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Agronomia, Profissão Do Presente e Do Futuro, 2 Ed Borem
Agronomia, Profissão Do Presente e Do Futuro, 2 Ed Borem
Vários autores.
Bibliografia.
ISBN 978-65-86235-49-4
eISBN 978-65-86235-50-0
22-100049 CDD-630.023
Índices para catálogo sistemático:
1. Agronomia como profissão 630.023
Eliete Marques da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9380
2. AGRONEGÓCIO NO BRASIL
2.1. Exportações agrícolas
2.2. Bases do agronegócio no Brasil
Referências bibliográficas
4. CULTIVO DE OLERÍCOLAS
4.1. Características da produção de olerícolas
4.2. Perspectivas para a produção de olerícolas no Brasil
Referências bibliográficas
5. CULTIVO DE FRUTEIRAS
5.1. Características da fruticultura brasileira
5.2. Valor nutricional das frutas
5.3. Temas relevantes de atuação profissional
Referências bibliográficas
Atividade Descrição
09 Elaboração de orçamento
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Educação. Ministério da Justiça. Ministério do Trabalho e Emprego. Lei
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Arquitetura e Urbanismo; cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo
do Brasil – CAU/BR e os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos
Estados e do Distrito Federal – CAUs; e dá outras providências. Diário
Oficial da União: Poder Executivo, Brasília, 31 dez. 2010.
BRASIL. Ministério do Trabalho. Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966.
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Engenheiro-Agrônomo, e dá outras providências. Diário Oficial da União:
Poder Legislativo, Brasília, 27 dez. 1966.
BRASIL. Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Decreto nº 23.196,
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dá outras providências. Diário Oficial da União: Poder Executivo, Rio de
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de 8 de dezembro de 1933. Aprova o novo regulamento da Secretaria
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da União: seção 1, Poder Executivo, Rio de Janeiro, 15 dez. 1933b.
BRASIL. Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Decreto nº 23.569 de
11 de dezembro de 1933. Regula o exercício das profissões de
engenheiro, de arquiteto e de agrimensor. Diário Oficial da União: Poder
Executivo, Rio de Janeiro, 15 dez. 1933c.
CONFEA – CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA.
Resolução nº 110, de 30 de julho de 1956. Diário Oficial da União, Rio de
Janeiro, 1956.
CONFEA – CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA.
Resolução nº 218, de 29 de junho de 1973. Discrimina as atividades das
diferentes modalidades profissionais da Engenharia, Arquitetura e
Agronomia. Diário Oficial da União: Brasília, 31 jul. 1973.
CONFEA – CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA.
Resolução nº 1.048, de 14 de agosto de 2013. Diário Oficial da União:
Poder Executivo, Brasília, 19 ago. 2013.
CONFEA – CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA.
Resolução nº 1.073, de 19 de abril de 2016. Regulamenta a atribuição de
títulos, atividades, competências e campos de atuação profissionais
aos profissionais registrados no Sistema Confea/Crea para efeito de
fiscalização do exercício profissional no âmbito da Engenharia e da
Agronomia. Diário Oficial da União: Poder Executivo, Brasília, 22 abr.
2016.
CREA-MG – CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E
AGRONOMIA DE MINAS GERAIS. Guia de orientação profissional:
atribuições. Belo Horizonte: Crea-MG, 1990. 230 p.
DOIS
AGRONEGÓCIO NO BRASIL
*2006.
Fonte: IBGE (2012).
Tab. 2.2 Contribuição dos fatores de produção terra, trabalho e tecnologia para o
aumento da produção
1995/1996 2006
Variáveis
(%) (%)
FIG. 2.2 Valor bruto da produção agropecuária (VBP), que envolve a multiplicação da
produção das lavouras pelos preços recebidos pelos produtores
Fonte: IBGE (2015).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, E.; SOUZA, G. S.; ROCHA, D. P. Desigualdade nos campos na ótica
do Censo Agropecuário 2006. Revista de Política Agrícola, v. 22, n. 2, p. 67-
75, 2013.
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PIB-Agro/Cepea: Volume do agronegócio cresce 7,6% em 2017, eleva PIB
nacional e ajuda no controle da inflação. Cepea-Esalq/USP, 9 abr. 2018.
Disponível em: <https://www.cepea.esalq.usp.br/br/releases/pib-agro-
cepea-pib-volume-do-agronegocio-cresce-7-6-em-2017-eleva-pib-
nacional-e-ajuda-no-controle-da-inflacao.aspx>.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Sidra –
Sistema de Recuperação Automática. Censo Agropecuário 2006. Brasília:
IBGE, 2012. Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/censo-
agropecuario/censo-agropecuario2012>.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo
Agropecuário: Levantamento sistemático da produção agrícola, 2014.
Brasília: IBGE, 2014.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo
Agropecuário: Levantamento sistemático da produção agrícola, 2015.
Brasília: IBGE, 2015.
TRÊS
FIG. 3.3 Colheita de soja em grande área com subsequente semeadura de milho safrinha
Fonte: Tiago Firmino Boaventura (Wikimedia Commons, CC BY-SA 3.0,
https://w.wiki/4QFM).
Como a soja é da família Fabaceae (leguminosas), ela tem a
capacidade de se associar simbioticamente a bactérias
fixadoras do nitrogênio atmosférico (N2). No seu sistema
radicular, formam-se estruturas arredondadas (nódulos) que
propiciam o crescimento de bactérias de Bradyrhizobium
japonicum. Essas bactérias possuem a enzima nitrogenase,
capaz de fixar o nitrogênio do ar que, posteriormente, é
assimilado pela planta como substrato para a síntese de
aminoácidos. Em várias partes do mundo e principalmente no
Brasil, as sementes de soja são inoculadas com essas
bactérias antes da semeadura, para que não seja necessário o
uso de adubos nitrogenados. A partir dessa biotecnologia, há
grande economia na utilização de adubos nitrogenados, o que
possibilita maior lucratividade e menor poluição ambiental.
Uma das formas de conferir a viabilidade dos nódulos é
verificar se sua coloração interna está rósea, o que indica a
presença da leg-hemoglobina, proteína com alta afinidade
com o oxigênio e que favorece a maior eficiência da
nitrogenase, a qual só é eficaz em condição de baixa tensão
de oxigênio.
Além da nutrição adequada da planta de soja, é
importante seu manejo para evitar plantas daninhas, pragas e
doenças. No manejo de plantas daninhas, por exemplo, evita-
se que ocorra competição com a soja no período crítico em
que a competição pode reduzir a produtividade. O manejo da
soja engloba diferentes formas: o manejo preventivo, o qual
evita que espécies de plantas potencialmente daninhas
entrem na área de cultivo; o manejo cultural, que dá
condições à cultura agrícola para que seja eficiente na
competição com as plantas daninhas; o manejo mecânico,
com a utilização de máquinas que diminuem a população
dessas plantas indesejáveis; e o manejo químico, com a
utilização de herbicidas que diminuem a população dessas
competidoras. Esses manejos exigem conhecimento técnico
para minimizar perdas e garantir boa safra. É importante
ressaltar que, quando se emprega o manejo químico,
recomenda-se a rotação no uso de princípios ativos de
herbicidas, ou seja, não utilizar repetidas vezes o mesmo
princípio ativo de herbicida em safras subsequentes, a fim de
evitar o aumento das populações de plantas daninhas
resistentes aos herbicidas.
