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A Terra, no

Princípio
Por

Eric N. Skousen , Ph.D.

Título do

Original em

Inglês “Earth

in the

Beginning”
Dedicatória

Este livro é
dedicado a
Jesus Cristo,
O Criador
e Salvador
Do
Planeta
Terra
e de tudo que ele abriga
Tiras da
capa
(1ª)

Investigando as origens da Terra muito antes de


ela existir, este livro de vanguarda explora, em
vívidos detalhes, todos os eventos importantes
ocorridos até que a mortalidade de Adão e Eva
tivesse início.

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Só depois que os escritos originais de Moisés e


Abraão foram restaurados é que os estudiosos
contemporâneos da história da criação da Terra
tiveram condições de justapor os fatos
esclarecedores que são apresentados neste livro.

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Respostas a centenas de indagações
desconcertantes sobre a criação da Terra são
apresentados pelo Dr. Skousen, demonstrando
que a ciência na verdade confirma tudo aquilo
que os profetas de Deus vêm dizendo há milênios
a respeito da história da Criação.

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Para aqueles que apreciam o estudo tanto das


descobertas da ciência como das revelações de
Deus, este livro representará um exercício
estimulante e provocador. A crítica literária assim
se manifestou:

“Destinado a ser um “best seller”


permanente... um clássico da teologia
mórmon.”

“Comoveu meu coração tanto quanto minha


mente... leitura fascinante.”
“Uma obra-prima – sem dúvida foi desta
maneira que tudo aconteceu.”

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Entre as questões formuladas e respondidas
neste livro contam-se:

- Onde teve lugar a criação da Terra? Quem


participou dela?

- A Criação levou 6000 anos ou milhões de anos?

- Como principiou a vida na Terra? Como ela se


desenvolveu?

- Houve seres humanos como nós vivendo na


Terra antes da chegada de Adão e Eva?

- Que evidências científicas da obra criativa de


Deus existem no registro rochoso?

- Por que a Queda de Adão teve implicações


astronômicas e geológicas tão grandes
para o planeta Terra?

- Qual será o destino da Terra após haver


“cumprido a medida de sua criação”?
Como isso está interligado com a história
de sua criação?
Tiras da

Capa (2ª)

Sobre o

autor

Eric N. Skousen nasceu em 1941 em Washington,


D.C. e foi educado na Califórnia e em Utah.
Formou- se pela Universidade de Brigham Young,
com Bacharelado em Ciências, Mestrado em
Artes e Física e Doutorado em Engenharia
Mecânica.

Somando-se a sua extensa carreira como


professor universitário e participante em
sociedades científicas honorárias, o Dr. Skousen
trabalhou como cientista nos campos de sistemas
de energia, dinâmica dos fluidos e física espacial.

Ele é autor de vários livros populares sobre


política energética e energia nuclear. Muito
viajado, deu inúmeras palestras nos Estados
Unidos, América do Sul, Europa e Oriente Médio
sobre temas relacionados ao evangelho e suas
pesquisas científicas.

O Dr. Skousen é esposo de Cheryl Jones, de Salt


Lake City, Utah, e eles são pais de oito filhos.
Prefácio do Autor

Este livro teve início em março de 1961, num leito de


hospital em São Paulo, Brasil. O esboço que delineei
naquela ocasião evoluiu eventualmente para um estudo do
planeta Terra, sua origem, história e destino. As perguntas
para as quais eu buscava resposta são aquelas que
freqüentemente formulamos a nosso próprio respeito,
apenas aplicados ao planeta sobre o qual vivemos:

De onde

vem a

Terra? Por

que ela

está aqui?

Para onde

ela vai?

Em busca da história real da criação da Terra, acabei


descobrindo muitas coisas importantes.

Em primeiro lugar, já no princípio da pesquisa tornou-se


óbvio que a inteligência supremamente brilhante a quem
temos o privilégio de chamar de nosso Pai Celestial é,
acima de tudo, um Deus de leis. Ele ocupa-se com relações
de causa e efeito. É um Mestre Planejador divino, que
opera dentro de um esquema composto por objetivos e
projetos.

Descobri também que dogmas ou “afirmações sem provas”


não têm lugar, seja no reino de Deus, seja nos laboratórios
da ciência. Muitos exegetas e cientistas prestaram um
grande desserviço a honestos pesquisadores da verdade,
agarrando-se dogmaticamente a interpretações
particulares de certas questões.

Percebi ainda que qualquer incursão pelos labirintos


secretos da ciência de Deus precisa necessariamente ser
feita com humildade, pois o próprio Senhor declarou:
“nenhum homem pode contemplar toda a minha glória e
depois permanecer na carne sobre a Terra.” (Moisés 1: 5)
Não obstante, Deus também nos ordenou: “nos melhores
livros buscai palavras de sabedoria; procurai conhecimento,
sim, pelo estudo e também pela fé.”
(D&C 88: 118)

Essa ordem de obter conhecimento em todas as fontes,


sobre todas as coisas, é uma injunção séria. Significa que o
que foi descoberto por investigações científicas deve
integrar nosso aprendizado. E aquilo que o Senhor revelou
a seus profetas com respeito à Terra deve ser parte de
nossa fé. Quando a fé e a ciência são corretamente
investigadas e compreendidas, elas não se contradizem.
Havendo obtido o maior volume de informações possível,
devemos testá-las. Depois é preciso correlacioná-las,
verificar a conexão que existe entre aquilo que sabemos ser
verdade e o que parece ser verdade. Nesse processo será
necessário reexaminar e reavaliar continuamente nossas
hipóteses, nossas pressuposições básicas e nossas
conclusões preliminares.

É desta forma que tentaremos chegar o mais próximo


possível das verdades supremas da ciência de Deus. Com
uma genuína dedicação ao aprendizado da ciência divina,
pelo estudo e pela fé, acabaremos comprovando que já
nos foi revelado, nesta Terra, um cabedal incrivelmente
abundante de conhecimento. E, o que é mais, se
estudarmos em profundidade os discursos e escritos dos
líderes do Sacerdócio, começando por Joseph Smith até o
profeta vivo de hoje, veremos que esses homens inspirados
usufruem uma percepção muito mais profunda dessas
revelações do que nós. Assim sendo, a tarefa desta
geração não é rogar por mais revelações a respeito da
Terra e do Universo, mas assimilar
melhor o que já possuímos, para que possamos estar
preparados para receber as revelações adicionais que o
Senhor prometeu ainda nos enviar (D&C 101:32-34).

Veremos então nestas páginas uma história da existência


primitiva de nosso planeta, contada do ponto de vista
daqueles que plasmaram a Terra e interpretada pelas
mentes inquiridoras dos que nela habitam. Sendo um
desses falíveis habitantes, assumo completa
responsabilidade por quaisquer erros aqui contidos,
particularmente se forem conclusões incorretas ou
interpretações distorcidas, baseadas em dados falhos ou
insuficientes.

Daqui a não muito tempo o Senhor esclarecerá todas as


dúvidas a respeito das muitas questões levantadas e
analisadas nesta obra. No aguardo daquela época de
revelação e conhecimentos ocultos sobre a Terra, é minha
esperança que este livro estimule uma maior investigação
doutrinária e científica sobre o grande labor de Deus em
nosso benefício.
Reconhecimentos

Uma das bênçãos excepcionais da mortalidade é conviver


com pessoas verdadeiramente maravilhosas. A maior de
minhas bênçãos é minha esposa Cheryl, que tem sido fonte
de contínuo apoio na consecução desta obra, mesmo
gerando e criando oito filhos maravilhosos. Ela é uma
editora perspicaz e auxiliou-me muitíssimo, esclarecendo e
aperfeiçoando a redação deste livro.

Este trabalho também tem sido um projeto familiar, em


muitos outros aspectos. Recebi estímulo, em tudo, de
meus pais devotados e leais, W. Cleon e Jewel Skousen.
Minha mãe, em particular, contribuiu com seu excelente
conhecimento de questões tipográficas e estéticas.

Meus filhos – Richard, Dan, Jered, Eldon, Sherie, John,


Tiffany e Geoff – apoiaram este trabalho de diversas
maneiras. Ao discutirmos questões relativas à Criação, eles
apresentaram dúvidas que exigiam comprovação e ainda
ofereceram muitas sugestões valiosas.

Agradeço em especial a assistência ao computador de


Sherie e seu marido Greg Boss, que me auxiliaram tanto
com vários programas avançados de “software” como com
sistemas de “hardware”, os quais verdadeiramente
tornaram possível esta publicação. Minha filha Tiffany
trabalhou longas horas preparando as ilustrações. E estou
particularmente em dívida com meu filho Richard, que por
muitos anos incentivou a publicação deste livro, e agora
atingiu essa meta através de seus recursos de “software”
de computador e de sua companhia editora. Ele contribuiu
com muitas horas valiosas de ajuda na difícil tarefa de
converter meu manuscrito numa obra profissional e
cuidadosamente editada de impressão.

Entre os muitos amigos que prestaram apoio, desejo


reconhecer a valiosa contribuição de Jerry Gallacher. Nossa
amizade nasceu no princípio do primeiro ano do curso
fundamental e continua até hoje. Em anos recentes Jerry
colocou à minha disposição recursos de “hardware” e
“software” de computador que me ajudaram a concluir
este projeto quase sobre- humano.

Desejo também reconhecer o excelente trabalho artístico


de meu genro Gregory J. Boss, que criou a capa.

Há outros que auxiliaram muito neste projeto. Entre eles


Leslie W. Jones, Jr., Michael E. Skousen e Paul Skousen.
Agradeço também a Kirk Bradley, Geoffrey Potts e muitos
outros alunos meus, por espicaçarem minha curiosidade
intelectual com suas perguntas atiladas sobre a criação da
Terra, provocando-me a buscar resposta para suas
questões.

Eric N. Skousen.

Orem, Utah, julho de 1996


Prefácio à Edição Revisada e Ampliada

É gratificante para um autor ter um livro seu tão bem


recebido. Ofereceram-me também muitas sugestões
valiosas para aperfeiçoá-lo.

A criação da Terra é tão interessante que suscita a todo o


tempo discussões paralelas intrigantes, as quais tendem a
interromper o curso linear da história. Para resolver esse
problema, reestruturei o livro e incluí muitas das discussões
paralelas como Apêndices, cada um dos quais pode ser
valioso para o leitor interessado, mas não esgota
necessariamente a matéria.

Nesta nova edição revisada e ampliada adicionei diversos


capítulos introdutórios, que ajudam a preparar uma base
melhor para o estudo dos temas que aparecem a seguir.
Além disso, transferi dois capítulos um tanto técnicos para
o final do livro, transformando-os em Apêndices.
Acrescentei ainda outros Apêndices.

Entre eles contam-se um ensaio sobre o emprego da


“ciência” e da “religião” como instrumentos para a busca da
verdade, uma discussão sobre a inteligência da matéria,
uma análise técnica dos relatos da Criação de Moisés e
Abraão, um estudo breve sobre a possibilidade de ter
havido um “Invólucro de Água” circundando a Terra
Primitiva, uma alentada descrição da Tabela do Tempo
Geológico e, finalmente uma explanação crítica de métodos
radiométricos simples de datação.

O Capítulo 4 é um breve resumo da história da Criação e


espera-se que auxilie o leitor a entender o significado dos
três períodos, ou estágios, que a compõem.

Desejo reconhecer a ajuda de muitas pessoas maravilhosas


que trabalharam cada uma à sua maneira para auxiliar-me a
completar esta edição revisada e ampliada. Entre elas estão
minha esposa Cheryl, Greg e Sherie Boss, Richard N.
Skousen e Lorie N. Davis, os quais ofereceram muitas
sugestões valiosas para aperfeiçoar o texto e seu formato.
Em especial estendo meu afetuoso agradecimento ao Dr.
Douglas R. Smith e Nancy Radle, por sua genuína amizade
e assistência a fim de tornar possível a execução desta
nova edição.

Eric N. Skousen

Orem, Utah, outubro de


1997
Prefácio à Terceira Edição

Nos diversos anos que se passaram, recebi algumas


sugestões valiosas para aperfeiçoar ”A Terra, no Princípio”.
São essencialmente alterações editoriais de menor monta,
com exceção de várias adições importantes ao Capítulo 2 e
ao Apêndice B. Reafirmo que é gratificante para um autor
ter um livro seu tão bem recebido.

Eric N. Skousen

Orem, Utah, setembro de


2006
Bibliografia

Para Bibliografia, consultar as páginas finais do original em


inglês
Capítulo 1

Prólogo
.

“Todas as coisas prestam


testemunho de Mim (...).”

(Moisés 6:63)

Museus, filmes e revistas...

Visitar um museu repleto de ossos fossilizados de


dinossauros é muito empolgante! Igualmente interessante
é folhear uma bela revista ou livro ilustrado sobre
dinossauros. E é ainda mais estimulante assistir filmes bem
produzidos que criam visões jurássicas de mundos
perdidos, repletos de estranhas formas de vida antigas que
vagavam no passado pela superfície da Terra. As
exposições, revistas, livros e filmes nos levam a representar
com os olhos da mente “lagartos gigantes” tonitruantes,
vagando por planícies sinuosas e dormitando em lagoas
límpidas, enquanto répteis colossais, com asas de couro,
levantam vôo de montanhas rugosas para planar sobre o
cenário abaixo.

Nos museus de História Natural, nos filmes, livros e revistas


científicas, bem como nas escolas, nos é explicado que
esses animais colossais viveram em grande número sobre a
Terra milhões de anos atrás. Aprendemos que eles todos
eram parte de um complexo edifício ecológico, habitado
por plantas e animais estranhos e desconhecidos, que
precederam as formas modernas de vida sobre a Terra.
Com o correr do tempo, através de muitas eras e por
processos inteiramente naturais, teoriza-se, ancestrais
hominídeos (por vezes denominados “homens das
cavernas”) e finalmente modernos seres humanos
desenvolveram-se sobre a Terra. E foi assim que a
humanidade e outras formas de vida atuais vieram a existir.

Nós voltamos para casa com a cabeça cheia, ruminando e


especulando sobre tais maravilhas.
... E um outro enfoque

Mas existem outras alternativas da história da Criação ao


nosso alcance. Nas reuniões do Sacerdócio, Sociedade de
Socorro e Sacramentais, na Escola Dominical e nas classes
do Seminário e Instituto aprendemos os relatos da Criação
de Gênesis, na Bíblia, e dos livros de Moisés e Abraão, na
Pérola de Grande Valor. Os que são dignos de frequentar
a cerimônia de investidura do templo também recebem
ensinamentos a respeito da história da criação da Terra.
Em todos esses relatos os eventos ocorrem em uma
seqüência simples e lógica, culminando com a chegada de
Adão e Eva ao Jardim do Éden.

Mas onde fica a história dos dinossauros? Na verdade, onde


fica a descrição de qualquer das formas de vida fossilizadas
da Terra? E, especialmente, como se explicam aqueles
homens das cavernas dos quais tanto ouvimos falar?

E, para complicar ainda mais a questão, alguns concluem


pelas Escrituras que a Terra foi criada em cerca de seis mil
anos. Outros dizem que são bilhões de anos. Alguns dizem
que todas as formas de vida da Terra, inclusive os fósseis,
foram colocadas por Deus sobre ela em um único instante
geológico. Outros dizem que os fósseis retratam a evolução
gradual de simples formas de vida para formas mais
complexas – em especial o homem.
Não admira que a história da criação da Terra se constitua
numa enorme confusão, com os crentes devotos das Santas
Escrituras opondo-se frontalmente às descobertas
científicas.

E, no entanto --

Todas as questões levantadas acima (e ainda mais!) têm


resposta. Os geocientistas descobriram dados
incontestáveis a respeito da história da Terra. Os profetas
do Senhor são igualmente precisos ao relatar suas visões
da Criação. E do conjunto combinado dos dados científicos
e das verdades reveladas pode-se extrair uma história
consistente da Criação. Para isso não temos que violentar
as Escrituras, a fim de que fiquem mais palatáveis às
teorias correntes da História Natural. Nem precisamos
distorcer as consistentes descobertas científicas para que
melhor se adaptem às revelações teológicas.

Este livro contém um panorama geral da história da


Criação. Ele fundamenta-se nas doutrinas consagradas dos
profetas do Senhor. E baseia-se também em fatos (não
teorias) repetidamente documentados da pesquisa
científica. Neste livro os geocientistas perceberão que suas
descobertas permanecem intactas e confirmadas. E aqueles
que estudam as Escrituras encontrarão aqui defesa e
confirmação para as visões relatadas pelos profetas.

Muitos motivos excelentes para se estudar a


História da Criação
Existem evidências detalhadas da criação da Terra
praticamente em toda a parte ao nosso redor, o que nem
mesmo um observador casual pode deixar de perceber –
elas estão em inúmeras Escrituras, na cerimônia do templo
e no registro geológico abaixo de nossos pés. São tantas as
evidências que se tem a impressão de que obter esse
conhecimento é uma das coisas que Deus requer de nós
nesta vida mortal. Brigham Young certamente pensava
assim, pois instruiu aos santos:

“Procurai aperfeiçoar vossas mentes. Enriquecei-as com


toda a sorte de conhecimento verdadeiro existente na
Terra. Pela fé, vivei de modo a usufruir o Espírito Santo.
Aprendei o propósito da criação do homem, da formação da
Terra, de que elementos ela é composta, e qual a sua
finalidade.” (1)

Além de satisfazer nossa curiosidade, a obtenção de um


conhecimento consistente da história da Criação agrada a
nosso Pai Celestial de modo direto. E por qual motivo?
Simplesmente porque aprender sobre a Criação estimula e
promove dentro de nós um senso profundo de apreciação
por Ele. Na verdade, Deus quer que conheçamos o que Ele
realizou aqui, pois revelou o seguinte ao Profeta Joseph
Smith:
“E em nada ofende o homem a Deus, ou contra ninguém
está acesa sua ira, a não ser contra os que não confessam
sua mão em todas as coisas e não obedecem a seus
mandamentos”. (D&C 59:21)

Pensemos nas implicações dessas palavras. Não é que Deus


apenas queira que obedeçamos a seus mandamentos. Do
mesmo modo que nós, nosso Pai Celestial está
emocionalmente ligado a suas criações. Ele realizou um
feito fantástico ao trazer este planeta ao estágio atual de
desenvolvimento. E quer que saibamos disso. Deseja que
estudemos esta questão. Na verdade Ele até se ofende
quando descuidadamente achamos tudo normal.

Ele projetou e plasmou tão meticulosamente todas as


coisas relacionadas a esta Terra que, se nos dermos ao
trabalho de procurar, poderemos identificar evidências de
sua obra criativa em tudo.

Como disse o Senhor a Enoque:

“(...) eis que todas as coisas têm sua semelhança e todas as


coisas são criadas e feitas para prestar testemunho de mim,
tanto as coisas materiais como as coisas que são espirituais;
coisas que estão acima nos céus e coisas que estão na Terra
e coisas que estão dentro da terra e coisas que estão
embaixo da terra, tanto acima como abaixo: todas as coisas
prestam testemunho de mim”. (Moisés 6:63)
Precisamos de uma geração fiel de eruditos da
Igreja, especialista em história da Terra

Portanto, as evidências da obra criadora do Senhor estão


no registro geológico e em tudo ao nosso redor, na Terra e
acima dela. Basta apenas que as procuremos. Por esse
motivo, temos necessidade urgente de uma nova geração
de eruditos da Igreja que estudem a Criação e usem todos
os recursos a seu dispor para identificar a obra criadora de
Deus, tanto no registro geológico como em tudo que nos
cerca. O próprio Senhor disse que as evidências estão lá.

Esses eruditos da Igreja, jovens e velhos, preparar-se-ão


para essa tarefa de duas formas essenciais. Em primeiro
lugar, eles obterão o melhor treinamento possível em
ciências que investigam a história da Terra. Porém, o que é
mais importante, serão também altamente versados nos
escritos dos profetas.

Na verdade, deverão estar tão familiarizados com as


Escrituras canônicas, tanto antigas quanto modernas, como
com qualquer compêndio acadêmico. E, em acréscimo,
deverão expandir ao máximo seus estudos para incluir
outros escritos e ensinamentos dos profetas. Eles seguirão
o modelo dos peritos arqueólogos de Israel, que não
apenas conhecem sua Bíblia, mas usam-na como guia para
pesquisar civilizações perdidas na Terra Santa e arredores.

A nova geração SUD de especialistas em história da Terra


terá necessariamente que utilizar o arcabouço das teorias e
tendências científicas correntes, sem nunca confundir o
esboço científico com o edifício da verdade.

(Para quem se interessar por detalhes dos embates entre


“ciência” e “religião”, foi incluído um ensaio sobre o tema
na parte final deste livro. Consultar Apêndice A --
“Refinando Nossa Busca da Verdade”)

Esta obra foi essencialmente dirigida a essa nova geração


de eruditos SUD que desponta. Através de todo o livro
foram incluídas conclusões ou proposições preliminares
que os instigarão e evidenciarão a necessidade de
pesquisas mais avançadas. A esperança é que essas
sementes de sugestão plantem em outros o desejo de
promover mais crescimento no jardim das verdades
relativas à criação da Terra.

Algum dia estaremos construindo nossas


próprias Terras
Há uma outra motivação para o estudo da criação da Terra
que não podemos negligenciar. A História da Criação é muito
importante para nossa preparação pessoal – é o princípio de
uma educação para a eternidade. Algum dia, aqueles que
fizerem jus a isso estarão construindo suas próprias terras.
Como declarou George Q. Cannon, antigo membro da
Primeira Presidência:

¨Há os que crêem que nosso destino futuro na eternidade é


sentar-nos nas nuvens, dedilhar harpas e cantar por todo o
sempre. Que bela ocupação! Que monotonia! Não importa
o quão maviosa essa música pudesse ser, tornar-se-ia muito
cansativa se prolongada por tanto tempo.

Mas nosso destino não é esse. Nossa missão no porvir será


perpetuar e continuar a obra de nosso Pai e Deus, e
perpetuar nossa espécie e criar mundos a partir dos
elementos que nos rodeiam.” (2)

Naturalmente nosso Pai Celestial deseja que aprendamos a


forma com que esta Terra foi criada, para que saibamos
como obter resultados semelhantes quando estivermos
agindo por nossa própria conta. Parece que esse
aprendizado não pode esperar até a ressurreição.
Precisamos começar a obtê-lo ainda agora. Se nossa
educação sobre a Criação pudesse aguardar, Deus não
sugeriria que a iniciássemos ainda nesta vida.
Profetas fornecem o Quadro geral e a Ciência
Ajuda a Preencher as Lacunas

Para auxiliar-nos nessa incumbência de aprender o


processo da criação de mundos o Senhor já revelou muitos
detalhes específicos a seus servos, os profetas. Esse
conjunto de ensinamentos desvenda diversos aspectos
profundos dos mistérios com que se defrontam
diariamente os cientistas empenhados em conhecer as
origens e a história primitiva da Terra. De fato, sem essas
revelações é literalmente impossível se obter uma
visualização global da Criação. Brigham Young falou disso
muitas vezes. Em certa ocasião ele disse:

“Temos o privilégio de aprender mais e mais coisas sobre a


Terra em que habitamos, sobre o propósito desta Criação
(...) O Senhor revelou muitíssimos princípios preciosos a
este povo – conhecimentos que não podem ser obtidos
através dos estudos dos eruditos deste mundo.” (3)

Contudo, nosso campo de estudo abrange outro aspecto.


Torna-se cada vez mais evidente que os cientistas que
buscam explicação para os mistérios da origem da Terra e
de sua história primitiva também preenchem muitas
lacunas no conjunto de conhecimentos transmitidos pelos
profetas de Deus. Como resultado, o quadro da história da
Criação está-se tornando mais completo, interessante e
inspirador do que quando observado apenas pelo prisma
das Escrituras ou pelo prisma do estudo científico.
Preparação para o estudo da História da Criação
da Terra

Antes de nos aprofundarmos na história da criação do


planeta Terra, há um treinamento preparatório que
precisaremos receber. Ele nos esclarecerá, entre outras
coisas, sobre a perspectiva com que Deus vê o tempo e o
espaço. Como nos mostram o primeiro capítulo de Moisés
e o terceiro de Abraão, os profetas do Senhor passam por
um treinamento desse tipo antes de contemplar em visão a
criação da Terra.
Portanto, dediquemo-nos agora à primeira parte de nosso
mini-treinamento preparatório – a cronologia cósmica da
família dos Deuses. Sem essas informações, não poderemos
sequer entender o significado das duas palavras iniciais da
história da Criação.
Questionário – Capítulo 1

Perguntas para Responder

1– Cite pelo menos duas boas razões para que o Senhor


deseje que estudemos a história da criação da Terra. Por
que a história da Criação é parte vital de nossa educação
pessoal nesta vida?

2-- A que profeta foi dito que as evidências da obra criativa


de Deus encontram-se no registro geológico? Onde isso
está mencionado nas Escrituras?

3– Como é que se complementam os estudos científicos


sobre a origem da Terra e sua história primitiva e os relatos
revelados aos profetas?

Questões a Ponderar

1– Além da história da criação da Terra das Escrituras, que


outro conjunto importante de fatos, ou histórias, Deus
deseja que estudemos e que eventualmente venhamos a
entender?
2– Que outras razões temos para efetuar um estudo
minucioso da história da criação da Terra, além dos
mencionados neste capítulo?

3– Você estaria interessado em tornar-se um especialista


SUD em história da Terra? Se estiver, já traçou um plano
para que, ao se bacharelar, você esteja tão familiarizado
com os ensinamentos dos profetas como com os
ensinamentos de seus mestres universitários?
Referências - Capítulo 1

1 – Brigham Young, 27 de junho de 1864, JD 10:337. (Nota:


JD é abreviação de “Journal of Discourses”.)

2– George Q. Cannon, Gospel Truth: Discourses and


Writings of President George Q. Cannon, 2 volumes,
compilado por Jerreld L. Newquist (Salt Lake City, Utah:
Deseret Book Company, 1974) 1:110.

3 – Brigham Young, 14 de junho de 1863, JD 13: 209.

Capítulo 2
O Tempo: A Cronologia Divina

“Desde o princípio do tempo

(...) antes da

fundação da Terra

(...)” (Abraão 1:3)

Antes de o Senhor revelar a história da criação da Terra a


qualquer de seus profetas, Ele lhe mostra as realidades do
cosmo dentro da perspectiva divina. Isto é, o Criador da
Terra desvenda a natureza do “tempo” e do “espaço” como
vistos pelo próprio Deus.

“Tempo” e “Espaço” são palavras simples, que usamos e


compreendemos de maneira simples. Mas da perspectiva
de Deus têm significado muito mais amplo do que
supomos. Neste capítulo discutiremos a questão do
“Tempo” e o que o Senhor revelou a respeito dele. No
capítulo seguinte abordaremos o tema do “Espaço”.
O Tempo não tem Princípio nem Fim

“No princípio (...)” Essas primeiras palavras do livro de


Gênesis suscitam diversas indagações para o estudioso da
história da Terra e, portanto, merecem uma breve
explanação.

Em primeiro lugar devemo-nos lembrar de que em sentido


absoluto nunca existiu um “princípio”. O Presidente
Brigham Young assim colocou esta questão:

“Nunca houve tempo em que (...) não existisse homens


passando pelas mesmas provações que estamos
atravessando agora. Esse é um curso constante que tem
sido seguido desde a eternidade, ainda está e continuará
se repetindo por toda a eternidade.” (1)

E, referindo-se especificamente ao nosso mundo, ele


explico

“Nunca houve tempo em que não existisse uma Terra como


esta, povoada por homens e mulheres (...) Nunca houve
princípio nesta ordem da Criação na qual nos encontramos.”
(2)

Logicamente, se houvesse um princípio absoluto de tudo,


também teria que haver um fim absoluto. O Profeta
Joseph Smith usou o simples recurso de um anel para
ilustrar este conceito:
“O que tem princípio certamente terá fim; um anel, por
exemplo, não tem princípio nem fim – cortemo-lo para ter
um princípio e ao mesmo tempo teremos um lugar onde
termina.” (3)

De modo semelhante Brigham Young acrescentou:

“Suponham que disséssemos que em alguma época


ocorreu o princípio de todas as coisas; seríamos então
forçados a concluir que haverá necessariamente um fim
para tudo. Será que a eternidade pode ser circunscrita? Se
pudesse, haveria fim para toda a sabedoria, todo o
conhecimento, poder e glória – tudo mergulharia em
aniquilação eterna. (4)

Contudo, disse ele, isso nunca acontecerá, porque “nunca


haverá um fim”. (5)

Como conseqüência, é claro que nunca houve um “primeiro


Deus”, uma “primeira Terra”, um “primeiro homem”, ou
uma “primeira” outra coisa qualquer. Não existiu nenhum
princípio absoluto, nem haverá nenhum fim absoluto.
Cálculo do tempo da Terra e Tempo Eterno

Algumas vezes é mencionado que Deus vive num tipo de


“tempo” diferente daquele em que vivemos. Por exemplo,
o Profeta Alma afirmou que “tudo é como um dia para
Deus e o tempo somente é medido pelos homens.” (Alma
40:8)

Dentro dos domínios de Deus há muitas estrelas e planetas,


inclusive esta Terra, e a cada um deles corresponde um
“cálculo do tempo”, ou um modo de dividir o tempo em
intervalos específicos. Nesta Terra temos um sistema de
dias, meses e anos. Em outros planetas e estrelas é
diferente (Ver Abraão 3: 1-9 e D&C 130: 4-5). Porém, Deus
os vê a todos operando dentro de seu próprio esquema de
tempo. Foi isto o que Alma quis dizer.

Na verdade, sabemos que Deus atua dentro de um


esquema de eventos consecutivos (“tempo”) exatamente
como nós, mas segundo o “cálculo” do planeta no qual
reside (Abraão 3:4, 8-9). Sabemos ainda que Ele intervém
nos negócios da família humana de acordo com um
cronograma definido (por exemplo, D&C 77:12 e 88:73).

Mas o “tempo” não chegará eventualmente ao fim? Nunca,


em sentido absoluto. Quando o Senhor voltar os fiéis
entoarão um novo cântico com a frase “e o tempo já não
existe” (D&C 84:100). A mesma coisa deverá ser declarada
pelo sétimo anjo do Apocalipse ( Ver D. & C. 88:110 e
Apocalipse 10:6 [ em inglês ]). Isto significaria que
cessaremos de experimentar eventos consecutivos durante
o Milênio? Absolutamente, não. Significa apenas que e
sistema atual de cálculo do tempo na Terra será mudado.
Como veremos adiante, isto acontecerá porque a Terra
sairá deste sistema solar e voltará ao lugar de seu
nascimento. (A questão será estudada com detalhes nos
Capítulos 22 – 25,)

O Apóstolo Erastus Snow disse:

“No que nos diz respeito, o tempo não mais existirá quando
formos submersos na eternidade e cessarmos de calcular
nossos ciclos pelas rotações diárias da Terra, mudanças da
Lua etc. – ocorrerá quando penetrarmos em uma esfera em
que poderemos interagir com os Deuses e nos familiarizar
com seus cálculos e os eternos períodos ou ciclos de
revolução das criações inumeráveis do espaço, as quais
hoje os mais avançados astrônomos são incapazes de
sondar ou de determinar seu surgimento.
“E isso é denominado eternidade pelo homem E nossos
cálculos atuais estão em conflito com os períodos e modos
de datação conhecidos e usados pelos Deuses, pois eles
têm seus períodos e cálculos exatamente como nós, com a
diferença que operam em escala vastíssima,
incompreensível para nós.Estamos agora em um processo
de desenvolvimento – por enquanto um pequeno princípio
– mas avançando para frente e para o alto em direção à
esfera mais exaltada na qual (os Deuses) se movem. Porém
não concebo nenhum ponto de parada, nenhum local de
descanso permanente, mas apenas, como falei, uma
mudança – uma mudança em nossas condições e situação
e, conseqüentemente, uma mudança em nossos labores.”
(6)
Os Seres Inteligentes terão Progresso Eterno

Nós podemos nos referir com toda a naturalidade a coisas


como “progresso eterno”, “sem princípio”, ou “sem fim”,
mas o fato é que, quanto mais nos concentramos nesses
conceitos, mais perdida e desarvorada fica nossa mente.
Portanto, para proteger nossa própria sanidade, nosso
cérebro foi projetado para se deter em certo ponto,
quando tentamos nos fixar nesses conceitos infinitos. As
ideias embutidas nas expressões “sem princípio” e “sem
fim” são literalmente incompreensíveis para nós – aqui na
mortalidade.

Brigham Young mencionou este problema – e sua solução –


quando explicou que, à medida que nos desenvolvermos
espiritualmente, esses conceitos se ampliarão e
amadurecerão em nosso entendimento. Disse ele:

“Quando tentamos meditar e nos concentrar no fato de


que nunca existiu um princípio, ficamos imediatamente
perdidos. Do presente e do futuro compreendemos alguma
coisa, mas o passado é para nós um folha em branco – e
é certo e razoável que assim seja.

“Entretanto, se formos fiéis às coisas de Deus, elas se


abrirão cada vez mais ante nós; nossas mentes se
expandirão, buscarão e receberão mais e mais
compreensão, de modo que aos poucos poderemos
começar a perceber que os Deuses sempre existiram.” (7)
Portanto, acrescentou ele, quando chegar o tempo, na
ressurreição, em que pudermos compreender verdadeira e
completamente essas ideias que nos parecem
inconcebíveis, “isso será para nós motivo de grande
conforto.” (8) Nosso “conforto” virá, sem dúvida, da
percepção de que não haverá fim para nosso avanço nas
eternidades. Será uma experiência infinita de crescimento,
progresso e aprendizado – eternamente.

E se ocorresse o contrário, e não pudéssemos crescer,


progredir e aprender eternamente? Eis a observação
melancólica que fez Arthur C. Clarke sobre o assunto:

“Há poucas coisas que um ser imortal possa abraçar e


valorizar com mais entusiasmo do que a surpresa; quando
não restar mais traço dela no Universo, então será hora de
morrer.” (9)

Toda a nossa experiência nos confirma que não há nada de


mais aterrorizante para um ser inteligente do que imaginar
que ele próprio, e o Universo ao seu redor, possam um dia
cessar de existir de modo cabal ou, o que é ainda pior, que
não haverá mais nada de novo a fazer – só um estado de
infinito tédio. Mas isso nunca acontecerá. Brigham Young
explicou o seguinte:

“Alguns homens (nos ensinam) que Deus não pode avançar


mais em conhecimento e poder do que os que já possui;
mas o Deus a quem eu sirvo está progredindo eternamente,
e assim também estarão seus filhos – eles progredirão por
toda a eternidade, se forem fiéis.” (10)
Em outra ocasião Brigham Young enfatizou:

“Nós somos agora -- ou poderemos vir a ser – tão perfeitos


em nossa esfera de atuação como Deus e os anjos são na
deles. Mas a maior inteligência que existe ainda pode
ascender continuamente a maiores píncaros de perfeição.
Nós fomos criados para o expresso propósito de progredir.
(11)

Com respeito a essa percepção infinita e crescente do


progresso eterno, Brigham Young ainda declarou:

“Existe diante de nós toda uma eternidade de mistérios a


ser desvendados; e quando tivermos vivido milhões de anos
na presença de Deuses e anjos, e nos tivermos associado
com seres celestiais, cessaremos então de aprender? Não,
ou a eternidade deixaria de existir. Não há fim.
Avançaremos de graça em graça, de luz em luz, de verdade
em verdade.” (12)

Nosso medo da extinção ou, o que é pior, de parar de


crescer e nos desenvolver, é básico e inato em nossas
mentes ou inteligências eternas. Esse medo é ainda mais
básico em nós do que o medo da morte aqui nesta Terra.
Portanto, é um grande conforto saber que nossa existência
e nosso crescimento eternos nunca cessarão. De igual
modo, a contínua criação e desenvolvimento de planetas
como nossa Terra não cessarão. Tudo isso significa que a
expansão e avanço constantes do próprio Universo também
nunca terminarão.

E isso só é possível porque o princípio nunca existiu.

Há vários tipos de Princípio

Já que o Universo com seus sistemas planetários


eternamente em evolução, assim como a própria família
dos Deuses, não têm princípio, de que “princípio” o Senhor
estará falando nos primeiros três versículos de Gênesis?

Na verdade existem diversos “princípios” mencionados


freqüentemente nas Escrituras.

Um é o “princípio do mundo” (2 Néfi 27:7), outro é o


“princípio do homem” (Helamã 6:29); e há ainda o
“princípio da Criação” (2 Pedro 3:4). Em geral podemos
saber a que eles se referem simplesmente pelo contexto
da Escritura.

Mas em alguns casos só a inspiração de um profeta pode


elucidar-nos. O “princípio do mundo”, explicou o Profeta
Joseph Smith, refere-se ao começo da raça humana na
mortalidade. Ele ocorreu após a queda de Adão e Eva e sua
expulsão do Jardim do Éden – não se refere à criação do
planeta Terra. Disse ele:
“o mundo e a Terra não são sinônimos. O mundo é a família
humana. (13)

Assim sendo, quando o profeta Néfi escreve que e Espírito


Santo tem prestado testemunho da missão de Jesus Cristo
“desde o princípio do mundo” (1 Néfi 12:18), ele quer dizer
que esse processo vem ocorrendo desde que a raça
humana principiou, e não desde que a Terra foi criada.

Mas há ainda um outro emprego da expressão “princípio”


– aquela que o Senhor usou para descrever a história da
criação da Terra, e que é diferente de todos esses outros
“princípios”. Não se trata exatamente de um ponto inicial;
pelo contrário, refere-se a um determinado intervalo de
tempo.

O que Queremos Realmente dizer com “No


Princípio” ?

É comum utilizarmos expressões como “a última semana”, “


o Século XXI” ou “o Milênio”. Elas referem-se obviamente a
unidades de tempo – e as associamos a determinados
eventos.
De modo similar, quando lemos a expressão “no princípio”,
na história da Criação, ela usualmente se refere a um
período específico de tempo ligado à criação do planeta em
que vivemos. É simplesmente um intervalo no fluxo eterno
do tempo infinito que recebeu essa designação especial:
“no princípio”.

Muitos eventos importantes ocorreram durante “o


princípio” deste planeta. Alguns deles, que as Escrituras
nos relatam, são: o lançamento das fundações da Terra (Jó
38:4), a conclusão dos céus e da Terra (Moisés 2:1) e a
colocação do primeiro homem e da primeira mulher no
mundo (Gênesis 2: 21-22).

Veremos neste estudo que todas essas coisas exigiram uma


grande dose de planejamento inteligente e organizado. Elas
exigiram também a execução bem sucedida de tarefas
específicas e pré-designadas para se levar a cabo cada
etapa da obra. Foi um esforço criativo ambicioso e
cuidadosamente concebido, de imenso alcance. E, o que é
mais significativo, esse trabalho foi implantado pelas
mentes mais brilhantes do Universo, segundo princípios
testados de engenharia planetária.

Em outras palavras, a existência do planeta Terra e de toda


a vida que ele contém – inclusive nós – não foi acidental.

A esta altura, o leitor interessado na história da Criação não


pode deixar de perguntar: “Mas o que aconteceu antes do
‘princípio’ – antes que fossem lançadas as fundações da
Terra? Será que isso tem importância para nós agora?”

Essas são perguntas relevantes, porque o Senhor declarou,


repetidas vezes, que não poderemos sequer começar a
entender a história da Criação, a menos que conheçamos
algo a respeito das pessoas e lugares que existiram antes do
“princípio” e dos eventos que então ocorreram.

Por exemplo, Ele nos revelou que esta Terra não é a


primeira de suas criações, nem será a última. Na realidade,
o Senhor já criou tantas terras que elas podem ser
encontradas em número ilimitado através de todo o
espaço.

Isto nos conduz diretamente ao segundo tema do


pequeno curso introdutório à história da Criação que Deus
ministra a seus escolhidos – O Espaço – e esse será o tópico
do nosso próximo capítulo.
Questionário – Capítulo 2

Perguntas para Responder

1 -- A que se referem as palavras “no princípio” do livro de


Gênesis?

2 – Quais são as definições de “Terra” e “Mundo” quando


essas expressões são usadas nas Escrituras?

3 -- Por que o conceito de tempo infinito servirá de

“conforto” para nós quando formos seres

ressuscitados? 4 -- O que ocorreria conosco e com o

Universo se houvesse um princípio absoluto de

tudo?

Questões a Ponderar

1 -- Quantos tipos de “princípio” pode-se encontrar nas


Escrituras?
2-- Ao contrário do que se lê nos livros de ficção científica,
as “viagens no tempo” são uma das reais impossibilidades
no Universo. Por quê? (Pistas: Que efeito uma viagem no
tempo exerceria sobre a necessidade da Expiação para a
raça humana, para a Terra e para tudo que nela há? E como
influenciaria a necessidade da queda de Adão e Eva e da
Terra? Como afetaria as doutrinas e práticas da fé em Jesus
Cristo, do arrependimento sincero de nossos pecados, do
convênio do batismo e da perseverança até o fim com a
ajuda dos dons do Espírito Santo?)

3-- Em 1916 o físico Albert Einstein publicou sua teoria geral


da relatividade, que considera o espaço e o tempo como
uma entidade única. Para os interessados, o material
relativo a tempo e espaço deste livro pode ser equacionado
matematicamente em termos dos postulados e fórmulas
teóricas de Einstein. Isto, é claro, foi deixado a cargo do
leitor, como “lição para casa” (!) Esteja ciente, contudo, de
que os postulados de Einstein estão limitados às
realidades observáveis deste lado do véu e não se aplicam
necessariamente a todos os planos do Universo
organizado, nem a todos os tipo de matéria ( por exemplo
matéria espiritual, matéria transladada e matéria
ressuscitada).

As perguntas fundamentais a ser respondidas serão: Será


que Deus vê o tempo e o espaço como entidades
separadas, ou Einstein estava com a razão ao considerá-los
como um entidade única? É possível que nossos modelos
de cosmologia e nossa percepção de tempo e espaço
estejam, de fato, distorcidos por causa do
“véu (...) que oculta a Terra” – uma cobertura que será
removida quando o Senhor voltar? (Consultar D&C 101:23.)
Referências – Capítulo 2

1 – Brigham Young, 8 de outubro de 1859, JD 7: 333.

2 – Brigham Young, 28 de setembro de 1862, JD 10: 1.

3 – Joseph Smith, 5 de janeiro de 1841,

Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, pág. 176,

em português. 4 – Brigham Young, 10 de julho de

1853, JD 1: 353.

5 – Brigham Young, 3 de junho de 1855, JD 2: 307.

6 – Erastus Snow, outubro de 1879, JD 21: 23-24.

7 – Brigham Young, 8 de junho de 1873, Deseret Weekly,14


de junho de 1873, 22: 308-309.

8 – Brigham Young, 8 de outubro de 1859, JD 7: 333.

9 – Arthur C. Clarke, The Lost Worlds of 2001 (


New York: New American Library, 1972), pág.

193. 10--Brigham Young, 13 de janeiro de

1867, JD 11:286.

11--Brigham Young, 13 de junho de 1862, JD 1:93.

12--Brigham Young, 31 de julho de 1859, JD 6: 344.

13--Joseph Smith, 5 de janeiro de 1841, Words, pág. 60.


Também TJS – Mateus 1: 4, 55. (Nota: “Words” é
abreviação de “The Words of Joseph Smith”.)
Capítulo 3

O Espaço: Um Breve Curso Sobre a


Cosmologia Divina

“Desceremos, pois há espaço


lá (...) e faremos uma terra
(...)” (Abraão 3: 24)

Verdadeiramente, o que é o “Espaço”?

Para responder a essa pergunta tão simples precisamos


saber aquilo que Deus revelou a esse respeito: que nós,
na verdade, vivemos em meio a “dois” universos. O mais
amplo deles pode ser chamado de “Universo Inorganizado”.
Imerso nele está o “Universo Organizado”, ou “Espaço”,
que a família dos Deuses extraiu do Universo Inorganizado.
Nós vivemos em uma minúscula parte do Universo
Organizado. Apesar de nossos telescópios avistarem bilhões
de anos-luz, em todas as direções, isso constitui
simplesmente uma porção diminuta de Espaço visível
dentro do Universo Organizado dos Deuses.

Analisemos cada um dos dois Universos em separado.

O Infinito Universo Inorganizado

A extensão do Universo Inorganizado não tem princípio ou


fim, assim como o tempo. Ele prossegue infinitamente em
todas as direções. Não tem limites ou fronteiras de
qualquer espécie até onde foi revelado. Ele estende-se para
além do alcance de nossos mais potentes telescópios, em
qualquer comprimento de onda.

Contudo, o Senhor deixou claro que o Universo


Inorganizado infinito não está inteiramente cheio de
criações da família dos Deuses. Na verdade, apenas uma
porção dele está sob o comando e controle dos Mestres
Criadores. E essa é a região chamada “Espaço” ou Universo
Organizado (D&C 88:11-13). Tudo o que fica fora desse
Espaço dos Deuses pode ser chamado de Universo
Inorganizado – porque a família dos Deuses ainda não o
organizou.
Sabemos que o Universo Inorganizado “jaz além dos limites
do tempo e do espaço”, como Brigham Young ensinou. (1)
Na verdade, há razões para se crer que nenhum avanço
tecnológico nos permitirá detectar o Universo
Inorganizado, simplesmente porque ele não contém
nenhuma matéria organizada.

O Universo Inorganizado é tão completamente desprovido


de organização e ordem, disse Joseph Smith, que nem
mesmo o Espírito do Senhor está em qualquer parte dele. E,
no entanto, alguns irmãos ligados ao profeta, de tendências
mais filosóficas, estavam imbuídos da ideia de que o
Espírito do Senhor estava em todas as partes, mesmo no
Universo Inorganizado. Brigham Young relatou uma
conversa sobre o assunto, a qual havia presenciado. Disse
ele:

“O irmão (Orson) Hyde defendeu essa mesma teoria certa


vez e, em conversa com o Irmão Joseph Smith, expôs a
ideia de que a eternidade, ou seja o Espaço ilimitado, estava
repleta do Espírito de Deus ou o Espírito Santo.

Após descrever muito cuidadosa e minuciosamente suas


opiniões, ele perguntou ao Irmão Joseph o que pensava
dessa teoria. Joseph replicou que parecia muito bela e só
conhecia uma séria objeção a ela. Disse o Irmão Hyde: ‘E
qual é? ’ Ao que Joseph replicou: ‘Ela não é verdadeira’.”
(2)
O Universo Inorganizado contém Inteligências e
Elementos em Estado Primário

Apesar de o Universo inorganizado ser desprovido do


Espírito do Senhor, que a tudo organiza e sustém, ainda
assim ele é repositório de estruturas construtivas primárias
– um número ilimitado de “elementos” e “inteligências”
inorganizados. E todos os reinos no “espaço“ de Deus, ou
Universo Organizado – da mais minúscula partícula
subnuclear à maior constelação galáctica – tudo é
constituído por unidades dessas duas matrizes primárias:
elemento e inteligência. (Este assunto – e suas implicações
– são tão amplos que, para o leitor interessado, foi incluída
neste estudo uma análise em profundidade do tema, no
Apêndice B -- “O Poder Secreto de Criação de Deus”.)

O profeta Leí descreveu essas duas matrizes construtivas de


forma interessante e perspicaz. Ele denominou as
inteligências “coisas que agem” e, os elementos, “coisas
que recebem a ação”. (2 Néfi 2:14). Eis o que ele disse:

“(...) existe um Deus e ele criou todas as coisas (...) tanto as


coisas que agem como as que recebem ação”. (2 Néfi 2:14).

Ou seja, Deus criou “todas as coisas” – isto é, o Universo


Organizado e tudo que nele há – utilizando inteligências e
elementos. Contudo, a vasta hierarquia das coisas criadas
no Universo Organizado não foi tirada do nada – como
querem os quem defendem a teoria da criação ex-nihilo.
Sabemos disso porque a palavra criar, quando usada nas
Escrituras, significa “organizar”. (3) Assim, podemos
parafrasear a afirmação de Leí, dizendo:

“Deus organizou todas as coisas (...) tanto as inteligências


como os elementos”.

O Senhor revelou que as inteligências e os elementos em


estado caótico existem em quantidades ilimitadas nas
regiões infinitas do Universo Inorganizado. Eles não podem
ser criados nem destruídos; as inteligências e os elementos
sempre existiram e existirão para sempre. “A Inteligência,
ou seja, a luz da verdade não foi criada nem feita, nem
verdadeiramente pode sê-lo” (D&C 93:29), disse Ele a
Joseph Smith; e, de modo semelhante, “os elementos são
eternos” (D&C 93:33).

Estendendo-se mais sobre o assunto, Brigham Young disse


que não apenas inexistem limites para a quantidade dessas
matrizes construtivas inorganizadas, como também elas
estão em “estado natural rudimentar”, aguardando o poder
dos Deuses para arrebatá-las e organizá-las em reinos,
dentro de seus domínios cósmicos. (4)

Conquanto possamos comentar o conteúdo e a extensão do


Universo Organizado, defrontamo-nos aqui com o mesmo
problema que representa para nós o tempo infinito: não
temos como aquilatá-lo realmente – ele é incompreensível
para mentes mortais. W. W. Phelps deixa entrever isso em
seu hino “Se tu a Colobe pudesses viajar” (tradução livre):
Parece que o
Espírito
sussurra,
“Homem
algum jamais
‘puro espaço’ encontrou,
Ou o véu
exterior
contemplou
Do lugar onde
nada há.” (5)

Mas Brigham Young novamente nos alerta a não nos


preocuparmos com isso, porque, quando nos tornarmos
seres ressuscitados, nosso conhecimento do Universo
Inorganizado, bem como do tempo infinito, nos servirá de
grande alento.
(6) Simplificando, se você é um ser com tempo infinito à
sua frente, é sem dúvida um conforto saber que dispõe de
uma infinidade de material inorganizado para trabalhar.

O Universo Organizado ou “Espaço”


Em alguma parte da vastidão ilimitada do Universo
inorganizado existe uma região do cosmo já organizada
pela família dos Deuses. Nas Escrituras ela é chamada de
“espaço” (D&C 88:12, 37). Como o espaço está preenchido
pelos reinos organizados da família dos Deuses, podemos
também denominá-lo “Espaço Organizado”.

A diferença entre o Universo Inorganizado e o Universo


Organizado é que este está totalmente preenchido pelo
Espírito de Deus. (7) O senhor assim descreveu esse poder
organizador que a tudo penetra:

“E a luz (de Deus) que brilha (...) procede da presença de


Deus para encher a imensidade do Espaço --

(Esta é) a luz que está em todas as coisas, que dá vida a


todas as coisas, que é a lei pela qual todas as coisas são
governadas, sim, o poder de Deus...” (D&C 88:11-13).

Isto é, a “luz” da família dos Deuses, que a tudo organiza,


não apenas é responsável pela existência das estrelas, dos
planetas e das luas, mas também os sustenta em seu
estado organizado, de momento em momento (D&C 88:13,
50). Isto significa que o Universo Organizado não é simples
“matéria inanimada em movimento”, como muitos
presumem.

O “Espaço” avança pelo Universo Inorganizado


Há um labor constante na família dos Deuses para arrebatar
estruturas construtivas primárias do Universo Inorganizado
e compô-las em vários tipos de matéria. O resultado disso é
a expansão permanente dos domínios de Deus, ou seja,
dos limites do Universo Organizado. O profeta Isaías
referia-se a isso quando falou do “(...) Senhor teu criador
(...) que estendeu os céus (...)” (Isaías 51:13). Também
Enoque, ao ser arrebatado, teve uma visão do Universo
Organizado e exclamou:

“... se fosse possível ao homem contar as partículas da


Terra, sim, de milhões de terras como esta, não seria
sequer o princípio do número de tuas criações; e tuas
cortinas se estendem ainda “(Moisés 7:30 – Tradução livre)

Quando Joseph Smith ensinou pela primeira vez esses


conceitos a seus seguidores, no princípio do século XIX, não
havia ainda nenhuma evidencia científica de um Universo
em permanente expansão. Contudo, na década de 1920
os astrônomos não só confirmaram como mensuraram essa
expansão cósmica.
A expansão geral do Universo foi inicialmente detectada
com o emprego de espectroscópios associados a potentes
telescópios, para medir a mudança para vermelho nos
espectros de luz recebidos de galáxias distantes. Isto é, as
freqüências de luz normalmente fixas, provenientes de
vários elementos de galáxias distante, iam mudando de cor
em direção ao vermelho da ponta do espectro. Os
astrônomos perceberam que quanto mais fracas eram as
freqüências – significando em geral que as galáxias estavam
mais distantes – mais a luz se aproximava do vermelho.
Eventualmente eles concluíram que a única explicação
razoável para essa alteração cósmica de cor era que o
Universo estava-se expandindo em todas as direções. (8)

O Universo Organizado é Finito para Deus, mas


Infinito para o Homem

Esse Espaço em expansão organizado pelos Deuses, e todas


as criações dentro dele, são tão extensos que o Senhor
afirmou que é absolutamente incomensurável para
mentes humanas e, portanto, “infinito”. (Neste caso, uma
explicação prática para “infinito” é “incontável”.) Mas, para
a família dos Deuses, todas as coisas em seu “Espaço” são
finitas, ou enumeráveis. Como explicou o Senhor a Moisés,
ao final da visão do cosmo que lhe concedeu:
“(...) há muitos mundos que pela palavra de meu poder
passaram (...) E há muitos que agora permanecem e são
inumeráveis para o homem; mas todas as coisas são
enumeráveis para mim, pois são minhas e eu conheço-as.”
(Moisés 1: 35)

E também:

“... Os céus, eles são muitos e são inumeráveis para o


homem, mas são enumeráveis para mim, pois são meus”
(Moisés 1:37).

Portanto, o Universo Organizado é finito para os Mestres


Criadores. Para eles, o Espaço tem limites e tudo nele é
conhecido e contado. Contudo, suas fronteiras estão
continuamente se expandindo, avançando para o Universo
Inorganizado, à medida que a família dos Deuses arrebata
inteligências e elementos e os compõem numa infinita
variedade de reinos organizados. (Como já mencionado,
esse processo é discutido mais detalhadamente no
Apêndice B -- “O Poder Secreto de Criação de Deus”)

O feito que a família dos Deuses já realizou até agora é tão


avançado que nós mortais simplesmente não podemos
compreendê-lo. Portanto, para nós, ele é “inumerável”, ou
“incontável”. E, mais, nem ao menos podemos ver tudo que
faz parte dele!
Os Corpos Celestes Invisíveis do Espaço

Uma grande parte do Universo Organizado – daquela


porção do cosmo chamada “Espaço” – não é visível para
nós, porque existe um véu sobre a Terra, o qual será
removido quando Senhor voltar:

“ quando o véu que cobre meu templo, em meu


tabernáculo, que oculta a Terra, for retirado, e toda carne
juntamente me verá.” (D&C 101:23)

Devido a esse véu, podemos apenas observar e estudar


uma parte das criações cósmicas de Deus no espaço. Isto
porque existem pelo menos quatro variedades de matéria
no “Espaço” ou Universo Organizado dos Deuses, dois dos
quais não conseguimos detectar ou mensurar.
Os dois tipos de matéria que podemos detectar e medir são:

Matéria mortal – a matéria física que compõe nossos


corpos aqui na Terra, bem como a própria Terra e tudo o
que nela há. E,

Matéria transladada – matéria mortal na qual os processos


naturais de decomposição e dissolução estão
temporariamente suspensos (3 Néfi 28:7-9).

Os dois tipos de matéria não visível para nós mortais, os


quais não podemos detectar ou medir diretamente são:

Matéria espiritual – um tipo de matéria especialmente


refinada que constitui nossos corpos espirituais, a Terra
espiritual e outros componentes espirituais (D&C 131:7-8).
[Note-se que matéria mortal e matéria espiritual
combinam-se para compor a “alma do homem” (D&C
88:15).] E,

Matéria ressuscitada – matéria física e espiritual


permanentemente associadas em um dos três estados
glorificados (9), ou no estado não glorificado (10). A
ressurreição é descrita como a “redenção da alma (corpo
físico mais corpo espiritual)” (D&C 88:15-16).
Observando as Paisagens Invisíveis do Espaço

Aqui na mortalidade só podemos ver a matéria mortal e a


transladada, com nossos olhos naturais. Não podemos ver
nem a matéria espiritual, nem a ressuscitada, a menos que
nos sejam reveladas pelo poder de Deus. (11)

Sabemos, contudo, que o “Espaço” dos deuses está repleto


de mundos constituídos de todas as quatro variedades de
matéria: espiritual, mortal, transladada e ressuscitada. (12)
Isto significa que grande parte do Universo Organizado é
invisível e indetectável para nós aqui na mortalidade.
Brigham Young enfatizou isso, quando disse que Deus

“preside mundos sobre mundos que iluminam este


pequeno planeta, e milhões e milhões de mundos que não
podemos ver. (13)

Quando Joseph Smith e Sidney Rigdon receberam


permissão para contemplar os céus, eles concluíram o
relato com esta significativa declaração:

“Mas grandes e maravilhosas são as obras do Senhor e os


mistérios de seu reino que ele nos mostrou, que
ultrapassam todo o entendimento em glória e em força e
em domínio; (...)
“Nem é o homem capaz de torná-los conhecidos, porque
são apenas para ser vistos e compreendidos pelo poder
do Espírito Santo (...)” (D&C 76:114, 116)

Ou seja, a porção invisível do Universo Organizado não


pode ser divisada com nossos olhos naturais, mas apenas
com nossos olhos espirituais. Envolvidos em um estado de
transfiguração espiritual, a porção invisível torna-se
discernível para aqueles

“que o amam e se purificam perante ele;


“A quem ele concede este privilégio de ver e saber por si
mesmos;

“Para que, por meio do poder e da manifestação do


Espírito, enquanto na carne, sejam capazes de suportar
sua presença no mundo de glória.” (D&C 76:116-118).

Após sua primeira visão de Deus, Moisés disse:

“Meus próprios olhos contemplaram Deus; não, porém,


meus olhos naturais, mas, sim, meus olhos espirituais,
porque meus olhos naturais não (o) poderiam ter
contemplado; (...) mas sua glória estava sobre mim e eu
contemplei sua face, pois fui transfigurado diante dele
(Moisés 1:11).

E isso foi exatamente o que sucedeu a Joseph Smith e a


Sidney Rigdon. Aconteceu também a Enoque, Abraão e a
outros profetas privilegiados. É pelas revelações de seus
registros que sabemos o que sabemos a respeito de ambas
as porções, visíveis e invisíveis, do Universo Organizado.

As Limitações de Nossa Visão

Tudo o que nossos olhos naturais ou os modernos


telescópios puderem visualizar no Espaço, o que quer que
fotografemos ou detectemos, será apenas um pequeno
começo de tudo que a família dos Deuses já realizou. A
“bolha” de espaço incrivelmente grande, repleta de galáxias
visíveis através de nossos telescópios – algumas com vinte a
quarenta bilhões de anos-luz de diâmetro – aparentemente
não passa de uma mera partícula dentro do extensíssimo
Universo Organizado, em permanente expansão, que é
obra dos Mestres Criadores. (Essa partícula ou bolha, com
múltiplos bilhões de anos-luz, é o pequeno ponto rotulado
“Nós” na ilustração do início deste capítulo.)

Na verdade, esse é um desafio peculiar com que se


defronta o Senhor ao revelar suas obras ao homem. Disse
Ele a Moisés: “(...) mostrar-te-ei as obras de minhas mãos;
mas não todas (...)” (Moisés 1: 4), simplesmente porque,
se o Senhor revelasse todas as suas obras, isso seria fatal
para nós:

“Portanto nenhum homem pode contemplar todas as obras


minhas sem contemplar toda a minha glória; e nenhum
homem pode contemplar toda a minha glória e depois
permanecer na carne sobre a Terra.” (Moisés 1:5)

Não obstante, o Senhor realmente mostrou a Moisés – e a


outros profetas – muitas de suas criações cósmicas,
inclusive a criação da Terra. Onde está essa informação?
Quem a revelou? E exatamente o que Ele mostrou a seus
videntes? Este é o tema de nosso próximo capítulo.
Questionário – Capítulo 3

Perguntas para Responder

1 – Descreva brevemente o Universo em que vivemos;

2– Quais são os quatro tipos básicos de matéria? Quais


deles podem ser vistos com nossos olhos mortais? Quais
os que só podem ser vistos com nossos olhos espirituais?
Descreva suas propriedades básicas como atualmente as
compreendemos.
3– Como sabemos que o Universo Organizado está-se
expandindo? Que limitações isso
impõe às observações astronômicas atuais?

Questões a Ponderar

1 – Podemos visualizar toda a extensão do Universo até suas


“extremidades”? Por que sim, ou por que não?

2– Será que algum de nossos quatro tipos de matéria do


Universo Organizado – ou mesmo todos eles – é eterno?
Como sabemos disso?

3– O profeta Enoque foi informado de que existem


evidências da obra de Deus não só na própria Terra, mas
também “acima nos céus” (Moisés 6:63). Que evidências
astronômicas podemos encontrar do trabalho de Deus?
Referências – Capítulo 3

1 – Brigham Young, 6 de outubro de 1854, JD 2: 94.

2 – Brigham Young, 8 de março de 1857, JD 4: 266;

3 – Joseph Smith, Ensinamentos do

Profeta Joseph Smith. pág. 341, em

português. 4 – Brigham Young, 25 de

setembro de 1870, JD 13: 248.

5– W. W. Phelps, “If You Could Hie To Kolob”, Hino 284 do


hinário em inglês de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias, edição de 1985. Tradução livre.

6 – Brigham Young, 8 de outubro de 1859, JD 7: 333.

7 – D&C 88: 12; ver também Brigham Young, 25 de setembro


de 1870, JD 13: 250;

8– Este tema é bem mais complexo – e interessante! – do


que o que foi apresentado aqui. Para uma explanação mais
detalhada, consultar, por exemplo, o trabalho de Sten
Odenwald e Richard Tresch Fienberg -- “Galaxy Redshifts
Reconsidered “, Sky and Telescope, fevereiro de 1993, págs.
31 – 35.

9 – I Coríntios 15: 41, D&C 76: 50 –112 e 88: 18 –23.

10- D&C 76: 43 – 49; 88: 24.


11- D&C 131: 7 – 8; Moisés 1: 5 – 6, 11.

Temos exemplo das variedades de matéria em nossa


12-

própria Terra, com seus diversos estágios de


desenvolvimento: a Terra espiritual (Moisés 3: 5); a Terra
mortal em que vivemos; a Terra transladada ou
“santificada” (D&C 77:12, 3 Néfi, capítulo 28; e
Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, pág. 166, em
português); e a Terra ressuscitada (D&C 88: 10 – 20).

13- Brigham Young, 1º de julho de 1852, JD 1: 39 – 40.


Capítulo 4

Panorama Geral da Criação da


Terra

“(...) estas são as gerações do


céu e da Terra, quando foram
criados.” (Moisés 3:4)

Existem três relados revelados na Criação:

1) Os escritos de Moisés ( Gênesis, capítulos 1 e 2, ou Moisés,


capítulos 2 e 3) (1),

2) Os escritos de Abraão ( Abraão capítulos 4 e 5) (2), e

3) Instruções recebidas no templo do Senhor.

Todos esses relatos vieram através de revelação direta do


Criador da Terra. (3) Apesar de os escritos originais de
Moisés e Abraão terem sido muito alterados através do
tempo, eles agora foram restaurados a sua forma primitiva
e podem ser cuidadosamente estudados e comparados.

(Ao analisarmos os escritos de Moisés, serão feitas


preferencialmente referências ao Livro de Moisés
encontrado na Pérola de Grande Valor e não ao relato
paralelo do Livro de Gênesis, na Bíblia. Devido a um
capítulo introdutório do Livro de Moisés, que não se
encontra na Bíblia, o segundo capítulo de Moisés
corresponde a Gênesis 1 e o capítulo 3 a Gênesis 2.)

O Relato da Criação do Templo Difere dos


Relatos das Escrituras

O relato da Criação descrito no templo não pode ser aqui


analisado tão abertamente quanto os escritos canônicos
de Moisés e Abraão, devido a sua natureza sagrada.
Entretanto, recebemos três esclarecimentos a respeito
dele que servirão de ajuda ao considerarmos a história da
Criação:

Em primeiro lugar, o texto do livro “A casa do Senhor’’, de


James E. Talmage, menciona que a cerimônia do Templo
inclui
“(...) uma exposição dos acontecimentos mais
preeminentes do período da Criação, a condição de nossos
primeiros pais no Jardim do Éden, sua desobediência e
consequente expulsão daquela habitação abençoada (e)
sua condição no triste mundo deserto.” (4)

Em segundo lugar, o relato do templo não descreve fatos


que ocorreram durante a criação espiritual da Terra. Pelo
contrário, ele restringe-se à criação da Terra física. (5)

Em terceiro lugar, o relato da Criação do templo difere,


em muitos aspectos significativos, dos relatos tanto de
Moisés como de Abraão. Bruce R. McConkie afirmou:

“Os relatos de Moisés e Abraão colocam os eventos


criativos nos mesmos dias sucessivos. (...) O relato do
templo, como é óbvio para os que estão familiarizados com
seus ensinamentos, tem uma divisão de eventos diferente.”
(6)

Aqueles que já foram ao templo do Senhor reconhecem


que seu relato da Criação acrescenta importantes dados
sobre os estágios finais da história da Criação em geral,
muitos dos quais estão mencionados brevemente nos livros
de Moisés e Abraão, sem que sejam descritos em maiores
detalhes.
Similaridades e Diferenças Entre os Relatos da
Criação

Qualquer um que compare os dois relatos sagrados da


criação da Terra percebe que eles têm certas
similaridades. Portanto, não é de se estranhar que muitas
pessoas tenham concluído que eles se referem à mesma
série de eventos. Entretanto, a tentativa de se combinar
esses relatos em uma única história da Criação acaba
ressaltando discrepâncias em muitos detalhes importantes
e produz interpretação dúbia dos fatos descritos.

Por outro lado, um escrutínio mais atento revela que cada


relato contém certos eventos e conceitos particulares.
Nenhum deles é insignificante ou fácil de conciliar com
eventos e conceitos encontrados nos outros relatos. Na
verdade, quanto mais atentamente os analisamos, mais
difícil se torna harmonizá-los.

Eventualmente chega-se à conclusão de que, a despeito de


algumas duplicações, os relatos da Criação contêm
diferenças significativas porque cada um descreve épocas
ou estágios diferentes da Criação da Terra.

Os Três Períodos da Criação da Terra

Quando levamos em conta as diferenças, percebemos que


a história da Criação ocorreu tem três grandes períodos,
os quais precisamos ter em mente para visualizar o quadro
geral.

Primeiro Período: A criação Espiritual, incluindo a criação da


Terra espiritual, junto com todas as formas espirituais de
vida, inclusive a família espiritual do Pai.

Segundo Período: A criação da Terra Física e sua preparação


para receber as formas de vida atuais.

Terceiro Período: A chegada das formas atuais de vida


sobre a Terra, inclusive Adão e Eva. Ao se iniciar este
último período da Criação, toda a vida na Terra foi
santificada e por isso não estava sujeita à morte. Mais
tarde, a queda de Adão e Eva introduziu a morte entre
essas formas atuais de vida.

É evidente que nenhum relato da Criação é por si só um


registro completo ou contínuo de todo o processo. Em vez
disso, cada fonte provê um relato coerente, porém parcial,
de eventos diferentes.
Por exemplo, o relato de Moisés encontrado em Gênesis e
no Livro de Moisés consiste, na verdade, de duas histórias.
Seu primeiro relato (Gênesis 1, Moisés 2) é uma descrição
do Primeiro Período da Criação ou Criação espiritual. O
segundo relato ( Gênesis 2, Moisés 3) descreve o Terceiro
Período da Criação, com a colocação das formas de vida
atuais sobre a Terra Física.

Surpreendentemente, Moisés não deu a descrição do


Segundo Período da Criação, aquele que envolve a criação
e preparação da Terra física.

O relato da Criação de Abraão (Abraão, capítulo 4) principia


exatamente quando o Primeiro Período, ou o da Criação
Espiritual, está chegando ao fim. Ele então descreve o
Segundo Período – o surgimento e desenvolvimento da
Terra física -- e, finalmente, como Moisés, relata os eventos
que ocorreram durante o Terceiro Período, com a
colocação das formas de vida atuais sobre a Terra (Abraão,
capítulo 5).
.
Como já foi ressaltado, o relato do templo descreve os
eventos que concluem o Terceiro Período, os quais estão
associados à preparação final da Terra para a chegada das
modernas formas de vida. Mostra também a colocação
efetiva dessas formas de vida na Terra -- inclusive a de
nossos primeiros pais, Adão e Eva.
(Para os interessados, uma análise técnica dos relatos da
Criação foi incluída neste livro, no Apêndice C --
“Decifrando os Códigos dos Livros de Moisés e Abraão”,
que aborda inclusive uma série de questões
frequentemente levantadas pelos que estão mais
familiarizados com os muitos detalhes e dificuldades de se
conciliar os vários relatos da Criação.)

Com um entendimento do que são o tempo e o espaço na


perspectiva divina, e com este breve panorama geral dos
três períodos da Criação em mente, estamos agora
preparados para examinar a história da criação da Terra
mais detalhadamente.

De início voltaremos nossa atenção para o próprio Mestre


Criador. É surpreendente, mas sua obra teve início muito
tempo antes do começo do Primeiro Período da Criação.
Descobriremos ainda que Ele não fez seu trabalho sozinho.
Na verdade, foi designado a realizá-lo.

Questionário – Capítulo 4

Perguntas para Responder


1– Quais são as três fontes de revelação das quais obtemos
a história da criação da Terra? Onde são encontrados esses
relatos? Como os recebemos?

2 – Quais são os três períodos da criação da Terra?

Que eventos principais ocorreram durante cada

um? 3 – Quais os dois períodos da história da

Criação descritos no relato de Moisés?

4– O Capítulo 2 de Moisés (Gênesis, capítulo l) descreve a


história geológica da Terra física? E o Capítulo 3 de
Moisés? Qual período da Criação está faltando no relato da
Criação de Moisés?

5 – Que período da Criação o Capítulo 4 de Abraão descreve?


Questões a Ponderar

1– Moisés não teve permissão para registrar o Segundo


Período da Criação. Existem outros casos em que o Senhor
proibiu um profeta de registrar conhecimentos revelados
que foram designados a outro profeta? (Ver 1 Néfi l4:25–
27.) Isto sugere o motivo porque o relato da Criação
revelado nos templos santos não está disponível para
escrutínio e discussão acadêmica fora desses edifícios
sagrados?

2– Por que o Senhor não apresentou a história da criação da


Terra de modo mais simplificado? Que princípio geral se
aplica à necessidade que temos de extrair a história da
Criação de tantas fontes?

3– Houve outros profetas além de Moisés e Abraão que


contemplaram em visão a história da criação da Terra?
Quem são eles? Onde estão seus registros? (Pistas:
Principiar por Éter, capítulos 3 e 4 e consultar também
History 2:286, 348-351 e 3:27.) (Nota: History é abreviação
de “History of the Church of Jesus Christ of Latter-day
Saints”.)

4– De que forma o confronto entre as visões religiosa e


científica da criação da Terra torna-se menos importante,
se não inteiramente vazio, quando se reconhece a que
evento Gênesis, capítulo 1, realmente se refere?
Referências – Capítulo 4

1 – A versão restaurada de Gênesis 1 e 2 de Joseph Smith


é encontrada em Moisés 2 e 3, na Pérola de Grande Valor
(publicação oficial em português de A

Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos

Últimos Dias). 2 – Publicado na Pérola de

Grande Valor.

3– O Profeta Joseph Smith não só restaurou o relato original


da Criação, de Moisés, por revelação, e traduziu de papiros
egípcios o relato da Criação de Abraão, também por
revelação, como ainda recebeu o relato do templo por
revelação. Ver Words, págs. 53 – 54, nota 19.

4 – James E. Talmage, A Casa do

Senhor, em português, págs. 74-

75. 5 – Joseph Fielding Smith,


Doutrinas de Salvação, em

português, 1:83.

6 – Bruce R. McConkie, “Christ and the Creation”, The


Ensign, junho de 1982, pág. 11.
Capítulo 5

O Pai e Sua Família Espiritual

Os Deuses reuniram-se e
confabularam para criar o
mundo e seus habitantes. (1)

Há muito, muito tempo houve um Grande Conselho dos


Deuses. Nós não estávamos presentes. A Terra não existia.
Mas lá ocorreram grandes eventos que haveriam de trazer
a Terra e todos nós para dentro do Universo Organizado. É
nesse Grande Conselho que a história da criação da Terra
principia.

O Primeiro Grande Conselho dos Deuses

Hoje em dia poucos sabem da ocorrência desse antigo


Grande Conselho dos Deuses, ou reconhecem que ele
existiu. No entanto, há milhares de anos ele era lembrado e
celebrado ritualmente num grandioso festival anual, por
povos que já nem mais compreendiam seu verdadeiro
sentido. Não obstante, resquícios do significado original
sobreviveram às intempéries do tempo.

Por exemplo, o faraó egípcio Shabako, que fundou a 25ª


Dinastia em 716 a.C., escreveu sobre uma época em que
“todos os deuses reuniram-se na presença do deus
supremo Ptah.” Ele afirmou que Ptah era “a mente e a voz
do conselho dos deuses”. Shabako registrou que havia
recebido essa importante informação das mais vetustas
fontes, que remontavam à própria fundação do Egito. (2)

O épico babilônico da Criação, chamado Enuma Elish,


também fala de um “Criador – aquele de vasta
inteligência”, que compareceu “à grande assembleia entre
seus irmãos deuses”, antes que o mundo fosse feito. (3)

O discípulo amado de Jesus, João, referia-se a esse


conclave divino, quando escreveu: “No princípio era o
Verbo’’ (João 1:1). Hugh Nibley ressaltou que essa
expressão pode também ser traduzida como: “No princípio
houve um Conselho’’. (4)
Em nossos dias o profeta Joseph Smith teve permissão para
ver esse Grande Conselho em visão plena. Ele esclareceu
que a reunião ocorreu ‘’em Colobe’’. (5) Foi lá que

‘’os Deuses se reuniram e elaboraram o plano de criar o


mundo e seus habitantes (...) Os membros do Grande
Conselho assentaram-se nos altos Céus e planejaram a
formação dos mundos que seriam então criados (...)
(Depois) os Deuses que estavam à testa designaram um
Deus para nós’’. (6)

E nós não podemos deixar de perguntar: “Que Deuses? ’’

Inúmeros Deuses

Em épocas de apostasia sempre são perdidos


conhecimentos importantes. Esses são períodos em que a
Igreja revelada por Deus se enfraquece e se fragmenta, e os
princípios básicos do evangelho são em primeiro lugar
racionalizados, como teorias humanas, depois são
ignorados e finalmente esquecidos e perdidos.

Um dos primeiros conceitos de vital importância a ser


perdido é o da verdadeira natureza de Deus. Outro preceito
fundamental que se perde é o fato de que o Universo não é
obra de um único indivíduo, mas de” toda uma linhagem de
Deuses”. (7)

Quando Jesus ensinou essa doutrina não acreditaram nele.


Para começar, Jesus foi cruelmente criticado por clamar ser
o Filho de Deus. Os judeus não apenas não queriam crer
que o Deus a quem adoravam tivesse um filho terreno,
mas haviam- se esquecido de que no cosmo há muitos
Deuses. Assim sendo, Jesus respondeu aos críticos de sua
filiação divina citando as Escrituras judaicas (Salmos 82:6) e
recordando-lhes que, de acordo com a própria lei deles,
aqueles que aceitavam a palavra de Deus eram também
chamados “deuses” (João 10:34).

Posteriormente o Apóstolo Paulo registrou que nos céus


“há muitos deuses e muitos senhores’’. (1Coríntios 8:5). E,
quando prisioneiro na Ilha de Patmos, João o Revelador
escreveu que o pai do Salvador também tinha um pai (
Apocalipse 1:6).

Portanto, Joseph Smith ensinou:

‘’Se (...) João descobriu que Deus, o pai de Jesus Cristo,


tinha um pai, podeis supor que esse pai tinha um pai
também. Onde houve jamais um filho sem um pai? E onde
houve um pai sem antes ter sido um filho? Quando é que
uma árvore ou qualquer outra coisa jamais brotou para a
vida sem ter um progenitor? E tudo existe dessa maneira.
Paulo disse que o que é terreno tem semelhança com o
que é celestial. Portanto, se Jesus teve um pai, não
podemos crer que seu pai também tenha tido um pai? (8)

Na ocasião em que Moisés redigiu o Livro de Gênesis, ele


registrou que ‘’os Deuses’’ criaram os céus e a Terra. Isto foi
posteriormente alterado para “Deus’’ por vários tradutores,
mas no Velho Testamento original, em hebraico, no
primeiro versículo de Gênesis, está escrito eloheim, que
significa ‘’deuses’’. Como ensinou Joseph Smith, “A palavra
eloheim deveria ter sido mantida no plural em todo o relato
( da criação) -- Deuses.” (9)

Similarmente, em sua história da Criação, Abraão também


reportou que foram “os Deuses’’ que desceram e
“organizaram e formaram os céus e a Terra’’ (Abraão 4:1).
Apesar de “os Deuses’’ terem criado a Terra, apenas um
deles estava à testa. E esse foi o Deus ‘’designado para
nós’’.

O que sabemos exatamente a respeito de nosso Deus --


desse Criador cósmico que foi designado para criar a Terra?
Conhecendo Nosso Pai Celestial

A primeira coisa que sabemos a respeito do Pai Celestial é


que ele nem sempre foi um Deus. Joseph Smith declarou:

“(...) Vou contar-vos como Deus veio a ser Deus. Temos


imaginado e suposto que Deus foi Deus desde todo o
sempre. Eu refutarei esta ideia e retirarei o véu para que
possais enxergar. “(10)

O processo de tornar-se Deus, explicou Joseph, é


“passando de um pequeno degrau a outro, de uma
capacidade menor para outra maior; de graça em graça, de
exaltação em exaltação”. (11) Seu crescimento e
treinamento foi exatamente igual ao nosso:

“O próprio Deus já foi como somos agora – Ele é um


homem exaltado, entronizado em céus distantes! Esse é o
grande segredo (...) Se vós pudésseis vislumbrá-lo hoje, vê-
lo-íeis em forma de homem – como vós, em toda pessoa,
imagem e na exata forma de um homem; pois Adão foi
criado à própria imagem e semelhança de Deus.” (12)
Isto significa que Deus palmilhou a mesma trilha de
crescimento e desenvolvimento que nós, exatamente como
estamos fazendo agora. Muitíssimo tempo atrás ele tinha
apenas um corpo espiritual, do mesmo modo que nós.

Ele também havia nascido de pais ressuscitados, em um lar


celestial, onde foi orientado e treinado. No momento
oportuno, ele foi habitar em uma Terra –- não a nossa,
naturalmente, mas uma outra semelhante a ela –- e obteve
um corpo físico através de nascimento mortal, exatamente
como nós.

Após ter morrido, como todos morreremos, ele ressuscitou.


Seu Espírito e corpo reuniram-se permanentemente em
uma forma perfeita e glorificada (Alma 11:45). Após
incontáveis anos de preparação e treino ele foi convidado a
esse antigo Conselho dos Deuses, a fim de receber sua
designação para ser nosso Deus.

Muito mais tarde, esse personagem escolhido, a quem


agora reverenciamos como nosso Pai Celestial, deu a
conhecer seu nome ao profeta Enoque:

“Eis que eu sou Deus; Homem de Santidade é o meu


nome; Homem de Conselho é o meu nome; e Infinito e
Eterno é o meu nome também. ’’ (Moisés 7:35)

Apesar de nosso Pai Celestial ter muitos nomes e títulos,


todos obtidos através de suas magníficas realizações e
sua posição exaltada na família dos Deuses, geralmente nos
referimos a ele como “Deus’’, ”nosso Pai dos Céus’’, ou
“Pai Celestial”. Esse é o ser a quem nos foi ordenado orar.
Em profunda reverência, Jesus Cristo dirigiu-se a Ele assim:
”Pai nosso, que estás nos Céus, santificado seja o teu
nome”. (Mateus 6:9)

Não Há Outro Deus “Além” de Mim

É importante lembrar que nosso Pai Celestial é o único Deus


a quem adoramos. Ele é o nosso Deus, o Deus de nossa
família humana e desta Terra, apesar de não ser o único
Deus de todo o Universo povoado de galáxias. Há uma
hierarquia de incontáveis Deuses acima de nosso Pai
Celestial. Haverá também uma hierarquia de inumeráveis
Deuses abaixo dele, à medida que o tempo avança e o
espaço se expande. Contudo não adoramos a nenhum
desses outros Deuses. Adoramos
apenas ao Pai indicado para nós pelo Conselho dos Céus.
Antes que esse Deus fosse designado para nós, não
tínhamos Deus algum. Nem nenhum outro será jamais
designado para nós (Isaías 43:10). Como ele próprio
explicou a Moisés:

“... meu Unigênito é e será o Salvador, pois Ele é cheio de


graça e verdade; mas não há outro Deus além de mim’’
(Moisés 1:6).

Esse princípio aplica-se igualmente ao Salvador, que


também atingiu a posição de divindade: “(...) Não há
Salvador senão Eu ’’disse Ele a Oseias (Oseias 13:4).
Conquanto Ele seja diretamente subordinado ao Pai, na
posição de Salvador, não há outro Deus “senão’’ Ele. Pode
haver Deuses acima e abaixo de nosso Pai e de nosso
Salvador, mas para nós não há outros ‘’senão’’ eles. Como
ambos declararam a Isaías:

“Assim diz(em) o Senhor, Rei de Israel, e seu Redentor, o


Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro e eu sou o último
e fora de mim não há Deus’’ (Isaías 44:6).
A Família Espiritual de Deus

Após sua designação como nosso Deus, o Pai Celestial


recebeu o poder de gerar uma família de filhos espirituais.
Sabemos desse fato porque isso segue um modelo geral na
Criação de Deuses. Eis como Brigham Young descreveu o
processo:

“Após terem os homens obtido sua exaltação e suas coroas


-- e terem-se tornado Deuses, ou seja, filhos de Deus -- eles
são sagrados Reis de reis e Senhores de senhores; e lhes é
dado o poder de propagar sua espécie em espírito. Estas
são as primeiras providências para a organização de um
mundo. ’’ (13)

Disto deduzimos que, após sua designação, o primeiro


poder concedido a nosso Pai Celestial no Grande Conselho
dos Deuses foi o de gerar filhos espirituais.

A Primeira Presidência, reagindo a sugestões de que esse


conceito não era ‘’científico’’, declarou:

“(...) o homem, como ser espiritual, foi gerado e nasceu de


pais celestes, e foi criado até a maturidade nas eternas
mansões do Pai, antes de vir para a Terra obter um corpo
temporal”. (14)

“O Pai”, disse Brigham Young, “criou o homem do mesmo


modo que criamos nossos filhos, pois não existe outro
processo de criação nos céus, na Terra ou abaixo da Terra –
- ou em toda a eternidade -- que tenha existido, que exista
ou que possa vir a existir”. (15)

Por estarmos limitados à experiência terrena, parece-nos


difícil compreender que somos todos nascidos de um Deus,
dessa maneira. No entanto, os profetas têm afirmado esse
fato reiteradamente. Brigham Young disse:

“Nosso Pai Celestial gerou todos os espíritos que já


existiram ou existirão sobre a face da Terra: e eles
nasceram como espíritos anteriormente, no mundo
eterno.” (16)

Em resposta à errônea suposição de que pudéssemos ter


nascido de anjos ou de outras criaturas celestiais, o
Presidente Young declarou:

“Os espíritos eram puros e santos quando vieram para cá,


provenientes do mundo celestial. Não há espírito da
família humana que tenha sido gerado no inferno; ou que
tenha sido gerado por anjos, ou por qualquer outro ser
inferior. Eles não foram gerados por ninguém menos que o
nosso próprio Pai dos Céus.” (17)
Nossa Mãe Celestial

Não é natural que onde há um pai haja também uma mãe?


A Primeira Presidência confirmou isso, quando declarou:

“... todos os homens e mulheres são feitos à semelhança do


Pai e da Mãe Celestiais, e são literalmente filhos e filhas da
Divindade.” (18)

Eliza R. Snow escreveu poeticamente:

“Há somente
um Pai
Celeste? Não,
pois temos
mãe também.
Essa verdade
tão sublime
Nós recebemos do além.” (19)

Isto explica as palavras ditas por Adão quando ainda


estava no Jardim do Éden, logo após ser apresentado a
sua mulher Eva:

“Portanto o homem deixará seu pai e sua mãe e apegar-se-


á a sua mulher (...)” (Moisés 3:24).

Deveríamos então adorar nossa Mãe Celestial, do mesmo


modo que nosso Pai dos Céus? Não! E por muitas razões
importantes. “Não é raro encontrarmos, de tempos em
tempos, povos de diversas nações que adoram divindades
femininas”, declarou o Presidente George Q. Cannon.
Mesmo entre os santos dos últimos dias ”há uma tendência
de se cultuar ‘nossa mãe celestial’”. (20) Contudo, disse ele:

“Como santos dos últimos dias não podemos enfatizar


demais o erro de se dizer coisas que transmitam
impressões errôneas, especialmente com relação ao Ser a
quem adoramos (...)

“A adoração do verdadeiro Deus foi revelada a nós. Ele


apareceu em nossos dias. Homens mortais contemplaram
o Pai Eterno e o Redentor Jesus. E sabemos que Eles
vivem. Sabemos também que nosso Pai dos Céus é quem
deve ser objeto de nossa adoração. Ele não aceita adoração
compartilhada.” (21)

Como inscrito pelo dedo do Senhor no Monte Sinai:

“Eu sou o Senhor teu Deus (...) Não terás outros deuses
diante de mim”. (Êxodo 20:1-2)

Obviamente, tudo o que o nosso Pai Celestial fez para


conquistar sua elevada posição como Mestre Criador, no
Universo organizado, foi também feito por nossa Mãe
Celestial. Ela viveu um dia sobre uma Terra como a nossa,
aprendendo pela experiência a obedecer fielmente aos
mandamentos e leis que lhe foram dados, até provar-se fiel
em todas as coisas. Ela também morreu e ressuscitou para
a glória celestial. Depois, passou por incontáveis eras de
treinamento e instrução, a fim de ser preparada para um
glorioso papel como mãe de um mundo de filhos
espirituais.

Nosso Nascimento Espiritual

Mas de que modo foram criados nossos espíritos? Os


espíritos da família humana, do mesmo modo que os
espíritos de todos os outros seres vivos da Terra, nasceram
de pais ressuscitados. De fato, “apenas seres ressuscitados
e glorificados podem tornar-se pais de descendência
espiritual”, declarou-nos a Primeira Presidência. (22)

Não há outro modo. É por isso que o Apóstolo Paulo


afirmou que “somos também sua geração (de Deus)”. (Atos
17:24-29). Essas palavras de Paulo devem ser tomadas
literalmente, como explicou Brigham Young:

“O homem, como espírito, foi gerado e nasceu de pais


celestiais, sendo criado até a maturidade nas eternas
mansões do Pai, antes de nascer nesta Terra num corpo
temporal”. (23)

Foi por isso que o Salvador nos ensinou a orar assim: “Pai
nosso que estás nos Céus”. (Mateus 6:9).
Onde Teve Lugar Nosso Nascimento Espiritual?

Onde nascemos como seres espirituais? Sabemos que não


nascemos sobre a própria Terra espiritual, já que ela ainda
não existia quando o nosso Pai recebeu o poder de se
responsabilizar por uma família espiritual. A resposta a essa
questão foi dada por Brigham Young, que declarou que
“fomos gerados, nascemos e fomos educados no “lar
celestial”, isto é, na residência planetária glorificada de
nossos pais celestiais. (24)

Joseph Smith recebeu o privilégio de ver em visão o


planeta que foi nosso primeiro lar. Ele relatou que esse
globo celestial é “semelhante a cristal (...) um mar de vidro
e fogo” (D&C. 130:7-9). Tinha belas ruas que “pareciam ser
pavimentadas de ouro” (D&C. 137:4). Foi-lhe permitido ver
também sua “(...) porta (...) que se assemelhava a chamas
de fogo circulantes”, através da qual passavam seres
celestiais, para entrar nesses domínios gloriosos. Ele
contemplou ainda “(...) o refulgente trono de Deus, no qual
estavam assentados (...) o Pai e o Filho’’ (D&C. 137:3).

Foi a esse planeta celestial que o Salvador se dirigiu após


sua ressurreição (João 20:17), tendo sido dotado pelo Pai
de poder para retornar a sua presença. Esse poder para
mover-se livremente através do espaço, disse Brigham
Young, é dado aos seres que atingiram perfeição tal que

“podem ascender à Lua, à Estrela Polar, ou a qualquer


outro planeta existente, e chegar lá em um instante, da
mesma maneira que Jesus fez quando, após sua morte, foi
ao encontro do Pai nos céus e retornou novamente à
Terra.” (25)

Nós não nos recordamos de nosso lar celestial. Essa


lembrança foi retirada de nós quando nascemos na
mortalidade. Mas dia virá em que aqueles que se
qualificarem, através da obediência e retidão, terão
permissão para voltar e visitar o local onde nasceram como
espíritos. Aqueles que receberem permissão de retornar,
disse Brigham Young, verão

“que habitaram lá por muitas eras, e que no passado


estavam familiarizados com cada recanto e cada esquina
desse lar –- com seus palácios, calçadas e jardins”. (26)

Foi lá que fomos testados e treinados para nossa vida aqui


na Terra. Mas o que era ser membro da família espiritual
do Pai?

O Que É Um Ser Espiritual?

O Senhor revelou três fatos importantes a respeito de


nossos espíritos pré-mortais:

Primeiro: o espírito humano tem a exata “semelhança de


sua pessoa” (D&C. 77:2). Isto é, excluindo-se as
deformidades decorrentes de acidentes ou moléstias, os
traços dos seres humanos aqui na Terra mortal são um
reflexo de sua aparência como espíritos.

Parley P. Pratt sugeriu que um corpo espiritual não apenas


se parece com um corpo físico, mas também funciona
como ele no ambiente espiritual:

“A esse espírito organizado chamamos corpo, porque,


apesar de composto de elementos espirituais, possui
todos os órgãos segundo o padrão e com a aparência e
semelhança do tabernáculo terreno ou carnal que deverá
eventualmente habitar. Seus órgãos do pensamento, fala,
visão, audição, paladar, olfato, tato etc., todos existem na
exata ordem em que estão no corpo físico, sendo um a
exata similitude do outro”. (27)

Segundo: o corpo espiritual é a fonte daquela misteriosa


energia a que os cientistas denominam “vida”. Isto é,
quando o corpo espiritual entra no tabernáculo físico de um
recém-nascido, ele provê a força vital que animará o corpo
físico através da mortalidade. Quando o espírito deixa
permanentemente o corpo físico, o tabernáculo cessa de
funcionar como entidade completa, isto é, ele morre.

Terceiro: antes que um corpo espiritual entre em um corpo


físico, ele está plenamente desenvolvido. Essa condição de
maturidade foi atingida por ele em alguma ocasião após
nascer como espírito. Quando o Salvador pré-mortal
apareceu ao Profeta Mahonri Moriancumr (o irmão de
Jarede) (28), cerca de dois mil anos antes do seu
nascimento, ele disse:
“(...) Eis que eu sou Jesus Cristo (...) Vês que foste criado
segundo minha própria imagem? Sim, todos os homens
foram criados, no princípio, à minha própria imagem.

“Eis que este corpo que ora vês é o corpo do meu espírito;
e o homem foi por mim criado segundo o corpo do meu
espírito; e assim como te apareço em espírito, aparecerei a
meu povo na carne”. (Éter 3: 14-16)

Surgem Diferenças Dentro da Família Espiritual


do Pai

Ao crescermos e nos desenvolvermos sob os cuidados de


pais e parentes celestiais amorosos, algo de muito
interessante começou a ocorrer –- percebermos que fomos
gradualmente nos separando em vários grupos, de acordo
com nossa capacidade inata de obediência. O Apóstolo
Alvin R. Dyer sugeriu que essas gradações de
aperfeiçoamento espiritual devem ter acabado por
corresponder a três grupos, de certa forma semelhantes às
divisões dos reinos celestial, terrestre e teleste a que os
seres ressuscitados serão futuramente designados. (29) Isto
é, começamos a separar-nos em escalões com atributos
diferentes.

Entre esses espíritos havia um grupo que não parecia ter


dificuldade em cumprir designações (cumprir “a medida de
sua criação’’), obedecendo com constância aos
mandamentos de Deus. Esses eram da ordem celestial
(D&C 88:25). Depois havia os espíritos “honrados’’, mas
com os quais não se podia contar sempre no cumprimento
de suas designações; eles não eram valentes. Pertenciam à
ordem terrestre (D&C 76:79). Havia ainda outros espíritos
que não se haviam rebelado, mas que por certo eram
voluntariamente desobedientes. Esses pertenciam à ordem
teleste (D&C 76:99-103).

Existia também um quarto grupo de espíritos. Estes eram


desafiadores e desleais, resistindo e rebelando-se contra o
Pai e o resto de sua família espiritual de várias formas e em
diversos graus. Como veremos mais tarde, tratava-se de um
grupo enorme. A segregação que se desenvolvia dentro da
família espiritual do Pai já era um prenúncio de
perturbações futuras.

O Segundo Grande Conselho dos Deuses

Em algum ponto, durante esse desenvolvimento e


treinamento da família do Pai, outro Conselho dos Deuses
reuniu-se em Colobe. Estava na hora de transferir essa
família espiritual para um globo espiritual que pertencesse
só a ela. Mas, primeiramente, nosso Pai Celestial precisou
receber as chaves e a autoridade para criá-lo. Portanto,
segundo palavras de
Hyrum Smith, os Deuses “reuniram-se em conselho para
plasmar este mundo, do mesmo modo que todos os
outros haviam sido criados”. (30)

O poder para trabalhar com elementos espirituais e criar


uma Terra espiritual é conferido por meio de uma sagrada
ordenança do Sacerdócio. É uma das diversas ordenanças,
explicou Brigham Young,

“que não podemos receber aqui -- e ainda há muitas outras.

“Nós possuímos autoridade para plasmar, alterar e mudar


os elementos, bem como para dispor deles, mas não
recebemos autoridade para organizar a matéria caótica de
modo a produzir uma folha de grama sequer. Não temos
essa ordenança aqui (...)

“Não podemos receber, enquanto na carne, as chaves para


formar e plasmar reinos, e para organizar a matéria, pois
isso está fora de nosso alcance e chamado -- essas chaves
não pertencem a este mundo. Depois da ressurreição os
homens que tiverem sido fiéis e diligentes em todas as
coisas, na carne, (...) e forem dignos de ser coroados
Deuses, sim, filhos de Deus, serão ordenados para
organizar a matéria”. (31)

E isto inclui também a matéria espiritual, como fica claro


em D&C. 131:7-8.
Um Terceiro Grande Conselho de Planejamento
dos Deuses

Após nosso Pai ter recebido sua designação formal para


criar uma terra, o projeto inteiro foi exposto perante os
Mestres Criadores do Universo, numa sessão abrangente
de planejamento. Esse foi um outro Conselho dos Deuses
-- o terceiro: uma conferência de acompanhamento, a qual
analisou também toda a futura experiência humana que
mais tarde haveria de ter lugar na Terra mortal. Joseph
Smith ensinou que

“as coisas que o Pai ordenou desde antanho, antes que o


mundo existisse ou houvesse um sistema operando,
(foram todas planejadas antecipadamente, inclusive) o que
já foi, o que agora é, e o que ainda será”. (32)

Jeová também possuía esse conhecimento:

“O grande Jeová conheceu a íntegra dos eventos ligados à


Terra, pertinentes ao plano de salvação, muito antes que
eles acontecessem –- mesmo antes de ‘as estrelas da
manhã, juntas, alegremente cantarem’. O passado, o
presente e o futuro eram e serão perante ele um eterno
‘agora’”. (33)

E isso inclui tudo

“o que diz respeito à família humana: suas fraquezas e


força, seu poder e glória, apostasias, crimes, retidão e
iniquidade’’ (34)

Mas por enquanto tudo isso ainda estava longe, no futuro.


Agora era preciso criar uma Terra Espiritual.

Questionário – Capítulo 5

Perguntas para Responder

1 – Onde teve lugar o Primeiro Grande Conselho dos


Deuses? Qual o seu propósito?

2– Nosso Pai Celestial afirma compreender perfeitamente


aquilo por que estamos passando nesta Terra (por exemplo,
ver Mateus 6:8, 32). Como pode Ele afirmar tal coisa?

3 – Deus nos revelou diversos nomes

seus. Você consegue lembrar-se de três

deles? 4 – Onde foi que nós nascemos

como espíritos?
5 – Em que aspecto nossos corpos espirituais são

semelhantes a nossos corpos físicos? Em que aspecto são

diferentes? 6 – O que foi realizado durante o Segundo

Grande Conselho dos Deuses? E durante o Terceiro

Grande Conselho?

Questões a Ponderar

1– Como não podemos visualizar a matéria espiritual com


nossos olhos naturais, ou físicos, qual a consequência disso
isso quando consideramos as estrelas e planetas que vemos
ao nosso redor?

2– O que o Senhor revelou com relação a nossa vida familiar


como seus filhos espirituais, antes de nascermos aqui na
mortalidade? Que semelhança há com nossa vida familiar
aqui? Quais as diferenças?

3– O fato de que o Pai, Jeová e outros membros da família


dos Deuses conhecem o futuro não tem nenhum impacto
sobre nosso arbítrio, ou liberdade de escolha. Em que isso
implica, quando consideramos o propósito de vivermos
aqui, numa Terra mortal? A quem estamos provando nossa
dignidade ou a falta dela? Por que isso é tão importante?
Referências – Capítulo 5

1 – Joseph Smith, Words, 7 de abril de 1844, págs. 345, 359;


e 16 de junho de 1844, pág. 379.

2– Hugh Nibley, “Treasures in Heaven”, em Nibley on the


Timely and the Timeless (Provo, Utah: Religious Studies
Center, Brigham Young University, 1978), págs. 24-25.

3 – Hugh Nibley,
“Treasures”, pág.
26. 4 – Hugh
Nibley,
“Treasures”, pág.
33.
5 – Joseph Smith, fevereiro de 1843, Messages 1:161, verso

7. ( Nota: “ Messages” é abreviação de “Messages of the


First Presidency”.)

6 – Joseph Smith, Words, 7 de abril de 1844, págs. 345, 359


e 16 de junho de 1844, pág. 379.

7– Hyrum Smith, 28 de abril de 1844, no


“George Laub’s Nauvoo Journal”, BYU Studies,
Vol. 18, Nº 2 (Inverno de 1978), pág. 176.

8 – Joseph Smith, 16 de junho de 1844, Words, pág. 380.


9 – Joseph Smith, 16 de junho de 1844, Words, pág. 379.

10 – Joseph Smith, 7 de abril de 1844, Ensinamentos, pág.


337, em português.

11 – Joseph Smith, 7 de abril de 1844,

Ensinamentos, págs. 337-338, em

português. 12 – Joseph Smith, 7 de abril

de 1844, Ensinamentos, pág. 336, em

português.

13 – Brigham Young, 28 de agosto de 1852, JD 6:275.

– “The Origin of Man”, pela Primeira Presidência da Igreja,


14

novembro de 1909, Messages, 4:205; ver também “Pré-


existent States”, Messages, 4:264.

15 – Brigham Young, 18 de junho de 1865, JD 11:122,

16 – Brigham Young, 9 de abril de 1852, JD 1:50.

17 – Brigham Young, 8 de março, de 1857, JD 4:268-269.

18 – “The Origin of Man”, Messages, 4:205; ver também


4:264.

– Eliza R. Snow, hino “Ó meu Pai”, de A Igreja de Jesus


19

Cristo dos Santos dos Últimos Dias. (Consultar Bibliografia


deste livro no original em inglês.)

20– George Q. Cannon, 15 de maio de 1895, em Gospel


Truth de Jerreld L. Newquist, 2 volumes (Salt Lake City,
Utah: Deseret Book, 1974), 1:134-135.

21 – George Q. Cannon, 1:135.

– “O Pai e o Filho: Uma Exposição Doutrinal da Primeira


22

Presidência e dos Doze”, Regras de Fé – Apêndice II, pág.


421, em português.

23 – Brigham Young, 18 de junho de 1865, JD 11:122.

24 – Brigham Young, 8 de outubro de 1876, JD 18:258.

25 – Brigham Young, 8 de outubro de 1876, JD 18:260.


26 – Brigham Young, 8 de março de 1857, JD 4:268.

27 – Parley P. Pratt, Key to Theology (Liverpool, Inglaterra,


edição de 1855), pág. 50.

– Consultar “Mahonri Moriancumr”, em Mormon


28

Doctrine, de Bruce R. McConkie (Salt Lake City: Bookcraft,


1966), pág. 463.

29– Alvin R. Dyer, The Meaning of Truth, edição revisada


(Salt Lake City: Deseret Book, 1970), págs. 22-23; também
ver seu discurso em Paris, França, em 9 de abril de 1961 –
do qual o autor possui uma cópia.

30 – Hyrum Smith, 28 de abril de 1844, no

“George Laub’s Nauvoo Journal”, pág.

175. 31 – Brigham Young, 24 de agosto

de 1872, JD 15:137.

32 – Joseph Smith, fevereiro de 1843, Messages, 1:161,


versos 11 e 12.

33 – Joseph Smith, 15 de abril de 1842, History, 4:597.

34 – Joseph Smith, 15 de abril de 1842, History, 4:597.


Capítulo 6

A Criação da Terra Espiritual

“Eu, o Senhor Deus, criei


todas as coisas das quais
falei espiritualmente, antes
que elas existissem
fisicamente na face da Terra
(...) pois no céu os criei.”
(Moisés 3:5)

Algum tempo após a realização dos primeiros três Grandes


Conselhos dos Deuses, e depois de surgir a família espiritual
do Pai, começou a criação da Terra espiritual. Apesar de
nossa Bíblia declarar simplesmente: “No princípio criou
Deus os céus e a Terra’’ (Gênesis 1:1), a introdução original
de Moisés, como restaurada por Joseph Smith, é bem mais
informativa:

“(...) Eis que eu te revelo o que concerne a este céu e a esta


Terra; escreve as palavras que eu digo. Eu sou o Princípio e
o Fim, o Deus Todo-Poderoso; por meio de meu Unigênito
eu criei estas coisas; sim, no princípio criei o céu (o mundo
espiritual) e a Terra (física) sobre a qual estás”. (Moisés 2:1)

Moisés Aprende Três Coisas Importantes a


Respeito da História da Criação

Aqui foram declarados a Moisés três fatos importantes:

Primeiro: foi-lhe ordenado que escrevesse “as palavras’’


que Deus iria falar. Isto significa que o que estamos lendo
não é a interpretação pessoal de Moisés do que ele viu,
mas é exatamente o que o Senhor ditou para que ele
escrevesse.

Segundo: Moisés aprendeu que, entre os Criadores, Deus o


Pai é o arquiteto ou o “construtor” de suas criações:

“(...) Há um Deus no céu (...) o criador do Céu e da Terra e


de tudo o que neles há; (...) ele criou o homem, homem e
mulher, a sua própria imagem (...) e deu-lhes mandamento
de que (...) ele seria o único ser a quem deveriam adorar.”
(D&C 20:17-19)

Contudo, o encargo da Criação em si foi delegado a seu


Unigênito ou “a palavra de meu poder” (Moisés 1:32, 35).
Quando nas Escrituras se diz que o Pai “fala” e é
obedecido, essa é outra forma de dizer que o Unigênito
executou aquela tarefa. Ao
ser ela concluída, o Pai reconhece que “foi feito conforme
eu disse”, ou que foi executada “pela palavra de meu
poder”. (Moisés 2:1, 5, 6, 7, 11, 30)

Uma comparação cuidadosa entre os capítulos 2 e 3 de


Moisés e o relato da Criação de Abraão revela que o Pai
se envolveu mais intensamente com a criação da Terra
espiritual do que com a criação da Terra física. Como o
relato de Moisés deixa claro, Deus o Pai (“Deus”) conduziu
diretamente a criação espiritual, enquanto que foi o
Unigênito (o “Senhor Deus”) quem administrou
pessoalmente a criação física. (1) Essa distinção se observa
também no relato da Criação registrado na Bíblia.

A terceira informação importante que Deus transmitiu na


introdução do Livro de Moisés foi a de que a Criação teve
lugar “no princípio’’. Como já analisamos anteriormente,“o
princípio” abrange todas as três fases da Criação da Terra: a
Criação espiritual, a preparação da Terra física para receber
as formas atuais de vida e a efetiva colocação dessas
formas de vida sobre ela.

Neste ponto de nossa história estamos prestes a ingressar


no estudo do Primeiro Período da Criação: a criação da
Terra espiritual e seus habitantes.
Problemas do Senhor para nos confidenciar os
Detalhes da Criação Espiritual

Após o Senhor ter feito suas três importantes declarações


introdutórias a Moisés, Ele principiou a revelar os eventos
ocorridos na criação espiritual da Terra. Mas, para
conseguir isso, precisou enfrentar uma dificuldade
específica muito peculiar.

Um dos muitos encargos desafiadores de Deus no trato


com seus filhos aqui na Terra é explicar as realidades do
Universo como Ele as vê. Por exemplo, como transmitir
uma ideia ou compreensão de algo tão completamente
alheio a nós quanto a “matéria espiritual”?

Uma simples analogia basta para descrever o problema do


Senhor. Imagine que você conheceu um peixe muito
inteligente. Imagine também que consegue comunicar-se
com ele como nós humanos nos comunicamos uns com os
outros. Mais que isso, imagine que vocês têm um
vocabulário comum, embora muito limitado, com o qual
você tenta descrever para ele o mundo em que vive, do
modo que você o percebe. Agora reflita nas dificuldades:

Como descreveria o vento? Ou a neve? Ou as condições


meteorológicas de um modo geral? Como descreveria o
relâmpago e o trovão?

