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Lição 09 - HABACUQUE - O JUSTO PELA SUA FÉ VIVERÁ

Lição 09 - 27 de agosto de 2023


TEXTO ÁUREO
“Eis que a sua alma se incha, não é reta nele; mas o justo pela sua fé viverá.” Habacuque 2.4
VERDADE APLICADA
O discípulo de Jesus vence perseverando em oração, confiando e esperando no agir do Senhor,
enquanto cultiva um viver para a glória de Deus.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
• Apresentar o cenário do profeta Habacuque;
• Explicar que o silêncio de Deus é pedagógico;
• Extrair lições do livro de Habacuque para hoje.

INTRODUÇÃO
O profeta Habacuque, além de trazer encorajamento para tempos difíceis, ensina o cristão a
alegrar-se no Senhor também nos tempos de dificuldades.

Comentário Adicional
O livro de Habacuque é diferente dos demais livros dos profetas em seu estilo literário, pois
em momento algum há profecias contra esta ou aquela nação ou pessoa em particular, porém o
que se pode ver é um diálogo entre o profeta e Deus. Entre seu texto há no capítulo dois a
expressão: "O justo viverá da fé", que mais tarde inspiraria o apóstolo Paulo a escrever a mais
teológica de suas cartas, a Carta aos Romanos, que posteriormente inspirou também Martinho
Lutero na elaboração das 95 Teses "gatilho" da Reforma Protestante.

1. CONHECENDO O CENÁRIO DO PROFETA HABACUQUE


O profeta Habacuque viveu no reino de Judá, aproximadamente 600 a.C. Nessa época havia uma
desordem interna entre o povo, foi um período de grandes incertezas morais e espirituais. Ao
mesmo tempo, as nações ao redor de Judá estavam em guerra. A Babilônia estava se
fortalecendo cada vez mais sobre as grandes potências que eram a Assíria e o Egito.

Comentário Adicional
Habacuque foi um profeta de Deus, contemporâneo de Jeremias e Sofonias. Seu nome é
babilônico e significa "Abraçar o Entendimento". Ele é o oitavo dos doze profetas menores.
Há um livro com o seu nome no Antigo Testamento da Bíblia com três capítulos, escrito
aproximadamente em 607 a.C. Habacuque entendeu quem é Deus e quem ele é em Deus e Deus
nele. Ele pôde se alegrar declarando suas convicções de fé no entendimento de quem sabe que
Deus sempre está no controle de todas as coisas.

1.1. Conhecendo um pouco mais o profeta


Pouco se sabe sobre a vida pessoal de Habacuque. Segundo os estudiosos, o profeta foi
contemporâneo de Jeremias, possivelmente presenciou a morte do rei Josias, passou pelo
impiedoso reinado de Jeoaquim, pelo exílio de Daniel na Babilônia, pela deportação do rei
Joaquim, e, também, pode ter testemunhado a destruição de Jerusalém, evento sobre o qual
profetizou com 20 anos de antecedência.
Comentário Adicional
Discute-se a data em que o livro foi escrito, havendo duas hipóteses: 1. o livro foi escrito
pouco antes da queda de Nínive em 612 AC; nessa hipótese, os opressores seriam os Assírios;
2. o livro foi escrito entre a Batalha de Carquemis em 605 AC e o primeiro cerco a Jerusalém
em 597 a.C.; nessa hipótese, os opressores seriam os caldeus. Habacuque significa "abraço", e
está incluso na subdivisão da Bíblia chamada de Profetas Menores, sendo um livro de apenas
três capítulos. Provavelmente tenha sido escrito no século V a.C.. Habacuque nos sugere que
observava a sociedade judaica a partir do Templo, onde possivelmente servia como levita, isto
é cantor, ornamentador, prontificador do templo (ver Números 3:6-10). Podemos notar que o
capítulo três de seu livro é uma canção, sendo que os últimos versos são considerados uma das
maiores expressões de fé do Antigo Testamento.

