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| Ss Ss Ke S SS S = S 1S Ey oe INTRODUCAO A SOCIOLOGIA JOAO FERREIRA DE ALMEIDA Coe @O REDMI NOTE 9 CO AL QUAD CAMERA Yom ino) LOUK aiy —____ mente sécio-cultural, De fact alargando 0 dominio da histria ou po ee O8 cOnh © que se pensava serem atribut am passivas, © of hon Sli scualete dssinteressaase de ue etre ne Ee la sr onciliadoras, most rd 0 papeis antes 56 atributveis aos homens, Ise mulheres, no passado, nfo desempenhassemré ce er 0 des lesermpenho di Jo quer tanto dizer que a id certas actividade as socialmente a tais actividades no eram considerad: quadas a uma cei 8 era tida por legitim: imagem de mulher ~a que nes m que nessa époc ia do na ela de uma: males “wach a 0s seus fllos © ao te uma mulher “passiva, exemplo, quando se pensa hoje no pass, obediente, dedi condicdo de existéncia da primei é laiion ioe paga para d Iver “activamente ae casa et ‘um conjunto de tarefas Do mesmo modo, e pensando a ora na dimensio sexual, se a ' e so sexual, se na verdade as dife a en em = eri amente mulheres com “natezas” diferentes ente si, Toda «gent conhece a eélebre diviso entre mulheres que se dedicavam a0 prazer © tismo ¢ mulheres castas. Hé alguns anos airds o ve moe mutes casts, Hf alguns ans as 0 chanado dle pao ph cava a existéncia destes dois tipos de mulheres. O erotismo nfo se enquadrava na conjugalidade. Accitavaise que os homens easados satisfizessem as suas necessidades erdticas e sexuais fora do casamento, justamente com mulheres a que se atribufam algumas especificidades. Terfamos assim que a “natureza’” de tumas impelia-as para a concretizagio dos desejos eréticos masculinos © @ natureza” de outras implicava resguardo e pacatez no dominio sexual. Os homens, esses, “por natureza” seriam todos, no que a sexualidade dizia res- peito, escravos dos seus instintos. rencas Esta reduco Aquilo que agora nos parece absurdo serve apenas para salientar as dificuldades das explicagdes naturalistas. Na verdade, a partir das diferengas biolégicas reais entre homens e mulheres tém sido sempre socialms na nossa jente cons- trufdos sistemas de legitimacdo © de interditos. Basta olh para diferentes contextos sociais ¢ civilizacionais, para encontrar essas cons: trugées, Nao séo as diferensas de “natureza” ou “biol6gicas” que explicam fimico as mulheres so obrigadas io so obrigadas a fazé-lo. Trata-se de diferengas porque é que no mundo isl a tapar a cara € 0 corpo e no mundo ocidental de cardcter civilizacional e cultural. 41 desembaragarmo-nos dessas explicagdes sito enraizadas. Mesmo nas igualdade entre homens € 3 de Mas isto nfo significa que seja f naturalistas que estio, de forma por vezes subti, mo sociedades em que no plano dos direitos formals n3 ne mulheres se avangou muitissimo. Basta Jembrar as polémicas que nos me! Yom no) LOU ay ———— tages biol6gicos femininos Mais tarde quis: nudar totalmente para o feminino. © ie etnometoddlo Balti ae rae: diades revelndas por Agnés. Ela observava ce pret te inmeras, difica mente associndas a0 comport bo torepes : portamento feminine Sees process, dizia, muito difiil ee acializagio. OS gestos feialleay aparentemente mai insignificantes, as diversas mani: Festagdes da atitude corporal, desde a fi lesde a forma de se se 1 sentar lev jevantar ow andar, so nreendidos desde muito cedo, Querer adquiti-l os mais tarde significa um enorme esforgo P tomar explicitas aprendiz NS que Se processam, nat imaioria dos casos, de modo continuado e implicito, As aprendizagens acerca do género dio-se nos fnodo ainda inconsciente, Muito re intes de se consegt th ‘eguir reconhecer de forn jequivoca como rapaz ou rapariga, a erianga, por volta dos dois anos, comega » distinguir parcialmente o que & 0 género, Hé um conjunto de sinais nao ver bais que rengas sistemdticas na maneira de vestir, no estilo de penteado, nos ara isso contribuem — a maneira com se lid se lida com as criangas, as dife josméticos ou dos perfumes, etc. C nto a saber n ic. Comega-se entfio a saber se se € aber se se € rapaz ou a ¢ a categorizar os outros. $6 por volta dos seis anos, no entanto, € que raparig: as criangas sabem que o género io muda, que toda a gente tem género e que as diferengas entre rapazes e raparigas se baseiam na anatomia! ‘As interacgdes ¢ 0 convivio com os grupos de pares na escola ¢ a educa ‘0 reconfirmando as diferengas jé aprendidas. Certos comportamentos sto, casa Wa por vezes