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TEORIAS E

PRÁTICAS DA
PSICOMOTRICIDADE

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIAS E PRÁTICAS DA PSICOMOTRICIDADE

Sumário
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 3
1 PSICOMOTRICIDADE .................................................................................... 5
1.1 Noções básicas ......................................................................................... 5
1.2 Fundamentos psicomotores ...................................................................... 6
2 LEIS RELACIONADAS COM A PSICOMOTRICIDADE ................................ 13
3 GLOSSÁRIO DO PSICOMOTRICISTA ......................................................... 17
4 PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL .......................................................... 23
4.1 Conceituação .......................................................................................... 23
4.2 Objeto de estudo da Psicomotricidade Relacional .................................. 24
4.3 A formação do Psicomotricista relacional ............................................... 25
4.4 Aplicação e áreas de atuação da psicomotricidade relacional ................ 27
4.4.1 Psicomotricidade relacional no contexto escolar .............................. 27
4.4.2 Psicomotricidade relacional no contexto clínico ................................ 28
4.4.3 Psicomotricidade relacional no contexto organizacional ................... 29
4.5 A criança com deficiência auditiva na psicomotricidade relacional – uma
experiência bem sucedida ............................................................................ 30
REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS ........................................... 39

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INTRODUÇÃO

Sabemos que o movimento é a primeira manifestação na vida do ser


humano e desde a infância a coordenação desses movimentos pode contribuir
enormemente com o desenvolvimento da criança.

Nesse contexto, precisamos considerar a psicomotricidade como um


instrumento que auxilia a promover prevenção e intervenção nos problemas de
dificuldades no processo de ensino-aprendizagem, proporcionando resultados
satisfatórios nesse processo.

Segundo Assunção e Coelho (1997 apud Lima, 2008) a psicomotricidade


é a educação do movimento com atuação sobre o intelecto, numa relação entre
pensamento e ação, englobando funções neurofisiológicas e psíquicas. Além
disso, possui uma dupla finalidade: assegurar o desenvolvimento funcional,
tendo em conta as possibilidades da criança, e ajudar sua afetividade a se
expandir e equilibrar-se, através do intercâmbio com o ambiente humano.

O profissional deve estar atento ao desenvolvimento do aluno, colocando-


o na posição de facilitador da aprendizagem, portanto, justifica-se o trabalho da
psicomotricidade no processo de ensino-aprendizagem, pois a mesma está
intimamente ligada aos aspectos afetivos com a motricidade, com o simbólico e
o cognitivo.

O curso tem como objetivo geral subsidiar os mais diversos profissionais


(pedagogos, psicopedagogos, fisioterapeutas, psicólogos, professores de
educação física) de conhecimentos teóricos para suporte à prática da
intervenção psicomotora. E como objetivos específicos.

• Entender a Psicomotricidade como uma ciência que contêm conceitos


teóricos e aplicações práticas de várias ciências.

• Desenvolver habilidades e competências para intervenções


psicomotoras, focando a Psicomotricidade Relacional.

• Conhecer os distúrbios psicomotores e a importância da prática


psicomotora para o desenvolvimento infantil.

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• Perceber as contribuições da Psicomotricidade para o desenvolvimento


do educando, utilizando a bateria psicomotora de Vítor da Fonseca.

Esclarecemos dois pontos importantes.

Primeiro: este trabalho não é original, trata-se de uma reunião de materiais


e pensamentos de autores diversos que acreditamos, fornecem o essencial para
o curso em epígrafe.

Segundo: ainda que a apostila de Metodologia Científica e as Orientações


de Trabalhos de Conclusão de Curso tenham explicado que, embora haja
controvérsias, trabalhos científicos devem ser redigidos preferencialmente em
linguagem impessoal, justificamos que nossa intenção é dialogar com o aluno,
portanto abrimos mão dessa regra e optamos por uma linguagem, digamos,
informal, tentando nos aproximar e nos fazermos entender mais claramente.

Questionamentos e dúvidas podem surgir ao longo desse caminho, e


muito embora tenhamos como missão abrir os horizontes, levá-los a se tornarem
especialistas na questão, pedimos desculpas por essas lacunas que possam
surgir, no entanto, deixamos ao final da apostila uma lista de referências
bibliográficas consultadas e utilizadas onde poderão pesquisar mais
profundamente algum tema que tenha chamado atenção ou a desejar.

Boa leitura e bons estudos a todos!

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1 PSICOMOTRICIDADE

1.1 Noções básicas

A Psicomotricidade busca conhecer o corpo nas suas relações,


transformando-o num instrumento de ação. Este corpo pensado como objeto, é
marcado por uma mente que pensa. A evolução da psicomotricidade no homem
se dá de forma natural. Ela auxilia e capacita melhor o aluno para uma melhor
assimilação das aprendizagens escolares. O corpo e o movimento constituem
alicerces para o desenvolvimento da criança.

No campo da Psicomotricidade, a relação, a vivência corporal e a


linguagem simbólica são imprescindíveis. A psicomotricidade permite à criança
viver e atuar no seu desenvolvimento afetivo, motor e cognitivo.

Algumas definições básicas de estudiosos da Psicomotricidade:

“A Psicomotricidade quer destacar a relação existente entre a motricidade,


a mente e a atividade, e facilitar a abordagem global da criança por meio de uma
técnica.” (De MEUR E STAES, 1992);

“A Psicomotricidade é um meio inesgotável de afinamento perceptivo-


motor que põe em jogo a complexidade dos processos mentais, fundamentais
para a polivalência preventiva e terapêutica das dificuldades de aprendizagem.”
(FONSECA, 1995);

“O soma e a Psique integram a unidade indivisível do homem. A


Psicomotricidade, como ciência da educação, enfoca esta unidade, educando o
movimento ao mesmo tempo em que põe em jogo as funções intelectuais.”
(COSTALLAT, 1971);

“É a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu


corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está
relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições
cognitivas, afetivas e orgânicas. É sustentada por três conhecimentos básicos:
o movimento, o intelecto e o afeto. Psicomotricidade, portanto, é um termo
empregado para uma concepção de movimento organizado e integrado, em

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função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua
individualidade, sua linguagem e sua socialização” (ABP, 2007).

1.2 Fundamentos psicomotores

Fazem parte dos fundamentos psicomotores, a imagem e o esquema


corporal, a tonicidade, o equilíbrio, a lateralidade, a organização espacial e
temporal; a dissociação de movimentos, a práxis global e fina, o ritmo e o
relaxamento.

Estes fundamentos são extremamente importantes para compreender o


indivíduo e por conseguinte, para que o psicomotricista consiga um trabalho
positivo e de resultados, portanto, eles serão discutidos e analisados sobre
diversos ângulos em todas as apostilas do curso.

IMAGEM CORPORAL:

O ser humano é o único ser que consegue diferenciar-se e numa imagem


especular, diferenciar o real do especular. No início, ao olhar no espelho, a
criança fica confusa sem saber explicar essa imagem, só com o tempo é que a
noção de imagem real ficará mais clara para ela.

A fala é um símbolo, assim como a escrita, a linguagem e a imagem


corporal gravada no córtex.

Os amputados, devido a essa interiorização, esses engramas corticais,


são capazes de sentir dor em membro fantasma, quando a imagem especular,
a imagem simbólica está preservada apesar da amputação.

A afetividade, o afeto, é muito importante no trabalho com a imagem


corporal.

Para Freud “o desejo é do sujeito”, para Lacan, “o desejo é sempre o


desejo do outro”. A mãe (ou quem cuida, quem assume esse papel de mãe) vai
mapeando a criança com seu desejo, no seu toque, nas suas leituras, dando
significados aos significantes do cotidiano desse desenvolvimento.

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Ao nascer, a criança tem movimentos involuntários, sem organização,


sem significados e devido ao desejo da mãe, na maternidade, esses movimentos
vão ganhando significados, por enquanto, são significantes.