Já o manejo de pragas e doenças na cultura da soja merece
redobrada atenção de agrônomos e agricultores. O manejo
integrado de pragas e doenças (MIPD) possibilita o
acompanhamento das populações de insetos e de danos
causados por patógenos ao longo do ciclo da cultura. Assim,
as decisões relativas a épocas e formas de controle são
tomadas com embasamento científico, levando a um maior
grau de acerto.
O sistema de produção da soja extrapola os limites da
fazenda, e o Engenheiro-Agrônomo deve estar atento a
algumas questões, a fim de obter sucesso com esse cultivo.
Para um bom planejamento e melhor chance de acerto no
empreendimento, o profissional deve se questionar: o clima
da região é propício ao cultivo da soja? O regime de
precipitação pluviométrico possibilitará o cultivo? Há
estrutura para a colheita mecânica e o armazenamento dos
grãos? O sistema viário é favorável ao escoamento da
produção? Há contatos com empresas transportadoras de
grãos? O mercado é favorável ao cultivo? As respostas a essas
questões facilitarão a tomada de decisão sobre o cultivo em
novas áreas, definindo o sucesso ou não do empreendimento.
FIG. 3.4 Áreas de cultivo de terceira safra de feijão com irrigação por pivô central
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, M. A. C. Modernização e pobreza: a expansão da agroindústria
canavieira e seu impacto ecológico e social. São Paulo: Editora da
Universidade Estadual Paulista, 1994.
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Acompanhamento da safra brasileira. Cana-de-açúcar. Observatório
agrícola, v. 4, n. 4, 2018. (Safra 2017/18 – Quarto levantamento).
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conhecimento milho – Espaçamento e densidade. Agência Embrapa de
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<http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/milho/arvore/CONTAG
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DESTRO, D.; CARPENTIERI-PÍPOLO, V.; KIIHL, R. A. S.; ALMEIDA, L. A.
Photoperiodism and genetic control of the long juvenile period in
soybean: a review. Crop Breeding and Applied Biotechnology, v. 1, n. 1, p.
72-92, 2001.
QUATRO
CULTIVO DE OLERÍCOLAS
FIG. 4.2 Cultivo de (A) pimentões coloridos, (B) melancia sem sementes e (C) melões com
aroma, cor e sabor distintos
Fonte: (A) Aldipower (Wikimedia Commons, CC BY-SA 3.0, https://w.wiki/4MPg); (B,C)
Leonardo Angelo de Aquino.
FIG. 4.4 Cultivo de (A) cenoura e (B) cebola em grandes áreas, no Cerrado brasileiro
Fonte: Leonardo Angelo de Aquino, 2018.
FIG. 4.6 Irrigação por (A) gotejamento na cultura de tomate e (B) pivô central na cultura
de cenoura
Fonte: Leonardo Angelo de Aquino, 2018.
A irrigação diminui os riscos de frustração de safra pela
falta de água, aumenta a produtividade, otimiza o uso da
terra e permite a exploração contínua do solo e a oferta de
empregos duradouros. No entanto, essa prática demanda
considerável volume de água. Ela precisa ser bem manejada
para proteger o solo, minimizar a ocorrência de doenças e a
perda de nutrientes e ainda poupar água para outras
finalidades.
Dessa forma, os profissionais dedicados à olericultura
precisam dominar a ciência da irrigação, tanto no tocante à
engenharia (obras de captação, armazenamento,
bombeamento e distribuição de água) quanto no seu manejo
no dia a dia, visando otimizar o uso desse recurso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2016. Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.br/tabela>. Acesso em: 21
maio 2018.
CINCO
CULTIVO DE FRUTEIRAS
FIG. 5.2 Produção média brasileira de maçãs nas últimas cinco décadas
Fonte: adaptado de Petri, Sezerino e Martin (2018).
Fruta-
Banana 1,0-1,8 1,1 Pequi 2,3
pão
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRIGUETO, J. R. Marco legal da produção integrada de frutas do Brasil – PIF.
Brasília: Mapa, 2002. 58 p.
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Disponível em: <https://www.todafruta.com.br/wp-
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SANTOS, C. E. M.; BORÉM, A. Abacaxi: do plantio à colheita. Minas Gerais:
Editora UFV, 2019, 202 p.
SANTOS, C. E. M.; BRUCKNER, C. H.; BORÉM, A. Maracujá: do plantio à
colheita. Minas Gerais: Editora UFV, 2021. 192 p.
SIQUEIRA, D.; SALOMÃO, L. C. S. Citrus: do plantio à colheita. Minas Gerais:
Editora UFV, 2015. 333 p.
SIQUEIRA, D. L.; SALOMÃO, L. C. C.; BORÉM, A. Manga: do plantio à
colheita. Minas Gerais: Editora UFV, 2019. 277 p.
SEIS
6.1 FLORICULTURA
A floricultura pode ser definida como a arte de cultivar
flores e constitui um conjunto de atividades produtivas e
comerciais relacionadas ao mercado de espécies vegetais
cultivadas com finalidades ornamentais (Paiva; Almeida,
2012). A floricultura envolve a produção de flores e plantas
ornamentais, utilizadas tanto para ornamentação, na
forma de arranjos e decoração de ambientes, quanto para
composição paisagística. É um setor estreitamente ligado
às emoções, pois as flores estão presentes em muitos
momentos importantes da vida.
Esse setor abrange o cultivo de flores e folhagens de corte,
flores e folhagens envasadas, e mudas para jardim. Nesses
segmentos incluem-se a produção de sementes e propágulos,
mudas in vitro, substratos e insumos. Há ainda o
planejamento e a instalação de sistemas de cultivo e
irrigação, o controle de pragas e doenças, além de embalagens
e armazenamento e processos de distribuição e
comercialização.
O setor requer o uso de novas tecnologias, um grande
conhecimento técnico do sistema de cultivo e de
processamento pós-colheita (Fig. 6.1) e o aprimoramento do
processo de logística, visando sempre à qualidade e à maior
eficiência. Essas exigências têm estimulado o
desenvolvimento de pesquisa e da indústria responsável por
novos produtos e equipamentos.
6.1.1 PRODUÇÃO
A diversidade de climas do Brasil permite a produção de
grande número de espécies, incluindo as de origem
tropical, subtropical e temperada. As plantas tropicais
destacam-se por suas formas exóticas e cores vibrantes,
apresentando grande adaptação ao clima e ao solo
brasileiro. Também há um grande número de espécies
subtropicais e temperadas, com exigências específicas de
condições de cultivo e que apresentam grande demanda
no mercado.
