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O Produto “Quando um refrigerador nao é um refrigerador? Quando ele esta em Pittsburgh no momento em que é desejado em Houston.” LL. Heskett NA. Glaskowsky R.M.vie Toda a logistica gira em torno do produto. Suas caracteristicas freqientemente moldam a estratégia logistica necessdria para deixar 0 produto disponivel para o cliente. Compreender a natureza do produto pode ser valioso para o projeto do sistema logistico mais apropriado. O produto também é elemento sobre o qual a logistica exerce controle apenas parcial. Por isso mesmo, é importante compreender sua natureza. Vamos estudar o significado do produto para 0 especialista em logistica, quais so suas caracteristicas relevantes seu impacto na estratégia logistica. Além disso, discute-se também a interface do custo logistico com decisdes de embalagem e preco. O QUE E 0 PRODUTO LOGiSTICO? © que uma firma oferece ao cliente com seu produto é satisfagdo. Se o produto for algum tipo de servigo, ele seri composto de intangiveis como conveniéncia, distingdio e qualidade. Entretanto, se o produto for um bem fisico, ele também tem atributos fisicos. tais como peso, volume e forma, os quais tém influéneia no custo logistico. Neste texto, o produto considerado & ‘um bem fisico. Dependendo do usuario do produto, o projeto do sistema logistico deveria refletir diferentes padrdes de uso. Classificagées amplas para produtos podem sugerir estratégias logisticas. Uma categorizagio tradicional divide produtos em: 1. Bens de consumo. Dirigem-se aos consumidores finais. Hé muito que especialistas de marketing reconheceram as diferencas basicas na maneira com que consumidores fin: selecionam as mercadorias e onde as compram. Usa-se uma classificagio com trés classes: a. Bens de conveniéneia: sio aqueles comprados fieqtientemente e de forma imediata, com pouca pesquisa de loja. Casos tipicos so saponiceos, itens de tabacaria ¢ muitos produtos alimenticios. Estes produtos geralmente exigem ampla distri’mico por intermédio de nmitos pontos de venda. Em geral, os custos de distribuigao so elevados, em termos de porcentagem dos custos de venda (chegando a um terco). O nivel de servico deve ser elevado para encorajar um au razoavel de preferéncia por esses bens b. Bens de comparacdo: Bens de comparagio sao aqueles que os consumidores preferem pesquisar em diferentes lojas e fazer comparacdes. Os clientes mmitas vezes visitam muitos locais, comparando precos, qualidade e desempenho, fazendo a compra somente apés deliberagao cuidadosa. Produtos tipicos nesta categoria sio roupas de moda, automéveis e itens de mobiliério. Como o comprador potencial pesquisa diversos pontos, o total de pontos de venda é substancialmente menor que no caso de bens de conveniéneia, Um fornecedor pode estocar mercadorias em apenas alguns poucos locais numa dada area. Custos de distribuigao (15% da receita de vendas) é algo menor neste caso. Nao é preciso distribuigdo de produto tao ampla, também. ©. Bens de uso especial: si0 agueles cujos compradores costumeiramente despendem esforgo significative para ir compri-los. Procuram marcas ou categorias particulares de mercadorias. Exemplos abrangem todo tipo de bens, desde alimentos finos até automéveis feitos sob encomenda. Como o consumidor insiste em determinada marca, a distribuig20 no precisa ter amplitude ou nivel de servigo to altos quanto os casos de bens de conveniéncia ou de compras. Os custos de distribuicao fisica podem ser os menores de qualquer categoria de produto. Por isso, pode alguém surpreender-se com 0 fato de as firmas tentarem criar fidelidade de marca em sua linha de produtos? 