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Ebook IV Padresdequalidadeemsademental 2014
Ebook IV Padresdequalidadeemsademental 2014
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PORTO, 2014
2 Padrões de Qualidade em Saúde Mental
EDIÇÃO E PROPRIEDADE:
COORDENAÇÃO DA EDIÇÃO:
Carlos Sequeira
José Carlos Carvalho
Luís Sá
COMISSÃO EDITORIAL:
Bruno Santos
Francisco Sampaio
Genoveva Carvalho
Joana Coelho
DIVULGAÇÃO: ASPESM
ISBN: 978-989-96144-5-1
NOTA:
Todos os artigos publicados são propriedade da SPESM, pelo que não podem ser reproduzidos para
fins comerciais, sem a devida autorização da Sociedade Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental
A responsabilidade pela idoneidade e conteúdo dos artigos é única e exclusiva dos seus autores.
A opção do texto com o novo acordo ortográfico, ficou a cargo de cada autor.
Ex.
Martins, C., Pereira, M. (2014). Promover a saúde mental entre adolescentes… O desafio!. In
Sequeira, C.; Carvalho, J. C. & Sá, L. (Eds.), IV Congresso Internacional ASPESM: Padrões de
Qualidade em Saúde Mental (pp.46-57). Porto: ASPESM.
ÍNDICE
Prefácio 5
10. Motivações e expectativas profissionais dos estudantes de enfermagem: estudo numa escola
da área de lisboa 97
13. Avaliação do perfil da infeção do trato urinário em idosos hospitalizados com demência 126
21. Projeto internacional para promover a investigação em enfermagem de saúde mental 217
22. Rastreio e diagnóstico de abuso de pessoas idosas - teoria do comportamento planeado 227
A continuação da divulgação dos trabalhos realizados pelos colegas nos eventos realizados pela
Sociedade e a disseminação do conhecimento científico, é para nós um elemento essencial na
consolidação da imagem da Sociedade como entidade de referência na promoção da investigação
e na partilha de experiências e boas práticas realizadas nos contextos da prática clínica, elevando
os padrões de qualidade na área da Saúde Mental e por conseguinte, da imagem da Enfermagem
de Saúde Mental Portuguesa.
Este documento em suporte digital (Ebook), respeita todas as regras de edição de trabalhos
científicos, com uma revisão editorial e científica adequada.
Este formato permite partilhar, com todos os interessados nestas temáticas, o que de bom tem
sido realizado mas que, devido a limitações também económicas, nos permite continuar os
nossos objetivos. Gostaríamos que o partilhassem com outros colegas para que cada vez mais
haja um maior acesso à informação dos trabalhos realizados pelos enfermeiros e pelos técnicos
de Saúde Mental.
Esta compilação dedicada aos Padrões de Qualidade em Saúde Mental conta com um total de 22
artigos.
Os temas abordados no congresso e que resultaram no presente ebook são muito diversificados.
Integram o ciclo vital, desde o parto até aos problemas mais específicos dos idosos, uma
abordagem a múltiplos contextos de intervenção em saúde mental, privilegiando áreas muito
importantes como a promoção da Saúde Mental, a prevenção da doença, a implementação de
programas de intervenção, a utilização e o recurso aos instrumentos de avaliação, a execução de
intervenções direcionadas para os diagnósticos de enfermagem nesta população e nos mais
variados contextos e muitos dos resultados obtidos através da realização de vários estudos, tanto
em contexto académico como na prática clínica.
De uma forma clara, cada trabalho salienta o que de mais positivo cada um de nós consegue
introduzir (de novo), na melhoria das práticas e desta forma, elevar os padrões de qualidade na
Saúde Mental e na Enfermagem de Saúde Mental.
Para finalizar este espaço, gostaríamos de agradecer a todos os autores, que aceitaram partilhar
as suas experiências, as suas investigações e os seus projetos, dos quais resultou este conjunto de
artigos que são agora compilados neste documento.
E um agradecimento especial, aos que mais de perto colaboraram nesta edição, um trabalho
difícil de compilação, síntese e correção que, sem ele, seria difícil concretizarmos os nossos
objetivos.
Consideramos, que desta forma, estamos também a contribuir para o aumento do conhecimento e
da divulgação na Enfermagem de Saúde Mental.
19 de março de 2014
Cristina Bento*
____________________
* Enfermeira Especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria, Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa -
cristinabento@gmail.com
RESUMO
A doença oncológica causa um elevado nível de stress e depressão na pessoa doente e sua
família. Cerca de 50% das pessoas com doença oncológica sofrem de algum tipo de
psicopatologia, ocorrendo frequentemente elevados níveis de stress, ansiedade e depressão e
sendo muitas vezes descurada a intervenção no domínio da saúde mental destas pessoas. No
âmbito do estágio da especialidade em enfermagem de saúde mental e psiquiátrica (ESEL
2009/2011), foi desenvolvida uma intervenção de enfermagem desta especialidade em pessoas
com doença oncológica, em regime de internamento, com o objectivo de promover o seu bem-
estar através da promoção do seu empowerment e processo de recovery. Após as intervenções
verifica-se uma diminuição do nível da depressão, aumento da esperança, aumento da auto-
estima, aumento da aceitação: estado de saúde, desenvolvimento do enfrentamento,
desenvolvimento da adaptação psicossocial: mudança de vida, controlo da ansiedade, controlo da
depressão, controlo do medo. A avaliação das necessidades e dos resultados foram realizadas
através de entrevista semi-estruturada.
Palavras – Chave: doença oncológica; saúde mental; recovery; empowerment; enfermagem
RESUMEN
La enfermedad oncológica provoca un alto nivel de estrés y la depresión en el enfermo y su
familia. Alrededor del 50 % de las personas con cáncer sufren de algún tipo de psicopatología ,
que se producen a menudo altos niveles de estrés , ansiedad y depresión, y es a menudo
descuidado intervención en la salud mental de estas personas . En la especialidad de la etapa en
la enfermería de salud mental y psiquiátrica (ESEL 2009 /2011) , se desarrolló una intervención
de enfermería de esta especialidad en las personas con cáncer, pacientes hospitalizados , con el
fin de promover su bienestar a través de la promoción de su proceso de empoderamiento y la
recuperación. Después de los discursos, hay una disminución en el nivel de depresión, el
aumento de la esperanza de vida, el aumento de la autoestima, la mayor aceptación: estado de
salud, el desarrollo de afrontamiento, el desarrollo de la adaptación psicosocial: cambio de vida,
el control de la ansiedad de control depresión, control del miedo. La evaluación de las
necesidades y los resultados se hicieron utilizando la entrevista semi - estructurada.
Descriptores: cáncer, salud mental, recovery, empoderamiento, enfermería
ABSTRACT
The cancer causes a high level of distress and depression on the person and his/her family.
About 50% of people with cancer suffer from some form of psychopathology, often occurring
high levels of stress, anxiety and depression and is often neglected intervention in mental health
of these people. Under the stage of specialty in mental health and psychiatric nursing, (ESEL
2009/2011), was developed a nursing intervention of this specialty in people with cancer, in
inpatient settings, in order to promote their well-being by promoting their empowerment and
recovery process. After the interventions there was a decrease in the level of depression,
increasing life expectancy, increased self-esteem, increased acceptance: health status,
development of coping, development of psychosocial adjustment: life change, control anxiety,
control depression, fear control. The assessment needs and the results were made using semi-
structured interview.
Keywords: cancer; mental health; recovery; empowerment; nursing
Gosselin-Acomb, 2007; Bringmann et al., 2008; Sukegawa et al., 2008; Fanger et al., 2010;
Bush, 2010).
Também a falta de apoio social percebido pela pessoa com doença oncológica após o
tratamento, um baixo nível de satisfação na realização das actividades de vida diária, a presença
de metástases, complicações do tratamento e um mau funcionamento físico são outros factores
que aumentam o desenvolvimento de distúrbios psiquiátricos nas pessoas com doença
oncológica (Bringmann et al., 2008).
As perturbações psicopatológicas diminuem a qualidade de vida e bem-estar, pelo que é
imprescindível a sua identificação para uma intervenção adequada e efectiva (Dzubur et al.,
2008; Swanson & Koch, 2010). O sentimento de mal-estar, o défice de apoio social, existência
de problemas de adaptação, e a escassa compreensão da informação dada diminuem a qualidade
de vida (Peralta et al., 2010). Os efeitos do stress provocados pela doença oncológica podem ser
minimizados através do empowerment da pessoa, promoção do optimismo, uso de estratégias de
coping que promovam o aumento da auto-estima. (Schwabish & Zevon, 2007). Assim, uma
intervenção adequada pretende facilitar o processo de adaptação à doença, favorecendo o bem-
estar e aumentar a qualidade de vida (Peralta et al., 2010).
A intervenção dos clínicos na pessoa com doença oncológica dá prioridade às necessidades
físicas e de tratamento da doença, a depressão major, a comorbilidade mais associada não recebe
o devido tratamento por se apresentar com pouca visibilidade, passar despercebida ou, se
identificada, recebe um tratamento inadequado (Strong, 2004; Fanger et al., 2010). Todas as
pessoas com doença oncológica e que sofram de depressão (diagnóstico médico) deveriam ter
acesso a um profissional de saúde mental (Strong et al., 2004). Segundo a Ordem dos
Enfermeiros, o foco dos cuidados de enfermagem é a promoção da saúde, promovendo os
processos de readaptação e a máxima independência, bem como ajudar a gerir os recursos
aumentando o reportório pessoal e familiar, promovendo a adopção de estilos de vida saudáveis
(OE, 2001). Esta é assim uma área de intervenção importante da enfermagem de saúde mental
ajudando o indivíduo e família a restabelecer o equilíbrio perdido (Scharf, 2005).
ONCOLÓGICA
No final dos anos 80 surge o conceito recovery na área da saúde mental, introduzido por
pessoas com experiência de doença mental. Este conceito, em vez de se focar nos sintomas,
centra-se no bem-estar global, na autodeterminação, na participação social, no exercício de
cidadania; inclui uma dimensão social e política; o recovery não é um resultado, é um processo
dinâmico, evolutivo, não linear (Ornelas, 2008). O recovery é como uma viagem com percursos
diversificados, altos e baixos, que resulta das experiências, traumáticas ou stressantes, vividas
durante um tratamento da doença (Jacobson & Curtis, 2000).
A perspectiva inovadora deste conceito (por esta razão o conceito não é traduzido para o
termo correspondente em português) é que não pressupõe a remissão dos sintomas, não
pressupõe voltar a um estado anterior à doença, o objectivo do recovery é ficar único, ficar
esplêndido, redefinindo os seus papéis, encontrando um novo sentido de si próprio (Deegan,
1988, 1996). Patrícia Deegan (1988) define Recovery como “um processo, um modo de vida,
uma atitude e uma forma de abordar os desafios diários (…) de estabelecer um sentimento novo
e valorizado de integridade e propósito, para além dos limites da doença; a aspiração é viver,
trabalhar e amar na comunidade para a qual contribuímos significativamente.” (p. 11).
O recovery é um percurso que, a partir de experiências de doença traumatizantes, permite o
crescimento para ficar esplêndido e retomar os seus papéis (Deegan, 1996; Ornelas, 2008). O
recovery é a manifestação do empowerment (Jacobson & Curtis, 2000). O empowerment
compele a pensar em termos de bem-estar em vez de doença, competências em vez de
deficiências, forças em vez de fraquezas, foca-se nos problemas sociais em vez das vítimas, nas
capacidades em vez dos riscos (Perkins & Zimmerman, 1995). O empowerment da pessoa
permite o seu processo de recovery, a partir do aumento da percepção de auto-controlo (Ornelas,
2008), aumenta o seu bem-estar e a sua qualidade de vida (Rappaport, 1984 cit. por Perkins &
Zimmerman, 1995). Os efeitos do stress provocados pela doença oncológica podem ser
minimizados através do empowerment da pessoa, promoção do optimismo, uso de estratégias de
coping que promovam o aumento da auto-estima (Schwabish & Zevon, 2007).
PSIQUIATRIA
Os diagnósticos de enfermagem identificados, segundo a classificação CIPE, foram os
seguintes: raiva, ansiedade, depressão, desespero, angústia, medo, frustração, luto, culpa, auto-
estima, estigma, auto-controlo, coping.
A avaliação das necessidades em saúde mental da pessoa com doença oncológica foi
efectuada através de entrevista semi-estruturada, com as seguintes linhas orientadoras: (1) prestar
atenção como as respostas devolutivas influenciam o discurso da pessoa, procurando manter um
discurso com conotação positiva e promovendo a esperança; (2) estar atento às preocupações da
psiquiatria, sua importância para além do âmbito dos serviços de psiquiatria. Sendo a doença
oncológica uma fonte de grandes stressores capazes de desequilibrar o indivíduo e família a
vários níveis e sendo por vezes descurada a intervenção de saúde mental nestas pessoas, é papel
do enfermeiro promover o reequilíbrio do sistema e seu bem-estar.
Este trabalho apresenta limitações, ao nível da sua intervenção que foi limitada apenas a
um serviço de oncologia e na avaliação quantitativa dos resultados. Sugerem-se trabalhos futuros
com maior incidência na sua intervenção e uma avaliação quantitativa dos resultados.
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Diana Gonçalves *
Sara Veloso **
______________________________
* Enfermeira - diana.q.alves@gmail.com
** Enfermeira - veloso.anasara@hotmail.com
RESUMO
A fundamentação teórica discorre principalmente sobre a reabilitação psicossocial, o
trabalho em equipa e a satisfação no trabalho. Desta forma, este estudo visa contribuir para a
análise e discussão desta temática e justifica-se pela relevante influência que a satisfação no
trabalho parece exercer sobre os trabalhadores e sobre o resultado do próprio trabalho.
O estudo teve como objetivos conhecer a satisfação dos profissionais de um serviço de
reabilitação psicossocial (Espaço T – Porto), do ponto de vista dos próprios sujeitos e identificar
os fatores que interferem neste fenómeno.
Adotando uma abordagem qualitativa, a pesquisa teve a participação de dez trabalhadores
do referido serviço, os quais foram ouvidos através da entrevista semi-estruturada, nos meses de
fevereiro e março de 2013, sendo que os dados foram tratados através da análise de conteúdos.
Os resultados permitiram afirmar que os profissionais demonstraram satisfação ao
desenvolverem o seu trabalho no âmbito da reabilitação psicossocial. Os fatores considerados
essenciais para a satisfação no trabalho foram: diversificação das tarefas e flexibilidade das
ações; novos desafios; trabalho em equipa e relacionamento interpessoal com os utentes. Outros
aspetos interrelacionados foram destacados, como a importância da motivação e os aspetos
financeiros.
Considerando que a satisfação dos profissionais de reabilitação em saúde mental parece
estar diretamente relacionada com as características do próprio desempenho, faz-se necessário,
aos gestores e a toda a equipa, refletir e atuar de forma a aumentar a satisfação dos trabalhadores,
para que se verifique as consequências positivas na qualidade da assistência prestada.
RESUMEN
El fundamento teórico se desarrolla sobre la rehabilitación psicosocial, trabajo en equipo y
la satisfacción laboral. Por lo tanto, este estudio pretende contribuir para el análisis y la discusión
de este tema y se justifica por la significativa influencia que la satisfacción laboral parece tener
sobre los trabajadores y sobre el resultado del propio trabajo.
El estudio tiene como objetivo identificar la satisfacción profesional en un servicio de
rehabilitación psicosocial (Espacio T - Porto), desde el punto de vista del sujeto e identificar los
factores que influyen en este fenómeno.
ABSTRACT
The theoretical discusses primarily psychosocial rehabilitation, teamwork and job
satisfaction. Thus, this study aims to contribute to the analysis and discussion of these issues and
is justified by the significant influence job satisfaction appears to have on the workers and on the
result of the work itself.
Thus, the present study aims to identify the satisfaction levels, from the point of view of
the subject, of professionals working in a psychosocial rehabilitation service (Space T - Porto),
and to identify the factors that influence this phenomenon.
Adopting a qualitative approach, the study had the participation of ten employees of the
above mentioned service, using semi-structured interviews, during the months of February and
March of 2013, data were treated by content analysis.
The results allow us to affirm that the professionals were satisfied to carry out their work in
the field of psychosocial rehabilitation. The factors considered essential for job satisfaction were:
diversification of tasks and flexibility of action, new challenges, teamwork and interpersonal
relationships with patients. Other interrelated aspects were highlighted, such as the importance of
motivation and financial aspects.
Whereas the satisfaction of rehabilitation professionals in mental health seems to be
directly related to the characteristics of the performance itself, it is necessary that managers and
entire team reflect and act to increase the satisfaction of employees, so that positive
consequences on quality of care can be achieved.
Keywords: psychosocial rehabilitation; professional satisfaction; mental health.
INTRODUÇÃO
O crescente interesse pela reabilitação verificou-se particularmente nos últimos 10 anos,
devido ao crescimento dos direitos dos utentes incapacitados, com consequente reconhecimento
desses direitos, por técnicos, administradores, familiares e pelos próprios utentes (Hirdes &
Kantorski, 2004).
A reabilitação psicossocial é entendida como um conjunto de estratégias capazes de
recuperar a singularidade, subjetividade e o respeito pela pessoa em sofrimento psíquico,
proporcionando-lhe qualidade de vida. Tem como principal objetivo a independência do utente, a
diminuição da discriminação, a melhoria da competência social e individual e a criação de um
apoio social de longa duração.
Segundo Saraceno (citado por Lussi, 2009), a reabilitação apresenta-se como o conjunto de
estratégias destinadas a ampliar as oportunidades de troca de recursos e de afetos, abrindo
espaços de negociação para os utentes dos serviços de saúde mental, para a sua família e para a
comunidade da qual faz parte.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde [OMS] (citado por Oliveira, 2011, p.3), a
reabilitação psicossocial em saúde mental é “um processo que oferece aos indivíduos que estão
debilitados, ou incapacitados devido à perturbação mental, a oportunidade de atingir o seu nível
potencial de funcionamento independente na comunidade …”
Sundeen (citado por Laraia & Stuart, 2011), menciona ainda que a reabilitação
psicossocial, também pode ser usada como uma vertente do tratamento da esquizofrenia,
oferecendo aos utentes a oportunidade de atingir o seu potencial de funcionamento independente
na comunidade, através da psico-educação, que ensina aos utentes e familiares, aspetos sobre a
doença mental e as habilidades de enfrentamento para uma vida bem-sucedida na comunidade. O
uso de tratamentos psicossociais é importante para a prevenção de recaídas.
Para Hirdes & Kantorski (2004), a reabilitação tem como missão promover o
funcionamento e a satisfação em ambientes específicos.
Durante a assistência profissional, a interação dos profissionais de reabilitação com os
utentes, é de vital importância para uma boa comunicação, no qual se procura ajudá-los a
viverem o menos possível situações de sofrimento. Os profissionais devem estar munidos de
recursos, como, história de vida do utente, a sua informação e experiência profissional (Hesbeen,
2003).
Para o utente é essencial o processo de reabilitação e a promoção de saúde. Os
profissionais têm um papel preponderante em todo o processo mas, sobretudo, na fase de
educação para a saúde e de prevenção de comportamentos de risco.
Para tal, é imprescindível que os profissionais de reabilitação se sintam satisfeitos, pois a
satisfação, resulta na avaliação positiva do trabalho do indivíduo.
Com base no exposto, o estudo teve por objetivo conhecer a satisfação dos profissionais de
um serviço de reabilitação psicossocial e identificar os fatores que interferem nesse fenómeno.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo realizado segundo uma abordagem qualitativa, de acordo
com Fortin (2009).
O estudo foi efetuado num serviço de reabilitação psicossocial, o Espaço T, situado no
Porto, que é uma associação para apoio à integração social e comunitária.
A amostra do estudo foi composta por dez profissionais do referido serviço de reabilitação
psicossocial. Foram utilizados como critérios de inclusão os profissionais que desenvolviam uma
prática direta com os utentes. Tratou-se portanto, de uma amostra intencional e por saturação das
informações.
Para a realização do estudo, foram cumpridos os parâmetros éticos, sendo encaminhado o
pedido de autorização ao concelho de administração do Espaço T. Os profissionais foram
informados sobre o objetivo da pesquisa e assinaram o consentimento livre e esclarecido.
Durante o estudo, foi utilizado como instrumento de recolha de dados a entrevista semi-
estruturada, constituída por duas partes. A primeira parte consistiu na colheita de dados de
caracterização e a segunda na descrição da satisfação dos profissionais. Foram realizadas no
período de 28 de Fevereiro a 1 de Março, gravadas em áudio, para garantir maior exatidão da
informação.
Para tratamento de dados, recorreu-se ao método de análise de conteúdo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na apresentação dos resultados, recorremos á transcrição de parte das falas dos inquiridos,
no sentido de realçar os dados mais significantes e proporcionar uma visão transparente dos
resultados.
20-25 0
26-35 5
Idade 36-45 5
>45 0
Feminino 6
Género
Masculino 4
Casado 2
Solteiro 6
Estado Civil União de Facto 2
Divorciado 0
Ensino Básico ou Secundário 1
Grau de escolaridade Ensino Superior 9
Não Tem 1
Licenciatura 6
Formação Profissional
Licenciatura e Pós-Graduação 3
1-5 1
6-11 3
12-17 3
Tempo de trabalho
18-23 2
24-29 1
1-5 3
Tempo de Trabalho no Espaço T 6-11 3
12-17 4
Foi possível constatar que entre os profissionais, prevaleceu o sexo feminino. A faixa
etária, como pode ser observado, variou entre os 26 e 45 anos. No que tange ao grau de
escolaridade proeminou o ensino superior, nomeadamente a licenciatura. Na generalidade
predomina o estado civil solteiro. Em relação ao tempo de trabalho no Espaço T, 3 profissionais
trabalham há 9 anos, 4 há 15 anos e 3 há aproximadamente 4 anos.
Os dados qualitativos obtidos foram analisados, sendo que as categorias que emergiram
promovem a compreensão do fenómeno, isto é, a “satisfação dos profissionais de reabilitação
psicossocial”. As categorias agrupadas estão apresentadas no quadro 2 abaixo.
• Flexibilidade e diversificação
• Relacionamento interpessoal com os
utentes
CATEGORIAS
• Apoio e trabalho em equipa
• Realização profissional;
• Motivação
• Aspetos financeiros
• Novos desafios
sobre a qual exigimos a compreensão e o respeito mútuo, tão essencial às nossas relações com
colegas de trabalho e com os pacientes.
Mariotti (2001, p. 4129) afirma ainda, que o mais importante no diálogo é “ouvir para
aprender algo de novo; respeitar as diferenças e a diversidade; refletir sem julgar; ter sempre
em mente que o objetivo é criar e aprender”.
Baseando-se nesses dados, constatou-se que os profissionais de reabilitação investem no
contacto direto com os utentes, nomeadamente no diálogo, uma vez que acreditam que esta é
uma via que facilita a sua reintegração na comunidade.
A categoria “Trabalho em Equipa”, emergiu das seguintes falas:
“É uma equipa multidisciplinar (…) uma equipa que realmente está aqui porque gosta,
trabalha com empenho e quando tu gostas daquilo que fazes, tudo parece mais fácil.” (E2)
“…Sinto uma satisfação enorme (…) porque para além de me sentir bem a nível
profissional, sinto-me bem com a equipa que tenho (...) eu ter esta equipa permite-me valorizar
muito mais o meu trabalho…” (E2)
“Nós trabalhamos em equipa (…) só assim é que funciona (…) é uma equipa unida (…) no
espaço T há uma grande equipa.” (E3)
Como se constatou, a maioria dos profissionais trabalham no Espaço T há cerca de 15
anos, com laços estáveis. Referem que no trabalho em equipa os objetivos são compartilhados, as
tarefas estão definidas de forma clara, porém, ao mesmo tempo, são adaptáveis de acordo com
cada situação e acima de tudo, os conflitos surgidos são resolvidos em consenso, que vai ao
encontro do que refere Walter (2011).
O trabalho em equipa busca valorizar cada indivíduo e permite que todos façam parte de
uma mesma ação, além de possibilitar a troca de conhecimentos e experiências.
Para os profissionais, o ambiente de equipa torna-se um fator interveniente na definição de
estratégias para a reintegração dos utentes.
A categoria “Realização Profissional”, pode ser visualizada nos excertos a seguir:
“A nível de realização pessoal eu posso dizer que eu sinto-me satisfeito quando olho para
os nossos alunos e vejo que eles se sentem bem connosco (…) ver a alegria deles a representar
para outras pessoas, para mim, isso é a realização pessoal…” (E1)
“O meu objetivo, eu acho que está realizado, porque, eu todos os dias me realizo quando
trabalho aqui…” (E5)
O trabalho representa um espaço que possibilita à pessoa aumento da autoestima e de
realização pessoal, fomentando de forma progressiva a sua autonomia, independência e
consequentemente a sua satisfação profissional (Seco citado por Silva 2012).
CONCLUSÕES
Os resultados obtidos permitiram conhecer a satisfação dos profissionais que trabalham no
serviço de reabilitação, assim como, os fatores que os mesmos associam à questão.
Verificou-se que para os profissionais, a satisfação em reabilitação é dotada de
características singulares, nomeadamente, o bom ambiente na equipa, o relacionamento
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Sandra Mota *
Anabela Moreira **
______________________________
* Assistente, Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto – Instituto Politécnico do Porto - smm@estsp.ipp.pt
** Assistente, Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto – Instituto Politécnico do Porto - adm@estsp.ipp.pt
*** Assistente, Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto – Instituto Politécnico do Porto - slf@estsp.ipp.pt
**** Professora Adjunta, Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto – Instituto Politécnico do Porto -
mas@estsp.ipp.pt
RESUMO
A avaliação da satisfação dos utentes de instituições de saúde tem sido uma área de
interesse crescente. Contudo, nas instituições de saúde mental, este interesse é mais recente,
refletindo a necessidade destas instituições também demonstrarem a qualidade dos seus serviços.
Tendo como objetivo adaptar um instrumento para avaliar a satisfação dos utentes de
internamento na área da saúde mental, procedeu-se à adaptação cultural e linguística de um
instrumento já validado em Itália “The Rome Opinion Questionnaire for Psychiatric Wards”.
Procedeu-se à sua tradução e retro tradução do instrumento original, comparação entre as duas
versões na língua original, deteção, identificação e correção de possíveis discrepâncias entre as
duas versões, concluindo-se assim a equivalência linguística e semântica do instrumento,
resultando deste processo a primeira versão do instrumento. Dos resultados obtidos através da
opinião e sugestões expressas pelos elementos do painel de peritos, destacaram-se alterações ao
enunciado de vários itens, contudo este painel considerou que todos os itens eram relevantes e
importantes para o estudo da satisfação e que as opções de resposta estavam devidamente
ordenadas e coerentes com o que desejavam exprimir. Das alterações realizadas resultou a
segunda versão do instrumento. Com este trabalho ficou concluída a adaptação cultural e
linguística de instrumento de avaliação da satisfação dos utentes na área da saúde mental.
Palavras-Chave: qualidade dos cuidados de saúde; adaptação de um instrumento; satisfação dos
utentes; saúde mental
RESUMEN
La evaluación de la satisfacción de los usuarios de las instituciones de salud ha sido un
área de interés creciente. Sin embargo, en las instituciones de salud mental, este interés es más
reciente, lo que refleja la necesidad de que estas instituciones también demostrar la calidad de
sus servicios. Con el objetivo de adaptar un instrumento para evaluar la satisfacción de los
usuarios de hospitalización de salud mental, se procedió a la adaptación lingüística y cultural de
un instrumento que ha sido validado en Italia " The Rome Opinion Questionnaire for Psychiatric
Wards". Se procedió a la traducción y re-traducción del instrumento original, la comparación
entre las dos versiones en el idioma original, la detección, la identificación y corrección de las
discrepancias entre las dos versiones, concluyendo así la lingüística y equivalencia semántica del
cuestionario, resultado de este proceso primera versión del cuestionario. Los resultados
obtenidos a través de la opinión y sugerencias expresadas por los elementos del panel de
expertos, se destacaron los cambios en la redacción de varios artículos, sin embargo, este Grupo
Especial constató que todos los artículos son pertinentes e importantes para el estudio de la
satisfacción y las opciones de respuesta fueron debidamente organizado y coherente con lo que
querían expresar. El resultado de estos cambios hizo la segunda versión del cuestionario. Este
trabajo se completó en la adaptación lingüística y cultural de un instrumento para evaluar la
satisfacción de los clientes en el área de la salud mental.
Descriptores: calidad de la atención médica, la adaptación de un instrumento, la satisfacción del
cliente, la salud mental
ABSTRACT
The user satisfaction assessment in health institutions has been an area of increasing
interest. However, in mental health institutions, this interest is more recent, reflecting the
necessity of these institutions to demonstrate the quality of their services. The aim of this study
was the adaptation of an instrument to assess the user satisfaction in inpatient mental health. We
performed the cultural and linguistic adaptation of an instrument that has been validated in Italy
"The Rome Opinion Questionnaire for Psychiatric Wards". We proceeded to the translation and
back-translation of the original instrument, the comparison between the two versions in the
original language, detection, identification and correction of any discrepancies between the two
versions, concluding the linguistic and semantic equivalence of the questionnaire, resulting from
this process the first version of the instrument. The results obtained through the opinion and
suggestions expressed by elements of the expert panel, stood out changes to the wording of
several items, however this panel found that all items were relevant and important to the study of
satisfaction and, response options were properly organized and consistent with what they wanted
to express. The results of these changes made the second version of the questionnaire. This work
was completed the cultural and linguistic adaptation of the instrument for assessing customer
satisfaction in the area of mental health.
Keywords: health care quality; instrument adaptation; customer satisfaction; mental health
INTRODUÇÃO
A avaliação da satisfação é um importante indicador da qualidade e eficácia da prestação
de cuidados de saúde que é útil na comparação de diferentes programas ou sistemas de saúde, na
identificação de aspetos que necessitam de melhorias, permitindo também a avaliação das
melhorias implementadas. Além disso, atualmente, as organizações acreditadoras de serviços
requerem informação sobre a satisfação dos utentes para a usar como um indicador de
desempenho da instituição que os presta. (Blenkiron & Hammill, 2003; Crow et al., 2002;
Edlund, Young, Kung, Sherbourne, & Wells, 2003; McMurtry & Hudson, 2000; Pego, 1998;
Pellegrin, Stuart, Maree, Frueh, & Ballenger, 2001; Ruggeri et al., 2000; Williams, Coyle, &
Healy, 1998)
Esta crescente importância atribuída à avaliação da satisfação dos utentes como medida da
qualidade de cuidados de saúde, deve-se também ao facto da satisfação ser uma importante
medida de resultado. Ela pode ser um prognóstico para se saber se os utentes seguem as
recomendações de tratamento, se voltam de novo à consulta ou se mudam de prestador de
cuidados. A probabilidade de um utente seguir as prescrições médicas, voltar de uma próxima
vez à consulta e continuar com o mesmo prestador de cuidados é mais elevada quando o utente
está satisfeito. Pelo contrário um baixo grau de satisfação pode levar a uma baixa adesão, ou
mesmo abandono do tratamento e consequentemente a um pior resultado final. (Beattie, Pinto,
Nelson, & Nelson, 2002; Carlson & Gabriel, 2001; Gasquet et al., 2004; Kuosmanen, Hatonen,
Jyrkinen, Katajisto, & Valimaki, 2006; McIntyre & Silva, 1999; Pego, 1998)
A avaliação da satisfação dos utentes de instituições de saúde tem incidido principalmente
nos cuidados de saúde primários. Contudo, nas instituições de saúde mental, este interesse é mais
recente, refletindo a necessidade destas instituições também demonstrarem a qualidade dos seus
serviços. (Pellegrin, et al., 2001) Nestas instituições, a avaliação da satisfação é importante, pelos
mesmos motivos referidos anteriormente e pelo facto de existirem evidências que a satisfação
destes utentes está relacionada com uma melhoria na sua qualidade de vida e perceção dos
sintomas. (Carlson & Gabriel, 2001; Gigantesco, Picardi, Chiaia, Balbi, & Morosini, 2002;
Ruggeri, et al., 2000)
Segundo a literatura (Barker & Orrell, 1999; Beattie, et al., 2002; Crow, et al., 2002;
Edlund, et al., 2003; Pego, 1998; Ruggeri, et al., 2000), a satisfação dos utentes é considerada
uma variável de difícil operacionalização por ser multidimensional, ou seja a satisfação dos
utentes é influenciada por diversos aspetos, que podem ser agrupados em fatores inerentes aos
serviços de saúde e fatores inerentes ao utente.
