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sun ‘ona ot ofherji Hewean, be havmcons cy a ag ‘Coppi: © es mnceIBs AEM Da COIL Le (Ao Hlowsl, 130-1. = vm. HORTA Lily Gh TA N04 Ot Freon Bat e306, Ec aad hope ps ie rdlgh, ia (Cig ie Seb Kenge (inna ps Uomo (Borel mam eNcrumaLsS Mash Alena, 47, 98.0056 avy Wel; 22 N32 5900 © Fa 22 582 3407 Mase che Vriia, BOOB D6, AUER AS Listes Ted URAT OTR © Fao 20 BAT OD Neha patie obit pode ot ep dtibe per aqunagres precio wunirnaie fermen a nenerypit “ee rte in eninge pots cc oe der Daepein epul ne 28 BON, runt 9 Poor NBN vraeRANes Apresentagio Fins, Berve Cramton de Poriygnds Contempirine, conferme o tagete @ priprio uulo, @uim caisa mo é da que wna reeo absevinds da Neva Coumedlit di Partagas Contemporiinee qc of auitees publicarann’ em Citra (Vidigtes Joan $4 da Gaara), 1984, ¢ no Ria de Jauiru (Nuva. Prontcies), 19). Correaponde & noratintade que og Autires ¢ @ editor logo xemtiram de ncilitar 6 neesen & descrighe da llnpes portugues que, mm versio inichl, ahaa: pencurad® fawr com tado o pogeivel culdadn, cigar © também com © parmennr que uma descrigin completa exige Simplewncore 1 ene conctee sompleto cnha mevievelmonse de corresponds um Leama dare, cajl exe so tains de leiraua talvez memes acestivel, Aoy sutorts o editor depress se apreseniog conyy mite clatr que; sem inulr no cssencial @ valor da desceislo jA realized, era porfeitaremte pos evel dir dela uma verses matt curta, miix leve © mais fcilmence legivel por Sm pablico mais wasto, apbretada, por ma camada mals prvem — para a qual cate Leven padesia verwis de ineradugée num citacia por ela nurrmalmente onentatha com certa desonnfianga inicial, Nao era pars isn na nugior parte dos casns-— nom sequer neccaniriey wherar subseuictnlivente a Hdaegie @xigi- wal {A vohuturamente fits er linguegem simples © com o momar emaprege fossivel de amos vdenicas geamaucas, Basten om goral retires nbernapder spoutselss a reese anterior const dirigidas a wen pebticn mais especiali- sadn enduzir @ ndimere de frases wsadar cuime aborgiie; ¢ algunas wens wecurrer wwma redacclo abrevinds ¢ urn pouce diweesa ila wresia oeiginal Povle-se amsim detonver, de ferme evidentemene um fante sinplificoda, @ processs que candusiu & eluboragin dessa Bros (rewionu, Pensam vs nusores © i editer que, vob een fen, « Grummition prided atingir mais dircemmente um vaste, sector de lestnece vais que ji we peeo- supivam, ¢ cero, ag langar a propcaa were, rom pars on quals © acon I dourrina conuida neste livro se teenurix maiy Ficil ¢— porque mio diel? — 4é de crt mmipeirs nis atramte © agradionl. Refseimo-nos ao alungs do enving wcundhtio, pask oF quais a extensan dagpeimeinn edigio a catrada w BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO no estado de certos pormenores lo indispenséveis pare uma iniciagio na anilise da estrutura da lingua poderiam eventualmente assustar e afastar. Ora um dos nossos objectivos essenciais desde 0 inicio do projecto foi, sem prejuizo do rigor cientifico na descrigio da lingua, fornecer, do portugués-padrio actual, um modelo que pudesse servit na aprendizagem da lingua € principalmente da lingux escrita, na forma que presentemente se pode contiderar «orrecay, Alifs sempre acentudimos 0 nosso propésito de ‘que, neste sentido (qué no exclui 2 accitacio de inovagées), a propria versio inicial da ‘Nova Gramética do Portugids Contemporénco jé tivesse um. aspecto normativo e uma aplicagio pédagégica. Vinedmos até que essa caracteristica deliberadamente 2 afastava de outras graméticas de caticter essencialmente especulativo. ‘Que esta obra, a sua versio breve, seja um factor no ensino que contri- baa para que a juventade portuguesa, brasileira ¢ africana de lingua oficial portuguesa — dispondo de um guia de ficil acesso e leitura que até ousamos classificar como muitas vezes atractiva— aprenda a melhorar a sua,escrita ¢ 0 sew falar da lingua portuguesa é sem diividi, a maior aspiragio dos autores ¢ editor e a melhor recompensa possivel para o trabalho feito e aqui apresentado, Setembro de 1985 Os Autores indice geral Aptesentacio, IT Capfeulo 1 Capitulo 2 Capitulo 5 Capitulo 4 Concerros GERAIS, 1 Linguagem, lingua, discusso, estilo r Lingua e sociedad: variaglo € conservacto linguistica, 2 Diversidade geogrifica da lingua: dialecto ¢ falar, 3 ‘A nogio de correcto, 5 Dowisto ACTUAL DA LINGUA PORTUGUESA, J Unidade ¢ diversidede da lingua portuguesa, 5 Os dislecos do portagués earopen, J Os dislecos das ilhasadnticas, 2 Os dialecos brasleiros, 13 © portagués de Africa, da Asia © da Ocsinic, 76 Fonirica ronoLocia, 18 Os sons da fala, 18 Som e forems, 27 Classifieagio dos sons linguisticos, 24 Chssificagio das vogais, 25 Classificagio des consoantes, 32 Encontros vocilicos, 47 Saba, gr ‘Acento ténico, 42 Orrocraria, 45 Letra e alfabeto, 45 Notagbes léxiens, 46 Regeas de acentuagio, sr «+ Divergineias entre as’ ortogratias oficiaimente adoptadas