Resenha Crítica sobre o artigo “Cenário da implantação de Gestão por
Competências no Brasil”
O artigo escrito por Alana Garcia, o cenário da implantação de gestão por
competências no Brasil, aborda a necessidade, no atual mundo do trabalho, de mudanças “radicais” do modelo tradicional (e obsoleto) de gestão de pessoas, das dificuldades de implantar essas modificações nas empresas (como ela está sendo estabelecida) e, entre outros pontos, dos diversos e desarticulados estoques de conhecimento sobre a gestão por competência. No artigo, a autora trabalha com a seguinte definição: competência é entendida como “um saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo”. Ela deixa claro que o objetivo do artigo não é discutir competências, mas, sim, sua gestão nas organizações. O conceito de Ruas, “o termo competência é abordado por duas grandes perspectivas atreladas a eixos conceituais distintos” – a primeira perspectiva seria a das competências individuais e a segunda seria a adoção do conceito na dimensão estratégica sob a forma das competências organizacionais – é trabalhado no decorrer do texto atrelado às ideias de Fleury que diz que a primeira abordagem do tema (sobre a primeira perspectiva de competência descrita por Ruas), que aconteceu entre as décadas de 70 e 80, focavam nos inputs. Nas décadas seguintes, alguns autores provocaram uma mudança de pensamento com uma nova abordagem que introduziu conceitos e modelos vinculados à ação, aos resultados e realizações individuais que contrariavam às anteriores. Nesse novo entendimento, as competências passaram a ser vistas como outputs. Os autores Brandão e Guimarães apontam que a gestão por competências tem como etapa inicial a formulação da estratégia da organização, posteriormente, é feita a análise da situação atual, por meio de instrumentos gerenciais, assim a organização se torna capaz de identificar seus problemas e, então, estabelecer um plano de ação para sanar essas “deficiências” e consequentemente o alcance de seus objetivos. Dutra, aponta Alana Garcia, ressalta, no entanto, que a implantação de um modelo de gestão por competências também gera dificuldades, como a resistência dos gestores e colaboradores, a interferência no modelo das práticas de remuneração ou carreira da empresa. Salles e Rocha advertem que o modelo de gestão por competências requer e provoca profundas mudanças na organização do trabalho e nas relações sociais; seguindo esse raciocínio, pode-se considerar que o Modelo de Gestão por Competências é uma inovação. Segundo Crossan e Apaydin, inovações podem ser classificadas como incrementais ou radicais, sendo inovação incremental apenas uma variação em rotinas e práticas já existentes e inovação radical, mudanças fundamentais e afastamento de algumas, se não todas, práticas existentes na organização e em sua cultura. Na medida em que o modelo propõe uma mudança radical na organização com a finalidade de conseguir vantagem competitiva sobre concorrentes através da criação de novas práticas de gestão, ele pode ser considerado uma inovação organizacional. Diante de todos esses dados, teorias, definições e alguns exemplos práticos apontados no decorrer do texto, fica evidente que gestão por competências está muito ligado aos objetivos e ambições, a longo prazo principalmente, da empresa, pois é necessário, para que a mesma alcance os seus propósitos econômicos e organizacionais, que as competências individuais de seus funcionários ou de funcionários futuros estejam em sintonia com as competências que a organização precisa em seu ambiente ou com as competências que ela definiu para si. Para que uma empresa consiga alcançar as metas estipuladas e cresça em sua economia e, também, em sua cultura e práticas organizacionais é importante que a escolha de seus colaboradores seja feita com critérios não apenas vocacionais, mas também por suas competências, ressalvo que tais competências devem estar de acordo com a necessidade da empresa ou para suprir os déficits de habilidades comportamentais de sua equipe. Ruas, nesse mesmo artigo, diz que “é incomum observar organizações definindo suas competências organizacionais e, se as mesmas sequer são definidas, estabelecer conexões entre elas e as competências individuais”. As empresas precisam descobrir quais são as suas próprias competências e, com isso, estabelecer as necessidades da organização. Caso seja imprescindível uma mudança na cultura e prática organizacional, focar principalmente em desenvolver os seus funcionários para a competência e habilidade organizacional em falta na corporação.
Resenha Crítica redigida por Ana Júlia Da Silva Poltronieri.