Estima-se que, no Brasil, atualmente, sejam cultivadas
mais de 2.500 espécies e 17.500 cultivares (Schoenmaker,
2021). Entre as flores de corte, destacam-se as rosas, os
crisântemos, as alstroemérias, as gérberas e os lírios. A rosa
mantém a posição de destaque como principal flor cultivada e
comercializada no Brasil e no mundo (Paiva; Almeida, 2014).
As folhagens de corte se destinam à composição de arranjos
como espécie acessória ou principal. Destacam-se as folhas
de palmeiras, monstera, ruscus, dracenas, crótons e cordylines,
samambaias e avencas.
Flores envasadas correspondem às espécies cultivadas em
vasos com substratos. As principais espécies produzidas no
Brasil são orquídeas, calanchoe, crisântemos (Fig. 6.2), lírios,
violetas e antúrios.
FIG. 6.2 Crisântemos
Fonte: Patrícia Duarte de Oliveira Paiva.
6.1.2 COMERCIALIZAÇÃO
A produção de flores e plantas ornamentais pode seguir
diferentes canais de comercialização, desde a venda direta
entre o produtor e o consumidor final, como ocorre em
feiras, até a venda em atacados especializados,
diretamente para o varejo (autosserviço e floricultura), ou
vendas para os setores de serviços, como os especializados
em decoração e paisagismo.
Atacado
A comercialização por atacado é feita principalmente pela
cooperativa Veiling Holambra, que responde por
aproximadamente 40% do mercado nacional; pela
Cooperflora, também em Holambra (SP); e pelas Ceasas,
com destaque para a Ceagesp e a Ceasa-Campinas. A
distribuição de flores e plantas ornamentais após o
atacado em geral é realizada pelo segmento de distribuição
ou atacadistas de linha, responsáveis por transportar com
sistema de logística eficiente e entregar em todo o Brasil.
Exportação
Embora o Brasil ainda não apresente volumes expressivos
de exportação no segmento floricultura, a comercialização
para o mercado externo é realizada principalmente por
empresas especializadas em intermediar o processo. Em
geral, as vendas são pontuais e realizadas a partir de
contratos estabelecidos entre países compradores e
produtores ou atacadistas. Os principais produtos
exportados são bulbos e material propagativo, os quais
têm ótima aceitação no mercado externo.
Engenheiros-Agrônomos com conhecimento de diferentes
idiomas, em especial inglês e espanhol, além do holandês,
atuam nesse segmento.
Varejo
O comércio em varejo é feito por meio de floriculturas e
floras, garden centers, viveiros, feiras e pontos de venda,
como quiosques e autosserviços (supermercados). Esses
estabelecimentos comercializam em quantidades variadas,
desde uma simples haste até volumes expressivos, quando
direcionados ao segmento de decoração (Fig. 6.3), que
absorve em torno de 40% do total comercializado, ou,
ainda, à formação de jardins. Muitos proprietários dessas
estruturas de varejo possuem formação em Agronomia,
que lhes proporciona um excelente conhecimento a
respeito das espécies comercializadas.
FIG. 6.3 Decoração de festa, com os arranjos principais elaborados com lírios
Fonte: Patrícia Duarte de Oliveira Paiva.
6.2 PAISAGISMO
Paisagismo, arquitetura paisagística e/ou planejamento
paisagístico constituem uma atividade técnico-científica
que tem como objetivo harmonizar e promover a interação
do ser humano com o meio ambiente. É uma especialidade
multidisciplinar de arte e ciência: a arte envolve
conceituações relativas a cores, formas e texturas, tanto
das espécies vegetais quanto de outros elementos
considerados inertes, que são utilizados em jardins; e a
ciência abarca diversas áreas do conhecimento, como
Agronomia, Biologia, Arquitetura, Meio Ambiente e
Florestas.
O paisagismo inclui o planejamento e a manutenção de
jardins, praças, parques, jardins botânicos (Fig. 6.4) e
arborização urbana, um trabalho que pode ser realizado por
Engenheiros-Agrônomos, Engenheiros Florestais, Arquitetos
e, em algumas situações, ainda demandar o apoio de
Biólogos, Designers de Interiores e Engenheiros (Paiva, 2008).
Considerando que o principal elemento do paisagismo são as
espécies vegetais, o Engenheiro-Agrônomo apresenta
qualificação para produção, identificação, plantio e condução
dessas espécies.
6.3.1 PROPAGAÇÃO
As plantas ornamentais podem ser produzidas por meio
de sementes (propagação sexuada) e mudas (propagação
assexuada), dependendo da espécie e da facilidade de
execução do processo.
A produção por sementes de espécies destinadas à
produção de flores ou para jardins, com destaque para as
anuais, é feita por empresas especializadas, envolvendo
tecnologias avançadas. Para outras espécies, como árvores e
palmeiras, a propagação é feita por viveiristas e as sementes
são obtidas de plantas-matrizes.
No processo de propagação assexuada, vários métodos
podem ser utilizados, como a estaquia (mais comum),
enxertia (que permite a união de dois materiais vegetais:
enxerto e porta-enxerto), alporquia e mergulhia. Além dessas
técnicas, é crescente o uso da micropropagação de plantas,
técnica realizada em laboratórios para a propagação
comercial em larga escala, o que permite a produção de
grande quantidade de mudas com qualidade fitossanitária e
padronizadas durante o ano todo (Paiva; Almeida, 2014). Essa
técnica, que faz parte da Biotecnologia, é amplamente
empregada em várias espécies ornamentais, como antúrios,
bromélias e orquídeas (Fig. 6.7).
FIG. 6.7 Micropropagação de orquídeas in vitro
Fonte: Michele Valquíria dos Reis.
6.3.2 ESTRUTURAS
As estruturas de cultivo protegido podem ser utilizadas
desde a fase de produção das mudas até a sua
comercialização. Entretanto, em função da espécie, podem
ser empregados diferentes tipos de estruturas para cada
etapa de seu desenvolvimento. Por exemplo, para a fase de
enraizamento podem ser exigidas estruturas com umidade
e temperatura controladas, as chamadas estufas
enraizadoras. Já o desenvolvimento das mudas pode
ocorrer tanto em estufas quanto em telados, com
condições de sombreamento variado. Após esse período,
algumas espécies podem ser transferidas para áreas sem
proteção, totalmente a céu aberto, onde permanecem até a
comercialização. Os estudos desenvolvidos na área de
Agronomia permitiram identificar e conhecer as condições
ideais para cada espécie.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
NEVES, M. F.; PINTO, M. J. A. (Coord.). Mapeamento e quantificação da cadeia
de flores e plantas ornamentais no Brasil. São Paulo: OCESP, 2015. 122 p.
PAIVA, P. D. O. Paisagismo: conceitos e aplicações. Lavras, MG: Editora
UFLA, 2008. 603 p.
