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FUNDAMENTOS FILOSOFICOS DA EDUCAGAO > Aula 1 Conhecimento e educacio > Aula? - Antropologia filosdfica > Aula 3-0 papel da histéria na formaciio do sujeito > Aula d - Os pressupostos floséiicos e a educacso > Referéncias Aula CONHECIMENTO E EDUCACAO A teoria do conhecimento é uma aisciplina filoséfica que busca compreender como acontece a complexa relagdo entre o sujeito que aprende e 0 objeto que ele busca aprender. “ Imrie INTRODUGAO Ateoria do conhecimento é uma disciplina filoséfica que busca compreender como acontece a complexa relacdo entre 0 sujeito que aprende e o objeto que ele busca aprender, além de esclarecer quais 50 05 miltiplos fatores que esto envolvidos nesse processo, Sendo um dos pilares mais fundamentais da pratica pedagégica, entre os seus temas de estudo esto os relacionados 8 origem dos saberes, isto é, & forma como o ser humano se apropria do conhecimento sobre 0 mundo fisico e social Por ser uma teoria que trata de elementos mais subjetivos do que objetivos, ndo é possivel encontrarmos uma Unica abordagem nesse campo de estudo, pois nesse territério convivem muiltiplas e antagénicas concepgées. Assim, 0 objetivo central dessa disciplina é analisar a questa do conhecimento contido nas praticas pedagégicas do ponto de vista da Filosofia, a partir das perspectivas de alguns de seus principais epistemélogos (estudiosos do conhecimento). A ORIGEM DO CONHECIMENTO. Como sabemos o que sabemos, ou conhecemos aquilo que julgamos conhecer? Essa é uma questo que ocupa a mente dos filésofos desde a Antiguidade, e desde entao eles vém tentando desvendar os aspectos que envolvem a i ragao do ser humano com 0 ambiente social, fisico e cultural. Aldade Moderna é 0 marco histérico que define o inicio da teoria do conhecimento como disciplina auténoma, pois, na Antiguidade e na Idade Média, este tipo de estudo estava vinculado & metafisica (area da Filosofia que se ocupa de questdes como a existéncia do ser, a causa € 0 sentido da realidade e a natureza), Na Idade Moderna, portanto, Descartes, Locke e Hume Kant, procuraram sistematizar questdes sobre a génese, a esséncia e a verdade sobre o conhecimento apontando algumas questdes, como por exemplo: + Qual o critério fundamental para se chegar ao conhecimento; +0 sujeito pode apreender o objeto? + 0 conhecimento investigado é fechado deixando brecha para a descrenca? +a fonte (origem) do conhecimento seria a experiéncia ou a razd0? Como consequéncia dessas indagagdes, durante a Idade Contemporanea, surgem outras teorias, de natureza menos cientifica e de caréter mais pr6ximo do existencialismo, pois percebemos que responder a toda essa complexa estrutura, que envolve o ser humano e o conhecimento, nao é to somente uma possibilidade objetiva. Assim, em decorréncia dessa rela¢ao imbricada, que envolve o ser humano e suas interacdes com meio natural e social, outros estudiosos se posicionam, dando origem a novas formas de entendimento dessa questa. Nesse contexto, um dos estudos tedricos mais complexos é o de Sigmund Freud, considerado o “pai” da Psicanalise, Para este epistemélogo, o ser humano trava, desde 0 seu nascimento, uma incessante e complexa batalha entre o seu consciente (a parte visivel) e 0 inconsciente (volume invisivel). Segundo Freud, a mente consciente caracterizada pela presenca de pensamentos e sentimentos, que possibilitam ao ser humano a capacidade de raciocinar. O pré-consciente seria composto pela meméria nao, acessada pela mente consciente. E o inconsciente é composta por instintos reprimidos, sentiments e impulsos, Além dessa importante contribuigao tedrica acerca do conhecimento, destacam-se os estudos da Escola Soviética de Psicologia de L. S. Vygotsky, Luria e Leontiev. De acordo com essa concep¢do, por meio de uma abordagem semidtica, os estudiosos russos pesquisaram sobre as formas como o ser humane interage com 0 mundo social no qual nasce e gradativamente se apropria dos elementos da cultura (instrumentos fisicos € simbélicos),transformando-os de maneira prépria, processo que Vygotsky e seus disc/pulos chamaram de intersubjetividade e subjetividade. Ainda nesse campo de estudo tedrico, um outro epistemélogo que muito influenciou a prética pedagogica contemporanea é Jean Piaget, estudioso nascido na Suia, que elaborou a teoria conhecida por epistemologia genética. De acordo com essa abordagem, o ser humano constréi o préprio conhecimento em intera¢o continua com 0 meio, de acordo com os estimulos que esse Ihe coloca. COMO SABEMOS O QUE SABEMOS? ‘A origem do conhecimento sempre foi um enigma para o ser humano. A filosofia “do ser humano”, praticamente iniciada por Sécrates na Grécia Antiga, jd trazia no seu nascedouro a classica formulagso epistemolégica “sujeito-objeto", ou seja, desde que comecou a ter consciéncia de sua existéncia como algo auténomo em relagdo aos elementos da natureza, o ser humano passou a se preocupar com a busca da verdade (conhecimento}. Esse fato, ocorrido aproximadamente no século V antes de Cristo, passou a ocupar as mentes dos filésofos da época, Naquele contexto, Sécrates perguntou-se “o que é a verdade’, e ao fazé-lo consultou o famoso oréculo, de Delfos, local onde os filésofos frequentavam para consultarem os deuses. Conduzido pela figura de Pitia (ou Pitonisa), uma mulher que all ficava para