em Por. tugal e no Brasil, 55 ve BREVE GRAMATICA Do PoRrUGuEs CoNTENPORANEO Giplenlo 5 Cuasse, 2sTRUTURA FORMAGKO.DE PALAVRAS, 57 Palavea e mortem, 37 Formagio de palavras, 62 Estrotuia das palavras, 49 Familias de palavras, 62 Capitulo 6 Denivagio & compostgio, 63 Derivagio prefiral, 63 Derivagio sufixal, 66 Compostos exuditos, 79 Hibcidismo, 44 ‘Onomatopeia, 84 Abreviaglo vocabalar, 8y Capitulo 7 Frase, nacho, #afovo, &7 ‘A frase ¢ a sua constituigio, 57 ‘A oragdo € os seus termos esenciais, 2g © sajeito, 97 © predicado, 97 A oragio ¢ 08 seus termos integrantes, 102 Complemento nominal, 103 + Complementos verbais, zeq A oraslo e 0s seus termos acessérios, 170 ‘Adjunto adnominal, rr ‘Adjunto adverbial, x22 ‘Aposto, 114 Vocative, 117 Golocasio des termos na oragio, 117 Entoagio orzcional, 122 Capitulo 8 Sunsrannivo, 130 Classificagio dos substantivos, 130 Flexées dos substantivos, 133 Niner, oy ~ Formaglo do plural, 13¢ Género, 41 Formagio do feminino, r43 Sobstantivos uniformes, 748 Grau, 297 Eimprego do substantive, 152 inprcs. Capieulo 9 Capitulo 10 Capitulo 12 Capitulo x5 Anno, 757 Artigo definido ¢ indefnido, 1s Formas do astigo, 756 ‘Valores do artigo, 133 Emprego do artigo definido, 160 Repetigio do artigo definido, 172 Omissio do artigo definido, 173 Emptego do artigo indefinido, 175 Omissio do artigo indefinido, 177 Apjscrtvo, 180 Flexdes dos adjectivos, 143 Niimero, 743 Géneso, 184 Grau, 186 rego do adjectivo, 193 Conortinca do sjectvg com o subsaniv, 196 Adjectivo adjunto adnominal, 196 ‘Adjectivo predicativo de sujcito composto, 194 Pronomes, 200 Pronomes substantivos ¢ pronomes adjectives, 200 Pronomes pessoais, 200 Emprego dos pronomes rectos, 205 Pronomes de trstamento, 209 Emprego dos pronomes obliquos, 274 Pronomes possessivos, 227 Pronomes demonsitativos, 233 Dronomes relativos, 247 Pronomes interrogativos, 246 Pronomes indefinidos, 249 Nomenass, 255 Espécies de numerais, 253 Flexto dos numerais, 256 Varno, 263 Nogies preliminares, 263 ‘Tempos simples, 271 ‘Verbos muxiliares e 0 seu emprego, 278 Conjugagio dos verbos regulares, 287 Conjugesdo da vor passiva, 247 vm Capitulo 14 Gpitulo 15 Capttulo 16 Capftulo 17 BREVE GRAMArICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO Conjugagio dos verbos isregulares, 290 ‘Verbos com altecaincia voedlica, 292 Outros tipos de irregulatidade, 299 Verbos de participio iecegular, 378 Verbos abundaates, 329 Verbos itmpessoais,unipessozis © defectivos, 327 Sintaxe dos modos e dos tempos, 325 ‘Modo indicative, 325 Emprego dos tempos do indicaivo, 327 Modo conjuativo, 333 Emprego do conjuntivo, 334 Modo imperstivo, 339 Emprego do iodo imperativo, 339 Emprego dae formas nominais, 347 Emprego do infitivo, 342 Emerge ae gecinio, 3, prego do participio, 34 Concordincia verbal, 344 Regms gerais, 349 Casos particuases, 350 Regéncia, 360 Sintaxe do verbo Aaver, 362 Apvinsr0, 365 Classifcagto dos advérbios, 366 Gradagio dos advésbios, 379 Palavras denotativas, 372 Paerosigho, 374 Fangio das preposigges, 474 Significasto das: preporigses, 375 Contetido signifcativo ¢ funelo relacional, 377 ‘Valores das preposigées, 340 Coxyungio, 390 Conjunsio coordenativa e subordinativa, 390 Conjungdes coordenativas, 392 Conjungdes subordinativas, 392 Locugio conjuntiva, 597 Ierenjeigao, 396 ssprce Capitulo 18 Capitulo 19 Capfenlo 20 Capitulo 2 Capitulo 22 © veniono = sua consrrugho, 398 Periodo simples ¢ periodo composto, 39 Coordenagio, 400 Subordinagio, 402 Oragies reduzides, go8 FIGURAS DE SINTAXE, 414 Blipse, 424 Zeagma, 416 Pieonasms, 417 Hipérbato, 4rd Anistrofe, 478 Prolepse, 419 Sinquise, 429 Assindeto, 419 Polissindeto, 420 ‘Anacoluto, 420 Silepse, 427 Discurso DIRECTO, DISCURSO INDIRECTO # DISCURSO INDIRECTO LIVRE, 423 Discurso directo, 423 Discurso indirecto, 425 Discurso indiretto lives, 428 Ponruagho, 429 Sinais pavesis ¢ sieais melédicos, 429 Sinais que marcam sobretudo 2 9 Sinais que marcam sobretado a melodia, 434 ‘NogGss pe vensrercagho, 442 ELENCO E DESENVOLVIMENTO DAS PRINCIPAIS ABREVIATURAS, 475 Conceitos gerais Linguagem, lingua, discutso, estilo, 1. LINGUAGEM é «am conjunto complexo de processos — resultado de ‘uma cesta actividade psiquica profundamente determinada pela vida social — que torna possivel a aquisi¢fo © 0 emprego concreto de uma zincua qualquer». Use-se também 0 termo pata designar todo o sistema de sinais que serve de meio de comunicagao entre 0 individuos. Desde que se atti- bua valor convencional a determinado sinal, existe uma trvcvaczs. A lin- guistica interessa particularmente uma espécic de LINGUAGEM, ou seja a LINGUAGEM FALADA OU ARTICOLADA. 