Poderíamos dizer então que significado é o conceito e significante é o


nome. Isso pode ser observado em relação aos objetos que têm nomes
diferentes em culturas diferentes, mas com o mesmo significado (MELLO, 1989).

No nascimento há uma relação simbiótica entre mãe e filho, a criança não


se percebe, não consegue distinguir o que é ela e o que é o outro, ela acha, por
exemplo, que o seio materno é parte dela.

Muitas mães acham que podem diferenciar o choro de seu filho mesmo
ele tendo vários significados. Lacan diz que a criança não tem um tipo de choro
para cada um dos significados (fome, sono, sede e dor). Ele diz que a mãe é que
dá significado aos diversos choros da criança, incutindo nela o significado que
aquele choro vai ter, inconscientemente, através do seu desejo de se comunicar
e atender seu filho repete ações fazendo com que o choro da criança fique o
mesmo para cada situação.

Esse mapeamento que a mãe vai fazendo na criança, em seu corpo, em


sua imagem, vai inscrevendo nela, as primeiras impressões dela mesmo.

Movimentos, risos, expressões faciais, são outros significantes emitidos


pela criança, com seu corpo, além do choro, e que a mãe vai dando significado,
nessa relação de desejo a esses significantes. Além da mãe, o pai, os avós,
quem se relaciona com essa criança, também contribuem, têm essa
possibilidade de mapear as partes do corpo dessa criança, através do afeto, do
desejo, do carinho. Com isso vai sendo formada a imagem corporal do sujeito
(MELLO, 1989).

Devido a culturas muito diferentes, o corpo não é mapeado da mesma


forma. As tendências motoras, a sensibilidade, o afeto, são diferentes.

A cultura influencia os comportamentos motores, a anatomia e a genética,


o corpo vai ganhando uma organização cinética de acordo com as significações
que vai recebendo e administrando, da família e posteriormente da cultura, do
outro e dos objetos dessa cultura.

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De modo resumido, as etapas no processo de desenvolvimento da


imagem corporal tem-se:

1. Identificação - A criança coloca a roupa do pai ou da mãe;

2. Projeção - Projetar no outro alguma coisa que seria seu;

3. Introjeção - Introjetar a imagem do outro.

ESQUEMA CORPORAL:

Segundo Le Boulch (1982) o esquema corporal é uma intuição de


conjunto ou um conhecimento imediato que temos de nosso corpo em posição
estática ou em movimento, na relação das suas diferentes partes entre si e,
sobretudo nas relações com o espaço e os objetos que nos circundam.

A criança ao nascer, ainda não amadurecida nas suas realizações


motoras, em fase de mielinização, recebe estímulos variados que vão
impregnando seu corpo.

Esse amadurecimento irá acontecer graças a alguns sistemas:

✓ VICEROCEPÇÃO – sensações das vísceras;

✓ EXTEROCEPÇÃO – são os sentidos (audição, visão, etc.) que informam


os estímulos externos;

✓ PROPRIOCEPÇÃO – são duas informações que nos possibilitam saber,


mesmo de olhos fechados, como está nosso corpo, ou que movimentos
estamos realizando. É a postura do corpo e que movimentos o corpo está
realizando.

Estas percepções permitem à criança uma noção um modelo, um


esquema de seu próprio corpo e das posições que ele adquire.

CARACTERÍSTICAS DA IMAGEM E DO ESQUEMA CORPORAL:

As características da imagem corporal são subjetivas.

• É a síntese viva de nossas experiências emocionais;

• Dimensão afetiva existencial onde se constrói o sentimento do corpo;

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• É o resultado significativo das experiências sensório-motoras vividas


com a mãe nos primeiros dias de vida;

• Constrói-se através do outro e também a nível fisiológico, relacional,


ligado as zonas erógenas.

As características do esquema corporal, por sua vez, são objetivas.

• Ligado à integridade física e neurológica;

• É uma estrutura neuromotora que favorece a tomada de consciência do


próprio corpo;

• Organiza-se no espaço e nas organizações corpóreas;

• Constrói-se a partir da multiplicidade de sensações provindas dos


sentidos internos e externos.

TÔNUS / TONICIDADE:

É uma tensão dos músculos, pela qual as posições relativas das diversas
partes do corpo são corretamente mantidas e que se opõem as modificações
passivas dessas posições, ou seja, é uma atividade, primitiva e permanente do
músculo (LE BOULCH, 1982).

Para Fonseca, o estado tônico é uma forma de relação com o meio que
depende de cada situação e de cada indivíduo. O tônus por se encontrar ligado
com as funções de equilibração e com as regulações mais complexas do ato
motor, assegura a repartição harmoniosa das influências facilitadoras ou
inibidoras do movimento.

Aqui temos:

✓ HIPOTONIA - Movimentos mais soltos, mais leves, mais coordenados,


com menor desgaste muscular. Poderíamos dizer que, seria como um
fator relacionado com a satisfação das necessidades no período de
imaturidade corporal.

✓ HIPERTONIA - Multiplicidade de reações, exagerada produção motora,


maior iniciativa, adquire aquisições motoras fundamentais ao
desenvolvimento. Revela-se como o meio de defesa mais eficaz e mais

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frequente, fator de luta contra os conflitos e contra as ansiedades criadas


por estes.

✓ CATATONIA- Se encontra nos esquizofrênicos – persistência de atitudes


durante bastante tempo, sem fadiga aparente. A vivência corporal não é
senão o fator gerador das respostas adequadas, onde se inscrevem todas
as tensões e as emoções que caracterizam a evolução psico-afetiva da
criança.

✓ PARATONIA – incapacidade ou a impossibilidade de descontração


voluntária, por falta dessa tal modulação tônica, os movimentos tendem a
ser produzidos como uma reação ou uma descarga em massa, afetando
a sua adequação, plasticidade e melodia (FONSECA, 1985).

✓ SINSINESIAS – são reações parasitas de imitação de movimentos


contralaterais, peribucais e linguais, não intencionais, desnecessários,
prejudicando a sua precisão e eficácia.

✓ DIADOCOSINESIAS – função motora que permite a realização de


movimentos vivos, simultâneos e alternados. É uma ação coordenada,
antagônica e sucessiva de movimentos com ambas as mãos.

Para muitos autores a função tônica é a mais complexa e aperfeiçoada do


ser humano; encontra-se organizada hierarquicamente no sistema integrativo e
toma parte em todos os comportamentos do ser humano, ela está ligada a todas
as manifestações de ordem afetiva, emotiva, cognitiva e motora.

EQUILÍBRIO:

Segundo Mello (1989) é a capacidade de manter-se sobre uma base


reduzida de sustentação do corpo, através de uma combinação adequada de
ações musculares e sob influência de forças externas.

LATERALIDADE:

É a capacidade de se vivenciar as noções de direita e esquerda sobre o


mundo exterior, independente da sua própria situação física (MELLO, 1989).

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É uma especialização dos hemisférios encefálicos que permite ao ser


humano a realização de ações complexas, como as motoras, psíquicas, a
linguagem, etc.

Cada hemisfério tem funções próprias e especializadas. Durante a


atividade motora, um dos hemisférios dá a base e suporte para a ação e o outro
dá a destreza.

Ex: Ao abrir uma garrafa de refrigerante, a mão dominante tem função de


preensão e sustentação da garrafa e a outra mão tem a função de executar o
movimento de desatarraxar a tampa da garrafa.

Há uma necessidade da percepção do seu eixo (linha mediana) para que


a criança desenvolva sua lateralidade e desde a percepção do eixo através das
suas mãos até as situações emocionais e afetivas numa equilibração desejada,
a lateralidade vai se estruturando.

A lateralidade pode ser:

✓ Unilateral – todas as ações são executadas num ou por um único lado.

✓ Cruzada – quando pelo menos em dois dos segmentos a predominância


de uso é diferente.

✓ Ambidestria – quando qualquer segmento executa, com performance


organizada, ações em qualquer um dos lados.