1.2. A mensagem do profeta


Habacuque difere de outros profetas no que diz respeito ao seu comissionamento. Ele é que se
dirigiu a Deus com seus muitos questionamentos, por causa disso ele teve uma visão da parte do
Senhor e recebe uma profecia que ele deveria anunciar aos seus compatriotas: “Então o Senhor
me respondeu, e disse: Escreve a visão e torna-a bem legível sobre tábuas, para que a
possa ler o que correndo passa.” [Hc 2.2]. Em suma, a mensagem de Habacuque foi uma
mensagem de conserto para o povo da Aliança, mas também de esperança, quando Deus
finalmente restaurasse o remanescente de Judá.

Comentário Adicional
O tema central do livro de Habacuque é a questão do sofrimento e da injustiça no mundo e a
resposta de Deus a esses problemas. Habacuque questiona por que Deus permite que os
ímpios prosperem, enquanto os justos sofrem, e por que Ele utiliza nações injustas, como os
babilônios, para executar Seu juízo. A resposta de Deus a essas perguntas é um dos principais
ensinamentos do livro: Deus é soberano e tem um propósito maior em tudo o que acontece,
mesmo que isso não seja imediatamente aparente aos seres humanos. Deus afirma que, no
devido tempo, os ímpios receberão seu castigo, enquanto os justos serão recompensados. A
mensagem central do livro de Habacuque pode ser resumida na célebre frase "o justo viverá
pela sua fé" (Habacuque 2:4). Essa ideia enfatiza a importância da confiança em Deus e da
paciência diante das adversidades.

1.3. O ousado questionamento do profeta


O profeta Habacuque não conseguia entender a “demora” de Deus em punir os perversos que
oprimiam ao Seu povo e, também, a infidelidade do povo de Deus. Algumas palavras de
Habacuque dão a exata ideia do que acontecia naquela sociedade: “violência, iniquidade,
opressão, destruição, contenda, litígio, a lei se afrouxa, a justiça nunca se manifesta, o ímpio
cerca o justo, a justiça se manifesta distorcida” [Hc 1.2-4]. Ao observar tudo isso acontecendo o
profeta se enche de coragem e se dirige a Deus, não com desrespeito ou arrogância, mas com
sinceridade de coração, expondo-lhe as dúvidas que lhe angustiavam. Conhecedor do caráter de
Deus, sabia que não havia qualquer concordância entre Deus e tudo que ele contemplava: “Tu és
tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a vexação não podes contemplar; por que, pois,
olhas para os que procedem aleivosamente, e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais
justo do que ele?” [Hc 1.13].
Comentário Adicional
Uma característica do profeta fica muito clara ao longo do livro. O profeta mostrou um
quadro de violência e injustiça em Jerusalém e perguntou até quando aquilo aconteceria com o
povo escolhido por Deus. Habacuque pediu por justiça e livramento ao povo, entretanto, a
resposta de Deus não foi exatamente o que ele esperava. Primeiramente, Deus concordou com
a situação exposta, o povo injusto e violento precisava ser castigado e a determinação de
Deus é que fossem seriamente punidos pelos caldeus (Hc 1:5). Vendo a determinação de Deus,
o profeta Habacuque tentou mais uma vez interceder pelo povo, questionando a decisão do
Senhor. “Não és tu desde a eternidade, ó SENHOR, meu Deus, ó meu Santo? Não
morreremos. Ó SENHOR, para executar juízo, puseste aquele povo; tu, ó Rocha, o fundaste
para servir de disciplina.” Hc 1:12. Nos versículos 12 a 17 do primeiro capítulo, há uma
tentativa do profeta de convencer Deus de aquela decisão não era a melhor para Judá. Ele
argumentou mostrando que Deus não poderia destruir seu povo escolhido e, além disso, Deus
não usaria um povo ímpio para punir um povo relativamente justo como Judá. O profeta não
agiu com arrogância e prepotência, mas esperou para ouvir a resposta de Deus aos seus
questionamentos. O Senhor ainda detalhou em 15 versículos (Hc 2:5-20) todas as coisas que
ocorreria com os caldeus em virtude daqueles que se excederam na disciplina para com o povo
de Deus, profecia conhecida como os cinco ais dos caldeus. Depois de duas respostas de Deus,
Habacuque foi iluminado. O Senhor lhe assegurou que a palavra iria se cumprir, mas ele
precisava ter fé.