inconscientemente, incentvados pelos pais ~ com os rapazes tend Prrorizar os aspectos mais performativos, os desportos mais agressivos, com as raparigas insiste-se nos talents mais relacionais, nas atudes mats doce. ‘a infancia reproduzem na sua enorme maioria os esterestipos aventureiros, inde- papéis passives, amas As historias para sexuais — 08 rapazes aparecem quase sempre como activos, pendentes e fortes. As raparigas em contrapartda surgem Tigados a actividades domésticas, A televisto na generalidade dos pr para. infncia, com algumas excepydes, vai também no mesmo sence os habituais que nos ajudam a entender © io novamente us situagdes meno pais desejosos de incen alcance destas distingbes. Experiéncias efectuadas por sexista desde a tenra inflincia dos seus filhos mani- deiam este tipo de empreendime tivarem uma educagio nao festam as dificuldades que 10% nto. yndo por ando ira diferente, tro dem a nao gostar. Qu procuram incentivar as brincadeiras com brinquedos neutros os rapazes no Se entusiasmam. So normalmente as ais parecem acimitir ‘1 influéncia da relagio com os pares m8 brinquedos. Tudo se passa como se 11 a infancia, tivessem mais peso do que © global’, c Quando esses pais contam as histérias de mane exemplo o sexo dos herdis, 0s filhos questionam ¢ eh estes aparigas que m3 escola, a televistio, as histérias par esforgo que os préprios pas fazem para. contrat wr a tendéncia Reis (coord) Por shos, Cirevlo dos Sree ‘om causa de wer posts scale XX. partir deste tipo de explicagoes ae nas pres mulheres, primelro na luta pel die i win pela iguatdade de direitos deforma plobal, que comeqans mie dors eua capacidade de desempento nos mais variados ional feces enta que tal movimento gant ieee ete el deial TA erat serecatt, ada das mutt red cei ven aise ma fg de vine aes ssa a consagrar-se ma ei a igualdade pleng qt Min cand ma dns ut imperant por reterec m otae ¢ traduz, no entanto, na eliminagao dos fact, "| inagao com base no género Numa perspectiva global, as taxas de actividade feminina $0, ena ex-URSS, alguns anos anes a patcipacdo das mutheres ny de trabalho torna-se igualmente generalizada. oda texa de actvidade feminine é parculameng = al a evolu Em Portug tuada entre os anos 60 e 05 90. Ela passa de 13,0% em 1960 pare ayy 1992: Mal signineativo ¢ nds facto de @ taxa de actividad poe das mulheres etérios nos revelar uma forte presenga no mercado de trabalho idade fer» Por exempl, no grupo dos 25 aos 34 anos a taxa de an feminina € de 79,2 % eno grupo seguinte, dos 35 00s 44, ela represen 1% ddo total das mulheres? Merece ainda destaque, no caso portugués, a evolugao da Participagao feminina no ensino superior. Por um lado, ela aumentou de forma exponential ne is nos its anos. A pereentagem de raparigas universitarias em relacao 2 pope. Iaoto dos 20 aos 24 anos passou de 1,9 em 1960 para 19.3 em 19) A evolugto equivalente para os rapazes foi apenas de 5,0 ara 153%. Poc outro lado, junto dos alunos do ensino ‘superior, 2° cram raparigas € em 1989 essa percentagem Passa para 55,85. Temos assim ue saem hoje das universidades Portuguesas mais licenciadas do que licenciados Aqui 0 efeito de género parece ter sido realmente anulade O desempenho de uma actividade profissional tem Sbvios impactos no plano de ‘gualdade de direitos, Na verdade, ele Contribui, além do mais, para a ink pendéncia econémica feminina, cuja inexisténcia em tempos anteriores funds mentava também a discriminagao, Mas este facto, por si s6, ndio implica neces eiitenteo desaparecimento das desigualdades etic que na generalidade dos Paises os trabalhos desempenhados pelts Dalles oem eral os mais mal Pagos, Por outro lado, continuam a exis ceaso de Inglaterra, por exempto, as mutheres repmee 9 Me 0% omen forg de trabalho assalariada ¢ 36 1 sn pain te ?