DOMINÂNCIA LATERAL: Significa o predomínio ocular, auditivo e


sensório-motor de um dos membros superiores ou inferiores, que deve ocorrer
em todas as pessoas, e é determinado, segundo Fonseca (1985), por uma carga
inata e por influências de ordem social.

ORGANIZAÇÃO ESPACIAL E TEMPORAL:

ESPACIAL: É a capacidade de orientar-se diante de um espaço físico e


de perceber a relação de proximidade de coisas entre si. Refere-se às relações
de perto, longe, em cima, embaixo, dentro, fora, etc.

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TEMPORAL: É a capacidade de relacionar ações a uma determinada


dimensão de tempo, onde sucessões de acontecimentos e de intervalo de tempo
são fundamentais.

A Psicomotricidade solicita a associação de espaço e tempo


conjuntamente, no desenvolvimento de ações num determinado espaço físico e
numa sequência temporal, embora alguns autores a estudem como duas
funções isoladas.

SERIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO

A seriação é a capacidade de ordenação dos objetos, por tamanho, cor,


textura, etc.

A classificação é a capacidade de agrupar objetos por associação


(semelhanças ou por alguma característica comum).

DISSOCIAÇÃO DE MOVIMENTOS:

É a capacidade de individualizar os segmentos corporais que tomam parte


na execução de um gesto intencional (FONSECA, 1985).

PRÁXIA GLOBAL:

É a colocação em ação simultânea de grupos musculares diferentes, com


vistas à execução de movimentos amplos e voluntários, envolvendo
principalmente o trabalho de membros inferiores, superiores e do tronco.
(MELLO, 1989).

PRÁXIA FINA:

É o trabalho de forma ordenada dos pequenos músculos. Englobam


principalmente a atividade manual e digital, ocular, labial e lingual (MELLO,
1989).

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RITMO:

Tratando-se de movimento, o ritmo é a organização específica,


característica e temporal de um ato motor.

RELAXAMENTO:

É o fenômeno neuromuscular resultante de uma redução de tensão da


musculatura esquelética, podendo ser total, diferencial ou segmentar.

TOTAL: Envolve todo o corpo e está diretamente vinculado a processos


psicológicos onde o trabalho mental é determinante no alcance da redução da
tensão muscular.

DIFERENCIAL: Descontração de grupos musculares que não são


necessários à execução de determinado ato motor específico.

SEGMENTAR: Designa o relaxamento alcançado em partes do corpo.

2 LEIS RELACIONADAS COM A PSICOMOTRICIDADE

Alguns princípios básicos regem o desenvolvimento psicomotor.


Guillarme (1983) e Lourel (1984) indicam duas importantes leis gerais que
fundamentam uma ordem de sucessão no aparecimento de novas funções:

a) lei do desenvolvimento céfalo-caudal; e,

b) lei do desenvolvimento próximo-distal,

A primeira permite observar e prever a evolução psicomotora na criança,


da cabeça para as partes inferiores do corpo, já a lei do desenvolvimento
próximo-distal responde pela sequência evolutiva direcionada do eixo do corpo
para as extremidades dos membros, e dos grandes conjuntos para as menores
unidades.

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Assim, enquanto os músculos de equilibração da cabeça já respondem


por essa ação entre o terceiro e o quinto mês de idade, a preensão das mãos é
o elemento psicomotor de maturação mais complexo.

Guillarme (1983) aponta outras importantes leis gerais da evolução


psicomotora, que considera fundamentais para a adequada elaboração de um
projeto de trabalho, seja por educadores ou outros especialistas. São as
seguintes:

a) Lei da diferenciação: Evidencia-se quando, a partir dos movimentos


generalizados do recém-nascido, segue-se uma diferenciação contínua, de
forma mais localizada e fina, seguindo um nível mais complexo de
desenvolvimento;

b) Lei da variabilidade: Responde por progressões rápidas, estagnações


e, segundo o autor, até mesmo regressões, que precedem grandes mudanças
no conjunto.

c) Fases de desenvolvimento: Partindo das duas leis anteriores,


Guillarme (1983) descreve um conjunto de três fases presentes à evolução dos
movimentos:

c1) Fase de inovação: Caracterizada pelo momento em que a criança


experimenta suas possibilidades relacionadas com determinado movimento.

c2) Fase de integração: Constituída, por movimentos mais precisos, sob


um comando nervoso mais apurado, quando a criança passa a integrar
informações que vão possibilitar um desempenho mais complexo.

c3) Fase do equilíbrio: Determinada pelos períodos de repouso, seguidos


de novas aquisições e progressos. Esses progressos, entretanto, não se
sobrepõem como camadas sedimentadas às aquisições anteriores, mas
integram-se a elas. O desenvolvimento de um indivíduo não ocorre como uma
superposição de aquisições, e, sim, num processo contínuo de transformações
e de reorganização psicomotora.

Segundo Mello (1989) as leis e fases abordadas são de grande


importância para os profissionais que trabalham com crianças e que necessitam

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de um referencial teórico para o seu planejamento, sua execução e suas


observações avaliativas.

Nos estudos dos pesquisadores recentes, são apontados três principais


campos de atuação ou formas de abordagem da Psicomotricidade: 1.
Reeducação Psicomotora; 2. Terapia Psicomotora; e 3. Educação Psicomotora.
Embora em certos trabalhos esses três níveis de atuação cheguem a confundir-
se, existem características próprias em cada um deles, que serão abordadas a
seguir.

1. Reeducação Psicomotora. Ocupa-se do atendimento individual ou em


pequenos grupos, de crianças, adolescentes e adultos, portadores de sintomas
de ordem psicomotora, como por exemplo: debilidade motora; atraso e
instabilidade psicomotora; dispraxias; distúrbios do tônus da postura, do
equilíbrio e da coordenação; e deficiências perceptivo-motoras.

Após a realização de um exame psicomotor e, quando possível,


analisados os resultados dos exames clínico, psicológico, neurológico etc., o
reeducador procurará trabalhar sobre o sintoma que foi diagnosticado. Poderá,
então, optar por um trabalho diretivo, onde traça e orienta as atividades de cada
sessão, podendo fazer uso de técnicas de condicionamento, ou adotar a não-
diretividade, deixando que a criança tome decisões quanto ao encaminhamento
das ações.

2. Terapia Psicomotora. Lapierre e Aucouturier (1980) indicam a Terapia


Psicomotora especialmente às crianças com grandes perturbações e cuja
adaptação é de ordem patológica.

Por isso, considera necessária ao terapeuta uma vasta formação prática,


técnica e teórica que lhe permita interpretar atitudes corporais, reações tônicas-
afetivas e emocionais.

Embora o trabalho com crianças seja mais frequente, a Terapia


Psicomotora pode atender também a adolescentes e adultos, individualmente ou
em pequenos grupos.

Na terapia, é de fundamental importância o vivido corporal (as


experiências vivenciadas) com relação à realidade e à fantasia, com a respectiva

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carga afetiva, emocional, sensual, sexual etc. Aspectos desse vivido corporal
são passados durante a

3. Educação Psicomotora. Dirigida às crianças consideradas “normais”,


atua como parte integrante da educação básica durante a fase pré-escolar e
escolar.

Inúmeros autores interessam-se pela corrente educativa da


Psicomotricidade. Destacam-se entre eles o professor Jean Le Boulch, que na
segunda metade da década de 1960, buscando o reconhecimento dos valores
da educação psicomotora influenciou na decisão ministerial de incluí-Ia nos
cursos primários da França.

A Educação Psicomotora vem sendo enfatizada em várias instituições


escolares e em outras que fazem trabalhos relacionados à recreação infantil.
Através de uma série de atividades, principalmente exercícios e jogos, procura
promover o completo desenvolvimento físico, mental, afetivo e social, evitando,
segundo Lapierre e Aucouturier (1980), as desviações demasiado neuróticas da
personalidade (veremos em outro momento do curso, várias atividades que
podem ser trabalhadas em sala de aula).