2. O SILÊNCIO DE DEUS
Por que Deus fica em silêncio quando mais precisamos ouvir a Sua voz? Por vezes, por mais
contraditório que pareça, são em situações assim como a vivida pelo profeta Habacuque é que há
um verdadeiro encontro entre o homem e Deus. O silêncio de Deus também é pedagógico e pode
trazer respostas que não se consegue perceber se a aflição superar a fé.

Comentário Adicional
Deus se cala porque Ele sabe o tempo certo para tudo, até para falar conosco. Todo crente
passa por tempos quando não ouve a voz de Deus, mas essa fase não dura para sempre. Cada
situação é diferente, mas podemos confiar que Deus está no controle (Romanos 8:28). Muitas
vezes, quando Deus se cala Ele está dizendo “espera”. A fé nos sustenta quando não ouvimos
nada (Hebreus 11:1). Cremos que Deus existe e continua trabalhando nas nossas vidas, até
quando está calado?

2.1 Até quando?


A pergunta feita por Habacuque com a expressão “até quando” continua sendo feita por
diferentes pessoas e em diferentes ocasiões. “Até quando?” é o desabafo daquele que busca
uma resposta que o ajude a continuar firme independente das circunstâncias. Somente Deus tem,
e é a resposta que todos precisam, seja qual for a pergunta. Por isso é imprescindível que num
ato de fé e confiança na soberania, no amor e na misericórdia de Deus, entreguemos a Ele, sem
reservas, todo e qualquer questionamento que insista em perturbar o coração e fragilizar a fé.

Comentário Adicional
A mensagem de Habacuque nos lembra do livro de Jó, pois trata de um problema parecido:
como explicar o sofrimento dos justos? No caso de Habacuque, o profeta começa com a
injustiça e violência dominando na sua própria nação. Ele clama a Deus pedindo justiça para
proteger as vítimas inocentes: “Até quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me ouvirás?
Gritar-te-ei: Violência! E não salvarás? Por que me mostra a iniquidade e me faz ver a
opressão? Pois a destruição e a violência estão diante de mim; há contendas, e a questão se
suscita. Por esta causa, a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta, porque o perverso
cerca o justo, a justiça é torcida” (Habacuque 1:2-4). Mas a resposta de Deus assustou o
profeta! Deus lhe disse, basicamente, “Você tem razão. Vejo estas injustiças e já estou
trazendo os babilônios para castigar este povo rebelde”. Não foi esta a resposta que
Habacuque esperava, pois ainda considerava seu povo de Judá menos ruim que a Babilônia!
Habacuque fez uma segunda série de perguntas ao Senhor, choroso como poderia usar uma
nação tão má como a Babilônia para julgar seu povo. Disse que Deus estaria se calando e
deixando o perverso devorar “aquele que é mais justo do que ele” (Habacuque 1:13). Na
resposta divina, o Senhor frisou dois fatos importantes de contraste entre atitudes de
pessoas: (1) “o justo viverá pela sua fé” (Habacuque 2:4), um princípio citado várias vezes no
Novo Testamento; e (2) “tampouco permanece o arrogante” (Habacuque 2:5). Nesta resposta,
Deus cita a soberba da Babilônia, que confiava nos seus ídolos e no seu poder militar, dizendo
que traria a justiça contra aquela nação. Mais um fato fundamental é frisado no final do
capítulo 2: Deus está no controle! “O SENHOR, porém, está no seu santo templo; cale-se
diante dele toda a terra” (Habacuque 2:20). Habacuque aprendeu esta importante lição, e se
calou esperando a justiça divina. Sua inquietação e angústia foram atribuídas pela confiança e
fé: “O Senhor Deus é a minha fortaleza” (Habacuque 3:19).