Como explicaria a sensação de caminhar, ou respirar; ou


voar em um avião?

Como faria esse peixe inteligente compreender que ele vive


num mundo de água limitado por um “véu” (um ambiente
aquático totalmente isolado, cercado por uma fronteira
água-ar)? Como transmitir a ideia de que, devido à refração
da luz através e dentro desse “véu”, sua visão das coisas
que estão fora de seu mundo aquático é extremamente
distorcida?

Em outras palavras, como poderia você explicar a esse


peixe inteligente que a maior parte das realidades que você
vivencia ultrapassam a capacidade dele de compreensão?

É isso que acontece com o Senhor quando tenta descrever


para nós a criação espiritual. Ele está procurando descrever
a matéria espiritual, uma substância completamente
estranha a nossos cinco sentidos – visão, tato, paladar,
olfato e audição. Infelizmente essas nossas faculdades
físicas são de todo inadequadas para nos fazer
compreender a realidade das coisas espirituais.
Voltando brevemente a nossa analogia elementar, a certa
altura o peixe poderia lhe pedir: “Fala-me das nuvens. Eu
não as entendo.” E você replicaria: “Bom, você me
perguntou como são as nuvens do céu? Lembra-se do que
viu quando aquela grande quantidade de algas marinhas
passou flutuando acima de você, na água? Pois bem,
nuvens são algo parecido com aquilo, com a diferença que
são formadas por água superaquecida (...), bom (...) água
que virou bolhas, como aquelas que você vê algumas vezes
em seu mundo aquático (...); é algo a que chamamos ‘vapor
de água’.”

“E o que é ‘vapor de água’?” -- pergunta ele.

“Bom,” responde você, procurando pensar em algo


semelhante no ambiente líquido do peixe (sem conseguir!).
“Não posso descrevê-lo para você – sua constituição não
está de modo algum equipada para compreender isso, e
você não tem a experiência necessária.”

De modo semelhante, por mais que o Senhor queira


revelar-nos completa e detalhadamente o que sabe da
criação espiritual, essa é uma tarefa extremamente difícil!
Algumas Coisas Que Realmente Conhecemos
Sobre Matéria Espiritual

Felizmente, no entanto, a matéria e os seres espirituais não


são tão impossíveis de se descrever que o Senhor não
possa usar analogias práticas para informar-nos de algumas
coisas a seu respeito. Parte dessa compreensão advém
daqueles que viram o mundo espiritual em visão. Eles
relataram muitos detalhes interessantes.

Por exemplo, eles viram que a matéria espiritual está


sujeita a uma força de atração, de modo que os seres
espirituais podem caminhar, sentar-se ou permanecer em
pé. (Aqui na mortalidade chamamos a essa força
“gravidade”) Contudo, a matéria espiritual liberta-se
facilmente dessa força de atração, já que sabemos que
seres espirituais podem mover-se a uma velocidade
praticamente instantânea para qualquer parte da Terra
espiritual. (2)

Sabemos por esses relatos que a matéria espiritual pode


ser organizada em todas as formas imagináveis, inclusive
em corpos humanos, plantas, corpos de animais, edifícios,
estradas, corpos de água etc. (3) Isto sugere que existe
uma “biologia”, uma “química” e uma “engenharia” da
matéria espiritual, que são usadas para reunir essa matéria
em organismos espirituais reconhecíveis, exatamente como
há uma biologia, uma química e uma engenharia da matéria
física, que são usadas aqui na Terra física para criar seres
físicos.

Sabemos também que a matéria espiritual pode coexistir


com a matéria física. Na verdade a matéria física é
sustentada pela matéria espiritual. Ao perder o apoio dessa
matéria espiritual, uma criatura vivente, com corpo físico,
desorganiza-se rapidamente, segundo um processo a que
chamamos “decomposição”.

Fomos informados ainda de que um corpo espiritual irradia


calor. (4) Pode também irradiar a luz que lhe é transmitida
pelo Espírito Santo. (D&C. 138:24). E, o que é mais
surpreendente, um corpo espiritual não requer alimento,
água, sono, ou mesmo descanso. Descrevendo uma pessoa
que havia falecido e entrado no mundo espiritual, disse
Brigham Young, como se estivesse em seu lugar:

“Eu posso usufruir a vida plenamente, o quanto me seja


possível sem um corpo (físico). Meu espírito está livre. Não
tenho mais sede, não desejo mais dormir, não tenho fome,
não me canso mais. Eu corro, caminho, trabalho, eu vou e
venho, faço isto e aquilo, o que quer que seja requerido de
mim, e (não sinto) nada que se assemelhe a dor ou
cansaço”. (5)
Entretanto, Brigham Young também disse que a vida no
mundo espiritual é tão “natural’’ para seus habitantes como
a vida terrena é para nós. (6)

Com a devida cautela, então, podemos analisar o que


Moisés contemplou em sua visão da Criação espiritual.
Quando ele relata que havia “águas”, ”luz”, ”escuridão” e
um “abismo”, isto sem dúvida é o mais próximo que
podemos chegar de compreender aquilo com que qualquer
um deles se assemelhava. Entretanto, mais tarde, no relato
da Criação espiritual, lemos a respeito de “plantas”,
”animais”, ”homem” e “mulher” -- e nada disso é difícil de
imaginar ou compreender.

Com tudo isso em mente, principiemos nosso estudo da


criação da Terra espiritual.

Onde Teve Lugar a Criação da Terra?

Muitas vezes simples pressuposições são enganosas. É


lógico presumir, por exemplo, que o planeta Terra foi
criado exatamente aqui neste sistema solar. Mas as
revelações do Senhor o contradizem. Brigham Young
ensinou:
“Quando a Terra foi formada e passou a existir, e o homem
foi colocado sobre ela, isso aconteceu próximo ao Trono
de nosso Pai dos Céus. E, quando o homem caiu (...), a
Terra caiu no espaço e assumiu seu lugar neste sistema
planetário -- e o Sol tornou-se nossa Luz”. (7)

Isto significa que tudo o que vamos analisar -- a criação


espiritual, a criação física, a colocação das formas de vida
atuais na Terra e o período do Jardim do Éden – tudo teve
lugar “perto do trono de Deus”. Abraão escreveu que esse
lugar era próximo a Colobe (Abraão 3:9). Colobe é a maior
estrela de um imenso aglomerado de estrelas governantes
que ficam próximas do planeta onde o Pai habita (Abraão
3:2-9). O lugar de nascimento desta Terra, portanto, não
ficava de forma alguma próximo à estrela a que chamamos
“Sol”, pois o Sol não se “tornou nossa luz” senão após a
queda de Adão.

Este fato importante a respeito da localização da Terra em


seus primórdios –- e no início de sua história –- apresenta
tantas implicações científicas e teológicas que deixaremos
para analisá-los de modo mais detalhado posteriormente.
Por enquanto basta ter em mente que tudo o que
estaremos discutindo daqui por diante ocorreu em outra
parte do Universo e não aqui em nosso Sistema Solar.
O Primeiro Dia –- Nasce a Terra Espiritual

Quando Moisés contemplou a criação da Terra espiritual,


disse que ela exigiu seis grandes períodos de tempo a que
Deus denominou “dias”. Em parte alguma do relato Moisés
nos diz qual a extensão desses dias –- nem dá a entender
que foram de igual duração. No entanto, Moisés registrou
que, no início do “primeiro dia” da Criação espiritual, um
globo planetário de matéria espiritual começou a ser
agregado dentro de um ventre “materno” aquoso. Disse
Orson Pratt:

“Há também uma semelhança entre o processo de criação


da Terra e o de seus habitantes. A Terra quando foi criada,
de acordo com os relatos que temos, estava coberta por
um invólucro de água (...) emergindo dela pouco a pouco.
Esse foi o nascimento da Terra, igual ao modo com que nós
nascemos neste mundo, passando de um meio ambiente a
outro. Após ter sido ela retirada desse elemento aquoso,
teve prosseguimento o processo da Criação, ou o
desenvolvimento posterior da Terra” (8)

A gestação e o desenvolvimento embrionário do globo


espiritual –- uma entidade viva –- sucedeu dentro de um
vasto corpo de água denominado “o abismo”. Deus disse a
Moisés que inicialmente
“(...) a Terra era sem forma e vazia; e eu fiz com que as
trevas cobrissem a face do abismo; e meu espírito moveu-
se sobre a face da água (...)”. (Moisés 2:2).

Apesar de esse versículo não revelar onde ficava “o


abismo”, é razoável presumir que essas águas nutrientes
localizavam- se no planeta ressuscitado que gerou a Terra.
Dentro desse ventre aquoso, a matéria espiritual que
haveria de se tornar o globo espiritual era inicialmente
“sem forma e vazia”. E também “desocupada e sem vida”,
isto é, desprovida de quaisquer seres vivos em sua
superfície, tais como plantas e animais. (9)

Antes que a Terra espiritual emergisse de seu ventre


líquido, o Senhor envolveu as águas embrionárias em
escuridão, enquanto seu Espírito movia-se “sobre a face
da água”. Note-se que o Senhor precisou criar uma
escuridão antinatural, que temporariamente envolveu o
ventre aquoso que cobria a Terra. ”(...) e eu fiz com que as
trevas cobrissem a face do abismo; (...)” (Moisés 2:2). Isto
sugere que as regiões externas ao ambiente embrionário
eram plenamente iluminadas.

Após o globo espiritual ter-se libertado das águas do


abismo e a inteligência planetária da Terra ter assumido seu
controle, Deus ordenou que seu próprio poder de
organização, ou sua “luz”, brilhasse sobre ele:
“E eu, Deus, disse: Haja luz; e houve luz.

“E eu, Deus, vi a luz; e vi que a luz era boa...”.(Moisés 2:3-4)

O processo inteiro da Criação foi similar à nossa própria


geração. A Terra hoje, da mesma forma que o homem,
consiste de uma inteligência governante, um espírito e um
corpo físico. (10) Naquela fase da Criação o espírito
planetário foi dotado de “vida” –- sua inteligência e espírito
haviam-se tornado um –- e Deus lhe permitiu emergir de
seu ventre espiritual aquoso para a luz.

A Terra é Fêmea

Convém observar aqui que todas as formas superiores de


vida são eventualmente identificadas e categorizadas
como macho e fêmea. Qual então é o gênero de nosso
planeta? As Escrituras dizem que a Terra é fêmea. (11) Ela é
a “mãe dos homens” que falou a Enoque (Moisés 7:48). Ela
“abriu a boca” para receber o sangue de Abel que foi
assassinado (Moisés 5:36). E dia virá em que terá
“concebido e dado à luz sua força”, quando então estará
“vestida com a glória de seu Deus”. (D&C 84:101). (NT: Em
português “terra” é palavra feminina e sempre assim
mencionada nas Escrituras. Entretanto, esses textos em
inglês mostram o feminino, o que não é natural nessa
língua.)

Neste ponto de sua criação o globo espiritual


estava não apenas iluminado, mas também

girava. “(...) E eu, Deus, separei a luz das trevas.

“E eu, Deus, chamei à luz Dia; e às trevas chamei Noite; e


isso fiz pela palavra de meu poder e foi feito conforme eu
disse; (...)” (Moisés 2:4-5)

Como a Criação da Terra não teve lugar neste sistema solar,


mas em algum lugar perto da grande estrela Colobe, a luz
que brilhou sobre a recém-nascida Terra espiritual não veio
de nosso Sol. Essa luz veio de Colobe ou de uma ou mais de
suas companheiras estelares. Contudo, a luz que brilhou
sobre a Terra espiritual nessa época era suficientemente
direcionada para permitir que apenas um hemisfério do
planeta espiritual ficasse plenamente iluminado por vez.
Sabemos disso porque Moisés viu que o globo espiritual
recém-formado experimentava tanto a luz do “dia” quanto
a escuridão da “noite”, enquanto girava (Moisés 2:5).
O Segundo Dia –- As Águas são Divididas e um
Firmamento é Criado

Tempos depois de seu nascimento o globo espiritual, já


iluminado e girando, foi completamente removido de sua
camada embrionária protetora. Isso foi feito circundando-
se a Terra espiritual com uma atmosfera gasosa:

“E eu, Deus, tornei a dizer: Haja um firmamento no meio da


água; e assim foi feito, como eu disse; e eu disse: Separe ele
as águas das águas; e assim foi feito;

“E eu, Deus, fiz o firmamento e dividi as águas; sim, as


grandes águas, sob o firmamento, das águas que estavam
acima do firmamento; e assim foi como eu disse.

“E eu, Deus, chamei ao firmamento Céu (...)” (Moisés 2:6-8).

Apesar de a palavra “firmamento” sugerir algo de palpável,


a expressão hebraica para firmamento, râqîya, significa
“estendido ou esticado”, como as cortinas de uma tenda ou
pavilhão -- uma expansão.(12) Esse firmamento, ou
atmosfera espiritual, é também chamado “céu” no relato
de Moisés (Moisés 2:8). Mais tarde o Senhor o denominou
“livre firmamento do Céu” (Moisés 2:20) –- ou o espaço
aberto da Terra espiritual onde voavam as aves espirituais –
- para não confundi-lo com a própria Terra espiritual à qual
ele também denominava “céu”. (13)

Moisés viu que o firmamento gasoso dividia o invólucro


líquido que envolvia a Terra infante em duas regiões
distintas: as águas que estavam acima do firmamento e as
águas que estavam abaixo dele.

As águas abaixo do firmamento –- “o Mar” – eram as que


estavam em contato com a superfície do globo (Moisés
2:10). Sem esse firmamento –- ou atmosfera espiritual –- as
águas oceânicas não poderiam ter permanecido no lugar
por muito tempo. Do mesmo modo que a atmosfera da
Terra física agora retém os corpos de água na sua
superfície, e os impede de evaporar pelo espaço, assim
também a atmosfera espiritual ajudava a reter os oceanos
do globo espiritual.
Água na Terra Espiritual

Há quem diga que não há água na Terra espiritual, isto é,


água feita de matéria espiritual. A crença de que não existe
água na Terra espiritual deriva do fato de a sagrada
ordenança do batismo (por imersão em água) só poder ser
realizada nesta Terra física. É por isso que realizamos
”batismos pelos mortos”. Sabemos que aqueles que
aceitam a mensagem do evangelho no mundo espiritual
não podem ser lá batizados (por alguma razão) e devem
ser batizados vicariamente aqui.
(14) Disto se concluiu que não há água na Terra espiritual.

Acontece que é a ordenança do batismo, e não a água, que


é restrita à Terra Física (João 3:5). Se não fosse assim, os
que cressem no evangelho poderiam deixar para depois
essa ordenança indispensável, ficando sem o importante
processo do arrependimento em suas vidas, por achar que
poderiam ser batizados mais tarde, mesmo muito depois de
falecerem. Mas, como disse Alma, ”esta vida é o tempo
para os homens prepararem-se para encontrar Deus” (Alma
34:32). A ordenança do batismo pelos mortos destina-se
aos que nunca tiveram oportunidade de ouvir o evangelho
enquanto viviam na Terra.
Assim sendo, a ordenança do batismo pelos mortos feita na
Terra física nada tem a ver com a existência ou não de água
na Terra espiritual. A razão real para que os batismos pelos
mortos tenham que ser realizados na Terra física é esta:
Assim como o nascimento na mortalidade está associado
com a água física (no ventre materno), a ordenança do
batismo, que é simbólica desse nascimento, também
precisa envolver água física (Moisés 6:59-60).

Retomando a questão inicial: Como temos certeza de que a


Terra espiritual contém corpos de água? Pela simples razão
de que o Senhor criou os espíritos de vastas hostes de
criaturas aquáticas explicitamente para habitar nas águas
da Terra Espiritual (Moisés 2:20-22). Eles foram criados
para habitar “as águas de baixo”. Além disso, houve
também vários irmãos que tiveram permissão para visitar o
mundo espiritual ou contemplá-lo em visão. Eles relataram
ter visto lagos exatamente como os que temos aqui. (15)

As Águas de Cima

E que águas eram essas que ficavam acima da atmosfera da


Terra espiritual? Não se tratava das nuvens atmosféricas de
vapor de água, porque elas estavam “acima” do
firmamento ou atmosfera espiritual. Eram, sim, as águas
embrionárias das quais a Terra espiritual havia sido
libertada ao nascer. Nessa ocasião elas ficaram separadas –
ou acima – da Terra espiritual recém-nascida.

É significativo que após a Terra espiritual ter sido libertada


dessas águas Moisés não mais se tenha referido a elas em
seu relato da Criação espiritual. Naturalmente, uma vez
que a Terra espiritual tinha-se tornado um corpo
independente, não havia mais necessidade de mencionar as
águas embrionárias nas quais ela havia sido gerada.

O Terceiro Dia: Surge a Superfície Seca e as


Plantas Espirituais Começam a Vicejar

Com seu invólucro protetor de atmosfera já no lugar, a


superfície do globo espiritual foi então dividida em uma
região continental e outra de oceano:

“E eu, Deus, disse: Ajuntem-se as águas que estão debaixo


dos céus em um só lugar; e assim foi.

“E eu, Deus, chamei à parte seca Terra; e ao ajuntamento


das águas chamei Mar; e eu, Deus, vi que todas as coisas
que eu havia feito eram boas” (Moisés 2:9-10).

A esta altura da história da Terra espiritual os oceanos


consistiam de um único corpo de água. As Escrituras dizem
que as águas foram “reunidas em um só lugar” (Moisés
2:9). Portanto, a primeira terra a aparecer também
consistia de um único continente. E foi sobre esse
continente que as primeiras formas de vida espiritual
foram colocadas e começaram a vicejar:

“E eu, Deus, disse: Que a terra produza relva, a erva que dê


semente, a árvore frutífera que dê fruto segundo sua
espécie e a árvore que dê fruto, cuja semente esteja nele
sobre a terra; e foi como eu disse.

“E a terra produziu relva, toda erva que dê semente


segundo sua espécie; e a árvore que dá fruto, cuja semente
está nele, segundo sua espécie; e eu, Deus, vi que todas as
coisas que eu havia feito eram boas;(...)”. (Moisés 2:11-12).
Dois Conceitos-chave: “Que a terra produza...” e
“Segundo sua espécie...”

Um exame atento dessa descrição da criação da vida


vegetal espiritual revela que essa não foi a primeira
experiência que Deus fez de criar novas formas de vida. O
Senhor explicou a Moisés que cada forma de vida havia sido
criada “segundo sua espécie” (Moisés 2:11, 12, 21, 24, 25),
o que quer dizer que cada forma de vida individual derivava
de formas de vida preexistentes -- os seus pais.

Entretanto, isto representa um problema. Sabemos que


seres espirituais não possuem o poder de procriação; isto
é, “somente os seres ressuscitados e glorificados podem ser
pais de progênie espiritual”. (16) Portanto, matrizes
ressuscitadas tiveram que ser trazidas para a nova Terra
espiritual, onde, por germinação e procriação, produziram
as imensas hostes de descendência espiritual que Moisés
descreveu. Este é o verdadeiro significado de “que a terra
produza (...)”.

De onde provinham as matrizes ressuscitadas? Moisés não


nos diz, porque o Senhor havia limitado sua visão da
Criação ao âmbito desta Terra (Moisés 1:35). Talvez elas
tenham vindo do planeta onde habitava o Pai – ou
de inúmeros outros planetas ressuscitados. Esta é sem
dúvida uma das muitas perguntas não explicadas a respeito
da criação da Terra que o Senhor revelará no Milênio –
coisas que “nenhum homem conheceu” (D&C. 101:32-34).
Neste ponto, então, Moisés ficou sabendo que cada forma
de vida espiritual recebeu a designação de procriar
“segundo sua espécie”, ordem que ela só haveria de
cumprir após ter obtido seu corpo físico. A Escritura diz: “E
a terra produziu (...) a árvore que dá fruto, cuja semente
está nele (em inglês, deverá estar nele), segundo sua
espécie”.(17) Esta é uma lei da natureza facilmente
observável. Macieiras só produzem maçãs; e suas sementes
são capazes de germinar dando origem a novas macieiras.
Esta lei de procriação “segundo sua espécie” vale
igualmente para o reino animal. É especialmente
significativo que ela prevaleça não apenas no mundo físico,
mas também entre os seres ressuscitados que produzem
descendência espiritual.

O Quarto Dia: é designado um lugar para a Terra


entre os Corpos Estelares

Uma vez embelezada a Terra com vida vegetal espiritual, o


Senhor voltou sua atenção para a tarefa de designar um
lugar apropriado para ela após sua Queda:

“E eu, Deus, disse: Haja luzes no firmamento do céu para


dividir o dia da noite; e que elas sejam por sinais e por
estações e por dias e por anos;

“E eu, Deus, fiz duas grandes luzes; a luz maior para


governar o dia e a luz menor para governar a noite; e a luz
maior foi o Sol e a luz menor foi a Lua; e também as
estrelas foram feitas de acordo com minha palavra.

“E eu, Deus, coloquei-as no firmamento do Céu para


iluminar a Terra,

“E o Sol para governar o dia e a Lua para governar a noite e


para separar a luz das trevas; e eu, Deus, vi que todas as
coisas que eu havia feito eram boas;” (Moisés 2:14-18)

Aqui é dito a Moisés que o Sol e a Lua foram criados “para


vir a iluminar a Terra”. (NT: Este é o sentido em inglês.) Esse
significado futuro é um lembrete de que a Terra ainda não
havia caído de sua órbita próxima a Colobe, vindo parar
aqui em nosso Sistema Solar. Foi somente após a Terra ter
chegado ao Sistema Solar que o Sol começou a governar o
dia e, a Lua, a noite.

O Quinto Dia: Aparecem as Criaturas Aquáticas e


Aladas

Voltando-se novamente para a Terra espiritual o Senhor


ordenou:

“... Produzam as águas, abundantemente, criaturas viventes


que se movam e aves que possam voar sobre a terra no
livre firmamento do céu.

“E eu, Deus, criei grandes baleias e toda criatura vivente


que se move, que as águas produziram em abundância,
segundo sua espécie, e toda ave alada segundo sua
espécie; e eu, Deus, vi que todas as coisas que eu havia
criado eram boas.

“E eu, Deus, abençoei-as, dizendo: Frutificai e multiplicai-


vos e enchei as águas do mar; e multipliquem-se as aves
na Terra;” (Moisés 2:20-22)

Entre os seres espirituais da vida marinha havia “grandes


baleias”, ou “grandes criaturas do mar”. (Hataninim, no
original hebraico, pode ser traduzido como “grandes
baleias”. Uma tradução mais literal, porém, seria “grandes
habitantes do mar”.) Considerando-se que essas formas
espirituais de vida foram produzidas por seres
ressuscitados, as palavras “que as águas produzam” são
uma expressão técnica para representar a criação da vida
marinha a partir de matrizes paternas ressuscitadas.

(NT: A palavra “aves” citada em Moisés 2:22 refere-se a


todos os tipos de criaturas aladas da atmosfera. O termo
usado em inglês para “aves” não é claro e precisou ser mais
bem explicado pelo autor, mas em português o sentido está
correto e a explicação foi omitida.)

Ao falar desses seres, foi incluída no relato de Moisés uma


cuidadosa distinção entre a atmosfera da Terra espiritual e
o espaço sideral que se estende fora dela. Anteriormente
Moisés havia descrito o “firmamento do céu” como uma
região acima da atmosfera onde habitam as estrelas e os
planetas (Moisés 2:17). Entretanto, o Senhor disse que as
aves e os outros seres aéreos foram designados a habitar
“no livre firmamento do Céu”, ou a atmosfera da Terra
espiritual (Moisés 2:20).
Começa o Sexto Dia

O sexto dia do primeiro período da criação da Terra


principia com a criação de uma vasta legião de seres do
mundo animal espiritual para habitar seu território:

“E eu, Deus, disse: Produza a terra criaturas viventes


segundo sua espécie; gado e coisas rastejantes e bestas da
Terra, segundo sua espécie; e assim foi.

“E eu, Deus, fiz as bestas da Terra, segundo sua espécie e


gado segundo sua espécie e tudo que rasteja sobre a Terra,
segundo sua espécie; e eu, Deus vi que todas essas coisas
eram boas.” (Moisés 2:24-25).

Joseph Smith ensinou que cada espírito de animal


assemelha-se de modo exatamente igual a sua
contrapartida terrena:

“(...) o que é espiritual sendo à semelhança daquilo que é


material; e aquilo que é material à semelhança do que é
espiritual; o espírito do homem à semelhança de sua
pessoa, como também o espírito do animal e de todas as
outras criaturas que Deus criou.” (D&C 77:2).

Agora que a Terra espiritual estava inteiramente


embelezada com vida espiritual de plantas e animais, era
chegada a hora de trazer para ela a família espiritual do Pai.
A Família Espiritual é Transferida para a Terra
Espiritual

Aqui está a breve descrição de Moisés dessa transferência


da família espiritual do Pai:

“E eu, Deus, disse ao meu Unigênito que estava comigo


desde o princípio: Façamos o homem a nossa imagem,
segundo nossa semelhança; e assim foi. E eu, Deus, disse:
Que eles tenham domínio sobre os peixes do mar e sobre
as aves do ar e sobre o gado e sobre toda a terra e sobre
toda coisa rastejante que rasteja sobre a Terra.

E eu, Deus, criei o homem a minha própria imagem, na


imagem de meu Unigênito criei-o; homem e mulher criei-
os.” (Moisés 2:26-27)

Já que a primeira das designações do Pai foi criar uma


família espiritual (18), esses versículos não estão-se
referindo a nosso nascimento como espíritos como se
todos nós tivéssemos nascido no Sexto Dia.

Uma evidência disso é o Unigênito, que estava com o Pai


“desde o princípio” (Moisés 2:26) e que participou da
própria criação da Terra espiritual. O nascimento dos
outros espíritos também havia indubitavelmente ocorrido
muito antes do Sexto Dia. Como já vimos, o nascimento da
família espiritual do Pai ocorreu no mundo celestial, antes
mesmo de a Terra espiritual existir.
Portanto, a “criação” da família espiritual do Pai no Sexto
Dia foi, na verdade, uma reinstalação e transferência de
toda a família, do lar celestial do Pai para a Terra Espiritual.

E, uma vez tendo ela chegado, o Pai emitiu uma série


importantíssima de anúncios.
Questionário – Capítulo 6

Perguntas para Responder

1– Quem é o Arquiteto Mestre da Terra? Aos profetas


Enoque e Moisés foi revelado seu nome. Qual é? Quem
dirigiu a execução dos planos do Construtor?

2 – Quem representa a “palavra” do poder de Deus?

3– O que aconteceu durante o primeiro dia da criação


espiritual? O que sucedeu durante cada um dos outros
dias da criação espiritual?

4 – Como sabemos que a Terra é um ser vivente?

5 – O que é o “firmamento” da Terra

espiritual? O que é o “livre firmamento

do céu”? 6 – Existem corpos de água na

superfície da Terra espiritual? Como

sabemos disso?
Questões a Ponderar

1– Aparentemente a Terra espiritual foi dedicada a muitos


propósitos. Uma parte dela está separada para ser um
“inferno” para onde irão após a morte aqueles que não se
arrependerem; outra região é o paraíso, para onde irão os
justos depois que morrerem. Essas regiões são de natureza
geográfica, ou são simplesmente o estado mental dos
habitantes do mundo espiritual?

2– A Terra é fêmea. Nós sabemos o gênero de outros


corpos celestes como as estrelas, o Sol, ou outros planetas
e luas? (Pista: As Escrituras referem-se a alguns desses
astros como tendo um determinado gênero.)

3– Já que os planetas nascem, será que isso sugere que há


uma genealogia entre os corpos cósmicos do Universo? Há
alguma evidência astronômica ou doutrinária disso?
Referências – Capítulo 6

1 – Ver Apêndice C: “Decifrando os Códigos dos livros de


Moisés e Abraão”.

2– 3 Néfi 28:30; Ver também Return from Tomorrow, de


George Ritchie e Elizabeth Sherrill (Tarrytown, New York:
Fleming
H. Revell Company, 1978), capítulo 4.

3– Ver, por exemplo, Brigham Young, 4 de dezembro de


1856, JD 4:134; e Heber C. Kimball, 4 de dezembro de 1856,
JD 4: 135-137.

4 – Joseph F. Smith, 7 de abril de 1918, Gospel Doctrine

(Salt Lake City, Utah: Deseret Book, 1973), págs. 542-

543. 5 – Brigham Young, 19 de julho de 1874, JD

17:142,

6 – Brigham Young, 1º de

setembro de 1859, JD

7:239. 7 – Brigham Young,

19 de julho de 1874, JD
17:143.

8 – Orson Pratt, 22 de novembro de 1873, JD 16:314.

9 – Joseph Smith, 5 de janeiro de 1841, Words, pág. 60.

10– Spencer W. Kimball, “Our Great Potential”, 2 de abril de


1977, na revista The Ensign, junho de 1977, pág. 157; e
também “Life Before Birth”, na Ensign, fevereiro de 2006.
pág. 31;

11 – Ver Moisés 5:37; 2 Néfi 23:13; Helamã 11:13, 17; e


D&C 88:45.

12– “Dictionary of the Hebrew Bible”, pág. 110, verbete nº


7549, citado em Strong’s Concordance of the Bible, de
James Strong ( Nashville, Tennessee: Crusade Bible
Publishers, sem data).
13 – Comparar Moisés 3:5 com 2:20.

14 – Ver 1 Coríntios 15:29; D&C 128:8, 12-13.

15– Consultar Sharing the Gospel With Others, de George


Albert Smith (Salt Lake City, Utah: Deseret Book, 1948), pág.
111. Outros que tiveram permissão de visitar o mundo
espiritual relataram a existência lá de rios, lagos, açudes e
cachoeiras. Ver Brent L. Top e Wendy C. Top, Beyond
Death’s Door (Salt Lake City, Utah: Bookcraft, 1993), págs.
124-126; e, também, Lance Richardson, The Message
(Idaho Falls, Idaho: American Family Publishing, 2000),
capítulo 13; e Elane Durham, I Stand All Amazed (Orem,
Utah: Granite Publishing, 1998), capítulos 3 e 7.

– “O Pai e o Filho: Uma Exposição Doutrinal da Primeira


16

Presidência e dos Doze”, Regras de Fé -- Apêndice II, pág.


421, em português, Messages, 5:34.

17– Moisés 2:12; em inglês o sentido é “cuja semente


deverá estar nele”. Notar que o Profeta Joseph Smith
também corrigiu Gênesis 1:12, colocando ali o tempo
futuro do verbo.

18 – Brigham Young, 28 de agosto de 1852, JD 6:275.


Capítulo 7

Quatro Mandamentos e uma


Promessa

“E eu, Deus, criei o homem (...) E eu, Deus,


abençoei-os (...)”
( Moisés 2:27-28)

Moisés relata que, quando a família do Pai ficou completa e


organizada sobre a Terra espiritual, Ele deu a sua progênie
quatro mandamentos importantes:

“E eu, Deus, (...) disse-lhes: Frutificai e multiplicai-vos e


enchei a Terra; e sujeitai-a e dominai sobre os peixes do
mar e sobre as aves dos céus e sobre todo ser vivente que
se move sobre a Terra.” (Moisés 2:28).

Esses quatro mandamentos são tão importantes que o


Senhor os repetiu em diversas ocasiões. Analisemos cada
um deles mais detalhadamente.
1. Frutificai e Multiplicai-vos

O primeiro mandamento – frutificai e multiplicai-vos –


destinava-se a ser cumprido através da sagrada ordem do
casamento, após entrarmos na mortalidade. A experiência
das eternidades havia demonstrado que apenas um
homem e sua esposa, formalmente comprometidos e
unidos individualmente dentro de um sistema de ajuda e
proteção mútuas, poderiam prover o ambiente requerido
para a produção e treinamento de sua progênie.

Em uma revelação moderna o Senhor reafirmou o princípio


de que os padrões de casamento e família foram
estabelecidos de modo que o planeta Terra “se encha com
a medida do homem, de acordo com sua criação antes que
o mundo fosse feito” (D&C 49:16-17). Isto significa que
aqueles que são capazes de trazer filhos à mortalidade
através de casamento e família, mas recusam-se a fazê-lo –
- seja por rejeição premeditada dos ditames de Deus, seja
por terem sido cegados pelas teorias dos homens –- estão
deliberadamente frustrando os propósitos para os quais a
Terra foi feita.
2. Enchei a Terra

O segundo mandamento dado à família espiritual do Pai foi


o de “encher” a Terra, ou seja, enchê-la com sua progênie
após terem entrado na mortalidade.

Este segundo mandamento é uma versão ampliada do


primeiro: não devemos apenas “multiplicar-nos”, ou seja,
ter filhos, mas ter tantos filhos quanto nossas condições
permitam. Isto para que o planeta Terra seja preenchido
com os habitantes espirituais do céu que aguardaram
ansiosamente a oportunidade de obter seus corpos físicos.
Fazendo isso enriquecemos a Terra com o que o
economista Julian L. Simon documentou amplamente
sendo seu recurso maior –- seres humanos pensantes,
viventes, bem treinados e produtivos. (1)

Por vezes os que se recusam a ter filhos alegam que a


Terra já padece de uma “explosão demográfica” que
ameaça cada vez mais sua capacidade de nos dar sustento.
Entretanto, o Senhor revelou que os recursos da Terra são
mais do que suficientes para sustentar confortavelmente
todos os seres humanos designados a habitá-la:

“Eu, o Senhor, estendi os céus e formei a Terra, obra de


minhas mãos (...)

“Pois a Terra está repleta e há bastante e de sobra; sim,


preparei todas as coisas e permiti que os filhos dos homens
fossem seus próprios árbitros” (D&C 104:14, 17).

O Mito da “Explosão Demográfica”

A despeito das insistentes afirmações de que a Terra não


tem capacidade para suportar o crescente aumento
populacional, não há nem nunca houve essa ameaça. Na
verdade, importantes autores defendem mesmo a
possibilidade de que a Terra já tenha abrigado populações
até maiores do que as que habitam nela hoje, nos primeiros
milênios, após Adão e Eva deixarem o Jardim do Éden. (2)

Apesar de a população mundial ser atualmente superior a


seis bilhões de pessoas, um simples cálculo aritmético
demonstra que toda a população da Terra poderia
facilmente ser relocada para uma área bastante pequena,
como a de um dos estados ocidentais dos Estados Unidos, e
ainda ser sustentada com bastança de alimento,
combustível e espaço de residência.

O estado de Utah, por exemplo, com seus 218.234


quilômetros quadrados de território escassamente
povoados, poderia conter a totalidade da população
mundial, de mais de 6 bilhões de pessoas, ficando com
uma densidade de cerca de
25.000 indivíduos por quilômetro quadrado
(aproximadamente 25 pessoas para cada 1.000 m²). Isto é
menos que o triplo da densidade populacional da cidade de
Nova Iorque, que abriga hoje mais de oito milhões de
habitantes em apenas 822 quilômetros quadrados (cerca de
9.727 pessoas por quilômetro quadrado, ou quase 10
pessoas para cada 1.000 m²). Tóquio, capital do Japão, já
tem mais que a metade da densidade populacional
hipotética proposta para Utah, com cerca de 15.600
pessoas por quilômetro quadrado, ou 15 pessoas para cada
1.000 m².

É claro que transformar o estado de Utah numa imensa


Nova Iorque ou Tóquio é absurdo. Mas o fato é que isso
poderia ser feito. E, se Utah permanecesse como o único
lugar permanentemente habitado da Terra, o resto da
superfície do Planeta ficaria disponível para agropecuária,
florestas, recreação, exploração de minérios ou o que quer
que fosse.

Atendo-nos mais à realidade, existem estudos detalhados


que levam em conta solos impróprios e problemas de
abastecimento de água e produção de alimentos. Eles
revelam que a superfície da Terra poderia sustentar muitos
bilhões mais de seres humanos do que os que nela vivem
hoje. (3) Ao contrário do que se alardeia, o crescimento
populacional não é exponencial e destinado a aumentar a
perder de vista, mas tem variado – e até mesmo
decrescido – no decorrer da
história humana. (4) Mesmo que bilhões mais de seres
humanos tivessem que habitar a Terra, eles ainda
poderiam viver com muito conforto e bem-estar, sem
nenhuma aglomeração ou miséria. (5)

É óbvio que existem situações lamentáveis de


superpopulação, fome e pobreza extrema, em muitos
lugares da Terra hoje. Entretanto, um estudo mais
aprofundado revela, com clareza, que a razão primária
desses problemas é um enorme despotismo governamental
e extrema dominação econômica sobre os indivíduos e não,
simplesmente, um excesso de população. A tabela a seguir
demonstra isso de modo claro. (6)

Densidade Populacional, Renda e


Expectativa de vida (1995)

País Populaç Renda Expect


ão por Per ativa
km² de Capi de
solo ta Vida
arável US$ (anos)

Bangla 779 180.- 56,2


desh
Formos 649 8.083.- 70,2
a
Nova 407 25.372. 77,9
Jersey -
*
Japão 336 27.321. 79,1
-
Índia 270 300.- 52,3
Israel 252 10.500. 75,6
-
Reino 237 15.000. 75,5
Unido -
Aleman 227 19.943. 74,6
ha -
Suíça 168 18.700. 77,3
-
China 122 370.- 69,8
Dinama 121 15.200. 74,5
rca -
México 44 2.936.- 64,2
Estado
s 27 22.212.
- 74,9
Unidos

*um estado muito populoso dos Estados Unidos.

Vimos então que no ano de 1995 o estado de Nova Jersey,


por exemplo, tinha uma densidade demográfica de 407
pessoas por quilômetro quadrado de solo arável. A renda
média anual per capita era de US$ 25.372.-. A China, com
um terço da densidade populacional de Nova Jersey (122
pessoas por quilômetro quadrado de área agricultável)
tinha renda anual per capita de US$ 370.-, ou seja, apenas
1/70 avos da renda de uma família de Nova Jersey. Por que
essa disparidade? Basta atentar para o regime totalitário e
opressor que lá vigora para se obter uma resposta.
Mesmo quando uma nação inteira com densidade
populacional superior à da China é comparada com ela (ou
com outro país qualquer sobrecarregado com excesso de
controle governamental), o resultado é o mesmo. A Suíça,
por exemplo, com políticas econômicas mais generosas que
as da China, tem uma densidade populacional de 168
pessoas por quilômetro quadrado de solo agricultável (a da
China é de 122) e, no entanto, a renda anual per capita na
Suíça é de US$ 18.700.-, mais de cinqüenta vezes superior à
chinesa.

O Senhor nunca desejou que houvesse tamanha


disparidade entre seus filhos na Terra. Pelo contrário, Ele
prometeu que haveria “bastante e de sobra” (D&C 104:17)
para todos – se homens e mulheres ambiciosos e
prepotentes não se apropriassem antes dos outros dos
recursos da Terra. Mas, onde reinam a liberdade e a
economia de mercado, todo ser humano pode se dispor a
cumprir os quatro mandamentos dados pelo Pai a nós
antes de nascermos.

3. Sujeitai a Terra

O terceiro mandamento do Pai a sua família espiritual foi o


de “sujeitar a Terra” -- torná-la adequada para habitação
de Adão e Eva e seus descendentes.

Isto incluiria cultivar o solo e domesticar animais, a fim de


produzir os recursos necessários para alimentar e vestir a
humanidade. Incluiria também a perfuração e exploração
do solo, para retirar da crosta terrestre recursos minerais
destinados a obras de construção, e recursos químicos para
prover alimentos e energia. Significaria a construção de
amplas redes rodoviárias e ferroviárias e o emprego de
sistemas fluviais, grandes e pequenos, juntamente com
rotas aéreas, para o transporte terrestre, aquático e aéreo
de pessoas e materiais.

No geral as palavras do Pai, “sujeitai a Terra”, significavam


tornar a Terra física útil para a raça humana.

4. Dominai ... Todo Ser Vivente

O quarto mandamento do pai dizia respeito às relações dos


seres humanos com a vida animal. O Pai ordenou a seus
filhos espirituais que sujeitassem a Terra e tivessem
domínio sobre “toda coisa vivente que se move sobre a
Terra” (Moisés 2:28). Essa ordem de que a raça humana
exercesse domínio sobre os reinos vegetal e animal da
Terra é tão importante que Deus fez referência a ela cinco
vezes na história da Criação. (7)

É óbvio que uma tal ordem não dá à raça humana licença


para destruir indiscriminadamente essas formas de vida. O
Pai nos fez senhores de toda a Criação viva. Ser “senhor”
significa cuidar e ter a custódia dos seres vivos -- não nos
permite desperdiçá-los ou ser seus predadores. O Dr. Hugh
Nibley ressaltou que “ter domínio” significa realmente ser
“senhor”, e a origem da palavra denota a
“responsabilidade do amo pelo conforto e bem-estar de
seus dependentes e dos convidados sob seu teto”. (8)

Especificamente, o Senhor nos advertiu:

“ E ai do homem que derrama sangue ou desperdiça carne


sem necessidade.” (D&C 49:21)

A vida animal não deve ser tirada “a não ser para vosso
mantimento, para salvar vossas vidas”. Caso contrário,
disse o Senhor:

“o sangue de todo animal requererei de vossas mãos”. (TJS,


Gênesis 9:11.)
A Terra Não Deve Ter Domínio Sobre o Homem

O extremo oposto ao daqueles que abusam brutalmente


das formas de vida da Terra é o dos que colocam as plantas
e animais acima das necessidades da raça humana.
Motivados por dogmas populares de religiões hereges, ou
buscando poder através de leis equivocadas, feitas por
legisladores faltos de inspiração, eles têm tentado
endeusar todas as formas de vida não humanas, seja em
nome da “religião”, seja em nome do “meio ambiente”.

Sabemos através das revelações modernas que o Senhor


nunca pretendeu que isso fosse assim. Ao profeta Joseph
Smith Ele declarou que

“as bestas do campo e as aves do ar e aquilo que provém


da terra foram estabelecidos para uso do homem, para
alimento e para vestuário, e a fim de que ele tenha em
abundância” (D&C 49:19).

A despeito da abundância distribuída pelo Senhor por toda


a Terra, continuam as previsões alarmantes relativas à
“explosão demográfica” e às “crises” de falta de alimento
ou combustível. No entanto, todas essas objeções foram
firmemente refutadas pelo Senhor, quando disse:

“A Terra está repleta e há bastante e de sobra; sim,


preparei todas as coisas e permiti que os filhos dos
homens fossem seus próprios árbitros. (D&C 104:17.)

Diversos estudos têm confirmado que o planeta Terra


poderia sustentar e abrigar centenas de vezes mais seres
humanos do que os que nele vivem agora. (9) Como já
salientamos, nosso problema é que permitimos que outros
seres humanos, em geral cheios de riqueza ou de
autoridade política, usurpem e controlem aquilo que o
Senhor nos destinou.

Ao trabalhar pacificamente para desenvolver os recursos


que o Senhor nos concedeu, não podemos perder de vista
uma orientação celestial: devemos nutrir e desenvolver os
recursos deste planeta até termos redimido e embelezado a
Terra, tornando-a novamente um jardim paradisíaco. Heber
C. Kimball observou que Adão foi instruído a tornar a Terra
“bela e gloriosa, deixando-a, em resumo, como um jardim”
do Éden. Ele então perguntou:

“... se nós somos os senhores desta Criação, sob as ordens


de Adão, não deveríamos também nos esforçar por imitar
nosso Pai dos céus?” (10)

Esta é a verdadeira razão de termos recebidos domínio


sobre os recursos e as formas de vida da Terra.
Uma Promessa de Provisão de Alimento

Antevendo o início de nossa experiência mortal, o Pai fez a


promessa de dar-nos o alimento necessário. Essa foi uma
bênção preciosa. A mortalidade está tão repleta de lutas e
tumulto que é um conforto saber que o Pai tomou
providências para que houvesse alimento suficiente à
disposição de seus filhos mortais.

“E eu, Deus, disse ao homem: Eis que te dei toda erva que
dá semente, que está sobre a face de toda a Terra; e toda
árvore em que há fruto que dê semente; para ti servirá de
alimento.” (Moisés 2:29.)
Quando Joseph Smith restaurou esta parte dos escritos de
Moisés, esclareceu um versículo de nossa Bíblia que parece
ambíguo e contraditório. Na versão não restaurada, o
versículo parece afirmar que Deus declarou que as ervas e
frutos das árvores serviriam de alimento na Terra
espiritual.(11) A versão corrigida desse versículo, dada por
Joseph Smith, mostra que Deus originalmente afirmou que
essas fontes de sustento “virão a servir de alimento”, ou
seja, que deveriam ser usados após a humanidade ter vindo
viver na Terra física.

É bem verdade que sistemas políticos perversos e homens


iníquos têm conseguido privar grande parte da
humanidade dessas bênçãos, de tempos em tempos. Mas,
como já vimos, a Terra como um todo é capaz de suprir de
alimentos, e de outros bens necessários, todos os seres
humanos que o Senhor enviar aqui. (D&C 104:17.)

Essa promessa de alimento foi estendida também a toda a


vida animal:

“E a toda besta da terra e a toda ave do ar e a todas as


coisas que rastejam sobre a Terra, às quais concedo vida,
toda erva limpa será dada para alimento; e assim foi, sim,
como eu disse”. (Moisés 2:30)

Como veremos adiante, esta dieta de ervas e frutos foi


instituída quando as formas de vida atuais foram colocadas
sobre a Terra Física. Ela continuou até após a Queda,
quando os animais principiaram a consumir a carne de uns
dos outros. Como salientado pela Primeira Presidência: ”Os
animais, no sistema da Criação, foram destinados a ser
predadores uns dos outros. Eles preservam um equilíbrio
seguro para benefício do Homem”. No entanto, o Senhor
revelou que eventualmente esse “equilíbrio ecológico” não
mais será requerido, e uma ordem vegetariana de consumo
alimentar será retomada pelos animais carnívoros, durante
o Milênio. (13)

Encerra-se a Visão de Moisés da Criação


Espiritual

Com a declaração a seguir encerra-se a visão de Moisés do


Primeiro Período da Criação, ou a Criação Espiritual.
Refletindo sobre seu magnífico feito o Mestre Criador
declarou:

“E eu, Deus, vi todas as coisas que eu havia feito; e eis que


todas as coisas que eu havia feito eram muito boas.”
(Moisés 2:31)

Nós poderíamos perguntar: “Mas tudo o que Deus criou


não é bom? Por que se daria ele ao trabalho de enfatizá-
lo em todo o relato da Criação, e particularmente nesta
conclusão?”

Para nós é perturbador descobrir que nem tudo o que Deus


fez permaneceu bom. Muitas de suas melhores criações
voltaram-se contra ele, inclusive um terço de seus filhos
espirituais. Até mesmo planetas inteiros podem rebelar-se
a ponto de “deixar de existir, através de autodestruição”.
(14)

Felizmente este não é o caso da Terra. Ela é boa. Este


planeta não só “cumpre a medida” de sua criação como
“não transgride a lei” (D&C 88:25) e está assim qualificado
para uma ressurreição celestial” (D&C 88:18-20). Aqueles
que verdadeiramente amam a Terra podem considerar um
privilégio estar associados a ela, agora e para sempre, em
seu avanço ascendente à glória e perfeição entre as
criações cósmicas da família dos Deuses.

Agora que a Criação espiritual – o “céu” -- estava completa,


outro Grande Conselho, o quarto de que temos notícia, foi
realizado nos céus. Moisés não registrou o ocorrido nesse
Conselho. Contudo, Abraão teve permissão de vê-lo e
relatou que todos nós atendemos a essa convocação.

Dois assuntos importantes seriam discutidos. Primeiro,


alguém deveria ser escolhido para dirigir a criação da Terra
física. Segundo, precisaríamos debater a criação da Terra
Física em si. Ela deveria ser um ambiente planetário
cuidadosamente projetado, onde poderíamos obter um
corpo físico e experimentar por nós mesmos as lições da
mortalidade.

Mas não supúnhamos que esse Conselho familiar haveria


de provocar uma guerra generalizada.
Questionário – Capítulo 7

Perguntas para Responder

1– Quais são os quatro mandamentos que foram dados à


família do Pai após seus filhos chegarem à Terra espiritual?
Qual a diferença fundamental entre o primeiro e o segundo
mandamentos?

2 – Qual é o “recurso maior” da Terra? Por quê?

3– Por que algumas áreas densamente povoadas da Terra


são tão ricas, enquanto outras igualmente populosas são
tão pobres?

4 – O que significa “sujeitai” a Terra?

5 – O que significa, na verdade, ter “domínio” sobre toda


coisa vivente sobre a Terra?

6 – Que promessa importante fez Deus a sua família


espiritual? Quem mais recebeu essa promessa?
Questões a Ponderar

1– A questão da “explosão demográfica” parece muito


conflitante e inconclusiva, particularmente da forma com
que é retratada nos meios de comunicação. O que os
peritos em população têm a dizer a esse respeito? De
modo geral eles crêem na ameaça de um aumento
populacional sempre crescente? (Pista: Isto vai exigir
alguma pesquisa em livros e revistas científicos escritos
por especialistas. Autores de artigos de jornais e revistas, e
de livros de catastrofismo, apresentam poucas evidências
“de peso” que tenham sofrido o escrutínio crítico de seus
pares.)
2– Se você possui algum pedaço de terra ou propriedade
imobiliária, como pode usá-la adequadamente para ajudar
a “sujeitar a Terra”? De que forma certas maquinações
inspiradas por Satanás têm impedido as pessoas de
participar da obra de sujeitar a Terra?

3– De que maneira indivíduos mal orientados têm


permitido que a Terra e suas formas de vida tenham
domínio sobre o homem? O que podemos fazer a esse
respeito?

4– Como nós podemos ensinar, estimular e desenvolver um


“domínio” justo da humanidade sobre as formas de vida
aqui na Terra? O que disse Deus sobre a crueldade contra
os animais? Há uma punição prevista para isso?

5– Dietas vegetarianas, ou abstinência de carne, são uma


prática aprovada por Deus? (Ver D&C 49:18-19.) Quando
esse sistema vegetariano predominará? Do ponto de vista
nutricional, por que ele não prevalece agora?
Referências – Capítulo 7

1 – Julian L. Simon, The Ultimate Resource

(Princeton, New Jersey: Princeton University

Press, 1981). 2 – W. Cleon Skousen, The First

2,000 Years (Salt Lake City, Utah: Bookcraft,

1953, págs. 141-145.

3– Consultar, por exemplo, Joel E. Cohen, How Many People


Can the Earth Support? (New York: W. W. Norton, 1995); e
Colin Clark, Population Growth and Land Use (New York: St.
Martin’s Press, 1968).

4– Julian L. Simon, The Ultimate Resource II: People,


Materials and Environment (Princeton, New Jersey:
Princeton University Press, 1996), capítulo 22.

5 – Ver, por exemplo, Philip P. Low, “Realities of the


Population Explosion”, The Ensign, maio de 1971, págs. 18-
27.

6– Adaptado de estatísticas compiladas em


Environmentalism and the Gospel, de Gale Lyle Pooley (Sun
Valley, Idaho: Analytica, 1992), pág. 92.
7 – Moisés 2:26, 28; 5:1; Abraão 4: 26, 28.

8– Ver Hugh Nibley, “Subduing the Earth”, Nibley On the


Timely and the Timeless (Provo, Utah: Brigham Young
University, 1978), págs. 85-99.

9– Ver, por exemplo, Julian L. Simon, The Ultimate


Resource (Princeton, New Jersey: Princeton University
Press, 1981); e Eric N. Skousen e John B. Tenney, Exploding
the Energy Shortage Myth (Orem, Utah: Institute for Energy
Education, 1978).

10 – Heber C. Kimball, 27 de junho de 1863, JD 10:235.

– Comparar Gênesis 1:29 com Moisés 2:29, em inglês,


11

atentando para o tempo verbal. (NT: Em português não


existe essa diferença.)

12 – Joseph F. Smith, David O. McKay e Stephen L.

Richards, em editorial da revista Juvenile Instructor,

abril de 1918. 13 – Isaías 11: 6-9; 65:25; e D&C 101:26.

14 – Spencer W. Kimball, “Spiritual Communication”, 7de


abril de 1962, em The Improvement Era, junho de 1962,
pág. 436.
Capítulo 8

O Nascimento da Terra Física


“(...) tomaremos destes
materiais e faremos uma
Terra onde estes possam
habitar;” (Abraão 3:24)

Uma vez estabelecida a família espiritual do Pai na Terra


espiritual, e tendo ela recebido mandamentos e uma
promessa, era hora de revestir a Terra espiritual com
matéria física. Contudo, antes de poder ser iniciado esse
processo, uma outra convocação celestial precisou ser feita.

O Quarto Grande Conselho dos Deuses

Pelo que podemos depreender dos eventos subsequentes –


- particularmente pelo desenvolvimento e diferenciação
que ocorreram entre os membros da família do Pai – algum
tempo pós ficar completa a criação da Terra espiritual, a
progênie espiritual do Pai foi conclamada a um conselho de
família. Esse foi o quarto conselho formal relativo à criação
da Terra de que temos conhecimento. Entretanto ele foi
diferente em um sentido: não foi realizado no mundo
celestial. Moisés foi informado de que este foi o primeiro
de uma série de Grandes Conselhos que tiveram lugar “no
céu”, isto é, sobre a Terra espiritual – “no céu os criei”
(Moisés 3:5). Deus também disse a Abraão que “desceu” à
Terra espiritual para realizar um Conselho com sua família
espiritual, nessa ocasião: -- “ (...) desci, no princípio, no
meio de todas as inteligências que viste” (Abraão 3:21).

Dentre os filhos do Pai que se reuniram nessa hora havia


muitas (inteligências) “nobres e grandes”, a quem Deus
considerou “boas” e das quais disse: “(...) A estes farei
meus governantes; (...)”. (Abraão 3:22-23). Quando Abraão
contemplou em visão esse Conselho, ficou abismado ao
descobrir que ele próprio estava nesse grupo seleto. Disse-
lhe o Senhor: “ (...) Abraão, tu és um deles; foste escolhido
antes de nasceres”! (Abraão 3:23).

Em sua visão do mundo espiritual, nestes últimos dias, o


profeta Joseph F. Smith viu que os “nobres e grandes” não
só incluíam Abraão, mas também os profetas dirigentes de
todas as dispensações do Evangelho. Ele viu ainda que
incluíam também “outros espíritos preciosos que foram
reservados para nascer na plenitude dos tempos, a fim de
participar do estabelecimento dos alicerces da obra dos
últimos dias” (D&C 138: 53).
Como esses espíritos nobres e grandes haviam recebido a
importante responsabilidade de criar a Terra física, Abraão
nos diz que cada um recebeu o título de “Deus” ou Criador.
Sabemos disso porque em Abraão 4:1 a frase “(...) eles, isto
é, os Deuses” refere-se aos “nobres e grandes”
mencionados sete versículos antes em Abraão 3:22.

Isto concorda com o que já aprendemos a respeito da


pluralidade de Deuses do Universo organizado. Também
nos mostra que alguns filhos espirituais excepcionalmente
dignos receberam o título e a responsabilidade de ser um
deus mesmo antes de nascer na mortalidade. É óbvio que
isto havia acontecido com o Salvador. E também é
verdadeiro no que diz respeito aos que foram chamados de
“nobres e grandes”.

É Nomeado um Dirigente Responsável pela


Criação Física

Presidindo essa assembleia de nobres e grandes criadores


havia uma personalidade proeminente, a quem as
Escrituras referem-se como alguém “que era semelhante a
Deus” (Abraão 3:24). Ele anunciou a seus companheiros
que o tempo havia chegado em que seria necessário deixar
seu mundo celestial e “descer” a certa região do espaço
para criar a Terra física. Lá eles ordenariam aos elementos
físicos inorganizados que envolvessem a Terra espiritual.
Um novo corpo planetário – um globo virgem de matéria
física – seria formado. Naquela Terra física viveriam os
membros da família espiritual do Pai corporificados; era lá
que eles experimentariam sua provação mortal. Disse Ele:

“(...) Desceremos, pois há espaço lá, e tomaremos destes


materiais e faremos uma Terra onde estes (filhos
espirituais do Pai) possam habitar.

“E assim os provaremos para ver se farão todas as

coisas que o Senhor seu Deus lhes ordenar;” (Abraão

3:24-25.) O Pai então procurou alguém que pudesse

administrar a criação da Terra física. “Quem

enviarei?”, perguntou Ele:

Dois indivíduos apresentaram-se. O primeiro era


“semelhante ao Filho do Homem” e respondeu: “Eis-me
aqui, envia-me”.

Entretanto, o outro também respondeu e disse: “Eis-me


aqui, envia-me.” Baseado em sua experiência com essas
duas personalidades, o Pai respondeu: “Enviarei o
primeiro” (Abraão 3: 27).
A personalidade que primeiro respondeu ao chamamento
do Pai – alguém “semelhante ao Filho do Homem” – foi o
Jesus Cristo pré-mortal. A segunda personalidade foi outro
líder brilhante dentro da família do Pai. Seu nome era
Lúcifer.

As Escrituras deixam claro que Lúcifer aspirava a esse


encargo da Criação. Ele era um anjo “que possuía
autoridade na presença de Deus” (D&C 76:25). Era também
chamado de “filho da manhã” (D&C 76:26-27),
significando que provavelmente estava entre os primeiros
filhos a nascer na família espiritual do Pai. (1) Contudo, o
Pai havia reconhecido traços deformados de personalidade
em Lúcifer, que desqualificavam seus serviços como
criador: Lúcifer era tanto um mentiroso (D&C 93:25) como
um assassino (João 8:44) já “desde o princípio”!

Após esta primeira confrontação registrada entre Jeová e


Lúcifer, Abraão acrescenta que Lúcifer “irou-se e não
guardou seu primeiro estado; e, naquele dia, muitos o
seguiram” (Abraão 3:28). A razão porque Lúcifer obteve
apoio tão substancial entre os membros da família
espiritual do Pai só se evidenciará quando analisarmos
brevemente aquilo que ele se propunha a fazer por eles.
O Plano de Lúcifer para a Família Espiritual do
Pai

Nós agora sabemos que era intenção de Lúcifer enviar-nos


a todos à Terra física como robôs humanos, isto é, sem
qualquer capacidade de ação exceto aquela que ele e seus
seguidores nos determinassem. O Senhor nos diz
especificamente que Lúcifer procurou “destruir o arbítrio
do homem”, o qual o Senhor nos havia dado” (Moisés 4:1,
3-4). Vejamos porque Lúcifer pensou que poderia fazer
isso:

As leis eternas de justiça e equidade entre as inteligências


do universo organizado requerem que apenas seres
perfeitos possam habitar com o Pai eternamente (D&C
1:31; 76:69). Portanto, Lúcifer propôs que fôssemos
enviados a um meio ambiente no qual nenhum de nós seria
exposto ao risco da desobediência. Ele garantiria nossa
estrita obediência às leis perfeitas do Universo através de
uma rígida aplicação de autoridade absoluta, exercida sob
seu controle pessoal. Como escravos da vontade de Lúcifer,
ninguém teria permissão de cometer um único erro.
Portanto, nem uma só alma seria impedida de voltar à
presença do Pai. Lúcifer achava que era o plano perfeito.

Já que esse plano nos proveria um corpo físico e algumas


experiências mortais limitadas, num meio ambiente livre
de riscos, Lúcifer achou que poderia fazer por nós o que o
Pai não podia. E, como recompensa por sua engenhosidade,
audaciosamente reivindicou de Deus que Ele lhe desse seu
próprio “poder”.

O poder de Deus é sua “honra” (2), isto é, o respeito e a


obediência que são liberal e voluntariamente dedicados a
ele por todas as inteligências sob sua direção (3). Sabemos
então que Lúcifer aspirava substituir o próprio Deus e
assumir sua posição de controle no cosmo! Pior ainda,
Lúcifer desejava arrogar-se esse poder sem merecê-lo
plenamente como havia feito o Pai –- através de seu
exemplo, confiabilidade e absoluta equidade. Qualquer um
que alcance esse poder de liderança instila em seus
seguidores completa confiança e segurança. De um tal líder
se diz:

“teu cetro (será) um cetro imutável de retidão e verdade;


e teu domínio será um domínio eterno e, sem ser
compelido,
fluirá para ti eternamente”. (D&C. 121:46)

Como o plano de Lúcifer envolvia compulsão, foi rejeitado.


Ele, portando, “irou-se”. Porém, ainda não manifestou
abertamente sua atitude hostil durante esse conselho de
família. A escritura simplesmente declara que ele “irou-se”
por não ter sido escolhido para dirigir a criação da Terra
Física (Abraão 3:28). Sem dúvida seus seguidores ficaram
igualmente descontentes e enciumados ao ver seu líder
dileto ser preterido em prol de um outro.

Após essa rejeição, Lúcifer sediciosamente começou a


minar a confiança dos membros da família no Pai, em Jeová
e em outros detentores de postos de liderança que os
apoiavam. Como veremos a seguir, ao tempo em que a
Criação física ficou completa, Lúcifer já havia expandido sua
influência e criado divergências com o Pai e seus filhos
justos a ponto de deflagrar uma guerra ideológica aberta
pela posse e controle do planeta Terra.

O Quorum da Criação

Algum tempo após ter-se concluído o Conselho do Pai com


seus filhos, os Deuses reuniram-se no mundo celestial. (4)
Eles estavam para partir em sua nova designação de criar a
Terra física. Já aprendemos anteriormente que o Mestre
Criador que foi enviado abaixo para organizar a Terra Física
foi Jeová –- que era Jesus Cristo na vida pré-mortal. Mais
tarde, na mortalidade, ele afirmaria a seus seguidores ser
“o grande EU SOU”, por quem “todas as coisas foram
feitas”. (5) Ele explicou também que havia sido ordenado
para realizar esse trabalho “desde o princípio” (João 1:1-3;
8:58).

Essa designação para administrar a criação da Terra física


fora formalmente conferida sobre o Salvador por meio de
uma ordenação do Sacerdócio no Conselho pré-mortal dos
Deuses. Como escreveram Brigham Young e Willard
Richards:

“Seu Pai glorificou-o, fazendo-o Sumo Sacerdote, ou seja,


ordenou-o para a obra de criar o mundo e tudo o que nele
há”. (6)
Esta é uma das muitas “ordenanças do céu” pertencentes
ao Sacerdócio (Jó 38:33) que a família dos Deuses emprega
para fazer designações a fim de expandir seu Universo
organizado. O Apóstolo Paulo ensinou que a designação de
Jeová para criar a Terra Física situou-o acima de todas as
outras criaturas do Céu, inclusive dos anjos ministradores
de Deus (Hebreus 1:2, 9-10).

O Pai também enviou outra personalidade proeminente


para acompanhar e assistir Jeová. Seu nome era Miguel.
Esse personagem devotado e leal tinha tal capacidade
comprovada de liderança que foi designado o cabeça dos
anjos (7) no lar celestial, e assim foi conhecido como
“Miguel, o arcanjo” (Judas 1:9). Posteriormente
Miguel foi escolhido para iniciar a vida humana sobre esta
Terra. Ele então ficou conhecido como Adão. (8)
Assim como Jeová, Miguel também recebeu as chaves e
autoridade do Sacerdócio para criar a Terra física. Joseph
Smith ensinou que

“o Pai chamou todos os espíritos perante Ele ao tempo da


criação do homem e organizou-os. Ele (Adão) foi designado
para ser o cabeça e recebeu a ordem de se multiplicar. As
chaves (do Sacerdócio) lhe foram dadas e por ele foram
conferidas a outros.” (9)

Heber C. Kimball explicou que quando o Pai


“chamou e designou seus servos para irem organizar uma
Terra, ele disse a Adão, em meio aos outros: ‘Segue junto
também e ajuda em tudo que puderes; tu irás habitá-la
quando estiver organizada; portanto vai e assiste na
realização da boa obra.’ Lê-se nas Escrituras que o Senhor o
fez, mas o verdadeiro sentido é o de que o Altíssimo enviou
Jeová e Miguel para executar a obra”. (10)

Disto podemos concluir que o Pai, Jeová e Miguel


constituíram o Quorum Presidente da Criação física. De
fato, existe uma ordem administrativa similar sempre que
um corpo planetário é criado. Brigham Young ensinou:

“A Terra foi organizada por três personagens distintos,


nomeadamente Eloim, Jeová e Miguel –- esses três
constituindo um quorum, como sempre ocorre em relação
a todos os corpos celestiais e na organização dos
elementos”. (11)

A Primeira Época: Começa a Criação Física

Vez por outra, neste estudo detalhado da criação da Terra,


precisamos fazer uma pausa para conferir em que pé
estamos. Este é um desses momentos.

Em primeiro lugar, acabamos de concluir nosso estudo do


Primeiro Período da Criação, do nascimento da Terra
Espiritual e seu embelezamento com as formas espirituais
de vida, inclusive nossos espíritos pré-mortais.
Em segundo lugar, estamos iniciando nosso estudo do
Segundo Período da Criação, como descrito por Abraão.
Em sua visão da Criação ele descreve o nascimento da
Terra Física e a extensa preparação de sua superfície para
sustentar as formas de vidas atuais (que chegariam mais
tarde, durante o Terceiro Período da Criação).

Este Segundo Período em particular foi divido em sete


“vezes”, como os chamou Abraão, ou sete etapas de
duração não especificada. Para maior clareza chamaremos
“épocas” a cada uma delas.

Ao início da Primeira Época do Segundo Período da Criação,


sob a direção do Quorum Governante da Terra, os
Criadores desceram para organizar o globo físico:

“Então o Senhor disse: Desçamos. E eles desceram no


princípio; (...)” (Abraão 4:1).
Foi para formar a Terra física que os Deuses viajaram,
quando disseram: ”Desçamos”. Ela aguardava para
receber seu corpo de matéria física; e os Deuses dirigiram-
se a um local onde havia “espaço” suficiente para formar
uma espera física (Abraão 3:24). Sabemos, entretanto, que
isto não se refere a um “espaço” dentro do nosso sistema
solar atual. Como já aprendemos, esta Terra não deixou as
regiões do espaço próximo a Colobe, onde foi criada, senão
após a Queda de Adão e Eva. (12)

“(...) e eles, isto é, os Deuses organizaram e formaram os


céus e a Terra.

“E a Terra, depois de formada, estava vazia e desolada,


porque eles não haviam formado coisa alguma a não ser a
Terra; e as trevas reinavam sobre a face do abismo e o
Espírito dos Deuses pairava sobre a face das águas”.
(Abraão 4:1-2).

A “Organização” dos Céus ...

A declaração de que os Deuses “organizaram e formaram


os céus e a Terra” é uma frase significativa, que requer
maior escrutínio. Notemos que a palavra “organizaram”
parece referir-se aos “céus”, enquanto que a palavra
“formaram” parece aplicar-se à Terra.
Em primeiro lugar, o que são os “céus”?

A palavra “céus”, como Abraão a utiliza aqui, refere-se aos


planetas, luas e estrelas vistos a partir da Terra. Sabemos
disso porque apenas oito versículos antes, durante a visão
que Abraão teve do Universo organizado, o Senhor tinha-
se referido aos domínios cósmicos dos astros, como são
vistos a partir da Terra, usando a palavra “Céus”. O Senhor
disse que havia “descido” de lá para a Terra espiritual
(Abraão 3:21).

Nas escrituras a palavra “céus” está quase sempre


relacionada aos corpos organizados do cosmo que podem
ser vistos da Terra. Por exemplo, após o Senhor ter dado a
Moisés uma visão dos “mundos incontáveis” que havia
criado, Moisés pediu ao Senhor: “... dize-me o que
concerne... aos céus” (Moisés 1:33, 36). O Senhor o
atendeu e enquanto ele contemplava esses mundos
explicou-lhe:

“ (...) os céus, eles são muitos e são inumeráveis para o


homem; mas são enumeráveis para mim, pois são meus”
(Moisés 1:37)

Em nossa dispensação o Senhor disse:

“(...) os cursos dos céus e da Terra (...) abrangem a Terra e


todos os planetas” (D&C 88:43).

Entre os “planetas” o Senhor inclui não apenas a Terra e


outros planetas do Sistema Solar que podemos ver, mas
também o Sol, a Lua e as estrelas – tudo o que
denominamos corpos celestes.

“(Eles) transmitem luz uns aos outros em seu tempo e em


suas estações, (...)

“A Terra gira em suas asas e o Sol dá sua luz de dia e a Lua


dá sua luz à noite e as estrelas também dão luz, ao girarem
em suas asas, em sua glória, no meio do poder de Deus”
(D&C 88:44-45).

Notemos que “eles”, os que “transmitem luz uns aos


outros”, (versículo 44), abrangem não apenas a “Terra e
todos os planetas” (versículo 43), mas também astros com
luz própria como o Sol e as estrelas (versículo 45).

Portanto o que os versos de abertura da história da Criação,


de Abraão, estão realmente nos dizendo é que os Deuses
organizaram os céus, ou o sistema planetário e estelar
associado com a Terra. Isto é, além de criar a Terra, eles
prepararam e equiparam um lugar do cosmo para ela
habitar durante seus 7.000 anos de permanência em
nosso Sistema Solar (D&C
77:6,12). Como veremos adiante, essa designação
específica consumou-se durante a “quarta vez” do Segundo
Período da Criação (Abraão 4:14-16).

... E a “Formação” da Terra

Qual o sentido da expressão “formar” a Terra? Essa é uma


palavra-chave usada através de toda a história da Criação
significando “nascimento”. Por exemplo, o verbo “formar”
é usado em conexão com a criação de Adão (Abraão 5:7 e
Moisés 3:7). E, a fim de que Moisés não interpretasse
erroneamente o que a “formação” de um ser humano
significava, o Senhor disse a Moisés o que anteriormente
havia dito a Adão:

“(...) haveis nascido no mundo pela água e sangue e espírito


que eu fiz e assim vos haveis transformado de pó em alma
vivente (Moisés 6:59).

Uma vez que a Terra foi também “formada”, isto significa


que ela não surgiu da condensação de alguma nebulosa
de poeira e gás. Ela nasceu de um planeta-mãe.

Todas essas informações, naturalmente, enquadram-se no


contexto do relato da Criação de Abraão que se segue, no
qual apenas a Terra é “formada”, enquanto que o Sol, a Lua
e as estrelas são “organizados”. Aparentemente a criação
desses outros corpos celestes teve lugar muito tempo
antes da criação da Terra e a história deles não tinha
significado imediato para o relato daquilo a que Abraão
assistiu.

As Terras são Formadas Por Materiais


Preexistentes

Essa informação nos ajuda a desfazer uma concepção


errônea comum a respeito da criação da Terra. Grandes
teólogos, estudando a história da Criação, presumiram que
em determinado ponto do tempo e do espaço Deus
simplesmente criou um novo planeta do nada, como que
num passe de mágica. Esse conceito é denominado criação
ex-nihilo, significando criar algo do nada.

Entretanto, isso não é possível. O Senhor revelou que o


Universo organizado foi formado a partir de dois
componentes básicos –- “inteligências” e “elementos”.
Esses componentes nunca foram criados nem podem ser
destruídos (D&C 93:29,33). O Profeta Leí denominou-os
“coisas que agem” (inteligências) e “coisas que recebem a
ação” (elementos) (2 Néfi 2:13-14). Essas matrizes básicas
constituem tudo o que está organizado no Universo, desde
a menor partícula subatômica até a maior constelação
galáctica. Foi por isso que o Profeta Joseph Smith enfatizou
que “todas as coisas, terra, água etc, tiveram existência em
um estado elementar que vem desde a eternidade”. (13)
Portanto, ensinou ele:

“Deus não fez o mundo do nada, pois é contrário à


mente racional e à razão que alguma coisa provenha do
nada; é também contrário aos princípios e meios pelos
quais Deus opera”. (14)

E Brigham Young acrescentou:

“Deus nunca fez um mundo do nada. E nunca o fará –- Ele


nunca poderia! Esse princípio não existe” (15).

O modo como Deus opera, obviamente, é criando unidades


de matéria organizada com o emprego de parcelas eternas
de inteligência e elemento. A matéria organizada é então
reunida, ao seu comando, para formar uma terra. Isto
constitui um princípio importante da ciência de Deus para
a construção de mundos: as terras são formadas por
materiais preexistentes
e não tiradas do “nada”. (As bases desse sistema, bem
como seu processo de execução propriamente dito, serão
melhor analisados no Apêndice B -- “O poder Secreto de
Criação de Deus”.)

Joseph Smith ensinou que muitos estudiosos da história da


Criação confundem-se neste ponto. Segundo ele a causa
disso é que o primeiro versículo do livro de Gênesis tem
sido incorretamente traduzido. No original em hebraico a
frase “Deus criou o céu e a Terra” significaria realmente
“Deus organizou o céu e a Terra”. Como o Profeta o definiu:

“A palavra ‘criar’ vem da expressão (hebraica) bârâ, que


não quer dizer (criar algo do nada). O que significa bârâ?
Significa organizar, do mesmo modo que um homem
organiza e utiliza materiais para construir um navio.”

“Inferimos disto que o próprio Deus tinha materiais à sua


disposição para organizar o mundo, retirando-os do caos –
- matéria caótica, a qual é formada por elementos em que
habita toda a glória (inteligências). Esses elementos
existiam há tanto tempo quanto o próprio Deus. O
elemento puro é um princípio que nunca pode ser
destruído. Esses elementos podem ser organizados e
reorganizados, mas não destruídos.” (16)
Terras Não São Mecanicamente Formadas – Elas
Nascem

Uma vez que os Deuses podem controlar diretamente as


unidades viventes de matéria por todo o Universo, pode
parecer que a montagem de uma esfera planetária é uma
simples resposta mecânica a suas ordens. Contudo, o
processo real de uma criação planetária é bem mais
maravilhoso. É um processo de nascimento –- de dar à luz-
- semelhante ao que todos os seres de ordens mais altas
atravessam, inclusive os seres humanos, quando são
trazidos à existência.

O Senhor revelou que todo ser vivo de ordem avançada


consiste de três entidades: 1) uma inteligência primeva –-
“a essência do homem, seu próprio eu” (17); 2) um corpo
espiritual feito de matéria espiritual; e 3) um corpo físico
constituído de matéria física.Como o resumiu o Presidente
Spencer W. Kimball:

“Deus tomou essas inteligências e deu-lhes corpos


espirituais; deu-lhes também instruções e treinamento.
Depois prosseguiu e criou um mundo para elas, enviando-
as como espíritos para obter um corpo mortal”.(18)

Nossa inteligência, ou mente, foi associada a seu corpo


espiritual através de um processo natural de nascimento.
A Primeira Presidência escreveu:
“O espírito do homem foi gerado e nasceu de pais
celestiais, e foi criado até a maturidade nas eternas
mansões do Pai, antes de vir à Terra”. (19)

O Pai gerou os espíritos da raça humana “como nós


geramos nossos filhos” disse Brigham Young, ”pois não
existe outro processo de criação nos Céus”. (20)

Após um período de teste e treinamento, nossos espíritos


ou “inteligências organizadas” (Abraão 3:22-23) foram
revestidos de organismos físicos –- ou corpos –- através de
um segundo processo de nascimento aqui na Terra.

Assim como nossos espíritos nasceram de pais celestiais, o


espírito da Terra também nasceu da mesma maneira. E
assim como nossos espíritos foram revestidos com um
corpo físico, através de um outro processo de nascimento,
o espírito daTerra também recebeu um globo físico em um
segundo processo de nascimento.

O nascimento de planetas é outro princípio científico divino


na construção de terras. Essa criação através de nascimento
segue um padrão eterno. Todas as ordens de seres mais
elevados alcançam existência organizada assim. É “através
da multiplicação de vidas que os mundos eternos são
criados” (21), ensinou Joseph Smith. Ele disse ainda:
“(...) Onde houve jamais um filho sem um pai? (...) Quando
é que uma árvore ou qualquer outra coisa jamais brotou
para a vida sem ter um progenitor? E tudo existe dessa
maneira.” (22)

O Profeta John Taylor também confirmou que “esse


principio de surgimento da vida é a origem, não apenas de
nosso mundo, mas também dos outros”. (...) “ Sem os
processos de procriação e nascimento dos planetas“, disse
ele, “não existiria nenhum mundo; tudo seria caos, tudo
seria escuridão, tudo seria morte e as obras de Deus não
existiriam”. (23)

Tudo isso mostra que as terras não são criadas separada e


independentemente, mas descendem umas das outras. “
De onde proveio a Terra? ”, perguntou Heber C. Kimball,
respondendo ele próprio: “Das terras que são suas
ancestrais.” (24)

Assim como nós fomos feitos à imagem de nosso Criador, a


existência de uma genealogia planetária é depreendida do
fato de que nossa Terra “segue o padrão de um mundo
anterior, ou das mansões do alto” (25), significando o
mundo celestial no qual nascemos como espíritos e onde
vivemos antes de vir a esta Terra”. (26)
As Escrituras sugerem que os ancestrais planetários da
Terra remontam à própria estrela Colobe. A Abraão foi
mostrado que a Terra, e os planetas que pertencem “à sua
mesma ordem”, traçam sua ascendência cósmica, através
de muitos escalões de estrelas governantes, à maior de
todas as estrelas governantes –- Colobe. (27)

Nasce a Terra Física

Neste ponto, em algum lugar dentro de uma Terra-mãe, o


globo físico de desenvolveu em suas águas embrionárias.
Isto se consumou através de uma palavra de ordem do
Sacerdócio. Como Brigham Young explicou, os Deuses

“ tanto têm controle sobre a matéria (física) quanto sobre


a (matéria) espiritual. O poder do Altíssimo exerce sua
influência e sabedoria –- quando ele fala, é obedecido, e a
matéria reúne-se e é organizada”. (28)

Através desse processo, o Pai conclamou “os átomos dos


elementos a se reunir para organizar a Terra”. (29)

O Senhor falava dessa Criação maravilhosa quando


repreendeu severamente a Jó, por sua insegurança, bem
como a seus amigos descrentes. Eles tinham-se queixado
de que havia poucas evidências da obra de Deus e, o que é
pior, os amigos de Jó disseram: “ (nós) não o podemos
alcançar ( a Deus)” (Jó 37:23). O Senhor então os desafiou
com uma declaração interessante:

“Quem é esse que escurece o conselho com palavras sem


conhecimento? ” (Jó 38:2).

E então, como que a rememorar o nascimento da Terra,


como evidência das grandes realizações do Pai, de Jeová e
de Miguel, o Senhor continuou:

“Onde estavas tu quando eu fundava a Terra? Faze-mo


saber se tens inteligência.

“Quem lhe pôs as medidas (determinou suas

dimensões), se é que o sabes? Ou quem estendeu

sobre ela o cordel? “Sobre que estão fundadas as suas

bases? Ou quem assentou sua pedra de esquina,

“Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam,


e todos os filhos de Deus se rejubilavam? “ (Jó 38:4-7)
Essa indignada repreensão do Mestre Criador da Terra nos
ensina vários detalhes importantes a respeito do
nascimento da Terra.

Primeiramente, aprendemos que o tamanho da Terra física


não é arbitrário –- suas dimensões e proporções foram pré-
determinadas pelo quorum que presidiu a Criação.

Em segundo lugar, para realçar a abjeta ignorância deles, o


Senhor espicaçou Jó e seus amigos com questões que eles
não podiam responder. Ele pede que lhe digam onde os
alicerces da Terra estão ancorados (em inglês: “Whereupon
are the foundations thereof fastened’?) e quem lançou sua
pedra fundamental. Naturalmente, “os alicerces” da Terra
física consistem de seu próprio corpo, que é “cingido” ou
mantido coeso no espaço por um poder de atração a que
chamamos “gravidade”. Os astrônomos egípcios instruídos
por Abraão aprenderam a reconhecer essa força cósmica
associada a cada astro ou “poder governante” do Universo.
(30) E quanto à “pedra fundamental” da Terra, esse é um
mistério intrigante que algum dia será revelado.

Em terceiro lugar aprendemos que, quando a Terra física


emergiu de seu ventre aquoso, um grande brado de aleluia
se ouviu na família espiritual do Pai. Os filhos todos
“aclamaram em júbilo”, enquanto que as filhas, ou estrelas
da alva, cantavam o Hino da Criação. Foi uma ocasião
realmente jubilosa!
A Terra Física é feita de Matéria Reciclada

Existem dois fatos adicionais relativos à criação da Terra


que merecem atenção maior de nossa parte.

Em primeiro lugar, a matéria com a qual o globo físico foi


construído é proveniente de sobras de outros planetas que
não cumpriram a medida da sua criação. Joseph Smith
afirmou:

“Esta Terra foi organizada, ou formada, com matéria de


outros planetas que foram desmontados e remodelados,
transformando-se neste globo em que vivemos”. (31)

Isto sugere que a família dos Deuses está continuamente


reciclando os elementos planetários e estelares do
Universo, até que eles sejam permanentemente associados
a uma unidade cósmica eterna. Este padrão de criação
cósmica segue o princípio de que “quando os elementos de
uma estrutura organizada não preenchem a finalidade de
sua criação, ela é desmanchada (...) para ser formada outra
vez”. (32) Isto significa, segundo palavras do Presidente
Spencer W. Kimball, que, enquanto alguns planetas
“avançam em direção à perfeição”, outros há que “deixam
de existir através de autodestruição”. (33)

Uma vez que a Terra física é feita dessa matéria cósmica


reciclada, não é de surpreender que os astrônomos tenham
confirmado que nossa Terra consiste da mesma variedade
de elementos que se sabe existir em todas as outras partes
do Universo observável. No Século XIX foi descoberto que
cada tipo de matéria luminosa emite um espectro de
energia único. Os astrônomos conseguem medir os
espectros das estrelas e das nebulosas interestelares,
confirmando que elas consistem do mesmo tipo de matéria
da qual a Terra é feita. (Este assunto empolgante é
discutido na maioria dos livros de astronomia de nível
universitário, sob os títulos: “espectros estelares”, ”matéria
interestelar”, ou “abundância cósmica dos elementos”.)

Outra importante percepção relativa ao globo físico é a de


que ele “segue o padrão de um mundo anterior, ou das
mansões do alto”. (34) Isto é, esta Terra foi modelada à
semelhança de nosso lar celeste, onde habitamos por
muitas eras como espíritos e onde aguardávamos com
ansiedade a criação de nosso próprio planeta. Além do
mais, já que a Terra física
nasceu de uma terra-mãe, e já que as coisas viventes são
geradas “segundo sua espécie”, é provável que a Terra
recém- nascida seja muito parecida com sua terra-mãe.

Entretanto, havia uma diferença importante entre genitora


e descendente: a Terra recém-criada não tinha luz própria,
como sua terra-mãe. Brigham Young ensinou que “Todo
planeta em seu primitivo estado orgânico e rudimentar
não recebe a glória de Deus sobre si, mas é opaco”. (35)
Apenas após um planeta haver alcançado sua plena
maturidade, e ter ressuscitado, é que brilhará como uma
estrela. (36)

“Haja Luz! ”

Após o globo físico ter-se libertado de seus liames


embrionários, Abraão constatou que ele era desprovido de
vida superficial; a Terra “estava vazia e desolada” (Abraão
4:2). Isto não surpreende, já que o planeta estava ainda
envolto em escuridão. Não nos é dito quanto tempo a Terra
permaneceu nessa situação, mas no momento apropriado o
véu de escuridão foi repentinamente afastado:

“E eles (os Deuses) disseram: Haja luz, e houve luz.

“E eles (os Deuses) tiveram consciência da luz, pois era


brilhante; e eles separaram a luz, ou melhor, fizeram com
que ela fosse separada das trevas.

“E os Deuses chamaram à luz Dia e às trevas chamaram de


Noite (...)” (Abraão 4:3-5).

Pela mesma autoridade por meio da qual o material


planetário fora reunido e organizado para formar um globo,
os Deuses fizeram com que a luz banhasse toda a Terra
recém-nascida. Essa autoridade do Sacerdócio, disse Joseph
Smith,

“é o canal através do qual o Todo-Poderoso principiou a


revelar sua glória no começo da criação desta Terra”. (37)

Quando a luz das grandes estrelas governantes brilhou


sobre a nova esfera de matéria física, ela recebeu o poder
da rotação. Portanto, esse foi “o primeiro, ou seja, o
princípio” de sua exposição cíclica a dia e a noite (Abraão
4:5).

O nascimento da Terra física estava finalmente completo


ou, como foi dito a Jó, a “fundação da Terra” estava
concluída (Jó 38:4). Na verdade esta é uma frase comum
usada em todas as Escrituras para designar o nascimento
da Terra. (38)

Era preciso agora começar a preparar a crosta, que estava


em estado bruto, para receber as formas atuais de vida. O
primeiro passo para tanto foi a criação de uma atmosfera
respirável.
Questionário -- Capítulo 8

Perguntas para Responder

1– Qual foi a maior falha no “plano de salvação” de Lúcifer?


Qual foi a reação de Lúcifer quando não foi escolhido para
dirigir a Criação física?

2– Quem eram os membros do “Quorum da Criação” da


Terra física? Todas as novas criações planetárias são
presididas por um quorum semelhante?

3 – O que aconteceu durante a Primeira Época deste


Segundo Período da Criação?

4– Qual a diferença entre algo ser “formado” ou ser


“organizado”? No relato da Criação de Abraão, o que foi
“formado” e o que foi “organizado”?

5 – Quais são as três entidades fundamentais

que constituem qualquer ser humano da Terra

hoje? 6 – A Terra foi formada com sobras de

planetas mais antigos que foram destruídos?


Questões a Ponderar
1– Que evidência existe de que a guerra que Lúcifer
deflagrou nos céus continua em andamento na Terra? Se
Lúcifer vencesse, qual seria seu maior prêmio?

2– Existem planetas similares à Terra, no Universo, nos


quais os poderes da escuridão sobrepujaram inteiramente
os poderes da luz e tomaram posse completa do planeta?

3– O “plano de salvação” de Lúcifer requereria a anulação


de nosso arbítrio. Será que já houve algum sistema
econômico, político ou social desse tipo, implantado
experimentalmente entre os homens na Terra? Se houve,
você pode citar exemplos? Quais têm sido as
conseqüências dessas experiências econômicas, sociais ou
políticas?

4– Há evidências de que os planetas, como todos os outros


seres viventes, multiplicam-se de acordo com um padrão
genético? Isto ajudaria a explicar as diversas classes de
corpos planetários existentes em nosso próprio sistema
solar? Poderia explicar também as diversas classes de
estrelas, constelações e galáxias, ou serão elas mais
representativas de estágios de crescimento dentro do
Universo observável.

5– Ao contrário da Criação espiritual, o nascimento e


desenvolvimento de planetas físicos deveria ser observável
pelos astrônomos. Há evidências científicas, ou de
observação, de que planetas físicos estejam nascendo de
estrelas-mães?
Referências – Capítulo 8

1 – Bruce R. McConkie, Mormon Doctrine, 2ª

edição (Salt Lake City, Utah: Bookcraft, 1966),

pág. 744. 2 – Moisés 4:4; também D&C 29:36.

3 – Ver Apêndice B -- “O Poder Secreto de Criação de Deus”.

4 – Abraão 4:26 a 5:3; ver Apêndice C: “Decifrando os


Códigos dos Livros de Moisés e Abraão”.

5 – D&C 76:13; João 1:3; Colossenses 1:16; Apocalipse 4:11.

6 – Brigham Young e Willard


Richards, janeiro de 1841,
History 4:257; 7 – Ver D&C 29:36;
107:54; 128:21.
8 – D?C 27:11; 107:54 (53-56); 128:21. Ver também Joseph

Smith, antes de 8 de agosto de 1839 (1), Words, págs. 8,


13,
20-21 e 39.

9 – Joseph Smith, antes de 8 de agosto de 1839 (1), Words,


pág. 9.
10 – Heber C. Kimball, 27 de junho de 1863, JD 10:235.

11 – Brigham Young, 9 de abril de 1852, JD 1:51.

12 – Esse assunto será analisado com mais detalhes nos


Capítulos 22 e 23.

13 – Joseph Smith, antes de 8 de agosto de 1839 (1), Words,


pág. 9; também págs. 351 e 359.

14 – Joseph Smith, 5 de janeiro de 1841, Words, pág. 61.

15 – Brigham Young, 25 de setembro de 1870, JD 13:248.

16 – Joseph Smith, 7 de abril de 1844, KFD pág. 203; ver


também Words, págs. 341, 345, 359, 361.

17 – John A. Widtsoe, “What Is An Intelligence?”, na

revista The Improvement Era, agosto de 1948, pág.

513. 18 – Spencer W. Kimball, “Our Great

Potential”, 2 de abril de 1977, em The Ensign, maio

de 1977, pág. 50.

– A Primeira Presidência da Igreja (Joseph F. Smith, John


19

R. Winder e Anthon H. Lund), “The Origin of Man”,


novembro de 1909, Messages, 4:205.

20 – Brigham Young, 18 de junho de 1865, JD 11:122.


21 – Joseph Smith, 16 de

julho de 1843, Words, pág.

232. 22 – Joseph Smith, l6

de junho de 1844, Words,

pág. 380. 23 – John Taylor,

28 de novembro de 1879,

JD 21:113.

24 – Heber C. Kimball, 8 de novembro de 1857, JD 6:36.

– Hyrum Smith, 27 de abril de 1843, no “George Laub’s


25

Nauvoo Journal”, em BYU Studies 18:2 (Inverno de 1978),


pág. 177.

– Brigham Young, 8 de outubro de 1876, JD 18:258; ver


26

também Orson Pratt, 12 de novembro de 1879, JD 21:197,


203-
204.

27 – Abraão 3:2-19; Abraão, Fac-símile Nº 2, Explicação das


figuras 1-5.

28 – Brigham Young, 4 de dezembro de 1856, JD 4:133; e


também 25 de setembro de 1870, JD 13:248.
29 – Brigham Young, 3 de junho de 1855, JD 2:30
30 – Abraão, Explicação do Fac-símile Nº 2, Figura 5.

31 – Joseph Smith, 5 de janeiro de 1841, Words, pág. 60.

32 – Brigham Young, 14 de agosto de 1853, JD 1:275.

– Spencer W. Kimball, “Spiritual Communication”, 7 de


33

abril de 1962, em The Improvement Era, junho de 1962,


pág. 436.

34 – Hyrum Smith, 28 de abril de 1844, no

“George Laub’s Nauvoo Journal”, pág.

177. 35 – Brigham Young, 24 de julho de

1870, JD 13: 271.

–Apocalipse 4:6; D&C 77:1; D&C 130: 6-9; e também


36
Brigham Young, 5 de junho de 1859, JD 7:163; e 28 de
julho de
1861, JD 9:140.

37 – Joseph Smith, 5 de outubro de 1840, Words, págs. 38-39.

38 – Ver Salmos 102: 25; 104:5; Provérbios 8:29; 1 Néfi


20:13; 2 Néfi 8:13, 16 (comparar com Isaías 48:13 e 51:13,
16);
Miquéias 6: 2; Zacarias 12:1; Hebreus 1:10; D&C 45:1; e
Abraão 1:3.
Capítulo 9

Preparação da Terra Física para


Abrigar as Modernas Formas de
Vida
” (...) e os Deuses viram que
foram obedecidos.)”
(Abraão 4:10)

A esta altura da Criação a Terra física ainda era um corpo


sólido totalmente coberto de água. Mas os Deuses iriam
agora criar uma “expansão” gasosa. Seu propósito seria
separar o liquido embrionário, que envolvia o globo infante,
em duas porções: as “águas de cima” (as águas
embrionárias do planeta-mãe) e as águas que
permaneceriam em contato com a sua superfície sólida
(posteriormente conhecidas como o “mar”).
A Segunda Época da Criação Física: Surge a
Atmosfera

“E os Deuses também disseram: Haja uma expansão no


meio das águas; e ela separará as águas das águas.

“E os Deuses deram ordem à expansão, de modo que ela


separou as águas que estavam debaixo da expansão das
que estavam por cima da expansão; e assim foi, como eles
ordenaram. (NT: Tradução livre.)

“E os Deuses chamaram à expansão Céu (...) “(Abraão 4:6-


8).

Notemos que os Deuses dirigiram sua ordem à própria


expansão (“e os Deuses deram ordem à expansão”), dando
a entender que os elementos que compunham a expansão
tinham dentro de si uma capacidade inteligente de
obedecer. No entanto, a expansão não foi criada
instantaneamente, uma vez que os Deuses “vigiaram
aquelas coisas que eles haviam ordenado, até que elas
obedeceram” (Abraão 4:18).
Percebamos ainda quão cedo no processo da Criação esse
importante evento teve lugar. Os cientistas também
concluíram de seus estudos da crosta terrestre que “os
oceanos e a atmosfera muito provavelmente alcançaram
bem cedo uma existência plena, ao invés de serem
formados gradualmente através das eras”.(1)

Houve tempo em que era popular a crença de que a


atmosfera primeva da Terra compunha-se principalmente
de metano, amônia e hidrogênio, e outros elementos da
nebulosa solar da qual acreditava-se que a Terra se havia
condensado. Nessa mistura gasosa primeva dos elementos
nitrogênio, carbono e hidrogênio é que se supunha que a
vida na Terra teria surgido acidentalmente. Entretanto,
evidências encontradas na crosta terrestre levaram a
maioria dos cientistas a rejeitar essa hipótese, preferindo
antes acreditar que a Terra tenha sido envolvida desde o
princípio por uma atmosfera muito semelhante à que
temos hoje em dia. (2) De qualquer maneira, tratava-se de
uma atmosfera capaz de sustentar as formas de vidas mais
primitivas que foram introduzidas inicialmente na Terra. Era
também densa o suficiente para separar as “águas de
cima” das águas que estavam”por baixo” da expansão.
O Que Eram as “Águas de Cima?”

Alguns teólogos têm sugerido que as “águas de cima da


expansão” seriam uma espécie de dossel líquido que
envolvia a Terra, no princípio, e aí teria permanecido até o
tempo do Dilúvio. Mas por vários motivos isso não é
correto, nem possível. (Ver Apêndice D -- “Haveria um
Invólucro de Água Circundando a Terra Primeva?”)

Outros sugerem que as “águas de cima” representariam as


nuvens e o vapor de água da atmosfera terrestre. Isso é
problemático, já que quase todo o vapor de água da Terra
situa-se nas regiões inferiores da atmosfera, ou
“expansão”, e não acima dela.

Portanto, o que seriam exatamente as “águas de cima da


expansão”?

Já tratamos desse assunto ao analisarmos a criação da


Terra espiritual. Naquele capítulo concluímos que “as águas
que estavam acima do firmamento (a atmosfera da Terra
espiritual)” – Moisés 2:7 –- eram as águas embrionárias das
quais a Terra espiritual havia nascido. Como ressaltamos
naquele caso, Moisés não mais se referiu a elas em seu
relato, depois dessa citação.

Ao descrever as origens da Terra física, o Rei Davi


demonstrou ter conhecimento das águas embrionárias,
pois se referiu a elas em um cântico:
“Do Senhor é a Terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles
que nele habitam.

“Porque ele a fundou nos mares e a estabeleceu na


inundação”. (Salmos 24:1-2. Tradução livre.)

Isto é, as águas que estavam acima da atmosfera da Terra


física eram remanescentes das águas embrionárias da terra-
mãe, dentro das quais ela havia surgido. Depois de a Terra
recém-criada ter sido “fundada” nas águas embrionárias e
estabelecida “na inundação”, foi removida do ventre
aquoso em que se originara.

É evidente que uma porção das águas embrionárias


permaneceu sobre a superfície da Terra recém-nascida para
formar o oceano primevo. O profeta Amós referiu-se a isso
ao escrever sobre a criação da Terra e sobre o Criador, o
qual

“(...) chama as águas do mar e as derrama sobre a Terra (...)


(Amós 9:6).
Quando nosso planeta recém-nascido saía de sua terra-
mãe, as águas embrionárias podiam ser vistas “acima da
expansão” (Abraão 4:8). Depois que a separação foi
concluída, não houve mais referência a essas “águas de
cima” no relato de Abraão.

Começa a Terceira Época da Criação Física:


Aparece a Terra Seca

A organização da massa de terra foi o primeiro


acontecimento na Terceira Época do Segundo Período da
Criação. Quando essa porção do globo foi estabilizada
acima do nível do mar, os Deuses a chamaram de “terra
seca” ou “Terra”. Às águas oceânicas eles denominaram
“Grandes Águas”.

“E os Deuses ordenaram, dizendo: Ajuntem-se as águas


debaixo do céu num lugar e a terra surja seca; e foi como
eles ordenaram;

“E os Deuses chamaram à porção seca, Terra; e ao


ajuntamento das águas chamaram Grandes Águas: e os
deuses viram que foram obedecidos.” (Abraão 4: 9-10)

Há razões para se crer que nessa ocasião os Deuses,


armados de seu poder de comandar os elementos,
ordenaram uma separação química dos elementos
constituintes da camada superficial do globo físico. Para
que a terra aparecesse acima do oceano global, foi
necessário criar uma rocha continental mais leve, ou menos
densa, que a rocha que constituía a bacia oceânica.

Há já algum tempo os geocientistas estão cientes de que as


rochas graníticas são significativamente diferentes das
rochas basálticas do piso dos oceanos. O basalto é rico em
ferro, cálcio e magnésio. O granito é rico em sílica, sódio e
potássio.

O piso oceânico e os continentes não apenas diferem em


composição química, mas também em densidade. Por
exemplo, se um certo volume de rocha basáltica pesa 13,
50 kg, um idêntico volume de rocha granítica pesará apenas
cerca de 12 kg. Assim, os continentes hoje obedecem às leis
naturais da flutuação, pelas quais as massas continentais da
Terra, mais leves, flutuam como icebergs num “oceano” de
rocha basáltica derretida mais pesada. Podemos deduzir
disso que nos primórdios dessa Época da Criação física os
Deuses ordenaram que houvesse uma separação química
nas camadas superiores do globo, de modo que uma
porção delas se elevasse acima do oceano.

Abraão dá a entender que a primeira terra a surgir consistia


de um único continente. Foi nessa paisagem vazia e
desolada que a preparação para a futura chegada das
formas de vida vegetal se iniciou.

A Terra é Preparada para Receber Plantas


“E os Deuses disseram: Preparemos a terra para produzir
relva; a erva que dê semente; a árvore frutífera que dê
fruto segundo sua espécie; cuja semente reproduza sua
própria semelhança na Terra; e assim foi, como eles
ordenaram.

“E os Deuses organizaram a terra para produzir relva de sua


própria semente e a erva para produzir erva de sua própria
semente, dando semente segundo sua espécie; e a terra
para produzir a árvore de sua própria semente, dando fruto
cuja semente pudesse apenas produzir o que estivesse em
si, segundo sua espécie; e os Deuses viram que foram
obedecidos.” (Abraão 4:11-12)

A descrição de Abraão da criação da vida vegetal física


difere nitidamente do relato da criação da vida vegetal
espiritual dado por Moisés. Moisés disse que Deus colocou
todas as variedades de vida vegetal sobre a Terra espiritual,
sem nenhum período preparatório: “Que a terra produza
(vida vegetal), e foi como eu disse” (Moisés 2:11).
Contudo, Abraão diz que durante a criação física as
variedades atuais de vida vegetal, consistindo em parte de
grama, ervas e árvores frutíferas, não foram diretamente
colocadas sobre o globo físico nessa ocasião. Em vez disso,
ele simplesmente registra que a terra foi preparada para
receber essas formas de vida vegetal. Como veremos nos
capítulos subsequentes, os sistemas botânicos que hoje
conhecemos não foram trazidos à Terra até o Terceiro
Período da Criação – muito após ter- se concluído uma
extensa preparação e desenvolvimento da crosta terrestre.

A Quarta Época Criativa: o Sol, a Lua e As Estrelas


são Organizados

Não existe indicação, seja no relato de Abraão da Criação


física, seja no relato de Moisés da Criação espiritual, de que
o Sol, a Lua e as estrelas vieram a existir no Quarto Dia da
Criação espiritual ou durante a Quarta Época da Criação
física. O Sol e a Lua foram simplesmente escolhidos e
organizados, nessas ocasiões, para realizar funções
especiais no futuro, em benefício do planeta Terra.

“E os Deuses organizaram as luzes na expansão do céu e


fizeram-nas separar o dia da noite; e organizaram-nas para
serem por sinais e por estações e por dias e por anos;

“E organizaram-nas para serem por luzes na expansão do


céu, a fim de darem luz à Terra; e assim foi.

“E os Deuses organizaram as duas grandes luzes, a luz


maior para governar o dia e a luz menor para governar a
noite; com a luz menor também fixaram (NT: colocaram) as
estrelas;” (Abraão 4: 14-16).

Lendo com cuidado percebemos que, tanto na Criação


espiritual como na Criação física, o Sol e a Lua foram
organizados “a fim de darem luz à Terra” (verso 15) em
ocasião futura. Abraão diz que esses dois corpos celestes
foram organizados para serem por “sinais”, ”estações”,
“dias” e “anos” (verso 14) -- quando a Terra tivesse chegado
a nosso sistema solar. Essas “pistas” das Escrituras sugerem
que a Terra estava destinada a habitar em uma região do
espaço a qual havia sido preparada de acordo com várias
especificações exatas.

Nós agora sabemos que os Deuses determinaram que a


futura habitação da Terra seria em um local situado a cerca
de 27.700 anos-luz, ou cerca de 170 quadrilhões de milhas,
de distância do centro da Via Láctea. A estrela amarelada
que deveria tornar-se nosso Sol foi identificada e recebeu
sua designação. A Lua, que orbitava sozinha a
aproximadamente noventa e três milhões de milhas do Sol,
foi designada para ser a futura companheira da Terra,
compartilhando sua órbita. (Uma vez que o relato da
Criação sempre associa a Lua com o Sol, isso indica que a
Lua não foi criada próximo a Colobe, em conjunção com a
Terra. Ao invés disso, durante a criação da Terra, a Lua
estava orbitando ao redor do Sol, enquanto aguardava a
chegada da Terra. Como veremos posteriormente, existem
amplas evidências científicas a confirmar isso.)

Note-se que neste ponto do relato não está sendo


apresentada a história da criação das estrelas; declarou-se
apenas que o Sol e a Lua foram “colocados” ou localizados
entre elas. Como as estrelas já haviam sido organizadas
pela família dos Deuses e operam independentemente de
nosso Sistema Solar, o Senhor não quis apresentar aqui
uma discussão de sua criação e propósitos. Ele
simplesmente declarou que “(junto) com a luz menor (a
Lua) também fixaram (colocaram) as estrelas” (verso 16) --
isto é, em condições normais as estrelas só seriam visíveis
durante a noite.

Assim sendo, no versículo 17 a seguir, as palavras “fixaram-


nas (colocaram-nas)” não incluem as estrelas, mas referem-
se apenas ao Sol e à Lua, as “duas grandes luzes” que iriam
governar, ou dominar, o dia e a noite.

“E os Deuses fixaram-nas (colocaram-nas) na expansão dos


céus para darem luz à Terra e para governarem o dia e a
noite e para separarem a luz das trevas.
“E os Deuses vigiaram aquelas coisas que eles haviam
ordenado, até elas obedecerem.” (Abraão 4:17-18)

Notemos que Abraão falou em “expansão dos céus” para


descrever o espaço sideral estrelado que seria mais tarde
visto da face da Terra. Mas ele o diferencia da atmosfera
que envolve a Terra física. Como veremos a seguir, Abraão
chamou os domínios aéreos das nuvens e pássaros –- a
atmosfera –- de “expansão aberta do céu” (Abraão 4:20).

O processo de organizar o Sistema Solar para receber a


Terra exigiu tempo. E novamente “os Deuses vigiaram
aquelas coisas que eles haviam ordenado, até elas
obedecerem”. (Abraão 4:18). Nessa preparação pode
também estar incluída a remoção de outra Terra que teria
previamente ocupado nossa órbita atual, pois o Senhor
declarou a Moisés:

“E como uma terra com seu céu passará, assim outra


surgirá”. (Moisés 1:38).
A Quinta Época Criativa: As Águas e a Atmosfera
são Preparadas

Estava na hora de preparar a atmosfera e os mares da Terra


para receber as formas atuais de vida:

“E os Deuses disseram: Preparemos as águas para


produzirem abundantemente as criaturas que se movem e
que têm vida; e as aves, para que voem acima da Terra na
expansão aberta do céu.

“E os Deuses prepararam as águas para que produzissem


grandes baleias e toda criatura vivente que se move, que
as águas haviam de produzir abundantemente segundo sua
espécie; e toda ave alada segundo sua espécie. E os Deuses
viram que seriam obedecidos e que seu plano era bom.

“E os Deuses disseram: Abençoa-los-emos e faremos com


que frutifiquem e se multipliquem e encham as águas nos
mares, ou seja, nas grandes águas; e faremos com que as
aves se multipliquem na Terra.” (Abraão 4:20-22)

Exatamente como foi ressaltado a respeito da criação da


vida vegetal, o relato concernente às formas de vida
aquática e aérea do mundo físico difere significativamente
de sua criação espiritual. Naquela ocasião anterior, Deus
dissera:

“(...) Produzam as águas (vida aquática) (...) e aves que


possam voar (...) e eu, Deus, vi que todas as coisas que eu
havia criado eram boas.” (Moisés 2:20-21)

Nesta outra fase, no entanto, nenhuma criação física de


formas atuais de vida aquática ou área ocorreu de
imediato na Terra. Abraão registra apenas que houve uma
preparação das águas e da atmosfera para sua chegada
futura.

Há outra diferença importante entre a criação espiritual e a


física neste aspecto. Na Terra espiritual foi dada uma ordem
às formas espirituais de vida aquática e área para “se
multiplicarem e encherem” a Terra (Moisés 2:22). Isto
deveria acontecer na Terra física, após essas formas
espirituais de vida terem nascido na mortalidade. Mas uma
ordem assim não foi dada às formas atuais de vida na
criação física. É claro, pois elas ainda não estavam na Terra
física. Os Deuses apenas determinaram que as formas
atuais de vida seriam “frutíferas e se multiplicariam”
quando chegassem à Terra física.

