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MODELAGEM

TRIDIMENSIONAL

PROFESSORA
Esp. Inês Sarto Soares
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância;


SOARES, Inês Sarto.

Modelagem Tridimensional. Inês Sarto Soares.


Maringá - PR.:UniCesumar, 2016. Reimpresso em 2021.
224 p.
“Graduação em Design - EaD”.
1. Modelagem. 2. Tridimensional. 3. Design. 4. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-0412-0
CDD - 22ª Ed. 745.2
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Impresso por:

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva,
Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional
Débora Leite, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência
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Diogo R. Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey, Supervisão do Núcleo de Produção
de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard,
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Melina Belusse Ramos, Thayla Guimarães, Designer Educacional Paulo Victor Souza e Silva, Revisão
Textual Hellyery Agda G. Silva, Pedro Afonso Barth, Ilustração Bruno Pardinho, Marta Kakitani,
Fotos Shutterstock.

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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10
com princípios éticos e profissionalismo, não maiores grupos educacionais do Brasil.
somente para oferecer uma educação de qualidade, A rapidez do mundo moderno exige dos educadores
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão soluções inteligentes para as necessidades de todos.
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- Para continuar relevante, a instituição de educação
nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional precisa ter pelo menos três virtudes: inovação,
e espiritual. coragem e compromisso com a qualidade. Por
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia,
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro do ensino presencial e a distância.
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, promover a educação de qualidade nas diferentes áreas
com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. do conhecimento, formando profissionais cidadãos
Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais que contribuam para o desenvolvimento de uma
de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos sociedade justa e solidária.
pelo MEC como uma instituição de excelência, com Vamos juntos!
boas-vindas

Willian V. K. de Matos Silva


Pró-Reitor da Unicesumar EaD

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à A apropriação dessa nova forma de conhecer


Comunidade do Conhecimento. transformou-se hoje em um dos principais fatores de
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar agregação de valor, de superação das desigualdades,
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
e pela nossa sociedade. Porém, é importante Logo, como agente social, convido você a saber cada
destacar aqui que não estamos falando mais daquele vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas tecnologia que temos e que está disponível.
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
atemporal, global, democratizado, transformado pelas modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
tecnologias digitais e virtuais. as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
De fato, as tecnologias de informação e comunicação equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o
informações, da educação por meio da conectividade conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes
e da mobilidade dos celulares. cativantes, ricos em informações e interatividade. É
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá
a informação e a produção do conhecimento, que não as portas para melhores oportunidades. Como já disse
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.
segundos. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
boas-vindas

Janes Fidélis Tomelin


Pró-Reitor de Ensino de EAD

Kátia Solange Coelho


Diretoria de Graduação
e Pós-graduação

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível e construção do conhecimento deve ser apenas
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
apresentação do material

MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
Inês Sarto Soares.

Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à disciplina de Modelagem Tridimensio-


nal! O objetivo deste livro é abordar as técnicas e ferramentas de moulage, que
você utilizará durante o processo criativo de materializar produtos de vestuário
com conceitos inovadores, porém mercadologicamente vendáveis. É importante
pontuar que as principais técnicas de modelagem tridimensional apresentadas
são em forma de criação de modelos para o corpo.
Para que você saiba utilizar esta ferramenta, na unidade I será apresentada a fun-
damentação teórica dos aspectos e processo de modelagem, técnicas de mode-
lagem bidimensional e tridimensional e a ciência do corpo. Sendo o último um
elemento importante na produção do vestuário, uma vez que utiliza o estudo de
várias ciências, formas, proporções, anatomia e movimentos do corpo. Tudo isso
quando somado a critérios e parâmetros científicos torna possível obter medidas,
planos e volumes.
Neste contexto, você verá que o setor de modelagem necessita de vários conheci-
mentos imprescindíveis na formação dos traçados e moldagem dos moldes e, na
sua maioria, as relações da técnica de modelagem tridimensional com o estudo do
corpo. Se a concepção de roupas for baseada na medidas do manequim, a chance
de correção é menor, ou seja, na peça piloto já é possível observar a vestibilidade
e caimento da peça no corpo, características que só aplicadas de forma correta
quando se tem compreensão da constituição anatômica e as linhas estruturais do
corpo. Em geral, você verá que é muito simples visualizar como um desenho bi-
dimensional pode ser transportado para o corpo. Por isso, modelar diretamente
no manequim auxilia o designer a visualizar sua ideia com mais clareza.
Na unidade II iremos discorrer sobre materiais, equipamentos e tecidos. Este
estudo aprofunda os conhecimentos sobre caimento e auxilia a perceber como
os fios de urdume e trama podem influenciar no resultado final de uma peça
de vestuário. Além disso, os procedimentos práticos deste estudo serão também
dedicados a usos e aplicações dos materiais voltados para a costura industrial e
manual.
Já na unidade III, você conhecerá a prática de modelagem tridimensional e
aprenderá como executar moldes base de saias e blusas, conhecendo as pences
fundamentais da parte superior e inferior do corpo. Além disso, outros fatores
precisam ser analisados, a forma técnica e utilitária buscando uma cópia fiel de
acordo com as linhas estruturais e com folgas para uma perfeita vestibilidade.
Você perceberá que nesta unidade o conteúdo é todo estruturado na análise de
modelos ricos em detalhes de modelagens, possibilitando que desenvolva vários
tipos de acabamentos existentes nas técnicas de modelagem tridimensional.
Na unidade IV, abordaremos a percepção do corpo humano e por meio do pen-
samento criativo buscaremos formas de valorizar a vestibilidade. Será nesta uni-
dade que você entenderá como desenvolver modelagens para alguns modelos
de vestidos, além de suas variações utilizando drapeado para dar volume, por
exemplo. É importante que você compreenda o comportamento da vestimenta e
as reações de cada modelo sobre o corpo nos diferentes produtos de moda. Além
de estimular a reflexão sobre a planificação dos moldes em tecidos (toile) para
modelagem bidimensional em papel, conhecendo as formas corretas de armaze-
namento dos moldes para garantir sua qualidade e aumentar a durabilidade para
um possível aproveitamento em outras produções.
E para finalizarmos nossos estudos, na unidade V será necessário entender a se-
quência lógica e o processo de modelagem tridimensional aprendidos durante
toda a disciplina para a construção de uma roupa, passando por todas as etapas
da elaboração da modelagem (toile), montagem do protótipo (piloto), costura e
acabamentos de finalização.
Além destes estudos, ao longo do livro será apresentado a você tópicos de revi-
são teórica, visando aprofundar o aprendizado da aplicação correta da técnica de
modelagem tridimensional e utilização dos materiais, analisando a vestilidade da
peça ao corpo.

Acreditamos que esses conhecimentos adquiridos na disciplina são primordiais


para a atuação profissional.

Bons Estudos!
sum ário

UNIDADE I UNIDADE IV
CONCEITO DA TÉCNICA TRIDIMENSIONAL MOLDES BÁSICOS E INTERPRETAÇÃO DE
14 Conceito e Técnica de Modelagem MODELOS SOBRE A PARTE SUPERIOR DO CORPO

22 Materiais e Instrumentos de 130 Modelagem Tridimensional da Blusa com


Modelagem Tridimensional Pence Fundamental
25 Anatomia do Corpo: Simetria e Assimetria 137 Variações de Pences e Seus Efeitos na
Construção de Produtos
33 Marcações das Linhas de Construção
no Manequim Técnico 148 Tipos de Golas, Mangas e Decotes
41 Considerações Finais 169 Processo de Acabamentos (Limpeza) para
Parte Superior do Corpo
178 Considerações Finais
UNIDADE II
USOS E APLICAÇÕES DOS MATERIAIS E TÉCNICA DE
COSTURA MANUAL UNIDADE V
PRODUÇÃO PROTÓTIPO/ PEÇAS-PILOTO
54 Informações Técnicas Sobre Tecidos, Bem
Como sua Preparação E ORIGINAL

63 Etapas de Construção da Modelagem 190 Análise do Modelo e Escolha de Materiais


70 Técnica de Costura Manual 194 Modelagem Tridimensional Peça Piloto
76 Considerações Finais 202 Análise e Aprovação dos Modelos de Acordo
com a Proposta
212 Montagem e Acabamento da Peça no Tecido
UNIDADE III
Original
MOLDES BÁSICOS E INTERPRETAÇÃO DE
MODELOS SOBRE A PARTE INFERIOR DO CORPO 215 Considerações Finais

89 Construção do Corpo Básico Inferior Reto e


Modelado
98 Variações de Modelos de Saias 223 CONCLUSÃO GERAL

107 Transferência da Modelagem Tridimensional


para Modelagem Bidimensional (Planificação)
110 Processo de Acabamentos (Limpeza) para
Parte Inferior do Corpo
117 Considerações Finais
CONCEITO DA
TÉCNICA TRIDIMENSIONAL

Professora Esp. Inês Sarto Soares

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Conceito e técnica de modelagem
• Materiais e instrumentos de modelagem tridimensional
• Anatomia do corpo: simetria e assimetria
• Marcações das linhas de construção no manequim técnico

Objetivos de Aprendizagem
• Entender os princípios teóricos da técnica de modelagem
tridimensional.
• Conhecer os instrumentos necessários para o
desenvolvimento da técnica de modelagem tridimensional.
• Entender sobre os princípios dos planos anatômicos do
corpo para aplicação da técnica.
• Compreender como demarcar as linhas de construção em
um manequim técnico, visando a percepção visual.
unidade

I
INTRODUÇÃO

Prezado(a) aluno(a)! Para entender a relevância desse estudo é importante que


você compreenda o que é a modelagem tridimensional. O designer de moda atual
segue uma série de etapas, sendo uma delas a modelagem. Nesta etapa você irá
buscar formas de modificar os materiais da forma bidimensional para a tridi-
mensional adequando-os ao corpo humano. O setor de modelagem é um dos
setores mais importantes na indústria de confecção.
Dentro das atividades fabris, o setor de modelagem é o responsável por pro-
duzir os moldes de vestuário compatíveis com os equipamentos e componentes
da fábrica, um dos grandes desafios do modelistas é o controle de qualidade.
Tenha certeza que uma indústria de confecção consegue sobreviver sem um de-
signer de moda, mas jamais sem um modelista.
Na maioria das vezes, o designer de moda conhece de forma superficial o
processo de modelagem, em contrapartida, o modelista pode aprimorar o pro-
cesso criativo e criar/executar os moldes de modelagem da coleção da empresa.
Quando falo de modelagem tridimensional, estou falando das técnicas de
modelagem utilizadas nas indústrias contemporâneas de confecção. Para que a
modelagem aconteça é muito importante que o setor de modelagem esteja muito
bem definido, contendo todos os equipamentos qualificados e necessários para
a produção de moldes. Dentro das fábricas de confecção, além do modelista, os
equipamentos, materiais e instrumentos necessários para desenvolver a modela-
gem são peças fundamentais.
O presente conteúdo aborda também a respeito de como marcar as linhas
de construção do corpo e sua anatomia. Saiba que os estudos desta unidade irão
contribuir para teorizar uma técnica de longa data e essencial para o desenvolvi-
mento de outras formas que sejam vestíveis, mas que, na maioria das vezes, ficam
ofuscadas pelo brilhantismo da moda.
Desejo a você um proveitoso estudo!
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

CONCEITO E TÉCNICA
DE MODELAGEM
Caro(a) aluno(a), você já ouviu falar sobre modela- delagem tridimensional saiba que o termo resulta do
gem tridimensional? processo de modelar a peça do vestuário sobre um
Pois bem, será a partir dessa explanação que busto técnico ou humano, levando em consideração
iniciaremos nossa viagem rumo à compreensão de as medidas e dimensões corporais do público-alvo
como manipular e moldar o tecido no busto técnico, escolhido. Essa técnica é muito utilizada para perso-
o manequim. nalizar peças do vestuário em ateliês e, atualmente,
Para que você entenda melhor o conceito de mo- é comumente aplicada nas indústrias de confecção.

14
DESIGN

O QUE É TÉCNICA DE MODELAGEM

Para que você possa compreender melhor a produ- 3. Modelagem tridimensional - (moulage ou
ção de moldes por meio da técnica de modelagem draping): produzida a partir de um corpo
tridimensional, é necessário conhecer o processo de humano vivo ou técnico.
modelagem industrial. Essa técnica é desenvolvida Agora vamos nos aprofundar na técnica de modela-
para a construção de moldes de vestuário, por meio gem tridimensional, que significa o processo de tirar
de leituras e interpretação de modelos. Tal procedi- a forma (moldagem), ou seja, criação de moldes sob
mento implica na tradução das formas de vestimen- a forma tridimensional, a partir do tecido em um
ta, estudos da silhueta, materiais e entre outros ele- corpo técnico ou humano. Sabrá (2014, p. 95) de-
mentos da peça a ser produzida. fende a ideia de que a moulage é a técnica desenvol-
No processo de modelagem industrial existem vida na construção de peças do vestuário, por meio
três tipos de métodos de modelagem, todos muito de leituras e interpretação de modelos. Tal procedi-
utilizados no setor do vestuário, são eles: mento implica na tradução das formas de uma vesti-
1. Modelagem plana industrial (bidimensio- menta, estudos da silhueta, materiais e entre outros
nal): pode ser produzido manualmente e/ou elementos da peça a ser produzida.
no sistema digital CAD/CAM (computariza- Para definir este conteúdo são registradas três
do).
nomenclaturas usuais (modelagem tridimensional/
1.1. Modelagem plana manual: transforma
moulage/ draping), acompanhe:
uma forma tridimensional a partir de
desenho de criação ou peça piloto em Técnica de modelagem tridimensional: palavra
desenho plano (bidimensional) utilizan- de origem portuguesa, consiste em moldar o corpo
do os princípios da geometria descritiva, na forma de 3D, utilizando qualquer tipo de mate-
matemática básica, desenhando em uma rial, como tecidos, papel ou materiais alternativos.
superfície plana.
2. Modelagem gráfica (bidimensional / tridi-
mensional) – Sistema CAD: produzida em
REFLITA
um sistema computadorizado.
2.1. Modelagem gráfica bidimensional: téc-
nica desenvolvida diretamente no com- “Modelagem é mais parecido com engenharia
putador, em forma plana através de grá- do que qualquer outra coisa. É encontrar os
ficos e medidas do corpo. limites do que você pode fazer ao envolver
o corpo em tecido. Tudo evolui. Nada está
2.2. Modelagem gráfica tridimensional: téc- rigidamente definido”.
nica desenvolvida diretamente no corpo
de um manequim, com as medidas de um (John Galliano)
público determinado.

15
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

T
écnica de modelagem Moulage: palavra A modelagem tridimensional é uma ferramen-
de origem francesa (masculina), denomi- ta muito eficaz no processo produtivo da indústria
na o mesmo processo de esculpir o corpo de confecção, pois ela transforma a matéria-prima
com tecidos, criando a forma, mais preci- no produto final, atribuindo novas formas, inovan-
samente a moldagem, muito utilizada por artistas do nas vestimentas, além de proporcionar novas
plásticos na escultura. Esse vocábulo é usado so- silhuetas, isso sempre relacionado com o mercado
mente no setor de moda no Brasil, pois sua fonética de moda/vestuário que está em constante mudança
no português é a mais próxima e mais perfeita para tecnológica e criativa.
o termo. Draping ou Moulage é uma arte tridimensional
Técnica de modelagem Draping: palavra de ori- de modelagem, na qual em uma manequim especí-
gem inglesa, denomina o ato de drapejar. Em moda fica são realizadas as montagens de uma roupa. Essa
também representa o sistema de trabalho de mol- técnica foi introduzida pela estilista Madeleine Vion-
dagem do tecido sobre o corpo humano ou busto net na França, facilitando em suas criações a elasti-
técnico para se obter a forma da forma. cidade e o caimento da roupa ao corpo. Atualmente
a técnica é muito utilizada pelo estilista Jum Nakao,
que produziu um desfile com roupas de papel.
A precursora a utilizar a técnica moulage/dra-
SAIBA MAIS
ping no Brasil foi Jeannine Niepceron, profissional
renomada na área de moda. Ela adquiriu este méto-
Pesquisando um pouco da história da mode- do por meio da prática de forma intuitiva e criativa.
lagem podemos ver que os gregos, romanos e Aqui no Brasil, os designers de moda utilizam-na
egípcios já praticavam está técnica enrolando
retângulos de tecido sobre o corpo. para a mesma finalidade, pois por meio dessa técni-
ca é possível visualizar o corpo, de forma tridimen-
Antes do século XX, o conhecimento técnico
de moulage era empírico e sem muitos es- sional, com clareza e assegurar sua vestibilidade.
tudos. Foram as primeiras estilistas de alta-
-costura Madeleine Vionnet e a Madame Grés MÉTODOS PARA A APLICAÇÃO DA
que começaram a desenvolver estudos sobre
modelagem, dando forma a várias peças do TÉCNICA DE MODELAGEM
vestuário. As duas, durante muitos anos, fo- TRIDIMENSIONAL
ram reconhecidas também por desenvolver • Modelagem tridimensional no manequim
e dominar a produção de moldes, tornando
de prova delimitado com linhas de cons-
possível novos volumes e maneiras de se
construir uma vestimenta. Atualmente, os trução do corpo: o manequim técnico tem
estilistas renomados pelos seus moldes são que estar marcado com as linhas estruturais
John Galliano e Dior.
do corpo humano. Para moldar a peça nes-
Fonte: Sabrá (2014). se corpo utiliza-se um tecido e que este seja
próximo ao da peça original, ou seja, mesma

16
DESIGN

Figura 1 - Recorte ombro


Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 61).

composição (100% algodão ou 100% poliés- exemplo: se você quiser moldar uma blusa,
ter). Molda-se o corpo com o tecido, fixando a pessoa que será utilizada como manequim
com alfinetes em cima das linhas demarcadas deve usar uma camiseta bem justa ao cor-
no busto técnico, dando a forma do modelo po enquanto o modelista aplica as técnicas
desejado. Essa técnica é simples, a mais utili- de moulage no tecido desejado, modelando
zada na indústria de confecção e a que vamos a peça conforme foi previamente projetado
utilizar nesta disciplina. ou através da inspiração do momento. Assim
• Modelagem tridimensional direto no corpo que terminar a moldagem da peça, o mol-
humano: é possível moldar uma peça de ves- de é retirado para que a peça seja retraçada
tuário sobre o corpo humano. A estilista Ma- mantendo os detalhes do modelo e inserindo
deleine Vionnet desenvolvia suas modelagens margem de costura as partes dos moldes.
diretamente no corpo de suas clientes. Por

17
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

• Modelagem tridimensional por meio de


prova da roupa: outra técnica que pode ser
utilizada é traçar os moldes base por meio da
técnica de modelagem plana, diretamente no
papel. Cortar e costurar a peça (costura de
prova = alinhavo ou com costura com pontos
largos na máquina de costura reta) em tecido
original ou o mais próximo do original, uma
pessoa veste a peça e você vai com o alfinete
delimitando a forma do corpo. Essa técnica é
muito utilizada pelos estilistas e costureiros.