2.2 Por que Deus não intervém?


Ao ler o livro de Habacuque, é possível perceber pouco a pouco o quanto esse profeta,
corajosamente, expôs sua humanidade. Muitas perguntas e pouco entendimento da ação de
Deus sobre questões em que as pessoas O afrontam com seu estilo de vida: “Tu és tão puro de
olhos, que não podes ver o mal, e a vexação não podes contemplar.” [Hc 1.13]. Diante dos
acontecimentos que fogem ao entendimento humano e parecem claramente injustos e sem
sentido, a impotência aflora e surge naturalmente a pergunta sobre como Deus pode permitir que
o mal se alastre. Por que Deus não intervém? A limitação humana é um obstáculo à clara
compreensão dos planos de Deus em toda a sua extensão.

Comentário Adicional
Todo pecado é odioso aos olhos de Deus e, em Sua Santa Sabedoria, Ele não pode suportar
“olhar para a iniquidade”. À medida que o homem se afasta de visões repugnantes, a aversão
de Deus ao mal é retratada por Ele não ser capaz de “olhar para ele”. Se Ele olhou para eles,
eles deveriam perecer Salmo 104: 32 . A luz não pode coexistir com as trevas, fogo com água,
calor com frio, deformidade com beleza, sujeira com doçura, nem o pecado é compatível com a
Presença de Deus, exceto como seu juiz e punidor.

2.3 Oração como via de intimidade com Deus


Diante do quadro da iminente invasão babilônica, um povo injusto e cruel, Habacuque questiona
porque Deus nada fizera [Hc 1.13,17]. Sem obter qualquer resposta, o profeta decide subir a uma
fortaleza (torre de vigia) para aguardar uma resposta de Deus, agora, em oração: “Pôr-me-ei na
minha torre de vigia…para ver o que me dirá o Senhor.” [Hc 2.1]. Essa atitude foi um verdadeiro
exercício de fé. Finalmente o profeta supera seu estado de perplexidade e angústias e toma uma
decisão que, de fato, pode mudar todo aquele quadro de expectativas não correspondidas. Ele
encontrou na oração uma via de intimidade com Deus. Só então Deus o responde e o convida a
aguardar a promessa com esperança, ainda que demore. A resposta de Deus é um convite a
viver pela fé [Hc 2.4], até que o livramento de Sua parte chegasse.

Comentário Adicional
O profeta Habacuque recolhe-se e põe-se em guarda. Fiado em suas considerações,
Habacuque põe se em guarda por ser um dos atalaia em Israel. Ele espera pela resposta divina
e demonstra ansiedade pela resposta que Deus haveria de apresentar as suas queixas. Caso
ele fosse interpelado, queria ter uma resposta (v. 1). Habacuque obteve resposta de Deus!
Deus ordena que ele a escrevesse sobre tábuas a mensagem, para que as pessoas pudessem
ler, mesmo quando passassem correndo, ou seja, em letras grandes (v. 2). As tábuas utilizadas
eram tijolos de argila, finos como tábuas ou ardósia. Elas eram utilizadas na Babilônia. A
primeira resposta de Deus é sobre o tempo em que Deus haveria de cumprir a visão dada a
Habacuque (Hc 1:2 e Hc 2:3 ). Após considerar as palavra do Senhor (Hc 3:2 ), Habacuque
percebeu que não havia diferença entre os homens de Judá e os incircuncisos caldeus. Os
caldeus ajuntavam para si as nações através da força e violência, e o povo de Israel
procuravam realizar o mesmo intento através de alianças políticas. Ambos não confiavam em
Deus, e atribuíam as suas conquistas as suas estratégias. Os caldeus estratégias militares, e
os israelenses, estratégias políticas. Habacuque 2: 4 é citado três vezes no Novo Testamento
pelos apóstolos, dada a importância desta visão concedida ao profeta Habacuque (Rm 1:17 ; Gl
3:11 e Hb 10:38 ). Em Romanos Paulo demonstra que através do evangelho o homem descobre a
justiça de Deus, visto que o evangelho é poder de Deus para a salvação, ou seja, recebem
poder para serem feitos (criados) filhos de Deus pela fé em Cristo (Jo 1:12 -13). Como o
evangelho é a palavra da fé, a fé que uma vez foi dada aos santos, temos que o justo viverá da
palavra de Deus, ou seja da fé ( Dt 8:3 ; Mt 4:4 ). Habacuque 2: 4 apresenta a mesma ideia de
Deuteronômio 8: 3.

