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Direito civil IV

Aula 2

FUNDAMENTO DA POSSE
DIREITO CIVIL IV
NOÇÕES GERAIS SOBRE A POSSE

 Jus possessionis
Se alguém, instala-se em um imóvel e nele se mantém, mansa e pacificamente,
por mais de ano e dia, cria uma situação possessória, que lhe proporciona direito
a proteção.
Tal direito é chamado jus possessionis ou posse formal, derivado de uma posse
autônoma, independentemente de qualquer título.

O nosso direto protege não só a posse correspondente ao direito de propriedade e


a outros direitos reais como também a posse como figura autônoma e
independentemente da existência de um título.
A posse é protegida para evitar a violência e assegurar a paz social, bem como
porque a situação de fato aparenta ser uma situação de direito. É, assim, uma
situação de fato protegida pelo legislador.
A posse distingue-se da propriedade, mas o possuidor encontra-se em uma
situação de fato, aparentando ser o proprietário.

 Jus possidendi (NÃO DÁ DIREITO AO USO CAPIAO)


Já o direito à posse, conferido ao portador de título devidamente transcrito, bem
como ao titular de outros direitos reais, é denominado jus possidendi ou posse
causal.
Tanto no caso do jus possidendi (posse causal, titulada) como no do jus
possessionis (posse autônoma ou formal, sem título) é assegurado o direito à
proteção dessa situação contra atos de violência, para garantia da paz social.

TEORIAS SOBRE A POSSE


 Teoria subjetiva, no qual se integra a de Friedrich Karl Von Savigny, que
foi quem primeiro tratou da questão nos tempos modernos; e
 Teoria objetiva, cujo principal propugnador foi Rudolf Von Ihering.

Teoria subjetiva de Savigny


Para Savigny, a posse caracteriza-se pela conjugação de dois elementos:
› o corpus, elemento objetivo que consiste na detenção física da coisa; e
› o animus, elemento subjetivo, que se encontra na intenção de exercer sobre a
coisa um poder no interesse próprio e de defendê-la contra a intervenção de
outrem. Não é propriamente a convicção de ser dono, mas a vontade de tê-la
como sua, de exercer o direito de propriedade como se fosse o seu titular.
Posse= corpos+ animus > tenho que ter os dois
Teoria subjetiva de Savigny
Os dois citados elementos são indispensáveis, pois, se faltar o corpus, inexiste
posse, e, se faltar o animus, não existe posse, mas mera detenção.
A teoria se diz subjetiva em razão deste último elemento. Para Savigny, adquire-
se a posse quando, ao elemento material (poder físico sobre a coisa), vem juntar-
se o elemento espiritual, anímico (intenção de tê-la como sua).

Teoria objetiva de lhering


Na teoria de Rudolf Von Ihering para que a posse exista, basta o elemento
objetivo, pois ela se revela na maneira como o proprietário age em face da coisa.
Para Ihering, portanto, basta o corpus para a caracterização da posse. Tal
expressão, porém, não significa contato físico com a coisa, mas, sim, conduta de
dono.
A teoria objetiva de Ihering foi adotada pelo Código Civil de 2002, como se
depreende da definição de possuidor constante do art. 1.196.
CONCEITO DE POSSE: "Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que
tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à
propriedade"

POSSE NÃO É:
Detenção
Embora, no entanto, a posse possa ser considerada uma forma de conduta que se
assemelha à de dono, aponta a lei, expressamente, as situações em que tal
conduta configura detenção, e não posse. Assim, considera detentor (fâmulo da
posse) conforme o art. 1.198 do Código Civil:
"Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de
dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento
de ordens ou instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve
este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que
prove o contrário"

Igualmente, não induzem posse, conforme anuncia o art. 1.208 do Código Civil:
"Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim
como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão
depois de cessar a violência ou a clandestinidade".
Ex.: roubo ou furto

Precariedade: quando pede pra sair ou quando termina o contrato de locação e a


pessoa insiste, quando permite a posse e a pessoa não quer sair, precariedade não
cessa, precário pois abusou da confiança…

POSSE E DETENÇÃO
Semelhança: Os dois institutos têm características semelhantes, considerando
que, em ambos os casos, tanto o possuidor quanto o detentor exercem poder
fático sobre a coisa.
Diferença: o possuidor tem o direito de ajuizar ações possessórias ou de
usucapião (pois possui a coisa como sendo sua, de forma definitiva).
O detentor não compartilha desses direitos, pois apenas conserva a coisa em seu
poder, mas em nome de outrem, isto é, do possuidor.