Os fatores inerentes aos serviços de saúde, designados por dimensões da satisfação, mais
usualmente identificados na literatura são: aspetos técnicos, acessibilidade/conveniência,
disponibilidade, continuidade de cuidados, aspetos financeiros, eficácia/resultado dos cuidados,
características do ambiente físico e aspetos interpessoais. (Barker & Orrell, 1999; Crow, et al.,
2002; Hendriks, Oort, Vrielink, & Smets, 2002; McIntyre & Silva, 1999; Pego, 1998; Sitzia &
Wood, 1997) Estudos, na área da saúde mental, revelam que a empatia estabelecida entre utente-
prestador de cuidados pode estar associada a um maior grau de satisfação e a uma melhoria dos
resultados, e que a falta de informação é uma determinante decisiva da insatisfação dos utentes.
(Druss, Rosenheck, & Stolar, 1999; Gigantesco, et al., 2002) Os principais fatores inerentes ao
utente, que podem influenciar a satisfação são as expectativas do utente, o estado de saúde e
características socioeconómicas e demográficas. (Crow, et al., 2002; Hasler et al., 2004; Sitzia &
Wood, 1997)
A satisfação dos utentes com os cuidados prestados pode ser avaliada de diversas formas,
sendo a entrevista e o instrumento as mais utilizadas. (Bodur, Ozdemur, & Kara, 2002; Crow, et
al., 2002; McMurtry & Hudson, 2000) O desenvolvimento integral de um instrumento de
medição é complexo, consome bastantes recursos e implica a mobilização de capacidades e
conhecimentos de natureza diversos. Assim, a adaptação cultural e linguística de instrumentos
previamente desenvolvidos e validados, constitui uma alternativa facilitadora da condução e
divulgação de medição em saúde (Ferreira & Marques, 1998; Pego, 1998). De acordo com a
European Research Group on Health Outcomes (ERGHO), existem dois passos principais para a
adaptação cultural de instrumentos de medição: (1) avaliação das equivalências linguísticas e
conceptuais, e (2) avaliação das propriedades psicométricas (sensibilidade, fidelidade e validade)
(Ferreira & Marques, 1998).
As equivalências linguísticas e conceptuais são apresentadas como sendo os critérios que
uma vez verificados nos permitem considerar determinada medida com equivalência cultural
(Ferreira & Marques, 1998). A equivalência linguística (ou semântica) compreende a verificação
de que a construção dos itens, mantém o mesmo significado que tinham na língua original. A
avaliação desta equivalência inicia-se pela realização da tradução do instrumento (Ferreira &
Marques, 1998).
A metodologia mais frequentemente utilizada compreende a tradução do instrumento
original para a língua pretendida (efetuada por um tradutor bilingue), posterior retro tradução da
versão traduzida para a língua original (efetuada por um outro tradutor bilingue, desconhecedor
da versão original), análise comparativa das duas versões na língua original e deteção,
identificação e correção de eventuais discrepâncias entre as duas versões (Cardoso, 2003;
Dorigan & Guirardello, 2013; Ferreira & Marques, 1998).
A equivalência de conteúdo (também designada como validade de conteúdo ou facial)
refere-se ao conteúdo de cada item e à sua relevância, adequação e compreensibilidade para o
conceito na cultura estudada. Esta equivalência pode ser avaliada realizando um pré-teste ao
instrumento de medição. Este pré-teste consiste na apresentação do instrumento a um painel de
peritos, de forma a obter a sua apreciação crítica relativamente à clareza, correção, compreensão,
relevância, inclusão de todos os conceitos e à redundância das itens e escalas (Cardoso, 2003;
Dorigan & Guirardello, 2013; Ferreira & Marques, 1998).
Este trabalho teve por objetivo realizar a adaptação de um instrumento, validado noutra
cultura, para avaliar a satisfação dos utentes na área da saúde mental.
METODOLOGIA
Neste trabalho realizou-se um estudo metodológico utilizando como amostra um médico,
uma enfermeira e quatro utentes do internamento de uma instituição de Saúde Mental, que
constituíram o nosso painel de peritos. Após obtenção de autorização por parte dos autores
procedeu-se à adaptação cultural e linguística de um instrumento já validado em Itália “The
Rome Opinion Questionnaire for Psychiatric Wards”. Este instrumento é constituído por onze
itens de resposta fechada e um espaço para os respondentes colocarem comentários ou sugestões
adicionais. As respostas aos itens são dadas numa escala de cinco posições. Este instrumento
encontra-se dividido em duas partes. A primeira é referente à caracterização sociodemográfica
do utente e ao tempo e tipo de internamento e a segunda relativa à avaliação da satisfação dos
utentes. Nesta última, a variável satisfação divide-se em três dimensões específicas: aspetos
técnicos dos cuidados (2 itens), aspetos interpessoais dos cuidados (6 itens) e características
físicas do ambiente (2 itens).
Devido ao facto de o instrumento original estar escrito na língua inglesa foi necessário
realizar um processo de adaptação do instrumento. Esta adaptação, envolveu quatro fases: (1)
tradução do instrumento original em inglês para português (efetuada por um tradutor bilingue),
(2) retro tradução da versão portuguesa para a original (efetuada por um outro tradutor bilingue,
desconhecedor da versão original em língua inglesa), (3) análise comparativa das duas versões
em língua inglesa e (4) deteção, identificação e correção de eventuais discrepâncias entre as duas
versões. Após a realização destes passos, pode garantir-se que a versão portuguesa é
linguisticamente equivalente à versão inglesa original. Os dois últimos pontos foram efetuados
pelos dois tradutores e pelos autores desta investigação.
Seguidamente, esta versão foi apresentada ao painel de peritos, de forma a obter a sua
apreciação crítica relativamente à clareza, correção, compreensão e relevância dos itens
(validade de conteúdo). O instrumento foi discutido item a item. Foi questionado a todos os
elementos do painel de peritos se compreendiam facilmente as instruções e itens do instrumento,
se os termos utilizados eram acessíveis a todos os utentes, se as opções de resposta estavam
RESULTADOS
Após a tradução e retro tradução do instrumento original, comparação entre as duas
versões em língua inglesa, deteção, identificação e correção de possíveis discrepâncias entre as
duas versões concluiu-se a equivalência linguística e semântica do instrumento (primeira versão
do instrumento).
Dos resultados obtidos através da opinião e sugestões expressas pelos elementos do painel
de peritos, destacam-se, alterações ao enunciado dos itens número 1, 2, 4, 5 e 9.
No item 1, “Como avalia o seu grau de satisfação quanto à adequação dos cuidados que lhe
prestaram para o tratamento do seu problema?”, o termo adequação suscitava dúvidas a alguns
utentes, por este ser um termo vago. Assim, foi sugerido alterar o item para “Como avalia o seu
grau de satisfação quanto aos cuidados que lhe prestaram para o tratamento do seu problema?”
No item 2, “Como avalia o seu grau de satisfação quanto à prontidão com que responderam
ao seu pedido de ajuda?”, o vocábulo prontidão originou dúvidas quanto à sua objetividade,
tendo sido alterada para: “Como avalia o seu grau de satisfação relativamente à resposta ao seu
pedido de ajuda?”.
No item 4, “Como avalia o seu grau de satisfação quanto ao modo como os funcionários
lidam com os pacientes agitados?”, o ponto que suscitou dúvidas foi o “quanto ao modo”, uma
vez que pode colocar a possibilidade de uma avaliação muito subjetiva. Verificamos também que
neste item, ao referir apenas pacientes agitados não obtínhamos resposta, já que não existiam
pacientes agitados. Estas constatações levaram-nos a alterar a item para “Como avalia o seu grau
de satisfação quanto à maneira como os funcionários lidam com os pacientes?”
No item 5, “Como avalia o seu grau de satisfação em relação à clareza e relevância da
informação que lhe prestaram sobre o estado da sua saúde?”, sugeriram-nos alterar o termo
relevância para importância, uma vez que era mais acessível, alterando-se para “Como avalia o
seu grau de satisfação em relação à clareza e importância da informação que lhe prestaram sobre
o estado da sua saúde?”.
No item 9, “Como avalia o seu grau de satisfação quanto às atividades de lazer que lhe
foram proporcionadas?”, foi proposto alterar o termo lazer, pelo mesmo motivo do item anterior,
ficando o item da seguinte forma: “Como avalia o seu grau de satisfação quanto às atividades de
distração que lhe foram proporcionadas?”.
DISCUSSÃO
Neste estudo, foi adaptado um instrumento multidimensional já existente. Inicialmente foi
realizada a tradução e retro tradução do instrumento original, escrito na língua inglesa, para a
língua portuguesa, conseguindo-se assim, após a comparação das duas versões e correções de
discrepâncias, uma equivalência linguística e semântica do instrumento.
Após este passo esta primeira versão do instrumento obtida, foi submetida a um painel de
peritos. Apesar de ter achado, em termos globais, que todos os itens eram relevantes e
importantes para o estudo da satisfação e que as opções de resposta estavam devidamente
ordenadas e coerentes com o que desejavam exprimir, encontrou-se uma subjetividade acentuada
na interpretação de alguns itens por parte de alguns elementos deste painel. Este facto levou-nos
a alterar determinados termos que suscitavam dúvidas de interpretação, nomeadamente pela sua
subjetividade, ficando concluída e obtida uma segunda versão do instrumento.
Com este trabalho ficou concluída a adaptação cultural e linguística de um instrumento de
avaliação da satisfação dos utentes na área da saúde mental. Ao longo da realização desta
adaptação do instrumento foi percecionada a importância da dimensão da amostra, ser
representativa, para a consistência das conclusões a retirar com a aplicação deste instrumento, já
validado, num estudo futuro. Isto porque constatamos que o grau de satisfação nos utentes do
internamento varia muito de utente para utente, dependendo de variadas condições, tais como, o
tipo e tempo de internamento, as habilitações literárias, o tipo de doença mental, entre outras,
apresentadas na literatura, como fatores que afetam a satisfação (Blenkiron & Hammill, 2003;
Crow, et al., 2002; Gigantesco, et al., 2002; Sitzia & Wood, 1997).
Relativamente aos utentes do ambulatório, embora não tenham sido incluídos no nosso
painel de peritos, pensamos que não será necessário uma amostra tão numerosa uma vez que,
como a literatura refere (Nabati, Shea, McBride, Gavin, & Bauer, 1998), estas variações não
serão tão acentuadas neste grupo.
CONCLUSÕES
Com este trabalho ficou concluída a adaptação cultural e linguística de um instrumento de
avaliação da satisfação dos utentes na área da saúde mental. Estando ainda pendente a segunda
etapa referente à validação das propriedades psicométricas do instrumento. A conclusão desta
segunda etapa permitirá obter um instrumento validado para a avaliação da satisfação dos utentes
da área da saúde mental em Portugal relativamente aos cuidados de saúde prestados no
internamento na área da saúde mental.
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Sónia Assunção *
______________________________
* Educadora de Infância, Formação em Análise Comportamental Aplicada (ABA), Centro ABCReal Portugal -
sonia.assuncao@centroabcreal.com
RESUMO
O Centro ABCReal Portugal realizou diversos estudos de caso visando realçar a eficácia
do Método ABA (Applied Behavior Analysis- Análise do Comportamento Aplicada), em
crianças e jovens com Perturbações de Desenvolvimento Gerais e no Espectro de Autismo.
O presente estudo incide sobre duas 2 crianças com 7 anos de idade com Diagnóstico de
Síndrome de Kanner, que receberam intervenção intensiva num total de 100h mensais durante 3
anos.
É objectivo do Centro ABCReal Portugal validar o estudo de Lovaas de 1987 e a eficácia
do Método ABA nos utentes do nosso Centro.
Palavras-Chave: ABA- Análise Comportamental Aplicada; PECS; Modelo de Análise
Funcional; Lovaas
RESUMEN
El Centro ABCReal Portugal llevó a cabo varios estudios de casos con el fin de comprobar
la eficacia del método ABA (Applied Behavior Analysis- análisis aplicado del comportamiento)
en niños y adolescentes con trastornos del desarrollo general y del Espectro Autista.
Este estudio se centra en dos 2 niños de 7 años de edad con diagnóstico de síndrome de
Kanner, quien recibió intervención intensiva por un total de 100 h mensuales durante 3 años.
El propósito del Centro de ABCReal Portugal validar la Lovaas estudio y la eficacia de
los usuarios método ABA de nuestro centro de 1987.
Descriptores: ABA- Applied Behavior Analysis; PECS, Functional Analysis Model; Lovaas
ABSTRACT
ABCReal Portugal conducted several case studies in order to enhance the effectiveness of
ABA (Applied Behavior Analysis), in children and adolescents with General Development
Disorders and Autism Spectrum Disorders.
The present study focuses on two 2 children with 7 years of age diagnosed with Kanner's
syndrome, who received intensive intervention with a total of 100h per month, during 3 years.
ABCReal Portugal Centre's objective is to validate the Lovaas study of 1987 and the
effectiveness of ABA amongst the centre´s clients.
Keywords: ABA- Applied Behavior Analysis; PECS, Functional Analysis Model; Lovaas
INTRODUÇÃO
As Perturbações do Espectro do Autismo estão enquadradas no grupo de perturbações mais
severas com que os profissionais de saúde mental e de educação especial têm que lidar.
Estes indivíduos apresentam repertórios “fracos”, ou seja, apresentam uma ausência de
comportamentos relevantes, sejam eles sociais (tais como contacto visual, habilidade de manter
uma conversa, verbalizações espontâneas), académicos (pré-requisitos para leitura, escrita,
matemática), ou de actividades da vida diária (habilidade de cuidar da higiene pessoal, de utilizar
a sanita ou controlo de esfíncteres). Ainda, essa mesma população apresenta alguns
comportamentos em “excesso”, ou seja, emitem comportamentos atípicos sobre a forma de birras
longas, estereotipias, auto e hétero agressões – físicas ou verbais, hiperactividade, entre outros.
A Análise Comportamental Aplicada utiliza-se de métodos baseados em princípios
científicos do comportamento para construir repertórios socialmente relevantes e reduzir
repertórios problemáticos (Cooper, Heron, & Heward, 1989).
A Análise Comportamental Aplicada oferece, portanto, ferramentas valiosas para a
reabilitação destes indivíduos.
METODOLOGIA
A Análise Comportamental Aplicada - Applied Behavior Analysis (ABA) – baseia-se nas
pesquisas iniciadas no começo da década de 70, e em 1987 por Ivar Lovaas que publicou um
primeiro estudo realizado na Califórnia, Estados Unidos, no qual apresentou resultados
validando o uso de princípios comportamentais no ensino de crianças diagnosticadas com
autismo: 19 crianças que receberam tratamento intensivo baseado na Análise Comportamental
Aplicada (ABA) 47% (9 alunos) foram completamente reintegrados na escola regular. Muita
controvérsia seguiu esta publicação, mas ao mesmo tempo um número crescente de escolas
especializadas em ABA foram criadas. As escolas especializadas que surgiram desde esta época
ainda oferecem ensino com qualidade e estão constantemente tornando público os resultados
obtidos.
“A análise comportamental aplicada é a ciência em que os procedimentos derivados dos
princípios da aprendizagem são sistematicamente aplicados para melhorar comportamentos
socialmente significativos e demonstrar experimentalmente que os procedimentos usados são
responsáveis pela melhoria do comportamento.” (Cooper, Heron, & Heward, 1989).
Pesquisas e estudos de caso provam que a intervenção com a metodologia ABA é
actualmente a forma conhecida e comprovada cientificamente para a integração dos Cidadãos
com PEA na vida activa, porque se pressupõe a sua reabilitação ou no mínimo integração
autónoma na comunidade.
TRATAMENTO E RESULTADOS
Caso A
AV, 7 anos, Síndrome de Kanner, frequenta o Centro ABCReal desde Novembro de 2009.
Usufruiu do Programa em centro de intervenção precoce de Novembro de 2009 a Agosto de
2011, num total de 25h semanais. E o programa de apoio no ensino regular, programa sombra,
desde Setembro de 2011 até à data, num total de 20h semanais.
160
140
120
Pontuação VB-Mapp
100 Programa
80 Intensivo
Centro ABA
60
40
Programa
20 Sombra na
0 Escola
Nov-09 Mai-10 Out-10 Fev-11 Set-11 Mar-12 Set-12 Mar-13
Evolução no Desenvolvimento AV
As avaliações foram realizadas a cada 6 meses. AV começou com 14 pontos, com 3 anos
de idade. Actualmente, ele pontua 120 com 6 anos de idade. O objectivo é pontuar o total de 160
pontos.
Gráfico 2: Este gráfico ilustra a pontuação na aquisição de competências relativas aos Operantes Verbais:
Pedidos, Comentários e Responder/Fazer Questões.
12
10
Pontuação VB-MAP
8 Mand
6
Tact
4
Intraverbal
2
0
Nov-09 Mai-10 Out-10 Fev-11 Set-11 Mar-12 Set-12
Comunicação Funcional
Gráfico 3: Este gráfico ilustra os ganhos no desenvolvimento da Linguagem Verbal com a utilização do
Sistema PECS.
350
300 1ª Palavra
Falada Ícones
250
200 Palavras
150
100
50
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29
Meses de Ensino com PECS
Observa-se que ao fim de 5 meses, quando a criança já utilizava cerca de 39 ícones na sua
rotina proferiu espontaneamente a sua 1ª palavra espontaneamente.
Gráfico 4: Este gráfico ilustra os ganhos noutras competências essenciais para fomentar o comportamento
verbal.
14 Receptivo
Pontuação VB-MAPP
12
Imitação
10
8 Percepção
Visual
6
Leitura
4
2
0
nov-09 mai-10 out-10 fev-11 set-11 mar-12 set-12
Competências Adicionais para
Estimular a Comportamento
Gráfico 5: Este gráfico demonstra a frequência de episódios de birra a diminuir à medida que a competência
de realizar pedidos e de esperar aumentava.
Frequência Duração
300 60
Nº de
Birras
200 40
Nº
100 20 Pedido
s (I+A)
0 0 Esperar
dez-09 jan-10 fev-10 (mins)
Birra
FEAB: Pedidos + Esperar
.
Caso B
GL, 7 anos, Síndrome de Kanner, frequenta o Centro ABCReal desde Dezembro de 2009.
Usufruiu do Programa em centro de intervenção precoce de Dezembro de 2009 a Setembro de
2012, num total de 25h semanais. O programa de apoio no ensino regular, programa sombra,
desde Setembro de 2012 até Janeiro de 2013, num total de 20h semanais. E usufrui do programa
de reforço de competências académicas, desde Janeiro de 2013, num total de 10h semanais.
• Socialização- Brincava sempre sozinho; não realizava interacções sociais e verbais com
os pares; Não partilhava nem dava a vez.
160
140
Pontuação VB-Mapp
120
100
80
60
Competências
40
20
0
Barreiras à
Dez-09 Jun-10 Dez-10 Jun-11 Dez-11 Jun-12
Aprendizagem
Evolução no Desenvolvimento GL
14
12
Pontuação VB-MAP
Mand
10 (pedidos)
8
Tact
6 (Comentários)
4
Intraverbal
2
0
Dez-09 Jun-10 Dez-10 Jun-11 Dez-11 Jun-12
Comunicação – Operantes Verbais
Gráfico 8: Este gráfico demonstra que GL beneficiou de aprender num ambiente de Grupo, adquirindo
diversas rotinas e competências de imitação que facilitaram a aquisição de competências sociais.
14
12
Pontuação VB-MAPP
10 Comportamen
to Social
8
6
Imitação
4 Motora
2
0 Competências
Dez-09 Jun-10 Dez-10 Jun-11 Dez-11 Jun-12 de Grupo
Gráfico 9: Este gráfico ilustra os ganhos desenvolvimentais em diferentes momentos da rotina de sala,
estruturada para fomentar as aprendizagens de modo Incidental.
100%
90%
Pontuação VB-MAPP
80% Rodinha
70%
60%
Brincadeira
50% Interativa
40%
30% Conversação
Básica
20%
10%
Faz-de-
0% Conta
Dez-09 Jun-10 Dez-10 Jun-11 Dez-11 Jun-12
CONCLUSÃO
Estes estudos de caso demonstram que se uma terapia comportamental for focada nos
maiores défices de uma criança, através da estruturação de uma rotina natural, criando
oportunidades de aprendizagem em ambiente estruturado (1:1) ou natural (pares/grupo) as
aprendizagens são adquirias com maior facilidade, porque há generalização do que aprendeu e
por sua a vez há uma maior consolidação do que aprende porque não associa a apenas um
ambiente mas a vários.
O número de horas é fulcral em idade pré-escolar, quanto mais horas a criança usufruir de
intervenção, maiores são os ganhos no desenvolvimento e maiores são as perspectivas de
reabilitação e integração na comunidade. Contudo, também temos estudos de caso em que jovens
e adultos, através do ensino intensivo de competências num horário de 10h semanais, resultaram
de evoluções significativas.
Em conclusão, o ABA analisa os comportamentos em défice e em excesso de um
indivíduo, através do Modelo de Análise Funcional, apurando-se o que é que o individuo
necessita de aprender para ter sucesso em determinada tarefa (conversação, responder a
instruções, ir ao wc, etc.), através do Ensino por Unidades Discretas ou Ensino Sequencial de
forma intensiva é possível qualquer indivíduo desenvolver ganhos significativos e melhorar a sua
qualidade de vida.
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Carla Martins *
Mariana Pereira **
______________________________
* Enfermeira, mestranda em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria, Centro Hospitalar e Universitário de
Coimbra – EPE - carlammartins2@gmail.com
** Enfermeira Especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria, Mestre em Enfermagem de Saúde
Mental e Psiquiatria, ACES Pinhal Litoral – Centro de Saúde Dr. Arnaldo Sampaio (Leiria) - mhpereira@outlook.pt
RESUMO
O termo adolescência vem do latim adolescere, que significa crescer. É uma etapa
intermediária do desenvolvimento, caraterizada pelo desenvolvimento de competências sociais,
do autoconceito, da autoestima e da gestão de emoções. Com o objetivo de avaliar o impacto da
terapia de grupo a nível de saúde mental e autoconceito nos adolescentes, realizada por
enfermeiros especialistas em saúde mental, foi realizado um estudo quantitativo quase
experimental, tipo pré-teste, pós-teste, sem grupo de controlo. Foram utilizados os questionários:
Inventário Clínico do Autoconceito validado para a população portuguesa por Vaz Serra (1986) e
o Inventário de Saúde Mental validado para a população portuguesa por Pais Ribeiro (2001).
A amostra não probabilística de conveniência foi constituída por 6 adolescentes, entre os
14 e 18 anos. A intervenção desenrolou-se ao longo de 9 sessões, durante 9 semanas, com a
duração de 1h30m. Antes da intervenção verificou-se que os participantes apresentavam 70,67%
ao nível da saúde mental, sendo que após a intervenção verificou-se um aumento em termos
médios do nível de saúde mental (75,33%). O mesmo se verificou a nível do autoconceito: 61,67
num primeiro momento e 63,83 após a intervenção. Contudo os resultados obtidos são
estatisticamente não significativos.
Os resultados obtidos realçam a importância deste tipo de intervenção na promoção da
saúde mental nos adolescentes. O número de sessões efetuadas bem como a amostra reduzida
constituem limitações do estudo na medida em que com um maior número de sessões e de
participantes se poderá chegar a resultados mais credíveis.
Palavras-Chave: saúde mental; autoconceito; adolescentes; psicoterapia.
RESUMEN
El término de la adolescencia viene latín adolescere, que significa crecer. Se trata de una
etapa intermedia de desarrollo, caracterizado por el desarrollo de habilidades sociales,
autoconcepto, la autoestima y el manejo de las emociones. A fin de evaluar el impacto de la
terapia de grupo a la salud mental y el autoconcepto en adolescentes, realizado por enfermeras
especialistas en salud mental, se hizo un estudio cuantitativo grupo cuasi-experimental, tipo pre
test pos test sin control. Se utilizó cuestionarios: Inventário Clínico do Autoconceito validado
para la población portuguesa por Vaz Serra (1986 ) y el Inventário de Saúde Mental validado
para la población portuguesa por Pais Ribeiro (2001).
La muestra no probabilística por conveniencia consistió en seis adolescentes, de edades
comprendidas entre 14 y 18 años. La intervención se llevó a cabo en 9 sesiones durante 9
semanas 1h30m duradera. Antes de la intervención mostraron que los participantes tuvieron
70,67 % a la salud mental, y después de la intervención, se produjo un aumento promedio en
términos del nivel de salud mental (75,33%). Lo mismo ocurrió en el nivel de autoconcepto:
61.67 y después de la intervención 63.83. Sin embargo los resultados no son estadísticamente
significativas.
Los resultados destacan la importancia de este tipo de intervención en promoción de la
salud mental en los adolescentes. El número de sesiones realizadas y la muestra son las
limitaciones del estudio en el que un mayor número de sesiones y los participantes pueden
obtener resultados más confiables.
Descriptores: Salud mental; auto imagem; adolescente; psicoterapia
ABSTRACT
The term adolescence comes from the latin adolescere, which means grow. It is an
intermediate stage of development, characterized by the development of social skills, self-
concept, self-esteem and managing emotions. To assess the impact of group therapy at mental
health and self-concept in adolescents, conducted by mental health nurse, was accomplished a
study quantitative quasi-experimental, without control group. We used questionnaires: Inventário
Clínico do Autoconceito validated for the portuguese population by Vaz Serra (1986) and the
Inventário de Saúde Mental validated for the portuguese population by Pais Ribeiro (2001).
The non-probability sample of convenience consisted of six teenagers, between 14 and 18
years. The intervention took place over 9 sessions for 9 weeks. Before the intervention showed
that participants had 70.67% at mental health, and after the intervention, there was an average
increase in terms of the level of mental health (75.33 %). The same was true at the level of self-
concept: 61.67 at first and 63.83 after the intervention. However, the results are not statistically
significant.
The results highlight the importance of this type of intervention in promoting mental health
in adolescents. The number of sessions conducted and the small sample are limitations of the
study in that a greater number of sessions and participants may get results that are more reliable.
Keywords: Mental health; self concept; adolescent; psychotherapy
INTRODUÇÃO
Hoje vivemos em sociedades cada vez mais impessoais e tecnológicas que exigem do
individuo a procura da própria identidade, a necessidade de conhecer-se a si mesmo. Observando
o adolescente neste paradigma social e tendo presente o conjunto das transformações a que o seu
crescimento/desenvolvimento natural obriga, enquadra-se a necessidade de serem desenvolvidas
intervenções voltadas para os aspetos sociais e emocionais do adolescente, considerando os
diferentes contextos em que interage.
A adolescência, etapa conturbada do desenvolvimento humano, carateriza-se por
comportamentos irreverentes, pelo questionamento dos modelos e padrões infantis, pelo
desenvolvimento de competências sociais, de procura de identidade e de autonomia, de
diferenciação e de gestão de emoções, de tomada de decisão; e pelo desenvolvimento do
autoconceito (AC) e da autoestima (Moreira e Melo, 2005; Sampaio, 2006); tarefas que se
podem traduzir numa dificuldade acrescida nestes novos padrões de vivência da sociedade.
Esta etapa do desenvolvimento físico e psicológico representa um período de mudanças em
quase todos os aspetos da vida: física, mental, social e emocional da criança (Sprinthall &
Collins, 2008). O que torna os adolescentes particularmente propensos a sentimentos de
ansiedade e depressão (Brito, 2011).
A par das alterações hormonais e morfológicas emergem novas capacidades de sentir,
pensar e agir; o adolescente enfrenta a necessidade de se redefinir em relação ao seu corpo
sexuado, à sua identidade psíquica e ao seu meio, em relação aos pais e aos pares (Sampaio,
2006).
A principal barreira enfrentada pelos adolescentes é o estabelecimento de uma identidade,
uma noção sólida e coerente de quem são, para onde vão e onde se encaixam na sociedade
(Shaffer, 2005), sendo assim importante que os jovens desenvolvam uma perceção realista
acerca de si próprios.
Faria (2005) refere a importância do estudo do AC, analisando o seu carácter preditivo
quanto à realização dos indivíduos nos diversos domínios da existência, entre eles o académico,
o físico e o social. Sendo este fator de particular relevância como fator motivacional associado à
motivação escolar, ao bem-estar do sujeito e ao seu desenvolvimento harmonioso.
Segundo Vaz Serra (1986) o AC é um constructo integrador que leva a reconhecer a
unidade, a identidade pessoal e a coerência do comportamento de um indivíduo, consiste na
perceção que um indivíduo tem de si próprio nas mais variadas facetas, sejam elas de natureza
social, emocional, física ou académica. Desta forma, assume um papel importante pois,
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de investigação quase experimental do tipo pré-teste e pós-teste,
sem grupo de controlo (Fortin, 2003), sendo feita uma análise descritiva e comparativa dos
resultados obtidos, antes e após a intervenção de enfermagem pelo enfermeiro especialista em
SM e psiquiátrica.
O instrumento de avaliação foi constituído por duas partes. A primeira parte foi composta
pelos dados pessoais, a segunda parte foi constituída pelos questionários: Inventário Clínico do
Autoconceito validado para a população portuguesa por Vaz Serra (1986) e o Inventário de
Saúde Mental validado para a população portuguesa por Pais Ribeiro (2001). A autorização
formal para a utilização dos questionários foi pedida e concedida por meio de correio eletrónico
pelos autores principais que mantêm os direitos autorais do instrumento. A participação da
amostra foi voluntária, tendo sido dada autorização quer pelos encarregados de educação quer
pelos participantes, sendo assim respeitados os princípios éticos.