% veupavam po h A comparagio entre paises quanto a0 desempeniy feminina nao se citcunscreve, com é evident nn cs 8 mia dade. A estrutura dos préprio, vipa ciety Mereados de trabalho fen sisténcia A maternidade, © conjunto de infrewag ns 8 COMRGDES le infreastruturas de apoio dispont fem cada pais t€m também influéncia n na! apreciagao do significado real da act dade feminina. Portugal esté muito préximo dos pales eves ae como é oda Fra ee Ma tt alencia de trabalh ¢ nio sio comparaveis o$ sistemas de protes sctividade feminina da Europa ¢ ‘omunitéria Dinamarea, Mas 1 ade ferninina do que no caso portugués © facto de em Portugal a taxa de actividade feminina ser bastante do que a de outros pafses do Sul da Europa nfo vi Faas ee nifica, portanto, m0, ae jam no nosso pas mais “mane i ipadas", mas provavelmente que trabalbam aqui mais durament, E verdade que reaivarnone vane riowes a evolugdo da taxa de actividad feminine pas Ren ica mportante. E também se pode afirmar que ela pode produvit efit de san autonomizaro. Mas esse eventual acréscimo de autonomia tende a esbarrar nos ia dos sistemas de proteccao social limites ou mesmo na inefic De onde se pode esperar uma evolugio mais positiva, quanto a0 nosso pass, é do efeito resultante dos valores indicados quanto & frequéncia do ensino superior p parte das mulheres. Traduzir-se-4 sem duivida positivamente, no plano dos dire tos e da igualdade, 0 facto de haver uma tio forte progressdo de mulhe qualificagdio superior apesar de se saber que estes niveis de formagio sao ating dos ainda por um sector minoritério da sociedade portuguesa Se a evolugao da participagdo das mulheres no mereado dle trabalho € tiva, embora ndo deixe de se revelar 4 manutencdo das desigualdades de género, outros aspectos da vida social mostram também essa persistencia, Quanto & participagao das mulheres na actividade politica os mimeros sio, na maioria dos paises da Unido Europeia, concludentes?, Para citar casos eventual mente inesperados, verificou-se na Inglaterra que, em 1992, no conjunto de deputados que foram eleitos para o parlamento, apenas 7.4 % eram mulheres. No zm Portugal a percentagem caso francés esse valor era ainda mais baixo: 5,6% de mulheres eleitas para o Parlamento em 1991 era de 8.7%, apesar de tudo maior fcados, Do conjunto de paises da U.E, 0 valor mais alto do que a dos paises ja deste tipo de participagio € atingido pela Dinamarea, com 33%. O mundo da politica continua assim a ser um territ6rio masculino por exceléncia, Terese areas relaci ” re Made js eM , am trabalhador mini paneer ral a mulher q rOMpe a su Aivicla nin DS empo di nivel tende a ser rcs ern aetividades dedicadas 0s : nicio, da construgao social do género, iém demonstrad psicologia social f Diversos trabalhos, no dominio da qu a assimetrias significativas na qualifieagio de atributos associadys 5 minino € ao masculino'. Quando confrontados com um conjunto de ¢ teristicas associdveis a mulheres ou a homens, ambos os sexos tend zam também a Iher para 0 sexo masculino 0s atributos que caracter esse individuo adulto (corajoso, forte independente, objectivo, racional). As ean teristicas associadas as mulheres dependem de atributos pi tuniversais, nem associados & ideia de adulto (afectuosa, bonita articularizados, 1g ‘embora desempenhando um conjunt stio reconhecidas is mulheres atribuigo pode revelar é qui com homem, O que esta de tarefas lado a lad a8 qui lidades que esses desempenhos normalmente implicam. Continua a prevalecs uma imagem em que se salientam caracteristicas “expressivas” quando a. tividades “instrumentais”. Ou pio nulheres desenvolvem um conjunto de * que trabalhar dentro € fora de casa nao implica cor a racionalidade? Persistem ns sociais ragem ¢ independencia sim Ou seré que o trabalho feminino nao envolve Paradoxos ¢ contradigées que so certamente atribuiveis as aprendiz sobre o género, laro que as mulheres, quando thes sio dadas a @ inadequacdo d Antes $6 atribuiveis aos homens, niio ada pelo sexo Na verdade, se esta hoje em dia cl portunidades, demonstram na prati desempenharem um conjunto de tarefus deveriam persistic tais desigualdades, A flexibilidade demonet, actividades nao teve ainda cont las visOes naturalistas a0 40 sair do seu campo tradicional de adaptabilidade por parte dos hom feminino Partida em idéntica flexibilidade ens. aprendizagem, até as AS soe 05 contextos iniciais de difer mente para explic alizagdes diversas, desde Ocorrem ao longo da vida adult 0 quanto ao género, discrimi fa, contribuem certa ites interacedes que ar a prevalncia da discrin fanto condenada a durag Std ainda distante do que 0 previsto n: na nagdo essa que niio esté no ent o eterna, Importa today deixar claro que a realidade de hoje legislagdo de variadissimos paises, e do que para muitas/os p: rareceria desejavel 42.2 Emicidade Um dos tragos mais importantes de gran raga S0cIedades modemnas é rian ind tics, devida pe s€ diferenciam petas "Mi de grupos, suas caracteristicas raciais, ra -2TUpos constituem-se a partir de outros casos fazem parte recuados. Nesta segund; dominantemente