Principia a Sexta Época Criativa: a Terra é


Preparada Para Receber Vida Animal

Os Deuses então dirigiram sua atenção para a preparação


das massas de terra do Planeta, a fim de que em ocasião
futura dessem sustentação às formas atuais de vida animal:
“E os Deuses prepararam a Terra para produzir criaturas
viventes segundo sua espécie, gado e coisas que rastejam e
bestas da Terra segundo sua espécie; e foi como eles
tinham dito.

“E os Deuses organizaram a Terra para produzir as bestas


segundo sua espécie e gado segundo sua espécie e todas
as coisas que rastejam sobre a Terra segundo sua espécie;
e os Deuses viram que eles obedeceriam”. (Abraão 4:24-25)

Do mesmo modo que as formas de vida vegetal, as criações


animais que para cá viriam futuramente receberam a
injunção de se propagar “segundo sua espécie”. Como já
vimos, essa ordem para se procriar e germinar prevaleceu
também entre as formas espirituais de vida e suas matrizes
ressuscitadas.

Quando Abraão declara que “os Deuses viram que eles


obedeceriam”, isto indica a disposição dos animais
espirituais de tomar sobre si corpos físicos quando a
mortalidade se iniciasse sobre a Terra. Ou seja, significa
que toda a vida animal, tanto quanto nós, vem a esta Terra
voluntariamente. Isto também está de acordo com a lei
universal da participação voluntária, sem a qual nada de
permanente pode ser criado ou estabelecido neste ou em
qualquer outro mundo. (3)
Algumas Dúvidas a Respeito do Segundo Período
da Criação

A esta altura da Sexta Época Criativa a grande obra dos


Deuses estava quase completa e o Segundo Período da
Criação chegava rapidamente ao seu final. As águas já
estavam prontas para receber os corpos físicos das formas
atuais de vida aquática; o ar estava preparado para receber
as formas atuais de vida aérea; e a terra estava pronta para
acolher os corpos físicos de todas as formas atuais de vida
animal, inclusive sua forma mais elevada e mais perfeita –-
o homem.

Entretanto, antes de estudarmos os empolgantes


acontecimentos do Terceiro e conclusivo Período da
Criação, precisamos ainda esclarecer diversas questões
importantes.

Em primeiro lugar, a longa preparação da Terra física para


receber as formas atuais de vida pode parecer-nos
excessiva. Por que a Terra já não nasceu pronta para
abrigar as formas atuais de vida? A resposta a esta
pergunta é provavelmente a mesma que seria dada à
pergunta: Por que cada ser humano não vem à Terra
plenamente formado como adulto? As questões se
equivalem. Existem propósitos, nem todos revelados ou
entendidos, para o desenvolvimento gradual e a lenta
maturação de um planeta. Essas razões são
provavelmente tão complexas e pouco compreendidas
quanto os propósitos de nosso próprio desenvolvimento
gradual como progênie de Deus, pois também precisamos
de aprendizado e aquisição de experiências.

Com respeito à Terra, sabemos que em seu período de


maturação ela foi obediente aos mandamentos de Deus
(aparentemente isso não foi fato de pequena monta!) e
cumpriu o propósito de sua criação (D&C 88:25). Assim
sendo, a Terra qualificou-se para obter a glória celestial ao
ser ressuscitada (D&C 88:18-20). Que testes ela atravessou
com sucesso enquanto estava sendo preparada para
abrigar a vida atual? Isso só será completamente revelado
no Milênio (D&C 101:32- 34).

E sobram ainda outras dúvidas sobre o Segundo Período da


Criação relatado por Abraão, porque ele simplesmente
reporta que a Terra física foi preparada para receber e dar
sustento às formas atuais de vida. Mas não nos diz de modo
especifico como isso se deu –- nem quanto tempo levou o
processo.

E, acima de tudo, perguntamos: haverá alguma evidência


na crosta terrestre do trabalho do Senhor e de seus
auxiliares durante o período preparatório da criação da
Terra –- o Segundo Período da Criação? Se há, essa
preparação deve ter-se
iniciado logo após o nascimento da Terra física e terminado
antes da chegada de Adão e Eva e dos pais de todas as
outras formas de vida atuais a este planeta.

O fato é que essas evidências existem. Elas têm sido


laboriosa e cuidadosamente extraídas do registro das
rochas durante vários séculos de pesquisa, por muitos
geocientistas. Dentro desse banco de dados, cuja maior
parte foi coletada no último século e meio, encontramos
um claro testemunho do processo usado pelos Deuses para
preparar os oceanos, as massas de terra e a atmosfera, a
fim de abrigar os complexos sistemas ecológicos atuais.

Mas, antes de examinarmos os dados coletados em si, é


importante indagar: Como os obtivemos? Eles são críveis?
O tema de nosso próximo capítulo é examinar os métodos
maravilhosos e engenhosos através dos quais os cientistas
revelaram muitos detalhes sobre o período preparatório da
criação física da Terra.
Questionário – Capítulo 9

Perguntas para Responder

1 – O que aconteceu durante a segunda, terceira, quarta,


quinta e sexta Épocas do Segundo Período da Criação?

2– Qual foi a diferença fundamental entre a preparação da


Terra espiritual para receber suas formas de vida e a
preparação da Terra física para receber as suas?

3 – Quais são as diferenças básicas, químicas e físicas, entre


os oceanos da Terra e seus continentes?

4 – Por que os continentes permanecem acima do nível

do mar, mesmo que estejam sendo continuamente

erodidos? 5 – Será que a Lua (Luna) esteve associada à

Terra durante o Segundo Período da Criação? E o Sol?

Questões a Ponderar

1 -- O que aconteceria a uma Terra em desenvolvimento, se


os Deuses não fossem obedecidos? Quanto tempo você
imagina que os Deuses aguardam até serem obedecidos?

2– Com a matéria espiritual e os seres espirituais Deus fala e


é obedecido. Por que os processos físicos requerem que os
Deuses esperem até serem obedecidos?

3– Nós podemos identificar todas as diferenças entre a


criação da Terra espiritual -- e seu embelezamento com
formas de vida espirituais -- e a criação das formas de vida
físicas e sua preparação para a chegada das formas de vida
atuais?

4 – Como ressaltamos quase ao fim deste capítulo, uma


Terra precisa, de alguma maneira, passar por um período
preparatório no qual sua crosta é desenvolvida para
receber as formas de vida atuais. Isto parece ser um tipo de
teste e treinamento para que ela possa alcançar um nível
superior de existência no Universo organizado. Será que
isto também ocorre com outras Criações cósmicas, por
exemplo outros planetas, luas, estrelas, constelações,
galáxias e sistemas de galáxias? Será que também ocorre
no mundo microscópico, ou seja, com bactérias e
microorganismos semelhantes, e
mesmo descendo-se até a menor partícula sub-nuclear
detectável? (Pista: As Seções 88 e 93 de D&C têm algo a
dizer a esse respeito.)

Referências – Capítulo 9

1– Bruce Murray, et al., Earthlike Planets (San Francisco: W.


H. Freeman, 1981), pág. 11; também Leigh Broadhurts,
“Earth’s Atmosphere: Terrestrial or Extraterrestril?” em
Astronomy, janeiro de 1992, págs. 40-45.

2– Ver, por exemplo, Stephen L. Gillet, “The Rise and Fall


of the Early Reducing Atmosphere,” Astronomy, Vol. 13,
Nº 7 (julho de 1985), págs. 66-71.

3 – Ver Apêndice B -- “O Poder Secreto de Criação de Deus”


Capítulo 10

Desvendando os Vestígios da
Crosta Terrestre

“Deus criou (...) as classes de


seres na ordem ou esfera de
criação que lhes foi destinada
(...)” (D&C 77: 2-3)

A visão de Abraão mostra que a fase preparatória da


criação da Terra foi realizada em seis etapas chamadas
“vezes”, durante as quais a Terra física foi criada e sua
superfície preparada para vir a sustentar as grandes hostes
de formas atuais de vida vegetal e animal, inclusive o
Homem.

Quatro Tarefas Importantes

A principiar pela terceira “vez” e terminando em algum


ponto da sexta “vez”, os Deuses introduziram inúmeras
formas de vida vegetal e animal preparatórias na superfície
bruta da Terra. Esse transplante interplanetário de
organismos vivos foi o cerne de um empreendimento
altamente complexo, destinado a transformar um globo de
rocha estéril, e águas oceânicas inanimadas, em um meio
ambiente planetário avançado.

Apesar de Abraão não descrever o gigantesco esforço


criativo preparatório, fica patente no relato da criação que
esse trabalho exigiu uma sequência ordenada de operações
(Abraão 4:11-12, 20-22, 24-25):

Primeira – a Terra foi preparada para abrigar as formas


atuais de vida vegetal;

Segunda – as águas oceânicas foram preparadas para


abrigar as formas atuais de vida marinha;

Terceira – a atmosfera foi preparada para abrigar as formas


atuais de vida aérea; e

Quarta – a terra foi preparada para abrigar as formas atuais


de vida animal.

Em nenhuma ocasião, durante todos esses estágios da


criação física, os Deuses colocaram imediatamente formas
atuais de vida sobre a Terra física. Em vez disso, após a
conclusão de cada etapa preparatória eles anunciavam que
trariam as formas atuais de vida para a Terra, mas apenas
em alguma ocasião futura. Como relatou Abraão:
“E os Deuses organizaram a terra para (vir a) produzir (a)
relva (...) e a erva (...) (e) a árvore (...).” (Abraão 4:12)

“E os Deuses prepararam as águas para que pudessem


produzir grandes baleias e toda criatura vivente que se
move, que as águas haveriam de produzir abundantemente
(...) e toda ave alada (...) .” (Abraão 4:21)

“E os Deuses organizaram a Terra para (vir a) produzir as


bestas (...) e gado (...) e todas as coisas que rastejam sobre
a Terra (...) .” (Abraão 4:25) (Tradução livre das três
citações.)

Como ficará evidente a seguir, as múltiplas camadas da


crosta terrestre contêm vestígios abundantes, revelando
como os Deuses levaram a cabo essa tarefa extensiva e
complexa de preparação.

Os Remanescentes do Período Preparatório da


Criação

Os estudiosos da história da Terra são continuamente


surpreendidos pela multiplicidade dos restos petrificados
de plantas e animais que abundam nas camadas superficiais
da Terra. É claro que esses restos frequentemente
chamados de “fósseis” (do latim fossilis, que significa
“desenterrado”) são uma pálida amostra retida na rocha do
que foi a vida preparatória da Terra, no passado. Eles
formaram-se quando as partes mais duras de algumas
formas de vida antigas foram substituídas por minerais
como cálcio, carbonato, hematita ou sílica.
Ocasionalmente, até mesmo partes menos dura desses
organismos foram fossilizadas. E, em casos raros, até
partes originais inteiras dos corpos foram preservadas,
mesmo sem ter sido fossilizadas, e são objeto de estudo.

Um fato curioso a respeito desses restos antigos é que a


maioria deles não tem nenhuma ou quase nenhuma
semelhança com plantas e animais hoje existentes.

Por vezes nos surpreendem com seu gigantismo. Por


exemplo, os cientistas descobriram e classificaram restos
fossilizados de centenas de “lagartos gigantes”, ou
dinossauros (1), alguns pesando dezenas de toneladas e
excedendo 24 m de comprimento. Desenterraram também
fósseis de insetos com 60 cm de amplitude das asas,
pássaros carnívoros, alguns de 3 m de altura, roedores tão
grandes quanto um cavalo de nossos dias, porcos do
tamanho de um rinoceronte atual e carneiros com mais de
1,80 m de altura nas espáduas.

Seres gigantes também habitaram os oceanos no passado,


inclusive dinossauros marinhos, tartarugas de mais de 3 m,
pesando acima de 3 toneladas, e animais marinhos cujas
conchas em caracol excediam 3 m de diâmetro. E não
apenas os oceanos em si abrigavam gigantes, mas também
a orla costeira apresentava moluscos com conchas de mais
de 4,50 m. Há também remanescentes fósseis de gigantes
aéreos, inclusive pássaros-répteis de mais de 15 m de
amplitude nas asas.

Quando esses fósseis principiaram a ser estudados


seriamente, muitos séculos atrás, teorias fantasiosas foram
imaginadas para explicar sua existência na crosta terrestre.
Alguns eruditos antigos concluíram que esses fósseis eram
criações satânicas, ou possivelmente os “gigantes
mencionados em Gênesis, que viveram na Terra antes do
Dilúvio”.

Contudo, não existe evidência nas Escrituras de que Satanás


tenha participado da Criação, de qualquer forma que fosse.
E, mais, os “gigantes” dos dias de Noé não eram animais,
mas uma raça de homens avantajados que procuraram
matar Noé. (2)

Teriam os Fósseis Vindo de Outros Planetas?


Anteriormente já mencionamos que Joseph Smith revelou
que a Terra física foi construída a partir de remanescentes
de outros planetas mais velhos, que foram desmanchados:

“Esta Terra foi organizada, ou formada, com matéria de


outros planetas que foram desmontados e remodelados,
transformando-se neste globo em que vivemos.” (3)

Devido a esta declaração, alguns têm sugerido que os seres


fossilizados da Terra são remanescentes desses planetas
mais antigos e nada têm a ver com qualquer coisa que
tenha vivido sobre esta Terra, seja no passado, seja agora.
Entretanto, tal ideia apresenta diversos problemas.

Primeiramente, a crosta terrestre é muito fina. Em relação


à massa total do Planeta ela é extremamente frágil e foi
formada com enorme cuidado. Se fósseis de planetas
desmontados fizessem parte da crosta, por que só
estariam nessa fina camada superficial e nunca em locais
mais profundos, dentro da Terra? Teriam esses fósseis de
outros planetas sido deliberadamente dispostos na
superfície? Com que propósito? Como isso nos ajudaria a
compreender a obra dos Deuses na preparação de nossa
Terra para abrigar as formas de vida atuais?

Na verdade essa idéia é imediatamente rejeitada por quem


quer que tenha qualquer conhecimento documentado do
registro rochoso em si. Por quê? Por ser ele tão
cuidadosamente ordenado. Poderíamos aceitar um
aglomerado de fósseis, espalhados aleatoriamente, como
provenientes de planetas antigos. Mas a realidade quanto
à localização dos fósseis é bem o contrário. Existe uma
sequência meticulosamente ordenada nas camadas da
Terra. Será que a família dos Deuses teria distribuído
deliberadamente os fósseis de planetas antigos na Terra,
segundo um padrão organizado, apenas para nos
desorientar e deixar-nos perplexos quanto à sua origem?

Isso simplesmente não faz sentido. O Senhor disse a Jó que


entre os muitos testemunhos de sua obra estavam os
próprios “alicerces da Terra” (Jó 38:4). O profeta Alma,
falando a Corior, o anticristo, proclamou: “(...) todas as
coisas mostram que existe um Deus; sim, até mesmo a
Terra e tudo que existe sobre sua face (...)” (Alma 30:44). E,
a Enoque, o Senhor declarou: “todas as coisas são criadas e
feitas para prestar testemunho de mim”, inclusive coisas
“acima”, “dentro” e “embaixo” da Terra. (Moisés 6:63.)

É óbvio, então, que a crosta terrestre não é uma


remontagem aleatória, ou deliberadamente
desconcertante, de restos planetários, mas presta um
testemunho claramente legível da obra dos Deuses, ao
prepararem a Terra recém-criada para que, ao final,
pudesse abrigar as formas atuais de vida.

A Crosta Terrestre Traz Evidências de Que Existe


Ordem nos Processos da Natureza

Intrigados pelo vasto tesouro dos restos fossilizados


encontrados, geólogos (4) e paleontólogos (5) entregaram-
se desde cedo à formidável tarefa de analisar e classificar as
camadas rochosas. Para realizar isso de forma metódica e
exata eles criaram muitas técnicas analíticas, todas as quais
apóiam-se em três importantes princípios científicos.

O principal desses princípios científicos é o


reconhecimento de que existe uma ordem racional nos
processos da natureza. Isto é, apesar de eles poderem ser
surpreendentes e inesperados por ocasião da descoberta,
após maior investigação percebe-se que seguem um padrão
a um tempo lógico e consistente.

O profeta Joseph Smith compreendia a importância desses


princípios e explicou que a natureza “fixa e imutável”
dessas leis cientificamente descobertas havia sido
estabelecida por Deus como “sinais na Terra” de que Ele
estivera executando sua obra. (6) Na verdade, o Pai
trabalhou tão diligentemente para tornar óbvia sua obra
criativa que negá-la é incorrer em séria ofensa contra ele.

“(...) em nada ofende o homem a Deus, ou contra ninguém


esta acesa sua ira, a não ser contra os que não confessam
sua mão em todas as coisas e não obedecem a seus
mandamentos.” (D&C 59:21)
É por esse motivo que os profetas de nossa dispensação
têm apoiado os esforços de pesquisa das modernas
ciências relativas à Terra e declarado que muitos de seus
fundamentos são verdadeiros. Brigham Young, por
exemplo, afirmou:

“ A geologia é uma ciência verdadeira. Não que eu afirme,


por um momento que seja, que todas as conclusões e
deduções de seus mestres são verdadeiras, mas seus
princípios fundamentais o são; eles são fatos –- são
eternos”. (7)

E, ainda numa época em que muitas igrejas cristãs se


organizavam em oposição às descobertas dos geólogos, a
Primeira Presidência orientava o Apóstolo James E.
Talmage, que era também um verdadeiro cientista, a
pronunciar-se publicamente em favor da geologia e de seus
princípios e descobertas fundamentais. O discurso que ele
pronunciou em 1931, intitulado “A Terra e o Homem”, tem
sido desde então reproduzido muitas vezes pela Igreja. (8)

“O Presente é um Guia para o Passado”.

O segundo princípio científico fundamental da geologia é


sustentado por abundantes evidências da crosta terrestre.
Observa-se facilmente que muitos fenômenos físicos que
hoje operam na Terra já eram efetivos no Período
Preparatório da Criação. Ou seja, respeitados certos limites,
“os fenômenos presentes são um guia para o passado”.

É importante lembrar que esse método moderno de análise


histórica, chamado “atualismo” – ou a ideia de que os
fenômenos que ocorrem agora na Natureza são um guia
para os processos do passado – não é o mesmo método
que se utilizava no Século XIX e princípios do Século XX,
denominado “uniformitarismo”.

O uniformitarismo deriva do “Princípio da Uniformidade”,


concebido por James Hutton em 1785. Naquele antigo
sistema não se levava em conta a possibilidade de
ocorrência de eventos catastróficos, tais como inundações
continentais e vulcanismo generalizado. Hutton e outros
geocientistas acreditavam que todos os fenômenos
naturais do passado ocorreram exatamente nas mesmas
médias com que acontecem agora.

Hoje em dia o método de Hutton é considerado apenas


como uma “meia-verdade fundamental da geologia”,
sendo aplicado de modo bem mais limitado. (9) Ou seja, os
fenômenos físicos que ocorrem atualmente são tidos
apenas como um rascunho impreciso e não como um
reflexo exato do que aconteceu no passado.

Os geocientistas agora reconhecem que os processos


geológicos que observam hoje podem ter variado no
tempo, tanto em intensidade como em extensão. Portanto,
a possibilidade de ocorrência de eventos catastróficos no
passado da Terra é hoje não somente aceita, mas
evidências desses importantes fenômenos históricos são
objeto de grande parte das pesquisas geológicas atuais.
(10) O Dr. Stephen L. Gillett, reconhecida autoridade no
assunto, resumiu assim a questão:

“Os geólogos modernos consideram o uniformitarismo


como uma mera reformulação da Teoria de Ockham,
chamada Lei da Parcimônia, segundo a qual a hipótese mais
simples é sempre a preferível. Hoje não mais se acredita
que apenas fenômenos geológicos idênticos aos atuais
existiram no passado, ou que todos os fatos geológicos
sempre ocorreram na mesma intensidade, sem que eventos
violentos irrompessem ocasionalmente”. (11)

É importante que os estudiosos das Escrituras conheçam


essa significativa reviravolta no pensamento dos
pesquisadores, cujas investigações estão hoje desafiando os
próprios limites das geociências.

A Formação das Camadas Sedimentares

Uma aplicação importante do conceito de que o presente é


um guia para o passado encontra-se no estudo das camadas
sedimentares – dos depósitos encontrados praticamente
em todas as partes da superfície da Terra.
A formação dessas camadas sedimentares principia
geralmente em áreas mais elevadas. À medida que as
rochas vão-se desgastando sob a ação do tempo, os
resíduos que se soltam depositam-se em terrenos mais
baixos pela força da gravidade. Eventualmente esse
material é soprado pelo vento e levado pela chuva, sendo
carregado por córregos e rios e assim transportado através
de grandes distâncias. Ele deposita-se finalmente,
formando camadas no piso de lagos e oceanos.

Posteriormente, forças tectônicas, vulcânicas ou de outra


natureza podem elevar esses depósitos milhares de
metros acima de sua localização inicial. Por exemplo, o que
é hoje a crista do Monte Everest um dia localizava-se no
fundo de um oceano.

Pesquisas cuidadosas, efetuadas nos últimos séculos,


demonstraram que, com raras e bem explicadas exceções,
essas camadas sedimentares são horizontais. Mesmo
quando o leito é irregular, as camadas sedimentares logo
preenchem as depressões e formam uma superfície
horizontal lisa. E, como é natural, as camadas que são
depositadas por último –- as superiores –- são as mais
novas e seus sedimentos os mais recentes.
Datação Relativa das Camadas Sedimentares

Mas as camadas superiores de um depósito sedimentar


serão sempre as mais novas? Existe um meio de se verificar
isso.

Toda vez que uma camada sedimentar se forma, ela tem


uma estrutura definida. Por exemplo, quando o material
sedimentar se deposita no fundo de um lago ou oceano, as
partículas mais pesadas e espessas afundam primeiro. Já as
partículas finas de areia ou argila são mantidas em
suspensão líquida e depositam-se por ultimo. Devido a esse
processo de separação, cada camada, ou estrato, tem
partículas maiores e mais pesadas na base e partículas mais
leves em cima.

As alterações sazonais também representam papel


interessante, porque sedimentos vegetais são
frequentemente levados pela correnteza e passam a fazer
parte de um depósito. Se ele for formado sem interrupções
significativas por toda uma estação, a cor do seu material se
alterará de forma bem previsível. Por isso, tanto as
gradações de cor como a distribuição das partículas por
tamanho, dentro de qualquer estrato, identificam de modo
imediato sua parte inferior e sua parte superior.

Esse conhecimento do processo atual de formação das


camadas sedimentares pode revelar muito a respeito dos
estratos mais antigos e mais profundos da crosta terrestre,
pois eles possuem as mesmas propriedades sedimentares
que as camadas que estão sendo formadas hoje em dia.
Isto é, eles também parecem ter sido formados
horizontalmente e dentro de cada estrato as partículas
menores estão localizadas em cima das partículas maiores.
As gradações de cor também têm paralelo com as cores
encontradas atualmente.

É claro que existem muitas exceções. Mas até elas


ressaltam a idéia de que os mesmos processos de
formação ocorreram no passado. Se, por exemplo,
partículas menores ocorrerem abaixo das maiores em
determinada camada, encontramos em geral evidências
que denotam que o estrato virou de cabeça para baixo.

Do Mais Simples ao Mais Complexo

O terceiro princípio científico fundamental utilizado pelos


cientistas para estudar o Período Preparatório da Terra
deriva das próprias formas de vida fossilizadas. Um número
suficientemente grande delas foi coletado para deixar
evidente um fato importante: quanto mais fundo os
cientistas escavam a crosta, tanto mais simples parecem
ser as formas de vida.
Mas o que querem eles dizer com “simples”? Mesmo as
“mais simples” formas de vida são extremamente
complexas em sua constituição. Além disso, os biólogos
ainda estão descobrindo novas complexidades dentro das
unidades de vida aparentemente mais elementares, tais
como as células e os vírus.

A fim de esclarecer a questão, e estabelecer uma definição


para os conceitos de “simples” e “complexo”, os cientistas
têm concentrado sua atenção na estrutura total e nas
funções dos seres. Isto é, uma criatura “simples” atua em
área limitada, enquanto que uma forma de vida mais
“complexa” exerce maior influência no ambiente e afeta
áreas mais amplas.

Pela forma com que aparecem no registro geológico,


organismos simples, como a bactéria e a ameba, foram
seguidos por organismos mais complexos, do tipo dos
vermes e insetos. E estes, por seu turno, foram seguidos
por seres ainda mais complexos, como os animais marinhos
e terrestres. De modo geral, essas formas de vida foram
surgindo na Terra em sistemas ecológicos de amplitude e
complexidade crescentes.

De acordo com essa definição, então, o organismo mais


complexo a viver na Terra hoje é a progênie de Deus – o
ser humano.
Uma Crosta Terrestre Desordenada

O estudo da história da ciência revela que desde o início os


geocientistas enfrentaram sérios problemas em suas
investigações. A despeito da lógica inerente a todos os
processos que analisamos, nenhum deles era suficiente,
sozinho, para esboçar um quadro irrefutável do registro
rochoso. Mesmo quando considerados em conjunto, ainda
apresentavam um panorama confuso daquilo que
realmente aconteceu na Terra durante sua formação,
como o comprovará fartamente um escrutínio dos textos
de geologia do Século XIX e inícios do Século XX!

E, no entanto, esse registro destinava-se a ser uma


evidência da obra de Deus. O que complica ainda mais
nosso cenário é o fato de que os Deuses estavam cientes de
que a crosta terrestre seria intensamente convulsionada
por vários abalos catastróficos, durante o período da
mortalidade. Por exemplo, porções inteiras dela seriam
removidas quando cidades- nações justas e santificadas,
como a de Enoque, fossem desmembradas da Terra.(12)
Haveria ainda um Dilúvio de proporções mundiais,
decorrente em grande parte do rompimento das “fontes do
abismo” (Gênesis 7:11). E os continentes se dividiriam
pouco após o Dilúvio. (Gênesis 10:25).

Mesmo muito tempo depois disso, em 34 d.C., coincidindo


com a morte do Salvador, ocorreu uma terrível destruição
no território das Américas. Cidades inteiras mergulharam
no oceano, enquanto outras foram engolidas pelas
profundezas da terra. Ao concluir seu relato dessas
catástrofes, Mórmon afirma que “a face de toda a terra
ficou desfigurada”. (3 Néfi 8:17)

Com todos esses eventos a crosta terrestre foi


consideravelmente alterada, embaralhando o registro
original que ela antes continha e que mostrava uma
preparação cuidadosa. Mesmo assim, o Senhor ainda disse
que devíamos estudar as coisas de “debaixo da Terra” e as
coisas passadas (D&C 88:78-79), porque “todas as coisas
são criadas e feitas para prestar testemunho de mim”,
inclusive “coisas que estão dentro da terra e coisas que
estão embaixo da terra, tanto acima como abaixo (...)”.
(Moisés 6:63)

Parece, portanto, que a família dos Deuses inseriu diversos


códigos nos estratos terrestres, que simplificaram e
organizaram bastante nossa tarefa de compreender
exatamente como eles prepararam a Terra física para
receber as formas atuais de vida.
Codificando a Crosta Terrestre com Elementos
Radioativos, Magnetismo e Fósseis

Um desses códigos diz respeito aos elementos


radiométricos, ou seja, elementos radioativos cujos
derivados chamados “filha” podem ser medidos, para se
determinar datas relativas. Os métodos de datação
radiométrica podem ser utilizados em estratos diferentes
ou adjacentes para especificar qual surgiu primeiro.Com o
auxílio das medições radiométricas os cientistas puderam
elaborar uma lista coerente e organizada dos estratos
terrestres. (Quem se interessar por uma descrição
detalhada dessa lista poderá consultar o Apêndice E --
“Uma Visão Científica da História Primitiva da Terra”.)

Outro código baseia-se em “reversões magnéticas”.


Durante o Período Preparatório, o campo magnético da
Terra se reverteu várias vezes. Na verdade, ele está ainda
agora em processo de nova reversão. Pelas taxas atuais
com que o campo magnético está decrescendo, em apenas
1.500 anos ele terá desaparecido por completo.
Presumivelmente, então, voltará de novo a ganhar força,
porém com polaridade oposta. (13) Esse decréscimo vem
ocorrendo há um longo tempo. Dois mil anos atrás, na
época do Salvador, o campo magnético era
aproximadamente duas vezes mais forte do que agora,
como se pode medir em artefatos do Período Romano. (14)

A investigação de diversos estratos antigos da crosta


terrestre revela que em todo o mundo houve períodos
em que o campo magnético da Terra era oposto ao de
agora. Esses períodos alternam-se com épocas em que ele
inexistia totalmente, ou em que era o mesmo de hoje.
Muitos estratos que, se não fosse por esse recurso,
poderiam confundir os peritos, podem ser “devidamente
classificados” graças à medição de sua polaridade
magnética.

Ambos os métodos mencionados harmonizam-se


perfeitamente com as formas de vida fossilizadas
encontradas em qualquer estrato em particular. Por vezes,
como ocorre com os “radiolários” (pequenos protozoários
marinhos) ou os “conodontes” (remanescentes de dentes
de criaturas marinhas de corpo mole), a correspondência é
perfeita até mesmo quando se trata de estratos oceânicos
que foram revirados por movimentações da crosta terrestre
e separados por muitos milhares de quilômetros.

Além dos radiolários e dos conodontes, existem


remanescentes de inumeráveis tipos e variedades de
formas de vida preparatórias incrustadas nas rochas. Elas
não apenas fornecem dados para se reconstruir o
desenvolvimento da história primitiva da Terra, mas
representam em si mesmas evidência de um enorme
esforço preparatório para processar e aprontar nosso
meio ambiente, a fim de receber as formas atuais de vida.

Mas como surgiram na Terra essas vastas hostes de formas


de vida preparatórias? Será que formas cada vez mais
complexas evoluíram a partir de formas mais simples e
mais antigas? Em outras palavras, será que as formas de
vida simples produziram as mais complexas? Ou teriam-nas
meramente precedido?

Questionário – Capítulo 10

Perguntas para Responder

1 – A palavra “fóssil” deriva do latim – fossilis. O que ela


significa?

2 – Os fósseis da crosta terrestre provêm de outros

planetas dos quais a Terra se originou? Como

sabemos disso? 3 – O que é um geólogo? E um

paleontólogo?

4 – Com suas próprias palavras explique: “O presente é um


guia para o passado”.
5– Qual a diferença entre “atualismo” e “uniformitarismo”?
Qual das duas filosofias aplicadas é hoje extensamente
adotada pelos geocientistas?

6– Que evidências existem de que muitos fenômenos que


hoje ocorrem na Terra também aconteciam no Período
Preparatório?

7– De que modo podemos definir uma forma de vida como


“simples” ou “complexa”? Qual a forma de vida mais
complexa sobre a Terra, hoje?

8 – Por que o Criador inseriu certos códigos na crosta


terrestre?

Questões a Ponderar

1– Por que o Senhor não permitiu a Abraão registrar mais


detalhes sobre o Período Preparatório da Terra? Existem
outros campos de estudo sobre os quais o Senhor
deliberadamente resguardou de nós os detalhes? (Pista:
Considere da forma mais ampla possível as parábolas
ensinadas pelo Salvador. Por que Ele ensinava por
parábolas? Ver Mateus 13:12-16; e também Alma 12:9-11.)

2– Preparar a crosta terrestre para receber as formas


atuais de vida parece ter sido uma tarefa extremamente
complexa. Por que Deus não “ordenou” simplesmente à
crosta que se preparasse?

3– A afirmativa de que “O presente é um guia para o


passado” é um princípio eterno com reflexos espirituais, ou
aplica-se apenas à pesquisa científica?

Referências – Capítulo 10

1– “Dinossauro” ou “lagarto gigante”, do grego: dino


(deinos) = monstruoso ou aterrador; saur (sauros) =
semelhante a lagarto.

2 – Comparar Gênesis 6:4 com Moisés 8:18-21, 26. Como


Hugh Nibley documentou, esses gigantes humanos era
tradicionalmente os “filhos dos Sentinelas”. (Hugh Nibley,
“A Strange Thing in the Land: The return of the Book of
Enoch”, Parte 8, The Ensign, dezembro de 1976, págs. 75-
76.)

3 – Joseph Smith, 5 de janeiro de 1841, Words, pág. 60.


4– “Geólogo” ou “estudioso da Terra”, do grego: geo = da
Terra; logist = “praticante de investigação racional”.

5– “Paleontólogo”,ou “estudioso da vida antiga”, do


grego: paleo = “antigo”; (o)nto = “ser”; logist
=”praticante de investigação racional”.

6 – Joseph Smith, 20 de março de 1842, Words, pág. 107.

7 – Brigham Young, 14 de maio de 1871, JD 14:116.

8 – Ver Deseret News, Church Section, 21 de novembro de


1931, págs. 7-8. Pouco tempo depois este discurso
apareceu em forma de panfleto “Publicado por A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”; foi reimpresso
em forma de artigo nos exemplares de dezembro de 1965 e
janeiro de 1966 da revista da Igreja, The Instructor, e
também pela Brigham Young University Extention
Publications, em 1976.

9– G. W. Wetherhill e C. L. Drake, “The Earth and Planetary


Sciences”, Science, Vol. 209 (4 de julho de 1980), págs. 99-
100.

– Por exemplo, consultar Leigh W. Mintz, Historical


10

Geology (Columbus, Ohio: C. H. Merrill, 1977), capítulo 1;


Harold L. Levin, The Earth Through Time (Philadelphia: W. B.
Saunders, 1978), pág. 14; e W. Lee Stokes, Essentials of
Earth History, 4ª edição (Englewood Cliffs, New Jersey:
Prentice Hall, 1982), capítulo 3.
– Stephen L. Gillett, “Worldlets in Collision”, Analog
11

Science Fiction Science Fact, Vol. 60, Nº 3 (fevereiro de


1990), pág. 76.

– Moisés 7:21, 31, 68-69; Joseph Smith, 5 de outubro de


12

1840, Words, pág. 41; Brigham Young, 20 de abril de


1856, JD
3:320.

– Kenneth A. Hoffman, “Ancient Magnetic Reversals:


13

Clues to the Geodynamo”, Scientific American, Vol. 258, Nº


5 (maio de 1988), pág. 76.

14– Jeremy Bloxham e David Gubbins, “The Evolution of


Earth’s Magnetic Field”, Scientific American, Vol. 261, Nº 6
(dezembro de 1989), págs. 71, 75.
Capítulo 11

Teria o Mais Simples Produzido o


Mais Complexo?

“E os Deuses organizaram a Terra para produzir


as bestas (...)
e todas as coisas que rastejam sobre a Terra (...)”
(Abraão 4:25)

À medida que os cientistas foram estudando


cuidadosamente as formas preparatórias de vida
encontradas em vários estratos, passaram a presumir que
um tipo de vida de um estrato mais profundo seja ancestral
de algumas formas de vida encontradas em camadas
superiores. Essa conjectura baseia-se em parte na
extraordinária capacidade de adaptação das formas atuais
de vida.
A Notável Capacidade de Adaptação das Formas
de Vida

Observando as mudanças ocorridas nas formas de vida


atuais, e comparando-as com as mudanças sofridas pelas
formas de vida extintas, os geocientistas puderam
determinar que processos semelhantes devem ter ocorrido
com as formas de vida preparatórias.

Por exemplo, entre as formas de vida atuais está bem


estabelecido que quando uma comunidade de organismos
é removida para um novo habitat, ou meio ambiente,
ocorre frequentemente uma mudança na aparência das
gerações subsequentes. Este é o chamado princípio da
“adaptação”, e é observado comumente entre muitos tipos
de criaturas (apesar de não ocorrer com todos).

Usualmente, se uma comunidade de seres vivos é


transplantada para outro meio ambiente ou habitat, seus
descendentes acabarão por apresentar alterações notórias
de cor e textura da plumagem, ou dos pêlos, e de outros
traços como o peso corpóreo.

Dois exemplos bem conhecidos, e cuidadosamente


documentados, são o dos camundongos-da-praia, da
Flórida, cujo pêlo muda gradualmente de cor através de
várias gerações, até assemelhar-se à cor da areia local (1);
e o do musgo sarapintado do Sul da Inglaterra, que
escureceu por causa da forte poluição industrial. À medida
que a fumaça enegrecia a casca das árvores, elas iam
deixando de servir de disfarce para proteger o musgo. Mas
não demorou muito para que o musgo desse

origem a novas gerações de cor mais escura, a fim de


assemelharem-se às cascas cada vez mais enegrecidas das
árvores (2).

E, surpreendentemente, o inverso também pode ocorrer.


Como descendentes de aspectos muito diversos,
provenientes de uma determinada matriz, podem se
miscigenar, é possível que gerações subsequentes revertam
sua aparência, assemelhando-se de novo a seu ancestral
comum. Por exemplo, os que criam pombos conhecem bem
as muitas e impressionantes variedades que podem ser
produzidas a partir de uma mesma matriz. E, no entanto,
deixadas ao sabor do acaso, essas linhagens
cuidadosamente criadas se cruzam até que a descendência
reverta totalmente à aparência da matriz inicial.

Com o tempo descobriu-se que plantas e animais


selecionados por cuidadoso cruzamento – a que
chamaremos “seleção artificial” – podem produzir uma
nova variedade ou “espécie” que não se cruza com
nenhuma das variedades anteriores, mas apenas consigo
mesma. Isto levou muitos a concluir que a enorme
variedade de seres vivos hoje existentes tenha sido
produzida por processo semelhante a esse, repetido
acidentalmente na Natureza, num fenômeno a que
denominaram “seleção natural” (em oposição à “seleção
artificial”, que é a produzida por criadores de plantas e
animais).
Uma Fonte de Mutações Biológicas

Logo após a descoberta da radioatividade, em 1896,


percebeu-se inesperadamente que ela, assim como
algumas substâncias químicas, poderia provocar
“mutações” – alterações no material genético dos seres,
afetando certos traços da descendência. Isto é hoje
facilmente demonstrável por experiências em laboratório.
Tais descobertas foram saudadas como o mecanismo
plausível que teria provocado a seleção natural.

Esta é, em síntese, a base da Teoria da Evolução Biológica,


que tem sido foco de grandes discussões e pesquisas
científicas e que deu origem a muitas teorias sobre a
primitiva história da Terra, particularmente sobre o
surgimento e desenvolvimento da vida.

O Problema das Formas Intermediárias

Tem sido salientado, entretanto, que se essa teoria for


verdadeira deve haver evidências, dentro da crosta
terrestre, de um desenvolvimento contínuo da vida, desde
os elementos mais simples até os mais complexos.
Contudo, a despeito de intensas pesquisas em busca de
evidências comprobatórias, até hoje os cientistas admitem
abertamente que “uma sequência detalhada da evolução
não fica evidente no registro rochoso”. (3)

E, o que é mais, os biólogos moleculares salientam que


existem complexas estruturas microscópicas básicas,
inerentes a todos os seres vivos, que não podem subsistir
sob forma parcialmente desenvolvida –- não existem
“formas intermediarias” desses elementos fundamentais e
interdependentes que possam funcionar em qualquer
outro formato que não em sua forma completa e plena. Em
outras palavras, eles não poderiam de maneira alguma ter
“evoluído”; teriam simplesmente que ter aparecido em
cena já em sua forma plena e funcional. (4)

Com respeito a formas intermediárias dentro do registro


geológico, o Dr. Stephen Jay Gould, um paleontólogo da
Universidade de Harvard, é mais específico:

“A extrema raridade das formas transacionais no registro


fóssil permanece sendo o ‘segredo do ofício’ da
paleontologia que ninguém revela. As árvores evolutivas
(gráficos de genealogia evolucionária), que adornam
nossos textos
especializados, só contêm dados sobre os nódulos e as
pontas dos ramos: o resto são inferências, conquanto
razoáveis, mas não evidências provenientes dos fósseis”. (5)

Apesar de ser possível que novas pesquisas revelem


alguma evidência da evolução contínua de uma espécie
para outra, isso parece improvável, porque -- como afirmou
Sir Fred Hoyle -- “há tantos pesquisadores atuando nesse
campo que nenhum detalhe pode ter sido esquecido”.(6)
Na verdade, os estratos contendo fósseis, ao invés de
serem um registro razoavelmente contínuo de formas de
vida evoluindo, parecem mais ser o registro de repetidas
introduções de novas formas de vida. E o Dr. Hoyle conclui
que, ao invés de um registro gradual de formas de vida
evoluindo,

“a conclusão que a geologia nos permite tirar é a de que as


linhagens (genealógicas das formas de vida) (...) sempre
foram separadas”. (7)

O Aparecimento Repentino de Coisas Novas no


Registro Geológico

O ponto de vista do Dr. Hoyle é confirmado pelo Dr. Frank


B. Salisbury, um especialista em fisiologia vegetal da
Universidade do Estado de Utah. Ele ressaltou que o olho,
com seu complexo sistema de funcionamento, aparece de
modo repentino no registro geológico, não apenas uma vez,
mas três vezes . A asa aparece em cinco organismos
animais independentes. E, apesar de fósseis de diversas
plantas floríferas terem muitos aspectos semelhantes,
nenhuma ascendência comum foi verificada. (8)

Em outras palavras, novas variedades de seres vivos


aparecem repentinamente no registro rochoso, sem
quaisquer precursores ancestrais. Mesmo as rochas mais
profundas que abrigam fósseis revelam formas de vida
plenamente desenvolvidas.

É mais significativo ainda que entre o desaparecimento de


muitas formas de vida do registro geológico e o
aparecimento das formas que as substituíram surjam
lacunas repentinas de tempo em que não se percebe
qualquer sinal de desenvolvimento. Conclui então o Dr.
Salisbury:

“Não há registro fóssil de evolução gradual no sub-reino


botânico e em suas divisões (...) Esse registro
simplesmente inexiste; formas vegetais complexas
aparecem de uma hora para outra nos estratos geológicos
(..) e nenhum dos grupos principais possui predecessores
fósseis óbvios que nos informem como esse grupo surgiu”.
(9)
Cães e Cavalos não se Desenvolveram
Gradualmente.

A afirmação anterior é válida também para certas


“evidências” popularmente aceitas da evolução, no que diz
respeito ao desenvolvimento dos modernos cães e cavalos.

O “desenvolvimento gradual” do cão foi apresentado pela


primeira vez numa então famosa (mas hoje infame) série
de fósseis do cão, em 1876, por O. C. Marsh. Porém, após
décadas de aceitação, essa série foi sendo silenciosamente
descartada, à medida que se ia constatando que cada
membro da série aparecia inalterado no registro rochoso
por alentados períodos de tempo, sendo depois substituído
abruptamente por outro. (10)
De modo similar, em diversos textos dá-se grande destaque
à sucessão de fósseis de cavalos que parecem ter-se
desenvolvido gradualmente para dar origem ao cavalo
atual, que tem um único dedo em cada pata. Falando dos
assim denominados estágios intermediários, o Dr. Salisbury
observa:

“(...) cada uma das formas intermediárias é completamente


distinta das outras da série e aparece de repente no registro
geológico. Não existe nenhuma forma de se provar que um
dos assim chamados fósseis do cavalo tenha dado origem
em sequência, por processo evolutivo, a qualquer outro
animal”. (11)

Entretanto, perguntaríamos: “Mas nós não temos


evidências de uma ‘espécie’ transformar-se em outra
‘espécie’ em experimentos controlados de laboratório? ” O
Dr. Armin J. Hill, antigo Reitor da Faculdade de Ciências
Físicas e Engenharia da Universidade de Brigham Young,
responde:

“A ciência não produziu nenhuma evidência de que em


alguma época, no curso do desenvolvimento da vida na
Terra, um tipo de criatura tenha-se desenvolvido para
transformar-se em outro. Na verdade, as tentativas de
transformar uma espécie em outra em condições de
laboratório cuidadosamente controladas têm tido tanto
sucesso quanto o dos alquimistas ao tentar transformar
chumbo em ouro.
“Conseguimos recentemente desenvolver novas variedades
de grama, mas apenas através da mais complexa
manipulação dos genes que controlam os processos
hereditários. Estamos, portanto, muito, muito longe de
poder aceitar as hipóteses levianas que dão como certo
que formas simples de vida transformaram-se em formas
complexas na Natureza.” (12)

O Verdadeiro Propósito do Código Genético de


um Organismo.

Os cientistas que fazem experiências com a estrutura


genética dos seres vivos conseguem criar novas
combinações de genes em laboratório. Essa ciência da
engenharia genética promete realizar uma série enorme
de novos milagres biológicos em prol da humanidade.

Contudo, tanto no laboratório como na Natureza, não há


evidência de que uma “espécie” esteja sendo transformada
em outra. O que fica mais evidente é que uma porção não
utilizada do material genético que já estava presente em
uma espécie (ou, no caso dos laboratórios, de material
genético de outras fontes, artificialmente introduzido), está
sendo arranjada em novas combinações. (13)

Em outras palavras, as mudanças na coloração do pêlo dos


camundongos-de-praia, ou alterações na cor do musgo
sarapintado da Inglaterra, ou ainda o aparecimento
inesperado de cepas de bactérias resistentes a antibióticos,
não são exemplos de uma espécie transformando-se em
outra. Essas mudanças são simplesmente evidência da
espantosa capacidade que qualquer forma de vida tem de
aproveitar uma variedade imensa de recursos já disponíveis
dentro de seu código genético –- recursos com os quais a
família dos Deuses dotou cada uma das “espécies”.

Isto sugere que a verdadeira razão para a existência de um


código genético é reter as características de uma “espécie”
e não criar novas espécies. Temos evidência disso no
estudo das “mutações”, em que se observam alterações
reais no código genético e seus efeitos nas gerações
subsequentes.

Vivemos num ambiente repleto de radiações que


bombardeiam constantemente nosso corpo com raios
cósmicos e radiações de muitas outras fontes, a maioria
delas naturais. Isso nos causa danos genéticos contínuos.
Mas o fato fantástico é que a estrutura molecular de
nossos genes tem tantas reproduções (nossos genes
contêm milhares de sequências repetidas) que nossas
reservas genéticas conseguem quase sempre reparar os
danos desses ataques contínuos. Elas fazem isso
simplesmente copiando informações de uma parte que
permanece ilesa.

Às vezes, no entanto, o dano é permanente e sofremos o


que é chamado de “mutação natural” –- uma mudança
permanente na estrutura genética. Entretanto as
mutações naturais só ocorrem raramente, mesmo nas
formas de vida
estabelecidas. E, mais, o número das que são transmitidas
através de sucessivas gerações é ainda menor. (14)
Contudo, quando as mutações têm sucesso, elas tendem a
recriar os genes perdidos ou suprimidos anteriormente, ou
então não produzem descendência. E, mesmo que haja
descendência, a maioria é estéril e incapaz de continuar a
espécie. (15)

Tudo isto sugere que, ao invés de atuar como fonte de


mudanças nas “espécies”, o sistema genético é um recurso
inato de controle, para estabilizar a ordem existente dentro
da biosfera da Terra e minimizar a possibilidade da criação
de novas variedades de vida.

Confundindo Similaridade com Engenharia


Genética

Um dos argumentos mais poderosos da teoria da evolução


–- a mudança gradual de formas de vida simples para
formas complexas -- reside na óbvia semelhança entre
essas formas. Naturalmente nada impede que os Mestres
Criadores do Universo empreguem os mesmos princípios
de engenharia genética nas formas de vida preparatórias e
nas atuais.

A semelhança funcional entre brinquedos de quatro rodas


encontrados nas antigas tumbas peruanas e um moderno
automóvel não indica que um “evoluiu” a partir do outro.
No mesmo sentido, a similaridade entre uma forma de vida
atual e uma preparatória pode sugerir que uma tenha
evoluído da outra, mas não o prova.

Se as imensas variedades de formas de vida, preparatórias


e modernas, tivesse descendido e se desenvolvido de umas
poucas variedades de vida primitiva, os biólogos seriam
capazes de elaborar uma classificação aceitável e lógica
para todas as formas de vida. Na verdade eles não o
conseguem. Num típico texto sobre o assunto,
encontramos esta afirmativa:

“Não existe um sistema de classificação satisfatório. Muitos


foram sugeridos; cada um possui suas vantagens e
desvantagens.” (16)

Este dado fascinante, mas frequentemente relegado a


segundo plano, pode ser constatado pesquisando-se
qualquer manual de biologia que trate da classificação das
plantas e animais. O Dr. E. O. Willey registrou:

“A filogenia (árvore ancestral) da maioria dos organismos


vivos ainda não foi construída. (...) Por exemplo, nenhum
manual de curso secundário ou universitário publicado nos
Estados Unidos contém uma classificação logicamente
consistente dos aspectos básicos da filogenia dos
vertebrados, apesar de eles serem tão bem conhecidos
(...).” (17)

Essa falha, calmamente admitida, mas raramente


enfatizada, conflita com o falso pressuposto de que todos
os seres vivos estão de alguma forma relacionados entre si
através de extensas eras.

Como veremos mais tarde, entre as formas de vida que


existem ou já existiram sobre a Terra muitas há, de tal
forma desprovidas de parentesco com ancestrais, que só
podem ter tido origem fora do Planeta. Seus ancestrais
vieram de outros sistemas planetários da galáxia.

Tanto Organismos Espirituais como Físicos Foram


Criados “Segundo Sua Espécie”

Em adição a essas objeções científicas à teoria de uma


mudança gradual nos seres para produzir as formas de vida
preparatórias da Terra (assim como as atuais), o Senhor
revelou que em ambas as criações, espiritual e física, todas
as criaturas viventes, tanto vegetais como animais, foram
criadas e só poderiam se reproduzir “segundo sua
espécie”. Isto está claramente expresso tanto na criação
espiritual (Moisés 2:11-12, 20-21, 24-25) quanto na
preparação física da Terra para a chegada das formas
atuais de vida (Abraão 4:11-12, 20-21, 24-25), bem como
após as formas atuais de vida terem chegado à Terra
(Gênesis 6:20; 7:14; 8:17-19).
Este fato obviamente exclui a possibilidade de ter havido
uma infinita gradação de formas de vida, uma “espécie”
derivando da outra. A vida manifesta-se em forma de
“espécimes” distintos que identificamos como “o cavalo”,
“o urso”, “gado” e todos os tipos de criaturas que voam
pelo ar, rastejam, nadam ou vivem sobre a Terra ou
dentro dela. Joseph Smith ensinou:

“Deus colocou muitos sinais tanto na Terra como no céu (a


Terra espiritual); por exemplo, os carvalhos da floresta, os
frutos das árvores, a erva do campo –- todos dão
testemunho de que uma semente foi plantada ali; pois o
Senhor decretou que cada árvore, fruto ou erva contendo
semente deveria produzir segundo sua espécie –- e eles
não podem existir através de nenhuma outra lei ou
princípio”. (18)

Isto pode explicar porque nenhuma nova “espécie” foi


produzida a partir de outra "espécie" em laboratório.

Na Bíblia moderna, a palavra "espécie" foi traduzida da


expressão hebraica min. Em seu contexto bíblico original,
"espécie" é corretamente definida pela palavra “família”
utilizada pelos biólogos nos sistemas de classificação
taxionômica hoje aceitos. (NT: O autor afirma a seguir que
a palavra usada na Bíblia nunca foi idêntica a “espécie”. Isto
é válido para o inglês, mas em português a palavra usada na
Bíblia tradicional é exatamente “espécie”.) Assim sendo,
dentro da ampla latitude permitida por seu código
genético, uma “família” pode sofrer maravilhosas
transformações. Entretanto, uma “família” nunca foi
transformada em outra família. O Dr. Armin J. Hill assim se
expressou a respeito desse assunto:

"Até agora os cientistas têm feito experiências com a


mosca-de-fruta – drosophila melanogaster -- pelo
equivalente a trinta mil anos de gerações humanas, usando
todos os recursos conhecidos para produzir mutações.
Depois de todo esse esforço, foram forçados a admitir que,
apesar de terem sido obtidas variações hereditárias de
menor monta, a descendência ainda é constituída de
moscas-de-fruta.

"Aparentemente temos aqui uma ampla comprovação de


que a Escritura que diz, com relação à vida vegetal e animal,
que cada família produzirá 'segundo sua espécie', expressa
uma lei fundamental da Natureza. " (19)

Os experimentos com moscas-de-fruta mencionados pelo


Dr. Hill estenderam-se por muitas décadas, no início do
Século XX, começando em 1909. Os resultados foram tão
espantosos para os pesquisadores que alguns deles,
notadamente o geneticista Richard Goldschmidt,
renegaram completamente a idéia de uma "mudança
gradual através de seleção natural e mutação", optando ao
invés disso por uma explicação alternativa – a da Criação
feita por uma Inteligência Superior.

Infelizmente, alguns geneticistas que chegaram à mesma


conclusão, ao lado do antes respeitado mas desafiador Dr.
Goldschmidt, foram rudemente desprezados e em essência
excomungados do meio científico e de suas profissões. Em
meados do Século XX a maioria dos cientistas profissionais
já havia adotado firmemente o conceito evolucionista. Esta
é uma espécie de religião da ciência! (20)

O que não pode ser negado é que o registro geológico


atesta claramente que formas de vida mais simples
antecederam de modo geral as mais complexas, durante o
período de preparação da Terra. E existem evidências
abundantes de que os processos de mutação, seleção
natural e adaptação a ambientes diferentes ocorreram
entre as formas preparatórias de vida, da mesma forma
que os vemos ocorrer entre os seres vivos hoje em dia.

Mas, se as formas de vida mais simples não produziram as


formas mais complexas, então como é que os seres
primitivos vieram a existir e deixaram um registro fóssil
gravado na crosta terrestre?

A resposta a essas perguntas será dada no próximo


capítulo.
Questionário – Capítulo 11

Perguntas para Responder

1 – O que é “seleção natural”? O que é “seleção artificial”?


Em que elas são diferentes?

2 – O que é a adaptação das formas de vida ao meio


ambiente? Dê um ou dois exemplos.

3– Qual é o verdadeiro propósito do código genético de um


organismo? Como esse código reage a mutações
provocadas por elementos químicos ou radioativos?

4– Por que os biólogos fracassaram em elaborar um


sistema completo e consistente de classificação das
formas de vida que viveram ou ainda vivem na Terra?
Questões a Ponderar

1– Como aprendemos neste capítulo, “A extrema raridade


das formas transicionais no registro fóssil continua sendo o
‘segredo do ofício’ da paleontologia.” Existirão outros
“segredos de ofício” na geologia, paleontologia, astronomia
etc., que devamos conhecer? Se houver, quais são eles?

2– Eventualmente a engenharia genética poderá


desenvolver-se tanto que novas “espécies” sejam derivadas
das antigas? Poderemos dizer que isso terá ocorrido
“naturalmente”, ou seja, sem a intervenção de uma
inteligência superior externa à nova “espécie”? Em que isso
implica, no que diz respeito ao desenvolvimento de
quaisquer “espécies”, aqui ou em outra parte do Universo
Organizado?

3– Durante o Milênio, será que os biólogos serão capazes


de desenvolver um sistema classificatório completo dos
exemplares de vida vegetal e animal que já viveram ou
estiverem vivendo na Terra? Por que sim, ou por que não?
Referências – Capítulo 11

1 – Gideon E. Nelson, et al., Fundamental Concepts of


Biology (New York: John Wiley, 1970), pág. 265;

2– Gideon E. Nelson, et al., pág. 263; ver também H. B. D.


Kettlewell, “Darwin’s Missing Evidence”, Scientific
American,
Vol. 200, Nº 3 (março de 1959), págs. 48-53.

3 – John G. Navarra, Earth, Space, and Time (New York: John


Willey & Sons, 1980), pág. 105

4– Ver, por exemplo, Michael J. Behe, Darwin’s Black Box


(New York: The Free Press, 1996); e Michael Denton,
Evolution: A Theory in Crisis (Bethesda, Maryland: Adler and
Adler, 1985).

5– Stephen Jay Gould, The Panda’s Thumb: More


Reflexions in Natural History (New York: W. W. Norton,
1978) pág. 18, itálico adicionado.

6 – Fred Hoyle e Chandra Wickramasinghe, Evolution

From Space (New York: Simon and Schuster, 1981),

pág. 82. 7 – Hoyle e Wickramasinghe, pág. 82, itálico

adicionado.
8 – Ver Frank B. Salisbury, The Creation (Salt

Lake City, Utah: Deseret Book, 1976), capítulos

14 e 15. 9 – Salisbury, pág. 224.

10 – Alexander Mebane, Darwin’s Creation-Myth (Glen

Arm, Maryland: The Sourcebook Project, 1994), págs.

18-19. 11 – Salisbury, pág. 224, itálico adicionado.

12– Armin J. Hill, Some Matters To Keep In Mind When


Treating Science and Religion (Provo, Utah: Brigham Young
Universiity Extension Publications, abril de 1966), págs. 5-6.

13 – Salisbury, pág. 253.

– A média das mutações naturais fica entre uma vez


14

para 100 mil casos e uma vez para 100 milhões de casos
de duplicações de genes; consultar Gideon E. Nelson, et al.,
pág. 254.

15 – Salisbury, págs. 214-215.

16 – Gideon E. Nelson, et al., pág. 361.

17– E. O. Willey, no 1991 McGraw-Hill Yearbook of Science


and Technology (New York: McGraw-Hill, 1992), sob o
título “Classification, biological”, pág. 64.

18 – Joseph Smith, 20 de março de 1842, Words, pág. 107.


– Armin J. Hill, Letters to My Missionary Son (Provo, Utah:
19

Brigham Young University Extensions Publications, 1963),


pág. 2.

20 – Alexander Mebane, págs. 6-7.


Capítulo 12

De Onde Veio a Vida Preparatória?

“Vegetação e animais, em
grande variedade, cobrem a face
da Terra; mas estará a
humanidade consciente das fontes
secretas
de seu crescimento e existência?” (1)

A explicação simples para a origem da vida na Terra, e para


o complexo empreendimento que representou sua
preparação para abrigar as formas atuais de vida, é a
seguinte: Quando Deus precisa introduzir uma nova vida,
em um sistema planetário em desenvolvimento, ele
simplesmente transplanta para ali uma muda dessa forma
de vida produzida por uma matriz já existente em outro
planeta.

O transplante interplanetário de vida não é difícil de se


aceitar, se considerarmos o seguinte: Deus e seu Filho
vieram de seu planeta de glória, localizado a uma distância
cósmica imensa de nossa Terra, para aparecer ao jovem
Joseph Smith (Joseph Smith – História 1:17). O anjo
Moroni, um ser ressuscitado, declarou ter vindo "da
presença de Deus" (Joseph Smith – História 1:33). Outros
seres dotados de corpo viajam, segundo seu desejo, de
planeta em planeta (D&C 130:5-6). Da mesma maneira, as
formas de vida como plantas e animais podem também ser
transportadas através do espaço, de um sistema solar a
outro.

Naturalmente esse transplante interplanetário não ocorre


por meio da tecnologia tosca e ineficiente que usamos hoje.
Ao contrário das histórias de ficção científica, nossa
tecnologia atual faria com que astronautas que viajassem
para o planeta Marte chegassem lá em péssimas condições
de saúde (2), se não mortos. Nós ainda não sabemos como
fazer isso de modo satisfatório.

Mas o Senhor usa de método muito mais elegante e


certamente mais seguro e eficiente. Ao invés de encerrar
uma frágil forma de vida em uma nave espacial, ele muda
as características dessa forma de vida de modo que ela
possa sobreviver à jornada. E realiza isso fazendo com que
ela se torne temporariamente transladada, do mesmo
modo que fez com aqueles que viveram na Terra e foram
removidos para uma habitação distante, fora dela (por
exemplo, as cidades de Enoque e Salém e seus habitantes,
e as Dez Tribos perdidas de Israel, sobre os quais
comentaremos mais tarde).
A Verdadeira Origem de Toda a Vida na Terra

Isto significa que a família dos Deuses não precisa criar


"nova" vida toda vez que uma terra é feita. Também não é
necessário exigir que formas de vida cada vez mais
complexas evoluam de algum modo, gradualmente, de
"espécie" em "espécie", através dos vários estágios da
preparação da crosta de um planeta. Em processo muito
mais simples e controlado, os Mestres Criadores trazem
vida a uma terra já no formato e organização mais
adequados a suas necessidades. E, como o registro
geológico de nosso planeta o denota, isto se fez milhares,
se não milhões de vezes, durante o período preparatório
da Criação.

Essas são as "fontes secretas" de que Brigham Young falou,


de onde provêm todas as formas de vida que já existiram
sobre a Terra. Disse ele:

"A vida está aqui; mas será que os homens conhecem o


poder que a gerou, ou o modo pelo qual ela veio para cá?
Vegetação e animais em grande variedade cobrem a face
da Terra; mas estará a humanidade consciente das fontes
secretas de seu crescimento e existência? O homem
precisaria, em primeiro lugar, descobrir como surgiram
essas coisas e quem as produziu. Aí então todos
perceberiam, de imediato, que nunca houve casa que fosse
construída [senão] com base em princípios simples e
naturais." (3)

Entre esses "princípios naturais", disse ele, está a


capacidade do Criador de trazer "animais e sementes de
outros planetas a este mundo". (4)

Da perspectiva científica, então, as lacunas observadas


entre as diferentes formas de vida dos estratos rochosos
não se devem a falta de pesquisa ou deficiência de
descobertas. Essas lacunas são reais. São evidência de
novas formas de vida sendo repetidamente introduzidas na
Terra durante todo o período preparatório da Criação. E,
acima de tudo, elas demonstram que o desenvolvimento da
vida durante esse período foi dirigido –- e não ocorreu ao
acaso, ou meramente ao sabor dos caprichos de uma
seleção, adaptação ou mutação natural.

Devemos notar ainda que, se é verdade que a vida


preparatória pôde ser trazida à Terra, pode também ter
sido removida ou deixada morrer, quando seu propósito e
função se extinguiram. (Essa questão das "extinções em
massa" será abordada no próximo capítulo.)
Evidências da Origem Extraterrena dos
Organismos da Terra

Apenas um breve relance sobre as formas de vida atuais da


Terra já oferece indicações de sua origem extraterrena. Isto
devido ao amplo espectro de suas possibilidades genéticas
e, portanto, das capacidades inerentes a cada ser.

Por exemplo, a mesma variedade de bactéria que existe sob


enormes pressões no fundo dos oceanos (organismos
"barodúricos") pode também ser encontrada em um jardim
doméstico. Outras bactérias vicejam na total ausência de
oxigênio, preferindo um ambiente com cerca de 75% de
hidrogênio molecular e 25% de dióxido de carbono, tudo a
uma temperatura superior a 40º C. Apesar de parecerem
quase extraterrenas, trata-se das bactérias comuns dos
efluentes de esgoto, afeitas ao gás metano. (5)
Outro exemplo: Quase todo animal vivo apresenta em seu
código genético marcas de genes capazes de fabricar
pterina -– o pigmento que cobre as asas da borboleta e o
revestimento externo de muitos insetos. E, no entanto,
com exceção do corpo e das asas de insetos, esses genes
são suprimidos ou “não expressados” em todos os outros
seres animais. (6)

Na própria raça humana, cerca de 90 a 95% dos recursos do


código genético não são expressados, sugerindo que
possuímos uma maravilhosa gama de possibilidades
genéticas, das quais apenas algumas se manifestam nesta
Terra. (7)

E, como já vimos, é precisamente esse amplo espectro de


genes codificados em cada criatura vivente que permite
que sua descendência se adapte confortavelmente, através
das gerações, a ambientes completamente novos.

Capacidades Genéticas Estranhas à Terra

Entretanto, dentre as expressões genéticas potenciais que


existem nas criaturas vivas, algumas há que desafiam
explicações. Isto é, de acordo com o cenário evolutivo,
essas capacidades geneticamente herdadas não poderiam
de modo algum ter-se originado na Terra.

O primeiro exemplo é o da mosca-de-fruta comum, a


drosophila melanogaster. Em 1934, foi descoberto que os
olhos dessa criatura enxergam sob a influência dos
profundos raios ultravioletas (como os da lâmpada de
mercúrio), da mesma forma que sob a influência dos raios
da luz natural. Mas as radiações ultravioletas do Sol são
filtradas pela atmosfera da Terra.

Exceto pelos raios produzidos por fontes fabricadas


modernamente pelo homem, não existem na Terra raios
ultravioletas. Nem há qualquer evidência de que a Terra
primitiva tenha sido exposta a esses raios, mesmo no
período inicial de sua formação. Na verdade, a exposição
prolongada a essa luz é danosa, se não letal, para bactérias
e organismos multicelulares simples.(8) Mas a drosophila
está aqui, sobrevivendo com sucesso na Terra, com uma
capacidade de visão que não poderia ter adquirido por
qualquer das “teorias evolutivas” postuladas.

Outro exemplo abrange uma grande variedade de legumes,


inclusive ervilhas e feijão. Dentro deles pode-se
inexplicavelmente encontrar traços de material genético
suprimido, destinado a produzir hemoglobina –- um
componente das células vermelhas do sangue, fundamental
a todos os animais de ordem superior. Apenas a ação de
bactérias rhizobium, que fixam o nitrogênio, permitiria aos
legumes tornar expresso esse conjunto de genes que
produzem hemoglobina. Não há explicação satisfatória para
sua existência nos legumes, extremamente improvável se
eles tiverem sido desenvolvidos apenas na Terra. (9)
Aparentemente essa espécie foi desenvolvida em outro
lugar e depois adaptada ao meio ambiente atual da Terra.

Um último exemplo (apesar de haver ainda muitos outros)


diz respeito ao vácuo e a bactérias resistentes a radiação.
No curso da investigação da possibilidade de que micróbios
pudessem sobreviver a uma viagem a Marte, na
espaçonave Viking, descobriu-se que algumas bactérias
não apenas sobrevivem, mas multiplicam-se, após 5 dias
em ultravácuo. Como esse tipo de vácuo nunca existiu
sobre a Terra, de que forma teriam essas bactérias
adquirido essa maravilhosa capacidade?

Quando a radiação atinge o material celular, muitos


segmentos das moléculas de DNA que formam o corpo do
material genético são seccionados e por vezes destruídos.
Mas a maior parte do material genético é repetitiva, isto é,
as mesmas sequências de moléculas repetem-se em outra
parte do material genético. Assim sendo, dentro de certos
limites, uma cepa danificada pode ser reparada.

Entretanto, esses limites de regeneração são bastante


baixos em criaturas tão complexas como o ser humano.
Mas existem bactérias resistentes a radiação que podem
suportar doses agressivas de raios-x, através de um bem
sucedido e completo
reparo de cerca de 20 mil desconexões completas em seu
DNA celular! (10) De modo similar, algumas variedades de
amebas e “paramecium” podem suportar com sucesso
praticamente a mesma dose de radiação. (11)

Onde essas bactérias resistentes encontraram ambiente


para desenvolver tal capacidade de auto-regeneração?
Certamente não na Terra, segundo requerem os
mecanismos postulados pela teoria da evolução orgânica.
Entre outras razões, os níveis extremamente elevados de
radiação teriam impedido a proliferação e a geração de
formas mais avançadas de vida por meios “evolucionários”.

A teoria de que formas mais simples de vida foram


produzindo formas cada vez mais complexas – e os
conceitos daí derivados – são quase unanimemente aceitos
hoje nos círculos científicos. Assim sendo, não é popular
pesquisar e identificar evidências de origem extraterrena
para as formas de vida da Terra. Os mencionados
cientistas, Sir Fred Hoyle e
N. Chandra Wickramasinghe, que iniciaram alguns trabalhos
nessa linha, escreveram:

"Nossas pesquisas foram saudadas com um muro de


silêncio. A razão mais provável é que os eruditos biólogos
perceberam, desde logo, que cedo ou tarde a palavra
'propósito' acabaria sendo mencionada – e isso aos seus
olhos era a maior das heresias científicas.” (12)

Esperamos que surja uma nova geração de biólogos que


tenha compreensão e leve em conta a obra da família dos
Deuses ao semear a vida em planetas semelhantes à
Terra. Armados dessa noção eles poderão começar a
explorar ativamente essa área prenhe de esclarecimentos e
descobertas.

É auspiciosa a conclusão dos autores antes mencionados


quanto ao assunto:

"A vitória na pesquisa só é atingida quando avançamos na


direção que a Natureza aponta, não importa quão
indesejável essa direção possa parecer." (13)

Origem e Desenvolvimento da Vida Preparatória


na Terra

Concernente à origem e desenvolvimento da vida na Terra


física, o Senhor revelou que ela não foi trazida para cá
apenas uma vez e aqui deixada para "ver o que
aconteceria". Ao contrário, conforme surgia a necessidade
de formas de vida mais complexas, em vez de esperar que
elas de alguma maneira se desenvolvessem a partir de
formas mais simples, através de forças cegas e aleatórias,
cada novo organismo necessário era sistematicamente
trazido para cá pelos Deuses, segundo um cronograma
específico.

Como escreveu o Élder B. H. Roberts, cada uma dessas


formas preparatórias de vida foi
"trazida de alguma outra esfera mais antiga, com o poder
de se propagar segundo sua espécie. (Eventualmente) as
condições da Terra mudaram e passaram a ser
desfavoráveis a elas, que assim se tornaram extintas, sendo
substituídas por outras formas de vida mais elevadas. " (14)

Isto não quer dizer que os mecanismos comprovados de


seleção natural, adaptação e mutação, apontados pela
teoria da evolução orgânica, não tenham operado na
biosfera preparatória da Terra. Mas, como explicou o já
mencionado Dr. Frank Salisbury, mesmo que atuassem na
capacidade máxima observável, esses mecanismos seriam
inadequados, se não inteiramente incapazes de produzir as
complexas variedades de vida que existem na Terra hoje:

"A estimativa de uma mutação positiva em mil mutações


parece cálculo excessivamente otimista (...). A variabilidade
das formas de vida permanece sendo o calcanhar de
Aquiles do inteiro conceito (do desenvolvimento gradual
pela evolução). Na verdade, acredito que as descobertas da
ciência moderna durante as duas décadas passadas (de
1960 e 1970) ampliaram em muito o problema inicial, pois
a origem da variabilidade e da complexidade são hoje um
mistério maior do que nunca." (15)
E, o que é mais importante de um ponto de vista
estritamente científico, os efeitos da seleção natural, da
adaptação e da mutação, conquanto abundantes e
disseminados, seriam inteiramente eclipsados pelo impacto
da repetida introdução de novas formas de vida na Terra.

Formas de Vida de Outros Planetas

É natural se cogitar de que lugar todas essas formas de vida


preparatória vieram. Mas, assim como ocorreu com
Moisés, nosso conhecimento da vida foi essencialmente
limitado ao âmbito desta Terra. (Moisés 1:35). Por
enquanto o Senhor resguardou de nós detalhes específicos
sobre os ancestrais das formas atuais de vida, assegurando
apenas que elas vivem em outros corpos celestes. E, quanto
ao Período Preparatório, revelou que existem variedades
cuidadosamente preparadas de seres viventes que
florescem em outros planetas, mas que não habitam agora
em nossa Terra.

O Senhor mostrou algumas dessas criaturas a seus


profetas, em visão. O Profeta Joseph Smith registrou que
esses são "animais que viveram em outro planeta que não o
nosso”. (16) Anatomicamente eles ocorrem "em um milhar
de formas" e vivem em "dez mil vezes dez mil terras como
esta – estranhas bestas sobre as quais não temos idéia."
(17) E entre essas "estranhas bestas" encontra-se sem
dúvida um grupo muito grande de formas de vida que
foram designadas a ajudar na preparação desta Terra para
receber as formas atuais de vida.

Tanto as Escrituras como os comentários proféticos


indicam que a repetida transplantação de vida para
preparar a Terra foi um procedimento cuidadoso. Toda vez
que os Deuses encetavam uma nova fase criadora, eles
constatavam "que foram (ou seriam) obedecidos.” (Abraão
4:12, 21, 25); Isto é, esses Mestres Criadores podiam
expressar abertamente sua confiança de que as formas
transplantadas de vida cumpririam as funções a que foram
designadas, seja na preparação de minérios, carvão,
depósitos de petróleo, leitos de calcário ou qualquer outra
coisa destinada ao uso e desfrute dos futuros habitantes de
nosso planeta.

Antes de explorar o processo minucioso de preparação da


Terra durante o Segundo Período da Criação, precisamos
formular uma pergunta importante: Quanto tempo foi
necessário para se preparar a Terra física para receber as
formas atuais de vida? A resposta interessante (e por vezes
surpreendente) a essa pergunta é o tema de nosso
próximo capítulo.

Questionário – Capítulo 12
Perguntas para Responder

1 – Quais são as “fontes secretas” de toda

a vida na Terra, tanto pré-histórica como

atual? 2 – Que evidências possuímos de

que as formas de vida da Terra não se

originaram aqui?

3 – Enquanto a Terra desenvolvia-se, como eram


introduzidas aqui novas formas de vida mais complexas?
Existem evidências gerais ou específicas no registro rochoso
de que isso ocorreu?
Questões a Ponderar

1– Que linhas de pesquisa poderiam ser adotadas para se


investigar e estabelecer melhor a origem extraterrena das
formas de vida primitivas do Planeta? E das formas de vida
atuais?

2– Quando seres ressuscitados glorificados visitam a Terra,


eles parecem chegar e partir através de um “duto” ou
pilar tubular de luz (como exemplo consultar Joseph Smith
– História 1:16 e 1:43). Isto não sugere a existência de um
sistema de transporte interestelar por meio do qual muitas
formas de vida poderiam ter sido trazidas à Terra em
períodos variados de sua história? Se sim, por que seria
necessário o emprego de um “duto”? Isto não nos revela
algo a respeito da física de outros reinos glorificados em
relação à Terra mortal?
Referências – Capítulo 12

1 – Brigham Young, 3 de junho de 1855, JD 2:303.

2– Como salientado pelo Presidente do M.I.T., Charles M.


Vest, em palestra feita em novembro de 1995, publicada
como encarte na revista Technology Today, em janeiro de
1996.

3 – Brigham Young, 3 de junho de 1855, JD 2:303.

4 – Brigham Young, 20 de abril de 1856, JD 3:319.

5 – Fred Hoyle e Chandra Wickramasinghe, Evolution

From Space (New York: Simon and Schuster, 1981),

págs. 66-67. 6 – Hoyle e Wickramasinghe, pág. 20.

7 – Hoyle e Wickramasinghe, págs. 20-21.

8– F. E. Lutz e E. N. Grisewood, “Reactions of Drosophila


to 2537 Â Radiation”, American Museum Novitates, Nº
706, março de 1934 (citado em Hoyle e Wickramasinghe,
págs. 12-13).

9 – Ver Hoyle e

Wickramasinghe,
págs. 13-21. 10 –

Hoyle e

Wickramasinghe,

págs. 21-22.

11 – Hoyle e
Wickramasinghe,
págs. 43-44. 12 –
Hoyle e
Wickramasinghe,
pág. 32.

13 – Hoyle e Wickramasinghe, pág. 11.

– B. H. Roberts, The Gospel and Man’s Relationship To


14

Deity, 11ª edição (Salt Lake City, Utah: Deseret Book,


1966), pág. 269-270.

15 – Frank B. Salisbury, The Creation (Salt

Lake City, Utah: Deseret Book, 1976), pág.

215. 16 – Joseph Smith, 2 de abril de 1843,

History 5:324.

17 – Joseph Smith, 8 de abril de 1843, History 5:343.


Capítulo 13

A Preparação da Terra Física:


Quanto Tempo Levou?

“(...) Ele deu uma lei


para todas as coisas,
pela qual se movem
em seu tempo (...)”
(D&C 88:42)

Os Santos dos Últimos Dias têm uma vantagem especial na


avaliação do tempo envolvido na história da Criação. Para
início de conversa, sabemos através da revelação moderna
que o relato da Criação contido em Moisés 2 (Gênesis 1)
refere-se à criação da Terra espiritual e seus habitantes,
como melhor explicado no Apêndice C -- "Decifrando os
Códigos dos Livros de Moisés e Abraão”. Assim sendo,
qualquer referência a duração de tempo em Moisés 2 (os
"dias" da Criação) nada tem a ver com o registro geológico
da Terra física.
Como já vimos, o registro da criação e preparação da Terra
física – o Segundo Período da Criação – está descrito em
Abraão
4. Nesse relato Abraão não usa a expressão "dia" para
descrever cada fase do Segundo Período. Em vez disso,
emprega a palavra "vez".

Será Que o Período Preparatório Foi De Apenas


Alguns Milhares de Anos?

Certos membros da Igreja sugeriram que cada uma dessas


“vezes” teria só mil anos de duração. Assim, a Criação física
teria ocorrido em um período de apenas seis mil anos. Isto
é inferido de uma declaração do Livro de Abraão relativa à
experiência de nossos primeiros pais no Jardim do Éden:

"E os Deuses ordenaram ao homem, dizendo: De toda


árvore do jardim podes comer livremente,

"Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não


comerás; porque no tempo em que dela comeres,
certamente morrerás. Ora eu, Abraão, vi que esse tempo (o
tempo em que Adão teria permissão de viver) era segundo
o tempo do Senhor, que era segundo o tempo de Colobe;
porque até então os Deuses não tinham dado a Adão a
maneira de calcular seu tempo.” (Abraão 5:12-13)
É claro que Adão comeu do fruto proibido e morreu dentro
do prazo de mil anos (Moisés 6:12), ou um “tempo”. [NT: O
que causa essa polêmica é o fato de que em inglês a
palavra “time” designa tanto “tempo” (neste caso o de
duração da vida) como “vez”, usado nas etapas da Criação:
“e essa foi a segunda vez” (Abraão 4:8).]

Mas é muito importante notar que as instruções citadas


foram dadas a Adão em termos do cálculo do tempo de
Deus, não do tempo da Terra. Havia bons motivos para
tanto. Como ensinou Joseph Smith,

"Não é calculado o tempo de Deus, o tempo dos anjos, o


tempo dos profetas e o tempo dos homens de acordo
com o planeta em que habitam? Sim (...). (D&C 130:4-5)

No caso em pauta, Deus estava falando de acordo com o


planeta no qual Ele próprio vivia e através do qual
determinava a contagem do tempo. Como explicou Abraão:

"(...) uma revolução (de Colobe) era um dia para o Senhor,


segundo sua maneira de calcular (...)” (Abraão 3:4).

Abraão explicou a seguir que a razão que Deus teve para


dar a Adão instruções em termos do tempo de Deus (e não
do tempo de Adão), foi que Adão ainda não tinha recebido
seu próprio "cálculo" do tempo. "Cálculo do tempo"
significa um sistema de medição do tempo. E Adão não
possuía o seu, porque a Terra sobre a qual habitava ainda
não havia caído, vindo parar em nosso Sistema Solar. O
Apóstolo Erastus Snow assim explicou essa questão:

"Até que a Terra assumisse sua posição (neste sistema


solar) (...) não podiam ser designadas ao homem as formas
atuais de cálculo do tempo – contadas em dias, meses e
anos, todos os quais são determinados pelas revoluções da
Terra sobre seu eixo, pela Lua ao redor da Terra, e pela
Terra em sua órbita ao redor do Sol. " (1)

Existe outra razão para se crer que a Criação não ocorreu


em apenas seis mil anos (seis "vezes” de mil anos cada).
Abraão descobriu um fato interessante a respeito de
qualquer planeta: quanto mais avançado ele está em sua
progressão eterna, tanto mais lenta sua rotação (Abraão
3:4-9). O astro com rotação mais lenta que Abraão teve
permissão de ver foi a estrela Colobe. Uma revolução de
Colobe equivale para nós a uma volta a cada mil anos.
Portanto, a Terra primeva, recém-nascida e pouco
desenvolvida, tinha que ter rotação mais acelerada do que
a de Colobe, simplesmente porque seu estágio de
progresso eterno era inferior ao dela.

E, finalmente, analisemos as condições de vida no Jardim


do Éden antes da Queda. Encontramos Adão e Eva
passeando no jardim "na viração do dia" -- isto é, na fresca
do dia -- de manhãzinha, após o nascer do Sol (Moisés
4:14). (2) O comentário não parece consistente com um
"dia" de quinhentos anos, seguido por uma "noite" também
de quinhentos anos de duração.

Tudo isso deixa em aberto a questão de quanto tempo


durou a preparação da Terra física.
A Rotação da Terra Não era de Uma Volta a Cada
Mil Anos Durante o Período Preparatório

De acordo com o relato de Abraão da preparação física, a


Terra era alternadamente envolvida por “noite” e “dia”
desde que foi constituída em corpo planetário (Abraão 4:5).
Assim sendo, devemos esperar encontrar evidências de um
ciclo regular de dia e noite entre os restos fossilizados da
vida preparatória. E isso é o que o registro rochoso
demonstra.

Hoje em dia um molusco com concha, vivo, como o náutilo


ou os corais formadores de recifes, secreta uma linha, ou
ruga, em sua carapaça praticamente todos os dias. Um
estudo cuidadoso das conchas de moluscos marinhos
fossilizados, extraídos de diversas camadas da crosta
terrestre, revelam aproximadamente o mesmo padrão de
crescimento. Isto sugere que desde a queda da Terra tem
vigorado aqui um ciclo de dia e noite semelhante ao que
experimentamos hoje.
Durante o Período Preparatório, entretanto, o padrão das
linhas de crescimento dos seres marinhos, apesar de ser
bem semelhante ao dos dias de hoje, era ligeiramente
diferente. Estudos dos padrões diários de crescimento em
camadas, dos animais marinhos fossilizados, sugerem que o
ano primevo parece ter durado algo em torno de 385 a 410
dias. De modo semelhante, os ciclos mensais na Terra
primeva também eram vários dias mais longos do que os
atuais e as marés também eram bem mais amplas. (3)

Todas essas informações deixam transparecer as condições


que prevaleciam no sistema solar em que a Terra existia
anteriormente. Entretanto, as diferenças não são tão
extremas como as que encontraríamos se a Terra estivesse
girando apenas uma vez a cada mil anos. Muito pelo
contrário, existem evidências abundantes no registro
rochoso de que a Terra, no Período Preparatório, não
apenas estava girando e orbitando aproximadamente da
mesma maneira que agora, mas que o fez por um período
de tempo muito longo.
Evidências Científicas de Que o Período
Preparatório Durou Milhões de Anos

Existem muitos dados informativos importantes que

confirmam a existência de um Período Preparatório

prolongado. Primeiramente, como ressaltou o Dr. Philip H.

Abelson,

”(...) os geólogos encontraram um grande número de


formações rochosas nas quais o total de camadas
anualmente depositadas excede em muito o número de
10.000”. (4)

Essas camadas depositadas anualmente são chamadas de


“varvitos” e ainda hoje continuam a se formar no fundo
dos lagos. Cada varvito é constituído por uma lâmina de
duas partes. Durante o verão, argila siltosa leve, com grãos
graúdos, deposita-se no fundo dos lagos, porque a
correnteza que flui para eles é mais rápida. Quando chega
o inverno o depósito é de uma argila mais escura, com
grãos finos (a cor escura é devida ao material orgânico),
porque a corrente dos rios e riachos é mais lenta.

Como esse varvitos se formam em base sazonal, podem ser


contados do mesmo modo que os anéis que caracterizam o
crescimento das árvores. Na Suécia verificou-se que cerca
de 8.700 varvitos contínuos se depositaram desde que os
últimos glaciais continentais se retiraram da
Escandinávia.(5) Além disso, mais de 19.000 varvitos
distintos foram identificados em uma única camada de 9m
de espessura da formação de Elatina (pimenteira aquática)
do sul da Austrália (sendo que em algumas partes dessa
formação as camadas medem centenas de metros de
espessura). (6)

Outro estudo dos varvitos de xisto argiloso da formação de


Green River, em Wyoming (Estados Unidos), registrou ali a
existência de um depósito de 780 m de espessura. Esse
depósito acumula o espantoso total de mais de 6.500.000
varvitos.
(7) Mesmo que na Terra primeva tenha prevalecido um ano
de duração ligeiramente mais longa que a do atual, quando
ela gravitava em seu sistema solar anterior, esses depósitos
de xisto argiloso são uma clara evidência do transcurso de
diversos milhões de anos como agora os calculamos.

Outra evidência de um extenso Período Preparatório são as


camadas alternadas de cinzas vulcânicas encontradas no
registro rochoso. Como cada vulcão possui uma “digital”
distinta em sua lava, os cientistas conseguem identificar de
que vulcão cada camada de cinza provém. Por exemplo,
cinzas de muitas erupções do Vesúvio no período histórico,
uma das quais soterrou Herculano e parte de Pompéia no
ano de 79 d.C., foram claramente identificadas nos estratos
das regiões circunvizinhas. Essas camadas mais recentes
foram precedidas por outras camadas de cinzas em níveis
mais profundos, também do Vesúvio, remontando no
tempo a centenas de milhares de anos. (8)
E o Que Dizem os Métodos de Datação
Radiométrica?

O sistema mais conhecido e divulgado de determinação de


datas associadas a cada estrato de rocha é o método de
datação radiométrica. Essas datas radiométricas também
parecem confirmar que o Período Preparatório levou
milhões de anos para se completar.

(Para o leitor interessado, temos uma explicação


simplificada de como operam esses métodos, e em que
pressupostos, tanto confiáveis como duvidosos, eles se
baseiam. Essa explicação pode ser encontrada no Apêndice
F-- “Uma Nota a Respeito de Métodos de Datação
Radiométrica”.)

Entretanto, antes de aceitar como irrefutáveis as datas


radiométricas preconizadas pela ciência para os vários
estratos da crosta terrestre, precisamos levar em conta
uma razão especifica pela qual elas podem ser
suspeitamente incorretas.
O Ambiente Primevo da Terra e a Questão do
Tempo

Como já discutimos, a Terra não foi criada neste sistema


solar. Muitos métodos de datação, inclusive os sistemas
radiométricos, presumem que a Terra se condensou a partir
de uma nebulosa gasosa, juntamente com o Sol e outros
planetas e luas, e gravitou na órbita atual por muitos
milhões de anos. Como essa premissa é falsa, os sistemas
de datação se confundem, por não terem uma base ou
“ponto zero” no tempo em que se iniciar. Por isso, as
datas absolutas publicadas em compêndios científicos
precisam ser reconsideradas e podem não ser inteiramente
confiáveis.

Talvez seja possível elaborar cálculos relativos a nosso


antigo sistema solar a partir de evidências do registro
geológico. Mas, sem um conhecimento factual, não temos
como associar o tempo da Terra, como medido
anteriormente, com o tempo que agora experimentamos
sobre ela (dias de 24 horas, meses lunares, anos de 365 dias
etc.). Assim sendo, as datas absolutas do registro geológico,
mesmo que conseguíssemos estabelecê-las, seriam sempre
sem significado –- e enganosas
–- quando aplicadas a nosso Sistema Solar atual.

O problema que enfrentamos aqui é o mesmo com que se


defrontou Moisés. Ele tinha acabado de ver muitas terras
habitadas, as quais o Senhor havia criado (Moisés 1:29).
Mas, quando Moisés pediu ao Senhor que lhe revelasse os
detalhes desses outros planetas, Ele retrucou:

“(...) far-te-ei um relato apenas sobre esta Terra e seus


habitantes (...)” (Moisés 1:35)

É inegável que revelar detalhes sobre a ordem planetária


vigente no sistema solar em que a Terra antes vivia
suscitaria muito mais dúvidas do que as resolveria. No
entanto, conhecer a duração do ano, das estações, dos
meses e dias que prevaleciam na Terra, em seu sistema
solar anterior, seria imprescindível para se atribuir um
cronograma exato aos estratos geológicos da Terra.

Contudo, o Senhor nos deu a entender que poderemos


algum dia conhecer a dinâmica cronológica do antigo
sistema solar da Terra. Numa importante revelação
concedida a Joseph Smith, o Senhor falou de conhecimento
“a ser revelado nos últimos tempos” informando:

“(...) se existem limites determinados para os céus ou para


os mares, ou para a terra seca, ou para o Sol, Lua, ou
estrelas –

“Todos os tempos de suas revoluções, todos os dias, meses


e anos designados; e todos os dias de seus dias, meses e
anos (...) serão revelados nos dias da dispensação da
plenitude dos tempos.” (D&C 121: 30-31)
Talvez então estejamos em condições de designar datas
absolutas às camadas de fósseis da crosta terrestre. Não
obstante, não importa quais venham a ser essas datas, foi-
nos assegurado pelos profetas modernos que o Período
Preparatório da Criação requereu não milhares, mas
milhões de anos para ser completado.

Profetas Modernos Afirmam Que o Período


Preparatório Durou Milhões de Anos.

Uma vez que o Mestre Criador de nossa Terra “é um Deus


de método, ordem, lei, ciência e arte” (9), que organizou os
elementos com base em princípios naturais (10), é razoável
crer que os geólogos não foram totalmente enganados pelo
registro rochoso ao concluir que um longo período foi
necessário a fim de preparar a Terra para a vinda do
homem. Mesmo no distante ano de 1871 já existiam
evidências suficientes para levar Brigham Young a afirmar:

“Nossos geólogos (...) dizem-nos que esta Terra tem


existido por milhões e milhões de anos. Eles acreditam, e
têm bons motivos para essa crença, que suas pesquisas e
investigações demonstram que esta Terra tem existido há
tanto tempo quanto afirmam”. (11)

Essa opinião tem sido compartilhada por muitos profetas,


videntes e reveladores, desde o início desta dispensação do
evangelho. Apesar de a ideia de que a Terra é muito antiga
não ser bem conhecida no tempo de Joseph Smith, ele
ainda assim foi conscientizado pelos escritos de Abraão de
que grandes lapsos de tempo foram necessários para a
criação e povoamento dos mundos. O Apóstolo George Q.
Cannon escreveu:

“Todo o mundo religioso ficou chocado ao saber do tempo


envolvido na criação da Terra, mas Joseph Smith disse que
os ‘dias’ mencionados na história da Criação não foram dias
de 24 horas, como os nossos, mas, sim, períodos de
tempo.” (12)

O Apóstolo Orson Pratt dedicou grande parte de sua vida


ao estudo de assuntos científicos. Em suas pesquisas sobre
a história da Terra ele concluiu que, apesar de “não ter sido
revelado o que pode ter ocorrido em milhões de eras antes
de o mundo ser organizado temporalmente para o homem
habitar” (13), há evidências suficientes para se deduzir que:

“o Senhor não estava com tanta pressa como muitos


supõem, mas empregou um número indeterminado de
períodos de longa duração para construir este mundo”. (14)

O Presidente John Taylor achava particularmente


impressionante a correlação entre as Escrituras e as
descobertas geológicas. Escreveu ele:

“Quanto às coisas que intrigam o mundo hoje, relativas aos


seis dias da Criação (mencionados por Moisés), Abraão fala
deles como vezes, épocas ou eras –- diferentes e distintos
dos dias mencionados por Moisés –- e seus registros se
correlacionam de modo preciso com muitos fatos
geológicos que maravilham tantas pessoas desta geração”.
(15)

John A. Widtsoe, apóstolo da Igreja e naturalista erudito,


escreveu em 1908:

“Todo o conhecimento humano, baseado na aparência


atual da Terra e nas leis que controlam os fenômenos
conhecidos, se combina para indicar que a idade da Terra é
muito grande, chegando com toda a probabilidade aos
milhões de anos (...) Vastos períodos de tempo foram
requeridos para o início, ascensão, domínio e extinção final
de cada classe de animal.” (16)

B. H. Roberts concordava:

“A duração (da criação da Terra) foi indubitavelmente


suficiente para permitir o transcurso de todas as eras que
os geólogos afirmam ter sido necessárias para a formação
do Planeta (...) O conhecimento humano é suficiente para
justificar a crença de que houve grandes períodos de tempo
nos quais ocorreram os atos sucessivos da Criação”. (17)
Em 1931, o Dr. James E. Talmage – que era não só apóstolo,
mas também um perito geólogo – proferiu uma palestra
endossada pela Primeira Presidência, “para deixar claro que
a Igreja não se esquivava de reconhecer as descobertas e
demonstrações da ciência”. (18)

Esse importante discurso, intitulado “A Terra e o Homem”,


foi feito em 9 de Agosto de 1931, no Tabernáculo de Salt
Lake City, Utah. Posteriormente foi publicado pela Igreja, na
revista Deseret News. (19) Pouco tempo depois apareceu
em forma de folheto “Publicado, por A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias”. Ele foi novamente
impresso nos números de dezembro de 1965 e janeiro de
1966 da revista Instructor e, posteriormente, em 1976, foi
publicado pela Brigham Young University Extension
Publications.

Depois que o discurso foi divulgado, o Élder Talmage


registrou o seguinte em seu diário:

“A Primeira Presidência havia comentado de modo


favorável a sugestão de que em alguma ocasião, em algum
lugar, algo deveria ser dito por um ou mais de nós (os Doze
Apóstolos), para deixar claro que a Igreja não se esquivava
de reconhecer as descobertas e demonstrações cientificas,
especialmente no que se refere ao assunto (das ciências
que estudam a Terra). (...) Estou muito grato de que meu
discurso tenha sido objeto da mais ampla consideração, e
posso até dizer investigação, por parte da Primeira
Presidência e do Conselho dos Doze”. (20)
Ressaltando que “o Criador deixou um registro nas rochas
para o homem decifrar” (21), o Élder Talmage afirmou em
seu discurso que a Terra “passou por eras de preparação
incomensuráveis, grandes demais para avaliarmos, durante
as quais gerações incontáveis de plantas e animais
existiram, em grande variedade e profusão, e doaram em
parte a própria substância de seus corpos para ajudar a
formar certos estratos das rochas”. (22)

Essas formas de vida preparatória “existiram e morreram,


era após era, enquanto as condições da Terra ainda não
eram adequadas para a habitação humana”. (23) Esse labor
preparatório é confirmado por revelação, já que

“(...) o próprio registro das Escrituras fala de estágio após


estagio, era após era, de fenômenos terrestres por meio
dos quais este planeta eventualmente tornou-se capaz de
sustentar as formas (atuais) de vida”. (24)

É significativo que nenhum presidente da Igreja, ao


conduzi-la e receber revelação para ela, tenha jamais
contradito essas conclusões razoáveis com relação ao
tempo envolvido no Período Preparatório da Criação física.
Mesmo numa época em que era popular a tese religiosa de
que a Criação teria durado apenas uns poucos milhares de
anos, o então Presidente da Igreja, David O. McKay, deu a
seguinte declaração ao corpo docente e ao corpo discente
da Universidade de Brigham Young:

“E agora só me resta tempo para comentar que bela


oportunidade a Universidade de Brigham Young tem de
ensinar essas verdades fundamentais (...) Em qualquer
assunto que seja, os princípios do Evangelho de Jesus Cristo
podem ser nela comentados sem medo de alguém objetar,
e o professor é livre para expressar sua honesta convicção a
respeito deles, seja esse assunto geologia, a história do
mundo, os milhões de anos envolvidos na preparação do
mundo físico, seja engenharia, literatura, arte -- qualquer
princípio do evangelho pode ser abordado, breve ou
minuciosamente, para dar subsídios ao estudante que está
buscando a verdade”. (25)

Por tudo que analisamos até agora, deve estar claro que a
criação da Terra foi fruto de um esforço complexo,
estendendo- se por milhões de anos segundo a forma como
hoje contamos o tempo. Muitos eruditos que estudam a
Terra chegaram independentemente à conclusão de que
sua criação exigiu milhões de anos. Ocorre apenas que
como esses cientistas não levaram em conta, em seus
métodos de datação, que a Terra física estava em outro
ponto da Galáxia enquanto era criada, e que chegou há
pouco tempo ao nosso Sistema Solar, suas afirmativas
popularmente aceitas, sobre os períodos exatos de duração
de cada estágio da Criação, não são, de modo geral,
confiáveis.
Uma Palavra Final

Por muitas razões pode não parecer certo ou racional que


muitos milhões de anos tenham sido necessários a fim de
se preparar a Terra física para um prazo relativamente
curto de vida mortal de sete mil anos.

Mas consideremos o tempo necessário para a geração de


uma família espiritual. Sabemos que ela ocorre segundo
“princípios naturais”, isto é por nascimento literal de pais
ressuscitados. (26)

Sabemos também que vivemos como filhos espirituais no


lar celestial, ”durante eras”, antes de vir para a Terra
espiritual.(27) Uma breve avaliação das populações
passadas e presentes desta Terra, inclusive dos que não
tiveram permissão para tomar um corpo físico sobre si,
sugere que cerca de um trilhão de espíritos podem ter sido
criados apenas para este mundo. Isto sem dúvida exigiu um
longo período de tempo -- e nesse tempo a Terra física
estava sendo preparada para receber as formas atuais de
vida.

Consideremos também as inteligências do Universo. Elas


sempre existiram (Ver o Apêndice B -- “O Poder Secreto
de Criação de Deus”). Em algum tempo muito distante, no
passado, elas iniciaram um período de preparação e teste
dentro do Universo organizado. Eventualmente, os mais
dignos –- nós, os mortais –- ficaram prontos para um
exame final que teria lugar num momento de mortalidade
relativamente instantâneo, sobre uma Terra
adequadamente preparada. Não há motivo para se
imaginar que o período de treinamento e teste pré-mortal
foi de curta duração. Muito pelo contrário, o Senhor dá a
entender que o processo de arrebatamento de inteligências
e elementos, para combiná-los na formação de reinos de
todas as variedades imagináveis, no Universo organizado, é
um processo que está em curso eternamente –- “(...) sem
princípio de dias ou fim de anos”. (Moisés 1:3)

Preparar uma terra durante um período de milhões de anos


pode não ser mais do que um pequeno lampejo ou um
breve tremeluzir na eternidade. Mas trata-se da nossa
Terra e não podemos deixar de cogitar como e quando
isso ocorreu. Apesar de o Senhor ter ocultado
temporariamente de nós a sequência exata de tempo
empregada na criação da Terra, ele prometeu revelá-la
durante o Milênio:

“ (...) No dia em que o Senhor vier, ele revelará todas as


coisas –-

“Coisas passadas e coisas ocultas que nenhum homem


conheceu, coisas da Terra, pelas quais (ela) foi feita (...).
(D&C 101:32-33)

Essa será uma ocasião emocionante para aqueles que


investigaram com seriedade a origem da Terra e sua
história primeva. Entre as respostas que o Senhor nos dará,
quando vier, está o conhecimento de outras estrelas e
outros sistemas solares, e processos de criação que
“nenhum homem conheceu”.

Por enquanto precisamos lembrar-nos de que vivemos num


momento excelente para encetar um estudo em
profundidade sobre a origem da Terra e sua história
primitiva. Nunca foi tão abundante o conhecimento
científico e profético neste mundo. E vale lembrar que são
os que tiverem estudado bem este assunto em sua mente
(D&C 9:8), e os que estiverem formulando perguntas, que
mais apreciarão as respostas do Senhor quando Ele vier
trazê-las.

Veremos a seguir o que os cientistas descobriram a


respeito deste Período Preparatório da Terra. A história
contida nas rochas sob nossos pés não só é interessante
como também instrutiva, particularmente para aqueles que
um dia hão de construir seus próprios mundos.
Questionário – Capítulo 13

Perguntas para Responder

1 – Houve tempo em que um movimento de rotação da


Terra durasse mil anos?

2– Quando Deus ou um anjo (um mensageiro celestial)


falam de tempo é geralmente do tempo que vigora em sua
residência. Como é o cálculo do tempo no planeta em que
mora o Pai?

3 – Quando Adão recebeu instruções para calcular seu


tempo?

4– Que evidências científicas específicas existem de que o


desenvolvimento da crosta terrestre durante o Segundo
Período, ou Período Preparatório, exigiu uma vasta
extensão de tempo?

5– O que os profetas modernos disseram a respeito do


tempo que foi necessário para preparar a Terra a fim de
receber as formas atuais de vida?
Questões a Ponderar

1– Se você estivesse incumbido de criar e desenvolver um


novo planeta, haveria formas de acelerar esse processo?
Por que sim, ou por que não? Por que os Deuses tiveram
que esperar “até serem obedecidos”?

2--Quando o Evangelho foi perdido pela primitiva


cristandade, muitas falsas ideias foram propagadas e
eventualmente aceitas como doutrina. Há evidências de
que o tema recorrente da Criação literal em seis dias, ou
seis mil anos, está também entre as falsidades geradas
pela apostasia?

3– Além dos conhecidos sistemas radiométricos de datação,


há muitas formas engenhosas de se calcular a idade da
crosta terrestre. Quais são elas? Quais são os pressupostos
requeridos para usá-los?
Referências – Capítulo 13

1 – Erastus Snow, 20 de janeiro de 1878, JD 19:324.

2– Como o meteorologista Mark Eubank explicou ao autor,


a parte mais fresca do dia é logo após o nascer do Sol,
quando os primeiros raios atingem a parte superior da
troposfera, deslocando uma massa de ar mais fresco em
direção ao solo.

3– Ver Leigh W. Mintz, Historical Geology (Columbus, Ohio:


Merrill, 1977), págs.91-93. 301-302; Harold L. Levin, The
Earth Through Time (Philadelphia: W. B. Saunders, 1978),
pág; 255; e S. K. Runcorn, “Corals as Paleontological
Clocks”, Scientific American, Vol. 215, Nº 4 (outubro de
1966), págs. 26-33.

4 – Philip H. Abelson, “Creationism and the Age of the

Earth”, Science, Vol. 215, Nº 4529 (8 de janeiro de 1982),

pág. 1. 5 – Frank Press e Raymond Siever, Earth (San

Francisco: W. H. Freeman, 1978), pág. 30.


6– George E. Williams, “The Solar Cycle in Precambrian
Time”, Scientific American, Vol. 255, Nº 2 (agosto de 1986),
págs. 93-94.

7 – Harold L. Levin, The Earth Through Time, pág. 130.

8 – W. Lee Stokes, Essentials of Earth History, 4ª edição

(Englewood Cliffs, New Jersey: Prentice Hall, 1982), págs.

54-56. 9 – Brigham Young, 13 de novembro de 1870, JD

13:309.

10 – Brigham Young, 8 de fevereiro de 1857, JD 4:217.

11 – Brigham Young, 14 de maio de 1871, JD 14:115-116.

12 – George Q. Cannon, 19 de agosto de 1883, JD 24:257.

13 – Orson Pratt, 12 de novembro de 1879, JD 21:201.

14 – Orson Pratt, 29 de dezembro de 1872, JD 15:264.

15 – John Taylor, 29 de junho de 1884, JD 25:215.

– John A. Widtsoe, Joseph Smith As Scientist (Salt Lake


16

City, Utah: Bookcraft, 1964; publicado originalmente em


1908), págs. 52-53.
– B. H. Roberts, The Gospel and Man’s Relationship To
17

Deity, 11ª edição (Salt Lake City, Utah: Bookcraft, sem


data), pág. 261.

18 – Journal of James E. Talmage (Salt Lake City, Utah: Church


Historical Department), Vol. 29, pág. 69.

–James E. Talmage, 9 de agosto de 1931, “The Earth and


19

Man”, Deseret News, Church Section, 21 de novembro de


1931, págs. 7-8.

20 – Talmage Journal, pág. 69.

21 – James E. Talmage, “The Earth and Man” (reimpressão

– Provo, Utah: Brigham Young University Press, 1976),

pág. 2. 22 – Talmage, “Earth and Man”, pág. 2.

23 – Talmage,

“Earth and Man”,

pág. 2. 24 –

Talmage, “Earth

and Man”, pág. 1.

– David O. McKay, BYU Speeches of the Year (Provo,


25

Utah: Brigham Young University Press, 1959), 30 de


outubro de 1958, pág. 6. Ver também Hugh B. Brown, “Man
and What He May Become”, BYU Devotional Speech, BYU
Speeches of the Year (Provo, Utah: Brigham Young
University Press, 1958), 25 de março de 1958. Hugh B.
Brown era Conselheiro do Presidente David O. McKay.

– A Primeira Presidência da Igreja (Joseph F. Smith, John


26

R. Winder, Anthon W. Lund), “The Origin of Man”,


novembro de 1909, Messages, 4:205; ver também “Pré-
existent States”, Messages, 4:264.

27 – Brigham Young, 8 de março de 1857, JD 4:268.


Capítulo 14

O Que as Rochas Nos Revelam


Sobre o Período Preparatório

“Deus fala ao homem de


várias maneiras (...). Em
nenhum lugar este princípio é
mais gloriosamente ilustrado e
confirmado do que nas rochas
que constituem a crosta
terrestre. Nelas está inscrita
com clara simplicidade a
história da Terra.” (1)

Nota: Neste capítulo evitou-se o uso do vocabulário


científico complexo usualmente associado ao estudo do
Período Preparatório da Terra. Para o leitor interessado,
entretanto, foi preparado um resumo da matéria, com a
nomenclatura científica adotada pelos especialistas, no
Apêndice E -- “Uma Visão Científica da História Primitiva da
Terra”.
Chegam à Terra as Primeiras Formas de Vida

O Profeta Abraão dá a entender que não houve nenhuma


tentativa de se preparar a Terra física para receber as
formas atuais de vida antes que as primeiras massas de
terra seca aparecessem. Contudo, na primeira
oportunidade, após elas surgirem, os Deuses principiaram a
transplantar formas de vida simples para o globo virgem.

Sabemos disso porque os geocientistas não conseguiram


identificar em que nível específico da rocha estratificada
apareceram as primeiras formas de vida. Isto é, mesmo nos
níveis mais profundos da crosta –- em rochas que antes
estiveram enterradas quilômetros abaixo da superfície, mas
que foram expostas por dobramentos ou deslizamentos
glaciais –- já aparecem restos microscópicos de bactérias ou
algas unicelulares. Como esses organismos, do mesmo
modo que seus similares modernos, conseguem subsistir
dentro da matéria bruta inerte, parece que estiveram entre
as primeiras ordens de vida a ser introduzidas na Terra
durante seu Período Preparatório.

Um exame cuidadoso desses microorganismos fossilizados


indica que eles se comportam exatamente como as
bactérias e algas modernas. Hoje em dia, bactérias e algas
que vivem próximo à superfície oceânica usam a luz e a
água para produzir oxigênio, alimento e energia através de
um processo denominado “fotossíntese”. Nas profundezas
do oceano, onde a luz
não penetra, diversas variedades de microorganismos
utilizam abundantes suprimentos de sulfeto de hidrogênio
e água para produzir energia e alimento através de outro
processo conhecido como “quimiossíntese”.