verbalizar a voz dos deuses, Sécrates observou letras escritas por algumas pedras esparramadas por ali, que ficavam como registro de Visitas de outros que por ld passaram para também se consultar. Juntando as referidas letras, 0 filésofo construiu a maxima "conhece-te a ti mesmo’, que se tornaria um divisor de aguas entre a filosofia da natureza e a filosofia do ser humano. Naquele cendrio marcado pela duivida e pelo contetido da fala dos deuses vocalizada pela Pitia, Sécrates saiu do ordculo com mais perguntas do que respostas acerca da origem do conhecimento (verdade), a ponto de ter chegado a uma conclusdo, que é expressa por uma outra méxima também conhecida dos fil6sofos ao longo dos séculos, qual seja “sé sei que nada sei’. Dali em diante, Plato, um discipulo contemporéneo de Sécrates, a partir da maxima “conhece-te a ti mesmo", faz uma reflexdo sistemética, rigorosa e de conjunto (como deve ser a verdadeira reflexdo filosética) e se pergunta: “se a verdade (conhecimento) esta dentro de mim, quem a colocou ali"? Na sequéncia, buscando a resposta a essa pergunta que ele mesmo formulou, elabora sua cosmogonia (estrutura do universo) e cosmologia (funcionamento do universo), apoiando-se numa narrativa que ele cria (alegoria das charretes),afirmando que o ser humano (condutor), ao procurar a verdade, tera de ir até os céus (Olimpo), utilizando-se de uma charrete conduzida por dois cavalos: a razo e a vontade. Se ao longo do caminho ele perde seu foco e deixa-se guiar pelo cavalo da vontade, perderd a chance de chegar ao Olimpo e voltard a terra na condico eterna de escravo, Ao contrario, se o condutor se guiar pelo cavalo da razdo e mantiver o foco na busca da verdade, ele chegaré ao Olimpo e, com isso, conhecers a verdade. Nesse caminho, como consequéncia, ele retornars 8 terra na condigio de filbsofo e retiraré o véu que encobre o conhecimento (descobrirs) e 0 passaré para os que ali ficaram. Ou seja, para Plato, o mundo da razao (inteligivel é mais consistente que o mundo da experiéncia (sensivel) e, para chegar até a verdade, 0 ser humano deve buscar 0 mundo das ideias e evitar o mundo da matéria fisica (experiéncia). No mesmo contexto, Aristételes, um outro filésofo grego, defendeu a tese de que a verdade (conhecimento) s6 pode ser desvelada se, além da razdo, 0 ser humano também considerar a sua experiéncia vivida no mundo real Enfim, esse conjunto de teorias filos6ficas se alastraram pelo Ocidente e influenciaram por todos os séculos subsequentes a maneira de se entender a origem do conhecimento na mente humana e, como consequéncia, Influenciaram fortemente a educacao. A RESPEITO DOS “ISMOS” Area educacional é marcada pelos “ismos’, isto é, se analisarmos os projetos curriculares de varias escolas, veremas que eles ndo sdo id€nticos, e em alguns casos, chegam a ser até profundamente divergentes. Quem de nés ja no ouviu falar em positivismo, behaviorismo, construtivismo, gestaltismo, entre tantos outros? No cotidiano da vida familiar, quando a crianca chega a idade de matricula na escola, 6 comum ouvirmos os pais, ou responsdveis preocupados em saber em qual escola iro colocar os seus filhos, pois sabem que hé diferencas e que 05 “ismos”, muitas vezes, determinam a qualidade da educacdo oferecida e a construgao da personalidade de suas criancas. O filésofo pragmatista John Dewey afirmava que “em vez de se perder em ‘isos’, em discussées abstratas que levam do nada a lugar nenhum, a pedagogia deveria se orientar por pesquisas abrangentes e construtivas sobre necessidades, problemas e possibilidades reais dos aprendizados’, e frequentemente vernos que isso é bem verdadeiro, pois muitas criancas vo as escolas e nao aprendem o essencial (DEWEY, 1979, p 17) ‘Tomemos como exemplo dois fragmentos de projetos curriculares de duas instituig6es, a fim de analisarmos 0 quao é forte a presenga das influéncias epistemolégicas na pratica educativa. Manteremos 0 sigilo da fonte por questées éticas: Referencial 1: "As concedes de crianca e infancia adotadas por esse Referencial, em consonancia com as DCNEIs, orientam as préticas pedagégicas que favorecem a aprendizagem e impulsionam o desenvolvimento de bebés, criangas bem pequenas e pequenas. Mais do que uma fase proviséria, a infancia € uma idade em que a crianga, além da intensa capacidade de aprendizagem e desenvolvimento em seus vérios campos de atividade, também est4 em proceso de estruturacao nos dominios afetivo, cognitivo e motor que constituem sua evolugao psiquica’, Referencial 2: “A concepco behaviorista deixa evidente que o professor é visto como peca-chave no processo educativo, pois cabe a ele identificar o repertério existente, planejar o que precisa ser realizado de acordo com 05 objetivos almejados; cabe a este promover a transmissio do conhecimento, que tem como foco a preparagdo para o fut ro, € espera-se do aluno a apropriago do que foi transmitido. Espera-se que o professor seja capaz de criar condig6es que proporcionem a efetivagao da aprendizagem. Acrescenta-se que, cabe também ao educador, utilizar reforcadores (positivos e negativos) como estratégias necessérias & aprendizagem. reforgo positivo visando ao fortalecimento de comportamentos desejaveis e a0 reforgo negativo, tendo como propésito a extingao de comportamentos indesejévels” VIDEO RESUMO Neste médulo, faremos uma reflexdo sobre a origem