2. inguA & um sistema gtamatical pertencente a um grupo de individuos. Expresséo da consciéncia de uma colectividade, a xincua € 0 meio por que ela concebe © mundo que a cerca ¢ sobre cle age. Utilizagio social da faculdade da linguagem, criagio da sociedade, nfo pode ser imuts- vel; 20 contticio, tem de viver em perpétua evolugio, paralela & do orga- ismo social que a ctiou, piscurso € a Iingua no acto, na execugio individual. B, como cada individuo tem em si um ideal lingufstico, procura ele extrait do sis- tema idiomético de que se serve as formas de enunciado que melhor lhe cexprimam 0 gosto e o pensamento. Essa escolha entre os diversos meios de expresso que Ihe oferece 0 tico repertério de possibilidades, que € a ngua, denomina-se esriz02. 1 eon Shc Lay yn 4 Ree Sie ee ea eB ae a acini et igs ptemenoaeSoecomete a ee pensiseaht ais Spats Spe Aas 2 ae aes 2 BREYE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO CONGEITOS GERAIS 5 4 A distingio entre LINGUAGEM, LINGUA € DISCURSO, indispensivel do ponto de vista metodolégico, no deixa de ser em parte artificial. Bm verdade, as trés denominagdes aplicam-se a aspectos diferentes, mas nto ‘opostos, do fenémeno extremamente complexo que é 2 comunicagio humana. Lingua e sociedade: vatiagdo ¢ consetvagio linguistica. Bm prinefpio, uma lingua apresenta, pelo menos, trés tipos de diferencas internas, que podem ser mais ou menos profunda 1.9) diferengas no espaco geogtifico, ou VARTAGOES DrATOnicas (falazes locais, variantes regionais e, até, intercontinentais); 2.9) diferengas entre as camadas sociocultusais, ou VARIAGOES DIAS: ‘RArrGas (nivel culto, lingua padrfo, nivel popular, etc.); 39) difercngas entre os tipos de modalidade expressiva, ou VARIAGOES DrAFASICAS (lingua falada, lingua escrita, lingua literétia, linguagens espe- cis, linguagem dos homens, linguagem das mulheres, etc.) Condicionada de forma consistente dentro de cada grupo social e paste integrante da competéacia linguistics dos scus membros, a variagto é pois, inerente ao sistema da lingua ¢ ocorre em todos os alveis: fonético, foaolé- gico, morfoldgico, sintéctico, etc. E essa multiplicidede de realizagdes do sistema cm nada prejudica as suas condigdes funcionais. Todas as vatiedades linguisticas sio estruturadas, e cosrespondem a sistemas e sub-sistemas adequados &s necessidades dos seus usuizios. Mas 0 facto de estar a lingua fortemente ligade A estrutura social ¢ a0s sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliagio distinta das caractetisticas das suas diversas modalidades diatépicas, diastriticas e disfésicas, A lin- gua padtio, por exemplo, embora seja uma entre as muitas variedades de ‘um idioma, 6 sempre a mais prestigiosa, porque actua como modelo, como norma, como ideal lingufstico de uma comunidade. Do valor normative decorre 2 sua fungio coercitiva sobre as outmas vatiedades, com o que se tora uma ponderivel forga contréia & vatiagio, ‘Numa agua existe, pois, 20 lado da forca centrifuga de inovagio, a forga centripeta da conscrvagio, que, contra-regrando a primeira, gatante a supetior unidade de um idioma como o portugués, filado por povos que se distribuem pelos cinco continentes. Diversidade geogrifica da lingua: dialecto ¢ falar. ‘As formas caracterfsticas que uma lingua assume regionalmente deno- minam-se DIALECTOS. Alguns linguistes, porém, distinguem, entre as variedades diatépicas, o PALAR do DrALECTO. Dranscro seria «um sistema de sinais desgarrado de uma lingua comum, viva ou desaparecida; normalmente, com uma concreta delimitagio geo- grifica, mas sem uma forte diferencingio diante dos outros da mesma oti- gem». De modo secunditio, poderse-iam também chamat dialectos «as estraturas linguisticas, simuleineas de outsa, que ao alcangam a categotia de linguay3. Fazae setia a peculintidade expressive propria de uma regio © que iio apresenta 0 grau de coertncia alcangado pelo dialecto, Caracterizar-sc-ia, do ponto de vista discténico, segundo Manuel Alvar, por ser um dialecto empobrecido, que, tendo abandonado a ingua esctita, convive apenas com as manifestagies orais. Poder-se-iam ainda distinguir, dentro dos FALanss REGIONAIS, 05 FALARES LOCAIS, que, para o mesmo linguista, correspon deriam a subsistemas idiométicos ]: cop(s), copla)s, tid( +), pik(2), por capo, copos, tndo, poxco, Quanto 4 ilha da Madeita, os seus dialectos apresentam caracteristicas fonéticas singulares, que s6 esporadicamente (¢ no todas) apatecem em dia lectos continentais. Assim, 0» t6nico apresenta-se ditongado em [aw], por exemplo: [‘lawa] por /ua; 0 7 ténico em fal, por exemplo: ['fajda) por fil. Por outro lado, a consoante /, precedida de i, palataliza-se: ('vajha] por vila, (fajra) por fila (confundindo-se portanto, desse modo, file com fila). Os dialectos brasileiros. Com relagio 20 extensissimo tertitério brasileiro da lingua portuguesa, 1 insuficiéncia de informaces sigorosamente cientificas sobre as diferengas de natureza fonética, morfo-sintéctica e lexical que separam as variedades rogionais nele existentes ido permite classificé-las em bases semelhantes is que foram adoptadas na classificagio dos dialectos do portugues eusopen. Deve-se reconhecer, contudo, que 2 publicagio de dois atlas prévios segio- mis ~o do Estado da