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CENTRO UNIVERSITÁRIO

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE BRASÍLIA – IESB


Disciplina: Projeto de Extensão I
Assunto: A indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão.

Aula 02 (U1)

A indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão

A indissociabilidade é uma qualidade daquilo que não pode ser dissociado, ou seja,
não pode ser separado, não pode ser desvinculado. Segundo Tauchen (2009, apud
GONÇALVES, 2015), o conceito de indissociabilidade refere-se a algo que não
existe sem a presença do outro, ou seja, o todo deixa de ser todo quando se
dissocia.

A indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão é um princípio da


educação superior brasileira. E como tal, constitui-se por este tripé interdependente
a fim de contribuir para a formação integral dos estudantes e consequentemente
para o desenvolvimento da sociedade.

Você sabia que o princípio da indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a


extensão está previsto na nossa Constituição Federal de 1988? É isso mesmo.
Está previsto em seu Art. 207, da seguinte forma:

“Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de


gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre
ensino, pesquisa e extensão” (grifo nosso).

Segundo o filósofo norte-americano Israel Scheffler (apud CARVALHO, 2011), o


ensino pode ser caracterizado como uma atividade cujo objetivo é a aprendizagem,
devendo ser praticado de forma a respeitar a integridade intelectual do aluno e a
sua capacidade de fazer juízos independentes. Ensinar e aprender são por si ações
interdependentes, indissociáveis. O educador brasileiro, Paulo Freire (1996, p. 25)
esclarece que “(...) quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao
aprender”. E, assim, ensinar não é transferir conhecimentos. É construir junto -
educador e aprendiz- condição para a produção de sentido ao que precisa ser

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ensinado e aprendido. Ensinar e Aprender são ações de diálogo, de


compartilhamento de experiências.

Por isso, ensinar/aprender são atividades transformadoras. Podem modificar,


melhorar o modo das pessoas verem, sentirem e de buscarem agir sobre o mundo,
tornando-o mais acessível e acolhedor das diferenças. Lugar onde o diferente seja
motivo para ensinar e aprender mais, para estudar e pesquisar mais, para
compreender que não há saberes melhores ou piores, há saberes diferentes. Motivo
que inquieta a busca de conhecimentos por meio da pesquisa.

Nessa perspectiva, a pesquisa se torna inerente, fundamental ao processo de


ensino/aprendizagem. Segundo Clark e Castro (2003), a pesquisa pode ser
definida como um processo de construção do conhecimento, seja para gerar novos
conhecimentos e/ou corroborar ou refutar algum conhecimento preexistente. Para
ser chamada de pesquisa científica deve obedecer aos rigores impostos pelo
método científico. E, deste modo, a pesquisa é uma ação de diálogo entre
conhecimentos. Evidência que a torna interligada e dependente de fenômenos da
vida, estando tais fenômenos dentro ou fora da realidade interna ao nicho científico.
Nesse ínterim é que a pesquisa, por sua vez, relativa ao ensino está também
enraizada na diversidade constitutiva da vida, na extensão da vida dentro e fora das
instituições universitárias.

Por este espectro, como visto na Aula 01 da Unidade 1, a extensão universitária “é


um processo importante para o desenvolvimento pessoal e social. Consiste em uma
variedade de atividades que abrangem cultura, ciência, experiências cotidianas,
necessidades da sociedade, educação e produção de conhecimento”. Todas estas
atividades podem, por seu turno, tornarem-se instrumentos tanto para se ensinar
algo na universidade quanto para despertar o desejo pela pesquisa. Outrossim,
nota-se a evidente e complexa indissociabilidade: ensino, pesquisa e extensão.

Vale destacar que existem variações nas definições de ensino, pesquisa e


extensão, porém, é possível notar como as atividades relacionadas a um ou outro

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estão (podem ou devem estar) interligadas. Por exemplo, a pesquisa científica pode
ser utilizada para atualizar informações para o ensino. A extensão pode despertar
uma pesquisa com vistas a contribuir com a compreensão sobre determinada
realidade.

Sob este entendimento, na instituição de ensino superior, os estudantes devem ter a


oportunidade de participar de projetos de pesquisa que possam ajudá-los a
desenvolver um espírito investigativo e crítico. E, que ela possibilite-lhes contato
com as novidades e descobertas da sua área de estudo.

Dessa forma, destaca-se que dentre as finalidades da educação superior, segundo


a Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional (LDB, 1996), está a promoção da
extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e
benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica
geradas na instituição.

Você consegue perceber como ensino, pesquisa e extensão estão (ou devem
estar) interligados e que não devem atuar de forma isolada?

