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Naturalismo

O Naturalismo foi uma corrente literária que nasceu durante os anos finais do
século XIX, na França. Prezava pela representação objetiva da realidade, utilizando
uma abordagem biológica, científica e patológica das personagens. É entendido por seus
críticos como uma forma mais extrema do Realismo, porque ambos são contrários ao
Romantismo, tendo em comum entre eles o propósito de negar a fuga da realidade, o resgate
da transparência e objetividade ao retratar a sociedade e, ainda, retrata o comportamento
humano de uma forma comum e fiel à realidade, apontando falhas tanto humanas, quanto
institucionais. Surgiu na França, com início em meados de 1867 com a publicação de Thérèse
Raquin, do escritor Émile Zola.

Mas, se o Realismo e o Naturalismo se aproximam em conceito, então o que os


diferencia? Para responder, é importante analisar algumas características como a linguagem
usada nos dois estilos, os temas que abordavam, sua narrativa e o modo que retratavam seus
personagens. Umas das principais distinções é que, no Naturalismo, a linguagem é
“simples” e usa regionalismos; as figuras humanas são mostradas como animais
(zoomorfização dos personagens) e os conceitos abordados nos temas eram diversos,
tendo exemplo à sexualidade, engajamentos sociais, violência, miséria e, ainda, a crítica
ao tradicionalismo da sociedade.

As influências do Naturalismo eram diversas, mas a mais significante é o


cientificismo, onde os autores valorizaram mais as características biológicas de seus
personagens do que as psicológicas. Tais personagens são retratados como animais, sujeitos à
força dos instintos. Nessa perspectiva, ocorre a zoomorfização, que consiste na atribuição
explícita de características animais aos personagens. Um trecho do livro O Cortiço, de Aluísio
Azevedo (um dos principais escritores naturalistas nacionais) exemplifica muito bem essa
característica: “Daí a pouco, em volta das bicas, era um zunzum crescente; uma aglomeração
tumultuosa de machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam a cara incomodamente [...].O
chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender as saias entre as coxas para não as
molhar; via-se-lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas despiam suspendendo o
cabelo todo para o alto do casco [...]”.
Alguns autores, além do já citado Aluísio Azevedo, que têm destaque são: Adolfo
Caminha, Raul Pompeia, Thomas Hardy, Emília Pardo Bazán, entre outros.

Naturalismo francês

O contexto histórico do século XIX francês é o seguinte a Revolução Francesa, que foi
marcada pelo levante popular e camponês na capital, Paris.

“É após a publicação do livro A origem das espécies, de Charles Darwin (1809-1882),


que revolucionou o pensamento científico na segunda metade desse século.” Por tal motivo,
os romances naturalistas apresentam características como o cientificismo e a ênfase
animalesca.

Naturalismo brasileiro

Grandes mudanças sociais aconteciam no Brasil durante o século XIX, entre


essas mudanças a abolição da escravatura e a Proclamação da República, marcos
históricos importantíssimos. Dentro deste contexto de revolução que o Naturalismo se
desenvolveu e começou a marcar sua presença na literatura brasileira. Foi por influência
dessas lutas (além, também, dos autores europeus naturalistas) que o maranhense Aluísio
Azevedo, maior representante desta corrente literária, criou os romances que foram
marco na história da literatura dos anos de 1881 e decorrentes, mas que, quase dois
séculos depois, ainda são claramente atuais ao descrevem a sociedade nacional.

“Assim como em outros países, as obras de escritores naturalistas brasileiros não


se preocupavam em levar entretenimento aos leitores, como acontecia com o
Romantismo, mas sim em narrar a triste realidade vivida no país, como a discriminação
racial e social.”

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