Figura 2 - Técnica de moulage diretamente ao corpo humano.

18
DESIGN

• Modelagem tridimensional no busto técnico


sem marcações: essa é a técnica mais utilizada
para auxiliar os designers e grandes estilistas
em suas criações. Você vai inserindo e posi-
cionando o tecido ao busto técnico confor-
me sua inspiração. A vantagem dessa técnica
é que ela deixa o estilista criar e moldar suas
roupas, de acordo com a sua a imaginação.

Figura 3 - Técnica de moulage por prova

19
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

Figura 4 - Técnica de Moulage no busto técnico

• Modelagem tridimensional no manequim


REFLITA
de prova: você vai marcando o busto técnico
com uma fita de cetim nº 1 e dando forma ao
modelo desejado. Em seguida, vai colocando É possível desenvolver uma modelagem tridi-
pedaços de tecidos ao corpo e moldando par- mensional, por meio de várias formas, desde
tes do modelo, ou seja, cada molde vai sur- que se tenha o busto ou corpo e os materiais
gindo separadamente, peça fragmentada. No desejados?
final, os moldes formam o modelo e a mode-
lagem já fica acabada.

20
DESIGN

Figura 5 - Moldagem através de marcações previamente orientado ao busto técnico.


Fonte: Fischer (2010, p. 126).

Caro(a) aluno(a), ao finalizar este conteúdo, para sua melhor compreensão, é muito im-
portante que você tenha um conhecimento básico das técnicas possíveis de modelagem
tridimensional. Não que tenha que praticar neste momento todas as técnicas, mas somente
a título de conhecimento, o importante é que possa no decorrer dessa disciplina, praticar a
técnica que iremos apresentar nos módulos seguintes.

21
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

MATERIAIS E INSTRUMENTOS DE
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
Caro(a) aluno(a), agora vamos estudar a importân- controlar a qualidade do produto. Quando pensa-
cia dos instrumentos para executar de forma corre- mos na sobrevivência de uma indústria de confec-
ta as técnicas de modelagem. Para que possa com- ção, o modelista é o profissional essencial, acima até
preender é importante que entenda sobre o espaço do designer de moda, digo isso porque no mercado
físico do setor de modelagem. O departamento de de trabalho não é anormal que além de entender de
modelagem está entre os setores mais importantes modelagem o modelista saiba também criar mode-
da indústria de confecção. Está inserido na área de los, suprindo a necessidade do designer de moda.
atividades fabris, responsáveis pela produção de Neste momento, vou explicar sobre as principais fer-
moldes utilizando equipamentos e componentes ramentas de trabalho para que você consiga desenvolver
disponíveis. Para os modelistas, o maior desafio é com tranquilidade as principais atividades do modelista.

22
DESIGN

FERRAMENTAS PERTINENTES
À MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

Quando pensamos na produção de moldes é pos- os segmentos (masculino, infantil e feminino), e


sível imaginar que apenas um pequeno espaço é com uma variedade de tamanhos. Lembrando que
necessário para fazer as atividades de modelagem. os tamanhos são escolhidos conforme medidas do
Isso pode até ser possível em um pequeno ateliê de público de uma empresa.
costura, mas quando pensamos na indústria de con- Ao longo dos estudos, você verá que existe uma
fecção a modelagem tem reservado, por necessida- gama de materiais que o modelista deve ter. Dentre
de, um bom espaço físico, materiais e equipamentos eles, o busto, que além de ser uma ferramenta pri-
adequados. Pois é com ela que se inicia a produção mordial, é um dos mais caros, principalmente se for
propriamente dita do produto. Quando falo de ma- sob medida. Entretanto, é possível criar
teriais pertinentes, caro(a) aluno(a), entenda que já um busto com suas proporções sem gas-
estou contando com os materiais básicos de um ate- tar muito.
liê (mesas, cadeiras, computador, máquinas de cos- Confira no vídeo como fazer um bus-
tura). Conheça abaixo os equipamentos e materiais to técnico utilizando, basicamente, fita
necessários para que o modelista consiga fazer suas adesiva e espuma.
atividades com êxito. Caro(a) aluno(a), é necessário estar atento ao
comprar o busto técnico, pois este deve conter uma
Busto técnico forma moderna, medidas padronizadas com cober-
tura e enchimento adequado para alfinetar e tama-
Busto técnico ou manequim segundo Abling e Ma- nho correto do corpo em que se deseja trabalhar.
ggio (2014) é um corpo em tamanho real criado
com um conjunto de medidas, usado para moulage Toile
e ajustes de roupas. O busto deve ser resistente, deve
ter as medidas do corpo para quem se deseja execu- Segundo Duburg e Van Der Tol (2012), o tecido uti-
tar a peça. O busto pode ser reajustável ou não. lizado na moulage é chamado de toile. Antigamente
Conforme Jones (2011), o manequim é uma usava-se o tecido musseline fino, hoje usamos o te-
peça essencial no ateliê para testar a viabilidade dos cido de algodão cru, morim ou outro similar, por
moldes. É um tronco sólido, com superfície acol- exemplo, o tecido para lençol (cretone) todos em
choada para facilitar a entrada de alfinetes e fixa composição 100% algodão. Em alguns casos é possí-
melhor o tecido ao corpo. Alguns modelos tem altu- vel produzir o modelo direto no tecido original, po-
ra regulável, são giratórios e permitem uma rápida dendo deixar o produto mais caro. Estudaremos isso
avaliação da roupa que está sendo feita. No mercado mais adiante, com exemplos de tecido plano, que são
você encontra uma variedade muito grande de ma- utilizados para a moulage.
nequins para modelagem tridimensional para todos

23
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

Fita métrica

Uma das principais ferramentas de trabalho do mo- • Giz de alfaiate: cera dura e em forma de giz
delista é a fita métrica, que tem como função men- para marcar tecidos.
surar distâncias. Por mais simples que seja este equi- • Papel carbono: papel contendo em uma das
pamento, tome muito cuidado na sua compra, visto faces cera colorida, que ao ser pressionado no
tecido com carretilha fixa a marcação dese-
que é um dos responsáveis pela precisão do seu mol-
jada.
de. Por isso, sempre que for comprar uma fita métri-
• Lápis ou lapiseira: melhor na numeração 0,9
ca escolha a que cumpra com excelência a função de mm, é utilizada para desenhar a modelagem.
medir e a mantenha em ótimo estado, pois se estiver • Borracha: deve ser bem macia para apagar
rachada e com as bordas dobradas, deixará de exer- riscos no tecido e papel.
cer sua função e precisará ser substituída. Uma dica: • Marcador de furos: para perfurar os ápices
procure comprar uma fita métrica de plástico para das pences.
melhor precisão. • Carretilha ou rolete: utilizado para transpor-
tar os moldes para outro papel.
• Alfinete: muito importante para apoiar os
SAIBA MAIS papeis para cópias.
• Agulha de mão: tenha uma seleção de agu-
lhas para costuras manuais, cada tecido com
As ferramentas de medição mais comuns são espessura diferente utiliza uma agulha espe-
a fita métrica e a trena antropométrica, ambas
cifica, podemos ser utilizada uma agulha fina
devem ser utilizadas com muito cuidado. Além
disso, vale pontuar que se diferem bastante
ou grossa.
das réguas utilizadas para modelagem. • Linhas para alinhavos: procure obter linhas
na composição de 100% algodão.
Fonte: Sabrá (2014).
• Tesouras de papel e para tecidos: tesoura es-
pecífica para cortar papel e tecidos, em tama-
nhos variados.

• Curva francesa: tem a função de desenhar


Apresentamos a você, caro(a) aluno(a), alguns tipos
curvas, como decotes e cavas.
de materiais e ferramentas mais importantes da área,
• Curva de alfaiate: serve para traçar curvas
mais suaves, como laterais e entre pernas. para que você possa desenvolver com tranquilidade
• Esquadro 45º: utilizado para fazer ângulos e a sua técnica de modelagem tridimensional.
serve de auxílio para prolongar retas. Vamos em frente!

24
DESIGN

ANATOMIA DO CORPO:
SIMETRIA E ASSIMETRIA
Agora que você já conhece um pouco sobre mode- feita, no nosso caso, nos referimos a modelagem 3D.
lagem, busto técnico e materiais necessários para a Embora venhamos a abordar outros aspectos
construção de roupas, você vai ter uma visão geral como: métodos de mapeamento do busto técnico,
das linhas imaginárias e planos do corpo humano, o que você aprenderá agora, irá te oferecer uma vi-
principal instrumento de apoio. são geral dos planos do corpo humano, delimitação
O ser humano é composto por um espaço pró- das linhas imaginárias do corpo. Esse conteúdo é
prio, constituído por sua estrutura morfológica pre- um pré-requisito para que você possa executar com
sente. É por meio das medidas e forma do corpo facilidade suas atividades decorrentes. Para isso, va-
humano que se consegue obter uma modelagem per- mos iniciar conhecendo a definição de anatomia,

25
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

que nada mais é que um estudo da estrutura de um REFLITA


organismo e das relações entre suas partes. A pala-
vra anatomia é derivada de duas palavras gregas, que Os corpos possuem diferenciações de padrão,
significam “cortar em pedaços”. tanto em diâmetro como no alongamento,
Para Grave (2004, p. 42), o corpo humano é o além de sofrer interferências ao longo da
existência humana.
cabide tridimensional que além de dar vida, também
pode dar alma às roupas. A prova disso são aque- (Maria de Fátima Grave)

las roupas que não agradam quando pendurados


na arara, mas quando vestidas ficam fabulosas. Para
que possa entender da estrutura corpórea, veja que
quando falamos de construção de vestuário, falamos INFLUENCIADORES DO CORPO
de algumas características do corpo: E DA VESTIMENTA
1. Podemos dizer que o ser humano é constituí-
do por um espaço próprio, formado por uma Para que você possa entender e desenvolver mode-
estrutura morfológica. lagens adequadas, além de cobrir o corpo, os moldes
2. O corpo é uma arquitetura que é apresentada precisam permitir que o vestuário se torne intera-
por harmoniosos retângulos, que se combi-
tivo e satisfaça às necessidades e singularidades do
nam entre si.
indivíduo. Para isso, levamos em consideração os
3. A estrutura corpórea apresenta três dimen-
seguintes fatores que influenciam na modelagem:
sões para formar a tridimensionalidade do
corpo humano, que são: a largura, altura e Equilíbrio: para entender sobre equilíbrio, você
profundidade. precisar ter esse conceito muito claro, pois quando
4. O corpo é formado por um estado de equilí- for produzir suas peças e confeccionar seus moldes,
brio em qualquer posição. Isso é possível pela você precisa lembrar que sua roupa ficará acomoda-
ação da gravidade. da e pendurada sobre um corpo. É preciso produzir
5. O corpo humano tem diferenciação de ta- os moldes de forma que as roupas fiquem equilibra-
manhos, tanto em diâmetro como no alon- das no corpo de forma natural. Por exemplo, uma
gamento.
saia quando vestida ela tem que ficar com o volume
6. O ser humano divide-se por sexo, raça, bióti-
igual para os dois lado do corpo, ou seja, a mesma
po e evolução.
forma da saia tem que ser distribuída para os dois
Grave (2004) afirma que considerando a divisão do lados do corpo (direito e esquerdo).
corpo para o estudo anatômico, semelhante à apli- Gravidade: essa força faz o peso do corpo e o
cação das técnicas utilizadas, a modelagem justifica exerce sobre a pelve, localizado no centro do tronco
e respeita aspectos, tanto na verticalidade como na e influenciada pelos movimentos do braço, tronco
horizontalidade do corpo e do tecido, pois o vestu- e membros. Quando vamos produzir uma peça de
ário está unido à anatomia em uma ligação muito roupa, conforme Grave (2005), precisamos levar em
íntima ao corpo. consideração que os tecidos também sofreram os

26
DESIGN

efeitos da gravidade de forma harmônica ao corpo, sua medida natural, dentro da posição anatô-
mica (ou posição zero). Para atender uma or-
ou seja, o caimento do tecido corresponderá às in-
dem na execução de um movimento, o cuidado
fluências de quem veste e seus movimentos. É como com o cálculo determina a construção da peça,
imaginar que cada corpo é o tecelão do seu vestuá- pois ela trabalhará simultaneamente com o cor-
rio, mantendo-se dentro de padrões característicos. po (GRAVE, 2004, p. 49).
Para entender melhor observe a seguir, observe que
conforme a modelo muda de posição o caimento do A modelagem da roupa tem que permitir que corpo
tecido é influenciado. movimente-se para frente ou para trás, de um lado
Movimento: nós possuímos algumas articula- para o outro, além dos movimentos proporcionados
ções que permitem liberdade de movimento. Quan- pelas articulações. Ainda segundo Grave (2005), o
do for modelar uma peça, você precisa levar em con- corpo ao se movimentar provoca um estiramento na
sideração que o corpo humano movimenta-se e que roupa, essa ação muitas vezes repuxa e força a mus-
todo o tipo de movimento deve ser respeitado. culatura, pressionando partes do vestuário contra as
regiões mais apertadas do corpo.
A modelagem tem função participativa e ativa Observe na figura a seguir que por mais que a
nos movimentos articulares. Nos movimentos,
modelagem da roupa seja justa ao corpo a modelo
alguns músculos encolhem-se cerca de 30% da
consegue se contorcer.

Figura 6 - Demonstrando a influência do corpo e da gravidade em relação ao roupa

27
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

PLANOS ANATÔMICOS
LIGADOS À MODELAGEM

Planos anatômicos tem como função dividir o corpo


humano em partes, facilitando os estudos das estru-
turas anatômicas com o espaço.
A partir dessa definição, para trabalhar a mode-
lagem é muito importante que divida o corpo ana-
tômico, a partir do equilíbrio, encontrado no eixo
central do corpo humano (coluna vertebral), com
Figura 7 - Movimento do corpo, relacionado à atração exercida à roupa auxílio de planos e linhas.
Outro exemplo são as mangas, tenha certeza que
você já experimentou uma roupa com uma manga REFLITA

apertada, que além de dificultar o movimento dos


braços pode ocasionar pressão muscular e causar Considerando a divisão do corpo para estu-
“sofrimento”. Além de vestir a roupa, alguns autores do anatômico, semelhante à aplicação das
técnicas utilizadas, a modelagem justifica e
dizem que o corpo dá vida e alma ao vestuário.
respeita aspectos, tanto na verticalidade como
na horizontalidade do corpo e do tecido.
Agora que você conhece as influências, deve es-
(Maria de Fátima Grave)
tar se perguntando, como relacionar essas informa-
ções com as técnica de modelagem?
Para facilitar os estudos, é muito importante que
estejamos dividindo o corpo humano em planos, ou Para a realização das técnicas de modelagem, tudo é
seja, em partes, para que se possa atingir as qualida- estabelecido através da representação do corpo em
des ideais de vestir com conforto e funcionalidade. um plano. Definir as medidas do corpo humano é
muito complexo, para isso foi estabelecida uma pose
com referência universal, acompanhe:
REFLITA POSIÇÃO ANATÔMICO: nessa posição, o cor-
po humano está ereto com braços estendidos para-
Para atender uma ordem na execução de lelos ao tronco com a palma das mãos voltadas para
um movimento, o cuidado com o cálculo de- frente, junto com a cabeça e os pés.
termina a construção de uma peça, pois ela Posição anatômica é a posição em que o corpo
trabalhará simultaneamente com o corpo.
está em posição ereta (em pé ou posição ortostática),
(Maria de Fátima Grave) com a face voltada para frente e olhar dirigidos para
o horizonte, membros superiores estendidos parale-

28
DESIGN

los ao tronco com as palmas das mãos voltadas para 1. Plano sagital: quando o corte do corpo é ver-
frente, membros inferiores estendidos e unidos com tical e passa longitudinalmente através do
os pés voltados para a frente. corpo, dividindo-o em duas metades simétri-
cas à direita e à esquerda. Como na mode-
lagem trabalhamos principalmente com este
Planos Seccionais plano, assim construir modelos simétricos
e assimétricos. A seguir você pode observar
Por mais que esta não seja uma posição habitual, ela duas figuras que mostram simetria e assime-
é a referência para o estudo dos planos de represen- tria, do lado direito e esquerdo.
tação do corpo, podemos dividir o corpo em 3 (três) 2. Planos Frontais ou Coronais: o plano é verti-
planos: cal e passa através do corpo em ângulos retos
com o plano mediano, dividindo-o em partes
Plano sagital Plano coronal anterior (frente) e posterior (de trás). Esse
plano é muito importante na execução da
modelagem, pois ele determina nos moldes
a parte frente e costas da peça como molde
frente e molde costas.
3. Planos Transversos (Horizontais): esse plano
é estabelecido quando o corte do corpo faz
Plano um ângulo reto com os planos coronais e me-
Transverso dianos e divide o corpo em partes superior
e inferior. Esse plano divide na modelagem
peças que vestem a parte superior e inferior
do corpo, como blusas e saias.

Figura 10 - Aplicação dos planos seccionais


Fonte: Shutterstock.

29
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

Figura 9 - Modelo simétrico, lados direito e esquerdo do modelo iguais Figura 10 - Modelo assimétrico, lados direito diferente do lado esquerdo

30
DESIGN

Figura 11 - Modelo representativo de frente e costas

31
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

Figura 12 - Modelo representativo de parte superior (blusa) e inferior (saia).

32
DESIGN

MARCAÇÕES DAS LINHAS DE


CONSTRUÇÃO
NO MANEQUIM TÉCNICO
Nessa etapa é muito importante que você, aluno(a),
aprenda a delimitar as linhas imaginárias do corpo.
Para isso, você precisa preparar o busto técnico, co-
nhecer as linhas estruturais do corpo humano para
trabalhar as técnicas de moulage com perfeição.

33
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

PRINCIPAIS LINHAS PARA DESENVOLVER


A MOULAGE:

Para que você possa desenvolver a técnica de mode- • Linha de cava: encontro do torso com o bra-
lagem tridimensional, o primeiro passo é entender ço.
e saber trabalhar com as principais linhas de mar- • Linha de cotovelo: encontro do braço com o
cação: antebraço.
• Coluna vertebral: (eixo central) tem a parte • Linha de punho: encontro do antebraço com
direita e esquerda do corpo. a mão.
• Linha de Pescoço: (decote) é a cavidade que • Linha de joelho: encontro da perna e ante
separa o pescoço do corpo. perna.
• Linha de Busto: (altura do mamilo) linha que • Linha de tornozelo: encontro da perna com
passa horizontalmente pela saliência do ma- o pé.
milo. • Linha de ombro: distância entre a linha de
• Linha de Cintura: parte mais fina do encon- pescoço e linha de cava.
tro da parte superior com a parte inferior do • Linha princesa frente e costas: é a linha que
torso. divide o corpo em três partes verticais do
• Linha de Quadril: parte mais saliente do tor- corpo, paralelas ao eixo central.
so inferior.