3. HABACUQUE PARA HOJE


Embora, inicialmente, Habacuque não conseguisse encontrar qualquer explicação que o ajudasse
na compreensão da continuidade da opressão e da prosperidade dos seus inimigos sobre o seu
povo, apesar de suas queixas e inconformismo, ele foi capaz de aprender lições que o fizeram
ressignificar seu relacionamento com Deus.

3.1 Contentamento apesar do sofrimento


Conviver com infortúnios, sofrimentos e provações, apesar de fazer parte da caminhada de todo
ser humano, pode levar qualquer pessoa à armadilha da murmuração e da amargura. Habacuque
ensina que duas importantes atitudes ajudam a escapar desse caminho de desânimo e
desesperança: “…ainda que… Todavia eu me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha
salvação.” [Hc 3.17-18]. Eis aí a receita: alegria no Senhor e louvor a Deus (exultar). Olhar para
Deus e não para as circunstâncias é o segredo de encontrar contentamento apesar do
sofrimento.

Comentário Adicional
Nossa confiança deve estar tão concentrada em Deus. Assim, perceberemos claramente que
durante as lutas, Ele mesmo nos dará força para prosseguir. Temos de fugir da idolatria. Não
podemos confiar em nossa própria fé ou em nossa oração, mas sim naquele que é o Autor da
nossa fé e que, por graça, ouve a nossa oração. Habacuque vislumbra a imagem de Deus como
um gigante trovão que marcha através da terra para esmagar o pecado e trazer a salvação a
Israel. Ele confia que Deus fará isso novamente. A seção final do capítulo 3 (versículos 16-19)
revela a paz e confiança de Habacuque em seu ministério profético, independentemente das
circunstâncias externas. Ele coloca sua fé em Deus e se alegra Nele, confiante de que a força
e a vitória vêm do Senhor. Esta poderosa mensagem de confiança e fé em Deus é uma fonte
de encorajamento e inspiração para todos nós hoje.

3.2 O cântico de Habacuque


Finalmente, Habacuque caminha em direção ao reconhecimento da soberania de Deus. O profeta
não recebeu uma resposta direta sobre os problemas mencionados por ele, assim como
aconteceu também com Jó. O cântico de Habacuque foi escrito mesmo que as mudanças
almejadas por ele não tivessem acontecido. As questões sociais que lhe trouxeram tanto
incômodo não desapareceram, o nível espiritual do povo não se elevou, as crises
socioeconômicas não deixaram de existir, nem a opressão do povo babilônico enfraqueceu ou
acabou. Nada naquele cenário foi mudado, a não ser o próprio profeta. Habacuque clama por
misericórdia, pelo avivamento da obra do Senhor e sua manutenção ao longo dos anos [Hc 3.2],
Foi ele quem experimentou a maior e melhor de todas as mudanças: deixou de ser um homem
movido pela angústia e tornou-se um homem confiante na soberania de Deus.

