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Resumo Baratta
Resumo Baratta
Sociologia do Direito Penal. Tradução de Juarez Cirino dos Santos. 3ª ed. Rio de Janeiro:
Editora Revan: Insitutito Carioca de criminologia, 2002.
I. INTRODUÇÃO
O Professor Doutor Alessandro Baratta é diretor do Institut fur Rechtsund
Sozialphilosophie da Universidade do Saarland, Alemanha. É um dos mais brilhantes
criminólogos da atualidade, respeitado pela comunidade científica internacional. Seu livro
apresenta a teoria criminológica confrontando as aquisições das teorias sociológicas sobre
crime e controle social com os princípios da ideologia da defesa social, quais sejam,
igualdade, legitimidade, bem e mal, culpabilidade, prevenção e interesse social.
Para se entender estas teorias sociológicas, faz-se mister iniciar conceituando sociologia
jurídica. Para Baratta, a sociologia jurídica aborda a relação entre mecanismos de
ordenação do direito e da comunidade, e ao mesmo tempo a relação entre o direito e
outros setores da ordem social. Dessa forma, compreende-se que a sociologia jurídica se
ocupa com modos de ação e de comportamento: que têm como consequências normas
jurídicas, que são percebidos como efeitos das normas jurídicas, que serão postos em
relação com modelos de ação e de comportamento, que têm como consequências normas
jurídicas ou são efeitos de normas jurídicas.
O objeto da sociologia jurídico-penal corresponde: às ações e comportamentos
normativos que consistem na aplicação do sistema penal; aos efeitos do sistema
entendido como aspecto “institucional” da reação ao comportamento desviante e do
correspondente controle social; às reações não-institucionais ao comportamento
desviante; e finalmente, às conexões entre um sistema penal dado e a correspondente
estrutura econômico-social. Baratta apresenta uma possibilidade de se fazer uma
integração entre micro e macrossociologia, construindo um discurso baseado em dados
empiricamente controláveis, em pesquisas bem localizadas, em metodologias
previamente declaradas e experimentadas. Para ele, a posição da sociologia jurídico penal
é exemplar para toda a sociologia jurídica, mostrando cada vez mais impulsos de um
modelo crítico e avançado.
A sociologia criminal estuda o comportamento desviante com relevância penal, a sua
gênese, a sua função no interior da estrutura social dada. A sociologia jurídico-penal, ao
contrário, estuda os comportamentos que representam uma reação ante o
comportamento desviante, os fatores condicionantes e os efeitos dessa reação, assim
como as implicações funcionais dessa reação com a estrutura social global. Essas duas
disciplinas têm como problemática comum o conceito e definição de desvio,
considerando, sobretudo, o labeling approach. Segundo os representantes deste enfoque,
o fato de que os autores de certos comportamentos tornem-se objeto da ação de órgãos
da repressão penal, não é sem influência, especialmente por causa de seu efeito
estigmatizante, sobre a realidade social do desvio e sobre a consolidação do status social
do delinquente. Contudo, as reações não-institucionais também geram o efeito
estigmatizante da reação da opinião pública sobre o status social do delinquente.
VII. UMA CORREÇÃO DA TEORIA DAS SUBCULTURAS CRIMINAIS: A TEORIA DAS TÉCNICAS
DE NEUTRALIZAÇÃO.
Uma importante correção da teoria das subculturas criminais é a realizada por Gresham
M. Sukes e David Matza. A correção foi feita pela análise das técnicas de neutralização,
uma análise das formas de racionalização do comportamento humano aprendidas e
utilizadas, ao lado das formas alternativas de comportamento humano, de modo a
neutralizar os valores e as normas sociais aos quais o criminoso geralmente adere.
São técnicas de neutralização: a exclusão da própria responsabilidade; a negação de
ilicitude; a negação de vitimização; a condenação dos que condenam; e o apelo a
instâncias superiores.
Resumindo os pontos anteriores, o que o autor defende, é que as teorias psicanalíticas da
criminalidade e da sociedade punitiva acabam por negar vários princípios integrantes da
ideologia da defesa social, até chegar ao enfoque do etiquetamento, ou do labeling
approach. Nega a teoria do criminoso por sentimento de culpa negariam o princípio da
culpabilidade. A teoria da sociedade punitiva, estaria em confronto com o princípio da
legitimidade. A teoria estrutural-funcionalista, rejeitaria o princípio do bem e do mal. A
teoria das subculturas criminais, por sua vez, mostraria de que modo a desigual
distribuição estrutural do acesso a meios legítimos para realizar metas culturais compele
minorias desfavorecidas para modelos de comportamento desviantes, difundidos por
aprendizagem através da comunicação e associação subcultural.