FRENTE COSTAS
Circunferência do pescoço
Linha de ombro
Linha de cava
Linha de entre cavas
Linha de busto
Linha de recorte princesa
costas
Linha de cintura
Linha de pequeno quadril
Linha de quadril

Linha de recorte princesa


frente
Figura 13 - Busto técnico com linhas aplicadas
Fonte: a autora.

34
DESIGN

SAIBA MAIS do entre os seios. Após isso, aplique a fita de


cetim desde a base do pescoço até na metade
perpendicular do corpo, até o final do mane-
Linhas de construção são marcas posiciona-
das tanto no sentido horizontal como vertical,
quim.
respeitando a linguagem do corpo humano. • Linha de eixo centro costas: meça a distância
Tais linhas têm como função servir como pon- da cava esquerda até a cava direita, divida este
tos de referência fundamentais na execução valor ao meio e marque com giz. Meça tam-
da modelagem e minimizar a possibilidade
bém a metade das costas na região do omo-
de erro na peça final.
plata, divida também essa medida e marque
Fonte: Grave (2010). com giz. Com os dois pontos marcados, você
pode passar a fita de cetim iniciando na pri-
meira vértebra e no meio do omoplata até o
final do manequim.
• Linha do ombro: comece medindo com o
Agora que você já teve um breve conhecimento de ponto (0) zero da fita métrica, iniciando pelo
quais linhas do corpo vamos trabalhar, é muito im- mamilo, vá em direção as costas passando a
portante que aprenda como encontrar estas linhas fita no meio do ombro até a linha do busto
diretamente ao corpo. costas, com a medida encontrada divida ao
meio e acrescente 2 cm. Com essa medida,
coloque o ponto (0) zero da fita métrica na
PREPARANDO DO BUSTO TÉCNICO
linha de busto nas costas e passe a fita pelo
meio do ombro, onde der o valor marque
Agora que você conheceu as principais linhas para com giz. Em seguida, coloque a fita de cetim
modelagem, vamos aprender como aplicá-las no seu no ombro.
busto técnico. Uma dica que vai facilitar seu traba- • Circunferência do Busto: contorne o corpo
lho de modelagem é marcar as linhas no busto téc- na altura do busto, na maior parte desta cir-
nico usando uma fita de cetim nº de cor contras- cunferência. Pegue a fita de cetim e abrace
tante e aplicá-las de forma permanente, utilizando toda a circunferência na altura do busto, pas-
sando pelos mamilos, deixando-a bem para-
alfinetes. Na sequência, os passos para aplicação das
lela ao chão, fixe com alfinetes.
linhas técnicas, lembrando que antes de começar as
• Circunferência da Cintura: acomode a fita
marcações certifique-se de que o manequim esteja
de cetim ao redor da parte mais estreita da
ereto e bem alinhado ao chão. Vamos aos passos, cintura e fixe com alfinetes.
acompanhe: • Circunferência do Quadril: contorne o cor-
• Linha de eixo centro frente: primeiro, meça po na altura dos glúteos, ou seja, na parte
com uma fita métrica à distância da cava di- mais saliente do quadril. A altura do quadril
reita até a cava esquerda passando pela frente, (cintura até a junção da perna) varia de uma
com um giz marque a metade da distância. pessoa para a outra, medindo entre 18 cm a
Em seguida, faça o mesmo processo medin- 22 cm em média.

35
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

• Costura lateral: meça a distância entre o linha do busto, divida esse valor por 2, este determi-
centro frente e o centro costas nas linhas do na a altura da linha. Na sequência, passe pelas costas
busto, da cintura e do quadril. No busto, você a linha entre as cavas posicionando em paralelo com
marca a metade e adiciona 1 cm para trás, na a linha do busto. Observe que para encontrar esta
cintura faça a mesma coisa, mas acrescente
linha o processo é semelhante ao da frente.
0.5 cm para as costas. Na marcação do qua-
dril apenas marque na metade sem acrésci-
mo, agora com os 3 pontos marcados passe a LINHAS OPCIONAIS
fita paralela ao eixo central.
• Circunferência do pescoço: Circule a fita de Baixo quadril: meça e marque com giz nas laterais
cetim ao redor do pescoço, na junção do pes- do manequim, da cintura em direção ao quadril, a
coço com o tronco, posicione a fita em toda distância do baixo quadril é na metade da medida
circunferência do pescoço e alfinete. entre a cintura ao quadril. A fita deve passar por es-
• Cava: faça uma leve “concha” com a mão e ses pontos e seguir paralela ao chão durante toda a
mantenha o dedão para frente do manequim
circunferência do baixo quadril.
e o dedinho para as costas do manequim. Na
altura de baixo do braço, marque 3 cm acima Linha princesa – frente/costa: meça a distância
da linha do busto, na axila. Vai contornando entre o ombro e o pescoço, marque com giz a metade
com o giz a sua mão. Com isso, sua mão ser- e divida ao meio. Marque com giz o ápice do busto (a
virá de base, cava tanto no lado direito como parte mais saliente de busto). Pegue esta medida de
no lado esquerdo do corpo. entre seios e desconte 1,5 cm, transfira essa medida
para a cintura, partindo do eixo central em direção
Entre cavas – frente: partindo da intersecção da li- à lateral do corpo. Na altura do quadril, transfira a
nha do busto e centro frente do manequim, meça a mesma medida da diferença de entre seios, em se-
altura da linha que encontrou entre cavas das costas. guida, posicione e alfinete a linha encontrada com
Aplique a linha entre cavas da frente a partir deste fita de cetim.
ponto e, em seguida, posicionado neste ponto seguir Para fazer a linha princesa nas costas, repita as
paralelo a linha do busto. mesmas medidas da frente e procure usar as ima-
Entre cavas – costas: meça, em cima da marcação gens inseridas a seguir, elas vão te ajudar a visualizar
centro costas, a distância entre a linha do pescoço e a o local dessa linha, assim facilita a sua compreensão.

36
DESIGN

Figura 14 - Eixo Centro frente Figura 15- Linha do ombro no busto técnico.

37
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

Figura 16 - Linha de busto cintura e quadril no busto técnico Figura 17 - Linha de lateral no busto técnico.

38
DESIGN

Figura 20 - Localização da linha entre cavas

39
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

Figura 21 - Linha do pescoço no busto técnico.

CAVA
COSTAS CAVA
FRENTE

Figura 22 - Como encontrar a linha de cava


Fonte: acervo da autora.

40
considerações finais

C
aro(a) aluno(a)! Chegamos ao final desta unidade. O presente estudo não tem a
intenção de acabar com o assunto, mas apresentar as principais convergências
entre os tipos de técnicas de modelagem, que compõe a modelagem industrial,
buscando de alguma forma facilitar a decisão do designer de moda na execução
do produto projetado. Existe dentro do processo de modelagem várias técnicas também
viáveis e todas com o mesmo grau de importância, entretanto, nossos estudos trabalham
com a modelagem tridimensional com técnicas de modelagem dentro do processo, isso é,
executar a modelagem de peças de vestuário utilizando o corpo técnico. Além disso, essa
técnica enriquece o designer com conhecimentos imprescindíveis de anatomia do corpo
humano. Isso é muito importante para os profissionais da moda, pois esse conhecimento
vai facilitar a aplicação da técnica a desenvolver peças com equilíbrio em relação à simetria
e assimetria do mesmo.
Outro ganho importante que você aprendeu nesta unidade é a metodologia na orien-
tação das linhas para a construção do manequim técnico. Tome muito cuidado com esta
etapa, pois será ela que evitará falhas na questão de vestibilidade e na dimensionalidade do
produto. Portanto, é muito importante que você, profissional de moda, construa correta-
mente e conheça seus instrumentos, pois só assim você terá tranquilidade no trabalho e
garantia de qualidade nas suas modelagens.
Sendo assim, podemos dizer que os conhecimentos de modelagem tridimensional se
destacam como método essencial durante o processo de criação. Portanto, é a partir disso
que você estrutura suas ideias predeterminada ou instantânea, o mais próximo da realida-
de do corpo humano.

41
LEITURA
COMPLEMENTAR

A relação da técnica Moulage com o corpo

Resumo

Apresenta-se um estudo da relação da técnica moula- estudo do corpo. Estruturou-se a fundamentação te-
ge com os conhecimentos sobre o corpo. Foi utiliza- órica, por meio da pesquisa qualitativa e abordagem
da a abordagem qualitativa que permitiu a obtenção descritiva, utilizando a experiência prática, viven-
de dados descritivos do projeto da roupa desenvol- ciada com a modelagem do vestuário tridimensio-
vido sobre o corpo. Os resultados demonstram que nal - Moulage. Para tanto, descreveu-se breve fun-
a técnica moulage além de estimular a criatividade damentação teórica, destacando aspectos da técnica
durante a realização do trabalho, incorpora nesse moulage e conhecimentos sobre o corpo, importan-
processo, os conhecimentos da anatomia do corpo, tes na produção do vestuário. A compreensão da
seus movimentos, posicionamento de suas linhas es- constituição anatômica e posição das linhas estrutu-
truturais e seu significado no contexto de auxílio no rais do corpo é o primeiro passo para se entender a
processo de criação. construção de sua forma e o caimento da peça.
Palavras-Chave: corpo; vestuário; moulage; cria-
ção. Moulage

Palavra francesa, derivada de moule que significa


Introdução forma. É sinônimo da palavra draping do inglês, que
quer dizer dar forma e caimento ao tecido (S.BUR-
Para trabalhar com a produção do vestuário, é neces- TIN e VIN HOLES, 1997). Moulage é o método uti-
sário conhecer a anatomia do corpo humano, suas lizado para criar modelos tridimensionais sobre a
medidas, volume, formas e movimentos. No setor de forma do corpo. O modelo bidimensional é passado
modelagem, estes conhecimentos são indispensáveis para a realidade tridimensional que dá forma ao te-
no traçado bidimensional do diagrama básico que cido (SILVEIRA, 2002).
representa o corpo (modelagem plana) e na criação A moulage é uma técnica de modelagem, onde
de modelos sobre o corpo (modelagem tridimensio- a construção do modelo do vestuário é feita dire-
nal). Desta forma, objetiva-se através deste artigo, tamente sobre o corpo de modelo vivo ou busto de
demonstrar as relações da técnica moulage com o costura, permitindo a sua visualização no espaço,

42
LEITURA
COMPLEMENTAR

bem como seu caimento e volume, antes da peça No Brasil, somente há alguns anos, a técnica tem
ser confeccionada. O processo de modelagem tridi- despertado o interesse dos profissionais da moda e
mensional facilita o entendimento da montagem das das empresas do vestuário. Sua prática, também, fa-
partes da roupa e suas respectivas funções. A técnica vorece o processo industrial do trabalho dos mode-
permite a produção de peças bem projetados, com listas, que poderão visualizar como o modelo criado
caimento perfeito, favorecendo a percepção da for- no desenho se apresenta em relação à figura humana,
ma estruturais do corpo durante a construção das e concluírem se o modelo ficou conforme o plane-
roupas (SILVEIRA, 2002). jado no setor de criação. Isso permite envolvimento
Na construção de um modelo do vestuário com direto com a criação do modelo e sua forma, pois po-
a técnica moulage, as características físicas de peso e dem ser percebidas as proporções e feitas mudanças
espessura dos tecidos ganham volumes e caimentos enquanto o modelo está no manequim, até obter a
diversos, quando sobrepostos ao corpo, o que exige sua adequação. É possível acompanhar, visualizando
a escolha adequada do tecido. Os tecidos se compor- a sua evolução, fazer mudanças e variações a mode-
tam de maneiras diferentes, de acordo com a tensão e lagem. Na sequência descrevem-se os procedimen-
inclinação com que são manipulados sobre o corpo, tos usados na execução da técnica.
produzindo efeitos, muitas vezes, inesperados. Sur-
gem, assim, formas e contornos que não seriam pos- Fonte: ROSA, COSTA, M. I.; SILVEIRA, I. A relação da téc-
síveis de se atingir, caso não houvesse esse contato nica moulage com o corpo: comunicação apresentada

direto e experimental entre o tecido e o corpo, repre- no 9°Colóquio de Moda. Fortaleza (CE). 2013.

sentado por um manequim no processo industrial.


Neste caso, o projeto da roupa desenvolvida, a partir
dessa experimentação, libera durante a realização
do trabalho, a criatividade do profissional na cons-
trução de peças com formas, estruturas e caimentos
diferenciados.

43
atividades de estudo

1. Modelagem industrial é a técnica desenvolvida II. O corpo é uma arquitetura, apresentada por
para construção de moldes das peças do ves- harmoniosos retângulos que se combinam
tuário, esse processo é executado por meio de entre si.
leituras e interpretação de modelos.
III. O corpo é formado por um estado de equilí-
Considerando o texto mencionado, avalie as afir- brio em qualquer posição. Isso é possível pela
mações a seguir. ação da gravidade.
I. Modelagem plana industrial (bidimensional): IV. A estrutura corpórea apresenta dimensões
pode ser produzido manualmente e/ou no únicas para formar a tridimensionalidade do
sistema digital CAD/CAM. corpo humano, que são: a largura, altura e
profundidade.
II. Modelagem gráfica (bidimensional/tridimen-
sional) – Sistema CAD. V. O corpo humano tem diferenciação de tama-
nhos, tanto em diâmetro como no alonga-
III. Modelagem tridimensional – (moulage ou
mento.
draping): produzida a partir de um corpo hu-
mano vivo ou técnico.
É correto o que se afirma em:
É correto o que se afirma em: a. I, apenas.
a. I, apenas. b. III, apenas.
b. III, apenas. c. II e III, apenas.
c. I e II, apenas. d. I, II, III e V.
d. II e III, apenas. e. I, II, III, IV e V.
e. I, II e III.
3. Por meio do desenvolvimento da técnica de
moulage, você pode moldar a peça, diretamen-
2. O Corpo humano é o cabide tridimensional
te, sobre no corpo humano. Avalie as afirma-
que, além de dar vida, pode dar alma as rou-
ções, a seguir, com (V) para verdadeiras e (F)
pas. A prova disso são as roupas que pendura-
para falsas:
das não agradam, mas quando vestidas ficam
fabulosas (GRAVE, 2004). I. Pode-se desenvolver a técnica de modelagem
tridimensional sobre um busto técnico ou hu-
GRAVE, M. F. A modelagem sob a ótica da ergo- mano, levando em consideração as medidas
nomia. São Paulo: Zennex Publishing, 2004. do corpo de um público-alvo escolhido.
II. Somente pode desenvolver a modelagem tri-
Considerando o texto anterior, quando falamos dimensional com tecidos sobre o corpo.
de construção de vestuário, falamos de algumas
III. É possível desenvolver a modelagem tridi-
características do corpo, por isso, avalie as afirma-
mensional sobre o corpo com materiais alter-
ções seguintes.
nativos.
I. O ser humano é constituído por um espaço
próprio, formado por uma estrutura morfo-
lógica.

44
atividades de estudo

As afirmações I, II e III são, respectivamente: Considerando o texto acima, os fatores que in-
a. V, V, V. fluenciam na modelagem, avalie as afirmações a
seguir.
b. F, F, V.
I. Equilíbrio – É preciso produzir os moldes de
c. V, F, V. forma que as roupas fiquem equilibradas no
d. V, V, F. corpo de forma natural.

e. V, V, V. II. Gravidade – Quando vamos produzir uma


peça de roupa, precisamos levar em consi-
deração que os tecidos também sofreram os
4. Alguns instrumentos se tornam imprescindí-
efeitos da gravidade de forma harmônica ao
veis para que o modelista execute um trabalho
corpo.
de modelagem tridimensional confiável (SA-
BRÁ, 2014). III. Movimento – Quando for modelar uma peça,
você precisa levar em consideração que o
Considerando o texto mencionado, as ferramentas
corpo humano movimenta-se e que todo o
mais importantes para desenvolver a técnica de
tipo de movimento deve ser respeitado.
modelagem, avalie as afirmações.
I. Fita métrica e trena antropométrica.
É correto o que se afirma em:
II. Curva francesa e Curva de alfaiate. a. II, apenas.
III. Carretilha e alfinete. b. III, apenas.
IV. Esquadro 45º. c. II e III, apenas.
V. Giz de alfaiate, lápis ou lapiseira. d. I e III, apenas.
e. I, II e III.
É correto o que se afirma em:
a. I, apenas.
b. II e III, apenas.
c. III e IV, apenas.
d. I e III, apenas.
e. I, II, III, IV e V.

5. Considerando a divisão do corpo para estudo


anatômico, a modelagem justifica e respeita
aspectos, tanto na verticalidade como na ho-
rizontalidade do corpo e do tecido. Ao desen-
volver uma modelagem adequada, os moldes
precisam permitir que o vestuário se transfor-
me em interativo e satisfaça as necessidades e
singularidades.

45
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

Modelagem Tridimensional Ergonômica


Maria de Fátima Grave
Editora: Escrituras
Sinopse: a Modelagem Tridimensional aplicada à confecção de peças de vestuário consiste
em um trabalho de modelagem totalmente artesanal, no qual o profissional modela sobre
um boneco, levando em consideração as dimensões antropométricas do usuário corres-
pondentes ao corpo que a peça se destina. É sobre este tema que trata o livro Modelagem
tridimensional ergonômica, publicado pela Escrituras Editora, com o trabalho da mestre
em Moda e doutoranda pela Universidade do Minho (Portugal) Maria de Fátima Grave.
Comentário: a Modelagem Tridimensional personaliza o vestuário e é utilizada em ateliês,
sendo que hoje já é uma técnica de aplicação comum dada a diversidade de tecidos disponí-
veis no mercado. Tal fato levou ao desenvolvimento de novos procedimentos na produção
industrial.

Valentino - O Último Imperador


Sinopse: não recomendado para menores de 16 anos. Paris, 1957. Com apenas 21 anos,
Yves Saint-Laurent (Pierre Niney) é chamado para cuidar do futuro da prestigiosa grife de alta
costura fundada por Christian Dior, falecido recentemente. Depois de seu primeiro desfile
triunfal, ele vai conhecer Pierre Bergé (Guillaume Gallienne) e esse encontro irá abalar sua
vida. Amantes e parceiros de trabalho, os dois se associam a fim de criar a grife Yves Saint
Laurent. Apesar de suas obsessões e demônios interiores, Saint Laurent vai revolucionar o
mundo da moda com sua abordagem moderna e iconoclasta.

46
DESIGN

Assista aos vídeos sobre Madeleine Vionnet e conheça sua vida e os trabalhos realizados por
essa estilista tão importante, os quais possuem um conteúdo abrangente que vai desde alta
costura até técnicas de moulage.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=SPC-Csgl-bw> e <https://www.youtube.
com/watch?v=dG0oq43r-gI>.