Atos de mera permissão ou tolerância


Temos mais dois dispositivos que mencionam outras hipóteses em que aquele
exercício de fato não constitui posse, configurando, portanto, detenção.
Assim, a primeira parte do art. 1.208 proclama que "não induzem posse os atos
de mera permissão ou tolerância".

Atos violentos ou clandestinos


A segunda parte do citado art. 1.208 do
Código Civil acrescenta que igualmente não autorizam a aquisição da posse "os
atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a
clandestinidade"

DETENTOR QUE FAZ JUS À PROTEÇÃO


POSSESSÓRIA
Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á
provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de
alguma das outras por modo vicioso.

Nomeação à autoria do proprietário


O art. 338 do Código de Processo Civil impõe àquele que detém a coisa em nome
alheio e é demandado em nome próprio o ônus de nomear à autoria o proprietário
ou possuidor.
Assim, o detentor, quando demandado em nome próprio, deve indicar o
possuidor ou proprietário legitimado para responder ao processo, sob pena de
responder por perdas e danos, nos termos do art. 339 do citado diploma.

Locador posse indireta pois ele tem posse da coisa, se ele acordar e quiser vender
a casa ele pode
Locatário tem direito de uso, ele tem posso direta
Exemplo: duas pessoas tem a posse de um imóvel, dois irmão são os
proprietários, o irmão 1 mora na casa e o irmão 2 não mora
O irmão 1 tem posso direta e o irmão 2 tem posse indireta

Questão 1 - Nossa Caixa 2011 - FCC - Advogado


Aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a
posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas, considera-
se:
o Possuidor indireto.
 Detentor
o Possuidor direto
o Possuidor clandestino
o Proprietário

Questão 2 - Fundação Getúlio Vargas (FGV) - 2016 - MPE/RJ - Analista do


Ministério Público
Durante anos Berenice manteve limpo o terreno situado ao lado de sua
residência, contratando periodicamente os serviços de Amarildo roçar e retirar o
mato evitando assim a presença de animais e a utilização do local para atividades
indesejadas, como a presença de deitados ou de casais para encontros íntimos. O
terreno pertence a Mirela que está residindo na Alemanha, sempre que Bernice
percebia que o mato estava alto, e que pessoa estavam utilizando o terreno para
os fins mencionados, solicitava a Amarildo, no dia seguinte, que limpasse o
terreno e cortasse o mato.
É correto afirmar que Berenice:

o a) é possuidora do terreno, podendo inclusive usucapir o imóvel;


o b) é possuidora direta do terreno, não podendo usucapir, por falta de
ânimo de dono;
o c) é a proprietária do terreno;
o d) não está exercendo a posse do terreno, mas Amarildo está;
 e) tem no máximo a detenção eventual do terreno, não podendo ser
considerada possuidora.

POSSE DIRETA E POSSE INDIRETA


A divisão da posse em direta e indireta encontra-se assim definida:
"A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em
virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi
havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto" (CC,
art. 1.197).
Elas ficam paralelas

• Posse direta ou imediata: é a daquele que tem a coisa em seu poder,


temporariamente, em virtude de contrato (a posse do locatário, p.
ex., que a exerce por concessão do locador - CC, art. 1.197).
• Posse indireta ou mediata: é a daquele que cede o uso do bem (a do locador, p.
ex.). Dá-se o desdobramento da posse. Uma não anula a outra. Nessa
classificação não se propõe o problema da qualificação da posse, porque ambas
são posses jurídicas (jus possidendi) e têm o mesmo valor.