localizad, tomar-se objecto de reinvindic, cia, gerando tensdes e contlitos Nos paises ocidentais, onde partir de fluxos imigeatdr duzido, nas tltimas décadas, a véri contexto que se fala de ctnicidade a pertenga a determinados. grupos dads sociais, das identidades cult licos homogéneos ¢ de sistemas de ensino ¢ comunicacdo comuns acabaria, no curso do desenvolvimento social, por diluir essas diferenciagdes. Mais tarde ou mais cedo, 0 proprio curso do desenvolvi- mento da socicdade norte-americana produziria o que alguns designaram por melting pot, ou seja, a fusio e integracao das culturas em presenga num todo nacional harmonioso. No entanto, apesar de historicamente se ter verficado uma fore aculturagio aos Padres ¢ nommas anglo-saxdnicos, a separagdo estrutural de grupos etnica eloa ‘acinlmente diferenciados permanece até & actualidade,reforgada por novas vagas ‘migrat6rias, das mais variadas proveniéncias, em tempos mais recentes, Nesse quadro destaca-se, especialmente, a situagio da minotia negra, que ainda nos anos 60 lutava pelo reconhecimento de alguns dos mais elementares ditetos de cidada. nia, sendo, por isso mesmo, entre todas as minorias norte-americanas, aquela a que menos se aplica a ideia de melting pot. A relevancia das questées da eticidade nos EU.A. leva mesmo muitos autores a considerarem que & essa a clivagem social ¢ Politica mais importante da actualidade e j4 ndo as desigualdades ¢ os conilitos de classe, que teriam passado a plano secundtio. Embora por caminhos hist6ricos diferentes, também no contexto europe, joneadamente em alguns paises da Europa ocidental, a etnicidade ee ‘migrag2o se tomou num fenémeno social de primeira importdncia. Associada Yomi nia) Al QUAD CAMERA @© REDMI NOTE 9 LOUK ay — lise que: vias negra os mais vara por nuenes anssoee PessOuse dos seus descendents nas socedadee da en U este qunro que «4 partir de certa altura, su chamados “imigrantes de segund: eto la eragt saber se baixo nivel de oportunidad te gu de imigrantes.chegados em prime lugar, Sezuimes, Nessasinelul-se jum ndmere cen Ie a discusso do problema dos Trata-se, fundamentalmente, de dos seus pais , a0 contrério estes, muitos if nag a “a Pee Le Ts eee ‘onde ha minorias étnicas oriundas da imi- dru ae sent ean pa tn industrial, sea nas fais mais instéves eprecdrias do meresde de Precdrias do mercado de trabalho, réximos da economia informal e subterranea. O facto de uma parte desses ele. mentos serem imigrantes recém-chegados, e em situagdo ilegal de residéncia, nao € alhcio a essa localizagio. Tal estatuto de clandestinidade afecta nao so a relagdo com 0 mercado de trabalho e com os direitos de cidadania mas, de forma geral, todo 0 campo das possibilidades de insergao social, colocando-os em situago de grande vulnerabilidade & empurrando muitos deles para situa- goes de pobreza, Sabe-se também que, no interior de um mesmo sector profis- sional, existem muitas vezes desniveis de recursos entre membros das minorias, ¢ individuos da populagao receptora, em desfavor dos primeiros. Embora sejam as mais frequentes, ndo se esgotam aqui, porém, as localizages dos elementos das minorias étnicas na estrutura de classes. Ha também exem- plos em que parte significativa dos membros de uma determinada minoria ‘ocupa posigdes de topo nas esferas econdmica e profissional. Os judeus sio um desses exemplos, que poderfamos designar por minorias dominantes. Outros casos existem em que predominam posigdes intermédias, nomeadamente activi- dades comerciais independentes, como acontece com muitas comunidades asidticas um pouco por toda a Europa. Mesmo entre as comunidades imigrantes que apresentam um perfil social globalmente desfavorecido, verifica-se existir um niimero no desprezaiyel dos seus membros com actividade na Srea empre- sarial, nas profissGes liberais ou nas profissbes cienificas téenicas. Relativamente aos descendentes de imigrantes de perfil sécio-econdmico desfa- vorecido, tem-se verificado, em grau significativo, a reprodugdo das condigdes de existéncia dos seus pais. Estudos sobre 0 tema feitos em diversos paises europeus mostram situagdes de abandono precoce da escola, desemprego, tra- balho ocasional e sem contrato, baixas remuneragdes, 0 que prefigura a con- tinuidade da associagZo entre etnicidade ¢ desigualdades sociais como t6pico importante no futuro. @© REDMI NOTE 9 CO AI QUAD CAMERA

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