Bahia? ¢ 0 do Estado de Minas Gerais* — ¢ a anna- ciada impressio do jf concluido Ailas des falares de Sergipe®, bem como a claboragio de algumas monografas dislectais sio passos importantes no sentido de suprit a lacuna apontada. Entre as classificagdes de conjunto, propostas com cardcter provisério, sobreleva, pela indiscutivel autotidade de quem a fez, a de Antenos Nas- 2 Neon Row tar fie fest, Ri Se Jie, MECN, 196 41 Jose Ripa Es tava Ingen ir at, va Re de Sn, screed tar Bote, o Scmdo por Letor ROG, com a cobras de wm pape de prteons de Ui- vende Fee ae Babi “4 DREVE GRAMATICA Do PoRTUGuts conreMPoRANHO | 7 nnn | DOMINIO ACTUAL DA LINGUA PORTUGUESA 5 centes, fundada em observagies pessoais colhidas nas suas viagens por todos "03 Estados do pais. |, Albase desta proposta reside — como no exso do portugués europen — |) em diferencas de proniincia, | De acordo com Antenot Nascentes, é possivel distinguir dois grupos | de dialectos1® brasileiros — 0 do Norte ¢ 0 do Sul —, tendo em conta dois |! agos fundamentais: | 4) @abertuea des vogais preténicas, nos dialectos do Notte, et pala- jj YES que nfo sejam diminutivos nem advérbios em -mente: pear por jugar, |) cbrrer por: correr; eyo que ele chama um tanto impressionisticamente a ccadénciay da || ala: fala acantada» no Noste, fala udescansaden no Sel, | _ A fronteita entre os dois grupos de dialectos passa por «uma zona que ocupa uma posigio mais ou menos equidistante dos extremos setentrional e metidional do pais. Esta zona se estende, mais ou menos, de foz do tio fi Mucuri, entre Espirito Santo e Babia, até a cidade de Mato Grosso, no || Bstado do mesmo nomen tt, | Bem cade grupo, distingue Antenor Nascentes diversas variedades a que |) chama sumraanss, E enumera dois ao Brupo Norte: 2) 0 AMAZéNICO, | AMAzoNICO worpestino ®) o-NonpEstINO, E quatro no grupo Sul: a) BATANO, #) 0 FLUMINENSE, 2) 0 mmxztno, d) 0 sutIsTA. suuista Pony |) Assinale-se, por fim, que as condigées peculiates da formagio lingulstica |, do Brasil revelam uma dialectalizagio que aio patece tio variada e tio intensa | como a portuguesa, Revelam, também, estas condigdes que a referida dia- lectalizagéo € muito mais instivel que a curopeia. i | I i = LIMITES COM 0 ESTRANGEIRO ~ LIMITES ESTADUAIS —— Linires 00s suaFALares 12, bmerckamos o temo pratecro pelasesaeaadusidas no Capitulo 1 © pas mantermos sxbagllnr coves densi adopts par at varies seiomla ponugnct Ao due che ‘amos aqui prazzcro Newotes detomint suseAva 1 “Aatenos Nascent, O linnajar cara, 2 edigho completsmente refundida, Rio de Jmaltn, Sizes, 193, p. 2]. Bor ser quate despovoads, eonidernra ele incarscteritiea sfc sou | Rgndla ente's parte da frotcie boliviana © a onteit de Mato Grosso com 0 Amsatonss Aseas linguisticas do Brasil (divisio proposta por Antenor Nascentes) WREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANE © portugués de Africa, da Asia e da Oceania. : i No estudo das formas que velo a assumir a lingua portuguesa em Aftica, | na Asia ¢ na Occinia, € necessério distinguir, preliminarmente, dois tipos |) de variedades: a8 CRICULAS € as NKO-CRIOULAS. u ‘As vatiedades crzovzas xesultam do contacto que o sistema linguistico! portugués estabelecen, a partir do século XV, com sistemas lingulsticos indt-| genss. Talvez todas elas desiver do mesmo PROTO-cRIOULO ou LiNGLA FRANCA que, durante os primeitos sécalos da expansfo portuguesa, serviu de meio de comunicagio entre as popalagdes locas ¢ os navegudotes, comer-H ciantes e missionérios a0 longo das costas da Africa Ocidental € I da Artbia, da Pérsia, da India, da Malisia, da Chinia e do Japio. Aparecem- -nos, actualmente, como resultados muito diversificados, mas com algumas| caracteristicas comuns — ou, pelo menos, parzlelas—, que se manifestam numa profunda transformagio de fonologia e da morfo-sintaxe do por- ‘tmgués que Ihes deu origem. O grau de afastamento cm telagio & lingua-/ -miie é hoje de tal ordem que, mais do que como praLcros, os ctioulos devemn|i ser considerados como uinguas detivadas do portugues. ia Os crioulos de otigem portuguesa em Africa, que so os de maiot vita-/} lidade, podem ser distribuidos espacialmente em trés grupos: ! %. Giioulos do Arquipélago de Cabo Verde, com as dust vatie/| dades: 42) de Batlavento, ao norte, usada nas ilhas de Santo Antéo, So Vicente, Sio Nicolau, Sal ¢ Boavista; | 4) de Sotavento, ao sul, utilizada nas ilhas de Santiago, Maio, Fogo! ¢ Brava, 2 Crioulos das ilhas do Golfo da Guiné: 4) de Sto Tomé; 2) do Principes 4) de Ano Bom (ihe que pertence 2 Guiné Equatorial) 3+ Crioulos continentais: | 2) di Guiné-Bissan; 2B) de Casamance (no Senegel). Dos crioulos da Asia subsistem apenas: 2) 0 de Malaca, conhecido peles denominagées de papid cristae, male qeire, malagiés, malaquenbo, malaquense, serani, babasa gsragan © portugués bast poutio ACTUAL DA LINGUA PORTUGUESA i 2D) 0 de Macau, maraista ou marauenbo, ainda falado pot algumas faml- sins