Através desses processos de fotossíntese e quimiossíntese


os organismos vivos produzem açúcares químicos. Esses
açúcares, por sua vez, fornecem alimento para outros
organismos mais complexos, que extraem deles sua
energia através de fermentação ou respiração. Juntos esses
quatro processos químicos –- fotossíntese, quimiossíntese,
fermentação e respiração –- são responsáveis por gerar e
transferir energia e matéria, através de uma complexa
cadeia de troca e consumo que engloba todos os
organismos vivos da Terra.

Esses processos químicos vitais interdependentes não


aparecem no registro rochoso um de cada vez, como
preconiza a teoria da evolução; ao contrário, está patente
no registro geológico que todos eles estavam presentes e
atuavam desde o mais remoto início do Período
Preparatório da Terra. (2)
A Lua Primeva da Terra

Assim que as primeiras formas de vida da Terra foram


estabelecidas, um grupo de algas azul-turquesa (as
cianobactérias) principiou a construir comunidades
orgânicas ao longo da linha costeira. Algumas dessas
grandes estruturas concêntricas, denominadas
“estromatólitos”, chegavam mesmo a medir mais de 6 m de
diâmetro. (3)

Hoje, certas variedades de algas também produzem essas


formações, na faixa litorânea que fica entre as linhas da
maré alta e da maré baixa, apesar de seus estromatólitos
não chegarem nem perto do tamanho dos antigos similares.
E aqui encontramos um mistério intrigante: esses
estromatólitos costeiros só se desenvolvem dentro dos
limites extremos da maré alta e da maré baixa. Como as
formações pré-históricas são mais amplas do que as
variedades modernas, parece que a Terra, durante o
Período Preparatório, estava sujeita a forças de maré
maiores do que as registradas agora.

Alguns geocientistas têm sugerido que essas forças mais


intensas de maré tenham vindo do satélite da Terra –- Luna
–- que supõem tenha orbitado mais próximo dela em
tempos primevos. Isso teria produzido as marés mais
amplas.

Contudo, durante seu Período Preparatório a Terra não


estava neste Sistema Solar. O satélite Luna não orbitava ao
seu redor. A Terra estava próxima da estrela Colobe,
enquanto Luna orbitava ao redor do nosso Sol, bem longe,
neste Sistema Solar, aguardando a chegada da Terra após a
queda de Adão. Portanto, teria que haver outro satélite
natural ligado à Terra durante sua criação, o qual causaria
as marés maiores que atuaram sobre essas primitivas
formas de vida costeira.

Brigham Young referiu-se em certa ocasião a essa lua


primeva. Ele assim ensinou:

“Quando o Senhor disse:“Haja luz”, houve luz porque a


Terra foi levada para perto do sol –- para que ele refletisse
sobre ela a fim de nos dar luz durante o dia –- e da lua, para
nos dar luz à noite. Foi desse ambiente de glória que a Terra
proveio (antes) (...) de cair no espaço e assumir seu posto
neste sistema planetário”. (4)

Sabemos que o “sol” a que ele se refere não poderia ser o


nosso Sol atual, já que ele declara especificamente que
“foi desse ambiente de glória que a Terra proveio” antes de
cair neste Sistema Solar. O sol que iluminava a Terra
durante o dia, no período de sua criação, era portanto
outra estrela do sistema estelar de Colobe, talvez a própria
Colobe.

De modo similar, a “lua” de que ele fala não poderia ter


sido nossa Lua atual, Luna, mas teria que ser outro satélite
de tamanho e massa desconhecidos. Essa lua também
orbitou ao redor da Terra a uma distância desconhecida e,
pelas evidências deixadas no registro geológico, criou nos
oceanos primevos da Terra marés muito mais amplas do
que as

atuais.Analisando-se cuidadosamente os vários padrões de


crescimento das primitivas formas de vida (em especial os
das mais antigas comunidades orgânicas costeiras) é
possível se descobrir a massa aproximada e os parâmetros
orbitais da lua primeva, que estava associada à Terra
durante o Segundo Período da Criação, ou Período
Preparatório.

Depósitos Minerais são Criados por Bactérias

É razoável se esperar que todas as formas de vida


envolvidas nas fases preparatórias da Terra tenham sido
trazidas ao globo físico para realizar uma função especifica.
Apesar de não conhecermos a composição química exata
da atmosfera primeva da Terra, ou “expansão” segundo a
Pérola de Grande Valor, há evidências de que bem no início
da sua história tenham sido introduzidos nela
microorganismos que produziram copiosas quantidades de
oxigênio. (5)

Sabemos também que outras variedades de bactérias


primitivas foram trazidas à Terra para atender a uma
função adicional –- a extensa produção de depósitos
minerais. Utilizando técnicas de dissecação delicadas, os
pesquisadores descobriram que muitas das bactérias
primitivas fossilizadas são semelhantes a uma classe
importante de bactérias modernas que produzem,
reabsorvem, modificam ou redepositam uma espantosa
quantidade de elementos minerais e compostos
inorgânicos. Eles incluem ferro, magnésio, carbonatos,
fosfatos, gipsita, magnetita, pirita (ouro dos tolos) e até
mesmo sal.

Isto sugere que numa fase primitiva da preparação da


crosta terrestre os Deuses empregaram uma imensa fábrica
de microorganismos para coletar, processar e concentrar
grande parte da riqueza mineral da Terra. Alguns desses
depósitos naturais primitivos são conhecidos como lençóis
férreos. Eles consistem de camadas alternadas de xisto
argiloso, pobre em ferro, e minerais ricos em ferro (como a
hematita). Esses lençóis são notavelmente semelhantes
entre si, onde quer que sejam encontradas na Natureza,
tanto no aspecto químico como no físico.

Camadas de Óxido Ferroso, Calcário e Mármore

Entretanto, pouco acima dos estratos onde os primeiros


depósitos minerais foram formados, ocorre uma
significativa mudança química na crosta terrestre.
Aparentemente, quando suficiente oxigênio atmosférico
tinha sido produzido, toda uma nova classe de formas de
vida foi introduzida, a qual usava com muita eficiência tanto
o oxigênio como o dióxido de carbono. Como resultado
ocorreram diversas modificações significativas na crosta. Ao
invés do puro minério de ferro, começaram a ser
produzidas camadas de dióxido ferroso, que já requeriam a
presença de oxigênio.

Mais ou menos ao mesmo tempo em que se estavam


formando as camadas de óxido ferroso, o piso do oceano
começou a ser coberto por camadas de calcário e dolomita,
através da ação de algas e bactérias que secretavam óxido
de cálcio. Esses depósitos do fundo do oceano foram
recobertos por sedimentos trazidos da terra.

Então uma notável transformação começou a ocorrer. À


medida que esses depósitos de sedimentos aumentaram
em massa e espessura, fizeram pressão sobre o calcário e a
dolomita que estavam abaixo. Eventualmente a pressão
dos sedimentos e o calor do interior da Terra
transformaram o calcário e a dolomita em belos depósitos
de mármore, um material durável usado em construção por
civilizações avançadas, através de toda a História.
A Distribuição e Transformação das Riquezas
Minerais

Durante a primitiva preparação da crosta terrestre, muitas


vezes sua superfície foi repentinamente rompida e
reformatada por episódios de dobramentos de montanhas,
as quais logo a seguir eram arrasadas e niveladas por
deslizamentos de gelo glacial generalizados. Desta forma,
camadas imensas da crosta terrestre, contendo depósitos
minerais e mármore, foram desalojados e removidos para
milhares de quilômetros de distância, em todas as direções.
Muitos vestígios de antigas cadeias de montanhas desse
período foram identificados. A rocha subjacente às
primitivas cadeias de montanhas foi grandemente alterada
pelo calor e a pressão, para criar minerais e rochas de uma
natureza totalmente diferente da que fora produzida pelos
microorganismos, formando inclusive pedras preciosas
belas e úteis, como os diamantes, rubis, safiras e
esmeraldas.

Seres Multicelulares são Trazidos à Terra

Quando as algas e bactérias tinham preparado


suficientemente a crosta terrestre e a atmosfera, os Deuses
introduziram os primeiros seres multicelulares. Acima dos
estratos que contêm apenas formas de vida unicelulares,
encontram-se as delicadas impressões deixadas por plantas
aquáticas, vermes e águas-vivas simples, ao lado de
enormes coleções de formas de vida hoje já identificadas,
mas antes enigmáticas, a maioria das quais não tem
similares vivos. (6)

Mas esses organismos eram simplesmente o prelúdio de


uma explosão de vida que logo apareceria.

Sem aviso, as rochas revelam de repente fósseis de uma


ampla variedade de formas de vida avançadas. Esse
influxo abrupto é tão espantoso e inesperado que os
paleontólogos consideram-no um dos mistérios mais
surpreendentes do suposto desenvolvimento gradual das
primitivas formas de vida da Terra.

Naturalmente, como já sabemos, um tal influxo repentino


de organismos plenamente desenvolvidos não é mistério
algum. Após um período suficiente de preparação, os
Deuses consideraram necessário e oportuno introduzir, en
masse, uma inteira classe avançada de formas de vida
multicelulares independentes, que podiam vicejar nesse
ambiente recém- preparado. Como o registro fóssil
claramente o indica, elas chegaram já plenamente
formadas, com olhos, asas, dedos e pés -- e o que mais
fosse requerido por sua função preparatória.

Entre essas novas variedades de vida havia organismos


similares em aparência e função aos invertebrados
marinhos atuais. No entanto, havia outros organismos
diferentes, que prevaleciam em número sobre todos. Por
exemplo, mais de dez mil variedades de trilobites, os fósseis
mais comuns desse nível do registro rochoso, foram
identificados. Braquiópodes também eram abundantes.
Muitos desses animais marinhos recém-introduzidos
possuíam conchas completas ou parciais. Apesar de ter sido
sugerido que essas conchas foram de alguma forma
desenvolvidas durante um longo período de tempo, como
proteção contra predadores, isto não é admissível, já que o
registro fóssil indica que os predadores de animais com
conchas não surgiram na Terra senão tempos depois.

Os invertebrados marinhos, tanto de corpo mole como


revestidos com concha, foram eventualmente
acompanhados por um número crescente de criaturas,
todas diferentes e distintas em suas funções e
aparecimento. Entre elas temos os moluscos simples, as
esponjas e os corais. Juntos eles viriam a representar um
papel fundamental no desenvolvimento do ambiente
oceânico.

Para ajudar no estabelecimento dessas novas formas de


vida mais complexas, houve uma alteração essencial, tanto
nos processos geológicos como nos padrões climáticos. As
grandes atividades vulcânicas, a formação de montanhas,
as glaciações (em geral devidas a eras do gelo) e as severas
mudanças climáticas foram praticamente estancadas.
Somente após estarem bem estabelecidas as formas de vida
multicelulares é que as movimentações de terras e mares
e as alterações dos padrões climáticos recomeçaram.
Começa em Definitivo a Formação de Recifes

Não muito tempo após a chegada dessas comunidades


marinhas, foram trazidos à Terra organismos destinados a
criar os recifes submarinos. As primeiras formas de vida a
construír recifes foram os archaeocyathas (expressão latina
para “copos antigos”, porque se assemelhavam a
miniaturas de cones de sorvete). Quando eles completaram
sua função de construir barreiras de recifes, no entanto,
foram inteiramente removidos da Terra e, pelo que
sabemos, tornaram-se o primeiro grande grupo animal
entre os organismos preparatórios a ser completamente
extinto, durante o Período Preparatório de nossa Terra.

Também estiveram envolvidos na primitiva construção de


recifes os corais e esponjas simples. Como as de hoje,
algumas variedades antigas eram solitárias, mas muitas
construíam enormes colônias em forma de recifes. Seus
restos acham-se soterrados em estratos montanhosos –-
antigos pisos oceânicos elevados muito acima do nível do
mar por forças tectônicas.

Animais unicelulares chamados foraminíferos e radiolários


também apareceram bem cedo no registro rochoso. Apesar
de seus corpos se constituírem de apenas uma célula,
possuíam uma concha estriada envolvendo-os. Em várias
ocasiões, durante o Período Preparatório, muitos tipos
diferentes desses seres foram introduzidos, cada um com
um desenho único em sua concha. Essas diferenças em
desenho permitem aos geólogos associar sua presença com
camadas específicas da crosta terrestre, auxiliando assim
na busca de combustíveis fósseis, como o petróleo e o gás
natural.

Enquanto a construção de recifes prosseguia e a vida


marinha continuava a proliferar, novas variedades de
águas-vivas, vermes, “pepinos-do-mar” e esponjas foram
trazidos à Terra. Peixes sem mandíbula foram também
introduzidos. Enormes moluscos de águas rasas, alguns com
conchas de 4,50 m de comprimento, foram encontrados
nos estratos dessa era. À medida que novas famílias de
corais e algas que secretavam cal foram sendo trazidas,
acelerou-se a construção de recifes.

Durante esse período, mais de quinze mil variedades


diversas de plantas semelhantes a musgo chegaram. Em
algumas áreas da Terra, seus restos fossilizados constituem
a maior parte do atual leito rochoso.

As algas não só continuaram a construir suas monumentais


barreiras costeiras, mas também famílias inteiras de plantas
aquáticas semelhantes a algas foram introduzidas, as quais
àquela época constituíam as maiores formações de plantas
aquáticas flutuantes da Terra. Enquanto essas diversas
formas de vida vicejavam por todo o oceano, os Deuses
começaram a preparar o solo.
As Primeiras Plantas Terrestres São Trazidas à
Terra

O registro geológico demonstra que os primeiros


organismos a preparar o solo para a chegada das formas
atuais de vida eram do tipo das bactérias e algas. (7)
Quando a rocha continental estava suficientemente
decomposta e semeada com bactérias, as plantas
chegaram. Entretanto as primeiras plantas terrestres eram
relativamente simples, se comparadas com as que
chegaram depois. Elas não tinham nem raiz nem folhas.
Consistiam apenas de múltiplos ramos que brotavam de
uma gavinha subterrânea. Dentro desses ramos havia um
conjunto de minúsculos tubos que distribuíam os nutrientes
por toda a planta. E nas pontas dos ramos situavam-se
cachos de bolsas de espórios.

Pouco após a vinda dessas primitivas plantas terrestres, e


antecipando a chegada de vida vegetal mais complexa,
grandes depósitos de fosfato foram espalhados pela Terra.
Esses depósitos constituem hoje uma das fontes principais
de fertilizantes químicos. Como sucedeu com os depósitos
minerais anteriores, eles foram criados por bactérias
capazes de reduzir fosfatos.

Primeiras Extinções em Massa de Formas de Vida


Preparatórias
Enquanto as formas de vida estavam sendo
cuidadosamente nutridas na Terra, mudanças dramáticas
também ocorriam no mar. Permitiu-se que noventa por
cento (90%!) de todos os seres marinhos morressem ou
fossem removidos dos oceanos. Em terra e no mar mais de
dois terços das famílias de répteis e anfíbios foram
removidas, bem como 30% das ordens de insetos. Essa
extinção em massa é a mais significativa de todas as
extinções de formas de vidas registradas nos estratos de
rocha (mais drástica até do que a remoção dos dinossauros
que ocorreria mais tarde). (8)

Antes dessa extinção em massa, as formas preparatórias de


vida só podiam operar nas áreas bastante restritas em que
residiam. Entre suas designações estavam as tarefas de
construir barreiras oceânicas, decompor rochas e criar
depósitos minerais. Entretanto, os organismos que foram
trazidos à Terra após essa primeira extinção em massa
tinham bem mais mobilidade. Eles nadavam, rastejavam e
cavavam tocas nos ambientes marinho e continental da
Terra, em extensões muito mais amplas.

Entre essas novas formas de vida que foram trazidas à Terra


havia muitas novas variedades de peixes sem mandíbula.
Juntando-se a eles no oceano havia imensas famílias de
crustáceos chamados amonites, semelhantes aos
modernos náutilos. Foram encontrados fósseis dessas
criaturas com concha em espiral medindo mais de 1,80 m
de diâmetro. Mais ou menos ao mesmo tempo, seres
marinhos semelhantes a escorpiões terrestres, mas
variando em tamanho de poucos centímetros a mais de
2,70 m, também chegaram à Terra.

Algum tempo depois houve uma importante alteração na


população de peixes. Os espécimes sem mandíbula foram
extintos ou de alguma forma removidos. Eles foram
substituídos por uma espantosa variedade de peixes com
mandíbula articulada e esqueleto interno formado por
ossos e cartilagens (os peixes vertebrados). Alguns deles
excediam 9 m de comprimento e eram notavelmente
semelhantes aos modernos tubarões. Prosseguia a
construção de recifes oceânicos.

Acelera-se a Preparação do Solo

Houve então uma verdadeira explosão de diversos tipos de


vegetação, em terra, ao mesmo tempo em que novas
famílias de seres marítimos estavam prosperando
rapidamente no oceano. Quase nenhum tipo dessas plantas
preparatórias tem similar entre os espécimes atuais de vida
vegetal. Entretanto, quatro variedades gerais de plantas
que foram introduzidas pelos Deuses na Terra, nessa
ocasião, têm similares entre os vegetais modernos.São elas:

Musgos –- multicelulares, mas sem raízes verdadeiras ou


sistema vascular para transporte de nutrientes.
Fungos –- os coletores de lixo da Terra; só vivem sobre
coisas mortas, obtendo alimento por absorção. Não foram
trazidos à Terra até que existissem aqui plantas verdes e
vasculares em abundância.

Liquens –- organismos duplos, consistindo de uma alga e


um fungo vivendo juntos. A alga produz, por
fotossíntese, alimento e energia para o fungo, enquanto
que este provê água, minerais e proteção para a alga. A
finalidade dos liquens é decompor materiais, especialmente
rochas, transformando-os em solo.

Gimnospermas – (“sementes nuas”) -- plantas lenhosas e,


de um modo geral, permanentemente verdes. Incluem as
árvores coníferas, como o pinheiro e as nogueiras.

Enquanto as florestas com novos tipos de vida vegetal


começaram a se espalhar pela terra, insetos rastejantes,
que respiravam ar, também foram introduzidos. Em breve
animais vertebrados simples começaram a ser trazidos à
Terra.

Mares Rasos e Jazidas de Carvão


Cuidadosamente Preparados
O registro geológico contém também evidências de que,
durante o Período Preparatório, imensos mares de águas
rasas avançavam e recuavam propositadamente sobre
grande parte da superfície da Terra, num “notável padrão
repetitivo”. (9) Quando os mares recuavam bastante, a
terra enchia-se de florestas de aparência estranha que se
estendiam por centenas de quilômetros. Quando os mares
retornavam, as árvores morriam e a vida marinha
depositava uma camada de calcário sobre os restos
decompostos das florestas. Começavam assim a se formar
os lençóis carboníferos.

A pureza do carvão criado indica que a erosão das


montanhas circundantes foi cuidadosamente controlada
durante todo esse processo, aumentando ou decrescendo
em conjunção com o padrão de formação das florestas e
mares. (10) Apesar de, como disse um geólogo, ”não haver
explicação satisfatória para esses eventos cíclicos”, é óbvio
que uma inteligência organizadora esteve por trás do
fenômeno. E, como outro geólogo salientou com espanto:

“uma combinação peculiar de fatores aparentemente


independentes ocorreu, e continuou operando por um
período de muitos milhões de anos, para criar uma grande
parcela do minério de carvão do qual dependemos hoje
para a produção de boa parte de nossa energia”.(11)

As florestas que forneceram a matéria-prima para esses


depósitos de carvão eram em si mesmas notáveis.
Formadas por apenas quatro variedades de samambaias e
de árvores gigantes, elas cresceram em enormes terrenos
aplainados, num clima subtropical. Os fósseis dessas
florestas eram notavelmente uniformes, excluindo “todos
os outros tipos de vida vegetal” –- como se tivessem sido
objeto de propósito e planejamento. (12)

Esse processo alternado, de banhar o terreno e formar


florestas, produziu muitas camadas distintas de minério de
carvão na América do Norte. Pelo menos cinco ciclos
principais de inundação por mares rasos foram
identificados, e algumas jazidas contêm evidências de
muitos sub-ciclos de inundações e refluxos intermitentes
das águas. Uma única jazida de West Virginia contém 117
camadas distintas, todas notavelmente livres de
contaminação por calcário.

Acelera-se o Desenvolvimento dos Recursos


Minerais da Terra

Simultaneamente com a produção dos primitivos


depósitos de carvão, o solo da Terra começou a
apresentar abundância de insetos voadores, escorpiões
terrestres e lesmas. As asas de alguns insetos, estendidas,
atingiam mais de 60 cm. Grandes anfíbios foram também
introduzidos nessa época, junto com os primeiros
pequenos répteis e mamíferos.

Mais avanços do mar sobre a terra formaram muitos


depósitos de óxido de ferro, sal, potássio, gipsita e carvão. E
novas jazidas de carvão foram formadas nas regiões hoje
conhecidas como Manchúria, Sibéria, Índia, África do Sul e
Austrália.

Existem amplas evidências geológicas de que durante esse


período os Deuses mais uma vez alteraram a face da Terra
com repetidos abalos tectônicos e formação de montanhas.
Os cientistas descobriram que esses eventos eram sempre
acompanhados por grandes concentrações de minérios
metálicos em certos locais, inclusive vastos depósitos de
estanho, cobre, prata, ouro, zinco, chumbo, tungstênio,
bismuto e platina. Muitas vezes, durante o Período
Preparatório, porções de terra, particularmente na América
do Norte, foram circundadas por cadeias de montanhas.
Sua erosão acelerada produziu os ricos depósitos de
minerais e combustíveis hoje encontrados nessa região
inteira.

Toda essa preparação do Planeta parece ter sido feita para


antecipar a chegada da próxima explosão de vida sobre a
Terra.
Aparecem os Répteis, Enquanto Muitas Formas
de Vida Tornam-se Extintas

Os estratos geológicos indicam que os primeiros animais


terrestres verdadeiros a serem trazidos ao Planeta em
abundância, durante o Período Preparatório, foram os
répteis. Na verdade, a introdução de certos répteis é tão
clara no registro fóssil que se pode identificar com precisão
seu ponto de origem na superfície da Terra. Por exemplo,
os pelicossauros apareceram por primeira vez no que viria a
ser a América do Norte. Esse animal eventualmente
espalhou-se para a Europa e mais tarde para o Sul. (13) Os
lugares da chegada e subsequente dispersão de muitas
outras formas de vida terrestre foram igualmente
identificados e rastreados.

Enquanto os répteis espalhavam-se pela face da Terra,


desapareciam por completo dos oceanos os trilobites e os
braquiópodes. Logo depois, muitos outros tipos de animais
desapareceram, aparentemente quando sua utilidade se
esgotou. Ao fim desse período de extinções em massa, mais
da metade das espécies animais trazidas à Terra havia
desaparecido de sua face para não mais voltar. Essa
extinção incluiu cerca de 75% das famílias de anfíbios e
mais de 80% das famílias de répteis.

Pouco após essa extinção em massa, novas formas exóticas


de vida marinha foram trazidas à Terra, inclusive diversos
tipos de esponjas que começaram a construir grandes
recifes. Muitos novos tipos de mexilhões tornaram-se
abundantes. Lesmas marinhas apareceram pela primeira
vez. Novas variedades de moluscos com conchas em
espiral também foram introduzidas e logo proliferaram por
todo o oceano.

Enquanto o mar continuava a se encher com seres cada vez


mais complexos, insetos de ordens mais avançadas eram
introduzidos na Terra. Também foram trazidos animais que
podiam comê-los. A esses insetívoros juntou-se um
crescente número de carnívoros e seres que se
alimentavam de sementes. A despeito da extinção prévia
de muitas espécies, a variedade de formas de vida
preparatórias existentes sobre a face da Terra seria, em
breve, maior do que em qualquer outra época, durante o
Período Preparatório.

Simultaneamente com esse novo influxo de vida cessou a


formação de montanhas, assim como a produção de
minérios e depósitos de combustíveis. Mares interiores
refluíram de sobre a crosta. Agora muitos tipos novos de
vegetação começavam a chegar à Terra. Antecipando um
novo grande influxo de organismos, os onipresentes répteis
semelhantes a mamíferos, que antes haviam sido instalados
na Terra, começaram a desaparecer.
A Chegada dos Dinossauros

Com a estrutura terrestre, os oceanos e a atmosfera


suficientemente preparados, os Deuses então
introduziram na Terra as famílias de animais conhecidos
coletivamente como dinossauros.

A palavra “dinossauro” evoca em geral a imagem de


animais gigantescos, carnívoros, batalhando uns contra os
outros com incontida ferocidade Na verdade a maioria dos
dinossauros consistia de apenas dois ou três tipos de
répteis que variavam do tamanho de uma galinha a
verdadeiros gigantes de mais de 24 m de comprimento,
pesando até quarenta toneladas. Existiram outras
variedades de dinossauros, mas eles não eram
necessariamente da classe dos répteis, já que eram
cobertos por pêlos ou penas e tinham sangue quente.(14)

Junto com os dinossauros foram trazidos à Terra crocodilos


e répteis voadores. Aves providas de dentes também
vieram, apesar de serem em geral variedades não voadoras.
Entre as aves não voadoras havia algumas famílias que
chegavam a medir 3 m de altura e estavam, é claro,
equipadas para capturar e comer carne.
Lagartos e salamandras também apareceram pela primeira
vez. Pequenos marsupiais e mamíferos com placenta
principiaram a espalhar-se pelo território, assim como as
plantas floríferas e sementes cobertas por frutos. Por
necessidade, insetos e pássaros polinizadores foram
simultaneamente trazidos ao Planeta.

No oceano, enormes répteis semelhantes a serpentes do


mar eram comuns na época em que os grandes dinossauros
perambulavam pela Terra. Muitos mexilhões criadores de
recifes, peixes semelhantes a ouriços-do-mar e peixes
vertebrados estriados também proliferavam em águas de
mar aberto.

Essa foi uma época em que grande parte do material


orgânico da porção superior da crosta terrestre foi
depositada, inclusive grandes leitos de calcário. Em meio a
essa atividade, mais veios de carvão também se formaram,
enquanto novos fenômenos vulcânicos e alterações da
crosta redistribuíam os depósitos de minério.
Uma Segunda Grande Alteração Ocorre nas
Formas de Vida

Quando a era dos dinossauros estava aparentemente no


seu pico, eles esgotaram seu propósito preparatório,
juntamente com a maior parte das formas de vida que lhes
estavam ecologicamente associadas, e foram extintos. A
extinção em massa dessas formas de vida é tão abrupta no
registro rochoso que os cientistas ainda ficam abismados e
intrigados com sua ocorrência.

O método pelo qual os Deuses encerraram a propagação


dessas formas de vida é objeto de debate acalorado. Há
evidências de um aumento de irídio nas camadas rochosas
correspondentes à época dessa extinção. O irídio é
extraordinariamente raro na superfície da Terra, apesar de
se acreditar que seja mais comum nas camadas profundas.
Essa descoberta tem sugerido que ou um imenso meteoro
atingiu a Terra (meteoros contêm mais irídio do que a
crosta terrestre) ou uma ação vulcânica inusitada ocorreu
nessa ocasião (há mais irídio na lava que provém das
camadas profundas da Terra do que na superfície do
solo).(15) Seja como for, o registro geológico indica que
esse foi um período de repetidas inundações na Terra,
quando profundas camadas de sedimento marinho se
depositaram.
Durante esse período de inundações intermitentes,
aproximadamente três quartos de todos os grupos de
animais e vegetais foram removidos da Terra sem deixar
progênie. E não só os dinossauros terrestres e marinhos
desapareceram, mas também os grandes seres marinhos
com conchas em espiral. Nas palavras de um naturalista, é
como se esses animais “simplesmente sumissem da lista
dos seres viventes sem deixar descendentes”. (16)

Após a extinção de tantas formas de vida, os Deuses


trouxeram à Terra uma nova coleção de seres, os quais
iniciaram o coroamento da obra preparatória da camada
superior da crosta terrestre. Entre esses novos organismos
havia muitas formas de vida semelhantes às plantas e
animais de hoje.

Répteis e tartarugas um tanto maiores que os atuais


começaram a ser abundantes no mar. Na verdade, nessa
época os invertebrados marinhos diversificaram-se no
oceano mais do que em qualquer outra ocasião do
Período Preparatório. Deles se formaram muitos lençóis
de minério e combustível. E, ao longo da linha costeira,
diversas variedades já extintas de leões-marinhos, focas e
morsas também apareceram.

Sobre a terra surgiram novos tipos de lesmas, juntamente


com famílias de marsupiais com bolsas e mamíferos
placentados. Breve essas criaturas se espalhariam por todas
as partes, estabelecendo-se em nichos ecológicos de
diversas regiões. Várias categorias de baleias, cavalos,
gatos, cães e doninhas hoje extintos foram introduzidos no
mundo.
Durante essa época as massas de terra não eram
inteiramente estáveis. Imensos planaltos de lava foram
criados por atividade vulcânica. Recomeçou o surgimento
de montanhas. Simultaneamente, imensos blocos de massa
continental se desprenderam, formando cadeias de vales.
Dessas montanhas recém-criadas desprenderam-se
sedimentos, os quais foram

depositados sobre muitas áreas que previamente eram


acidentadas, escondendo-as da vista, para reaparecerem de
novo muito tempo depois.

Em mares rasos, uma parte substancial dos depósitos de


petróleo da Terra foi formada. Mas nesse período não
houve ocasião em que toda a massa de terra fosse
engolfada a um só tempo, seja por água, seja por abalos
sísmicos. Essencialmente continuou a prevalecer o clima
temperado que já durava desde a introdução dos
dinossauros. Com o tempo surgiram vastas áreas planas, as
quais eram carpetadas por tipos recém-chegados de
gramíneas e outras plantas floríferas.

As Últimas Espécies Preparatórias –- Os


Mamíferos Gigantes

Agora a Terra estava suficientemente preparada para se


trazer a ela os últimos espécimes de vida preparatória,
inclusive os marsupiais e mamíferos placentados.

A surpresa é seu tamanho.

Os bisões tinham chifres que se estendiam por mais de


1,80 m; castores eram tão grandes quanto os ursos
pardos de agora. Bútios e outros pássaros se rivalizavam
em tamanho com os modernos condores, com asas
imensas. Entre esses grandes animais havia mamutes,
mastodontes, enormes tamanduás e gigantescos bichos-
preguiça do tamanho de um elefante de hoje. Estes
podiam-se erguer nas patas anteriores e comer folhagem a
6 m de altura. Havia também criaturas semelhantes a tatus,
com cauda nodosa em cacho. Tigres dente-de-sabre de
duas variedades, mamíferos e marsupiais, perambulavam
pela Terra.

Nesta época, mamíferos gigantescos, ao lado de hostes de


mamíferos pequenos, dominaram a terra por algum tempo.
Eles sobreviveram aos ataques sucessivos de diversas eras
glaciais. Então, com sua utilidade esgotada, desapareceram
aos poucos, aparentemente sem deixar descendentes.

Ao lado dos fósseis dos grandes mamíferos os cientistas


descobriram também restos de hominídeos e animais
semelhantes a humanos, alguns com capacidade de usar
instrumentos e outros atributos que sugerem que
poderiam ter sido ancestrais da raça humana atual.

Em face dessas descobertas é apenas lógico se


perguntar: “Houve seres humanos na Terra antes

de Adão?” No próximo capítulo consideraremos a

possibilidade de terem existido “seres humanos

pré-adâmicos”.
Questionário – Capítulo 14

Perguntas para Responder

1 – Em que nível do extrato rochoso da Terra os cientistas


encontraram as primeiras evidências de vida?

2 – Os organismos vivos produzem energia e alimento


através de quatro processos químicos específicos. Quais
são eles?

3– Qual o tamanho das primeiras comunidades orgânicas da


Terra, os estrômatos? Elas são encontradas entre as formas
atuais de vida? Qual o seu tamanho? Em que implica isso,
quando consideramos a Lua primeva da Terra?

4 – Como foram criados os depósitos minerais da Terra? De


que forma distribuíram-se por toda a crosta terrestre?

5– O que há de tão surpreendente no surgimento dos


primeiros organismos multicelulares durante o Período
Preparatório da Terra?

6– Descreva as primeiras plantas terrestres a serem


trazidas ao Planeta. Qual a sua diferença com as plantas
de hoje em dia?

7– Quais as quatro variedades de vegetação terrestre


trazidas aos continentes mais ou menos ao mesmo tempo
em que novas famílias de peixes começavam a proliferar
nos mares?

8 – O que há de tão notável em muitos dos depósitos de


carvão do Planeta?

9– Durante a mais extensa das extinções em massa do


Período Preparatório, que porcentagem de formas de vida
não tiveram permissão para continuar preparando a Terra
física?

10 – O que é particularmente interessante a respeito das


últimas famílias de seres do Período Preparatório?

Questões a Ponderar

1– Que significado teve para as formas de vida


preparatórias a declaração de Abraão de que “os Deuses
vigiaram aquelas coisas que eles haviam ordenado até que
elas obedeceram” (Abraão 4:18; comparar com Abraão
4:12, 21 25)?

2– Há evidências em algum planeta ou lua de nosso sistema


solar de que neles se estão iniciando os processos
preparatórios para a chegada de formas atuais de vida?

3– Os dinossauros são uma fascinação constante. Quais são


as últimas descobertas a seu respeito? Eles eram
essencialmente répteis? Eles geravam crias vivas ou
apenas ovos (ou ambos)? Eles eram inteligentes (talvez
como um cão ou um macaco – ou até mais espertos)? Eles
alimentavam suas crias, talvez em grupos familiares?

4– O local de surgimento dos primeiros pelicossauros na


Terra foi identificado. A partir daquele ponto podemos
traçar seu desenvolvimento e suas migrações por milhares
de quilômetros. Será que também sabemos onde outras
formas preparatórias de vida se iniciaram na Terra e
podemos identificar seus padrões de migração? Que outras
evidências podemos encontrar nas rochas que
demonstrem, de modo específico, a mão dos Deuses ao
trazer formas de vida à Terra, durante o Período
Preparatório?
Referências – Capítulo 14

1– John A. Widtsoe, Joseph Smith As Scientist (Salt Lake


City, Utah: Bookcraft, 1964), pág. 50. Este livro foi publicado
originalmente pela Igreja, em 1908, como Manual do
Sacerdócio.

2 – John G. Navarra, Earth, Space and Time (New

York: John Wiley & Sons, 1980), págs. 106-107,

124; 3 – Harold L. Levin, The Earth Through Time

(Philadelphia: W. B. Saunders Co., 1978), pág.

255.

4 – Brigham Young, 19 de julho de 1874, JD 17:143.

5– Stephen L. Gillett, “The Rise and Fall of the Earth’s Early


Reducing Atmosphere”, Astronomy, Vol. 13, Nº 7 (julho de
1985), págs. 66-71.

6– Harry B. Whittington, The Burgess Shale (New York: Yale


University Press, 1985); e Stephen Jay Gould, Wonderful
Life: The Burgess Shale and the Nature of History (New
York: W. W. Norton, 1989).
7 – Ver Tim Folger, “Primordial Landlubbers”, Discover, abril
de 1994, págs. 28-29.

8 – Douglas H. Erwin, “The Mother of Mass Extinctions”,

Scientific American, Vol. 275, Nº 1 (julho de 1996), págs.

72-78. 9 – Robert H. Dott, Jr. e Roger L. Batten, Evolution

of the Earth (New York: McGraw-Hill, 1971), pág. 311.

10 – Navarra, pág. 132.

11 – W. Lee Stokes, Essentials of Earth History, 4ª edição

(Englewood Cliffs, New Jersey: Prentice-Hall, 1982), pág.

308. 12 – D. W. VanKrevelen, “Coals”, Encyclopaedia

Britannica, 15ª edição (1976), 4:793.

13 – Leigh W. Mintz, Historical Geology, 2ª edição

(Columbus, Ohio: Charles E. Merrill, 1977), pág.

413. 14 – Adrian J. Desmond, The Hot-Blooded

Dinosaurs (New York: Warner Books, 1977).

– Dois excelentes livros que cobrem o debate sobre esta


15

extinção são: T. Rex and the Crater of Doom, de Walter


Alvarez (Princeton, New Jersey: Princeton University Press,
1977) e The Great Dinosaur Extinction Controversy, de
Charles Officer e Jack Page (Reading, Massachusetts:
Addison-Wesley, 1996).

16 – Navarra, pág. 115.


Capítulo 15

Existiram Pré-Adamitas?

“E ao primeiro homem de
todos os homens chamei
Adão (...)” (Moisés 1:34).

Os muitos tipos de hominídeos fossilizados encontrados na


camada superior da crosta terrestre, associados à crença
hoje popular na teoria de que os seres humanos atuais
descenderiam de uma longa linhagem de ancestrais pré-
humanos, deu origem à questão dos “pré-adamitas”, ou
homens anteriores a Adão. Além das evidências fósseis, há
também uma palavra (em inglês), na história da Criação
registrada nas Escrituras, que sugere que seres humanos
podem ter habitado a Terra antes da chegada de Adão e
Eva.

Adão e Eva “Povoaram” ou “Repovoaram” a


Terra?
Existe uma polêmica a respeito da palavra usada na Bíblia,
em Gênesis, quando o Senhor ordena a Adão e Eva que se
reproduzam. Em inglês essa palavra é replenish -- que tem
o sentido de “encher outra vez” a Terra, fazendo parecer
que teria havido seres humanos aqui anteriormente.(1)
Além disso, também é ressaltado que Noé, após o Dilúvio,
recebeu ordem semelhante de “repovoar” (replenish) a
Terra (Gênesis 9:1), supostamente de forma
correspondente ao mandamento que fora dado a Adão e
Eva.

É claro que Adão e Eva não poderiam ter “repovoado” a


Terra, a menos que tivesse havido seres humanos sobre
ela antes de sua chegada.

Entretanto, existem várias razões pelas quais sabemos que,


do ponto de vista das revelações, não houve seres humanos
vivendo na Terra antes da chegada de Adão e Eva.

Para começar, a palavra hebraica da qual “replenish” foi


traduzida é mâ-lê. Ela significa realmente “encher” a Terra
e não “repovoar”. (2) (NT: A expressão foi interpretada
como “encher” a Terra, na versão tradicional da Bíblia em
português.) Aliás, em Gênesis 1:22 a palavra mâ-lê está
corretamente interpretada, em inglês, como “encher”.
Outros usos da expressão no Velho Testamento também
têm o sentido de “encher” e não de “encher outra vez”. (3)

Entretanto, mais importante que a questão semântica é a


consistência do relato da Criação em si.
Moisés diz que Adão foi o “primeiro” homem na Terra
(Moisés 1:34; 3:7). Isto pode ser interpretado como
significando que Adão foi o primeiro homem a chegar à
Terra no terceiro e conclusivo Período da Criação. Ou pode
significar simplesmente que Adão foi o primeiro mortal.

Além disso, o profeta Leí ensinou que após a queda de


Adão e Eva esses dois personagens iniciaram “a família de
toda a Terra” (2 Néfi 2:15-20). Se houvesse outros seres
humanos já vivendo sobre a Terra, quando Adão e Eva
chegaram, a raça humana seria uma mistura entre a
progênie de Adão e Eva e os humanos pré-adâmicos. Essas
palavras de profecia eliminam definitivamente tal
possibilidade. Portanto, a Primeira Presidência declarou:

“Afirmam alguns que Adão não foi o primeiro homem sobre


esta Terra; que o ser humano original foi uma evolução de
ordens de seres inferiores da criação animal. Essas, no
entanto, são teorias dos homens. A palavra do Senhor
declara que Adão foi “o primeiro homem de todos os
homens” (Moisés 1:34), e estamos portanto na obrigação
de considerá-lo como o primeiro pai de nossa raça.” (4)

Mas Como Entender os Hominídeos Fósseis?

É fato que restos de hominídeos (seres semelhantes ao


homem) são encontrados em várias partes, no registro
geológico, junto com seus utensílios e outras indicações de
civilização semelhante à dos humanos. Portanto, o que isso
realmente revela?

Em primeiro lugar, as evidências de hominídeos que


antedatam a chegada da raça humana são incontestes. Isto
significa que qualquer que tenha sido seu propósito, todos
os hominídeos, juntamente com outras formas de vida
animal, tiveram um papel importante na preparação da
Terra para a chegada das formas atuais de vida, no
Segundo Período da Criação.

Mas, segundo todas as evidências disponíveis, esses


hominídeos preparatórios tinham pouco em comum com
as inteligências avançadas que o Pai havia escolhido como
sua própria progênie espiritual. Estamos falando
naturalmente de Adão e Eva e seus descendentes. Fica
claro, pelas evidências associadas a seus restos, que essas
criaturas preparatórias diferiam muito da raça humana, em
aparência, capacidade mental e em outros aspectos
significativos.

Não Há como Traçar uma Linha Genealógica


ligando o Homem aos Hominídeos

Não é surpresa que as evidências científicas que pretendem


associar os hominídeos fossilizados à raça humana sejam
verdadeiramente frágeis. As tentativas de se “enfileirar”
hominídeos com datações variadas, para estabelecer uma
linha evolucionária, é confusa e cada vez mais indefinida à
medida que cada nova descoberta de seres semelhantes a
humanos é feita. Por exemplo, houve enorme consternação
com o achado de uma caixa craniana grande no Quênia,
onde se esperava que só houvesse crânios menores, menos
desenvolvidos. (5)

Como salientou o Dr. Frank Salisbury, “elos perdidos”, do


tipo “Homem de Java”, “Homem de Pequim” e “Homem de
Neandertal” (6), são produto de muita imaginação,
secundada por ciência de má qualidade. (7)

Basta ver o exemplo do “Homem de Java”. Ele foi


reconstruído a partir de um crânio sem maxilar ou ossos da
face, diversos dentes e um osso de quadril, encontrados a
150 m de distância uns dos outros, ao longo da margem do
rio Solo, na Ilha de Java. Isso em ocasiões diferentes e no
prazo de muitos anos. Entretanto, seu descobridor original,
um médico holandês de nome Eugene Dubois, encontrou
mais dois esqueletos humanos contemporâneos na mesma
área e na mesma camada geológica. Antes de sua morte ele
próprio concluiu que sua descoberta nada mais era do que
ossos de um grande babuíno. Não obstante esse fato, os
antropólogos declararam que o “Homem de Java” era o
primeiro homo erectus, ou homem que anda em pé. (8) Há
problemas semelhantes com relação a todos os outros
“elos perdidos” em nossa suposta genealogia não-humana.
Se o estudante cuidadoso acompanhar as últimas
descobertas e presumidas evoluções das “genealogias” pré-
humanas, constatará logo que cada descoberta adicional
apenas provoca uma série de novas teorias a respeito da
origem humana. Naturalmente é assim que a pesquisa
científica se processa. Mas, como já argumentamos, não há
ligação genealógica entre hominídeos e seres humanos,
assim como também não há conexão de “genealogia”
entre quaisquer outras espécies de vida anteriores e
posteriores a Adão. As primeiras foram produzidas
“segundo sua própria espécie” e trazidas à Terra quando
necessário, a fim de ajudar a prepará-la para abrigar as
formas atuais de vida.

Não obstante, há seres que foram descobertos e que


parecem suspeitamente semelhantes a humanos, tanto
em seus restos mortais como em seus artefatos. Neste
caso, examinando as evidências, parece que parte do
problema dos cientistas é confundir restos de hominídeos
pré-adâmicos com restos de seres humanos descendentes
de Adão e Eva. Essa confusão é fruto da idéia preconcebida
de que uns são ancestrais dos outros. Já sabemos que eles
não o são. Portanto, o que estamos, realmente,
encontrando no registro geológico –- restos de hominídeos
pré-adâmicos ou restos de indivíduos pós-adâmicos? A
resposta está no estudo do comportamento dos seres
humanos.
Seres Humanos Tanto Podem Crescer como
Decrescer em Grau de Civilização

Precisamos ter em mente que os seres humanos podem


descer até um grau bem baixo de existência, morando em
cavernas, sem usar praticamente nenhuma roupa,
comendo, dormindo, caçando e vivendo em condições que
bem poderíamos descrever como as de um “homem das
cavernas”. Essas culturas existem hoje em Bornéu, na
Austrália Central, na África e nas selvas da América do Sul.

Como estudaremos posteriormente em maiores detalhes,


Adão e Eva criaram seus filhos onde hoje fica a região
central dos Estados Unidos. Apenas duas gerações após
Adão e Eva terem começado sua família aqui na Terra, seus
filhos e netos rejeitaram por completo o evangelho (Moisés
5:3, 12-13).

Veremos ainda que naquela época da História o território


consistia em apenas um grande continente.(9) Começando
na costa oriental da América do Norte, o território único
continuava para Oeste ao redor da Terra, até a Costa
Atlântica da Europa Ocidental e da África. Esse continente
que envolvia todo o globo era interrompido apenas por
um “mar oriental”, um oceano que correspondia grosso
modo ao atual Oceano Atlântico (Moisés 6:42)

À medida que os descendentes desobedientes de Adão e


Eva afastavam-se do berço da civilização, perto de seu lar
no centro dos Estados Unidos, é mais que provável que
tenham adotado um modo de vida cada vez mais
degenerado e baixo, como seria o da “idade da pedra”. Isto
aconteceu aos lamanitas após sua guerra fratricida contra
os nefitas e a perda da luz do evangelho (Mórmon 8:7-9).
Um estudo da História do mundo demonstra amplamente
que essa foi a norma também com muitas outras
civilizações que se degeneraram.

Portanto, não surpreende que os cientistas tenham


descoberto restos de culturas humanas degeneradas,
confundindo-as com “ancestrais” pré-históricos do homem
moderno. É particularmente significativo que esses restos
localizem-se de modo geral em sítios afastados do centro
dos Estados Unidos, isto é, no Oriente, na África e em
especial na Europa Ocidental. É também significativo que
os “mais antigos” desses vestígios (isto é, os que estão
enterrados mais fundo no registro geológico) não se
encontrem nas Américas.

Da maior importância na questão dos “pré-adamitas”,


naturalmente, é o fato de que os descendentes dos
hominídeos do Período Preparatório, tais como o povo de
Neandertal, não estejam vivendo hoje na Terra. Na
verdade, nenhuma das formas preparatórias de vida deixou
descendentes diretos. Por quê?
O Que ocorreu com toda a Vida Preparatória?

Antes que as formas atuais de vida pudessem ser trazidas


à Terra, as Escrituras nos dizem que todos os
remanescentes vivos do Período Preparatório tiveram que
ser removidos do globo físico. Isto naturalmente incluiria
quaisquer hominídeos ou animais semelhantes a seres
humanos que estivessem vivendo sobre a Terra. Moisés
relata que antes da chegada das formas de vida atuais

“ (...) ainda não havia carne sobre a Terra

nem na água e nem no ar; (...)” (Moisés

3:5). Como se deu isso?

Moisés diz simplesmente que antes que o homem chegasse


ao mundo Deus “(...) não fizera chover sobre a face da
Terra (...)” (Moisés 3:5). Mas Abraão é mais especifico. Ele
diz que não choveu durante o período inteiro que durou o
Grande Conselho dos Deuses, o qual foi realizado na última
parte da Sexta Época da Criação Física, estendendo-se até a
manhã da Sétima Época! -- “(...) os Deuses não haviam
feito chover sobre a Terra quando decidiram criá-las: (...)” -
- (NT: em inglês lê- se “quando se reuniram em conselho”)
(Abraão 5:5). Uma ausência tão prolongada de chuvas
certamente mataria a maior parte da vida preparatória
animal e vegetal instalada na Terra.
Contudo, não há evidências claras de que uma ausência
total de chuvas poderia destruir todas as formas de vida
preparatórias. O que é certo é que, fossem quais fossem os
meios empregados, na época em que as formas atuais de
vida foram trazidas à Terra, durante o Terceiro Período da
Criação, Moisés viu que não havia carne (vida) de qualquer
espécie, quer na terra, quer no mar, ou na atmosfera
(Moisés 3:5).

Com a remoção de todas as formas de vida preparatórias, o


Período Preparatório da Criação da Terra estava finalmente
concluído. Breve chegaria a hora de santificar a Terra, para
depois colocar o homem e outras formas de vida atuais
sobre ela.

O Que Havia Sido Realizado?

Antes de continuar nosso estudo da história da Criação é


preciso fazer uma pausa para avaliar o que já fora
realizado. Era uma conquista espantosa, e da maior escala
imaginável.

Pelo que os cientistas descobriram fica evidente que muitas


cadeias de montanhas e outras formas de relevo haviam
sido criadas e destruídas. Uma volumosa e complexa
hierarquia de matrizes de formas de vida havia sido
importada de outros planetas e trazida à Terra para aqui se
multiplicar e preparar o mar, o ar e o solo a fim de receber
as formas atuais de vida. Minerais valiosos estavam
distribuídos por toda a crosta terrestre. Tinha sido
estabelecido um equilíbrio químico adequado dos gases
atmosféricos. E tanto o leito oceânico como os solos
continentais estavam prontos para futuramente abrigar um
sistema ecológico inimaginavelmente complexo de plantas
e animais.

Tudo isso foi realizado de modo a que bilhões de seres


humanos aqui pudessem viver durante os sete mil anos de
existência temporal da Terra.

Como Deus declararia posteriormente: “Eu, o Senhor,


estendi os céus e formei a Terra, obra de minhas mãos;
(...)”, acrescentando a seguinte afirmação: ”Pois a Terra
está repleta e há bastante e de sobra; sim preparei todas as
coisas (...) (D&C 104:14, 17).

A Terra foi Preparada com Recursos


Superabundantes para a Raça Humana

Como já foi ressaltado, é de extrema importância a


declaração de que há na Terra abundância de tudo o que é
necessário, devido aos que clamam falsamente que a raça
humana está ficando sem alimentos, energia ou outros
recursos naturais. Na verdade, qualquer escassez
temporária dessas fontes abundantes serão sempre
resultado direto da ambição e avareza dos homens, não de
deficiência na preparação da Terra pela família dos Deuses.
Por exemplo: Há suficientes reservas de carvão, só nos
Estados Unidos, para suprir as necessidades mundiais por
milhares de anos. Há urânio e tório bastante, em camadas
de rocha de apenas algumas centenas de metros de
espessura, em poucos sítios mineralógicos, para suprir o
mundo inteiro com energia por milhões de anos. E, se
decidirmos não usar elementos radioativos para prover o
calor, luz e eletricidade que queremos, podemos aproveitar
os reservatórios de gás natural incrivelmente grandes que
jazem tanto sob os continentes como sob o leito oceânico
da mãe terra –- portanto, repetindo, temos reservas em
superabundância para milhões de anos de alimento,
energia e recursos químicos. (10)

Verdadeiramente “a Terra está repleta e há bastante e de


sobra” (D&C 104:17).

Concluído o Período Preparatório da Terra –- ou o


Segundo Período da Criação –- era chegada a hora de
trazer ao globo físico as formas de vidas atuais. Os eventos
que teriam lugar nessa terceira e final etapa da criação da
Terra eram tão importantes que foram precedidos por um
outro Grande Conselho dos Deuses.
Questionário – Capítulo 15

Perguntas para Responder

1– Adão e Eva “povoaram” ou “repovoaram” a Terra com


seres humanos? Qual o significado de “replenish” no
original hebraico?

2 – Por que os assim chamados “elos perdidos” são


encontrados no Oriente, na Europa e na África, mas não
nas Américas?

3– Será que alguns membros da família espiritual do Pai


estavam recebendo corpos físicos na Terra durante seu
Período Preparatório? Como sabemos disso?

4– Por que é improvável que os cientistas descubram algum


dia mamíferos gigantes vivos ou outros representantes
desconhecidos das formas de vida do Período Preparatório
da Terra?

5 – Cite algumas das realizações da família dos Deuses ao


preparar a Terra física para receber as formas atuais de
vida.
6– Será que a raça humana ficará algum dia privada de
alimentos ou energia? Como sabemos disso? Qual é a
causa principal das crises de escassez de alimento e
energia?

Questões a Ponderar

1– Quais são os argumentos fisiológicos e antropológicos


para se considerar muitos dos “elos perdidos” como
sendo, ou não, restos de indivíduos de sociedades humanas
degeneradas que descenderam de Adão e Eva?

2– Podemos descobrir ou identificar sociedades humanas


degeneradas vivendo nos tempos históricos, ou mesmo
hoje, que poderiam ser qualificadas como grupos de
“homens das cavernas” ou “elos perdidos”?

3– Plantas e animais cujos fósseis pertencem ao Período


Preparatório, e que se pensava estarem extintos há
milhões de anos, estão sendo encontrados vivos e bem.
Exemplos bastante conhecidos são o “coelacanth” (um
peixe) e certos répteis, plantas, moluscos e esponjas. (11) Já
que toda a vida preparatória foi removida da Terra, como
explicar a existência desses “fósseis vivos”?

4– Apesar de as formas preparatórias de vida não terem


deixado descendentes, há muitas plantas e animais atuais
que são extraordinariamente semelhantes a algumas
variedades de vida preparatórias. Como explicamos isso?

5– Há alguma razão pela qual a família dos Deuses não


possa reintroduzir certas variedades de vida preparatória
na Terra como formas “atuais” de vida? E, o que é mais
importante, que fatos podemos descobrir a respeito de
outras variedades de vida preparatória que virtualmente
asseguram que elas não podem ser reintroduzidas numa
Terra plenamente preparada? (Pista: Considere as
condições térmicas, atmosféricas, nutricionais e outros
requisitos ecológicos que podem ter prevalecido aqui
durante o Período Preparatório.)

Referências – Capítulo 15

1 – Ver Moisés 2:28, 5:2; Abraão 4:28.

2– Ver “Dictionary of the Hebrew Bible”, verbetes 4390-


4392, no Strong’s Exhaustive Concordance of the Bible, de
James Strong (Nashville, Tennessee: Crusade Bible
Publishers, Inc., sem data), pág. 66; e também Doutrinas
de Salvação, de Joseph Fielding Smith, 3 volumes,
Vol.1:101-103, em português,

3 – Ver Isaías 2:6; 2 Néfi 12:6; e Salmos 106:35; ver também


Isaías 23:2; Jeremias 31:25; e Ezequiel 26:2 e 27:25.
4– A Primeira Presidência da Igreja (Joseph F. Smith, John
R. Winder e Anthon H. Lund), “The Origin of Man”,
novembro de 1909, Messages, 4:205.

5 – Richard E. Leakey, “Skull 1470”, National

Geographic, Vol. 143, Nº 6 (junho de 1973), págs.

819-829. 6 – Também grafado como

“Neanderthal”, em inglês.

7 – Frank B. Salisbury, The Creation (Salt

Lake City, Utah: Deseret Book, 1976) págs.

230-235. 8 – Salisbury, pág. 231.

9– Gênesis 10:25 descreve a divisão da massa continental


da Terra; ela ocorreu aproximadamente um século após o
Dilúvio de Noé. A Terra será novamente reunida em um só
bloco no Milênio (D&C 133:23-24).
10– Consultar, por exemplo, Eric N. Skousen e John B.
Tenney, Exploding the Energy Shortage Myth (Orem, Utah:
Institute for Energy Education, 1978); e Julian L. Simon, The
Ultimate Resource II: People, Materials, and Environment
(Princeton, New Jersey: Princeton University Press, 1996).

11– Consultar, por exemplo, Natalie Angier, “Time Machines


in the Sea”, Discover, agosto de 1982, págs.51-53; e Robert
E. Gentet, “Living Fossils”, The Plain Truth, janeiro de 1971,
págs. 17-20.
Capítulo 16

A Purificação do Lar Celestial

“(...) e eis que ele caiu! Caiu, ele, um


filho da manhã!”
(D&C 76:27)

Chegando ao fim a Sexta Época, ou “sexta vez”, da criação


física, concluía-se também o Segundo Período da Criação –-
o período requerido para a formação do globo físico e a
preparação de sua superfície para o advento das formas
atuais de vida. Em seu posto avançado no mundo Celestial,
os Deuses reuniram-se num Grande Conselho, para
planejar os empolgantes eventos do Terceiro e final
Período da Criação da Terra.

O Quinto Grande Conselho dos Deuses

Uma leitura cuidadosa do Livro de Abraão revela que esse


Conselho dos Deuses em particular –- o quinto de que
temos notícia –- foi diferente. Ele teve início no mundo
celestial, durante a Sexta Época da Criação (Abraão 4:26),
transferiu-se para a Terra física mais tarde, na mesma Sexta
Época (Abraão 4:27), e não se encerrou senão algum tempo
depois, já na Sétima Época da Criação (Abraão 5:3).

Foi em alguma ocasião durante esse Grande Conselho que a


guerra nos céus atingiu seu ponto culminante, quando a
sedição e rebelião de Lúcifer tornaram-se plenamente
expostas nas cortes celestiais.

Desde o princípio da criação física Lúcifer tinha estado


tramando, planejando e fazendo proselitismo para obter o
controle do planeta Terra. Nós sabemos que quando foi
rejeitado como supervisor da construção da Terra física ele
“irou-se” e, o que é importante, “muitos o seguiram”.
(Abraão 3:28).

Lúcifer, Irado, Explicita Sua Ambição Política

João, o Revelador, relata que as forças da retidão que se


tinham oposto a Lúcifer e seus seguidores desde o início de
sua rebelião foram capitaneadas por Miguel, o arcanjo
(Apocalipse 12:7). Esse era o mesmo Miguel que logo
haveria de atravessar o véu do esquecimento descendo à
Terra física para tornar-se Adão, o primeiro pai da família
humana.

A despeito da forte resistência, Lúcifer havia-se tornado


audacioso e fundamentava suas ambiciosas pretensões em
três fatores importantes: 1) ele era “(...) um anjo de Deus
que possuía autoridade na presença de Deus (...)”. (D&C
76:25); 2) tinha considerável apoio entre os espíritos da
família do Pai (Abraão 3:28); e 3) era um “filho da manhã”
(1), talvez um dos primeiros espíritos a nascer na família do
Pai. (2)

Deve-se ressaltar que Lúcifer conquistou o apoio de um


grande segmento da família espiritual do Pai, não só na
Terra espiritual, mas também antes, quando todos ainda
viviam no mundo celestial (Abraão 3:28). Entretanto, o
ponto culminante dessa confrontação ideológica, dizem as
Escrituras (Apocalipse 12:7), foi uma grande “batalha no
céu” –- e “céu,” como já vimos antes, refere-se à Terra
espiritual (Moisés 3:5).

Um Salvador É Escolhido

Agora que a Terra física estava preparada para receber as


formas atuais de vida, e Adão e Eva estavam prontos para
ser colocados sobre ela, chegara a hora de ser escolhido
um Salvador para toda a humanidade. Isto foi realizado no
Quinto Grande Conselho que teve início no mundo
celestial. Nele, relata Moisés, Lúcifer ousadamente
aproxima-se do trono do Pai e exige:

“... Eis-me aqui, envia-me; serei teu filho e redimirei a


humanidade toda, de modo que nenhuma alma se perca; e
sem dúvida eu o farei; portanto dá-me a tua honra”
(Moisés 4:1).
Este confronto entre o Pai e Lúcifer não é o mesmo que
ocorreu antes, descrito em Abraão 3:23-28. No primeiro
confronto
– durante o Quarto Grande Conselho – Lúcifer apresentou-

se em “segundo” lugar, enquanto que no atual confronto –


no Quinto Grande Conselho -- ele apresentou-se em
“primeiro”. É assim que percebemos que essas escrituras
referem-se a dois Grandes Conselhos diferentes.

Após essa agressiva declaração feita por Lúcifer,

Jeová aproximou-se do trono do Pai e disse

simplesmente: “(...) Pai, faça-se a tua vontade e seja

tua a glória para sempre” (Moisés 4:2).

O Pai anunciou então que esse individuo leal haveria de ser


nosso Salvador –- “(...) meu Filho Amado, que foi meu
Amado e meu Escolhido desde o princípio (...)” (Moisés 4:2).

O Pai Condena e Penaliza Lúcifer e Aqueles que o


Seguiram

Tendo escolhido o Salvador da Terra e de tudo o que nela


há, o Pai voltou-se para Lúcifer e expediu um decreto: a
presença de Lúcifer e de todos os que o seguiram não seria
mais tolerada nos domínios celestiais! Em outras palavras,
para Lúcifer e seus comparsas era sumariamente negado
acesso ao mundo celestial. Eles agora estavam
condenados a viver sobre a Terra, como em prisão. É este o
significado de “(...) expulso da presença de Deus e do Filho”
(D&C 76:25), e também de ser “expulso” para a Terra
(Moisés 4:3).

O Pai anunciou sua decisão baseado em três fatos


específicos:

Lúcifer havia-se rebelado abertamente contra o plano do


1)

Pai e contra o Filho Unigênito a quem o Pai amava e a


quem havia escolhido para criar e redimir a Terra (D&C
76:25; Abraão 3:27).

Lúcifer tentara privar a família espiritual do Pai de seu


2)

arbítrio, isto é, de sua capacidade de livre escolha dada por


Deus (Moisés 4:3).

3)Lúcifer havia cobiçado abertamente o próprio poder de


Deus –- a honra a Ele concedida por todo um cosmo de
inteligências – a honra por meio da qual Deus governa e
reina. (3)

Ao contrário da mortalidade, onde agora vivemos


provisoriamente livres de julgamento, enquanto
aprendemos a nos arrepender, a punição por rebelião
aberta na presença do Pai é imediata e não tem perdão. O
Pai declarou que nos domínios celestiais

“Eu, o Senhor, não posso encarar o pecado com o mínimo


grau de tolerância;” (D&C 1:31)
Isto significa que alguém pode discordar do Pai e até irar-se
contra Ele, mas ninguém pode se rebelar abertamente
contra Ele em sua presença. É isto o que constitui “pecado”
nos domínios celestiais.

Lúcifer e Seus Seguidores São Lançados no


Inferno

Moisés relata que o Pai ordenou que Lúcifer fosse


“expulso” pelo “poder do meu Unigênito”. (Moisés 4:3).
Lúcifer, porém, não foi eliminado sozinho do mundo
celestial, mas também seguiu com ele um terço da família
espiritual do Pai! João, o Revelador, contemplou esse
desastre pré-mortal em visão e escreveu:

“E apareceu outro sinal no céu; e eis que era um grande


dragão vermelho (...) E a sua cauda levou após si a terça
parte das estrelas do céu e lançou-as sobre a Terra (...)

“E houve batalha no céu: Miguel e seus anjos batalhavam


contra o dragão; e o dragão e seus anjos batalhavam
contra Miguel;

“E o dragão não prevaleceu contra Miguel (...)

“Nem mais se achou nos céus lugar para o grande dragão,


que foi lançado fora: aquela antiga serpente, chamada
diabo e também chamada Satanás, que engana todo o
mundo; ele foi precipitado na Terra e os seus anjos foram
lançados com ele”. (T J S, Apocalipse 12:4, 6-8.)

Como Brigham Young o descreveu:

“Esta é a condição atual dos espíritos que foram enviados à


Terra, quando ocorreu a revolta no céu –- ocasião em que
Lúcifer, o Filho da Manhã, foi expulso.

“Para onde foi ele? Ele veio para aqui, e uma terça parte
dos espíritos do céu vieram com ele. Vocês supõem que
um terço de todos os seres que existiam na eternidade
vieram com ele? Não. Mas veio uma terça parte dos
espíritos que foram gerados, organizados e suscitados para
tornarem-se moradores de corpos de carne, a fim de
habitar nesta Terra. Eles abandonaram Jesus Cristo, o
legitimo herdeiro, e juntaram-se a Lúcifer, o Filho da
Manhã -- e vieram para esta Terra”. (4)
Perceba-se que esses nossos parentes não foram
simplesmente convidados a sair; as Escrituras dizem que
eles foram “lançados abaixo” (D&C 29:37; 76:25). E Brigham
Young ainda disse:

“Está registrado que eles foram lançados abaixo sobre a


Terra, sobre esta terra firma na qual vocês e eu
caminhamos e cuja atmosfera respiramos”. (5)

Nós agora sabemos que esse local é uma região especifica


da Terra espiritual, para onde eles foram condenados a ir.
Este é o “inferno” no qual Satanás e seus anjos reinam e
que foi preparado “desde o principio” (D&C 29:38). É
também a região completamente desprovida do espírito
confortador do Senhor para onde os desobedientes serão
condenados a ir para sofrer, porque não quiseram
participar do dom da expiação do Salvador. (D&C 19:16-20)

Desde o tempo de sua condenação esses espíritos


rebeldes têm travado uma “guerra” sem trégua contra os
santos de Deus, cercando-os. (D&C 76:29). E, mais, Satanás
não aceitou a derrota. Ele ainda se empenha em recuperar
sua antiga posição como Lúcifer –- e até superá-la. É Isaías
quem nos informa:

“ tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das


estrelas de Deus exaltarei o meu trono (...) e serei
semelhante ao Altíssimo” (Isaías 14:13-14).
Lúcifer Torna-se Satanás, o Grande Acusador

Existe uma nítida distinção feita pelas Escrituras com


respeito à posição agora assumida por Lúcifer entre as
inteligências do Universo. Apesar de ele ter sido um
mentiroso e homicida “desde o princípio” (6), o Senhor
disse que Lúcifer agora

“tornou-se Satanás, sim, o próprio diabo, o pai de todas as


mentiras, para enganar e cegar os homens e levá-los cativos
segundo sua vontade, sim, todos os que não derem ouvidos
a minha voz” (Moisés 4:4).

Após cair da glória, Lúcifer passou a ser conhecido para


sempre como Satanás, ou “o acusador de nossos Irmãos”
(Apocalipse 12:10).

O que Fazer Quando Somos Acusados por


Satanás

Esta palavra, acusador, tem um forte significado. Em


primeiro lugar ele nos tenta. Depois, quando pecamos, ele
nos acusa de havê-lo feito! Apenas um profundo e sincero
arrependimento, somado a uma completa dependência do
Salvador para conceder-nos perdão (Éter 12:27), pode
blindar-nos efetivamente contra os dardos inflamados de
acusação desse Adversário. Quando formos alvo de uma de
suas maldades preferidas, que é acusar-nos de erros
passados, há apenas duas perguntas que precisamos fazer a
nós mesmos (D&C 58:43):

1. Já confessei esse pecado às autoridades competentes e


àquele ou àqueles contra quem pequei?

2. Desejo cometer novamente esse pecado?

Se a resposta à primeira pergunta for um claro “sim”, e se


a resposta à segunda for um “não” incondicional, então
saiba que algo de miraculoso aconteceu -- o Salvador diz:
“eu, o Senhor, deles não mais me lembro” (D&C 58:42).

Será Que Algum Dia Olvidaremos Nossos


Pecados?

É claro que nós nos lembramos de nossos pecados, mas é


para não mais os repetirmos. Por vezes, quando sentimos o
peso avassalador de nossos antigos pecados, não podemos
deixar de nos perguntar se jamais conseguiremos esquecê-
los completamente. Os profetas nos asseguram que sim.
Esse esquecimento total ocorrerá após a ressurreição do
planeta Terra, um evento que terá lugar após o Milênio. O
Senhor disse a Isaías:

“Porque, eis que eu crio novos céus e nova Terra; e não


haverá mais lembrança das coisas passadas, nem mais se
recordarão”. (Isaías 65:17).

Apesar de as hostes de Satanás serem contadas em muitos


milhões, temos a certeza de que esses inimigos irados e
invejosos do restante da família espiritual do Pai não
prevalecerão. Precisamos também manter em mente que
Satanás e suas hostes estão claramente em minoria. Como
foi mostrado em visão a um servo amedrontado e
deprimido do Profeta Elias: ”São mais os que estão conosco
do que os que estão com eles” (2 Reis 6:16).

Quando o Milênio chegar o próprio Satanás será


“amarrado” (D&C 88:110). Isto significa que ele não terá
mais qualquer influência sobre a família humana. Após o
grande e último julgamento, ao final do Milênio, os que se
tiverem unido a Satanás por laços inquebrantáveis de
servidão, o que inclui seus seguidores espirituais e os filhos
de perdição, serão todos expulsos de volta aos domínios do
Universo inorganizado, para nunca mais serem vistos ou
ouvidos (D&C 76:43-48; ver o Apêndice B: “O poder Secreto
de Criação de Deus”).

Os Céus Choram a Perda de Lúcifer

Mais isso ainda estava no futuro. Na corte do Grande


Conselho a reação imediata à rebelião e expulsão de Lúcifer
foi de choque e desalento. Após contemplar em visão esse
terrível evento, o profeta Isaías relatou que as hostes dos
céus clamaram:
“Como caíste desde o céu, (ó Lúcifer) estrela da manhã,

filho da alva! Como foste cortado por terra! (...) (Isaías

14:12) Quando o Profeta Joseph Smith e Sidney Ridgon

contemplaram em visão essa catástrofe celestial, eles

relataram que “(...) os céus prantearam por ele –- ele era

Lúcifer, um filho da manhã.

“E olhamos, e eis que ele caiu! Caiu ele, um filho da manhã!


” (D&C 76:26-27)

Mas agora que o planeta celestial estava purificado de seus


habitantes rebeldes, era tempo de preparar a Terra física
para a chegada das formas atuais de vida. Essa preparação
incluía elevar a Terra a um estado especial de imortalidade
temporária. Para realizar isso, os Grandes Conselheiros
deixaram seus domínios celestiais e reuniram o Grande
Conselho novamente, na Terra.
Questionário – Capítulo 16

Perguntas para Responder

1– Quando a Sexta Época estava para se encerrar, os


Deuses realizaram outro Conselho. Que evento
importante aconteceu então? Qual foi seu resultado?

2 – O que é “inferno”? Quem foram seus primeiros


ocupantes?

3 – Qual foi o novo nome que Lúcifer recebeu após chegar


ao inferno? O que significa esse nome?

4– Quando você é atingido pelos dardos inflamados do


adversário e começa a pensar em seus antigos pecados, ou
é acusado de cometê-los, quais são as duas perguntas que
você pode fazer a si mesmo, e responder, a fim de alcançar
paz interior?

5– Se nos tivermos arrependido verdadeiramente de


nossos pecados, que fato miraculoso ocorre na mente do
Senhor com respeito a eles?

6– Por que nós nos lembramos de nossos pecados? Quando


é que nos esqueceremos final e completamente de nossos
pecados passados?
Questões a Ponderar

1– Que evidências você pode encontrar de que a “guerra


nos céus” ainda prossegue aqui na Terra? Quem a está
vencendo? Por quê? Que papel você representa
pessoalmente nesse conflito?

2– Uma das missões do Espírito Santo é que Ele nos “fará


lembrar de tudo” (João 14:26). Como isto se aplica a
sobrepujar nossos pecados passados? Como podemos
distinguir a diferença entre o Espírito Santo lembrando-nos
de pecados passados, dos quais ainda não nos
arrependemos, e Satanás apontando nossos erros para
nós?

3– O destino final de Lúcifer e seus seguidores não pode ser


no inferno que hoje existe (e que se localiza na Terra
espiritual), uma vez que o planeta Terra eventualmente
ressuscitará em glória celeste (D&C 88:18-20), ressurreição
essa que inclui a ambas, a Terra espiritual e a Terra física
(D&C 88:15-17). Para onde Lúcifer e seus seguidores estão
destinados a ir? (Pista: Veja D&C 76:44-48 e 88:32-35.)
Referências – Capítulo 16

1 – D&C 76:26-27; Isaías 14:12.

2 – Sugerido por Bruce R. McConkie em Mormon

Doctrine, 2ª edição (Salt Lake City, Utah: Bookcraft,

1966), pág. 744. 3 – D&C 29:36; ver também Isaías 14:13

– 14; e Moisés 4:3.

4 – Brigham Young, 22 de junho de 1856, JD 3:368.

5 – Brigham Young, 19 de julho de 1857, JD 5:55.

6 – D&C 93:25 e João 8:44.


Capítulo 17

A Terra Física é Santificada

“Deus fez o mundo em


seis dias e no sétimo
dia terminou sua obra,
santificando-o (...)
( D&C 77:12)

Não sabemos quanto tempo levou para a paz e a ordem


serem restabelecidas, após Satanás e seus seguidores
terem sido precipitados na Terra, mas foi-nos assegurado
que muitos eventos importantes aguardavam realização
nesse Quinto e último Grande Conselho. Apesar de o relato
feito por Abraão consistir de nove versículos (Abraão 4:26
-5:3), ele não contém senão uma lista parcial dessas
deliberações.

Os Deuses Avaliam seus Labores Futuros

Pelo relato de Abraão dos eventos subsequentes fica claro


que os Deuses planejaram cuidadosamente a realização das
seguintes obras:

1 – Eles fariam a remoção de todas as formas de vida


preparatórias que restassem.

2– Eles “santificariam” a Terra, isto é, eleva-la-iam a um


estado transladado no qual não poderia haver morte,
decomposição ou dissolução.

3 – Então os Deuses retornariam a seu lar celestial e


repousariam de todos os seus labores.

4– Após seu repouso, os Deuses desceriam à Terra física


para modificar sua crosta uma última vez, e isto com o
propósito de prepará-la para a chegada das formas atuais
de vida provenientes de outros planetas.

5– Os deuses trariam as matrizes iniciais das modernas


formas de vida à Terra física –- primeiramente a vegetação,
depois a vida animal; tudo isso seria trazido de outros
planetas.

6 – Feitos esse preparativos, os primeiros pais da raça


humana, Adão e Eva, seriam trazidos à Terra.
7 – Um jardim especial seria plantado e preparado para Adão
e Eva, expressamente para seu uso e desfrute.

Abraão mostra que a maior atenção do Quinto Grande


Conselho concentrou-se na colocação de Adão e Eva na
Terra:

“E os Deuses aconselharam-se entre e si e disseram:


Desçamos e formemos o homem a nossa imagem, segundo
nossa semelhança; e dar-lhe-emos domínio sobre os peixes
do mar e sobre as aves do ar e sobre o gado e sobre toda
a Terra e sobre todas as coisas que rastejam sobre a Terra”
(Abraão 4:26).

Abraão diz que então, sem mais delongas, os Deuses

“desceram para organizar o homem a sua própria imagem,


para formá-lo à imagem dos Deuses, para formá-los,
homem e mulher” (Abraão 4:27)

Isto é, houve uma mudança do local de reunião do


Conselho, que passou da residência sideral dos Deuses
para a Terra física. Note-se que Adão e Eva não foram
efetivamente organizados nessa ocasião. Aquele
importante evento estava reservado para a Sétima Época
da Criação. Os Deuses só desceram à Terra com a intenção
de “organizar o homem”.
Os Quatro Mandamentos e Uma Promessa São
Reafirmados

Enquanto isso, os Deuses arrazoaram entre si:

“(...) Abençoa-los-emos. E os Deuses disseram: Faremos


com que sejam frutíferos e se multipliquem e encham a
Terra e subjuguem-na e tenham domínio sobre os peixes do
mar e sobre as aves do ar e sobre toda a coisa vivente que
se move sobre a Terra” (Abraão 4:28)

Da mesma forma como havíamos recebido mandamentos


após chegar, em família, à Terra espiritual –- como já
analisado com algum detalhe no Capítulo 7 –- de novo os
Deuses reafirmaram as instruções de

1 – Ser frutíferos

e multiplicar-

nos, 2 – Encher a

Terra,

3 – Subjugar a Terra, e

4 – Ter domínio sobre todos os seres viventes.

Isto foi seguido pela mesma promessa que havíamos


recebido anteriormente:

“E os Deuses disseram: Eis que lhes daremos toda erva que


contém semente que cresça na face de toda a Terra e toda
árvore que tenha fruto; sim, e dar-lhes-emos o fruto da
árvore que produz semente; ser-lhes-á para alimento.

“E a toda besta da Terra e a toda ave do ar e a toda coisa


que rasteja sobre a Terra, eis que daremos vida; e também
lhes daremos toda erva verde para alimento e todas estas
coisas serão assim organizadas” (Abraão 4:29-30).

Aqui os Deuses declaram, em seu Quinto Conselho, que os


seres humanos e os animais receberão por alimento ervas
e frutos, quando futuramente forem colocados sobre a
Terra. Essa vida vegetal, que incluía ervas e frutos, ainda
não estava sobre a Terra física, mas após chegar, disseram
eles, “ser-lhes-á para alimento”.
Note-se que tal dieta vegetal era limitada às condições
santificadas que prevaleceriam aqui antes da queda de
Adão. Ela será vigente de novo neste planeta, tanto para
seres humanos como para animais, na época em que a
Terra retornar a seu estado santificado, durante o Milênio.
“Quando o homem viver até a idade da árvore, frutas serão
seu alimento”, ensinou Brigham Young. (1)

Aproximando-se o fim da Sexta Época da Criação, os


Deuses concluíram esta parte de seu Quinto Grande
Conselho com uma nota taxativa:

“E os Deuses disseram: Faremos tudo o que dissemos e


organiza-los-emos; e eis que serão muito obedientes. E
aconteceu que foi do entardecer até a manhã que eles
chamaram noite; e aconteceu que foi da manhã até o
entardecer que eles chamaram dia; e eles contaram a sexta
vez” (Abraão 4:31).

Principia o Sétimo Dia – O Conselho dos Deuses


Continua

Enquanto o Quinto e último Grande Conselho dos Deuses


avançava para a Sétima Época da Criação, os Deuses já
anteviam ansiosamente a hora em que poderiam terminar
sua obra e repousar de seus labores.

“E assim terminaremos os céus e a Terra e todas as suas


hostes.

“E os Deuses disseram entre si: Na sétima vez


terminaremos nossa obra, sobre a qual deliberamos; e
descansaremos na sétima vez de toda nossa obra sobre a
qual deliberamos

“E os Deuses concluíram na sétima vez, porque na sétima


vez eles descansariam de todas as obras que eles (os
Deuses) decidiram entre si formar; e santificaram-na. E
assim foram suas decisões quando decidiram entre si
formar os céus e a Terra”. (Abraão 5:1-3)

Esses três versículos merecem maior escrutínio, porque


esclarecem de modo especial a colocação das formas
atuais de vida sobre a Terra.

Primeiramente Abraão relata que os Deuses estavam


planejando terminar “os céus e a Terra e todas as suas
hostes”. As “hostes” aqui mencionadas são as formas atuais
de vida – as plantas físicas, os animais físicos e os corpos
físicos da humanidade – cujos espíritos haviam sido criados
previamente na Terra espiritual (Moisés 2:1-31). Os
primeiros pais de todas essas famílias físicas breve seriam
trazidos à Terra.

Fica evidente pelo registro de Abraão que neste ponto a


Terra ainda não estava preparada para receber as formas
atuais de vida, já que os Deuses ainda planejavam: “E assim
terminaremos os céus e a Terra”, o que abrangia as massas
de território e os ambientes marinho e atmosférico da
Terra física (Abraão 5:1). Perceba-se que aqui “os céus”
referem-se à atmosfera da Terra, pois os Deuses
preparavam-se para trazer “aos céus e à Terra” as formas
de vida aéreas, marinhas e terrestres atuais, isto é, ”todas
as suas hostes”. Como veremos a seguir, eles ainda tinham
uma grande quantidade de trabalho a realizar antes que os
organismos modernos pudessem ser efetivamente trazidos
à Terra.

Na Criação espiritual Deus santificou o sétimo dia da


semana como um dia de adoração (Moisés 3:4).
Entretanto, na descrição de Abraão da Sétima Época da
Criação física, ele incluiu uma frase isolada –- “e
santificaram-na” –- o que, como se perceberá a seguir,
refere-se não só a um dia de adoração, mas também a uma
nova condição do próprio Planeta.

A Terra é Santificada

Antes que as modernas formas de vida pudessem ser


trazidas à Terra, os Deuses realizaram uma sagrada
ordenança do Sacerdócio destinada a elevar a Terra física a
uma condição glorificada e imortal. Essa foi a santificação
da Terra e de tudo que ela continha.

Uma leitura casual dos relatos de Moisés e Abraão


pareceria indicar que os Deuses apenas santificaram “o
sétimo dia”, ou a “sétima vez”, como um dia de descanso.
Mas algo ainda mais maravilhoso havia acontecido. O
profeta Joseph Smith assim o descreveu:

“(...) assim como Deus fez o mundo em seis dias e no


sétimo dia terminou sua obra, santificando-o, e também do
pó da Terra formou o homem, assim também, no princípio
do sétimo milênio, o Senhor Deus santificará a Terra e
consumará a salvação do homem (...). (D&C 77:12).

Isto é, ambos os processos de santificação seguem o


mesmo modelo: Da mesma forma que o Senhor “terminou
sua obra”, removendo todos os remanescentes da vida
preparatória e depois santificando a Terra em preparação
para a chegada das formas atuais de vida –- e de Adão e Eva
–-, de igual maneira serão os iníquos destruídos e
removidos, e a Terra santificada, em preparação para o
Reino Milenar do Salvador.

A Terra Será Santificada Mais Duas Vezes

Durante o Milênio, revelou Joseph Smith, a Terra “será


renovada e receberá sua glória paradisíaca”. (2) Isto é, a
Terra não apenas será santificada, mas restaurada às
condições que nela prevaleciam perto do início do Terceiro
Período da Criação, quando foi preparada para receber as
modernas formas de vida.

O mesmo modelo de santificação será repetido ainda uma


terceira vez. Ao fim do Milênio a Terra ficará novamente
cheia de iniquidade. Essa iniquidade, no entanto, será
varrida numa confrontação final entre os exércitos
vitoriosos de Deus, conduzidos por Miguel, e as forças do
Mal, lideradas por Lúcifer (D&C 88:111-116). Então a Terra
atravessará pela última vez uma santificação, em
preparação para receber seus habitantes celestiais (D&C
29:22-24). Esta última santificação durará “para todo o
sempre” (D&C 88:20, 28-29;130:9)

Mas o que significa exatamente “santificar” a Terra?

As Escrituras ensinam que a santificação é um estado de


perfeição no qual nenhum véu ocultará de nós o Pai e sua
residência celestial. Nesse estado de existência as sementes
da morte serão inoperantes. Todas as coisas serão
vivificadas e nunca poderão morrer. Elas serão, em certo
sentido, imortais. Trata-se de um ambiente “perfeito, puro
e santo”, como explicou Brigham Young:

“ (Deus) formará e organizará (a Terra) como era no


princípio, e torna-la-á perfeita, pura e santa”. (3)

Orson Pratt também descreveu esse estado, dizendo que


após a primeira santificação –- aquela da qual estamos
tratando –
- “a própria Terra, como um ser vivente, era imortal e
eterna em sua natureza”. (4)

Jeová e Miguel Descem para Preparar a Terra


Vemos pelas Escrituras que os Deuses, uma vez tendo
santificado a Terra, voltaram a seu lar para aguardar a fase
seguinte da Criação física. Após isso, Abraão nos informa
brevemente:

“E os Deuses desceram e formaram essas gerações dos


céus e da Terra, quando foram feitas no dia em que os
Deuses criaram a Terra e os Céus,

“De acordo com tudo o que eles haviam dito concernente a


toda planta do campo antes de estar na Terra e toda erva
do campo antes de crescer; pois os Deuses não haviam
feito chover sobre a Terra quando (em conselho)
decidiram criá-las; e não haviam formado um homem para
lavrar o solo”. (Abraão 5:4-5)

Nesses dois versículos temos uma breve referência aos


eventos iniciais do Terceiro e último Período da Criação da
Terra. Esses eventos, apesar de mencionados apenas
brevemente por Abraão, envolveram um enorme e
intenso labor dos Deuses sobre a Terra física. Perceba-se
que nessa ocasião os Deuses não apenas “formaram” as
gerações de seres vivos da Terra, mas também “a Terra e os
céus (a atmosfera)” (Abraão 5:4). Isto significa que o
próprio globo passou por uma reformulação geral antes da
chegada das plantas e animais modernos.

Apesar de não termos um relato detalhado das Escrituras


sobre os estágios iniciais desse último e grandioso Período
da Criação, possuímos algumas revelações modernas
importantes relacionadas ao assunto.

Por exemplo, quando Abraão relata que “os deuses


desceram”, ele está na verdade referindo-se a Jeová e
Miguel, que haviam sido enviados abaixo à Terra física, a
fim de prepará-la para receber as formas de vida atuais.
Heber C. Kimball declarou:

“Nosso Pai e nosso Deus, de quem nos originamos, chamou


e designou seus servos para ir organizar uma Terra. Lê-se
nas escrituras que o Senhor a criou, mas o verdadeiro
significado é que o Altíssimo enviou Jeová e Miguel para
executar essa obra”. (5)

Miguel (Adão) Foi Membro do Quorum da


Criação da Terra

Referindo-se ao grande Quorum da Criação, Brigham Young


ensinou:

“A Terra foi organizada por três personagens distintos, a


saber, Eloim, Jeová e Miguel.” (6)

Apesar de Miguel (posteriormente Adão) ter sido designado


a trabalhar diretamente sob as ordens de Jeová (D&C
78:16), a verdade é que foi ele quem recebeu a
responsabilidade primordial de fazer com que a Terra fosse
organizada e preparada para receber as formas atuais de
vida. Brigham Young ensinou ainda:

“Nosso pai Adão ajudou a criar este mundo, e foi


empreiteiro-chefe dessa operação”.(7)

Ele foi não apenas “o primeiro homem da Terra, e seu


arquiteto e construtor” (8), mas recebeu também

“poder para moldar esta Terra, com seus mares, vales,

montanhas e rios, e fazê-la fervilhar com vida vegetal e

animal”. (9) Esse poder de criação é delegado através do

Sacerdócio eterno. Nas palavras de Joseph Smith:

“O Sacerdócio foi primeiramente concedido a Adão. Ele


participou da Primeira Presidência e reteve suas chaves(...)
na Criação, antes que o mundo fosse formado”.(10)

A “Primeira Presidência” a que Adão pertenceu refere-se


sem duvida a sua participação no Quorum da Criação
anteriormente mencionado. Aqueles que atingem esse
posto na família dos Deuses, explicou Brigham Young,
recebem “as chaves para formar e moldar reinos e
organizar a matéria”. (11)
É de particular interesse o fato de Adão não ter cumprido
essa designação sozinho. “Com a ajuda de seus irmãos ele
fez (a Terra) existir”. (12) Como Abraão e Joseph F. Smith
também afirmaram, entre seus assistentes se contavam
Enoque, Noé, Abraão, Moisés, Néfi, Joseph Smith e outros
“nobres e grandes”, que foram preordenados em sua
existência pré-mortal para tornar-se lideres espirituais de
cada dispensação do Evangelho (Abraão 3:22; D&C 138:53-
56). Com relação a esses adjutores de Adão, o Presidente
Young perguntou:

“Vocês acham que ele (Adão) já conhecia seus associados,


que vieram auxiliá-lo a formar esta Terra? Sim, eles
estavam tão familiarizados uns com os outros como nós
com nossos filhos e pais”. (13)

Sob a supervisão do Quorum da Criação, os Deuses e seus


auxiliares desceram para a recém-preparada Terra física.
Em primeiro lugar eles organizaram seu meio ambiente,
depois trouxeram para ela todas as vastas hostes de formas
de vida atuais –- inclusive o homem.

Como isso foi realizado? Esse será o assunto de nosso


próximo capítulo.
Questionário – Capítulo 17

Perguntas para Responder

1– Quando a Sexta Época da Criação estava para terminar,


os Deuses reuniram-se em outro Conselho. Que fato
importante aconteceu? Qual foi seu resultado? Por que os
Deuses interromperam esse Conselho e foram concluí-lo
na Terra física?

2 – Quem integrou o quorum da criação da Terra?

3 – Antes que as formas de vida atuais pudessem vir à Terra,


o que precisaria acontecer ao próprio Planeta?

4 – Em que pontos exatos da história da Terra ela seria


santificada? O que precederia cada uma dessas
santificações?

5– Quem desceu à Terra física para prepará-la para a


chegada de Adão e Eva? Eles trabalharam sozinhos? Como
sabemos disso?
Questões a Ponderar

1– As Escrituras deixam implícito que muitos de nós


estivemos ativamente empenhados no embelezamento da
Terra física com formas de vida atuais e talvez até
tenhamos participado do Período Preparatório da Criação.
Será que nosso interesse por certos assuntos, aqui na
mortalidade, sugere o tipo de trabalho que realizamos
antes de vir para cá para ajudar a preparar a Terra? Será
por isso que é quase universal nosso interesse pelos
dinossauros e outras formas de vida preparatórias, ou o
motivo de alguns serem tão atraídos pelas ciências
biológicas, geofísicas ou astronômicas? Será essa a fonte de
nossa inclinação por música, artes, ciências etc? Se for, não
temos nisto outra razão para buscarmos a excelência
nesses esforços criativos aqui na mortalidade (dando
sequência a uma obra que fazíamos antes de vir para cá)?

2– A Terra santificada seria visível para olhos mortais, ou


para seres mortais vivendo em outros planetas
semelhantes à nossa Terra hoje? Em caso afirmativo, os
planetas santificados serão visíveis para os astrônomos
hoje? Eles parecem estrelas, ou algo mais glorioso?
Referências – Capítulo 17

1 – Brigham Young, 20 de maio de 1860, JD

8:63; ver também Isaías 11:6-9; 65:25; D&C

101:26. 2 – Joseph Smith, 1º de março de

1842, History 4:541 (10ª Regra de Fé).

3 – Brigham Young, 3 de junho de 1855, JD 2:300.

4 – Orson Pratt, 25 de julho de 1852, JD 1:281.

5 – Heber C. Kimball, 27 de junho de 1863, JD 10:235.

6 – Brigham Young, 9 de abril de 1852, JD 1:51.

7 – Brigham Young, 20 de abril de 1856, JD 3:319.

8 – Brigham Young, discurso em 8 de junho de 1873, Deseret


News, 22:308 (14 de junho de 1873);

9 – Brigham Young, 9 de outubro de 1859, JD 7:285.

10 – Joseph Smith, A ntes de 8 de agosto de 1839 (1), Words,


pág. 8.
11 – Brigham Young, 24 de agosto de 1872, JD 15:137.

12 – Brigham Young, discurso em 8 de junho de 1873,


Deseret News, 22:308 (14 de junho de 1873).

13 – Brigham Young, 20 de abril de 1856, JD 3:319.


Capítulo 18

Formas de Vida Atuais, inclusive o


homem, são trazidas à Terra

“Eis que, ó maravilha das


maravilhas, de mundos
distantes são
transferidas para a Terra
todas as espécies de vida
animal. Como macho e
fêmea
vêm eles, trazendo bênçãos sobre
suas cabeças.” (1)

Quando Jeová e Miguel desceram à Terra física


encontraram uma crosta superficial de matéria
desorganizada –- um globo físico que havia atravessado os
estágios preparatórios, mas era ainda tão caótico e
desorganizado que não poderia abrigar ou suster as formas
de vida atuais. (2) Ao chegar, disse Brigham Young, esses
Criadores, encontraram a Terra “em estado de caos,
desorganizada e incompleta” (3) Sobre essa crosta eles
criaram “montanhas, rios, mares, vales, planícies e os
reinos animal, vegetal e mineral”. (4)
A Superfície do Globo Físico é Formada e
Dividida

Para estabelecer os novos sistemas fluviais e a bacias de


drenagem que abrigariam toda uma nova multidão de
comunidades ecológicas atuais, Jeová e Miguel invocaram
seus poderes de “formação” e “divisão” (5) a fim de
reestruturar o território, criando grandes montanhas e
colinas. Mais ou menos nessa época eles reuniram as águas
da Terra e dividiram- nas em oceanos, bacias hidrográficas,
grandes rios e pequenos riachos, e lagos.

É importante ressaltar que após essas massas de terra


primevas terem sido formadas e divididas, diferiam muito
em sua topografia geral daquilo que observamos hoje.
Numa visão do Milênio, o Profeta Isaías notou que a Terra
seria restaurada à mesma condição geográfica que nela
prevalecia “no princípio”. Ele escreveu que no Período
Milenar

“Todo vale será exaltado, e todo o monte e todo o outeiro


será abatido; e o que é torcido se endireitará e o que é
áspero se aplainará”. (Isaías 40:4)
Isto indica que a crosta primeva da Terra era de certa forma
homogênea, por toda a parte. O terreno recém-formado e
dividido, contudo, não era totalmente plano, já que no
princípio a Terra tinha montanhas e colinas. Tinha também
“rios, riachos e nascentes”, cujo fluxo requeria desníveis do
terreno. (6)

A nova formatação e divisão da crosta terrestre implicou


indubitavelmente no surgimento de muitas rachaduras que,
com enormes nuvens de cerração e poeira, sombrearam a
face da Terra. Para fazer a luz reaparecer no céu foi
necessário limpar a atmosfera, trazendo claridade. O fato é
que sem a luz do sol primevo da Terra (o sol então
associado a ela) a próxima fase importante do Terceiro
Período da Criação não poderia ser levada a efeito
satisfatoriamente.

As Primeiras Plantas e os Primeiros Animais


Modernos são Trazidos à Terra

Um dos conceitos mais importantes no processo da Criação


é o do transplante interplanetário de seres vivos de outros
planetas para a Terra. Esse mecanismo foi usado para
trazer vida à Terra espiritual durante o Primeiro Período da
Criação. Foi também utilizado durante o Segundo Período
da Criação para colocar uma enorme multidão de formas de
vida preparatórias na Terra física, desde bactérias até os
dinossauros e mamíferos gigantes. Portanto, não será
surpresa se afirmar que esse mesmo mecanismo foi
também usado para trazer as modernas formas de vida à
Terra durante o Terceiro Período da Criação.

Após ter Adão “organizado a matéria-prima da crosta


terrestre”, afirmou Brigham Young,

“ele distribuiu segundo sua ordem as ervas do campo, as


árvores, a maçã, o pêssego, a ameixa, a pêra e todas as
outras frutas que são desejáveis e benéficas ao homem; as
sementes foram trazidas de uma outra esfera e plantadas
nesta Terra”. (7)

Perceba-se que Jeová e Miguel não trouxeram para cá as


plantas e árvores já formadas. Sucedeu apenas que “as
sementes
de todas as plantas que compõem o reino vegetal foram
trazidas de outro mundo”. (8)

Como Abraão o relata, é também importante reconhecer


que isso tudo foi feito

“De acordo com tudo o que eles haviam dito concernente a


toda planta do campo antes de estar na terra e toda erva
do campo antes de crescer; pois os Deuses não haviam
feito chover sobre a Terra quando (NT: em conselho)
decidiram criá- las”. (Abraão 5:5)

Isto é, os detalhes dessa semeadura global já haviam sido


integralmente previstos e planejados com muita
antecedência, e a chuva foi impedida de cair sobre a Terra
até que a semeadura ficasse completa.

Volta a Chover na Terra

E as chuvas voltaram. Claro que essa não foi a primeira vez


que choveu sobre a Terra. No Período Preparatório, ou
Segundo Período da Criação, havia chovido sempre que
necessário. Mas, tendo retirado a chuva da Terra durante
o último Conselho, ou “quando (em conselho) decidiram
criá-las (Abraão 5:5)”, o Quorum Celestial da Criação
estava agora preparado para deixar chover novamente
sobre a Terra –- com a diferença que desta vez ela molharia
um solo recém- semeado.
Em seu relato da Criação, Moisés não descreve nem
delineia explicitamente o período de tempo em que a Terra
ficou privada de chuva. Ele simplesmente declara que por
algum tempo, antes da criação do homem, “Deus não fizera
chover sobre a face da Terra”. (Moisés 3:5) Isto tem levado
alguns a concluir que não tinha havido chuva alguma sobre
a Terra física antes dessa época.

Entretanto, quando Adão e Eva estavam para ser trazidos


ao mundo, “subiu um vapor da Terra” O vapor não subiu
das Grandes Águas descritas em Abraão 4:10 e isto sugere
que o solo já havia recebido umidade durante algum
tempo ates de sua chegada.

Abraão esclarece esse mistério. Ele diz que os Deuses só


não haviam feito chover sobre a Terra enquanto se reuniam
em conselho para trazer as formas atuais de vida à Terra
(Abraão 5:5). Isto é, a chuva havia caído sobre a Terra antes
de seu Quinto Grande Conselho, ou seja, no Período
Preparatório, e choveu também após a reunião de
planejamento dos Deuses, assim como durante todo o
período em que as formas atuais de vida animal estavam
sendo colocadas sobre a Terra.

Após as sementes vindas de outros planetas terem


germinado no solo virgem da Terra santificada e terem
amadurecido, formando um jardim luxuriante de plantas e
árvores, a vida animal foi trazida ao mundo. Nas palavras de
Heber C. Kimball: ”Os animais não foram trazidos para cá
até que a vegetação tivesse sido plantada e crescesse”. (9)

Jeová e Miguel transplantaram muitas variedades de vida


animal para a Terra, como o cavalo, o urso, gado, peixes e
pássaros em toda a sua diversidade, e todos os outros seres
que representam o reino animal moderno. (Um detalhe
paralelo interessante é que muitos fósseis são enormes,
mas algumas formas atuais de vida sobrepujam todas as
outras em tamanho. O maior dos vertebrados –- a baleia
azul, e o maior dos invertebrados –a lula gigante, são os
animais mais avantajados que jamais habitaram o Planeta,
em qualquer época, inclusive considerando-se o Período
Preparatório da Terra Física.)

Heber C. Kimball acrescentou para nós a explicação de que


Miguel “trouxe para cá animais de uma terra onde antes
vivia e onde seu Pai habitava”. (10) Essa informação deve
ser empolgante para aqueles que cogitam da possibilidade
de existir planetas semelhantes à Terra em outras partes do
Universo. Como os ancestrais das plantas e animais
modernos da Terra vieram de outros planetas, os quais
orbitam ao redor de outras estrelas, e eles possuem vida
vegetal e animal idênticas às nossas, podemos ter certeza
de que existem planetas semelhantes à Terra em outros
pontos do cosmo.

Deve-se ressaltar que nenhuma das formas de vida


modernas originou-se em nosso Sistema Solar atual.
Nenhum planeta ou lua de nosso Sistema Solar abriga
formas avançadas de vida. A exploração planetária revela
que as condições nesses mundos são extremamente hostis
a qualquer forma de vida avançada, como as que
conhecemos.

Isto significa que as formas de vida da Terra tiveram que vir


de sistemas solares distantes, a centenas, se não milhares,
de anos-luz de distância. Essas são as origens ou “fontes
secretas” das formas de vida, como Brigham Young as
chamou. (11)

“Gloriosas e Belas de Contemplar”

Quando a vida vegetal e a vida animal floresceram sobre a


Terra eram “gloriosas e belas de contemplar”, disse Heber
C; Kimball -- e representavam “tudo o que o Senhor fez
com que fosse preparado e colocado sobre a Terra para
adorná-la”.
(12) A essa altura, escreveu Joseph Smith, nossa Terra
tinha muitos “rios, e pequenos riachos e fontes,
espalhando como bênçãos uma profusão de árvores
frutíferas e flores, ervas e plantas, animais e pássaros”.(13)

O Apóstolo Parley P. Pratt descreveu esta parte do Terceiro


Período da Criação num belo trecho de prosa poética:

“Um Plantador Real desce agora de um distante mundo


antigo, trazendo em suas mãos sementes escolhidas de um
velho Paraíso, e as planta no solo virgem de nossa Terra
recém-nascida.
“Elas ali crescem e florescem, dando semente, e replantam-
se, revestindo assim a terra nua com cenários de pura
beleza, e impregnando o ar com incenso fragrante. Frutas
maduras e ervas abundam em grande quantidade.

“Eis que, ó maravilha das maravilhas, de um mundo


distante são transferidas para a Terra todas as espécies de
vida animal. Como macho e fêmea vêm eles, trazendo
bênçãos sobre suas cabeças”.(14)

E agora, após esses extensos preparativos, a Terra estava


adequadamente pronta para receber o coroamento de sua
Criação.

A Chegada de Adão

Há uma diferença significativa entre a criação espiritual e a


criação física do homem. Durante o Primeiro Período da
Criação, os filhos espirituais do Pai foram colocados sobre a
Terra espiritual no sexto Dia (Moisés 2:26-27). Entretanto,
durante a Criação física, o homem não chegou à Terra
senão na Sétima Época ou “vez”. Isto é, apesar de a Terra
estar embelezada com formas de vida atuais, o
coroamento de sua Criação, ou o homem, ainda não se
encontrava sobre a Terra.

Tanto Moisés como Abraão relatam que a formação do


homem foi precedida por uma rega completa da face da
Terra; Abraão registra:

“Mas subiu um vapor da Terra e regou toda a superfície do


solo.

“E os Deuses formaram o homem do pó da terra e tomaram


seu espírito (isto é o espírito do homem) e puseram-no
nele, e sopraram em suas narinas o fôlego da vida; e o
homem tornou-se uma alma vivente”. (Abraão 5:6-7)

A Vinda de Eva

Apesar de não estar claramente declarado aqui, esses


versículos referem-se à criação de ambos, homem e
mulher, ou mais especificamente a Adão e Eva. Sabemos
disso porque quando os Deuses planejaram a criação dos
corpos físicos do “homem”, esses corpos deveriam ser
tanto de macho como de fêmea:

“Então os Deuses desceram para organizar o homem à sua


própria imagem, para formá-lo à imagem dos Deuses, para
formá-los homem e mulher”. (Abraão 4:27)

Mas Eva não teria sido criada após Adão, nomeadamente


de uma de suas costelas? Não, não foi. O incidente
envolvendo a costela de Adão ocorreu algum tempo após
Adão e Eva terem sido criados e trazidos à Terra. No
próximo capítulo o significado desse incidente será
analisado.

Temos evidências adicionais de que Eva foi criada ao


mesmo tempo que Adão. Em 1843, Joseph Smith fez o
seguinte comentário a respeito da criação dos corpos físicos
de Adão e Eva:

“O 7º versículo do Capitulo 2 de Gênesis (Moisés 3:7)


deveria dizer que “Deus soprou em Adão seu espírito ou o
fôlego da vida”, mas na parte que a palavra rauch (espírito)
refere-se a Eva, ela deveria ser traduzida como ‘fôlego das
vidas’”. (15)

Em outras palavras, está óbvio que para Joseph Smith o


termo hebraico rauch (espírito), neste versículo, aplica-se a
ambos, Adão e Eva. Este conceito esclarece um dado do
diário pessoal de Adão, no qual ele registra que ambos, ele
e sua mulher Eva, foram criados ao mesmo tempo:

“(...) No dia em Deus criou o homem, à semelhança de


Deus o fez. À imagem de seu próprio corpo, homem e
mulher, criou- os; e abençoou-os e chamou seu nome (NT:
o nome deles) Adão, no dia em que foram criados e se
tornaram almas viventes na terra, sobre o escabelo de
Deus”. (Moisés 6:8-9.)

De acordo com a interpretação do Profeta Joseph, então, a


Escritura que descreve a criação do homem (Gênesis 2:7)
na verdade está dizendo:

“Deus soprou no homem o fôlego da vida; isto é, Deus


soprou em Adão seu espírito, ou fôlego da vida, e em Eva
soprou seu espírito, ou fôlego das vidas”.

Para Eva esse “fôlego das vidas” significava que ela se


tornaria “a mãe de todos os viventes” que é exatamente o
significado do nome “Eva” (Moisés 4:26).

Note-se que, se Eva só tivesse entrado em cena após o


incidente da costela, ela não poderia ter-se postado na
presença do Senhor e ouvido seu mandamento relativo ao
fruto proibido. Mas, como disse Brigham Young:

“Ela tinha ouvido e compreendido a voz do Senhor a dizer,


com relação ao fruto de uma certa árvore: ‘no dia em que
dele comeres, certamente morrerás’”. (16)

Isto é, ela estava presente quando Deus deu esse


mandamento a Adão, fato que ocorreu algum tempo antes
do episódio da costela.

A Supremacia da Forma Humana

Deve-se também salientar que a criação de Adão e Eva


seguiu o modelo estabelecido pelos Deuses em seu
Conselho anterior: eles seriam criados à imagem dos
Deuses (Abraão 4:26-27). Ou seja, Adão e Eva seriam
criados à semelhança da forma humana –- homem e
mulher.

O fato de que a raça humana foi feita essencialmente à


imagem dos Mestres Criadores do Universo tem
significado cósmico. Sabemos que os Deuses criaram
muitos outros seres inteligentes, numa inumerável
variedade de formas. João, o Revelador, viu algumas dessas
criaturas inteligentes em visão. (17) Os Deuses, entretanto
reservaram para si mesmos, e para sua descendência, a
forma humana.

Aqueles que cogitam sobre que formas dominantes de vida


inteligente poderia haver em outros planetas semelhantes
à Terra deveriam atentar para este fato.

Adão e Eva Nasceram de Seus Pais

Pela breve descrição dada por Moisés e Abraão poderia


parecer que Adão foi simplesmente moldado no solo da
Terra em forma de homem, sendo depois colocado nesse
corpo o espírito de Adão. Mas não é isso que as Escrituras
estão descrevendo.

No relato original de Moisés o Senhor deixa claro que as


palavras “formado do pó” constituem uma frase técnica
descrevendo o processo do nascimento físico. Ao profeta
Enoque o Senhor declarou que disse a Adão:
“(...) haveis nascido no mundo pela água e sangue e
espírito que eu fiz e assim vos haveis transformado de pó
em alma vivente (...)”. (Moisés 6:59)

Este conceito é tão importante que a Primeira Presidência


afirmou que “o homem original, o primeiro de nossa raça,
começou a vida como (...) um germe ou embrião humano
que se tornou homem”. (18) O Presidente Joseph F. Smith
ensinou igualmente que “Adão, nosso pai terreno,
também nasceu de uma mulher, da mesma forma que
Jesus, vocês e eu”. (19)

O Apóstolo Paulo escreveu que “(...) primeiro foi formado


Adão, e depois Eva” (I Timóteo 2:13), sugerindo que Adão
nasceu primeiro que Eva. Mas onde nasceram Adão e Eva?
E quem eram seus pais? Para responder essas perguntas o
Senhor teria que revelar informações detalhadas a respeito
da vida em outros planetas. E já havia declarado a Moisés
que não abordaria esse assunto com ele (Moisés 1:30-31,
36-40). Essas são informações reservadas para o Milênio
(D&C. 101:32- 34).