Ao profissional que atua no campo da Educação Psicomotora cabe, a


partir de uma busca constante do conhecimento das necessidades e interesses
das crianças, propor experiências que produzam a adequada estimulação e que
venham ampliar o vivido corporal, que é o responsável pelos inúmeros esquemas
que serão transferidos às situações vivenciadas no futuro. Deve-se acrescentar
que a falta de adequada estimulação no decorrer da infância pode produzir
inúmeras perturbações psicomotoras.

Qualquer que seja a experiência proposta e o método adotado, o


educador deverá levar em consideração as funções psicomotoras
(coordenações globais, lateral idade, equilíbrio etc.) que pretende reforçar nas
crianças com as quais está trabalhando.

Mesmo levando em conta que, em qualquer exercício ou atividade


proposta, uma função psicomotora sempre se encontra associada a outras, ele
deverá estar consciente do que, exatamente, está almejando.

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3 GLOSSÁRIO DO PSICOMOTRICISTA

ABASIA
Incapacidade para andar em virtude de uma incoordenação motora, geralmente
provocada por uma disfunção psíquica.

ABDUZIR
[do lat. Abducere] – Fisiol. Afastar parcial ou totalmente (membro ou segmento
de membro) da linha mediana do corpo.

ABULIA
Incapacidade patológica para formular ou concretizar ações. Perda ou
deficiência da capacidade de tomar decisões.

AÇÃO
1.Execução de uma função ou movimento. 2. Modo de atuar. 3. Sequência
unificada de atos ou comportamentos.

ACEITAÇÃO
Acolhimento, ato de aceitar, aprovar.

ACOMODAÇÃO
É o processo que ocorre quando o indivíduo se defronta com um novo problema
e tenta, através da modificação de seu modo de comportar-se e pensar até então
vigente, resolver o novo problema. Arrumação; adaptação.

ADAPTAÇÃO
Em psiquiatria as alterações experimentadas por um indivíduo e que levam ao
ajustamento. Em psicologia do desenvolvimento é o processo básico que além
da maturação determina o desenvolvimento psicofísico do indivíduo. Para Piaget
representa o equilíbrio dinâmico entre os processos da assimilação e da
acomodação.

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ADUZIR
[do lat. Abducere] – Fisiol. Aproximar parcial ou totalmente (membro ou
segmento de membro ) da linha mediana do corpo.

AFEIÇÃO
Sentimento de agrado ou desagrado.

AFETO
Em psicologia – Sentimento, emoção. Para FREUD – Sentimento ou emoção
específicos, como alegria ou tristeza.

AFETOMOTOR
Que manifesta transtorno emotivo e atividade muscular.

AGILIDADE
Desembaraço; presteza nos movimentos; rapidez nos movimentos; habilidade
que um indivíduo tem para mover o corpo no espaço.

AGITAÇÃO
Estado de inquietação crônica e atividade motora.

AGNOSIA
Perda total ou parcial da faculdade perceptiva de pessoas ou coisas classificada
geralmente de acordo com o sentido ou os sentidos atingidos.

AGRAFIA
Perda da capacidade de expressar ideias com símbolos escritos ou impressos.
É uma subdivisão da afasia.

AGRESSÃO
Em psiquiatria – Ato ou atitude de hostilidade, que decorre, geralmente, da
frustração ou de sentimentos de inferioridade. Em psicanálise – predisposição
inata, independente e instintiva do homem.

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AGRESSIVIDADE
“A agressividade faz parte do componente afetivo do homem. Ela está no
homem...”

AMBIDESTRIA
Aptidão de certos indivíduos para adquirir habilidade no uso de ambas as mãos,
com a mesma destreza indistintamente.

AMBIVALÊNCIA
À coexistência de dois impulsos, desejos, atitudes ou emoções opostos dirigidos
para a mesma pessoa, o mesmo objeto ou o mesmo objetivo.

AMIOTONIA
Ausência de tônus muscular; desconjuntamento.

APRAXIA
Impossibilidade de resposta motora na realização de movimentos com uma
finalidade, sem que isso se deva à paralisia, paresia, ataxia ou alteração do
tônus.

APTIDÃO MOTORA
Capacidade de efetuar uma tarefa motora, englobando os seguintes elementos:
potência muscular, mobilidade, equilíbrio, agilidade e velocidade.

ASSINERGIA
Coordenação deficiente de grupos de órgãos ou músculos, que normalmente,
trabalham em harmonia.

ATAXIA
Dificuldade de equilíbrio e de coordenação dos movimentos voluntários.

BIOMECÂNICA
Ramo da fisiologia que trata dos processos vitais ativos dos organismos.

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BIOGÊNESE
Ciência da origem e desenvolvimento da vida.

CARÁTER
Maneira habitual e constante de agir, peculiar a cada indivíduo.

CINÉSIOLOGIA
A ciência da anatomia, fisiologia e mecânica, dos movimentos musculares
voluntários com finalidade, do homem.

CINESTESIA
Modalidade de sensibilidade proprioceptiva que informa o cérebro sobre os
movimentos dos segmentos corporais. Em relação aos segmentos do corpo
pode ser parcial ou global. Os estímulos podem ser sensoriais (externo, próprio
e interoceptivo).

COGNIÇÃO
A faculdade ou processo consciente de conhecer, de adquirir ou de ter a noção
de ideias ou percepções, inclusive de raciocinar.

COMPORTAMENTO
Conjunto de atitudes e reações do indivíduo em face ao meio social.

COMPREENSÃO
Ato de compreender, faculdade de perceber.

COMUNICAÇÃO
Processo de inter-relação humana caracterizada pelo emprego de signos
organizados em mensagens.

FILOGÊNESE
História evolucionária das espécies.

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LATÊNCIA (TEMPO)
1- Qualidade ou estado de latente; 2-Período de inatividade entre um estímulo e
a resposta por ele provocada; 3- Med.Incubação; 4- Psicol. Presença de
elementos psíquicos esquecidos na esfera subliminar da consciência, donde
podem ressurgir.

LÚDICO
Referente ao que tem o caráter de jogos, divertimentos e brinquedos.

METACOMUNICAÇÃO
Além da comunicação, ou seja, além da capacidade de trocar e discutir ideias,
de dialogar, de conversar, objetivando mais que o bom entendimento entre as
pessoas.

MOBILIDADE
[do lat. Mobilitate] – 1- qualidade ou propriedade do que é móvel ou que obedece
às leis do movimento; 2- Facilidade de mover-se ou de ser movido.

MOTRICIDADE
[Do fr.motricité.] – Propriedade que têm certas células nervosas de determinar a
contração muscular.

ONTOGÊNESE
Estudo da formação e desenvolvimento do indivíduo, acompanhado em todas as
fases de sua evolução.

PARATONIA
Perturbação do tônus muscular (debilidade Motora) consistindo principalmente
numa dificuldade do relaxamento.

PRAXIA
Movimento intencional, organizado, tendo em vista a obtenção de um fim ou de
um resultado determinado.

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PRONO
Deitado de barriga para baixo.

PULSÃO
“Uma pulsão tem sua fonte numa excitação corporal: o seu alvo é suprimir o
estado de tensão que reina na fonte pulsional e no objeto...”(Freud).

REAÇÃO
Resposta motora involuntária, variável, transitória ou durável.

REFLEXO
Resposta motora invariável e imediata. O estímulo é preciso, involuntário,
consciente ou não. Os estímulos podem ser sensoriais (externo, próprio ou
interoceptivo) ou sensíveis. O reflexo pode ser inibido temporariamente pela
fadiga.

SIMBOLIZAÇÃO
Terapia Psicomotora.

TÔNUS
Uma das formas manifestas de energia em nosso corpo. Um estado normal de
resistência e elasticidade de um tecido ou de um órgão. Podemos distinguir, para
fim de estudo objetivo do tônus, três formas básicas: TÔNUS DE BASE, TÔNUS
DE FORÇA e TÔNUS DE POSTURA.

TÔNUS DE BASE - Aquele que observamos na situação de repouso.