2. Bens industriais. Sao aqueles dirigidos a individuos ou organizagdes que os utilizam para produzir outros produtos ou servigos. Sua classificagao & bastante diferente da anterior, pois aqui so os vendedores que procuram os compradores e uma classificagao baseada nos perfis de compra nao seria relevante. E comum classificar bens industriais conforme seu envolvimento no processo de produgao. Por exemplo: (1) existem bens que slo parte de produtos acabados, tais como matérias-primas ou pegas componentes; (2) ha outros que sfo usados no processo de manufatura, como edificios e equipamentos; e (3) existem bens que nio entram no proceso diretamente, como material de escritorio ou servigos administratives. Apesar de esta classificagio ser valida na preparacdo da estratégia de vendas, sua utilidade nao € tio evidente no planejamento logistico. Uma pesquisa conduzida pelo autor revelou que compradores industriais nfo mostram preferéncia por niveis de servico diferentes para diferentes classes de produtos. Isto significa que estas classificagdes tradicionais para produtos industriais podem ser pouco iiteis a0 planejamento de logistica, ao contrario do que ocorre com a classificagao de bens de consumo. CARACTERISTICAS DO PRODUTO Dentre as caracteristicas mais importantes do produto que influenciam a estratégia de distribuigdo estio os atributos do proprio produto. Eles so peso, volume, valor, perecibilidade, inflamabilidade e substitutibilidade. Nas suas varias combinacées, estes atributos indicam as necessidades para armazenagem, estoques, transporte, manuseio € processamento do pedido. Essas combinagdes sto mais bem discutidas se divididas em quatro eategorias: (1) relagdo peso- volume (densidade), (2) relagao valor-peso, (3) substitutibilidade e (4) caracteristicas de risco (periculosidade) Relagao peso-volume A relacdo peso-volume (densidade) de um produto é particularmente significativa, pois os custos de transporte e armazenagem esto diretamente relacionados com ela, Produtos densos, ot seja, com relago peso-volume elevada, como aco laminado, material impresso e comida enlatada, apresentam boa utilizagio dos equipamentos de transporte e das facilidades de armazenagem. Tanto os custos de transporte como de armazenagem tendem a ser baixos. Entretanto, para produtos pouco densos, como isopor, batatas fritas e lampadas, a capacidade volumétrica do equipamento de transporte € preenchida antes de seu limite de carregamento em peso a ser atingido, Além disso, os custos de manuseio e de espaco, baseados no peso, tendem a ser elevados comparados ao preco de venda. A medida que a densidade do produto aumenta, tanto os custos de estocagem como de transporte, como porcentagem do prego de vendas, diminuem. Apesar de 0 preco poder ser reduzido pelos menores custos logisticos, armazenagem e transporte so apenas dois dos muitos fatores que atuam na formacao do prego. Assim, os custos logisticos totais podem declinar mais rapidamente que o preco. Para algumas empresas, 0 conceito é ébvio. Por exemplo, a Sears, Roebuck & Company geralmente entrega itens de mobilidrio desmontados. Novamente, quantos pais tiveram de quebrar a cabeca para montar as pecas de uma nova bicicleta ou triciclo, para o fabricante poder entregé-Ios numa forma mais compacta! Relacao valor-peso © valor do produto que esti sendo movimentado e estocado ¢ um fator importante no desenvolvimento de uma estratégia logistica. Custos de estoque sto particularmente susceptiveis ao valor. Quando expressamos 0 valor com relago ao peso (obtendo a razio, ou seja, o valor especifico), algumas compensagdes dbvias de custos emergem e auxiliam a planejar o sistema logistico. Produtos de baixo valor especifico, come carvao, mingrio de ferro, bausita e aeia, tém custos de estoque baixos, mas custos de transporte elevados, se medidos como porcentagem de seus precos de venda. Os custos de manutenco de estoque sio calculados como fragio do valor do produto, Pregos menores significam custos menores de estoque, pois 0 custo de manutencgo de estoque € seu fator dominante. Custos de transporte, por outro lado, estfio amarrados 20 peso. Se 0 valor do produto € baixo, o custo de transporte representa uma proporgio elevada do prego de venda. Produtos com alto valor especifico, tais como equipamentos eletzOnicos, dias instrumentos musicais, mostram comportamento oposto, como altos custos de estoque e baixos custos de transporte. Isto cria uma curva de custo logistic total com forma de