A intervenção consistiu na realização de nove sessões de terapia de grupo de base
psicoterapêutica e psicoeducativa, desenvolvidas semanalmente, durante uma hora e trinta
minutos. Para cada sessão foram desenvolvidas antecipadamente várias intervenções de
enfermagem especializadas em SM adequadas ao grupo. Privilegiaram-se temáticas que visam o
autoconhecimento; a aquisição de competências de comunicação, gestão de emoções;
assertividade, capacitação para a tomada de decisão e capacidade para resistir à pressão dos
pares.
A amostra é considerada não probabilística de conveniência (Fortin, 2003). Tendo sido
constituída por 6 adolescentes entre os 14 e 18 anos, que participaram assiduamente nas sessões
de grupo. O tratamento estatístico dos dados recolhidos foi efetuado informaticamente, com
recurso ao programa Statistic Package for the Social Sciences, versão 14.0 para Windows XP,
sendo utilizada a estatística descritiva e a estatística inferencial, sendo selecionado o teste não
paramétrico de Wilcoxon atendendo ao tamanho da amostra.
RESULTADOS
O grupo foi constituído por 2 elementos do género feminino e 4 do masculino. A idade dos
participantes situou-se entre os 14 e os 18 anos, sendo a média de idades 16,17. Frequentavam
todo o ensino escolar, entre o 9.º ano e o 12.º ano de escolaridade.
Gráfico 1 - Caracterização da amostra quanto ao nível de SM dos participantes antes e após a intervenção em
grupo.
No que diz as diferentes dimensões verifica-se que após a intervenção houve uma melhoria
a nível do afeto positivo, laços emocionais e um maior controlo emocional/comportamental. Por
outro lado verificou-se um aumento a nível da ansiedade e depressão (Gráfico 2).
Gráfico 2 - Caracterização da amostra quanto ao nível de SM dos participantes antes e após a intervenção em
grupo, tendo em conta os resultados obtidos nas subescalas do Inventário em SM
Gráfico 3 - Caracterização da amostra quanto ao nível de AC dos participantes antes e após a intervenção em
grupo
A nível das subescalas verificou-se uma melhoria a nível de todas as subescalas: aceitação
social, autoeficácia, maturidade psicológica (senda nesta a diferença mais significativa) e
diminuição da impulsividade (Gráfico 4).
Gráfico 4 - Caracterização da amostra quanto ao nível de AC dos participantes antes e após a intervenção em
grupo, tendo em conta os resultados obtidos nas subescalas do Inventário Clínico do Autoconceito
Para os testes de hipóteses foi utilizado o teste de Wilcoxon. Apesar de em termos médios
se observar aumento ao nível de SM e do AC, as diferenças são estatisticamente não
significativas (p>0,05).
DISCUSSÃO
Constatamos que os resultados obtidos no fim da intervenção indicam aumento de
depressão e ansiedade, a par com a melhoria nos valores alcançados para AC e SM. Sendo o
autoconceito uma organização hierárquica e multidimensional de um conjunto de perceções de si
mesmo, é adaptável e regulado pelo dinamismo individual, pelas características da interação
social e pelo contexto situacional (Assis et al, 2003). Vaz Serra (1986) considera que um bom
AC ajuda o individuo a ter uma perceção positiva de si e a ter estratégias de coping mais
adequadas; a perceber o mundo de forma menos ameaçadora e por conseguinte a ter uma melhor
SM.
Ora, o Inventário Clínico do AC é uma escala unidimensional construída com o objetivo de
medir somente os aspetos emocionais e sociais do AC, mas sendo o AC multifacetado pode ser
entendido segundo uma perspetiva emocional, social, física e académica.
Assim, consideramos pertinente considerar o período em que o programa foi desenvolvido,
final do terceiro período escolar com preparação e realização de exames nacionais.
Faria (2005) relembra que a dimensão académica é uma das mais importantes no
autoconceito, em que a pressão do contexto escolar, a comparação com os outros e o feedback
dos outros significativos acerca da competência pessoal são fatores dos contextos de vida do
adolescente, que estão relacionados com o desenvolvimento de um autoconceito irrealista. Vaz
Serra (1986) descreve ainda como fatores importantes envolvidos na génese do AC: o modo
como o comportamento do sujeito é julgado pelos outros; o feedback que o sujeito guarda do
próprio desempenho; o julgamento que faz acerca do próprio comportamento tendo em conta as
regras estabelecidas para um determinado grupo normativo em que se insere e a comparação que
faz do seu comportamento e o daqueles que considera como os seus pares sociais. Deste modo, e
uma vez mais relembrando o contexto de avaliação académica, etapa crucial na definição de
metas no futuro dos jovens, constitui-se uma situação em que o jovem se vê indubitavelmente
em comparação com os seus pares, o que o leva a perceber-se como mais capaz ou menos capaz,
melhor ou pior que os outros. Dito isto, podemos compreender que o nível emocional e social
tenha aumentado, pois a escala em questão só nos permite estas avaliações. Mas, colocamos em
questão a pertinência da utilização de outro instrumento capaz de avaliar o AC académico.
Teríamos obtido também o acréscimo do seu valor, ou poderia este estar diminuído justificando
o aumento da ansiedade e depressão? Esta questão surge no entendimento ao que Vaz Serra,
Matos e Gonçalves (1986) citados por Vaz Serra (1986) comprovam, que indivíduos que
CONCLUSÕES
Em análise à nossa questão de partida: qual o impacto de terapia de grupo nos domínios
AC e SM do adolescente conclui-se que os resultados apontam para a não efetividade do
programa, na medida em que os resultados não são estatisticamente significativos. No entanto o
objetivo inicialmente proposto foi alcançado, uma vez que houve uma melhoria do nível de SM e
do AC da amostra em estudo.
Apresenta algumas limitações sobretudo pela dificuldade na definição do constructo AC e
de instrumentos que permitam a sua avaliação, fator que dificulta a comparação de resultados
entre os diversos estudos. Bem como, por não terem sido encontradas referências que relacionem
as duas variáveis em estudo: AC e SM.
Embora os resultados não sejam totalmente satisfatórios, esta reflexão revelou-se
pertinente, bem como a sua divulgação, no sentido de contribuir para que os profissionais de SM
estejam mais despertos para esta temática.
Neste sentido, propomos para futuras investigações a discussão de estratégias e
intervenções no domínio da promoção do AC e da SM capazes de contribuir positivamente para
um desenvolvimento mentalmente saudável.
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http://baes.ua.pt/handle/10849/82
Carlos Melo-Dias *
______________________________
* Professor Adjunto da ESEnfC. RN, MSN, Especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica.
Doutorando em Enfermagem Universidade Católica Portuguesa, Instituto Ciências da Saúde, Porto -
cmelodias@esenfc.pt
RESUMO
Este artigo apresenta uma forma de investigar com pessoas com Esquizofrenia para o
desenvolvimento de práticas de Enfermagem baseadas na evidência e disponibilização de
intervenções com qualidade e de eficácia recentes.
A formação em habilidades de conversação como processo indispensável para o “regresso
à comunidade foi o modelo de formação num setting de internamento hospitalar “Agudos”,
através dum desenho de investigação quasi-experimental, ao longo de 12 sessões, com avaliação
em três momentos, pré, pós, e follow-up aos 3 meses.
Da bateria de escalas de avaliação podem-se salientar alterações significativas na
vulnerabilidade ao stress, no estado de ansiedade, na autoeficácia geral, e no desempenho
pessoal e social, mas apenas relativas a subgrupos de participantes do grupo experimental, e
apenas em alguns momentos de avaliação pós-formação e follow-up.
Palavras-chave: Enfermagem; Conversação; Esquizofrenia; Habilidades.
RESUMEN
En este artículo se presenta una manera de investigar a las personas con esquizofrenia para
desarrollar en la práctica de enfermería las intervenciones basadas en la evidencia y la prestación
de asistencia de calidad y eficacia reciente.
El entrenamiento en habilidades de conversación como proceso indispensable a "regresar a
la comunidad” fue el modelo de formación en el ámbito hospitalario "agudos", a través de un
diseño de investigación cuasi-experimental, dividido en 12 sesiones, y evaluado al inicio,
durante, al final y tres meses después de terminar el estudio.
Gracias a un conjunto de escalas de evaluación se pueden observar cambios significativos
en la vulnerabilidad al estrés, en la ansiedad estado, en la autoeficacia en general, y en el
rendimiento personal y social.
Esta evolución sólo es notable en el grupo experimental y sólo unos pocos puntos
temporales después de la capacitación y seguimiento.
Descriptores: Enfermería, Habilidades de Comunicación, Esquizofrenia.
ABSTRACT
This article presents a way to investigate persons with schizophrenia to develop nursing
evidence-based practice interventions and making available the latest quality and effectiveness
interventions.
The conversational skills training as an indispensable process for "returning to the
community” was the training model, in the Acute Psychiatry Hospital Setting through an design
of quasi-experimental research, over 12 sessions, with assessment on three moments, pre, post
and follow-up at 3 months.
From the rating scales battery we may note significant changes in vulnerability to stress,
state of anxiety, general self-efficacy, and in personal and social performance, but only for a
subgroup of participants in the experimental group, and only at some moments of post-training
assessment and follow-up.
Keywords: Nursing; Conversation; Schizophrenia; Skills.
alucinações – e dos sintomas negativos – como por exemplo a solidão e o isolamento social
(Liberman RP, 2002; Ekdawi, 2002; Santos MJH, 2000; Stuart GM, 2001; Briddon J, 2003).
Todos estes fatores fazem com que as pessoas com esquizofrenia sintam com frequência
que lhes foram “roubadas” as experiências de vida que esperavam desfrutar antes de adoecerem.
Sentem-se desajustadas precisando frequentemente de ajuda para definirem as suas habilidades,
capacidades, interesses e talentos que conduzem à realização individual (Stuart GM, 2001).
Assim, estas dificuldades de funcionamento social podem resultar de três circunstâncias: a
pessoa não saber como se faz corretamente, a pessoa não usar as capacidades que já tem quando
estas são requeridas, ou os comportamentos inapropriados não permitirem o surgimento do
comportamento correto (Bellack AS, 2004).
No Modelo da Vulnerabilidade é proposto que cada um de nós é dotado com um certo grau
de vulnerabilidade que em determinadas circunstâncias propícias se expressa com um episódio
da doença esquizofrenia. A vulnerabilidade de um indivíduo para qualquer doença representa e
determina o risco, nomeadamente a facilidade e a frequência com que determinados desafios à
homeostasia possam levar à perturbação.
Numa forma sintética, podem apresentar-se as quatro razões principais para a utilização da
aprendizagem de habilidades sociais nos doentes com esquizofrenia (Liberman RP, 1997):
1. O ajustamento social premórbido prediz, consideravelmente, o posterior curso e
evolução das perturbações psiquiátricas;
2. O funcionamento social é deficiente em crianças que apresentam risco de vir a
sofrer de esquizofrenia;
3. O défice em aptidões sociais, frequentemente presente em pessoas que sofrem de
perturbações mentais, é um fator prognóstico para a recaída e o regresso ao internamento
hospitalar;
4. A aprendizagem de aptidões sociais reduz o índice de recaídas em esquizofrenia.
Sabendo-se que os sintomas negativos são sensíveis aos níveis de estimulação social e
ambiental (Wing, 2002) e sabendo-se que uma intervenção para a melhoria das competências
psicossociais provoca, normalmente, uma diminuição nos sintomas negativos (Shepherd, 2002),
é, imediatamente após o debelar dos sintomas positivos da fase ativa da doença,
concomitantemente com a medicação psiquiátrica prescrita, que definimos como o momento
clínico do processo de mudança na vida da pessoa com perturbação psicótica em que se torna
pertinente uma intervenção de aprendizagem ao nível das habilidades para a vida social.
(SOCIAL)
Os contextos não são estáticos, assim, uma conduta pode ser considerada adequada numa
determinada situação e não o ser em outra, determinando a impossibilidade de desenvolver uma
definição consistente de habilidade social.
De um modo geral podemos referir que as pessoas deverão obedecer a determinadas regras
(as quais implicaram algum autocontrolo) desenvolvidas como produtos aprendidos e aceites, e
cujo não cumprimento pode dar lugar a sanções sociais e/ou ruturas de relações com os outros e
com o próprio. Apesar destas “limitações”, é também exigido à pessoa, uma flexibilidade e
diversidade comportamental dessas mesmas regras, dada a rápida e constante evolução e
sucessão das situações no tempo.
Integrando diferentes pontos de vista “a conduta socialmente habilidosa é um conjunto de
condutas emitidas por um pessoa num contexto interpessoal que exprime sentimentos, atitudes,
desejos, opiniões e direitos desse pessoa de um modo adequado à situação, respeitando as
condutas dos demais, e que geralmente resolve os problemas imediatos da situação, enquanto
minimiza a probabilidade de futuros problemas” (Caballo VE, 1999) (Trower, 1999) (Coelho
CM, 1999).
METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO
METODOLOGIA DE INTERVENÇÃO
Dezembro
Mês » » » » » » »
2011
Dia 12 13 14 15 16 17 18 …
Dia da semana 2ªf 3ªf 4ªf 5ªf 6ªf Sábado Domingo …
Sessão
Sessão Sessão
Sessão Sessão Sessão Sessão Sessão Sessão Avaliação
Avaliação Avaliação
1 3 5 7 9 11 T3
T1 T2
(Follow-up)
Decorreu
Decorreu ao 10h30- 10h30- 10h30- 10h30- Em várias
10h30-11h30 10h30-11h30 ao longo do
longo do dia 11h30 11h30 11h30 11h30 horas do dia
dia
Observação, Falar
Escuta Terminar Falar com
ouvir falar, Falar ao
ativa de falar desconhecido
Comunicaçã telefone
o não-verbal
RESULTADOS
CONCLUSÃO
Nota:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Marina Cordeiro *
Marina Pereira **
______________________________
* Mestre em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria, Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Leiria
- marinasscordeiro@gmail.com
** Enfermeira Especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria, ACES Pinhal Litoral – Centro de Saúde
Dr. Arnaldo Sampaio (Leiria) - mhpereira@outlook.pt
RESUMO
RESUMEN
El trastorno bipolar es una enfermedad mental grave, crónica e incapacitante, con efectos
negativos en el sistema familiar y integración social de la persona. La evidencia apunta a la
importancia del desarrollo de la farmacología junto con psicoterapia a fin de reducir los síntomas
y sus secuelas.
El presente trabajo se trata de un estudio de caso de un paciente con un diagnóstico de
trastorno bipolar, que ha desarrollado un servicio de psiquiatría de un hospital de la zona centro,
durante un episodio de 15 días. La recolección de datos se realizó a través de entrevistas de la
ABSTRACT
Bipolar disorder is a severe, chronic and disabling mental disorder, with a negative impact
on the family system and social integration of the person. The evidence about the treatment in
these situations points to the importance of combine pharmacology with psychotherapy to reduce
symptoms and improve the client’s quality of life.
This is a study case of a patient with a diagnosis of bipolar disorder, developed in an
psychiatric acute ward until his discharge, with a duration of 15 days. Data collection was
conducted through nursing interviews, participant observation and patient’s file analysis, and
provided a basis for the nursing care plan elaboration, using the International Classification for
Nursing Practice (version 2). The intervention with the patient was conducted by a mental health
nurse and consisted of: individual and group psychotherapeutic interventions, mainly based on
cognitive-behavior theory; psychosocial and psychoeducational interventions; with the main goal
to promote the mental health recovery of the patient. All legal and ethical issues were respected.
The intervention was effective in the patient’s mental health recovery, with an
improvement of his mood, a decrease of his anxiety and a manifest intention of medication
compliance, which resulted in a positive change in the nursing diagnoses and mental exam.
The major limitation identified was related to the therapeutic intervention short duration,
once there was no continuity of it after the patient discharge.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
RESULTADOS
Caracterização do caso
O Sr. Mário dirigiu-se ao serviço de urgência de um hospital da região centro por
sentimentos de “perda do controlo” (sic), angústia e desespero, tendo-lhe sido sugerido
internamento no serviço de psiquiatria, que aceitou sem objeção.
Foi-lhe diagnosticada perturbação bipolar nos seus 21 anos de idade que medicava com
Priadel®, Zyprexa®, Lorenin®, Depakine® e Eutirox®. No entanto foi manifestado pelo
próprio uma fraca adesão terapêutica e um processo de automedicação, uma vez que a mesma
implicava a necessidade de um horário rígido e rotineiro que assumia repercussões nas suas
atividades diárias e profissionais.
No que diz respeito a história familiar de doença mental, foi referido que a avó materna
tinha Alzheimer e que uma prima em primeiro grau (do lado materno) tinha doença bipolar.
Exame Mental
O exame mental foi realizado antes e após a intervenção realizada, seguindo as orientações
de Trzepacz e Baker (2001), sendo descritos no quadro 1 apenas os itens cuja avaliação revelou
alterações do padrão considerado normal.
Diagnósticos de enfermagem
Os diagnósticos de enfermagem, expostos no quadro 2, foram formulados antes da
intervenção com recurso a linguagem CIPE2, atendendo à priorização dos problemas mais
pertinentes para o cliente, e foram reavaliados após a mesma.
DISCUSSÃO
não ter contribuído diretamente para a alteração dos diagnósticos de enfermagem, possibilitou
que a mesma conseguisse definir estratégias que promovessem a adesão do cliente à terapêutica
no seu dia-a-dia, através de uma melhor compreensão da doença, prognóstico e tratamento; e que
prevenissem recaídas, como por exemplo através da criação de rotinas diárias de forma a evitar o
contacto com situações stressantes. Acredita-se assim que, com a intervenção familiar
desenvolvida, foi possível potenciar a prevenção de recaídas no cliente, indo ao encontro do
referido pelos autores. No entanto, tendo em consideração que não foi realizado um follow-up do
cliente após a sua alta, não é possível afirmar que estas tenham sido eficazes para o mesmo.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Trad.). Lisboa: Climepsi.
Valéria Mokwa *
Fátima Gonini *
Rita Petrenas *
Paulo Ribeiro **
______________________________
* Doutorandas em Educação Escolar na UNESP – São Paulo State University, Brasil - valeriamokwa@gmail.com
** Professor do Mestrado em Educação Sexual na UNESP – São Paulo State University, Brasil -
paulorennes@fclar.unesp.br
RESUMO
RESUMEN
coito. Es necesario trabajar de una forma mas efectiva la educación sexual durante la educación
para la salud en la escuela, aumentando su alcance y destacando temas de ciudadanía, prejuicios
e derechos, otorgando elementos de aprendizaje y reflexiones que resulten en una vida saludable,
consciente y feliz para los jóvenes involucrados en esta formación.
Palabras claves: Educación para la salud. La educación sexual. Música.
ABSTRACT
The sexuality discussion is complex and requires an understanding of values and stripping
oneself of taboos and prejudices, as it is necessary for education to health to address the theme
effectively. Thus, music use as a language to the individual better understands their sexuality is a
possibility to prevent psychic and psychosomatics issues and further mental health. In this paper
we aimed to capture the vision of sexuality of students through workshops using music, applying
a qualitative-quantitative methodology with the participation of 54 students from the 6th grade of
primary school. Participants created new lyrics for a song they already knew by applying the
concepts they had about sexuality. The data were analyzed using “Content Analysis” and the
results show that students have little scientific knowledge about sex and sexuality, and lack of
information on the topic since they consider sexuality/sex the sexual intercourse. It is necessary
to work on sex education in the area of health education more effectively in schools, including
citizenship, prejudices and rights, including elements of learning and thinking, enabling a more
dignified, conscious, happy and healthy life for our youth involved in this formation.
Keywords: Health education. Sex education. Music.
INTRODUÇÃO
A música tem representação significativa na vida do indivíduo, resultando em bem estar,
sendo importante compreendê-la como subsídio para trabalhar as questões de saúde, educação e
expressão sexual. Nesse estudo objetivamos apreender a visão que os educandos têm sobre sexo
e sexualidade, empregando metodologia que utiliza a música como ferramenta.
A sexualidade gera discussão e interesse por estudiosos de diferentes áreas,
principalmente, devido às doenças sexualmente transmissíveis (DST) e as opiniões divergentes
quanto à abordagem do assunto, proporcionando uma série de concepções, comportamentos,
preconceitos e estereótipos.
A temática abordada é considerada como um conjunto de acontecimentos relacionados à
vida sexual do ser humano, constituindo-se em aspecto central de sua identidade e construída
ego, para se defender de diferentes situações, utiliza a atividade musical para atingir distintos
objetivos.
O indivíduo expressa e produz as construções dos indicadores culturais através da música.
Eles medem elementos da vida que refletem valores e representações que sempre estão sujeitos à
manipulação social (Bauer & Gaskell, 2002).
O uso da música como linguagem, pode contribuir para melhor compreensão do mundo e
de si mesmo, podendo evitar a psicossomatização de patologias (Mokwa e Bueno, 2008).
Pensando na sexualidade, a música pode transportar diversas formas de emoções e
situações acerca do processo de sublimação, sendo ela arte é entendida como uma energia sexual
primitiva em transformação. A música é considerada como uma espécie de gratificação,
conduzindo ao alívio da tensão sexual (Ruud, 1990).
A música oferece meios excepcionais de ajuda e reparação, como no caso das músicas
folclóricas, de roda e jogos cantados, acalantos e canções de ninar, que se referem às lembranças
de infância.
Na busca de estudar a sexualidade na educação para saúde e os aspectos biopsicossociais
que os contemplam, o fundamental é o pensamento transdisciplinar, para que esses atributos não
sejam separados, mas sim concorram para uma visão holística, de forma contextualizada, a
respeito da sexualidade, promovendo o bem estar do indivíduo. Acreditamos que no ambiente
escolar o indivíduo apreende atitudes e habilidades que são articuladas às suas experiências
vivenciadas no cotidiano. Essas conquistas orientam o aluno para o reconhecimento e expressão
de suas necessidades, possibilitando a oportunidade de refletir sobre seu papel histórico e
colaborando para possíveis transformações por intermédio da consciência e mudança social
(Lervolino, 2000).
Neste sentido, a educação para saúde pretende “colaborar na formação de uma consciência
crítica no escolar, resultando na aquisição de práticas que visem à promoção, manutenção e
recuperação da própria saúde e da saúde da comunidade da qual faz parte” (Focesi, 1992, p.19).
Ao pensarmos em educação para saúde promovendo a educação sexual, vislumbramos o
homem em sua totalidade, dando atenção às questões que se reportem à musicalidade e aos seus
efeitos na apreensão da sexualidade humana.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa quali-quantitativa (Silva, 1988) desenvolvida em duas fases. A
princípio, foi aplicado um questionário fechado para 54 participantes, sendo alunos que tiveram
interesse pelo estudo, após o aceite da direção e os pais assinarem o termo de consentimento
livre esclarecido; 29 estudantes do 6º ano A e 25 estudantes do 6º ano B da educação básica de
uma escola pública do interior paulista. Nesse estudo apresentaremos apenas a análise de duas
questões que abordam concepções sobre sexo e sexualidade, e dados que revelam o perfil dos
alunos pesquisados.
Na segunda etapa da pesquisa, realizamos a intervenção com oficinas utilizando música.
Essa atividade é denominada Recriação, e consiste em criar uma nova letra para uma música
conhecida, empregando conceitos sobre sexualidade. Neste trabalho foi usada a música “Velha
Infância” (Tribalistas - Composição: Arnaldo Antunes/ Carlinhos Brown/ Marisa Monte).
A análise do material se fundamentou na análise temática que incide na observação dos
“núcleos de sentido” que compõem a comunicação, e cuja presença ou frequência de aparição
poderá significar alguma coisa para o objetivo analítico escolhido (Bardin, 1995).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Apresentaremos resultados obtidos na análise de duas questões relacionados à apreensão
da sexualidade, bem como os resultados obtidos na atividade da Recriação.
1° Momento - Respostas e identificação dos participantes
Dos 54 estudantes participantes do estudo (identificados com número e a letra maiúscula A
ou B), 35 eram do sexo feminino e 19 do sexo masculino, na faixa etária entre 10 e 14 anos de
idade, sendo o critério de idade motivo para a escolha dos participantes, devido o jovem está no
ápice das transformações biopsicossociais.
Os participantes relataram, na maioria, serem praticantes da religião católica e evangélica e
os demais se classificaram sem religião. Esses dados são relevantes, pois a educação sexual é um
processo que acompanha o indivíduo durante toda a vida, ela ocorre de maneira informal pelas
instituições sociais como a escola, igreja e família, ou seja, por “Processos culturais contínuos
desde o nascimento que [...] direcionam os indivíduos para diferentes atitudes e comportamentos
ligados à manifestação de sua sexualidade” (Ribeiro, 1990, p. 2).
Os dados apresentados demonstram o perfil dos educandos e permite conhecer
sucintamente o porquê dos participantes expressarem determinadas representações sobre a
sexualidade, já que as mesmas podem estar relacionadas a certas particularidades do perfil do
grupo, como os dados sociais e culturais.
Na resposta sobre o que é sexo, houve 11 ocorrências assinalando que são os órgãos
genitais, 40 referiram ser a relação sexual e 22 apontaram como sendo feminino e masculino.
O ser humano recebe influências que vão permitindo a ele formular conceitos que são
advindos do meio em que ele está inserido e vão acompanhá-lo por toda a vida, o que nos leva a
entender a necessidade de uma educação sexual através da educação para a saúde desde a tenra
idade, assegurando formação cidadã acerca da temática.
Observamos que os discentes apresentam confusão em relação aos conceitos sexo e
sexualidade, confundindo com gênero, com os aspectos biológicos, e com o ato sexual, ligado ao
prazer e à reprodução. Essas questões são de grande relevância na pesquisa, pois possibilitam
questionamentos e reflexões sobre o trabalho realizado nesse aspecto, no cotidiano escolar e
como a ausência de educação sexual pode afetar a saúde do aluno.
Os participantes não demonstraram ter consciência de que a sexualidade é também amor,
relacionamento, sentimento, forma de viver e de se expressar e enfatizam nas suas respostas, que
a sexualidade é o ato sexual, conhecimento/desenvolvimento do próprio corpo e do parceiro (a),
paquerar, transar e se masturbar, ou seja, um olhar que contempla o prazer, o ato em si.
O binômio sexualidade/sexo apresentado por eles evidencia a visão advinda do senso
comum, visão essa, entendida por Nunes (1997, p. 23) como sendo “o pensamento simplista,
preconceituoso, carregado de equívocos, eivado da ideologia dominante”, o que dificulta o
paradigma mais amplo da sexualidade, reforçando o ato em si, necessitando ampliar a visão
holística do ser humano.
Você é assim. Um beijo pra mim. Te quero a todo instante. Eu amo você.
E sempre amarei. Nunca te deixarei... Refrão: A gente não quer ter.
Doenças nem o HIV. Quero me proteger contigo. Porque eu te amo. E
Você é o meu amor. Meus olhos abriram. Uso camisinha. E elas nos
protegem. De cedo até noite. Te encho de beijos. E sigo os seus passos.
Refrão: Você é assim... É vida Pra mim. Saúde Pra mim. Você é assim...
Família pra mim Saúde Pra mim.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo buscamos apreender a visão de sexualidade e as implicações da música com
um grupo de alunos, e depreendemos que a sexualidade é assunto que possui uma representação
apoiada em valores sociais ultrapassados e arcaicos, apresentando visão simplista sobre o tema.
Os conceitos de sexualidade e sexo são entendidos como relação sexual (prazer) e carregados de
símbolos. Os dados destacam haver necessidade maior de se trabalhar a sexualidade de forma
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In Romanelli, G. (Org). Diálogos metodológicos sobre práticas de pesquisa (pp. 159-174). Ribeirão Preto: Editora
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Elizabete Borges *
________________________________
* Professora Adjunta, Escola Superior de Enfermagem do Porto - elizabete@esenf.pt
** Professora Coordenadora, Escola Superior de Enfermagem do Porto - teresarodrigues@esenf.pt
RESUMO
O stresse relacionado com o trabalho é uma realidade no contexto laboral dos enfermeiros
(Tuvesson, Eklund & Wann-Hansson, 2012). Enquanto emoções negativas, a ansiedade e a
depressão são vivenciadas pelos enfermeiros decorrentes da sua atividade laboral (Schmidt,
Dantas & Marziale, 2012). Estudo de natureza quantitativa, exploratório, descritivo e transversal.
Amostra não probabilística de 151 enfermeiros. Recorremos ao Inventário de Respostas e
Recursos Pessoais (IRRP) Versão do Brief Personal Survey (BPS) de Major e Webb (1988)
traduzida para a língua portuguesa por McIntyre, McIntyre e Silvério (1995) para descrever
respostas de stresse. Ansiedade e Depressão foram respostas de stresse evidenciadas pelos
enfermeiros no contexto de trabalho.
Palavras-chave: Ansiedade; Depressão; Stresse; Enfermeiros
RESUMEN
ABSTRACT
Work related stress is a reality in the nurses's labor context (Tuvesson, Eklund & Wann-
Hansson, 2012). As negative emotions, anxiety and depression are lived by nurses as a result of
their labor activity (Schmidt, Dantas & Marziale, 2012). Quantitative, exploratory, descriptive
and transverse study. Non probabilistic sample of 151 nurses. We use the Inventário de
Respostas e Recursos Pessoais (IRRP) Brief Personal Survey version (BPS) from Major e Webb
OBJETIVOS
METODOLOGIA
RESULTADOS
Os participantes do estudo eram predominantemente do sexo feminino (84,8%), com uma
idade média de 33,2 anos (DP=5,7), tempo médio de serviço na profissão de 10,4 anos (DP=5,1),
na instituição de 8,6 (DP=4,2) e no local de trabalho atual de 6,6 (DP=3,7). Possuíam categoria
de enfermeiro graduado 99 (65,6%) e de enfermeiro 52 (34,4%). Pertenciam ao quadro de
pessoal 110 (73,3%) e estavam em regime de contrato 40 (26,7%) enfermeiros. Exerciam a sua
atividade em média 44,8 horas por semana, 36 (24,3%) dos enfermeiros exerciam funções de
chefia ou de responsabilidade de serviço. Dos participantes 32,5% identificaram como muito
stressante a sua atividade profissional.
Das respostas de stresse avaliadas pelo IRRP predominaram as respostas de stresse Pressão
Excessiva (M=49,7, DP=25,7), Distresse e Saúde (M=42,7, DP=25,3), Ansiedade (M=40,6,
CONCLUSÕES
Verificamos que a Ansiedade e Depressão são respostas de stresse apresentadas pelos
enfermeiros em contexto laboral. Estes resultados revelam-se significativos para a
implementação precoce de estratégias de promoção de saúde no local de trabalho. Pois, tal como
refere Gil-Monte (2012, p. 241) “Fomentar la salud psicosocial en el lugar de trabajo es fomentar
la salud pública de la población”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Tuvesson, H., Eklund, M. & Wann-Hansson, C. P. (2012). Stress of conscience among psychiatric nursing
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Aida Simões *
Paula Oliveira **
______________________________
* Especialista em E. Saúde Mental e Psiquiátrica, Msn, UCP Phd Sutend, Escola Superior de Saúde Egas Moniz -
aida.simoes@gmail.com
** Especialista em E. Comunitária, Msn, UCP Phd Student, Escola Superior de Saúde Egas Moniz -
psarreira@gmail.com
RESUMO
Toda a formação deve ser orientada no sentido de desenvolver competências, quer
pessoais, quer profissionais, que permita ao estudante reflectir sobre a construção do seu
conhecimento e sobre as formas de o transformar em desenvolvimento. Esta explanação trata-se
de um estudo de caso onde a questão central, se encontra centrada nas Motivações e Expectativas
Profissionais dos Estudantes de Enfermagem, efectuado numa Escola de Enfermagem na área de
Lisboa.