PAIVA, P. D. O.; ALMEIDA, E. F. A. Produção de flores de corte. v. 1. Lavras, MG:
Editora UFLA, 2012.
PAIVA, P. D. O.; ALMEIDA, E. F. A. Produção de flores de corte. v. 2. Lavras, MG:
Editora UFLA, 2014.
SCHOENMAKER, K. O mercado de flores no Brasil. Ibraflor, jan. 2021. 5 p.
Disponível em: <https://354d6537-ca5e-4df4-8c1b-
3fa4f2dbe678.filesusr.com/ugd/b3d028_e002f96eeb81495ea3e08362b498
81a3.pdf>. Acesso em: 21 out. 2021.
SETE
FIG. 7.7 Camomila, a planta medicinal mais cultivada no Brasil, especialmente no Estado
do Paraná
Fonte: Lin Chau Ming, 2018.
Diretriz
Estimular a produção de fitoterápicos em escala industrial.
14
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BONFIM, F. P. G.; GOMES, J. A. O.; TEIXEIRA, D. A.; GUIMARAES, J. R. A.;
MING, L. C.; ALVES, M. J. Q. F. Contribuições agronômicas ao cultivo de
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LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas medicinais do Brasil: nativas e exóticas.
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MING, L. C.; SCHEFFER, M. C.; CORRÊA JR., C.; BARROS, I. G. I.; MATTOS, J. K.
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agronômica. v. 1. Botucatu, SP: Unesp, 1998. 217 p.
OITO
8.4 CAPINA
A capina é necessária para a diminuição da competição
com plantas invasoras e pode ser feita com o auxílio de
herbicidas ou roçadeiras, antes e depois do plantio. Deve
ser realizada na área inteira e alguns dias antes do plantio.
O resíduo vegetal não precisa ser retirado da área (exceto
das linhas de plantio), pois possui grande importância na
manutenção da produtividade da floresta, por ser fonte de
matéria orgânica rica em nutrientes que, lentamente,
serão disponibilizados para as plantas. A capina também
deve ser executada por pelo menos três a quatro meses
após um ano do plantio, para evitar competição por
nutrientes disponíveis no solo.
8.5.2 DESBASTES
O desbaste é a prática silvicultural responsável pela
eliminação de uma porcentagem de indivíduos do
povoamento, com a finalidade de conceder mais espaço
para crescimento dos indivíduos remanescentes,
favorecendo a chegada de luz às folhas dos estratos
inferiores da copa e diminuindo a competição por água e
nutrientes do solo. Inúmeras pesquisas têm sido
realizadas em busca da época e da intensidade mais
apropriadas para a aplicação dessa prática em várias
espécies e em diferentes sítios.
A intensidade do desbaste (porcentagem de indivíduos a
serem retirados) e o ciclo (período entre duas intervenções de
desbaste) devem ser definidos de acordo com características
técnicas e econômicas, observando os objetivos da produção e
as exigências do mercado para serraria, laminação, celulose e
papel (Santos et al., 2015).
O desbaste depende da qualidade do sítio e da espécie. O
plantio da teca (Tectona grandis), por exemplo, possui
densidade inicial de 1.000 a 2.000 árvores por hectare até o
quinto ano após o plantio; posteriormente, são realizados
desbastes seletivos com intensidade variando de 40% a 60%
do número de indivíduos por hectare. Em povoamentos
tropicais, o fechamento do dossel tem sido utilizado como
indicador da época de aplicação do desbaste, pela sua
correlação com a redução do crescimento em diâmetro.
Os desbastes são feitos por baixo e no alto, seletiva e
sistematicamente.
Desbaste no alto
Nessa modalidade, são cortadas as árvores dos estratos
médio e superior do povoamento para abrir espaço para as
que se encontram nos estratos inferiores e possuem
grandes diâmetros. O desenvolvimento pleno dessas
árvores gera mais valor ao produto no final do ciclo. Nesse
tipo de desbaste são consideradas duas intensidades
(Santos et al., 2015):
Leve: em que são retiradas todas as árvores doentes,
mortas, em estado de senescência, tortuosas e com
copa muito expandida.
Forte: em que são cortadas as árvores do grau anterior
junto com outras da classe superior que porventura
estejam dificultando o desenvolvimento das copas das
melhores árvores do povoamento.
Desbaste seletivo
O desbaste seletivo é caracterizado pela retirada de árvores
selecionadas que sejam dominantes, codominantes ou que
estejam mortas e doentes (Santos et al., 2015), visando
estimular as árvores das classes inferiores que possuem
maiores diâmetros (Figs. 8.3 e 8.4).
Desbaste sistemático
Esse desbaste é feito quando se dispõe de grande número
de indivíduos no povoamento. Deve ser aplicado com base
em um espaçamento predeterminado, sem considerar a
classe das copas e a qualidade das árvores. Por exemplo,
determina-se o corte de todos os indivíduos, de boa
qualidade ou não, da sétima linha de cada talhão, para
ampliar o espaço a fim de que outros indivíduos consigam
se desenvolver.
8.5.3 DESRAMA
A utilização da madeira proveniente de reflorestamento é
crescente e constitui alternativa viável para a diminuição
da pressão exercida sobre as florestas naturais, que foram
amplamente exploradas nas últimas décadas, o que
causou a extinção de muitas espécies endêmicas e de
grande valor econômico, social e ecológico.
As empresas de base florestal têm manejado suas florestas
plantadas procurando agregar qualidade à madeira para
atender a um mercado cada vez mais exigente. Todavia, o
aparecimento de nós e de bolsas de resinas que causam
defeitos tanto na aparência da madeira quanto em suas
propriedades mecânicas tem levado à busca de tratos
silviculturais visando ao melhor aproveitamento da madeira,
especialmente quando é para a serraria.
Entre os tratos silviculturais aplicados, a desrama tem sido
importante aliada na busca por madeira de qualidade, livre de
nós vivos e mortos, sem comprometer o crescimento das
árvores. A desrama é o fenômeno de queda e/ou retirada de
galhos do tronco de uma árvore. Pode ser natural,
principalmente em plantios ou em áreas de população
natural, com árvores muito adensadas que causam a
diminuição da entrada de luz no estrato inferior do dossel; e
também pode ser artificial, quando há intervenção do
homem.
A desrama artificial traz algumas vantagens para o
povoamento, como (i) permitir a entrada de maior quantidade
de luz na copa, em especial nas folhas dos estratos inferior e
médio do dossel, o que possibilita o aumento da fixação de
carbono pelas folhas remanescentes; (ii) beneficiar o
crescimento de árvores em áreas com défice hídrico, pois a
remoção de galhos com reduzida capacidade fotossintética
pode diminuir a superfície de transpiração e, assim,
contribuir com menor volume de água perdida para a
atmosfera; (iii) diminuir a conicidade, permitindo melhor
forma do fuste; e (iv) proporcionar maior proteção contra
incêndios florestais.