Comentário Adicional
Após receber tão grandiosa e terrível revelação vinda de Deus, Habacuque faz uma
maravilhosa oração, em forma de canto, na qual ele clama por misericórdia, pelo avivamento da
obra do Senhor e sua manutenção ao longo dos anos. Habacuque então adora ao Senhor
exaltando seu grande poder, mas também reconhecendo sua própria insignificância diante de
tal grandiosidade, e confessando comovido em seu íntimo e tremendo diante da angústia e
desolação que estava por vir. Por fim, em um final emocionante, o profeta se afirma nas
promessas de Deus e em seu caráter imutável, se alegrando e declarando sua confiança no
Deus da salvação, que sustenta o seu povo, apesar da destruição que se aproximava.

3.3 O justo viverá da sua fé


“Eis que a sua alma se incha, não é reta nele; mas o justo pela sua fé viverá.” [Hc 2.4]. Duas
características importantes se encontram nesta declaração. A primeira é que o soberbo confia em
si, e a segunda é que o justo vive pela sua fé, ou seja ele afirma a necessidade de o cristão
permanecer fiel e viver diferentemente dos padrões impostos pelo mundo. Os servos de Deus
não devem promover ou compactuar com a maldade, com a violência, com a ganância, com a
libertinagem ou com a idolatria. Ao final de tudo o ímpio será condenado e o justo será
preservado por causa da sua confiança no Senhor.
Comentário Adicional
Uma das frases mais significativas da soteriologia neotestamentária, o justo viverá da fé,
tem sua origem num pequeno livro profético da Bíblia Hebraica. Habacuque 2:4 é com certeza
um dos versos mais importantes da tradição teológica da igreja cristã. Na verdade, trata-se
também de um texto extremamente importante para a compreensão do próprio livro de
Habacuque, muito provavelmente escrito entre 605-597 a.C. Podemos dizer que este é o
texto central da obra do profeta que viu a queda de Judá na ocasião da invasão neobabilônica.
No uso paulino do texto de Habacuque, pode-se entender a relação entre os dois contextos.
Assim como no juízo divino, na ocasião da queda de Judá, o justo seria preservado por sua fé
comprovada (fidelidade de quem crê), agora também, com a vinda do Messias Jesus, o mesmo
princípio que atuou em toda a história bíblica está em ação. A vida, em seu sentido pleno, tem
prosseguimento e continuidade através da confiança e dependência de Deus, manifestada
concretamente. Nesse novo contexto, Paulo, para enfatizar o princípio prefere nem explicitar
o pronome (desnecessário), afirmando que o “justo viverá pela fé”.

CONCLUSÃO
Diante das mazelas que nos cercam, muitos tendem a perder a esperança e a fé em Deus, que
tem o controle de todos os acontecimentos. A mensagem do profeta Habacuque nos serve de
advertência a sempre mantermos nossa fé na Palavra de Deus, jamais nas circunstâncias.

Comentário Adicional
O profeta foi encarregado de alertar o povo sobre o julgamento iminente de Deus e exortá-
los a arrepender-se e voltar-se para Ele. A mensagem de Habacuque é uma mistura de
lamentação e esperança, pois ele se preocupa com a justiça de Deus, mas também confia em
sua fidelidade e misericórdia. Habacuque nos ensina que a missão de Deus encara a vida real,
a presença do mal e as distorções da mentira, mas permanece compromissada com a verdade
e com a esperança - servimos ao Deus justo e vivo. A verdadeira vocação profética não se
rende aos jogos de poder, manipulação e idolatria. Toda a oração encontrada no capítulo 3 é
uma forma de salmo, bastante conhecida por um chamado profético que Habacuque fala
diante de Deus. As palavras conclamadas dele é pedindo que Deus fortaleça a esperança no
Senhor. São palavras de sabedoria que nos fazem refletir mais sobre quem somos diante do
Pai.

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