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) A PIERRE TEILHARD DE CHARDIN O. FENOMENO HUMANO EDITORA HERDER S40 PAULO | PRoLoGo | VER Fins pisiaas represetaze um esfxgo para ver « fe ver 0 que ves a ser e.0 que cxige 0 Honen Se 0 Colocaies, robo lated e até 90° fin, 20. quad das ap soci Ponque procures ver? B porque far especialmente 0 | goss elhar sobre © object humabo ? Ver, Poderseia dizer que toa a ida cooste em er, — seodo fnalmente, pelo menos eeencialmente. Ser mais € Smieae mais tas serio. 0 reaimo e 2 prbpsia condusfo dita obra Mas, como vericaremos ainda, « unidade nfo fumenta senfo sustentada por um actscino de conscénd, ‘to € de visto, Fis porque, sem divida, a itr do Mando ‘wo sever 2 elaborayio de olbos cada ver als pefeits bo sso de un Cosmo onde € poutvel dace ada ver fous, A perfegfo de um anal, a suptemacia do er pen- Slote, nfo se avalao pela penctrglo e pelo poder sin ten do seu olkar? Procurar ver mais e melhor fo, pois, toma fantasia, uma curiosidade, tm toxo. Ver ou peceer. Tal € a sinailo impata pelo dom miseriow da exstinca 2 ado quanto ¢ elemento do Universo. E tal & por cose {otaca, num gran superior, condigo mass. Mas, ce conbeter € verdaderamente to vital © bestif- cante, porque digit, insio, a nos steno de preferéaca pars 0 Homem ? Nio etait jf 0 Homen sufientemeate Ecscrito? Nio serd le sufidentements enfadonho ? E afo irs preestmente um dos stractvos da Cltnia em des SPENSER TT TTT TFET 6 (© FENOMENO HUMANO iar 05 nossos olbos © pousilos sobre um objecto que deixe cafim de ser nbs préptios ? Por dupla raxio, que duas vezes 0 fax centro do Mundo, © Homem impée-se 20 nosso esforgo para ver, como shave do Univers. Subjectivamente, e antes de mais, somos inevtivelmente centro de perpediva, em telacio a nbs mesmos. Teri sido andra, provivelmente necessiria, da Cacia nasceate, ima inar que podia observa 0s fenémenos em si, como’ ses dlesensolassem independentemente do nbs prbprios. Instit- ramente,fisios ¢ naturalists operaram a prindpio como se-0 seu olbar mergulhaste do alto sobee um Mundo que 4 sua conscigncia podia penetrar sem ser marcada por ele «sem o modifier. Comegam agora 2 perceber que as suas observaches mais cbjectivas estio todas impregnadas de con- ‘egies escolhidas de inicio, e também das formas ou manc- tala de pensar desnylidas no deco do proceso histérco da Iavestigagio, Chegados a0 extero das suas anilises, jf nfo saber dizer se a estraura por eles atingida € 2 essncia da Matéria que estudam ou ent¥o o reflexo do seu préprio. B simultiaeamente lembram-e que, forlun codgape das sas doxebetas: ces pay se encontram envolvides, corpo ¢ alma, na rede das rlacbes vam lancar de fora sobre a8 cosas: apanhedos na Shs pep armada, Metso « cxomotfane, die tum getlogo, Objeco ¢ sujeto aliamse tansformamse mituamente no acto de coecimento. Quer queira quer aio, a partir de entio, o Homem encoatrase e olha-se a si pro- prio em tudo 0 que vé ‘Es uma servidio, mas imediatamente compeasada por uma segura € fniea grande Para um observador, & simplesmente banal, ¢.at€ cons trangedor, tansportar consign, para onde quet que vi, 0 Sooinentna 261060 7 centro da paisagem que atravessa. Mas que acontece 20 cami ahante se 0 2250 do passeio o leva a urn posto saturalmence propici ( cruzamento de estradas ou de vales), 2 partir do qual nfo simente o olhar, mas as préprias cosss icradiam ? Eatio, cincdindo © ponto de vista subjectivo com uma dis- tubuigSo objectiva das coisas, a percepeto estabelecese na sa plenitude, A paisagem decifrese e iluminase, Vemos. ‘Tal paree se 0 privilégio do conhecimento humnano. Nio é necessirio sere homem para aperceber os objec. tos ¢ as forcas «em circulo 2 sua volta, Todos os animais se encontram neste caso, tal como nbs préprios. Mas é petptio do Homem ocupar na Netureza ‘uma posigio tl que esta convergéncia de linhas aio apenas visual, mas cesmutual. As péginas que se seguem nada mais faio do que verificar e analitar este fenémeno, Em virtude da squulidade © das propredades biolégicas do. Pensamento, ncontramo-nos colocados num porto singular, nam 16, fosta experiéncia, Centro de perspectiva, o Homem € a0 mesmé tempo centro de consiresdo do Universo. Tanto pot ‘onveniéncia como por necessidade, € pois a ele que, final mente, toda a Cidnca tem de set seferds, —Se, verdadeire ‘mente, ver € ser mais, olbemos o Homem, e viveemos mais. E pas xomidemos cone «nse wt gue existe, 0 Homem oferccese em especticalo 4 Si préprio, De facto, hi derenas de séculos que outa visa aio faz senfo olharse a si mesmo, E no entanto, mal scomega 2 adquirir uma visto centfica da sua signifi t Fa do" Main, Nin ns sion do Ino so despertar. Muitas vezes, nada hi tio dificl de Cie gu devin slras acs ls, No in atianca de uma educagio pata separat as imagens que a5 diam a sua retina recroaberta? Ao Homen, pies teal 8 (0 FENGMENO HUMANO mente descobrit 0 Homem, era necessitia toda uma série de «sentidos>, cuja aquisigdo gradual, como teremos oct Sifo de dizer, abrange e sta a ptOpria hiséria das lutas do Espirito. Sentido da imensidade espacial, na grandcza e na peque- ‘neo, que desarticule e espactje, no interior de uma estera de raio indefjnido, os circulos dos objectos comprimidos & nossa voz, Sentido da profundidade, que repila Isboriossmente, 20 longo de séries iimitadas, através de distincias temporais desmedidas, acootecimentos que uma espécie de gravidade tende contiauamente a comprmie para nbs numa téaue folha de Passado, Sentido do mimero, que descubra ¢ aprecie sem pests rejar 2 multidfo alucinante de clementos materials ou vivos fmplicados 1a menor teansformagio do Universo Senvido da proporsso, que avalie tanto quanto possvel a diferenga de escala fisica que separa, nas dimeasSes ¢ n0s ritmos, 0 dtomo da nebulost, 0 infimo do, imenso. ‘Sento da qualidade, ov da novidade, que chegue, sem desruir a unidade fisica do Mundo, a dstinguir na Natuzeza esealbes absolutos de perfegio e de crecimento. Sentide do movimento, capaz de perceber of irresist- eis desenvolvimentos que se ocultam nas mais frouxas len- tidées,—a extrema agitagio que se dissimla sob um véw de reponso,—-o inteiramente novo que se insinwa no into da repetiio monétona das mesmas coiss Scnrido do orginico, cnfim, que descubra a8 ligagSes fisi- ‘as e a unidade estutural sob a justaposicéo superficial des sacesses © das colectividades “A falta destas qualidades no nosso olhaz, o Homem per maneceri indefinidamente para nés, por mais que se faca __ para nos fazer ver, o que ele ainda @ para tanta intelgén- Pa6toco 9 as: um objecto etsitico um Mundo descoajuntado.