Vale mencionar que, para o sucesso na aplicação da
desrama, é necessário o conhecimento dos padrões de
crescimento das árvores, para facilitar o planejamento e
indicar a frequência e intensidade da intervenção. A aplicação
de desrama severa pode ser prejudicial ao crescimento em
diâmetro, altura e volume, devido à redução da área
fotossintética.
Para a aplicação da técnica de desrama artificial, é
fundamental considerar a quantidade de galhos e/ou folhas
retiradas do tronco, levando-se em conta uma porcentagem
em relação à altura total da árvore ou a altura da desrama em
relação ao solo. Intensidade de desrama de até 40% a uma
altura de 6 m tem sido recomendada para as espécies de Pinus
e Eucalyptus com 20 a 25 meses de idade, para não ocasionar
perdas de densidade básica da madeira e proporcionar menor
aparecimento de nós e conicidade nas árvores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DAVID, H. C.; NETTO, S. P.; ARCE, J. E.; CORTE, A. P. D.; FILHO, A. M.;
ARAÚJO, E. J. G. Efeito da qualidade do sítio e do desbaste na produção
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SANTOS, A. T.; MATTOS, P. P.; BRAZ, E. M.; ROSOT, N. C. Determinação da
época de desbaste pela análise dendrocronológica e morfométrica de
Ocotea porosa (Nees & Mart.) Barroso em povoamento não manejado.
Ciência Florestal, v. 25, n. 3, p. 699-709, 2015.
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inicial de quatro espécies florestais nativas em área degradada com
diferentes níveis de calagem e adubação. Floresta, v. 47, n. 3, p. 279-287,
2017.
NOVE
FIG. 9.2 Policultivo de (A) hortaliças, (B) consórcio de café, coco e abacaxi e (C) cultivo de
café, pupunha, árvores e SAF
Fonte: Souza (2015).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALTIERI, M. A. Agroecologia: bases científicas para uma agricultura
sustentável. Guaíba, RS: Ed. Agropecuária, 2002. 592 p. il.
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princípios. Brasília: MDA/SAF/DATER-IICA, 2004. 24 p.
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sustentável. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2000. 653 p. il.
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práticas. 2. ed. Vitória: Incaper, 2015. 34 p. il.
SOUZA, J. L. de; RESENDE, P. Manual de horticultura orgânica. 3. ed. Viçosa,
MG: Aprenda Fácil, 2014. 838 p. il.
DEZ
Industrial 395 17 78 7
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANA – AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO.
Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil: 2013. Brasília: ANA, 2013. 432 p.
ANA – AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO.
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2015. 103 p.
BOTTEGA, E. L. Variabilidade espacial da produtividade de soja e dos atributos
do solo em sistema de plantio direto sob rotação de culturas. 2011. 128 f.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) – Departamento de
Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2011.
FEALQ – FUNDAÇÃO DE ESTUDOS AGRÁRIOS LUIZ DE QUEIROZ. Análise
territorial para o desenvolvimento da agricultura irrigada no Brasil. Projeto
de Cooperação Técnica IICA/BRA/08/002. Piracicaba, SP: Instituto
Interamericano de Cooperação para a Agricultura – IICA/Ministério da
Integração Nacional – MI, 2014. 215 p.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo
demográfico: séries históricas – População brasileira. IBGE, [s.d.].
Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/estatisticas-
novoportal/sociais/populacao/9662-censo-demografico-2010.html?
=&t=series-historicas>. Acesso em: 21 maio 2018.
ONZE
TIPOS DE AGRICULTURA
11.9 PERMACULTURA
Permacultura, ou cultura permanente, é uma expressão
criada pelos ingleses Bill Mollison e David Holmgren, na
década de 1970, que abrange diversos segmentos do
conhecimento de várias áreas científicas, com o propósito
de criar ambientes humanos sustentáveis, produtivos e
que respeitem o ecossistema local, estando, assim, em
harmonia com a natureza.
Há três éticas que norteiam sua forma de trabalho e são
baseadas na observação do ecossistema onde a propriedade
está inserida. A primeira ética é cuidar da terra, a segunda é
cuidar das pessoas e a terceira é cuidar do futuro. A
permacultura tem por objetivo buscar uma forma sustentável
de interação com o meio para a produção e para a
sobrevivência humana.
É regida por 12 princípios de planejamento desenvolvidos
em conformidade com as éticas, ao longo de duas décadas, e
publicados em 2002 por David Holmgren no livro Permacultura:
princípios e caminhos além da sustentabilidade, traduzido para o
português em 2013. São eles: (1) adequação criativa a
mudanças; (2) observação e interação; (3) captura e
armazenamento de energia; (4) obtenção de rendimento; (5)
aceite e adaptação ao feedback; (6) uso de serviços e recursos
renováveis; (7) não produção de lixo; (8) desenho dos padrões
aos detalhes; (9) integração em vez de segregação; (10) uso de
soluções pequenas e lentas; (11) uso e valorização da
diversidade; e (12) uso e valorização das margens (Holmgren,
2013) (Fig. 11.4).
FIG. 11.4 Princípios da permacultura
Fonte: UFSC (s.d.).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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GLIESSMANN, S. R. Agroecologia: processos ecológicos em agricultura
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7 anos, triplica o número de produtores orgânicos cadastrados no
ministério. Vida saudável, Mapa, 29 abr. 2020. Disponível em:
<https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/noticias/em-sete-
anos-triplica-o-numero-de-produtores-organicos-cadastrados-no-
mapa>.
MARTINEZ, H. E. P.; CLEMENTE, J. M. O uso do cultivo hidropônico de plantas
em pesquisa. Viçosa, MG: Editora UFV, 2011. 76 p.
UFSC – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Núcleo de Estudos
em Permacultura da UFSC. O que é permacultura? Santa Catarina: UFSC,
[s.d.]. Disponível em: <https://permacultura.ufsc.br/o-que-e-
permacultura/>. Acesso em: 16 abr. 2018, 9 h.
DOZE
Efraim Rodrigues
12.3.1 ÁGUA
Entre os recursos naturais necessários para a produção de
alimentos, a água é o melhor exemplo de como a
agricultura é mais do que simples consumidora de
recursos naturais, podendo também contribuir para o
aumento de sua disponibilidade, mesmo que isso, no
momento, ainda não passe de possibilidade técnica, longe
da realidade atual.
Já pensou em que consiste o consumo de água na
agricultura? Como a agricultura consome água se o mesmo
tanto que entra pela raiz sai pelos estômatos? O caso da água
mostra como um recurso natural não precisa desaparecer. A
água que entra na planta está na forma líquida e tem baixa
entropia (seu potencial de uso então é máximo), ao contrário
do vapor de água, que sai pelo estômato, cujo potencial de
uso é menor, sendo a entropia maior. Por esse motivo, os
cultivos irrigados, que consomem água retirada de rios ou
poços (águas azuis), são capazes de degradar mais recursos
hídricos que os não irrigados, que consomem água do solo
(água verde).