TÔNUS DE FORÇA - Aquele que observamos quando o corpo, ou parte do


corpo, faz resistência contra algo, ou faz força.

TÔNUS DE POSTURA - Aquele que observamos quando o corpo, ou parte do


corpo, se opõe à força da gravidade (SBP, 2010).

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4 PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL

4.1 Conceituação

A Psicomotricidade Relacional visa desenvolver e aprimorar os conceitos


relacionados ao enfoque da Globalidade Humana. Busca superar o dualismo
cartesiano corpo/mente, enfatizando a importância da comunicação corporal,
não apenas pela compreensão da organicidade de suas manifestações, mas
essencialmente, pelas relações psicofísicas e sócio-emocionais do sujeito. Preza
por uma abordagem preventiva, com uma perspectiva qualitativa e, portanto,
com ênfase na saúde, não na doença.

É uma prática que permite que à criança, ao jovem e ao adulto, a


expressão e superação de conflitos relacionais, interferindo de forma clara,
preventiva e terapeuticamente, sobre o processo de desenvolvimento cognitivo,
psicomotor e sócio-emocional, na medida em que estão diretamente vinculados
a fatores psicoafetivos relacionais.

Segundo Vieira (2009) não se trata de uma psicoterapia que põe em jogo
a personalidade do sujeito através da análise de sua problemática inconsciente,
mas sim, de uma decodificação de seus comportamentos atuais, evidenciando
suas significações simbólicas e as necessidades que expressam.

Define-se dessa forma, como um método de trabalho que proporciona um


espaço de legitimação dos desejos e dos sentimentos no qual o indivíduo pode
se mostrar na sua inteireza, com seu medos, desejos, fantasias e ambivalências,
na relação consigo mesmo, com o outro e com o meio, potencializando o
desenvolvimento global, a aprendizagem, o equilíbrio da personalidade,
facilitando as relações afetivas e sociais.

Introduz em sua prática ao jogo espontâneo em que o corpo participa em


todas as dimensões, privilegiando a comunicação não verbal, onde, através de
situações lúdicas e dinâmicas, joga com o corpo em movimento, buscando
induzir situações nas quais sejam expressos atos desencadeados por
sentimentos, que somente mais tarde traduzirão em termos conscientes, as
emoções em que se originaram, ou seja, num primeiro momento de forma
impulsiva e inconsciente, para depois chegar ao consciente.
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Isso quer dizer que o comportamento e a comunicação são provocados e


desencadeados por imagens de relações inscritas no corpo, com todos os
matizes sensoriais como visão, audição, olfato, paladar, tato, sensações
viscerais e outras. Podemos aqui ressaltar o momento de relaxamento, em que
o encontro consigo mesmo ou com o outro evoca imagens mentais de pessoas,
lugares, músicas, cheiros e relações integradas no tempo e no espaço de algo a
ser conhecido, mas também de um EU, um self no ato de conhecer (VIEIRA,
2009).

Nesse contexto, o sujeito que vive ao mesmo tempo é aquele que sente,
observa, percebe e toma conhecimento de que são seus atos e os sentimentos.
Essas imagens sensoriais estão sempre acompanhadas por uma presença, que
significa o Eu, que é o sentimento do que acontece quando o SER é modificado
pelas ações vividas de aprender algo e essa presença tem que estar presente,
caso contrário, não há como existir.

4.2 Objeto de estudo da Psicomotricidade Relacional

O objeto de estudo da Psicomotricidade Relacional é o ser humano,


criança, adolescente ou adulto nas suas dimensões psicossociais e afetivas,
ressaltando as diversas formas relacionais estabelecidas em seus diferentes
grupos de pertinências. Pretende compreender os diversos níveis de
comunicação corporal estabelecida a partir do jogo espontâneo, para daí
proporcionar os meios de decodificação das nuances expressas nas relações,
levando em consideração seu desenvolvimento psicomotor e sócio-histórico,
com a finalidade de atender às necessidades de seres em formação, nos
aspectos psíquicos, motores e emocionais que, em conjunto, influem
diretamente na construção e desenvolvimento da personalidade.

Nesse sentido enfoca de maneira especial toda a organização tônica,


involuntária, espontânea, parte integrante da experiência afetiva e emocional,
necessariamente ligadas às pulsões, às proibições, aos conflitos relacionais, ao
inconsciente. “Um agir espontâneo cuja significação não pode ser ignorada,
ligada à experiência imaginária vivenciada pelo corpo em sua relação com o
outro e com o mundo” (LAPIERRE, 2004).
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É difícil pensar num desafio sedutor para a reflexão e para a investigação,


do que a Psicomotricidade Relacional, pois, em geral, para aqueles que a
conhecem e, em particular, para aqueles que com ela atuam, despertar a ânsia
de praticar até esgotar o desejo e a sede de compreender e de se maravilhar
com suas própria natureza (VIEIRA, 2009).

Se levarmos em conta um dos marcos teóricos da Psicomotricidade


Relacional que é a comunicação não verbal manifestada através do jogo
espontâneo, onde o corpo participa com todas as suas dimensões
representativas inserido em uma complexa rede de inter-relações, onde estão
presentes conteúdos biológicos, psicológicos, somáticos, vivenciais, históricos e
sociais, podemos então compreender e não apenas interpretar, os conflitos
intrapsíquicos e suas repercussões psicossomáticas, possibilitando ao ser
humano a capacidade para redimensionar suas relações de forma que possa
obter melhor condições de vida e bem estar pessoal, familiar, físico, social e
profissional.

4.3 A formação do Psicomotricista relacional

Assim como quis André Lapierre, é absolutamente impossível, sob o risco


de se prejudicar alguém, conduzir uma sessão de Psicomotricidade Relacional,
com crianças, jovens ou adultos sem que se cumpra um processo de formação
pessoal ordenado e de supervisão regular. Isso por que ser Psicomotricista
Relacional é, pois, desenvolver um modo de ser que envolve um processo de
autoconhecimento e conhecimento do outro que não termina jamais, na medida
em que, como pessoas, vamos nos modificando, conhecendo e reconhecendo
ao longo de nossa vida (VIEIRA, 2009).

O Psicomotricista Relacional é, portanto, uma pessoa aberta e


respeitadora, que busca a compreensão do Ser, que se coloca à escuta e à
comunicação com o outro, aberto a novas experiências e conhecimentos que
possam enriquecer sua vivência pessoal e profissional (VIEIRA; BATISTA;
LAPIERRE, 2005).

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Para se tornar um profissional em Psicomotricidade Relacional é


necessário cursar uma Formação Especializada e essa deve ser ministrada por
profissionais devidamente preparados e reconhecidos para exercerem tal
função.

A experiência profissional e a divulgação da Psicomotricidade Relacional


no Brasil, por Leopoldo Viera, levaram-no à elaboração de uma estrutura
curricular, reconhecida por André e Anne Lapierre, que contempla três aspectos
indispensáveis e indissociáveis para a formação de novos psicomotricistas
relacionais. São elas:

• Formação Teórica: disciplinas específicas com aprofundamento nos


conteúdos psicoafetivos, bioantropológicos e psiconeurológicos;

• Formação Profissional: com estágios e prática profissional


supervisionada;

• Formação Pessoal: um processo de autoconhecimento, por meio de


ações espontâneas, que proporcionam o acesso às motivações
inconscientes, priorizando o comportamento e a comunicação não verbal.

Atenção especial deve ser dada à Formação Pessoal, pois é nela que o
futuro psicomotricista relacional irá encontrar respaldo para seu
autoconhecimento, condição indispensável para que sua atuação seja de
qualidade. É a partir de suas próprias vivências em Psicomotricidade Relacional
que o futuro profissional encontrará subsídios para atuar de maneira a promover
o maior aproveitamento e desenvolvimento daqueles que participam de seus
grupos de atendimento.