de Hong-Kong; 0) 0 de Sci-Lanka, falado por familias de Vaipim e Batticaloa; 4); os de Chaul, Koriai, Tellicherry, Cananor e Cochim, no territério a Unio Indiana. Na Ocenia, sobrevive ainda o ctioulo de Tugu, localidade perto de Jacarta, na illta de Java?2, Quanto as variedades NXo-crrovzas, hé que considerar no 66 a pre- senga do portugués que é a lingua oficial das republicas de Angola, de Cabo ‘Verde, da Guiné-Bissau, de Mogambique e de Sto Tomé e Principe, mas as vasiedades faladas por uma parte da populagio destes Estados ¢, tam- bém, de Gor, Damifo, Din ¢ Macau, na Asia, ¢ Timor, na Oceania. Tratese de um portugués com base na vatiedade europeia, porém mais ou menos modi- feado, sobtetudo pelo emprego de um vocabulétio proveniente das linguas sativas, ¢ & que nio faltem algumas caracterfsticas préprias no aspecto fono- I6gico © gramatical. ‘Estas caracteristicas, ao entanto, que divergem de regio para regio, ainda nio foram suficientemente observadas e descritas, embora muitas delas transparegam na obra de alguns dos modeznos escritotes desses pafses 13, 12 Sots ocd seta on ison porns, ves Cap Cab, Liga, yale i te Nowe rt a Brie ote crept aa ply Some to Bios tip wee Beet ee eee IBSabesHnglger in, do msor sgt, o angaieo Lisa Ve, wae se del La, Pea sd Pie ale ee tito spsensain em apg Unto Go ee Sorsmnsre eee grata? eo Vitire, 0 ta, Porto, Beasilin Exlitora, 198, et eee ee 3. Fonética e fonologia OS SONS DA FALA Os sows da nossa fala resultam quase todos da acgio de certos. 6rgios sobre a corrente de ar vinda dos pulmées. Pama a sun produgio, txés condigées se fazer nevessisias: a) a costente de ats B) um obsticulo encontrado por essa comrente de at 2) uma caixa de ressonancia, Estas condigdes sfo ctiadas pelos onGXos DA rats, denominados, em seu conjunto, APARELHO FONADOR, © aparetho fonador. B constituido das seguintes partes: 42) 08 PULMBES, O$ BRONQUIOS € @ TRAGUEIA — drgios respiratérios que fornecem a cottente de ar, matéria-prima da fonagio; a 4) a zanmes, onde se locilizam as CORDAS vocAtS, que produzem a |} cenergia sonora utilizada na falas @) 85 CAVIDADES SUPRALARINGRAS (FARINGE, BOCA € FOSSAS sen que fancionamn’ como caimis de tessonincia, sendo que 2 cavidade bucal pode vatiar profundamente de forma e de volume, gragas aos movimentos |i dos drgios actives, sobretudo da uineuA, que, de tio importante na fonagio, se tornou sindnimo de eidioman. Funcionamento do aparelho fonador, QUSIA € chega & LARINGE, onde, 40 atravessat a GLOTE, costuma encontrar i fi i : © at expelido dos rot6rs, por via dos anénquros, penetra na tA | © primeizo obsticulo 4 sua passagem. 1 roNeTICA B FONOLOGIA es A c1ore, que fica na altura da chamada majé-de-addo, pono-de-adio ou, no Brasil, vg, €a abertura entre duas pregas musculares das paredes superio. ses da LARINGE, conhecidas pelo nome de conpas vocals. O fluxo de ar pode cncontei-la fechada ou aberta, em virtude de estarei aproximados ou afastados 08 bordos das conpas vocars. No ptimeito caso, o ar forsa a f passage através das conpAS Vocals retesadas, fazendo-as vibrat © produ- iro som musical caracteristico das articulagdes sononas. No segundo caso, relaxadas 5 CORDAS VOCAIS, 0 at escapa-se sem vibragSes lasingeas. As articulagbes produzidas denominam-se, entio, suapAs. ‘A distinglo entre soNoRA ¢ SURDA pode ser claramente percebida na promiincia de duas consoantes que quanto ao mais se identificam. Assim: [| [= soxono] | p/ [= svnoo] Ao sait da zAnms, 2 corrente expiratéria entra na CAVIDADE FARIN: eA, ums encruzilhada, que the oferece duas vias de acesso a0 exterior: 0 CANAL BUCAL € 0 NASAL. Suspenso no entrecenzar desses dois canais fica o viv PALATINO, Srgio dotado de mobilidade capaz de obstruit ou no fo ingtesso do ar na CAVIDADE NASAL €, consequentemente, de determinar a naturezt ORAL Ou NASAL de um som. Quando levantado, © viv PALATINO colase & parede posterior da wAniNce, deixando livre apenas 0 CONDUTO BUGAL. As articulagées assim obtides denominam-se onats (adjectivo derivado do latim os, oris «a boca»). Quando abaixado, 0 vu raLArmNo deixa ambas as passagens livres. A cor- ente expiratéria entio divide-se, ¢ uma parte dela escoa-se pelas Fossas wasats, onde adquire a ressonincia caractetistica das articulagbes, por este motivo, também chamadas NASAIS. Compare-te, por exemplo, a prontincia das vogais Ja] [= omar] /4/ [= wasax] em palavras como: M]1t mato / manto B, porém, na CAVIDADE BUCAL que se produzem os movimentos fona~ ores mais variados, gragas & maior ou menor separagio dos MAXTLARES, chs BOcHECHAS ¢, sobretudo, & mobilidade da tincva € dos LABIOs. ee T——__ " 2 13 “ 6 pONETICA 8 FONOLOGEA a SOM E FONEMA Nem todos 0s sons que pronunciamos em portugués tém o mesmo valor no funcionamento da nossa lingua, ‘Alguns servem pare diferenciar palavras que no mais se identificam, Por exemplo, em: a divetsidade de timbre (fechado ou aberto) da vogal t6nica € suficiente para estabelecer