Além da água de superfície, existe aquela água de
reservatórios profundos, de origem bastante antiga e de
reposição muito lenta. Ao contrário da primeira, que é um
recurso renovável, a reposição da água desses reservatórios
demoraria milhares de anos, sendo, portanto, um recurso não
renovável. Na Arábia Saudita, no México e em algumas
regiões do Estado de São Paulo, é essa água profunda, cuja
reposição é bastante lenta, que está sendo utilizada em
grandes quantidades na irrigação.
A área irrigada mundial foi estimada em 324 Mha em 2012,
em torno de 16% da área agrícola total. Essa reduzida área, no
entanto, consome 70% da água retirada de lagos e rios (água
azul), enquanto os 84% de agricultura não irrigada consomem
somente água verde. A eficiência de produção/área dos
cultivos irrigados é bem superior à dos não irrigados, já que
daqueles 16% da área agrícola saem 40% da produção
mundial. No entanto, a eficiência do uso da água é superior
nos cultivos não irrigados, com 60% da produção originária
totalmente de água verde.
Para produzir 1 kg de soja, evapotranspiram-se 1 m3 a 2 m3
de água, e 1 kg de carne bovina consome 16 m3. A ideia de
que os produtos degradam água para sua produção foi
chamada de água virtual e visa instrumentalizar as escolhas
das pessoas.
A agricultura como é praticada hoje não só extrai água do
solo, como também compromete sua reposição. Como boa
parte das culturas cobre mal o solo por seu porte reduzido,
uma porção maior da água das chuvas escorre
superficialmente. Dependendo do manejo empregado, esse
valor pode ser muito maior ou pouco maior, mas dificilmente
se iguala àquele em áreas conservadas. Vale repetir que isso
não se deve a um imperativo técnico, é só o resultado do
modelo agrícola mais frequentemente empregado. É
tecnicamente possível produzir alimento em áreas com
intensa recarga do lençol freático.
As alterações impostas pela agricultura no ciclo da água já
são perceptíveis em escala global. Em 2018, foram publicadas
as primeiras compilações dos satélites Gravity Recovery and
Climate Experiment (Grace), capazes de estimar a água em
diferentes regiões a partir das alterações gravitacionais
causadas. Entre as muitas regiões que mostraram défices
anuais da ordem de dezenas de mm/ano, algumas estavam
associadas ao uso intenso de águas profundas para irrigação,
como no oeste e centro-sul dos Estados Unidos, do Oriente
Médio, em extensas porções da China, norte da África e
Rússia central. Várias outras regiões também tiveram seu
conteúdo de água reduzido em função das mudanças
climáticas.
O processo de destruição do ciclo hídrico atinge seu ápice
com a salinização do solo. Nos casos mais graves, o
desenvolvimento vegetativo é todo impedido. Cerca de 7% das
terras do mundo estão salinizadas. Entre as áreas irrigadas, a
porcentagem sobe para 20% ou ainda mais em áreas
semiáridas. A irrigação nesses locais com alta radiação solar
concentra os sais na superfície, trazidos com a água em fluxo
ascendente.
Nosso país tem uma das maiores disponibilidades de água
doce per capita do mundo, o que é uma vantagem estratégica
para a produção de alimentos, já que os grandes mananciais
mundiais de água se esgotam dia após dia. Essa
disponibilidade, que era ainda maior no passado, não
estimulou em seu tempo manejos tradicionais de água como
o Taanka indiano ou o Qanat persa, nem mesmo no semiárido
nordestino, que só no século XXI construiu alguma
quantidade de cisternas simples para a coleta de água da
chuva. A grande disponibilidade de água que temos também
estimulou o uso de corpos de água para lançamento de
resíduos. São raras as situações em que reconhecemos a
importância da água na produção de alimentos, exatamente
porque sempre a tivemos em quantidade e qualidade. Não
temos atualizado nossa visão, mesmo com a degradação
recente de nossos recursos hídricos pela agricultura,
industrialização e urbanização.
A reutilização de águas ainda é tabu entre nós. Costumo
gastar horas com os alunos mostrando suas vantagens, como
o grande conteúdo de N, P e matéria orgânica, e mesmo assim
muitos terminam sem se convencer, como se toda água de
reúso contivesse algum componente mágico que a tornasse
eternamente imprópria para qualquer tipo de uso.
A lixiviação de nutrientes, em especial o nitrogênio, é um
problema associado à qualidade da água. Por vezes, é difícil
entender por que, ao mesmo tempo que nos esforçamos para
aumentar a concentração desse nutriente nos solos,
queremos reduzi-la nas águas. A mesma lixiviação que retira
o N do solo adiciona-o às águas, e seu efeito de estimular o
crescimento vegetal ocorre igualmente. No entanto, na água,
ao contrário da terra, a degradação dessa biomassa vegetal
consome o oxigênio do meio, limitando toda a vida que
depende de respiração. Além da eutrofização, a ingestão de
nitratos na água causa complicações na capacidade da
hemoglobina em todos os vertebrados que fazem uso dessa
molécula para carregar oxigênio. Por sua grande solubilidade
e tendência à lixiviação, o nitrato é o contaminante químico
mais encontrado em aquíferos e frequentemente usado pelo
homem. No sudoeste paranaense, por exemplo, uma região
agrícola com baixa urbanização e poucas indústrias, um
estudo de 2010 encontrou um terço das amostras de poços
artesianos com nitrato acima do valor permitido de 10 mg/L.
O fósforo é também muito importante nesse processo de
eutrofização, mas, por ligar-se mais fortemente ao solo, sua
entrada na água depende de erosão, ao contrário do N, que se
lixivia. Mesmo assim, a carga anual de P da agricultura
cresceu em 27% entre 2002 e 2010, chegando a 666 Gg.
Ao redor do mundo já foram mapeadas 415 áreas costeiras
com algum nível de eutrofização, sendo 169 gravemente
afetadas, a ponto de não terem mais oxigênio na água. Os
países com agricultura moderna são também aqueles com as
águas mais eutrofizadas. Na comunidade europeia, 38% dos
corpos de água sofrem com a poluição agropecuária.
12.3.5 DESMATAMENTO
A produção de alimentos é a principal causa de
desmatamento em todo o mundo. A extração de madeiras
de qualidade também degrada florestas, mas, ao contrário
da agricultura, essa operação deixa para trás uma floresta
degradada com chances de restauração. O caso mais
frequente é o fato de essa extração abrir caminho para a
pecuária e esta, para a agricultura. As principais
commodities associadas ao desmatamento são óleo de
palma, soja, carne bovina, madeira, polpa de celulose e
papel.