Entretanto, como nos assegura Brigham Young, “a


humanidade está aqui porque é descendência de pais que
foram trazidos para cá de outro planeta”. (20) Ele explicou
ainda que

“Adão foi feito do pó de uma terra, mas não do pó desta


Terra. Ele foi feito da mesma forma que vocês e eu –- e
nenhuma pessoa foi jamais criada de qualquer outra
forma.” (21)

Nós também, através de nosso nascimento físico aqui na


Terra, tornamo-nos “do pó uma alma vivente”. B. H Roberts
escreveu:

“Todos nós fomos ‘formados’ do pó da Terra, apesar de


sermos gerados pelas leis naturais da procriação; porém
não fomos moldados como um tijolo –- o mesmo sucedeu
com Adão e sua esposa em algum mundo mais antigo”. (22)

Naturalmente, o fato de que Adão e Eva tiveram pais está


em total conformidade com as leis de formação das coisas
vivas. É de Joseph Smith a declaração:

“(...) Onde houve jamais um filho sem um pai? Quando é


que uma árvore ou qualquer outra coisa jamais brotou para
a vida sem ter um progenitor? E tudo existe dessa
maneira.” (23)

Foi essa sem dúvida a razão porque Joseph Smith


esclareceu a descrição da genealogia de Adão em sua
tradução revisada. Ao invés de “Adão, que era filho de
Deus”, ele corrigiu a Escritura para que se lesse: “Adão o
qual foi formado por Deus e o primeiro homem sobre a
Terra”. (TJS Lucas 3:45 – Tradução livre.)

Adão e Eva Eram Seres Vivificados ou


“Santificados”

Quando Adão e Eva foram trazidos à Terra, esta tinha sido


santificada. Da mesma forma, os corpos de nossos
primeiros pais também foram elevados a um estado
semelhante de perfeição. “Adão e Eva enquanto estavam
no Jardim do Éden eram seres humanos transladados”,
ensinou John Taylor. (24) Isto quer dizer que, apesar de
Adão e Eva possuírem corpos de carne e osso, eram corpos
imortais, que tinham os atributos de seres santificados ou
transladados. Foi dessa condição exaltada que eles mais
tardem caíram.

Aparentemente o mecanismo físico associado com a Queda


era diretamente dependente dessa condição vivificada.
Quando Adão e Eva foram colocados nesta Terra, explicou
Brigham Young, eles eram:

“seres imortais com carne, ossos e tendões. Entretanto,


após partilhar dos frutos da terra, enquanto estavam no
Jardim e cultivavam o solo, seus corpos transformaram-se
de imortais em mortais, com sangue correndo em suas
veias como fonte da vida”. (25)

Se o sangue é “a fonte da vida” num corpo mortal, o que


corre nas veias de corpos imortais? A resposta é “espírito”.
Joseph Fielding Smith escreveu que o corpo de Adão era
vivificado
“pelo espírito, pois que antes da queda, não havia sangue
algum no corpo de Adão. Ele não era então ‘carne’
(mortal) como a conhecemos agora e (portanto) poderia
ter permanecido no Jardim do Éden para sempre.” (26)

Isto é confirmado pelo profeta Leí. Se Adão

“não houvesse transgredido, não teria caído, mas


permanecido no jardim do Éden (...) para sempre e não
ter(ia) fim”. (2 Néfi 2:22)

Leí acrescenta que essa condição imortal também impedia


Adão e Eva de ter qualquer descendência física até após a
Queda (2 Néfi 2:23).

De fato, essa condição “vivificada” temporária, com suas


restrições, prevalecia em toda a Criação. Leí diz que:

“... se Adão não houvesse transgredido, (...) todas as coisas


que foram criadas deveriam ter permanecido no mesmo
estado em que estavam depois de haverem sido criadas; e
deveriam permanecer para sempre e não ter fim”. (2 Néfi
2:22.)

Miguel, o Arcanjo, Torna-se o Adão Terreno

Pouco tempo depois de Adão e Eva terem chegado à Terra,


foram privados de sua memória. Adão foi o primeiro a
submeter-se voluntariamente a esse estado de amnésia.
Nas palavras de Brigham Young:

“Quando Adão (Miguel) e aqueles que lhe prestavam


assistência completaram este reino, a nossa Terra, ele veio
para ela, dormiu e esqueceu-se de tudo, tornando-se como
uma criancinha”. (27)

Não há dúvida de que um processo semelhante ocorreu


com Eva pouco tempo depois.

Esta não foi uma experiência exclusiva para Adão e Eva.


Cada um de nós também mergulhou num véu de
esquecimento ao nascer. Este é um pré-requisito de nossa
experiência mortal. A mortalidade destina-se a fazer mais
por nós do que simplesmente dar-nos um corpo físico e
permitir-nos experimentar a vida em um planeta físico.

Ela é tanto um teste como uma viagem de auto-descoberta


(Alma 34:30-41). Aqui aprendemos o que não poderíamos
ter aprendido na presença do Pai. Apenas nestas
circunstâncias poderemos dar resposta a uma pergunta a
nosso próprio respeito que permaneceu sem resposta
durante eras e eras: Deixados inteiramente por nossa
conta, o que escolheremos -- a luz ou as trevas? Isto
requeria que viéssemos à Terra em um estado de amnésia
temporária.

Temos a promessa de que após a conclusão deste teste


na mortalidade –- na nossa ressurreição –- não apenas
nossos corpos nos serão devolvidos, perfeitos e
glorificados, mas também todas as antigas lembranças.
Como disse Alma: na ressurreição “(...) todas as coisas
serão restauradas(...)”. (Alma 40:23)

Um Jardim é Plantado “na Parte Oriental do


Éden” –- Só depois Vem o Jardim do Éden

Imediatamente após Adão e Eva terem chegado à Terra


num estado de amnésia inocente, os Deuses plantaram um
jardim “no Éden, na parte oriental” (Abraão 5:8) e Adão foi
nele colocado.

“E os Deuses plantaram um jardim no Éden, na parte


oriental, e ali colocaram o homem, cujo espírito tinham
posto no corpo que haviam formado”. (Abraão 5:8)

As Escrituras deixam claro que essa foi apenas uma morada


temporária. Os eventos subsequentes demonstram que
esse Jardim ainda não era o Jardim do Éden, mas apenas
“um jardim”. O Jardim do Éden viria mais tarde. (28)

Enquanto Adão aguardava, os Deuses ocuparam-se em criar


um outro jardim. Nele plantaram várias árvores especiais
inclusive “a árvore da vida” e “a árvore do conhecimento
do bem e do mal”. Um sistema hídrico foi também criado
para irrigar esse jardim maravilhoso (Abraão 5:9-10).

Apenas então foi Adão levado ao Jardim do Éden:

“E os Deuses tomaram o homem e puseram-no no Jardim


do Éden para cultivá-lo e guardá-lo.”(Abraão 5:11)
Algum tempo após Adão estar ali estabelecido, Eva teve
permissão de juntar-se a ele como sua esposa. Eis o que
disse Brigham Young:

“Após a Terra ser preparada, o Pai Adão veio e estabeleceu-


se aqui, e então uma mulher lhe foi trazida (...) cujo nome
era Eva, porque ela foi a primeira mulher –- e Eva lhe foi
dada por esposa” (29)

E dessa forma –- nesse paraíso botânico e zoológico


especialmente preparado –- um grande drama se
desenrolaria, culminando na expulsão, tanto de nossos
primeiros pais de seu belo jardim, como do planeta Terra
das regiões cósmicas onde fora inicialmente criado.
Questionário – Capítulo 18

Perguntas para Responder

1– Como estava a Terra quando Jeová e Miguel chegaram


para prepará-la para receber as plantas e os animais
atuais? Qual era sua aparência após ter sido configurada e
dividida?

2– Foram trazidas à Terra sementes de plantas atuais ou


exemplares desenvolvidos de cada espécie? De onde
vieram? O que chegou primeiro, plantas ou animais?

3– Através de que processo os corpos de Adão e Eva foram


criados: Eva foi criada mais ou menos ao mesmo tempo
que Adão, ou muito tempo depois de ele ter sido colocado
no Jardim do Éden?

4– Quando Adão e Eva foram trazidos à Terra eles


compartilhavam de um atributo significativo com o Planeta
e com todas as outras formas de vida que os precederam.
Qual era esse atributo? O que corre nas veias de seres
imortais?

5 – Quem era Adão antes de se esquecer de tudo e ser


colocado no Jardim do Éden?
Questões a Ponderar

1– Novas montanhas e sistemas fluviais foram formados


após a Terra ter sido santificada, mas antes de quaisquer
formas de vida atuais terem chegado. Existe alguma
evidência de uma reformulação total da crosta terrestre
antes da chegada dos organismos modernos? Há evidências
de que uma grande hoste de formas de vida atuais foi
transplantada para a Terra aproximadamente por essa
época?

2– Antes que quaisquer formas de vida atuais fossem


colocadas na Terra física, o Senhor prometeu que lhes seria
provido alimento (Abraão 4:29-30). Esta era obviamente a
ordem das coisas ao fim do Terceiro Período da Criação. O
que tem ocorrido desde então? Por quê? Isso é culpa de
Deus? Por que sim, ou por que não?
Referências – Capítulo 18

1 – Parley P. Pratt, The Key to Theology

(Liverpool, Inglaterra: 1855), págs. 48-

49. 2 – Brigham Young, 9 de outubro

de 1859, JD 7:285.

3 – Brigham Young, discurso em 8 de junho de 1873, Deseret


News, 22:308 (14 de junho de 1873).

4 – Brigham Young, 9 de outubro de 1859, JD 7:285.

5 – Brigham Young, 11 de agosto de 1872, JD 15:127.

6 – Alphabet, pág. 14, sob o verbete “Zub-zool-eh”.

Alphabet refere-se a “Egyptian Alphabet and

Grammar”. 7 – Brigham Young, 9 de abril de 1852,

JD 1:50.

8 – Brigham Young, 9 de outubro de 1859, JD 7:285.

9 – Heber C. Kimball, 12 de junho de 1860, JD 8:243.

10 – Heber C. Kimball, 12 de junho de 1860, JD 8:244.


11 – Brigham Young, 3 de junho de 1855, JD 2:303.

12 – Heber C. Kimball, 27 de junho de 1863, JD 10:235.

13 – Alphabet, pág. 14.

14 – Parley P. Pratt, The Key to

Theology, (edição de 1855), págs.

48-49. 15 – Joseph Smith, 17 de

maio de 1843, Words, pág. 203.

16 – Brigham Young, 18 de maio de 1873, JD 16:40.

– Apocalipse 4: 6-9; 5:6-14; 6:1-8; 7:11; 14:3; 15:7; 18:13;


17

19:4; ver também o comentário de Joseph Smith sobre


esses animais em D&C 77:2-4; e em 8 de abril de 1843,
Words, págs. 185-186.

– A Primeira Presidência da Igreja (Joseph F. Smith, John


18

R. Winder, Anthon H. Lund), “The Origin of Man”,


novembro de 1909, Messages, 4:205.

– Joseph F. Smith, discurso proferido em 7 de dezembro


19

de 1913 e reimpresso no Deseret News, 27 de dezembro


de 1913, Seção III, pág. 7.

20 – Brigham Young, 9 de outubro de 1859, JD 7:285.


21 – Brigham Young, 20 de abril de 1856, JD 3:319.

– B. H. Roberts, The Gospel and Man’s Relationship to


22

Deity, 11ª edição (Salt Lake City, Utah: Deseret Book, 1966),
pág. 269.

23 – Joseph Smith, 16 de junho de 1844, Words, pág. 380.

24 – Citado em What Truth Is, de Nels Nelson (Salt Lake City,


Utah: Stevens and Wallis, 1947), págs. 60-61.

25– Brigham Young, 7 de fevereiro de 1877, Journal of L.


John Nuttall (Provo, Utah: Brigham Young University
Library) 1:20.

26 – Joseph Fielding Smith, Doutrinas de

Salvação, 3 volumes, 1:101, em

português. 27 – Brigham Young, 7 de

fevereiro de 1877, Journal of L.John

Nuttall, 1:20.

28 – Comparar Abraão 5:8 com Abraão 5:11.

29 – Brigham Young, 31 de agosto de 1873, JD 16:167.


apítulo 19

A Terra Paradisíaca

“Havia um rio que saía


do Éden para regar o
jardim; e dali se dividia e
se tornava em quatro
braços”.
(Abraão 5:10)

A primeira morada humana na Terra foi um belo jardim em


alguma parte do Éden. Especialistas em Velho Testamento
têm procurado por séculos a localização original do Éden e
seu jardim maravilhoso.

A única pista que a Bíblia nos dá é a de que Deus “plantou


um jardim no Éden, na parte oriental” (Gênesis 2:8). Como
a Bíblia é, em grande parte, um registro de eventos que
tiveram lugar nos territórios que incluem e circundam a
moderna Israel, os exegetas bíblicos presumiram que a
civilização humana tivesse principiado em algum lugar a
leste da Palestina, talvez nos férteis vales da Mesopotâmia,
no sudoeste da Ásia.
Quatro grandes rios são mencionados na região do Jardim:
o Pisom, o Giom, o Tigre e o Eufrates (Gênesis 2:11-14). O
historiador judeu-romano Josefo sugeriu que esses rios
poderiam ser o Nilo, no Egito, o Ganges na Índia, e o Tigre
e o Eufrates na Mesopotâmia (1)

Mas nem o Éden, nem seu jardim e seus rios, localizavam-se


no Oriente.

Uma das revelações mais empolgantes de nossa


dispensação do evangelho é a de que nos tempos antigos o
Jardim localizado “no Éden, na parte oriental”, situava-se
nos limites ocidentais do estado de Missouri, nos Estados
Unidos. Mais especificamente, na região hoje ocupada pela
cidade de Independence, no Condado de Jackson.

Heber C. Kimball ensinou o seguinte:

“O sítio escolhido para o Jardim do Éden ficava no Condado


de Jackson, no estado do Missouri, onde hoje se situa a
cidade de Independence; ele foi ocupado na manhã da
Criação por Adão e os que vieram com ele com o expresso
propósito de povoar a Terra. O Profeta Joseph falava
frequentemente dessas coisas em suas revelações”. (2)
O Continente Primevo da Terra

Essa nova informação referente ao local do Jardim do Éden,


contudo, apresenta um problema. Como poderia o jardim
estar “na parte oriental” do Éden, quando o Condado de
Jackson, no estado do Missouri, fica quase exatamente no
centro geográfico do Continente Norte-Americano?

Para responder a essa pergunta precisamos remontar ao


princípio do Segundo Período da Criação, muito antes de
Adão e Eva chegarem à Terra.

As Escrituras relatam que a massa física original da Terra


consolidou-se em um único continente e as Grandes Águas
(o oceano) reuniram-se “num lugar” (Abraão 4:9). Isto
significa que a massa territorial da Terra era um continente
único, cercado por um só corpo de água oceânica.

Há muitas evidências geológicas, entretanto, de que


durante o Segundo Período da Criação a massa única da
Terra foi repetidamente dividida, reunida e de novo
dividida em continentes e ilhas. Alterações semelhantes no
território podem também ter ocorrido no início do
Terceiro Período da Criação, uma vez que uma das fases
originais desse último Período foi a “formação e divisão” da
Terra.

Mas sabemos que ao tempo em que Adão e Eva chegaram


aqui as massas de terra haviam-se reunido totalmente em
um só continente. Joseph Smith foi informado desse fato
por uma revelação que descreve o retorno do Salvador
durante o Milênio. Nesse grande dia do Senhor, “a Terra
será como era antes de sua divisão” (3)

Quando terá sido “dividida” a massa continental da Terra?

A Divisão do Continente Primevo da Terra

A “divisão da Terra” que produziu os blocos continentais e


os arquipélagos dos Hemisférios Ocidental e Oriental como
os conhecemos ocorreu ao tempo do nascimento do
patriarca Pelegue (cujo nome significa divisão), por volta
do ano 2.240 a.C., cerca de um século após o Dilúvio, que
teve lugar em 2344 a.C.. Conhecemos as datas do
nascimento de Pelegue e do Dilúvio devido à cuidadosa
cronologia da vida dos patriarcas registrada por Moisés. (4)
Moisés informou que

“(...) a Éber nasceram dois filhos: o nome de um foi


Pelegue, porquanto em seus dias se repartiu a Terra, e o
nome do seu irmão foi Joctã”. (Gênesis 10:25)

Alguns eruditos, inclusive o historiador judeu-romano


Josefo (5), sugeriram que essa “divisão da Terra” teria sido
simplesmente uma separação política entre as nações que
então existiam. Mas essa interpretação é refutada pelo
próprio relato de Moisés.

Apenas sete versículos após registrar que “a Terra foi


dividida”, Moisés declara que entre os filhos de Noé
“foram divididas as nações da Terra depois do Dilúvio”.
(Gênesis 10:32) Em outras palavras, Moisés estava
descrevendo uma divisão real da massa continental ao
tempo de Pelegue. A divisão política das nações da Terra
sucedeu posteriormente.

O Restabelecimento de Uma Massa de Terra


Única durante o Milênio

O Senhor disse que quando vier

“(...) sua voz sairá de Sião e ele falará de Jerusalém; e ouvir-


se-á sua voz entre todo o povo;

“E será uma voz como a voz de muitas águas e como a voz


de um grande trovão, que abaterá as montanhas; e não se
acharão os vales.

“Ele ordenará ao grande abismo e este será empurrado


para os países do Norte e as ilhas se tornarão uma só terra;

“E a terra de Jerusalém e a terra de Sião voltarão para seu


próprio lugar; e a Terra será como era antes de sua
divisão.” (D&C 133:21-24)

Há três informações nesta revelação que nos esclarecem


muitas coisas a respeito da geografia primeva da Terra:
Primeiro: não havia ilhas. Quando a massa continental da
Terra for consolidada, no Milênio, “as ilhas se tornarão uma
só terra” (...) “como era antes de sua divisão”.

Segundo: as águas oceânicas estavam em grande parte


confinadas às regiões polares do Norte. Durante o Milênio o
grande abismo será “empurrado de volta para os países do
Norte”.

Terceiro: a “terra de Jerusalém” e a “terra de Sião –- agora


separadas –- “voltarão para seu próprio lugar”. (D&C
133:24). Assim sendo, anteriormente a terra de Sião (as
Américas) e a terra de Jerusalém (Eurásia--África) estavam
juntas. Na divisão elas foram retiradas da posição original,
tendo obviamente se separado (caso contrário o Senhor
não teria dito que essas terras sofreram uma “divisão”).

Esse retorno das massas continentais da Terra a um só


continente global durante o Milênio é consistente com a
afirmação de Isaías de que, quando o Salvador vier aos
justos, suas terras chamar-se-ão “a casada” (Isaías 62:4).
Tanto Isaías como Joseph Smith dão a entender que esse
processo implicará em espantosas convulsões por toda a
face da Terra: “Todo vale será exaltado, e todo monte e
todo o outeiro será abatido (Isaías 40:4) e a voz do Senhor
“abaterá as montanhas e não se acharão os vales” (D&C
133:22).

O Mar Oriental
Apesar de originalmente –- nos dia de Adão –- as águas
oceânicas ficarem quase restritas à região polar
setentrional, sabemos através de outra Escritura que no
tempo de Adão havia também água oceânica a Leste da
região do Jardim. O profeta Enoque, que viveu e viajou por
territórios próximos à morada original de Adão, mencionou
um mar que ficava a “Leste” dessa região (Moisés 6:42). Na
verdade seu nome era “Mar Oriental”.

Esse mar era grande o suficiente para abrigar toda uma


nova península de terra que se elevou de suas profundezas
e para a qual uma vasta hoste de pessoas iníquas fugiu
durante a administração de Enoque (Moisés 7:14).

Uma vez que o Jardim do Éden estava localizado no que é


agora o estado de Missouri, e se a convulsão do território
americano não foi extrema, esse “mar oriental”
corresponderia hoje ao Oceano Atlântico Norte.

Com essa informação em mente pode-se deduzir que ao


tempo em que Adão e Eva foram trazidos à Terra, e por
cerca de dezessete séculos a seguir, o Planeta abrigava
apenas uma única massa continental. E, porque havia um
mar a leste do Jardim, esse único continente envolvia
totalmente o globo, desde a atual Costa Leste do território
Norte-Americano até a costa Atlântica da Europa Ocidental.

E, mais, como os oceanos estavam em grande parte


confinados à região polar setentrional, o nível do mar era
bem mais baixo. O resultado disso é que grandes ilhas hoje
isoladas, como as Ilhas Britânicas, Madagascar, Sri Lanka
(Ceilão), Austrália e os arquipélagos do Pacifico, não eram
inteiramente circundadas por água oceânica.

Isto sugere que a bacia do Oceano Pacífico seria em grande


parte seca. Assim, a massa de terra do Continente
Americano estaria ligada à da Ásia, contendo uma
substancial faixa de terra que perpassava todo o leito
oceânico. Talvez se tenha
encontrado evidências desse território primevo. Os
oceanógrafos descobriram resquícios de crosta
continental amplamente dispersos através do piso oceânico
do Pacifico. (6)

Adão é Colocado em um Jardim

Com base nessas evidências é razoável se presumir que o


nome do continente único que circundava todo o globo
era “Éden”, e que foi em sua região oriental que um jardim
especial foi plantado. A esse jardim os Deuses trouxeram
Adão.

Apesar de as Escrituras registrarem que Adão havia sido


colocado em “um” jardim na parte oriental do Éden, essa
reserva arbórea ainda não estava completamente
preparada para atender aos propósitos dos Deuses.
Diversas variedades de plantas ainda não haviam sido
plantadas ali. Portanto,
“(...) da terra fizeram os deuses brotar toda árvore que é
agradável à vista e boa para alimento; também a árvore da
vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem
e do mal”. (Abraão 5:9)

Essas árvores que eram “agradáveis à vista” e “boas para


alimento” deveriam cumprir uma promessa feita à família
humana antes que Adão e Eva aqui chegassem (Moisés 4:9;
Abraão 4:29).

Duas Árvores Importantes São Plantadas no


Meio do Jardim

Entre as árvores frutíferas recém-plantadas estavam, então,


a “árvore da vida” e a “árvore do conhecimento do bem e
do mal”. Significativamente, não apenas a árvore da vida
estava plantada “no meio do jardim”, mas também a árvore
do conhecimento do bem e do mal.

Na verdade, tanto Moisés, como Abraão registram o plantio


dessas árvores de tal forma que a localização da árvore do
conhecimento do bem e do mal fica um tanto duvidosa (Ver
Moisés 3:9 e Abraão 5:9). Apenas mais tarde, quando está
conversando com a serpente, Eva identifica claramente a
localização do fruto proibido, do conhecimento do bem e
do mal, que crescia na “árvore que vês no meio do jardim”
(Moisés 4:9).
Toda Coisa Viva Tem uma “Alma”

Moisés agora dá um esclarecimento maior, revelando que


a santidade de todas as coisas vivas é bem mais
maravilhosa do que mesmo o mais ardoroso amante do
meio ambiente poderia suspeitar:

“ (Toda árvore) tornou-se também uma alma vivente. Pois


era espiritual no dia em que eu a criei; pois permanece na
esfera em que eu, Deus, a criei, sim, como todas as coisas
que preparei para uso do homem; (...)” (Moisés 3:9).

Essa declaração confirma que todas as coisas vivas,


inclusive árvores, plantas floríferas e animais são “almas
viventes”, cada uma possuindo um espírito à semelhança
de seu corpo físico (D&C 77:2).

Quanto a essa natureza dupla de todas as coisas viventes,


Brigham Young também revelou que a contrapartida do
Jardim do Éden ainda existe no mundo espiritual:

“O Jardim do Éden foi criado primeiro espiritualmente e


depois no plano temporal –- e espiritualmente ele existe
ainda (...).” (7)
Um Rio Alimentado Por Quatro Tributários, na
parte Oriental do Éden

Após ter sido mostrada a Abraão e Moisés a formação e a


maturação da vida vegetal no Jardim, o Senhor dirigiu sua
atenção à bacia hidrográfica que irrigava essa região do
grande continente do Éden. Esse sistema hídrico era
dominado por um rio: “E eu, o Senhor Deus, fiz um rio sair
do Éden (...)”.(Moisés 3:10) Isto é, ele foi criado enquanto
Adão aguardava no jardim:

“Havia um rio que saía do Éden para regar o jardim; e dali


se dividia e se tornava em quatro braços (...)” (NT: em
inglês “four heads”, “quatro cabeças”) (Abraão 5:10)

Note-se que esse rio, cujo nome o Senhor não mencionou,


saía da massa continental do Éden e não do próprio
Jardim. Parte do sistema hídrico passava pelo jardim em
seu curso. “Dali”, isto é em direção oposta à sua vazão,
esse rio dividia-se em “quatro braços” (cabeças), ou quatro
tributários principais que o alimentavam.

Moisés fornece-nos algumas informações adicionais a


respeito desses quatro tributários.

O primeiro chamava-se Pison, que “rodeia toda a terra de


Havilá”, na qual o Senhor havia criado grandes depósitos
de ouro. E, mais, o ouro de Havilá “era bom e havia obdélio
e pedra ônix” (Moisés 3:11-12). O “obdélio” é uma resina
flexível e perfumada, mas de gosto amargo, usada em
remédios e perfumes. O “ônix” é um tipo de pedra de ágata
formada por finas camadas justapostas. Seu nome vem da
palavra grega que designa “unha” –- as camadas coloridas
do ônix são semelhantes a unhas humanas.

O segundo tributário chamava-se Giom. Ele “rodeia toda a


terra da Etiópia” (Moisés 3:13).

O terceiro tributário era o rio “Hidequel, o qual vai para o


lado oriental da Assíria” (Moisés 3:14). (Josefo, o
historiador judeu do primeiro Século d.C., chamou a esse
rio “Diglath”, devido a alguns registros que tinha em suas
mãos.) (8)

O quarto tributário chamava-se “Eufrates”.

À Procura do Sistema Hidrográfico do Éden

Foram precisamente esses nomes e descrições bíblicas que


levaram os estudiosos da história da Criação a identificar o
local do Jardim do Éden como sendo no Hemisfério
Oriental, nos sítios da Assíria e Etiópia e ao longo do rio
Eufrates. Mas o Jardim do Éden localizava-se no Missouri
Ocidental, na América do Norte. E como é que a Assíria, a
Etiópia e o rio Eufrates foram parar na Mesopotâmia?

Na realidade eles não foram. Apenas seus nomes foram


transplantados. Brigham Young explicou:
“O Senhor deu início a sua obra no território que agora se
chama Continente Americano, onde o Jardim do Éden foi
formado. Nos tempos de Noé, nos dias em que a arca
boiou, ela levou as pessoas para outra parte da Terra: o
território de lá foi dividido e Noé ali estabeleceu seu reino”.
(9)

Isto significa que a localização original dos antigos rios do


Éden, e dos territórios denominados “Havilá”, “Assíria” e
“Etiópia”, era na América do Norte. Mais de dois milênios
depois de os descendentes de Adão e Eva estarem
ocupando

essas regiões, Noé e sua família foram levados pela arca até
quase o lado oposto do globo, para uma nova morada na
Mesopotâmia, no Hemisfério Oriental. E eles sem dúvida
deram aos novos territórios ocupados, na Mesopotâmia e
em seus arredores, os mesmos nomes que existiam em sua
antiga habitação no Continente Americano –- que seria
então o verdadeiro “Velho Mundo”.

Quer dizer que o sistema hídrico do Éden pode ser


identificado na América do Norte?

Em primeiro lugar temos o problema do tempo. Sabemos


que após os dias de Adão a Terra foi inundada por um
Dilúvio universal. Posteriormente, na época da crucificação
do Salvador, porções inteiras da Terra no Hemisfério
Ocidental foram alteradas por levantamentos e abalos (3
Néfi 8:1-22).
A despeito dessas grandes convulsões, no entanto, há
evidências de que a área que circundava o Jardim do Éden
não foi completamente alterada, nem deu origem a novos
sistemas fluviais e bacias de drenagem. Em 1838, Joseph
Smith identificou o vale em que Adão viveu após sua
expulsão do Jardim do Éden. Era chamado Vale de “Adão-
ondi-Amã” (D&C seção 116). Ele identificou também restos
de um altar e uma torre que Adão havia construído ali. (10)

Uma vez que esses artefatos e a topografia a eles


associada sobreviveram à ação dos elementos por
aproximadamente seis mil anos, é razoável se presumir que
o sistema hidrográfico do Éden, descrito por Moisés e
Abraão, também tenha sobrevivido.

Contrapartida Moderna do Antigo Sistema


Hídrico do Éden –- Uma Sugestão

Analisando a geografia da América do Norte percebemos


que o Baixo Mississipi deveria ser o rio ao qual o Senhor
não deu nome, mas que fez “sair do Éden”. E quais seriam
as quatro “cabeças” ou tributários que o alimentavam?
Com base nos escritos de Josefo e Moisés pode-se tentar
equiparar quatro rios atuais da região aos mencionados nas
Escrituras.

O historiador Josefo escreveu que no passado Pison


significava “uma multidão”; Eufrates significava “uma
dispersão”, como uma flor; Diglath (o rio Hidequel) queria
dizer “rápido, com estreitamento”; e Giom significava
“aquele que vem do Leste”. Os quatro principais tributários
que alimentam o Baixo Mississipi são o Alto Mississipi e os
rios Missouri, Ohio e Illinois.

O Dr. Milton R. Hunter, historiador profissional e também


antiga Autoridade Geral da Igreja, foi quem primeiro
sugeriu essa possibilidade. Note-se que outros tributários
importantes do Mississipi, inclusive o rio Arkansas e os rios
Vermelho e Branco, também desaguam no Baixo Mississipi,
porém mais perto de sua foz (em relação aos tributários
Missouri, Ohio e Illinois) e, portanto, não estão a montante
(à cabeça) do rio que “saía do Éden”.

Será que os rios Alto Mississipi, Missouri, Ohio e Illinois


correspondem às descrições históricas e doutrinárias?

O rio Missouri corre diretamente através do sítio um dia


ocupado pelo Jardim do Éden. Ele é muito provavelmente o
rio “Pison”, que “rodeia toda a terra de Havilá”, abençoada
com ouro pelo Senhor. De fato o maior campo de
mineração de ouro na América do Norte, a Homestake
Mine, de Dakota do Sul, localiza-se na bacia de drenagem
do Rio Missouri.

O rio Ohio corresponderia ao “Giom”, uma vez que, como


disse Josefo, ele “vem do Leste”. Como o rio Ohio origina-
se em uma região mais oriental do que a do Alto Mississipi
e a do rio Illinois, o território de sua bacia abrangeria a
antiga terra da “Etiópia”.

E, uma vez que o Alto Mississipi origina-se de uma bacia de


alimentação fluvial enormemente espalhada, ou “uma
dispersão”, como Josefo o definiu, ele pode ser identificado
como o antigo “Eufrates”. O rio Illinois seria, portanto, o
antigo “Diglath” ou “Hidequel”. Isto significa que o
território a Oeste dos Grandes Lagos abrangeria a antiga
terra da “Assíria”. Alimentado por seus quatros tributários
principais, o Baixo Mississipi corre para o Sul e, portanto,
“sai do Éden”.

Nas regiões orientais do Éden, em meio a um sistema fluvial


paradisíaco, os Deuses haviam plantado um jardim
maravilhoso. Estava repleto de inúmeras variedades de vida
vegetal e animal destinadas a trazer grande alegria aos
primeiros pais humanos da Terra –- e também continha as
sementes de sua eventual Queda e morte. A esse “Jardim
do Éden” os Deuses trouxeram Adão e pouco depois sua
esposa Eva.
Questionário – Capítulo 19

Perguntas para Responder

1 – Tradicionalmente, em que lugar os teólogos têm situado


o Jardim do Éden? Onde ele se localizava realmente?

2– Qual era o nome do continente primevo da Terra? Como


sabemos que havia apenas um continente quando Adão e
Eva chegaram à Terra?

3– Após a Terra ter sido preparada para a chegada de Adão


e Eva, onde ficava a maior parte das águas oceânicas? O
continente primevo da Terra circundava-a completamente?
Como sabemos disso?

4– Quando foi que a massa territorial da Terra se


fragmentou em continentes e ilhas? Que profeta famoso
nasceu aproximadamente ao tempo em que isto ocorreu?
Quanto tempo após o Dilúvio de Noé teve lugar a divisão
da Terra? Quanto tempo fazia que Adão e Eva haviam
deixado o Jardim do Éden?

5– Quando é que os territórios da Terra voltarão a ser


reunidos? O que acontecerá com os oceanos? O que vai
suceder com os continentes das Américas e da Eurásia? E
com as ilhas?

6 – As plantas e animais têm espíritos? Como sabemos


disso?

7– Quais eram os nomes dos rios localizados na região


oriental do Éden? Que terras eles banhavam? Que
característica especial tem a Terra de Havilá? Que rios
atuais são provavelmente a contrapartida dos antigos rios
do Éden?

Questões a Ponderar

1– Será possível, usando dados geofísicos da crosta


terrestre, reconstruir aproximadamente a forma e extensão
da massa continental primeva da Terra? Onde ficava a
península que se elevou do “Mar Oriental” nos dias de
Enoque? (Ver Moisés 7:14.)
2– O Continente Americano e a Eurásia ainda estão-se
“afastando” desde sua divisão após o Dilúvio? Será que
uma reversão desse movimento sugere a forma pela qual
eles haverão de se juntar, quando suas terras forem
reunidas (elas “voltarão para seu próprio lugar” – D&C
133:24)?

3 – Ônix e obdélio foram encontrados no território


correspondente à antiga terra de Havilá?

Referências – Capítulo 19

1 – Josefo, Antiquities of the Jews (Grand Rapids, Michigan:


Kregel Publications, 1960) I:I:3.

2 – Heber C. Kimball, 27 de junho de 1863, JD 10:235; ver


também Brigham Young, 7 de outubro de 1860, JD 8:195.

3 – D&C 133: 23-24; ver também Brigham Young, 7 de


outubro de 1860, JD 8:195.

4– W. Cleon Skousen, The First 2,000 Years (Salt Lake City,


Utah: Bookcraft, 1953), pág. 232; e o Apêndice
“Explanatory Note on the Chronological Time Table
Covering the Period of the Patriarchs”, págs. 346-351.

5 – Josefo, I:VI:4.

6 – Os Drs. Amos Nur e Zvi Ben Avraham foram os primeiros


a relatar essa evidência à American Geographical Union, em
1977 – ver “Extra Continent May Have Existed”, em Science
News,18 de junho de 1977, pág. 389; consultar também o
artigo de Zvi Ben Avraham, “The Movement of Continents”,
no American Science, Maio-Junho de 1981, págs. 291-299.

7 – Brigham Young, 16 de

setembro de 1871, JD

14:231. 8 – Josefo I:I:3.

9 – Brigham Young, 7 de outubro de 1860, JD 8:195.

10 – Joseph Smith, 16 de junho de

1838, History 3:39-40 (nota de

rodapé). 11 – Josefo I:I:3.

12 – Milton R. Hunter, Pearl of Great Price Commentary


(Salt Lake City, Utah: Stevens and Wallace, 1948), pág. 108.
Capítulo 20

Adão e Eva Chegam ao Jardim do


Éden

“E da costela, que os
Deuses haviam tirado do
homem, eles formaram
uma mulher e levaram-
na para o homem”.
(Abraão 5:14-16)

O estudante atento já terá notado que Adão não foi trazido


diretamente ao Jardim do Éden quando chegou à Terra. As
Escrituras apenas dizem que Adão foi inicialmente colocado
na Terra em “um jardim” (Abraão 5:8). Só depois de algum
tempo ele foi transferido para um enclave especialmente
preparado, dentro desse jardim, o qual era chamado
“Jardim do Éden”:

“E os Deuses tomaram o homem e puseram-no no Jardim


do Éden para cultivá-lo e guardá-lo”. (Abraão 5:11)
Adão Torna-se Senhor de Toda a Terra e Eva é
Trazida a Ele

Logo após Adão estabelecer-se no Jardim do Éden, “Deus, o


Pai, tornou Adão senhor desta Criação”, explicou Heber C.
Kimball.(1) Brigham Young foi mais específico: “(...)
porque a responsabilidade por esta Terra foi colocada nas
mãos de Adão e seus filhos (...), ele é o senhor da Terra”. (2)
E não é de surpreender que Lúcifer e suas hostes de anjos
caídos estejam tentando desde então arrebatar esse
domínio da posteridade de Adão. (3)

Pouco depois da chegada de Adão ao Jardim, Eva foi

trazida a ele (Abraão 5:16). Então o Senhor disse aos

dois: “De toda árvore do jardim podes comer

livremente,

“mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não


comerás (...) porque, no dia em que dela comeres,
certamente morrerás”. (Moisés 3:16-17)

De início as Escrituras não nos dizem que parte específica


da “árvore do conhecimento do bem e do mal” Adão e Eva
estavam proibidos de comer. Só mais tarde, quando foram
tentados por Satanás, descobrimos que era do “fruto” da
árvore
(Moisés 4:9). Contudo, a despeito das lendas a respeito da
“maçã”, em nenhum lugar das Escrituras nos é dito que tipo
de fruto crescia na árvore.

Tanto Moisés (Moisés 3:17) como Abraão (Abraão 5:13)


relatam que Adão e Eva foram claramente instruídos
(Moisés 4:9) de que, se qualquer um deles comesse da
“árvore do conhecimento do bem e do mal”, no transcurso
do “dia” ou “no tempo” em que dela comessem,
morreriam.

Resolvendo o Problema do “Cálculo do Tempo”

Esse período de “um tempo”, acrescenta Abraão, era


segundo “o tempo de Colobe” o qual, ele já havia explicado,
correspondia a mil anos para nós. (4) Até que nossa Terra
assumisse sua órbita atual neste Sistema Solar, como
explicou o Apóstolo Erastus Snow, “os sistemas atuais de
cálculo do tempo não poderiam ser aplicados ao homem –-
fossem dias, meses ou anos”. (5) Isto explica porque o
registro da Criação, nas Escrituras, só usa os termos “anos”,
“meses” ou “dias” para designar sistemas terrenos de
cálculo do tempo depois de Adão ter caído.

De fato, a primeira alusão das Escrituras à palavra “dias”,


como agora os medimos, é relativa aos muitos “dias” da
vida de Adão, vida essa que ele haveria de experimentar
após deixar o Jardim do Éden (Moisés 4:23). A primeira
menção a “ano” indicando a quantidade de tempo que a
Terra leva para realizar uma volta ao redor de nosso Sol
não ocorre senão após Adão já ter 130 anos (Moisés 6:10).
E a primeira ocorrência da expressão “mês” em sentido
cronológico só aparece no grande Dilúvio de Noé, 1656
anos depois da Queda de Adão e Eva. (6)

Tudo isso confirma o que é dito no relato da Criação, que,


ao tempo da organização da Terra, o Sol e a Lua não
constituíam medida de tempo para nós, mas só assumiram
essa importante função após a Queda. Abraão definiu de
modo exato que o Sol e a Lua foram organizados “para
serem por sinais e por estações e por dias e por anos”
(Abraão 4:14) –- mas isso só veio a acontecer após a queda
da Terra neste Sistema Solar.

Adão Morreu no Prazo de “Um Dia do Senhor”

O livro de Gênesis reporta que Adão morreu com 930 anos


de idade (Gênesis 5:5). Entretanto, quando Joseph Smith
preparou sua tradução inspirada da Bíblia, registrou que a
idade de Adão quando de sua morte era, na verdade, de
apenas um pouco menos que mil anos. Posteriormente
ele foi mais especifico, dizendo que Adão morreu cerca
de seis meses antes de completar um milênio. (7)

Não sabemos quanto tempo Eva viveu, mas se sobreviveu a


Adão não pode ter sido por mais de alguns meses.

(Três anos antes de sua morte, Adão promoveu um


conselho de família com todos os seus descendentes justos,
no vale de Adão-ondi-Amã. Lá o Senhor apareceu à
congregação e todos os presentes “ergueram-se e
abençoaram Adão”; e ele, apesar de muito “curvado pela
idade”, levantou-se e predisse o que sucederia a sua
posteridade “até a ultima geração” –- D&C. 107:53-56.
Antes se presumia que esse encontro tivesse ocorrido no
ano 3073 a.C. Sabemos agora que na verdade ele teve
lugar cerca de setenta anos mais tarde, isto é, no ano 3003
a.C.)

E a Questão da Costela?

Após Adão e Eva terem recebido suas instruções


alimentares do Senhor, os registros sagrados descrevem um
evento muito curioso:

“E os Deuses disseram: Façamos uma adjutora adequada


para o homem, porque não é bom que o homem esteja só;
portanto formaremos uma adjutora adequada para ele.
“E os Deuses fizeram um sono profundo cair sobre Adão e
ele dormiu; e eles tomaram de uma de suas costela e
fecharam a carne em seu lugar;

“E, da costela que os Deuses haviam tirado do homem, eles


formaram uma mulher e levaram-na para o homem.”
(Abraão 5:14-16)

Deve-se ressaltar que a palavra “adequada” significa


“digna de”, “apropriada”, “à altura de” –- ou seja, os
Deuses queriam que Adão tivesse uma companheira digna
dele em todos os aspectos. As Escrituras afirmam
claramente que essa companheira era nada menos que
esposa de Adão. (8)

Apesar de tanto Moisés como Abraão afirmarem


expressamente que Eva foi criada da costela de Adão, essa
passagem da Escritura refere-se em verdade a outra coisa.
Brigham Young assim explicou o assunto:

“Foi dito por Moisés, o historiador, que o Senhor fez Adão


cair em um sono profundo e tirou de seu lado uma costela,
formando a mulher, a quem Adão denominou Eva. Isto
deve ser interpretado como significando que Adão, como
todos os outros homens, tinha em si a semente para
propagar sua espécie –- mas a mulher, não. Ela concebe a
semente, mas não a produz. Consequentemente ela foi
tirada do lado, ou das entranhas, de seu pai [ou seja, ela
nasceu do homem]. Isto explica o mistério das palavras
enigmáticas de Moisés com respeito a Adão e Eva.” (9)

Esse conceito fez B. H. Roberts tecer o seguinte comentário:


“Quanto à história da costela, creio que sob ela se oculta o
mistério da procriação”. (10) Em outras palavras, a história
da costela é simplesmente uma forma simbólica de dizer
que Eva, assim como Adão, nasceu de um pai e uma mãe.

Isso não afasta, contudo, a possibilidade de que tenha


havido um transplante literal de uma costela, ou parte de
uma costela, do corpo de Adão para o de Eva. Da mesma
forma que os estigmas do corpo ressuscitado do Salvador
servem para provar sua identidade como Redentor de toda
a humanidade, a transferência do material da costela de
Adão para Eva demonstra que eles foram os primeiros pais
da raça humana. Esse pode ser o significado da declaração
subsequente de Adão, de que Eva se tornara “osso de meus
ossos e carne de minha carne” (Abraão 5:17).

De qualquer modo, o episódio da costela não é uma


descrição da criação do corpo de Eva a partir de uma das
costelas de Adão. E essa compreensão ajuda a solucionar
um importante problema.
Resolvendo uma Discrepância Entre os Relatos
da Criação de Moisés e Abraão

Aqueles que comparam com cuidado os relatos da Criação


de Moisés e Abraão reconhecem uma discrepância na
sequência desses eventos. Moisés afirma que o incidente
da costela de Adão ocorreu no sétimo dia, após Adão e
Eva, as plantas e os

animais terem sido trazidos à Terra (Moisés 3:18-25).


Abraão, no entanto, indica que os animais não chegaram
senão após o incidente da costela. (Abraão 5:14-21)

O que sucede é que tanto Moisés como Abraão estão-se


referindo à mesma série de eventos, porém sua ordem não
é muito importante. Isto porque o nascimento de Eva, do
mesmo modo que o de Adão e o dos primeiros pais de
todas as formas de vida, ocorreu na realidade algum tempo
antes do Terceiro Período da Criação. Assim, não tem
grande importância em que ponto cronológico Moisés e
Abraão situam o nascimento de Eva –-simbolizado pelo
episodio da costela –- uma vez que ele não ocorreu
efetivamente durante o Terceiro Período da Criação.

Adão e Eva são Marido e Mulher: Adão Afirma a


Santidade do Matrimônio

Estando agora casado, e antevendo o dia em que haveria de


produzir descendência mortal, Adão reiterou o propósito
pelo qual ele e Eva, e sua futura progênie, deveriam vir à
Terra:

“E Adão disse: Esta era osso de meus ossos e carne da


minha carne; agora ela será chamada Mulher, porque foi
tirada do homem;

“Portanto deixará o homem seu pai e sua mãe

e apegar-se-á a sua mulher; e eles serão uma

carne. “E estavam ambos nus, o homem e sua

mulher, e não se envergonhavam.” (Abraão

5:17-19)

O planeta Terra existe para que cada um de nós possa obter


um corpo físico e crescer até a maturidade, dentro de uma
família. Então, com as bênçãos do Santo Sacerdócio, nós
partimos do lar de nossos pais terrenos e casamo-nos com
um cônjuge amado, para o tempo mortal e para toda a
eternidade, em um templo do Senhor. Como Adão e Eva,
estamos iniciando um novo reino, só nosso, um reino no
qual produzimos descendentes e os criamos até atingirem a
maturidade, dando-lhes proteção, sustento e cuidado
amoroso.

Todo o conjunto de leis sociais e políticas que nosso Pai


Celestial revelou para a felicidade e prosperidade de seus
filhos confirma que Ele quer que cada um de nós participe
desse ambiente familiar seleto. Se o fizermos, cada
indivíduo da raça humana poderá cumprir a medida de sua
criação na mortalidade.

Adão Dá Nomes aos Animais

Pouco após Adão e Eva estarem instalados em seu jardim


paradisíaco, Adão teve o privilégio de dar nomes a todos os
animais viventes da terra e do ar. Note-se que Adão não
recebeu a incumbência de dar nomes às variedades de
vida marinha que haviam sido colocadas nas águas da
Terra; ele só deu nomes aos animais terrestres e às aves do
ar:

“E da terra os Deuses formaram toda besta do campo e


toda ave do ar; e levaram-nas a Adão para ver como as
chamaria; e o que Adão chamasse cada criatura vivente, tal
seria seu nome.

“E Adão deu nome a todo o gado, às aves do ar, a toda


besta do campo; e para Adão foi encontrada uma adjutora
própria para ele.” (Abraão 5:20-21)

Uma vez que sabemos que Adão passou por um véu de


esquecimento antes de ser colocado no Jardim do Éden, é
natural perguntar: Onde Adão obteve conhecimento
suficiente para dar nome a toda uma multidão de seres do
reino animal? A resposta é que, conquanto Adão fosse
inocente, ele não era ignorante.

Algum tempo após sua chegada ao Jardim do Éden, Adão


foi inteiramente reeducado nas coisas que precisaria saber
na mortalidade. Seu instrutor foi Deus, o Pai. Joseph Smith
ensinou que durante sua permanência no Jardim do Éden

“Adão recebia instruções, andava e falava com Ele (seu Pai)


como um homem fala e se comunica com outro”. (11)

Brigham Young também ensinou que “Adão conversava


com seu Pai, que o havia colocado sobre esta Terra, do
mesmo modo que nós conversamos com nossos pais
terrenos”. (12) Ele declarou, ainda, que nessas conversas o
Senhor ensinou Adão e Eva a

“fazer aventais de folhas e depois vestimentas de pele, e


mostrou a Adão como extrair metal de minérios, do mesmo
modo que um homem instrui a outro.” (13)

Esse conhecimento foi transmitido aos filhos de Adão. Anos


depois de Adão e Eva serem expulsos do Jardim, já
encontramos seus descendentes praticando a escrita,
ativamente empenhados na construção de cidades e
produzindo artefatos de metal, instrumentos musicais e
muitos outros mecanismos de tecnologia adiantada
(Moisés 5:42, 45-46). E, ainda mais, Joseph Fielding Smith
diz-nos que “quando [Adão] veio à Terra, o Senhor ensinou-
lhe um sistema perfeito de governo” (14), que também foi
transmitido às gerações subsequentes.

Mas estamo-nos adiantando na história. Adão e Eva não


haviam ainda deixado seu glorioso paraíso.

Os Primeiros Animais da Terra Possuíam a


Capacidade de Falar

Todos os animais que foram trazidos a Adão para que lhes


desse nome eram, como tudo mais nesta Terra, imortais e
santificados (2 Néfi 2:22). De acordo com Josefo, havia uma
característica adicional partilhada então pelo reino animal:
eles podiam falar. Na verdade, todos falavam “uma só
língua”. (15)

Essa capacidade de se comunicar não esteve ao alcance dos


animais apenas no estado preparatório de santificação,
mas, como testemunhado por João, o Revelador, ela
também existirá na ressurreição (Apocalipse 4:8). Houve
até ocasiões excepcionais na mortalidade em que animais
tiveram permissão para falar, como quando o profeta
renegado Balaão foi censurado pelo próprio animal que
cavalgava (Números 22:28-30).

Entre os seres falantes que viviam no Jardim havia uma


serpente que, informa-nos Moisés, era “mais astuta do
que qualquer besta do campo” (Moisés 4:5). Com “astuta”
Moisés queria dizer “muito persuasiva”, como veremos a
seguir.

Questionário – Capítulo 20

Perguntas para Responder

1– Adão foi colocado imediatamente no Jardim do


Éden quando veio à Terra em estado de
esquecimento? O que aconteceu?

2 – Quais eram os nomes das duas árvores diferentes


colocadas no Jardim do Éden? Onde foram postas?

3– Que mandamentos Adão e Eva receberam ao chegar ao


Jardim do Éden? De acordo com o Profeta Joseph Smith
quanto tempo Adão viveu após a Queda?

4 – Qual é o verdadeiro significado da história da costela?

5 – Adão era casado? Com quem? Qual o


significado de “uma adjutora” para

Adão? 6 – Quem deu nomes aos

animais? Todos eles receberam nome?

Questões a Ponderar

1-- Considerando a idade de Adão quando morreu, que


eventos históricos importantes aconteceram enquanto
ele ainda estava vivo?

2 – Do mesmo modo que os homens comunicavam-se na


linguagem perfeita de Adão, existe alguma evidência de
que houve tempo em que o reino animal tinha uma forma
altamente desenvolvida e universal de articular
comunicação? O que devemos fazer para que essa
capacidade de usar uma linguagem perfeita possa ser
restaurada entre os animais?
Referências – Capítulo 20

1 – Heber C. Kimball, 27 de junho de 1863, JD 10:235.

2 – Brigham Young, 23 de junho de 1874, JD 18:249.

3 – Erastus Snow, 3 de março de 1878, JD 19:274.

4 – Abraão 3:4; e também Abraão, Fac-símile Nº 2, Figura 1.

5 – Erastus Snow, 20 de janeiro de 1878, JD 19:324.

6 – Gênesis 7:11 (ver Moisés capítulos 6 e 7, para obter


informação cronológica).

7 – Robert J. Matthews, A Plainer Translation: Joseph


Smith’s Translation of the Bible (Provo, Utah: Brigham
Young University Press, 1975), págs. 84-85. (Esta correção
ainda não foi incluída em Moisés 6:12).

8 – Abraão 5:19; ver também Brigham Young, 20 de abril de


1856, JD 3:319.

9 – Brigham Young, 7 de fevereiro de 1877, Journal of L.


John Nuttall (Provo, Utah: Brigham Young University
Library), 1:20.
– B. H. Roberts, The Gospel and Man’s Relationship to
10

Deity, 11ª edição (Salt Lake City, Utah: Deseret Book


Company, 1966), pág. 269.

11 – Joseph Smith, 7 de abril de 1844, KFD, pág. 200.

12 – Brigham Young, 12 de janeiro de 1862, JD 9:148; ver


também 13 de novembro de 1870, JD 13:305.

13 – Brigham Young, 20 de abril de 1863, JD 10:221.

14 – Joseph Fielding Smith, Doutrinas de Salvação, 3 volumes,


1:104, em português.

15 – Josefo, Antiquities of the Jews (Grand Rapids, Michigan:


Kregel Publications, 1960), I:I:4.
Capítulo 21

Um Paraíso Terrestre Perdido

“Adão caiu para que os homens


existissem.”
(2 Néfi 2:25)

Numa Terra paradisíaca o palco estava agora montado para


a queda de Adão e Eva –- e também do próprio
Planeta. Os Deuses haviam introduzido no Jardim um
determinado fruto, e uma personalidade que poderia
convencer Eva a comê-lo.

O Que Motivou Satanás a Iniciar a Queda

No relato da Criação das Escrituras não há indício da razão


pela qual Satanás desejava enganar Eva, fazendo-a comer
do fruto proibido.

Certamente, como explicou o profeta Leí, se Eva não tivesse


dado esse passo, ambos, ela e Adão, “deveriam
permanecer para sempre (...) E não teriam tido filhos” (2
Néfi 2:22-23). Ao interferir no status quo vigente Satanás
perdeu uma ótima oportunidade de frustrar o plano do Pai
para dar mortalidade a seus filhos. Se ele tivesse deixado
as coisas como estavam, a família espiritual do Pai ainda
estaria esperando para vir à Terra ganhar corpos físicos.
Então, o que motivou essa personalidade malévola a tentar
Eva e assim desencadear a Queda?

A resposta a essa pergunta pode ser encontrada na


insaciável ambição de poder de Satanás. Seu desejo era o
de exercer completo e ilimitado controle sobre nosso corpo
e mente, isto é sobre todas as nossas ações e pensamentos.
Como diria o Senhor posteriormente, Satanás tentou
nossos primeiros pais para que se tornassem “sujeitos à
vontade do diabo” (D&C 29:40).

É obvio que enquanto os descendentes espirituais do Pai


permanecessem no céu –- que era uma porção da Terra
espiritual separada e isolada dos domínios do “inferno”,
onde Satanás e seus seguidores viviam –- esses
descendentes estariam protegidos contra as influências de
Satanás, cujos desígnios megalomaníacos continuariam
frustrados. Assim sendo, a

única forma de Satanás obter poder sobre os filhos


espirituais do Pai era impelindo-os para a mortalidade,
onde eles poderiam mais facilmente ser tentados e, se
possível, subjugados aos seu desejos.

E acrescentando-se a suas artimanhas ditatoriais havia


ainda a questão do próprio planeta Terra. Anteriormente
tinha sido negado a Satanás o privilegio de criar a Terra
física (Abraão 3:27-28) e, sem dúvida, essa ofensa deve ter
sido ainda mais agravada pelo fato de ele ter sido rejeitado
como Salvador da humanidade, sendo afinal expulso do
mundo celestial. Pior ainda, Satanás descobriu que, junto
com seus seguidores, estava confinado à própria Terra que
ambicionara criar e salvar. Assim sendo, não foi surpresa
alguma que ele cobiçosamente procurasse assumir o
controle dela, autoproclamando-se Senhor e governador da
Terra e de tudo o que ela contém. De fato, Brigham Young
ensinou que Satanás “tem reinado sobre esta Terra desde
os dias da Queda até agora”. (1)

Contudo, como ressaltou o Apóstolo Erastus Snow, quando


Adão e Eva vieram para cá, foram eles que receberam
“domínio sobre a Terra, como deuses, para ser governantes
da Terra e de tudo que nela há”.(2) Portanto, para
concretizar sua vã ambição de governar tanto o Planeta
como os seres inteligentes que haveriam de habitá-lo,
Satanás compreendeu claramente que de alguma forma
precisaria seduzir Adão e Eva e induzi-los a partilhar do
fruto proibido.

Mas o que haveria de tão especial nesse fruto?


A Função do Fruto Proibido

“Depois que Adão e Eva comeram do fruto proibido”,


ensinou Brigham Young, ”seus corpos tornaram-se mortais
devido aos efeitos dele e, assim, seus descendentes
também foram mortais” (3) Ou seja, não foi simplesmente
o ato da desobediência que tornou mortais os corpos antes
imortais de Adão e Eva – foi a consequência física direta da
ingestão do fruto proibido.

O “fruto da árvore” (Moisés 4:9, 18, 23) ou o “fruto


proibido”, como é chamado em outras partes das Escrituras
(4), era diferente de todas as demais frutas da Terra
santificada: ele era mortal. Isto é, o fruto havia de alguma
forma escapado ao processo de santificação que então
prevalecia entre todas as coisas vivas da Terra. E, porque
ele era mortal, estava capacitado a alterar o fluido
circulatório principal do corpo humano. Como explicou
Joseph Fielding Smith:

“Comer do fruto proibido subjugou o poder do


espírito (que corria pelo sistema circulatório de
Adão e Eva) e criou sangue em seus corpos (o qual então)
tornou-se a vida do corpo (...). O sangue não era apenas a
vida do corpo, mas continha em si as sementes da morte”.
(5)

Mas essa passagem de espírito para sangue não foi


instantânea. O fruto em si apenas iniciou um processo de
degradação nos corpos de Adão e Eva. Após sua expulsão
do Jardim eles “continuaram a beber e a comer dos frutos
do mundo corpóreo”, como ensinou Brigham Young. Ao
final, seus corpos estavam suficientemente impregnados
com substância mortal para “capacitá-los, de acordo com
leis estabelecidas, a produzir tabernáculos mortais”, isto é,
a gerar filhos mortais. (6)

Este é o significado da ordem dada a Adão e Eva de que,


após sua expulsão do Jardim do Éden, eles deveriam comer
do produto orgânico “do solo” de uma Terra decaída
(Moisés 4:23). Esse alimento não apenas os sustentaria
fisicamente, mas lhes permitiria gerar filhos. Brigham Young
disse que Adão

“começou a obra de criar tabernáculos terrenos


precisamente como ele próprio havia sido criado na carne,
ingerindo o material grosseiro de que a Terra fora
organizada e composta, até que todo o seu organismo fosse
ativado por ele; como consequência, os tabernáculos de
seus filhos foram formados com os materiais grosseiros
desta Terra”. (7)

Mas nada disso ocorreria até que Adão e Eva comessem do


fruto proibido.
Satanás Induz Eva a Comer do Fruto Proibido

A “árvore do conhecimento do bem e do mal” não era


difícil de ser encontrada. Na verdade, as Escrituras dizem
que ela havia sido deliberadamente colocada “no meio do
jardim”, nas proximidades da árvore da vida. (8) E, no
entanto, a despeito de seu fácil acesso, como Eva revelou
(Moisés 4:9), nem ela nem Adão foram atraídos pela árvore
para obter alimento ou por prazer.

Por intermédio de um porta-voz –- a serpente -- Satanás


dispôs-se a persuadir Eva a comer do fruto. É claro que não
procurou enganá-la com mentiras deslavadas. Gentil e
gradualmente ele a foi persuadindo com uma esperta
mistura de mentira com verdade -- método que descobriu
ser o mais efetivo e o qual continua a usar até hoje. De fato,
dizem as Escrituras, ele já vinha usando esse método
desde quando estava na presença de Deus: foi-nos
revelado que Satanás tem sido mentiroso “desde o
princípio” (D&C 93:25).

Vejamos com quanto cuidado Lúcifer planta as sementes da


dúvida na mente de Eva.

“E ele disse à mulher: Sim, Deus disse –- Não

comereis de todas as árvores do jardim? (...) ”

(Moisés 4:7) Isto é: “Deus não disse que poderíeis


comer de todas as árvores?”

A resposta de Eva é reveladora, pois indica

que o fruto proibido não podia ser sequer

tocado: “(...) Podemos comer do fruto das

árvores do jardim;

“Mas sobre o fruto da árvore que vês no meio do jardim,


disse Deus: Não comereis dele nem o tocareis, para que não
morrais”. (Moisés 4:8-9)

Satanás, porém, zombou:

“(...) Certamente não morrereis;

“Pois Deus sabe que, no dia em que dele comerdes,


vossos olhos serão abertos e sereis como os deuses,
conhecendo o bem e o mal”. (Moisés 4:10-11)

A novidade era espantosa. Nós não sabemos por quanto


tempo Eva ponderou sobre essa declaração, mas
eventualmente ela acabou testando o ousado desafio de
Satanás e tocou no fruto que ele lhe estendia.(9) Sem
dúvida Satanás não perdeu tempo em ressaltar que ela
afinal não havia morrido, não era? Na verdade, aí estava a
prova de que Eva não precisava acreditar em tudo o que lhe
havia sido dito: ela podia pensar por si mesma!

As Escrituras relatam que com o tempo ela acabou


racionalizando que “(...) a árvore servia para alimento e que
se tornara agradável aos olhos e uma árvore desejável para
torná-la sábia (...)”. Incapaz de resistir, ela “(...) tomou de
seu fruto e comeu (...)” (Moisés 4:12).

Uma vez tendo Eva comido do fruto proibido, as


inelutáveis sementes da deterioração foram plantadas
dentro de seu corpo imortal. Seus olhos se abriram e ela
começou a observar e a entender tanto o bem como o mal.
(10) Isto também mostra que, algum tempo antes de Eva
transgredir, Satanás já havia adquirido alguma influência
perniciosa sobre os animais do jardim, pois, após Eva ter
comido do fruto, ela pode detectar tanto o bem como o
mal. Na verdade a influência maligna de Satanás já havia
até resultado num pacto de ação com a serpente.

Ao comer do fruto o entendimento de Eva também se


ampliou e ela pode notar coisas que nunca antes havia
apreciado –- compreender coisas que nunca havia
percebido.

Era maravilhoso! Algo bom demais para guardar só para si.


Ela precisava compartilhar essas novas experiências de
corpo e mente com Adão.

Adão Precisa Determinar o Destino da Terra e de


Tudo que Nela Há

As Escrituras não dizem quanto tempo se passou após Eva


ter comido o fruto proibido antes que Adão dele
partilhasse. O registro simplesmente declara que ela “deu
também a seu marido e ele comeu” (Moisés 4:12).

Envolvida nesse ato aparentemente simples estava uma


decisão séria e dolorosa que Adão teve que tomar. Como
Eva, Adão pode ter desejado aventurar-se em uma
experiência de expansão intelectual, mas havia-lhe sido
confiada a guarda do Jardim, da Terra e de toda a vida que
existia sobre ela, Se ele caísse por partilhar do fruto, tudo o
que havia sido criado, inclusive o próprio Planeta, decairia
de um estado elevado e santo para outro, mortal e decaído.

Quando perguntaram a Joseph Smith: “Como a queda de


Adão pôde afetar toda a criação? ”, ele respondeu:

“Adão foi colocado no Jardim, ou na capital de toda a


Terra, e foi-lhe dado o poder de erguer seu cetro sobre
todas as coisas da Terra; portanto, quando ele caiu da
presença do Senhor, todo o seu domínio também caiu.”
(11)

Ou seja, como Adão e Eva haviam recebido “domínio, como


deuses (e) governantes, sobre a Terra e todas as coisas que
ela continha” (12), seus atos determinaram o destino de
seu reino.

Sem dúvida, na decisão de Adão também contou muito o


grande amor que ele sentia por Eva. Ela havia comido do
fruto e seria necessariamente expulsa –- e ele ficaria só no
jardim, a despeito do fato de o Senhor já haver declarado
“que não era bom que o homem estivesse só” (Moisés
3:18). E, mais, Eva com certeza lhe relembrou que ele
também recebera mandamento de multiplicar-se e encher
a Terra. E certamente não poderia fazê-lo sem ela.

Como escreveu o Apóstolo Paulo, ao contrário de Eva,


“Adão não foi enganado” quando comeu do fruto proibido,
mas tomou sua decisão com plena compreensão de suas
consequências irreversíveis (I Timóteo 2:14). Tendo
tomado sua decisão com total conhecimento das
consequências, ele corajosa e voluntariamente ingeriu o
fruto mortal, não apenas para juntar-se a Eva em um
mundo decaído, mas, como Paulo acrescentou, para salvá-
la. A despeito da transgressão de Eva, escreveu Paulo, ela
“salvar-se-á (...) dando à luz filhos (...). (I Timóteo 2:15).
“Adão acompanhou Eva para que o homem existisse”,
disse Brigham Young , “e para que ela pudesse ser salva
dando à luz filhos”. (13) Tal era o amor que Adão tinha por
Eva.

E o resultado? Como Adão mais tarde exclamaria:

“(...) Bendito seja o nome de Deus, pois, devido a minha


transgressão, meus olhos estão abertos e nesta vida terei
alegria; e novamente na carne verei a Deus” (Moisés 5:10).

Eva, da mesma forma, exultou:

“ (...) Se não fosse por nossa transgressão, jamais teríamos


tido semente e jamais teríamos conhecido o bem e o mal e
a alegria de nossa redenção e a vida eterna que Deus
concede a todos os obedientes” (Moisés 5:11).
Mas esse conhecimento só chegou muito mais tarde.

Por Que Adão e Eva Tinham Que Transgredir


Para Provocar a Queda?

Como o fato de Adão e Eva comerem do fruto proibido


tinha conexão direta com sua queda, alguns têm
conjeturado se esse fato teria sido realmente uma
“transgressão”.

Na Bíblia atual o mandamento do Senhor não inclui nada


mais: “dela não comerás” (Gênesis 2:17). Contudo, no
relato original de Moisés, estas importantes palavras foram
acrescentadas: “(...) não obstante podes escolher segundo
tua vontade, porque te é dado (...)” (Moisés 3:17).

Isto sugere que a escolha colocada diante de Adão e Eva


dependia bem mais de seu arbítrio do que usualmente
supomos. Contudo, se comessem do fruto, o Senhor deixou
bem claro que terríveis consequências se seguiriam:

“(...) mas lembra-te de que eu o proíbo, porque, no dia em


que dela comeres, certamente morrerás “ (...) (Moisés
3:17).

É por essas palavras do Senhor que sabemos que, a


despeito de ficar a critério dos dois seguir o mandamento,
comer do fruto era realmente uma transgressão. Muito
mais tarde, quando Adão e Eva já eram avós, o Senhor
falou a Adão e disse: “(...) Eis que te perdoei tua
transgressão no Jardim do Éden” (Moisés 6:53). Apesar de,
no caso de Adão, ser uma transgressão cometida para
respeitar uma lei maior (o mandamento de multiplicar-se e
encher a Terra), o perdão do Senhor não poupou Adão e
Eva de experimentar a morte; seu perdão apenas se
aplicava ao ato da desobediência.

Mas por que a mecânica da Queda requeria que Adão e Eva


desobedecessem ao Pai? A resposta é tão simples quanto
profunda: O Pai precisava levar a cabo a Queda sem ser
pessoalmente responsável por ela.

Se o Pai houvesse de alguma forma coagido Adão e Eva a


cair, eles, juntamente conosco, poderiam culpá-lo por sua
condição decaída e seus consequentes erros e falhas. E
nosso comparecimento obrigatório perante a justiça, no
julgamento final do Pai, poderia ser dispensado sob a
alegação: “Tu nos obrigaste!” De alguma forma, o Pai teve
que prover um ambiente cuidadosamente elaborado, em
que Adão e Eva pudessem por vontade própria pôr em
marcha o processo da mortalidade na Terra, e fazê-lo de
modo inteiramente independente da vontade do Pai. Isto
se consumou de modo integral no Jardim do Éden.

Na verdade, sabemos que o mesmo aconteceu em outros


planetas. Terras “estão continuamente começando a
existir, sofrendo alterações e atravessando experiência
idêntica àquela pela qual passamos”, foi o ensinamento de
Brigham Young. Em consequência, disse ele:

“... toda Terra tem seu Redentor e cada uma tem seu
tentador; e toda Terra com seus habitantes, por seu turno
e vez, recebe o mesmo que nós recebemos, passando por
todas as vicissitudes que atravessamos”. (14)

E neste nosso mundo, uma vez tendo Adão comido do fruto


proibido, os eventos principiaram a se desenrolar em rápida
sucessão.

Face a Face com o Senhor

O primeiro efeito da Queda percebido em Adão e Eva foi


que “os olhos de ambos foram abertos”, de modo que
reconheceram estar sem roupas (Moisés 4:13). Fazendo
aventais com folhas de figueira eles o usaram como recurso
de modéstia.

Mais tarde, dizem-nos as Escrituras, eles caminhavam pelo


Jardim “na viração do dia” (Moisés 4:14). Como já
observamos anteriormente, isto significa “bem cedo pela
manhã”. Então, de modo abrupto, seu alheamento foi
interrompido pela “voz do Senhor Deus” a chamá-los. A
princípio tentaram esconder-se dele, mas foi em vão.
Afinal, foram diretamente interpelados.

O Senhor tinha algumas perguntas a fazer. Por que


andavam se esgueirando? Como souberam que estavam
despidos? E, finalmente. “Comeste da árvore da qual te
ordenei que não comesses (...)? ” (Moisés 4:14-17).
Neste ponto da narrativa, deparamo-nos com outro efeito
da condição decaída de nossos primeiros pais: uma
dificuldade temporária de aceitar responsabilidade por
seus próprios atos. Adão culpou a Eva. Na verdade Adão
questionou o Senhor: Não havia ele ordenado que “a
mulher que me deste permanecesse comigo?” (Moisés
4:18).

E já que Eva havia comido do fruto proibido, ele não tinha


tido outra escolha senão comê-lo também, não era?

Eva foi mais humilde nessa questão. Ela disse com


simplicidade: “a serpente me enganou e eu comi” (Moisés
4:19).

Aparentemente a serpente não teve explicações a oferecer.


Talvez o Senhor não tenha esperado por mais desculpas.
Seja como for, ele maldisse a serpente por sua
cumplicidade voluntária no esquema montado por Satanás.
Essa maldição incluía o comprometimento de seu poder de
locomoção. Ao invés de caminhar, ela e seus descendentes
rastejariam pelo pó, enquanto durasse a mortalidade.
[Quando Abraão registrou a história do Jardim do Éden em
seu diário pessoal, retratou a serpente caminhando
literalmente sobre pernas. (15)]

Há biólogos que salientam que certas variedades de cobras


encontradas hoje retêm vestígios de pernas em seu corpo,
fato que parece estar ligado a essa primitiva maldição do
Senhor. Dentre as 2500 variedades de cobras atualmente
existentes, as maiores –- as “boa constrictors”, jibóias e
anacondas (família boidae) –- apresentam um cinturão
pélvico e vestígios de pernas. Em certas espécies as pernas
são ligeiramente protuberantes. Isto sugere que a serpente
do Jardim do Éden devia fazer parte de alguma dessas
variedades tropicais. (16)

O Plano do Senhor Para a Vida Familiar na Terra

Após ocupar-se da serpente, essa criatura sutil do Jardim


do Éden, o Senhor impôs a nossos primeiros pais várias
condições na vida. Ele afirmou que as “dores” e a
“concepção” de Eva se multiplicariam –- “com dor darás à
luz filhos” (Moisés 4:22). Isto é, o processo de ter filhos na
mortalidade seria uma experiência sofrida e dolorosa.

No entanto, eventualmente Eva perceberia que de algumas


horas de trabalho de parto adviria a mais profunda das
alegrias para sua alma –- alegria que nunca poderia ser
experimentada por Adão ou qualquer outro homem. Ela
haveria de ser genitora na mortalidade, maternalmente
ligada a sua progênie pelo sacrifício físico e emocional do
parto. E, como todas as coisas de valor que requerem
sacrifício, essa coroa de maternidade tornar-se-ia sagrada e
santificadora para ela –- a palavra “sacrifício” deriva do
latim sacer = ”sagrado” e facere = “fazer”; em outras
palavras, sacrifício significa tornar sagrado.
Deveres de Maridos e Esposas

O Senhor disse então a Eva: “(...) teu desejo será para teu
marido; e ele te dominará” (Moisés 4:22). Muitas vezes
essa diretiva tem sido mal interpretada como sendo uma
punição a Eva, ao invés de uma bênção. Na verdade esse
não foi um mandamento para tornar Eva inferior a seu
marido, mas para estabelecer Adão como o gerente
administrativo de uma parceria entre iguais.

O Apóstolo Paulo compreendeu com propriedade que “nem


o homem é sem a mulher, nem a mulher sem o homem, no
Senhor” (I Coríntios 11:11). O Senhor o reconfirmou em
nossa dispensação: um homem e uma mulher, como
esposo e esposa, destinam-se a uma parceria eterna nos
reinos mais altos e glorificados das criações de Deus –- e
não podem alcançá-los separadamente (D&C 131:1-4).

Um marido correto reconhece que do mesmo modo que a


Eva e suas filhas foram confiados os direitos e deveres da
maternidade, a Adão e seus filhos cabe o encargo da
paternidade e o dever de administrar em retidão as
questões da
família. No momento em que um esposo ou pai se esquece
disso e domina abusivamente sua esposa, ele perde seu
direito ao patriarcado eterno no que concerne aos céus
(D&C 121:36-37).

Assim sendo, se um marido for sábio, tratará sua esposa


como parceira com direitos iguais, mas com
responsabilidades que necessariamente diferem das suas.
Ele cuidará de promover a unidade familiar, apoiando-a em
seu chamado como mulher. E reconhecerá que, sem
exercer sua função administrativa, o crescimento espiritual
mútuo será comprometido e nenhum deles, ou sua unidade
familiar, será exaltado.

Sua esposa, por sua vez, garantirá que o marido seja


apoiado e encorajado em seus encargos como chefe
designado da família. Ao desincumbir-se das
responsabilidades dadas por Deus de gerar e criar filhos,
ela não procurará usurpar o papel do marido. Os pais,
juntos, compartilham responsabilidade igual pela exaltação
da família no reino celestial.

Esse modelo familiar foi estabelecido para se alcançar


ordem na Terra e no céu. É muito significativo que sempre
que a luz do evangelho predomina em uma sociedade a
masculinidade e a feminilidade, assim como a paternidade
e a maternidade, recebam a máxima consideração. Por
outro lado, em qualquer sociedade onde prevaleçam
desobediência flagrante e aberta rebelião contra a lei
revelada de Deus, os homens têm fugido de seus deveres
paternos e familiares, enquanto as mulheres tornam-se
seus objetos e escravas daqueles a quem Deus designou
primordialmente para serem seus protetores e
companheiros amorosos.

Mandamentos do Senhor a Adão

Terminando de conversar com Eva, o Senhor anunciou a


Adão:

“(...) Por haveres dado ouvidos à voz de tua mulher e teres


comido do fruto da árvore de que eu ordenei, dizendo: Não
comerás dele, maldita será a terra por tua causa; com dor
comerás dela todos os dias de tua vida.

“Espinhos e cardos também produzirá para ti; e comerás a


erva do campo” (Moisés 4:23-24).

O que parece ser maldição é, na verdade, o


pronunciamento de uma bênção. O Senhor disse a Adão: a
terra será amaldiçoada “por tua causa”, ou melhor, “em
teu benefício”. Este é o “Evangelho do Trabalho”. Ele
estava aí reintroduzindo para Adão a eterna verdade de
que nada de valor se obtém sem trabalho.

Adão e Eva logo aprenderiam isso, ao constatar que só


“pelo suor de teu rosto comerás o pão” (Moisés 4:25). E,
acrescentando-se à dificuldade de extrair o sustento do
solo, o Senhor proclamou ainda que “espinhos e cardos (a
terra) também produzirá para ti” (Moisés 4:24). Como
veremos adiante, contudo, espinhos, cardos e abrolhos não
surgiram de imediato sobre a Terra.

Prescrita uma Forma de Alimentação

Ao final de tudo, disse o Senhor a Adão e Eva, em seu


exílio solitário e triste, que deveriam sustentar-se
comendo “a erva do campo” (Moisés 4:24). Mais tarde,
quando os animais já estavam plenamente adaptados a
sua condição decaída, Adão e Eva e seus descendentes
passaram a consumir também carne.

De tempos em tempos surge o modismo de se subsistir com


dieta estritamente vegetariana, na suposição –- entre
outras coisas –- de que seja mais saudável imitar as leis
dietéticas dadas a Adão e Eva. Essa, entretanto, não é a
vontade do Senhor, pois ele declarou em nossa
dispensação:

“E todo o que manda que se abstenha de carne, que o


homem dela não faça uso, não é autorizado por Deus;
“Porque eis que as bestas do campo e as aves do ar e aquilo
que provém da terra foram estabelecidos para uso do
homem, para alimento e para vestuário e a fim de que ele
tenha em abundância”. (17)

Não obstante, o Senhor nos adverte: ”E ai do homem que


derrama sangue ou desperdiça carne sem necessidade”
(D&C 49:21), já que

“(...) o sangue não será derramado, a não ser para vosso


mantimento, para salvar vossas vidas; e o sangue de todo
animal requererei de vossas mãos”. (TJS Gênesis 9:10-11)

(Perceba-se que Gênesis 9:4, em nossa Bíblia tradicional,


sugere que a carne não deve ser comida. Entretanto, o
registro original de Moisés, como restaurado pelo Profeta
Joseph Smith, indica exatamente o oposto.)

Não obstante, esse consumo de carne é temporário.


Durante o Milênio “quando o homem viver até a idade da
árvore”, ensinou Brigham Young, “seu alimento será de
frutos”. (18) Isaías também declarou que “(...) o leão
comerá palha como o boi” (Isaías 11:7; 65:25). Esse será
um dia em que “a inimizade de toda a carne terá fim” (D&C
101:26).

O Significado Especial do Nome “Eva”

No encerramento da entrevista de nossos primeiros pais


com o Senhor, as Escrituras relatam:

“E Adão chamou o nome de sua mulher Eva, porque ela era


a mãe de todos os viventes; pois assim eu, o Senhor Deus,
chamei a primeira de todas as mulheres que são muitas”.
(Moisés 4:26)

Essa referencia a Eva como “a primeira de todas as


mulheres, que são muitas”, é bastante significativa. O
Senhor revelou que cada planeta semelhante à Terra tem
seu Adão e sua Eva. A primeira mulher, ou Eva, de cada
planeta é honrada com o título de “mãe de todos os
viventes”. (19) Foi por isso que o Senhor disse a Adão que
Eva, “a mãe de todos os viventes”, era “a primeira de todas
as mulheres, que são muitas” (Moisés 4:26). Essa afirmativa
indica que existem inúmeras Evas espalhadas pelo Universo
organizado de Deus.

Adão e Eva são Expulsos do Jardim do Éden

Após o Senhor ter orientado Adão e Eva a respeito da


mortalidade, disse Ele: “fiz túnicas de peles e vesti-os”
(Moisés 4:27). Mais especificamente, o Senhor “ensinou
Adão e Eva a cobrir sua nudez”, mostrando-lhes como fazer
as primeiras “túnicas de pele”. Esse ato exigiu a morte de
um ou mais animais. Pela primeira vez, desde o fim do
Período Preparatório da Criação, a morte voltava a
aparecer em cena. Moisés então relata:
“E eu, o Senhor Deus, disse ao meu Unigênito: Eis que o
homem se tornou como um de nós, conhecendo o bem e o
mal; e agora, para que não estenda ele a mão e partilhe
também da árvore da vida e coma e viva para sempre,

“Eu, o Senhor Deus, expulsa-lo-ei portanto do Jardim do


Éden, para lavrar a terra da qual foi tomado.

“Pois assim como eu, o Senhor Deus, vivo, minhas palavras


não pode retornar vazias, pois assim como saem de minha
boca têm de ser cumpridas.

“Assim expulsei o homem e coloquei, ao oriente do Jardim


do Éden, querubins e uma espada flamejante, que virava
para todos os lados a fim de guardar o caminho da árvore
da vida”. (Moisés 4:28-31)

Note-se que Adão e Eva não foram simplesmente instados a


sair. Segundo Moisés, o Senhor disse: “expulsei o homem”
(Moisés 4:31). É significativo que fora dos domínios do
Jardim a terra ainda não estivesse desenvolvida. Era uma
“terra nua, desprovida de quaisquer benfeitorias”. (21) Por
isso Adão e Eva não tiveram nenhuma vontade de deixar o
Jardim do Éden para explorar ou viver fora de seus limites,
seja antes, seja depois da Queda.

E, para garantir que nem ele, nem sua mulher, fossem


tentados a voltar, o Senhor colocou na entrada oriental do
Jardim “querubins e uma espada flamejante, que virava
para todos os lados a fim de guardar o caminho da árvore
da vida”. Sem essa sentinela angélica, havia a possibilidade
real de que Adão e Eva anulassem os propósitos da Queda.
Isto porque, comendo do fruto da árvore da vida em sua
condição decaída, eles estariam condenados a um eterno
estado imortal sem progênie (2 Néfi 2:22-23). Todo o
esforço investido na criação da Terra tornar-se-ia então
inútil e vazio.

Segundo o Profeta Alma, “se tivesse sido possível a Adão


comer do fruto da árvore da vida naquela ocasião, não
teria havido morte; e (...) (ele) teria vivido eternamente
(Alma 12:23; 42:5). Assim sendo, o grande “plano de
redenção teria sido frustrado (Alma 12:26), porque “não
teria havido morte” (Alma 12:23). Nesse estado, Adão e Eva
“ter-se-iam tornado eternamente miseráveis, privados do
estado de preparação” (Alma 12:26), significando isso que
nunca poderiam ser preparados pela morte para retornar à
presença de Deus.

A Alma é Redimida Pela Morte

Isto é o que o Senhor quer dizer quando fala da “redenção


da alma” em D&C 88:15-16. A “alma” é constituída de duas
entidades –- o corpo espiritual e o corpo físico (D&C 88:15).
Antes que a matéria física associada ao corpo espiritual
possa ser redimida, ela deve ser separada do corpo
espiritual pela morte. A ressurreição, ou reunião
permanente dessas duas entidades após a morte, é a
“redenção da alma”! (D&C 88:16).

Naturalmente, se Adão e Eva tivessem continuado a comer


da árvore da vida no Jardim, seus corpos decaídos nunca
poderiam ter sido redimidos, chegando a se tornar seres
ressuscitados puros e perfeitos. Pelo contrário, teriam que
suportar eternamente as limitações físicas, dores,
ignorância e escuridão espiritual inerentes a seu estado
decaído.

E, o que é ainda pior na opinião de Leí, Adão e Eva não


teriam gerado filhos (2 Néfi 2:23) –- e isto significa que nós
também não teríamos nascido. Como seu parco
conhecimento persistiria, eles não experimentariam
“alegria, por não conhecerem a miséria; não fazendo o bem
por não conhecerem o pecado” (2 Néfi 2:23).

As Escrituras dão a entender que os efeitos mortais da


Queda sobre Adão e Eva, e sobre todas as outras formas
de vida, não foram imediatos. Como veremos a seguir, as
consequências da Queda foram mais prolongadas e
insidiosas. Muitas gerações chegariam à mortalidade antes
que a Terra e a progênie de Adão fossem completamente
expulsos do glorioso ambiente espiritual e temporal que
inicialmente prevalecera sobre o Planeta.

Contudo, a Queda de Adão e Eva realmente impôs um


efeito imediato e visível sobre a Terra em si.

Questionário – Capítulo 21
Perguntas para Responder

1 – Por que Satanás estava tão

ansioso para que Eva desencadeasse

a Queda? 2 – Onde se localizava a

árvore do conhecimento do bem e do

mal?

3– Que método convincente Satanás emprega quando


defende sua causa? A certa altura do diálogo com Eva,
Satanás chamou Deus de mentiroso. Qual foi
especificamente a mentira que Satanás acusou Deus de
dizer?

4– Em que o fruto proibido era diferente de todas as


outras plantas da Terra recém-criada? O que aconteceu
com os corpos de Adão e Eva quando ingeriram o fruto
proibido? Essa transformação se completou
imediatamente?

5 – Qual foi o dilema de Adão ao descobrir que Eva havia


comido do fruto proibido? Por que ele decidiu comer do
fruto também?

6 – Por que todas as coisas – a Terra e tudo que


nela havia – caíram também, quando Adão e Eva

caíram? 7 – Adão e Eva transgrediram ao provocar

a Queda? Como sabemos disso?

8 – Por que o Pai precisou arquitetar a Queda de modo que


ela ocorresse sem qualquer interferência direta de sua
parte?

9– Um drama semelhante ao do Jardim do Éden, como o


que se passou em nossa Terra, teve lugar em outros
planetas parecidos com o nosso?

10 – O que sucedeu com a serpente por cooperar com


Satanás?

11– O Senhor abençoou Adão e Eva após sua transgressão,


apesar de eles não o perceberem de imediato. Quais
foram essas bênçãos?

12 – Adão e Eva relutaram em deixar o Jardim do Éden?


Como o sabemos?
Questões a Ponderar

1– O drama do Jardim do Éden já ocorreu em incontáveis


outros planetas, indicando isto que aparentemente essa é a
única maneira pela qual a mortalidade pode ser instalada
em uma Terra recém-criada. (Ver Brigham Young, 8 de
março de 1857, JD 4:271; 5 de janeiro de 1860, JD 9:108;
28 de setembro de 1862, JD 10:1; e 10 de julho de 1870, JD
14: 71-72.) Por que a Queda foi promovida desta maneira?

2– Quando é que voltará a haver árvore da vida na Terra?


Quem comerá de seu fruto? De que cor é essa árvore?
Quantos tipos de frutas a árvore da vida produz? Com que
freqüência esse fruto é produzido? Indique uma função
especial das folhas da árvore da vida. (Ver 1 Néfi 8:10-12; 1
Néfi 11:8; Alma 32:40; e Apocalipse 22:2, 14.)

3 – Por que é “bom” que o homem tenha uma


companheira? (Pense na etimologia, ou origem, da palavra
“bom”).

4– Historicamente, qual é a relação entre a ascensão e


queda de civilizações e seu apego e apoio à unidade
familiar? O que podemos fazer pessoalmente para
fortalecer o padrão divino de vida familiar?
Referências – Capítulo 21

1 – Brigham Young, 23 de setembro de 1860, JD 8:185; ver


também Wilford Woodruff, 25 de fevereiro de 1855, JD
2:201.

2 – Erastus Snow, 3 de março de 1878, JD 19:274.

3 – Brigham Young, 9 de abril de 1852, JD 1:50 (Itálicos no


original).

4 – 2 Néfi 2:15, 18-19; Mosias 3:26; Alma 12:22; Helamã


6:26; D&C 29:40.

5 – Joseph Fielding Smith, 9 de abril de 1967, “He That

Loveth Me”, na Improvement Era, junho de 1967. pág.

32. 6 – Brigham Young, 28 de agosto de 1852, JD

6:275; ver também Erastus Snow, 3 de março de 1878,

JD 19:272.

7 – Brigham Young, 8 de fevereiro de 1857, JD 4:218; ver


também 28 de agosto de 1852, JD 6:275.

8 – Moisés 4:9 e 5:9.


9 – Brigham Young, 18 de maio de 1873, JD 16:41;

10 – Brigham Young, 23 de junho de 1867, JD 12:70.

11 – Joseph Smith, Times and Seasons, Vol.

VIII, Nº 7 (1º de fevereiro de 1842), pág.

672. 12 – Erastus Snow, 3 de março de

1878, JD 19:274.

13 – Brigham Young, 15 de junho de 1862, JD 9:305; ver


também 27 de dezembro de 1857, JD 6:145.

14 – Brigham Young, 10 de julho de 1870, JD

14:71; ver também 5 de janeiro de 1860, JD

9:108. 15 – Ver “Egyptian Manuscript Nº 7”,

na Improvement Era, fevereiro de 1968, pág.

40-E.

16 – Consultar James A. Peters, “Serpentes”, na

Encyclopaedia Britannica, 15ª edição (1976), 16:562 –

563, 566. 17 – D&C 49:18-19 e nota 18a --

“forbiddeth”, no versículo 18, deve ser “biddeth”.


18 – Brigham Young, 20 de maio de 1860, JD 8:63.

19 – Brigham Young, Deseret

News, 18 de setembro de

1852. 20 – Brigham Young, 20

de abril de 1863, JD 10:221.

21 – Brigham Young, 31 de agosto de 1875, JD 18:73.


Capítulo 22

A Queda do Planeta Terra

“Aos (justos) revelarei


todos os mistérios (...)
Sim, até as maravilhas
da eternidade (eles)
conhecerão.”
( D&C 76:7-8)

Quando Adão e Eva caíram, muitas coisas aconteceram.


Seus corpos iniciaram a mudança da imortalidade para a
mortalidade. Os reinos vegetal e animal também
começaram a mudar da imortalidade para a mortalidade.
Mas a maior das mudanças ocorreu mesmo com o planeta
Terra. Ele foi literalmente deslocado no espaço. Como já
mencionamos anteriormente, Brigham Young ensinou:

“Quando a Terra foi formada e passou a existir, e o homem


foi colocado sobre ela, isso aconteceu próximo ao Trono
de nosso Pai dos Céus. E quando o homem caiu (...) a Terra
caiu no espaço e assumiu seu lugar neste sistema
planetário, e o Sol tornou-se nossa luz”. (1)

Após a Queda de Adão, escreveu Parley P. Pratt:

“a Terra não mais pôde manter sua posição na presença de


Jeová, mas foi arremessada para longe, na imensidão do
espaço, para permanecer lá até que se cumprisse o tempo
em que ela ficaria submetida ao pecado e a Satanás”. (2)

Brigham Young explicou que é precisamente por isso que a


consequência direta da transgressão de Adão é
denominada “a Queda”. Disse ele:

“Quando o homem pecou (...) (a Terra) foi projetada


abaixo, a milhões de milhas de distância de sua posição
inicial, e essa é a razão pela qual tal fato recebeu o nome
de ‘a Queda’. “ (3)

À Procura do Local de Nascimento da Terra

Mas de onde caiu a Terra? Brigham Young ensinou que a


Terra foi inicialmente criada “próximo ao trono de nosso
Pai Celestial”. (4) Joseph Smith também disse que ela foi
criada próximo à “presença de Deus”. (5) John Taylor, que
teve por mentores tanto Joseph Smith como Brigham
Young, foi mais específico. Ele escreveu que nossa Terra

“(...) fugiu e caiu do local onde fora primitivamente


organizada, próximo ao astro Colobe (...).(6)
Temos informações sobre Colobe nos escritos de Abraão. A
estrela Colobe é um glorioso corpo celeste habitado, que
Abraão viu com o auxilio de Urim e Tumim (Abraão 3:1).
Ele disse que ela é uma “grande” estrela situada em alguma
parte de um aglomerado de “muitas grandes” estrelas
governantes (Abraão 3:2-3). Abraão também viu que de
todas as estrelas governantes Colobe era a que estava
“mais perto” ou “próxima” do Trono de Deus (Abraão 3:2,
9); ela é “a primeira criação, a mais próxima do celeste, ou
seja, da morada de Deus”. (7)

Será possível descobrir a posição de Colobe no Universo


visível? Em caso positivo, teremos identificado o exato local
onde quase todos os eventos importantes ligados à história
da criação da Terra ocorreram. Isto abrange o local dos
Grandes Conselhos dos Deuses e o ponto aproximado do
nascimento da Terra. Teríamos identificado também a
região do espaço onde se situava a Terra durante todo o
seu aperfeiçoamento e preparação para receber as formas
atuais de vida. Além disso, terá sido nesse lugar que as
formas atuais de vida foram trazidas ao Planeta –- inclusive
Adão e Eva. E, igualmente, todos os eventos que se
passaram no Jardim do Éden terão ocorrido ali.

Todas essas coisas aconteceram antes da Queda de Adão.


Assim sendo, elas não ocorreram em nosso Sistema Solar.
Talvez não se tenham passado em nenhum ambiente que
se assemelhasse, ainda que vagamente, a nosso sistema
planetário atual. É por isso que nos interessa tanto a
localização da estrela Colobe.
Uma Hierarquia Estelar

Principiamos nossa tentativa de identificar a localização de


Colobe com uma pista importante –- a área abrangida
pelas visões cósmicas de Abraão e Moisés é até certo ponto
limitada. É verdade que Moisés teve permissão de ver
“incontáveis” mundos habitados (Moisés 1:29-38). Da
mesma forma, Abraão viu muitas estrelas, na verdade
tantas que “(...) elas multiplicaram-se ante meus olhos e
não consegui ver seu fim” (Abraão 3:12).

Entretanto, ao contemplar “as estrelas”, é importante


notar que esses profetas não viram as muitas constelações
que nossos astrônomos hoje vêem, tais como os grandes
aglomerados estelares ou mesmo as galáxias. Ao contrário,
Abraão e Moisés simplesmente relatam que viram estrelas
e planetas individuais habitados, cada um com seu nome
(8) e características definidas, tais como sua inclinação de
eixo (que determina suas “estações”), rotação (seus
“dias”) e revolução (seus “anos”). (9)

Abraão disse até que lhe foram dadas informações


astronômicas a respeito de todas as estrelas específicas da
hierarquia estelar entre esta Terra e as regiões próximas da
residência planetária do Pai:

“A ti é dado saber o tempo estabelecido de todas as


estrelas que foram postas para dar luz, até que te
aproximes do trono de Deus.” (Abraão 3:10)
E, no entanto, entre “todas as estrelas que foram postas
para dar luz” que Abraão viu, ele só especificou uma
determinada constelação. E esse é o grupo de “estrelas
governantes” que o Senhor disse que “estava mais perto
do trono de Deus” (Abraão 3:2-3, 9). Isto sugere que a visão
cósmica de Abraão não abrangeu todo o Universo de
galáxias, mas foi restrita às estrelas que se situam em nossa
própria Galáxia -- a Via Láctea.
Uma Constelação Central

Outra pista a respeito da localização de Colobe diz respeito


às estrelas governantes dos domínios do Pai.

Circundando o Trono de Deus, escreveu Abraão, há uma


enorme coleção de estrelas “muito grandes” (Abraão 3:2).
Ele também registrou que em algum ponto no meio dessa
grande constelação havia um grupo de quinze estrelas
governantes (10), das quais a mais eminente se chamava
“Colobe”. Como já mencionamos, Colobe é a que está “mais
perto do trono de Deus” (Abraão 3:2).

Um Véu Protetor

Uma terceira pista sobre a localização de Colobe refere-se à


emissão de energia desse aglomerado central de estrelas.
Abraão ainda viu que Colobe e seu séquito de imensas
estrelas governantes estavam ocultos da Terra por um véu
protetor de poeira interestelar. No “The Egyptian Alphabet
and Grammar”, que foi preparado sob a direção de Joseph
Smith, durante a tradução do Livro de Abraão, aparece esta
afirmação interessante:

“Consideremos a região do espaço que contém as estrelas


governantes como o centro da luz, havendo limites que
essa luz não pode atravessar. Ele colocou uma nuvem
cercando os céus (...) para que a luz (das estrelas
governantes) não a ultrapasse e consuma os planetas.”
(11)

Referindo-se a essa nuvem protetora, Brigham Young


perguntou:

“Por que não podemos contemplar todas as coisas no


espaço? Porque existe uma cortina estendida nos céus que
as deixa fora de nosso alcance de visão. Por que não
podemos contemplar os habitantes de Colobe, ou os
habitantes de qualquer desses planetas distantes? Pela
mesma razão”. (12)

Perceba que essa nuvem de proteção “circunda”, ou é


aproximadamente circular. Ela é também densa o suficiente
para bloquear a luz de uma vasta hoste de poderosas
estrelas, de modo que a vida em nosso Planeta, e em
outras terras, não seja ameaçada de extinção.

O Domínio Estelar de Deus, ou a “Eternidade”

A última pista em nossa busca da localização de Colobe


deriva de várias declarações das Escrituras indicando que o
Senhor governa sobre um vasto império estelar a partir de
um lugar central, as “estrelas governantes” ou o “centro da
luz”. (13) Ao Profeta Joseph Smith foi declarado que o lar
planetário do Pai fica no “meio” de seus domínios cósmicos,
isto é, num local central. A partir desse lugar

“todas as coisas são governadas (pelo) poder de Deus, que


se assenta em seu trono, que está no seio da eternidade,
que
está no meio de todas as coisas. (D&C 88:13).

Essa Escritura também nos mostra que “eternidade” nem


sempre se refere a uma duração infinita de tempo, mas
também a um lugar. Aparentemente os domínios do Pai se
chamam “eternidade”, e Ele mora no meio –- ou no “seio” –
- dela. Além disso, sejam quais forem os domínios do Pai,
Ele refere-se a eles como “todas as coisas”.
Como já sabemos que nosso Pai tem um pai, e existe uma
sucessão e linhagem de Deuses que avança infinitamente
pelo passado, no tempo e no espaço, “todas as coisas”
devem ser limitadas aos domínios de nosso Pai. Quaisquer
que sejam esses domínios, nosso Pai os chama pelo nome
de “eternidade”.

Com esta nova compreensão, muitas Escrituras passam


afinal a fazer sentido. Conquanto várias delas associem
claramente o conceito de “eternidade” com uma duração
infinita de tempo (14), diversas outras se referem a
“eternidade” como um lugar no espaço.

Por exemplo, o profeta Isaías fala da habitação do Pai na


“eternidade”. Ele vive num “lugar alto e santo” com aqueles
que lograram atingir um espírito quebrantado e contrito.
Eles estão lá a nos encorajar aqui na Terra, para que
também possamos alcançar o dom da humildade:

“Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na


eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar
habito; como também com o contrito e abatido de espírito,
para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o
coração dos contritos”. (Isaías 57:15)

Para imprimir na mente do Profeta Joseph Smith e de seus


associados a compreensão exata da pessoa com quem
estavam tratando, o próprio Senhor introduziu uma
revelação moderna com estas palavras:
“Assim diz o Senhor vosso Deus, Jesus Cristo, o Grande Eu
Sou, o Alfa e o Ômega, o principio e o fim, aquele que olhou
por sobre a vasta extensão da eternidade e todas as hostes
seráficas dos céus antes que o mundo fosse feito;” (D&C
38:1)

O Senhor prometeu compartilhar com os justos todas as


riquezas dos incontáveis e inimagináveis domínios da
eternidade:

“E se buscardes as riquezas que é da vontade do Pai vos


dar, sereis o mais rico de todos os povos, porque tereis as
riquezas da eternidade; e é necessário que as riquezas da
Terra sejam minhas para dá-las; mas precavei-vos contra o
orgulho, para que não vos torneis como os nefitas de
outrora”. (D&C 38:39)

E, novamente:

“Olhai! Meus olhos estão sobre vós e os céus e a Terra


estão em minhas mãos; e as riquezas da eternidade são
minhas e posso dá-las”. (D&C 67:2)

E mais:

“Agora eu, o Senhor, não estou satisfeito com os habitantes


de Sião, porque há ociosos entre eles; e seus filhos
também estão crescendo em iniquidade; também não
buscam sinceramente as riquezas da eternidade, mas seus
olhos estão cheios de cobiça”. (D&C 68:31)
Como é espantoso pensar que nosso orgulho e nossa cobiça
pelas coisas que estão diante de nossos olhos, agora,
possam cegar-nos para as riquezas de domínios muito mais
vastos e eternos! Em nosso estudo veremos que o local
chamado “eternidade” é bem real, tanto no tempo como
no espaço. E em seu centro estão Colobe, junto com um
corpo de estrelas governantes, e o lugar da habitação do
Pai –- o Trono de Deus.

O Lugar de Colobe no Espaço

Com esses fatos à mão, e com o conhecimento astronômico


atual, podemos levantar uma hipótese bastante razoável a
respeito da localização provável de Colobe e das estrelas a
ela associadas.

Recapitulando brevemente:
Primeiro –- notamos que as visões cósmicas de ambos,
Abraão e Moisés, parecem estas limitadas a esta Galáxia.
Nenhum dos dois profetas relatou ter visto quaisquer
organizações cósmicas mais complexas do que estrelas
individuais e um aglomerado estelar central governante.

Segundo –- descobrimos que existe uma nuvem protetora


de matéria interestelar circundando o grupo de estrelas
governantes, para que a intensa energia que delas emana
não destrua a vida nos planetas habitados que orbitam ao
redor de estrelas mais afastadas. Essa nuvem é tão densa,
na verdade, que não podemos ver os raios luminosos
através dela.

Terceiro –- Abraão descreveu uma estrela (o “Trono de


Deus”) cercada por uma hoste de “muitas” e “grandes”
estrelas governantes –- um conjunto que emite tanta
energia que, se não fosse pela camada interposta de poeira
e gás interestelar, destruiria toda a vida nos domínios do
Pai, em planetas semelhantes à Terra.

Quarto –- Deus governa sobre um único domínio estelar


chamado “eternidade”, e habita no meio dele.

Atualmente os astrônomos conhecem apenas um local no


cosmo visível que se encaixa nessa descrição: as regiões
centrais de nossa Galáxia -- a Via Láctea.
Um Breve Giro Pela Via Láctea

Se pudéssemos viajar para um lugar extremamente distante


e fazer meia-volta para contemplar nossa Galáxia, a Via
Láctea, veríamos de imediato que ela é formada por várias
regiões distintas.

A região periférica é formada por um “halo” esférico


contendo inúmeras estrelas esparsas e muitas centenas de
“aglomerados globulares” (assim denominados porque se
assemelham a “globos” de estrelas). Apesar de cada
aglomerado globular conter centenas de milhares de
estrelas, eles se apequenam diante do restante da Galáxia.

Dentro do halo, e dominando a estrutura da Galáxia, há


como que um gigantesco cata-vento achatado de estrelas,
que é chamado de “disco”. O disco é tão imenso que seriam
necessários 100.000 anos para um raio de luz atravessá-lo
de um lado a outro. Em linguagem astronômica dizemos
que o disco mede “100.000 anos-luz de diâmetro”. E, para
melhor explicar, um “ano-luz” –- a distância que a luz
percorre em um ano –- é de cerca de 9,40 trilhões (9.400.
000. 000. 000.) de quilômetros. (15)

O “disco” da Galáxia é formado por um belo feixe de


“braços” em espiral, cada um consistindo de milhões de
estrelas e nuvens de nebulosas brilhantes. Nosso Sistema
Solar está localizado na extremidade de um desses braços,
a cerca de 27.700 anos-luz do centro da Galáxia e cerca de
50 anos-luz acima do plano de seu disco.

A parte mais achatada do disco galáctico, a qual inclui o


lugar onde agora vivemos, vai-se espessando
gradualmente até que, a 8.000 anos-luz de distância do
centro, o disco alarga-se formando um grande núcleo de
estrelas brilhantes em forma de bulbo. Esse aglomerado
central mede cerda de 15.000 anos-luz de diâmetro e 5.000
anos-luz de alto e baixo.

Ao todo estima-se que a Via Láctea contenha pelo menos


um trilhão de estrelas, a maioria delas no disco e no núcleo.

No Centro

No âmago do núcleo há uma região que é objeto de grande


interesse para os astrônomos. Existem aí aglomerados de
milhões de estrelas, muitas delas maiores e mais brilhantes
que nosso Sol. Próximas ao próprio centro do núcleo
galáctico ficam milhões de estrelas dotadas de intensa
energia, numa região esférica de apenas dez anos-luz de
diâmetro. Na
verdade essa coleção central de corpos estelares é tão
cintilante que supera o brilho de todas as outras estrelas
da Via Láctea combinadas.

Alguém que contemplasse o céu à noite, em um planeta


dessa incrível região central de nossa Galáxia, veria pelo
menos um milhão de estrelas tão brilhantes como Sírius, a
estrela mais cintilante de nosso céu, com exceção do Sol.
Por sobre tudo isso o firmamento brilharia com claridade
igual à de duas mil luas cheias, ou cerca de metade da
luminosidade de um dia ensolarado aqui na Terra. (16) Na
verdade, duvida-se que possa haver escuridão noturna em
qualquer planeta dessa região.

Exatamente no centro da Galáxia há um astro


superpoderoso. Estima-se que seja milhares de vezes
maior que nosso Sol. Ele emana tanta energia, em todos os
comprimentos de onda, que domina completamente o
espaço e as estrelas ao seu redor. (17)

Se nos afastarmos vários milhares de anos-luz desse centro


de energia, chegaremos a uma região formada por imensas
nuvens de poeira e gás interestelar. Esse material bloqueia
de forma tão eficaz a luz visível do centro galáctico que
menos de um trilionésimo dela nos alcança. (18)

Por falar nisso, essa é uma das razões porque podemos


usufruir a escuridão noturna aqui na Terra. Se não houvesse
essa nuvem de poeira interpondo-se entre nós e o centro
da Galáxia, poderíamos facilmente ler à noite com a
luminosidade natural, que seria de magnitude muitas vezes
maior do que a da lua cheia.

Porém, o que é mais importante, se esse nuvem protetora


fosse retirada de volta do centro galáctico, toda a vida na
Terra seria rapidamente exterminada. Se nosso Planeta
recebesse toda a carga de energia proveniente do centro
da Galáxia, seria o equivalente a se acrescentar outro
pequeno Sol ao nosso céu. As temperaturas na superfície
começariam logo a subir, desregulando o atual equilíbrio
termodinâmico. E não se passaria muito tempo antes que a
vida como a conhecemos não mais se pudesse suster.

Mas essa poeira cósmica, apesar de bloquear a luz visível,


não bloqueia outras formas de radiação eletromagnética,
tais como ondas de rádio, raios X e raios infravermelhos, o
que é importante. Como essa radiação não visível
consegue atravessar as nuvens que circundam o núcleo
galáctico, os astrônomos puderam medir sua densidade e
mapear corpos estelares próximos ao centro.

Esses fenômenos astronômicos, em conjunto, sugerem que


Colobe fica localizada em algum ponto dentro das regiões
centrais da nossa Via Láctea.

A “Eternidade” é a Galáxia da Via Láctea

Anteriormente já analisamos esse lugar chamado


“eternidade”. O Senhor disse que habita “no meio da
eternidade” (D&C 88:13). Isto sugere então que todo o
sistema galáctico da Via Láctea seria a “eternidade” tantas
vezes mencionada nas Escrituras.

Já que um número incontável de planetas glorificados


(estrelas) constitui a Galáxia da Via Láctea, podemos mais
facilmente compreender porque o Senhor associa
“eternidade” com Céu.