uma oposigio entte substantive ¢ verbo. Na série: dia via mia ta fia pin | temos seis palavras que se distinguem apenas pelo elemento consonaatico 4 inicial. Toda a distingio significative entre duas palavras de uma lingua esta- Cavidade nasal patna dio blecid pela oposigio ou contraste entre dois sons revela que cada um eu palatine desses sons representa uma unidade mental sonora diferente. Essa unidade sani de que 0 som € a representagio (ou realizagio) fisica xecebe 0 some de FONEMA. caviade bucal Cottespondem, pois, a FoNEMAS diversos 08 sons vocilicos ¢ conso- Ingua f nanticos diferenciadores das palavras atnis mencionadas, ‘oringe A disciplina que estuda minuciosamente os sons da fala, as miltiplas late sealizagies dos FoNEMAS, chama-se FONETICA. ‘A parte da grammitica que estuda 0 comportamento dos roNEMAS numa abobada palatina lingua denomina-se FONOLOGIA, FONEMATICA OU FONENICA. ‘inofaringe traqueia sotage Descrigio fonética ¢ fonoldgica. verbo i faring 1 seech dettito dos sons Da rata (oxscnigio rontnica), para see complet, magi-de-od50 || deveria considerar sempre: 4) como eles sio produzidos; 9) como sio transmitidos; 4) como sio percebidos. Aparelho fonador (a laringe ¢ as cavidades supealasiageas) Sobre a impressto auditiva deveria concentent-se © intetesse maior a BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CoNTEAPORANEG| da descrigio, pois ¢ ela que nos deixa perceber a variedade dos sons ¢ 0 seu. funcionaniento em representagio dos roNEMAs, A DESCRIGO FONOLOGICA mal se compreende que nio seja de base aciistica, A ronirica ristox6orxca, de base articulatéria, € uma especialidade antiga € muito desenvolvida, porque bem conhecidos sto 0s Srgfios fona- dores ¢ 0 seu funcionamento, Dai serem os fonemas frequentemente des- ctitos ¢ classificados em fungio das suas caracteristicas articulatérias, embora se note, modernamente, uma tendéncia de associar a desctigio acistica 4 fisiol6gica, ou de realizélas pasalelamente, ‘Transcrigao fonética e fonolégica. Para simbolizar na esctits a promincia real de um som usa-se um alfa. beto especial, 0 aurADETO FoNErICo. Os sinais fonéticos sfo colocados entre colchctes: []. Por exemplo: [‘kaw], prontincia popular casioca, [kal], promincia pormguesa normal ¢ brasileira do Rio Grande do Sul, pasa a palavza sera pte escrita cal Os fonemas transctevem-se entre barras obliquas: //. Alfabeto fonético utilizado. Empregamos nas nossas transcrighes fontticas, sempre que posstvel, © Alfabeto Fonético Internacional. Tivemos, no entanto, de fazer certas adaptagées ¢ acrescentar alguns sinais necessétios para a transctigio de sons de variedades da lingua portuguesa para os quals nfo existe sinal préprio snaquele Alfubeto , Bis 0 elenco dos sinais aqui adoptados: 3 Vogais: [a] —portugués normal de Portugal e do Brasil: pa, gato portugués normal do Brasil: pedra, fager [e] —portugués normal de Portugal: cama, cana, pedra, fager; portugues de Lisboa: /e, Jenba portugués normal do Brasil: cama, cane 1 eam adepagdes¢ screscentamentorseguines, rm gen, 0 alfbeto Fontes utilzado to grupo do Cento de Liogultca da Univeriade de Listes, ‘Ailes ngtecagria ke Parga da Gal. ‘ncarregado da elaborasSo do | ronlttCh E PONOLOGIA Pa |e] —Pportugués normal de Portugal e do Brasil: pé, ferro [el —Pportugués normal de Portugal e do Brasil: meds, saber portugués normal do Brasil: reger, sedento {o] —portugués normal de Portugal: sede, corre, regar, sedeuto [pl — Portugués normal de Portugal ¢ do Brasil: pé, cole fo] —Portugués normal de Portugal e do Brasil: morro, forga portugaés notmal do Brasil: correr, morar [i] —portugués normal de Portugal ¢ do Brasil: vir, bico pormgués normal do Brasil: sede, corre [5] —portugués normal de Portugal e do Brasil: bambu, sul, caro portugués noxmnal de Portugal: correr, morar 2. Semivogais: fi] —portugués normal de Portugal e do Brasil: pai, foie, aério {w] —portugaés aotmal de Portugal e do Brasil: pau, dgua 3. Consoante [b] —portugués normal de Portugal e do Brasil: bravo (!), ambos portagués normal do Brasil: o bei, abs, barbe, abrir [6] —portagués normal de Portugal: 0 bei, abs, barbs, abrir [a] —portugués normal de Portugal ¢ do Brasil: dar (I), andar pormgués normal do Brasil: ida, espada [8] —portugués normal de Portugal: » dar, ida, ecpada [a] —pormugués do Rio de Janeiro, de So Panlo ¢ de extensas zonas do Brasil: diz, sede [3] — portugues popular do Rio de Jencito ¢ de algumas zonas préximas: portugués dialectal extopeu de zonas fronteitigas muito restritas: Jesus, jagueta [ge] ~pormagués normal de Portugal e do Brasil: guarda (1), frango portagués normal do Brasil: a guards, agora, agrade fy] —portugués normal de Portugal: « guards, agora, agrado {p] —portugués normal de Portugal e do Brasil: pai, caprino (]_ —poreugués normal de Portugal e do Brasil: t, canto [eC] —portugués do Rio de Janeito, de $40 Paulo ¢ de extensas zonas do Brasil: to, ste [iJ] —portugués