Os resultados deste estudo foram obtidos através da aplicação de um questionário e de uma
escala de percepção de competências, denominada “escala de percepção pessoal de
competências profissionais no pré-licenciado em enfermagem”. Estes dois instrumentos de
medida foram aplicados aos estudantes, na última reunião efectuada na escola, imediatamente
antes do terminus da Licenciatura em Enfermagem.
Através da análise e tratamento dos resultados, estes revelaram que os estudantes no
terminus do curso, atribuem à enfermagem o conceito de “cuidar”, considerando que estão
perante uma profissão com um acentuado cariz social, sendo a “utilidade social” muito superior
ao prestígio ou à questão remuneratória. Atribuem como competência fundamental para prestar
cuidados de enfermagem, a dimensão relacional, e como competências percepcionadas,
consideram a dimensão cognitiva como a que menos se adquire ao longo do processo formativo.
Relativamente à contribuição do processo formativo para a aquisição e desenvolvimento dos
conhecimentos, salientam enquanto factor facilitador a relação professor-aluno. Referindo-se à
sua escassa participação no processo avaliativo, enquanto alunos. Este estudo permite-nos
caracterizar as opiniões dos estudantes nesta realidade concreta, não nos permitindo estender
para além dos muros da instituição os resultados obtidos.
Palavras – chave: Motivações e Expectativas; Estudantes de Enfermagem; Ensino Superior;
RESUMEN
Toda la formación debe estar orientada hacia el desarrollo de competencias, ya sea
personal o profesional, que permite al alumno a reflexionar sobre la construcción del
conocimiento y las formas de transformación en el desarrollo. Esta explicación es un estudio de
caso en el que la cuestión central se centra en las motivaciones y expectativas de los estudiantes
de enfermería profesional, realizados en una Escuela de Enfermería en la zona de Lisboa.
Los resultados de este estudio fueron obtenidos de un cuestionario y una escala de
percepción de competencia, llamada "escala de competencia personal percibida en grado pre -
profesional en enfermería. " Estos dos instrumentos de medición se han aplicado a los
estudiantes en la última reunión celebrada en la escuela justo antes de la terminal de la
Licenciatura en Enfermería.
A través del análisis y el procesamiento de los resultados revelaron que estos estudiantes la
terminal, por supuesto, le atribuyen al concepto de la enfermería "cuidado", como una profesión
se enfrenta a un fuerte carácter social, y la " utilidad social " mucho más alto prestigio o la
cuestión de la remuneración. Atributo como competencia clave para la atención de enfermería, la
dimensión relacional, y cómo percibe la competencia, tenga en cuenta la dimensión cognitiva
como menos se adquiere durante todo el proceso de formación. En cuanto a la contribución del
proceso de formación para la adquisición y desarrollo de conocimientos, el estrés como un factor
que facilita la relación profesor -alumno. En referencia a su limitada participación en el proceso
de evaluación, mientras que los estudiantes. Este estudio nos permite caracterizar las opiniones
de los estudiantes en esta realidad, no lo que nos permite ir más allá de las paredes de la
institución los resultados.
Palabras clave: Motivaciones y expectativas; Estudiantes de enfermería; Enseñanza superior
ABSTRACT
Continual training and education must work towards the development of personal and
professional competence. These should permit the student to reflect upon two matters: the
improvement of his knowlged and the strategies to put this same knowledge into practice. The
that we expose, presents a case study, conducted at a nursing school in Lisbon, that underlines
Nursing Students Professional Motivations and Expectations.
The study results were obtained from a questionnaire and a scale called “Escala de
Percepção Pessoal de Competências Profissionais no Pré-licenciado em Enfermagem” wich
permits the percepcion of competences. Both where aplied during the last school reunion,
imediatly before graduation.
The data colected revealed that before graduation students associated mostley caring to the
nursing profession, considering it’s social carisma, and that it’s social need is bigger than its
prestige or the salarie that it produces. They claim that the human and relation capacities are the
most importante to obtain. They also consider the cognitive competence to be the less aquired
during the course. They admit that the sutdent-professor relationship is a positive influence
during the learning process, refering still to the existence of a low participation of the students
during the evaluation process. This study permites us to undertsand the student’s opinians
towards this reality, but not those that go beyond the walls of the institution.
Keywords: Motivations and expectations; Nursing students; Higher education.
NOTA INTRODUTÓRIA
A medida é fundamental em toda a ciência, desempenhando um papel primordial no
processo da investigação. A qualidade dos resultados de investigação não depende unicamente
do método, mas também da qualidade das operações realizadas. O conceito de Educação –
tradicionalmente ligado ao modelo escolar – e Formação – enquanto processo mais abrangente
que acontece ao longo de todo o ciclo vital do indivíduo – “não podem restringir-se a etapas
delimitadas da vida de cada pessoa, (mas) antes constituir-se «como» um processo que se
desenrola ao longo de toda a existência” (Canário, 2000, pág. 87).
Nos últimos anos temos assistido a alguma mudança no que ao ensino da enfermagem diz
respeito, se por um lado já algumas foram efectuadas, por outro, ainda estamos longe do ideal.
Desta forma o caminho a percorrer é longo e como sabemos mudar não é fácil, pelo contrário,
quando a mudança implica com hábitos enraizados ao longo de vários anos.
Com a realização desta investigação, esperamos contribuir para a identificação das
motivações e expectativas profissionais dos estudantes de enfermagem numa escola da área de
Lisboa. Permitindo-nos conhecer o que conduz o estudante actualmente a escolher Enfermagem
como profissão. Ao aumentarmos o nosso conhecimento acerca dos mesmos, esperamos adequar
a nossa função, enquanto formadores, no sentido de desenvolver no estudante as competências
inerentes às exigências da profissão. Teremos que cuidar do estudante para que o mesmo possa
cuidar do outro.
Para conseguirmos formar um profissional, não nos podemos abstrair do que ele representa
enquanto pessoa, que mensagens lhe foram transmitidas ao longo dos anos e de que forma ele as
utiliza para resolver as questões com as quais se confronta diariamente. A nossa função enquanto
formadores de adultos, ao longo dos quatro anos de Licenciatura, consiste em desenvolver nos
mesmos capacidades de comunicação eficientes e eficazes, de estabelecer relações interpessoais,
de espírito de equipa, de sentir o “eu de forma positiva”, de gerir conflitos, entre outras. Ao
tomarmos conhecimento da forma como o estudante vê a sua profissão, conseguiremos com mais
facilidade adequar as nossas acções de acordo com as suas necessidades, o qual espera dos
formadores uma ajuda preciosa para o seu desenvolvimento, quer enquanto pessoas, quer
enquanto futuros profissionais.
Investigar o que significa para os actores a profissão escolhida, e verificar de que forma o
ensino pode e deve contribuir através dos conteúdos teórico/práticos para que as competências
adquiridas sejam um rumo fundamental à construção da identidade profissional em e na
Profissão de Enfermagem.
Sabemos através da nossa formação que o curso de enfermagem está orientado para o
desenvolvimento de competências técnicas, científicas e relacionais. Estas são as competências
básicas inerentes à profissão, em que se procura através da competência científica analisar a
capacidade para adquirir os conhecimentos gerais e especializados do domínio das ciências de
enfermagem e ciências afins, consideradas pelos autores como os saberes.
Reflectindo sobre a profissão de Enfermagem verificamos que, ao longo dos tempos, ela
tem estado em constante mutação. O ensino de enfermagem, nomeadamente no nosso país, tem
vindo a acompanhar essa evolução procurando formar enfermeiros com competência para
responder aos novos desafios da profissão, e às novas necessidades da sociedade.
O ensino da enfermagem procura actualmente formar enfermeiros que com maior
autonomia sejam capazes de, integrados numa equipa multidisciplinar, planear, executar e
avaliar cuidados de enfermagem ao indivíduo/família/comunidade na sua globalidade.
Enfermeiros esses que contribuam para o desenvolvimento da profissão e que em conjunto com
outros profissionais, estejam empenhados em melhorar a qualidade e a eficácia da assistência
que prestam.
O que significará ser enfermeiro? E o que será um enfermeiro competente? Como
percepciona o enfermeiro a sua competência? Que lugar ocupa a formação nesta problemática?
Para responder a estas questões, visamos compreender o que significa para os estudantes
pré-licenciados “ser enfermeiro”, além de identificar, qual a percepção que os alunos pré-
licenciados apresentam quanto às competências adquiridas. Pretende-se contribuir para a análise
das questões da formação em enfermagem num contexto de integração, por um lado, na
produção de qualificações e competências (que sejam adequadas ao local de trabalho) e, por
outro lado, na realização pessoal do estudante.
METODOLOGIA
Tendo como base o domínio de investigação intrínseco ao estudo, para o precisar,
enunciou-se uma questão central expressa do seguinte modo: Motivações e expectativas
profissionais dos estudantes de enfermagem – que competências? Como se constrói a identidade
profissional, quem motiva e o que motiva qual a interligação entre a construção da identidade e
as expectativas.
Este estudo visa essencialmente percepcionar e compreender o universo psicológico e
social deste contexto escolar. De que forma a instituição escola poderá contribuir para o melhor
conhecimento dos futuros profissionais e adequar assim métodos e técnicas que permitam
desenvolver nos mesmos as competências necessárias para atingir o objectivo final do Curso que
concerna a “Excelência do Cuidar”.
Yin (1988), citado por Carmo (1988), define estudo de caso como uma abordagem
empírica, onde é investigado um fenómeno da actualidade no seu contexto real, quando os
limites entre determinados fenómenos e o seu contexto não são claramente evidentes, e no qual
são utilizadas muitas fontes de dados. Neste tipo de estudo, podem estudar-se um único caso ou
casos múltiplos, onde os dados recolhidos podem ser de natureza qualitativa, quantitativa ou
ambas.
Para este estudo consideramos como intervenientes os estudantes, do 4º ano do Curso de
Licenciatura em Enfermagem, da Escola Superior de Saúde Egas Moniz (cerca de 35
estudantes), que se disponibilizaram a participar neste estudo.
Para proceder à análise das opiniões dos estudantes acerca dos motivos da escolha do
curso, as características do enfermeiro e sobre a escola numa perspectiva de organização
qualificante, expressas nas perguntar abertas, utilizamos a análise de conteúdo, sendo esta uma
técnica que “pode aplicar-se também aos dados recolhidos através de outras técnicas como é o
caso de respostas a perguntas abertas dos questionários…” (Polit, 2004).
Também no que se refere a este método Bardin (2003), afirma que a sua aplicação no
“caso de resposta a perguntas abertas de questionários cujo conteúdo é avaliado rapidamente
por temas”, um “uso simples e generalizado”.
estruturas sócio-cognitivas dos contextos sociais. Ao longo destas três décadas, que nos separam,
da revolução dos cravos, a enfermagem alcançou um lugar no sistema educativo nacional, ao
nível do ensino superior politécnico, às escolas e aos corpos docentes, coube-lhes acompanhar
esta mudança e investir em formação pós graduada, sem dúvida assinalável. Vários têm sido os
temas problematizados, desde os fenómenos organizacionais passando pela saúde e não
descurando o espaço da formação. (Abreu, 2001)
Em 1996 foi publicado o regulamento para o exercício profissional (REPE), e em 1998 o
Estado Português reconhece a Ordem dos Enfermeiros (associação profissional de direito
público), o que conferiu à profissão a idoneidade para se auto-regular e promover a
regulamentação das práticas dos enfermeiros garantindo o interesse público, o respeito pelas
normas deontológicas e a dignidade Profissional. A disciplina de enfermagem tem-se vindo a
desenvolver de forma acentuada dando consistência a um corpus de conhecimento inerente à
Profissão.
Explanando, mas não extrapolando, os resultados do nosso estudo, podemos referir que
estamos perante um grupo de estudantes pré-licenciados onde o género feminino se encontra em
esmagadora maioria, com uma média de idades a rondar os 22 anos, pertencentes a vários
estratos sociais, onde a maioria dos progenitores possuem pelo menos o 12º ano e cuja ligação à
profissão de enfermagem não se verifica, pelo grau de parentesco, mas sim pelos diversos meios
existentes actualmente como fornecedores de informação.
Na opinião dos estudantes acerca dos contributos da escola no seu processo formativo,
verificamos que o destaque para a apreensão das temáticas em estudo vai para a relação que se
estabelece entre o aluno e o professor, contribuindo esta para uma aquisição sustentada do
conhecimento, se nos inclinarmos para os conteúdos programáticos e as metodologias de ensino,
estas encontram-se ao mesmo nível, vindo ligeiramente abaixo o processo avaliativo. O que nos
apraz inferir que sendo este um curso, onde a componente prática é elevada, a avaliação está
dependente para além da escola, dos enfermeiros perceptores clínicos.
No que refere às mudanças das vertentes consideradas no processo formativo, os sujeitos
em estudos evidenciam os conteúdos das disciplinas como a principal vertente a sofrer um
processo de mudança, enquanto a vertente relação professor-aluno se situa em ultimo, no que
concerne ao que é necessário mudar na formação. Nas opiniões dos sujeitos em estudo
transparece ainda alguma desarticulação entre o que se estuda e o que se aplica, apesar desta
dicotomia se encontrar cada vez mais esbatida. Relativamente aos aspectos qualificantes do
ensino/aprendizagem, salientamos a autonomia e a responsabilização sentida pelos sujeitos como
a mais valia que a escola lhes atribuiu, seguida do incentivo à elaboração/revisão dos seus
próprios objectivos, assim como a existência de um ambiente facilitador da participação pessoal,
a relação de proximidade entre o aluno e o professor e o incentivo à iniciativa e criatividade,
foram também consideradas como positivas. Depreendemos que no nosso estudo, existiram
sujeitos que sentiram necessidade de ser apoiados e referem que essa não foi uma necessidade
colmatada, o que deverá ser alvo de reflexão por parte dos professores desta instituição,
principalmente no sentido de percepcionar o que está subjacente a esta necessidade sentida pelos
estudantes.
A maioria dos sujeitos continua a atribuir à profissão de enfermagem um espírito de
missão, elevando em primazia a sua utilidade social, o que enquadra a escolha profissional numa
dimensão filantrópica/altruísta inerente ao cuidar em enfermagem, encontrando na mesma,
pouco prestígio e remuneração desadequada, tendo em conta as exigências profissionais e o grau
de responsabilidade da mesma. Tal como refere Luz (2005) citando Chappaz, cada pessoa
interpreta a realidade à luz dos seus próprios conhecimentos (cognições), ou seja, cada um
constrói o próprio conhecimento sobre o mundo que o rodeia, o Habitus, que exterioriza através
das suas representações sobre a realidade.
contextos onde um determinado elemento de competência pode ser utilizado. Por exemplo, os
actos de estudar, ler e escrever, referidos por Teixeira (2003), são fundamentais para o estudante
aprender a aprender em variadíssimas situações. É através da operacionalização destas
características das competências que se pode falar, também, em “transferibilidade”.
É nesta mobilização de conhecimentos que o estudante pré-licenciado pode ser,
efectivamente, reconhecido como competente, quando utiliza e mobiliza estas suas habilidades,
destrezas e/ou características em vários contextos (“transferibilidade” de competências),
demonstrando capacidades de adaptação, mobilizando e transferindo “saberes”, “saberes-fazer”
e/ou “saberes-estar” nas diferentes situações.
PERPETUAR O FUTURO
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em Ensino, Filosofia e História das Ciências, Universidade Federal da bahia, Universidade Federal de Feira de
Santana, Salvador, Bahia, 2003.
Isabel Marques *
Fernanda Louro **
_____________________________
* Enfermeira Especialista e Mestre em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica – Coordenadora da UCC
Redondo – ACES Alentejo Central - isabelmaria.marques@alentejocentral.min-saude.pt
** Enfermeira – UCC Redondo – ACES Alentejo Central
NOTA INTRODUTÓRIA
A integração da saúde mental nos Cuidados de Saúde Primários é pertinente. Verifica-se
que a carga de perturbações mentais é grande, apesar de não existir um diagnóstico das
necessidades locais, no Concelho de Redondo.
A mudança de paradigma na saúde mental e os resultados dos estudos efetuados
demonstram melhores resultados clínicos, de ajustamento social e económico no modelo
comunitário. (Coordenação Nacional para a Reestruturação dos Serviços de Saúde Mental em
Portugal, 2007 - 2016). Isto significa que a integração otimiza o acesso aos serviços de saúde, até
porque é frequente a coexistência de outras morbilidades, nomeadamente doenças físicas
associadas a patologia mental.
Os estudos mostram que existem vários benefícios associados à integração da saúde mental
nos CSP, quer para o doente, quer para os seus familiares e cuidadores informais, quer pela
relação custo-benefício para os serviços de saúde.
Está implementada no Centro de Saúde de Redondo a parceria com o DPSM do HESE,
com a vinda da equipa do DPSM quinzenalmente ao CS para a realização de consultas e
acompanhamento dos utentes inscritos no DPSM e residentes no concelho de Redondo.
Havendo uma Enfermeira Especialista e Mestre em Enfermagem de Saúde Mental e
Psiquiátrica, constitui-se a técnica de referência entre as duas instituições.
Sendo um projeto sem histórico torna-se difícil a definição de indicadores.
OBJETIVOS
• Articular com a equipa do DPSM.
• Desenvolver intervenções adequadas a necessidades específicas de cada doente mental,
com vista à sua recuperação e prevenção de recaídas.
• Incentivar a adesão ao regime terapêutico.
• Capacitar as famílias de forma a tornarem-se mais competentes e independentes na
relação com o doente mental.
• Ajudar na estruturação dos utentes e das famílias.
POPULAÇÃO ALVO
Utentes e ou famílias com doentes portadores de doença mental grave.
INÍCIO DA ACTIVIDADE
Junho de 2011 até ao presente.
REGISTOS REALIZADOS
Número de consultas/ visitas domiciliárias/ intervenções realizadas por elementos da UCC
com levantamento dos respetivos focos e intervenções de enfermagem, com as limitações da
ausência de parametrização do SAPE no programa de Doença Mental. Registo das reuniões
realizadas/participadas por elementos da UCC neste âmbito.
ATIVIDADES PLANEADAS
Elaboração de protocolo de articulação UCC Redondo com equipa de enfermagem do
DPSM na definição de estratégias de intervenção, para aprovação superior ao nível de ambas as
instituições (ACES Alentejo Central e HESE).
PONTOS POSITIVOS
Foi dada resposta a algumas necessidades dos utentes e famílias que nos são referenciados
pela UCSP Redondo, pelo DPSM do HESE e pelos parceiros com intervenção social no
Concelho.
PONTOS NEGATIVOS
Nem todo o trabalho realizado foi alvo de registo, até pela ausência de parametrização no
SAPE nesta área, havendo trabalho que não é evidenciado. A dificuldade na gestão do tempo
associada à limitação dos recursos humanos.
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Constança Paúl **
_____________________________
* Licenciada em Análises Clínicas e Saúde Pública, Hospital de Magalhaães Lemos, E.P.E. Doutoranda do
Programa Doutoral em Gerontologia e Geriatria do ICBAS-UP e UA. Docente na Escola Superior de Tecnologia da
Saúde do Porto-IPP. - marialamas@hmlemos.min-saude.pt
** Doutorada em Ciências Biomédicas. Professora Catedrática do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar,
Universidade do Porto, Coordenadora da UNIFAI - Unidade de Investigação e Formação sobre Adultos e Idosos,
Diretora do Centro de Atendimento 50+ e do Programa Doutoral em Gerontologia e Geriatria do ICBAS-UP e UA -
paul@icbas.up.pt
RESUMO
A saúde dos idosos resulta do funcionamento equilibrado de determinados domínios
funcionais, como seja a cognição, mobilidade, comunicação e o humor. Contudo, com o
envelhecimento, as pessoas sofrem um declínio, embora diferencial, das funções sensoriais. Este
é um aspeto importante nas pessoas mais velhas, por afetar a sua segurança e qualidade de vida,
além de ser um indicador de doença subjacente. Por vezes, verificam-se importantes
consequências físicas, psicológicas, sociais e repercussões nas atividades intelectuais. O objetivo
da presente revisão consiste em analisar as principais as alterações de cada sentido e as suas
implicações na funcionalidade e qualidade de vida dos idosos.
Procedeu-se à pesquisa da bibliografia de forma sistemática na base de dados electrónica
da PubMed, Lilacs e Google Schoolar, para estudos sobre o envelhecimento dos sentidos. Os
textos selecionados foram os que abordavam diretamente o tema da pesquisa, publicados entre os
anos de 2000 e 2011. Realizou-se também uma pesquisa em manuais médicos de referência.
Com o envelhecimento, verifica-se um declínio em todos os sentidos que compõem o
sistema sensorial. Algumas modalidades sensoriais, como a visão e a audição, são grandemente
afectadas, enquanto outras, como o olfacto, são pouco alteradas em função da idade. Estas
perdas, apesar de graduais, podem implicar, em termos práticos, diminuição da autonomia,
baixos níveis relacionais, aumento de vulnerabilidade (física e psicológica), perda de bem-estar e
qualidade de vida.
Palavras-chave: envelhecimento sensorial; idoso; funcionalidade; qualidade vida
RESUMEN
La salud de los mayores resultados de la operación de equilibrado de ciertos dominios
funcionales, tales como la cognición, la movilidad, la comunicación y el humor. Sin embargo,
con el envejecimiento, la gente sufre una disminución, aunque diferencial de las funciones
sensoriales. Este es un aspecto importante en las personas mayores, que afectan su seguridad y su
calidad de vida, además de ser un indicador de una enfermedad subyacente. A veces, los cambios
físicos, psicológicos y sociales, y la consiguiente graves en las actividades intelectuales. El
objetivo de esta revisión es analizar los principales cambios con respecto a todas las direcciones
y sus repercusiones en la funcionalidad y la calidad de vida de los ancianos.
Se procedió a buscar en la literatura sistemáticamente en la base electrónica de datos
PubMed, Lilacs y Google Scholar, para los estudios sobre el envejecimiento de los sentidos, total
o parcialmente. Los textos seleccionados fueron los que abordó directamente el tema de la
investigación publicados entre los años 2000 y 2011. También se realizó una encuesta en los
libros médicos.
Con el envejecimiento, hay una disminución en todas las direcciones que componen el
sistema sensorial. Algunas modalidades sensoriales como la visión y la audición, se ven muy
afectados, mientras que otros, como el olfato, son poco alterados por la edad. Estas pérdidas,
aunque gradual, pueden suponer, la disminución de la autonomía, los bajos niveles de relación,
aumentan la vulnerabilidad (física y psicológica), la pérdida de bienestar y calidad de vida.
Descriptores: Envejecimiento sensoryal, Ancianos, Funcionalidad, Calidad de vida
ABSTRACT
The health of elderly results from balanced operation of certain functional domains such as
cognition, mobility, communication and humor. However, with aging, people suffer a decline,
although differential of sensory functions. This is an important aspect in older people, to affect
their safety and quality of life as well as being an indicator of underlying disease. Sometimes
with serious physical, psychological, social and consequent changes in intellectual activities. The
aim of this review is to analyze the main changes from every direction and its implications on the
functionality and quality of life for seniors.
The procedure was to search the literature systematically in the electronic database
PubMed, Lilacs and Google Scholar, for studies that addressed the aging of the senses fully or
partially. The texts selected were those that directly addressed the topic of the research published
between the years 2000 and 2011. We also conducted a survey in medical books.
With aging, there is a decline in all directions that make up the sensory system. Some
sensory modalities such as vision and hearing, are greatly affected, while others, such as smell,
are little altered by age. These losses, though gradual, may involve , in practical terms ,
decreased autonomy, relational low levels, increase vulnerability (physical and psychological),
loss of well -being and quality of life.
Keywords: Aging sensory system; Elderly; Functionality; Quality of life
INTRODUÇÃO
O envelhecimento, caraterizado pela diminuição das reservas fisiológicas e pelo aumento
das patologias, é um processo individualizado que resulta em desempenho diferenciado nas
atividades físicas e mentais. Sabe-se, que o envelhecimento, apesar de ter uma base genética, não
ocorre independentemente do ambiente do indivíduo (Kirkwood, 2005). Ninguém envelhece da
mesma maneira. Na realidade, as pessoas mais velhas são muito diferentes entre si, mais do que
acontece noutros grupos etários. O que pressupõe que o contexto de vida de cada indivíduo tem
um contributo importante no processo de envelhecimento. Deve, por isso, ser assumido como um
projeto de vida e, simultaneamente, como uma responsabilidade coletiva multisetorial, integrada
e articulada (Gomes, 2011).
O processo de envelhecimento acarreta alterações orgânicas, entre as quais a diminuição
da visão, audição, olfato, paladar e tato. Tais perdas, apesar de graduais, resultam
frequentemente em prejuízos funcionais, psicológicos, sociais e, segundo alguns estudos, em
declínio cognitivo, com graves consequências para a produtividade, qualidade de vida e com
elevados custos para a saúde (Schlicht, 2008).
Com o envelhecimento, vai diminuindo o número de neurónios sensoriais, a função dos
neurónios remanescentes e o processamento pelo sistema nervoso central (Seeley et al, 2003).
Na tabela 1 estão referenciadas as principais alterações ocorridas, decorrentes do
envelhecimento, nos cinco sentidos gerais e respetivas implicações funcionais.
Visão
Aumento da densidade e rigidez da lente. Perda de sensibilidade de cor
Aumento da frequência de doenças intrínsecas do Visão turva; perda de visão periférica; dificuldade
olho – glaucoma, catarata, degeneração macular e no reconhecimento de alvos em movimento, figuras
retinopatia; Desaceleração do sistema nervoso central complexas (pela dificuldade de perceção de
no processamento de informação. pormenores).
Perda ou dano das células ciliadas da cóclea Dificuldade em ouvir frequências mais altas,
1. Declínio da Visão
O olho é, simultaneamente, um sistema ótico e uma estrutura nervosa e retiniana e, um dos
órgãos mais afetados pelo envelhecimento, cujas alterações e respetivas consequências aparecem
a partir dos 40 anos na estrutura ótica do olho e a partir dos 60 anos na estrutura retiniana
(Hooper & Bello-Haas, 2009). A visão pode, igualmente, ser afetada por doenças intrínsecas do
olho, doenças sistémicas ou neurológicas, das quais resultam problemas visuais comuns nos
idosos, nomeadamente e por ordem decrescente, a catarata, a degeneração macular, o glaucoma e
a retinopatia diabética (Seeley et al, 2003), com consequências específicas. Por se tratar de um
meio bastante eficiente no processamento das informações do meio ambiente, na participação de
muitas atividades (trabalhar, caminhar, conduzir, ler) e na interação com os outros (McKean-
Cowdin, 2010), é uma das mais temidas complicações do envelhecimento. A perda visual,
decorrente do processo de envelhecimento, tem sido associado a estabilidade postural diminuída
e propensão para as quedas (Henriques & Paço, 2011; Rosenberg & Sperazza, 2008). Entre
2. Declínio da Audição
A perda auditiva relacionada com a idade (presbiacúsia) é um distúrbio sensorial bastante
comum, sendo considerada a principal causa de anos vividos com incapacidade na vida adulta
(Sprinzl & Riechelmann, 2010). O envelhecimento afeta globalmente o ouvido mas, o maior
impacto ocorre ao nível do ouvido interno, nas funções coclear e vestibular (Saraiva, 2011). O
ouvido interno, inclui o labirinto ósseo, onde se destaca a cóclea (responsável pela audição) e, o
labirinto membranoso que, compreende os órgãos sensoriais da audição e do equilíbrio, pelo que
é a única parte envolvida simultaneamente na audição e no equilíbrio (Seeley et al, 2003;
Lalwani & Snow, 2002).
Segundo Gates e colaboradores (2010), os aspetos neurológicos da presbiacúsia central têm
recebido pouca atenção, deixando muitas questões em aberto. No estudo de coorte realizado,
constataram: existir uma associação entre presbiacúsia e cognição; a disfunção auditiva central
não é distinta da disfunção cognitiva e, sugestão de que a dificuldade de compreensão da
linguagem em ambientes ruidosos, pode ser uma manifestação precoce dos processos que levam
à demência. De acordo com vários estudos (Gopinath, Schneider, Rochtchina, Leeder &
Mitchell, 2009; Sousa, Castro, Larsson & Ching, 2009; Rosenhall & Sundh, 2006; Cruickshanks
et al, 2003), o conceito atual é que a presbiacúsia é extremamente variável, fazendo supôr a
existência de vários fatores contributivos: diabetes, doença cardiovascular, hipertensão arterial,
tabagismo e ruído ocupacional (apesar deste último continuar incerto), atuando em paralelo e,
cuja importância varia de indivíduo para indivíduo. Atualmente, a investigação tenta
compreender a importância relativa de cada fator e, as interações entre a audição e cognição
(Marinho, 2011).
É comum, que a perda auditiva conduza ao isolamento, com repercussões físicas,
psicológicas e sociais (Sprinzl & Riechelmann, 2010). Independentemente, de ser parcial ou
total, priva os idosos de informações sensoriais importantes, afeta a comunicação e a qualidade
de vida, causando enorme frustração, por limitar o relacionamento da pessoa, prejudicar a sua
vida psicossocial e interferir nas atividades de vida diária. Sendo a linguagem o principal
instrumento para viver socialmente, no meio familiar e na comunidade, partilhando experiências
e interagindo com os outros, a dificuldade manifesta na descriminação para fonemas e, na
compreensão do discurso rápido ou em ambientes ruidosos e queixas de zumbidos, os idosos
tendem a isolar-se, afastando-se das situações de comunicação, para evitar embaraços, pela falta
de compreensão e possíveis respostas inadequadas (Gates & Miles, 2005). As pessoas idosas
tendem a viver num ambiente ruidoso – aumentam muito o som da televisão ou do rádio e pedem
constantemente aos outros que os rodeiam para repetir o que dizem. O idoso queixa-se de que
ouve, só que não compreende as palavras (Marinho, 2011). Desta forma e, na tentativa de
melhorar a sua qualidade de vida, é conveniente atuar no ambiente em que o idoso vive. Para o
efeito, o emissor deve falar pausadamente e com boa dicção, preferencialmente de frente para o
recetor, eliminando ou reduzindo fontes sonoras presentes e, assegurar-se que a mensagem foi
compreendida. Pode-se igualmente instalar avisos luminosos associados aos sons da campainha
da porta, de detetores de incêndio do telefone, ou instalar telefones com pré-amplificação de
sinal. Enquanto não existem tratamentos para corrigirem as alterações biológicas do sistema
auditivo, o uso de amplificadores auditivos continua a ser a forma mais comum de restauração da
audição. No entanto, os idosos com perdas auditivas moderadas usam-nos de forma irregular por
sentirem desconforto com a amplificação de determinados sons (Gates & Miles, 2005), por
exigirem um período de adaptação, serem inestéticas, caras e, apesar da sua miniaturização
contribuir para maior aceitação, os idosos com pouca destreza manual não as conseguem
manusear (Sprinzl & Riechelmann, 2010; Gates & Miles, 2005).