É importante ressaltar que a intervenção na realidade não visa levar a


universidade a substituir funções de responsabilidade do Estado mas sim
produzir saberes tanto científicos e tecnológicos quanto artísticos e
filosóficos, tornando-os acessíveis à população,...(Nogueira, 2000, apud

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Oliveira, 2004). Ou seja, a Universidade tem o papel de “constituir-se em


espaço de reflexão acerca das diferentes realidades e, dentro desse
processo, refletir-se-ia o papel do Estado e de sua operacionalidade - as
políticas públicas. E em se refletindo conjuntamente (Universidade/Estado),
o papel extensionista se conjuga com o de contribuir com o conhecimento
acadêmico nesta permanente redefinição da inter-relação público/privado,
repensando e introduzindo ferramentas para o estabelecimento, avaliação e
implementação de políticas públicas (OLIVEIRA, 2004).

Dessa forma, a adoção do princípio da indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa


e extensão pela Instituição de Ensino Superior é fundamental para o processo
formativo de profissionais competentes que atuarão no mercado de trabalho.
Profissionais conscientes e atuantes de suas reponsabilidades para cuidarem mais
do meio onde vivem, através de suas profissões. Por isso, cidadãos que estão (e
estarão) inseridos em uma sociedade e que podem atuar de forma a transformar
positivamente uma realidade social.
Um exemplo concreto, para tanto, é o programa de Extensão IESB, o IESB em
AÇÃO. Ele proporciona a seus estudantes a execução dos conhecimentos
construídos em sala de aula - no ensino- no atendimento à comunidade, na vida
cotidiana – na extensão universitária-. E assim o que é aprendido nas trocas de
aprendizagem se converte em cuidado, atenção, serviço a pessoas que carecem
destes saberes para terem mais qualidade de vida, para terem vida digna e
exercerem sua cidadania. Destas vivências com a comunidade, muito
oportunamente, surgem questões para estudos, investigações mais aprofundadas
em uma pesquisa científica. Esta ordem não é um critério obrigatório. Importa é que
ensino, pesquisa e extensão são eixos em constante diálogo entre si, o que os torna
ações presentes para permanentes transformações de futuro.
Com este olhar de presente prospectivo, na Instituição de ensino superior, é que os
estudantes devem ser incentivados a participar de forma ativa na construção do
conhecimento e da transformação social, incentivo que deve ser corroborado pelo
Poder Público. As competências vão além dos conhecimentos adquiridos, incluem,
também, habilidades, atitudes e valores. Essa relação só tende a trazer benefícios
para a sociedade como um todo.

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Assunto: A indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão.

Então, deu para compreender o porquê de ensino, pesquisa e extensão serem


indissociáveis?

Dúvidas sobre o assunto podem ser registradas no Fórum de Dúvidas da


Disciplina.

Para quem quiser ler mais sobre o assunto, como sugestão recomendamos o
seguinte material para leitura e reflexão:

A Universidade e o princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão: utopia ou


realidade. Autora: Alderlândia da Silva Maciel. Link para acesso: http://www2.ufac.br/editora/livros/a-
universidade-e-o-principio-da-indissociabilidade-entre-ensino.pdf

A Extensão universitária como um princípio de aprendizagem. Autor: Luiz Síveres (Organizador) —


Brasília: Liber Livro, 2013. Link para acesso a esta obra:
https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000232083?posInSet=1&queryId=N-EXPLORE-aa797e8d-
68a2-42d0-a424-4b4cd98a6940

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 9394/1996. BRASIL.

CARVALHO, J. S. F.. O conceito de ensino. O propósito de produzir a aprendizagem é o


ponto de partida para a sua definição. Revista Ensino Superior. 10/09/2011.

CLARK, O. A. C.; CASTRO, A. A.. A pesquisa. Pesquisa Odontológica Brasileira, v. 17, n.


Pesqui. Odontol. Bras., 2003 17 suppl 1, p. 67–69, maio 2003.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática docente. 19. ed.
São Paulo: Paz e Terra, 1996.

GONÇALVES N. G.. Indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão: um princípio


necessário. Revista PERSPECTIVA, Florianópolis, v. 33, n. 3, p. 1229 - 1256, set./dez.
2015.

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Assunto: A indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão.

OLIVEIRA, C. H.. Qual é o Papel da Extensão Universitária? Algumas Reflexões Acerca da


Relação entre Universidade, Políticas Públicas e Sociedade. Anais do 2º Congresso
Brasileiro de Extensão Universitária. Belo Horizonte – 12 a 15 de setembro de 2004.

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