Pois é por meio da Formação Pessoal que se adquire a experiência do


saber vivido. Esse processo permite superar problemas pessoais, descobrir as
projeções inconscientes, reestruturar a vida e aumentar a capacidade de
compreensão de certos conceitos teóricos (VIEIRA; BATISTA; LAPIERRE,
2005).

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4.4 Aplicação e áreas de atuação da psicomotricidade relacional

A Psicomotricidade Relacional pode ser desenvolvida no âmbito escolar,


clínico e empresarial, com crianças, jovens, adultos e idosos. Acontece em grupo
e é no brincar dos participantes (incluindo o psicomotricista relacional) que
aparecem situações de jogo simbólico, onde os indivíduos se encontram e
passam a expressar de maneira autêntica seus sentimentos.

Nesse aspecto, é requisitada como uma ferramenta de trabalho


revolucionária, por seu modo de abordar as relações e o desenvolvimento
humano (VIEIRA, 2009).

4.4.1 Psicomotricidade relacional no contexto escolar


No âmbito escolar, pode-se dizer que o principal objetivo da
Psicomotricidade Relacional é promover o desenvolvimento integral das
crianças, envolvendo os aspectos: cognitivo, social, psicoafetivo e psicomotor.
Isso porque, a educação passa hoje por um período de mudança de seus
paradigmas.

Diversos teóricos têm assumido o fato de que não é mais possível que a
escola se restrinja à transmissão dos saberes socialmente elaborados. Faz-se
necessário que a Instituição Escolar, independentemente da classe social que
atenda, preocupe-se também com a formação de valores em seus educandos.

Nesse sentido, para a Psicomotricidade Relacional a aprendizagem e o


desenvolvimento se produzem pelas formas de relação afetiva com o outro, de
acordo com as possibilidades e limites de cada um, em comum acordo. Pretende
promover a expressão de professores e crianças em sua plenitude, recriando
uma escola em que se abre o espaço para vivências de aspectos afetivos, que
permeiam a evolução da personalidade e a inserção social (VIEIRA; BATISTA;
LAPIERRE, 2005).

A Psicomotricidade Relacional na escola enfatiza a comunicação humana


e comportamentos afetivo-emocionais indispensáveis à conquista do
conhecimento e ao bem-estar pessoal e social com função preventiva.

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Compromete-se também em auxiliar o professor e o aluno na construção


de valores necessários ao processo de ensino-aprendizagem, canaliza ações,
efetiva sonhos e direitos para que estabeleçam uma comunicação autêntica.
Trabalha com o que há de positivo nas relações interpessoais, reforçando-as e
renovando-as.

Possibilita uma variedade de experiências psicomotoras, que favorecem


e organizam a socialização, a afirmação da identidade e a superação de conflitos
normais do desenvolvimento e das dificuldades de aprendizagem. Permite ao
aluno avançar para uma pedagogia da descoberta ao se sentir estimulado a
aprender e a buscar novos conhecimentos.

Motricidade e aprendizagem caminham juntas; por meio do corpo


(primeiro meio de comunicação com outro ser humano), o indivíduo descobre e
conhece o mundo. Trabalhar as relações sociais no cotidiano escolar na
perspectiva da Psicomotricidade Relacional consiste em viver e instigar a
aprendizagem, na qual o afeto, a ação (corpo e movimento) e o respeito à
singularidade estão inseridos, baseando-se no desejo e não somente na lógica
do dever. Desta forma, professor e aluno solidificam relações de confiança e
segurança necessárias ao investimento em possibilidades de descobrir e ampliar
conhecimentos e assumem a coautoria na construção do saber, fazendo valer o
papel social da educação e confirmando a afirmação de André Lapierre: “o
desejo de aprender é um componente secundário do desejo de agir, do desejo
de SER”.

4.4.2 Psicomotricidade relacional no contexto clínico


Já no ambiente clínico a Psicomotricidade Relacional difere em sua
finalidade uma vez que essa tem por objetivo compreender e trabalhar no nível
da terapia psicomotora, as desordens relativas ao desenvolvimento da criança
nas esferas motoras, relacionais, afetivas e cognitivas, tendo como referência o
enquadre psicodinâmico da motricidade infantil (VIEIRA; BATISTA; LAPIERRE,
2005).

A Psicomotricidade Relacional Clínica atua no plano da saúde de um


modo geral, embora esteja diretamente vinculada a uma demanda específica

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como queixa dos pais ou da escola que encaminhou o paciente, situando-se


inicialmente em relação ao pedido de ajuda, sem perder de vista as qualidades
de prevenção e profilaxia. Promove ainda a expressão da criança em sua
plenitude, recriando um espaço para vivências de aspecto afetivo que permeiam
a evolução da personalidade e a inserção social. Favorece o processo de
interação, desenvolvendo a capacidade relacional, numa descoberta de uma
comunicação afetiva, onde a autenticidade e o respeito sejam parâmetros para
o projeto de vida.

O trabalho em contexto clínico traz procedimentos específicos desse


atendimento, entre eles a entrevista inicial com pais, sessões iniciais com o
participante, com o fim de diagnóstico, o encontro com outros profissionais ou
instituições que trabalham com a criança ou o adolescente, apresentação aos
pais do plano de trabalho e as sessões propriamente dita.

Vale ressaltar que a qualidade do trabalho do psicomotricista relacional


em cada um desses procedimentos será reflexo direto do investimento que fez
em sua Formação e no acompanhamento constante de Supervisão de sua
atuação (VIEIRA, 2009).

4.4.3 Psicomotricidade relacional no contexto organizacional

Vieira trouxe a psicomotricidade relacional para o contexto organizacional


levando em conta o fato de que o pleno desenvolvimento emocional oferece o
maior grau na concretização de todo o potencial humano e que o equilíbrio nas
relações de trabalho, numa perspectiva ampla, é o resultado de um processo
comunicativo autêntico, que desemboca na autoafirmação do indivíduo e no
valor de cada um dos elementos implicados nesse processo. Essa
autoafirmação compreende um conhecimento e uma aceitação de si mesmo.

O trabalho centra-se essencialmente sobre a relação, isto é sobre a


observação e análise do que se passa quando pessoas entram em comunicação
com outras pessoas. Nos dias atuais, a qualidade de comunicação está cada vez
mais mediatizada por uma dinâmica relacional mais ou menos saudável, onde
qualquer falha ou ruído provoca interferências significativas no desenvolvimento

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de qualidades pessoais essenciais ao acesso do conhecimento e ao sucesso em


todos os empreendimentos, tanto pessoais do trabalhador quanto da empresa
enquanto organização.

À vista disso, resultados bastante positivos vêm sendo alcançados nesse


contexto.

Como se pode perceber, a Psicomotricidade Relacional, seja ela aplicada


a qualquer uma das conjunturas citadas anteriormente, é fiel a sua principal
característica de buscar potencializar os aspectos positivos do ser humano, bem
com sua capacidade afetiva, emocional e relacional (VIEIRA, 2009).

4.5 A criança com deficiência auditiva na psicomotricidade relacional –


uma experiência bem sucedida

A título de enriquecimento vamos apresentar de forma sucinta uma


pesquisa realizada por Marchesi (1995) com alunos portadores de Deficiência
Auditiva e a utilização da Psicomotricidade Relaciona que apresentou resultados
positivos.

Marchesi (1995) assinala que existem diversos subgrupos na Deficiência


Auditiva (DA) e com diferenças maiores entre as mesmas do que quando
comparadas ao coletivo dos ouvintes. O autor cita como variáveis
diferenciadoras mais significativas: o nível de perda auditiva, a idade do início da
surdez, sua etiologia e os fatores educacionais comunicativos.