A alteração do equilíbrio nos idosos, surge como outra consequência decorrente das
alterações do sistema auditivo, devido a diminuição da sensibilidade à gravidade, aceleração e
rotação. Os idosos têm tonturas, vertigens e propensão para as quedas, experimentando muitas
vezes a sensação de que não conseguem manter a postura. Com efeito, as alterações do equilíbrio
são das causas mais frequentes de consulta, em pessoas com mais de 65 anos e de quedas, apesar
destas terem outros fatores contributivos, como o declínio da visão (visto anteriormente), as
alterações metabólicas, associação medicamentosa, entre outros (Henriques & Paço, 2011;
Seeley et al, 2003).
4. Declínio do Tato
Sob o nome – tato – escondem-se outros sentidos especializados, relativos à pressão, à
temperatura e à dor. É, portanto, o sentido responsável pela perceção de diferentes sensações na
pele (Seeley et al, 2003) e, importante para o posicionamento do corpo, proteção física e
afetividade (Byington, 2002). A pele tem capacidade de detetar sinais oriundos do meio externo,
que criam as perceções da pressão, dor, temperatura e movimento, devido à existência de vários
tipos de receptores distribuídos entre as diferentes camadas da pele, com funções específicas.
Situados na derme, os corpúsculos de Paccini, os corpúsculos de Ruffini, os corpúsculos de
Krause, os discos de Merkel e os corpúsculos de Meissner, são responsáveis, pela sensibilidade à
pressão, sensibilidade ao calor, sensibilidade ao frio, sensibilidade ao estímulo táctil contínuo, e
sensibilidade ao estímulo táctil, respectivamente. Por seu lado, as terminações nervosas livres,
geralmente situadas na epiderme, e em menor quantidade na derme, são sensíveis a estímulos
dolorosos e táteis. Algumas partes do corpo armazenam maior quantidade de recetores táteis. Por
essa razão, as mãos, os pés e os lábios têm maior facilidade em receber estímulos por meio da
pele. A existência de tantos neurónios para o processamento de informação sensorial da face e
das mãos reflecte a importância destes órgãos na nossa vida (Seeley et al, 2003).
CONCLUSÃO
A funcionalidade e a qualidade de vida dos idosos é fortemente influenciada pelo
envelhecimento dos vários sentidos. Uma vez que os órgãos sensoriais permeiam a relação do
indivíduo com o meio ambiente, vão ocorrendo no indivíduo uma série de mudanças do
comportamento que, influenciam o padrão de conduta do idoso.
As diminuições da acuidade visual e auditiva assumem-se como causas importantes de
declínio geral no âmbito das atividades intelectuais. Podem comprometer a capacidade de
comunicação, causar profundo impacto nas relações socias e na segurança dos idosos. Têm um
papel importante na compreensão e atuação sobre o meio, entretenimento e lazer, auxiliando na
diminuição da ansiedade e depressão. A perda de visão contribui para deficiências na
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Joaquim Ramos **
_____________________________
* Técnica Especialista de Análises Clínicas e Saúde Pública, Hospital de Magalhães Lemos, EPE. Doutoranda do
Programa Doutoral em Gerontologia e Geriatria do ICBAS-UP. Docente na Escola Superior de Tecnologia da Saúde
do Porto (ESTSP) – IPP - marialamas@hmlemos.min-saude.pt
** Assistente Hospitalar Senior de Psiquiatria e Diretor Clínico do Hospital de Magalhães Lemos, EPE. Professor
Afiliado do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto - joaquimramos@hmlemos.min-
saude.pt
RESUMO
A infeção do trato urinário (ITU) é um problema comum na população idosa. Pode causar
uma mudança súbita e inexplicável no comportamento dos idosos, e portanto, considerada uma
das causas a investigar. Mas, por se tratar de uma população mais predisposta a complicações
decorrentes da infeção, o tratamento empírico é uma prática comum. Objetivos: Com este
trabalho pretende-se conhecer a etiologia da ITU e a sua suscetibilidade aos antibióticos, numa
população de doentes hospitalizados com demência. Metodologia: No período de janeiro de 2012
a julho de 2013, foram avaliados todos os resultados de exames bacteriológicos de urina de
doentes provenientes de uma unidade de internamento do Hospital Magalhães Lemos, EPE, com
o diagnóstico de demência. Resultados: O presente estudo revela uma percentagem elevada
(49%) de amostras contaminadas por flora comensal. Das amostras consideradas positivas
(35%), verificou-se maior prevalência de Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae e Proteus
mirabilis, 2 casos de infeção polimicrobiana e o isolamento de Streptococcus agalactiae e
Enterococcus sp em 3 casos. Constatou-se que as enterobactérias apresentam resistência à
ampicilina (48%) e nitrofurantoína (24 %) e sensibilidade à ciprofloxacina (100%). Conclusão:
De acordo com os principais agentes etiológicos isolados, os antibióticos empiricamente
prescritos devem ter espetro de ação sobre a família Enterobactereacea. Contudo, atendendo à
variabilidade do perfil de suscetibilidade encontrado, a respetiva análise periódica deverá ser
efetuada.
Palavras-chave: Infeção trato urinário; Idosos; Fatores de risco; Antibióticos
RESUMEN
La infección del tracto urinario (ITU) es un problema frecuente en la población anciana.
Puede provocar un cambio repentino e inexplicable en el comportamiento de las personas
mayores, y por lo tanto considera una causa para investigar. Pero, debido a que es una población
más propensos a las complicaciones de la infección, el tratamiento empírico es una práctica
común. Objetivos: Este estudio tiene como objetivo conocer la etiología de la infección urinaria
y su sensibilidad a los antibióticos en una población de pacientes hospitalizados con demencia.
Métodos: De enero 2012 a julio 2013, se evaluaron los resultados de las pruebas bacteriológicas
en la orina de los pacientes de una unidad de hospitalización del Hospital Magalhães Lemos,
EPE, con el diagnóstico de demencia. Resultados: Este estudio reveló un alto porcentaje (49%)
de las muestras contaminadas con flora comensal. Las muestras se consideran positivas (35%),
hubo una mayor prevalencia de Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae y Proteus mirabilis, 2
ABSTRACT
A urinary tract infection (UTI) is a common problem in the elderly population. Can cause a
sudden and unexplained change in the behavior of the elderly, and therefore considered a cause
to investigate. But, because it is a population more prone to complications from infection,
empiric treatment is a common practice. Objectives: This study aims to know the etiology of
UTI and their antibiotic susceptibility in a population of hospitalized patients with dementia.
Methods: From January 2012 to July 2013, we evaluated all the results of bacteriological tests on
urine of patients from an inpatient unit of the Hospital Magalhães Lemos, EPE, with the
diagnosis of dementia. Results: We found a high percentage (49%) of samples contaminated by
commensal flora. The samples considered positive (35%), there was a higher prevalence of
Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae and Proteus mirabilis, 2 cases of polymicrobial
infection and isolation of Streptococcus agalactiae and Enterococcus faecalis in 3 cases. It was
found that Enterobacteriaceae are resistant to ampicillin (48%), nitrofurantoin (24%) and
sensitivity to ciprofloxacin (100%). Conclusion: Considering the major etiologic agents isolated,
antibiotics empirically prescribed, should be active in Enterobacteriacae. However, given the
variability in the susceptibility profile found, the respective periodic analysis must be made.
Keywords: Urinary Tract Infection; Elderly; Risk factors; Antibiotics
INTRODUÇÃO
A infeção do trato urinário (ITU) é um problema comum na população idosa e muito idosa
(Matthews & Lancaster, 2011). Este tipo de infeção decorre da invasão, multiplicação e
colonização de bactérias, vírus e fungos, resultado da interação entre os fatores biológicos e
comportamentais do hospedeiro e a virulência dos microrganismos. A doença pode variar de
uma cistite (relativamente benigna) para a pielonefrite potencialmente fatal. É em contexto de
internamento que se verifica altas taxas de prevalência de ITU (Trajano e Caldas, 2008).
Segundo Krieger, (2002), as ITU em idosos revestem-se de caraterísticas especiais, sendo quase
sempre de natureza multifatorial e associadas a fatores de risco.
risco inerente ao procedimento (Rao & Patel, 2008). Até porque alguns cateteres têm um
desenho especial que minimiza a introdução de bactérias aquando da sua entrada.
Por se tratar de uma população polimedicada, mais predisposta a efeitos adversos e a
complicações devidas à infeção, é comum que quando se suspeita de ITU, a implementação do
tratamento ocorra antes do resultado do exame bacteriológico de urina. Desta forma, a
identificação dos principais agentes etiológicos responsáveis pela ITU e o perfil de
suscetibilidade aos antibióticos, revela-se importante como estratégia preventiva e orientadora da
terapêutica. Pelas razões apresentadas, o presente trabalho tem como objetivos conhecer os
agentes etiológicos mais comuns na ITU dos doentes internados com demência; conhecer o
padrão de suscetibilidade aos antibióticos e compará-lo para o mesmo agente etiológico isolado.
METODOLOGIA
Estudo exploratório e retrospetivo que incluiu todos os resultados de exames
bacteriológicos de urina, de doentes provenientes de uma unidade de internamento do Hospital
de Magalhães Lemos, EPE, com o diagnóstico de demência, no período de janeiro de 2012 a
julho de 2013. Para todos os casos procedeu-se ao registo da idade, sexo, resultado do exame
cultural, identificação da estirpe bacteriana e o padrão de suscetibilidade aos antibióticos.
A análise estatística foi efetuada com o programa SPSS (Statistical Package for the Social
Sciences) para Windows v. 15.0.
RESULTADOS
Dos 76 exames bacteriológicos de urina analisados (uroculturas), 60 (79%) eram
provenientes de indivíduos do sexo feminino e 16 (21 %) de indivíduos do sexo masculino. A
média de idades da amostra foi de 77 anos (±7,0).
Constatou-se que 49% dos casos foram considerados flora de contaminação, com maior
prevalência nas mulheres (39%). Foram consideradas 35% de amostras positivas e apenas 16%
consideradas estéreis (tabela 1).
Tabela 1: Frequência de resultados das uroculturas
DISCUSSÃO
No presente estudo observou-se uma elevada taxa de contaminação das amostras (49%),
refletindo o presumível incomprimento do processo de colheita de amostra para exame
bacteriológico de urina. O que obriga a concentrar esforços para melhorar este procedimento e, a
refletir sobre o recurso à cateterização para efeitos de diagnóstico, mediante os casos,
contribuindo para o aumento de ganhos na saúde do idoso.
A prevalência de uroculturas positivas foi de 35%. Valor que está de acordo com os
encontrados noutros estudos, cujo intervalo varia segundo a população estudada. Verificou-se
maior prevalência de ITU no sexo feminino, facto corroborado por vários estudos (Mathews &
Lancaster, 2011; Wilson & Gaido, 2011; Dallacorte et al, 2007) e, que está relacionado com as
diferenças anatómicas e condições ambientais (humidade e temperatura à volta da uretra) entre
os dois sexos. Os bacilos Gram negativos foram os principais agentes etiológicos de ITU,
pertencentes exclusivamente à família Enterobactereacea. Geralmente correspondem a elevadas
percentagens dos agentes isolados, principalmente Escherichia coli, P. mirabilis e K.
pneumoniae conforme se observa noutros estudos (Mathews & Lancaster, 2011; Wilson &
Gaido, 2011; Dallacorte et al, 2007; Moura et al, 2009). Apesar das enterobactérias serem
provenientes do trato intestinal, conseguem proliferar na urina devido à presença de nutrientes
(glicose e aminoácidos) e dos valores de pH e osmolaridade (Moura et al, 2009). Do grupo das
bactérias Gram positivo, Streptococcus agalactiae e Enterococcus faecalis foram os únicos
isolados. São também os mais comumente isolados, principalmente em idosos e diabéticos. Por
outro lado, ITU recorrentes e anormalidades do trato urinário contribuem para o aparecimento
desses microrganismos e também de infeções polimicrobianas. Contudo, pela recolha de dados
efetuada, não se encontrou evidência de ITU recorrente.
CONCLUSÃO
Nos idosos hospitalizados com demência e suspeita de ITU, a implementação do
tratamento ocorre antes do resultado da urocultura. Desta forma, deve-se recorrer ao histórico
analítico do doente e atender ao panorama de resistência bacteriana na unidade/instituição, para
que o tratamento empírico seja eficaz. Assim, estudos como este, que permitem conhecer a
prevalência dos microrganismos causadores de ITU e respetivos perfis de suscetibilidade aos
antimicrobianos, revelam-se importantes, como estratégia preventiva e orientadora da
terapêutica. Mesmo em situações de inadequação terapêutica, o que pode acontecer em 11% dos
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Luciane Kantorski *
_____________________________
* Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de
Pelotas - kantorski@uol.com.br
** Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de
Pelotas - vandamrjardim@gmail.com
*** Enfermeira. Mestranda em Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Sul -
kjcantarelli@yahoo.com.br
**** Enfermeira. Mestre em Ciências pela Universidade Federal de Pelotas - lica.cso@hotmail.com
***** Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem, Universidade de São Paulo - antonacci@usp.br
****** Enfermeiro. Doutorando em Enfermagem, Universidade de São Paulo - jandrocortes@usp.br
******* Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Sul Endereço -
arianecguedes@gmail.com
RESUMO
A partir dos anos 80 surge no Brasil a reforma psiquiátrica, e regulamentado pela Portaria
336 de 19 de fevereiro de 2002 o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), deve constituir-se no
principal serviço substitutivo neste cenário. O conceito de ambiência segue três eixos: espaço
que visa o conforto, a privacidade e a individualidade dos sujeitos; espaço que possibilita a
expressão da subjetividade; espaço que favoreça a otimização de recursos e o atendimento
humanizado e acolhedor. Este estudo tem como objetivo avaliar qualitativamente a estrutura e
ambiência em CAPS do sul do Brasil. É um recorte da pesquisa “Avaliação dos Centros de
Atenção Psicossocial da Região Sul- CAPSUL”. Utiliza-se do referencial da avaliação de quarta
geração. A pesquisa foi apoiada financeiramente pelo Ministério da Ciência e Tecnologia através
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e Ministério da Saúde
(Edital 07/2005). Os dados foram coletados em cinco CAPS do sul do Brasil no segundo
semestre de 2006. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 89 trabalhadores, 57
usuários e 60 familiares, e também dados de 1987 horas de observação de campo e da consulta
ao projeto terapêutico dos cinco serviços. Foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da
Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas (Of. 074/05 de 11 de novembro de
2005). Destacaram-se qualidade do atendimento, diversidade de oferta de atividades,
responsabilização dos profissionais e espaço físico adequado ao cuidado e à expressão das
subjetividades. Quanto às dificuldades, destaca-se a carência ocasional de medicação como um
grave problema.
Palavras-chave: Avaliação em saúde; Saúde mental; Serviços de saúde mental.
RESUMEN
Desde los años 80 viene la reforma psiquiátrica en Brasil, y regulado por Portaria 336 de
19 de febrero de 2002 el Centro de Atención Psicosocial (CAPS) debería constituir el principal
servicio sustituto en este escenario. El concepto de ambiente se basa en tres ejes: el espacio que
busca la comodidad, la intimidad y la individualidad del sujeto, un espacio que permite la
expresión de la subjetividad, el medio ambiente que fomente la optimización de los recursos y el
servicio humanizado y acogedor. Objetivo de evaluar cualitativamente la estructura y ambiente
en el CAPS sur de Brasil. Es parte de la investigación "Evaluación de los Centros de Atención
Psicosocial en el Sur - CAPSUL". Utiliza la referencia de la evaluación de cuarta generación.
Fue financiada por el Ministerio de Ciencia y Tecnología através del Consejo Nacional de
Desarrollo Científico y Tecnológico y el Ministerio de Salud. Los datos fueron recogidos en
cinco CAPS sur de Brasil en el segundo semestre de 2006. Se realizaron entrevistas semi-
estructuradas con 89 trabajadores, 57 pacientes y 60 familiares, y también dan 1987 horas de
observación y las consultas al proyecto terapéutico de los cinco servicios. Fue aprobado por el
Comité de Ética de la Facultad de Medicina- Universidad Federal de Pelotas (Of. 074/05 de
11/11/05). Destacado calidad de la atención, diversidad de las actividades, la responsabilidad
profesional y el espacio adecuado a la atención y la expresión de la subjetividad. En cuanto a las
dificultades, existe la falta ocasional de la medicación.
Descriptores: Evaluación en salud; Salud Mental; Servicios de Salud Mental.
ABSTRACT
From the 80's comes the psychiatric reform in Brazil, and regulated by Decree 336 of
February 19, 2002 the Center for Psychosocial Care (CAPS), should constitute the main
substitute service in this scenario. The ambience concept follows three axes: space that seeks
comfort , privacy and individuality of the subject, a space that enables the expression of
subjectivity ; environment that fosters the optimization of resources and humanized service and
welcoming. This study aims to evaluate qualitatively the structure and ambience CAPS in
southern Brazil. It is part of a research "Evaluation of Psychosocial Care Centers in the South -
CAPSUL". Uses the reference of fourth generation evaluation. The research was financially by
the Ministry of Science and Technology through the National Council for Scientific and
Technological Development and the Ministry of Health (Notice 07/2005). Data were collected in
five CAPS southern Brazil in the second half of 2006. Semi-structured interviews were
conducted with 89 workers, 57 patients and 60 family members, and also given 1987 hours of
field observation and consultation to the therapeutic project of the five services. Was approved
by the Ethics Committee of the Faculty of Medicine - Federal University of Pelotas (Of. 074/05
of 11/11/05 ). The highlights quality of care, diversity of supply activities, professional
accountability and adequate space to care and expression of subjectivity. As for the difficulties,
there is the occasional lack of medication as a serious problem.
Keywords: Health Evaluation; Mental health; Mental health services.
INTRODUÇÃO
O modelo assistencial biomédico, no qual a saúde mental era pautada, disponibilizava a
clausura em manicômios como única alternativa de tratamento aos usuários em saúde mental,
promovendo segregação e exclusão social. Os indivíduos com transtorno mental eram apartados
do ambiente familiar e social, sem possibilidades de reabilitação e reinserção social. Esta prática
acentuou a discriminação e colocou a pessoa com um transtorno mental às margens da
sociedade.
Desta forma, as pessoas com transtornos psíquicos que eram consideradas “loucas”, tinham
o convívio social restringido e, muitas vezes, eram confinadas em verdadeiros depósitos, com
condições sub-humanas, nos chamados hospitais psiquiátricos, fortalecendo a concepção da
doença mental como inconstante, incontrolável e incurável (Amarante, 1998; Souza, Kantorski,
Pinho, 2009).
A partir dos anos oitenta, surge no Brasil as primeiras manifestações da reforma
psiquiátrica, constituídas por trabalhadores, familiares e indivíduos com transtorno mental, os
quais lutavam por um novo modelo assistencial (Borges; Baptista, 2008). Este modelo mais tarde
viria a caracterizar-se pela atenção psicossocial, hoje instituída no Brasil, a qual busca retomar a
autonomia, cidadania e liberdade dos usuários de saúde mental.
Neste novo modelo, o convívio e a atenção no ambiente familiar e social é imprescindível.
Portanto, as proposições da Reforma Psiquiátrica visam proporcionar uma vida mais digna as
pessoas com transtornos psíquicos. A partir de então, busca-se a consolidação de uma rede de
atenção psicossocial composta por diversos serviços de saúde, a fim de contemplar as
necessidades de cada usuário e ofertar atendimento integral e qualificado em saúde mental.
No contexto desta rede, destacam-se os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os quais
foram instituídos por meio da Portaria 336/GM, de 19 de fevereiro de 2002 (Brasil, 2002).
Segundo o Ministério da Saúde (Brasil, 2004), os CAPS são instituições que têm como objetivo
acolher usuários com transtornos mentais, estimular a integração familiar e social, apoiá-los em
suas iniciativas de busca da autonomia, e também oferecer atendimento psicossocial. Sua
característica primordial consiste em buscar integrar os indivíduos com transtorno mental a um
ambiente cultural e social concreto, designado como seu território, o espaço da cidade onde
acontece a vida diária de usuários e seus familiares. Os CAPS constituem a principal estratégia
do processo de Reforma Psiquiátrica.
O presente estudo justifica-se principalmente pela premência de se olhar para essas novas
modalidades de assistência em saúde mental ofertadas pelos serviços públicos disponíveis no
Brasil, buscando-se avaliá-los. Avaliar um CAPS implica em conhecer sua ambiência baseando-
se na diversidade de conhecimentos da equipe de trabalhadores, dos usuários e seus familiares.
Segundo Brasil (2007), ambiência refere-se ao tratamento dado ao espaço físico entendido
como espaço social, profissional e de relações interpessoais que proporciona atenção acolhedora,
resolutiva e humana. A ambiência na arquitetura dos espaços da saúde vai além da composição
técnica, simples e formal dos ambientes, considera as situações que são construídas. O conceito
de ambiência segue três eixos: o espaço que visa à confortabilidade, privacidade e
individualidade dos sujeitos envolvidos, valorizando o ambiente (cor, cheiro, som, iluminação,
dentre outros), e garantindo conforto aos usuários e trabalhadores; o espaço que possibilita a
subjetividade; o espaço favorecendo a otimização de recursos, o atendimento humanizado e
acolhedor.
Diante disso, o presente artigo tem como objetivo avaliar qualitativamente a ambiência em
cinco Centros de Atenção Psicossocial da região sul do Brasil.
METODOLOGIA
O presente artigo é um recorte da pesquisa “Avaliação dos Centros de Atenção
Psicossocial da Região Sul”- CAPSUL, o qual realiza uma avaliação qualitativa de cinco CAPS
do sul do Brasil. Utiliza-se do referencial da avaliação de quarta geração, a partir de uma
abordagem construtivista, responsiva e hermenêutico-dialética. A pesquisa foi apoiada
financeiramente pelo Ministério da Ciência e Tecnologia através do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico e Ministério da Saúde através do Edital 07/2005.
A Avaliação de Quarta Geração, desenvolvida por Guba e Lincoln (1985, 1988, 1989)
adaptada para a área da saúde mental por Wetzel (2005), norteou o processo teórico-
metodológico da pesquisa. A Avaliação de Quarta Geração trata-se de uma avaliação responsiva,
em que as reivindicações, preocupações e questões dos grupos de interesse servem como foco
para organizar a avaliação. Neste estudo, os grupos de interesse são compostos por usuários,
familiares e trabalhadores de CAPS.
Os instrumentos de coleta de dados foram entrevistas semi-estruturadas realizadas com os
grupos de interesse e observação de campo, tendo por objetivo apreender a dinâmica do serviço,
a forma com que os atores interagem e os sentidos que constroem em sua relação com a prática.
A coleta de dados realizou-se no segundo semestre de 2006, por uma equipe de três a cinco
pesquisadores com experiência prévia em trabalho de campo em estudos qualitativos, que
permaneceu quatro semanas nesses municípios, totalizando 1987 horas de observação.
Intencionalmente, foram selecionados os cinco CAPS mais adequados a legislação vigente
no país a partir dos dados obtidos na etapa de abordagem epidemiológica, na qual avaliou-se
quantitativamente estrutura, processo e resultado da atenção em 30 CAPS da região sul do
Brasil.
RESULTADOS
A seguir, destacam-se os principais resultados referentes à estrutura e ambiência,
identificados nos depoimentos dos grupos de interesse: familiares, usuários e trabalhadores dos
CAPS, e também nos documentos de observação. Constam os dados dos cinco municípios da
região sul, os quais fizeram parte do estudo. Os dados estão agrupados por município e por
grupos de interesse.
-Medicação: fornecimento
-Ambiente físico: -Ambiente físico: deveria
-Medicação: disponível; regular;
necessidade de prédio ser mais espaçoso;
São -Atendimento: necessita -Alimentação: de boa
próprio e espaço para oficinas deveriam ter
Lourenço ampliar o horário diário qualidade;
lazer; local específico;
do Sul de funcionamento. -Ambiente físico: necessidade
-Alimentação: de boa -Recursos materiais:
de aquisição de um prédio
qualidade. insuficientes.
próprio.
- Ambiente físico: - Ambiente físico:
- Ambiente físico: -Recursos materiais:
falta conforto; necessita melhorias na
necessita melhorias; insuficientes;
Porto inadequado; infraestrutura.
-Recursos materiais: -Recursos financeiros para
Alegre -Oficinas - Reivindicação de um
insuficientes; compra de material para
terapêuticas: faltam prédio próprio para o
- Medicação: falta. oficinas: da própria equipe.
materiais; CAPS;
- CAPS: “porta - Ambiente físico:
- Ambiente físico: espaço
trancada”: necessidade de uma
limpo, agradável. -Ambiente físico: o prédio é
desconforto; reforma no prédio;
Necessidade de uma alugado; limpo e arrumado;
Foz do -Ambiente físico: -Oficinas: falta de
reforma no prédio; intenso calor; falta instalação
Iguaçu salas inadequadas materiais;
-Medicação: disponível; elétrica; pátio amplo;
para atividades; -Recursos financeiros:
- Oficinas: falta de - Alimentação: boa qualidade.
-Medicação: falta.
materiais.
disponível
DISCUSSÃO
Os três grupos de interesse avaliaram o serviço destacando qualidade do atendimento,
diversidade de oferta de atividades, vínculo positivo, responsabilização dos profissionais e
espaço físico adequado ao cuidado e à expressão das subjetividades. Desta forma, compreendeu-
se que nos CAPS avaliados a ambiência é favorecida, pois o princípio de que “a liberdade é
terapêutica” viabiliza uma gama de iniciativas neste tipo de serviço, assim como torna o
ambiente confortável e acolhedor.
O marcador interno de ambiência, objeto deste estudo, refere-se ao tratamento dado ao
espaço físico entendido como espaço social, profissional e de relações interpessoais que
proporciona atenção acolhedora, resolutiva e humana (Brasil, 2002, Brasil. 2004, Brasil. 2005,
Brasil, 2007).
Quanto às dificuldades, foram apontadas nos estudos de casos a escassez de material para o
trabalho cotidiano nas oficinas, de veículo para as visitas domiciliares, de medicação
(excetuando-se o CAPS de Joinville e São Lourenço do Sul) e de recursos humanos de
qualidade. Destaca-se a carência ocasional de medicação como um grave problema, visto que os
serviços pesquisados são responsáveis pelo atendimento de usuários que dela dependem para
continuamente manterem-se estáveis. Esta deficiência ocorre em decorrência de dificuldades no
processo de aquisição e/ou distribuição dos medicamentos, evidenciando problemas no
planejamento e na gestão dos recursos públicos.
Nos CAPS de Alegrete e de São Lourenço do Sul, destacou-se a existência de um espaço
físico adequado e confortável para a realização e manutenção da higiene pessoal dos usuários.
Esta prática é uma grande aliada para que os usuários possam adquirir ou reforçar os hábitos de
saúde corporal.
Quanto à alimentação, todos os CAPS, exceto o de Porto Alegre, declararam disponibilizar
alimentação de ótima qualidade. Desta forma, é oportuno salientar que oferecer a alimentação é
investir na promoção da saúde e da qualidade de vida dos usuários;
Os CAPS tem compromisso de inverter o modelo manicomial asilar e excludente,
exercendo um papel de mediador de ações que possibilitem a reabilitação e reinserção social dos
indivíduos atendidos (Milhomem, Oliveira, 2007).
A discussão de ambiência conduz a diversas reflexões sobre o Programa Nacional de
Humanização do Ministério da Saúde (Brasil, 2002, Brasil. 2004, Brasil. 2005, Brasil, 2007).
Neste, ambiência é um fator significante para a humanização do serviço e, portanto, na qualidade
do atendimento oferecido à população. Nesse sentido, a determinação do espaço vai além da
estrutura formal, física e técnica dos ambientes, abrangendo determinadas situações em
diferentes contextos e períodos.
A ambiência tem grande importância para a configuração do sistema, tanto em seu aspecto
concreto-estrutural, como também, frente à interação e ao vínculo com os usuários do serviço.
Além disso, a ambiência cria e promove o desenvolvimento de uma estabilidade emocional,
facilitando sua expressão no CAPS (Guljor, 2003). Ainda, no ambiente são fortalecidas as
relações entre usuário, família e equipe. Neste contexto ocorre a possibilidade de
compartilhamento de experiências, assim como a percepção dos acontecimentos passíveis de
modificações.
Logo, trata-se ambiência como um local de disponibilidade de recursos humanos e
materiais, os quais possibilitam o acolhimento do usuário e sua família, privilegiando o conforto
e a subjetividade no processo terapêutico. Em outros termos, é preciso entender este espaço
como um local que favorece o bem-estar dos usuários, da família e da equipe. Desta forma, a
ambiência é um espaço que instiga a reflexão de práticas e de modos de operar no espaço,
contribuindo para a transformação de paradigmas existentes (Brasil, 2002, Brasil. 2004, Brasil.
2005, Brasil, 2007), sobre os quais já se acumularam críticas suficientes.
CONCLUSÃO
Esta pesquisa propiciou o conhecimento dos tipos de ambiência encontrados em cinco
CAPS da Região Sul do Brasil. Sugere-se a adaptação e criação de espaços físicos mais amplos e
a melhoria na infraestrutura, de forma que seja possível abrigar os usuários, familiares e
profissionais, tornando viável suas participações, com mais eficácia, nas atividades oferecidas
nos serviços.
A ambiência não pode ser entendida como um componente à parte do processo de trabalho
em saúde mental, pois ela faz parte das dimensões estrutural, organizacional e de bem-estar no
contexto dos CAPS, compreendendo não apenas o estrutura física e material, mas também a
existência de um espaço que proporcione conforto emocional, terapeuticamente constituídos.
Dessa forma, considera-se a ambiência como um elemento de extrema importância e relevância
no processo de manutenção da saúde.
O ambiente deve ser acolhedor, familiar e humano, diferente daquele típico do modelo
asilar e hospitalocêntrico, próprio dos antigos manicômios. Ele deve ser um espaço onde os
usuários possam ser atendidos com tranquilidade e conforto necessários; um lugar para os
indivíduos realizarem suas atividades individuais ou em grupo, com condições
sanitárias/estruturais/psicológicas adequadas, de forma a abrigar devidamente os seus
frequentadores.
Enfim, para que o espaço de um CAPS se efetive, é indispensável assumir um processo de
mudança, favorecendo, além da integralidade da assistência, a preocupação com as necessidades
e com o bem-estar dos participantes. Assim, possíveis alterações devem ser planejadas como
estratégias de avanço na atenção à saúde mental. Nesse sentido, destaca-se a criação de novos
espaços ou adaptações locais de acordo com as peculiaridades de cada CAPS. Portanto, é de
extrema importância o apoio político, econômico e social para manutenção, melhorias e
ampliação dos CAPS.
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Janeiro.