do conhecimento na mente humana. Veremos que, desde a Antiguidade, os filésofos se preocuparam em responder a essa questo, algumas vezes apoiando-se na cexperiéncia (empirismo) e, em outras, na razdo (racionalismo). Dessas formas variadas de busca dessa resposta surgiram as diferentes concepgdes de educagdo e de metodologias de ensino, que ao longo da histéria da educagao estiveram presentes na pratica dos educadores e ainda estado até hoje. 69 Saiba mi https://blog.mackenzie,br/vestibular/materias-vestibular/o-que-e-episternologia/ https://sociologialiquida.org/o-que-e-epistemologial ‘CORTELL/ M.S. Aescola e 0 conhecimento, Fundamentos epistemoldgicos e politicos. Sao Paulo, SP: Cortez, 1996. Aula2 ANTROPOLOGIA FILOSOFICA Dentre os muitos ramos do saber humano que tém por objeto 0 préprio ser humano, & especialmente importante a antropologia filoséfica, INTRODUGAO Dentre os muitos ramos do saber humano que tém por objeto o préprio ser humano, é especialmente importante a antropologia filosdfica. Esse campo de conhecimento constitui-se como uma reflexao sistematica e bem fundamentada sobre a vida humana e o seu destino, sobre as suas faculdades e operacées, suas relacoes, interpessoais, referidas a totalidade do seu ser. As ciéncias particulares a respeito do ser humano nao conseguem dar resposta & pergunta: “O que é o ser humano?. Ea falta de resposta adequada a essa questo é desoriei ada, pols os estudos sio parciais e especializados, dal a importdncia da antropologia filoséfica, ENTRE O ESSENCIAL E O NATURAL ‘A forma como pensamos hoje foi moldada durante milhares de anos, e ainda que falemos no singular (a forma), sabemos que nao existe uma tinica forma de pensar, pois, ao se relacionar com a natureza e viver em grupo, 0 ser humano vai se deparando com diferentes estimulos e interagdes, o que o faz desenvolver intimeras € variadas maneiras de tentar entender e de explicar 0 funcionamento do mundo fisico e social no qual ele est Nesse contexto, intimeras concepgées surgem, estando, entre elas, a essencialista e a naturalista. De acordo com ambas as concepcGes, ha que se contemplar 0 principio da diversidade, e a educacdo, como consequéncia, consiste em realizar o que o ser humano deve vir a ser. Um dos primeiros pensadores essencialistas da Antiguidade que realizou uma grande sistematizacao floséfica foi Plato (428 ou 427-347 a.C,), que contribulu com uma discussio acerca de importantes temas relacionados & perspectiva humana, Entre as perguntas que este filésofo fazia, havia a que se referia 8 possibilidade de superac3o do nivel empirico, aquele que circunda o mundo da experiéncia, afirmando que havia a necessidade de se alcancar a esfera das, esséncias, ou seja, da verdade Nessa diregdo, Plato estabeleceu uma divisdo entre o mundo das ideias e o mundo das sombras, dividindo 0 ser humano entre o “eu empirico" (corpo) e “eu essencial" (alma). No mundo do corpo, do desejo e dos sentidos, tudo é imperfeito, sombrio e transitério, enquanto, no mundo da alma (ou 0 espirito pensante), tudo & verdadeiro, necessario, belo, puro e bom, ‘Além de Plato, um outro pensador essencialista, jd na Idade Média, Tomas de Aquino (1225-1274), entendia que educaco servie para educar o individuo na fé e para a vida apés a morte. Segundo a tese desse filésofo, 3 alma é a forma essencial do corpo, responsavel por dar vida a este. A alma é imortal e Gnica, e por isso, 0 ser humano se volta naturalmente para Deus. Conhecida como “ética tomista” (de carater aristotélico), os estudos de Tomas de Aquino se concentram no movimento do ser para Deus, culminando na visa ou contemplacio imediata do criador. No mesmo contexto dessa forma essencialista de conceber a relaco do ser humano com o mundb fisico e social, surge 0 filésofo Kant (1724-1804), que procurou demonstrar que, a despeito do peso da experiéncia sobre a construcao do conhecimento, aquela nunca acorre de maneira neutra, pois a ela so impostas, a priori, a sensibilidade que é determinante na estruturaco da cognicao humana. Do lado oposto ao essencialismo, surge, na Idade Média, a concepsao naturalista, Para essa perspectiva, contribuem os estudos do britanico Francis Bacon (1561-1626), que elaborou uma metodologia racional para o trabalho cientifico, delimitando a linha entre o pensamento medieval e o moderno. Finalmente, ha que se destacar ainda, no campo da concepcao naturalista, 0 filésofo e matemstico René Descartes (1596-1650), que, com 0 seu método filoséfico, trouxe ao campo filoséfico 0 rigor da matemstica com a ctiagao de um plano de coordenadas que até contemporaneamente permite uma aior precisao nos estudos da geometria analitica e da espacial, PENSAR OU SENTIR? Uma das dreas do saber humano que pode contribuir muito para o trabalho dos professores, é a Antropologia. (O ser humano produz e transmite cultura para as préximas geraces, garantindo assim um permanente movimento de socializago; no entanto, a aquisigao do conhecimento é algo singular, sendo que cada individuo ‘o constrora sua maneira, No entanto, a dindmica desse rico e complexo processo precisa ser desvelada pela Antropologia, que, ao reunir elementos para a analise da interagao do homem com 0 mundo circundante, traré a educacao importantes contribuigées. Nesse sentido, a antropologia filos6fica promove a reflexao sobre os contetidos que sao apresentados aos