U. Portanto, firmas com produtos de baixo valor especifico geralmente tentam negociar fretes mais favoraveis (fetes para matérias-primas sfo geralmente mais baixos do que para produtos acabados de mesmo peso). Se o produto tem uma relacio valor-peso elevada, a reacfo tipica é minimizar 0 estoque mantido. Naturalmente, algumas empresas tentam ajustar uma relagio valor-peso desfavorivel pela alteragao dos procedimentos de avaliagao de custos pela mudanea do valor ou pela revisao dos requisitos de embalamento para alterar 0 peso. Substitu lade Quando 0 consumidor nota pouca ou nenhuma diferenga entre o produto da firma e os de seus concorrentes, diz-se que o produto é altamente substituivel. Ou seja, o consumidor compra prontamente uma segunda marca caso a primeira nao esteja disponivel imediatamente. Muitos produtos alimenticios e farmacéuticos tém esta caracteristica. Como era de esperar, os fornecedores gastam milhdes de délares na tentativa de convencer os consumidores de que tais produtos (como comprimides de aspirina, por exemplo, ou sabio em pé) no sio todos semelhantes. Os executivos de distribuicao tentam prover disponibilidade de produto num nivel tal que os consumidores nao precisem selecionar um produto substituto, A logistica nao tem controle sobre a substitutibilidade do produto, apesar de o profissional ter o dever de planejar a distribuigo de produtos com variados graus de substitutibilidade. Ela pode ser encarada em termos de vendas perdidas pelo fomecedor. Substitutibilidade elevada significa geralmente maior chance para o cousumidor escolher outro produto, resultando em venda perdida. O especialista em logistica trata com vendas perdidas através de alternativas de transporte, de estocagem ou ambas. Caracteristicas de risco As caracteristicas de risco do produto referem-se aos atributos de valor, perecibilidade, inflamabilidade, tendéncia 4 explosao e facilidade de roubo. Quando um produto mostra alto risco em uma ou mais dessas caracteristicas, ele impée uma série de restrigdes ao sistema de distribuicdo. Tanto os custos de transporte como de estoque sio maiores em termos tanto absolutas como em termos de porcentagem do preco de venda. Considere um produto com alto risco de roubo como, por exemplo, cigarros. Deve-se tomar especial cuidado no manuseio e transporte. Dentro dos depésitos, areas especiais, cercadas e trancadas, devem ser instaladas para tratar este produto e similares. Produtos altamente pereciveis, como frutas frescas, necessitam de manuseio especial com veiculos refrigerados. Produtos como pneus de automéveis 18m tendéncia a contaminar produtos alimenticios e, portanto, ndo podem ser estocados na mesma drea do depésito. O uso de qualquer tipo de embalagem para diminuir o risco simplesmente aumenta © custo de distribuigao. CLASSIFICAGAO DOS MATERIAIS Entende-se, por apresentago de um material para efeito de armazenagem, sua particular combinacao das caracteristicas de peso, medida e forma. Por unidade de servigo, entende-se cada um dos conjuntos em que ela se movimenta, especificando os valores e a quantidade das caracteristicas anteriores. As unidades de servico influem diretamente nos seguintes problemas. localizacdo dos armazéns; equipamentos necessirios: Estruturas (estanterias, paletes) de armazenagem; os meios de medida (peso e capacidade). Objetivos: estabelecimento de dados e sua apresentagdo para o adequado estudo dos problemas. Este estudo pode ser aplicado diretamente a totalidade dos materiais, a cada um dos conjuntos ou grupos procedentes de outras classificagdes ou aos materiais de um determinado armazém. As distintas variedades iniciais, quando da apresentagao, podem vir da seguinte maneira: liquidos a granel; sblidos a granel; material agrupado em unidades de servico; itens individuais. eye Iientificagio e Classificagao dos Materiais para Armazenagem A funcAo de identificacao e classificacdo se preocupa principalmente com a determinagio do que € recebido e com a decisao de onde deve ser estocado. Isto normalmente exige os seguintes passos, que devem ser obedecidos: 