Paula Diogo *
Patrícia Baltar**
_____________________________
* Professora adjunta, Escola Superior de Enfermagem de Lisboa, Doutorada em Enfermagem - pmdiogo@esel.pt
* Enfermeira, Hospital Prof. Dr. Fernando Fonseca, Mestre em Psicologia Clínica - pbaltar@gmail.com
RESUMO
A presente revisão da literatura é parte integrante de uma investigação que visa explorar e
compreender os determinantes e especificidades da afetividade no cuidar de crianças
hospitalizadas sem acompanhante. Atualmente, este aspeto é de extrema importância dado o
contexto socioeconómico português que se tem deteriorado, e que tem conduzido a um aumento
de crianças hospitalizadas sem estarem acompanhadas por pessoas afetivamente significantes.
Torna-se fundamental explorar a relação humano-afetiva na prática de enfermagem em contexto
pediátrico. A evidência científica sobre o fenómeno revela que os enfermeiros de pediatria estão
sensíveis para nutrir e enriquecer os cuidados com afeto; defendem mesmo que não existe
cuidado sem afeto. Os enfermeiros imprimem afeto em cada ação/interação e tornam-se pais
num plano mental, mas não é claro como usam o afeto e desenvolvem a relação terapêutica no
cuidado a crianças hospitalizadas sem acompanhante. A dádiva de afeto/amor é uma componente
subjetiva do “trabalho emocional”, considerada como requisito da função e foco da intervenção.
A investigação sobre o trabalho emocional em enfermagem, em Portugal, é escassa em todas as
áreas e contextos de cuidados. O legado científico de René Spitz, sobre o desenvolvimento
emocional das crianças durante o primeiro ano de vida quando são hospitalizadas, contribui para
demonstrar que o relacionamento afetivo mãe-filho é crucial no desenvolvimento da pessoa. O
desempenho do trabalho emocional, com foco na reciprocidade afetiva nas relações enfermeiro-
criança, é fundamental para satisfazer as necessidades emocionais das crianças hospitalizadas
sem acompanhante.
Palavras-chave: Afeto; trabalho emocional; Criança hospitalizada sem acompanhante;
Enfermagem Pediátrica.
RESUMEN
Esta revisión de la literatura es una parte integral de una investigación que tiene como
objetivo explorar y comprender los factores determinantes y las especificidades de afecto en el
cuidado de los niños hospitalizados no acompañados. En la actualidad, este aspecto es de suma
importancia dado el contexto socio- económico que el portugués se ha deteriorado, y que ha
dado lugar a un aumento de los niños hospitalizados no acompañados por personas
afectivamente significativas. Es crucial para explorar la relación humana-afectiva en la práctica
de enfermería en el ámbito pediátrico. La evidencia científica sobre el fenómeno revela que las
enfermeras pediátricas son sensibles para nutrir y enriquecer la atención con cariño, incluso
argumentar que no hay afecto en el ámbito pediátrico de atención. Las enfermeras, los afectos de
impresión para cada acción/interacción, se convierten en padres en el plano mental, pero no está
claro cómo el afecto uso y desarrollo de la relación terapéutica en la atención a los niños
hospitalizados no acompañados. El regalo de afecto/amor es un componente subjetivo de
"trabajo emocional", considerado un requisito de la función y el enfoque de la intervención. La
investigación sobre el trabajo emocional en enfermería en Portugal es escasa en todas las áreas y
centros de atención. El legado científico de René Spitz, en el desarrollo emocional de los niños
durante el primer año de vida cuando están hospitalizados, ayuda a demostrar que la relación
afectiva madre-hijo es crucial en el desarrollo de la persona. El rendimiento de trabajo
emocional, con un enfoque en la reciprocidad emocional em las relaciones enfermera-cliente es
fundamental para satisfacer las necesidades emocionales de los niños hospitalizados no
acompañados.
Descriptores: El afecto, el trabajo emocional, los niños hospitalizados no acompañados;
Enfermería Pediátrica
ABSTRACT
This literature review is an integral part of an investigation that aims to explore and
understand the determinants and specificities of affection in caring for hospitalized children
unaccompanied. Currently, this aspect is of utmost importance given the socio-economic context
that Portuguese has deteriorated, and that has led to an increase of hospitalized children
unaccompanied by people affectively significant. It is crucial to explore the human-affective
relationship in nursing practice in pediatric settings. The scientific evidence on the phenomenon
reveals that pediatric nurses are sensitive to nourish and enrich the care with affection, even
argue that there is no care without affection. Nurses, print affection for each action/ interaction,
become parents in the mental plane, but it is unclear how use affection and develop the
therapeutic relationship in the care of hospitalized children unaccompanied. The gift of
affection/love is a subjective component of "emotional labor", considered a requirement of the
role and focus of intervention. Research on emotional labor in nursing in Portugal is meager in
all areas and care settings. The scientific legacy of René Spitz, on the emotional development of
children during the first year of life when they are hospitalized, helps to demonstrate that the
affective mother-child relationship is crucial in the development of the person. The performance
of emotional labour with a focus on emotional reciprocity in relationship nurse-client is
fundamental to meet the emotional needs of hospitalized children unaccompanied.
INTRODUÇÃO
A vivência de doença e hospitalização implica que o indivíduo seja retirado do seu
ambiente familiar, seguro e afetuoso, afastado do seu núcleo de pessoas significativas, das suas
atividades sociais, assumindo o papel de pessoa que é cuidada por outro. Mas Diogo (2012a)
salienta que o cuidar em enfermagem pressupõe que o enfermeiro dê de si próprio ao outro que é
cuidado - o outro enquanto pessoa autónomo e singular -, e um contexto relacional com
tonalidade afetiva, provido de afeto. O conceito de afeto está intimamente relacionado com o
conceito de amor, ambos dizem respeito a um sentimento que está presente nos cuidados de
enfermagem. De facto, o conceito de cuidar advém do termo inglês caring definido por Boykin
& Schoenhofer (2001) como um sentimento com uma valência altruísta, constituindo uma
expressão ativa de amor. Assim, os enfermeiros além de serem detentores de competências
teórico-práticas devem ainda evidenciar envolvimento e intencionalidade nas relações
interpessoais que estabelecem, com vista a contribuírem para a saúde e bem-estar da pessoa
cuidada (Prochet, Paes da Silva, Ferreira, & Evangelista, 2012).
A afetividade nas relações de cuidado em enfermagem enquadra-se, ainda, na conceção de
trabalho emocional. O desempenho do trabalho emocional em enfermagem incorpora ações
inscritas no processo de cuidados, de dimensão afetivo-emocional, que visam transformar
positivamente as vivências dos atores envolvidos nos cuidados, com a intencionalidade de
promover o bem-estar global (Diogo, 2012a). O trabalho emocional envolve o holismo e a
experiência humana, e reconhece o elevado esforço emocional e a fiabilidade humana dos
enfermeiros nas relações com as pessoas que cuidam (Hunter & Smith 2007). Já McQueen
(2000) argumenta que o trabalho emocional contribuiu para estabelecer as relações e é uma
simbólica expressão da preocupação com os aspetos emocionais no cuidar, que promove nos
clientes o sentimento de segurança e de confiar nas intenções da ação dos enfermeiros. Em
contexto de cuidados de saúde a crianças hospitalizadas a componente afetiva pode ser analisada
em duas vertentes:
1) As crianças despertam nos seus cuidadores sentimentos de vinculação, amor e afeto que
levam ao desenvolvimento de relacionamentos de proteção enriquecidos por uma esfera
emocional. Harlow (1976: 80) remete-nos para o período da maternidade; “a partir desta ligação
íntima da criança à mãe, formam-se múltiplas respostas afetivas aprendidas e generalizadas”.
METODOLOGIA
No desenvolvimento desta revisão bibliográfica foram considerados artigos de
investigação nacionais e internacionais acerca da temática em estudo, para tal recorreu-se a
várias bases de dados: Scielo, Ebsco, B-on. Os descritores que nortearam esta pesquisa foram:
“Trabalho emocional”, “Crianças hospitalizadas”, “Afetos”, “Enfermagem Pediátrica”. Além
disso foram consultadas produções de autores que se destacam nesta temática, como Pam Smith.
Utilizou-se uma metodologia descritiva e compreensiva para a análise dos artigos.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
No Cuidar e Afeto
A abordagem holística do cuidar na atualidade alterou a dinâmica relacional entre os
enfermeiros e os clientes dos cuidados de saúde, na qual as necessidades emocionais passaram a
ter uma importância relevante no estabelecimento de uma relação terapêutica considerada
essencial (Williams 2001; McVicar 2003). Na verdade, Watson e Smith (2002) argumentam que
o cuidado de enfermagem é conceptualizado com base em teorias humanistas, que enfatizam o
Outra questão relaciona-se com uma relação pautada quer por momentos de afeto quer por
momentos de sofrimento associados a procedimentos dolorosos, numa espécie de “dá e tira”. Os
enfermeiros apesar de “provocarem dor” na realização de procedimentos conseguem conquistar a
confiança das crianças, através do amor incondicional e de transmitirem afeto. De facto, durante
os procedimentos dolorosos procuram ser afetivos, meigos e calorosos para confortar, mas
consideram muito importante as interações exclusivas para dar carinho, colo ou para uma
brincadeira (Diogo, 2012a).
Ainda outra questão relaciona-se com o cuidar em enfermagem como dever ético para
todos os clientes, mas o amor numa relação ainda mais próxima pode surgir apenas para algumas
crianças. Um dos problemas poderá ser a negação do princípio da justiça, que se encontra
marcado pelo princípio da imparcialidade, ou seja, todo e qualquer cliente deverá ser cuidado por
igual. Kendrick & Robinson (2002) referem que a literatura existente que estabelece a relação
entre o afeto nos cuidados e os desafios morais e éticos é escassa, acrescentando também que é
necessário perceber como pode ser encarado este compromisso de prover o afeto nos cuidados
em termos da ética relacional. Além disso, na construção da relação de cuidados as
características pessoais do enfermeiro influenciam a maneira como este se relaciona com o
cliente, trata-se por isso de um processo extremamente subjetivo, motivo pelo qual é mais fácil
estabelecer uma relação empática com algumas pessoas do que com outras, até porque o
processo de identificação com o outro também está implícito.
Por último a questão relacionada com o investimento numa relação afetiva mesmo quando
o período de contacto entre os enfermeiros e as crianças é curto, o que pode potenciar ou
conduzir a experiências de perda. No estudo de Zengerle-Levy (2006) os enfermeiros acreditam
que o amor que sentem, e que demonstram às crianças, tem o potencial de possuir efeitos a longo
prazo, mesmo que o contacto com as mesmas seja breve, por isso não perdem a oportunidade de
dar amor incondicional, o que pode potenciar o healing.
oportunidade de estar acompanhada, uma vez que esta medida promove o seu bem-estar físico e
psicológico. Shields (2001) constatou que os países em vias de desenvolvimento só na atualidade
começam a ficar despertos para os benefícios da presença das pessoas significativas no
acompanhamento da criança hospitalizada, para a sua recuperação.
A importância da presença de uma figura afetivamente significativa estende-se à infância e
adolescência devido à carga negativa associada à vivência de doença e hospitalização. Porém,
são diversos os fatores que conduzem à hospitalização de crianças sem acompanhante, incluindo
o aspeto socioeconómico. Consciente das necessidades emocionais das crianças sós, o
enfermeiro vê-se na contingência de ser a figura de substituição para que de alguma forma possa
colmatar a ausência da mãe ou de outro acompanhante (Kuntz, 2005). Zengerle-Levy (2006)
demonstrou que os enfermeiros são pais num plano mental, na medida em que se dispõe a dar
afeto e carinho tal como se tratasse dos seus próprios filhos, assumindo um papel parental
especialmente na relação com crianças sem acompanhante.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A hospitalização de uma criança constitui um acontecimento muito exigente
emocionalmente, ainda mais acentuado quando não dispõe da presença de uma figura
afetivamente significativa. Perante estas circunstâncias são os enfermeiros que assumem
frequentemente o papel de figura de referência e por isso afetivamente contentora e securizante.
A dádiva de afeto/amor é uma habilidade subjetiva como componente do “trabalho emocional”
dos enfermeiros, e nesta ótica é considerada como um requisito da função e foco da intervenção.
Os enfermeiros, no desempenho do trabalho emocional, promovem um ambiente seguro e
afetuoso, imprimem afeto em cada ação/interação, ajudam a gerir as emoções do cliente; tornam-
se pais num plano mental quando estão disponíveis para dar afeto e carinho. O trabalho
emocional, no qual se perspetiva a afetividade no cuidar, assume assim o papel de transformar
positivamente a experiência emocional nas interações com os clientes. Neste sentido a
mobilização do afeto na prestação de cuidados é essencial, pois esta componente do trabalho
emocional em enfermagem assume certamente repercussões importantes no desenvolvimento
global da criança. Perspetivando a criança como um ser vulnerável, os prestadores de cuidados
diretos são os principais promotores de um desenvolvimento adequado, sendo que a literatura
revela que a mobilização do afeto na prestação de cuidados tem implicações positivas no
desenvolvimento global das crianças cuidadas, nomeadamente na sua saúde mental.
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Márcia Santos *
_____________________________
* Enfermeira, Casa de Saúde da Idanha - u15.csi@irmashospitaleiras.pt
RESUMO
No âmbito do programa dos Padrões de Qualidade dos Cuidados de Enfermagem (OE,
2002) na Casa de Saúde da Idanha, a Unidade de São João de Deus – Unidade de Deficientes
Mentais de Evolução Prolongada - definiu como foco de atenção o excesso de peso, sendo um
dos indicadores a monitorizar.
O programa do excesso de peso foi selecionado com base no problema real identificado
nesta unidade. Segundo a CIPE relaciona-se com os focos excesso de peso presente e obesidade
presente, sendo um problema suscetível de resolução e/ou melhoria através de intervenções
autónomas de enfermagem.
Em Janeiro de 2012, a taxa de prevalência de excesso de peso era de 56,4%, tendo sido o
objetivo delineado para esse ano a sua diminuição em 10%.
Palavras-chave: Obesidade; Qualidade dos Cuidados em Saúde
RESUMEN
De acuerdo con el programa de la Norma de Calidad de Enfermería (OE, 2002), el Centro
de Salud de Idanha, Unidad de San Juan de Dios - Unidad de Discapacitados Mentales de
Evolucion Extendida - a definido como el foco de atención el sobrepeso como uno de los
indicadores a ser monitoreados.
El programa del exceso de peso fue seleccionado en función del verdadero problema
identificado en esta unidad. De acuerdo con el CIPE, se refiere a los brotes de peso excesivo y la
obesidad, mientras que ambos representan un problema susceptible de resolución y / o mejora a
través de las intervenciones de enfermería independientes.
En Enero de 2012, la prevalencia de sobrepeso fue del 56,4%, siendo que el objetivo
definido para este año fuera de reducir-lo en unos 10%.
Descriptores: Obesidad; Calidad de la Atención de la Salud.
ABSTRACT
In the scope of the programme of the Quality Standards in Nursing Care (OE 2002) of the
House of Health of Idanha, the Unit of St John of God- the Unit of Mentally handicapped for a
Prolonged Evolution- defined excess weight as a focus of attention as one of the indicators to
monitor.
The programme about excess weight was chosen as a real base problem indentified in this
Unit. Following this the CIPE focussed on excess weight and obesity as a problem susceptible to
resolution or improvement using independent intervention by nurses.
In January 2012 the level of prevalence of excess weight was 56.4% with an objective of a
reduction of 10%.
Keywords: Obesity, Quality of Health Care.
INTRODUÇÃO
A necessidade de implementar sistemas de qualidade está hoje assumida formalmente,
quer por instâncias internacionais como OMS (Organização Mundial de Saúde) e o Conselho
Internacional dos Enfermeiros, quer por organizações nacionais como o Conselho Nacional da
Qualidade e o Instituto da Qualidade em Saúde. Criar sistemas de qualidade em saúde revela-se
uma ação prioritária. Assim, as associações profissionais da área da saúde assumem um papel
fundamental na definição dos padrões de qualidade em cada domínio específico característico
dos mandatos sociais de cada uma das profissões envolvidas (OE, 2002).
O programa de intervenção para a diminuição do excesso de peso encontra-se em
atividade na unidade São João de Deus desde 2011, altura em que se identificou o problema de
Excesso de Peso, tendo-se construído o indicador de Prevalência de Excesso de Peso. Também
se constatou uma alta prevalência de sedentarismo, com falta de exercício físico e/ou atividades
desportivas por parte destas utentes.
A unidade São João de Deus é constituída por 40 utentes, com diagnóstico de deficiência
intelectual, idade média de 56 anos e tempo médio de internamento de 22 anos.
Segundo a OMS (2011), o excesso de peso e a obesidade são definidos como a anormal
ou a excessiva acumulação de gordura que podem prejudicar a saúde. Constituem fatores de
risco para uma série de doenças crónicas, incluindo diabetes, doenças cardiovasculares e cancro.
A prevalência da obesidade, a nível mundial, é tão elevada que a OMS considerou esta
doença como a epidemia global do século XXI. É, atualmente, um dos mais sérios problemas de
Saúde Pública, na Europa e em todo o mundo. Em Portugal, mais de 50% da população adulta
tem excesso de peso e 15% desta é obesa (DGS, 2007).
O Índice de Massa Corporal (IMC) MC é o padrão de medida internacional para a
obesidade (DGS, 2007). Este é, atualmente, o método mais utilizado e que define a obesidade de
acordo com valores de IMC superiores a 30 kg/m².
O seu resultado é obtido dividindo-se o peso (Kg) pela altura (m) ao quadrado, cuja
equação é a seguinte:
IMC = Peso / Altura x Altura
De acordo com os valores obtidos a partir desta fórmula, consegue obter-se uma
classificação do IMC.
Segundo a OMS, os valores de IMC são:
• Normal entre 18,5 e 24,9;
• Excesso de peso (pré-obesidade) entre 25 e 29,9;
• Obesidade superior a 30 dividida em três classes:
Classe I – entre 30,0 e 34,9;
Classe II – entre 35-39,9;
Classe III – superior a 40.
O risco de comorbidade para a classe III é considerado muito grave. (DGS, 2005).
O tratamento da obesidade deve considerar a modificação dos padrões alimentares e dos
comportamentos sedentários. Neste sentido, a DGS (2005) refere que a prevenção e o controlo
da pré-obesidade e da obesidade se obtêm através da mudança de estilo de vida, com base em
três pilares:
• Programa alimentar – Adequar a alimentação às necessidades energéticas, devendo-se
manter uma ingestão fracionada em pelo menos cinco refeições diárias e uma
primeira refeição equilibrada logo após o acordar.
• Promoção da atividade física e desportiva – Praticar, pelo menos, 30 minutos de
atividade física moderada, de preferência diariamente (desporto, marcha, jogging,
subida de escadas, cicloturismo ou utilização de bicicleta estática, natação). O
exercício físico pode ser praticado em diversos períodos mínimos, intervalados, de 10
minutos cada.
• Programa educativo, escolar e institucional, multissetorial – Desenvolver estratégias
para o ensino de atitudes positivas relacionadas com os hábitos saudáveis,
alimentares, saúde física, bem-estar social, quanto à qualidade e quantidade.
OBJETIVO
Diminuir a prevalência de excesso de peso na unidade em 10%.
METODOLOGIA
Foram implementadas e aplicadas ao longo do ano (2012), ações de melhoria contínua
em três esferas: educacionais, organizacionais e de gestão.
Educacionais:
• Sensibilização dos enfermeiros para a avaliação mensal do peso e para
implementação da norma do exercício físico;
• Ações de formação sobre o empratamento para as auxiliares de enfermagem.
Organizacionais:
• Articulação como professor de ginástica e psicomotricista;
• Articulação com a Engenheira Alimentar.
Gestão:
• Elaboração de uma norma relativa ao exercício físico – Passeios diários nos jardins da
Casa de Saúde durante 30 minutos;
• Proposta de colaboração para educação física adaptada e hidroginástica.
A amostra foi constituída por 39 utentes da unidade em que foi possível a avaliação do
peso ao longo de todo o ano.
A recolha de informação foi efetuada mensalmente pela equipa de enfermagem da
unidade, sendo os dados monitorizados através do IMC. O tratamento dos dados foi feito através
de uma base de dados informatizada.
RESULTADOS
Os resultados das intervenções efetuadas são demonstrados através da monitorização do
indicador Prevalência do Excesso de Peso (OE, 2007):
60,0%
48,8%
50,0%
41,0%
38,4%
40,0%
33,3%
30,0% Jan-12
Dez-12
20,0%
12,8%
7,7%
10,0% 5,1% 5,1%
2,6% 2,6% 2,6%
0,0%
0,0%
Baixo Peso Peso Normal Excesso de Obeso Classe Obeso Classe Obeso Classe
Peso I II III
DISCUSSÃO
Como se pode observar pelo gráfico anterior, houve uma diminuição na prevalência em
cada categoria do IMC, nomeadamente na categoria de Excesso de Peso, Obeso Classe I e Obeso
Classe III, excetuando a classe Obeso Classe II, estando este aumento associado à diminuição da
prevalência na classe Obeso Classe III.
Em Janeiro de 2012, a taxa de prevalência de utentes com excesso de peso era de 56,4%.
O resultado obtido em Dezembro de 2012 foi a redução em 10,3% do número de utentes com
excesso de peso, passando a taxa de prevalência a 46,1%.
CONCLUSÃO
Demonstrou-se, através dos resultados obtidos, os ganhos em saúde, adquiridos através
das ações de melhoria contínua implementadas pela equipa de enfermagem, tendo este programa
de melhoria contínua dos cuidados de enfermagem atingido a meta que se propôs: diminuir a
prevalência de excesso de peso na unidade em 10%.
É essencial que os profissionais de saúde enfatizem a importância da prevenção do
excesso de peso e obesidade através do ensino e estímulo de hábitos de vida saudáveis, sendo
que quando a doença já existe é fundamental modificar comportamentos, principalmente ao nível
da alimentação e do exercício físico (Moreira, 2007).
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http://www.ordemenfermeiros.pt/documentosoficiais/Documents/RMDE_Indicadores-VFOut2007.pdf.
Rui Marques *
Óscar Nogueiro **
_____________________________
* Aluno do curso de Farmácia da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra-IPC -
rjmarquess@gmail.com
** Assistente Graduado de Psiquiatria do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Coimbra - oscarnogueiro@gmail.com
*** Coordenador de Investigação Aplicada em Farmácia da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra-
IPC - ruic@estescoimbra.pt
RESUMO
O aumento da esperança média de vida das últimas décadas tem levado à cronicidade das
patologias e ao consequente aumento do consumo de medicamentos. Muitas vezes, por
necessidade, recorre-se ao uso dos medicamentos de modo “off-label”. Isto pode trazer graves
interações medicamentosas e outras comorbilidades para os idosos. Objectivos: Este estudo
analisa a prática de utilização “off-label” de antipsicóticos atípicos nos idosos e interações
medicamentosas específicas com este grupo terapêutico. Pretende ainda, verificar possíveis
efeitos adversos dos medicamentos utilizados, bem como, aparecimento de outras patologias:
diabetes mellitus tipo II, pneumonia, obesidade, perda de peso e edemas. Métodos: O estudo foi
realizado nos Lares de Idosos de Oliveira do Hospital. A amostra englobou 321 idosos, com
idade igual/superior a 65 anos. Os dados foram recolhidos através de ficha de observação.
Resultados: Verificámos uso de antipsicóticos atípicos em 21,2% da amostra, sendo a
risperidona, a mais utilizada (8,4%). As indicações de prescrição “on-label” totalizam 5,3%,
sendo o uso “off-label” superior, com 32,4%. Verifica-se polimedicação em 76% dos inquiridos.
Relativamente a interações medicamentosas, em média cada indivíduo apresenta 1,4 interações,
e especificamente com antipsicóticos atípicos 2,34 interações. Após uso de antipsicóticos
atípicos foram encontrados alguns casos de diabetes mellitus, edemas e pneumonia. Conclusão:
A utilização “off-label” de antipsicóticos atípicos, segue o padrão de estudos semelhantes.
Constatámos aparecimento de algumas patologias: diabetes mellitus, pneumonia, obesidade e
edemas, associadas ao uso de antipsicóticos atípicos, bem como existência de diferentes tipos de
interacções medicamentosas.
Palavras-chave: Off-label; Antipsicóticos; Idoso; Diabetes.
RESUMEN
El aumento de la esperanza de vida en las últimas décadas ha llevado a la cronicidad de la
enfermedad y el consiguiente aumento en el consumo de drogas. A menudo, por necesidad, se
recurre al uso de las drogas "off-label". Esto puede causar interacciones graves y otras
comorbilidades para ancianos. Objetivos: Este estudio examina la práctica de utilizar "off- label"
antipsicóticos atípicos en los ancianos y las interacciones medicamentosas específicas para este
grupo terapéutico. También tiene la intención de evaluar los posibles efectos adversos de los
fármacos utilizados, así como, otras enfermedades: diabetes mellitus tipo II, la neumonía, la
obesidad, la pérdida de peso y la hinchazón. Métodos: El estudio se realizó en asilos de Oliveira
do Hospital. La muestra fue de 321 personas mayores, ancianos/65 años. Los datos fueron
ABSTRACT
The increase in life expectancy in recent decades has led to the chronicity of the disease
and the consequent increase in the consumption of drugs. Often, by necessity, we resort to the
use of drugs off-label. This can cause serious drug interactions and other comorbidities for the
elderly. Objectives: This study examines the practice of using "off- label" atypical antipsychotics
in the elderly and drug interactions specific to this therapeutic group. It also intends to evaluate
possible adverse effects of drugs used as well, other diseases: diabetes mellitus type II,
pneumonia, obesity, weight loss and swelling. Methods: The study was conducted in Nursing
Homes Oliveira do Hospital. The sample comprised 321 elderly, over aged 65 years. Data were
collected through observation form. Results: We found the use of atypical antipsychotics in 21.2
% of the sample, and risperidone, the most used (8.4%). The indications for prescribing "on-
label" totaling 5.3 %, and use "off-label" higher, with 32.4 %. There is polypharmacy in 76 % of
respondents. For drug interactions, on average each person has 1.4 interactions, specifically
interactions with atypical antipsychotics 2.34. After taking atypical antipsychotics were found
some cases of diabetes mellitus, edema and pneumonia. Conclusion: The use of "off-label"
atypical antipsychotics, follows the pattern of similar studies. We have found onset of some
conditions: diabetes, pneumonia, obesity and edema associated with atypical antipsychotics, as
well as the existence of different types of drug interactions.
Keywords: Off-label; Antipsychotics Agents; Aged; Diabetes.
INTRODUÇÃO
Em Portugal, a população com mais de 65 anos aumentou na última década. Segundo os
últimos censos de 2011, a população com mais de 65 anos totalizava 19%, contrastando com os
16,4% obtidos nos censos de 2001, verificando-se um aumento de 2,6% desta faixa etária. O
índice de envelhecimento também aumentou entre 2001 – 2011, agravando-se de 102,23 para
127,84 (1).
Em Oliveira do Hospital, distrito de Coimbra, a população na faixa etária com mais de 65
(1) (2)
anos sofreu um aumento de 8,32% comparativamente aos censos de 2001 . O índice de
envelhecimento também aumentou entre 2001 e 2011, passando de 132,6 para 181,8 (2).
O aumento da esperança média de vida e da longevidade têm levado ao aparecimento de
diversas patologias relacionadas com a idade, designadamente, demência, Alzheimer e outras
(2) (3)
patologias crónicas, o que acarreta elevado consumo de medicamentos . Os idosos são
assim, uma população polimedicada.
No Reino Unido, esta situação verifica-se em mais de 10% das pessoas com mais de 65
anos de idade (4).
Como esta faixa etária apresenta uma grande prevalência de patologias, estas exigem a
utilização de muitos fármacos e com isso o aumento de interações medicamentosas e reacções
adversas (5-6).
É pois, pelo facto de ocorrer uma maior prevalência de algumas patologias nesta faixa
etária que os antipsicóticos atípicos (APA) são muito usados.
Das primeiras doze moléculas que originaram maiores encargos para o SNS, no ano de
2011, encontram-se presentes três APA (Quetiapina, Olanzapina e Risperidona)(7).
Os antipsicóticos são medicamentos que surgiram na década de 50, designados por
tranquilizantes major, e que devido à evolução da ciência foi necessário subdividi-los em típicos
e atípicos (8).
Os APA, mais seguros e considerados de segunda geração não apresentam efeitos
extrapiramidais tão graves, ao contrário dos típicos (8) (9) (10).
Como exemplos de APA, temos a clozapina, a quetiapina, o aripiprazol, a olanzapina, a
risperidona, a ziprasidona, a asenapina, a iloperidona e a paliperidona (8) (11).
Esta classe de fármacos encontra-se apenas recomendada para pacientes com
esquizofrenia, doença bipolar e episódios de mania (8) (12) (13).
Ultimamente, a risperidona e o aripiprazol viram também aprovada a sua utilização no
tratamento da irritabilidade e agressão em doentes autistas (14) (15).
Apesar de diversas recomendações por parte dos organismos competentes, outros usos se
encontram associados a este tipo de fármacos, como é o caso da depressão, Alzheimer,
demência, transtorno obsessivo-compulsivo, stress pós-traumático e de distúrbios de
personalidade (11).
Esta utilização designa-se por uso “off label”, que não é mais do que o tratamento de uma
condição não indicada no que foi aprovado aquando da sua autorização de introdução no
mercado. Pode ainda ser considerado uso “off label”, o tratamento da condição indicada, mas não
respeitando a dosagem, a faixa etária para o qual o medicamento se encontra recomendado ou a
não utilização da combinação dos medicamentos recomendados para o tratamento de
determinada patologia (11, 16-18).
Este tipo de prescrição é comum em psiquiatria, pois muitas vezes os doentes apresentam
(11)
refração aos tratamentos padrão ou então não existe tratamento para determinada patologia .
Contudo esta utilização não é inócua, pois existem diversas patologias associadas ao seu uso
“label” e “off label”.
O uso de APA parece estar associado ao aparecimento de diversas patologias entre as
(9) (19-24) (12) (14) (23) (25-27) (28)
quais, a diabetes mellitus tipo II , ganho e perda de peso , edemas ,
(29-32) (33) (34)
patologias respiratórias (pneumonia) , patologias cardíacas e morte súbita .
Assim, este trabalho pretende analisar a prática de utilização “off-label” de antipsicóticos
atípicos nos idosos, as interações medicamentosas globais e específicas com este grupo
terapêutico e os efeitos adversos. Pretende-se ainda, verificar a existência de outras patologias
tais como: diabetes mellitus tipo II, pneumonia, obesidade e emagrecimento (ganho/diminuição
de peso) e edemas.
MÉTODOLOGIA
Este estudo é classificado como observacional, descritivo e transversal.
A amostra foi constituída por 321 idosos, com idade igual ou superior a 65 anos, utentes de
vários lares de idosos do concelho de Oliveira do Hospital.
Os dados foram recolhidos através de uma grelha de observação, após consulta dos
ficheiros dos utentes, com a colaboração do Departamento Médico e de Enfermagem.
A recolha de dados foi dividida em duas partes. A primeira parte englobou o registo das
seguintes variáveis dos utentes: sexo, idade, peso à entrada na Instituição, obesidade e diabetes
na família, actividades actuais, diabético e que tipo.