estudantes por meio do projeto curricular, considerando o contexto cultural, ahistéria de vida e o seu universo simbélico, fatores fundamentals para a aprendizagem, contemplando também, as capacidades oriundas da infancia, quais sejam incorporagao de experiéncias, a habilidade sensério-motora, a capacidade de locomocso, fungao imitativa, Idica, linguistic, intelectual e a estética, © ser humano, desejante por natureza, busca tornar-se participante do seu grupo social, porém esse desejo de participar do mundo dos adultos pode ser estimulado ou bloqueado durante a socializagao da crianca durante 0 processo pedagégico. (© movimento de internalizago do espaco social estruturado, conhecido como socializagdo, se dé em constante interag3o entre a histéria individual e a convivéncia coletiva. E é esse processo que traz educacao a necessidade de um olhar antropolégico. Aantropologia e a educacao devem ser internalizadas por emogdes e crengas. Cabe ao educador uma sensibilidade sobre a diversidade cultural dos educandos, a fim de que possa ter empatia com eles mediante a deteccdo de suas necessidades que so construidas na interacao entre o estudante e sua comunidade de origem, Nesse sentido, a Antropologia histérica traz uma contribuicdo ao trabalhando docente, pois possibilita uma andlise sobre a cultura e os valores dos educandos. QUE PESSOA QUEREMOS/PRECISAMOS FORMAR? ‘A Pedagogia é uma drea de atuag3o humana responsavel pela formagao das novas geragdes. Por nao ser propriamente uma ciéncia, ela se apoia em varios campos do conhecimento, como a Filosofia, a Antropologia, 2 Sociologia, a Psicologia, entre outras. ‘Apesar de ser um campo préprio e distinto das demais ciéncias, hd uma forte e estreita relagdo entre ela ¢ 05 diferentes campos epistemolégicos. Uma das relagdes mais basicas é a tentativa de compreender a natureza humana e suas formas de aprendizagem. Assim, é possivel afirmar que toda teoria pedagégica ou pratica educacional tern em seu bojo uma determinada concepgio de ser humano, ou seja, toda pedagogia pressupde uma viséo de ser humano como sujeito do proceso educativo, isto é, toda educagio é uma antropologia ‘APedagogia encontra na Filosofia uma fonte inesgotavel de saberes acerca do ser humano e a dinamica de funcionamento da sociedade. Desde sua origem o saber filoséfico esteve voltado para a preocupacdo de desvelar os mistérios da existéncia humana, além a de encontrar o grau zero do conhecimento (Epistemologia) A Filosofia contempla no escopo de sua produsio uma intencionalidade educativa, voltada para a formacio € do desenvolvimento do carter humano. Entre as escolas fllos6ficas que contribuiram no passado para essa intencdo, destaca-se a Paidela grega, a educagao formadora, pois para os gregos educar é humanizar, tendo portanto, um sentido coletivo e comunttério. Os pedagogos encontram na Filosofia um forte amparo teérico, que Ihes fornece seguranga para 0 desenvolvimento da pratica de ensino. Nesse sentido, essa drea fornece para a educagio importantes elementos antropolégicos que auxiliam os educadores a compreenderem os contextos culturais dos estudantes e assim desenvolverem estratégias de ensino pedagogicamente sensiveis a esse universo. No inicio de sua busca pela razSo, 0 ser humano desenvolveu a mitologia, pois ele acreditava ser dependente das forcas césmicas; posteriormente, aplicando a razo em suas anilises, de maneira mais radical, rigorosa e de conjunto, construiu a filosofia, e assim caminhou até culminar no desenvolvimento do conhecimento cientifico, Essas formas de tentar entender racionalmente a dinamica de funcionamento da vida trouxeram historicamente reflexos nas formas de ele educar seus sucessores, Educagio, portanto, significa formar o ser humano de acordo com o que se espera que ele possa ser. VIDEO RESUMO Neste médulo, faremos uma reflexdo sobre as diversas abordagens acerca da pratica educacional Perceberemos que, dentre os muitos campos das ciéncias humanas, especialmente importante a antropologia filoséfica. Essa disciplina nos apresenta elementos sélidos para uma reflexao sistematica e bem fundamentada sobre a natureza do ser humano e as formas como ele aprende. Tentando nos responder 3 questo “o que é 0 ser humano?", a antropologia filoséfica nos dé uma excelente orientagio, a qual é fundamental para nossa pratica docente. 69 Saiba mais Explore mais 0 naturalismo e o essencialismo através dos materiais disponivels nos links abaixo: 1n/2019/01/09/fundamentos.de-antropologia: filosofica/##:~text=A%20antropologia%20filos%C3%B 3fica%20lida%20com,%2C%20mente%2C%20dentre% 20outrasik201%6C3KB3picos --httpsi//www.youtube,com/watch2v=kYMadsxsucc + nttpsv/wwwon,stoodi combr/blog/historia/antropologia Aula3 O PAPEL DA HISTORIA NA FORMACAO DO SUJEITO Abhistéria é uma ciéncia humana que estuda o desenvolvimento do homem no tempo, analisando processos historicos. 