1. Obter a documentacao de entrada no recebimento do material Controlar as entradas através de um registro destinado a este fim. 3. Conferit, qualitativa e quantitativamente, os itens constantes da nota, Suas discrepancias devem ser informadas imediatamente & pessoa qualificada, para as devidas providéncias 4. Separar os itens quando existir alguma dtivida na sua aceitacio, como falta, excesso ou dano, Informar o transportador/fornecedor para verificar a responsabilidade. Caso sejam necessarios testes, separar a mercadoria ou utilizar etiquetas bem visiveis com as instrugdes "aguardando liberacao", 6. Remarcar, reetiquetar ou reidentificar os itens, se necessério, usando uma identificagao através de mimeros ou eddigos. 7. Entbalar ou reembalar os itens, se necessirio. Isto deve ser feito quando uma embalagem diferente for necesséria para propésitos de estocagem ou expe-digdo, ou se 0 contetido nio for conhecido. 8. Paletizar as mercadorias, se isto for apropriado ¢ se nao tiver sido feito durante as operagbes de descarga. S descricao. nimero de estoque preco 5: Shtras informagses, necessirias si Fig algum dand ‘fo material? ‘A quantidade ‘onfere? Separe uma Amostra Comer Soran specificagoes? ‘sim Estocagem do material im local selecionado Liberacaio do material Enderecamento para 2 area de estoque SelecHo dos itens por pedido Envio dos materials para fas dreas de acumulacao Trens paletizaveis ou ndo-paletizaveis Estocagem externa ou interna ‘Agrupamento © conferéncia dos ‘de acordo com os pedidos Envie os materials para embalagem Embalagem dos Materiais Area de Expedicio ‘Area de Carregamento Fig. 4.2. — Fluxo de Materiais no Armazém. Quanto 4 sua classificagao, podemos fazé-la da seguinte maneira: 1. Através das caracteristicas dos materiais. 2. Por finalidade. 3. Por valor. 4. Por apresentaco (tamanho ou forma). Classificagao através das Caracteristicas do Material: 1. Sélidos, liquidos ou gasosos. 2. Pecas individuais, itens embalados e a granel. 3. Com base nas caracteristicas que mais dizem respeito a transportabilidade (facilidade ou dificuldade de transporte fisico). Caracteristicas Fisicas: ‘Tamanho - comprimento, largura, altura. Peso (ou densidade) - por unidade ou volume. Forma - achatada, curva, compacta, encaixével, regular etc. Risco de danos - fragil, explosivo, contaminavel, toxico, corrosive etc. Condigées - instavel, pegajoso, perecivel, molhado, sujo ete yeep Outras Caracteristicas: 1. Quantidade - relativa a intensidade de uso ou ao volume, no total e em tamanho de remessa ou por lotes. 2. Cronometria - regularidade, urgéncia, condigdes sazonais. 3. Medidas especiais - regulamentagdes especiais, padrdes internos da empresa, critérios operacionais, em recipient Fig. 3.2 — Classificago dos Materiais. Tamanho Comprimento, largura, altura Peso B esiie Peso por unidade ou por volume de unidades Achatado, eomprido, quadrado, compacto, irregular Risco de Danos Fragil, explosive, t6xico, contamindvel Condigoes fi Instivel, pegaioso, sujo, pulverizado, quente, super-congelade Fig. 3.3 - Fatores que Afetam a Classificagio dos Materiais. (A “rransportabilidade" pode ser methorada pelo uso inteligente de recipientes ou unidades de transporte.) As caracteristicas fisicas so geralmente 0 ponto mais importante ¢ influenciam na classificagao. Isto quer dizer que a classe atribuida a todo material é normalmente determinada pela natureza fisica do mesmo. A quantidade também tem muita importancia. Muitos materiais tém grande volume (deslocamento ripido); outros so em quantidades pequenas (freqiientemente "pedidos especiais" ). As grandes quantidades de qualquer item sio deslocadas de maneira diferente do que as pequenas quantidades. Procedimentos de Classificagao: 1. identificar e indicar todos os itens ou grupos de itens. 2. Anotar suas caracteristicas fisicas e as outras. 3. Analisar as caracteristicas de todo material ou classe e decidir quais so predominantes ou especialmente importantes. Marcé-las de maneira conveniente, ressaltando em vermelho ou preto, quando forem absolutamente predominentes, e em laranja/amarelo, ou linha pontilhada, quando especialmente importantes. 