Winguén, dele nesno, ou "engaJado" de Ma ria Hoita, con Vinicius, de Feio Mio f Bonito, con Guar~ bleri, etc. etc.? A partir de 1962 ele se "engaJa”. Mas, @ Primavera e Minta Namorada, dele e de Vinicius, ‘isi- a5 liricas que surgen exatanonte nessa época (Carlos, Lyra regravou so vivo no Jazatania, ‘lo, todas estas Conposigies no LP 25 anos de Bosse Nova, 3M, 1987).?. E Vinielus? Ele nfo {oi "ronintico" e "engajado" no mesn periode? Baden, ontdo, fez parcerias com Vandré en ‘Steas engaJadas", porém nio'se pode dizer dele que ilitante da ‘misiea participante", ele que, na mosna @poca, criava con Vinicius seus afro-sanbas. E Durval Ferreira e Mauriclo Einhorn, que sablan fazer as ‘conexSes entre o balango da Bossa Nova e 0 do bebop e, Simultaneanonte, sablan ser liricos, ao estilo da pri- Relra floracéo da Bossa Nova (v. por exenplo, Tristeza de Nis Dois, deles e de Bebeto, regraveda por Nara & Mo- hnesesl no LP Us Cantinno, Un Vioido, Philips, 1985, ou Chuva, de Durval e Pedro Conargo, LP Wilson Simonal, (Odeon, 1965)? Nara, cone ¢ mais do que sabldo, sempre transitou Livrenente de us lado para outro. Alaide Cos ta, interprete especialissina, cantou, con invariavel competencia © fidelidade as linhas bésicas da Bossa No~ Va, desde & produgo lirics ate a sus versio "enge Jada (seu LP Alaide Costa, daquola época, nfo € passivel de fenquadranento nossa cu naquola corrente). E assim suces= Sivanente, of exemplos & mo sto Inumerdvels. Enfim, ¢ Bosse Nova se compunha de varias bossas, Lajg Chaves, do Zinbo Trio, presenca permanente en 0 FI- nol, se refere & “sensacio de prazer ao colocar aisi- Ga intimiste de bossa nova pare fora", quando relenbra que diversos conjuntos "fezian o publico dangar pra va~ Jer no ritno da nossa bossa,” Enbora isco resvalsese no 2 Tp UE TTS perige da perda de concisso © do sentido de elaboracto fis musica Bossanovista ~ perigo, alias, nem sempre evi~ tndo - esse aspecto nfo pede ser menosprezado. Se a zona fil do Rio de Janeiro funclonou como um pélo de criacdo th Bossa Nova, ele, corrige Aloysio de Oliveira, nio é (rclusivanente carioca, "No. 0 Baden Powell acrescentou (ih sabor africana. 0 Eau Loto Saseouvse en tomas nordes~ tines. A Bossa Nova tom varia nascaras. Toda misica to- Gada por Jose Gilberto ou por Baden Povell passa ser Bosca Nova de alguna naneira.” Vinda ao mundo sob o clina do amor, do sorriso © da for, nen tudo séo flores na Borsa Nova. Sento se pre fende Ideallzar o passed, o analista mals culdadoso de produgdo da epoca se verd forgado @ Feconhecer que em Nigune nonentos transgredian-se os principlos bossano- Wistas, ‘Como nfo reparat na grandiloqléneia do naipe de hietais. que aconpanhava Johnny ALF en Céu © Mar © Disa Testa en co-autoria con Mauricio Einhorn, anbas relanca- ss no LPO Que £ Amar), cuJa agressiva estridéncta con~ (fastava coma base do acompanhsmento? Corcovado, de Jo~ bin, sinbolo da Bossa Nova, Tecebeu de Roberto Menescal fe bou Conunto un tratanento que chogou, om certas pas Jagens, & destoar das propostas do movinonto. 0 SrBo, Gnidiversos monentos, goa § antiga, revolando aificulda- We Sue se renova om varias intervencdes pontuals ao Yengo do LP Bosse Nova, Inperial, 196¢ ~ para achat una Vineuagen musical apropriada. A prépria marcacao ritnica ti mais para sanba-cangie do que para Bossa Nova, ou helhor, @ nitidanente pre-Bosea Nova, ou, se quiseren Mind," soa ‘como senba-cansdo no revisttado pela Bossa Nove.’ En parte. o mesnoocorre com a gravagio, on 75 open pare 2 Odeon, de Mand de Carnaval (composicao de Intonio Maria © Lulz Bonfa, pre-Chegs de Saudade). En- Guantoc plano de Jobin, a flauta, ben como 0 violdo © 3 Thterpretagso de_Jo80 Gilberto, se hermonizam con a5 n0- yes sonoridades en curso, 0 arranjo de Jobin e a bateria farecen Tecwar no tenpo @ se ingeren nas sonoridades hela tipicar do sanba-cancto, Apewar, ou por causa nesno, dos seus poucos balxos € uttoe altos, @ Hosea Nova segula vitoriosa, Ele, aft~ ry

You might also like