“E o Senhor disse: (...) Eu sou o Messias, o Rei de Sião, a


Rocha do Céu, que é extensa como a eternidade;” (Moisés
7:53)

O profeta Abraão teve acesso a informações astronômicas


que vieram de seus progenitores, remontando até a Adão
(Abraão 1:3). Ele também obteve informações
astronômicas através de Urim e Tumim, o qual lhe foi dado
pelo Senhor (Abraão 3:1-8). Ao atravessar vastas extensões
desabitadas da Terra, ele fez este curioso, porém
esclarecedor, comentário:

“Portanto a eternidade foi nosso abrigo e nossa rocha e


nossa salvação enquanto viajamos de Harã, pelo caminha
de Jérson, para a terra de Canaã”. (Abraão 2:16)

Alguém que entendia dos domínios siderais de Deus, como


Abraão, referia-se de maneira óbvia ao deslumbrante pálio
noturno da Via Láctea, repleto de estrelas e nebulosas,
como a “eternidade”.
A Presciência do Profeta Joseph Smith

O que é espantoso para este autor é que o Profeta Joseph


Smith compreendesse a “eternidade”, ou este sistema
estelar inteiro, mais de um século antes de os astrônomos
poderem verificá-lo. Nos dias de Joseph Smith os cientistas
ainda acreditavam que o Sol ficava situado em meio a uma
miríade de estrelas, espalhadas mais ou menos
uniformemente por todas as paragens do espaço infinito.
Só cerca de um século após o Profeta Joseph Smith ter
obtido e publicado o registro de Abraão os astrônomos,
com suas observações, acumularam evidências suficientes
para demonstrar que o Sol localiza-se em uma “galáxia”, ou
seja, numa ilha estelar isolada no espaço.

Posteriormente, antes do advento da radioastronomia,


pesquisas feitas a partir dos anos 30, e que maturaram
após a II Guerra Mundial, confirmaram que as nebulosas
que se estendem até o centro da Galáxia eram
suficientemente densas para bloquear quase toda a luz
visível originada ali. E, afinal, só nas décadas de 1970 e
1980 os astrônomos puderam verificar que as regiões
centrais de nossa Galáxia continham milhões e milhões de
estrelas com intensíssima radiação.

E o Profeta Joseph já sabia e compreendia isso um século e


meio antes. Vemos aqui, sem dúvida, o cumprimento da
promessa do Senhor aos justos, quando disse: “Sim, e até
as maravilhas da eternidade conhecerão (...)” (D&C 76:8).
Em toda essa interessante discussão a respeito da Galáxia,
não podemos perder de vista um fato capital: o planeta
Terra foi criado em alguma parte das regiões centrais de
nossa Galáxia, e não no Sistema Solar em que estamos
agora.

Devemos também lembrar-nos de que a Terra não está


destinada a permanecer para sempre aqui no Sistema Solar.
Questionário – Capítulo 22

Perguntas para Responder

1 – Que evento precipitou a Terra neste sistema solar?

2 – Há quanto tempo aproximadamente a Terra tem estado


nesta órbita?

3 – Esta Terra foi criada próximo a uma grande estrela. Qual


é o nome dela? Há outras estrelas a ela associadas?

4– Qual é o propósito do véu protetor que isola a Terra de


um imenso grupo de estrelas que estão “próximas ao
trono de nosso Pai dos Céus”?

5 – Com base nas informações astronômicas e

doutrinárias que possuímos, de onde caiu a

Terra? 6 – O que circunda as estrelas e

constelações do centro de nossa Galáxia, a Via

Láctea? Por quê?


Questões a Ponderar

1– Que teorias aceitas pelas ciências que estudam a Terra e


o espaço são afetadas pelo fato de a Terra só ter estado
neste Sistema Solar desde a Queda de Adão e Eva?

2 – Quais são as “riquezas da eternidade” (D&C 68:31)? Elas


são desejáveis para você? Se sim, por quê? Se não, por
quê?

3– Os astrônomos continuam a refinar suas observações


sobre o centro de nossa Galáxia. O que descobriram eles
com respeito às propriedades da estrela central da
Galáxia e dos aglomerados estelares que a circundam?

4 – Com base nas observações astronômicas recentes, como


seria viver no centro da Galáxia? Que aparência teria o
céu?

5– Que informação específica o Senhor revelou a respeito


do planeta em que reside? E sobre as estrelas e
aglomerados estelares que estão ligados a ele?

6– O centro da Via Láctea fica na direção da constelação de


Sagitário. Onde, dentro desta nossa constelação, fica
localizado o centro da Galáxia? Ele é brilhante ou escuro,
quando visto da Terra?
Referências – Capítulo 22

1 – Brigham Young, 19 de julho de 1874, JD 17:143.

2 – Parley P. Pratt, “The Millennium”, Times and Seasons,


Vol. III, Nº 7 (1º de fevereiro de 1842), pág. 672.

3– Brigham Young, 13 de julho de 1862, em Diary of


Charles L. Walker (1855-1902), (Provo, Utah: Brigham
Young University Library).

4 – Brigham Young, 19 de julho de 1874, JD 17:143.


5 – Joseph Smith, 5 de janeiro de 1841, Words, pág. 60.

6– John Taylor, “The Origin and Destiny of Woman”, The


Mormon (New York: 29 de agosto de 1857), citado em N.
B. Lundwall, compilador, The Vision (Salt Lake City, Utah:
publicado pelo compilador em 1939); republicado por
Bookcraft na década de 1960), pág. 146.

7 – Abraão, Explicação

do Fac-símile Nº 2,

Figura 1. 8 – Salmos

147:4; Alphabet, págs.

26-29.
9 – Ver Abraão 3:4-9; Moisés 1:29; D&C 88: 47, 61 (43-61).

10 – Alphabet, pág. 25.

11 – Alphabet, pág. 25.

12 – Brigham Young, 10 de julho de 1853, JD 1:351.

13 – Alphabet, pág. 25.

14 – Por exemplo, Enos 1:23, Alma 13:7; 34:13; Moroni


8:18; D&C 38:20; 39:22; 72:3; 109:24; 132:7-8, 18-19, 49.
– Neste livro um “trilhão” significa o número 1 seguido
15

por doze zeros, ou um milhão de milhão. Na Grã


Bretanha um “trilhão” significa o número 1 seguido por
dezoito zeros, ou um milhão, de milhão, de milhão.

– R. H. Sanders e G. T. Wrixon, “The Center of the


16

Galaxy”, Scientific American, Vol. 230, Nº 4 (abril de 1974),


págs. 70- 71.

17 – T. R. Geballe, “The Central Parsec of the Gala xy”,

Scientific American, Vol. 241, Nº 1 (julho de 1979), págs.

60-70. 18 – Gerrit L. Verschuur, “Mysteries of the

Galactic Core”, Astronomy, julho de 1975, pág. 36.


Capítulo 23

Planetas na Eternidade
“A Terra gira em suas asas (...) no
meio do poder de Deus.”
(D&C 88:45)

Considerando que o planeta Terra caiu dentro deste


Sistema Solar, é lógico se presumir que possa ser retirado
dele. E foi exatamente isso o que Joseph Smith revelou.

A Terra não Foi Designada a Ficar


Permanentemente Neste Sistema Solar

O Profeta Joseph ensinou que quando a Terra for


glorificada, no fim do Milênio, “ela será rolada de volta até
a presença de Deus” (1) Naturalmente a Terra não poderia
ser rolada “de volta” ao centro da Galáxia, se não tivesse
estado lá antes.

Brigham Young também compreendeu que a Terra era


apenas um visitante temporário neste Sistema Solar:

“Este globo terreno, esta pequena massa opaca atirada ao


espaço, não passa de um minúsculo grão no grande
Universo; e, quando for celestializada, a Terra voltará à
presença de Deus, onde inicialmente fora moldada”. (2)

Em outra ocasião ele ensinou:

“Esta Terra, quando caiu, afastou-se milhões de milhas da


presença de Deus; e, quando retornar, haverá de
distanciar-se milhões de milhas desta sua posição atual,
voltando para o lugar de onde veio”. (3)

Os santos costumavam cantar um velho hino escrito por


Eliza R. Snow, cuja tradução livre é a seguinte:

E tu, ó Terra,
sairás da órbita
Que foste
destinada a
percorrer
E os Deuses,
com brados de
júbilo, Levar-te-
ão de volta ao
lugar
Que te viu nascer. (4)
Dificuldades Para se Transportar um Planeta
Entre Sistemas Solares

Na ficção e na fantasia, planetas ou luas imensos podem


deslizar pelo espaço sideral sem aparente esforço ou
obstrução. Contudo, na vida real, onde eles estão
confinados por um “véu” e sujeitos às leis naturais da
matéria física, tais coisas são impossíveis. Isto devido ao
que já sabemos a respeito da própria natureza da matéria
física.

Uma de suas propriedades importantes é resistir a


mudanças de movimento. Para aumentar ou diminuir sua
velocidade, ou alterar sua direção, é preciso que ela sofra a
ação de uma força.

Como declarou Isaac Newton: todo corpo físico, inclusive a


Terra, resiste a qualquer força que procure acelerá-lo,
freá-lo ou mudar sua direção de deslocamento. (Apesar de
esta lei do movimento ter sido formulada inicialmente pelo
filosofo e cientista italiano Galileo Galilei, em 1638, ela só
se popularizou quando Isaac Newton a classificou como a
primeira de suas famosas três leis do movimento.)

Portanto, para tirar qualquer planeta de sua órbita e


transportá-lo a outro sistema estelar seria necessário o
emprego de uma imensa quantidade de energia, muito
maior na verdade do que todas as forças de que dispõe
hoje a raça humana.
Mas mesmo que dispuséssemos de energia para
transportar a Terra por alguma distância através do espaço,
haveria ainda outro problema a considerar.

No alvorecer do Século XX já se haviam acumulado


evidências de que as leis do movimento de Isaac Newton,
de há muito aceitas, não bastavam para descrever com
exatidão as propriedades da matéria em movimento
quando ela se aproximava da velocidade da luz. Em 1905
tinha-se tornado evidente para Albert Einstein que nem
mesmo a menor partícula de matéria física poderia
ultrapassar a velocidade da luz, porque a essa altura sua
massa, ou resistência à mudança de velocidade, tornar-se-
ia infinita. Isto é, a matéria torna-se mais pesada quanto
mais rápido seu deslocamento. Próximo da velocidade da
luz o corpo em movimento torna-se tão pesado que não
importa quanta energia lhe seja aplicada, não se pode
ampliar sua velocidade. (Esta é uma das importantes
conclusões relativas à matéria física que Einstein extraiu de
sua famosa Teoria da Relatividade, publicada em 1905.)

Essa surpreendente propriedade física da matéria em


movimento foi confirmada por inúmeras experiências. E,
aparentemente, representa uma séria limitação ao
transporte rápido de planetas através do espaço. Mesmo
que de alguma forma pudéssemos conseguir a energia
necessária para mover a Terra em velocidade próxima à da
luz, passar-se- iam inúmeros anos antes que ela chegasse
perto da constelação mais próxima do sistema solar, a
Próxima Centauri (a 4,23 anos-luz do Sol).

De modo mais específico, mesmo em velocidade próxima à


da luz, seriam necessários cerca de vinte e oito mil anos
para se trazer a Terra desde o centro da Galáxia, onde ela
foi criada, até nosso Sistema Solar.

Corpos Santificados São Imunes às Leis do


Movimento Como as Conhecemos

A solução deste problema bem real não se encontra nas


modernas leis da física. Quando a Terra foi transportada
através do espaço ela não era sujeita a essas leis. O
Planeta estava então revestido de um elevado estado de
santificação. Esta, como já discutimos, era uma condição
especial que prevalecia na Terra desde o princípio do
Terceiro Período da Criação. Só depois que a Terra caiu de
seu berço estelar até este nosso Sistema Solar foi que ela
tornou-se sujeita às leis físicas do movimento como agora
as medimos e compreendemos.

Apesar de não termos em mãos uma lista completa das leis


científicas que governam a matéria santificada, sabemos
que, ao contrário da matéria mortal, a matéria santificada
ou transladada não sofre as limitações da velocidade da luz
e das leis do movimento e inércia que observamos na
mortalidade.

Por exemplo, se possuíssemos essa condição santificada


“poderíamos alçar-nos, pelo poder do Altíssimo, de mundo
em mundo, como bem nos aprouvesse” (5), como declarou
Brigham Young. Ou, ainda, poderíamos ascender “à Lua, à
Estrela Polar, ou a qualquer outro planeta existente, e
chegar lá em um instante, da mesma maneira que Jesus fez
quando (...) foi ao encontro do Pai, nos céus, e retornou
novamente à Terra”. (6) Jesus falou desse retorno ao
planeta onde vive o Pai, quando disse a seus discípulos: “eu
subo para meu Pai”. (João 20:17)

Alguns Seres Transladados

Houve outros que experimentaram algumas variantes desse


dom celestial. Néfi fala de ocasiões em que foi arrebatado,
em seu corpo, a altas montanhas, para receber instruções
do Senhor. Isto é, ele não caminhou até o alto da
montanha, mas teve sua própria natureza alterada e foi
transportado para lá (2 Néfi 4:25). Moisés relata uma
experiência similar. Ele disse que foi “arrebatado a uma
montanha sumamente alta” (Moisés 1:1).

Vários meses após sua ressurreição em Jerusalém, o


Salvador visitou o continente americano e conviveu com os
santos nefitas (3 Néfi, capítulos 11 a 27). Em uma reunião
privada com os Doze Apóstolos Nefitas, três deles
receberam corpos transladados (ou santificados) (3 Néfi
28:1-15). Esses corpos não são suscetíveis às leis físicas da
mortalidade. Os nefitas transladados precisam apenas orar
a Deus e podem imediatamente “mostrar-se a qualquer
homem, como lhes pareça conveniente” (3 Néfi 28:30).

Existem outros, inclusive Moisés (Deuteronômio 34:6), Elias


(2 Reis 2:8-12; D&C 110:13), Alma, o Filho (Alma 45:18-19)
e João, o Revelador (João 21:22; D&C 7:1-3), que
experimentaram essa maravilhosa energização e
transformação de seu corpo. Houve casos em que as
pessoas acharam que o individuo transladado havia
morrido. Entretanto, no dizer das Escrituras eles foram
“sepultados pela mão do Senhor”, uma forma figurada de
dizer “transladado” (Alma 45:18-19). Durante o ministério
do Salvador, ambos, Moisés e Elias, que haviam sido
transladados, retornaram à Terra, vindos das paragens
extraterrenas onde viviam, para ministrar conforto ao
Senhor no Monte da Transfiguração (Mateus 17:1-9).

E não apenas seres humanos, mas parcelas inteiras da


crosta terrestre foram também santificadas e transportadas
pelo espaço. No ano 1052, antes do Dilúvio, um numeroso
grupo de pessoas havia desenvolvido uma sociedade tão
justa, sob a direção do profeta antediluviano Enoque, que
sua cidade-nação inteira foi santificada e removida da Terra
para um planeta pertencente à glória terrestre.(7) Essa
remoção miraculosa, ocorrida apenas quatro anos antes do
nascimento de Noé, não envolveu simplesmente os
cidadãos, mas incluiu também o território que ocupavam e
“suas casas, jardim, campos, gado e todas as suas
possessões”. (8)

Antes do Dilúvio, muitos outros seres foram transladados


para juntar-se à Cidade de Enoque, sendo “arrebatados
pelos poderes do céu, a Sião” (Moisés 7:27; TJS Gênesis
14:32).
Algum tempo após o Dilúvio, um transporte semelhante de
território santificado ocorreu com a cidade de Salém. Essa
metrópole mesopotâmica era inicialmente habitada por um
povo cínico e ímpio. No entanto, um rei justo chamado
Melquisedeque, a exemplo do que Enoque fizera antes
dele, conseguiu estabelecer reformas suficientes entre o
povo, de tal modo que sua numerosa comunidade foi
arrebatada para unir-se à cidade de Enoque. (9)

Os habitantes transladados da Cidade de Enoque têm


permissão para viajar de planeta em planeta (10), voltando
à Terra de tempos em tempos, como anjos ministradores,
para servir aos habitantes daqui (D&C 130:5).

Há também evidências de que essa transferência territorial


ocorreu com uma porção das Dez Tribos Perdidas de Israel.
As Dez Tribos, que retornarão em grupo (D&C 133:26-34),
foram desterradas para a “extremidade do céu”
(Deuteronômio

30:4). Falando delas ao profeta Zacarias, o Senhor disse:


“eu vos espalhei pelos quatro ventos do céu (...)”. (Zacarias
2:6). Tudo isso parece indicar que elas estão agora vivendo
em outro planeta, em suas terras referidas nas Escrituras
como as “Terras do Norte” ou “o país do Norte”. (11)

Joseph Smith ensinou que “as Dez Tribos de Israel estão em


uma porção de terra destacada deste Planeta”.(12) Quando
perguntaram a Brigham Young, em 1859, se a exploração
do norte do Canadá resultaria na descoberta das Dez
Tribos Perdidas e seu eventual retorno, ele replicou:
“As nações nada terão a ver com a preparação do caminho
para o retorno delas. Mas quando chegar o tempo de sua
volta, o Senhor fará o trabalho. Elas estão em uma porção
de terra do Norte separada deste globo, a qual não pode
ser vista desta Terra,” (13)

Durante o Milênio, todos os seres transladados que saíram


da Terra retornarão, por meio dos mesmos processos
científicos pelos quais foram levados (Moisés 7:63).

Essas experiências bem documentadas indicam que o


planeta Terra, no estado santificado que nele prevaleceu
durante os últimos estágios do período do Jardim do Éden,
estava imune às barreiras da inércia e da velocidade da luz
durante sua jornada desde o lugar de seu nascedouro
galáctico até a órbita atual. Como explicou Brigham
Young, os Deuses não só estão capacitados a reunir a
matéria-prima do cosmo para formar um planeta, mas
também

“possuem o poder e o conhecimento para fazer com que


astros tornados celestiais assumam seu lugar no espaço,
dando- lhes leis e limites a que devem obedecer e que não
podem trespassar”. (14)

Outras Terras em Nosso Sistema Solar

Agora podemos compreender melhor a declaração do


Senhor, quando disse:

“E como uma terra com seu céu passará, assim outra


surgirá (...)”. (Moisés 1:38).

Conforme já ressaltamos, “céus” refere-se aos corpos


celestes associados com uma terra (D&C 88:43). O que
esta declaração a Moisés indica, então, é que quando uma
terra deixa um sistema solar (“passa” ou vai para longe)
ela deixa para trás os planetas (“céus”) aos quais um dia
esteve associada. Em outras palavras, “(assim) como uma
terra passará” é uma forma figurada de se descrever a
partida de um planeta de seu sistema solar.

De modo similar, “assim outra surgirá” é uma maneira


figurada de descrever a chegada de outra terra para
substituir a antiga. Ou seja, não só nossa Terra é um
membro temporário do Sistema Solar, mas outras terras
podem ter habitado nele antes de nós. Significa também
que outras terras ocuparão esta órbita após nossa Terra ter
partido e retornado às regiões centrais da Galáxia. Joseph
Fielding Smith escreveu que Deus:

“continuará sua obra nesta Terra e em outros planetas, ou


mundos, que tomarão o lugar desta Terra quando ela tiver
sido exaltada e partido para sua glória celestial.” (15)

Isto, no entanto, sugere uma possibilidade intrigante, No


processo de explorar o Sistema Solar, temos abandonado
nele e ao seu redor muito lixo espacial. Incluem-se aí os
restos de espaçonaves na superfície de diversos planetas e
luas. Existem ainda espaçonaves inteiras circunavegando o
Sol, a Lua e diversos planetas. A menos que nos seja
requerido “limpar” ou de alguma forma remover todas as
evidências de nossa presença aqui neste sistema solar,
antes de o deixarmos, futuros habitantes designados para
este sistema, pesquisando o espaço, poderão descobrir
evidências de nossa prévia passagem por aqui.

Do mesmo modo, é pouco provável que nossa Terra tenha


sido a primeira a ocupar uma órbita deste Sistema Solar. Se
habitantes de terras antigas fizeram exploração espacial e
não removeram todas as evidências de suas pesquisas,
poderá

haver artefatos espalhados por este Sistema Solar


evidenciando suas atividades. A busca por esses artefatos
pode ser uma das melhores razões para se expandir as
pesquisas espaciais.

O fato de que a Terra foi criada em algum outro lugar, fora


deste Sistema Solar, e só tem estado nesta órbita nos
últimos seis mil anos, é uma informação de tremendo
significado para aqueles que estão empenhados em
desvendar a complexa tessitura da história da Terra. Muitas
teorias aceitas a esse respeito precisarão sofrer cuidadoso
reexame. Os cientistas terão que reconsiderar
particularmente as áreas de pesquisa em que se presume
que a Terra foi criada neste Sistema Solar e tem
permanecido aqui por bilhões de anos.

Essa informação também afeta tudo o que já estudamos


até agora. A Queda da Terra significa que seu processo de
criação inteiro ocorreu em alguma parte das regiões
centrais da Via Láctea. Isto inclui a criação espiritual, o
nascimento e preparação da Terra física para receber as
formas modernas de vida e a efetiva colocação dessas
formas aqui. Até mesmo as ocorrências do Jardim do Éden
tiveram lugar nas regiões centrais da Galáxia.

Neste ponto, é razoável se perguntar: “Há alguma evidência


científica que sugira que a Terra só está ocupando esta
órbita atual há seis mil anos? ”

A resposta a essa questão é o tema de nosso próximo


capítulo.
Questionário – Capítulo 23

Perguntas para Responder

1 – A Terra deixará algum dia este Sistema Solar? Se sim,


para onde ela irá?

2– Como é possível transportar rapidamente um ser


humano, ou um planeta, através de vastas distâncias
cósmicas? Cite alguns exemplos em que isso ocorreu.

3 – As Dez Tribos, como grupo, estão na Terra nestes dias?


Como você sabe?

4 – Outras terras já habitaram neste Sistema Solar? E, no


futuro, outras terras nele habitarão?
Questões a Ponderar

1– A matéria física é inibida em seu movimento por dois


importantes fatores: 1) Ela resiste a qualquer mudança de
direção ou velocidade; e 2) Ela fica cada vez mais pesada
quanto mais se aproxima da velocidade da luz (em relação
à matéria em repouso). Que leis do movimento afetam a
matéria transladada ou santificada? E a matéria
ressuscitada?

2– Por vezes há quem afirme que pode haver uma outra


Terra em nossa mesma órbita, mas em posição
diametralmente oposta à nossa, do outro lado do Sistema
Solar, de modo que nunca possamos vê-la (porque o Sol a
esconderia). Existe uma Terra assim? Por que sim, ou por
que não?

3– Que evidências se pode encontrar de que não apenas a


Terra, mas também outros planetas e luas de nosso
Sistema Solar são recém-chegados? Há alguma evidência de
que o Sistema Solar foi montado peça por peça, em vez de
se ter condensado a partir de uma nebulosa circulante?
(Pista: Considere os problemas de dinâmica para o Sistema
Solar se condensar a partir de uma nebulosa. Para começar,
os planetas e luas do Sistema Solar retêm uma
porcentagem extremamente alta da aceleração angular
total desse sistema, quando, de acordo com a teoria da
nebulosa, o Sol é que deveria reter a maior parte dela. O
mesmo pode ser dito a respeito de alguns sistemas do tipo
anel-planeta-lua existentes no Sistema Solar.)
Referências – Capítulo 23

1 – Joseph Smith, 5 de janeiro de 1841, Words, pág. 60.

2 – Brigham Young, 13 de julho de 1862, JD 9:317.

3 – Brigham Young, citado em Wilford Woodruff Journals na


data de 13 de julho de 1862.

4– Eliza R. Snow, Sacred Himns and Spiritual Songs, 25ª


edição (Salt Lake City, Utah: The Church of Jesus Christ of
Latter- day Saints, 1912), “Hymn 323 (C. M.)”, 12ª stanza,
págs. 386-387.

5– Brigham Young, 1º de dezembro de 1866, citado em C. J.


Christensen, “Man’s Three Dimensional Future”, em Paul R.
Green, editor, Science and Your Faith in God (Salt Lake City,
Utah: Bookcraft, 1958), pág. 47; ver também B. H. Roberts,
Comprehensive History of the Church, 5:184.

6 – Brigham Young, 8 de outubro de 1876, JD 18:260.

7 – Ver D&C 38:4; Moisés 7:21, 31, 68-69; e também Joseph


Smith, 5 de outubro de 1840, Words,pág. 41.

8 – Brigham Young, 20 de abril de 1856, JD 3:320.


9– TJS Gênesis 14:33-34. Apesar de esta cidade ser
chamada “Salém” (nome arcaico de Jerusalém) na Bíblia
atual (Hebreus 7:1-2), Joseph Smith disse que na verdade
seu nome era “Shalem”, que significa “paz”; Ver Joseph
Smith, 17 de agosto de 1843, Words, págs. 244, 247; e pág.
302, Nota 4.

10 – Joseph Smith, 5 de outubro de 1840, Words, pág. 41.

11 – Ver Jeremias 3:18; 16:15; 23:8; 31:8; Zacarias 2:6; Éter


13:11; D&C 110:11; 133:23-26.

12 – Brigham Young, citado em Wilford Woodruff Journals na


data de 8 de setembro de 1867.

13– Brigham Young, citado em Wilford Woodruff Journals na


data de 21 de dezembro de 1859; ver também 25 de
setembro de 1859.

14 – Brigham Young, 8 de outubro de 1876, JD 18:260.

15 – Joseph Fielding Smith, Doutrinas de Salvação, 3 volumes,


1:153, em português.
Capitulo 24

Evidências de Que a Terra é Uma


Estranha Aqui

“Às vezes
ouço, em
segredo, Um
estranho és
aqui;
Bem sei que
sou um
peregrino De
outra esfera
em que vivi.”
(1)

Do ponto de vista científico uma das mais empolgantes


verdades reveladas nesta dispensação do evangelho é a de
que a Terra não foi criada neste Sistema Solar. Ela foi
trazida para cá cerca de seis mil anos atrás, vinda de um
berço cósmico em um remoto aglomerado de estrelas
governantes, a aproximadamente vinte e oito mil anos-luz
de distância daqui. As implicações geológicas e
astronômicas da jornada interestelar da Terra e de sua
recente chegada em nosso Sistema Solar são enormes.
O Problema dos Estudos Comparativos da Terra

Para princípio de conversa, quase todos os estudos


científicos sobre a Terra são comparativos. Isto quer dizer
que todos os dados relativos a ela são minuciosamente
mensurados, conferidos e comparados com informes
equivalentes relativos à Lua, a meteoritos, planetas, ao Sol
e a estrelas distantes. As especulações resultantes desses
estudos têm sido usadas para se tentar elaborar uma
explicação da origem e história do Universo inteiro, dentro
do qual a genealogia da Terra parece representar apenas
uma porção minúscula.

Os mais abrangentes desses estudos comparativos


baseiam-se em materiais trazidos da Lua, ou provenientes
de meteoritos e micrometeoritos (“estrelas cadentes”) do
espaço sideral que sobreviveram a um mergulho
incandescente através da atmosfera da Terra, atingindo sua
superfície. Em laboratórios de todo o mundo, rochas da Lua
e poeira, encontradas na superfície do Satélite ou perto
dele, têm sido cuidadosamente comparadas com rochas
terrestres. Amostras de meteoritos também têm merecido
severo escrutínio.(2)
Para os casos em que não há amostras, os estudos
comparativos são feitos indiretamente. Robôs e
espaçonaves têm sido enviados a planetas e luas distantes,
para detectar as características de sua atmosfera e
superfície. Essas informações são remetidas à Terra por
transmissão de rádio e comparadas com dados de nossa
própria atmosfera e crosta.

Os estudos de astros de fora do Sistema Solar são feitos


através de complexos telescópios e espectroscópios
construídos em bases terrestres e espaciais. Por meio
desses instrumentos de alta precisão os cientistas
conseguem determinar a composição química de estrelas e
de nebulosas gasosas distantes. Eles calculam ainda a
velocidade média de rotação de vários astros, bem como
sua órbita, temperatura e alterações atmosféricas, além da
presença e orientação de campos magnéticos.

Essas informações também são cuidadosamente


confrontadas com dados referentes à Terra, que hoje
podem ser encontrados em uma vasta biblioteca em
permanente expansão.

E o que descobrimos com esses estudos comparativos?

Uma descoberta importante é que o material de que a


Terra é composta também existe em todas as partes do
Universo, apesar de se apresentar em diferentes
proporções. Com base nas diferenças entre esses materiais
os cientistas têm elaborado muitas teorias de como a Terra
e o Sistema Solar teriam sido criados.

Como a Terra não foi criada neste Sistema Solar, poderia


parecer que estudos comparativos envolvendo astros daqui
não teriam condições de fornecer qualquer informação
direta sobre a criação da Terra. No entanto, como veremos
a seguir, essas descobertas científicas contêm muitas
evidências de que o planeta Terra é não só um estranho
neste Sistema Solar, mas também um recém-chegado.

A Milagrosa Escuridão da Noite

Tem ficado cada vez mais evidente que o sistema solar a


que a Terra agora pertence atende a vários requisitos de
alta precisão para possibilitar a jornada mortal da Terra. Por
exemplo, o Sistema Solar fica distante o suficiente do
centro da Galáxia para permitir a existência do fenômeno a
que chamamos “noite”.

Para avaliar o significado disso, consideremos o que já se


sabe a respeito das regiões centrais da Galáxia. Naquele
berço cósmico onde a Terra foi criada, o fenômeno da
escuridão noturna é inexistente. Como já aprendemos, a
escuridão da noite teve que ser mantida artificialmente
durante a fase inicial da Criação –- Deus disse: “(...) e eu fiz
com que as trevas cobrissem a face do abismo (...)”. (Moisés
2:2). Há uma boa razão para isso.

Se nós pudéssemos ser transplantados a um planeta que


orbitasse em torno de uma das estrelas das regiões centrais
da Galáxia, haveríamos de ficar ofuscados por luz vinda de
todas as direções. Dia e noite o céu estaria coalhado com
um milhão de vezes mais estrelas do que as que aparecem
aqui -- e cada estrela seria mais cintilante do que a mais
brilhante das estrelas de nosso céu noturno. (3)

Era disto que Isaías estava falando quando descreveu a


época em que a Terra retornará a seu nascedouro. Nessa
ocasião ela estará tão envolta em fulgor que “Nunca mais
te servirá o Sol para luz do dia, nem com o seu resplendor a
Lua te iluminará (...)”. (Isaías 60:19), Na verdade, diz ele,
será como se “(...) a luz do Sol (fosse) sete vezes maior,
como a luz de sete dias (...)” (Isaías 30:26) -- um ambiente
que só pode ser descrito como de “labaredas eternas”
(Isaías 33:14).

A Singular Órbita Enviesada da Lua

Em nossa atual localização no Sistema Solar, não só temos a


escuridão da noite, mas a Lua e sua órbita foram
especialmente projetadas para que possamos usufruir
plenamente da beleza do luar.

Quase todas as principais luas do Sistema Solar orbitam ao


redor de seu planeta no plano do equador ou muito
próximo dele. Uma significativa exceção entre os principais
satélites do Sistema Solar é a nossa Lua. Sua órbita é
inclinada em relação ao equador da Terra num ângulo de
cerda de 5º. Combinando-se isso com a inclinação do eixo
da Terra, que é de 23,5º, a Lua pode aparecer entre 18,5º e
28,5º acima ou abaixo do equador celeste –uma linha
imaginaria do céu que se estende do equador em direção
ao espaço. Para nós isso significa que a Lua pode ser vista
melhor no céu noturno do que se orbitasse em qualquer
outra posição.

Para compreender a razão disso consideremos o caso de


uma lua que orbite diretamente sobre o equador de seu
respectivo planeta: essa lua não pode ser vista das latitudes
maiores, norte e sul, nem das regiões polares desse
planeta. Isto porque a curvatura do planeta bloqueia sua
visão. Portanto, nas maiores latitudes, ou próximo aos
pólos do planeta, a lua nunca nasce ou se põe, ou então
está próxima demais do horizonte para ser vista.

Nossa Lua, pelo contrário, devido a sua órbita única,


enviesada, pode elevar-se gloriosa a uma altura significativa
acima do horizonte para ser vista em todas as partes da
Terra, inclusive nas regiões polares.

A Órbita Peculiar da Lua ao Redor da Terra

Se nossa Lua estivesse em órbita geo-sincronizada com a


Terra, a cerca de 35.680 km de altura, (sem contar as
tremendas marés destrutivas que isso ocasionaria!) ela só
apareceria no céu sobre um dos hemisférios, o oriental ou
o ocidental.

Não se trata aqui de um simples cenário hipotético, pois a


lua de Plutão, Charon, está em órbita sincronizada com
esse astro. Ou seja, Charon circunda Plutão exatamente no
mesmo período de tempo que Plutão leva para percorrer
sua própria órbita –- sua translação. Como resultado,
Charon não é de modo algum visível no hemisfério de
Plutão oposto a seu satélite. Além disso, Charon não pode
ser vista de nenhuma das regiões polares. Se tal situação
prevalecesse na Terra, e as criaturas não se afastassem
muito de seu local de habitação, muitas passariam a vida
toda sem ver a Lua.

É muito significativo, portanto, que nossa Lua tenha sido


colocada numa órbita não-equatorial, não geo-sincronizada
com a Terra, de modo a que toda a família humana possa
usufruir dela e se beneficiar de sua influência sobre o
Planeta –- não importa em que parte de sua superfície
vivam as pessoas.

Propriedades Únicas e Incrivelmente Uniformes


do Luar

Em toda a história da humanidade a Lua sempre exibiu


apenas uma de suas faces à Terra. Só em 1960, quando
satélites artificiais foram colocados em órbita ao redor
dela e estudou-se seu campo gravitacional, esse misterioso
comportamento foi finalmente compreendido. Os cientistas
descobriram que a Lua é assimétrica: sua crosta é
consideravelmente mais protuberante na “face oculta” do
que do lado que podemos ver.
Portanto, como a crosta da Lua é distribuída de modo
desigual, o campo gravitacional da Terra mantém a Lua
voltada sempre em uma só posição em relação a ela. Como
resultado, o tempo que a Lua leva para girar uma vez em
torno de seu eixo é exatamente igual ao tempo que ela leva
para realizar uma revolução ao redor da Terra. Assim
sendo, os que aqui vivem só podem ver uma de suas faces.

Mas o que aconteceria se a rotação da Lua fosse mais


rápida do que sua volta ao redor da Terra, de modo que
toda a sua superfície ficasse visível para nós no decorrer de
um certo período de tempo?

A face oculta da Lua é muito diferente de seu lado visível. O


lado visível tem muitos grandes “maria”. (“Maria”,
expressão latina para “Mares”, era o que os primeiros
cartógrafos julgaram ver nela através de seus telescópios
rudimentares.) Os “mares”, na verdade, são extensas áreas
planas de rocha vulcânica escura que cobrem um terço da
face visível da Lua. Eles refletem sobre a Terra de 5% a 8%
dos raios solares que recebem. (Essa porcentagem de
reflexão é denominada “albedo” e é usualmente expressa
em decimais, ou seja, 0,05 em vez de 5%.) Somando-se os
raios refletidos pelas áreas escuras dos “mares” com os
raios refletidos pelas áreas mais claras, o albedo total da
face visível da Lua limita-se a 0,073. Isto é, somente 7,3%
da luz do Sol incidente na face da Lua voltada para a Terra
chega até nós.
Na face oculta, contudo, praticamente não há “mares”. Em
vez disso ela é formada quase que inteiramente por
altiplanos, um terreno montanhoso e cheio de crateras que
reflete duas ou três vezes mais luz do Sol do que os “mares”
–- o que representa albedos de 0,09 a 0,18.

Assim sendo, se as médias de revolução e rotação da Lua


fossem diferentes, o ciclo lunar seria realmente estranho.
A série de fases da Lua de um mês poderia ser bem mais
clara ou mais escura do que a de outro mês. Isto teria
efeitos devastadores sobre o crescimento e o ciclo vital
das plantas e animais. Porém a Lua foi projetada para
fornecer claridade de modo uniforme e para isso está
“confinada” em uma órbita sincronizada, a qual garante
que não haja variação significativa de luminosidade em
seus ciclos mensais.

A Espantosa Superfície Lunar

Outro fenômeno notável relativo à regularidade do luar


refere-se à textura da superfície da Lua. Nosso satélite tem
irregularidades na superfície que consistem de pequenas
crateras e morros, juntamente com grande quantidade de
pedras e poeira. Fato surpreendente é que, como essas
irregularidades da crosta são exatamente do tamanho
certo, os raios solares que incidem sobre ela, provenientes
de vários ângulos, são defletidos para a Terra de modo
harmônico. Isto obviamente não é acidental, já que tal
característica especial não se registra em nenhuma outra
lua do Sistema Solar.

Por possuir material de tamanho correto e adequadamente


distribuído em sua superfície, a Lua cria um efeito visual
uniforme. É impressionante, pois ela é tão brilhante no
centro como nas extremidades! Sem essa propriedade
especial a Lua pareceria muito brilhante no centro e
bastante escura ao longo das bordas, o que sucede com
muitos outros satélites planetários de nosso Sistema Solar.
(4) Também neste caso haveria alterações mais extremas
em luminosidade, quando as fases da Lua se alternassem
em seu ciclo mensal.

Tudo indica que a Lua foi especialmente projetada para


iluminar a Terra de modo regular através de seu ciclo de
revoluções.

O Milagre do Luar Atenuado

Luminosidade “regular”, entretanto, não quer dizer


luminosidade “de intensidade constante”. Apenas
recentemente dois mistérios persistentes da luz que
provém da Lua foram desvendados.

O primeiro deles é que, de acordo com sua estrutura


química, ela deveria ser quatro vezes mais brilhante do
que é. Mas cada grão de pó da superfície lunar é envolto
por pequenas quantidades “extras” de ferro. Esse
revestimento rico em ferro escurece um pouco cada grão,
fato que só se descobriu depois que amostras de material
foram trazidas da Lua. (5)

O segundo mistério diz respeito a um rápido aumento de


luminosidade da Lua, medido pelos astrônomos, que se
inicia cerca de dois dias antes da Lua cheia. Nessa fase a Lua
deveria ser apenas duas vezes mais brilhante do que
quando tem luminosidade média -- no quarto minguante
ou quarto crescente – mas na verdade ela é nove vezes
mais brilhante. Isto

ocorre porque na Lua cheia a luz solar é refletida quase


que verticalmente para a Terra pela superfície grosseira e
irregular do Satélite. E, no entanto, esse aumento
temporário não é danoso para nossos olhos.

Entretanto, consideremos o problema que teríamos se a


Lua fosse envolta por uma nuvem atmosférica como a do
Planeta Vênus. Por ser revestida com uma nuvem
extremamente densa, Vênus tem um albedo de 0,76; isto é,
ela deflete mais de três quartos da luz do Sol de volta ao
espaço, o que significa uma luminosidade dez vezes maior
do que a emitida pela face visível da Lua. Se nosso satélite
tivesse um envoltório de nuvens semelhante, ele seria tão
brilhante que não poderíamos fitá-lo confortavelmente, na
Lua cheia, sem o uso de um filtro de proteção.

Pior ainda seria se a Lua possuísse uma superfície


espelhada como Enceladus, um satélite de Saturno.
Enceladus tem a superfície recoberta por gelo, o que cria
um efeito semelhante a espelho, ou seja, tem um albedo de
quase 0,99. Como resultado, ela reflete mais luminosidade
do que qualquer outra lua ou planeta conhecidos do
Sistema Solar.

Se nossa Lua fosse coberta de gelo, como Enceladus,


veríamos apenas um ponto brilhante no centro de seu lado
visível, na Lua cheia (a imagem refletida do Sol). Além disso,
durante a maior parte do tempo a Terra ficaria
completamente iluminada, tanto de dia como de noite –- a
escuridão completa desapareceria, impedindo-nos de ver
muitas estrelas e planetas, a evidência noturna de “(...)
Deus movendo-se em sua majestade e poder” (D&C 88:47).

O Milagre do Eclipse Solar Total

Há outra propriedade especial do Sistema Solar em que a


Terra habita atualmente, o qual afeta a Lua: o diâmetro de
nosso satélite equivale a 27% do diãmetro da Terra. Para
um satélite ela é proporcionalmente enorme. A maior lua
do sistema solar, Ganymedes, que orbita Júpiter e é maior
do que Mercúrio ou Plutão, tem apenas 4% do tamanho de
Júpiter. Dentre as luas de alta densidade do Sistema Solar,
nossa Lua é a de maior tamanho em relação ao planeta ao
redor do qual orbita.

Acresce-se que sua aparência no céu, vista a partir da


superfície da Terra, exibe quase o mesmo tamanho que o
Sol. Só este fato já seria uma coincidência cósmica muito
improvável. Porém ainda há mais:
Nenhum planeta ou lua tem órbita perfeitamente circular;
todas as órbitas são elípticas, ou ligeiramente ovais.
Entretanto, a órbita elíptica de nossa Lua foi tão
precisamente projetada e alinhada que, a curtos intervalos
periódicos, podemos testemunhar um fenômeno espantoso
e belo denominado “eclipse total do Sol”.

Por vezes esses eclipses totais são “exatos”, significando


que a Lua cobre completamente a parte mais brilhante do
disco solar (denominada fotosfera). Nessas ocasiões
podemos ver a cromosfera avermelhada do Sol, assim
denominada porque os cientistas acham que ela lembra
cromo incandescente. Podemos também contemplar a
extensa coroa solar, com suas fantasmagóricas projeções
de luz perolada espalhando-se pelo Sistema Solar. É uma
visão difícil de se captar em filme e ainda mais difícil de se
descrever, exceto para afirmar que é invariavelmente
deslumbrante (pergunte a qualquer um que a tenha visto!).

Um eclipse solar total exato ocorre quando duas coisas


acontecem: a Lua fica a uma distância correta da Terra e de
modo simultâneo passa diretamente em frente ao Sol, de
modo que sua sombra recaia sobre algum lugar da Terra.
(Se a Lua estiver em posição afastada da Terra, na sua
órbita elíptica, assistimos a um eclipse “anular”, no qual a
Lua não cobre totalmente o Sol. Esses eclipses, contudo,
são menos frequentes que os eclipses totais exatos.)

Poder-se-ia supor que um eclipse total exato do Sol fosse


um evento comum no Sistema Solar, mas não é. Apesar do
fato de haver nele mais de sessenta luas de tamanho
significativo orbitando vários planetas, esse fenômeno da
Natureza só ocorre no planeta em que vive a descendência
de Deus –- aqueles que estão capacitados a usufruir dele.

É tão improvável que seja “acidental” essa ocorrência de


eclipses solares totais, no único corpo celeste conhecido
do sistema solar a abrigar vida inteligente, que alguns
cientistas os consideram como evidência irrefutável da
existência de um Supremo Criador do Universo. (6)

A Lua é Muito diferente da Terra

Como a Lua não foi criada junto com a Terra, perto de


Colobe, não deveríamos esperar que ela apresentasse as
mesmas propriedades físicas e químicas deste planeta. E
realmente não apresenta. Por exemplo, a Lua não tem
atmosfera, clima, continentes ou bacias oceânicas. Sua
superfície é um amontoado de incontáveis crateras e
cadeias de montanhas rugosas (que na verdade são bordas
de crateras semi-enterradas) todas se sobrepondo a
imensas bacias cobertas de lava.

As densidades totais da Terra e da Lua são diferentes.


Enquanto a Terra tem uma densidade média de 4,45 (a da
água é de 1,00), a densidade média da Lua é de apenas 3,34
(esses valores incluem os efeitos da compressão
gravitacional e são, portanto, os mais exatos para
comparação direta). (7)
A crosta da Lua difere significativamente da crosta da Terra.
A crosta da Lua é espessa e rígida, e muito uniforme em sua
composição química, enquanto que a crosta da Terra é
ativa e apresenta mobilidade, tendo propriedades químicas
diversificadas.

Outras diferenças notáveis foram observadas durante as


primeiras explorações tripuladas á Lua. Descobriu-se, por
exemplo, que o solo lunar contém muito menos variedades
de minerais do que a crosta variegada da Terra. De modo
especial, o Solo Lunar contém menos compostos químicos
voláteis (os que evaporam facilmente, como a água e o
enxofre). A Lua também não possui rochas graníticas, nem
famílias inteiras de minerais argilosos, ou umidade de
qualquer espécie (mesmo aprisionada dentro das rochas)
(8), nem carbono livre e oxigênio livre. Lá também há
escassez de minério de ferro.

Entretanto, comparada com a Terra, a superfície da Lua é


rica em titânio, cálcio e alumínio. E, o que é curioso, vários
minerais completamente estranhos à Terra foram
descobertos em seu solo. (9)

Uma diferença muito importante entre a Terra e a Lua é o


fato de que a Lua é completamente desprovida de vida.
Nem mesmo resíduos microscópicos de organismos outrora
viventes, ou compostos químicos com indícios de vida no
passado, puderam ser detectados nas amostras de solo
lunar trazidas à Terra para estudo.
As Modernas Teorias Científicas Não Explicam a
Origem da Lua

Por sobre tudo o que já foi dito se sobressai o problema


desafiador do surgimento da Lua. Uma das tarefas mais
frustrantes e incompletas da ciência planetária é formular
uma teoria razoável e adequada que explique a origem de
nosso satélite.

As quatro teorias mais comuns são:

Fissão –- segundo a qual a Lua foi um dia parte da Terra,


1)

em estado pastoso, tendo-se desprendido dela e derivado


para sua própria órbita;

Surgimento Simultâneo –- teoria pela qual a Terra e a


2)

Lua surgiram ao mesmo tempo, tão próximas uma da


outra, no Sistema Solar primevo, que logo uma principiou a
orbitar a outra;

Atrito de Colisão –- por esta teoria um planeta primitivo


3)

tão grande como Marte teria raspado na Terra,


arrancando material suficiente para formar um anel de
resíduos ao redor dela, o qual eventualmente se aglomerou
criando a Lua; e
4) Captura –- teoria segundo a qual a Terra teria capturado a
Lua em alguma época do passado.

Nenhuma dessas teorias consegue explicar por que há


diferenças tão importantes entre a Terra e a Lua. Por
exemplo, as significativas diferenças químicas e físicas entre
elas excluem a teoria da “Fissão”. Além do mais, não existe
energia suficiente no sistema Terra-Lua para ter algum dia
formando uma protuberância tão grande no corpo da Terra
que se desprendesse para criar a Lua. Pior ainda, a órbita da
Lua é enviesada entre 18,5° e 28,5° em relação ao equador
da Terra, enquanto que pela teoria da “fissão” a Lua teria
que ficar orbitando ao redor da Terra no plano de seu
equador.

As mesmas diferenças químicas e físicas entre a Lua e a


Terra também contradizem a teoria do “Surgimento
Simultâneo”. Outra objeção a ela relaciona-se ao fato de o
sistema Terra-Lua ser, na pratica, o único “par de planetas”
do Sistema Solar. Do ponto de vista estatístico outros
planetas também deveriam ter satélites proporcionalmente
tão grandes como o da Terra, mas nesse sentido o
conjunto Terra-Lua é único entre todos os oito planetas
que circundam nosso Sol. (10)

Quanto à teoria do “Atrito de Colisão”, ela tem sido


exaustivamente estudada em simulações de computador,
mas padece da falha mais gritante de todas: ela não passa
de uma teoria muito imaginativa, pois não há qualquer
evidência externa de que a Terra tenha algum dia sofrido o
impacto de um astro das dimensões de Marte. Essa colisão
tem sido recriada em simulações de computador de forma
aparentemente convincente, mas quaisquer outras teorias
de origem da Lua podem igualmente ser assim simuladas.
Além disso, as significativas diferenças físicas e químicas
entre a Terra e a Lua tornam essa teoria totalmente
inadmissível. (Se uma parte da terra tivesse sido arrancada
por um impacto de atrito para formar a Lua, ambas
deveriam apresentar maiores semelhanças químicas e
físicas –- mesma densidade, mesmos elementos etc., o
que não acontece.)

A teoria da “Captura” parece ser a explicação menos


plausível, simplesmente porque não existe nenhuma força
operante capaz de desacelerar a Lua para que ela pudesse
ter sido capturada pelo campo gravitacional da Terra. No
entanto os astrônomos admitem que, se a Lua tivesse sido
de alguma forma capturada pela Terra, ela teria que já estar
ocupando, ao redor do Sol, a mesma órbita que agora
ocupa no sistema Terra-Lua.

Na verdade foi precisamente isso que aconteceu, com uma


diferença importante: foi a Lua que capturou a Terra e não
vice-versa. A força aplicada para desacelerar a Terra
quando ela entrou em relação coorbital com a Lua foi
inquestionavelmente ativada pelo poder dos Deuses de
controlar os movimentos da matéria organizada do
Universo. No dia em que o Senhor revelar o mecanismo
exato pelo qual a Terra foi trazida ao Sistema Solar, e
colocada em sua atual posição de ligação orbital com a Lua
e o Sol, tornar-se-á obvio por qual motivo nenhuma das
teorias do surgimento da Lua é aceitável.
A Terra É a Única no Sistema Solar

A Lua não é o único corpo celeste do Sistema Solar a diferir


física e quimicamente da Terra. Consideremos de modo
sucinto algumas dessemelhanças importantes entre nosso
planeta e seus vizinhos:

Atmosfera –- As atmosferas dos dois planetas mais


próximos da Terra, Vênus e Marte, são extremamente
diferentes da atmosfera terrestre. Em ambos os planetas a
atmosfera contém mais de 95% de dióxido de carbono e
apenas traços de oxigênio, nitrogênio e vapor de água,
enquanto que na Terra temos 78% de nitrogênio e 21% de
oxigênio, com pequenas quantidades de dióxido de
carbono e vapor de água. (11)

Composição Química –- Apesar de as rochas superficiais de


Marte e Vênus serem em muitos aspectos semelhantes às
rochas basálticas encontradas na Terra (rochas que
compõem todo o piso oceânico), há diferenças químicas
importantes entre elas. É especialmente peculiar a relativa
abundância de certos isótopos de gases nobres (neônio,
argônio, xenônio etc.) encontrados na atmosfera de vários
planetas e em suas superfícies. Apesar de os cientistas
terem levantado a hipótese de que esses elementos e seus
isótopos tenham sido produzidos de modo igual em cada
planeta, durante longos
períodos de tempo, as medições feitas em Vênus e Marte
revelam, por exemplo, que Vênus tem setenta vezes mais
argônio-36 e Marte tem cento e oitenta vezes menos
argônio-36 do que a Terra. (12)

Diversificação Territorial –- A Terra é o único planeta de alta


densidade a possuir formações de terreno claramente
diferenciadas, isto é, continentes formados por rocha
granítica e bacias oceânicas formadas por rocha basáltica.
Todos os outros globos rochosos de nosso sistema solar,
seja planetas, seja luas, não parecem ter atravessado os
estágios mais elementares da nossa Criação –- a separação
de sua superfície em dois tipos de plataformas
quimicamente distintas, com elevações diferentes. Rochas
graníticas ou continentais são particularmente raras na
superfície de outros planetas ou luas rochosos de nosso
Sistema Solar. (13)

Água -- Com exceção da Terra, a água é extremamente


escassa no Sistema Solar. Por tudo que sabemos, a Lua e
Mercúrio não têm nenhuma água. Vênus e Marte também
não têm virtualmente nenhuma, pelo menos comparados à
Terra. Por exemplo, se todo o vapor de água da atmosfera
de Vênus se condensasse em sua superfície, formaria um
oceano de não mais de alguns centímetros de
profundidade. E, em Marte, se todo o vapor de água da
atmosfera se condensasse na sua superfície, o “oceano”
resultante seria de apenas uma fração de polegada de
profundidade. (As calotas polares de Marte realmente
contêm uma quantidade significativa de água, mas ela
parece estar eternamente congelada ali.)

Essa escassez de água líquida não apenas torna a vida


extremamente improvável nesses planetas, mas também
restringe a combinação e distribuição dos minerais. Ao
procurar compreender o ciclo da água na Terra, os
geólogos têm comprovado que ele representa um papel
complexo, porém essencial, na distribuição de elementos
úteis e preciosos por toda a crosta terrestre. Sem esse ciclo,
a distribuição de elementos químicos pela camada
superficial de um planeta ou lua fica extremamente
uniforme e, portanto, inadequada para suprir as
necessidades de minerais de uma grande variedade de
seres vivos. Isto foi verificado não apenas na Lua,
desprovida de água, mas também em Vênus e Marte. (14)

Crateras: Se partirmos do pressuposto, como crêem os


cientistas, de que a Terra tem estado neste Sistema Solar
por milhões e milhões de anos, então, sendo o maior
corpo celeste de alta densidade deste sistema, a Terra
deveria ter sido alvo particular de bombardeamento por
meteoritos. Contudo, apesar de todos os outros planetas e
luas com superfície rochosa ou gelada, do Sistema Solar,
demonstrarem ter sido bombardeados milhares de vezes,
a crosta terrestre só contém algumas centenas de crateras
de impacto. E, mais, as crateras da terra são todas
relativamente recentes, enquanto que as crateras de
Mercúrio, Vênus ou Marte, e da Lua, parecem ser
antiquíssimas.

Muitas vezes se tem sugerido que todos os traços de


primitivos bombardeamentos na Terra foram apagados por
erosão devida a intempéries e atividade tectônica.
Entretanto, esses mesmos processos deveriam ter
apagado também as enormes crateras de Vênus –- algumas
das quais são de mais de cento e sessenta quilômetros de
diâmetro –- mas não apagaram. (Essas crateras localizam-se
principalmente nas antigas planícies e altiplanos de Vênus,
que cobrem 92% daquele planeta.) (15)

Em futuros estudos da história deste Sistema Solar seria


importante reconhecer que Mercúrio, Vênus, Marte, a lua
da Terra e as luas maiores de Júpiter, Saturno, Urano e
Netuno parecem revelar padrão semelhante de colisões
por meteoritos. Isto sugere que todos eles sofreram uma
série de bombardeamentos quando a Terra estava ausente.
(16)

A Órbita Especial da Terra

A órbita da Terra não é exatamente circular. Se fosse, o


Hemisfério Norte teria invernos mais frios e verões mais
intensos, e as latitudes temperadas, onde é produzida a
maior parte dos alimentos da Terra, consistiria de uma
área muito mais restrita. Afortunadamente a órbita de
nosso planeta foi projetada de propósito para moderar as
variações sazonais na maior parte de suas massas de terra.
(17) Nunca se pode enfatizar em excesso a importância
desse fato para o Planeta. A maior parte das terras
habitáveis do mundo –- e seus habitantes –- fica no
Hemisfério Norte e a órbita da Terra foi projetada de
modo a “suavizar” os extremos de temperatura nesse
hemisfério. Um estudo cuidadoso dessa relação certamente
não permitirá que ela possa ser considerada “acidental”.

É verdade que os parâmetros orbitais da Terra mudam com


o tempo. Essas alterações, entretanto, são tão suaves que
de modo geral não há ameaça de modificações radicais em
seu clima, durante o período em que ela deverá
permanecer no Sistema Solar –- um espaço de sete mil
anos.

Se a órbita da Terra fosse apenas 1% mais ampla, nosso


planeta logo seria engolfado por uma era glacial total. Se,
por outro lado, essa órbita fosse minimamente menor, os
oceanos ferveriam e evaporariam, enquanto que um efeito
estufa predominaria por toda parte, elevando a
temperatura da superfície do globo acima do ponto de
ebulição da água. (18)

Entretanto, o fato mais curioso é a descoberta de que a


órbita da Terra é “nova”, uma evidência adicional de que
ela não tem sido parte deste sistema solar por bilhões de
anos.

Se a Terra tivesse orbitado ao redor do Sol por muitas eras,


como rezam as teorias tradicionais, deveria ter-se
desenvolvido uma ressonância coorbital entre ela e o
planeta Vênus, devido à interação gravitacional entre eles.
Essa ressonância pode ser calculada de forma precisa.
Vênus deveria executar uma rotação em exatamente
243,16 dias, para manter sempre a mesma face voltada
para a Terra, no ponto de maior aproximação entre os dois
astros. Mas a rotação de Vênus é ligeiramente menor –- de
241,03 dias. Isto quer dizer que a órbita de Vênus não é
sincronizada com a da Terra, como deveria ser se nosso
planeta tivesse estado aqui por milhões de anos. (19)

E existe ainda o problema dos planetas menores, ou


“asteróides”, que cruzam regularmente a órbita da Terra.
Uma colisão entre um desses planetas menores e nosso
globo teria consequências catastróficas inimagináveis. Na
verdade, um tal choque seria bem mais destrutivo para a
Terra e suas formas de vida do que uma guerra atômica
total. Contudo, a órbita da Terra está alinhada de tal forma
que planetas menores como “Toro” e “Eros”, que cruzam
sempre sua rota, não colidem com ela. Pelo contrário, esses
asteróides têm órbitas estáveis que garantem uma rota de
não-colisão com a Terra por milhares de anos –- mas não
por milhões de anos. Isto também indica que a órbita atual
da Terra é recente. (20)

Uma Terra Primeva Aquecida e Uma Lua Próxima


Demais

De acordo com as teorias cientificas aceitas a Terra tem


estado neste Sistema Solar desde que foi criada; assim
sendo sua principal fonte de calor terá sempre sido o Sol e
não as estrelas do sistema de Colobe. Entretanto, as atuais
teorias de evolução estelar (nascimento, ciclos vitais e
morte das estrelas) propugnam que o Sol tenha sido mais
frio durante todo o Período Preparatório da Terra. Mais
especificamente, por esses cálculos, o calor menor emitido
por um Sol mais jovem faria com que o globo inteiro
permanecesse envolto em um manto de gelo durante todo
o Período Preparatório. Mas não há evidências de um tal
período glacial prolongado no registro rochoso.

Pelo contrário, esse registro contém evidências de que a


Terra era bem mais quente no passado. Enquanto a
temperatura média da Terra hoje é de 15ºC, amostras
antigas de sílex córneo –- uma variedade cristalina de
dióxido de silício, SiO² –- sugerem que a temperatura média
durante o Período Preparatório tenha atingido até 71ºC.
Isto indubitavelmente evidencia que a Terra estava mais
perto de sua estrela no sistema de Colobe, durante os
primeiros estágios de sua criação e no Período
Preparatório. (21)

Um problema similar ocorre com a Lua. Devido à fricção das


marés, uma porção de energia está continuamente sendo
transferida da Terra para a Lua. Como resultado, todos os
dias a rotação da Terra desacelera-se um pouquinho –-
cada dia é cerca de um terço de um bilionésimo de segundo
mais longo que o anterior –- e a Lua se afasta da Terra cerca
de 3,75 centímetros.

Entretanto, se esses cálculos forem analisados


retroativamente, verifica-se que a Lua deveria estar perto
demais da Terra durante seu Período Preparatório. De fato
tão próxima que as marés gravitacionais da Terra teriam
pulverizado a Lua, deixando um anel de poeira ao seu redor
muito parecido com os que existem ao redor de vários
outros astros do nosso Sistema Solar. Mas é claro que isso
jamais aconteceu, porque a Terra não estava próxima da
Lua durante seu Período Preparatório.

Estas são apenas algumas das muitas evidências científicas


que apontam para uma entrada relativamente recente do
planeta Terra neste Sistema Solar. Sem dúvida, à medida
que os cientistas avançarem em suas pesquisas, mais
evidências surgirão de que a Terra não foi criada aqui.

Enquanto isso, o que terá acontecido com Adão e Eva após


a Queda? Como terá sido habitar em uma Terra recém-
decaída? E, particularmente, o que terá sucedido quando a
Terra foi amaldiçoada, mais de um século após a Queda,
quando ela afinal entrou plenamente em seu estado de
mortalidade? Esses são os temas do próximo capítulo.
Questionário – Capítulo 24

Perguntas para Responder

1– O que significa a afirmação de que os estudos sobre o


Universo e a Terra são “estudos comparativos”? Como são
eles efetuados? Em que medida são diretos ou indiretos os
métodos utilizados para se obter esse conhecimento?

2 – Por que a escuridão da noite é tão

incomum? Em que lugar nunca existe

noite? 3 -- O que há de tão incomum no

luar? O que o faz ser como é?

4– O que é tão raro na órbita da Lua? Como ela se compara


com as de outras luas que orbitam ao redor de outros
planetas do sistema solar?

5 – Quais são as diferenças significativas entre a Lua e

a Terra? E entre Vênus e a Terra? E entre Marte e a

Terra? 6 – O que há de tão incomum nos eclipses


solares totais vistos a partir da Terra?

7– Quais são as quatro teorias mais comuns a respeito da


origem da Lua? Onde é que elas falham? Qual a que mais
se aproxima de ser a certa?

8 – O que há de tão curioso na órbita da Terra? Que

evidências existem de que essa órbita é realmente

nova? 9 – As temperaturas na Terra primeva eram

mais quentes ou mais frias do que as atuais? Por

quê?
Questões a Ponderar

1– Que outra evidência científica, além das referidas neste


capítulo, indica que a Terra chegou apenas recentemente
a este Sistema Solar? Por exemplo, há perturbações
(distúrbios) nas órbitas de outros corpos do Sistema Solar
que poderiam ser atribuídas à chegada aqui do planeta
Terra, cerca de seis mil anos atrás?

2– Já que a Terra foi transferida do centro da Galáxia para


este Sistema Solar, será possível que outros planetas e luas
daqui sejam igualmente visitantes chegados ao nosso
Sistema Solar? Haverá evidências científicas de que eles
foram criados em partes diversas do cosmo? Há alguma
prova de que eles chegaram apenas recentemente a este
Sistema Solar?

Referências – Capítulo 24

1 – Eliza R. Snow, “Ó Meu Pai”, hino em português, Hinário


de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
2– Ver, por exemplo, o interessante livro de Michel
Maurette, Hunting for Stars, com o relato de toda uma
vida dedicada à pesquisa de micrometeoritos (New York:
McGraw-Hill, 1993).

3– R. H. Sanders e G. T. Wrixion, “The Center of the


Galaxy”, Scientific American, Vol. 240, Nº 4 (Abril de 1974),
págs. 70- 71.

4– L. W. Frederick e R. H. Baker analisam essa “função


fotométrica” da Lua em An Introduction to Astronomy, 9ª
edição (New York: D. Van Nostrand Co., 1981), págs. 105-
106. Ver também Otto Struve, Elementary Astronomy
(Oxford, England: Oxford University Press, 1959), págs. 94-
95.

5 – “It’s Not a Silvery Moon”, Astronomy, maio de 1974, pág.


45.

6– M. Mendillo e R. Hart, “Total Solar Eclipses, Extra-


terrestrial Life, and the Existence of God”, em Physics
Today, fevereiro de 1974, pág. 73. As cartas escritas em
resposta a este artigo só serviram para reforçar o
argumento original dos autores em favor da existência de
um Criador Supremo (ver a Seção de Cartas dos exemplares
de agosto de 1974 e fevereiro de 1975 de Physics Today.)

7 – Alan E. Rubin, “Whence Came the Moon”, em Sky and


Telescope, novembro de 1984, págs. 389-393.

8– Há a possibilidade de haver água em forma de gelo na


Lua. Se cometas gelados atingiram crateras profundas
localizadas bem próximo aos pólos da Lua, seu gelo pode
ainda estar lá nas sombras dessas crateras onde nunca
brilha o Sol. Contudo, essa água congelada não será nativa
da própria Lua, que é o ponto que estamos tentando
enfatizar: as rochas que formam a crosta da Lua, pelo que
saibamos, não contêm água.

9– Ver Don L. Anderson, “The Interior of the Moon”, Physics


Today, março de 1974, págs. 44-49; R. A. Pacer e W. D.
Ehmann, “The Apollo Missions and the Chemistry of the
Moon”, Journal of Chemical Education, Vol. 56, Nº 6 (junho
de 1975), págs. 350-356; J. A. Wood, “The Moon”, Scientific
American, Vol. 233, Nº 3 (setembro de 1975), págs. 92-102.

10– Muitos astrônomos não consideram Plutão e seu


satélite Charon como um verdadeiro sistema planeta-lua.
Assim, nosso Sistema Solar consiste de oito, não nove
planetas. Ver Daniel W. E. Green, John E. Chambers e
Gareth V. Williams, “Is Pluto a Planet? No.”, em Astronomy,
agosto de 1994, págs. 6-8;
– R. Dagani, “The Planets: Chemistry in Exotic Places”,
11

Chemical and Engineering News, 10 de agosto de 1981,


págs. 25- 36.

– M. B. McElroy e M. J. Prather, “Noble Gases In the


12

Terrestrial Planets”, Nature, Vol. 293 (15 de outubro de


1981), págs. 535-539.

– Ver Bruce Murray, et al. Earthlike Planets (San


13

Francisco: W. H. Freeman, 1981), págs. 64, 198; também J.


W. Head, et al., “Geologic Evolution of the Terrestrial
Planets”, American Scientist, Vol. 65, Nº 1 (janeiro-fevereiro
de 1977), pág. 28.

14 – Ver Bruce Murray, et al., capítulos 3 e 4.

15– Ver G. H. Pettengill, et al., “The Surface of Venus”,


Scientific American, Vol. 243, Nº 2 (agosto de 1980), págs.
54-65; e
J. K. Beatty, “Radar View of Venus”, Sky and Telescope,
fevereiro de 1984, págs. 110-113.

– William K. Hartmann, “Cratering in the Solar System”,


16

Scientific American, Vol. 236. Nº 1 (janeiro de 1977), págs.


84- 99.

17 – C. Covey, “The Earth’s Orbit and the Ice Ages”,

Scientific American, Vol. 250, Nº 2 (fevereiro de 1984),


pág. 61. 18 – M. H. Hart, Icarus, janeiro de 1979.

19 – “The Rotation of Vênus”, Sky and Telescope, setembro


de 1979, págs. 232-233.

20 – R. L. Duncombe, et al., “Toro:The Imprisoned Bull?”, em


Sky and Telescope, junho de 1974, págs. 381-383.

– A. P. Ingersoll, “The Atmosphere”, Scientific American,


21

Vol. 249, Nº 3 (setembro de 1983), págs. 172-173;


também
Science News, 5 de março de 1977, pág. 154 e 9 de outubro
de 1976, pág. 229.
Capítulo 25

Epílogo: A Terra Temporal


“ (...) o Senhor criou a
Terra para que fosse
habitada;(...)
(1 Néfi 17:36)

Mais ou menos ao mesmo tempo em que a Terra assumia


sua nova órbita neste Sistema Solar, Adão e Eva viram-se
expulsos de seu Jardim paradisíaco. As Escrituras dizem:

“E aconteceu que depois que eu, o Senhor Deus, os


expulsei, Adão começou a lavrar a terra e a exercer domínio
sobre as bestas do campo e a comer o pão com o suor de
sua fronte, como eu, o Senhor, lhe ordenara: E Eva, sua
mulher, também trabalhava com ele.” (Moisés 5:1)

A Terra solitária e triste para onde Adão e Eva foram


exilados era um ambiente desolado e rude “sem quaisquer
benfeitorias”. (1) Com certeza não era nenhum lugar
desejável para se viver.
Moisés não diz onde Adão e Eva fixaram residência após
sua saída forçada do Jardim do Éden. É significativo que
querubins e uma espada flamejante tenham sido colocados
ao oriente dos domínios do Jardim, para guardar a Árvore
da Vida, quando Adão e Eva foram expulsos (Moisés 4:31).
Isto sugere que eles tenham deixado o Jardim por sua saída
oriental.

Adão e Eva Estabelecem-se em Adão-Ondi-Amã

Pelas revelações modernas somos informados de que Adão


e Eva viajaram para Norte e para Leste, cruzando o rio
Missouri, e se estabeleceram em um vale às margens do
que é hoje conhecido como o Rio Grande, cerca de 107 km
na direção Norte-Nordeste do Jardim do Éden. (2)

Esse primeiro lar nas regiões setentrionais do Missouri não


foi escolhido por Adão e Eva ao acaso, mas era, como
ensinou Joseph Smith, “o lugar indicado por Deus para ser
a residência de Adão”. (3) O local recebeu o nome de
“Adão-Ondi-Amã”, que lhe foi dado pelo próprio Senhor
(D&C. seção 116).
Quando Adão e Eva lá chegaram descobriram que a região
estava “cheia de árvores frutíferas e belas flores, feitas para
a recuperação do homem”. (4) Ou seja, apesar de ambos,
Adão e Eva, terem que trabalhar com afinco no solo dessa
nova terra, para obter seu sustento, o Senhor não os deixou
totalmente sem ajuda e encorajamento.

Não obstante, os efeitos da Queda sobre a Terra estavam


começando a aparecer. Percebia-se isto por uma razão:
plantas e animais entravam em decomposição. Tudo ao
redor de Adão e Eva parecia estar “desmoronando”.

Os Efeitos da Queda Manifestam-se


Gradualmente -- e a Terra é Amaldiçoada

Ao contrário do que se imagina, no entanto, os efeitos da


Queda em Adão e Eva e sua posteridade não foram
sentidos de imediato. Brigham Young revelou:

“(...) quando o pai Adão transgrediu a lei, ele não caiu de


um momento para outro da presença do Senhor, mas ainda
continuou falando face a face com Ele por um longo
tempo. [Sua posteridade] foi pecando e se degenerando
de geração em geração, até ficarem tão afastados do
Senhor que um véu de escuridão caiu sobre eles, e o
homem não mais pôde falar com o Senhor, exceto através
de um profeta. Durante esse período a Terra e toda a
Criação gemiam sob o peso do pecado e a hostilidade
aumentou -- e as vidas de homens e animais decresceram
em duração.” (5)

É surpreendente que Adão e Eva já fossem avós quando


afinal Satanás conseguiu levar a posteridade de Adão a
tornar-se completamente “carnal, sensual e diabólica”
(Moisés 5:13). Com o correr do tempo as escabrosas “obras
das trevas” de Satanás –- conspirações, assassínios e
mutilações –- tornaram-se generalizadas entre a raça
humana, mais isso só ocorreu após seis gerações de
homens terem nascido na Terra e Adão e Eva estarem com
bem mais de um século de idade (Moisés 5:49-56). Só então
o próprio planeta Terra foi amaldiçoado pelo Senhor:

“E assim as obras das trevas começaram a prevalecer entre


todos os filhos dos homens.

“E Deus amaldiçoou a Terra com uma pesada maldição e


ficou irado com os iníquos, com todos os filhos dos
homens que ele fizera;

“Porque não davam ouvidos a sua voz (...)”. (Moisés 5:55-


57)

Antes dessa época o Planeta estava livre de espinhos,


cardos e abrolhos e outras ervas daninhas. Mas agora eles
começavam a aparecer entre as plantas da Terra. Brigham
Young ensinou:
“cardos, espinhos, abrolhos e ervas daninhas não
apareceram senão após a Terra ser amaldiçoada.” (6)

Contudo, esse foi apenas o começo das maldições que


pesariam sobre a Terra em sua condição decaída. À medida
que homens e mulheres continuaram a “roubar, blasfemar,
brigar, odiar-se mutuamente e cometer assassínios, a
hostilidade estendeu-se também aos animais e pássaros”.
(7)

Durante os séculos subsequentes aqui na mortalidade, a


iniquidade generalizada de comunidades e nações inteiras
resultou na maldição de grandes regiões da crosta
terrestre. O antigo sítio de Babilônia tornou-se uma
desolação perpétua, habitado apenar por animais ferozes e
aves de rapina (Isaías 13:19-21). Só existem ali planícies
estéreis, cobertas de sal, e um lago carregado de minerais,
onde antes floresciam as cidades de Sodoma e Gomorra. (8)
A própria Palestina foi amaldiçoada, assim como muitas
regiões da África e das Américas do Norte e do Sul. (9)
Indubitavelmente, à medida que surgirem registros de
Escrituras de outras civilizações antigas, elas explicarão
porque tantas regiões da variada geografia da Terra são
desoladas e inóspitas.
Remoção da Maldição da Terra

Do mesmo modo que maldições destrutivas assolaram a


Terra e seus habitantes, devido à iniquidade, assim também
essas feridas ambientais podem ser curadas pela retidão. O
Senhor prometeu que se obedecermos a seus conselhos,
revelados através dos profetas vivos, haveremos de habitar
em

“(...) uma terra de promissão, uma terra que mana leite e


mel, sobre a qual não haverá maldição, quando o Senhor
vier;”
(D&C 38:18).
Portanto, ensinou Brigham Young:

“cada pessoa pertencente à família humana tem uma


parcela de obrigação a cumprir para remover a maldição
da Terra e de todos os seres viventes que a ocupam.” (10)

Essa restauração da Terra está implícita no mandamento


dado pelo Senhor bem no início do Terceiro Período da
Criação: “(...) encham a Terra e subjuguem-na! (...)”
(Abraão 4:28)

A paz entre os animais, e entre eles e nós, também será


promovida da mesma maneira. Por isso ensinou Brigham
Young:

“Se pararmos de combater as serpentes e afastarmos toda


a hostilidade, tratando todos os animais com gentileza, logo
as serpentes tornar-se-ão inteiramente inofensivas, a ponto
de poderem ser tocadas sem perigo, e as crianças
poderão brincar com elas sem se ferir.” (11)

Quando as pragas tiverem sido removidas de sobre a Terra,


a família humana terá finalmente oferecido um convite
adequado e aceitável ao Salvador para seu retorno
permanente.

Cada um de nós recebeu “um legado de Deus para exercer


domínio sobre os elementos”, como ensinou Brigham
Young. Devemos utilizar esse legado a fim de construir e
organizar a Natureza “para nosso próprio beneficio, beleza,
conforto, excelência e glória”. (12) O que é mais
importante, entretanto, é que tomemos dos elementos da
Terra

“e a tornemos como um Jardim do Éden, para que os anjos


se agradem de vir morar aqui, e Jesus Cristo se deleite em
habitar na Terra com seus irmãos”. (13)

A Terra Temporal Reage de Acordo com um


Padrão Preestabelecido

Como na Terra o tempo é contado segundo a mortalidade,


podemos pensar em nós mesmos como habitantes de uma
Terra “temporal”. O Senhor determinou que nosso planeta
existisse temporalmente, ou “no tempo”, por sete mil
anos mais um “breve período”. (14)
De acordo com a preordenação da família dos Deuses,
durante o período temporal da Terra bilhões e bilhões de
filhos e filhas espirituais do Pai teriam o privilégio de
habitar aqui e receber um corpo físico. Esse privilégio seria
também extensivo a uma hoste de incontáveis plantas e
animais.

Foi preordenado ainda que, após um período de tempo


relativamente curto de existência, o Planeta seria
totalmente imerso em água. Esse foi seu batismo. (15) Os
habitantes da Terra referir-se-iam futuramente a esse
importante evento com o “Dilúvio” dos dias do profeta
Noé.

Depois que as águas do Dilúvio baixassem o suficiente, a


crosta terrestre seria dividida nos hemisférios Oriental e
Ocidental.

De tempos em tempos, durante a vida temporal do globo,


partes de sua crosta seriam transladadas e removidas
daqui. Entretanto, durante o Ano Sabático milenar da
Terra, denominado Milênio por seus habitantes, todas as
massas terrestres e continentais transplantadas seriam
restauradas a sua posição natural (Moisés 7:63-64).

E, à medida que os membros da família espiritual do Pai


fossem vindo à Terra física, cada um por seu turno,
comunidades, cidades e nações se ergueriam e declinariam
em influência política, social e econômica, segundo a
retidão coletiva de seus cidadãos e de acordo com sua
parte no plano do Pai.

Para ajudar a estabelecer uma forma de vida feliz entre os


seres humanos de todas as partes, o Pai enviaria seus filhos
espirituais mais nobres e grandes entre as nações da Terra.
Nenhuma nação seria privada disso. (16). Os lideres e
profetas inspirados declarariam universalmente as
seguintes boas novas:

- Só estamos privados da memória de nosso passado


glorioso temporariamente.

-Todos os homens viveram um dia com Deus e, se forem


obedientes a seus mandamentos, poderão voltar para o
antigo lar a seu lado.

- A morte não é o fim de nossa existência.

- A ressurreição de nossos corpos a um estado de perfeição


seguramente há de acontecer.

-A glória de nossa ressurreição dependerá de nossa


obediência à luz e conhecimento que recebermos aqui na
Terra para nos orientar.

E para aqueles que desejarem receber as maiores


recompensas prometidas por essas boas novas, os profetas
do Senhor também declararam:
- Tende fé em Jesus Cristo, o Salvador e Redentor do mundo,
e arrependei-vos de vossos pecados.

-Então, através dos canais legítimos do Sacerdócio, sede


batizados e recebei uma confirmação de bênçãos
espirituais através do dom do Espírito Santo.

-Quando necessário, milagres e sinais maravilhosos


seguirão os obedientes e fiéis, após receberem essas
ordenanças, se perseverarem até o fim. Eles alcançarão
nesta vida uma paz interior inatingível por outros meios.

A Primeira e a Segunda Vindas do Redentor da


Terra

Tudo o que os verdadeiros mensageiros do Senhor


ensinaram sempre esteve relacionado com o evento mais
importante que aconteceria entre os habitantes da Terra,
no transcorrer de toda a história humana. Foi preordenado
para ocorrer perto do início do quinto período milenar da
existência temporal da Terra: O Salvador e Redentor
nasceria na carne.

Conhecido neste mundo como Jesus Cristo, ele


restabeleceria seu evangelho entre homens e mulheres de
fé e depois sofreria, morreria e ressuscitaria, realizando
assim uma expiação destinada a salvar e exaltar todos os
que Ele mesmo havia
criado e organizado tanto tempo atrás. Ele haveria de ser
a Vida Maior desta Terra, com a missão de salvá-la -- e
tudo o que nela há -- de um exílio permanente e um estado
decaído.

No princípio do sétimo milênio esse exaltado Redentor


voltaria a nosso planeta, seu pedestal, desta vez para um
reinado de retidão que durará mil anos. Após esse reinado
milenar, os últimos vestígios de iniquidade serão
permanentemente varridos da face da Terra. Então a Terra
morrerá (D&C 88:26), separando seu envoltório físico de
seu núcleo de matéria espiritual.

Mas então a sagrada ordenança da ressurreição a estará


aguardando. Quando isso ocorrer, seu corpo físico e sua
matéria espiritual serão eternamente reunidos em uma
ressurreição da ordem celestial. (17) A Terra será “coroada
com glória, sim, com a presença de Deus, o Pai”. (18)
Retornando então ao centro da Galáxia, ela brilhará como
uma estrela fulgurante e retomará sua posição em meio ao
aglomerado de reinos celestiais de onde caiu. (19)

Aqueles que alcançarem a glória celestial terão permissão


e habitar nessa Terra glorificada e dotada de luz própria,
nas regiões centrais da Galáxia. Ali eles criarão suas
próprias famílias de filhos espirituais. Essa será a época em
que, como ensinou Brigham Young, os habitantes celestiais

“receberão sua coroa, seu domínio, e serão preparados


para formar outras terras como a nossa, e povoá-las da
mesma maneira com que fomos gerados”. (20)

Após criar seus filhos espirituais, esses habitantes


organizarão a matéria espiritual para formar novos
planetas, povoando- os, numa interminável continuação do
programa de Deus de “expandir as eternidades que estão
diante dele com seres inteligentes”. (21) Depois de algum
tempo esses filhos estarão preparados e receberão
permissão para deixar seu lar celestial a fim de habitar em
outra terra feita para eles.

Planetas são “Mansões”

Esse ciclo cósmico de formação de planetas foi ensinado


pelo Salvador quando viveu entre os homens. Mas poucos
entenderam o que ele dizia. O processo continuado de
criação de planetas que acabamos de descrever é todo ele
parte do programa de Deus para construção de mansões ou
“moradas”. O Salvador ensinou a seus discípulos que a casa
de seu Pai continha “muitas moradas” (João 14:2). Algumas
dessas mansões são corpos cósmicos opacos, como os
planetas e luas que povoam nosso Sistema Solar.
Entretanto, as mansões mais visíveis do Pai são planetas
glorificados, ou estrelas, muitos dos quais estão destinados
a ser a habitação eterna de seres ressuscitados. (22)

Contudo, estrelas e planetas não são entidades separadas e


sem conexão. As revelações esclarecem que o destino dos
planetas é passar por numerosos estágios de
desenvolvimento, até que eventualmente evoluam para se
tornar planetas glorificados, ou estrelas. A compreensão
desse avanço dos planetas ajuda a explicar a referência
velada que o Salvador fez às “moradas de seu Pai”,
proferida logo antes de sua crucificação. Ele disse aos
apóstolos:

“Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse


assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar.

“E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos


levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais
vós também.” (João 14:2-3)

O que o Senhor parece estar dizendo é que Ele foi preparar


um lugar entre os mundos estelares e planetários
glorificados, para o futuro retorno até lá da Terra
glorificada e de seus habitantes celestiais.

Em alguma ocasião, nos dezoito séculos seguintes, o


Salvador ressuscitado completou essa tarefa, pois em 1833,
em uma revelação a seus apóstolos e profetas modernos, o
Senhor referiu-se novamente ao fato de que a casa de seu
Pai continha muitas mansões planetárias. Depois
acrescentou esta significativa declaração:

“(...) preparar-vos-ei (NT: em inglês, “preparei-vos”) um


lugar; e onde meu Pai e eu estivermos aí estareis também.”
(23)
O Futuro da Terra... E o Nosso

Este, naturalmente, é o destino de todos os justos –-


permanecer com a Terra celestializada quando ela for
afinal recolocada dentro da constelação dos mundos
celestiais de onde caiu.

Brigham Young tinha uma clara visão desse processo


inteiro. Ele disse:

“Aqueles que crerem em Jesus Cristo –- o criador,


plasmador, governador, legislador e controlador desta
Terra –sim, aqueles que viverem de acordo com suas leis e
Sacerdócio, estarão preparados para habitar nesta Terra
quando ela for levada à presença do Pai e do Filho. Esta é a
habitação dos Santos. Está é a Terra que será dada aos
Santos quando eles e ela forem santificados e glorificados,
e levados de volta à presença do Pai e do Filho.” (24)

Joseph Smith ensinou esta mesma doutrina, explicando que


quando a Terra for glorificada ela “será rolada de volta à
presença de Deus e coroada com glória celestial”. (25)

O Apóstolo Orson Pratt insistiu em que meditássemos na


bênção que representará para nós estar ligados a esta
Terra quando ela avançar para as paragens celestiais:

“Contemplando a Terra a ascender na escala do Universo,


quem não desejaria acompanhar seus passos, para que
quando ela for classificada entre as esplendorosas orbes da
abóbada azul do céu, cintilando em todo o esplendor da
glória celestial, possa encontrar-se em estágio tão
avançado quando o dela na escala da excelência intelectual
e moral?

“Quem, senão os mais perversos, poderia não desejar ser


considerado digno de associar-se com aqueles que
pertencem a uma ordem mais elevada de seres, os que já
foram redimidos, exaltados e glorificados junto com os
mundos em que habitam, muitas eras antes que os
alicerces de nossa Terra fossem lançados?

“Ó homem, lembra-te do destino futuro da Terra, em


glória, e assegura tua herança eterna sobre ela para que,
quando ela for gloriosa, tu possas ser glorioso também.”
(26)

Apenas aqueles que demonstrarem ser dignos de


permanecer na Terra celestializada gozarão do privilégio de
criar outras terras, semelhantes a esta em que vivemos. E
isso será realizado repetidamente, de acordo com os
mesmos padrões e segundo os mesmos procedimentos que
aprendemos neste estudo da história da criação da Terra.
Brigham Young explicou que este modelo de
desenvolvimento planetário reina por todo o Universo dos
Deuses:

“Terras (...) estão continuamente começando a existir,


passando por transformações e atravessando as mesmas
experiências pelas quais nós estamos passando. O pecado
existiu em todas as terras que já foram criadas (...) e todas
as terras e seus habitantes, por seu turno e vez, recebem
tudo o que nós recebemos, e atravessam as mesmas
provações pelas quais estamos passando.” (27)

Estas palavras são do Presidente Spencer W. Kimball:

“Tempo virá em que nós haveremos de (...) avançar para as


grandes eternidades. E então seremos capazes de produzir
enormes famílias de filhos espirituais, que por sua vez
poderão ir a um planeta que vocês terão organizado e
tornado habitável. E esses filhos terão permissão de ir a
esses planetas ou terras e lá receberão corpos mortais, para
passar por seu próprio processo de aprendizado, de modo a
que eventualmente também possam voltar a seu Pai
Celestial.” (28)

Assim, a obra de criar terras continuará para todo o


sempre, pelas eternidades infinitas do tempo e do espaço
– literalmente “mundos sem fim” (D&C 76:112)
Questionário – Capítulo 25

Perguntas para Responder

1 – Qual o primeiro lugar de residência de Adão e Eva após


sua expulsão do Jardim do Éden? Qual é seu nome?

2– Os efeitos da Queda de Adão e Eva ficaram logo


evidentes? Quanto tempo se passou antes que os filhos de
Adão se tornassem carnais, sensuais e diabólicos?

3– Quanto tempo depois da Queda a própria Terra foi


amaldiçoada? O que apareceu entre as plantas após a
Terra ser amaldiçoada?

4 – Por que partes da Terra são desoladas e inabitáveis?


Como a Terra será transformada em um Jardim do Éden?

5– Por que a maior parte do reino animal é perigosa para a


raça humana? Como se estabelecerá a paz entre os
animais e entre eles e a família humana?

6– A raça humana foi abandonada a sua própria sorte após


a Queda de Adão? Quem o Senhor enviou para nos ensinar
a verdade sobre nosso passado, presente e futuro? O que
eles têm ensinado?
7 – O que nos é requerido fazer para que o

Salvador retorne à Terra e viva nela por um

milhar de anos? 8 – O que acontecerá com o

planeta Terra após o Milênio? Quem viverá nele?

O que farão eles?


Questões a Ponderar

1 – Por que o Senhor refere-se à Terra como seu “escabelo”?


(Ver Moisés 6:9, 44; Abraão 2:7; e D&C 38:17)

2– Uma vez que ruínas do local de residência de Adão em


Adão-ondi-Amã foram razoavelmente preservadas até
nossa era, que limitações isso impõe à intensidade ou
violência do impacto do Dilúvio sobre as massas de
território do Planeta?

3– Por que o Senhor dividiu as massas de terra do Planeta


virtualmente em duas grandes regiões localizadas em
hemisférios opostos? (Ver Éter 13:2-8)

4– Há evidências de que os efeitos da morte e


decomposição trazidos sobre a Terra e seu meio ambiente
pela Queda restringiram-se apenas a esta Terra, ou a
Queda também se aplica a outros corpos do Sistema Solar,
ou mesmo a outros astros de fora dele?

5– O que você pessoalmente pode fazer para transformar a


Terra num Jardim do Éden? O que você, em pessoa, pode
fazer para apressar a Segunda Vinda?

Referências – Capítulo 25

1 – Brigham Young, 31 de agosto de 1875, JD 18:73.


2– Brigham Young, citado em Wilford Woodruff Journals, na
data de 30 de março de 1873; ver também comentários de
Joseph Smith, citados em Life of John D. Lee (Hartford,
Connecticut: Park Publishing Co.,1881), págs. 90-91.

3 – Alphabet, pág. 23.

4 – Alphabet, pág. 23.

5– Brigham Young, 26 de abril de 1846, Manuscript History


of Brigham Young::1846-1847, Elden J. Watson, Editor (Salt
Lake City, Utah: Elden J. Watson, 1971) pág. 142.

6 – Brigham Young, 9 de abril de 1852, JD 1:50.

7 – George Q. Cannon, 15 de dezembro de 1866, Juvenile


Instructor, Vol. I, pág. 95, citado em Jerreld L. Newquist,
compilador, Gospel Truths: Discourses and Writings of
President George Q. Cannon, 2 volumes (Salt Lake City,
Utah. Deseret Book, 1974), 1:26.

8 – Gênesis 19:24-29; Deuteronômio 29:23-24.

9 – Ver Deuteronômio 28:15, 23-24, 42; 29:23-27; Êxodo,


capítulos 7 a 10; 1 Néfi 17:35; 3 Néfi 8:5-18; 9:1-12.

10 – Brigham Young, 4 de junho de 1862, JD 10:302.

11 – Brigham Young, 26 de abril de 1846, Manuscript History,


pág. 143.
12 – Brigham Young, 5 de

janeiro de 1860, JD 9:107-

108. 13 – Brigham Young,

Manuscript History, pág.

143.

14 – D&C 29:22; 77:6; 88:111.

15 – Brigham Young, 14 de agosto de 1853, JD 1:274.

16 – Deuteronômio 32:7-8; Atos 17:26-27.

17 – D&C 88:26; Brigham Young, 24 de agosto de 1872, JD


15:137.

18 – D&C 88:17-20, 25-26; Brigham Young, 17 de abril de


1853, JD 2:124.

– Ver Joseph Smith, 5 de janeiro de 1841, Words, pág. 60;


19

e Brigham Young, 5 de junho de 1859, JD 7:163; 31 de


julho
de 1859, JD 6:347; 24 de junho de 1874, JD 17:117.

20 – Brigham Young, 8 de outubro de 1876, JD 18:259.

21 – Brigham Young, 16 de setembro de 1871, JD 14:229; ver


também Orson Pratt, 29 de agosto de 1852, JD 1:58; e
Orson
F. Whitney, 19 de abril de 1885, JD 26:196.

22 – Ver Éter 12:32; D&C 88:47 (43-47); Joseph Smith,


Words, págs. 211, 319, 354; e Brigham Young, JD 1:312;
4:269;
7:142; e 8:154.

23 – D&C 98:18; ver também 59:2 e 81:9.

24 – Brigham Young, 11 de agosto de 1872, JD 15:127.

25 – Joseph Smith, 5 de

janeiro de 1841, Words,

pág. 60. 26 – Orson Pratt,

sem data, JD 1:333-334.

27 – Brigham Young, 10 de julho de 1870, JD 14:71.

– Spencer W. Kimball em Edward L. Kimball, editor, The


28

Teachings of Spencer W. Kimball (Salt Lake City,


Utah:Bookcraft, 1982), pág. 53.
Apêndice A

Refinando nossa busca da Verdade

“(...) nos melhores livros


buscai palavras de
sabedoria; procurai
conhecimento, sim, pelo
estudo e também pela
fé.”
(D&C 88:118)

Para a alma humana é uma conquista maravilhosa e


compensadora descobrir qualquer tipo de verdade. Tanto
através da revelação como da pesquisa científica, chegamos
mais perto da definição divina de verdade:

“(...) é o conhecimento das coisas como são, como foram e


como serão;” (D&C 93:24)

Hoje em dia o tipo de “verdade” mais popular e


mundialmente aceito é aquele que provém dos laboratórios
da ciência.

Isto porque a “verdade científica” pode ser repetidamente


reproduzida ou “provada”, duplicando-se a experiência
original que demonstrou aquela determinada “verdade”.
Do ponto de vista finito do ser humano não há limites para
a verdade científica. Novas verdades são descobertas aos
milhares todos os anos. Desta forma, as fronteiras do saber
estão sendo constantemente expandidas e a busca por
novas verdades científicas faz parte de um esforço humano
altamente especializado.

O Método Científico

A maioria de nós tem uma boa idéia do que seja a “ciência”.


Isto porque a estamos utilizando o tempo inteiro. Nós
observamos, e concluímos por nossas observações, que
certas regras gerais são verdadeiras. Nós as
experimentamos para ver se elas procedem. E via de regra
percebemos qualquer exceção a elas.

Os cientistas profissionais vão muito além disso. Eles


publicam os resultados obtidos. Seus pares revisam esse
trabalho. Realizam-se conferências. As experiências são
repetidas por outros cientistas. Esforços extraordinários
são empenhados em garantir que as experiências não
sejam comprometidas ou distorcidas por fatores
desconhecidos. E testes estatísticos complexos são
aplicados a cada experiência para melhor verificar e
confirmar os resultados.
Isto em geral leva a algumas conclusões maravilhosas a
respeito de nosso mundo e do Universo em que vivemos.
Pelo que podemos verificar nos mais antigos registros
históricos, nunca antes houve tamanha abundância de
conhecimento científico na Terra.

A Inconstância das Teorias Científicas e a


Constância dos Fatos Científicos

Mas os cientistas podem cair em armadilhas em sua busca


da verdade. Modismos e paradigmas sobre experiências de
interesse científico podem tornar-se populares durante
algum tempo e então cair no esquecimento.

Quando um desses paradigmas conquista as boas graças da


comunidade científica, somos levados a crer que a verdade
foi finalmente “encontrada”. Então, alguns anos ou décadas
mais tarde, os próprios cientistas anunciam que “estavam
enganados”. Teorias antes populares “não passam de um
‘monte de mentiras’, bobagens que só servem para ser
descartadas e esquecidas”. (1)

Por vezes os cientistas desesperam-se de tal forma de


descobrir “a verdade” que abandonam a busca da verdade
absoluta. Ao invés disso, alguns declaram que “a verdade
científica” -- as informações colhidas com seus
experimentos e pesquisas –- não tem nenhuma relação
com a realidade. “Verdades ou conceitos”, declaram eles,
não são mais do que “acordos negociados entre
comunidades científicas” e não “entidades objetivas por
natureza”. (2) Alguns chegam ao ponto de afirmar que “a
verdade nunca poderá ser descoberta e é na realidade um
conceito sem importância”! (3)

Essa é uma postura lamentável, já que a ciência


experimental –- não a ciência teórica –- não se engana tão
facilmente. Como escreveu Robert A. Millikan, um famoso
físico americano:

“Nenhuma descoberta do Século XX destruiu ou poderá


jamais destruir um só grão do grande acervo de fatos
experimentais trazidos à luz no século XIX. Esses fatos,
alguns de incalculável importância, doravante também
fazem parte da herança permanente de nossa raça. Através
deles foram descobertas verdades eternas, verdades que
guiarão para sempre a humanidade em seus esforços para
viver em maior conformidade com a Natureza,
compreendê-la e controlá-la melhor. Em outras palavras, a
ciência experimental nunca voltou atrás nem haverá de
fazê-lo. Ela avança apenas para frente, expandindo-se em
círculos cada vez mais amplos.” (4)

Então, o que precisamos fazer é levar em conta os fatos


científicos, não as teorias dos cientistas.
O Maior Ponto Fraco da Ciência

Por vezes, mesmos os fatos científicos são insuficientes. O


motivo disto é que a ciência, por suas próprias regras,
exclui tudo que não possa ser testado com nossos cinco
sentidos –- tato, paladar, olfato, audição e visão.

Esse processo de exclusão constitui a maior debilidade da


ciência. Realidades metafísicas, tais como a alma, a vida
antes do nascimento, a vida após a morte e o próprio Deus,
precisam ser incluídas em qualquer analise completa de
“fatos” científicos, caso contrário essa análise será
incompleta e talvez inteiramente errada.

Além desse ponto fraco principal, existe um outro fato,


desconfortável porém bem documentado: as descobertas
científicas são muitas vezes manipuladas de propósito para
excluir realidades metafísicas. Homens e mulheres
descrentes erguem a voz e declaram que as revelações de
Deus não passam de “mitos”. Eles exigem “provas
científicas” que possam detectar com os cinco sentidos.
Não as encontrando, empenham-se deliberadamente em
criar explicações alternativas destinadas a excluir da
realidade a pessoa do Mestre Criador e todas as evidências
de suas esmerada obra criadora.
E é isso precisamente o que tem acontecido em nossos
dias, em especial no que concerne à criação da Terra.
Robert Muir Wood, um geocientista muito publicado,
confidenciou-nos em sua obra que vários dos primeiros
geólogos não estavam simplesmente buscando conhecer a
história da Terra nas camadas de rocha, mas

“empenhavam-se no esforço de apresentar uma história do


mundo que se rivalizasse com as narrativas escritas e orais
de nossos ancestrais. Eles pretendiam produzir uma
história tão poderosa e mítica que suplantasse o registro do
Livro de Gênesis e desacreditasse de uma ver por todas os
fundamentos da religião.” (5)

Assim, de modo trágico, todos os dados científicos que


apontam claramente para a obra criativa de Deus foram
conscientemente distorcidos para adequar-se à “nova
história” do princípio da Terra –- uma história na qual ela
própria é meramente resultado da ação fortuita e
desprovida de propósito da matéria em movimento.

Essa debilidade maior da ciência, do modo como as coisas


estão sendo apresentadas pela elite intelectual descrente
de nossos dias, está causando grandes danos a nossos
sistemas educacionais e a nossa visão da realidade.
Catedráticos cínicos e descrentes, de muitas disciplinas
científicas, têm-se unido no intuito de desacreditar
inteiramente, como fato, tudo o que tem sido revelado
pelo Senhor a respeito da origem e da história primitiva
deste planeta. É a eles que Pedro se referia quase dois mil
anos atrás, quando disse:

“(...) nos últimos dias virão

escarnecedores, andando segundo as suas

concupiscências, “E dizendo (...) (que)

todas as coisas permanecem como desde

o princípio da Criação.

“Eles voluntariamente ignoram isto, que pela palavra de


Deus já desde a antiguidade existiram os céus e a Terra
(...).” (2 Pedro 3:3-5)

Esse fato é lamentável, porque muitos dos que estudam as


geociências são assim excluídos de tesouros preciosos de
informações sobre as origens da Terra.

A Lei das Testemunhas

Os próprios cientistas admitem reconhecidamente que o


método científico não é uma forma perfeita ou completa de
se encontrar a verdade. Na realidade existem parcelas
inteiras da verdade que não são suscetíveis de ser
examinadas pelo método científico tradicional –- são
verdades que não podem ser testadas concretamente com
nossos cinco sentidos.
Por exemplo, eventos históricos não podem ser simulados e
experimentados diretamente. É claro que ninguém pode
“recriar” um evento da História, como o método científico o
requer. Nem pode ele ser testado (“experimentado”) com
nossos cinco sentidos.

Outro exemplo de verdade que não é obtida através do


método científico é o da revelação vinda de Deus, ou de
um de seus mensageiros autorizados.

A verdade nessas duas áreas é examinada sob “a lei das


testemunhas”. Essa lei compõe-se de dois elementos
principais:

1. A Confiabilidade ou credibilidade comprovada de cada


testemunha.

2. O número de testemunhas que podem atestar com


exatidão a mesma coisa.

Como as testemunhas são humanas e sujeitas a


esquecimento, preconceito e, por vezes, falsidade total, os
registros históricos nem sempre são consistentes ou
confiáveis. Por essa razão o profeta Joseph Smith nos
advertiu contra buscarmos nossa verdade estritamente
“através das águas turvas da tradição ou das páginas
obliteradas do livro da Natureza”. (6)
Entretanto podemos extrair conclusões bem
esclarecedoras, através de muito estudo e oração, e com a
análise cuidadosa dos registros de testemunhas oculares,
juntamente com fatos bem documentados e outros
elementos disponíveis.

A Experiência Científica da Revelação

Quando o Senhor permite que uma pessoa veja as “coisas


como são, como foram e como serão” (D&C 93:24), ela
torna-se uma testemunha ocular ou um vidente (um “see-
er”, alguém que recebeu um testemunho visual).

O que é uma testemunha ocular?

Homens e mulheres que não viram o Senhor pessoalmente,


nem experimentaram uma visão dos céus abertos, não
podem deixar de imaginar como seria comungar com o
Criador da Terra e receber conhecimento relativo a
eventos que aconteceram tanto tempo atrás.

A experiência é real? É científica?

Cada profeta que teve a experiência de uma visão plena


responderia com um sonoro “Sim! É real. É científico”.
Após ter tido essa experiência Abraão relatou:
“Assim eu, Abraão, falei com o Senhor face a face, como
um homem fala com outro; e ele falou-me das obras que
suas mãos haviam feito;

“E ele disse-me: Meu filho, meu filho (e sua mão estava


estendida), eis que te mostrarei todas elas. E ele pôs a mão
sobre meus olhos e vi aquelas coisas que suas mãos haviam
feito (...)”. (Abraão 3:11-12)

De modo semelhante, Joseph Smith e Sidney Rigdon


testificaram:

“(...) o Senhor tocou os olhos do nosso entendimento e

eles se abriram; e a glória do Senhor cercou-nos de

resplendor. “(...) (e) o vimos, sim, à direita de Deus; e

ouvimos a voz testificando que ele é o Unigênito do Pai –“

(D&C 76:19, 23).

Por vezes a revelação não é dada através de uma visão dos


céus abertos. E, no entanto, essa forma mais sutil e pessoal
de revelação é igualmente real. Ela foi descrita em detalhes
pelo profeta Joseph Smith:

“Quando sentis que a inteligência pura flui para vós,


podereis, repentinamente, ser despertados por uma
corrente de ideias, de modo que, observando-as, vereis
que se cumprem no mesmo dia ou pouco depois; (isto é)
as coisas que o Espírito de Deus revelou à vossa mente
acontecerão; e, assim, por conhecer e aceitar o Espírito de
Deus, podereis crescer no princípio da revelação até que
chegueis a ser perfeitos em Cristo Jesus.” (7)

Uma grande quantidade de conceitos relativos à criação da


Terra nos foram transmitidos através dos profetas e de suas
experiências espirituais com o Senhor. Por incrível que
pareça, muitas dessas noções são cientificamente
apresentadas, ou seja, elas contêm ideias e fatos que os
cientistas profissionais presumem que só se pode obter
através de pesquisa acadêmica ou do método científico.

Duas Regras a Seguir na Busca da Verdade em


Qualquer Assunto

Em nosso estudo da origem da Terra –- assim como no


estudo de qualquer outro assunto –- existem duas coisas
importantes que devemos manter em mente:

Primeiro: quando os profetas do Senhor falam


autorizadamente sobre questões que tenham implicações
científicas (tais como a origem da Terra e seu primitivo
desenvolvimento), a ciência só pode procurar confirmar
essas verdades reveladas. Como vimos em todo este livro,
isto é o que acontece na maioria das vezes.

Segundo: quando a pesquisa científica produz dados que


são repetidamente confirmados, mesmo essa pesquisa
tendo sido feita por cientistas descrentes, as Escrituras não
devem ser distorcidas ou interpretadas de modo figurativo
ou particular para descartar esses fatos científicos como se
não existissem.

Galileo e os Teólogos Católicos

Um exemplo desse segundo princípio envolve a


controvérsia ocorrida no início dos anos 1600 entre Galileo
Galilei, o primeiro filósofo naturalista conhecido a usar o
telescópio para estudar sistematicamente os céus, e os
líderes da Igreja Católica Romana.

Durante séculos a Igreja Católica havia fundamentado sua


teologia não apenas na Bíblia, mas nos escritos do filósofo
grego Aristóteles. Aristóteles tinha concluído que a Terra
era o centro do Universo e, consequentemente, que todos
os corpos celestes orbitavam ao seu redor.

Entretanto, Galileo havia observado as luas que giravam em


volta de Júpiter. Ele havia também notado que o planeta
Vênus apresentava fases, do mesmo modo que a Lua,
significando isso que Vênus orbitava ao redor do Sol e não
da Terra.

Houve então uma disputa entre a crença religiosa e a


observação científica, e os representantes da Igreja Católica
argumentaram com um incidente em particular. Durante
uma batalha crucial entre os israelitas e os amorreus, o
profeta Josué ordenara “ao Sol” –- não à Terra, que “se
detivesse” (Josué 10:12-13). Obviamente disseram a
Galileo que isso provava que era o Sol que se movia e não
a Terra. Galileo foi censurado e eventualmente sofreu
prisão domiciliar por causa de seus pontos de vista não
ortodoxos. (8)

Mas Galileo tinha razão. Aristóteles estava errado. Os


teólogos católicos estavam errados. As Escrituras tinham
sido distorcidas numa tentativa de se negar e obscurecer
um comprovado fato científico: a Terra gira realmente em
torno do Sol.

Na verdade, a resposta profética e doutrinária aos


conselheiros papais jazia dois séculos à frente, numa caixa
de pedra, próximo ao topo de um morro glacial conhecido
mais tarde como “Monte Cumôra”. Nessa caixa estavam
revelações e ensinamentos de antigos profetas americanos,
escritos sobre placas de metal e somente interpretáveis
através do poder de Deus. Quando sua tradução para o
inglês foi publicada em 1830, pelo profeta Joseph Smith –
sendo hoje conhecida como O Livro de Mórmon: Outro
Testamento de Jesus Cristo –- a resposta, tanto aos
cientistas como aos teólogos, veio de forma bem clara.

Moroni, o último dos antigos profetas americanos,


escreveu:

“Sim, e se ele diz à Terra – Volta para trás, a fim de que se


prolongue o dia por muitas horas – isto é feito;

“E assim, segundo suas palavras, a Terra volta para trás,


parecendo aos homens que o Sol está parado; sim, e eis
que assim é; porque certamente é a Terra que se move e
não o Sol”. (Helamã 12:14-15)

Se os teólogos católicos que perseguiram Galileo tivessem


considerado suas interpretações das Escrituras sob uma luz
mais ampla, poderiam ter concluído facilmente que uma
ordem para que o Sol ficasse parado poderia muito bem ser
cumprida fazendo-se com que a Terra ficasse parada. E a
guerra entre ciência e teologia poderia ter sido resolvida
numa mesa de negociação, pelo menos com respeito a esse
assunto.

Ao tentar refinar as verdades que nos são caras, é


importante lembrarmo-nos sempre de que a
interpretação das Escrituras continua sendo atribuição do
profeta do Senhor, que recebe revelações a respeito dele
(como exemplo vejamos Amós 3:7 e 2 Pedro 1:20). Este
autor não sabe de um único caso em que um profeta do
Senhor tenha interpretado as Escrituras em contradição
com os fatos (não teorias) revelados através da
investigação científica.
A Clareza das Revelações de Deus

Em nossa busca da verdade a respeito da história da criação


da Terra, convém lembrarmos-nos repetida e
consistentemente de que as coisas que Deus tem revelado
não são uma coleção de exposições simbólicas ou alegorias
sofisticadas. O mesmo Deus que permite a seus profetas
ver os céus abertos, e revela detalhes específicos sobre
eventos passados ou futuros, não iria dar a esses seus
servos um relato contraditório ou confuso da história da
Criação. Consideremos os exemplos seguintes:

Noé, o irmão de Jarede e Néfi receberam instruções


precisas para construir seus barcos de navegação oceânica
(9)

Moisés recebeu orientação sobre a forma exata de


organizar a Casa de Israel segundo um conjunto de leis
comunitárias – muitas das quais vigoram até hoje em nossa
sociedade. (10)

Joseph Smith foi informado de modo preciso sobre o início


da Guerra Civil Americana –- vinte e oito anos antes que ela
irrompesse (D&C. Seção 87).