4. Determinar as classes de material, juntando aqueles que tém caracteristicas dominantes, similares ou especialmente importantes. identificar e descrever cada uma das classes do material. Nesta fase, pode-se preparar um sumério de classificagao, onde se identifica cada classe de material e se anota seus critérios principais, isto quer dizer que, definidos ou estabelecidos a regra ou o limite que determinam a classe, o item deve ser consignado, Anotar também um ou dois exemplos tipicos para auxiliar na descrigio de cada classe. Isto pode ser usado como marco de referencial tipico para enquadrar futuros materiais que cheguem e dependam de uma classificagio. Classificagao por Finalidade: Uma caracteristica fundamental dos materiais, para estudo da armazenagem, é a finalidade, ou objetivo, de utilizagao dos mesmos pela empresa. De acordo com esta caracteristica, os materi podem ser classificados da seguinte maneiza: 1. Produtos acabados - aqueles que sto objeto de comércio por parte da empresa, como resultado do seu processo produtivo. 2. Materiais diretos - aqueles que, dizetamente ou mediante transformagées fisico-quimicas adequadas, se incorporam ao produto, total ou parcialmente. 3. Materiais indiretos - todo o restante que a empresa utiliza ¢ nao se incorpora ao produto final, Este tiltimo grupo pode ser subdividido também da seguinte maneira a. Materiais complementares - os que, ndo sendo diretos, intervém de forma imediata no processo de produgao - ferramentas b. Materiais auxiliares - 0s que, nao sendo diretos, intervém no processo produtivo, favorecendo-o, Por exemplo, 0s combustiveis e lubrificantes para veiculos auxiliares; em geral, documentos técnicos ¢ administrativos. Esta classificagao pode variar de empresa para empresa, conforme a classe de seus produtos. Classificagao por Valor: Certos fatores e caracteristicas dos materiais estao ligados a valores numéricos e, neste caso, € possivel aplicar um sistema de classificagao & totalidade de materiais e também as divisdes, conforme a sua classificagio por finalidade, contanto que a divisdo seja representativa no conjunto. Este sistema consiste na ordenagao decrescente dos materiais com relagao a0 valor atribuido & caracteristica de cada um. Esta pode ser dada por: valor de consume, prego dos materiais, freqiléncia de sarda, quantidades fisicas, fluxo de movimentos arene 0s valores atribuidos sfio comumente expressos em termos de porcentagem sobre o valor total, Lembre-se: "O valor de um parafuso é 0 mesmo de um motor, caso 0 mesmo falte na linha de montagem." Fregiientemente, devido ao grande nimero de itens do armazém, toma-se dificil, senio impossivel, a classificagao de todos os materiais. Uma classificacdo ideal seria realizada por meio de uma analise global, porém, isto se torna inviével na medida em que se precisa de técnicas de selecdo que nos indiquem quais materiais e/ou produtos sao importantes e quais podem ser desprezados num primeiro estudo. Para isso, podemos utilizar o recurso da curva ABC. O fundamento desta € que, com o seu auxilio, analisando uma percentagem pequena de itens, estaremos abrangendo uma percentagem grande da soma dos indices que escolhemos para representar o estudo em questio. CLASSIFICAGAO PELA CURVA ABC ~ Método de Pareto (Vide Anexo I) Ao final do século XIX, conduzido um estudo sobre renda e riqueza das nagbes, 0 economista italiano Vilfredo Pareto observou que, em 98% dos casos analisados, cerca de 80 da renda total gerada restringia-se a 20% da populagio, estabelecendo enti um principio que chamou de Curva ABC. O emprego mais tradicional da Curva ABC é 0 ordenamento dos itens de estoque conforme a sua importincia relativa. * Ttens A: normalmente uma pequena proporcio do total da linha de materiais, que representa +/- 70% do investimento em estoque * Ttens B: uma proporgdo média, que representa aproximadamente 20% do investimento em estoque. © Itens C: 0 remanescente da linha de materiais, geralmente a maioria, que representa +/- 10% do valor