de extensas zonas do Norte de Portugal & de reas nto delimitadas de Mato Grosso ¢ tegiées convizinhas, no Brasil: have, encher pormgues popular do Rio de Janeito e de algumas zonas préximas: tio, sete 24 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUIS CoNTEMRORAN [k] —porrugués normal de Portugal ¢ do Brasil: casa, porea, que [m] —portugués normal de Portugal ¢ do Brasil: mar, amigo [a] —portagués normal de Portugal e do Brasil: nada, cano In] —portugués nosmal de Portugal ¢ do Brasil: vinha, cayrinho [] —postugués normal de Portugal e do Brasil: lama, ealo [j —portugués normal de Portugal ¢ de certas zonas do Sul do Brasil alto, Brasil fo] —portugués normal de Portugal ¢ do Brasil: tho, The [x] —portugués normal de Portugal e do Brasil: cato, cotes, dar fz] —portugués normal de virias regides de Portugal, do Rio Granda do Sul e outeas regides do Brasil: roda, catto [R] —portugués normel de Portugal (principalmente de Lisboa), do de Janeito e de wétias zonas costeiras do Brasil: toda, catto (f] —portugués normal de Portugal ¢ do Brasil: fil, afiar [ve] —portugués normal de Portugal ¢ do Brasil: vinko, xvd [s] —portugués normal de Portugal e do Brasil: saber, poss, cfs, cage [2] —portagués normal de Portugal ¢ do Brasil: azar, casa [s]_ —portugués de certas zonas do Norte de Portugal: saber, posso; ‘noutras zonas, também: cf, Ie] —portugués de certas zonas do Norte de Portugal: casa; ¢, nout zonas, também: azar [0] —gelego normal: eéy, facer (port. fager), cata (pott. caja), azar [f] —portagués normal de Portugel ¢ do Brasil: chave, xarope portugués normal de Portugal, do Rio de Janeiro e de algumas zo: costeitas do Brasil: esfe [3] —portugués normal de Portugal ¢ do Brasil: jé, geuro portugues normal de Portugal, do Rio de Janeiro e de algumas costeitas do Brasil: mesmo CLASSIFICACAO DOS SONS LINGUISTICOS Os sons linguisticos classificamse em VOGATS, CONSOANTES © SEM vocals. ‘Vogais e consoantes. 1. Do ponto de vista articulatério, as vogais podem set considereda! sons formados pela vibragio das cordas vocais & modificados segundo forma das cavidades supra-laringeas, que devem estar sempre abertas centreabertas 4 passagem do at, Na proniincia das consoantes, a0 contri oxériCA % FONOLOGIA 2 1h sempre na cavidade bucal obsticulo & passagem da corrente expicatéria, 2. Quanto 4 fungio silébica —outro critério de distingio— cabe salientar que, 2a nosse lingua, as voguis sio sempre centro de silaba, 20 jpasso que as consoantes sto fonemas marginais: 56 apacecem na sllaba junto 2 uma vogal. Semivogais. . Entre as vogais © as consoantes situam-se as semivogais, que sio os fonemas [if ¢ {a quando, juntos a uma vogal, com ela formam slabs. Fone- idl Heamente estas voguis assilabicas transcrevem-se (j] ¢ [vw Exemplificando: Em dite (‘dita] e via ['viw] 0 /i/ € vogal, mas em pai [’paj] e varia ['varju] & semivogal. Também é vogal o Ju/ em muro (‘sural ¢ ia [‘lua], mas semi- -vogal em men [mew] © quatro {'kwatea}, CLASSIFICAGAO DAS VOGAIS | t. Segundo a classificagio tradicional, de base fandamentalmente articulatéria, a5 vogais da lingua portuguesa podem ser: anteriores ou palatais 42) quanto & regito de articulagio centrais ou médias posteriores ou velares abertas semi-abertas ‘semisfechadas fechadas 3) quanto ao gran de aberture 4) quanto 20 papel da cavidades bueat e nasal { $525, Bde base acistica a classifcasgo em: 4) gui nett {Ste 2, Temse difundido recentemente uma classificagio das vogais com base em certo némero de tragos que so distintivos» numa perspectiva fonolégica on fonemética, isto & que apresentam caracterlsticas capazes pot si sé de opor um segmento fénico a outto segmento fbnico, 6 REE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEG! gouérICA H FONOLOGTA 2 Por exemplo: 0 ttago distintivo amzrrura, ligado (como veremoif Jo. do véu palatino, produzimos a série das vogais PosTERIORES Ou VELA- adiante com mais pormenos), do ponto de vista isiolbgico,& maior ow menor p55, isto 6 [4+ RECUADAS]: clevagio ou altura da lingua no momento da articulagio, opde 6 por si ‘peso (substantivo) a peso (forma verbal) ¢ a pisn (substantivo ou verbo). A p {oh [o} fh senga ou a auséncia de cada tmgo é, neste tipo de classificagto, assinalady Dentro da classificagio tradicional, que considera a boca dividida em pelos sinais matemiticos (+) ¢ (~). Assim: je] de peso (verbo) setif gus regides (anterior € posterior), as vogais [a] e [a], articuladas com a [+ baixo}, /e/ de peso (substantive) scré [~ alto], mas também [- baixo}f jingua baixa, em posigio de repouso, sio denominadas MEDIAS ou CENTRATS. a0 passo que ji de piso seri [+ alto]. De acordo com a classificagio mais recente, devem set inclufdas entre as Os tragos distintivos que devem set considerados na classificagio dos [4 necuADAs]. fonemas vocilicos portugueses dependem: 2) da maior ou menot eleva" ‘Também importante como elemento distintivo na articulagio das vogais ‘glo da