47
referências

ABLING, B. Moulage, modelagem e desenho: prática integrada. Bina Abling, Kathleen


Maggio (org). Trad. Claudia Buchweitz, Laura Martins. Porto Alegre: Bookman, 2014.
DUBURG, A.; VAN DER TOL, R. Moulage: arte e técnica no design de moda. Porto Alegre:
Bookman, 2012.
FISCHER, A. Construção do Vestuário. Ed. Bookmam, 2010.
GRAVE, M. F. A modelagem sob a ótica da ergonomia. São Paulo: Zennex Publishing,
2004.
______. Modelagem tridimensional Ergonomica. São Paulo: Escrituras Editora, 2010.
JONES, S. J. Fashion design: manual do estilista. 3. ed. São Paulo: Cosac Naify, 2011.
ROSA, L.; COSTA M.; SILVEIRA, I. A Relação da Técnica Moulage com o Corpo. Anais do
IX Colóquio de Moda de Fortaleza, v. 9, Fortaleza - CE, 2013.
SABRÁ, F. Modelagem: tecnologia em produção de vestuário. 2. ed. rev. e aum. Rio de
Janeiro: SENAI, 2014.

48
gabarito

1. E
2. D
3. C
4. E
5. E

49
USOS E APLICAÇÕES DOS MATERIAIS E
TÉCNICA DE COSTURA MANUAL

Prof.ª Esp. Inês Sarto Soares

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Informações técnicas sobre tecidos, bem como sua
preparação
• Etapas de construção da modelagem
• Técnica de costura manual

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer os tipos de tecidos adequados na utilização da
tridimensionalidade.
• Identificar as etapas da construção da modelagem.
• Conhecer os equipamentos e técnicas de costura manual
em roupas.
unidade

II
INTRODUÇÃO

Olá aluno(a)!
Nesta unidade, será possível obter conhecimento de como trabalhar
com os tipos de tecidos existente no mercado e qual é o segmento ade-
quado para cada um. Entender a composição do tecido é primordial para
que você possa modelar as Bases de Roupas, pois as características de
cada tecido influenciam na vestimenta da roupa e, por consequência, no
molde. Após estudar as definições dos tecidos, iniciaremos as etapas de
modelagem propriamente dita, estudando quais são as formas de traba-
lho da modelagem. Você verá que a técnica de modelagem tridimensio-
nal trata-se de revestir o corpo com tecido, que de forma automática você
já estará executando com perfeição a construção de moldes, conforme
deseja. Logo na sequência, será abordado também algumas questões re-
lacionadas com desenvolvimento de moldes como espelhamento, será a
partir destes que representamos o corpo inteiro, lado direito e esquerdo
do corpo.
Para completar todo o processo de confecção, iremos estudar tam-
bém os equipamentos e diferentes técnicas de costura manual. Quando
essa prática é analisada, não encontramos muito relatos históricos e não
sabemos quando surgiu, temos conhecimento que seu principal marco
foi a revolução industrial que retirou seu aspecto artesanal e iniciou a
costura industrial, apresentando para a sociedade a profissão de costurei-
ro. Os registros da costura são muito superficiais, mas é certo que sempre
esteve presente na humanidade, desde os pequenos ateliês da idade mé-
dia até a costura industrial da atualidade.
Em geral, esta unidade apresenta algumas informações relevantes
para um profissional de moda orientando o designer (você) para desen-
volvimento de novos produtos.
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

INFORMAÇÕES TÉCNICAS
SOBRE TECIDOS, BEM COMO SUA
PREPARAÇÃO
Caro(a) aluno(a) nesta etapa do nosso estudo, va- vimento, sem levar em consideração o caimento
mos tratar sobre as formas de reconhecer o caimen- do tecido ou com a costura inadequada, iremos
to do tecido para a aplicação da modelagem tridi- impactar na aparência (estética visual) da peça e
mensional. comprometer o produto final. Por isso, é impres-
Sabemos que tangibilidade de qualquer produ- cindível para a formação do profissional - designer
to vem da matéria-prima, no caso das roupas seria de moda - que ele conheça o “comportamento” de
o tecido. Ou seja, é ele que define e estabelece o cada tecido, pois cada tecido tem sua funcionali-
formato da peça, quando aplicado incorretamen- dade própria.
te, com modelagem sem precisão ou folga de mo-

54
DESIGN

Para que entenda melhor, saiba que o uso ade- Tecidos elásticos: atualmente existe alguns te-
quado do tecido é imprescindível para que a roupa cidos como malha e elastano que valorizam o cai-
cause o efeito esperado. Uma confecção pode ser es- mento da roupa, além de proporcionar liberdade de
teticamente apreciada ou não, isso vai depender da movimento e conforto ao vestir.
escolha do tecido. Quando for fazer uma peça é im- Tecidos leves e finos: tecidos finos, leves e deli-
portante analisar o caimento do tecido, vendo se este cados, devido à baixa gramatura a maioria apresen-
é flexível, rígido, encorpado ou transparente. ta transparência. Os principais exemplos de tecidos
leves e finos são musseline, crepe georgete, chiffon,
CAIMENTO: CLASSIFICAÇÃO DOS TECI- gaze, organza, cambraia de linho, cambraia de algo-
DOS POR GRAMATURA dão, tricoline fina, seda pura, lurex, lamê.
Normalmente esses tecidos são aplicados em
Posso afirmar que o caimento do tecido é como vestidos de festa, blusas, echarpe e xales.
comporta-se a queda de uma peça confeccionada. Tecidos médios e finos: esses tecidos são deli-
Tão importante que é a primeira escolha do desig- cados e de gramatura leve, mas não são necessaria-
ner é o tecido e com essa definição que começa o mente transparentes. Os tecidos mais conhecidos
processo criativo de uma nova peça. com essa característica são: seda mista ou sintética,
Segundo Chataignier (2006, p. 66), o sucesso de cetim, viscose, linho, tricoline e microfibra, sendo
uma peça não está no tecido ou se o modelo é atra- utilizados em conjuntos de saia ou calça, camisas,
ente. É justamente o comportamento da peça, ou blusas, saias, vestidos e peças cortadas no sentido
seja, é no caimento da roupa que a equação tecido x enviesado ou godês.
modelo pode tornar ou não um sucesso. Tecidos médios: esse tipo de tecido é um pou-
Entendemos que o caimento é relevante no su- co mais grosso, por isso apresentam uma estrutura
cesso de sua peça. São várias as características que mais armada. Nessa categoria, os principais tecidos
influênciam no caimento, porém, a com maior im- são em microfibra, piquê, crepe com peso médio,
pacto é a gramatura do tecido. Esta grandeza física é sarja leve, veludo de peso médio, denim (tecido usa-
estabelecida pela massa por área do tecido e expressa do para jeans) e linho com a trama fechada, os quais
em gramas por metro quadrado (g/m²). Utilizando são utilizados em conjuntos, calças, jaquetas, saias e
a mesma como base, Chataignier (2006), classificou camisas.
os tecidos em: Segundo Pezzolo (2007), algumas aplicações
desse tecido, devido à estrutura, devem ser envie-
sadas ou no sentido do fio urdidura como tailleurs
REFLITA
leves, calças compridas, jaquetas, saia godê, roupas
de criança e masculinas e camisas.
O sucesso de uma roupa depende, em grande Tecidos pesados: apresentam uma alta gramatu-
parte, da escolha do tecido certo.
ra e, por isso, são encorpados e a estrutura é mais ar-
(A bíblia da costura) mada, normalmente são utilizados para a confecção
de tailleurs, ternos, blazers, calças, casacos, mantôs,

55
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

saias, pelerines, jaquetas, xales, vestidos. Os estilos delista deve sempre ter o cuidado de posicio-
de tecidos mais conhecidos desse grupo é o crepe nar o fio reto do molde com o fio urdume do
romano, gabardine, brocado, lã com a trama fecha- tecido, para que a peça tenha um caimento
da, tweed, brim, jeans, gabardine, cetim duchesse, perfeito.
veludo de seda, tafetá encorpado. • Vestibilidade: partindo da influência da mo-
delagem no caimento, no processo de mode-
Você percebeu que os tecidos de cada família
lagem é importante considerar as folga posi-
tem um comportamento específico quando mode-
tivas ou negativas para que a peça possa ser
lado. Agora, algo que é característico de cada tecido vestida, respeitando os movimentos do corpo
é como comporta quando cortado no viés. Entender e as características do tecido utilizado.
isso poderá ajudá-lo a produzir efeitos desejados em
cada confecção. CUIDADOS NECESSÁRIOS PARA A COS-
TURABILIDADE DOS TECIDOS
CAIMENTO: DEMAIS CARACTERÍSTICAS
Para uma boa costurabilidade, o tecido é o fator
Conforme você já viu, o designer escolhe primeiro mais importante, pois ele determina o formato da
o tecido para depois criar o modelo, por isso o mo- ponta da agulha que será utilizada, qual a gramatura
delista tem que entender sobre alguns características de linha (linhas grossa ou fina) que deve ser usada
responsáveis pelo caimento do tecido, como: na operação de costura. Por isso, antes de escolher
• Toque: refere-se à textura e à flexibilidade do os equipamentos defina o tecido já adequando as li-
tecido, características que impactam as do- nhas e agulhas aos tipos de acabamentos a ser con-
bras e as pregas da confecção. feccionado.
• Composição do tecido: as fibras utilizadas Dando continuidade ao assunto, apresento al-
no desenvolvimento do tecido influenciam
guns cuidados que devemos tomar na análise de
drasticamente em seu “comportamento”. Por
exemplo, um tecido 100 % algodão tem fibras costurabilidade:
mais rígidas, desse modo, é preciso usar essa Linha e agulhas: essas devem ser adequadas a
característica de forma correta no resultado cada tipo de tecido trabalhado. Posso exemplificar
final. que ao costurar um tecido microfibra com linha de
• Gramatura (peso): a gramatura influencia na algodão o que acontecerá é um desastre com im-
estrutura do tecido, quando a gramatura são plicações no caimento da peça, nas costuras e na
leve, mais volume você poderá acrescentar vestibilidade.
ao modelo. Já tecidos pesados reduzem o vo-
Acabamento de costura: dependendo do tipo
lume da peça. Além do volume, a gramaturas
interfere no tipo de acabamento que deverá de costura, como chuleado, pesponto e bainhas,
ser utilizado. quando executado com pouco cuidado, pode dei-
• Corte: para cortar uma peça de vestuário é xar um modelo com caimento esteticamente in-
muito importante que se preste atenção nas desejável.
características de cada molde, em relação ao
fio de urdume e de trama do tecido. O mo-

56
DESIGN

Verificamos que são várias as características que tramados, entrelaçando os de urdume e o fio de tra-
influenciam no caimento de uma peça e a escolha ma. A classificação cria três categorias: tecido plano,
de um tecido inadequado acarreta em um resultado tecido malha e tecido não tecido.
inesperado. Por isso, é necessário conhecer a grande Segundo Grave (2010), a principal característi-
opção de tecidos, novos lançamentos e tendencias. cas dos tecidos são:
• O tecido plano: nesse estilo de tecido, os fios
TIPOS DE TECIDOS da trama e do urdume são entrelaçados e
cruzam de forma perpendicularmente
no tear alternando o movimento for-
Antes de estudar os tipos de tecido, precisamos en-
mando a trama/ligamento. A prin-
tender o que é definido como tecido. Segundo o di- cipal característica desse tecidos é
cionário Michaelis (on-line), tecido é uma trama de que a ordenação de dois sistemas
fios. Sendo assim, podemos entender que o tecido de conjunto de fios apresentando
têxtil é um material tramado, podendo ser classifi- composições perpendiculares tor-
cado pelas matérias-primas do fio, como: nam os tecidos mais resistentes.
• Naturais: quando a fibra é encontrada pronta
na natureza, podendo ser animal, mineral ou
vegetal.
• Artificiais: são fibras produzidas quimica-
mente da matéria-prima natural. Os tecidos
mais conhecidos são: viscose, acetato e mo-
dal.
• Sintéticos: nesse grupo es- tão as
fibras produzidas pelo ho-
mem, usando produtos
químicos da indústria petroquí-
mica. Os tecidos mais conhecidos
são: poliéster PES, poliamida PA,
acrílico PAC, polipropileno PP e
Elastano.

Outra maneira de categorizar os tecidos é


pelo seu tramados, chamamos tam-
bém de ligamento. A seguir, co-
nheceremos como os tecidos são

57
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

Figura 1 - Tecido elástico com bom caimento, valorizando o estilo Figura 2 - Tecidos com caimento leve e transparente

58
DESIGN

Figura 3 - Tecidos médios com caimento suave Figura 4 - Tecidos com gramatura médio mais estruturados

59
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

Q
uando falamos em tecidos planos há três
padrões de ligamento ou trama, sendo:
• Ligamento Tela ou tafetá: é a tecelagem
mais simples, na qual a trama cruza o fio
de urdume passando um fio por cima e um
fio por baixo, respectivamente. Na volta da
trama, o fio de urdume que estava por cima,
fica por baixo. Nesse tipo de ligamento os fios
ficam próximos e o material fica mais firme.
Entre os tecidos com essa tecelagem estão o
chiffon, o mousseline, a organza, o shantung
e o tafetá.
• Ligamento de Sarja: neste tipo a repetição
mínima do urdume na trama é de três fios,
formando uma diagonal bem definida em
forma de S. A diagonal pode ser para a direita
ou para a esquerda.
O tecido formado pelo ligamento sarja é mais
firme do que o tecido em ligamento tela, suja
menos como o caso do tecido denim (para
modelo jeans) e sua lavagem é mais difícil. O
lado direito do tecido quase sempre diferente
do lado avesso, quando apresenta diferença é
formado por dois fios: um tinto e outro não.
Os tecidos com o lado avesso e o direito igual
são formados por fios de cor única, são os te-
cidos brim.
• Ligamento cetim: nesse caso, as repetições
dos fios de urdume com os de trama cruzam-
-se de cinco a doze fios, os ligamentos en-
tre os fios ficam distante e tornando o tecido
com menos resistência. A característica deste
ligamento, proporciona ao tecido, forma lisa
e com brilho. Os principais tecidos que usam
esse ligamento é o cetim, o crepe de seda e o
veludo de seda.

Figura 5- Tecidos mais grossos e pesados

60
DESIGN

• O tecido Malha: quando falamos de ma- PREPARAÇÃO DO TECIDO PARA A MO-


lha uma das características que se destaca é DELAGEM TRIDIMENSIONAL
a elasticidade própria desse ligamento, isso
acontece porque o entrelaçamento dos fios Em alguns casos, os tecidos passam por um proces-
é em paralelo, formando carreiras e colunas,
so agressivo ao ser produzido, sofrendo distorção de
ou seja, a fiação toda está sempre no mesmo
sentido (ou na trama ou no urdume). Para fabricação, de modo que a trama e o urdume não
que se compreenda melhor a tecelagem da fiquem perfeitamente alinhados. Para modelagem
malha só é possível com a ajuda de agulhas, precisamos eliminar estas distorções e garantir que
assim como o tricô. o tecido esteja alinhado e com a ourela, acabamen-
• Tecido não tecido: conforme a norma NBR- to das laterais do tecido para evitar o desafio, bem
13370, o não tecido é uma estrutura plana, ordenado. Quando for modelar, coloque o tecido
flexível e porosa, constituída de véu ou man- sobre uma superfície plana e dobre, juntando as ou-
ta de fibras ou filamentos, orientados dire-
relas, caso o tecido fique enrugado será necessário
cionalmente ou ao acaso, consolidados por
processo mecânico (fricção) e/ou químico alinhá-lo, puxe o tecido no viés em todo o seu com-
(adesão) e/ou térmico (coesão) ou suas com- primento, até que fique alinhado. Antes de cortar é
binações. No vestuário, os exemplos de não importante que passe com ferro o tecido.
tecido são: rendas, tule, filó, manta acrílica,
telas etc.
(1) (2)

SAIBA MAIS

Composição dos tecidos

O tecido malha: tem uma elasticidade própria,


devido ao entrelaçamento dos fios, ele pode
ou não conter fibras com elastano. Também
podem ser desenvolvidos com fibras naturais,
fibras minerais ou químicas.

Quanto ao tecido plano: podem ser desen-


volvidos com ou sem elastano, em fibras na-
turais, minerais ou químicas.

Fonte: adaptado de Treptow (2013).

Figura 6 - Entrelaçamento de fios


Legenda: Fio de Urdidura (1) Fio de Trama(2)
Fonte: adaptado de Wikipedia¹.

61
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

Figura 7 - Esquadrando o tecido


Fonte: Abling (2014, p. 12).

62
DESIGN

ETAPAS DE CONSTRUÇÃO
DA MODELAGEM
Quando vamos realizar os traçados dos moldes bási- consideração o cálculo de elasticidade de cada malha.
cos, devemos levar em consideração o tipo de tecido Conforme Heinrich (2005), para que você possa
em que vai ser produzido aquele modelo. Não é pos- desenvolver as bases de roupas, você precisa conhe-
sível desenvolver um único bloco de moldes básicos cer a composição do tecido, para entender o compor-
para produção de qualquer roupa. Conforme cada tipo tamento, encolhimento ou elasticidade, mesmo que
de tecido deve ser desenvolvido um tipo de base. Por sejam da mesma categoria. Por exemplo, por mais
exemplo, se a empresa trabalha apenas com tecido pla- que o jeans e o tricoline sejam tecidos planos com
no, as bases devem ser para esse tipo de tecido. Quan- a mesma composição por ter estruturas distintas o
do se trabalha com malha essas bases, precisa levar em comportamento do tecido acaba sendo diferente.

63
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

TRAÇADOS BÁSICOS

Inicialmente para desenvolver a modelagem plana Representação dos moldes básicos em relação
ou tridimensional, é imprescindível definir as me- ao corpo
didas e traçados dos moldes básicos, sendo basea-
das nas medidas do público-alvo estabelecido pela Caro(a) aluno(a), na sequência, você conhecerá
empresa. Os moldes básicos representam a forma exemplos da estrutura básica de alguns moldes. As
do corpo, somente com uma folga necessária para ilustrações não podem ser definidas como moldes,
a vestibilidade e o conforto da peça. Quando cons- pois são apenas estruturas do corpo. Para que possa-
truímos moldes básicos para garantir a qualidade e mos definir como molde é necessário incluir a mar-
a simetria, é feito apenas a metade da frente e das gem de costura, pois só assim será possível a confec-
costas, isso garante que a peça final seja simétrica. ção do protótipo.
Para fazer toda a peça, usamos a técnica de espelha-
mento em que duplicamos a peça de forma idêntica
invertendo a posição das linhas.

SAIBA MAIS
REFLITA

Na modelagem de tecido plano utiliza-se pa-


Os traçados básicos não possuem acréscimo
drões de tamanhos idênticos, tanto para parte
de medidas para costura, devendo estas ser
superior como inferior do corpo, seguem o
acrescentado para a pilotagem dos mesmos,
mesmo esquema de numeração 38/40/42/46
ou após o término da interpretação de mo-
e para tecidos em malhas a simbologia é em
delagem.
tamanhos PP/P/M/G/GG.
(Daiane Pletsch Heinrich)
Fonte: a autora.