Ex.:
Direta- locatário (Aquele que tem poder temporariamente)
Indireta- locador (Defende sua posse contra o indireto)
Uma posse não anula a outra > elas são paralelas
DIREITO CIVIL IV
•Esquematizado
- Direito Civil
Contratos em espécie - direito das coisas,
pág. 374 a 393 segunda parte, capítulo 3.
-Artigos 1.197,
1.199, 1.200, 1.201
1.202, 1.208,
11.211 do Código Civil.

Aula 3

Posse exclusiva: é a posse de um único possuidor.

É aquela em que uma única pessoa, física, jurídica, tem sobre a mesma coisa, posse plena,
direta ou indireta.

Plena é a posse em que o possuidor exerce de fato os poderes inerentes à propriedade, como
se sua fosse a coisa.

Composse: quando duas ou mais pessoas possuem simultaneamente, poderes possessórios


sobre a mesma coisa. > “Art.1.199 - Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá
cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contando que não excluam os dos outros com
possuidores”.

Interdito possessório de um compossuidor contra outro

Qualquer dos compossuidores pode valer-se do interdito possessório ou da legítima defesa


para impedir que outro compossuidor exerça uma posse exclusiva sobre qualquer fração da
comunhão.

Composse “pro diviso” e “pro indiviso”

Podem estabelecer uma divisão de fato para a utilização pacífica do direito de cada um,
surgindo, assim, a composse pro diviso.

Permanecerá pro inidiviso se todos exercerem, ao mesmo tempo e sobre a totalidade da coisa,
os poderes de fato (utilização ou exploração comum do bem).

Posses paralelas

Posse múltiplas

Posse justa e posse injusta

Art. 1.200 cc – É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária”. A posse justa é
mansa, pacífica e adquirida sem violência.
Injusta, posse que ocorre por pelo menos um dos vícios da posse (violência, clandestinidade ou
precariedade). Não produz efeitos contra o legítimo possuidor (para quem esta situação
jurídica não passa de detenção), muito embora o possuidor injusto possa fazer manejo dos
interditos possessórios contra atos de terceiros.

 Posse violenta: adquirida através do emprego de violência contra a pessoa.


 Posse clandestina: adquirida às escondidas.
 Posse precária: decorrente da violação de uma obrigação de

Violência e a clandestinidade podem, porém, cessar. Nesse caso, dá-se o convalescimento dos
vícios. Enquanto não findam, existe apenas detenção. Cessados, surge a posse, porém injusta.

Com efeito, dispõe o art.1208 do código civil que não induzem posse os atos violentos ou
clandestinos, “senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade”.

Posse de boa-fé e posse de má fé

É de boa-fé a posse se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da


coisa (art. 1.201 cc).

A crença do possuidor de encontrar-se em um situação legítima. Basta que a posse seja justa.
Ainda que de má-fé, o possuidor não perde o direito de ajuizar a ação possessória

A boa-fé somente ganha relevância com relação a posse em se tratando e usucapião, de


disputa sobre os frutos e benfeitorias da coisa possuída ou da definição da responsabilidade
pela sua perda ou deterioração.

Justo título > ex. quando se tem escritura, recibo de compra e venda para transferência

Juris tantum>

Art. 1202- A posse boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as
circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.

Posse nova e posse velha

Nova- é a de menos de ano e dia

Velha- é a de ano e dia ou mais

“Art.1201- quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a


que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de algumas outras por modo vicioso”

Classifica-se a posse velha ou nova quanto à sua idade.

Cpc art.558

Aula 5

A proteção possessória

A proteção conferida ao possuidor é o principal efeito da posse. Dá-se de dois modos:


Pela legítima defesa e pelo desforço imediato (autotutela, autodefesa ou defesa direta), em
que o possuidor pode manter ou restabelecer a situação de fato pelo seus próprios recursos; e

Pelas ações possessórias, criadas especificamente para a defesa da posse (heterotutela).

Interditos possessórios ações possessórias

 Manutenção da posse turbação


 Reintegração de posse esbulho
 Interdito proibitório ameaça

Esbulho: quando você não posse sobre sua propriedade, ex.: invasão

Turbação quando você não 100% de posse sobre sua propriedade, quando você quer fazer
algo mas não pode porque tem alguém usufruindo de parte da sua posse.

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