30m INTRODUGAO, Ahist6ria é uma ciéncia humana que estuda o desenvolvimento do homem no tempo, analisando processos hist6ricos, personagens e fatos para promover uma melhor compreensio dos periodos histéricos, das diferentes culturas e civilizagées. Um dos seus principais objetivos é o resgate dos aspectos culturais de um determinado povo ou regido para 0 entendimento do processo de desenvolvimento. © aprendizado da histéria traz uma forte contribuigéo para a formacao do sujeito, tendo como objetivo principal a formago cidads do ser humano, pois essa disciplina apresenta dados sobre o contexto global e multicultural onde se inserem os individuos. AHISTORIA QUE NOS CONTAM Todo ser humano tem em seu interior uma espécie de “moldura’, semelhante a de um quadro, que da forma 8 sua forma de ver e entender o mundo. Essa “moldura” comeca a ser formada desde o nascimento, quando o seu cérebro comeca a receber estimulos, inicialmente sensoriais, vindos do meio natural, social e cultural no qual ele se encontra. Apartir de uma raiz biolégica (cérebro), portanto, v8o sendo formadas as estruturas de seu pensamento, que 0 longo da vida, por meio das interagdes com 0 ambiente externo, vo dando os contornos culturais a sua mente. Nesse contexto, inicialmente familiar, 05 elementos histéricos que caracterizam 0 grupo social no qual o sujeito nasceu, passam a fazer parte da sua existéncia, sendo que de acordo com pesquisadores como Piaget ¢ Vygotsky, a mente do sujeito ¢ fruto das ricas interagbes ocorridas entre ele e os membros do seu grupo social. Nesse sentido, como nao poderia ser de outra forma, os diferentes sujeitos, imersos em diferentes contextos sociais e hist6ricos, vio dando voz 3 suas formas de pensar, dando origem assim a intimeras e diversas concepcées de mundo, Portanto, pensadores em diferentes épocas, por estarem imersos em diferentes contextos culturais e sociais, foram dando forma as maneiras de entender e de explicar o funcionamenta e os pracessos dessa rica dinamica, Dentre as diferentes “molduras, portanto dos pensadores, filésofos e pesquisadores destacam-se a concepgao essencialista e a naturalista, sendo que para ambas, é necessario que a educacao do ser humano deve considerar o principio da diversidade, uma vez que as “molduras” humanas so diferentes sendo que 0 nrncessa erirarinnal. teria coma cnnseqniéncia.a realizacan da ser hiimana como sim vir a ser 0 filésofo pioneiro da concepsao de educacao essencialista da Antiguidade foi Plato (428 ou 427-347 a.C.), que pavimentou o pensamento posterior sobre os principais temas relacionados & perspectiva humana. Entre as suas principais preocupagées estava a de formular respostas &s perguntas sobre a superacdo do mundo da experiéncia, defendendo a tese de que seria necessério o alcance da esfera das esséncias, pois 56 assim seria possivel desvelar a verdade, Numa sequéncia histérica a essa construcao de “molduras", na Idade Média, ha o destaque para o pensador cristo Tomas de Aquino (1225-1274), que entendia a educac3o como um proceso de vivéncia do sujeito na fé e preparo para a vida pés morte. No contexto dessa “moldura” essencialista, 0 flésofo Kant (1724-1804), mostrou que, apesar de experiéncia estar presente na formulago do conhecimento, ela no & neutra, pols o ser humano dotado dos sentidos da experiéncia, carrega para a sua cognigdo essas formas da sensibilidade o que define a sua forma de entender 0 mundo (a sua “moldura Como consequéncia desse proceso de "emolduramento", do lado oposto ao essencialismo, no contexto da Idade Média, emerge a concepgo naturalista, De acordo com Francis Bacon (1561-1626), um dos mais importantes filésofos dessa perspectiva, seria necesséria uma metodologia racional para a atividade cientifica, tornando-se um marco entre o Ser humano da Idade Média e 0 Ser humano modern. Finalmente, no contexto da “moldura” naturalista, René Descartes (1596-1650), flésofo e matemstico, propés 0 Uso da racionalidade para a Filosofia, tentando despa dos elementos metafisicos que até ento predominavam nesse campo, contribuindo com suas reflexes para o avanco dos estudos da geometria analitica e da geometria espacial RAZAO OU VONTADE? Até 0 século XVII predominou nas teorias pedagogicas, o modelo cientificista, fato que incomodou pensadores como Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), que no século seguinte deslocou 0 foco central do processo educacional do mestre para 0 educando. Jean-Jacques Rousseau provocou uma grande revolucao na pedagogia e colocou a emocao ea moral no epicentro de sua visio do homem. Segundo o pensador, o homem nasce bom e a sociedade o corrompe. Nesse sentido idealizou a figura de um educando que seria livre das influéncias sociais Hegel (1770-1831) da mais uma contribuigSo ao processo de construco da filosofia romantica, pois, a0 desenvolver a filosofia do devir; concebe o ser como processo, como vir-a-ser. A dialética colocada como eixo de sua filosofia transforma o conceito de verdade, no mais um fato, uma esséncia, uma realidade, mas 0 resultado de um desenvolvimento do espirito. Aprépria concepgio de contradi¢ao como motor interno da histéria faz com que Karl Marx (1818-1883) inverta o sistema hegeliano e sustente o primado da matéria sobre o espirito, estabelecendo assim a base da construc3o do materialismo historico. Sé seré possivel compreender o que os homens fazem e pensam a partir da forma como os homens produzem os bens materiais necessérios. Nesse contexto da cancepsio histérico-social de sujelt , uma outra contribuigao as fundamentagées do conceito de educagio relacionado com a consciéncia humana é a antropologia sartreana. Esses conceitos foram formulados pelo filésofo francés Jean-Paul Sartre (1905-1980). Na elaboraco desses 0 conceito de Nada, considerado a base para as obras de Sartre, recebeu forte