64
DESIGN

Blusa corpo superior

Representa a metade (frente e costas), iniciando no


ombro até a cintura, contendo cava e decote.

Figura 8 - Molde básico parte superior frente e costas.


Fonte: acervo da autora.

65
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

Saia corpo inferior

Representa a metade (frente e costas), da cintura biológica até a altura do quadril. Depois é prolon-
gado com um retângulo até a altura do joelho. Uso como cintura biológica é a parte mais estreita
do tronco, um pouco acima do umbigo. Esse é o ponto que consideramos para produção do molde
básico.

Figura 9 - Molde básico parte inferior frente e costas.


Fonte: acervo da autora.

66
DESIGN

Calça corpo inferior

Representa a metade (frente e costas), da cintura biológica, estabelecendo a altura do gancho, ini-
ciando na altura da cintura biológica, passando pela linha do quadril e prolongando até a altura do
joelho.

Figura 10 - Molde básico parte inferior calça frente e costas


Fonte: acervo da autora.

67
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

Manga Gola

Contorno do braço, composta de parte frente e cos- O molde básico parte do centro costas até o centro
tas, podem ser curta ou longa, conforme modelo frente, ou seja, ½ gola, podendo ser modificado con-
desejado. forme modelo desejado.

Figura 11 - Molde básico parte da manga Figura 12 - Molde básico parte da manga
Fonte: acervo da autora. Fonte: acervo da autora.

68
DESIGN

ESPELHAMENTO DOS MOLDES


Abordamos até aqui a respeito da representação da
metade dos moldes em relação ao corpo. Agora,
você tem que completar os seus moldes, para formar
o corpo todo, isto se dá pelo desdobramento dos
moldes, caso sejam simétricos.
A indústria do vestuário utiliza formas de re-
presentações para reproduzir as modelagens, como
moldes simétricos e assimétricos.

Moldes Simétricos

Quando vestem de maneira igual o lado direito e es-


querdo do corpo humano (direito e esquerdo). Por
exemplo: jaleco e camisa.

Moldes Assimétricos

Quando vestem um único lado do corpo humano


(direito, esquerdo, frente ou costas), por exemplo:
vestido de um ombro só.
Em alguns casos, os moldes são produzidos com
medidas particulares de um corpo, sem considerar
medidas padrões da empresa ou normas da ABNT.
Esse método é muito utilizado em ateliê de alfaiata-
ria, na qual as peças do vestuário são desenvolvidas
individualmente, coletando medidas de cada pessoa
e desenvolvendo os moldes exclusivos.

SAIBA MAIS

Para que possa entender os moldes básicos


deve ser traçados com escala para o tamanho
natural. Será assim que você irá entender o
traçado do molde junto com as proporções
e as formas de encaixá-lo no corpo.

Figura 13 - Saia representando modelo assimétrico Fonte: Winifred (2014).

69
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

TÉCNICA
DE COSTURA MANUAL
Caro(a) aluno(a), a seguir, você conhecerá as prin- ra manualmente em toda sua roupa. Smith (2012)
cipais técnicas de costuras manuais. Tenho certeza inclusive defende que a costura à mão definitiva é
que você alguma vez já fez uma costura manual, sem utilizada para dar acabamento a uma peça de roupa,
nenhuma técnica. Pois bem, é muito importante que fixar os fechos e é útil para consertos rápidos. Além
saiba utilizar de forma correta as linhas e agulhas. desse ponto, você também utiliza essa técnica para
Não estou dizendo que você só deve fazer a costu- alinhavar uma peça antes da costura definitiva.

70
DESIGN

FERRAMENTAS NECESSÁRIAS

Para que faça corretamente a costura manual é im- corte da mesma e a torna inapropriada para o uso.
portante que tenha sempre uma caixa com os uten- • Agulhas: esses utensílios, não diferentes dos
sílios de costura. Essa caixa você pode encontrar em outros, apresentam uma infinidade de for-
armarinhos e lojas especializadas de aviamentos. mas, tamanhos e espessuras. O ideal para
costuras em geral é utilizar as agulhas de pon-
Esse processo visa oferecer qualidade a alguns pro-
ta fina e com comprimento mediano.
dutos delicados, conforme Fischer (2010, p. 71):
• Dedal: segundo Fisher (2010, p. 73), o dedal
feito de metal é o mais adequado para prote-
A construção de vestuário pode ser dividida
ger a ponta de seu dedo. Tem muitas pessoas
em diversas áreas de especialização. No topo da
que não se acostuma a trabalhar com dedal,
cadeia de produção está a alta costura e a al-
faiataria, que envolve trabalho individualizado
mas em alguns tipos de operação na costura
com o cliente. manual ele é muito importante.
• Fita métrica: no início de nossos estudos já
Nas figuras a seguir, você verá que são várias as pos- foi descrito sobre essa ferramenta. Esse ins-
trumento é muito útil para verificar as medi-
sibilidades de ferramentas para se utilizada na cos-
das durante o processo de costura.
tura manual, apresentaremos as mais importantes:
• Alfinetes e porta alfinetes: os alfinetes tam-
bém estão disponíveis em diferentes tama-
• Tesoura para tecido e corte de linha: exis-
nhos, forma e espessuras. Procure trabalhar
tem no mercado vários tipos e modelos de
com alfinetes que sejam compatíveis ao tipo
tesoura, diferenciando-se conforme o tecido.
de material a ser utilizado, pois esses podem
Procure escolher uma tesoura média que po-
danificar o material. Quanto ao porta alfine-
derá usar para a maioria dos tecidos e outra
tes, esse é simplesmente para acomodá-los,
outra tesoura menor para cortar linhas (aca-
para que não se percam com facilidade. Você
bamento). Quando for comprar, escolha uma
também pode fazer seu próprio porta alfine-
que se encaixe perfeitamente em sua mão. É
tes e customizar.
importante pontuar que já existe tesoura para
canhotos. • Linhas para costura, acabamentos ou bor-
dados: existe uma variedade enorme de li-
Para manter o fio de corte da sua tesoura e não aca- nhas, cada uma destinada a uma função ou
bar danificando um tecido delicado, não use sua material, podendo ser em fibras naturais ou
tesoura para cortar papel, pois este material tira o sintéticas. A linha ideal depende do tipo de
material, por exemplo, linhas na composição
de algodão são para tecidos de algodão. A
escolha da linha também é influenciada pela
sua empregabilidade, por exemplo, para fazer
alinhavado você precisará de uma linha mais
grossa e resistente ao manuseio.

71
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

Figura 17 - Modelo de dedal


Figura 14 - Ferramentas de costura manual

Figura 15 - Tipos de tesouras para tecido Figura 18 - Modelo padrão de fita métrica

Figura 16 - Modelo ideal de agulha para costura Figura 19 - Modelo de porta alfinetes

72
DESIGN

Figura 20 - Linhas de costura

PONTOS DE COSTURA MANUAL

Para desenvolver o processo de costura do vestuário, uma cadeira confortável com descanso para os pés,
pode-se montar a peça com a técnica de costura ma- isso evitará que se curve sobre o trabalho e dobre
nual ou industrial. Vamos agora conhecer a costura demais suas costas. Para que seu trabalho fique
manual, muito utilizada na alta costura. com uma boa qualidade, procure adaptar a agulha
A costura manual serve de apoio para confecção certa para cada tipo de tecido. Costure sempre em
de uma peça delicada, necessidade por falta de um sua direção, evite trabalhar com uma linha muito
recurso ou até uma terapia. O importante quando longa para evitar nós e quando for fazer o ponto
for utilizar a costura manual usar linhas e agulhas não aperte demais, pois o efeito disso aparecerá na
corretas, para proteger o tecido, evitando danos ao parte externa da roupa. Agora que sabe disso, co-
produto. Busque trabalhar em um lugar com boa nheça os principais pontos da costura manual:
iluminação para não forçar os olhos e se sentar em

73
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

• Ponto de alinhavo: esses pontos são grandes Caro(a) aluno(a), os pontos que você viu
e não é feito nó, para facilitar seu desmanche, são os principais pontos da costura ma-
ele é usado principalmente para unir tecidos nual, é muito importante para você, pro-
temporariamente antes da costura definitiva,
fissionalmente falando, que saiba realizar
para a aplicação de rendas e bordar pedrarias.
todos esses pontos. Para te auxiliar prepa-
• Ponto invisível: utilizado, normalmente, para
ramos um vídeo com o passo a passo de
fazer bainhas ou qualquer tipo de barras, jun-
tar dois tecidos como barras de calças e saias, cada um dos pontos. Confira!
além da junção de pequenos espaços.Com Além desses tipos de pontos, existe uma infini-
esse ponto as costuras ficam invisível no te- dade de outros tipos na costura manual. Isso é uma
cido. pequena demonstração. Espero que tenha percebido
• Ponto atrás: é um tipo de ponto bem resis- a importância da costura manual e que ela nunca
tente, é bem parecido com o ponto de costura perderá sua utilidade na Moda. Muitos dos grandes
reta, pode-se fazer costura de união de dois
estilistas, em seus ateliês não tem máquinas de cos-
tecidos, ficando resistente e durável.
tura e suas peças são costuradas à mão. Já na costu-
• Ponto caseado: é uma sequência de peque-
ra industrial, a peça sai para montagem alinhavado
nos pontos na posição reta e vertical, é sem-
pre costurado em uma borda e não para unir com técnica manual.
tecidos. Esse ponto é empregado para fazer Lembre-se de que quem molda uma roupa tem
acabamentos internos e apliques como ele- que saber montá-la, não importando a técnica, mas
mentos decorativos o resultado final. Para treinar, procure costurar to-
• Ponto de espinha, comumente chamado de dos os tipos de pontos em retalhos. Para garantir
pé-de-galinha: ele fixa dois tecidos como que a peça final ficou boa é muito importante que
barras e proporciona uma elasticidade, este
após a montagem, vista a roupa no manequim ou
ponto é utilizado para fazer barras, bordados
em uma pessoa com as mesmas medidas, visando
e pontos decorativos. É recomendado para
tecido com elasticidade. analisar e arrumar os defeitos, para que se tenha
uma boa vestibilidade.

74
DESIGN

Figura 24 - Ponto caseado


Figura 21 - Ponto alinhavo
Fonte: Smith (2012, p. 51).
Fonte: Smith (2010, p.49).

Figura 25 - Ponto espinha ou pé-de-galinha


Fonte: Smith (2012, p. 51).
Figura 22 - Ponto invisível
Fonte: Smith (2012, p. 51).

Figura 23 - Ponto atrás


Fonte: Smith (2012, p. 49).

75
considerações finais

C
aro(a) aluno(a), chegamos ao fim desta unidade, na qual verificamos
a eficiência da escolha de tecidos e técnicas de costura moulage, como
instrumento de otimização do processo de desenvolvimento do pro-
duto de moda/vestuário. Para tanto, enfocamos as etapas de execução
e a materialização, nas quais a referida técnica encontra-se inserida, constata-
-se a dicotomia entre a escolha de tecidos e as etapas da moldagem do corpo.
Vimos também conceitos básicos sobre como reconhecer e escolher os tecidos
para desenvolver as peças moldadas ou a serem moldadas, ao mesmo tempo em
que nos traz o reconhecimento dos tipos de fios de ligamentos dos tecidos e estes
tem muita influência no momento da execução da peça através da modelagem
tridimensional. Abordamos a questão do espelhamento de molde para constituir
a forma do corpo inteiro no projeto da modelagem do produto, enfatizando os
aspectos de vestibilidade e caimento do tecido ao corpo. É importante estudar
sobre a técnica de costura manual, que são meios de construção das peças, no
âmbito acadêmico, sabendo que existem uma variedade de técnicas de costura,
mas a técnica manual é a simples de ser executada, pois existem vários livros que
auxiliam a reprodução desta técnica. Para a aplicação da técnica de costura ma-
nual, mostrou-se a importância da escolha dos materiais e suas aplicações. Enfim,
podemos dizer que com o conhecimento e aplicação da técnica correta para ob-
tenção dos moldes bases e consumo de matéria-prima ideal para o caimento do
modelo, soluções de montagem – causam aos resultados, uma comparação dos
dados obtidos quando a técnica da modelagem tridimensional encontra-se ou
não inserida no processo de desenvolvimento do produto de moda. É averiguada
a eficiência da técnica no processo.

76
LEITURA
COMPLEMENTAR

Modelagem Tridimensional

Modelagem Tridimensional (Drapping ou Moulage) as marcações corretas com fitas sobre o busto, estas
é a manipulação do tecido sob a forma tridimensio- linhas facilitam a reprodução dos moldes do tecido
nal, ou seja, sobre o corpo (manequim), onde se ob- para o papel, são horizontalmente as linhas de dego-
tém de imediato o resultado da criação, visualizando lo, ombro, busto, cintura e quadril; verticalmente as
o ajuste perfeito da modelagem às curvas do corpo e linhas de centro costas, centro frente, costura lateral
o efeito de cada tecido a ser trabalhado. e linha princesa frente e costas. Além delas, são ne-
O uso dessa técnica trouxe ao criador mais liber- cessárias algumas marcações complementares como
dade, podendo facilmente verificar proporção, ba- a linha de largura de cava, frente e costas, linha de
lanço e as linhas de estilo. A modelagem é trabalhada contorno de cava e linha de separação do busto.
sobre um busto de costura industrial com as medidas O tecido vai sendo modelado sobre o corpo do
padrões do biotipo brasileiro, voltadas para a indús- manequim, com a habilidade das mãos e auxílio dos
tria do vestuário e desenvolvido em parceria com a alfinetes e durante a execução as linhas marcadas
modelagem plana que transforma essa forma tridi- no manequim orientam a modelagem e são trans-
mensional em molde para a produção industrial. portadas para a tela. Neste momento ao executar a
Para o traçado das bases na modelagem tridi- moulage, é possível observar o caimento da peça ao
mensional é utilizado o tecido de algodão cru ou corpo, levando em consideração a leveza e fluidez
morim branco, enquanto que para a interpretação de do tecido.
modelos o trabalho é feito com o tecido definitivo da Concluída a modelagem procede-se a planifica-
peça, dependendo, é claro, da experiência e seguran- ção da peça, transportando o traçado das formas e
ça do modelista. demais marcações da tela para o papel, com o auxílio
Para a roupa ter um bom caimento ao vestir é de ferramentas adequadas.
necessário que o molde esteja cortado no sentido do Fonte: Saggese e Duarte (2013).
fio, por isso na modelagem tridimensional o tecido
deve ser posicionado no busto obedecendo o fio e

77
atividades de estudo

1. O tecido é uma trama de fios e podemos en- I. Ligamento Tela ou tafetá: é a tecelagem mais
tender que o tecido têxtil é um material trama- simples, na qual a trama cruza o fio de urdu-
do, considerado matéria-prima para o design me, passando um fio por cima e um fio por
de moda. Portanto, os tecidos estão divididos baixo, respectivamente. Na volta da trama, o
em três categorias: tecido plano, tecido malha fio de urdume, que estava por cima, fica por
e tecido não tecido. baixo.
Considerando a situação mencionada, a seguir II. Ligamento de Sarja: neste tipo, a repetição
analise as afirmações: mínima do urdume, na trama, é de três fios,
I. O tecido plano consiste na ordenação de dois formando uma diagonal bem definida em for-
sistemas de conjunto de fios, os quais apre- ma de S. A diagonal pode ser para a direita ou
sentam composições perpendiculares e for- para a esquerda.
mam ângulos retos. III. Ligamento de Cetim: caso as repetições dos
II. O processo de malharia é feito com agulhas e fios de urdume e os de trama cruzam-se de
é bem parecido com o tricô. cinco a doze fios, os ligamentos entre os fios
ficam distante e tornam o tecido menos re-
III. O tecido malha é construído com entrelaça-
sistente. A característica desse ligamento pro-
mento, formando carreiras e colunas.
porciona ao tecido forma lisa e brilho.
IV. O tecido malha tem uma elasticidade própria
de seu ligamento. As afirmações I, II e III são, respectivamente:
V. Conforme a norma NBR-13370, o não tecido a. V, V, F.
é uma estrutura plana, flexível e porosa, cons-
b. F, F, F.
tituída de véu ou manta de fibras ou filamen-
tos. c. F, V, V.
d. V, V, V.
É correto o que se afirma em:
e. F, V, F.
a. I, apenas.
b. II, apenas. 3. Os tecidos médios são tecidos um pouco mais
grossos e apresentam estrutura mais armada,
c. II e II, apenas.
algumas aplicações desse tecido, devido à es-
d. I e IV, apenas. trutura, devem ser enviesadas ou no sentido
e. I, II, III, IV e V. do fio urdidura. A respeito dos exemplos de te-
cidos médios avalie as afirmações a seguir com
(V) para verdadeiras e (F) para falsas:
2. Os tecidos estão divididos em três categorias:
tecido plano, tecido malha e tecido não tecido.
PEZZOLO, D. B. Tecidos: história, tramas, tipos
Dentro desta categoria, o tecido plano é for-
e usos. 4. ed. rev. e atual. São Paulo: Senac São
mado pelo entrelaçamento de dois fios que se
Paulo, 2007 (Adaptado).
cruzam, perpendicularmente, no processo de
tecelagem (tear). Sobre os três tipos de liga- I. Microfibra e piquê.
mentos do tecido plano, avalie as afirmações a II. Linho com trama mais fechada.
seguir com (V) para verdadeiro e (F) para falsas.

78
atividades de estudo

III. Seda mista ou sintética. a. Pode-se costurar um tecido com qualquer


tipo de agulha.
IV. Crepe com peso médio.
b. Pode-se costurar o tecido microfibra com li-
V. Veludo de peso médio.
nha de algodão.

As afirmações I, II, III, IV e V são, respectivamente: c. Pode-se costurar o tecido e a linha com com-
posição diferente.
a. V, V, F, V, V.
d. O tipo de acabamento aplicado a uma roupa
b. V, V, V, F, F.
resulta em um caimento, esteticamente, inde-
c. F, F, F, F, F. sejável.
d. F, V, V, V, F. e. Pode-se aplicar chuleado, pesponto e bai-
e. V, V, F, F, F. nhas com pouco cuidado, que o resultado é
considerado excelente.

4. O designer escolhe o tecido antes de projetar


o modelo, portanto, muitas vezes ele tem que
avaliar muito bem o caimento do material, sa-
bendo que vai executar uma peça piloto. O ide-
al para que não ocorram desperdícios é errar
o mínimo possível. Sabendo que o caimento é
importante, quais são os fatores que o influen-
ciam em uma peça?

Analisando fragmento de texto exposto acima, res-


salta-se que:
a. Toque, gramatura (peso), modelagem e con-
forto.
b. Toque, gramatura (peso), modelagem e corte.
c. Gramatura, peso, corte e forma.
d. Fluidez, modelagem, caimento e toque.
e. Gramatura, modelagem e conforto.

5. Um produto do vestuário, com boa qualidade,


depende muito da costurabilidade da peça.
Quais são os cuidados necessários para uma
boa costurabilidade dos tecidos?