A substituição de hábitats nativos por agricultura repetiu-
se inúmeras vezes em nosso território, assim como na Ásia,
Europa e África. No Brasil, 1,5 milhão de km2 queimou ao
menos uma vez entre 2000 e 2019, área equivalente a 17,5% de
nosso território. Em média, 177 mil km2 queimam todo ano,
ainda que em 2019 esse valor tenha chegado a 203 mil km2. A
Amazônia já perdeu 20% de sua área em relação à situação de
1970, e da Mata Atlântica sobram em torno de 10%, mas essa
floresta tem aumentado nos últimos anos (MapBiomas, 2020).
Uma discussão recente vem tentando compreender se as
novas tecnologias agrícolas se prestam a viabilizar novas
áreas, estimulando o desmatamento, como no Cerrado, ou se
estimulam o abandono de áreas marginais, como na Mata
Atlântica. A conclusão parece ser de que a intensificação da
agricultura nas áreas de fronteira leva a mais desmatamento,
enquanto nas áreas já consolidadas provoca o abandono de
áreas marginais e, consequentemente, o aumento do espaço
florestado.
Um aspecto importante do desmatamento amazônico é
sua relevância para a formação de chuvas no sul da América
do Sul. Quanto menos floresta, maior é o albedo (energia solar
refletida para a atmosfera), menor é a água evapotranspirada
e maior é o escorrimento superficial da água, contribuindo
para a diminuição das chuvas. Carlos Nobre e Thomas
Lovejoy publicaram um artigo recente na revista Science,
afirmando que o ponto em que a floresta não produziria mais
chuvas suficientes para se manter já teria sido alcançado
(Nobre; Lovejoy, 2018). Muitos agricultores do Sul-Sudeste já
percebem essa situação.
Esse processo de redução da pluviosidade já está mais
avançado em outras regiões do mundo, chegando mesmo à
desertificação. De acordo com o Atlas de Desertificação
publicado em 2018 pela Comissão Europeia, mais de 75% da
superfície cultivável do planeta já está degradada, e esse valor
pode chegar a 90% em 2050. A cada ano, uma área equivalente
à metade da União Europeia se degrada, sendo Ásia e África
os continentes mais afetados. A degradação de solos em
conjunto com as mudanças climáticas pode chegar a
comprometer metade da produção agrícola nas áreas mais
afetadas da Índia, China e África Subsaariana.
12.4 O FUTURO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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União Europeia. São Paulo: Laboratório de Geografia Agrária FFLCH-USP,
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MapBiomas Brasil, 3 dez. 2020. Disponível em:
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10.1126/science.aaq0216.
TREZE
DEFESA FITOSSANITÁRIA
Laércio Zambolim
Quadro 13.1 Exemplos de pragas exóticas que apresentam grande risco para a
agricultura do País
Praga Cultura
Videira, kiwi e
Ácaro-chileno-das-fruteiras (Brevipalpus chilensis)
citros
Algodão, feijão e
Mosca-branca “raça Q” (Bemisia tabaci)
hortaliças
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SUGAYAMA, R. L. et al. Defesa vegetal. Belo Horizonte: SBDA, 2015. Cap.
1, p. 3-15.
SOUZA-COSTA, F. A. Relato de nova praga e suas consequências para o
agronegócio brasileiro. In: VILELA, E. F.; ZUCCHI, R. A. (Ed.). Pragas
introduzidas no Brasil: insetos e ácaros. Piracicaba, SP: Fealq, 2015. 908
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VALE, A. Brasil lista 20 pragas agrícolas mais importantes que ainda não
chegaram ao País. Embrapa Notícias, 3 out. 2017. Disponível em:
<https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/28666392/brasil-
lista-20-pragas-agricolas-mais-importantes-que-ainda-nao-chegaram-
ao-pais>.
QUATORZE
PROPAGAÇÃO DE PLANTAS
14.1 DEFINIÇÃO
A propagação de plantas é o ato de utilizar propágulos para
multiplicar determinada planta, uma linhagem ou uma
cultivar para plantio. Os propágulos são estruturas das plantas
utilizadas para regenerá-las, ou seja, produzir uma nova
planta. Podem ser estacas (feitas de ramos, folhas ou raízes),
sementes, uma ou mais gemas para realizar a enxertia, ramos
para realizar a alporquia, mergulhia, encostia, cepas para a
amontoa, explantes ou apenas uma única célula para uso em
cultura de tecidos em laboratório.
Todas as plantas podem ser propagadas ou por sementes
(propagação sexuada), ou por métodos vegetativos (propagação
assexuada), ou, ainda, por ambos. A propagação é sempre mais
fácil se for baseada no conhecimento da espécie, suas funções e
necessidades, no uso de material vegetal apropriado,
ferramentas, substratos, equipamentos e condições ambientais
adequadas. A busca desses conhecimentos, enormemente
facilitada com o advento e popularização da internet nos últimos
25 anos, torna a propagação de plantas uma das mais fascinantes
áreas de atuação para profissionais de Agronomia.
14.2.1 SEMENTES
O uso de sementes é o método mais importante de
propagação para a maioria das espécies vegetais, como os
cereais e grãos (arroz, feijão, soja, milho, trigo, cevada, centeio
etc.), as pastagens (gramíneas e leguminosas), as hortaliças
(alface, tomate, cebola, cenoura, abóboras, quiabo, jiló,
maxixe, pimenta, pimentões, entre outras), as espécies
utilizadas para reflorestamento (acácia-negra, araucária,
cedro, angico, ingá, pínus, timbaúva, tipuana etc.) e as
espécies para produção de fibras e para paisagismo.
O material genético dos genitores masculino (pai) e feminino
(mãe) de uma espécie está unido em uma semente ou esporo
que, quando se encontram em condições ambientais adequadas,
germinam, se desenvolvem e formam uma nova planta. As
sementes possuem mecanismos muito interessantes de
dispersão (pelo vento, água, animais e homem) e de conservação,
o que garante a sobrevivência da espécie em condições adversas,
como de competição entre si, temperatura, umidade,
luminosidade, condições físicas e químicas de solo, entre outras.
Quando as condições adequadas à germinação retornam, os
mecanismos responsáveis pelo processo são ativados e ele se
inicia com a emissão da radícula a partir do embrião.
Em fruticultura, as plantas propagadas por sementes são
denominadas seedlings (termo em inglês). As principais vantagens
do uso de sementes em fruticultura são o baixo custo, a redução
dos custos com a infraestrutura de propagação, a facilidade de
transporte dos propágulos e de execução do método, além do
menor nível de conhecimento técnico exigido. Porém, a principal
desvantagem é que as sementes não produzem plantas
geneticamente idênticas aos seus pais em espécies ou cultivares
não estabilizadas geneticamente (denominados heterozigotos). A
propagação por sementes deve ser utilizada em espécies
homozigotas (geneticamente estáveis), quando não há
necessidade de uso de um método vegetativo, ou ainda naquelas
espécies em que os custos são elevados ou que são difíceis de
serem propagadas por métodos vegetativos (exemplos: mamoeiro
e palmeiras frutíferas) ou para a obtenção de porta-enxertos
(exemplos: citros, abacateiro, mangueira, caquizeiro,
pessegueiro).