A segunda parte foi relativa às variáveis: medicamentos utilizados por cada utente
(incluindo os APA), dosagem e posologia diária, bem como as indicações terapêuticas para a sua
prescrição. Peso atual após terapêutica com APA, patologias que surgiram após o seu uso e
efeitos adversos.
A análise das interações medicamentosas foi realizada com auxílio da página electrónica
do “Simposium Terapêutico online” (35) e do livro “Essential Psychopharmacology” (12).
O estudo foi precedido das respectivas autorizações dos Presidentes da Direcção e dos
Departamentos Médicos. Foram garantidos os princípios éticos de confidencialidade, anonimato
e consentimento informado.
Na análise dos dados recolhidos, utilizou-se fundamentalmente a estatística descritiva,
traduzida por medidas de tendência central, nomeadamente a média, desvio padrão, máximos e
mínimos.
Esta análise e tratamento estatístico dos dados recolhidos, foi efectuada através do
programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS) 17.0.
RESULTADOS
Como mostra o Quadro I, a nossa amostra é maioritariamente constituída por indivíduos
do sexo feminino (71,3%), com idades compreendidas entre os 65 e 106 anos, com uma média
de 84,21 ± 6,901 anos. O seu peso à entrada no lar de idosos, variou entre os 32 e 93,5 Kg, com
uma média de 62,06 ± 13,63 Kg.
Verifica-se ainda na amostra que 24,9% dos indivíduos, apresenta patologia diabética, do
tipo I-5,9% e o do tipo II-19,0%.
Relativamente à profissão que possuíam, verifica-se uma hegemonia da profissão
“doméstica” com 40,5%, seguida a de “agricultor(a)” com 8,7% e a de “construtor civil” com
6,5%. Nos indivíduos institucionalizados, apenas 32,7% têm total autonomia, enquanto os
restantes 67,2% apresentam limitações e necessitam de apoio durante o seu dia-a-dia (Quadro II).
No que se refere a morbilidades familiares, 6,5% refere existir na sua família directa pelo menos
uma pessoa obesa, enquanto apenas 1,2% relatam casos de diabetes na família.
Variáveis n %
Sexo
Masculino 92 28,7
Feminino 229 71,3
Diabético
Sim 80 24,9
Não 241 75,1
Tipo Diabetes
Tipo I 19 5,9
Tipo II 61 19,0
De salientar que 56,7% e 85,0% referem não saber se ocorre obesidade ou diabetes na
família respectivamente.
Atividades atuais n %
Totalmente Dependente 125 38,9
Parcialmente Dependente 91 28,3
Independente 105 32,7
Obesidade na família
Sim 21 6,5
Não 118 36,8
Não sabe 182 56,7
Diabetes na família
Sim 4 1,2
Não 44 13,7
Não sabe 273 85,0
Antipsicóticos atípicos n %
Sim 68 21,2
Não 253 78,8
Risperidona 27 8,4
Quetiapina 17 5,3
Olanzapina 16 5,0
Clozapina 10 3,1
Amissulprida 2 0,6
Início
(anos) Risperidona Olanzapina Quetiapina
Diagnóstico Prescrição n %
Demência/Alzheimer 37 11,5
Distúrbios de Ansiedade 20 6,2
Distúrbios Delirantes 18 5,6
Distúrbios de Personalidade 16 5,0
Esquizofrenia 9 2,8
Doença Bipolar/ Mania 8 2,5
Insónia Primária 8 2,5
Depressão 5 1,6
Foram também verificados os diagnósticos de prescrição dos APA que são os mais
diversos, e encontram-se referidos no Quadro V. Na sua maioria, a causa principal da prescrição
é a patologia de demência associada ao Alzheimer com 11,5% (n=37), seguido dos distúrbios de
ansiedade com 6,2% (n=20). A patologia “distúrbios delirantes” encontra-se também referida
com 5,6% (n=18) da razão da prescrição.
As patologias “Esquizofrenia” e “Doença bipolar/Mania”, incluídas no Quadro V,
apresentam resultados baixos, 2,8 e 2,5% respectivamente.
Após utilização de APA na população estudada, em 3,1% verificou-se aumento de peso,
1,6% manteve e 2,2% apresentou diminuição, conforme se pode verificar no Quadro VI.
De referir que em 10,3% (n=30) não foi possível realizar esta análise, pois os processos
clínicos não continham dados suficientes.
Foi possível também verificar que após o início da terapêutica antipsicótica atípica,
surgiram algumas patologias nos utentes (Quadro VII).
Patologias n %
Diabetes Mellitus 5 1,6
Edemas 4 1,2
Pneumonia 4 1,2
Efeitos Adversos n
Aumento de Peso 10
Diminuição de Peso 8
Discinésia Tardia 6
Taquicardia 4
Tonturas 3
DISCUSSÃO
No que concerne às características sociodemográficas da amostra em estudo, estão em
conformidade com os indicadores portugueses. Isto é, o género predominante na amostra é o
feminino, o que acompanha a esperança média de vida nas mulheres, que é superior à do homem.
Tal facto é demonstrado nos censos de 2011, as mulheres em média vivem mais 5,9 anos que os
homens (esperança média de vida dos homens: 76,7 anos; mulheres: 82,6 anos) (2). Para além da
componente hormonal que parece ser um factor de protecção da mulher, possivelmente, este
facto deve-se a que os homens têm um estilo de vida menos saudável que as mulheres.
Em 2009, a prevalência de diabetes em Portugal era de 11,7%, sendo de 14,2% nos
homens e de 9,5% nas mulheres. Na faixa etária entre os 60 e os 79 anos, a nível nacional
verifica-se que nos homens a taxa é de 30,3% e nas mulheres é de 24,4% (37).
A nossa amostra contraria estes dados. Verifica-se que ao contrário do estudo referido, as
mulheres apresentam uma maior prevalência de diabetes do que os homens, com 26,2% e 21,7%
respectivamente.
Na nossa amostra, verificou-se um aumento de peso em 3,1% dos utentes a quem foram
prescritos APA. Contudo devemos referir que, 10,3% dos utentes não apresentavam dados
suficientes para poder avaliar este parâmetro. As moléculas que originaram mais casos foram a
risperidona e a quetiapina, seguidas da amissulprida e por fim da clozapina. No que se refere ao
sexo, o que apresentou maior propensão para aumento de peso foi mesmo o sexo feminino, tal
como o resultado obtido por Zheng et al. (2009).
Neste estudo foi ainda possível verificar que após o início da terapêutica com APA,
surgiram algumas patologias, tais como diabetes mellitus, pneumonia e edemas (não tendo sido
possível avaliar, se os edemas poderão estar associados a insuficiência renal, hepática, cardíaca
ou uso de fármacos anti-hipertensores).
Num estudo realizado por Lieberman, J. (2004), refere-se que o risco de diagnóstico de
diabetes é maior com a clozapina, a olanzapina e a quetiapina, do que com a risperidona (40).
Ulciknas et al. (2011) refere num artigo elaborado numa população do serviço de saúde
dos E.U.A., que a risperidona, a quetiapina e a olanzapina, apresentam maior propensão ao
desenvolvimento de diabetes que os restantes APA estudados, apresentando o aumento de dose
(9)
como fator preponderante . Já Argo et al. (2011), indicam que os fatores de risco primário (a
idade, o sedentarismo, o número de horas trabalhadas por semana, hiperlipidémia, entre outros)
são mais importantes para desenvolver diabetes mellitus que a exposição aos APA. Contudo
refere ainda que os fármacos, risperidona e olanzapina, poderão ser fatores primários bem como
os anos da sua utilização (24).
Segundo Erickson et al. (2012), ao uso off label de APA é associada a maior
(23)
probabilidade de aparecimento de diabetes mellitus . No nosso estudo verifica-se o
aparecimento de 5 casos de diagnóstico de diabetes após o uso de APA, sendo apenas um caso
em que a sua prescrição se engloba no uso on label, em linha com o estudo elaborado por
Erickson et al. (2012).
A molécula que se mostrou mais propensa o originar diabetes foi a risperidona com 3
casos confirmados, seguido da clozapina e da olanzapina com um caso cada molécula. Estes
resultados estão em consonância com os obtidos por Ulciknas et al. (2011).
Knol et al. (2008), referem ainda que ao uso de APA se encontra associado um risco de
aproximadamente 60% dos utentes desenvolverem pneumonia (32). Star et al. (2009) registou um
aumento de infeções pulmonares subsequentes ao uso de APA, comparativamente a utentes a
(31)
usarem antipsicóticos de primeira geração . Já Trifirò (2011), através de um estudo realizado
na Holanda, verifica que existe uma maior propensão no desenvolvimento de pneumonia nas
fases iniciais de tratamento, sendo esse diagnóstico ainda dependente da dose (29).
Este estudo possibilitou ainda a avaliação de 5 casos de infeções respiratórias, das quais 4
consideradas pneumonias. A molécula que maior número de casos pode ter originado foi a
olanzapina. Os dados obtidos encontram-se concordantes com os estudos anteriormente
referidos, apesar de, não ser possível determinar se as patologias surgiram pouco tempo após o
início da terapêutica com APA.
Num estudo elaborado por Koleva et al. (2009), os autores referem a propensão de
aparecimento de edemas induzidos pelos APA, ziprazidona e quetiapina. O estudo refere a
possibilidade do aparecimento dos edemas estarem associados a fatores alérgicos, visto os
(28)
valores da IgE se encontrarem elevados . O nosso estudo refere ainda o aparecimento de 4
casos de edemas (não sendo possível determinar, se as causas serão de origem renal, hepática,
cardíaca ou o uso de fármacos anti-hipertensores), cujos pacientes utilizavam a quetiapina,
apresentando um dos utentes, uso concomitante com a risperidona, tal como o estudo elaborado
por Koleva et al. (2009).
Os efeitos adversos são também abordados por Gareri et al. (2009), ao constatar que em
utentes idosos com demência ocorre agravamento dos efeitos adversos cerebrais, prolongamento
do intervalo QTc e desiquilíbrios electrolíticos.
Um artigo de revisão realizado por Levine et al. (2010), referem que as intoxicações
primárias associadas a overdose com APA, envolvem o sistema cardiovascular e neurológico. Os
sintomas mais comuns são a sedação, convulsões, taquicardia, hipotensão, prolongamento do
intervalo QTc, delírio e sintomas extra-piramidais (41).
Já Minns et al. (2012), relatam que a maior toxicidade dos APA ocorre a nível
cardiovascular e sistema nervoso central, originando sedação, hipotensão, prolongamento do
intervalo QTc, efeitos extrapiramidais e discinésia tardia (42).
O nosso estudo identificou alguns efeitos adversos associados ao uso de APA. Desde
logo a discinésia tardia com 6 casos detetados, taquicardia com 4 casos e tonturas, associadas a
hipotensão, com 3 casos. A risperidona foi pois a molécula que originou mais efeitos adversos,
seguida da amissulprida e da quetiapina. Estes dados obtidos estão em linha com os demais
estudos.
Num estudo realizado por Venturini et al. (2011), no Brasil, o sexo feminino demonstrou
ter maior tendência para o uso de mais princípios ativos diários do que os homens (5).
O nosso estudo vai ao encontro desta análise, pois o sexo feminino utiliza em média 5, 56
± 1,010 medicamentos diários, enquanto o masculino apenas 5,48 ± 0,931. A diferença de
consumo diário é maior no nosso estudo relativamente ao do Venturini et al. (2011)
Em termos de limitações ao estudo houve dificuldade em obter alguns dados tais como a
avaliação de peso dos utentes, pois alguns lares não têm enfermeiro nem médico a tempo inteiro,
o que limita a recolha de dados.
A recolha dos efeitos adversos foi baseada na confiança dos profissionais de saúde das
instituições, pois a iatrogenia tende a ser menosprezada em favor da atitude do comportamento
do idoso.
Este trabalho serviu ainda para verificar algumas lacunas na preparação da medicação,
desde logo, a desblistagem dos medicamentos a serem administrados durante uma semana
(preparação em caixas semanais), o fracionamento de formas farmacêuticas sem a correta
reembalagem e pulverização de algumas formulações.
Para estudos futuros é recomendável controlar algumas variáveis tais como a dieta, datas
de início da terapêutica, avaliação regular de parâmetros como o peso e a realização de exames
de auxiliar diagnóstico para uma mais correta análise. Os estudos deverão ser feitos, tendo por
base uma compilação mais pormenorizada de dados, devendo os mesmos ser obtidos ao longo de
algum tempo, para que sejam mais viáveis.
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Tânia Felisberto *
Nelson Oliveira **
_____________________________
* Enfermeira Especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria, enfermeira em Unidade de Cuidados
Continuados Integrados de Longa Duração e Manutenção da Santa Casa Misericórdia de Tomar -
formadorataniafof@gmail.com
** Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria, Mestre em ESM Psiquiatria, enfermeiro
na Unidade de Psiquiatria Agudos CHMT – Tomar - enfenelson@hotmail.com
*** Professora Adjunta, ESS-IPL Leiria - carolina.henriques@ipleiria.pt
RESUMO
A ambivalência de sentimentos é comum no período pós-parto por parte da puérpera,
sendo exemplo disso a euforia sentida, a labilidade emocional, o aumento da autoconfiança
associado à experiência do parto e ao nascimento do filho saudável, o medo de não conseguir
amamentar, a angústia de não ser capaz de cuidar e responder às necessidades do bebé e o temor
de não ser uma boa mãe (Strapasson & Nedel, 2010, in Silva 2012).
Este artigo apresenta o caso clínico de uma mulher com diagnóstico de Depressão Pós-
parto. A utente em estudo, demonstrou um puerpério difícil, com sofrimentos decorrentes de
complicações, que a levaram a mudar o seu comportamento e humor. Neste contexto, ressalta o
facto de a utente ter desenvolvido uma mastite puerperal, bem como a permanência de restos
placentários, o que levou à necessidade de uma curetagem uterina após a alta da utente dos
serviços obstétricos, com necessidade de re-internamento.
O estudo de caso descreve uma compreensão do fenómeno da depressão pós parto e a sua
evolução num espaço de três semanas, tendo em conta a implementação de intervenções de
enfermagem, nomeadamente no que diz respeito à prática especializada de Enfermagem de
Saúde Mental e Psiquiátrica. Demonstrou-se assim, uma eficácia da prestação de cuidados de
enfermagem adequada com a evolução clinica aqui expressada, revelando ganhos substanciais na
independência em AVD´s, e na integração da vinculação parental.
Palavras-chave: Depressão pós-parto; Intervenção de enfermagem; Psicoterapia
RESUMEN
La ambivalencia de los sentimientos es común en el puerperio por el puerperal, ejemplo
de ello es la euforia se sintió, labilidad emocional, el aumento de la confianza asociada con la
experiencia del parto y nacimiento del niño sano, el miedo de no conseguir amamantar, la
angustia de no poder atender y satisfacer las necesidades de bebé y el miedo de no ser una buena
madre (Strapasson & Nedel, 2010, in Silva 2012).
En este artículo se presenta un caso de una mujer diagnosticada con depresión posparto.
Un estudio de usuarios, mostró difícil y puerperio, sufriendo con complicaciones derivadas de
este, que la llevó a cambiar su comportamiento y estado de ánimo. En este contexto, subraya el
hecho de que el usuario ha desarrollado una mastitis puerperal, así como la persistencia de las
membranas de la placenta, lo que llevó a la necesidad del raspado del útero después del alta del
servicio de usuario obstétrico, que requiere re hospitalización.
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
Segundo Silva (2012), o puerpério é definido como o período de seis a oito semanas após
o parto, espaço de tempo em que ocorre uma regressão das mudanças anatómicas e fisiológicas
inerentes à gravidez, sendo que essas alterações acontecem ao nível de vários órgãos e sistemas
do corpo da mulher. No puerpério, a mulher passa por intensas modificações de adaptação psico-
orgânicas, no qual ocorre o processo de involução dos órgãos reprodutivos à situação pré-
gravídica, o estabelecimento da lactação e ocorrência de intensas alterações emocionais.
A maneira como a mulher lida com todas as mudanças durante o período gestacional e na
maternidade irá manifestar-se em novas competências psicológicas e sociais, que poderão
influenciar a relação futura com a criança. A exacerbação da sensibilidade da mulher com a
gestação, por outro lado, predispõe-na a distúrbios emocionais.
O estudo de caso apresentado descreve uma compreensão do fenómeno da depressão pós
parto e a sua evolução num espaço de três semanas, tendo por base a intervenção particular de
enfermagem em contexto de internamento a uma doente depressiva selecionada por método de
conveniência. A intervenção foi realizada recorrendo ao processo de enfermagem, linguagem
CIPE, e adequando a intervenção ao doente selecionado e patologia expressada. Os principais
objetivos deste estudo foram: conhecer o ambiente familiar e sociocultural do doente, de forma a
compreender a evolução cronológica da doença; descrever os diagnósticos e intervenções de
enfermagem em linguagem CIPE em função das necessidades particulares do doente;
compreender a eficácia da intervenção de enfermagem na recuperação patológica do doente.
Foram utilizadas diversas metodologias de colheita e gestão de dados, como vários
instrumentos de avaliação (coping resiliente, ansiedade, crenças acerca dos fármacos e estado
mental), bem como diário de bordo, guião de entrevista semiestruturada, intervenção familiar
segundo o modelo de Calgary e duas entrevistas sistémicas com a presença do doente e
observação do comportamento do doente.
A intervenção de enfermagem em utentes com perturbação depressiva deve envolver uma
capacidade grande de autocontrolo e compreensão. É essencial dar tempo ao doente para se
expressar, confiar ou realizar as suas atividades, que devem ser planeadas cuidadosamente.
Atividades individuais poderão ser importantes quando o objetivo é diminuir a estimulação,
enquanto atividades de grupo se tornam benéficas para a construção e desenvolvimento da
autoestima.
Obteve-se uma evolução significativamente favorável na doente em que se interveio, em
termos de sinais e sintomas, avaliados tendo em conta o exame mental e a aplicação de
instrumentos de avaliação quantitativa.
CASO CLÍNICO
Antes de proceder ao relato do caso em estudo, informa-se que foi nossa prioridade a
adoção de uma postura ética, quer no tratamento da informação obtida através da consulta do
processo clínico, quer dos dados colhidos através da aplicação dos diferentes instrumentos à
doente e família.
A utente em estudo chama-se A. N., nasceu no dia 12 de Maio de 1992, 21 anos, sexo
feminino, nacionalidade romena e raça caucasiana. Tem o 8ºano de escolaridade, é doméstica de
Profissão. É casada, vive com marido, numa casa alugada de 3 assoalhadas.
Namorou desde o tempo da escola com o atual marido e casou aos 18 anos com este na
Roménia. Teve um primeiro namorado, a relação terminou porque, a utente frequentemente saía
à noite o que era do desagrado deste. Segundo a própria era ele a fonte de rendimento para os
seus gastos.
O marido é sete anos mais velho, e é atualmente a fonte de rendimento da casa. Trabalha
por turnos, estando ausente a maioria do tempo. Têm em comum uma filha, fruto de uma
gravidez não planeada, com um mês.
Internada no serviço de Psiquiatria do Centro Hospitalar Médio Tejo a 05 de Maio de
2013, por depressão pós-parto, com agravamento de sintomatologia depressiva e ansiosa.
PERSONALIDADE PRÉVIA: Antes de ser diagnosticada a depressão pós parto, A. N.,
tinha uma vida autónoma, era independente, socialmente ativa, ia ao café e também saia para
bares. Refere que apesar de ser uma pessoa alegre, sempre foi nervosa, teimosa e perfeccionista.
Como hobbies menciona a leitura essencialmente de romances e ver televisão. Ao longo
do internamento recorre muitas vezes ao apoio de um livro romeno, aparentemente de conteúdo
religioso.
Quando o pai morreu há cerca de um ano, inicia humor deprimido. Perturba-a o facto de
não ter ido ao funeral.
Após fortalecimento da relação terapêutica, admite não ter tido uma gravidez desejada,
sentir ciúmes da filha com o marido e ter medo de perder o carinho deste. Apesar de tudo
apresenta uma ambivalência no que sente pela filha, referindo que também gosta muito dela.
Segundo o marido, a utente sempre foi muito nervosa, e com muitos ciúmes:
[“… sempre que me demorava mais de dez minutos começava a berrar comigo… eu até
gostava porque é bom saber que ela gosta de mim, mas ás vezes é um exagero e sei que ela
também se prejudica em se enervar assim, porque sou um homem de respeito… não precisa de
ter medo…”] sic.
Genograma e Ecomapa:
Legenda:
Relação forte e compensadora
Fluxo de energia
__ __ __ Relação stressante
Relação ténua e incerta
RN – Recém-nascido
METODOLOGIA
Foram utilizadas diversas metodologias de colheita e gestão de dados, como vários
instrumentos de avaliação (coping resiliente, ansiedade, crenças acerca dos fármacos e estado
mental), bem como diário de bordo, guião de entrevista semiestruturada, intervenção familiar
segundo o modelo de Calgary, duas entrevistas sistémicas com a presença do doente e
observação do comportamento do doente.
RESULTADOS
O MINI-MENTAL STATE EXAM é um breve questionário de 30 pontos usado para
rastrear perdas cognitivas. Inclui questões e problemas simples em algumas áreas: o local e
momento do teste, repetição de listas de palavras, aritmética como a série de setes, uso e
compreensão de linguagem e habilidades motoras básicas.
O MOCA foi concebido como um instrumento breve de avaliação do Défice Cognitivo
Ligeiro. É um instrumento que avalia diferentes domínios cognitivos: atenção e concentração,
Dos resultados obtidos, pode verificar-se que inicialmente iniciou-se uma avaliação por
Mini Mental State Exam, que não demonstrou alterações cognitivas, mas houve necessidade de
aprofundar este estudo pelo que em avaliações posteriores se adicionou o MOCA em que se
verificou uma diferença enorme de resultado, despistando algum grau défice cognitivo na utente.
É importante verificar a diferença de pontos entre a primeira aplicação do teste MOCA e
a segunda, que coincide com um estado de sonolência da utente no primeiro caso que poderá ter
influenciado a execução do teste.
Em termos de ganhos em saúde verificou-se que as intervenções de enfermagem,
nomeadamente dentro da área de especialidade em saúde mental, se revelaram
significativamente positivas para a utente para o seu núcleo familiar.
Tabela 2 – Apresentação dos diagnósticos de Enfermagem iniciais, segundo Cipe versão 2.0, e posteriores
ganhos em saúde após Intervenções de Enfermagem.
DISCUSSÃO
Através deste estudo é possível constatar a vulnerabilidade da saúde mental da mulher no
puerpério quando associada a vários fatores e a sua relação com o desenvolvimento do vínculo
mãe-filho.
CONCLUSÃO
Em suma, é de extrema importância a atenção a dar à saúde mental da mulher e a sua
relação com o desenvolvimento do vínculo mãe-filho. Este vínculo afetivo, é entendido segundo
Silva (2012), como a formação de um compromisso emocional que leva a mãe a procurar
satisfazer as necessidades do filho, desde alimentação e higiene ao carinho e conforto.
É ainda pertinente considerar o seguimento dado a esta mulher na preparação para o
parto, sendo imperativo rever as prioridades em saúde mental nomeadamente no campo da
prevenção, e especificamente na saúde mental materna, que constitui sempre um risco para a
mãe e para a criança
Ao longo do presente Estudo de Caso, demonstrou-se uma eficácia de prestação de
cuidados de enfermagem adequada com a evolução clinica aqui expressada, revelando ganhos
substanciais na independência em AVD´s, e na integração da vinculação parental.
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Mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde. Universidade Fernando Pessoa. Porto.
Yin, R (1994) - Case Study Research: Design and Methods. 2ª Edição. Thousand Oaks, CA: SAGE Publications.
Daniel Carvalho *
Marina Pereira **
_____________________________
* Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria, mestrando em Enfermagem de Saúde
Mental e Psiquiatria, Centro Hospitalar Leiria, EPE - drscarvalho@gmail.com
** Enfermeira Especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria, Mestre em Enfermagem de Saúde
Mental e Psiquiatria, ACES Pinhal Litoral – Centro de Saúde Dr. Arnaldo Sampaio (Leiria) - mhpereira@outlook.pt
RESUMO
O trabalho traz benefícios para a saúde física e mental do trabalhador (OMS, 2008). Uma
boa saúde mental melhora a produtividade e o desempenho. A OMS (2008) defende o
desenvolvimento de programas de promoção e prevenção da saúde mental e bem-estar do
trabalhador visando a criação de ambientes de trabalho propício para o bem-estar, prevenção do
stresse e identificação de fatores de risco no local de trabalho (Hassard & Meyer, 2011). Os
objetivos do estudo foram avaliar o impacto da intervenção ao nível da saúde mental e satisfação
face ao trabalho de um grupo de enfermeiros dos cuidados de saúde primários. Foram realizadas
cinco intervenções em grupo com 120 minutos cada. Realizou-se um questionário antes e após a
intervenção. Participaram nove enfermeiras, com uma média de 39 anos e 15 de serviço, todas
com contrato trabalho sem termo. Após a intervenção houve uma melhoria da saúde mental em
seis das participantes, duas mantiveram e uma diminuiu. Já na satisfação face ao trabalho, uma
das participantes passou de satisfeita para muito satisfeita, todas as outras mantiveram a sua
satisfação. A intervenção contribuiu para a melhoria da saúde mental da maioria dos
participantes, tendo sido considerada por estes, importante no que toca á melhoria das relações
interpessoais, gestão do stresse e expressão de emoções/ sentimentos. Já no que se refere á
satisfação face ao trabalho esta permitiu na sua grande maioria manter o seu grau de satisfação
Palavras-chave: Promoção da Saúde; Psicoterapia de Grupo; Saúde Mental
RESUMEN
El trabajo trae beneficios a la integridad física y mental de los trabajadores de la salud
(OMS, 2008). La buena salud mental y el bienestar mejora la productividad y el rendimiento.
OMS (2008) aboga por el desarrollo de programas de promoción y prevención de la salud mental
y el bienestar de los trabajadores con el fin de crear un ambiente de trabajo propicio para el
bienestar, la prevención del estrés y la identificación de factores de riesgo en el lugar de trabajo
(Hassard & Meyer, 2011). Los objetivos del estudio fueron evaluar el impacto de la intervención
en el nivel de la salud mental y la satisfacción con el trabajo de un grupo de enfermeras en la
atención primaria de salud. La intervención consistió en intervenciones grupales (cinco) con 120
minutos cada uno. Se realizó un cuestionario antes y después de la intervención. Nueve
enfermeras participaron, con un promedio de 15 y 39 años de servicio, todos con contrato de
trabajo indefinido. Después de la intervención, hubo una mejoría en la puntuación de MHI en
seis de los participantes, dos disminuyeron y una la mantuvo. Con respecto a la satisfacción
hacia el trabajo, no había cambio en uno de los participantes, de satisfecho a muy satisfecho,
todo otro permaneció como satisfecho (6) o muy satisfechos (2). La intervención ha contribuido
a mejorar la salud mental de la mayoría de los participantes, después de haber sido considerado
por ellos como importante cuando se trata de la mejora de las relaciones interpersonales, manejo
del estrés y la expresión de las emociones / sentimientos. En lo que se refiere a la satisfacción
con el trabajo que ha permitido que esta mayoría a mantener su satisfacción.
Descriptores: Promoción de la Salud; Psicoterapia de Grupo; Salud Mental
ABSTRACT
The work brings benefits to physical and mental health worker, good mental health and
wellbeing improves productivity and performance (WHO 2008), advocates the development of
programs for the promotion and prevention of mental health and well - being of workers in order
to create work environments conducive to the well-being, stress prevention and identification of
risk factors in the workplace (Hassard & Meyer, 2011). The study objectives were to evaluate the
impact of intervention on the level of mental health and satisfaction with the work of a group of
nurses in primary health care. The intervention consisted of five group interventions with 120
minutes each. We conducted a questionnaire before and after the intervention. Nine nurses
participated with an average of 15 and 39 years of service, all with indefinite employment
contract. After the intervention, there was an improvement in the MHI score in six of the
participants, two decreased and one remained. With regard to the satisfaction towards work,
there was change in one of the participants, from satisfied to very satisfied, all other remained as
satisfied (6) or very satisfied (2). The intervention has contributed to improving the mental health
of the majority of participants, having been considered by them as important when it comes to
improved interpersonal relationships, stress management and expression of emotions / feelings.
In what refers to the satisfaction towards work has enabled this mostly keep your satisfaction.
Keywords: Nurses; Health Promotion; Psychotherapy Group; Mental Health
INTRODUÇÃO
O trabalho traz benefícios para a saúde física e mental, sendo que uma boa saúde mental e
o bem-estar do trabalhador permite melhorar a produtividade e o desempenho (Organização
Mundial de Saúde, 2008). As mudanças ao nível do ritmo, natureza e exigências laborais afetam
a saúde mental e o bem-estar das pessoas com consequências não só para o trabalhador como
para a própria empresa, levando ao aparecimento/agravamento de doenças mentais (Agência
Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, 2012).
A enfermagem segundo Stacciarini e Tróccoli (2001) é a quarta profissão com mais stress
no sector público, com grande susceptibilidade para desenvolver fadiga. Esse stress está
relacionado com a intensa carga emocional decorrente da relação enfermeiro/doente, bem como
das variadíssimas responsabilidades atribuídas (Guimarães e Grubits, 2007). É frequente o
aparecimento nos enfermeiros de ansiedade, depressão, angústia sentimentos de impotência
profissional com repercussões na saúde mental do enfermeiro e na qualidade dos cuidados por si
prestados (Felix, Jorge, Neto & Oliveira, 2009). Um estudo realizado por Arsalani, Fallahi-
Khoshknab, Josephson & Lagerstrom (2012) introduz que as condições de trabalho e a situação
familiar do enfermeiro têm influência na sua saúde mental.
Além disso cuidar do outro exige que o próprio enfermeiro possua uma Saúde Mental que
lhe permita ter condições para poder desempenhar de forma competente e capaz os seus
cuidados, até porque este recorre muitas vezes a si próprio como um instrumento terapêutico na
relação estabelece com o seu alvo de cuidados (Florentim, 2009). Reveste-se assim de extrema
importância o desenvolvimento por parte do enfermeiro de estratégias pessoais que lhe permitam
cuidar de si próprio (Mundt & Klafke, 2008), bem como o uso de estratégias de resolução de
problemas para lidar com o stresse, abordando a fonte externa do stresse com benefícios para a
sua saúde mental (Chang et al, 2007).
A OMS (2008) defende a adoção de medidas, que podem passar pela implementação de
programas de promoção e prevenção da saúde mental e do bem-estar do trabalhador. Estas visam
criar um ambiente de trabalho que ofereça aos trabalhadores uma melhor saúde mental, previnam
o stresse, criem um ambiente de apoio, identifiquem fatores de risco no local de trabalho e
estratégias de gestão do stresse a fim de desenvolver um ambiente propício para o bem-estar dos
trabalhadores (Hassard & Meyer, 2011).