investido em estoque. D=demanda anual produto Cr=DxCo Py = preco unitario produto Cr = custo total produto O ordenamento é feito seguindo o critério decrescente do Custo Total (Cr). E apés é feito © céleulo do Custo Total Acumulado (Cra), que & a soma dos Cr no ordenamento decrescente. E depois calculado a % Participacdo de cada item A fase seguinte sera a definigdo das classe ABC da Curva de Pareto, O critério da escolha dos pontos de divisdo entre as classes & sujeito apenas ao bom senso e & experiéncia profissional de cada um. Na classe A, devem estar situados uma pequena quantidade de itens (em torno de 15% a 20%) com valor aproximado de 70%, Na classe C, via de regra ficam de 50% a 53% do mimero de itens de estoque, com valor aproximado de 10%, restando os intermediirios, que logicamente comporio a classe B, com valor em tomno de 20%. 100 % 90 M 8 Classe C —baixa v9 ' movimentagao i m 4a e n ClasseB -inédia t ‘ movimentagao a £ a o 15 30 100 % do Total do N° de Itens A amilise pela curva ABC além de sen emprego mais tradicional na gestao de estoques, na moderna gestiio logistica, destaca-se, sobretudo 0 sen uso nas seguintes finalidades. Avaliagdo dos diferentes centros de custo na empresa; Principais fornecedores, pelo valor acumulado de compras; Classificagao de clientes pelo volume de vendas ou de servigos prestados; Vida util de equipamentos, em func2o do custo de manutencio. Considerages de estocagem pelo conceito FIFO (First In-First Out) = PEPS (Primeiro a entrar, primeiro a sai). A aplicabilidade do método de Pareto nos estoques foi comprovada e posta em pritica nos Estados Unidos pela empresa General Eletric (GE), logo apés a Segunda Guerra Mundial. A partir dai, esse sistema tem se mostrado eficaz como importante instrumento de controle e gerenciamento de estoques. E dividido nas categorias A, B, C, devido a representatividade de cada item em relagio aos investimentos feitos em estoques. A classificagdo por valor (A, B,C) atualizado ou cortigido de cada item, vista, em primeizo lugar, permitir um tratamento adequado que identifica os itens mais significativos para a gestio financeira dos estoques. O tratamento diferenciado ~ dos itens mais importantes para os menos importantes — exibe simplificagao nos controles, seletividade ¢ racionalizagio dos estoques. Isto representa tempo x dinheiro, proporcionando melhor desempenho na distribuicio dos materiais a serem estocados, CLASSE “A” — materiais de grandes valores financeiros e pequenas quantidades fisicas. CLASSE “C” — materiais de pequenos valores financeiros e grandes quantidades fisicas. CLASSE “B” — materiais cujos valores financeiros e quantidades fisicas se inserem numa categoria intermediaria entre “A” e“C” Esse meétodo & muito aplicado nas industrias, devido a sua eficdcia na redugao de custos. Demonstra que nem todos os itens merecem 0 mesmo tratamento ou atencao por parte da administracdo ou para atender as necessidades dos clientes. Sabemos que 20% dos produtos estocados (geralmente itens A) so responsaveis por 80% do valor empregado no estoque, assim como vale dizer que 20% dos clientes sto responsiveis por 80% do faturamento de uma empresa. Quando se adota esta politica de estoques, diz-se que 20% dos itens em estoque sto responsiveis por 80% dos valores do mesmo estoque. Pode-se classificar 0 estoque levando-se em conta desde o item de maior valor até o de menor valor. Para isso, & necessirio apenas calcular o valor que cada item representa no estoque , da seguinte maneira: = custo anual x custo unitirio do item ‘Apés efetuar este célculo, € necessirio listar os itens em ordem decrescente de valor e caleular 0 percentual relativo de cada item em relagio ao custo total do estoque, cujo somatério desse percentual deve ser igual a 100%. Pora calcular a importincia de cada item em relagio aos estoques, & necessirio proceder da seguinte forma relacionar todos os itens utilizados na produgio com seu consumo mensal; informar-se do custo unitirio; e informar-se da demanda anual. Multiplicando a demanda mensal de cada item por doze encontra-se