O nível de perda auditiva está ligado ao desenvolvimento da fala interna,


à leitura labial, à leitura do texto escrito e à inteligibilidade da fala. A fala interna
é proporcional ao nível de perda auditiva (Marchesi, 1995). Telford e Sawrey
(1988) ilustram cinco níveis de perdas auditivas:

a) perdas leves (20 a 30 db) - se localiza entre a audição difícil e a audição


normal;

b) perdas marginais (30 a 40 db) - dificuldade em ouvir a fala a poucos metros;

c) perdas moderadas (40 a 60 db) - com a amplificação do som e o auxílio da


visão é possível aprender a falar de ouvido;

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d) perdas graves (60 a 75 db) - uso de técnicas especializadas para aquisição


da fala. São os indivíduos limítrofes entre os de audição difícil e os surdos; e,

e) perdas profundas (superiores a 75 db) - rara aquisição da linguagem de


ouvido, mesmo com a amplificação do som.

Outro subgrupo diz respeito à idade início da surdez que tem uma
repercussão importante para o desenvolvimento infantil. Telford e Sawrey (1988)
explicam que quanto mais idade a criança possuir no início das dificuldades
auditivas, maior experiência com o som e a linguagem oral ela possui, o que
facilita sua posterior evolução linguística. É como os autores ilustram: “Segundo
essa definição um indivíduo com uma perda auditiva congênita de 80 db é
chamado ‘surdo’; outra pessoa, com perda auditiva idêntica, porém ocorrida na
idade dos dez anos, é chamada de ‘audição difícil’” (TELFORD E SAWREY,
1988, p. 516).

A simples quantificação em decibéis para a perda auditiva resulta-se


insuficiente para caracterizar o nível real da capacidade auditiva e consequente
aprendizado da linguagem falada. A experiência auditiva que a pessoa adquire
em sua história prévia descaracteriza a simples uniformização das DA
quantificadas em decibéis.

Marchesi (1995) explica que é difícil obter precisão na origem da DA, mas
que a idade da perda auditiva pode incluir fatores associados como a reação
emocional dos pais e, também, com o desenvolvimento intelectual. Entre os
fatores biológicos é consenso em aceitar que existe pouca probabilidade de um
distúrbio associado à DA, quando sua origem é hereditária. A DA está associada
a outras lesões como anoxia perinatal, incompatibilidade de RH ou rubéola.

Finalmente os fatores educacionais comunicativos são destaque para o


sucesso do desenvolvimento das crianças com DA. Estão ligados ao modo como
a criança é recebida e compreendida em casa, com os pais. É assinalado que a
possibilidade de receber uma atenção educacional desde o momento em que foi
detectada a DA é uma garantia de desenvolvimento satisfatório. Deve incluir a
estimulação sensorial, as atividades comunicativas e expressivas, o
desenvolvimento simbólico, a participação dos pais e a utilização dos resíduos
auditivos da criança. Esses diferentes recursos de comunicação contribuem para

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sua socialização, menos à margem do mundo dos ouvintes e mais integrada à


educação regular e socializada com os demais.

A linguagem como processo mental decisivo para o desenvolvimento do


pensamento é descartada por Damásio (2000), que explica o desenvolvimento
das capacidades psicointelectuais superiores e, principalmente, a do
pensamento desvinculados do desenvolvimento da linguagem.

Vygotsky (1997) descarta a necessidade e os esforços antinaturais de


provocar a fala desde cedo em crianças com DA. O fator principal se situa na
educação da criança para o coletivo, o que significa ampliar suas possibilidades
de comunicação e de inter-relação.

Marchesi (1995) apresenta estudos realizados a partir de modelos que


privilegiam a ação relacional da criança com DA. Estas abordagens são
consideradas como inferências para o desenvolvimento cognitivo da criança com
DA que são:

a) a limitação do jogo simbólico em relação às crianças ouvintes;

b) menor planejamento da conduta e capacidade de antecipar situações;

c) limitações em receber as informações do meio externo;

d) dificuldades para realizar operações como formular hipóteses.

Também Telford e Sawrey (1988) assinalam que as DAs profundas em


crianças provocam inúmeras dificuldades motoras e relacionais ao serem
comparadas com as crianças ouvintes. Por sua vez Herzog (1988) apresenta
dificuldades vinculadas a sua comunicação e capacidade de escuta, que são:

a) dificuldades na comunicação e restituição de acontecimentos que


deseja expressar;

b) a espera ganha um caráter intolerável;

c) a dificuldade da espera impede adotar uma postura harmoniosa para


poder receber do outro a sua comunicação na íntegra.

As características apresentadas ganham uma ênfase universal que


provoca uma compreensão determinista do desenvolvimento. Apesar da ênfase

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determinista, permitem reconhecer as dificuldades com as quais a criança com


DA pode deparar-se. O componente social é fundamental no desenvolvimento e
aprendizagem da linguagem, em suas diversas possibilidades, da criança com
DA. Vygotsky (1996) explica que, apesar da linguagem oral demandar uma
técnica especial com recursos e métodos especiais para sua aprendizagem, não
se deve esquecer que é preciso educar não uma criança com DA, mas,
sobretudo uma criança.

Para além do processo educativo que isola e trata as individualidades das


crianças segundo suas características e somente em relação a elas, o processo
investigativo abordou o comportamento das crianças com DA em conjunto com
crianças “normais”.

Na interação entre as crianças ouvintes e aquelas com DA em momentos


de recreação, Marchesi (1995) explica que há indicativos de que o tempo da
atividade é mais prolongado quando brincam juntas crianças ouvintes entre si ou
aquelas com DA entre si do que quando misturadas. Apesar da iniciativa por
parte das crianças com DA em fazer gestos e ações, não eram compreendidas
nem acompanhadas pelas demais. Uma intervenção adequada dos adultos no
sentido de facilitar a compreensão mútua e os sistemas de comunicação mais
adequados para a interação pode favorecer a comunicação entre os grupos,
daquelas com DA e das ouvintes.

Goés (1999) explica que na classe de ensino regular a simples “alocação”


da criança com DA não a integra com as demais ouvintes. Explica que pelo
menos até o momento, a inserção na escola regular tal como está organizada,
acentua discrepâncias de oportunidades entre as diferentes crianças e ensina a
segregar. Ressalta ainda que, se os caminhos oferecidos são iguais, impede-se
o alcance de metas iguais, invertendo-se a tese de metas comuns e caminhos
diferentes em acordo com as individualidades das crianças.

Em relação à interação dos adultos, é preciso fazer referências aos pais,


mas com maior ênfase ao papel mediador dos professores. Marchesi (1995)
comenta que a atitude dos pais em relação à DA da criança e à forma como
enfrentam a situação é influente nas relações que serão estabelecidas entre
ambos. Pais ouvintes podem ser desconhecedores do comportamento da
criança com DA e adotar comportamentos diversos, como: superproteção ou
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mesmo de negar a existência de DA. A superproteção acaba por reservar a


criança de confrontos com o meio social, deixando-a cada vez menos preparada
para aprender e exercitar a linguagem. Esta dificuldade para comunicar-se sobre
os fatos que acontecerão, atividades para o final de semana, para as férias, entre
outras, limita o conhecimento da criança sobre o futuro e restringe sua
possibilidade de planejar e de agir sobre ele, o que faz com que ela seja insegura
e mais dependente da decisão dos demais.

Os educadores podem dirimir as diferenças e desigualdades,


aproximando as crianças entre si e oportunizando vivências favoráveis de
exercício de comunicação. Vygotsky (1997) assinala que na educação infantil se
começa desde os dois anos a conversação viva com a criança. Desde a pequena
idade a criança deve ser habituada a expressar seu desejo e seu pensamento
de forma oral.

Na criança com DA a problemática se encontra no nível de possibilitar e


favorecer o exercício da comunicação por diversas formas. É o que possibilita o
avanço das suas capacidades representativas simbólicas e de desenvolvimento
relacional com os colegas. Os esforços dos professores na relação com a criança
são de aguçar sua comunicação de forma natural e de modo que ela possa
atribuir significância e sentir-se bem.

Finalmente os esforços em compreender a aprendizagem da linguagem


para as crianças com DA possibilitam um outro nível de interação dos
professores. A imitação e o processo de coloca-las junto às demais, de mediar
a comunicação a fim de ajudar o entendimento, de fazer uso dos mais diversos
tipos de comunicação e de prolongar a relação possibilitam uma aprendizagem
mais verdadeira e prazerosa porque se utilizam da ludicidade no processo
(FALKENBACH, 2006).