influéncia de outros filésofos, entre os quais, Descartes, Kant, Hegel, Russerl e Heidegger. Nesse caso, a concepsaio de natureza humana defendida por Sartre, esta intrinsecamente vinculada ao conceito de Nada como o elemento definidor do homem, ou seja, ao mesmo tempo em que pelo homem que o nada vem ao mundo, 0 Nada, também, se constitui na esséncia do homem. Nesse sentido, o Nada habita a consciéncia humana como aquilo que o constitui como homem. Ainda mais quando uma educagao é bem orientada a outro homem com a finalidade de revelar a realidade da liberdade que todos os humanos se encontram, mas que muitos se negam em aceité-la e logo vivé-la com responsabilidad. Em sintese, a grande contribuigdo da concepgio histérica social resulta em trés aspectos: a preocupacao com 0 processo (nada € estatico), com a contradicao (nao ha linearidade no processo) € com o carater social do engendramento humano (o ser do homem se faz presente nas relacdes entre os homens ao longo da histéria). Ainda no conjunto desses fundamentos, porém com énfase na consciéncia humana e sua relagdo com 0 conhecimento, aparecem as influéncias da critica de Kant, filésofo alemao do século XVIII, que abordou questées relevantes que abrangem o campo educacional Compreender 0 projeto pedagégico da Modernidade, numa perspectiva kantlana, nos faz refletir sobre problemas educacionais que atravessaram séculos, e que em plena contemporaneidade ainda nao foram solucionados, como por exemplo a questo da indisciplina, como questionamentos acerca da razo e moralidade. Para Kant, a disciplina € o momento de maior tensao no processo pedagégico, por apresentar a0 homem uma situaco diversa da vida a partir da natureza do ser que muda completamente o seu caminho de vida natural e selvagem para 0 caminho do pensamento auténomo, levando-o a conquista da sua verdadeira liberdade. CONHECIMENTO £ CONSTRUGAO SOCIAL E HISTORICA © conhecimento pedagégico é uma construgio social, e ¢ feita pelos especialistas. € pressuposto que alguém formado na drea seja indicado para a fungi. A realidade, no entanto, nos mostra que tem muita gente fora de 4rea na educacao brasileira em geral e na histéria, em particular. Nao seria esse um dos fatores por que os alunos, em geral, nao gostem de Histéria da Educago? Ou um dos motives da baixa qualidade do da formagao de pedagogos no Brasil? Ahist6ria da educacao é um tipo de conhecimento muito especializado; pensemos por exemplo na seguinte situagao: como era uma sala de aula na Idade Média? Seré que hd semelhangas com a sala de aula contemporanea? Em que aspects stio semelhantes e quais so diferentes? Quando pensamos nessas questées, ndo sobra dividas de que um leigo ndo conseguir fazer uma interpretagio adequada e isso ocorre porque ele nao tem os instruments tedricos e metodolégicos que permitem essa andlise. Portanto, em termos de conhecimento sobre a histéria da educagio, no pode haver “achismos", mas existe uma interpretagio que apresenta certa coeréncia com o real. 0 cidadao comum pode até saber que o fato aconteceu, mas néo saber dizer por que ele aconteceu. Esse é um trabalho do especialista, do profissional das ciéncias humanas, em geral, e, mais precisamente, do pedagogo. Portanto, a histéria é uma ciéncia que tem os seus métodos, suas técnicas e sua orientacdo teérica, que sofre interferéncia politica, porque é humana, CO estudo da histéria da educagao nos possibilita entender as formas como outros povos lidam com 0 encaminhamento educacional de seu povo, e mais especificamente no Brasil, esse estudo nos esclarece que mesmo que o pais tenha avangado de forma substancial no século XX e XXI, a educagao nacional ainda sofre de problemas graves e urgentes. A precariedade de infraestrutura de escolas, a falta de qualificagio de professores, as diferengas regionais na qualidade educacional, o ainda presente analfabetismo, a situacao do analfabetismo funcional e o fosso existente entre o ensino publico e o ensino privado, sdo graves problemas socials, que fazem com que o Brasil esteja nas piores colocagSes quando o assunto é avaliagdo internacional do nivel de aprendizado dos alunos. Portanto, quando analisamos as deficiéncias educacionais na base da populaco brasileira contemporanea, que provocam sequelas que se estendem a outras esferas, como a econémica, a social e a cultural e escancara as desigualdades entre ricos e pobres, agravando os problemas sociais como violéncia urbana e corrup¢ao, percebemos que essa problemtica tem raizes histéricas, ou seja, so a culminancia de todo um processo de politicas pibicas mal administradas ao longo do tempo. Nesse sentido, mister que a formacao de educadores no Brasil seja feita com cautela, de forma que os futuros professores, ao se apropriarem do conhecimento do passado da realidade nacional da educagéo, e ainda das politicas educacionais de outras nagées ao longo do tempo, possam olhar para a realidade da sala de aula com referenciais tedricos e histéricos sélidos, mudando 0 paradigma de que o estudo da Histéria da educagio é Indtil ou "chato", VIDEO RESUMO Neste médulo faremos uma reflexdo sobre a hist6ria, uma ciéncia humana que estuda o desenvolvimento do homem no tempo, analisando processos histéricos, personagens e fatos para promover uma melhor compreensio das diferentes culturas e civilizagdes, Ahiist6ria ajuda a resgatar os aspectos culturais de um determinado povo ou regido para 0 entendimento do processo de desenvolvimento humano. Aprender histéria é fundamental para a formacdo da cidadania, pois essa disciplina nos apresenta dados sobre © contexto global e multicultural onde se inserem os individuos. 