lingua; 5) do recuo ou avango da regio de articulagio; ¢) do attell ¢ » posigio assumida pelos labios durante a passagem da cortente de ar expi- dondamento ou no arredondamento dos bios. ads, Podem eles dispdr-se de modo tal que formem uma saida arredondada De acordo com esta classificaglo, as vogais da lingua portuguesa podea para essa corrente, e teremos a série das vogais [-+ ARREDONDADAS]: ; Gh fob ow permanecer numa posigio quase de repouso, e teremos a série das vogais [- ARREDONDADAS]: fa), fe, fel. fi 2) quanto A maior ou menor elevagio da lingua 4) quanto 20 recuo on avango da articulagio { i Timbre, 4) quanto 20 arsedondamento ou aio arredondamento [ + acredondada dos labios { - Para a distinglo do crimns das vogais — qualidade acistica que resulta de uma composigio do tom fundamental com os hatménicos— ainda determinante, do ponto de vista articulatério, a forma tomada pela cavi- dade faringea e, sobretudo, pela cavidade bucal, que funcionam como tubo | de sessonancia ‘| eee : : ‘A maior largata do tubo de ressonfincia, provocada principalmente pela Dissemos que as vogais sio sons que se pronunciam com a via bu deo ciesarial ay dana lda ee see daeatedee livre, Mas, como acabamoe deer a0 apeseaat 08 freee ae gee 5 vogais chamadas 7 1: cagio, ito nfo significa que aca inrlevante pata dstinguras © moviments| "> Prods 28 vogsis fe eee | ADERTA: [4] seMt-AneMeAs: fel, 5] Axticulagio. dos érgios articulatérios. Pelo contritio. Esses eritétios baseiam-se na diver, sidade de tal movimento. © estreitamento do tubo de ressomincia, causado principalmente pela maior elevagio do dorso da lingua, produz as vogais chamedas sumr- auras‘) Assim: ‘Ao elevarmos lingua na parte anterior da cavidade bueal, aprox! sacra [ mando-e do palato duro, produzimos a sétie das vogais ANTERIORES ob] ancas J ravaTats, ou seja -nscuaDas]: (2h lad f0} {eh (el, Ge ¢ FscHapas [+ ALAS]: ‘Ao elevarmos a lingua na parte posterior da cavidade bucal, aproxim: i ey BREVE GRAMATICA DO FoRTUGUEs CoNTEMPORANEO| Intensidade ¢ acento, A mrmnsinane é a qualidade fisica da vogal que depende da forsa expi-| ratéria ¢, portanto, da amplitude de vibragio das cordas vooais. As vogais| gue se encontzam nas silabas pronunciadas com maior intensidade chamam| se TONICAS, porque sobre elas recai o ACENTO TONICO, que se caractetiza em portugués principalmente por um reforgo da energia expiratéria. As vogais que se eacontram em silabas nfo acentuadas denominam-se ArONAS. Vogais orais ¢ vogais nasais. Finalmente, & de grande importincia na produgio e catactetizacio, das ‘vogais, do ponto de vista articulatério, a posigto do véu palatino dueante 4 passagem da cotrente expiratéria. Se, durante essa passagem, o véw alan tino estiver levantado contra a parede posterior da fatinge, as vogais pro- duzidas serio onaxs: , [eh (el. &L bl fol bl Se, pelo conteitio, essa passagem sc der com o véu palatino abaixado, ‘uma parte da corrente expimatéria ressoand na cavidade nasal ¢ as vogais pro. duzidas serio Nasars: OL &, (2, (6), [a ronétiCh FONOLOGIA 29 Exemplos: - Ait, eve (6) | eso (0), PS] ph 40 | 100, pore posse, foo | rad, és normal do Bra vogal [x] $6 aparece em posigto ténica antes Bi Ermounte aasale Por exemplo: same (kamal, cana ("ans she Pap io come munca em opongo fa paradiingul segments nice de tignificado diverso, Do ponto de vista fonolégico, funciona, pols, como ‘varlante do mesmo fonema, ¢ no como fonema suténomo. f No portgoes europen nora, [a], quando ténic, arabém eparece, ta msioria Jos Eaton, antes de consoante nasal, a exemplo de cama, cara c carla. Mas nessa Snesma siteagio tonica existe uma oposigio de pequeno rendimento entze fale fl. B s que se observa, nos verbos da 2+ conjugato, etre as prime (1) Senoas do plural do presente (ex: amemor[a’mamafh e do pretéito per Fico do indicaivo (ex: amdmes [amar ‘Vogais t6nicas nasais. ‘Além das VoGAIS oRaIS que acabamos de examinar — cosresponden- tes a oito fonemas no portugues normal de Portugal, ea sete no do Brax sil; possai o nosso idioma, tanto na sua variante portuguesa como na bbrasileiza, cinco vocars NASAIS, que podem ser assim classificadas: Vogais ténicas orais. Toa Ps 1és normal de Portugal e do Beasil eee ara 0 portugul edo € 0 seguinte 0 qua- dro das vogais orais em posicfo ténica: Fechadas real [a] |+ales alten ‘Anteriones |] Médias | Posteriorea oe 7 z a =a ou palatais | ou centrais | ou velaree ‘Semi-fechadas a fa —recuat reevad: recvadae — 8 13 [rates “eet Seconda | contd i —altas, Semi-fechadas fa f fo Exemplos: Semivabertas @ a ae ; 4 baixas rim, senda, cante, 2, bornba, atum. bases & a z i a ny Como se vé no quadeo da pigina anterior, as vogais assis da lingua ~recuadas — |4secuadas —_|-+rocuadae pormuguesa sio sempre fechadas ou semi-fechadas. $6 em vatiedades regionais, Rtcssumonmd ft ascedondacdes aparecem vogais abertas ou semi-abertas como as francesas.

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