a demanda anual desse item. E necessario, entio, saber quanto se gasta com o item anualmente. Para se chegar a esse valor, o céleulo € simples, basta multiplicar a demanda anual e © custo anual de cada item. Para aplicar o método de Pareto, € preciso encontrar o valor percentual de cada um desses itens. Por meio desta informagio, além de ser possivel tracar a trajetéria anual dos lotes de produtos (ABC), tem-se a representatividade do item na composi¢io do estoque. Para este célculo, necessitamos do somatério dos custos totais de cada item — a partir dai, divide-se 0 custo total individual pelo total do somatério dos custos totais (esse célculo é feito item a item). O valor fracionado resultante dessa conta deve ser multiplicado por 100. 10 Produto X = (quantidade mensal x 12) = demanda anual x custo unitario = custo unitario anval. Com este céleulo, fica facil identificar quais sfo os itens que recebem mais valores dentro do estoque. Feito isso, a classificagio ABC ja pode ser realizada, O somatério dos valores anuais de todos os itens fornecer’ a quantidade de valores dispensada ao estoque no ano. O calculo viabiliza um planejamento mais focado nas necessidades, nos itens que mais giram durante 0 ano e nagueles imprescindiveis a producdo. Para calcular a porcentagem de valores que cada item representa no estoque, a conta ¢ simples: basta dividir os valores anuais de cada item pelo valor total do estoque, encontrado na regra acima Produtos tém ciclo de vida Outro conceito familiar aos especialistas de marketing é o de ciclo de vida do produto. Produtos nio geram seu volume maximo de vendas imediatamente apés sua introducao, nem mantém seus picos de venda indefinidamente. Eles seguem uma fingao de vendas por tempo do tipo mostrado na figura. A vida do produto passa por quatro estagios: (1) introducao, (2) crescimento, (3) maturidade e (4) declinio. Cada fase tem exigéncias diferentes para a estratégia de distribuigao fisica Vedas Croscimerto Deetinte Tempo A fase introdutéria ocorre logo apés o langamento do produto no mercado, Geralmente, as vendas no sio volumosas, pois ainda nio ha ampla aceitagao do produto. A estratégia de distribuigdo fisica € cautelosa, com estoques restritos a algumas poucas localizagées. A disponibilidade é limitada. Caso 0 produto seja aceito pelo mercado, as vendas comecam a crescer rapidamente. Planejar a distribuigao é particularmente dificil nesta fase. Freqiientemente, nao ha histérico de vendas para calcular niveis de estoque nos pontos de armazenagem, ou nem mesmo quantos depositos devem ser usados. A distribuicdo fica, muitas vezes, sob controle manual durante todo © estagio de expansio. A disponibilidade do produto também aumenta rapidamente numa ampla zea geogrifica, de forma a apoiar o crescente interesse dos clientes. O estagio de crescimento pode ser bem curto, sendo seguido por uma fase mais longa chamada maturidade do produto. O crescimento de vendas é vagaroso ou permanece estabilizado em tomo do seu pico. O volume vendido nfo se altera rapidamente ¢, portanto, pode ser absorvido nos perfis de distribuicao de produtos similares ja existentes. Muitos depdsitos so utilizados e existe controle adequado sobre a disponibilidade do produto por todo o sistema, Eventualmente, o volume de vendas comeca a diminuir devido a mudancas tecnolégicas, competicao ou perda de interesse pelo consumidor. Para manter distribuigdo eficiente, os perfis cr de movimentagao do produto devem ser ajustados. Provavelmente, 0 total de armazéns seri reduzido, sendo o produto recolhido para depésitos regionais ou para as fébbricas © fenémeno do ciclo de vida do produto influencia a estratégia de distribuigio. O especialista em logistica deve estar continuamente ciente do estigio atual do ciclo de vida do produto, de modo que os padres de distribuigio possam estar sempre ajustados na eficiéncia maxima daquela fase. O conhecimento do conceito de ciclo de vida permite antecipar as necessidades de distribuigao e planejar com larga antecedéncia

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