Da mesma maneira, Deus não tem nenhuma intenção de


nos mistificar ou criar fábulas de ficção concernentes a sua
maior obra criativa para nós – o planeta Terra.
O Mestre Criador do Universo é um Deus de verdade. E a
verdade, vinda seja do Criador, seja de sua Criação, não
pode estar em contradição consigo mesma. É por isso que
ele pode dizer que todas as coisas ligadas a sua Criação
“prestam testemunho” dele (Moisés 6:63).

Desta forma, o Senhor se deleita em compartilhar os


mistérios de suas obras com todos, seja com o geólogo que
extrai segredos ocultos das camadas de rocha, nas fraldas
de uma colina poeirenta, seja com o profeta que busca
revelações sobre o mesmo assunto através de estudo,
jejum e oração.
Questionário – Apêndice A

Perguntas para Responder

1– De modo geral, quais são os dois métodos que se pode


usar para descobrir a verdade? Qual deles é o mais aceito
popularmente?

2 – Qual é a maior fragilidade que

identificamos no método

científico? 3 – Como sabemos que

uma revelação de Deus é

“científica”?

4 – Quais são as duas regras que precisamos seguir para


extrair a verdade de qualquer assunto?
Questões a Ponderar

1– A ciência moderna é verdadeiramente exclusiva de


nossos dias? Isto é, o método científico terá sido ensinado e
empregado em tempos antigos: Pelos egípcios? Os gregos?
Os romanos?

2– Será que os tempos em que vivemos foi o único em que


os pensadores distorceram e aplicaram mal o método
científico na tentativa de desmerecer e destruir as
revelações de Deus a seus profetas? Terá o Livro de
Mórmon algo a dizer sobre este assunto?

Referências – Apêndice A

1– Robert A. Millikan, Evolution in Science and Religion


(New Haven, Connecticut: Yale University Press, 1929),
págs. 49- 50.

2 – Garland E. Allen, em “The Scientists’ Bookshelf”,


American Scientist, Vol. 83 (janeiro-fevereiro 1995), pág.
108.

3– Stephen Jay Gould, “Subjectivity in Science”, edição de


1986 de Science and the Future (Chicago: Encyclopaedia
Britannica, 1986), pág. 238.

4 – Robert A. Millikan, pág. 50, itálicos no original.

5 – Robert Muir Wood, The Dark Side of the Earth (London:


George Allen & Unwin, 1985), págs. 7-8.

6 – Joseph Smith, 3 de outubro de 1841, Words, pág. 78.

7 – Joseph Smith, 27 de junho de 1839, Ensinamentos, pág.


147, em português; ver também Words, págs. 5-6.

8– Ver Israel Shenker, “After 340 Years, Galileo May Beat


The Inquisition”, Smithsoniam, agosto de 1981, págs. 90-97;
e Lawrence S. Lerner e Edward A. Gosselin, “Galileo and
Specter of Bruno”, Scientific American, Vol. 255, Nº 5
(novembro de 1986), págs. 126-133.

9 – 1 Néfi 18:1-3; Éter 2:16-18; Gênesis 6:14-16; ver


também Éter 6:7 (5-8).

10 – Ver W. Cleon Skousen, The Third Thousand Years (Salt


Lake City, Utah: Bookcraft, 1964), Apêndice: “The Law of
Moses
– What Was It? How Did It Work?”, págs. 650-682; e

também W. Cleon Skousen, The Majesty of God’s Law (Salt


Lake City, Utah: Ensign Publishing, 1996)
.
Apêndice B

O Poder Secreto de Criação de Deus


“Não há espaço em que não haja
reino”.
(D&C 88:37)

Através das eras os seres humanos têm-se perguntado:

Como Deus criou o Universo organizado?

Como já analisamos anteriormente, tudo o que vemos e


mesmo o que não conseguimos ver é constituído por
apenas dois tipos de matrizes: inteligências e elementos.
Elas estão espalhadas por todo o Universo inorganizado e
são continuamente arrebatadas pela família dos Deuses e
trazidas para nosso Universo organizado, ou “espaço”, para
ser combinadas em uma infinita variedade de seres.

O profeta Leí assim descreveu esses dois tipos de matrizes


construtivas do Universo: às inteligências ele denominou
“coisas que agem” e, aos elementos primários, ele
denominou “coisas que recebem a ação” (2 Néfi 2:14).

Apesar de os ingredientes cósmicos das inteligências e dos


elementos serem eternos, e não poderem ser destruídos
(D&C 93:29, 33), o Senhor nos disse que eles podem ser
organizados, reorganizados e desorganizados. Para saber
como esse processo ocorre, precisamos compreender as
qualidades e atributos de ambos, inteligências e elementos.

Vejamos primeiramente o caso das “inteligências”.

O Que é uma “Inteligência”

Por mais que queiramos, não temos idéia de como são as


inteligências –- as “coisas que agem”. O Senhor nunca o
revelou. Contudo, ele explicou algo sobre seus atributos e
como eles funcionam. Sabemos muitas coisas sobre esses
atributos

simplesmente porque cada um de nós é uma inteligência,


apesar de hoje ela já ser bem mais desenvolvida do que
em nosso passado primitivo e esquecido.

O Senhor revelou que está envolvido em um processo sem


fim de criação. Inteligências são constantemente
arrebatadas aos domínios do Universo não organizado e,
após retiradas do caos, são submetidas a um rigoroso
programa probatório de treinamento e testes (Moisés 1:4,
38-39; D&C 29:33). Em algum ponto desse processo de
teste as inteligências que demonstram maior capacidade de
realização e obediência recebem corpos espirituais à
imagem de Deus.

Nós estamos entre elas.

O que Sou Eu? Quem Sou Eu?

Aquela inteligência que constitui o que há de fundamental


em “você” e em “mim” nunca teve princípio. O Profeta
Joseph Smith assim o explicou:

“A mente do homem – sua parte inteligente – é tão


imortal quanto Deus e coexistente com Ele (em termos de
duração).” (1)

Em outra ocasião ele ensinou que “as inteligências dos


homens são entidades auto-existentes”, que existiram
deste antes “da fundação desta Terra”. (2) Isto é
confirmado por uma revelação na qual o Senhor anunciou
que “o homem também estava no princípio com Deus”, e a
inteligência de cada pessoa, “ou a luz da verdade, não foi
criada ou feita, nem verdadeiramente pode sê-lo” (D&C
93:29). “Assim”, foi-nos dito, “considerando que nossa
inteligência sempre existiu, nós não tivemos princípio”. (3)
Mas, conquanto seja interessante saber que um dia fomos
apenas uma inteligência nua, desprovida de corpo –uma
mente sem espírito ou corpo físico –- uma pergunta logo se
impõe: O que aconteceu para trazer-nos para dentro do
Universo organizado?

O Nascimento de Nosso Espírito

Nós agora sabemos que um dia, num passado distante,


nossas inteligências associaram-se a um corpo espiritual.
Brigham Young ensinou que nossa inteligência foi “plantada
em nosso ser no princípio de nossa existência” e “está
organizada para ser tão independente quanto todos os
outros seres da eternidade”. Esta, explicou ele, é “a
verdadeira origem de nossa capacidade de pensar”. (4)

Quando o profeta Abraão contemplou em visão a família


pré-mortal de filhos espirituais do Pai, ele referiu-se aos
inúmeros indivíduos que viu como “inteligências
organizadas” (Abraão 3:22-29). Isto indica que um
organismo espiritual, após ser criado e dotado de uma
inteligência eterna que o controla, passa a ser denominado
“inteligência organizada”, para distingui-lo da simples
“inteligência” sem corpo, auto-existente, que não tem
principio nem fim, e é o nosso “eu”.

São essas inteligências organizadas, ou “espíritos”, que


foram eventualmente enviadas à Terra para tomar sobre
si um outro organismo –- o corpo físico.
É notável que, a despeito de todas as adulterações que o
evangelho sofreu, como resultado da apostasia que se
seguiu ao tempo de Abraão, esse conceito relativo às
inteligências tenha sobrevivido e fosse ensinado pelo
filósofo grego Platão, que assim escreveu:

“Deus desejou que, tanto quanto possível, todas as coisas


fossem boas e que nada fosse mau (...) Por essa razão,
quando estava engendrando o Universo, ele pôs a
inteligência na alma e (mais tarde, na Terra) a alma no
corpo”. (5)

Platão ainda acrescentou que Deus agiu dessa forma


porque “a inteligência não poderia estar presente em nada
que não possuísse alma”. (6) Isto é, a inteligência precisa
estar associada com elementos para operar em qualquer
nível, dentro do Universo organizado.

Porém, na qualidade de seres espirituais, as inteligências


organizadas ainda têm capacidade limitada. Assim sendo,
após “Deus ter tomado essas inteligências e dado a elas
corpos espirituais”, como reafirmou o Presidente Spencer
W. Kimball, o Pai criou uma Terra física e “enviou-as como
espíritos, para obterem um corpo mortal”. (7) A Moisés o
Pai informou que esse trabalho constitui: “minha obra para
minha glória (edição de Liverpool de 1853, em inglês)” (8),
e seu propósito é “levar a efeito a imortalidade e vida
eterna do homem” (Moisés 1:39).
As Três Partes do Homem

Resumindo, então, cada um de nós é a essência combinada


de três entidades: “o espírito e o corpo, mais o germe da
eterna inteligência”, como o definiu Brigham Young. (9)

Todos nós possuímos uma inteligência que é “a essência


do homem, seu próprio ‘eu’ ”.(10) Essa é “a verdadeira
parte eterna do homem, que não foi criada ou feita”. (11)

Cada um de nós possui, então, um corpo espiritual, no qual


nossa inteligência foi plantada ou colocada.

E todos nós agora possuímos também um corpo físico, que


é controlado por nossa inteligência e animado por nosso
espírito.

Apesar de entregarmos nosso corpo físico na morte, essa


perda é temporária. Depois de um período de permanência
no mundo dos espíritos que já se foram, nossa “inteligência
organizada”, ou espírito, será novamente reunida com seu
corpo físico na ressurreição. Após essa ordenança –-
porque a ressurreição é obtida por meio de uma
ordenança do Sacerdócio
(12) –- os três componentes de nosso ser: mente, espírito e
corpo, permanecerão unidos para não mais se separar
(Alma 11:45).
O que uma Inteligência Pode Fazer

Vivendo na Terra podemos aprender muito a respeito de


nossa própria inteligência e, portanto, a respeito das
inteligências em geral.

A primeira coisa que notamos é que nossa inteligência


possui autoconhecimento. Podemos afirmar, juntamente
como René Descartes, filósofo francês do Século XVII:
“Cogito, Ergo Sum” – “Penso, logo existo”. (13)

Isto ocorre igualmente com o Senhor, pois Ele afirmou a


respeito de si mesmo: “EU SOU O QUE SOU (Êxodo 3:14),
significando que ele também é um ser auto-existente e
eterno, que possui autoconhecimento. Joseph Smith
referiu-se da mesma forma a Deus como um ser “auto-
existente”. (14)

As inteligências não têm apenas autoconhecimento, mas


também podem comunicar-se umas com as outras. E
porque a inteligência tem a capacidade de manifestar o que
ela é, e o que está fazendo, o Senhor frequentemente
associa inteligência com “verdade” e identifica seu poder
de comunicar coisas a seu próprio respeito como sendo “luz
e verdade” (D&C 93:36).

Temos aqui algo de muito significativo. Ao associar o poder


de comunicação da inteligência com “luz”, o Senhor parece
nos estar dizendo que cada inteligência está
constantemente irradiando uma manifestação daquilo que
ela é e o que está fazendo. Essa auto-expressão constitui “a
luz da verdade” da qual falam as Escrituras (D&C 88:6).

O Senhor disse que a luz da verdade “brilha” (D&C 88:7).


Isto significa que toda inteligência irradia para as outras o
que ela é, o que foi e o que deseja fazer no futuro. Esta
pode ser a razão pela qual o Senhor definiu “verdade”
como sendo “o conhecimento das coisas como são, como
foram e como serão” (D&C 93:24).

Outras Qualidades da Inteligência ... E uma


Significativa Limitação

As inteligências do Universo organizado possuem ainda


outras qualidades específicas que as tornam
admiravelmente bem adaptadas ao programa perpétuo de
criação cósmica de Deus. Cada uma dela não apenas tem
consciência de que existe, e o manifesta, mas ainda é capaz
de observar, lembrar-se, associar observações e
experiências anteriores, usar a imaginação, ter idéias
criativas e fazer projetos.

A inteligência também consegue tomar decisões. Dentro de


sua esfera específica de atividade ela possui arbítrio ou
liberdade de escolha –- a habilidade de decidir por si
própria:

“Toda verdade é independente para agir por si mesma na


esfera em que Deus a colocou, como também toda
inteligência;” (D&C 93:30)

Mas o atributo mais importante possuído pela inteligência é


a capacidade inata de progredir. Entretanto, esse avanço
não pode se conseguido sem ajuda.

Segundo revelações do Senhor sobre o assunto, uma


inteligência não organizada é por si mesma muito limitada.
“Suas qualidades e atributos dependem inteiramente de
estar ela ligada à matéria organizada (espiritual ou física),
para ser capaz de desenvolvimento e manifestação visível.”
(15) Ou seja, para ser útil ao programa de progresso eterno
do Pai, uma inteligência tem que estar intimamente
associada com os “elementos”.

A Segunda Matriz Construtiva – os Elementos

Os elementos, ou “coisas que recebem a ação”, são as


outras matrizes construtivas do Universo.

Do mesmo modo que as inteligências, os elementos são


eternos e não podem ser destruídos. “Qualquer coisa que
seja criada não pode ser eterna”, disse Joseph Smith, “e a
Terra, água etc. todos tiveram existência anteriormente
em um estado elementar, desde a eternidade”. (16) É por
isso que Brigham Young asseverou:

“Não existe nada capaz de aniquilar os elementos. Na


realidade eles são eternos. Podem ser organizados ou
desorganizados, compostos ou decompostos –- eles pode
ser colocados desta ou daquela forma, de acordo com a
vontade da inteligência que os controla, mas não existe a
possibilidade de fazê-los deixar de existir”. (17)

É importante salientar que os “elementos” a que o Senhor


se referia não são os elementos químicos, tais como o
hidrogênio, o carbono, o oxigênio, o ferro etc. Isto porque,
ao contrário dos “elementos” de que fala o Senhor, esses
elementos químicos não são indestrutíveis ou inalteráveis.
Eles são constituídos por átomos que, por sua vez, são
formados principalmente por prótons, nêutrons e elétrons.
Desde o alvorecer da era nuclear, no Século XX, começaram
a ser criados diversos métodos pelos quais os elementos
químicos podem ser desorganizados e transmutados em
outros componentes químicos, quando se desejar.

Pelo mesmo motivo, os “elementos” de que o Senhor fala


também não podem ser confundidos com as partículas
subatômicas, como os léptons e os “quarks”, integrantes
dos prótons, nêutrons e elétrons (e de muitas outras
partículas subatômicas). A razão disso é que, sob certas
condições, mesmo a menor partícula subatômica pode ser
convertida em energia pura, ou em uma combinação de
energia com outras partículas subatômicas. Assim sendo,
nenhuma delas é “indestrutível”.

Apesar de os cientistas ainda não terem descoberto os


elementos primários do Senhor, Ele próprio nos revela que
o Universo contém um suprimento ilimitado deles. Esse
fato tem implicações cosmológicas tremendas. Não há
“limites para a quantidade de elementos que existem e
compõem mundos como este” (18), ensinou Brigham
Young, e sempre haverá “uma eternidade de matéria para
ser organizada” (19), porque “a eternidade não tem limites
e está cheia de matéria”. Portanto, “não existe nenhum
espaço que seja vazio” (20)

Isto tem sido repetidamente confirmado em estudos do


vácuo. Ao invés de descobrir o “nada”, os físicos que se
especializam em mecânica quântica têm encontrado uma
espantosa variedade de radiações de “partículas virtuais”
(que não são nada imaginárias como seu nome poderia
indicar) e uma extraordinária e até mesmo violenta
atividade, no próprio lugar onde se esperaria encontrar o
“nada” absoluto. (21)

Um Universo Organizado de Matéria Organizada

Como já estudado no Capítulo 3, Deus desenvolveu e


aperfeiçoou o Universo organizado a partir de quatro
variedades básicas de matéria –- espiritual, física,
transladada e ressuscitada. Cada uma dela é formada por
elementos primários do Universo. Para o Pai, e aqueles
que com Ele trabalham, todas as variedades de matéria
são igualmente tangíveis. (22) Assim sendo, com o emprego
dessas variedades básicas de matéria, Deus criou uma
diversidade infinitamente grande de entes úteis em todos
os níveis de existência cósmica –- do microscópico ao
macroscópico. Isto inclui criaturas viventes de todos os
tipos imagináveis, bem como terras, planetas, luas, estrelas
e tudo o mais –- visível e não visível –- que há no Universo
Organizado.

Mas como foi que Deus fez isso?

Comecemos a responder essa questão com uma outra


pergunta: Qual é a verdadeira essência de qualquer coisa?
Quando tivermos resposta a essa pergunta saberemos algo
a respeito do poder secreto de criação de Deus.

Na verdade o Senhor não deseja de modo algum que esse


seu poder de criação seja um segredo. Ele o tem revelado
repetidamente a seus profetas, mas não despertou muito
interesse. Na realidade, desde o que o Profeta Joseph Smith
o “re-revelou”, bem no início de nossa dispensação, esse
tema tem sido bastante negligenciado. Então qual é esse
poder secreto de criação?
Inteligência Incorporada à Matéria

Através das revelações modernas aprendemos que o


Universo organizado chegou até o atual estágio de
desenvolvimento porque “a matéria tem a capacidade de
incorporar inteligência”. (23) Isto é, os Criadores estão
continuamente arrebatando inteligências sem vínculos,
que estão nos domínios inorganizados do cosmo infinito,
incorporando-as a “matéria caótica”, ou seja, a elementos
em disponibilidade. (24)

Apesar de não nos ter sido informado como essa


maravilhosa absorção é levada a cabo, foi-nos assegurado
que quando ela se realiza um novo ente organizado, ou
“reino”, formado por elemento e inteligência, surge onde
antes só havia caos.

Isto significa que tudo dentro do Universo organizado é um


conjugado de ambos, elemento auto-existente e
inteligência auto-existente. Segundo Brigham Young,
dentro de todo o Universo organizado de matéria física

“não há uma só partícula de elemento que não esteja


preenchida com vida. Há vida em toda a matéria através
das vastas extensões das eternidades; ela está nas rochas,
na areia, no pó, na água, no ar, nos gases e, em resumo,
em todas as formas e organizações da matéria, seja ela
sólida, líquida ou gasosa –- partícula incorporando
partícula.” (25)

Isto, é claro, também é válido para as outras formas de


matéria –- espiritual, translada e ressuscitada.

A Autoridade Para Criar Ordem no Caos

A faceta mais importante da grande realização dos


Criadores –- dotar os elementos com inteligência –- é que,
uma vez que a matéria tenha sido associada à inteligência,
ela é capaz de atender à vontade de seus Criadores. Ou
seja, após a matéria ter sido “organizada e incorporada à
inteligência” ela pode “receber a ação”. (26) Isto se torna
possível porque cada inteligência designada para integrar
um elemento pode sentir a vontade dos Deuses e, por
estar incorporada à matéria, tem agora a capacidade de
agir de acordo com esse desejo. Como declarou o Senhor:

“E a todo reino é dada uma lei; e toda lei também tem


certos limites e condições.” (D&C 88:38)

Vemos isso por todos os lados. Na verdade, o fato mais


notável na observação científica do Universo é
testemunhar a ordem que prevalece em cada nível da
matéria organizada. O Senhor revelou que essa ordem é
mantida exigindo-se que todos os escalões de inteligências,
nos vários reinos de Deus, atuem estritamente dentro dos
“limites” e “condições” estabelecidos para eles na sua
formação. É por isso que o Senhor explicou que a primeira
lei dos céus não é a ordem –- mas a obediência. A ordem é
a sua consequência. (D&C 130:20-21).
A autoridade para estabelecer a ordem através da
obediência voluntária é denominada “Sacerdócio”. O
Sacerdócio, ensinou Joseph Smith, é tão eterno quanto as
inteligências e os elementos aos quais comanda e controla.
Ele é

“um princípio eterno, e existia com Deus desde a


eternidade, e existirá no futuro pela eternidade afora, sem
princípio de dias ou fim de anos”. (27)

Note-se que é através dos canais da autoridade do


Sacerdócio que o poder da fé é ativado dentro de cada
reino organizado. Joseph Smith explicou que:

“(...) toda a Criação visível, como agora existe, é


consequência da fé. É pela fé que ela foi plasmada, e é
pelo poder da fé que permanece em sua forma organizada,
e que os planetas circulam em suas órbitas e cintilam em
sua glória.” (28)

Mesmo aqui na mortalidade, o poder para comandar a


matéria organizada é obtido “pela fé” (TJS, Gênesis 14:30).
Um Rigoroso Programa de Testes

Em uma importante revelação a Joseph Smith o Senhor


disse:

“Toda verdade é independente para agir por si mesma na


esfera em que Deus a colocou, como também toda
inteligência; caso contrário não há existência.” (D&C 93:30).

Isto mostra que, uma vez que uma inteligência tenha sido
convidada a participar do Universo organizado, ela é
imediatamente designada a atuar em um elemento ou
“esfera” de teste, onde é instruída a “agir por si mesma”.
De forma notável essa Escritura também especifica que
apenas através dessa designação restrita é permitido a uma
inteligência experimentar “existência” no Universo
Organizado.

O Senhor revelou que o programa de teste de cada


inteligência consiste de dois aspectos independentes, mas
essenciais.

Como já vimos, o primeiro aspecto desse programa de


teste consiste em que a inteligência incorpore-se a um
elemento. Para algumas inteligências esse elemento é uma
simples partícula subnuclear; para outras é um organismo
mais complexo, como uma planta ou animal; e para umas
poucas inteligências especiais esse campo de teste é um
corpo espiritual à imagem do próprio Deus.

A qualquer nível que seja designada, a entidade resultante


da infusão total de uma inteligência no elemento é
chamada “reino”. E, na forma de um reino organizado, a
inteligência está agora –- finalmente –- capacitada a agir,
fazendo escolhas entre opções colocadas diante dela.

Os cientistas têm atribuído vários nomes aos reinos


organizados que operam dentro dos limites estipulados
pelo Senhor. Exemplo disso são as “partículas
subatômicas”, “átomos”, “moléculas”, “células”, “plantas”,
“animais” e “seres humanos”. Até mesmo o planeta Terra
é um reino vivente organizado, que “obedece a lei” e
“cumpre o propósito de sua criação”. (D&C 88:25).

A Lei Cósmica e o Livre-Arbítrio

O segundo aspecto do teste das inteligências consiste na


obediência a um conjunto de leis que engloba certas
restrições inerentes. Essa regra é assim definida pelo
Senhor:

“(...) a todo reino é dada uma lei; e toda lei também tem
certos limites e condições”. (D&C 88:38)

Apesar de isso não ficar óbvio de imediato, esse sistema é a


origem do “arbítrio” ou “livre escolha” no Universo
Organizado:

“Eis que isto é o livre-arbítrio do homem (...) porque aquilo


que foi desde o princípio lhes é claramente manifestado
(...).” (D&C 93:31)

Ou seja, nós agora podemos fazer escolhas para agir. E,


porque Deus concede gratuitamente a cada inteligência a
oportunidade de atuar dentro do Universo organizado, nós
às vezes denominamos a esse privilégio –- “livre escolha”
(NT: à semelhança da expressão “entrada livre”, para
significar “entrada grátis”). Dentro de sua esfera específica
de atuação, cada reino formado pelo conjunto inteligência-
elemento pode agir como lhe aprouver.

É importante observar que “livre-arbítrio” e “livre escolha”


não são a mesma coisa. “Livre-arbítrio é o preceito
filosófico segundo o qual um ser pensante é motivado,
raciocina e toma decisões que independem, em grande
parte, de seu ambiente. “Livre escolha”, no entanto,
refere-se apenas ao fato de que a capacidade de agir, de
fazer opções em nosso ambiente, é um dom de Deus
concedido gratuitamente. É “livre” escolha no sentido
oposto ao da liberdade que tem um custo, como a obtida
por um escravo quando sua libertação é comprada.

Por isso o Senhor disse a Joseph Smith: “Eis que lhe permiti
(a Adão) que fosse seu próprio árbitro” (D&C 29:35); e ao
homem é dado agir “de acordo com o arbítrio moral que lhe
dei” (D&C 101:78); portanto, “Os homens devem ocupar-se
zelosamente numa boa causa (...) Pois neles está o poder e
nisso são seus próprios árbitros”. ( D&C 58:27-28).

Dentro de cada ambiente probatório cuidadosamente


projetado, Deus pode medir com precisão a capacidade de
obediência de uma inteligência. De fato, esse campo de
provas acabará por revelar, basicamente, qual será a
reação de uma inteligência ao conjunto de leis eternas que
a família dos Deuses constatou ser indispensável para a
manutenção da ordem e perfeição no cosmo:

“(...) (aquilo que é) governado pela lei é também


preservado pela lei e é por ela aperfeiçoado e santificado”
(D&C 88:34).

Se Deus é Bom, Por Que Existe o Mal no


Universo?

Esse conhecimento a respeito das inteligências como entes


não criados, operando em seu próprio campo de teste e
treinamento, responde a uma pergunta imemorial: Se Deus
é bom e suas criações são boas, por que o mal existe no
mundo?

A resposta é simples. Em última instância, Deus nunca


criou nada de mau. Todo e qualquer mal provém de atos
voluntários de uma inteligência organizada que recebeu a
oportunidade de obedecer ou desobedecer à vontade de
Deus. Isto é o que o Senhor está descrevendo quando diz
que uma inteligência “é independente para agir por si
mesma na esfera em que Deus a colocou (...)” (D&C 93:30).
Algumas não “recebem a luz” (D&C 93:31), enquanto
outras, sim.

Isto é, é a inteligência –- o “eu” interior de cada um de nós


–- que “anseia” ou busca genuinamente pela luz ou pela
escuridão, de acordo com seus desejos fundamentais e
inatos. (29) Ao fazer isso, uma inteligência usa seus dotes
espirituais ou físicos para revelar, através de seus atos,
tanto obras más como obras boas. Deus nada tem a ver
com o mal que disso possa resultar. Ele simplesmente dá
oportunidade para que uma inteligência organizada escolha
o que deseja em realidade.

Felizmente, nesta vida, se algum ser inteligente sente que o


mal que escolheu não é o que realmente deseja, pode
arrepender-se e obter perdão completo, através da graça
do Salvador, ou de seu poder restaurador. Mas ele
(qualquer ser) não pode postergar indefinidamente esse
arrependimento. Isto é algo de que todos nós tomamos
conhecimento muito antes de nascer aqui nesta Terra, e
mesmo antes de nascermos como espíritos.

As Inteligências Acabarão Encerradas


Permanentemente em Um Determinado Nível

Poucos detalhes do treinamento e teste iniciais das


inteligências nos foram revelados. Sabemos, contudo, que o
desenvolvimento e progresso das inteligências organizadas
processa-se segundo um cronograma específico. A certa
altura, os Deuses determinam que uma dada inteligência
está suficientemente testada e preparada, e é obediente
o bastante, para ser ligada de modo permanente a um
elemento organizado de determinado nível.

É óbvio que tal processo requer um sistema severo e


extenso de qualificação, Entretanto, uma vez concluído, a
inteligência é designada a ficar em determinado nível para
sempre. Ela pode ficar ligada a uma partícula subatômica,
ou a um elemento

de ordem mais complexa, formando um átomo, célula,


planta, animal, ou planeta. Os mais qualificados recebem a
designação de pertencer à raça humana –- de ser progênie
de Deus. E é apenas a descendência de Deus que tem a
oportunidade de avançar eternamente para níveis mais
altos de existência.

Mas, mesmo na fase preliminar de teste das inteligências, já


fica evidente que o que determinará sua posição final
dentro do Universo organizado é a submissão voluntária às
leis prescritas pela família dos Deuses.

Não obstante esse fato, nem toda a progênie de Deus –-


as inteligências mais altas -- obedecerá voluntariamente a
Ele. Ainda como espíritos, Satanás e seus seguidores já
manifestaram um desejo inato de criar suas próprias leis, e
procuraram destronar a Deus. (30) Eles estarão
eternamente impossibilitados de obter corpos físicos e,
mais ainda, de viver em reinos de glória.
A Classificação das Inteligências Ainda Está em
Curso

Esse processo cósmico para se determinar a que níveis


pertencerão as matrizes do Universo organizado, bem
como o cronograma a ele relacionado, ainda estão em
curso. Temos sido repetidas vezes advertidos de que não
poderemos adiar para sempre o dia de nosso
arrependimento ou negligenciar nossas oportunidades de
aprender e progredir. Dia virá, no tempo e na eternidade,
em que cada um de nós receberá um corpo ressuscitado
que ficará permanentemente restrito a um certo nível de
realização e glória.

E, o que é mais importante, o Senhor revelou com clareza


que apenas as inteligências que fizerem jus ao mais alto
grau de glória no reino celestial continuarão a crescer em
poder, glória e domínio “mundos sem fim”. (31)

Satanás e Seus Seguidores Serão Excluídos Para


Sempre do Universo Organizado

O inverso da glória sem fim dos justos também existe.


Satanás, seus seguidores e os filhos de perdição terão
eventualmente a desgraça de ser expulsos do Universo
organizado, sendo privados de seus corpos, seja espirituais,
seja ressuscitados. (32) Por vezes surgem aqui e ali
especulações de que, como inteligências, eles talvez
possam ser novamente arrebatados pela família dos
Deuses, recebendo outra oportunidade de existência
dentro do Universo organizado.

Quando essa idéia foi pregada por dois missionários


equivocados, poucos anos após a Igreja ter sido restaurada,
o Profeta Joseph Smith foi instado a censurá-los nos mais
fortes termos. Em uma carta ele escreveu:

“Diga aos irmãos Hulet, e a todos os outros, que o Senhor


nunca os autorizou a dizer que o demônio, seus anjos e os
filhos da perdição seriam algum dia restaurados; pois seu
destino não foi revelado ao homem, não é, nem o será,
salvo aos que dele venham a participar;
consequentemente, aqueles que pregam essa doutrina não
a receberam do Espírito do Senhor. Com propriedade o
Irmão Oliver (Cowdery) declarou que ela é uma doutrina de
demônios. Nós, portanto, ordenamos que tal doutrina não
seja mais ensinada em Sião.” (33)

Ele concluiu dizendo que qualquer um que pregasse essa


doutrina deveria ser proibido de tomar o sacramento.

O Mito da Transmigração

Algumas pessoas cogitam se seria possível que uma


inteligência transmigrasse para ordens cada vez mais
avançadas de seres, de modo que a inteligência de um
inseto, por exemplo, pudesse eventualmente atingir o grau
de um animal e, no

futuro, o de um ser humano –- ou mesmo se seria possível


que houvesse uma reversão. No entanto, o Senhor revelou
que, após uma inteligência ter recebido sua designação
permanente no Universo organizado, ela não poderá de
forma alguma “transmigrar”, mas, ao contrário, haverá de
atingir seu pleno potencial dentro de sua esfera
permanente de existência.

O conceito da transmigração, ou a idéia de que uma


inteligência pode habitar em organismos crescentemente
mais complexos, foi chamada de “doutrina do demônio”,
por Joseph Smith. (34) E Brigham Young assim se expressou
a esse respeito:

“Inúmeros indivíduos têm acreditado, e ainda crêem, que


os seres brutos, através de um aumento de conhecimento e
sabedoria, podem modificar sua constituição física e
corporal, atravessando inúmeros estágios de existência, de
modo que o mais minúsculo dos insetos, com o passar do
tempo, possa assumir a forma humana e vice-versa. Esta é
uma das idéias mais sem fundamento que a mente humana
poderia abrigar; ela é chamada de transmigração das
almas.”(35)

As Escrituras também são explícitas. A Abraão foi mostrado


que, uma vez que uma inteligência tenha recebido sua
designação permanente, ela será estabelecida naquele
nível eternamente – ela é gnolaum (Abraão 3:18). Quanto a
haver numerosos estágios de existência (encarnações), o
homem só pode morrer uma vez, não muitas vezes, como
explicou o apóstolo Paulo aos hebreus –- muitos dos quais
acreditavam em reencarnação (Hebreu 9:27). E, mais, a
ressurreição é uma condição permanente –- e foi isto que o
profeta Amuleque explicou em Alma 11:45, fato que foi
confirmado a Joseph Smith nas revelações modernas (D&C
63:49).

A Lei Universal da Participação Voluntária

Um estudo cuidadoso das Escrituras e de outros registros


proféticos revela como é delicado e trabalhoso o processo
de treinar e conduzir as inteligências através de cada passo
de seu progresso, até que escolham e recebam sua
designação permanente no Universo. Nesse prolongado
processo nosso Pai Celestial nunca fez uso de compulsão ou
coerção.

Este é outro dos grandes segredos do Universo organizado:


todas as coisas criadas são produto de ação voluntária.
Cada sistema organizado do Universo é como é, e está
onde está, não porque tenha sido forçado a isso, mas
porque o deseja.

Esta lei pode ser também descrita da seguinte forma:

“Nada de permanente veio jamais a existir, ou jamais virá,


exceto através da participação voluntária das inteligências
envolvidas”.

Aparentemente a família dos Deuses aprendeu, desde a


eternidade, que qualquer grau de compulsão imposto
sobre o arbítrio de uma inteligência introduz naquele reino
organizado as sementes da sedição, revolução e dissolução
cósmica. Assim sendo, a primeira lei da Criação é que o
Universo tem que ser construído com base em participação
voluntária.

Foi exatamente esta a mecânica da Criação da Terra. As


Escrituras explicam que após os Deuses terem dado
andamento a certos eventos, eles observaram as coisas a
que deram ordem até que elas obedeceram (Abraão 4:18,
21, 25, 31).

Através desse padrão de participação voluntária todas as


coisas foram criadas e são mantidas em funcionamento,
desde a menor partícula subatômica até uma família de
superconstelações estelares. Essa distribuição organizada é
tão completa que “não existe espaço em que não haja
reino (...), seja um reino maior ou um reino menor”. (D&C
88:37).

É através desse programa, explicou Brigham Young, que


Deus criou

“uma eternidade de vidas, uma eternidade de organismos e


uma eternidade de inteligências, do grau mais alto ao mais
baixo, cada criatura em seu próprio lugar, dos Deuses aos
animálculos.” (36)
Isto significa que em cada nível dessa hierarquia cósmica
há uma inteligência que governa e dirige a matéria com a
qual está integrada. Ela expressa seu arbítrio dentro da
esfera de ação a ela designada por Deus. Uma vez que cada
um desses reinos organizados é capaz de atender à vontade
de Deus, a matéria pode ser organizada, reorganizada e
mesmo desorganizada segundo as necessidades de
expansão e aperfeiçoamento dos domínios do Criador.
Brigham Young declarou:

“Os mundos são constituídos por elementos brutos, e o


poder do Altíssimo tem influência e sabedoria tais que
quando ele fala é obedecido, e a matéria se junta e é
organizada.” (37)

Inteligência atuando na matéria. Este é o poder secreto de


criação de Deus. Implantando inteligência em elementos
primários a família dos Deuses trouxe ordem ao Universo
inorganizado. Matéria aparentemente “sem vida” atende a
seus desejos. Esse poder tem estado presente entre a
família humana desde os dias de Adão e continua a operar
ainda hoje através da autoridade restaurada do Sacerdócio.
Como já vimos, quando necessário, ele tem sido usando
para remover montanhas, alterar as condições do tempo,
curar os doentes e levantar os mortos.

Ele foi também usado para criar esta Terra.


Questionário – Apêndice B

Perguntas para Responder

1 – O que é uma inteligência? De onde ela provém? Ela pode


ser criada? Pode ser destruída?

2 – O que é uma “inteligência organizada”? Em

que ela difere de uma inteligência não

organizada? 3 – Qual é o nome da matéria

inorganizada? Ela pode ser criada? Pode ser

destruída?

4 – Qual é o poder secreto de criação de Deus? Através de


que canal específico ele opera?

5 – A capacidade de uma inteligência pode ser

ampliada? Se não, por quê? Se sim, de que

forma? 6 – Há alguma “existência” fora do

Universo organizado? Como sabemos disso?


7– Qual é a fonte primordial do mal no Universo
organizado? Deus, sendo essencialmente bom, é a causa
desse mal? Como sabemos disso?

8 – Será que algum dia nós já fomos insetos, plantas ou


animais? O que nos garante isso?

Questões a Ponderar

1– A matéria física existe basicamente em três estados:


sólido, líquido e gasoso (e alguns outros estados raros
também). Quais são a física e a química de todos os quatro
tipos de matéria (espiritual, física, transladada e
ressuscitada) no Universo organizado? Quais são suas
propriedades, limitações e diferenças em termos de
energia, força, velocidade etc.? Por exemplo, a água feita
de espírito pode congelar ou ferver? Será que uma força de
atração como a “gravidade” existe no mundo espiritual (na
Terra espiritual)? Poderá existir interna ou externamente
numa Terra transladada? E interna ou externamente numa
Terra ressuscitada?

2– Os físicos e outros cientistas têm estado pesquisando há


séculos a partícula “mais básica” da Natureza. Hoje eles
suspeitam que elas sejam os “quarks” ou “léptons”. Que
evidência existe de que elas sejam mesmo as partículas
mais fundamentais da Natureza? Como saberemos que
identificamos realmente a menor combinação existente de
inteligência e elemento?

3– Aquilo que o Senhor já nos revelou acerca do plano de


salvação mostra que nossa longa jornada, desde quando
éramos uma inteligência primeva inorganizada até o
presente, é uma tentativa do Pai de dotar nossa inteligência
individual de capacidades e poderes sempre crescentes.
Que significa isso para aqueles que não alcançam o grau
mais alto no reino celestial?

4 – Você consegue identificar em algumas descobertas


científicas algo que sugira que a matéria organizada possui
inteligência?
5 – Nosso nascimento na mortalidade tem sido descrito

como o ato de “descer abaixo de todas as coisas” (Brigham


Young, 28 de abril de 1872, JD 15:13; e também D&C 88:6;
e 122:8). Por quê? (Pista: Pense nas limitações de nossos
cinco sentidos. Considere também o fato de que nosso
corpo necessita constantemente de alimento, ar, água,
abrigo e outras coisas.)

6– De que forma o conceito de que a matéria incorpora


inteligência é a chave para a compreensão da operação de
milagres?

7– Você conhece alguma evidência de que o mal


dominou completamente uma terra, tornando nulo e
inútil todo o esforço de criá-la e resultando em sua
completa destruição? Há algum perigo de que isso
venha a acontecer
com nossa Terra? (Pista: A Seção 88 de Doutrina e
Convênios tem algo a dizer sobre o assunto.)

Referências – Apêndice B

1 – Joseph Smith, KFD, pág. 203; e também History 3:387; e


Words, págs. 346, 352, 359-360.

2 – Joseph Smith, 28 de

março de 1841, Words,

pág. 68. 3 – “Life Before

Birth”, Ensign, fevereiro de

2006, pág. 31.

4 – Brigham Young, 18 de dezembro de 1853, JD 2:135; e


também 9 de outubro de 1859, JD 7:286.

5 – Platão, “Timaeus”, em Great Books of the Western

World (Chicago: Encyclopaedia Britannica, 1952),

7:448. 6 – Platão, 7:448.


7 – Spencer W. Kimball, 2 de abril de 1977, “Our

Great Potential”, em The Ensign, maio de 1977,

pág. 50. 8 – Moisés 1:39, The Pearl of Great Price,

(Liverpool, England: edição de 1853).

9 – Brigham Young, 22 de julho de 1860, JD 8:127.

– John A. Widtsoe, “What Is An Intelligence?”, em The


10

Improvement Era, agosto de 1948, pág. 513; ver também


B. H. Roberts, Seventy’s Course iin Theology, 2º ano, (Salt
Lake City, Utah: The Church of Jesus Christ of Latter-day
Saints, 1908), págs. 8-9.

11 – Joseph Fielding Smith, The Progress of Man (Salt Lake


City, Utah: Utah Genealogical Society, 1963), pág. 10.

– A ressurreição é obtida por meio de uma ordenança do


12

Sacerdócio. Ver Spencer W. Kimball, 2 de abril de 1977,


“Our Great Potential”, na revista The Ensign, maio de 1977,
pág. 50; e também Brigham Young, 24 de agosto de 1872,
JD 15:137.

13– René Descartes, 1637, “Discourse on the Method of


Rightly Conducting the Reason”. Parte IV; Tradução do
original em francês Le Discours de la Méthode, por
Elizabeth S. Haldane e G. R. T. Ross, em Great Books of the
Western World
(Chicago: Encyclopaedia Britannica, 1952) 31:51.

14 – Joseph Smith, 7 de abril de 1844, KFD. Pág. 203.

15 – Brigham Young, 18 de junho de 1865, JD 11:121.

16 – Joseph Smith, antes de 8 de agosto de 1839 (1), Words,


pág. 9; também págs. 351, 359; e D&C 93:33.

17 – Brigham Young, 14 de agosto de 1853, JD 1:275-276;


ver também JD 1:116; 3:367; 7:3; e 13:316.

18 – Brigham Young, 13 de julho de 1862, JD 9:317; ver


também JD 1:275; JD 7:2; JD 9:317; e JD 10:3.

19 – Brigham Young, 3 de junho de 1855, JD 2:304.

20 – Brigham Young, 3 de julho de 1859, JD 7:2; também JD


10:3.

– Ver, por exemplo, Hans Christian Von Baeyer,


21

“Vacuum Matters”, em Discover, março de 1992, págs.


108-112; também “Atoms and the Void” (Capítulo 7),
em seu livro Taming the Atom (London: Viking Press,
1993).

22– Brigham Young, 4 de dezembro de 1856, JD 4:133; ver


também Parley P. Pratt, Key To Theology, (Salt Lake City,
Utah: Deseret Book, 1965), pág. 50.

23 – Brigham Young, 3 de julho de 1859, JD 7:2.


24 – Joseph Smith, 7 de abril de 1844, KDF pág. 203; ver
também 2 Néfi 2:11.

25 – Brigham Young, 23 de março de 1856, JD 3:277.

26 – 2 Néfi 1:13-14; e também Brigham Young, 3 de julho de


1859, JD 7:2.

27 – Joseph Smith, antes de 8 de agosto de 1839 (1), Words,


pág. 8.

– Joseph Smith, Lectures on Faith (Kirtland, Ohio: The


28

Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1834), 7:5; e


também
History 5:218.

29 – Alma 3:27; D&C 29:45.

30 – D&C 29:36; Moisés 4:1,3.

31 – D&C 131:1-4; também Abraão 3:24 e D&C 76:50-70,


111-112.

32 – Esta forma mais extrema de “segunda morte” é


descrita em D&C 76:44-48 e D&C 88:32-35. Note que eles
“regressarão a seu próprio lugar”, isto é, ao Universo
inorganizado. O profeta Leí temia que isso acontecesse a
seus dois filhos mais velhos (2 Néfi 1:22) e o Salvador
também falou desse horrível destino (Mateus 10:28). Ver
ainda Brigham Young, JD 1:275, 349; 4:54; e 18:232;
Heber C. Kimball, JD 5:95 e 5:271; e Erastus Snow, JD
7:359.
33 – Joseph Smith, 25 de junho de 1833, History 1:366.

34 – Joseph Smith, 10 de novembro de 1835, History 2:307.

35 – Brigham Young, 13 de junho de 1852, JD 1:92-93.

36 – Brigham Young, citado em John A. Widtsoe, Joseph


Smith as Scientist (publicado em 1908; reimpressão, Salt
Lake City, Utah: Bookcraft, 1964), págs. 67-68.

37 – Brigham Young, 25 de setembro de 1870, JD 13:248.


Apêndice C

Decifrando os Códigos dos Livros de


Moisés e Abraão

O relato mais popular e conhecido da Criação da Terra e de


suas formas de vida é o que foi registrado por Moisés no
livro de Gênesis. Entretanto o livro de Gênesis não
sobreviveu intacto à passagem dos séculos, devido a
escribas e copistas sem inspiração ou descuidados.
Felizmente, para os estudiosos da história da Criação, o
Profeta Joseph Smith restaurou as palavras perdidas de
Moisés que apareciam originalmente no livro de Gênesis.
Elas foram publicadas na Pérola de Grande Valor sob o
título: “Seleções do Livro de Moisés”.

Em nosso estudo da história da Criação registrada por


Moisés utilizaremos essa versão restaurada do livro de
Gênesis. Como havia um capítulo introdutório no relato
original de Moisés que não aparece hoje na Bíblia, Gênesis
1 é o equivalente a Moisés 2 e Gênesis 2 o equivalente a
Moisés 3 etc.

A visão de Moisés da criação da Terra é descrita nos


capítulos 2 e 3. Eis uma breve sinopse do que ele viu.

Uma Sinopse da História da Criação de Moisés

Em Moisés, capítulo 2 (Gênesis, capítulo 1), Moisés


registrou o seguinte:

Primeiro Dia: -- Um globo coberto de água é criado e


principia sua rotação; ele é envolvido pela luz do dia e pela
escuridão da noite (Moisés 2:1-5).

Segundo Dia: -- A atmosfera é criada (Moisés 2:6-8).

Terceiro Dia: -- Aparece a terra firme cercada por um


oceano; plantas como grama, ervas e árvores frutíferas
começam a crescer na terra (Moisés 2:9-13).

Quarto Dia: -- O Sol, a Lua e as estrelas são organizados, a


fim de servir de sinais para a Terra e marcar as estações, os
dias e os anos (Moisés 2:14-19).
Quinto Dia: -- Os oceanos ficam cheios de criaturas
aquáticas como baleias e peixes; aves voam na atmosfera;
as formas de vida marítimas e aéreas recebem a ordem de
se multiplicar (Moisés 2:20-23).

Sexto Dia: -Gado, feras e outros animais aparecem na terra;


o homem é criado à imagem de Deus, macho e fêmea; eles
recebem a ordem de se multiplicar e ter domínio sobre
todas as outras formas de vida; Deus conclui sua obra
declarando que todas as coisas eram “boas” (Moisés 2:24-
31).

Neste ponto encerra-se o capítulo 2 de Moisés. No capítulo


3 (Gênesis, capítulo 2) Moisés registra o seguinte:

Sétimo Dia: -- Um vapor se levanta da terra e a rega; o


homem é formando do pó, um jardim é plantado a leste do
Éden; árvores crescem no solo; é descrito um rio com
quatro tributários; o homem é colocado no Jardim do Éden;
o homem recebe a ordem de cuidar do Jardim, mas não
deve comer da árvore do conhecimento do bem e do mal;
os animais são formados do pó; Adão dá nome a todos os
animais; Eva é criada. (Moisés 3:1-25)
O Mistério da História da Criação, dada por
Moisés

No relato da Criação, que acabamos de resumir, não


encontramos uma só, mas duas histórias da Criação –- a
primeira em Moisés 2 e a segunda em Moisés 3. O que é
particularmente surpreendente é que esses relatos se
contradizem de maneira óbvia. Uma comparação cuidadosa
do segundo e terceiro capítulos de Moisés revela diversos
problemas:

1–- A ordem da Criação é diferente: Em Moisés 2 a ordem


da Criação é a seguinte: plantas, animais, homem e mulher;
em Moisés 3 a ordem é: homem, plantas, animais e mulher
(Comparar Moisés 2:11, 20, 27 com Moisés 3:7, 9, 19, 22).

2–- A Criação do homem é ambígua: Moisés 2 declara que


homem e mulher foram criados no sexto dia e receberam a
responsabilidade de cuidar de todas as outras criaturas
vivas. Entretanto, Moisés 3 diz que no sétimo dia, após tudo
que ocorreu em Moisés 2, ainda “não havia homem para
lavrar a terra”. (Comparar Moisés 2:26-27 com Moisés
3:5). Então Adão e Eva são criados.

3–- As plantas e os animais prosperam sem chuva: Moisés 2


diz que as plantas já viviam na Terra no terceiro dia; e os
animais chegaram no quinto e sexto dias. Contudo, Moisés
3 diz que, após tudo que ocorreu como descrito em
Moisés 2, “o Senhor Deus não fizera chover sobre a face da
Terra” (Moisés 3:5). Só depois que um vapor cobriu toda a
face da Terra, no sétimo dia, as árvores brotaram do solo e
a vida animal, inclusive o homem, apareceram (Comparar
Moisés 2:12 com Moisés 3:9)

4–- Moisés 3 contém apenas um relato parcial da


Criação:Tanto Moisés 2 como Moisés 3 mencionam a
criação das plantas e animais, e do homem e da mulher,
mas apenas Moisés 2 inclui a criação da Terra e a
organização do Sol, da Lua e das estrelas (Comparar Moisés
2:2-10, 14-18 com Moisés 3:7-9, 18-22).

5–- Quando foi que Deus realmente concluiu sua obra?


Moisés 3 principia dizendo: “Assim, o céu e a Terra foram
terminados e todas as suas hostes” (Moisés 3:1),
evidentemente referindo-se aos eventos descritos em
Moisés 2. E, para confirmá-lo, em Moisés 3:2 Deus afirma
mais explicitamente: “(...) todas as coisas que eu fizera
estavam terminadas”. Apesar disso, Moisés 3 prossegue
descrevendo a criação do homem, das plantas, dos animais
e da mulher.

6–- Quando foi criada a mulher? –- Moisés 2 diz que a


mulher foi criada no sexto dia, junto com o homem.
Entretanto, Moisés 3 diz que no sétimo dia Adão foi criado;
depois disso, diversos eventos importantes tiveram lugar
antes de Eva ser criada (Comparar Moisés 2:26-27 com
Moisés 3:8-20 etc.).

7–- Temos dois Criadores distintos dirigindo a obra da


Criação, um em Moisés 2 e outro em Moisés 3: Em Moisés
2, o Criador é “Deus”; e em Moisés 3, a principiar no
versículo 4, por outro lado, quem fala como Criador é “o
Senhor Deus”
(Comparar Moisés 2:1, 3 etc. com Moisés 3:5, 7 etc.). O
exegeta bíblico Willian Winston ressalta que esta não é uma
peculiaridade da versão do Rei Tiago. Há também uma

“alteração no nome de Deus exatamente nessas passagens,


mudando o nome de Eloim para Jeová-Eloim –- de Deus
para Senhor Deus –- nas versões hebraica e samaritana da
Bíblia e na Septuaginta”. (1)

Algumas escolas de pesquisa bíblica desconsideram essas


discrepâncias no relato da Criação de Moisés alegando que
ele teria encontrado dois relatos diferentes da Criação
entre os mitos de seu povo e incluiu-os a ambos em sua
história. Como muito provavelmente esses mitos viriam de
fontes diferentes, racionalizam eles, deve ter havido alguns
erros em um deles, ou em ambos, o que responderia pelas
diferenças. (2)

Entretanto, os de nossa fé sabem que essa explicação não


pode ser verdadeira, já que o relato restaurado de Moisés
afirma que ele recebeu essa revelação da Criação em uma
visão plena concedida pelo próprio Criador da Terra.

Moisés 2 (Gênesis 1) é uma Descrição da Criação


Espiritual

Na verdade, a solução da incompatibilidade entre as duas


histórias da Criação de Moisés é muito simples e fornecida
pelo próprio Senhor.
Quando o Profeta Joseph Smith restaurou os escritos
originais de Moisés, ele descobriu que alguns versos
iniciais de Moisés 3 haviam sido alterados ou estavam
faltando. Como hoje já sabemos, no relato original de
Moisés o Senhor fez uma pausa nesse ponto, para explicar
uma coisa muito importante -- a Criação que Moisés
acabara de ver não era, em absoluto, a criação física da
Terra e de todos os seus habitantes! Era um relato da
criação da Terra Espiritual e de todos os seus habitantes
espirituais. Eis o que o Senhor havia dito originalmente a
Moisés:

“E agora, eis que eu te digo que estas (coisas que acabaste


de ver) são as gerações do céu e da Terra, quando foram
criados, no dia em que eu, o Senhor Deus, fiz o céu e a
Terra;“E toda planta do campo, antes de estar na Terra, e
toda erva do campo, antes de brotar.

Pois, eu o Senhor Deus, criei todas as coisas das quais falei


espiritualmente, antes que elas existissem fisicamente na
face da Terra. Pois eu, o Senhor Deus, não fizera chover
sobre a face da Terra. E eu, o Senhor Deus, havia criado
todos os filhos dos homens (como descrito em Moisés 2);
e ainda não havia homem para lavrar a terra; pois no céu
os criei; e ainda não havia carne sobre a Terra nem na água
nem no ar”. (Moisés 3:4-5)

Com este único trecho restaurado de Escritura as


contradições entre Moisés 2 e Moisés 3 se dissolvem.
Moisés 2 está descrevendo a criação da terra espiritual e de
suas formas espirituais de vida. Obviamente esses eventos
não têm relação direta com os fatos descritos em Moisés 3,
que ocorreram muito mais tarde. Como ficará evidente, os
eventos de Moisés 3 descrevem uma criação inteiramente
diferente, na qual as formas físicas de vida, inclusive o
homem, foram colocadas sobre a Terra física.

Para reforçar a importância dessa criação espiritual, o


Senhor a repetiu para Moisés, dois versos depois.
Prefaciando a visão da colocação do homem e dos seres
vegetais e animais sobre a Terra física, o Senhor declarou:

“(...) todas as coisas foram criadas antes (isto é todas as


formas físicas de vida cuja chegada à Terra ocorreria a
seguir); mas
espiritualmente foram elas criadas e feitas de acordo com
minha palavra”. (Moisés 3:7)

A Primeira Presidência assim resumiu o assunto em 1909:


“a Criação foi dupla –- em primeiro lugar, espiritual e, em
segundo lugar, temporal”.(3) Orson Pratt, um apóstolo que
também era cientista, afirmou:

“Deus fez a parte espiritual desta Criação durante esses


seis dias sobre os quais lemos (...) Antes da restauração do
relato da Criação de Moisés, por Joseph Smith,
costumávamos ler a descrição feita pelo Altíssimo, no
primeiro e segundo capítulos de Gênesis, sem distinguir a
Criação espiritual da Criação temporal feita por Cristo.” (4)
Entretanto, disse o apóstolo:

“(...) no que tange à Criação espiritual, não apenas todos os


filhos dos homens, de todas as gerações e eras, foram antes
criados espiritualmente no céu, mas os peixes, aves e
animais, e todas as coisas animadas, tendo vida, foram
também em primeiro lugar criados espiritualmente no céu,
no quinto e sexto dias, antes que corpos de carne fossem
preparados para eles na Terra.” (5)

B. H. Roberts, Autoridade Geral e arguto erudito do


evangelho, autor de Comprehensive History of the Church,
uma história da Igreja em seis volumes, e também de
cursos de estudo para quoruns do Sacerdócio da Igreja (6),
deleitava-se particularmente com esta contribuição
importante de Joseph Smith à história da Criação:

“Descobrir que o primeiro relato da Criação da Bíblia trata


da Criação espiritual e que o segundo trata da Criação atual
ou natural é confortador, porque remove toda a ideia de
inconsistência ou contradição entre os dois relatos.” (7)

Harmonizando as Duas Histórias da Criação de


Moisés

Agora que sabemos que Moisés na verdade registrou dois


períodos distintos da história completa da Criação,
podemos solucionar os problemas encontrados em seus
relatos, os quais não pareciam lógicos ou consistentes,
como mencionamos na lista apresentada anteriormente:

1-- A ordem da Criação é diferente: Considerando-se que


Moisés 2 e Moisés 3 referem-se a duas criações diferentes,
a ordem não precisa ser a mesma. Moisés 2 é uma
descrição da criação da Terra espiritual e seu
embelezamento com formas espirituais de vida; Moisés 3 é
uma descrição da colocação das formas atuais de vida na
Terra física, tempos depois.

2–- A Criação do homem é ambígua: Agora essa


ambiguidade desaparece, já que Moisés 2 está falando da
criação da família espiritual do Pai, enquanto que Moisés 3
descreve a criação de Adão e Eva na Terra física, muito mais
tarde. Foi por isso que Deus fez uma pausa na visão da
criação da Terra, para dizer a Moisés que a criação de Adão
e Eva, que ele logo haveria de contemplar, não deveria ser
confundida com a criação dos espíritos da família humana
que já havia ocorrido anteriormente:

“(...) Pois eu, o Senhor Deus, criei todas as coisas das quais
falei (em Moisés 2) espiritualmente, antes que elas
existissem fisicamente na face da Terra. Pois eu (...) havia
criado todos os filhos dos homens; e ainda não havia
homem para lavrar a terra, pois no céu os criei;” (Moisés
3:5)

É claro que, como o Senhor havia criado “todos os filhos


dos homens”, a criação de homem e mulher em Moisés
2:26-27 não pode estar-se referindo apenas à criação de
Adão e Eva, como às vezes se supõe.
Isto foi confirmado pelo Profeta Joseph Smith, quando
explicou que “ ‘mundo’ “ e ‘Terra’ não são sinônimos –- o
mundo é a família humana”. (8) E, acrescentou ele , “o
mundo (a família humana) foi formado como consta em
Moisés 2:26-28”. (9)

Brigham Young ensinou que a declaração do Apóstolo


Paulo, “(...) sendo nós (...) geração de Deus” (Atos 17:29),
referia-se à criação do homem descrita em Moisés 2:26-27,
confirmando também que esses versículos descrevem o
nascimento da progênie espiritual do Pai. (10)

Joseph Fielding Smith assim escreveu:

“Esta foi uma criação espiritual (em Moisés 2:26-27); o


homem foi criado à imagem de Deus, homem e mulher,
em primeiro lugar como espíritos, e foi-lhes dito naquela
criação espiritual que se esperava que eles se
multiplicassem e enchessem a Terra quando fossem
colocados sobre ela.” (11)

3–- As plantas e os animais prosperam sem chuva: A


referência a chuva, em Moisés 3, diz respeito apenas à
Terra física. Não tem nada a ver com a Terra espiritual. As
Escrituras simplesmente dão a entender que cada requisito
ambiental já estava pronto na Terra espiritual, quando os
seres espirituais a ela chegaram.

Por outro lado, só após haver chuva na Terra física é que as


plantas e animais puderam começar a vicejar sobre ela.
Como veremos mais tarde, já tinha havido chuva na Terra
física antes que as formas de vida atuais chegassem –- isso
ocorreu durante o Período Preparatório da Criação.

4–- Moisés 3 contém apenas um relato parcial da Criação:


Moisés 3 só relata os eventos necessários à colocação das
formas de vida atuais na Terra. O relato da criação física
da Terra, do Sol, da Lua e das estrelas poderia ter sido
incluído, mas não foi. Como veremos mais tarde, essa parte
da criação física nos foi fornecida por Abraão.

5–- Quando foi que Deus realmente concluiu sua obra?


Moisés 3 começa com a afirmação: “ Assim, o céu e a Terra
foram terminados e todas as suas hostes”. E, no entanto,
mais tarde é mostrada a Moisés a criação do homem, das
plantas, dos animais e da mulher.

Para resolver este problema, precisamos compreender que


a palavra “céu” é sinônimo de “Terra espiritual”. Quando o
Senhor disse a Moisés que todas as coisas foram criadas
“espiritualmente, antes que elas existissem fisicamente, na
face da Terá”, ele acrescentou, “no céu os criei” (Moisés
3:5).

Isto quer dizer que sempre que Moisés usa a palavra “céu”,
em seu relato da Criação, ele não está-se referindo à
atmosfera da Terra, mas à Terra espiritual, onde teve lugar
a criação espiritual.

Vejamos como isto esclarece o primeiro versículo da Bíblia.


Nele está escrito, realmente: “No princípio criou Deus o céu
(a Terra espiritual) e a Terra (a Terra física)”. Esta é
certamente uma introdução lógica ao relato da Criação
espiritual contido no primeiro capítulo de Gênesis.

Existe, no entanto, uma outra questão a ser considerada.


Na Bíblia atual, Moisés conclui seu relato da criação
espiritual com esta declaração: “Assim os céus e a Terra e
todo o seu exército foram acabados” (Gênesis 2:1), como se
estivesse descrevendo a conclusão da criação de nossa
atmosfera e da Terra.

Quando o Profeta Joseph Smith restaurou esse versículo da


forma que Moisés o havia escrito originalmente, ele corrigiu
“céus” para “céu” (Moisés 3:1) Portanto, esse verso
originalmente dizia: “Assim o céu (a Terra espiritual) e a
Terra (física) (...) foram acabados”. Apesar de a restauração
do Profeta Joseph Smith envolver uma mudança
aparentemente insignificante, é a única correção que
poderia colocar a frase conclusiva da Criação espiritual, de
Moisés, em plena concordância com sua declaração
introdutória.

Agora, finalmente, o primeiro versículo de Moisés 3


(gênesis 2) faz sentido. As palavras “Assim o céu e a Terra
foram terminados e todas as suas hostes” não significam
que toda a obra de Deus estava concluída. Querem dizer
simplesmente que a Terra espiritual (céu) e o globo físico
(Terra) estavam agora completos. Quanto à parte final, “e
todas as suas hostes”, refere-se aos seres espirituais que
estavam habitando no céu e em breve começariam a vir
para a Terra física. Só após essas formas de vida atuais
terem chegado, no sétimo dia da Criação, é que Deus afinal
concluiu sua obra e então descansou.

O estudante atento notará que ao descrever sua visão da


Criação espiritual Moisés refere-se ao globo espiritual como
“a Terra”, ao invés de “céu” (ver Moisés 2:2-30), Isto é feito
para que as referências ao firmamento ou “os céus” não
sejam confundidas com “o céu”, que é a Terra espiritual.
Esse uso da palavra Terra por Moisés para significar “Terra
espiritual” é tão natural como alguém se referir ao espírito
de uma pessoa pelo nome que ela possuía na
mortalidade. Isto é, assim como o espírito de Joseph Smith
ainda é “Joseph Smith”, o espírito da Terra ainda é “Terra”.

6–- Quando foi criada a mulher? A criação de “macho e


fêmea”, no sexto dia, foi a criação de todos os filhos
espirituais do Pai, homens e mulheres. A chegada de Eva à
Terra física, descrita em Moisés 3, ocorreu algum tempo
mais tarde e foi portanto um evento inteiramente
separado.

7–- Temos dois Criadores distintos dirigindo a obra da


Criação, um em Moisés 2 e outro em Moisés 3: Como já
vimos anteriormente, foi o Pai quem dirigiu pessoalmente a
Criação espiritual. Após o nascimento da família espiritual,
ele escolheu seu filho espiritual mais velho, Jeová, para
dirigir a Criação física. É por isso que há uma mudança de
“Eloim” (Deus), em Moisés 2, o capítulo que descreve a
Criação espiritual, para “Eloim-Jeová” (Senhor Deus) em
Moisés 3, o capítulo que descreve os eventos finais da
Criação física.

Moisés 2 (Gênesis 1) Não Descreve as


Descobertas dos Cientistas

Como o primeiro capítulo do relato original da Criação, de


Moisés, não se encontra mais na Bíblia, muitos eruditos
ficam frustrados ao tentar relacionar o relato bíblico com a
história da Terra impressa nas rochas. E, ao não encontrar
qualquer correlação significativa, concluem que a história
da Criação de Gênesis não passa de ficção dos hebreus.

Contudo, Moisés sabia que seus relatos seriam adulterados.


Ao prefaciar a visão de Moisés, da Criação da Terra, o
Senhor declarou:

“(...) no dia em que os filhos dos homens menosprezarem


minhas palavras e tirarem muitas delas do livro que
escreverás, eis que levantarei outro semelhante a ti; e elas
outra vez estarão ao alcance dos filhos dos homens
(...).”(Moisés 1:4).

Na verdade, os escritos originais de Moisés foram tão


adulterados, depois que ele os registrou, que as modernas
enciclopédias classificam as histórias de Gênesis sob o
verbete: “Mitos e Lendas judaicas”. (12) Alguns exegetas
bíblicos até mesmo afirmam que o livro de Gênesis deve ter
sido escrito por volta do ano 950 a.C. e contém elementos
míticos do folclore de três culturas diferentes.(13) Um
eminente erudito assim se expressou: “Seja qual for a
origem do Livro de Gênesis, torna-se impossível considerar
os relatos dos patriarcas como fatos históricos no sentido
exato do termo”. (14)

Contudo, o Senhor assegurou a Moisés que, a despeito das

distorções que suas palavras viessem a sofrer, Ele

prometia: “(...) levantarei outro semelhante a ti; e elas

outra vez estarão ao alcance dos filhos dos homens (...).”

(Moisés 1:41)

Essa promessa foi cumprida através do Profeta Joseph


Smith, quando ele foi instruído por revelação a restaurar o
relato da Criação, de Moisés. Esse relato restaurado, como
já vimos, resolve diversas discordâncias factuais entre os
que defendem as descobertas científicas a respeito da
história primitiva da Terra e os que defendem a realidade
da revelação.

Por exemplo, à medida que os cientistas foram


empregando técnicas mais sofisticadas para investigar a
fundo a crosta terrestre, tornou-se cada vez mais óbvio que
a Terra física não foi criada da forma descrita no segundo
capítulo de Moisés (Gênesis 1). Mas um estudo do relato
restaurado deixa claro que isso não é surpresa. O relato da
criação em Moisés 2 refere-se à criação da Terra espiritual
e de suas formas de vida. Não é uma descrição da história
geológica da Terra física.
Esta deveria ser uma notícia espetacular para aqueles que
têm tentado reconciliar as descobertas geológicas com o
registro de Gênesis. O fato de que essa reconciliação nunca
foi necessária significa que as vias já exploradas dos estudos
científicos e das Escrituras, sobre as origens da Terra e sua
história primitiva, podem agora ser reabertas para novas
considerações.
Moisés Não Registrou o Segundo Período da
Criação.

Entretanto, um problema doutrinário ainda subsiste. Já que


Moisés 2 e Moisés 3 não são descrições da mesma história
da Criação, alguns estudiosos têm conjeturado se esses dois
capítulos representam realmente um relato contínuo e
ininterrupto da mesma história.

Isso infelizmente não é possível, já que os eventos do


segundo relato contradizem completamente os do primeiro
e em absoluto não os duplicam. Aparentemente algo de
bem extenso ocorreu entre o fim de Moisés 2 e o início de
Moisés 3.

Esse problema torna-se muito evidente no primeiro


versículo de Moisés 3:

“Assim, o céu (a Terra espiritual) e a Terra (física) foram


terminados (...)”. (Moisés 3:1)

Deve-se notar que essa declaração vem logo após a


conclusão do Primeiro Período da Criação, ou Criação
espiritual, quando Deus contemplou todas as coisas que
fizera e considerou-as “muito boas” (Moisés 2:30-31).

Depois, sem maiores explicações, Moisés registra que


ambos, “o céu e a Terra”, estavam terminados. Mas onde
está a descrição do Segundo Período –- o da criação do
globo físico e sua preparação para receber as formas atuais
de vida? Moisés não o diz. Em Moisés 3 ele simplesmente
passa a descrever os eventos do Terceiro Período da
Criação, partindo do pressuposto de que a Terra física já
estava criada e preparada para receber uma multidão de
formas de vida atuais.

Nós hoje sabemos que apesar de ser possível que Moisés


tenha contemplado em visão esse período que falta da
história da Criação, foi o profeta Abraão que recebeu a
incumbência de registrá-lo.

Decifrando o Código do Livro da Criação de


Abraão

Em Junho de 1835 o Profeta Joseph Smith recebeu diversos


papiros egípcios. Eles haviam sido desenterrados de uma
tumba na margem ocidental do Nilo, próximo ao vale dos
Reis, no Egito. (15)

Através do dom de tradução, Joseph logo percebeu que


esses antigos registros eram excepcionalmente preciosos;
eles continham a história pessoal dos patriarcas Abraão e
seu bisneto, José do Egito! (16) O trabalho de tradução
revelou que esses papiros também continham “os
princípios de astronomia como entendidos pelo Pai Abraão
e pelos antigos” (17) e ainda “a formação do sistema
planetário” (18), juntamente com uma “história dos
planetas”. (19)
No relato pessoal de Abraão, que Joseph Smith traduziu
mais tarde, o patriarca explicou que suas informações
provinham de três fontes, abrangendo uma vasta
biblioteca:

1) “(...) os registros dos pais, sim, dos patriarcas” (Abraão


1:31);

2) “(...) o Urim e Tumim”, que Abraãp recebera quando


ainda vivia em Ur (Abraão 3:1); e

3) Visões plenas concedidas a ele pelo Senhor (Abraão 3:12,


21).

Isso quer dizer que, além do dom de revelação pessoal,


Abraão teve acesso aos registros de Adão, Sete, Enoque,
Matusalém e Noé, patriarcas que possuíam “um
conhecimento do princípio da Criação” (Abraão 1:31).

Com esse cabedal de informações a seu dispor, não é de


admirar que encontremos um relato da Criação da Terra
nos registros de Abraão.
Sinopse do Relato da Criação Feito por Abraão

A criação da Terra como Abraão a viu está descrita nos


capítulos de 3 a 5 do “Livro de Abraão”. (20) Eis uma breve
sinopse dela:

No capítulo 3, Abraão vê em visão um Conselho de Deuses


reunido antes da criação da Terra; estão também presentes
membros da família espiritual do Pai; líderes são
apontados e recebem sua designação; “um que era
semelhante a Deus” foi escolhido para dirigir a criação da
Terra; o pedido de Lúcifer para dirigir a criação da Terra é
rejeitado; ele começa a espalhar sementes de sedição e
rebelião dentro da família espiritual do Pai (Abraão 3:21-
28).

No capitulo 4 Abraão registra os eventos que contemplou,


distribuindo-os em seis etapas ou “vezes”. Perceba que
Moisés usou a palavra “dia” para designar um período de
escuridão seguindo por um período de luz, enquanto que
Abraão usou para isso a frase “o que eles chamaram dia e
noite”, ou a palavra “vez” (Abraão 4:5, 8, 13, 19, 23, 31).
Este foi em resumo o relato que ele fez:

-Primeira Vez: “Os Deuses” decidem “descer” e fazer uma


terra na qual aqueles espíritos possam viver; eles criam um
globo e colocam-no em rotação; ele é exposto à luz do dia e
à escuridão da noite (Abraão 4:1-5).
- Segunda Vez: A atmosfera é criada (Abraão 4:6-8).

-Terceira Vez: Surge a terra firme cercada por um oceano; a


terra é preparada para futuramente receber as formas
atuais de vegetação, como grama, ervas e árvores frutíferas
(Abraão 4:9-13)

-Quarta Vez: O Sol, a Lua e as estrelas são organizados de


modo a que os futuros habitantes da Terra possam utilizá-
los como sinais para determinar as estações, dias e anos
(Abraão 4:14-19).

-Quinta Vez: Os oceanos são preparados para um dia


receber as formas atuais de vida marinha, inclusive as
baleias; a atmosfera é preparada para vir a receber as aves
(Abraão 4:20-23)

-Sexta Vez: A terra é preparada para no futuro receber as


formas atuais de vida animal, como gado e outras espécies;
um Conselho é realizado pelos Deuses para determinar
como trarão o homem à Terra; esse Conselho avança até
a sétima “vez” (Abraão 4:24-31).

No capitulo 5 Abraão registra:

-Sétima Vez: Após concluir seu Conselho, os Deuses


santificam a Terra; a superfície do solo é preparada para
receber todas as formas atuais de vida; plantas e animais
modernos são trazidos para a Terra; Adão e Eva são
colocados no Jardim do Éden (Abraão 5:1-11).
Abraão Descreveu a Criação da Terra Física

Com poucas exceções a história da Criação de Abraão


assemelha-se de perto aos dois primeiros capítulos de
Gênesis. Isto ocorre particularmente com relação aos fatos
que aconteceram durante a Sétima Época da Criação, em
que as formas atuais de vida foram trazidas à Terra.
Entretanto, quando se trata dos eventos que aconteceram
antes da chegada das formas atuais de vida, Abraão não
descreveu a mesma série de fatos que Moisés. Eis a razão
disso:
Abraão principia seu relato da Criação com a descrição de
um Conselho de família a que compareceu a família
espiritual do Pai. Atente para o fato de que o Senhor
precisou “descer” para se encontrar com a família espiritual
do Pai (Abraão 3:21). Isto significa que o Conselho foi
realizado “no céu”, ou seja, na Terra espiritual e não no
planeta onde fica o lar celestial do Pai. É por isso que esse
Conselho específico é por vezes denominado primeiro
“Conselho do Céu”. (21)

Consequentemente a história da Criação de Abraão, que


fala de eventos posteriores ao Conselho do “céu”, não
pode ser uma descrição da criação da Terra espiritual. Ele
deve, portanto, estar descrevendo a criação da Terra física
na qual nós agora vivemos.

O Relato da Criação Física de Abraão Consta de


Três Partes

Um escrutínio cuidadoso da descrição de Abraão da criação


física da Terra revela que ela é divida em três partes
distintas:

Parte 1: Abraão 4:1-25. Aqui Abraão descreve a criação do


globo físico e sua preparação para acolher as formas de
vida atuais. Como já analisamos anteriormente, nos
Capítulos 12 a 15, essa foi uma tarefa complexa,
envolvendo muito tempo e esforço, inclusive o transporte
interplanetário de uma enorme variedade de formas de
vida preparatórias para a Terra.

Parte 2: Abraão 4:26 -- 5:3. Após a preparação da Terra


para receber as formas atuais de vida, Abraão descreve
um Conselho dos Deuses no qual eles declaram sua
intenção de trazer para a Terra física as formas modernas
de vida, inclusive Adão e Eva.

Esse Conselho é diferente, porque tem início no mundo


celestial do Pai, na sexta “vez”, mas é concluído sobre a
Terra, na sétima “vez”. Sabemos disso porque “os Deuses
aconselharam-se entre si”, na sexta “vez” (Abraão 4:26), e
depois desceram à Terra (Abraão 4:27) para discutir suas
próximas tarefas (Abraão 4:28 -- 5:3). Essa discussão não
terminou senão em alguma ocasião do início da sétima
“vez” (Abraão 4:31 -- 5:1).

Parte 3: Abraão 5:4-21. Nessa seção final Abraão descreve a


colocação efetiva das formas de vida atuais sobre a Terra,
feita pelos Deuses. Eis o que sucedeu, de acordo com os
planos apresentados e aprovados durante seu Conselho:

Primeiro: A Terra foi santificada (transfigurada) em

preparação para a chegada das formas atuais de vida;


Segundo: As primeiras matrizes das plantas e animais

e os primeiros pais da família humana chegam à

Terra; Terceiro: Os Deuses embelezam a Terra com

outras variedades especiais de plantas e animais;

Quarto: Adão e Eva são colocados em um jardim “no


Éden”, na parte oriental, e recebem mandamentos
celestiais;

Quinto: Adão tem permissão para dar nome a uma grande


parte das criaturas do reino animal. (22)

Note-se que a maior parte dos eventos descritos nesta


terceira e conclusiva seção do relato da Criação de Abraão
são também mencionados no terceiro capítulo de Moisés
(Gênesis 2). (23)

Com essa análise do relato de Abraão em mãos, façamos


um resumo da “história completa” da Criação. É uma
história que descreve três períodos principais:
1) a criação e embelezamento da Terra espiritual, relatada
em Moisés, capítulo 2 (Gênesis, capítulo 1);

2) a criação da Terra física e sua preparação para receber as


formas de vida atuais, descrita em Abraão, capítulo 4; e

a colocação efetiva das formas de vida atuais sobre a


3)

Terra, descrita por ambos, Moisés (Moisés 3) e Abraão


(Abraão 5).

Como a história da criação da Terra envolve muitos


detalhes interligados, é útil visualizá-la em forma de
diagrama. Esse mapa será fornecido no fim deste Apêndice.

Algumas Perguntas Frequentes

O conhecimento das linhas gerais da Criação dá resposta a


diversas perguntas importantes. A primeira pergunta diz
respeito às condições de imortalidade que prevaleceram
sobre a Terra e sobre suas formas de vida, quando a Criação
ficou completa:

Nós sabemos que Adão e Eva e todos os outros seres vivos


eram imortais antes da Queda. Por quanto tempo essas
condições prevaleceram na Terra?

Como registrou Moisés, Adão foi informado de que


“morreria” se partilhasse do fruto proibido, o que sugere
que se ele se recusasse a comer do fruto continuaria a viver
para sempre (Moisés 3:17). Não há qualquer afirmação por
parte de Moisés ou Abraão de que tudo o mais –- Eva, as
plantas, os animais e a própria Terra –- eram também
imortais nessa ocasião.

Contudo, aprendemos com o profeta Leí que quando Adão


e Eva estavam no Jardim do Éden os processos de morte e
decomposição de todas as coisas vivas estavam
completamente suspensos. Até que Adão caísse, explicou
Leí,

“(...) todas as coisas que foram criadas deveriam ter


permanecido no mesmo estado em que estavam depois de
haverem sido criadas (...)”. (2 Néfi 2:22)

De fato, se Adão não tivesse caído, “(...) (todas as coisas)


deveriam permanecer para sempre e não ter fim”. (2 Néfi
2:22)

Mas quando foi que essas condições de imortalidade


começaram a prevalecer entre as formas de vida da Terra?

Joseph Smith revelou que após ser concluído o Segundo


Período da Criação da Terra, no qual ela fora preparada
para receber as formas atuais de vida, a Terra foi
santificada e tudo que estava sobre ela também o foi. Isto
é, todas as coisas foram mantidas em um estado em que os
processos de morte e decomposição estavam
temporariamente suspensos. Referindo-se à chegada do
Milênio ele declarou:

“Devemos entender que, assim como Deus fez o mundo em


seis dias, e no sétimo dia terminou sua obra, santificando-o,
e também do pó da Terra formou o homem, assim também
no princípio do sétimo milênio, o Senhor Deus santificará a
Terra e consumará a salvação do homem (...)”. (D&C 77:12)

À primeira vista a revelação de Joseph Smith sobre a


santificação da Terra parece ser uma referência à
santificação ou bênção do sétimo dia como um dia do
Senhor, ou dia de repouso. Isto é certamente o que Moisés
dá a entender em seu relato da Criação espiritual (Gênesis
2:2-3).

Entretanto, no caso da Criação física, não só o sétimo dia foi


separado para ser um dia de adoração, mas também a
Terra e tudo que ela contém foram santificados. O processo
de santificação da Terra, diz a revelação, segue um padrão
duplo na obra do Senhor:

Primeiro: da mesma forma que a Terra foi santificada


durante sua criação, assim também ela será santificada no
Milênio. Como Brigham Young explicou, depois de ter
“formado e organizado a Terra, como o fez no princípio”,
Deus então a tornou “perfeita, pura e santa”. (24) Isto é, ela
foi santificada. Então, durante o Milênio, a Terra voltará a
ser exatamente como era “quando o Senhor concluiu sua
Criação e disse que todas as coisas eram ‘muito boas’ “. Ou
seja, ela voltará ao estado perfeito, puro e santo que nela
prevalecera quando foi santificada pela primeira vez. (25)
Essas serão as condições do Milênio, em que, nas palavras
de Joseph Smith, “a Terra será renovada e receberá sua
glória paradisíaca”. (26)

Segundo: do mesmo modo que os últimos remanescentes


de seres vivos do Período Preparatório foram removidos
da Terra antes de sua santificação, assim também seus
habitantes iníquos serão removidos, quando ela for
elevada a um estado paradisíaco e santificado em
preparação para o reino Milenar dos justos.

Agora podemos compreender por que os Deuses


interromperam seu Conselho de planejamento em Colobe,
no fim da sexta “vez”, e vieram para a Terra. Essa mudança
de ambiente foi para remover todas as formas de vida
preparatória que restavam e santificar a Terra em
preparação para a vinda das formas atuais de vida que em
breve haveriam de chegar.

Mas o relato da Criação Física de Abraão não é meramente


um registro das decisões do Conselho dos Deuses?

Não inteiramente, Lembremos-nos de que o relato da


Criação de Abraão divide-se em três partes:

1) a criação da Terra física e sua preparação para receber as


formas atuais de vida (Abrão 4:1-25);
2) um Conselho dos Deuses (Abraão 4:26 -- 5:3); e

3) a colocação das formas atuais de vida na Terra (Abraão


5:4-21).

A segunda parte, ou o Conselho dos Deuses, se encerra com


a declaração:

“(...) E assim foram suas decisões quando decidiram entre si


formar os céus e a Terra”. (Abraão 5:3)

Isto deu a alguns estudiosos da história da Criação a ideia


de que o relato de Abraão inteiro consiste só das atas de
uma sessão de planejamento dos Deuses. Tal coisa,
contudo, não é possível, pois violaria a estrutura gramatical
do relato de Abraão.

Na primeira parte do relato (Abraão 4:1-25) Abraão


descreve os eventos como eles realmente aconteceram.
Todos os verbos principais estão nos tempos passado ou
presente –- Os Deuses “desceram”, “tiveram consciência”,
“separaram”, “chamaram”, “ordenaram”, “contaram”,
“prepararam”, “organizaram” e “vigiaram”. Só depois de
todos esses fatos terem ocorrido o relato de Abraão passa a
usar um tempo verbal futuro (Abraão 4:26 -- 5:3), indicando
que os Deuses estão planejando eventos que ainda viriam a
acontecer.

Portanto, o que Abraão 5:3 está realmente nos dizendo é


que o Conselho de planejamento dos Deuses concluiu-se
na “sétima vez”, ou “na vez” em que eles desceram à Terra
física a fim de santificá-la, em preparação para a chegada
das formas atuais de vida.

Mesmo que a primeira parte do relato da Criação física de


Abraão seja uma descrição de fatos ocorridos, e não uma
ata de reunião, ela ainda assim parece exibir uma sequência
quase idêntica à da Criação espiritual descrita no segundo
capítulo de Moisés. Como isso é possível?

Na verdade uma comparação atenta desses dois relatos da


Criação evidenciará muitas diferenças significativas.

Por exemplo, na Criação espiritual Deus fala e logo tudo se


realiza. Já durante a Criação física os Deuses vigiam, ou
esperam, “até serem obedecidos”. (27)

Outra diferença importante diz respeito à chegada das


formas atuais de vida. No relato de Moisés da Criação
espiritual os espíritos das formas atuais de vida são
colocados diretamente na Terra espiritual, durante o
terceiro, quinto e sexto dias da Criação. (28) Já no relato de
Abraão da Criação física, a Terra física é apenas preparada
para receber as formas atuais de vida. Só na sétima “vez” é
que elas efetivamente chegam. (29)

A despeito dessas diferenças, no entanto, há muita


semelhança na sequência de ambos os relatos. O Profeta
Joseph Smith sugeriu uma explicação para essa
similaridade, quando revelou que as coisas terrenas são
um modelo das coisas espirituais: “aquilo que é material
(sendo) à semelhança do que é espiritual” (D&C 77:2).

Ou seja, do mesmo modo que nossos corpos espirituais têm


a mesma forma que nossos corpos físicos (D&C 77:2 e Éter
3:15-16), assim também a Terra espiritual tem a forma de
sua congênere terrestre. A criação desses dois globos,
apesar de ser feita com elementos diferentes, foi
necessariamente semelhante.

É como se estivéssemos lendo dados sobre a construção de


duas casas de um conjunto residencial. Ao edificá-las o
empreiteiro usa as mesmas técnicas de planejamento,
construção e acabamento, a despeito de possíveis
diferenças em seu projeto. Em geral o teto não é colocado
antes de as paredes estarem erguidas, e as paredes não são
revestidas até que esteja pronta a colocação dos
encanamentos e fiação elétrica. Da mesma forma, os
relatos da Criação da Terra espiritual e da Terra física
guardam certas semelhanças.

A Terra espiritual e a Terra física são, então, diferentes,


porém semelhantes. E por que Moisés não registrou a
preparação ambiental da Terra física?

Moisés não explica por que omitiu essa parte da história da


Criação, mas as experiências de outros profetas sugerem
uma resposta a essa pergunta.

Nós sabemos que há certos episódios da história da Terra


que os profetas contemplaram em visão, mas não tiveram
permissão para registrar. Néfi teve uma experiência assim
na ocasião em que testemunhou em visão os últimos dias.
Quando estava prestes a registrar sua visão, o anjo que
ministrava a ele deteve-o abruptamente, dizendo:

“Mas as coisas que vires de agora em diante não


escreverás; pois o Senhor Deus ordenou ao Apóstolo do
Cordeiro que as escrevesse”. (1 Néfi 14:25)

Esse apóstolo era João, o Revelador, que haveria de


escrever o livro de Apocalipse, setecentos anos mais tarde.
(30) Algo de semelhante pode ter acontecido com Moisés.
O fato é que a preparação da Terra física foi relatada por
Abraão e não foi repetida por Moisés quando preparou
seus registros cinco séculos mais tarde.

E os dinossauros? Como se enquadram na história?

Essa pergunta abrange na verdade uma questão muito mais


ampla, relativa a todas as formas de vida fossilizadas que
existem com tamanha abundância na crosta terrestre.
Como já analisamos no Capítulo 13, esse registro rochoso
foi produzido através de longas eras, enquanto os Deuses
realizavam a preparação ambiental da terra, mares e
atmosfera para a chegada das formas atuais de vida. É o
período preparatório descrito em Abraão 4:11-21.
Os dinossauros, juntamente com muitas outras formas de
vida extintas, fazem parte do sistema ecológico
preparatório. Como já foi explicado, esses organismos
aperfeiçoaram quimicamente as condições da atmosfera e
dos oceanos, formaram os grandes depósitos de
combustíveis e minerais e fizeram muito mais para
transformar a crosta terrestre naquilo que é hoje.

Durante esse período da Criação os primeiros pais das


diversas formas de vida preparatórias foram sendo
transplantados para a Terra, conforme necessário. Com
frequência as espécies eram removidas ou extintas, às
vezes em grandes números e em curtos intervalos de
tempo.

Durante a Sétima Época da Criação, e antes que a terra


fosse santificada, os últimos remanescentes vivos desses
organismos preparatórios foram removidos dela.
Entretanto, seus restos mortais, processados e fossilizados,
não foram removidos, já que isso teria privado a Terra das
riquezas de sua crosta e frustrado o exato propósito pelo
qual as formas preparatórias haviam vivido e morrido.

Mas Leí não disse que não tinha havido morte na Terra
antes da Queda de Adão? Como os dinossauros e outras
formas de vida poderiam ter deixado fósseis, a menos que
morressem?

As condições especiais de imortalidade entres os seres


vivos só foram introduzidas depois que a Terra foi
santificada. Isto ocorreu após ela ter sido ambientalmente
adaptada para receber as formas atuais de vida e após Deus
ter declarado que a Terra, já preparada, era “muito boa”
(Moisés 2:31).

Uma analise cuidadosa da declaração de Leí a respeito das


condições de vida no Jardim do Éden (2 Néfi 2:22-23)
comprovará que ele não disse que nunca tinha havido
morte na Terra antes da Queda –- ele apenas declarou que
depois que Adão e Eva chegaram ao Jardim todas as coisas
deveriam “permanecer para sempre e não ter fim”, se não
houvesse a Queda.

A existência de morte e fossilização não só é consistente


com o registro da crosta terrestre, mas também com a
declaração da Primeira Presidência de que o conceito de
não ter havido morte sobre a Terra, em qualquer época
anterior à Queda, não é uma doutrina oficial da Igreja.
James E. Talmage, antigo membro do Quorum dos Doze
Apóstolos, registrou:

“Este assunto envolve a questão do princípio da vida sobre


a Terra e da possibilidade de ter havido ou não morte, seja
de animais, seja de plantas, antes da Queda e Adão (...) Em
resposta a uma pergunta específica a respeito do assunto,
a Primeira Presidência chegou a um consenso e fez uma
declaração, que foi anunciada à assembleia reunida nesta
manhã, de que obviamente a doutrina (...) de não ter
havido morte sobre a Terra antes da Queda de Adão (...)
não é doutrina da Igreja.” (31)

Então as plantas e animais de hoje descendem das formas


de vida primitivas que viveram na Terra antes de Adão?

Não. Todos os remanescentes vivos das formas


preparatórias foram removidos da Terra antes que ela fosse
santificada. Moisés relatou que logo antes da chegada das
formas atuais de vida “não havia carne sobre a Terra nem
na água nem no ar” (Moisés 3:5).

Isto significa que as formas atuais de vida vegetal e animal,


inclusive o homem, não descendem dos seres do período
preparatório. Em vez disso, a genealogia de todas elas
remonta a seus primeiros pais que foram trazidos para cá
no início do Terceiro Período da Criação.

Mas os organismos modernos são tão semelhantes em


aparência a tantos fósseis! É claro que as formas atuais
de vida devem descender de seres mais antigos que
existiram um dia sobre a Terra.

É verdade que há semelhanças entre alguns organismos


modernos e fósseis do período preparatório. E suas
similaridades notórias levaram alguns cientistas a presumir
erroneamente que as formas atuais de vida são
descendentes diretos de seres do período preparatório.
Entretanto, são bem poucos os fósseis de animais já
encontrados que parecem ser “aparentados” com os
organismos modernos, por sua semelhança. Em 1963 o Dr.
Normam D. Newell ainda afirmava: “Aproximadamente
2500 famílias de animais (...) deixaram um registro fóssil.
Destas, cerca de um terço ainda vive”. (32) Entretanto, em
1985, os estudos já sugeriam que apenas em um
determinado ponto do tempo, num período bem remoto
da pré-história, havia pelo menos vinte vezes mais espécies
vivendo na Terra do que todas as que agora ocupam o
Planeta. (33)

A maioria dos organismos fósseis não apresenta nenhuma


semelhança com os serves vivos atuais. Na verdade,
quanto mais os cientistas escavam e estudam os fósseis,
mais evidente se torna que no Período Preparatório existia
aqui uma infinita gama de organismos que nada têm de
semelhante com qualquer coisa já vista na Terra, antes ou
depois deles. Quanto aos que se assemelham, devemo-nos
lembrar de que os mesmos princípios de constituição
orgânica encontrados nos seres que hoje vivem aplicam-se
também às formas de vida preparatórias.

De qualquer modo, a origem das formas de vida e a relação


entre elas não poderão ser completamente compreendidas
até que detalhes da vida em outros planetas mais antigos
nos sejam revelados –- uma promessa que deverá ser
cumprida no Milênio. (D&C 101:32-34).

Mas se houve uma infinidade de formas preparatórias de


vida na Terra, antes de Adão ser colocado no Jardim do
Éden, como pode ele ter sido, como disse Moisés, a
“primeira carne na Terra”?

No transcorrer do sétimo dia da Criação, Adão foi colocado


na Terra. Moisés registrou que ele foi “a primeira carne na
Terra, também o primeiro homem” (Moisés 3:7).

Essa afirmação engloba duas questões –- “primeira carne” e


“primeiro homem”. Consideremos um caso de cada vez.

Quanto ao fato de Adão ser chamando de “primeira carne”,


Joseph Fielding Smith ressalta que “carne” aqui se refere
ao corpo de Adão após ele ter caído de seu estado imortal:

“Por carne deve-se entender mortalidade, e Adão foi o


primeiro mortal sobre a Terra.” (34)

Isto é confirmado por uma análise cuidadosa de todas as


vezes que a palavra “carne” aparece no relato da Criação,
de Moisés. (35)

Quando à declaração de que Adão foi “o primeiro


homem” na Terra, trata-se de uma definição técnica e
também de um título honorifico. Brigham Young ensinou
que todo planeta com propósito igual ao da terra tem, não
só um Redentor e um tentador, mas também um Adão, ou
“primeiro homem”. (36)

Quando Moisés viu uma multidão incontável de planetas


habitados, o Senhor lhe disse: “E ao primeiro
hom
em de todos os homens (em cada terra) chamei Adão, isto
é, muitos” (Moisés 1:34; notar que esta declaração foi feita
por ocasião da visão de uma multidão de planetas
habitados). Assim sendo, quando o arcanjo Miguel entrou
na mortalidade, ele recebeu o título de “Adão”, ou
“Primeiro Homem de todos os homens” desta Terra.

Para nosso planeta, então, Adão foi tanto a “primeira


carne” (primeiro ser mortal após a Queda), como o
“primeiro homem” (título honorífico por ser o primeiro);
mas formas preparatórias de vida haviam-no precedido.
Questionário -- Apêndice C

Perguntas para Responder

1– Que discrepâncias ou contradições significativas existem


entre a história da Criação registrada em Moisés 2 e a
história da Criação do capítulo 3.?

2– Quais são os eventos principais da história da Criação


de Moisés 2? E os de Moisés 3? Por que a ordem da
Criação é diferente em Moisés 2 e Moisés 3?

3 – Quem foi criado em Moisés 2:26-27?

4 – Por que Moisés 3 não menciona a criação

de um globo planetário e do Sol, Lua e

estrelas? 5 – Quando afinal Deus terminou

sua obra de criação?

6 – Quem dirigiu a criação da Terra espiritual? E da Terra


física?

7 – O que disse o Senhor a Moisés que aconteceria com seu


relato escrito da criação da Terra? Isso já aconteceu?
8– Quando foi que Joseph Smith obteve os escritos de
Abraão? Sobre que eles estavam registrados? Onde foram
descobertos?

9– Quais são as três fontes das quais Abraão obteve seus


conhecimentos sobre a história da Terra e os sistemas
planetários?

– Como sabemos que o relato de Abraão da preparação


10

da Terra física não registra apenas e tão somente as atas


de um Conselho dos Deuses?

11– Que eventos precisaram ocorrer para produzir a Terra


física e preparar sua crosta para a chegada das formas
atuais de vida? Em que esses eventos são diferentes dos
que foram necessários para a Criação espiritual? Em que os
dois são iguais?

12– Quando foi santificada a Terra? Por que ela foi


santificada? Quando algo é assim santificado, o que isso
significa? Esse processo voltará a acontecer com a Terra
algum dia?

13 – Quando foi que a condição imortalizada apareceu pela


primeira vez entre as formas de vida da Terra?

14– Qual foi o propósito da criação dos dinossauros e de


outras formas de vida extintas? O que aconteceu com as
formas de vida preparatórias?

15 – O que ou quem foi “a


primeira carne sobre a

Terra”? 16 – O que significa

o título “Adão”?
Questões a Ponderar

1– Os remanescentes dos escritos de Moisés que


sobreviveram induziram honestos pesquisadores da
verdade a inúmeros erros relativos à história da criação da
Terra e seus primeiros eventos. Você pode citar alguns
desses erros mais popularmente aceitos?

2--Uma escola atual de estudiosos das Escrituras ganhou


popularidade sob o nome de “criacionistas científicos”. De
que forma o relato restaurado da Criação, de Moisés, afeta
as interpretações bíblicas sobre as quais o “criacionismo
científico” se baseia?

3– Joseph Smith não publicou todas as suas traduções do


Livro de Abraão. Que outras informações os escritos de
Abraão continham e que não estão publicadas no Livro de
Abraão?

4– Abraão diz que os Deuses “prepararam” a Terra física


para a chegada das formas atuais de vida. Que evidências
os geocientistas encontraram dessa preparação?

5– Algum outro planeta de nosso sistema solar passou por


um ou mais dos estágios preparatórios descritos no relato
de Abraão da Criação física?

6 – Que evidências existem de que as formas de vida


preparatórias foram trazidas à Terra? Que provas
possuímos de que algumas delas foram removidas? Por que
foi necessário remover os últimos vestígios de vida
preparatória antes que as formas atuais de vida fossem
trazidas à Terra?

7– Como existem muitos outros planetas semelhantes à


Terra, atravessando experiências iguais às nossas, que
possibilidade há de que se possa entrar em contato com
eles por rádio, luz de laser, neutrinos ou de qualquer outra
forma?

Referências – Apêndice C

1 – Josefo, Antiquities of the Jews (Grand Rapids,

Michigan: Kregel Publications, 1960), I:2 (nota de

rodapé). 2 – Ver por exemplo The Interpreter’s

Bible,1:465, ou Dr. Cunningham Geikie, Hours With

the Bible, 1:9.

3 – A Primeira Presidência da Igreja (Joseph F. Smith, John


R. Winder, Anthon W. Lund), “The Origin of Man”,
novembro de 1909, Messages, 4;201.

4 – Orson Pratt, 29 de dezembro de 1872, JD 15:265.

5 – Orson Pratt, 12 de novembro de 1879, JD 21:200; ver


ainda 7 de outubro de 1876, JD 19:315.
6 – B. H. Roberts, Comprehensive History of the Church, 6

volumes (Provo, Utah: Brigham Young University Press,


1965). O Élder Roberts também escreveu Seventy’s Course
in Theology (Salt Lake City, Utah:The Church of Jesus Christ
of Latter-day Saints, 1907-1919), como manual de aula para
os quoruns do Sacerdócio da Igreja.

7– B. H. Roberts, The Gospel and Man’s Relationship to


Deity, 11ª edição (Salt Lake City, Utah: Deseret Book,
1967), pág. 267.

8 – Joseph Smith, antes de 8 de agosto de 1839 (1), Words,


pág. 8; ver também Joseph Smith – Mateus 1:4, 55.

9 – Joseph Smith, antes de 8 de agosto de 1839 (1), Words,


pág. 8.

10 – Brigham Young, 18 de junho de 1865, JD 11:122.

– Joseph Fielding Smith, Origin of the Reorganized Church,


11

7ª edição (Salt Lake City, Utah: Deseret News Press, 1909),


pág. 99.

12 – Encyclopaedia Britannica, 15ª edição (1976), 10:191-192.


13 – Encyclopaedia Britannica, 15ª edição (1976), 4:463.
14 – Frederick Carl Eislen do Garrett Biblical Institute, em

“Genesis”, Encyclopedia Americana (edição de l946),


12:386-387. 15 – Um relato interessante da descoberta
desses papiros e de sua transmissão a Joseph Smith pode
ser encontrado em
The Saga of the Book of Abraham, de Jay M. Todd

(Salt Lake City, Utah: Deseret Book, 1969), capítulos

2 a 7. 16 – Joseph Smith, 31 de dezembro de 1835,

History 2:348-351.

17 – Joseph Smith, 1º de

outubro de 1835, History

2;286. 18 – Joseph Smith, 16

de dezembro de 1835,

History 2:334.

19 – Joseph Smith, 6 de maio de 1838, History 3:27.

20 – Publicado na Pérola de Grande Valor por A Igreja de


Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

– Comparar Joseph Smith, 16 de julho de 1843, Words,


21

pág. 232; e 12 de maio de 1844, Words, pág. 367 com


Abraão 3:25-26.
22 – Abraão 5:9, 12-13, 20-21; compare com Moisés 3:9,
16-17, 19-20.

23 – Compare Moisés 3:6-25 com Abraão 5:6-21.

24 – Brigham Young, 3 de junho de 1855, JD 2:300.

25– Brigham Young, 29 de abril de 1877, JD 19:4. Ao


contrário do estado paradisíaco do Milênio, no qual um
tipo especial de morte e um nível mínimo de decomposição
estarão presentes (D&C 101:29-31 e 63:51; e Isaías 65:20),
no primeiro estado paradisíaco da Terra nada sofreu morte
ou decomposição (2 Néfi 2:22-23).

26 – Joseph Smith, 1º de março de

1842, History, 4:541 (10ª Regra de

Fé). 27 – Comparar Moisés 2:5-7,

11, 30 com Abraão 4:10, 12, 18, 21,

25.
28 – Moisés 4:11-12, 20-21, 24-25 e 26-27.

29 – Abraão 5:4-17; comparar com Moisés 3:6-19.

30 – 1 Néfi 14:27-28; comparar com Apocalipse 1:19.

31 – James E. Talmage Journals (Salt Lake City, Utah:

Church History Department), Vol. 29, pág. 42 (7 de abril

de 1931). 32 – Norman D. Newell, “Crises in the History

of Life”, Scientific American, Vol. 208, Nº 2 (fevereiro de

1963), pág. 77.

33 – Ver Stephen Jay Gould, Wonderful Life: The Burgess

Shale and the Nature of History (New York: W. W. Norton,

1989). 34 – Joseph Fielding Smith, Doutrinas de Salvação, 3

volumes, 1:85, em português.

35– Por exemplo, foi dito a Moisés que nenhum homem


pode ver a plenitude da glória de Deus “e depois
permanecer na carne sobre a Terra” (Moisés 1:5); ver
também Moisés 3:5, 21, 23-24; 5:10; 6:32, 51; 7:47, 54; e
8:17, 29-30.
– Brigham Young, 8 de março de 1857, JD 4:271; também
36

5 de janeiro de 1860, JD 9:108; e 10 de julho de 1870, JD


14:71-72.
Sequência dos Três Períodos da Criação da Terra

Evento Moisés Abraão Comentários

Uma visão do
Cosmo 1:1- 3:1-
requisito(para
Pré- uma
1:42 3:19 visão da
Criação)

O Primeiro
Período da
Criação: A
Criação
Espiritual

Nasce o globo 2:1 “Primeir


espiritual: - o Dia”
2:5

O mar e a 2:6 “Segund


atmosfera - o Dia”
espirituais 2:9
são
criados

Aparece o 2: “Terceir
solo 10 o Dia”
espiritual - a -
vida vegetal 2:1
espiritual 3
é criada

Um Sistema 2:1 “Quarto


Solar é 4- Dia”
designado para 2:1
a 8
Terra

A vida 2: “Quinto
animal 20 Dia”
espiritual é -
criada 2:2
5

Os espíritos da 2: “Sexto Dia”


família 26
humana são -
levados para a 2:3
Terra espiritual 0

Deus declara a 2: “Sétimo Dia”


Criação da Terra 31
-
espiritual “boa” e 3:
repousa 3

Um Conselho de 3:21-
família se reúne 3:28
para escolher um
Criador da Terra
física; Satanás é
rejeitado
Outro 4:
Conselho de 1-
família; 4:
2
Satanás
apresenta
seu plano

mas é rejeitado

A guerraeno
Satanás céu;
seus 4:3- (Ver
Apocalipse
seguidores 12:7-9 e
expulsos são 4:4 Isaías
14:12-16)

O Segundo Período da
Criação: A Criação da
Terra Física e Sua
Preparação Para
Receber
as Formas Atuais de Vida

Nasce o globo terrestre 4:1-


“Primeira Vez”
físico 4:5

A atmosfera é criada 4:6-


“Segunda Vez” 4:8
O
elesolo
é aparece; 4:9- Terceira
Vez”
preparado 4:13
para receber
as formas de
vida vegetal
atuais

O Sistema 4:14- “Quarta


Solar é 4:19 Vez”
preparado
para receber
a Terra

O oceano e a 4: “Quinta
atmosfera 20 Vez”
são -
preparados 4:
para receber 23
suas formas
de vida
animal atuais

O solo é 4:24- “Sexta Vez”


preparado 4:25
para
receber
suas
formas de
vida animal
atuais

A 3:
preparaçã 1-
o da Terra 3:
física se 5
completa

Todas as formas 3:
de vida 5
preparatórias
são removidas

Um 4: Este
Conselho 26 Conselho se
se reúne - reúne
para 5: primeiro no
3
deliberar reino
sobre os celestial

eventos da “Sétima Vez” e depois na Terra


física
O Terceiro Período da Criação:
As Formas Atuais
de Vida São
Trazidas à Terra

A Terra é em
santificada 5:3 A Sétima
etapa da
preparação Criação
para a principi
chegada das a (D&C
formas 77:12)
atuais de
vida

As formas 5:4 A Terra é


atuais de vida - embelezad
são colocadas 5:5 a com
na Terra; plantas e
prevalece em animais
tudo um modernos
estado de
imortalidade

Adão 3:6 5:6


aparece, - -
seguido 3:8 5:8
por Eva
A fase do 3:9- 5:9- Plantas
Jardim alimentícias
do Éden 3:25 5:21 aparecem; os
animais
recebem nome

Após a Criação

A Queda de Adão e Eva 4:5-


e do planeta Terra4:12

Principia a Mortalidade 4:13


Apêndice D

Haveria um Invólucro de Água


Circundando a Terra Primeva?
“E os Deuses ordenaram à
expansão, de modo que ela
separou as águas que estavam
debaixo da expansão das que
estavam por cima da expansão
(...)”
(Abraão 4:7)

Alguns estudiosos da Criação da Terra sugerem que as


águas “que estavam por cima da expansão”, mencionadas
em Abraão 4:7, referir-se-iam a um “invólucro” de água que
circundava a Terra primeva e que desaguou sobre sua
superfície durante a grande inundação mundial que teve
lugar nos dias de Noé. Essa ideia não é correta, e isso é
confirmado pelas Escrituras antigas e modernas.
Entretanto, como ela tornou-se bastante popular,
analisaremos o assunto mais detalhadamente.

Esse conceito de um invólucro aquoso envolvendo a Terra


por fora da atmosfera tem sido defendido notadamente
pelos que apóiam o “Modelo Especial da Criação” do
Universo. Eles sugerem que, entre outros efeitos sobre a
Terra primitiva, o colapso desse invólucro, cerca de dois mil
anos após a Queda, teria fornecido a maior parte da água
que alimentou a grande inundação dos dias de Noé.

Apesar de considerarmos louvável seu esforço de explicar


e difundir o reconhecimento da mão de Deus na criação
da Terra, é uma pena que eles não tenham tido acesso aos
escritos restaurados de Moisés e outras revelações
modernas importantes sobre o assunto. Por esse motivo,
foram forçados a se basear num relato bíblico imperfeito
(1) para interpretar certos detalhes da criação da Terra.