Analisando o fragmento do texto exposto acima,


ressalta-se que:

79
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

Tecidos e Moda
Jenny Udale
Editora: Bookman Editora
Sinopse: tecidos e Moda apresenta os principais tecidos utilizados na fabricação de peças
de vestuário e suas características. Também são abordados os processos do design têxtil, os
diferentes tratamentos de superfície, a influência das cores e das tendências sobre a moda
e os tecidos, e muito mais. Esta segunda edição inclui propostas de projetos e entrevistas
com talentosos designers têxteis e de moda, que discutem seus processos de produção e o
uso que fazem dos tecidos em seus trabalhos, ajudando você a explorar e aprimorar seus
conhecimentos sobre tecidos e moda. Com esse livro, você vai saber escolher o tecido certo
para as roupas da sua coleção.
Comentário: como já estudamos nas aulas nessa unidade, é muito importante que um de-
signer de moda/vestuário conheça e descubra a forma de se trabalhar com tecidos similares
ao modelo escolhido e planos de simetria do corpo. Esse livro aborda bem estes conteúdos,
portanto, é muito importante que você procure lê-lo, pois ele lhe dará muitas orientações
sobre escolha e caimento dos tecidos ao corpo.

80
referências

ABLING, B. Moulage, modelagem e desenho: prática integrada. Bina Abling, Kathle-


en Maggio (org.). Trad. Claudia Buchweitz, Laura Martins. Porto Alegre: Bookman, 2014.
A bíblia da costura: passo a passo de técnicas para fazer roupas e acessórios. Trad.
Alessandra Mussi...et al.]. Rio de Janeiro: Reade‘s Digest, 2009.
CHATAIGNIER, G. Fio a fio: tecidos, moda e linguagem. São Paulo: Estação das Letras,
2006.
HEINRICH, D. P. Modelagem e técnicas de interpretação para confecção industrial.
Novo Hamburgo: Feevale, 2005.
FISCHER, A. Construção do Vestuário. Porto Alegre: Ed. Bookmam, 2010.
GRAVE, M. F. Modelagem tridimensional ergonômica. São Paulo: Escrituras Editora,
2010.
PEZZOLO, D. B. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. 4. ed. rev. e atual. São Paulo:
Senac São Paulo, 2007.
SAGGESE, S.; DUARTE, S. Modelagem Industrial Brasileira. 6ª Edição. Rio de Janeiro:
Guarda-Roupa, 2013.
TREPTOW, D. Inventando moda: planejamento de coleção. 5. ed. São Paulo: Autora,
2013.
UDALE, J. Tecidos e moda. 2.ed. Porto Alegre: Bookman Editora, 2015 (Coleção Funda-
mentos de Design de Moda).
WINIFRED, A. Modelagem plana para moda feminina. Trad. Claudia Buchweitz; Laura
Martins, Patrícia Varriale da Silva, Scientific Linguagem Ltda. Rev téc.: Camila Bisol Brum
Scherer. 5º ed. Porto Alegre: Bookman, 2014.

Referências On-Line
¹
Em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Kette_und_Schu%C3%9F_num_col.png>.

81
gabarito

1. E.
2. D.
3. A.
4. B.
5. D.

82
UNIDADE
III
MOLDES BÁSICOS E
INTERPRETAÇÃO DE
MODELOS SOBRE A PARTE
INFERIOR DO CORPO

Professora Esp. Inês Sarto Soares

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Construção do corpo básico inferior reto e modelado
• Variações de modelos de saias
• Transferência da modelagem tridimensional para
modelagem bidimensional (planificação)
• Processo de acabamentos (limpeza) para parte inferior do
corpo

Objetivos de Aprendizagem
• Desenvolver moldes básicos de saias, utilizando os
princípios da técnica de modelagem tridimensional.
• Executar variações de modelos de saias.
• Aplicar a técnica de transferência de moldes tridimensional
em bidimensional.
• Conhecer o processo de limpeza de peças moldadas.
unidade

III
INTRODUÇÃO

Olá aluno(a), seja bem-vindo(a) a mais uma unidade de estudo. Agora


que você já tem um bom conhecimento técnico sobre os materiais e fer-
ramentas que são utilizadas, nós podemos avançar para outro conteúdo
e tratar da modelagem tridimensional propriamente dita. É nessa etapa
que os conceitos se misturam com a pratica, podemos conhecer as ativi-
dades realizadas através da modelagem tridimensional.
Nesta unidade, você conhecerá as principais possibilidades de mode-
lagem na parte inferior do corpo. Iniciando com a preparação do tecido,
com o tecido alinhado e riscado e possível iniciar a modelagem. Vamos
executar um modelo de saia reta, peça básica da parte inferior do corpo,
moldando sobre o corpo e colocando as folgas para garantir a vestibili-
dades.
Em seguida, vamos utilizar as proporções estabelecidas pela peça base
que foi desenvolvida em seguida colocar a técnica de interpretação de
modelos, fazendo alterações para novas possibilidades de molde. Isso só
é possível agora, pois você já está familiarizado(a) com a forma do corpo.
Em cada modelo, depois da modelagem pronta, você aprenderá
como transferir o formato tridimensionais de um molde para uma forma
bidimensional. Vamos transferir do tecido modelado para um molde de
papel. Durante esta técnica é importante que tenha alguns cuidados para
que não apresente erros e danifique o resultado final do produto, em se-
guida, realizar a limpeza da peça.
Afinal, toda a boa peça deve ter um bom acabamento. É visto em
muitas bibliografias que o acabamento de uma roupa “é a alma do negó-
cio”, portanto, não vamos deixar ele passar despercebido.
Bom estudo, realize todas as etapas do processo, qualquer duvida,
retome os passos do livro, pois ele é um apoio imprescindível para a sua
formação.


Figura 1 - Modelo de saia reta

88
DESIGN

Construção do Corpo Básico


Inferior Reto e Modelado
Caro(a) aluno(a), agora que você já tem o conheci- PRIMEIRO PASSO: BUSTO TÉCNICO
mento prévio de corpo, de molde e de tecido, apre-
sentados nos estudos anteriores, é possível trabalhar Antes da modelagem, os principais pontos quando
com as práticas, pois tudo que iremos tratar a partir for escolher um busto técnico é:
deste momento será aplicabilidade das teorias estu- • É importante que ele já esteja marcado com
dadas. Vamos iniciar nosso primeiro projeto de mo- as linhas de construção do corpo, conforme
delagem tridimensional? Que tal compor uma base apresentado na unidade anterior.
da saia reta e, a partir disso, estudar a execução de • O busto deve ter as medidas do público-al-
vo para qual será destinada a roupa; algu-
outros modelos?
mas empresas tem como politica contratar
um(a) modelo que com as medidas do pú-
Para a prática executada a seguir é importante que blico em questão.
tenha em mãos: • Procure manter esse manequim sempre em
• Manequim técnico do tamanho desejado. bom estado de conservação, para não pro-
• Tecido morim. vocar algum defeitos na peça.
• Tesoura. • A circunferência do busto pode ter uma fol-
• Fita métrica. ga apenas de vestibilidade.
• Alfinetes.
• Lápis ou pincel colorido ponta fina.
• Instrumentos de medição (curva francesa,
curva de alfaiate e esquadro).

SAIBA MAIS

Quando você for montar seu atelier tenha espaço suficiente para acomodar um busto técnico, uma
mesa para retraçar e cortar os moldes, uma tábua de passar com ferro. Além de nichos para tesou-
ra de tecido, alfinetes (finos e longos nº 29), e caneta de traço fino (preta ou vermelha), além de fita
métrica, régua de alfaiate, curva francesa e esquadro.

Fonte: adaptado de Duburg e Van Der Tol (2012, p. 32).

89


SEGUNDO PASSO: PREPARANDO 40cm


O TECIDO

Após a escolha do Busto, o próximo passo é separar


Centro

21cm
os materiais. Depois que escolheu o tecido que vai FRENTE CF
trabalhar, vamos prepará-lo para que possa produ-
zir os moldes. Comece medindo o comprimento e Linha de quadril + 1cm

altura do seu busto técnico, o pedaço de tecido deve

60cm
ter 10 cm a mais para eventuais erros e para os aca-

Linha eixo central frente


bamentos necessários. Para trabalhar frente e costa

Linha lateral
há a necessidade de preparar dois tecidos com:
1. 40 cm de largura (trama) e 60 cm de compri-
mento (urdume). A ourela do tecido deve fi-
car na vertical paralela ao fio de urdume. Para
entender melhor, o sentido do fio de urdume
do tecido é determinado pelo fio reto do mol-
3cm
de. Sendo este, uma marcação feita ao longo
Tecido 1 para FRENTE
do comprimento do painel, para que o molde
seja encaixado e esquadrado no tecido antes 40cm
do corte da peça.
2. Com o tecido preparado, conforme já vimos
na unidade anterior, vamos marcas as linhas Centro
21cm

de construção do corpo. Comece riscando 3 CC COSTAS


cm da borda do tecido e marque outra linha
para limitar a largura do quadril, que é o va- Linha de quadril + 1cm
lor do quadril mais 1 cm para folga. Observe
a figura 2:
60cm
Linha eixo central costas

3. Para marcar a linha de quadril, meça a altura


dela e some 3 cm como folga na cintura, por
Linha lateral

exemplo, se no manequim a altura do quadril


é de 18 cm no tecido você deve marcar 21 cm
(18cm + 3cm).
4. Marque uma linha reta com 3 cm paralela a
ourela, para determinar orientação do eixo
central.
3cm
Tecido 2 para COSTAS

Figura 2 - Tecido preparado com medidas para a moulage.


Fonte: acervo da autora.

90
DESIGN

TERCEIRO PASSO: MOLDANDO A SAIA -


FRENTE E COSTAS

Antes de começar o terceiro passo é importante que


saiba que quando for posicionar o tecido no busto,
as linhas principais ou o encontro de linhas, como
o encontro da linha do quadril com o eixo central,
você coloque os alfinetes em forma de trava, alfine-
tes cruzados como tesoura. Isso deixa o tecido bem
fixo ao corpo e facilita a moldagem.
Quando começar a moldar as peças no corpo,
perceberá que algumas partes do corpo são mais ou
menos salientes, como cintura e quadril. Para ajustar
a peça ao corpo e proporcionar tridimensionalidade
são realizadas algumas dobras no molde conhecidas
como pence. Diante disso, podemos começar a mo-
delar nossa saia. Para que fique claro, divida o que
precisa ser feito nas seguintes etapas:
1. Comece usando um tecido previamente pre-
parado e riscado, como conforme explicado
anteriormente. Na sequência, posicione a li-
nha central do tecido com a do manequim,
deixando 3 cm sobrando acima da cintura.
2. Prenda o tecido na linha de eixo central do
busto técnico fazendo uma trava alfinete. Co- Figura 3 - Esquadrando o tecido no eixo central frente
mece prendendo a linha do quadril e depois Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 23).
com alfinetes na altura, conforme mostra a
figura 3 a seguir.

91


3. Prenda o tecido fazendo uma trava de alfinete ordenando a linha lateral do material com a linha do
quadril do busto. Leve em consideração a folga de vestibilidade assim, conforme a figura 4 a seguir.

Figura 4 - Prendendo a linha do quadril e deixando uma folga no tecido


Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 23).

92
DESIGN

4. Com o tecido preso para melhor acomodá-lo, passe a mão no sentido do quadril pela linha lateral indo
em direção à cintura, deixe o tecido bem acomodado e trave alfinetes no tecido, especificamente, na linha
da cintura. Caso necessite de alguns piques na sobra de tecido acima da cintura, conforme a figura 5.

Figura 5 - Dando piques e acomodando a tela na cintura


Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 24).

93


5. Depois de fixar as linhas lateral e central do tecido e acomodá-lo, perceberá uma folga dele na linha
da cintura, isso significa que é necessário uma pence. Por questões de ergonomia da peça, o melhor
lugar de aplicar a pence é sobre a linha princesa, conforme você pode ver na figura 6. A marcação nor-
malmente é feita com alfinetes deixando a pence em pé, tendo em média 10 cm de comprimento e no
máximo 3 cm de abertura.

Figura 6 - Moldando a pence.


Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 24).

Após ter moldado a parte da frente do corpo, vamos limitar o contorno do corpo.
6. Pegue uma caneta e marque com linhas pontilhadas a linha de cintura, desde o eixo central até a linha
da costura lateral - da linha de quadril até a linha de cintura -. Esse tracejado deve ser marcadas no
tecido bem em cima da fita de cetim da costura lateral, conforme a figura 7 a seguir.
7. Depois que todas as marcações foram feitas, você pode retirar o tecido do manequim e na mesa com
um traçado firme para não fazer borrões:

94
DESIGN

a. Risque a linha de curva do quadril com a


régua de alfaiate.
b. Risque a pence com régua reta, a pence
da saia é traçada com retas formando um
v, conforme a figura 8.
c. Dobre a pence e alfinete com se estivesse
costurando e trace com curva a linha de
cintura.

Figura 7 - Parte da execução da moulage da base da saia Figura 8 - Retraçado a pence e linha de quadril da saia
Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 24). Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 24).

95


8. Agora com a estrutura do molde feita vamos


fazer as margens de costura. Esse excesso de
Linha de cintura
tecido que se acrescenta além da limitação
do desenho do corpo, para Duarte (2008) é
determinada pelo tipo de máquina que fará Pence
a operação de costura. Por exemplo, máqui-
na de overclock simples para malha: mar-
gem de costura 0,5 cm; Overlock ponto ca-
deia margem de 0,7 cm; máquina reta tecido
plano, margem de 1 cm e assim por diante.
O importante é saber com antecedência em
qual máquina o produto vai ser costurado.
A barra precisa ser dobrada, deixe uma mar-
gem de 4 cm, ou seja, a margem de costura
Linha de quadril
é um valor acrescentado na lateral da peça
para que esta possa ser dobrada e costurada
posteriormente.
9. Com o contorno limitado e a margem de cos-

Linha lateral FRENTE

Centro da FRENTE
tura incluída, feche a pence com um alfinete
e aplique o molde ao busto técnico (figura 9):
10. Com o molde da frente pronto, vamos mode-
lar a costa da saia. Para desenvolver o modelo,
você irá pegar outro tecido preparado com as
riscas laterais e fazer todas as operações que
foram realizadas na parte da frente. A única
diferença é que nas costas, geralmente, a pen-
ce é maior e com uma abertura maior (mais
ou menos de 12 a 13 cm de comprimento Base saia reta
com no máximo 4 cm de abertura). FRENTE

Linha de barra

Figura 9 - Molde da frente da saia com costura


Fonte: acervo da autora.

96
DESIGN

QUARTO PASSO: PROVA DA PEÇA

Linha de cintura
Após marcar e cortar o excesso de tecido, deixando
apenas o contorno da peça frente e costas com as pen-
Pence ces fechadas. Retire as peças e com os alfinetes una os
dois moldes pela lateral, conforme a figura 11.
Em seguida, comece a analisar a questão de ves-
tibilidade, vendo se peça não ficou apertada ou com
rugas, isso é, se a peça está perfeitamente adequada
e confortável no busto técnico. Faça uma análise de
vestibilidade da peça, verificando os defeitos e acer-
tos da peça.
Linha de quadril
Agora que conseguiu desenvolver a base da saia
reta básica, observe que você conseguiu moldar o
corpo inferior, além de usar esta base como referên-
cia para outros modelos, como evasê e afunilada,
Linha lateral COSTAS

mais conhecida como saia lápis.


Centro das COSTAS

Para modelar um corpo inteiro, basta seguir a


metodologia de trabalho, procurando executar os
moldes, seguindo a técnica apresentada e evitando
que não haja erros.

Base saia reta


COSTAS

Linha de barra

Figura 10 - Molde das costas da saia com costura


Fonte: acervo da autora.

Figura 11 - Peça costurada com alfinetes e vestida no manequim.


Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 30).

97


Variações de
Modelos de Saias

98
DESIGN

Vamos aprofundar nosso estudos sobre modelagem. SAIA LEVEMENTE EVASÊ SEM PENCE
Com seu modelo base de saia, você poderá agora
executar alguns outros modelos previamente elabo- A palavra Evasê é de origem francesa e significa
rados. Para que possamos dar segmento no estudos, “largo”, sendo assim, as saias em modelo evasê tem
o primeiro passo é aplicar o molde de saia reta bási- uma modelagem mais aberta na parte inferior, fi-
ca no seu manequim técnico. cando solta no quadril. Foi dividido a produção
Segundo Abling (2014, p. 42), o desenho de uma prática desse modelo em algumas etapas. Veja a
saia ajustada pode ser utilizado como modelo para figura 12 (a;b):
desenhar uma saia mais ampla e solta. Partindo des-
sa abordagem, é possível utilizar a mesma base para
criar uma saia afunilada, também conhecida como
Não reprima sua inspiração
saia lápis.
e sua imaginação; não se
torne escravo do seu modelo.
Vincent Van Gogh

FRENTE COSTAS

Figura 12a - Modelo de saia evasê sem pence

99


Figura 12b - Modelo de saia evasê sem pence

100
DESIGN

3. Preencha a fenda com um retângulo de tecido


Agora, vamos para a prática desse modelo:
e alfinete o tecido da saia ao tecido acrescen-
1. O primeiro passo é resgatar o molde base de tado. Observe a figura, a seguir, e veja como
uma saia reta, com as duas peças unidas por a roda da peça foi alterada formando volume.
alfinetes.
2. Vista a peça no manequim e corte a linha
princesa de cima para baixo, até o ápice da
pence, conforme vemos na figura 13.

Figura 13 - Modelo tridimensional da base da saia reta. Figura 14 - Molde bidimensional da base da saia reta
Fonte: acervo da autora. Fonte: acervo da autora.

101


4. Retire o molde do busto e acrescente de 3 a


4 cm na barra da fenda, você perceberá que
este acréscimo dará um pouco mais de volu-
me a saia. Conforme a figura 15:

Esse aumento do molde ampliou a costura lateral


para o evasê, criando uma nova linha lateral com
folga na altura do quadril.
5. Pegue um retângulo de tecido com o compri-
mento da saia e a largura maior que a abertu-
ra proporcionada pela pence e alfinete nessa
abertura como se fosse um remendo.

Você perceberá duas coisas: primeiro, um aumento


significativo na barra e também que no molde as li-

m’
nha da cintura e da barra ficaram curvilíneas. Quan-

m
do perceber isso não se assuste, trata-se de uma ca-
racterística do molde. Não tente alinhar ou cortar
reto nesse local, pois afetará no efeito da saia.
6. Para fazer o molde das costas repita a mesma
operação, sem nenhuma alteração.

Conforme você verificou na foto do começo do tópi-


co, a saia não tem costura central na frente, para isso
será necessário espelhar o molde frontal na finaliza-
ção. Sobre essa técnica, você terá mais detalhes no
próximo tópico. Agora na finalização das costas para
proporcionar vestibilidade é colocado um zíper, cor-
ta-se duas vezes no tecido, deixando a costura de 2 Aumentar 4cm
cm no centro, justamente para que costure o zíper,
Figura 15 - Acréscimo de volume na saia: aumento de 4 cm na lateral
em uma extensão de 18 cm para um corpo que veste para o evasê lateral.
o manequim nos tamanhos 38 a 42. Fonte: acervo da autora.