68 Saiba mi Para complementar os seus estudos, 0 material a seguir explora mais detalhadamente a blografia de Eric Hobsbawm. + Arquivo - Eric Hobsbawn Aula4 OS PRESSUPOSTOS FILOSOFICOS E A EDUCACAO A eduicagao é uma pratica meaiadora dias préticas histéricas sob as quais o ser humano constr6i sua existéncia subjetiva e social. 26: INTRODUCAO ‘Aeducacao é uma prética mediadora das praticas histéricas sob as quais o ser humano constréi sua existéncia subjetiva e social, por isso, é fundamental que haja uma reflexdo mais elaborada sobre os pressupostos filoséficos da formacao e da atuacSo pratica docente, A qualidade da pratica pedagégica sé poderd ser garantida se, ao longo de sua formago, 0 educador tiver acesso a un conjunto articulado de elementos formativos que Ihe garantam no futuro uma competéncia técnica e cientifica a ser desenvolvida com criatividade, sensibilidade ética e criticidade politica, Nesse sentido, compete a sua formacdo a presenca de subsidios fornecidos pela filosofia. PRATICA MEDIADORA (O ser humana, ao interagir com seu grupo social, vai se modificando, o que o caracteriza como um ser em construgao, No amago dessa interagao esté a contradicao, pois a atividade humana é politica por natureza, tendo no conflito o alimento para sua manutencio. Nesse sentido, a historicidade das experiéncias humanas torna-se elemento fundamental para o entendimento da natureza humana, pois a todo momento o homem interage de forma dialética com a sua prépria histéria ea estrutura social na qual estd inserido, Portanto, o saber produzido num dado momento histérico é edificado a partir do pavimento da base material da socledade na qual se insere. Nesse sentido, varios fildsofos buscam relacionar os fatos histéricos e socials com seus reflexos sobre a educagao. Assim, por exemplo, para o filésofo Theodor Adorno, a questo da emancipagao no proceso da educacao deve, simultaneamente, evitar a “barbérie” e buscar a emancipaco pessoal 0 fildsofo entende como barbérie, 0 impulso humano destrutivo, que se manifesta nas diversas formas de agressividade percebidas no cotidiano, podendo chegar a situacdes extremas, como por exemplo os campos de exterminio nazistas. Nesse sentido, Adorno propde uma educagso "emancipatéria", pols formas autoritérias de leducagao nao conseguem evitar esse carter impulsivo destrutivo. Uma educacao nesse modelo (emancipatério) é preventivo a repressdo, e distante da reproducao tecnicista, que mantém 0 carter produtivo da vida humana. De acordo com essa perspectiva, 0 proceso educacional pode favorecer a formaco de sujeitos criticos e livres, capazes de educar 0 préprio impulso destrutivo, fortalecendo a autonomia e contribuindo para a extingao da barbarie. Uma outra contribuigao nessa perspectiva critica da educagdo é da Escola de Frankfurt, surgida no inicio do século XX. Seus representantes elaboraram importantes teses filoséficas e sociolégicas. Seus pensadores eram maniistas do Instituto para Pesquisa Social, vinculado a Universidade de Frankfurt, na Alemanha. Dentre as principais contribuigoes produzidas pela Escola de Frankfurt esto a Teoria Critica e 0 conceito de Industria Cultural, ATeoria Critica se posiciona em relacio a construgao cartesiana do pensamento positivista e pela leitura critica acerca do pensamento de Karl Marx e o conceito de industria cultural, diz respeito a padronizagdo de produtos da cultura, Portanto, ambas as reflexes se dirigem criticamente ao sistema capitalista. No interior de seu conteuido é observavel a dentincia das formas de dominacdo presentes na politica, economia, cultura e psicologia da sociedade desde a modernidade. ‘AEscola de Frankfurt surge no contexto de acontecimentos importantes da histéria mundial. No século XX, (1920), aconteceu a Primeira Guerra Mundial e, a0 final da década, aconteceu a crise de 1929. Portanto, os fundamentos filoséficos da educacao cumprem o importante papel de promotores da discusséo dos graves e histéricos temas socials, sendo um conjunto de conhecimentos necessarios aos professores, O SECULO DA MORTE ‘Ao longo do século XX, varios filésofos buscaram relacionar os fatos hist6ricos e sociais aos seus reflexos sobre a educacao. O historiador Eric Hobsbawn referiu-se ao século XX como “breve” no subtitulo de sua obra Era dos Extremos. Os “extremos’ de Hobsbawn fazem alusio a formacao de ideologias extremadas préprias desse periodo, que foram implementadas por meio de ditaduras de diversas tendéncias politicas (comunismo soviético e chinés, militarismos repressores de extrema-direita na América Latina, totalitarismos nacionalistas do fascismo europeu). Aimpressao que da ao lermos os textos da “era dos extremos" é a de que o ser humano voltou para o tempo da barbarie, quando ainda nao havia nascido a organizacao social que conhecemos como “civlizagéo". Naquele contexto, ganharam relevancia o nacionalismo, representado pelo regime nazista de Hitler, na ‘Alemanha; o genocidio arménio, praticado pelo Império Turco-Otomano em 1915 (e até hoje nao reconhecido pelo governo turco}; a Guerra da Bésnia (1992-1995), no