Sementes são extremamente importantes na primeira fase
dos programas de melhoramento genético, quando se objetiva
obter grande variabilidade genética proveniente de cruzamentos
controlados entre o pai (doador do pólen) e a mãe (receptora do
pólen). Dos frutos colhidos desses cruzamentos, obtêm-se as
sementes que serão utilizadas para a germinação e produção de
seedlings (plantas-irmãs, porém geneticamente diferentes entre
si), que serão avaliadas nos anos subsequentes, comparando-as
entre si e com seus pais. Os melhores seedlings serão selecionados
e clonados por métodos vegetativos e poderão se tornar novas
cultivares comerciais.
14.3.7 EMPREENDEDORISMO
É outra vertente de atuação para os Engenheiros-Agrônomos.
Apesar do grande número registrado de produtores de mudas
e sementes no Renasem (Tab. 14.1), é possível que grande
parte produza uma ou poucas espécies vegetais, ou até
mesmo tenha deixado a atividade. Entretanto, sabe-se que
ainda é grande o número de ambulantes que comercializam
mudas e sementes nas ruas sem o devido registro da sua
atividade e da procedência do material vegetal. Viveiros e
floriculturas que produzem mudas de qualidade, em
embalagens apropriadas e atrativas, em ambientes físicos
adequados ou via comércio eletrônico, sem dúvida são
grandes campos a serem explorados no Brasil. O
desenvolvimento de substratos de qualidade, formulações
nutritivas, embalagens, insumos diversos, máquinas e
equipamentos necessários para a propagação de plantas
também são demandas ligadas ao empreendedorismo e
precisam ser alavancadas e mais bem distribuídas nas
diferentes regiões produtoras.
Alagoas 9 3 10 0 0 0 0
Amapá 4 0 6 0 0 0 0
Amazonas 69 8 117 0 0 0 0
Distrito
21 17 67 0 0 1 0
Federal
Espírito
531 14 227 0 2 0 0
Santo
Maranhão 12 20 44 0 0 1 0
Mato Grosso
42 103 166 0 0 12 2
do Sul
Minas
1.452 388 759 2 1 19 0
Gerais
Paraíba 33 4 42 0 0 0 0
Pernambuco 67 19 80 0 0 1 0
Piauí 38 6 47 0 0 2 0
Rio de
51 2 53 0 0 0 0
Janeiro
Rio Grande
46 11 58 0 0 0 0
do Norte
Roraima 11 7 27 0 0 0 0
Santa
371 153 350 0 0 5 1
Catarina
Sergipe 42 0 11 0 0 0 0
Tocantins 28 31 60 0 0 0 0
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EMBRAPA – EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. NASA
confirma dados da EMBRAPA sobre área plantada no Brasil. Portal de
Notícias, Embrapa, 29 dez. 2017. Disponível em:
<https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/30972114/nasa-
confirma-dados-da-embrapa-sobre-area-plantada-no-brasil>. Acesso em: 2
mar. 2018.
HARTMANN, H. T.; KESTER, D. E.; DAVIES JÚNIOR, F. T.; GENEVE, R. L. Plant
Propagation: Principles and Practices. 7. ed. New Jersey: Prentice Hall, 2002.
880 p.
ISF – INTERNATIONAL SEED FEDERATION. Seed exports and imports 2015. ISF,
2015. Disponível em: <http://www.worldseed.org/resources/seed-
statistics>. Acesso em: 1º mar. 2018.
MAPA – MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO.
Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem). Brasília: Mapa, s.d.
Disponível em: <http://sistemasweb.agricultura.gov.br/renasem>.
PREECE, J. E. A century of progress with vegetative plant propagation.
HortScience, v. 38, n. 5, p. 1015-25, 2003.
QUINZE
PRODUÇÃO ANIMAL
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara
de Educação superior. Resolução nº 1, de 2 de fevereiro de 2006. Institui
as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em
Engenharia Agronômica ou Agronomia e dá outras providências. Diário
Oficial da União: seção 1, p. 31-32, 3 fev. 2006. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rces01_06.pdf>.
CARRER, C. C. Mercado de trabalho para os zootecnistas: desafios e
tendências. In: ALMEIDA JÚNIOR et al. (Ed.). O profissional de Zootecnia
no século XXI [recurso eletrônico]. Alegre, ES: Caufes, 2012. 203 p.
Disponível em: <http://www.zootecnia.alegre.ufes.br>.
DEZESSEIS
AGRICULTURA DIGITAL
Aluízio Borém
FIG. 16.1 Agricultura 1.0, caracterizada pela força física – homens e animais eram força
motriz da agricultura até 1920
FIG. 16.4 Agricultura 4.0, com drone sobrevoando lavoura e robô navegando sob o dossel
de cultura de milho,coletando informações sobre a fitossanidade e componentes de
produção, de forma autônoma, por meio de sensores RGB, LiDAR e outros
Fonte: Steve Long (CC BY 2.0, https://flic.kr/p/Ef31ia) (segunda imagem).
NIR
Composição química das plantas, estresse por défice hídrico $$
(800-1.200 nm)
Hiperespectrais
Fitossanidade, identificação de plantas daninhas e
(350-2.500 $$$$
fitotoxicidade
nm)
Termais
Estresses bióticos e abióticos $$$$$
(8-13 nm)
Radar RS
Identificação de culturas e umidade do solo $$$$
(0,3-100 cm)
1 RGB, câmeras fotográficas; NIR, infravermelho próximo; e LiDAR, light imaging detection and
ranging.
2 $, mais econômico; e $$$$$, menos econômico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTRIGNANO, A.; BUTTAFUOCO, G.; KHOSLA, R.; MOUAZEN; MOSHOU,
D.; NAUD, O. Agricultural internet of things and decision support for
precision smart farming. New York: Elsevier, 2020. 470 p.
CISCO SYSTEMS. IoT case studies. Cisco Systems, 2020. Disponível em:
<https://www.cisco.com/c/pt_br/solutions/internet-of-
things/overview.html>. Acesso em: 25 abr. 2020.
KHODADAD, C. L. M. et al. Microbiological and nutritional analysis of
lettuce crops grown on the international space station. Frontier Plant
Science, 6 mar. 2020. Disponível em:
<https://doi.org/10.3389/fpls.2020.00199>.
MAES, W. H.; STEPPE, K. Perspectives for remote sensing with unmanned
aerial vehicles in precision agriculture. Trends Plant Sci., v. 24, p. 152-64,
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MOLIN, J. P.; AMARAL, L. R.; COLAÇO, A. Agricultura de precisão. São Paulo:
Oficina de Textos, 2015. 238 p.
PING, J. L.; DOBERMANN, A. Processing of yield map data. Precision
Agriculture, v. 6, p. 193-212, 2005.