— Bovanesase, pelo contririo, da nossa éptica a tiplice ilusfo dda pequene, do plural e do imével, ¢ 0 Homem viré ocupar sem enforgo o lugar central que anuncidvamos : cume momen tiinco de uma Antropogéaese que, por sua vez, coroa uma Cosmogénese. ‘O Homem nfo pode verse completamente fora da Huma- ridade ; nem a Hamanidade fora da Vida; nem a Vida fora do Universo. ‘De onde o plano essencial deste trabalho : a Pré-Vida, a ‘Vida, 0 Pensamento, —teés acontecimentos que desenham 20 Passado e determinam para 0 Futuro (a Sobrevida!) uma 36 ¢ Gnica trajectéria 2 curva do Fenfmeno humano, Fendmeno bumano, — digo bem. Esta expressio, nfo a emprego ao acaso. Por trés rantes a excoli. Primeiro, pata sfjrmar que o Homem, na Natureza, € ‘verdadeiramente um facto que releva (pelo menos parcal- mente ) das exigéncias e dos métodos da Citacia. Em seguids, para fazer compreender que, entre os factos que se oferecem 20 nosso conhecimento, nenhum & mais extezordindrio nem mais iluminante. Finalmente, para insists bem sobce o carfcter especial do ensaio que apresento, (© meu Gnico fim, e a minha verdadeira forga, no decurso destas piginas, simplesmente, sepito, procurar ver, isto & desenvolver uma perspeiva bomogénea e coerente da nossa ‘experiéncia geral extensiva ao Homem. Um conjunto que se desdobra. mae ‘io se busque, pois, aqui uma explicaglo iltima das ‘coisas —uma metafisica. E que também ninguém se equ voque acerca do grau de realidade que eu confiro as dife- rentes partes do filme que apresento. Ao tentar dar uma 10 © FENOMENO HUMANO ideia do Mundo antes das origens da Vide, ou da Vide 10 Paleosbico, nfo esquecerei que haveria contradiéo cbsmica em conceber um Homem como espectador destas fates ante- rioces a0 aparecimeato de qualquer Pensamenio sobie a ‘Tetra. Nio me proporci, pois, descrevélas como foram real- mente, mas como devemos imaginé-las a fim de que, neste momento, 0 Mundo seja verdadeiro para 6s : 0 Passado, nfo em si, mas tal como aparece a um observador situado no came avancado onde nos colowm a Evolugéo. Método seguro € modesto, mas Safciente, como veremos, para fazer surgit por simetris, para a frente, surpreendentes vsSes do Farueo, Bem entendido, mesmo reduzidas estas bumildes pro- posses, a5 considerasBes que tento exprimir aqui so em Brande parte tentativas, ¢ tentativas pessoais, O que é cet0, porém, que, apoiadas num considerivel exforgo de inves: tigagio © numa zeflesio prolongeds, elas dio wma ideia, ‘com um exemplo, da maneita como se ple hoje, a0 plano da Giacia, 0 problema humano, Tstudado eftritamente em si mesmo pelos antropélogos «pelos juristas, o Homem & uma cost minima, ¢ até ames- ‘quinhadora, A’ saa individaalidade, por de mais vincads, issimnla 10s noseos olhos a Totalidade ¢, por isso, 0 n0ss0 fespitit, 20 consdectlo, & levado n parcelar a Narurera € a esquecer as ligagSes profundas ¢ os desmedidos horizon- tes desta tktima : todo 0 meu antropoceniisme. Donde tendéocia, ainda sensivel nos sibios, em néo actitar do Homem, como objecto da Ciéncia, seno 0 seu corpo. Chegou 0 momento de reconhecer que wma intesprets- so, mesmo positivista, do Universo deve, para ser satisfa- Aria, abranger tanto © « dentro» como 0 « fora das Coi- sas——tanto 0 Espico como a Matéria, A verdedeira Fisica Pné10co. 1 tug np wn apt Hann a es tepresentacio coerente do Mundo. Sa i i cw cin earns uit eta sien lew oe meridia ope ee wit Shane g Tet ne rare ets a Bec Tale Wee gett ad a Stance ia cu so a —om ee oe a SEO. Stas cae

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