As medidas a adotar para promover a saúde mental e prevenir o stress no trabalho
segundo Jane-Llopis, Katschniong, McDaid & Wahlbeck (2007) devem possuir estas
características: identificação de fatores de risco no local de trabalho, uso de medidas
organizacionais para reduzir os riscos identificados, desenvolvimento de uma cultura de
trabalho/ambiente propício para a saúde e bem-estar, horário de trabalho flexível e suporte para
os desafios da vida diária, utilização de programas de bem-estar multi-componentes, formação
sobre questões de saúde mental para os gestores e funcionários, identificação precoce de stress,
gestão dos cuidados e aconselhamento psicológico gratuito.
Buys, Sun & Wang (2013) realizaram durante trinta meses em nove empresas privadas
um programa de melhoria da saúde mental com vista aumentar as capacidades de trabalho e a
produtividade dos trabalhadores. A intervenção envolveu intervenções ao nível das políticas de
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de investigação quase experimental do tipo pré-teste e pós-teste,
sem grupo de controlo (Fortin, 2003), sendo feita uma análise descritiva e comparativa dos
resultados obtidos, antes e após a intervenção realizada pelo enfermeiro especialista em saúde
mental e psiquiátrica.
Como instrumento de colheita de dados foi utilizado um questionário, aplicado antes e
após a intervenção, constituído por dados sociodemográficos, Inventário de Saúde Mental
(MHI), avaliação da satisfação com o trabalho (escala de Likert) e no caso do pós teste incluía
ainda questões abertas sobre mais-valias pessoais e profissionais pela participação na intervenção
e sobre as temáticas incluídas e/ou a incluir. A autorização formal para a utilização dos
questionários foi pedida e concedida por meio de correio eletrónico pelo autor principal que
mantêm os direitos autorais do instrumento. A participação da amostra foi voluntária sendo
assim respeitados os princípios éticos.
A intervenção consistiu na realização de cinco sessões de terapia de grupo de base
psicoterapêutica e psicoeducativa, desenvolvidas semanalmente, durante uma hora e trinta
minutos. Para cada sessão foram desenvolvidas antecipadamente várias intervenções de
enfermagem especializadas em saúde mental adequadas ao grupo, sendo os temas abordados os
seguintes: “Eu e o trabalho”, “Promover a saúde mental no trabalho”, “Trabalho em equipa e
gestão de conflitos”, “Stresse no trabalho” e “Emoções e o trabalho”. A amostra é considerada
não probabilística de conveniência (Fortin, 2003). Tendo sido constituída por 9 enfermeiros que
participaram assiduamente nas sessões de grupo.
O tratamento estatístico dos dados recolhidos foi efetuado informaticamente, com recurso
ao programa Statistic Package for the Social Sciences, versão 14.0 para Windows XP, sendo
utilizada a estatística descritiva, cujas medidas utilizadas foram: a média (M), desvio padrão
(DP), valor mínimo (Xmin), valor máximo (Xmax) e valor absoluto (N).
RESULTADOS
Participaram na intervenção realizada nove enfermeiros, do sexo feminino, com uma
média de 39 anos de idade e 15 anos de serviço, todas com contrato de trabalho sem termo.
Após a intervenção realizada seis das participantes apresentaram uma melhoria do score
do MHI, duas mantiveram e apenas uma diminuiu (Quadro 1).
Quadro 1 – Comparação do nível de saúde mental por participante antes e após a intervenção
No quadro 2 é possível verificar que face ao nível de saúde mental os enfermeiros (N=9)
apresentavam antes da intervenção uma M=52 (DP=16,1), com um Xmin de 32 e um Xmax de
76. Após a intervenção os enfermeiros apresentavam M=56 (DP=17,6) registando-se um
aumento do Xmin para 40 e do Xmax para 88.
Ao nível das sub-escalas verificou-se um aumento dos valores médios á exceção dos
laços emocionais em que os valores se mantiveram. Também foi esta subescala a única a registar
uma manutenção dos seus valores mínimos pois já no que concerne aos valores máximos
assistiu-se a um aumento dos mesmos após a intervenção realizada. Globalmente assistiu-se a
uma melhoria dos scores após a realização da intervenção.
Quadro 2 - Comparação do nível de saúde mental nas suas diferentes sub-escalas antes e após a intervenção
N M DP Xmin Xmax
A MHI 9 52 16,1 32 76
N Afeto Positivo 9 39 8,1 32 54
T Laços emocionais 9 12 2,8 8 17
E
S Perda do controlo emocional/comportamental 9 39 6,8 31 51
Ansiedade 9 38 8,2 27 51
Depressão 9 20 2,5 17 25
A MHI 9 56 17,6 40 88
P Afeto Positivo 9 41 8,4 35 57
Ó Laços emocionais 9 12 3,2 8 18
S Perda do controlo emocional/comportamental 9 41 6 34 52
Ansiedade 9 45 6,6 35 54
Depressão 9 22 2,6 20 27
Relativamente á satisfação face ao seu trabalho (Quadro 3), apenas se verificou alteração
da satisfação em uma das participantes, que passou de satisfeita para muito satisfeita, todas as
outras mantiveram-se como satisfeitas (6) ou muito satisfeitas (2).
Quadro 3 - Caracterização da amostra quanto ao nível de satisfação face ao trabalho dos participantes antes
e após a intervenção em grupo (N=9)
DISCUSSÃO
A melhoria apresentada ao nível da saúde mental pela generalidade das participantes da
intervenção vai de encontros aos trabalhos desenvolvidos por Kaneyoshi, Kawakami &
Kobayashi (2008) que usando uma cheklist de acção de saúde mental para a melhoria do
ambiente de trabalho conseguiram promover a saúde mental dos trabalhadores do sexo feminino
participantes no estudo.
Já no que se refere aos resultados ao nível das sub-escalas verificou-se uma melhoria
média ao nível dos afetos positivos, controlo emocional/comportamental, ansiedade e depressão.
Na intervenção realizada por Buys et al (2013) conseguiram durante o período da intervenção
reduzir os número de baixas médicas por depressão o que poderá indicar uma melhoria da
sintomatologia depressiva dos trabalhadores, o que vai de encontro ao resultados obtido nesta
subescala. Apenas na sub-escala laços emocionais se registou uma manutenção dos seus valores
médios. Este aspeto é contudo divergente da perceção das participantes sobre a intervenção uma
vez que referem que esta serviu para reforçar os laços emocionais no trabalho bem como
conseguiram melhorar a sua gestão emocional.
Relativamente á satisfação apenas se verificou alteração da satisfação em uma das
participantes, que passou de satisfeita para muito satisfeita, todas as outras mantiveram o seu
grau de satisfação. Esta pequena oscilação não será indiferente pelo facto de á partida para a
intervenção as enfermeiras se pontuarem nos dois níveis mais elevados da escala de liker
utilizada, o que torna difícil grandes oscilações. Além do mais toda a intervenção foi direcionada
para a promoção da saúde mental e nos vários trabalhos consultados nenhum estabelece uma
relação entre a satisfação profissional e saúde mental do trabalhador.
Realizando uma analise da intervenção esta procurou responder ás característica
defendidas por Jane-Llopis, et al (2007) Com a sessão “Eu e o trabalho”, procurou-se
identificação de fatores de risco no local de trabalho e identificar medidas organizacionais a
adotar para os reduzir. Na sessão “Promover a saúde mental no trabalho”, procurou-se trabalhar
as questões relacionadas com a promoção da saúde mental, o aumento da resiliência para os
desafios diários e desenvolver uma cultura de trabalho/ambiente propício para a saúde e bem-
estar algo muito abordado na sessão seguinte sobre o “Trabalho em equipa e gestão de
conflitos”. Nas duas últimas sessões intituladas “Stresse no trabalho” e “Emoções e o trabalho”
procurou-se identificar precocemente situações de stresse e emocionalmente geradoras de tensão
em contexto laboral, trabalhou-se estratégias para lidar com o stresse e com as emoções e
estratégias de resolução de problemas.
No que se refere à avaliação realizada pelas participantes estas ficaram satisfeitas com a
intervenção realizada, com a forma como decorreram as sessões, com as temáticas abordadas e
as dinâmicas de grupo utilizadas. As participantes ficaram com a perceção que a intervenção
contribuiu para a promoção da sua saúde mental e bem-estar e para a melhoria da satisfação
profissional. A intervenção foi considerada muito importante no que toca á melhoria das relações
interpessoais, gestão do stress e expressão de emoções e sentimentos. Já no que se refere às
mais-valias geradas pela participação na intervenção para o seu trabalho, foi referido como
importante para a melhoria do autocontrole do stresse e das emoções e para o desenvolvimento
estratégias para uso nos diferentes contextos abordados na intervenção. Foi unânime que esta
contribui ainda para uma melhoria do cuidar dos seus utentes, pois a melhoria da sua saúde
mental contribuiu para o aumento da sua disponibilidade para o cuidar, indo de encontro ao
definido por Florentim (2009). Estas referiram ainda que sentiam necessidade de terem sido
abordadas questões relacionadas com do autocontrole da ansiedade, embora nesta subescala se
tenha registado uma melhoria, o desenvolvimento da motivação laboral além de referirem que
gostariam de terem visto mais aprofundadas as questões relacionadas com comunicação e gestão
de conflitos dentro da equipa, questão esta muito relacionada com o período que a equipa de
enfermagem se encontrava a atravessar. O desempenho dos terapeutas foi considerado como
muito satisfatórios o que contribuiu na opinião destas para o sucesso da intervenção
A nível nacional não foram encontrados estudos com a metodologia usada nesta
intervenção, apena encontramos dois estudos internacional realizada por Buys et al (2013) e um
outro por Kaneyoshi, A. et al(2008). Em nenhum deles os trabalhadores eram enfermeiros. O
subsídio do trabalho realizado por estes investigadores e a reflexão realizada por terapeutas e
participantes levam-nos a sugerir que em futuras intervenções se possam alargar o número de
sessões com a introdução de novas temáticas como o auto controlo da ansiedade, motivação
laboral e a resiliência, o alargamento da intervenção a um nível organizacional procurando a
definição e criação de políticas de apoio a um ambiente laboral mais saudável e promotor de
saúde mental e o desenvolvimento de programas/atividades de bem-estar multi-componentes.
CONCLUSÃO
A intervenção contribuiu para a melhoria da saúde mental da maioria dos participantes,
tendo sido considerada por estes como importante no que toca à melhoria das relações
interpessoais, gestão do stress e expressão de emoções/ sentimentos.
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Aida Simões *
Paula Oliveira **
_____________________________
* Especialista em E. Saúde Mental e Psiquiátrica, Msn, UCP Phd Sutend, Escola Superior de Saúde Egas Moniz -
aida.simoes@gmail.com
** Especialista em E. Comunitária, Msn, UCP Phd Student, Escola Superior de Saúde Egas Moniz -
psarreira@gmail.com
RESUMO
A protecção de crianças/jovens tem preocupado os agentes sociais e políticos, nas
sociedades modernas, o Estado democrático tem o dever de representar a criança/jovem como
sujeito de direitos. (Torres, 2008) O caminho percorrido visa no seu expoente máximo o
“superior interesse da criança”. Compete à família e à sociedade a educação das
crianças/jovens, se um destes organismos não consegue desempenhar o seu papel, ele terá que
ser substituído pelo outro de forma a proporcionar um desenvolvimento harmonioso. Apesar do
percurso, já efetuado, ainda não chegámos a um ideal de intervenção, que faça coincidir o tempo
da estratégia de intervenção com o tempo da criança e do jovem.
Palavras – Chave: A proteção à criança; Direitos das crianças; Enquadramento legal
RESUMEN
La protección de los niños / jóvenes ha afectado los agentes sociales y políticos, en las
sociedades modernas, el Estado democrático tiene la obligación de representar al niño / joven
como sujeto de derechos. (Torres, 2008) La ruta tiene como objetivo en su apogeo el "interés
superior del niño." La responsabilidad de la familia y la sociedad a la educación de los niños /
jóvenes, si uno de estos organismos no puede desempeñar su función, debe ser sustituido por
otro con el fin de proporcionar un desarrollo armónico. Aunque la ruta ya se ha hecho, no hemos
llegado a una intervención ideal, que no coincide con la hora de la estrategia de intervención en
el tiempo de los niños y jóvenes.
Palabras Clave: Protección de la infância; Derechos de los niños; Marco jurídico
ABSTRACT
The protection of children / youth has concerned social and political agents, in modern
societies; the democratic state has the duty to represent the child / young person as a subject of
rights. (Torres, 2008) The path aims at its peak the "best interests of the child." Responsibility to
family and society the education of children / young people, if one of these organisms can not
play its role, it must be replaced by another in order to provide a harmonious development.
Although the route has already done, we have not reached an ideal intervention, which do match
the time of the intervention strategy with time of children and youth.
Keywords: Children’s protection; Children’s rights; Legal framework.
INTRODUÇÃO
A violência visando crianças/jovens não é um fato recente. Por longos períodos da
história foi uma prática habitual, justificada e aceita pelas diferentes sociedades. Atos como o
infanticídio, abandono em instituições, escravidão, exploração do trabalho infantil e mutilação de
membros para causar compaixão e facilitar a mendicância estão abundantemente relatados na
literatura. (Melo e Alarcão, 2011)
Propomo-nos fazer uma explanação acerca do trabalho que se tem vindo a efectivar neste
sentido. Como nota introdutória recordamos o que se tem legislado acerca da proteção à infância,
quer a nível nacional quer internacional, assim com, as preocupações que envolvem todo o
processo de promoção e proteção atualmente em vigência.
CONCLUSÃO
Em Portugal a formação dos profissionais directamente intervenientes nos sistemas de
promoção e proteção à infância/juventude, a utilização de instrumentos de avaliação validados
que fundamentem as práticas, tornam-se fundamentais e foram considerados urgentes. Trabalhar
com famílias multiproblemáticas com crianças em situação de risco e perigo exige uma avaliação
criteriosa, com questões pertinentes e bem direcionadas que conduzam a uma decisão sustentada,
coerente e objectiva, para isso os profissionais devem identificar o decorrer de todo o processo,
articulando a sua actuação com os resultados das avaliações efetuadas ao longo do mesmo, para
dar resposta ao que é esperado nas etapas posteriores. (Comissão Nacional de Protecção de
Crianças e Jovens em Risco, 2009; Torres, 2008; Melo e Alarcão, 2011).
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Carme Ferré-Grau *
Carlos Sequeira **
_____________________________
* PhD, RN, MHSN. Facultad de Enfermería URV Tarragona (España)
**PhD, RN, MHSN. Escuela Superior de Enfermería Universidad Oporto
*** PhD, RN, MHSN. Escuela Enfermería Sant Joan de Déu adscrita UB
**** PhD, RN, MHSN. Escuela Enfermería Universidad Barcelona (UB)
***** PhD, RN, MHSN. Facultad Enfermería Universidad Rovira i Virgili
****** PhD, RN, MHSN . Facultad Enfermería Universidad Rovira i Virgili. Campus Catalunya i Terres de L’Ebre
******* PhD, RN, MHSN Escuela Enfermería Universidad Barcelona (UB)
******** PhD, RN, MHSN Escuela Enfermería Universidad Barcelona (UB)
RESUMO
A enfermagem de saúde mental deve responder às necessidades de cuidados que geram
problemas de saúde mental em pessoas que sofrem e aqueles que atuam como cuidadores
(família e ambiente). Durante todo este processo, a pesquisa é um instrumento indispensável,
uma vez que, só através de feedback empírico pode ocorrer a melhoria e aprofundamento nas
diferentes fases do atendimento.
Com o objetivo de promover a investigação de enfermagem em saúde mental
internacional apresenta-se um projeto de pesquisa que consiste em quatro equipas de
investigação: dois da Catalunha (Espanha), um de Portugal e outro do Brasil que são agrupados
para a pesquisa conjunta no campo da Assistência de Enfermagem em Saúde Mental.
Foram definidas cinco linhas básicas de trabalho, que incluem actividades dos diferentes
cientistas de cada linha de pesquisa e definidos os diferentes objetivos específicos da pesquisa,
divulgação e / ou transferência de conhecimentos na área de Enfermagem em Saúde mental,
Espanha, Portugal e Brasil.
Acreditamos que este projeto vai melhorar a Enfermagem em Saúde Mental Enfermagem
Baseada em Evidências e Transcultural.
Palavras-chave: Saúde mental positiva, cuidadores familiares, os requisitos de auto-
atendimento, Ética Conflito em Enfermagem
RESUMEN
La enfermería de salud mental debe dar respuesta a las necesidades de cuidados que los
problemas de salud mental generan en las personas que los sufren y en las personas que actúan
de cuidadores (familiares y entorno). En todo este proceso, la investigación es el instrumento
imprescindible ya que sólo a través de la retroalimentación empírica se puede ir mejorando y
profundizando en las diferentes fases del cuidar.
Con el objetivo de fomentar la investigación de cuidados de enfermería en salud mental a
nivel internacional presentamos un proyecto de investigación constituido por cuatro equipos
de investigadores: dos de Catalunya (España), uno de Portugal y otro de Brasil que se agrupan
para realizar investigación conjunta en el campo de los Cuidados de Enfermería en Salud
Mental.
Se han definido cinco líneas básicas de trabajo que engloban la actividad investigadora
de los diferentes científicos, a partir de cada línea se establecen los diferentes objetivos
ABSTRACT
The mental health nursing must respond to care needs that generate mental health
problems in people who suffer and those who act as caregivers (family and environment).
Throughout this process, the research is an indispensable instrument since only through
empirical feedback can be improving and deepening in the different phases of care.
With the aim of promoting nursing research in international mental health present a
research project consists of four research teams: two of Catalunya (Spain), one from Portugal
and one from Brazil that are grouped for joint research in the field of Nursing Care for Mental
Health .
We have defined five basic lines of work that include research activities of the different
scientists from each line are set at different specific objectives of the research, disclosure and / or
transfer of knowledge in the field of nursing Health mental Spain, Portugal and Brazil.
We believe this project will enhance the Mental Health Nursing Evidence Based Nursing
and Transcultural.
Keywords: Positive Mental Health, Family caregivers, self-care requirements, Conflict Ethics in
Nursing
INTRODUCCIÓN
La enfermería de salud mental se enfrenta cada vez con mayor intensidad a una necesidad
creciente de dar respuesta a las necesidades de cuidados que los problemas de salud mental
generan en las personas que los sufren y en las personas que actúan de cuidadores (familiares y
entorno). En este sentido, los profesionales de enfermería han de ir avanzando en el desarrollo de
su profesión ampliando y, muy especialmente, perfeccionando sus competencias profesionales.
Se hace necesario proporcionar cuidados basados en la evidencia científica, ya que es la vía para
intentar unificar criterios de calidad, conjugando efectividad, eficiencia y eficacia.
OBJETIVO GENERAL
El objetivo general de este proyecto es fomentar la investigación de enfermería de salud
mental a nivel internacional.
Objetivos específicos
1- Realizar proyectos de investigación conjunta en el ámbito de los cuidados de
enfermería de salud mental, de carácter transcultural, inicialmente entre España, Portugal y
Brasil.
2 - Ampliar/Potenciar la internacionalización del grupo de investigación en cuidados de
enfermería de salud mental GIICESAME
3 - Aplicar los resultados de las investigaciones a la práctica de los cuidados de
enfermería de salud mental, tanto en el contexto del abordaje intradisciplinar como
multidisciplinar de la salud mental
METODOLOGIA
En el primer nivel se han definido 5 líneas de investigación:
1) La salud mental de los estudiantes de educación superior.
2) Necesidades motivaciones y estrategias de intervención para cuidadores familiares.
3) Evaluación de los Requisitos de Autocuidado en personas con enfermedad mental y en
familiares, aplicando la escala de Requisitos para el autocuidado ERA.
4) Estrategias para la prevención del deterioro cognitivo, el dolor crónico, la depresión y el
suicidio.
5) Evaluación de la Conflictividad ética.
RESULTADOS ESPERADOS
Es importante señalar que todos los proyectos inscritos en la tabla 1 están en activo – ya
sea en fase de preparación /redactado /permisos ya sea en fase de desarrollo, algunos además
cuentan con financiación competitiva.
Investigador
Linea Proyecto Observaciones
Principal
Estudio transcultural
“clínico” de la salud
mental positiva de los Dr. Carlos Sequeira
estudiantes (Porto)
universitarios de
enfermería. Tesis relacionadas:
(doctorado Internacional)
Proyectos de investigación
Depresión y Suicidio:
subvencionados sobre: Fibromialgia y
4. Salud Mental:
estudio transcultural. dolor crónico
estrategias para la
Expresión de aspectos AIRE 2011
prevención del
deterioro cognitivo, el psicosociales de las Dra. Pilar Montesó
dolor personas con
fibromialgia : análisis Análisis secundario de entrevistas
crónico y la transcultural realizadas a personas con depresión y/o
depresión.
suicidio en los diferentes países: España,
Portugal y Brasil
CONCLUSIONES
Pensamos que este es un buen momento para unir fuerzas y sinergias entre los
investigadores de diferentes países. La investigación en enfermería de salud mental necesita
eliminar fronteras para poder explorar los componentes comunes y las especificidades
transculturales de los cuidados de enfermería.
Los beneficios han de ser triples: a nivel de la profesión enfermera y especialmente la
enfermería de salud mental, al incrementar el conocimiento científico de la propia profesión.
Además, se estará potenciando la Enfermería de Salud Mental Basada en la Evidencia y la
Enfermería Transcultural. También, se beneficiaran todos los usuarios de los servicios de
cuidados de enfermería de salud mental. Y, por último, el beneficio también ha de redundar en
los equipos multidisciplinares de atención a la salud mental, porque en definitiva, todos los
profesionales de la salud mental tenemos un objetivo en común: contribuir a la mejora y el
mantenimiento de la salud de las personas a las que atendemos. Y eso se hace en equipo,
aportando desde cada disciplina la mejor evidencia disponible.
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Helena Júdice *
Carlos Sequeira **
________________________________
RESUMO
O abuso de pessoas idosas é um problema crítico em termos sociais, profissionais,
humanos e de saúde pública, ao qual é necessário dar resposta.
Os enfermeiros, de entre outros profissionais, têm a responsabilidade de diagnosticar e
intervir nestas situações, pelo que as ações que desenvolvem no âmbito da sua práxis são
especialmente relevantes.
Existem dificuldades relacionadas com indefinição conceptual, desconhecimento da
verdadeira dimensão do problema, dificuldades no rastreio e diagnóstico, subdiagnóstico e baixa
referenciação pelos profissionais de saúde.
Compreender os fatores que influenciam a sua tomada de decisão no rastreio, diagnóstico
e intervenção é essencial. A formação dos profissionais de saúde tem sido apontada como uma
das estratégias a desenvolver, no entanto estudos de avaliação de eficácia têm demonstrado que
estas não são suficientes para mudar o comportamento na práxis clinica.
Este artigo aborda estas questões salientando a importância da utilização de modelos
teóricos, nomeadamente a Teoria do Comportamento Planeado, para a compreensão dos fatores
associados à tomada de decisão dos enfermeiros o que permitirá o desenvolvimento de ações de
formação mais eficazes e promotoras de mudança de comportamento dos enfermeiros.
Palavras-chave: Maus-Tratos ao Idoso; Diagnóstico; Enfermagem
RESUMEN
El abuso de las personas mayores constituye un problema crítico en la salud social,
profesional y humana que es necesario intervenir.
Las enfermeras, entre otros profesionales, tienen la responsabilidad de diagnosticar e
intervenir en estas situaciones, por lo que las acciones que se desarrollan en su práctica son
especialmente relevantes.
Hay dificultades con indefinición conceptual, desconocimiento de la verdadera magnitud
del problema, dificultades de detección y diagnóstico, infradiagnóstico y bajo referencia por los
profesionales de salud.
La comprensión de los factores que influyen en su toma de decisiones en la detección, el
diagnóstico y la intervención es esencial. La formación de los profesionales de la salud se ha
identificado como una de las estrategias para el desarrollo, sin embargo, los estudios que evalúan
la eficacia han demostrado que esto no es suficiente para cambiar el comportamiento en la
práctica clínica.
ABSTRACT
The elder abuse is a serious problem in social, professional, and human health which is
required to respond.
Nurses, among other professionals, have a responsibility to diagnose and intervene in
these situations, so the actions that develop within their practice are especially relevant.
There are difficulties with unclear and inconsistent definitions, lack of knowledge of
extent of the problem difficulties in screening and diagnosis, underdiagnosed and low referral by
health professionals.
Understanding the factors that influence their decision making in screening, diagnosis
and intervention is essential. The training of health professionals has been identified as one of
the strategies to develop, however studies evaluating efficacy have shown that these are not
sufficient to change behavior in clinical practice.
This article addresses these issues by stressing the importance of the use of theoretical
models, including the Theory of Planned Behavior for understanding the factors associated with
the decision making of nurses which will enable the development of more effective training and
promoting behavior change among nurses .
Keywords: Elder Abuse; Diagnosis; Nursing
INTRODUÇÃO
À medida que o envelhecimento da população aumenta, cresce a preocupação com o
aumento de situações de abuso e violência e/ou negligência sobre pessoas Idosas, potenciadas
por situações de discriminação relacionada com a idade, vulgarmente designada por Ageism ou
Idadismo (em português). (UNFPA, 2011)
O abuso de pessoas idosas é considerado na atualidade, não só um problema de Direitos
Humanos mas também um grave problema de Saúde Pública, que tem como consequências a
baixa qualidade de vida, sofrimento psicológico, insegurança, aumento das taxas de mortalidade
e de morbilidade (Cooper; Selwood & Livingston, 2009¸ Dong et al., 2009;Perel-Levin, 2008;
WHO, 2011)
Para alertar para a importância do problema, em 2002, a Organização Mundial de Saúde
(OMS), lançou a Campanha Mundial de Prevenção da Violência. Esta teve como objetivo,
sensibilizar a população mundial para a magnitude do problema da violência interpessoal,
incluindo o abuso de pessoas idosas. (WHO, 2002a)
No entanto várias dificuldades existem, desde indefinição conceptual na definição de
abuso, desconhecimento da verdadeira dimensão do problema, dificuldades no rastreio e
diagnóstico, assim como subdiagnóstico e baixa referenciação pelos profissionais de saúde,
incluindo enfermeiros.
Cabe aos profissionais de saúde um papel relevante no rastreio e diagnóstico destas
situações assim como uma adequada intervenção que promova bem-estar e qualidade de vida da
população idosa e dos seus familiares.
Compreender os fatores que influenciam a sua tomada de decisão no rastreio, diagnóstico
e intervenção é essencial. A formação dos profissionais de saúde tem sido apontada como uma
das estratégias a desenvolver, no entanto estudos de avaliação de eficácia têm demonstrado que
não são suficientes para mudar o comportamento na práxis clinica.
Este artigo aborda estas questões, salientando a importância da utilização de modelos
teóricos, nomeadamente a Teoria do Comportamento Planeado, para a compreensão dos fatores
associados à tomada de decisão dos enfermeiros. Este conhecimento permitirá o
desenvolvimento de ações de formação mais eficazes e promotoras de mudança de
comportamento dos enfermeiros.
Indefinições conceptuais
Abuso vs. Maus-tratos vs. Violência
Um dos aspetos que têm contribuído para a dificuldade de detetar e intervir nesta área
prende-se com questões conceptuais. Trata-se de abuso? De violência? De maus-tratos?
Os termos abuso e maus tratos são usados indistintamente pela OMS, nas versões em
diferentes idiomas dos documentos publicados por esta organização. Culturalmente, o termo
abuse é mais utilizado nos países anglo-saxónicos, maltraitance nos países francófonos e
maltrato nos países hispânicos. Em Portugal usamos também indistintamente os termos
violência, abuso ou maltrato.
Se atentarmos para algumas definições, a Violência é definida pela OMS como sendo “o
uso intencional de força física ou poder, real ou como ameaça, contra si próprio, contra outra
pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha possibilidade de resultar
em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação” (WHO, 2002a,
p.4).
Relativamente ao abuso ou maltrato, a Declaração de Toronto define-os com “ a ação
única ou repetida, que ocorre dentro de qualquer relação onde exista uma expectativa de
confiança e que produza dano ou angustia a uma pessoa idosa” (WHO, 2002b, p.4)
Assim, o que diferencia violência de abuso, não é o tipo de comportamento mas o
contexto relacional em que ocorre. Falamos de abuso sempre que exista uma relação de
confiança que é traída pelo agressor.
Mas o que leva a concluir que se está perante um comportamento abusivo? Ou
negligente? E esta é outra questão onde é necessário haver consenso e uniformização.
Extensão do problema
Muitos destes indicadores são comuns a outras situações nesta faixa etária, por isso é
extremamente importante não desvalorizar e aprofundar as razões dos indícios detetados.
Outro recurso a ser utilizado no diagnóstico destas situações são instrumentos de rastreio
traduzidos para português (embora não validados) como o QEEA (Questions to Elicite Elder
Abuse, Carney et al., 2003), o CASE (Caregiver Abuse Screen, Reis & Namiash, 1995) e o
CTS2 (Revised Conflict Tatic Scale, Straus et al,2007).
Constatamos assim, que existem definições de abuso, indicadores considerados como
Red flags, guiões de entrevistas e outros instrumentos, que os profissionais podem utilizar.
No entanto todos os estudos referem que o abuso da pessoa idosa é subdignosticado pelos
diferentes profissionais.
Umas das teorias que nos pode auxiliar a compreensão do comportamento dos
profissionais de saúde é a Teoria do Comportamento Planeado (TCP) de Ajzen.
Esta teoria postula que o Comportamento é determinado diretamente pela Intenção de o
realizar, sendo que esta é influenciada por três fatores independentes (Ajzen,1991):
1. Atitude, ou seja a avaliação positiva ou negativa que se faz sobre o comportamento a
desempenhar. Esta resulta do somatório de duas dimensões: as crenças acerca do resultado do
comportamento e a avaliação específica dos resultados esperados. Então a intenção de
procurar indicadores de abuso depende de se acreditar que esta ação é importante (ex. bem-
estar do idoso), e a crença de que daí vão resultar aspetos positivos.
2. Norma Subjetiva. Esta refere-se à pressão social percecionada para desempenhar ou não o
comportamento. A pressão é exercida por pessoas significativas (pares, outros profissionais,
família), ponderada pela motivação para aderir ao sentido da pressão exercida. Neste caso o
CONCLUSÃO
As situações de abuso de pessoas idosas são uma situação de elevada prevalência que
exige dos enfermeiros, de entre outros profissionais, a responsabilidade de diagnosticar e intervir
pelo que as ações que desenvolvem no âmbito da sua práxis são especialmente relevantes.
A sua ação tem de corresponder quer ao seu papel como cidadãos, quer aos desígnios
profissionais e legais. Só assim serão capazes de promover a saúde pública, a segurança das
pessoas idosas ao seu cuidado e intervir junto dos cuidadores e da comunidade.
Para tal é imperativo investigar os fatores relacionados com a tomada de decisão clinica,
usando os contributos de modelos teóricos como a Teoria do Comportamento Planeado. Este
conhecimento permitirá consciencializar e adequar estratégias formativas. Só assim será possível
promover a mudança de comportamento dos enfermeiros, centrando a ação não apenas em
formação focada nos conhecimentos mas que inclua também aspetos centrados na cultura, nas
representações sociais do idoso e muito particularmente nos comportamentos de ageism.
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