102
DESIGN

SAIA COM PALA E


VOLUME COM FRANZIDO

O modelo que iremos trabalhar tem como caracte-


rística a cintura localizada abaixo da linha da cintu-
ra. Dividimos a modelagem do tecido ao corpo até
a altura do pequeno quadril e depois um molde for-
mará a pala, tanto na frente como nas costas.

Figura 16 - Parte frente espelhada (copiada em outro tecido).


Fonte: acervo da autora.

Figura 17 - Saia com pala na parte do pequeno quadril e franzido no


recorte da pala.
Fonte: Duburg e Von dertol (2012, p. 53).

103


Desenho da pala Parte inferior da saia

Para desenhar a pala no corpo, comece posicionan- O primeiro passo é cortar dois retângulos de tecido
do o tecido sobre o mesmo. No molde base, come- com duas vezes o valor do perímetro desejado do
ce pelo eixo central moldando a cintura e fazendo a molde. Por exemplo, se o perímetro da pala for 23
pence de cintura. Conforme a figura acima, observe cm, corte um tecido com 46 cm de largura por 40 de
que o tecido ficou bem acomodado ao corpo. Dese- comprimento, não esquecendo de acrescentar mais
nhe a pala, dando pontilhadas na linha de cintura e 4 cm para costura. Lembrando sempre que o com-
na linha lateral próximo à linha do quadril. Para de- primento do tecido deve ser cortado no sentido do
terminar o tamanho da pala, risque uma paralela da fio de urdume.
cintura com a medida de 10 cm em direção a linha Em seguida, vamos franzir uma das bordas do
do quadril. Faça esse processo na frente e nas costas. tecido, no sentido da largura do tecido com duas
Retire o tecido do busto e retrace as linhas de costuras. Esse lado será costurado na parte da pala
contorno com o auxílio de réguas curvas e retas. em que está voltada para o quadril.
O molde fora do corpo se torna um molde no Chamamos de franzimento do tecido a técnica
plano bidimensional, ou seja, esse plano ajuda na em que você pega um tecido com dimensões maio-
definição do contorno da peça desenvolvida. res que o perímetro desejado e enrugando o tecido
você conseguirá que ele fique no tamanho desejado.
Por exemplo: se eu quero um molde com franzido e
com perímetro de 60 cm será necessário um tecido
com 20cm a mais que o necessário, totalizando 80

Pala frente Pala costas


Lin ral

lat ha
lat

l
era
ha
Eixos costura

Eixos costura
Lin
e

COSTAS
FRENTE

Figura 18 - Molde bidimensional da pala frente e costas


Fonte: acervo da autora.

104
DESIGN

cm. Após o franzimento, com o tecido enrugado te-


rei uma peça com 60 cm.
Existem várias formas de se aplicar o processo
de franzir, como:
1. Dobrar o tecido e alfinetar.
2. Alinhavar na borda do tecido e puxar para
enrugar.
3. Na máquina de costura basta passar as duas
costuras próximas da borda com uma distân-
cia de 1 cm como uma paralela e depois pu-
xar as duas linhas inferior (bobina).

Todas as formas são importantes, uma mais precisa


do que a outra, o que importa é que todas tenham o
mesmo resultado de perímetro.
Para montar a peça, una com alfinetes as linhas
laterais da pala, em seguida alfinete o tecido da saia
já franzida, conforme a imagem 20.

Figura 20 - Montagem da parte inferior da saia (franzido)


Fonte: Fischer (2012, p. 53).

Figura 19 - Tecido franzido


Fonte: Smith (2012, p.83).

105


SAIBA MAIS

Cálculos para saia franzida

O franzido é maior conforme aumenta o perímetro do tecido.

Conheça algumas dicas de cálculo:

Saia muito franzida: corte o triplo do valor desejado, por exemplo, = se o perímetro desejado for
70 cm então multiplique por três esse valor ficando: 70 cm, então multiplique 70 por 3 = 2,10 cm de
tecido.

Saia levemente franzida: este caso é igual ao anterior, no qual se soma o valor do perímetro deseja-
do duas vezes, obtendo o dobro do tecido.

Saia com pouco franzido: basta aumentar apenas a metade do perímetro encontrado, por exemplo,
= se o perímetro obtido é de 70 cm então se soma mais 35 cm que representa a metade de 70 cm,
tendo um tecido com 1,05 cm.

Fonte: baseado nas informações de et al. Aldrich (2014, p. 90).

Pronto! Mais um molde feito. Para finalizar basta lizados, esses modelos podem ter muitas variações,
transferir o molde para frente, espelhando a parte conforme o design. Eu sei que no início de qualquer
frente. Na parte de trás para que a peça tenha vesti- trabalho prático, tudo é mais difícil, mas tenha cer-
bilidade, recomendo que coloque um zíper, poden- teza que o final é recompensador.
do que seja cortado em tecidos separados. Existem Em caso de dúvidas, volte aos estudos anteriores
vários modelos de saia. Vimos até aqui os mais uti- e relembre pontos importantes.

106
DESIGN

Transferência da Modelagem
Tridimensional para
Modelagem Bidimensional
(Planificação)
Agora que já sabemos como fazer alguns modelos Esse nosso estudo depende e muito do conteúdo
e dar tridimensionalidade ao tecido modelando no estudado anteriormente, por isso, muitas vezes, ire-
busto, vamos aprender como planificar nossas peças. mos lembrar de conteúdos já apresentados, como a
Quais são as técnicas utilizada para transformar uma questão dos planos do corpo e os conceitos de simé-
forma tridimensional para uma modelagem bidi- trico ou assimétrico.
mensional? Isso é planificar o que está na forma 3D.

107


FRENTE busto. Ao desenhar as linhas, procure fazer com pre-


cisão, pois são essas linhas que vão ser costuradas.
Pala Na planificação quando o modelo de uma é si-
métrico, é necessário apenas trabalhar com a moula-
ge em um lado do corpo, já que não haverá diferença
entre os lados. Por exemplo, uma saia evâse simples
não tem diferença entre o lado direito e o esquerdo,
por isso posso trabalhar com a moulage apenas de
um lado do corpo.
Agora se a modelagem da peça for assimétrica,
será necessário trabalhar com a planificação dos
dois lados. Por exemplo: uma saia com pala no qua-
dril, que no lado esquerdo faz um bico na linha prin-
cesa frente, os dois lados do corpo são distintos e
precisam de moldes exclusivos.

Planificação do molde da saia

Quando vamos planificar uma moulage, como é o


caso do nosso trabalho aqui, é para reforçar os tra-
ços feitos no tecido enquanto no busto. É importan-
Figura 21: Exemplo de modelo assimétrico de uma saia te que no processo de planificação utilize as ferra-
Fonte: acervo da autora.
mentas adequadas para garantir que seu traço seja
contínuo. Para facilitar a sua pratica e necessário que
PROCESSO DE divida em etapas, usando o modelo base de uma saia
PLANIFICAÇÃO DOS MOLDES reta, vamos lá:
1. Vamos acertar os moldes feitos no busto téc-
Vamos conhecer mais um método. A planificação é nico, por isso retire o molde costurado com
o processo de retraçar a linhas de um moldes pre- alfinetes na mesa, com o uso de um régua
de alfaiate acerte a cintura construindo uma
viamente retraçado, ou mesmo a transferência dos
curva harmoniosa. Nessa etapa, os traços
moldes desenvolvidos em tecidos e passar todas as precisa estar bem definidos para que consiga
informações para o papel. transferir com precisão o molde para o papel.
No nosso caso, estamos apenas reforçando as 2. Em seguida, arrume a margem de costura, na
linhas de construção dos moldes. Para que possa linha lateral da cintura deixar com 1 cm de
planificar a peça e necessário retirar do manequim e costura, já na linha de barra deixe com 3 cm
retraçar todas as linhas já traçadas anteriormente no de costura e no eixo central não faça nenhum
acréscimo ao valor inicial.

108
DESIGN

3. Para definir o comprimento final da saia,


meça 56 cm abaixo do centro da frente, mar-
que e utilize uma régua em L para desenhar
a bainha perpendicularmente com o centro
da frente. Una o molde das costas com o da
frente nas costuras laterais, marque e desenhe
a bainha das costas.
4. Agora, vamos transferir a moulage do tecido
para o papel. Para que não ocorra problemas
nessa etapa é importante que todo os modelos
estejam na forma bidimensional e separados.
5. Pegue um papel e alfinete o molde no papel e
passe a carretilha em todas as linhas do con-
torno do molde, inclusive na linha da pence.
6. Para finalizar o molde, retire os alfinetes se-
parando o papel do tecido moulado. Recorte
no papel, conforme as marcadas da carretilha
e na linha central do molde passe um risco
dos dois lados.
• Para identificação do molde escreva nele:
• Nome do molde e posição.
• Riscar a posição do fio reto, que indica
como ficará o fio de urdume do tecido na
peça final.
• Marcar os pontos de encontro de duas
partes com piques, este indica precisão
na montagem da peça.
• Escreva a data de finalização do molde.
• Assine o seu nome para identificar o mo-
delista ou designer.

A partir de agora, aplicando corretamente a técnica,


Figura 22 - Correção dos moldes no tecido para a planificação
Fonte: Abling (2014, p. 28)
você pode transportar suas modelagens sem o busto
técnico. Saiba que só depois de planificada é que re-
almente você tem um molde, pois é ele que permite
realmente que você transporte o desenho para outro
tecido e possa costurar tranquilamente.
Os moldes são feitos em papel para aumentar
sua durabilidade quando usado corretamente um
bom molde pode ser reutilizado várias vezes.

109


Processo de Acabamentos
(Limpeza) para Parte
Inferior do Corpo
Agora que você aprendeu como fazer um molde, nha qualidade um dos conhecimentos que deve ter é
iremos trabalhar com a parte final da modelagem o de finalização da peça. Você conhecerá, na sequên-
fazendo o acabamento e a finalização de uma peça. cia, algumas técnicas que proporcionarão uma boa
Conforme Fischer (2010), para que seu produto te- qualidade do produto acabado.

110
DESIGN

FRENTE
ESPELHAMENTO
FRENTE

Conforme já exposto, o espelhamento é utilizado


quando deseja transportar a modelagem de uma
peça desenvolvida pela metade, um lado do corpo,
para formar uma peça de corpo inteiro. Esse pro-
cesso é utilizado em peças simétricas e quando quer
retirar as costuras central de uma peça.
Para produzir uma peça completa quando for
posicionar o molde de tecido no papel, dobre e colo-
que o centro da frente do tecido dobrado, pois lem-
brando que o modelo da saia é simétrico e não tem
costura no centro.
Para que compreenda melhor o procedimento,
observe a figura 23.
Você identificou que a peça da frente é inteira,
sem costura no centro, para que isso seja possível é
necessário espelhar o molde frontal. Quando anali- COSTAS
samos as costas percebemos que é dividida no cen- COSTAS
tro formando duas peças distintas, será preciso colo-
ca um sistema de zíper para garantir a vestibilidade
da peça.

SAIBA MAIS

Você sabe o que é zíper?

Trata-se de um dispositivo que permite


vestibilidade de um peça. Se você pesqui-
sar verá que há vários modelos, tamanhos
e dimensões, certamente que existe um
modelo adequado para cada tecido ou
necessidade específica. Recomendo que
inicie pregando o zíper comum que é mais
tranquilo para instalar.

Fonte: a autora.
Figura 23 - Modelo de saia simétrica
Fonte: acervo da autora.

111


Falando de itens de acabamento entendemos que


Transpasse
CÓS RETO
existem vários dispositivos. O importante é que você
compreenda que a roupa é um dos produtos da in-
dústria de vestuário, assim seu acabamento tem que
Frente e costas
ser de qualidade e realmente possibilitar vestibilida-
de da peça.

LIMPEZA DA PARTE
SUPERIOR DA PEÇA (CÓS)

Quando falamos da limpeza da parte superior, nos


referimos ao cós, que segundo Duarte e Saggese
(2012, p. 44), “é o acabamento que contorna a cintu-
ra. Existem dois tipos de cós: o reto e o anatômico. A
medida do cós é a soma das cinturas frente e costas
sem as pences, mais o transpasse”.
• Cós reto: é um retângulo com a medida
da cintura mais 5 cm de costura e trans-
passe (abotoamento), por duas vezes o
valor da largura. Conforme Duarte e
Seggese (2012, p. 44), “cós reto é usado Figura 24 - Molde do cós Reto
para cintura no lugar, é uma tira reta na Fonte: acervo da autora.
largura desejada. O cós reto pode ser do-
brado ou cortado duas vezes e geralmente
é entretelado”.
• Cós anatômico: é uma paralela que se re-
tira da cintura, a partir da linha de cin-
Por exemplo: se a circunferência da cintura é de 72 tura em direção ao quadril, essa medida
cm, você precisa inserir mais 5 cm de comprimen- é variável, depende do modelo desejado.
tos totalizando 77 cm (72cm + 5 cm = 77cm). Caso Conforme Duarte e Seggese (2012, p. 44),
queira que o cós tenha 4 cm aparente, multiplique o cós anatômico é usado para cintura des-
esse valor por 2, para fazer a dobra e adicione os 2 cida ou subida. Por ser curvo, não pode
ser dobrado. O cós anatômico é cortado
cm de costura, totalizando 10 cm de largura (4cm +
duas vezes e geralmente entretelado.
4cm + 2cm = 10cm).

112
DESIGN

CÓS ANATÔMICO Transpasse LIMPEZA DA PARTE INFERIOR


CF CC DA PEÇA (BAINHA)

Frente 1/2 Costas Limpeza na barra de uma peça são chamadas de bai-
nhas ou barras. Esse é o acabamento que finaliza, a
parte inferior de uma peça.
Existem vário tipos de acabamento na borda in-
ferior, como:
• Barra dobrada: esse um tipo de acaba-
mento simples, no qual a parte final da
peça é dobrada e costurada. Quando for
executar esse tipo de barra em uma peça
afunilada, é muito importante que deixe
o chanfro para que tenha costurabilidade.

Figura 25: Molde cós anatômico


Fonte: acervo da autora.

Bainha

Direito da saia Molde da saia Avesso da saia


Figura 26 - Tipos de bainhas
Fonte: Duarte (2012, p. 46).

113


Bainha

Direito da saia Molde da saia Avesso da saia


Figura 27 - Bainhas chanfrada
Fonte: Duarte (2012, p. 46).

Direito da saia Avesso da saia

Bainha anatômica

Figura 28 - Exemplo tipos de barras anatômicas


Fonte: Duarte Saggese (2012, p. 47).

114
DESIGN

• Barras anatômicas: conforme Duarte e


Com base na citação, podemos dizer que uma peça
Saggese (2012, p. 47), é o acabamento em
formato curvo. A modelagem é destacada sem deslocamento precisa de um zíper de 18 cm a
na peça e aplicada pelo lado avesso, fa- 20 cm, dependendo da altura do corpo. Se a peça
zendo a bainha ou no lado direito como for acima da cintura é preciso aumentar o zíper já
estilo, podendo ser de cor diferente da que a extensão da abertura será maior garantindo a
peça. vestibilidade.
• Barra bainha de lenço: conforme Duarte Já o acabamento para palas exige um tipo de
e Seggese (2012), essa bainha é um acaba-
recorte utilizado abaixo da cintura, geralmente,
mento estreitíssimo usado em saias circu-
formando alguns detalhes no modelo ou ajudando
lares ou retas feitas em tecidos leves.
a eliminar as pences. Além de facilitar para inserir
franzidos, em algumas peças. Um bom acabamento
na cintura por meio da pala é muito simples, basta
que duplique o molde no tecido, a limpeza já fica
pronta.
Apresentamos para você, caro(a) aluno(a), al-
Bainha
gumas técnicas de acabamento na finalização da
peça. Existem vários, por exemplo, algumas roupas
seu corte é feito a laser fazendo junto o acabamen-
to. Também existe uma tendência na moda contem-
Figura 29 - Exemplo de barra bainha de lenço
Fonte: Duarte e Saggese (2012, p. 47). porânea em que muitos designers optam por não
proporcionar nenhum acabamento nas peças. Essas
FINALIZAÇÕES X VESTIBILIDADE escolhas vão depender de cada tipo de modelo e te-
cido, como já foi dito toda a modelagem precisa de
Para finalizar esta unidade abordaremos tipos de uma análise criteriosa no material para que tenha
acabamento e a influência na vestibilidade, ato de certeza de qual técnica é a mais adequada. Saiba,
vestir e despir uma peça. Nas finalizações um dos porém, que não compete a nós dizer que estes ou
dispositivos mais utilizados é o zíper na área da cin- aquele tipo de acabamentos estão errados, seguindo
tura. as normalidades, tudo pode ser considerado como
criativo.
Tendo como referencia a cintura do corpo, a
abertura necessária para a colocação do zíper é
de 20 cm abaixo da cintura. Nos modelos com
cintura deslocados para baixo ou para cima, a
medida deve ser diminuída ou aumentada na
mesma proporção (DUARET; SAGGESE, 2012,
p. 49).

115


Caro(a) aluno(a), agora que você conhece os prin-


cipais moldes de saia, além das possibilidades de
acabamento, quero que você pense de forma ampla
quando for modelar saias. Sabemos que histórica-
mente a saia é uma peça clássica do vestuário femi-
nino, não se prenda ao do passado para limitar sua
criação.
Veja o exemplo inovador que o estilista bra-
sileiro Alexandre Herchcovitch fez em seu desfile
masculino no São Paulo Fashion Week (SPFW), de
verão/2015. Além de algumas mulheres com roupas
masculinas todos os looks contavam com saias e
kilts na composição. Assista ao vídeo deste impor-
tante desfile da moda brasileira para fomentar a sua
criatividade. (Visualize o QR Code).

116
considerações finais

Caro(a) aluno(a), a presente unidade constatou a ação da modelagem tridi-


mensional moulage como organismo de otimização do processo de criação de
bases e interpretação de modelagem, nesse caso de saias. Ao iniciar o processo
de modelagem de uma peça, o modelista deve fazer o estudo completo do mo-
delo criado pelo estilista, ou seja, analisar a proposta, que tipo de peça vai ser
confeccionado, o caimento do tecido, se a peça vai ficar justa ou larga ao cor-
po, tipos de acabamentos e aberturas para vestibilidade.Todos estes fatores são
muito importante para que se ganhe tempo na execução da peça. Partindo de
exercícios de construção da peça ao corpo, verificamos que é possível conferir
versatilidade do designer/modelista em produzir as formas do corpo tal como
ele é, facilitando a construção das bases, desconstruir o formato anatômico por
meio de interpretação de modelos e reconstruí-lo de novas maneiras, redese-
nhando corpo por meio dos trajes. Ainda nesta unidade, vimos os passos de
criação e materialização da base e variações de modelos, em que constamos a
possibilidades de criar os tipos de acabamentos para cada peça desenvolvida.
abordamos também as qualidades na inserção dos aviamentos para a questão
de vestibilibade da peça ao corpo humano, visando questões ergonômicas e
estéticas inseridos em qualquer projeto de modelagem de qualquer produto,
destacando os aspectos de conforto, e caimento do produto.
Por fim, abordamos também a questão do espelhamento. Na produção da
modelagem sempre um produto é desenvolvido em apenas um lado do corpo em
apenas um lado do corpo, ou seja, meio corpo. Conforme precisão e facilidade
na produção, na sequência, se espelha o outro lado do corpo, formando a peça
inteira. No ambito acadêmico esse método possibilitou o desenvolvimento das
peças com metodologia para o processo de produção, executado por meio da
modelagem tridimensional.