Nos estudos de Vygotsky (1997) fica claro que tanto as crianças com
necessidades educacionais e especiais como aquelas “normais” aprendem e se
desenvolvem de forma idêntica. O aparecimento das funções superiores de
conduta se dá no coletivo. O social é o provocador das aprendizagens em seres
humanos.

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Nesse sentido, no estudo do desenvolvimento e da aprendizagem infantil,


é importante levar em consideração, no mínimo, dois níveis de desenvolvimento:
primeiro - aquilo que a criança é capaz de fazer por si mesma, sua zona de
desenvolvimento atual; segundo - aquilo que a criança ainda não é capaz de
fazer por si mesma, mas que com a ajuda de um modelo externo, de guias, ou
dos professores poderá vir a ser capaz de fazer, que é a zona de
desenvolvimento potencial. Nesse aspecto a zona de desenvolvimento proximal
se inscreve como todas as formas coletivas, vivências satisfatórias da criança,
que podem ajudar a ampliar as capacidades iniciais do desenvolvimento
(FALKENBACH, 2006).

Até agora muita explicação e teoria! Mas e na prática? Pois bem: o


repertório de movimentos das crianças foi provocado na convivência das
crianças com DA no grupo misto, nas sessões de psicomotricidade relacional:

• os modelos diversos de brincar, jogos e exercícios ampliaram a trajetória


lúdicas das crianças protagonistas do estudo;

• a observação da movimentação dos colegas se inscreveu como uma


forma inicial de interação e que ajudou no estabelecimento de confiança
e de segurança, premissas iniciais para o investimento relacional nas
brincadeiras com os colegas;

• a imitação favoreceu o desenvolvimento dos processos mentais


superiores das crianças protagonistas do estudo possibilitando novas
formas de jogos, representações e personagens, bem como de
exercícios, de desafio, de exploração e de uso plástico dos objetos;

• os jogos entre as crianças promoveram o desenvolvimento dos processos


mentais das crianças contribuindo com ideias novas para brincar e,
também, o discernimento entre o que é fantasia e o que é realidade;

• o ritmo do grupo favoreceu atitudes de descontração, de dinamismo, de


iniciativa, de curiosidade e de organização frente às situações
vivenciadas, de acordo com as rotinas da sessão;

• a escuta e a valorização das crianças do grupo, em relação ao momento


da comunicação dos colegas permitiram a identificação do momento de

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falar, bem como a ampliação do desenvolvimento das formas de


comunicação no grupo, seja de forma verbal, como tônica e gestual;

• a atenção sobre a fala dos colegas ajudou no desenvolvimento das ideias


e dos projetos de brincar (FALKENBACH, 2006).

Em relação à ação pedagógica como estímulo para as relações das


crianças protagonistas do estudo no grupo, evidenciou-se que:

• o ambiente que transmitiu segurança e acolhida favoreceu a


descontração inicial das crianças protagonistas do estudo a integrarem-
se como legítimos constituintes do grupo nas sessões de
psicomotricidade relacional;

• a disponibilidade dos professores em emprestar o corpo, brincar junto e


proporcionar o meio lúdico necessário para a manifestação do outro
permitiu o estabelecimento da motivação inicial para as primeiras relações
das crianças protagonistas do estudo com os professores;

• as relações iniciais com os professores criaram as pontes necessárias


para os jogos coletivos, que permitiram as relações entre as crianças;

• a orientação para brincar em conjunto e cooperar com os colegas


contribuiu para o olhar das crianças protagonistas do estudo sobre os
seus colegas do grupo;

• a utilização dos recursos pedagógicos como as estórias, os desenhos e


as demonstrações para brincar contribuíram para o desenvolvimento da
atenção, percepção e envolvimento das crianças no momento dos ritos;

• a orientação dos professores para a observação das crianças em relação


aos colegas do grupo favoreceu a compreensão e o discernimento entre
os momentos de brincar e de parar de brincar;

• o estímulo e a orientação para fazer e receber a massagem entre os


colegas proporcionou a experiência de carinho e o exercício de vínculo
das crianças com os colegas.

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Nas crianças com DA, a provocação para o brincar e as diversas


experiências corporais provocadas, ajudadas pelos professores e pelos colegas,
que participaram das sessões de psicomotricidade relacional, contribuíram para
as novas relações. Este aspecto relacional é provocador do simbolismo e da
necessidade de comunicação nessas crianças. Se a aquisição dos processos
mentais superiores se dá através do meio e o brincar é provocador de novas
zonas proximais na criança, então a psicomotricidade relacional, que se utiliza
do brincar como instrumento para o desenvolvimento e aprendizagem infantil,
possibilita um ambiente fundamental para a ampliação das aprendizagens das
crianças com DA (FALKENBACH, 2006).

É importante destacar, ainda, que o processo vivenciado pelas crianças


ultrapassou as fronteiras da sala de psicomotricidade e foram se manifestar nas
relações com os familiares. Os registros feitos pelos pais, ou que eram ditos
pessoalmente ratificam essas evidências.

Antes de finalizar estas considerações é importante destacar que as


repercussões na vida do grupo das crianças não ficaram restritas às crianças
protagonistas do estudo, mas também foram constantes no comportamento
relacional das demais crianças “normais”. O carinho e a amizade desenvolvidos
e compartilhados no processo das sessões, em conjunto com as crianças
protagonistas do estudo, sinalizaram francas evidências que fundamentam
aprendizagens significativas para as crianças normais (FALKENBACH, 2006).

Segundo Vieira (2009) o Ministério da Educação (MEC) tenta elevar o


padrão educacional das nossas escolas e torná-las um lugar onde o
conhecimento circule de forma harmônica e prazerosa. Essa tentativa gera todo
um investimento na área de ensino por parte de órgãos oficiais, e chega a causar
certo impacto social. No entanto, não observamos um resultado palpável na
aprendizagem por parte das nossas crianças. Assim, concluímos que todo esse
investimento não chega a atingir ou repercutir efetivamente nas próprias
crianças, pois são projetos descentralizados do que é primordial para o processo
de aprendizagem do indivíduo: o investimento no desenvolvimento pessoal.
Curitiba é a primeira cidade oficialmente a validar por meio de um Projeto de Lei
a prática das atividades de Psicomotricidade Relacional nas escolas municipais.

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A Psicomotricidade Relacional justifica a sua ação nesse processo


quando proporciona um espaço na escola para a expressão corporal do aluno e
do educador, na manifestação dos impulsos inconscientes que os levem à busca
do conhecimento, na afirmação da própria identidade e à superação de conflitos
normais do desenvolvimento, o que proporciona a liberação do desejo de
aprender (VIEIRA, 2009).

A Psicomotricidade Relacional tem como objetivo consentir à criança


expressar suas dificuldades relacionais e ajudá-la a superá-las:

✓ Na aprendizagem: queda de rendimento, dificuldade de expressão verbal


ou gráfica, déficit de atenção, etc.

✓ No comportamento: agressividade, falta de limites, medos, TDA/H


(hiperatividade), hipercinesia, depressão, TOC, etc.

✓ Na socialização: dificuldade de integração e participação em atividades


grupais, inibição, isolamento, falta de iniciativa, passividade, etc.

A Psicomotricidade Relacional é um método de mediação corporal que,


utilizando o jogo espontâneo e privilegiando a comunicação não verbal,
proporciona um espaço de liberdade no qual a criança pode se mostrar na sua
inteireza, demonstrando seus medos, desejos, fantasias e, ainda, potencializa o
desenvolvimento global facilitando as relações afetivas e sociais. Enfocando a
relação mente e corpo, que passa pela ação motora e pela ação psíquica,
possibilita o despertar da consciência corporal através dos movimentos,
sentimentos e do encontro consigo mesmo e com o outro.

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