territério da ex-lugoslavia, com fatores marcados por discursos nacionalistas; na Africa, en Ruanda, com os massacres praticados pela maioria hutu contra a minoria tutsi No Brasil, Getiilio Vargas tomou diversas medidas contra estrangeiros, em decretos durante o “Estado Novo” que 0s equiparavam a indigentes, vagabundos, ciganos, estabelecendo regras rigidas para concentracgo e assimilacdo de estrangeiros. Além disso, violou direitos de imigrantes e descendentes de italianos, alemaes e japoneses apés a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, em 1942, ao lado dos Aliados, confiscando os bens de pessoas dessas descendéncias. Hobsbawn, afirma ainda que o século XX foi considerado por ele como a “era dos extremos" devido aos acontecimentos ocorridos no perfodo como um todo, Portanto, levando em consideragao todo esse cendrio de horrores, dé para se compreender o teor das teorias sobre a educacdo e a emancipacao social de Adorno, a Escola de Frankfurt e a perspectiva critica da educacao, que esclarece conceitos sociais importantissimos, como Industria Cultural, enfim, os fundamentos filos6ficos da educagao cumprem o importante papel de promotores da discussao dos graves e histéricos temas sociais, sendo um conjunto de conhecimentos necessérios aos professores NOS QUE AQUI ESTAMOS POR VOS ESPERAMOS No filme brasileiro Nés que aqui estamos por vés esperamos, de Marcelo Masago, ha a sobrepondo imagens com a finalidade de mostrar o pensamento dos personagens e a meméria do século XX. No documentario © autor aborda mudangas mundiais no cotidiano humano no periodo entre guerras mostrando revolucdes, golpes, ditaduras, movimentos e nascimento do atual modelo tecnolégico. (autor se inspirou na obra “Era dos Extremos’, do historlador britanico Eric Hobsbawm, mostrando em sua producao, por meio da montagem das imagens produzidas no século XX, ambientadas pelo fundo musical de Wim Mertens, 0 periodo de contrastes de um mundo envolvido em duas guerras, colocando énfase na banalizagao da violéncia, no desenvolvime! tecnol6gico, na esperanca e na loucura humanas. Para a construgio de sua narrativa, Masago utilizou imagens que ligaram fatos acontecidos e histérias de pessoas an6nimas com toda 2 revalugio e os acontecimentos hist6ricos do tempo em que elas viveram. CO titulo do filme foi inspirado num letreiro de um cemitério da cidade de Paraibuna (SP), "Nos que aqui estamos por vés esperamos" ntando enfatizar as mortes banalizadas, dos anénimos que ajudaram a escrever a historia Entre os temas principais estao a banalizag3o da morte, a industrializag3o, as mudangas na comunicac3o apés a invengdo do telefone, do radio e da energia elétrica, a independéncia feminina, a igualdade dos sexos, a busca dos sonhos e ideais. CO filme revela a vida de pessoas comuns e de celebridades, com a finalidade de levar ao interlocutor a importancia individual para a construcao da histéria. © documentério foi premiado no Festival de Gramado, em 1999, por sua montagem, e no Festival do Recife, ‘como melhor filme, melhor roteiro e melhor montagem. VIDEO RESUMO Neste médulo, faremos uma incursdo pelo documentério de Marcelo Masago, que tem 0 titulo de Nés que ‘aqui estamos por vés esperamos, com a finalidade de visitarmos o complexo século XX, que o historiador Hobsbawn chamou de “breve". Trata-se de um filme brasileiro que, por meio de imagens e mUsicas (sem texto escrito nem falado}, 0 autor nos transporta para um cenério de morte (com a Primeira e a Segunda Guerra Mundial), marcado pelo surgimento da sociedade industrial e pelo cenério de barbarie. 6a Saiba mi Para mals informagées, acesse: Igceja de Sao Erancisco / Convento de Sio Francisco de Evora Revisitando Charles Chaplin: tempos modernos na Enap_ Aula1 ARANHA, M. G. A. Filosofando. Introducao a Filosofia. So Paulo, SP: Moderna, 1993. DEWEY, John. Experiénciae 1979, jucago. Tradugdo: Anisio Teixeira. Sdo Paulo, SP: Companhia Editora Nacional, JAPIASSU, H. Introdugo a epistemologia da psicologia. 2. ed. Rio de Janeiro, RI: Imago, 1977, JAPIASSU, H. Nascimento e morte das ciéncias humanas. Rio de janeiro, RJ: Francisco Alves, 1978. JAPIASSU, H. O mito da neutralidade cientifica. Rio de janeiro, RJ: Imago, 1975. KANT, |. Critica da razio pura. Sao Paulo, SP: Abril Cultural, 1980. Aula2 ‘ARANHA, M. G. A. Filosofando. Introducdo & Filosofia. So Paulo, SP: Moderna, 1993, JAPIASSU, H, Introducdo a epistemologia da psicologia. 2. ed. Rio de Janeiro, R|:Imago, 1977. JAPIASSU, H. Nascimento e morte das ciéncias humanas. Rio de Janeiro, R|: Francisco Alves, 1978. JAPIASSU, H. © mito da neutralidade cientifica. Rio de janeiro, R|: Imago, 1975, KANT, |. Critica da raze pura. Sio Paulo, SP: Abril Cultural, 1980. MONDIN, B. O ser humano. Quem ¢ ele? Sao Paulo, SP: Paulus, 2021. Aula3 HOBSBAWM, et al, Era dos extremos. Ed. Companhia das letras, 1995. LUZURIAGA, L. Histéria da educagao e da Pedagogia, ED. Nacional, 1983. Aula4 ALTHUSSER, L. Aparelhos Ideolégicos de Estado. 10. ed. So Paulo, SP: Graal, 2007, BOURDIEY, P. A economia das trocas simbélicas, Sao Paulo, SP: Perspectiva, 2007, NOGUEIRA, M. A. Bourdieu e a Educago. 3. ed. Belo Horizonte, MG: Auténtica, 2009. SILVA T. T. da, Documentos de identidade: uma introducao as teorias do curriculo, 3. ed. Belo Horizonte, MG ‘Auténtica, 2010,

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