É importante ressaltar que a ideia do invólucro de água


deriva essencialmente do primeiro capítulo de Gênesis, na
Bíblia tradicional, onde Moisés fala das “águas que estavam
sobre a expansão (o firmamento)”.(2) Entretanto, esse
capítulo da história da Criação não está descrevendo a
criação física da Terra, mas a criação da Terra espiritual. Só
esse fato já bastaria para desqualificar a ideia de um
invólucro aquoso circundando a Terra física.

O Invólucro e o Meio Ambiente Antediluviano

Porém entre os próprios santos dos últimos dias há


estudiosos da história da Criação que argumentam que
Abraão também menciona as águas “que estavam por
cima da expansão” (Abraão 4:7), no relato da Criação
física. Seria esse
invólucro que teria fornecido a maior parte da água para o
batismo da Terra no Dilúvio dos dias de Noé?
Consideremos melhor o assunto.

Descreve-se o “invólucro” anterior ao Dilúvio como uma


camada contínua de nuvens de 900 a 1500 m de espessura,
localizada na troposfera e revestida por uma camada de ar
saturado (com quase 100% de umidade), também de uns
1500 m de espessura. (3)

Entre outras coisas, um tal invólucro aprisionaria as


radiações solares, elevando a temperatura média da Terra
em cerca de 15° F. Isso bastaria para que no Planeta inteiro
prevalecesse um clima tropical ou subtropical. As áreas
geladas e sistemas glaciais não teriam então existido, nem
mesmo nos pólos. Como resultado, as temperaturas não
variariam mais que 4ºF de estação para estação, em todo o
globo.

Com uma tal uniformidade de temperatura, praticamente


não existiriam ventos e temporais. Na verdade, o clima da
Terra seria tão homogêneo que não haveria chuvas e,
portando, também não haveria bacias hidrográficas
importantes em nenhuma parte da Terra. E, mais, o Sol e a
Lua mal seriam visíveis e não se poderiam divisar os
planetas e as estrelas.

As Revelações Modernas e o “Invólucro” Aquoso


As revelações modernas nos ajudam a analisar a
probabilidade de ter ou não existido um “invólucro
aquoso”. Em primeiro lugar, consideremos as seguintes
questões:

1)Após deixar o Jardim do Éden, Adão recebeu a “maneira


de calcular seu tempo” (Abraão 5:13), ou seja, a
capacidade de identificar sinais, estações, dias, meses e
anos, depois que a Terra entrou no Sistema Solar. Isto
requeria uma visão clara do Sol, das fases da Lua, e das
estrelas e planetas. Na verdade, foi precisamente com esse
propósito que os astros foram organizados no céu, tanto de
acordo com Moisés como com Abraão (Moisés 2:14-18 e
Abraão 4:14-17)

2)O Livro de Moisés informa-nos que existia uma região


amaldiçoada pelo Senhor “com muito calor”, nos dias de
Enoque – um profeta que viveu antes do Dilúvio (Moisés
7:8). Essas condições são inteiramente contrárias à
existência de um invólucro aquoso.

3)Abraão dá a entender que os Deuses fizeram “chover


sobre a Terra” em alguma ocasião durante a preparação
da Terra física para receber as formas modernas de vida
(Abraão 5:5). Mas isto teria que ter ocorrido após o
suposto “invólucro” já estar instalado (pois sugerem que
sua origem foi logo após a Terra recém-nascida emergir da
escuridão).
4)E, finalmente, o Profeta Enoque, que viveu antes do
Dilúvio, fala da chuva como algo que ele havia
experimentado pessoalmente (Moisés 7:28). Isto, é claro,
não poderia ter acontecido sob a influência do “invólucro”
de água proposto.

O Arco-íris e o “Invólucro Aquoso”

Algumas pessoas que apóiam a teoria de um invólucro


aquoso antediluviano são estimuladas pela impressão de
não ter havido arco-íris antes do Dilúvio. Elas chegaram a
essa conclusão lendo a seguinte declaração do Profeta
Joseph Smith:

“Eu inquiri o Senhor a respeito de sua vinda e, enquanto


perguntava, ele deu-me um sinal e disse: ‘Nos dias de Noé
eu coloquei um arco nos céus como um sinal e símbolo, (e)
em todos os anos em que o arco for visto o Senhor não virá,
mas haverá semeadura e colheita; porém quando se notar
que o arco foi retirado, esse será o sinal de que haverá
fome, pestilência e grande aflição entre as nações’”. (4)
Considerada superficialmente, essa declaração poderia dar
a ideia de que não houve arco-íris nos céus antes do
tempo de Noé. Contudo, note bem que o Senhor disse que
colocou “um” arco-íris no céu –- não necessariamente o
primeiro –- quando fez convênio com Noé de que a Terra
nunca mais seria inteiramente inundada pela água.

Tem-se sugerido também que, como a Terra será


restaurada para ficar como era “no princípio”, ela voltará a
ter um invólucro de água durante o Milênio. (5) Entretanto,
essa alteração impediria totalmente a ocorrência não só do
arco-íris, mas também de chuvas, além de bloquear a
contemplação dos céus. Apesar de Joseph Smith ter
declarado que o arco-íris seria impedido de aparecer
durante os tempos de pestilência e fome, o Senhor não
revelou que não haveria arco-íris durante o próprio
período do Milênio: “porém quando se notar que o arco foi
retirado, esse será o sinal de que haverá fome, pestilência
e grande aflição entre as nações”, e tudo isso fará parte da
preparação para a chegada do Messias. (6)

Alguns têm também ressaltado que Isaías fala de uma


proteção ou cobertura para os justos durante o Milênio,
sugerindo que haverá um invólucro de algum tipo sobre a
Terra após a Segunda Vinda (Isaías 4:5-6). Entretanto, ele
afirma especificamente que essa “cobertura” é para
proteger da “tempestade e da chuva”. Assim sendo, Isaías
não pode estar falando do mesmo tipo de invólucro que
supostamente teria existido nos tempos antediluvianos.
Origem da Água do Grande Dilúvio

A sugestão dos que crêem num invólucro de água


envolvendo a Terra primeva é a de que uma das principais
razões para sua existência seria prover água suficiente para
formar o grande Dilúvio dos dias de Noé. Mas isso não seria
em absoluto necessário, já que a Terra é dotada de grandes
reservatórios subterrâneos que poderiam muito bem servir
para inundar toda a superfície da Terra. Essas seriam as
“fontes do abismo” mencionadas no livro de Gênesis
(Gênesis 7:11; 8:2). A existência dessas “fontes do abismo”
já foi confirmada por diversas descobertas científicas.

Primeiramente, encontramos uma porcentagem


significativa de água em material vulcânico ejetado de
quilômetros abaixo da superfície do globo. Além disso, os
geocientistas foram muito surpreendidos pela enorme
quantidade de água existente nos aquíferos de todo o
mundo -- rochas subterrâneas porosas que abrigam 97% do
suprimento de água fresca líquida da Terra. E,
surpreendentemente, mesmo as rochas das maiores
profundidades já atingidas, tanto sob os continentes como
sob as bacias oceânicas, contêm espantosas quantidades de
água aprisionada em sua estrutura cristalina. (7) Apesar
dessas descobertas científicas, contudo, devemo-nos
lembrar de que nenhum desses reservatórios
subterrâneos seria indispensável para suprir água para o
Dilúvio. O controle que Deus tem sobre os elementos é
suficiente para transformar qualquer tipo de matéria em
água para inundar toda a superfície da Terra.

Todos esses fatos relativos ao Dilúvio e ao Milênio dos


últimos dias sugerem que nunca houve –- nem haverá –-
um invólucro aquoso envolvendo a Terra.
Questionário – Apêndice D

Perguntas para Responder

1– Quais são algumas das razões para se crer que nunca


houve um invólucro de água circundando a Terra, nem
haverá no futuro?

2 – Houve arco-íris na Terra antes do Dilúvio dos dias de


Noé? Como sabemos disso?

3– Que evidências geológicas existem de que havia fontes


de água suficientes na Terra para cobri-la inteira, por
ocasião do Dilúvio?

Questões a Ponderar

1-- Você conhece as razões geofísicas e astronômicas por


que um invólucro de água acima da Terra, e circundando-a,
não teria estabilidade e, portanto, não poderia permanecer
no lugar por cerca de 1600 anos (isto é, da Queda de Adão
até o Dilúvio)?
2– O que significa realmente o fato de que a Terra será
“restaurada” à mesma condição que possuía no princípio?
Quando isso acontecerá? Tudo sucederá
instantaneamente? Que mudanças geofísicas e
astronômicas acontecerão de forma literal?

Referências – Apêndice D

1 – “Cremos ser a Bíblia a palavra de Deus, desde

que esteja traduzida corretamente”; 8ª Regra de

Fé. 2 – Gênesis 1:7; ver também Salmos 148:4

(em inglês); e Moisés 2:7.

3– Existem muitos modelos de “invólucro”; o que


escolhemos aqui foi desenvolvido e popularizado por
Donald W. Patten. Conferir em “Paleoclimatology and
Infrared Radiation Traps”, de J. H. Fermor, no Creation
Symposium VI (Seattle, Washington: Pacific Meridian
Publishing Co.,1977); e também The Biblical Flood and the
Ice Epoch, de D. W. Patten (Seattle, Washington, Pacific
Meridian Publishing Co.,1966); e “The Pre-flood
Greenhouse Effect”, de D. W. Patten, em Symposium on
Creation II (Grand Rapids, Michigan: Baker Book House,
1970).

4 – Joseph Smith, 10 de março de 1844, Words, pág. 332.

5– Ver, por exemplo, Donald W. Patten, “Millennial


Climatology”, em Symposium on Creation VI (Seatle,
Washington: Pacific Meridian Publishing Co. 1977).

6 – Joseph Smith, 10 de março de 1844, Words, pág. 332.

7– Ver, por exemplo, David R. Bell e George R. Rossman,


“Water in Earth’s Mantle: The Role of Nominally Anhydrous
Minerals”, em Nature, 13 de março de 1992, págs. 1391-
1397.

,
Apêndice E

Uma Visão Científica da História


Primitiva da Terra

Os geocientistas descobriram muitas divisões naturais nas


camadas estratificadas da crosta terrestre. De modo geral
essas divisões foram classificadas segundo dois critérios:

1) de acordo com o tipo de rocha encontrado ou, o que é


mais freqüente,

2) de acordo com os tipos de fósseis contidos em cada


camada.

Durante o século passado foi elaborada e aperfeiçoada


uma lista sistemática desses estratos, constituindo a
chamada “Tabela do Tempo Geológico”.

Esse trabalho de desvendar a história da Terra, como todas


as atividades semelhantes, acabou dando origem a uma
vasta e pouco conhecida nomenclatura. Este Apêndice foi
preparado para aqueles que estão familiarizados com
essa nomenclatura ou desejam aprender mais.

Devido aos ajustes nos nomes e ao surgimento de novas


informações, à medida que o trabalho investigativo dos
geocientistas prossegue, este Apêndice deve ser
considerado, no máximo, como um registro de
acompanhamento de suas descobertas.

As informações aqui contidas derivam em princípio de


quatro compêndios universitários:

- Historical Geology, de Leigh W. Mintz, 2ª edição


(Columbus, Ohio: Charles E. Merrill, 1977).

- The Earth Through Time, de Harold L. Levin


(Philadelphia: W. B. Saunders Co., 1978).

- Earth, Space and Time, de John G. Navarra (New York:


John Wiley & Sons, 1980).

- Essentials of Earth History, de W. Lee Stokes, 4ª edição


(Englewood Cliffs, New Jersey: Prentice-Hall, 1982).

As referências a esses livros aparecerão em geral entre


parênteses, no texto. Outras referências serão numeradas
e registradas no fim do capítulo.
O Gráfico que será apresentado a seguir, a Tabela do
Tempo Geológico, destina-se a servir de guia para toda a
explanação que se segue.

Tabela do Tempo Geológico

Era Período Época


Pré- Azoico
Cambriana Arqueoz
oico
Protero
zoico
Ediacar
ano
Paleozoica Cambri
ano
Ordovici
ano
Silurian
o
Devonia
no
Mississi
piano
Pensilva
niano
Permian
o
Mesozoica Triássic
o
Jurássic
o
Cretáce
o
Cenozoica Paleogênico Paleo
(ou Terciário) cênic
a
Eocênica
Oligocêni
ca
Miocênic
a
Pliocênic
a

Neogênico (ou Quaternário)


Pleistocênica
Holocênica
Pensar e Falar Como Um Geocientista

Desenvolver um complexo vocabulário científico para cada


área de pesquisa é uma tarefa espinhosa. Isto porque, na
tentativa de descrever com precisão suas observações, os
cientistas são obrigados a criar novas palavras. Quando
ficam sem opções em sua linguagem corrente, eles
acabam emprestando palavras de línguas antigas, como o
grego ou o latim.

E, quando se esgotam as opções em grego e latim, eles


usam nomes de pessoas, sítios geográficos ou eventos
importantes para nomear suas descobertas.

E bem cedo essa nomenclatura aceita acaba


transformando-se num jargão particular complexo e
especializado. Entretanto, aqueles que se dedicam a
estudar alguma área científica percebem logo uma verdade
fundamental a respeito desse vocabulário especializado: Só
porque alguma coisa recebeu uma denominação, isso não
significa que ela é bem compreendida. Mais propriamente,
o valor da nomenclatura especializada reside em delimitar
uma área particular de estudo para acadêmicos da
matéria. Mas isso é tudo que se pode esperar. Em
arqueologia, particularmente, os nomes dados aos estratos
e fósseis oferecem pouca ou nenhuma compreensão a
respeito do registro histórico incrustado na crosta
terrestre.
É importante não esquecer também que os geocientistas
estão constantemente revisando o vocabulário detalhado
das Eras, Épocas e Períodos Geológicos.

Na Tabela do Tempo Geológico as camadas da crosta

terrestre estão divididas em quatro “Eras” principais.

Cada era é então subdividida em vários “Períodos”.

E, depois, cada Período é dividido em “Épocas” – apesar de


não ser prática comum relacionar-se dentro desses
Períodos todas as Épocas já identificadas. Neste Apêndice
(como na maioria dos livros de história da Terra), foram
incluídas apenas as Épocas mais comuns dos Períodos mais
recentes.

As Épocas, por sua vez, são classificadas em subdivisões


ainda menores, mas elas não foram incluídas neste
Apêndice. A descrição completa das Épocas e suas
subdivisões está disponível para o aluno de geociências em
textos de nível universitário voltados para uma análise
minuciosa da fascinante história da Terra. (1)

Além de uma breve nota explanatória concernente à


origem do nome usado para cada divisão geológica, foi
também incluída neste Apêndice uma definição relativa a
suas principais características, por exemplo: “Período
Devoniano – ou Idade dos Primeiros Peixes”.
Uma Observação a Respeito do Tempo

A Tabela do Tempo Geológico é universalmente associada a


uma escala de tempo desenvolvida desde a década de
1940, a qual fornece datas aproximadas para o início,
duração e término de cada divisão geológica da crosta
terrestre. Essas datas não serão incluídas neste Apêndice.

As razões para não fazê-lo foram alentadamente analisadas


no Capítulo 13: “A Preparação da Terra Física: Quanto
Tempo Levou?” Em breve resumo, os argumentos para não
se atribuir datas específicas a cada divisão geológica
apóiam-se nestes fatos:

1) A Terra não foi criada neste Sistema Solar. Nós não


conhecemos as médias orbitais e de rotação da Terra
durante seu período de preparação para receber as
formas atuais de vida. Sabemos apenas que essa
preparação levou “milhões de anos”, segundo nos
informaram muitos profetas. (2)

2) Como já foi explicado em outra parte deste livro,


existem indicações no registro geológico de que a
temperatura da Terra, como um todo, tenha sido
mais alta e a duração do ano mais longa no
Período Preparatório, sugerindo proximidade da
Terra com um Sol mais brilhante e uma órbita
maior. A lua que orbitava ao redor do Planeta,
durante essa fase da Criação, também gerava
grandes marés oceânicas, indicando que ela era
maior e mais próxima da Terra do que nossa Lua
atual. Talvez um estudo mais minucioso do
registro geológico ajude a refinar os dados sobre
a duração dos anos, meses e dias

primevos. De qualquer modo, eles não eram os mesmos


que os dias, meses e anos atuais.

3) O globo físico e sua crosta foram formados segundo


métodos específicos ainda não revelados. Eles não
foram criados por uma série de processos cumulativos
aleatórios. Portanto, quase todo os pressupostos
importantes sobre os quais os métodos científicos de
datação se basearam precisarão ser descartados até
que mais luz e conhecimento nos sejam concedidos,
com respeito a esses detalhes da formação
física da Terra.

Mas, a despeito desses problemas com escalas de datação


absolutas, os geocientistas descobriram uma sequência
bem definida de formas de vida incrustadas na crosta
terrestre. Aqui estão suas melhores conclusões a respeito
da história primitiva da Terra, até a data em que foi
preparado este livro:

Era Pré-Cambriana

“Pré-Cambriana” significa “antes da Cambriana”. Essa Era


abrange de modo geral todos os estratos de rocha que
originariamente jazem abaixo dos estratos contendo
formas de vida multicelulares. Os carbonatos estão
ausentes ou são extremamente raros nas rochas da Era
Pré-Cambriana. Um dos muitos métodos de classificação
existentes divide esta Era em quatro Períodos principais –
Azoico, Arqueozoico, Proterozoico e Ediacarano (Stokes,
pág. 228).

Período Azoico

Período Azoico – ou Idade da Crosta Primeva, subdivisão da


Era Pré-Cambriana. (“Azoico” significa “nenhuma vida”; do
grego azoos: “sem vida”.)

A – A crosta terrestre durante o Período Azoico:

1 – As rochas tendem a aparecer em estratos bem


definidos (Levin, págs. 236-237).

2 – “Os geólogos abandonaram de vez a esperança de


encontrar vestígios da crosta original da Terra” (Stokes,
pág. 224), porque a morfologia primitiva das rochas da
Terra foi apagada pela atividade geológica ou biológica
ocorrida desde o Período Azoico.

Mesmo entre as camadas mais profundas desse Período


existem rochas metamórficas que foram expostas,
formadas no passado por sedimentos depositados por
água. Uma porcentagem substancial dessas rochas foi
formada ou modificada por processos de exposição a
intempéries. Isto é, elas foram formadas em contato com a
atmosfera ou com a hidrosfera – oceanos, rios, lagos etc.
(Levin, pág. 190).

3– Rochas que foram submetidas a grandes temperaturas


e pressão têm sua forma modificada e sofrem alterações
químicas. Os geólogos denominam a esses materiais rochas
“metamórficas”: meta (do grego) = “alteradas” e morfic
(do Latim Novo) = “forma ou constituição de algo”.

4– Rochas continentais do Período Azoico ocorrem em


regiões diversas, sempre contendo o mesmo tipo de
material. Inseridos nessas camadas estão estratos de
“diorita” ou lava de basalto metamórfico (Levin, págs. 235-
240; Stokes, págs. 228-232).

– Carbonatos são inexistentes ou extremamente raros


5

em rochas da Era Pré-Cambriana. Os sulfatos também estão


ausentes durante toda essa Era. (Mintz, pág. 286).

B – A atmosfera da Terra durante o Período Azoico:

1– Sua composição é desconhecida. Contudo, o ar não


continha uma porcentagem substancial de amônia como há
algum tempo supunham os geocientistas e astrônomos.
Sabemos disso porque a presença de sílex córneo, um tipo
de quartzo, é registrada frequentemente nas mais
profundas camadas de rocha conhecidas. E ele não poderia
ter-se formado na presença de uma atmosfera rica em
amônia. Além disso, carbonatos, como a dolomita e a
pedra calcária, estão ausentes das mais profundas camadas
de rocha conhecidas, outra evidência de que a amônia não
estava presente na atmosfera primeva (Levin, pág.190).
2 – Foi sugerido que a atmosfera primitiva da Terra
poderia ter sido criada por emanações de gases
provenientes do interior do globo. Entretanto, a
abundância de elementos químicos presentes nos gases
vulcânicos (água = 79,31%, dióxido de carbono = 11,61%,
dióxido de enxofre = 6,48%, nitrogênio = 1,29%, argônio =
0,04%, e outros gases = 1,27%) é muito diferente do
conteúdo da atmosfera atual (seca), com 78,08% de
nitrogênio, 20,95% de oxigênio, 0,93% de argônio, 0,03%
de gás carbônico, e 0,01% de outros gases (o conteúdo de
vapor de água é variável, oscilando de próximo a zero a
pouco mais de 2%).

Período Arqueozoico

Período Arqueozoico ou Idade do Princípio da Vida;


subdivisão da Era Pré-Cambriana. (Arqueozoico significa
“primeira vida”; do grego archaios = “princípio ou arcaico”
e zoe = “vida”,)

A – A crosta terrestre durante o Período Arqueozoico:

1 – Diversas camadas metamórficas nas rochas do Período


Arqueozoico, em território Norte-Americano, comprovam
vários episódios de levantamento de montanhas (Levin,
pág. 236).

2– Uma glaciação de grandes proporções ocorre no


Canadá; a formação de gelo segue em direção ao Pólo
Norte do Período Arqueozoico, que então se localizava
onde hoje fica o Golfo do México, a 22° Norte e 97° Oeste
(Levin, pág. 264).

3 – Importantes depósitos de ferro, níquel, ouro, prata,


cobre, cromo e urânio são encontrados em rochas do
Período Arqueozoico. “Existe uma notável uniformidade na
distribuição mundial” desses depósitos minerais (Navarra,
pág. 125; Levin, pág. 264; Stokes, pág. 191).

4 – As formações com bandas de ferro, do Período


Arqueozoico, consistem de camadas alternadas de ferro nas
cores vermelho e cinza. As camadas vermelhas contêm
óxidos férricos, enquanto que as camadas acinzentadas
contêm compostos de ferro pobres em oxigênio. Ao Norte
do Lago Superior as bandas dos estratos mais altos desse
Período são uniformemente oxidadas.

“Nas bandas intercaladas de sílica (uma rocha denominada


‘sílex córneo’), encontram-se restos de numerosos tipos de
microorganismos, fornecendo mais evidências de que foi
seu metabolismo que formou os precipitados.”
As bactérias fossilizadas da Formação Gunflint de Sílica, no
Lago Superior, são notavelmente semelhantes a modernas
bactérias redutoras de ferro e magnésio. (4)

Representantes de todos os cinco reinos em que se dividem


as formas de vida da Terra podem produzir, reabsorver,
modificar ou redepositar muitos compostos inorgânicos;
eles incluem carbonatos (calcita), fosfatos, halogenetos,
oxalatos, sulfatos (gipsita), sílica (opala), óxidos férricos
(magnetita), monóxidos e sulfetos férricos (pirita). (5)
B – A atmosfera da Terra durante o Período Arqueozoico:

1 – Depósitos de pedra calcária e dolomita aparecem pela


primeira vez. Quimicamente isso quer dizer que a
atmosfera não estava mais tão carregada de CO² como no
Período anterior, mas apresentava índices baixos,
semelhantes aos atuais (Levin, págs. 190-191).

2 – Estromatólitos fossilizados encontrados em Bulauaio,


no Zimbábue, apresentam uma proporção C¹²/C¹³ que indica
fixação biológica de CO²; isto quer dizer que o oxigênio
atmosférico foi biologicamente gerado (Levin, pág. 255).

C – Formas de vida do Período Arqueozoico:

1 – “(...) a vida é um dos mais antigos participantes da


formação de nosso planeta” (Navarra, pág. 106).

2 – Rochas sedimentares metamórficas (quartzito) de


Isua, na Groenlândia, contêm moléculas orgânicas
(hidrocarbonos) cuja proporção C¹²/C¹³ sugere origem
biológica. Algumas dessas moléculas orgânicas parecem ser
micro- fósseis semelhantes a leveduras. (6)

3 – Colônias esferoidais de algas chamadas


“estromatólitos” aparecem nas rochas de Onverwatch, na
África do Sul. Os estromatólitos fósseis são notavelmente
semelhantes aos estromatólitos vivos encontrados hoje em
seu habitat costeiro. São barreiras construídas por colônias
de algas azul-turquesa e bactérias. (7)
4– Bactérias filamentosas aparecem na formação de
Warrawoona, na Austrália Ocidental. Estromatólitos
também estão presentes nesse local (Stokes, pág. 189).

5 – Organismos fósseis em forma de bastonetes da


formação de Fig Tree, na África do Sul, possuem forte
semelhança com modernas bactérias; algas azul-turquesa
também estão ali presentes; a função da fotossíntese não
foi confirmada nesses bastonetes, mas há suspeitas dela.
Note-se que “pelo menos um quarto dos micro-fósseis que
foram preservados nessas rochas estavam em processo de
divisão ou reprodução” (Navarra, pág. 105; e também
Levin, págs. 254, 265). Isto implica em ter havido
fossilização acelerada.

6 – As algas fossilizadas do Período Arqueozoico são


semelhantes em aparência a certos tipos de algas vivas;
existem também algas daquele período em forma de
estrela e em forma de pára-quedas, as quais são diferentes
de qualquer tipo de criatura conhecida (Levin, págs. 257-
258, 266).

7 – As formas de vida simples não deram origem a formas


complexas; elas apenas as precederam: “Não é evidente no
registro rochoso uma sequência detalhada da evolução”
(Navarra, pág. 105).

8 – Enormes faixas de terra foram invadidas por algas


azul-turquesa, que construíram extensos “tapetes” de
micróbios.(8)

9 -- Quanto às divisões fundamentais das formas de vida,


temos:

Células “procarióticas”, que não possuem membrana


nuclear; seu material genético não é organizado em
cromossomos, mas consiste de ácidos nuclêicos não
acompanhados por proteínas. Os seres procarióticos variam
muito em tolerância ao oxigênio livre. Os únicos organismos
procarióticos modernos são as bactérias e algas azul-
turquesa; fósseis dessas formas de vida foram encontrados
nas mais antigas rochas do registro geológico até hoje
identificadas (Navarra, pág. 108; Levin, pág. 253).

Células “eucarióticas”, compartimentalizadas em dois


ou mais sistemas organizados, os quais são frequentemente
independentes entre si. Todos os organismos atuais que
não as bactérias e as algas azul-turquesa são eucariotes.
Eles requerem oxigênio para seu metabolismo. As células
eucarióticas podem extrair dezoito vezes mais energia
dos carbonatos do que as células procarióticas. (9)

“Autótrofos” são formas de vida que usam a luz para


produzir seu próprio alimento ou energia – os
carboidratos.
Esse processo é chamado “fotossíntese”. Existem dois tipos
de organismos que operam por fotossíntese:

1)Os que utilizam sulfeto de hidrogênio como


fonte de hidrogênio para decompor gás carbônico.
Esse processo é usado hoje pelas bactérias de
enxofre verdes e roxas. E,
2)Os que empregam um processo mais elaborado de
fotossíntese em duas etapas, usando água como fonte de
hidrogênio. Esse é o processo usado atualmente pelas algas
azul-turquesa e todas as plantas verdes (Levin, pág. 86).

Os organismos autotróficos mais antigos assemelham-


se a algumas bactérias atuais. (10)

“Heterótrofos” são formas de vida que subsistem


empregando fontes de energia (alimento) já pronta ou
externa a elas. Todos os animais modernos são
heterótrofos.

Tanto heterótrofos como autótrofos surgiram no


Período Arqueozoico (Navarra, págs. 106-107, 124).

Atualmente existem “arqueobactérias” produtoras de


metano que constituem uma terceira categoria de formas
de vida, devido a sua estrutura genética incomum. Essas
bactérias absorvem gás carbônico e hidrogênio e expelem
gás metano; elas não sobrevivem em presença de oxigênio
livre. (11)
Período Proterozoico

Período Proterozoico – ou Idade da Vida Primitiva;


subdivisão da Era Pré-Cambriana. (Proterozoico significa
“vida primitiva”; do grego proteros = “antes, ou aquilo que
vem primeiro” e zoe = “vida”.)

A – A crosta terrestre durante o Período Proterozoico:

1 – Todas as regiões continentais formam um só


continente, denominado pelos geólogos Pangea (Stokes,
pág. 230).

2– Duas épocas de glaciação continental estão


registradas nos estratos do Período Proterozoico – uma no
Proterozoico inferior e outra no Proterozoico superior.
Escombros glaciais do Período Proterozoico superior
ocorrem em todos os continentes, exceto na Antártica
(Mintz, pág. 514; Levin, págs. 241-242, 246; e Stokes, pág.
244).

3– O intenso metamorfismo dos estratos do Proterozoico


indica que ele foi um período de surgimento de montanhas
(Levin, pág. 236).
4– As formações com bandas de ferro desaparecem
quase completamente, sendo substituídas por estratos
vermelhos (de óxidos de ferro); carbonatos tornam-se
comuns, juntamente com camadas de depósitos minerais
(Levin, pág. 163; Stokes, págs. 228, 246).

B – A atmosfera da Terra durante o Período Proterozoico:

1 – A presença de cristais de pirita e de uranite nas rochas


do Período Proterozoico sugere que a atmosfera era
provavelmente pobre em oxigênio. Esses cristais
decompõem-se em presença de oxigênio. Contudo,
formações de estratos vermelhos (óxidos de ferro) ocorrem
apenas na presença de oxigênio. Portanto, a atmosfera não
era inteiramente desprovida de oxigênio (Stokes, págs. 227,
236, 244).

C – Formas de vida do Período Proterozoico:

1 -- Os estromatólitos modernos crescem apenas nas


zonas entre os extremos das marés – a parte da orla
marítima que fica entre as marés alta e baixa. Como alguns
estrômatos do Período Proterozoico elevam-se a cerca de
6 m de altura, isto sugere que as marés oceânicas naquela
época eram bem mais amplas que as de agora. Há um
decréscimo em abundância e diversidade de estromatólitos
no Período Proterozoico superior (Levin, pág. 255; Schopf,
pág. 134);

2– Aparecem pela primeira vez os eucariotes; os micro-


fósseis aumentam em tamanho e diversidade (Navarra,
pág.
109; Schopf, 134; e Stokes, pág. 240).

3 – Flora de algas azul-turquesa e colônias de bactérias,


fungos e organismos filamentosos aparecem (foram
encontrados em Bitter Springs, Austrália – Levin, págs. 259,
266).

Período Ediacarano

Período Ediacarano – ou “Alvorecer da Vida Abundante”


; subdivisão da Era Pré-Cambriana. (Este nome foi dado
por Preston Cloud, em 1972, em referência às Colinas
Ediacara da Austrália Meridional.)

A – Formas de vida do Período Ediacarano:

1 – A presença dos primeiros metazoários (seres


multicelulares) no registro geológico foi identificada no
arenito das Colinas Ediacara, do sul da Austrália, e no sul de
Newfoundland, na Inglaterra, bem como na África do Sul.
Trata-se das seguintes formas de vida: vermes, águas-vivas
e “diversos animais enigmáticos”. Todos são invertebrados
marinhos de corpo mole (seres do mar sem coluna
vertebral). Alguns possuem conchas. À medida que os
metazoários se diversificavam, os estromatólitos
decresciam em número (Mintz, pág. 306, Levin, pág. 266; e
Stokes, págs. 242-243).

2 – Surgem as primeiras algas excretoras de cal.


Fitoplânctons, solitários ou reunidos em colônias, aparecem
nos mares (Levin, pág. 293; Schopf, pág. 134).

Era Paleozoica

“Paleozoica” significa “vida oculta”. Esta Era é dividida em


sete períodos – Cambriano, Ordoviciano, Siluriano,
Devoniano, Mississipiano, Pensilvaniano e Permiano.

Período Cambriano

Período Cambriano – ou Idade das Primeiras Formas de


Vida Abundante; subdivisão da Era Paleozoica.(Sua
denominação foi dada por Adam Sedgwick, em 1885; a
palavra deriva de “Cambria”, nome latino do País de Gales,
onde as primeiras rochas do Período Paleozóico foram
estudadas; ironicamente, descobriu-se mais tarde que
esses estratos “Cambrianos” eram na verdade do Período
Ordoviciano – Stokes, pág. 268.)

A – A crosta terrestre no Período Cambriano:

1 – Neste Período os principais fenômenos geológicos


estão praticamente inoperantes; as evidências de formação
de montanhas, vulcanismo, glaciações e mudanças
climáticas são raramente observadas nos estratos do
Período Cambriano (Stokes, pág. 252).

2 – O território consistia de dois supercontinentes,


Gondwana, no Sul, e Laurásia, ao Norte; essas massas de
terra eram extensamente inundadas por oceanos que de
tempos em tempos cobriam mais da metade delas (Stokes,
pág. 254).

B -- Formas de vida nos estratos do Período Cambriano:

1 – Os estratos do Período Cambriano contêm pela


primeira vez, no registro rochoso, fósseis abundantes de
plantas e animais marinhos: algas, vermes, esponjas,
moluscos, braquiópodes (moluscos bivalves) e trilobites.
Apesar de as plantas e animais serem “simples”, a maioria
dos principais sub-reinos animais estão aí representados.
Muitos animais invertebrados apresentam corpos
recobertos por carapaças calcárias (Navarra, pág. 126).

2 – Os braquiópodes constituem cerca de 30% dos fósseis


do Período Cambriano. Diferentes tipos deles aparecem em
áreas específicas. Cerca de 60% dos fósseis são trilobites,
com mais de 10.000 variedades. Contudo, nos estratos
superiores do Período Cambriano (os mais recentes) dois
terços das famílias de trilobites não estão mais presentes.
(12)

3 – As algas são as plantas marinhas de maior tamanho.


Outras formas de vida importantes são os “foraminíferos”,
os “radiolários”, as “archaeocyathas” (copos antigos), os
corais e as esponjas, todos criadores de recifes. As barreiras
de estromatólitos (recifes formados por algas) são
abundantes durante o Período Cambriano (Levin, pág. 298).

4 – As evidências fósseis da existência de animais


predadores são esparsas até as camadas superiores do
Período Cambriano; entretanto, os invertebrados
portadores de conchas são abundantes. Assim sendo, as
conchas não apareceram entre as formas de vida animal
simplesmente para proteção contra inimigos (Levin, pág.
292).

5 – A formação de xisto argiloso Burgess Shale, de Mt.


Wapta, Colúmbia Britânica, no Canadá, contém artrópodes,
vermes, águas-vivas, pepinos do mar e esponjas (Levin, pág.
295). Todos juntos eles constituem uma enorme coleção de
formas de vida primitivas que superam em muito as formas
de vida atuais, em variedade e propósito. (13)
6 – Peixes vertebrados sem mandíbula aparecem
também.(14)

Período Ordoviciano

Período Ordoviciano – ou Idade dos Trilobites; subdivisão da


Era Paleozoica. (Nome dado por Charles Lapworth
em 1879; a palavra deriva de “Ordovices”, uma antiga tribo
que vivia no País de Gales – ver Período Cambriano, acima.)

A – A crosta terrestre durante o Período Ordoviciano:

1 – A glaciação é mais ou menos contínua em Gondwana


(a metade meridional de Pangea) durante toda a Era
Paleozoica (Mintz, pág. 514; Stokes, pág. 256).

2 – As terras são baixas; existem mares rasos por toda


parte e há pouca formação de montanhas. Os depósitos de
petróleo e de gás são abundantes nos estratos do Período
Ordoviciano na América do Norte (Stokes, págs. 252-253,
286).

B – Formas de vida nos


estratos do Período
Ordoviciano:

1– Os trilobites são mais abundantes e diversificados do


que em qualquer outro período. Algas verdes excretoras
de cal são também abundantes (Mintz, págs. 156, 158;
Levin, pág. 293; Stokes, págs. 269, 278).

– Os cefalópodes (moluscos) são abundantes neste


2

Período, alguns com conchas de até 4,50 m de


comprimento; os corais aumentam rapidamente, criando
muitas barreiras (Levin, págs. 295, 301).

3– Aparecem pela primeira vez os briozoários, plantas


semelhantes a musgo. Hoje em dia há 4000 variedades
vivas dessa espécie, mas aproximadamente 4 vezes mais do
que isso foram encontradas no registro fóssil (Levin, pág.
301; Stokes, pág. 278).

– Ocorre grande aumento na diversidade dos


4

invertebrados marinhos; formas simples de todos os tipos


modernos de invertebrados marinhos aparecem no Período
Ordoviciano superior (Levin, págs. 295, 301; Stokes, págs.
278-281).

5– Aparecem as pedras
coral (Levin, págs. 293,
300).
Período Siluriano

Período Siluriano – ou Idade dos Braquiópodes; subdivisão


da Era Paleozoica. (Nome dado por R. I. Murchison, em
1835; a palavra deriva de “Silures”, uma antiga tribo que
floresceu outrora no Sudeste do País de Gales – Mintz, pág.
455.)

A – A crosta terrestre durante o Período Siluriano:

1 – Ocorrem longos períodos de seca, a despeito de


espalharem-se mares rasos por grande parte do território;
formam-se grandes depósitos de sal e gipsita (Navarra,
págs. 111, 128; Stokes, pág. 267).

2 – Os estratos do Período Siluriano da América do Sul


contêm argila depositada por geleiras de uma era glacial
(Stokes, pág. 467).

B – Formas de vida dos estratos do Período Siluriano:

1– Os estratos desse Período são pobres em fósseis.


Contudo, foram encontradas evidências de extensa
construção de recifes de corais e esponjas em mares rasos
e quentes. Os braquiópodes proliferam mais do que em
estratos de qualquer outro Período (Stokes, pág. 281).

2 – Abundam os “escorpiões do mar” (não são escorpiões


verdadeiros), que medem de poucos centímetros a 3 m de
comprimento; aparecem criaturas semelhantes a peixes,
inclusive peixes com mandíbulas simples (Navarra, pág.
129; Stokes, pág. 282).

3 – “Psilofitas”, as primeiras plantas terrestres, aparecem


ao final do Período Siluriano, representadas por três
variedades principais. Espórios de psilofitas foram
encontrados na Líbia, em rochas do início do Período
Siluriano; e resíduos da própria planta existem nas camadas
superiores do Período; elas não possuíam raízes nem
folhas, mas apenas ramos com sacos de espórios, que
cresciam diretamente de uma vinha subterrânea; aparece
nelas também o primeiro tecido vascular já conhecido
(Navarra, pág. 110; Mintz, págs. 357, 415; Levin, pág. 294).

4 – Surgem os dinoflagelados; eles são a única classe


moderna importante de autotróficos marinhos que se sabe
terem existido até o Período Jurássico (Mintz, pág. 455).
Período Devoniano

Período Devoniano – ou Idade dos Primeiros Peixes;


subdivisão da Era Paleozoica. (Nome dado por Adam
Sedgwick e R. I. Murchinson em 1839; ele deriva de
Devonshire, cidade da Inglaterra onde as primeiras rochas
deste tipo foram estudadas,)

A – A crosta terrestre durante o Período Devoniano:

1– Ocorre extensa formação de montanhas; secas


acentuadas prevalecem com frequência nas terras baixas
(Navarra.
Pág. 129; Stokes, pág. 269).

2 – Recifes do Período Devoniano em Alberta e Montana


contêm petróleo (Levin, pág. 366).

B – Formas de vida dos estratos do Período Devoniano.

1 – Os peixes sem mandíbula tornam-se extintos; muitos


tipos de peixes vertebrados, alguns com 9 m de
comprimento, aparecem. Os recifes são construídos
essencialmente por corais (Stokes, págs. 311, 314-315).

2 – Ocorre uma ampla invasão dos territórios. Resíduos


fósseis e pegadas de vertebrados e anfíbios com quatro
patas aparecem em rochas vermelhas, indicando escassez
de água (Navarra, pág. 129; Stokes, págs. 316-317).

3 – Dentre os vegetais, plantas sempre verdes,


semelhantes a musgo, e samambaias são comuns no fim do
Período Devoniano. Samambaias, algumas de 12 m de
altura, com troncos apresentando mais de 1,20 m de
diâmetro,fazem parte dessa “explosão” vegetal (Navarra,
pág. 129; Mintz, págs. 392, 415).

4 – Nos estratos do Período Devoniano há evidências de


que quatro variedades de plantas estabeleceram-se em
terra:

a) Briófitos – multicelulares, sem raízes verdadeiras ou


sistema vascular (exemplos: musgos, plantas
hepáticas e ceratófilos); eles habitavam em
ambientes úmidos e sombreados.

b) Fungos – que viviam sobre seres em decomposição


(nutrição por absorção); eles só puderam existir após
o aparecimento de plantas verdes vasculares sobre a
terra.

c) Liquens – organismos duplos, consistindo de uma


alga e um fungo vivendo juntos; a alga possui a
função da fotossíntese e fornece alimento para o
fungo; o fungo provê água, minerais e proteção para
a alga; eram encontrados em rochas e árvores;
ajudavam a decompor rocha em solo.
d) Gimnospermas --(sementes nuas) aparecem. Elas são
plantas com sementes, mas sem flores, muitas vezes
lenhosas e em sua maioria “sempre verdes”. São
exemplos delas as árvores coníferas e as cicadáceas,
que apresentam sistemas de sementes bem
desenvolvidos.

Período Mississipiano

Período Mississipiano – ou Idade dos Anfíbios; subdivisão


da Era Paleozoica. (Assim denominado por Alexander
Winchell, em 1869; o nome deriva do vale do Mississipi,
nos Estados Unidos, onde esses estratos foram estudados
pela primeira vez; os geólogos de fora dos Estados Unidos
agrupam esse período e o seguinte – o Pensilvaniano – em
um único Período, a que denominam “Carbonífero”.)

A – A crosta terrestre durante o Período Mississipiano:

1 – A maior parte dos Estados Unidos está coberta por um


mar raso.

2 – Estratos de pedra calcária são criados por


foraminíferas; estratos de arenito e xisto são também
depositados juntamente com os de pedra calcária.

3 – Surge uma cadeia de montanhas longa e estreita,


estendendo-se do Arizona até Idaho (Levin, págs; 367-
368).
B – Formas de vida dos estratos do Período Mississipiano:

1 – Prevalecem clima moderado e abundante vida vegetal.

2 – Abundam os crinóides (açucenas do

mar) e os blastóides (semelhantes aos

crinóides). 3 – Aparecem insetos, mas de

forma muito esparsa.

Período Pensilvaniano

Período Pensilvaniano – ou Idade do Carvão Preto;


subdivisão da Era Paleozoica. (Assim denominado por H.
W. Williams, em 1891; o nome deriva da região da
Pensilvânia, nos Estados Unidos, onde essas rochas foram
estudadas pela primeira vez.)

A – A crosta terrestre durante o Período Pensilvaniano:

1– O mar raso que inundava a maior do território da


América do Norte reflui e volta a se encher ciclicamente,
criando camadas alternadas de carvão e pedra calcária.
“Não há explicação satisfatória para a ocorrência desses
eventos cíclicos” (Navarra, pág. 132). Sucederam-se cinco
ciclos principais, formando camadas alternadas de
sedimentos marinhos e não-

marinhos. Uma única sequência de estratos do Período


Pensilvaniano pode conter diversos lençóis carboníferos;
em West Virgínia foi identificada uma jazida carbonífera
com 117 camadas (Levin, págs. 366-367).

2 – No Hemisfério Sul ocorreram glaciações.

3 – Forma-se uma cadeia de montanhas no estado do


Colorado; posteriormente elas seriam erodidas e parte
delas deu origem ao “Jardim dos Deuses”, no Condado de
El Paso, Colorado (Levin, pág. 367).

B – Formas de vida nos estratos do Período Pensilvaniano:

1 – Muitas variedades de “licopódios”, “cavalinhas”,


samambaias e gimnospermas crescem em florestas de
espantosa uniformidade. A ausência de linhas de separação
nos estratos de carvão do Período Pensilvaniano indica que
eles se formaram em clima subtropical. (15)

2 – Insetos, aranhas, centopéias, escorpiões terrestres e


lesmas são abundantes. Surgem insetos enormes, alguns
com asas medindo mais de 60 cm de uma extremidade a
outra. Grandes anfíbios também aparecem. (Navarra, págs.
131-132.)

3 – Registram-se os primeiros répteis conhecidos.


Contudo, apenas poucos espécimes imperfeitos de répteis
foram encontrados no Período Pensilvaniano; surgem
também alguns escassos répteis semelhantes a mamíferos
(Mintz, pág. 412; Levin, pág. 368; Stokes, pág. 319).

4 – Recifes são construídos principalmente por esponjas e


algas, ao invés de corais (Stokes, pág. 311).

Período Permiano

Período Permiano – ou Idade dos Primeiros Répteis;


subdivisão da Era Paleozoica. (Nome dado por R. I.
Murchison, em 1841; a palavra deriva de Perm, uma
província da Rússia onde as rochas desse tipo foram
estudadas pela primeira vez.)

A – A crosta terrestre durante o Período Permiano:

1 – Todos os continentes são reunidos em um, exceto a


Ásia; levantamentos eram comuns. Nos estratos superiores
do Período Permiano existem evidências de que a Ásia
colidiu com a Europa – Pangea está completa novamente;
nos Estados Unidos são formados os Montes Apalaches.
Registra-se amplo vulcanismo, da Sibéria aos Montes Urais,
e uma queda abrupta do nível do mar. (16)
2 – Ocorre a formação de montanhas, acarretando a
distribuição de minérios metálicos; hoje em dia a extração
de estanho, cobre, prata, ouro, zinco, chumbo, tungstênio,
bismuto e platina é toda realizada em formações rochosas
do Período Permiano (Levin, pág. 367). Filões de minério de
carvão desse Período são encontrados na China, Rússia,
Índia, África do Sul e Austrália (Levin pág. 366).

3 – Surgem estratos vermelhos (óxido de ferro) e camadas


de evaporitos (sal, potássio e gipsita). Nos estratos
superiores do Período Permiano são criados enormes
depósitos de fosfato, surgindo até afloramentos deles no
Oeste dos Estados Unidos (Levin, pág. 367).

4 – Ao fim do Período Permiano, a quase totalidade da


América do Norte está cercada por montanhas que
distribuem ricos sedimentos pelo território central; são
criados muitos estratos vermelhos na Região Oeste (Mintz,
pág. 383).

B – Formas de vida do Período Permiano:

1 – Os estratos do Período Permiano revelam que nele


houve uma verdadeira “explosão” de répteis plenamente
desenvolvidos. Esses animais diferem em muito dos
anfíbios. Eles possuem ovos com líquido amniótico,
escamas em vez de pele viscosa e sistemas respiratório,
circulatório e excretor mais complexos. É a primeira vez
que surgem no registro rochoso não apenas ossos
fossilizados de répteis, mas também seus ovos com líquido
amniótico (Mintz, pág. 413).
2 – Originários da parte norte-americana da Laurásia, os
pelicossauros gradualmente se espalham pela região da
Europa atual e por Gondwana, o que sucedeu durante o
Período Permiano superior (Mintz, pág. 413).

3 – Ocorrem muitas extinções em massa, inclusive a de


90% de todas as espécies marinhas e 30% das variedades
de insetos; (17) 50% das espécies conhecidas de animais
desaparecem; isto inclui 75% das famílias de anfíbios e
mais de 80% das famílias de répteis. Os últimos trilobites
também desaparecem do registro rochoso. Os blastóides
(semelhantes a açucenas do mar) são extintos. (18)

4 – Coníferas são as formas predominantes de vida


vegetal; os limites territoriais das espécies florais são mais
definidos (Mintz, págs. 417, 481). Os listrossauros,
semelhantes a répteis, são os animais vertebrados mais
comuns em terra. Eles são encontrados por toda a Pangea.
(19)

Era Mesozoica

Mesozoica significa “vida intermediária”. Esta Era é dividida


em três Períodos: Triássico, Jurássico e Cretáceo.
Variedades semelhantes a quase todas as classes modernas
de insetos aparecem durante os Períodos da Era
Mesozoica. As rochas dessa Era contêm mais da metade
das jazidas conhecidas de petróleo do mundo (Mintz, pág.
467; Stokes, pág. 364).
Período Triássico

Período Triássico – ou Idade dos Amonites; subdivisão


da Era Mesozoica. (Denominação dada por Frederich
Von Alberti, em 1834; o nome deriva do grego trias =
“tríade”, ou grupo de três; o Triássico é o primeiro dos
três Períodos da Era Mesozoica).

A – A crosta terrestre durante o Período Triássico:

1 – Pangea começa a se dividir; a Índia afasta-se da


Antártica. Surge o Atlântico Norte e o corpo principal de
Pangea separa-se nas partes Norte e Sul. Ao término do
Período Triássico a América do Norte e a do Sul separam-se.
São grandemente reduzidos o tamanho e o número dos
“geocinclinais”, que são extensas bacias sedimentares.
Contudo, o Triássico é um Período de relativa calma do
ponto de vista geológico (Stokes, págs. 252, 325).

2 – Mares interiores refluem do território da América do


Norte durante esse Período. O Mar Tethys (ancestral do
Mar Mediterrâneo) está nos trópicos; grandes recifes são
nele construídos (Mintz, pág. 42; Levin, págs. 429-430).

3 – Estratos vermelhos são depositados na área do Grand


Canyon; os Montes Apalaches são erodidos até formar uma
planície; falhas tectônicas provocam o levantamento de
imensas áreas em vários lugares (Navarra, pág. 137).

4 – Amostras de pólen foram retiradas dos mais profundos


depósitos de evaporitos do Golfo do México, localizados
nos estratos superiores do Período Triássico. Rochas desse
Período abrigam ainda jazidas de cobre, nas regiões da
Alemanha e da Rússia (Levin, págs. 373, 396).

B – Formas de vida do Período Triássico:

1 – Enquanto as formas de vida anteriores à Era Mesozoica


eram em sua maioria estáticas, antes de ocorrerem as
extinções em massa do Período Permiano, ao se iniciar
esta nova Era os seres já apresentam mobilidade e cavam
tocas.
(20) O registro fóssil é abundante. “Amonites” (animais
marinhos com conchas em espiral, semelhantes aos
modernos náutilos) espalham-se em grande quantidade
pelos mares marginais que circundam Pangea (Navarra,
pág. 137).

2 – “Hexacorais” (corais com seis lados) aparecem pela


primeira vez no Período Triássico mediano, provenientes de
ancestrais desconhecidos; os briozoários são raros. Já as
esponjas são numerosas, construindo recifes no Mar
Tethys. Imensos répteis semelhantes a serpentes marinhas,
como o “plesiossauro”, predominam em mar aberto (Mintz,
págs. 457, 463, 465).

3 – As gimnospermas são abundantes e muito


diversificadas. As grandes árvores da “Floresta Petrificada”
do Arizona são do Período Triássico, apesar de serem parte
de um grupo de coníferas que hoje se restringem aos
continentes meridionais (Mintz, pág. 481).
4 – Surgem os “tecodontes”, ou pequenos dinossauros, e o
mesmo sucede com os primeiros sapos verdadeiros, as
primeiras tartarugas e os primeiros crocodilos. Os primeiros
mamíferos pequenos também aparecem; entre outros
traços distintos, os mamíferos têm ventre reprodutor e
produzem leite. Os primeiros mamíferos tinham
aproximadamente o tamanho de um camundongo grande
(Stokes, págs. 340, 354 – 355, 362).

C – Extinções de formas de vida no Período Triássico:

1– Os “ceratites”, animais marinhos da família dos


amonites, vicejaram apenas durante o Período Triássico
(Mintz, pág. 461).

2 – Os “braquiópodes espiriferóides”, os “anfíbios


estegocephalia” e os “conodontes” desapareceram durante
este Período (Stokes, pág. 505).

3 – Das 29 famílias de “amonites” do baixo Período


Triássico, somente duas continuaram a existir nos
Períodos Triássico superior e Jurássico (Stokes, pág. 537).

Período Jurássico
Período Jurássico – ou Idade dos Dinossauros; subdivisão da
Era Mesozoica. (Denominação dada por Alexander Von
Humboldt, em 1799; a palavra deriva do nome dos Montes
Jura, no Noroeste da Suíça, onde esses estratos foram
estudados pela primeira vez.)

A -- A crosta terrestre durante o Período Jurássico:

1 – O Atlântico Sul aparece, devido à separação entre a


África e a América do Sul. Os mais antigos sedimentos
oceânicos conhecidos são depositados. Erguem-se as
montanhas de Sierra Nevada (Navarra, pág. 139; Stokes,
pág. 337).

2 --Carvão proveniente do Período Jurássico é depositado


na China, Austrália, Tasmânia, Sibéria, Spitzbergen, Alberta
e Colúmbia Britânica (Levin, pág. 394).

B – Formas de vida do Período Jurássico:

1 – Entre as gimnospermas, as plantas predominantes são


as cicadáceas; pinheiros e sequoias aparecem nos
continentes setentrionais. Fósseis de pólen são
encontrados comumente nos estratos do final do Período
Jurássico (Mintz, págs. 483-484).

2 – Entre os animais predominam os dinossauros. Eles


pertencem a duas (ou três) categorias de répteis – os mais
antigos representantes de ambas as categorias de
dinossauros aparecem primeiramente em Gondwana, mas
logo se espalham por todas as partes, nos continentes
pouco fragmentados. Algumas variedades de dinossauros
eram ágeis, moviam-se com rapidez e tinham sangue
quente, sendo provavelmente recobertos por pele ou
penas. Fósseis de grandes dinossauros foram encontrados
até em estratos de regiões muito frias, como o norte do
Canadá (Mintz, pág. 470).

3 – Os primeiros lacertílios e salamandras aparecem;


pássaros primitivos e formas primitivas de mamíferos
também surgem. Entre os animais semelhantes a
mamíferos aparecem carnívoros, insetívoros e os que se
alimentam de sementes – a maioria pertence a variedades
agora extintas (Mintz, págs. 477-478; Stokes, pág. 354).

4 – Os mexilhões são extremamente abundantes neste


Período; lesmas marinhas aparecem e os “radiolários” são
numerosos pela primeira vez. Apesar de ser “obscura a
origem das ostras”, surgem recifes construídos por elas
(Mintz, pág. 457, 467; Stokes, pág. 530).

5 – Os amonites florescem em suas mais diversas


formas, ampliando de duas para vinte e duas o número
de suas famílias. Os peixes com barbatanas raiadas
(“teleósteos”) expandem-se rapidamente, enquanto que os
amonites desaparecem, no Período Jurássico superior.
“Ictiosauros”, répteis semelhantes a golfinhos, são comuns.
“Holecypoids”, peixes semelhantes a ouriços-do-mar, e
“belemnites”, peixes semelhantes a lulas, atingem seu pico
no Período Jurássico; todos estão agora extintos (Mintz,
págs. 461-462).

6 – Répteis voadores (os pterosauros) aparecem no


Período Jurássico (“seus verdadeiros ancestrais são
desconhecidos”); alguns são cobertos de pêlos. Foi
encontrado um pterosauro fossilizado com asas medindo
15 m de uma extremidade a outra (Mintz, pág. 477; Stokes,
pág. 360).

C – Extinções de formas de vida no Período Jurássico:

1– Das 22 famílias de amonites identificadas nos estratos


do Período Jurássico mediano, apenas oito continuaram a
existir nos estratos superiores (Stokes, pág. 537).

2 – Os répteis semelhantes a mamíferos, que apareceram


pela primeira vez nos estratos superiores do Período
Triássico, desapareceram por completo nos estratos do
Período Jurássico (Mintz, pág. 468).

Período Cretáceo

Período Cretáceo – ou Idade dos Estratos Calcários;


subdivisão da Era Mesozoica. (Nome dado por J. J.
d’Omalius d’Halloy, em 1822; a palavra deriva da
expressão latina Creta = “calcário”. Nesses estratos são
abundantes os recifes de carbonatos ou calcário.)

A – A crosta terrestre durante o Período Cretáceo:

1 – A Ilha de Madagascar separa-se da África.

2 – A cordilheira das Montanhas Rochosas é criada,


juntamente com jazidas de carvão quase afloradas, que se
estendem por cerca de 295.000 quilômetros quadrados, na
região dessas montanhas (Levin, pág. 394).

3 – Atividade vulcânica cria muitos veios de minérios


metálicos. As terras que bordejam o Oceano Pacífico
tornam-se geologicamente ativas por volta da metade do
Período Cretáceo (Levin, pág. 396; Stokes, pág. 338).

4 – Muitas grandes inundações marinhas nas massas de


terra criam extensos recifes de carbonatos (Levin, págs.
374- 376).

5 – Observam-se reversões aleatórias do magnetismo


residual nos fragmentos de rocha dos estratos deste
Período. (21)

B – Formas de vida do Período Cretáceo:

1 – Surgem marsupiais e mamíferos placentados; os


mamíferos placentados aparecem inicialmente como
insetívoros; logo depois surgem os carnívoros. As camadas
superiores do Período Cretáceo demonstram que tanto os
marsupiais com bolsas como os mamíferos placentados
existiam em todos os continentes nessa época. Temos
numerosas pequenas populações adaptadas cada uma a
um meio ambiente (Mintz, págs. 463-467, 479-481; Levin,
pág. 486).

2 – As “diatomáceas” (algas microscópicas), o segundo


maior grupo moderno de seres com função de fotossíntese,
aparecem como fósseis pela primeira vez. Florescem os
amonites; alguns são enormes, excedendo 1,50 m de
diâmetro (Mintz, págs. 453-455; Stokes, pág. 534).

3 – Aparecem as plantas “angiospermas”, com flores e


sementes recobertas por frutos, sendo sua origem “um
problema não resolvido”. Elas são as plantas terrestres
predominantes no Período Cretáceo superior (mais
numerosas que as gimnospermas). Quase simultaneamente
surgem os insetos e pássaros polinizantes. Muitos insetos
fósseis que foram aprisionados em âmbar (resina fossilizada
de árvores) “são praticamente indistinguíveis das formas
hoje existentes” (Mintz, págs. 481, 483; e ainda Stokes,
págs. 344-346, 348).

4 – Os dinossauros do Período Cretáceo são semelhantes


a seus pares do Período Jurássico e, no entanto,
“individualmente essas espécies (são) bastante novas”.
Aparecem as lesmas terrestres, assim como as primeiras
cobras (Mintz, pág. 467; Stokes, págs. 360, 527).

5 – Os “cocólitos”, minúsculos animais marinhos com


conchas, depositam suas pequenas carapaças calcárias que
formam os enormes leitos de calcário do Período Cretáceo;
sua ausência antes do Período Jurássico é “difícil de se
explicar” (Mintz, págs. 453-455).

6 – Crinóides nadadores-flutuantes (açucenas do mar),


semelhantes aos atuais, diversificam-se em uma profusão
amplamente difundida por todas as partes, no Período
Cretáceo superior. Aparecem também tartarugas e
lagartos marinhos (Stokes, pág. 348).

C – Extinções de formas de vida no Período Cretáceo:

1– Pelo menos 50%, ou talvez mais de 75%, dos grupos


de plantas e animais tornam-se extintos na linha limítrofe
entre o Período Cretáceo e o Período Terciário. “A imensa
maioria dos animais que se tornaram extintos
simplesmente desapareceu da lista dos seres vivos, sem
deixar descendentes”. (22)

2 – Os amonites, que floresceram no início do Período


Cretáceo, desapareceram por completo no seu final. (23)

3 – Todos os grupos de dinossauros tornaram-se extintos


antes de encerrado o Período Cretáceo; os fósseis de suas
variedades mais avantajadas foram encontrados nas
camadas limítrofes entre as Eras Mesozoica e Cenozóica;
ocorre uma extinção simultânea de todos os grandes
répteis que tinham surgido no mar, nos períodos iniciais da
Era Mesozoica. (24)
4 – Diversas variedades de samambaias com sementes
desaparecem (Mintz, pág. 483).

5 – Mexilhões são abundantes nas camadas mais antigas


do Período Cretáceo, mas a maior parte de suas variedades
desaparecem ou são extremamente reduzidas até o final
dele. Ocorre ainda uma extinção simultânea dos amonites
(Mintz, págs. 459-461, 475-476).

6 – Verificam-se altas concentrações de irídio, ósmio e


outros elementos raros nos estratos que demarcam o
limite entre os Períodos Cretáceo e Terciário. Essa
abundância de elementos ocorre em ambos os ambientes,
marinho e de água doce; ele é 200 vezes maior que o
normal nos depósitos de água doce.

A anomalia da concentração de irídio indica que um único


evento catastrófico causou essa extinção em massa das
formas de vida (por exemplo, um evento como a colisão da
Terra com um asteróide ou cometa). Entretanto, “diversas
categorias são extintas em ocasiões diferentes e em locais
variados”. Por exemplo, os fósseis de corais, dinossauros e
plantas terrestres desaparecem gradualmente, enquanto
que as algas marinhas e certas variedades de vida marinha
unicelular desaparecem de modo abrupto. Assim sendo, a
anomalia da concentração de irídio e as extinções em
massa podem não estar necessariamente relacionadas. (25)
Era Cenozoica

Cenozoica significa “vida recente”. Nos Estados Unidos


“cenozoica” pronuncia-se “ceno – zoica”. Contudo, já que a
palavra deriva da expressão grega “kainos” = “nova ou
recente”, ela deveria ser pronunciada “queno-zoica”, como
se faz na Europa.

Esta Era é por vezes denominada Idade dos Mamíferos.


Seus estratos são frequentemente de difícil interpretação:
“A correlação de uma região com outra (é) mais difícil do
que quando se considera qualquer outra divisão do
passado geológico da Terra, desde a Era Pré-Cambriana”
(Mintz, pág. 524).

A maior parte dos sedimentos que constituem as Planícies


Atlântica e da Costa do Golfo são de origem marinha
(datando da transição entre as Eras Mesozoica e
Cenozoica). Entretanto, depois que foram depositadas,
essas planícies foram recobertas por uma torrente de
sedimentos terrestres. Os invertebrados marinhos são mais
variados durante a Era Cenozoica do que em qualquer
outra época da história da Terra. A maior parte do
petróleo mundial é encontrada nas rochas dessa Era
(Mintz, pág. 497; Levin, pág. 470).

Nos estratos da Era Cenozoica existem evidências de


centenas de reversões da polaridade de magnetismo
residual dentro das rochas. Essas reversões foram
verificadas em detalhe nos seus estratos inferiores. (26)

A Era Cenozoica é dividida em dois períodos principais – o


Paleogênico (por vezes denominado Terciário, significando
“terceiro”) e o Neogênico (também chamado Quaternário,
significando “quarto”). Esse sistema de denominação é
resquício de uma antiga Tabela do Tempo Geológico, em
que a Era Paleozoica era chamada de Período Primário e a
Mesozoica de Período Secundário.

Período Paleogênico (Terciário)

O Período Paleogênico (às vezes chamado de Período


Terciário) poderia ser denominado Idade dos Mamíferos,
Pássaros e Peixes Teleósteos (Stokes, pág. 390). Ela foi
identificada por Naumann, em 1866.

Durante o Período Paleogênico a Índia colidiu com a Ásia,


criando a Cadeia do Himalaia, e a Groenlândia separou-se
da Europa. Surgiu o Istmo do Panamá, ligando as Américas
do Norte e do Sul. A Austrália separou-se da Antártica e a
Península Arábica desmembrou-se da África. Falhas de
bloco na região das Montanhas Rochosas, nos Estados
Unidos, criaram uma série de vales ao longo dos Montes
Wasatch, de Utah. No final da Era Cenozoica o tamanho
do Oceano Pacífico decresceu consideravelmente. Quase
todos os arquipélagos em forma de arco formaram-se a
partir do início do Período Paleogênico (as ilhas do Japão,
das Filipinas e do Caribe são exemplos disso) (Navarra,
págs. 143-144; Stokes, pág. 372).
Apesar de não terem sido encontrados fósseis de animais
complexos nas épocas mais antigas do Período
Paleogênico, na Índia ou na Antártica, todos os grupos
principais de plantas aparecem eventualmente no mundo
inteiro, durante este Período. Nos estratos do Paleogênico
superior predominam, na Austrália, os fósseis de
marsupiais. Fora desse país os marsupiais, com algumas
poucas exceções mais recentes, vão desaparecendo do
registro rochoso ao se aproximar o fim da Era Cenozoica
(Mintz, pág. 534; Stokes, pág. 385).

Por todo o mundo proliferam os pequenos animais.


Também aparecem as baleias, cavalos, gatos, cães e
doninhas. Mais de 38% das reservas de petróleo do mundo
encontram-se nos estratos do Período Paleogênico (Mintz,
pág. 529; Stokes, pág. 397).

Os estratos desse Período são subdivididos em cinco


Épocas. Principiando pela mais profunda, temos as Épocas:
Paleocênica, Eocênica, Oligocênica, Miocênica e Pliocênica.

Época Paleocênica

Época Paleocênica – ou Idade do “Cavalo do Amanhecer”;


subdivisão do Período Paleogênico que integra a Era
Cenozoica. (Significa “A Época antiga do Período mais
recente”; do grego paleo = “antigo” e Kainos = “novo”.)
A – A crosta terrestre durante a Época Paleocênica:

1 – O último mar interior invade a área das Grandes


Planícies (Great Plains) nos Estados Unidos. A Formação do
Rio Wyoming (estratos de xisto argiloso formados em leito
de lago, com abundantes fósseis de peixes) e a Formação
Wasatch, em Utah, são das Épocas Paleocênica e Eocênica
(Mintz, págs. 491-492).

2 – Espessos veios de carvão pobre são criados no Oeste da


América do Norte (Stokes, pág. 376).

B – Formas de vida da Época Paleocênica:

1 – Pequenos membros da família “Eohippus” (“cavalo do


amanhecer”), de proveniência desconhecida, aparecem na
América do Norte. Eles têm patas traseiras com três dedos
e dianteiras com quatro dedos; logo se espalham também
pela Europa (Stokes, pág. 538).

Época Eocênica

Época Eocênica – ou Idade dos Modernos Levantamentos de


Montanhas; subdivisão do Período Paleogênico que integra
a Era Cenozoica. (Significa “Época do Despertar do Período
Mais Recente”; do grego eo = “despertar ou manhã” e
Kainos = “novo”.)
A – A crosta terrestre durante a Época Eocênica:

1 – A Índia colide com a Ásia, criando a Cadeia do Himalaia


(Stokes, pá. 370).

2 – Ocorre o levantamento das Montanhas Rochosas,


inclusive dos “Tetons” (Pináculos) de Wyoming, das Black
Hills de Dakota do Sul e da Front Range (Barreira
Montanhosa) do Colorado. Grandes lagos interiores
formam-se no Colorado, em Utah e em Wyoming. São
criados depósitos de xisto contendo petróleo (Stokes, págs.
375, 377).

B – Formas de vida da Época Eocênica:

1 – Baleias surgem em águas africanas (Mintz, pág. 531).

2 – Pássaros carnívoros grandes, que não voam, aparecem


na América do Norte durante essa Época, “mas não duram
muito tempo (Mintz, pág. 547).

3 – Surgem os primeiros animais com cascos verdadeiros,


entre eles elefantes, cavalos, cervos, antas, rinocerontes,
camelos e antílopes. Também aparecem os primeiros
castores, ratos e símios (Stokes, págs. 394-395).
Época Oligocênica

Época Oligocênica – ou Idade dos Primeiros Primatas;


subdivisão do Período Paleogênico que integra a Era
Cenozoica. (Significa “Pequena época do tempo mais
recente”; do grego oligo = “pequeno” e kainos =
“novo”.)

A – A crosta terrestre durante a Época Oligocênica:

1 – É formada a Cunha Clástica do White River, parte da


qual foi erodida formando as “Badlands” (terras áridas) de
Dakota. Ocorre intensa atividade vulcânica nas Montanhas
Rochosas (Colorado, Wyoming e Montana) e começa a
formar- se a Grande Bacia do Oeste da América do Norte.
Cria-se o Sistema da Falha de San Andréas (Mintz, pág. 492;
Stokes, págs. 375-377).

2– A Península Arábica é separada da África pela fenda


do Mar Vermelho; ela entra em contato com a Europa
durante as Épocas Oligocênica e Miocênica (Mintz, págs.
506, 538).

B – Formas de vida da Época Oligocênica:

1 – “Macacos do Velho Mundo”


aparecem na região do Egito (Mintz,

pág. 561). 2 – Abelhas surgem pela

primeira vez no registro fóssil. (27)

C. Extinções de formas de vida na Época Oligocênica:

1 – Os mamíferos gigantes começam a desaparecer; os


“brontopes”, grandes como elefantes, e os “creodontes”
(mamíferos carnívoros) tornam-se extintos (Stokes, págs.
395, 505).

2 – Todos os amonites, exceto o náutilo com concha,


desaparecem finalmente dos registro rochoso (Stokes,
pág. 537).

Época Miocênica

Época Miocênica – ou Idade das Gramíneas e da Linhita;


subdivisão do Período Paleogênico que integra a Era
Cenozoica. (Significa “A Época menor do Período mais
recente”; do grego meion = “menos” e Kainos = “novo”.)

A – A crosta terrestre durante a Época Miocênica:

1– Existem bacias fluviais por todos os lados. Ocorrem


também duas dúzias de grandes erupções com
derramamento de basalto, que criam o Planalto do Rio
Colúmbia e a Planície do Rio Snake, nos Estados Unidos
(Mintz, pág. 492; Stokes, pág. 374).

2– O Mar Mediterrâneo torna-se um amplo reservatório


marinho ligado ao Atlântico por dois estreitos canais;
abalos sísmicos fecham os canais e o Mediterrâneo seca,
como se comprova pelas camadas de sal depositadas no
mais profundo de seu leito. Rios formam imensos
desfiladeiros no Norte da África e na Europa, ao longo do
perímetro do Mar Mediterrâneo que se esvazia (Mintz,
pág. 506; Levin, pág. 11).

3 – No Hemisfério Sul tem início um grande período

glacial com muitas etapas, o qual continua até hoje.

(28) 4 – A formação de depósitos de linhita (carvão

marrom) está no auge no Hemisfério Norte. (29)

B – Formas de vida dos estratos da Época Miocênica:

1 – Leões do mar, focas e morsas aparecem no Pacífico


Norte.

2 – Surgem grandes felinos semelhantes a panteras e


tigres; o mesmo ocorre com os primeiros ursos, guaxinins,
doninhas, carcajus, jaritatacas e lontras. Contudo, há uma
redução geral na diversidade dos mamíferos, dessa época
em diante (Mintz, págs. 531, 546; Stokes, págs. 395-396).

3 – Todas as famílias de angiospermas (plantas floríferas)


modernas aparecem nos estratos dessa Época (Stokes,
pág.
386).

4 – A partir da Época Miocênica as gramíneas são o grupo


predominante de angiospermas e, em períodos mais secos,
elas recobrem vastas planícies ondulantes em todos os
continentes (Mintz, pág. 552).

Época Pliocênica

Época Pliocênica – ou Idade do Clima Ameno; subdivisão do


Período Paleogênico que integra a Era Cenozoica. (Significa
“A Época mais recente do Período mais recente”; do grego
pleion = “mais” e kainos = “novo”.)

A – A crosta terrestre durante a Época Pliocênica:

1 – Ocorrem um amplo levantamento de montanhas e


falhas de bloco nas Rochosas. O Atlântico Norte é
formado, quase atingindo sua amplitude atual. Cria-se o
Istmo do Panamá, unindo as Américas do Norte e do Sul
(Mintz, pág. 492; Stokes, pág. 370).

2 – Ocorre um “grande dilúvio” que enche abruptamente o


Mar Mediterrâneo (Levin, pág. 11).
3– No Hemisfério Norte tem início uma enorme glaciação
em muitos estágios, a qual continua em andamento até
hoje (Stokes, págs. 371, 402-405).

B – Formas de vida nos estratos da Época Pliocênica:

1 – Poucos novos mamíferos aparecem nos estratos da


Época Pliocênica. Fósseis de pólen indicam que nela
predominavam as planícies cobertas de gramíneas e o clima
estava-se tornando de modo geral mais ameno. Ocorrem
mudanças abruptas na fauna de invertebrados – seus
fósseis são encontrados sob o Mar Mediterrâneo, nos
estratos dessa Época (Levin, pág. 11; Stokes, pág. 396).

C – Extinções das formas de vida na Época Pliocênica:

1 – No final da Época Pliocênica ocorrem diversos


episódios de extinção em massa. Cinzas vulcânicas
causaram extinção em massa nos animais do Estado de
Nebraska, nos Estados Unidos. (30)

Período Neogênico (Quaternário)

O Período Neogênico, identificado por Hoermes em 1853,


e algumas vezes denominado Período “Quaternário”,
poderia ser chamado Período da Vida Mais Recente. Ele
subdivide-se em duas Épocas – a Pleistocênica e a
Holocênica.

Época Pleistocênica

Época Pleistocênica – ou Idade do Gelo e dos Mamíferos


Gigantes; subdivisão do Período Neogênico que integra a
Era Cenozoica. (Significa “A Época mais recente do Período
mais recente”; do grego pleistos = “mais” e Kainos =
“novo”.)

A – A crosta terrestre durante a Época Pleistocênica:

1 – Fósseis de pólen indicam que amplas flutuações


climáticas ocorreram.

2 – A era glacial atinge seu clímax, produzindo calotas de


gelo continentais que cobrem a Groenlândia, a parte
setentrional da América do Norte, quase metade da
Europa, toda a Grã-Bretanha exceto sua costa meridional,
os Alpes, as partes ocidental e meridional da América do
Sul, a Antártica, a Sibéria setentrional, as montanhas e
planaltos da Ásia Central, a Tasmânia e a Nova Zelândia. Até
mesmo as montanhas vulcânicas das ilhas do Havaí
apresentaram glaciações (Stokes, págs. 402-404).
3 – Ocorreram pelo menos quatro grandes glaciações
independentes, com muitas flutuações climáticas menores,
separadas por períodos mais longos de clima ameno. O
nível do mar sobe e desce com essas alterações
climáticas. Contudo, o início dos estágios de glaciação não é
simultâneo em todas as partes (rever Épocas Miocênica e
Pliocênica) (Mintz, pág. 509; Levin, págs. 469-470; Stokes,
pág. 405).

4 – Grandes lagos pluviais se formam, cobrindo extensas


áreas de território. Escombros glaciais, transportados pelo
vento (“loess”) recobrem milhares de quilômetros
quadrados de terra, formando depósitos de centenas de
metros de espessura (Stokes, págs. 410-415).

B – Formas de vida dos estratos da Época Pleistocênica:

1 – Com exceção de fósseis de seres semelhantes aos


humanos e de mamíferos gigantes, nenhuma planta ou
animal radicalmente diferente surgiu na Época
Pleistocênica (Stokes, págs. 421, 425-427).

2 – Entre os mamíferos gigantes que então apareceram


estão o elefante chamado Mamute Imperial, que media
mais de 3,60 m de altura na base do pescoço; o tigre dente-
de-sabre; leões e ursos maiores que os que vivem hoje; um
tipo de castor gigante, tão grande quanto um urso negro;
bisões com chifres estendendo-se por mais de 1,80 m de
um lado a outro; grandes camelos e cães; um bicho-
preguiça do tamanho de um elefante, que podia se erguer
nas patas traseiras para comer os brotos de folhagem a 6 m
de altura; carneiros medindo 1,80 m de altura na base do
pescoço; porcos tão grandes quanto um moderno
rinoceronte; babuínos do tamanho de um gorila atual;
pássaros semelhantes à avestruz, com mais de 3,60 m de
altura; tamanduás gigantes e roedores tão grandes como
um pônei Shetland. Havia também cangurus gigantes e
outros marsupiais de tamanho descomunal na Austrália
(Stokes, págs. 425-427).

3 – Sobre a questão dos marsupiais temos: até a Época


Pleistocênica, o registro fóssil traz informações escassas
relativas a sua presença na Austrália; posteriormente os
marsupiais vicejaram na América do Sul e na Austrália; um
deles possuía uma misteriosa semelhança com o tigre
dente-de-sabre norte-americano (placentado); os
marsupiais sul- americanos diminuíram em número após o
início da Época Pleistocênica (Levin, págs. 485-486).

4 – Fósseis de hominídeos (seres semelhantes a humanos)


aparecem no registro rochoso; muitos são encontrados
junto a fósseis de mamíferos gigantes e pólen da era glacial
(Stokes, págs. 441-444, 454-459).
C – Extinções das formas de vida da Época Pleistocênica:

1 – Há extinções repetidas de radiolários, que parecem


estar relacionadas com as reversões do campo magnético
da Terra (Levin, pág. 297).

2 – Nenhuma das extinções da Época Pleistocênica


coincide com o início dos vários estágios das glaciações.
(31)

3– Os cavalos desaparecem abruptamente da América do


Norte; este é “um dos eventos inexplicáveis do fim da
Época Pleistocênica” (Stokes, pág. 541).

Época Holocênica

Época Holocênica – ou Idade do Homem Moderno;


subdivisão do Período Neogênico que integra a Era
Cenozoica. (Significa “A Época integral do Período mais
recente”; do grego holos = “total ou inteiro” e kainos =
“novo”.)

A – A crosta terrestre durante a Época Holocênica:

1 – As capas de gelo glacial da última era do gelo da Terra


retraem-se para o Norte. Há um repentino aquecimento
das águas superficiais dos oceanos (Stokes, págs. 409, 419).

2 – A Grã-Bretanha separa-se da Europa (Stokes, pág. 422).


B – Formas de vida dos estratos da Época Holocênica:

1 – Os sistemas ecológicos atuais do mundo dividem-se em


cinco categorias principais (apesar de terem sido sugeridos
outros métodos de classificação). Elas estão relacionadas a
seguir, com alguns exemplos. (Observe que existem outros
métodos de classificação das formas de vida igualmente
racionais, que incluem de duas a cinco categorias – ver
Navarra, págs. 114-115).

a) Monera – bactérias e algas azul-turquesa.

b) Protista – algas douradas, diatomáceas e algas verde-


amarelas.

c) Platae – algas vermelhas, marrons e verdes, coníferas


e plantas floríferas.

d) Fungi – limo, fungos e liquens.

e) Animalae – formas de vida sem celulose nas paredes


de suas células e sem clorofila dentro delas.

2 – O reino “animalae” pode ser dividido em dezesseis


grupos, um dos quais é chamado sub-reino “chordata”.

Dentro desse sub-reino existe uma outra subdivisão


chamada “vertebrata”.

Dentro dessa subdivisão há uma classe denominada


“mammalia”, que contém uma ordem chamada

“primates”. Dentro da ordem dos primatas há uma sub-

ordem denominada “anthropoidea”.

Dentro dessa sub-ordem há uma família chamada

“hominidae”, da qual a raça humana é a única

representante. Essa família é ainda dividida no gênero

“homo”.

Uma divisão arbitrária foi feita dentro do gênero


“homo”, chamada “species”, dentro da qual pode ser
encontrado o “homo sapiens” (“homem sábio”). O homem
moderno é chamado “homo sapiens sapiens”, significando
“o mais sábio dos homens que são sábios”.

Atente para o fato de que nenhuma linhagem de “homo


sapiens sapiens” é expressada ou sugerida por este
sistema classificatório. Existem grandes lacunas no registro
fóssil entre o aparecimento de primatas semelhantes a
humanos e o homem moderno (Stokes, págs. 434-441).

3 – Os estratos da Época Holocênica revelam que os seres


humanos faziam instrumentos de pedra polida por meio de
trituração; eles também faziam objetos de cerâmica,
domesticavam animais e cultivavam plantas; aparecem as
primeiras cidades (Mintz, pág. 572).
4 – A “cultura do metal” substituiu a “cultura da pedra”.
Isto é, os estratos revelam instrumentos de metal ao invés
de instrumentos de pedra. Aparece a escrita e a “pré-
história” da Terra se encerra. O mais antigo registro de
escrita, com data confirmada não por estudos
estratigráficos, mas por fenômeno astronômico (uma
eclipse solar), ocorre no ano 1375 a.C. (32)

C – Extinções de formas de vida da Época Holocênica:

1 – Verifica-se uma extinção em massa de grandes


mamíferos, nos estratos inferiores da Época Holocênica; ela
parece coincidir com uma mudança de climas frios e
úmidos para climas quentes e secos. Alguns desses
mamíferos eram o bicho- preguiça gigante, os mamutes
pecari, imperial, lanudo e columbiano, o gliptodonte, o
bisão gigante, o lobo “dire”, o mastodonte e vários tipos de
antílopes. (33)

2 – Contudo, “é desconcertante” que os mamíferos


gigantes tenham sobrevivido às repetidas glaciações da
Época Pleistocênica, para desaparecer repentinamente do
registro fóssil em presença de climas mais amenos,
quando se formaram os estratos da Época Holocênica.
Existem certas evidências fósseis de que tribos humanas
antigas contribuíram para algumas dessas extinções
(Stokes, págs. 427, 456, 498).

3 – Os estratos superiores da Época Holocênica e a


história escrita da humanidade revelam que cerca de 450
espécies de animais tornaram-se extintas desde a Época
Pleistocênica. Dos 225 grandes animais que se sabe
haverem desaparecido desde o ano 2000 a.C., 166 viviam
em ilhas. Desde 1625 a.D., mais de 125 espécies
significativas desapareceram (Stokes, págs. 495-497).

Referências – Apêndice E

1 – Ver, por exemplo, W. Brian Harland, et al., A Geologic


Time Scale 1989 (New York: Cambridge University Press,
1990).

2– Por exemplo, David O. McKay, 30 de outubro de


1958, BYU Speeches of the Year (Provo, Utah: Brigham
Young University, 1959), pág. 6; Brigham Young, 14 de
maio de 1871, JD 14:115-116; John Taylor, 29 de junho
de 1884, JD
25:215.

3– D. R. Bates, “Composition and Structure of the


Atmosphere”, The Earth and Its Atmosphere (New
York: Science Editions, Inc., 1961), pág. 98; também
consultar Stokes, pág. 177.

4– J. William Schopf, “The Evolution of the Earliest Cells”,


Scientific American, Vol. 239, Nº 3 (setembro de 1978),
pág. 134; ver também Mintz, págs. 285-300; e Levin, págs.
257-258, 266.

5 – H. A. Lowenstam, “Minerals Formed by Organisms”,


Science, Vol. 211 (13 de março de 1981), págs. 1126-1131;
Henry
L. Erlich, Geomicrobiology (Marcel Dekker, Inc., 1981), págs.
1-3, 63-79.

6– “Tracing the Origins of Life”, Science News, 15 de


setembro de 1979, pág. 183; H. D. Pflug e H. Jaeschke-
Boyer, Nature,
Vol. 280 (1979), págs. 483-486.

7 – Levin, pág. 265; Schopf, págs. 112, 134.

8 – Ver Tim Folger, “Primordial

Landlubbers”, Discover, abril de 1994,

págs. 28-29. 9 – Stokes, pág. 239;

Schopf, pág. 114.

– Ver James W. Vallentine, “The Evolution of Multi-


10

celular Plants and Animals”, Scientific American, Vol.


239, Nº 3 (setembro de 1978).

– E. C. deMacrio, et al., “Immunology of


11

Archaeobacteria that Produce Methane Gas”, Science,


Vol. 214 (2 de outubro de 1981), págs. 74-75; ver também
Navarra, pág. 106.

-- Navarra, pág. 116; Stokes, pág. 252; Norman D. Newell,


12

“Crises in the History of Life”, Scientific American,


Vol. 208, Nº 3 (fevereiro de 1963), pág. 80.
– Stephen Jay Gould, Wonderful Life: The Burgess Shale
13

and the Nature of History (New York: W. W. Norton,


1989), págs. 24-25, 62, 207-208.

14– Stokes, pág. 277; “The Oldest Fish: A Cambrian Find”,


Science News, 1º de julho de 1978, pág. 9; ver também
John E. Repetski, em Science, Vol. 200 (1978), Nº 4341, pág.
7.

15 – Mintz, pág. 415; D. W. Vankrevelen, “Coals”,


Encyclopaedia Britannica, 15ª edição (1976), 4:793.

16 – Douglas H. Erwin, “The Mother of Mass Extinctions”,

Scientific American, Vol. 275, Nº 1 (julho de 1996), pág.

76. 17 – Douglas H. Erwin, pág. 73.

– Norman D. Newell, “Crises in the History of Life”,


18

Scientific American, Vol. 208, Nº 3 (fevereiro de 1963), pág.


79; ver também Navarra, pág. 116; e Stokes, pág. 352.

19 – Douglas H.

Erwin, pág. 78.

20 – Douglas

H. Erwin, pág.
78.

21– Stokes, pág. 210; J. R. Heirtzler, “Sea-Floor Spreading”,


Scientific American, Vol. 219, Nº 6 (dezembro de 1968),
pág. 66; ver também A. Cox, et al., “Reversals of the Earth’s
Magnetic Field”, Scientific American, Vol. 216, Nº 2
(fevereiro de 1967), págs. 44-54.

22– Citado em Navarra, pág. 115; ver também “Nonmarine


Iridium Anomaly Linked to Extinctions”, Science, Vol.212 (19
de junho de 1981), pág. 1376; e Dale E. Russell, “The Mass
Extinctions of the Late Mesozoic”, Scientific American, Vol.
246, Nº 1(janeiro de 1982), pág. 65.

– Ver Dale A. Russell, “The Mass Extinctions of the Late


23

Mesozoic”, Scientific American, Vol. 246, Nº 1 (janeiro de


1982), pág. 64; ver também Stokes, pág. 537.

24 – Russell, pág. 64; Stokes, págs. 500-503, 537.

25– “Nonmarine Iridium Linked to Extinctions”, Science, Vol.


212 (19 de junho de 1981), pág. 1376; T. J. M. Schopf,
“Cretaceous Endings”, Science, Vol. 211 (6 de fevereiro de
1981), pág. 571.

26 – Stokes, págs. 210; J. R.

Heirtzler, pág. 66; A. Cox, et al.,

págs. 44-54. 27 – L. Burnham,

Psyche, Vol. 85 (1978), pág. 85.


28– Stokes, pág. 405; F. Woodruff, et al., “Miocene Stable
Isotope Record: A Detailed Deep Pacific Ocean Study and Its
Paleoclimatic Implications”, Science, Vol. 212 (8 de maio de
1981), págs. 665-668.

29 – D. W. Vankrevelen, pág. 793.

– Michael R. Voorhies, “Ancient Ashfall Creates a Pompeii


30

of Prehistoric Animals”, National Geographic, janeiro de


1981, págs. 67-74; Newell, pág. 81.

31 – Newell, pág. 81.

32 – R. Stephenson, “The Earliest Known Record of a

Solar Eclipse”, Nature, Vol. 228 (1970), págs. 651-

652. 33 – Ver Newell, págs. 82, 88; e também Levin,

págs. 504-505; e Stokes, págs. 427, 498.


Apêndice F

Uma Nota a Respeito de Métodos


de Datação Radiométrica

“Novas descobertas no campo


da radioatividade forneceram
um ‘cronômetro’ do tempo que
impõe o reconhecimento de
que a Terra é muito antiga.” (1)

Cientistas que estudam a Terra têm lutado há décadas


para desenvolver métodos que permitam determinar com
exatidão a extensão de tempo envolvida na história da
Terra. Entre as muitas técnicas modernas usadas para isso
destaca-se o método “radiométrico” de datação.
(“Radiométrico” significa “medido por radioatividade”.)
Essa técnica foi desenvolvida no início do Século XX, após a
descoberta da radioatividade, e, como ela é usada para
medir o tempo, precisamos analisar brevemente a
estrutura do átomo.

Dentro de cada átomo há um núcleo extremamente


pequeno e denso. O núcleo contém dois tipos de partículas
subnucleares principais, os prótons, com carga elétrica
positiva, e os nêutrons, com carga elétrica neutra. Cada
elemento químico é formando por átomos que contêm o
mesmo número de prótons em seu núcleo. Por exemplo, o
elemento hidrogênio tem um próton em seu núcleo, o
carbono tem seis, o oxigênio tem oito, o ferro tem
cinquenta e seis e, o urânio, noventa e dois. Entretanto,
logo se percebeu que havia variedades diferentes do
mesmo elemento químico.

Datando o Tempo com Isótopos Radioativos

Uma variedade do elemento químico oxigênio, por exemplo


–- a mais comum –- contém oito prótons e oito nêutrons
em seu núcleo. Ela é chamada de oxigênio-16, porque seu
núcleo contém dezesseis partículas fundamentais. Mas
outras variedades de oxigênio foram também descobertas.
Todas elas continham oito prótons (ou não seriam
oxigênio), mas diferiam no número de nêutrons. Essas
versões diferentes do mesmo elemento são denominadas
isótopos, como, por exemplo, o oxigênio-17 e o oxigênio-
18.

Logo se constatou que a maioria dos isótopos é instável.


Isso em geral ocorre porque contêm nêutrons demais ou
de menos. Para ficar mais estáveis os isótopos emitem uma
ou mais partículas subnucleares, ou radiação de alta
energia, ou ambos. Qualquer isótopo que faça isto é
chamado de “isótopo radioativo”.
Quando um isótopo radioativo emite espontaneamente
partículas e energia de seu núcleo, a natureza física do
próprio átomo se altera. Por exemplo, quando o isótopo
chamado carbono-14 (ele tem oito nêutrons em seu núcleo
ao invés de seis) emite um elétron ou “partícula beta”, ele
transforma-se no nitrogênio-14 comum. De modo
semelhante, os isótopos de urânio podem ejetar várias
partículas nucleares diferentes e se transformar em uma
série de isótopos intermediários, até se transmutar no
elemento chumbo.

Os cientistas fazem questão de salientar que é impossível


se prever quando um átomo radioativo emitirá
espontaneamente partículas ou radiação. O motivo disso,
como explicou o Senhor e como nós já estudamos, é que os
átomos, como as pessoas, são dotados de inteligência e,
portanto, são individualmente imprevisíveis (rever o
Apêndice B -- “O Poder Secreto da Criação de Deus”).

Contudo, quando tratamos de grandes massas, as futuras


ações tanto de pessoas como de átomos podem ser
previstas e medidas, Por exemplo, não podemos saber
quando qualquer pessoa irá morrer. Uma pessoa pode
morrer ao nascer; outra pode ultrapassar de muito os cem
anos de idade. Mas, de um modo geral, podemos dizer
que os indivíduos da raça humana em nossos dias morrem
entre os 70 e os 80 anos. Muitas análises cuidadosas da
expectativa de vida dos indivíduos servem de base para a
determinação do custo das apólices de seguro de vida.
Do mesmo modo, uma avaliação criteriosa de uma grande
massa de isótopos radioativos mostra que, como um todo,
eles se irão transformar, de um determinado tipo de
isótopo (o “pai”) em um outro tipo de isótopo (a “filha”),
segundo uma média de tempo previsível.

A metade do tempo que uma amostra radioativa “pai” leva


para se decompor em uma “filha” é denominada “meia-
vida”. A meia-vida dos diversos tipos de isótopos varia de
milionésimos de segundo a bilhões de anos. O que mais
nos interessa aqui é que a meia-vida do carbono-14, que se
transforma em nitrogênio-14, é de aproximadamente 5730
anos. A datação por carbono-14 é usada para determinar
datas restritas ao período histórico da Terra e um pouco
anteriores. Já a meia- vida de vários isótopos de urânio,
que se transformam em diversos isótopos de chumbo, é de
muitos milhões de anos. Os métodos de datação por urânio
são utilizados para se determinar datas referentes às
camadas geológicas da crosta terrestre.

Para atribuir uma data radiométrica a um objeto, os


cientistas usam técnicas extremamente delicadas, a fim de
medir quanto de material “pai” e quanto de material “filha”
há nele. Medindo esses dois, e conhecendo a meia-vida do
material “pai”, é possível atribuir uma idade ao objeto.
Tecnécio-99 -- Aprendendo Com a Medicina
Nuclear

Usemos um exemplo da medicina de última geração para


ver como funciona um sistema radiométrico de datação.

O elemento metaestável Tecnécio-99 (usualmente


conhecido por Tc-99m) é um isótopo radioativo de
degradação rápida usado para se estudar muitos processos
orgânicos do corpo humano, inclusive os do sistema
cardiovascular. Ao se degradar, o Tc-99m emite raios gama
que podem ser detectados com o uso de muitos recursos
de medição. À medida que o Tc-99m percorre o corpo, os
especialistas podem rastreá-lo através de detectores de
raios gama e determinar várias coisas importantes –- tanto
boas como más –- a respeito do sistema cardiovascular do
paciente.

Todos os isótopos do elemento Tecnécio são radioativos e,


o quanto se saiba, nenhum deles ocorre naturalmente na
Terra. Para se obter qualquer tipo de Tecnécio-99
metaestável ou “excitado” é preciso bombardear o
elemento molibdênio-99 com nêutrons. (2)

Sabe-se que o Tc-99m tem uma meia-vida de cerca de 6


horas, retornando a seguir ao estado inicial de Tecnécio
99. (O estado inicial é normalmente conhecido como Tc-99,
mas, nesta análise, iremos denominá-lo Tc-99gs (ground
state ou estado inicial), para evitar confusão.
Se uma determinada quantidade-padrão de Tc-99m,
digamos de 16 miligramas (16 mg), é injetada na corrente
sanguínea de um paciente, 6 horas mais tarde apenas
metade, ou 8mg, do Tc-99m continua nela. A outra metade
do Tc-99m foi convertida em uma “filha”, ou Tc-99gs.

Se você souber que um paciente recebeu a dose-padrão de


Tc-99m (16 mg) e medir o nível total de radiação gama do
Tecnécio no paciente algum tempo mais tarde,
descobrindo que sua corrente sanguínea só contém um
quarto da dose inicial, poderá afirmar com confiança que o
paciente recebeu a dose 12 horas (duas meias vidas) antes.
Ou seja: 6 horas depois de receber a dose-padrão o
paciente teria 8mg de Tc-99m no corpo. Seis horas após
isso, metade do Tc-99m restante ter-se-ia decomposto em
Tc-99gs, deixando 4 mg, ou seja, um quarto da dose original
de Tc-99m.

Pode-se também obter idêntico resultado medindo a


quantidade do produto “filha” no paciente (o Tc-99gs),
para determinar quanto tempo se passou desde que a
dose-padrão de Tc-99m foi ministrada.

De forma grosseiramente semelhante os cientistas tentam


datar as várias camadas da crosta terrestre empregando
isótopos radioativos de vida mais longa.
Vários Pressupostos Importantes Aplicados aos
Sistemas de Datação Radiométrica

Por mais que a técnica de datação descrita pareça simples


e direta, é importante reconhecer que os sistemas
radiométricos de datação geológica baseiam-se em diversos
pressupostos, muitos dos quais não podem ser confirmados
pelos métodos científicos atuais. (3) Por exemplo:

1) Presume-se que não tenha havido nenhuma migração,


seja de elementos “pai”, seja de elementos “filha”,
para dentro ou para fora do objeto, antes de ele ser
testado.

No exemplo da medicina nuclear, isto significaria ter


certeza de que ninguém se infiltrou na sala de exame e
injetou mais Tc-99m, ou sua “filha”, no paciente. Significaria
também que ninguém tirou sangue dele, ou substituiu-o
por outro, que poderia ou não conter Tc-99m, ou sua
“filha” Tc-99gs.

2) Presume-se que uma certa porcentagem de


material radioativo “pai” e uma certa
porcentagem de material “filha” fizessem parte
da estrutura do objeto quando ele foi formado.

Em nosso exemplo, isso significaria que havia uma


quantidade conhecida de Tc-99m no sangue do paciente, ao
se iniciar o teste, bem como uma quantidade conhecida do
isótopo “filha”. (Tc-99m e Tc-99gs são raros o suficiente
para que em termos práticos os médicos considerem que
não haverá nenhuma quantidade deles no sangue do
paciente ao receber a dose inicial. Entretanto, o paciente
poderia ter passado por outro teste radioativo usando
Tecnécio, algumas horas antes, e esse fato não ser do
conhecimento da equipe médica. Isto, é claro, invalidaria
toda a pesquisa.)

3) Presume-se que a amostra a ser testada não


tenha sido contaminada por materiais “pai” ou
“filha” externos, durante o teste.

Em nosso exemplo esta situação é semelhante à da


hipótese nº1 – em que se supõe que nenhum Tecnécio
tenha sido previamente injetado no paciente ou que
nenhuma nova dose de Tecnécio “pai” ou “filha” tenha
entrado em seu corpo com o teste em andamento.

Em geologia a contaminação é difícil de ser evitada. Em


certa ocasião, quando os cientistas estavam medindo o
irídio em uma amostra de solo (muitas partes por bilhão), a
liberação natural de partículas de irídio radioativo da
aliança do dedo de um trabalhador contaminou e invalidou
toda a experiência. (4)

4) Presume-se que o índice de degradação do isótopo


“pai” seja constante no intervalo de tempo em que
se processa o teste. (Falaremos mais sobre este
assunto adiante.)

Nas ciências que estudam a Terra o emprego de cada um


desses pressupostos representa obstáculos imensos, se não
intransponíveis, para a exatidão dos resultados.

Está claro que os primeiros três pressupostos implicariam


em se possuir um conhecimento detalhado de três coisas:

a) A origem, produção e mistura dos elementos primevos.

b) A composição química e isotópica original do globo


físico.

c) As condições que prevaleceram na Terra por bilhões de


anos.

Nenhuma dessas coisas pode ser medida diretamente hoje.


Esses três pressupostos são os dilemas insolúveis com que
se defrontam os que atuam nesse ramo da ciência, no qual
o pesquisador precisa presumir as próprias condições que
está empenhado em provar!

O quarto pressuposto antes mencionado trata da


constância das médias de degradação radioativa. Até onde
podemos medir, os extremos de temperatura e pressão
têm efeito pequeno ou nulo sobre as médias. Contudo,
num ambiente altamente radioativo, é possível que as
médias sejam alteradas. (5) Isto ocorre simplesmente
porque os isótopos radioativos emitem radiação e
partículas que afetam outros isótopos que estão nas
proximidades.

Percebemos, portanto, que devido a essas deficiências os


sistemas radiométricos só nos podem garantir uma
datação relativa entre as diferentes camadas da crosta
terrestre –- eles permitem que os cientistas determinem
se uma camada é mais antiga ou mais nova que outra. Mas
não se pode confiar de forma alguma em que os métodos
radiométricos nos forneçam datas absolutas.

Datas Absolutas Baseadas em Pressuposições

Os compêndios de geologia estão repletos de datas


absolutas atribuídas às varias camadas da crosta terrestre.
Mas ao determinar essas datas os cientistas presumiram
diversas informações errôneas:

1)Presumiu-se que a Terra, juntamente com o Sol e o


restante do Sistema Solar, surgiram quando uma imensa
nebulosa de gás e poeira interestelar foi condensada.
Trabalhou-se sobre modelos elaborados com base nessa
teoria, para determinar a composição original das rochas e
minerais da Terra e estabelecer um patamar sobre o qual
assentar as medições radiométricas. Ou seja, presunções
inverídicas foram feitas para se determinar a composição
original da crosta terrestre.
2) Presumiu-se que a Terra fez parte deste Sistema Solar
desde que surgiu.

3)Presumiu-se que não houve nenhuma alteração


(contaminação) dos elementos químicos nos bilhões de
anos transcorridos desde que a Terra se teria condensado
do material da nebulosa solar.

Presumiu-se que o ambiente da Terra, em termos de


4)

radiação cósmica, tenha sido praticamente o mesmo desde


que ela foi criada.

Nenhum desses pressupostos é verdadeiro.

Apesar de todos termos estado presentes quando a Terra


foi criada, nós nos esquecemos de tudo o que aconteceu
então. Assim sendo, não nos podemos lembrar da
composição original das rochas e minerais da Terra em
termos científicos precisos. Nem o Senhor o revelou. Isto
significa que ninguém sabe quais eram as proporções de
isótopos “pai” ou ”filha”,

em qualquer amostra da crosta terrestre, quando ela foi


criada. Simplesmente com base nisto já se vê que é
impossível estabelecer datas absolutas para as camadas
geológicas da Terra.

Nos sistemas de datação radiométrica pressupõe-se que a


Terra tenha sempre orbitado ao redor do Sol e, portanto,
que ela tenha sido exposta a um influxo de radiação
relativamente baixo. Contudo, essa pressuposição só é
valida a partir do tempo em que a Terra penetrou neste
sistema solar, cerca de seis mil anos atrás. É por isso que
não podemos confiar em nenhuma datação radiométrica
absoluta anterior à Queda.

A importância dessa última questão não pode ser


subestimada. Não conhecemos o ambiente altamente
energético em que a Terra primeva habitou. Nem sabemos
qual o efeito que esse ambiente primitivo teve sobre as
constantes de degradação, bem como sobre os elementos
químicos da própria crosta terrestre (em termos de
irradiação dos nuclídeos “pai” e “filha”). Por essa razão, não
podemos determinar a idade absoluta de nenhuma
amostra da crosta em particular, sem antes obter mais
informações a respeito do local prévio de habitação da
Terra. E, repetindo, isso não nos foi informado pelo Senhor.
Finalmente, temos que nos lembrar de que a nenhum
cientista foi dado observar a Terra, durante seus milhões de
anos de preparação, para que pudesse afirmar que
nenhuma alteração química ou nuclear significativa ocorreu
em sua crosta.

Uma Analogia: O Estopim Aceso

Para concluir, talvez seja útil apresentarmos uma simples


analogia aplicável ao problema da datação radiométrica.

Suponha que você entre em uma sala e de repente perceba


que há um estopim aceso ligado a diversas bananas de
dinamite. Sendo bom observador e não temendo por sua
vida, você nota que o estopim mede um metro de
comprimento (há uma fita métrica ao lado, no chão). Você
olha para seu relógio e percebe que o estopim está
queimando a uma média de 2,5 cm por segundo. Descobre
então que só tem cerca de meio minuto de vida se não
fugir dali imediatamente!

Antes de partir em corrida desabalada, você faz a si mesmo


uma pergunta científica: Será possível saber há quanto
tempo aquele estopim estava aceso? A resposta imediata é
óbvia: Não!

Por exemplo, o estopim poderia inicialmente ser bem


longo e ter sido aceso dias atrás, em algum outro lugar
distante dali, e suas cinzas espalhadas pelo vento. Por outro
lado, o estopim poderia ter sido aceso apenas segundos
antes de você entrar na sala.

Talvez haja uma trilha de cinzas do estopim. Seria possível


você medir o comprimento da trilha para determinar há
quanto tempo ele teria sido aceso? Possivelmente. Mas o
estopim poderia ter sido aceso e apagado ou cortado, aceso
outra vez e apagado ou cortado de novo, e isso por diversas
vezes, sem que você soubesse. Há até a possibilidade de
que outros estopins tivessem sido queimados na mesma
sala e suas cinzas se confundido com as do estopim que
está agora queimando.

O fato óbvio é que a menos que estivesse lá quando o


estopim foi aceso você não poderia saber quando isso
ocorreu. E mesmo que soubesse o comprimento original do
estopim, se não o observasse queimar até chegar a 1 m de
comprimento, você ainda não poderia dizer, com certeza,
há quanto tempo ele estava queimando.

O que acontece com os sistemas de datação radiométrica


não é diferente.

Todos esses fatos nos levam a uma simples conclusão: Os


sistemas de datação radiométrica não nos podem fornecer
datas absolutas a respeito do Período Preparatório da
Terra. Para tanto nós necessitamos da revelação de alguém
que esteve lá e sabe há quanto tempo isso ocorreu e que
duração teve. E Ele prometeu que esse conhecimento não
ficará oculto para sempre (D&C. 101:32-34).
Questionário – Apêndice F

Perguntas para Responder

1 – Que pressupostos básicos precisam ser feitos quando se


atribui uma data radiométrica a um objeto antigo?

2– Os sistemas de datação radiométrica são confiáveis para


se determinar datas passadas que antecedam os tempos
históricos? Por que sim, ou por que não?

Questões a Ponderar

1 – Qual a exatidão de qualquer sistema de datação


radiométrica? Em que pressupostos específicos eles se
baseiam?

2– Qual é a história da datação por Carbono-14? Quem a


inventou? As datas obtidas através desse sistema são
consistentes? Os pressupostos foram questionados ou
alterados? O que levaria uma eminente arqueóloga a dizer:
“A datação por radiocarbono é mais arte do que ciência.”?
(Maryanne Newton, arqueóloga da Universidade de
Cornell, em “Bible-era Grain Sows Seeds of Contention”, de
E. Skindrud, Science News, Vol. 150, de 27 de julho de
1996, pág. 54.) (Pista: Esta é uma área fecunda para
pesquisa pessoal sobre a confiabilidade --- ou não – dos
sistemas radiométricos!)

3 – Há evidências nas rochas de que a Terra experimentou


diferentes fluxos de radiação nuclear de tempos em
tempos?

4– Existe um método para se determinar o fluxo de


radiação sobre a Terra durante o Período Preparatório da
Criação, talvez como resultado de investigações tanto
astronômicas como geológicas?

Referências – Apêndice F

1– John A. Widtsoe, “How Old Is the Earth?”, em Evidences


and Reconciliations, 3 volumes em 1, compilado por G.
Homer Durham (Salt Lake City, Utah: Bookcraft, 1960), pág.
148.

2 – Ver William R. Stine, Chemistry For the Consumer


(Boston: Allyn and Bacon, 1978), págs. 12, 48-51.

3– Dois textos acadêmicos que apresentam uma lista


cuidadosa dos muitos pressupostos que norteiam as
técnicas de datação geológica baseadas na radiometria
são: Applied Geochronology, de E. I. Hamilton (London:
Academic Press, 1965) e Nuclear Geology: A Symposium
on Nuclear Phenomena in the Earth Sciences, de Henry
Faul, editor (New York: John Wiley, 1954).

4– W. Alvarez, et al., “Iridium Anomaly Approximately


Synchronous with Terminal Eocene Extinctions”, Science,
Vol. 216 (21 de maio de 1982), pág. 888.
5– Reações provocadas por nêutrons nas taxas de
degradação do urânio a chumbo são analisadas em Science
and Mormonism, de Melvin A. Cook e Melvin G. Cook (Salt
Lake City, Utah: Deseret Book, 1968), págs 178-182. Um
tratamento mais técnico do assunto pelo Dr. Melvin A.
Cook pode ser encontrado em Prehistory and Earth Models
(London: Max Parrish, 1966).

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