117
LEITURA
COMPLEMENTAR

O acabamento é uma forma de finalizar determinadas Bainha é o acabamento que finaliza a borda das saias
partes de uma roupa ou a forma de como será aplicado e de outros peças do vestuário. Em larguras variadas,
alguns aviamentos. Antes de começar a modelagem, faça desde a estreitíssima bainha de lenço até uns 10 cm em
um estudo completo dos acabamentos mais adequados modelos retos ou anatômicos. Muitas vezes, o tipo de
ao modelo de acordo com o tecido com a ergonomia. bainha a ser executada depende do estilo da roupa. Po-
Cós é o acabamento que contorna a cintura. Existem dois de-se fazer a bainha através da técnica de costura manu-
tipos de cós: o reto e o anatômico, o cós reto é simples- al ou em máquina de costura.
mente um retângulo com o valor da cintura mais folga Já o zíper é um dos fechos mais utilizados para dar aca-
para costura e o cós anatômico é moldado a forma ana- bamentos em peças de vestuário e gerar vestibilidade
tômica da cintura. A medida dos cós é a mesma da cin- das peças. Os zíperes podem composto por vários tipos
tura frente e costas sem as pences, mais o transpasse. de materiais e tamanhos. Em se tratando da colocação
O cós fica bem aderente a região da cintura e para isso, de um zíper em uma saia, a parte que se refere para sua
deve-se encaixar perfeitamente e sem apertar. Qualquer colocação é na cintura do corpo, a abertura necessária
que seja o modelo sempre é costurado à roupa e sempre para a colocação do zíper é 20 cm da cintura para baixo.
que possível ou dependendo da gramatura do tecido ele Nos moldes com cintura deslocados para baixo ou para
requer uma estrutura e sustentação, esta é feito através cima, a medida do fecho deve ser diminuída ou aumen-
de entretelas termocolante. tada na mesma proporção. Essa precisão facilita o vestir
Entretelas podem ser aderente ou não aderente, a ade- e despir da roupa.
rente é fixa na peça com o calor do ferro de passar e a não
aderente geralmente por alinhavos provisório fixando-o à
peça e, posteriormente, costurado definitivamente. Fonte: adaptado de Duarte e Saggese (2012).

118
atividades de estudo

1. O espelhamento é utilizado quando deseja ______________ a modelagem de uma peça de-


senvolvida pela ______________, um lado do corpo, para formar uma peça de _____________
inteiro. Esse processo é utilizado em peças simétricas e quando quer retirar as costuras
central de uma peça. Para produzir uma peça completa, quando for posicionar o molde
de ________________ no papel, dobre e coloque o centro da frente do tecido dobrado, pois
lembrando que o _____________ da saia é simétrico e não tem costura no centro.

Diante do exposto, na sequência, assinale a alternativa que preencha, corretamente, as lacu-


nas.
a. peças; modelagem; corpo; tecido; modelo.
b. transportar; metade; corpo; tecido; modelo.
c. corpo; tecido; peças; modelagem; modelo.
d. tecido, transportar; corpo; peças; metade.
e. metade; modelagem; peças; corpo; tecido.

2. Quando falamos da limpeza de uma peça, a parte superior, referimo-nos ao cós, isto é,
o acabamento que contorna a cintura das peças. A medida do cós é a soma das cinturas,
frente e costas, sem as pences, mais o transpasse.

DUARTE, S.; SAGGESE, S. Saias: MIB - modelagem industrial brasileira. 3. Ed. Rio de Janeiro:
Roupa Nova, 2011.

Considerando o texto apresentado, referente aos tipos de cós, a seguir analise as afirmações:
I. Cós reto: é um retângulo com a medida da cintura mais 5 cm de costura e transpasse (aboto-
amento), por duas vezes, o valor da largura. É usado para marcar a cintura, é uma tira reta na
largura desejada.
II. Cós reto: o cós reto pode ser dobrado ou cortado duas vezes e, geralmente, é entretelado.
III. Cós anatômico: é uma paralela que se retira da cintura, a partir da linha de cintura em direção
ao quadril, essa medida é variável, depende do modelo desejado, o cós anatômico é usado
para cintura descida ou subida.
IV. Cós anatômico: por ser curvo, não pode ser dobrado. O cós anatômico é cortado duas vezes
e, geralmente, entretelado.

É correto que se afirma em:


a. I, apenas.
b. II, apenas.

119
atividades de estudo

c. I e III apenas.
d. III e IV apenas.
e. I, II, III e IV.

3. A Modelagem permite ao Designer desenvolver o processo criativo baseado em expe-


riências e pesquisa, permitindo uma visualização imediata de volume e detalhes. Na
modelagem da saia feminina podemos utilizar a base de uma saia reta para desenvolver
vários modelos de saia, uma delas é o modelo de saia evasê (Abling, 2014).

Considerando o texto mencionado, referente à definição da palavra EVASÊ, a seguir analise


as afirmações:
I. A palavra Evasê é de origem africana, muito utilizada na cultura local.
II. A palavra Evasê é de origem francesa e significa “largo”.
III. A palavra Evasê é de origem Inglesa e significa Fine.

É correto que se afirma em:


a. I apenas.
b. II apenas.
c. II e III apenas.
d. I e III apenas.
e. I, II e III. .

4. Para que o produto tenha qualidade e satisfaça as necessidades ergonômicas do usuá-


rio, a finalização da peça é um dos conhecimentos obrigatório no processo de modela-
gem. É a etapa de finalização que proporciona uma boa qualidade do produto acabado
(Fischer 2010).

Considerando o texto mencionado, abordando a técnica do processo de acabamento, refe-


rente à etapa do espelhamento no desenvolvimento da modelagem, avalie as afirmações:
I. A função do espelhamento no processo de modelagem, é baseado na circunferência da cin-
tura.
II. O espelhamento é utilizado quando se deseja transportar a modelagem de uma peça desen-
volvida pela metade, para formar uma peça de corpo inteiro.
III. O processo de espelhamento é utilizado para o cálculo do tecido, somente na modelagem
feminina.

120
atividades de estudo

É correto o que se afirma em:


a. I apenas.
b. II e III apenas.
c. II apenas.
d. I e III apenas.
e. I, II e III.

5. O processo de Modelagem permite o profissional (Designer/Modelista) explorar a cria-


tividade, a partir das experiências e das tendências, permitindo construir no manequim
volumes, pregas, franzidos, efeitos visuais de recortes entre outras formas. A utilização
do franzido ou franzimento pode ser usada de diversas formas e aplicados nos mais
variados modelos.

Considerando o texto mencionado, abordando a técnica de franzimento do tecido na mode-


lagem, avalie as afirmações:
I. Franzimento é a técnica de montar uma peça do vestuário, fazendo a união das partes com
alfinetes.
II. Franzir é a técnica utilizada somente na modelagem da calça reta masculina.
III. Trata-se da técnica em que você pega um tecido com dimensões maiores que o perímetro
desejado e enrugando o tecido você conseguirá que ele fique no tamanho desejado.

É correto o que se afirma em:


a. I apenas.
b. II apenas.
c. II e III apenas.
d. III apenas.
e. I, II e III. .

121


Modelagem Tridmensional ergonômica


Maria de Fátima Grave
Editora: Escrituras
Ano: 2010
Sinopse: a Modelagem Tridimensional aplicada à confecção
de peças de vestuário consiste em um trabalho de mode-
lagem totalmente artesanal, no qual o profissional modela
sobre um boneco, levando em consideração as dimensões
antropométricas do usuário correspondentes ao corpo que
a peça se destina. É sobre esse tema que trata o livro ‘Mode-
lagem Tridimensional Ergonômica’. A Modelagem Tridimen-
sional personaliza o vestuário e é utilizada em ateliês, sendo
uma técnica de aplicação comum dada a diversidade de tecidos disponíveis no mercado. Este
obra dedica-se ao esclarecimento da Modelagem Tridimensional, capacitando o estudante e
atualizando os profissionais da moda na tarefa de atender à demanda do mercado. Abrange
conhecimento básicos de tecidos, além de tipos, caimentos e cuidados ao cortá-lo, como tirar
medidas, modelagem tridimensional aplicada à saia reta básica, à manga básica, à base de
uma blusa, camisa e blazer, os diferentes tipos de golas (gola bebê assentada e semi assen-
tada, gola xale, gola esporte), confecção de um vestido com recortes, entre outros temas.

Este vídeo em inglês, intitulado “Stephani Miller Offers a Lesson on Draping on It’s Sew Easy”,
apresenta como desenvolver a pala da saia e as variações de modelos, conforme vimos no
decorrer das atividades. Embora seja em língua estrangeira, você consegue compreender,
pois há um passo a passo.

Para assistir ao vídeo, acesse: <https://www.youtube.com/watch?v=VixKuRrXGVA>.

122
referências

ABLING, B. Moulage, modelagem e desenho: prática integrada. Bina Abling, Kathle-


en Maggio (org.). Trad. Claudia Buchweitz. Porto Alegre: Bookman, 2014.
ALDRICH, W.; BUCHWEITZ, C.; MARTINS, L.; SILVA, P. Modelagem plana para moda
feminina. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2014.
DUARTE, S. MIB - Modelagem Industrial Brasileira: tabelas de medidas. Rio de Janei-
ro: Guarda Roupa, 2012.
DUARTE, S.; SAGGESE, S. Saias: MIB: modelagem industrial brasileira. 3. ed. Rio de
Janeiro: Roupa Nova, 2011.
DUBURG, A.; VAN DER TOL, R. Moulage: arte e técnica no design de moda. Porto Alegre:
Bookman, 2012.
FISCHER, A. Construção de vestuário. Porto Alegre: Bookman, 2010.
HEINRICH, D. P. Modelagem e técnicas de interpretação para confecção industrial.
Novo Hamburgo: Feevale, 2005.
SMITH, A. Costura passo a passo: mais de 200 técnicas essenciais para iniciantes. São
Paulo: PubliFolha, 2012.

123
gabarito

1. B.
2. E.
3. B.
4. C.
5. D.

124
UNIDADE
IV
MOLDES BÁSICOS E INTERPRETAÇÃO
DE MODELOS SOBRE A PARTE
SUPERIOR DO CORPO

Professora Esp. Inês Sarto Soares

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Modelagem tridimensional da blusa com pence
fundamental
• Variações de pences e seus efeitos na construção de
produtos
• Tipos de golas, mangas e decotes
• Processo de acabamentos (limpeza) para parte superior do
corpo

Objetivos de Aprendizagem
• Desenvolver moldes básicos de blusas com pences
fundamental, utilizando os princípios da técnica de
modelagem tridimensional.
• Entender sobre as variações de modelos de blusas através
de transferência de pences com ou sem recortes.
• Proporcionar sugestões de alguns tipos de mangas e golas.
• Conhecer o processo de limpeza de peças moldadas.
unidade

IV
INTRODUÇÃO

Olá caro(a) aluno(a), já percorremos um grande caminho no mundo da


modelagem tridimensional. Nesta unidade vamos nos dedicar ao estu-
dos da modelagem tridimensional, mais especificamente para moldar o
corpo superior, capacitando você a desenvolver técnicas de moulage com
tranquilidade e de uma forma prazerosa.
Assim como nós fizemos na unidade anterior, na qual falamos sobre
a parte inferior do corpo, em um primeiro momento, vamos iniciar pelo
modelo base de peça superior modelando a partir do ombro até a linha
da cintura, copiando a forma e gerando o molde tridimensional básico
do corpo.
Em outro momento, direcionaremos os estudos para a interpretação
de modelos de blusas, esses por sua vez, resultando em outros modelos
completamente diferentes entre si.
Outro conteúdo a ser estudado são os acabamentos, que proporcio-
nam diferencial ao produto, visto que todo o produto do vestuário deve
ter uma forma de limpeza, para proporcionar qualidade e estética visual
de ergonomia adequada a cada tipo de roupa.
Nesta unidade aprenderemos a desenvolver os moldes básicos com
as pences, que são fundamentais para moldes de blusas. Também, será
possível entender a transferência de pence com ou sem recortes, nas
variações de moldes de blusas. Ainda há algumas sugestões de tipos de
mangas e golas e sobre o processo de limpeza das peças moldadas.
Com esse aprendizado, você já está apto(a) a desenvolver modelos
básicos de roupa. Um dos pré-requisitos para que possa desenvolver es-
ses estudos por meio dessa técnica com segurança.
Bons estudos!


Modelagem
Tridimensional da
Blusa com Pence
Fundamental

130
DESIGN

Antes de iniciarmos nossos estudos de modelagem,


é importante que você tenha claro que, na história
da confecção, as marcas que ganharam destaque por
inovação, qualidade e vestibilidade. Portanto é im-
portante que você, como profissional de design de
moda, dedique-se a esses fatores e utilize todo conte-
údo aprendido nesta disciplina para desenvolver mol-
des tridimensionais e moulage. Principalmente em se
tratando de pences que serão encontradas a partir da
técnica de modelagem tridimensional (moulage).

PRIMEIRO PASSO: PREPARANDO


BUSTO E TECIDO

Assim como estudamos, na parte inferior tudo co-


meça com a escolha do manequim em boa qualidade
e que tenha as medidas do seu público-alvo. A técni-
ca de moulage utiliza, e muito, as marcações técnicas.
Então, antes da modelagem prepare seu busto.

Existe uma gama de manequins disponível. An-


tes de começar a moulage, é fundamental anali-
sar bem o manequim com o qual se está traba-
lhando. Tire medidas e analise o formato para
verificar se ele se enquadra no visual e no ta-
manho que você procura (Fischer, 2010, p. 123).

Com o busto pronto, vamos agora preparar o teci-


do para a modelagem. No momento da preparação
do tecido não há grandes distinção entre as mode-
lagens inferior e superior. Para produzir os moldes,
você precisa de dois tecidos com 40 cm de largura
(trama) por 50 cm de comprimento (urdume), lem-
brando que a ourela do tecido deve ficar na vertical
paralela ao fio de urdume. Para trabalhar o tecido,
estique as pontas no sentido diagonal, para enqua-
drá-lo. E, como referência, trace uma linha reta pa-
ralela a ourela, com 4 cm de distância ao longo do Figura 1 - Busto com as linhas de construção do corpo.
comprimento do tecido. Tecidos prontos, reserve. Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 56).
131


SEGUNDO PASSO: MOLDANDO


UMA BLUSA - FRENTE

Agora que a principal ferramenta e os materiais es-


tão preparados, vamos começar a moulage da parte
superior do corpo.
1. Iniciando agora a parte real de moulage, pe-
gue um dos tecidos preparados e posicione
no centro do corpo, deixando mais ou menos
5 cm de tecido para cima da linha do ombro,
para eventual problema e margem de costura.
Prenda o tecido no busto, usando a técnica de
trava de alfinetes, alinhando o fio traçado no
tecido com o eixo central do corpo (com tra-
va de alfinetes), e marque com uso de caneta
onde as linhas de pescoço busto e cintura são
marcadas.
2. Com essas marcações feitas, retire o tecido do
busto, leve até mesa e retrace as marcações, Figura 2 - Posição de volta do tecido ao corpo
buscando esquadrar as linhas pontilhadas Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 56).
com muita precisão, pois serão elas que de-
terminarão o enquadramento do tecido ao
corpo.
3. Retorne o tecido para o manequim, iniciando
a trava de alfinetes no encontro das linhas do
eixo central com a linha de busto, e depois vá
alfinetando os outros pontos do eixo central
do corpo.
4. Agora alfinete a linha do busto, partindo da
linha central até a linha lateral. Procure dei-
xar 0,5 cm de folga no tecido para a usabili-
dade da peça.
5. Com a linha do busto presa, vamos marcar
o decote, alfinetando o tecido na junção do
pescoço com o corpo, formando o decote.

Figura 3 - Alfinetando a linha de busto


Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 56).

132
DESIGN

6. Com o tecido preso nas principais marca-


ções, acomode-o indo da linha lateral para o
ombro. Essa é acomodação para folga, bem
em cima da linha princesa. Com uso de alfi-
netes feche essa pence, conhecido como pen-
ce da cintura, até faltar 2 cm para chegar no
ápice do busto.
7. Agora acomode o tecido, partindo da linha
lateral abaixo do busto indo em sentido ao
eixo central. Caso seja necessário, faça um
pique no tecido. Após isso, você perceberá
que, depois dessa acomodação, sobrará teci-
do na linha princesa. Com o uso de alfinetes,
feche essa pence, conhecido como pence da
cintura, até faltar 2 cm para chegar no ápice
do busto.

Figura 4 - Alfinetando a linha de busto


Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 57).

Figura 5 - Acomodação do tecido para formar a pence fundamental do busto.


Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 57)

133


8. A forma primordial do molde está definida,


vamos agora para as marcações. Usando um
lápis ou canetinha, trace a linha do corpo,
iniciando pelo pescoço, seguindo para a linha
do ombro, a linha lateral e linha da cintura.
Já nas pences marque apenas o começo e o
término de cada.
9. Para finalizar o processo, corte os excessos
de tecido, deixando mais ou menos 2 cm de
folga. Depois disso, solte o tecido do corpo
apenas no ombro e na linha lateral, para que
possamos fazer a moulage das costas.

TERCEIRO PASSO: MODELANDO


UMA BLUSA - COSTAS

O processo de modelagem das costas de uma blusa


é muito parecido com o da frente, alterando apenas
nas pences.
1. Inicialmente, pegue o outro tecido que foi
preparado e encaixe no corpo, alinhando a
linha que fez no tecido com o eixo central das
costas e alfinete. Depois, marque, com uso de
uma caneta, onde as linhas de pescoço busto
e cintura passam, e opcional entre cavas.
2. Retire o tecido do busto e, na mesa, retrace a
esquadra, muito bem, de todas as linhas marca-
das. Após isso, devolva o tecido no manequim.
Comece a fazer uma trava de alfinetes pela in-
terseção do eixo central com a linha do busto e,
em seguida, alfinete essa linha até o final.
3. Em seguida, alfinete o decote das costas. Para
facilitar a acomodação do tecido, recomendo
fazer pequenos piques de cima para baixo.
4. No ombro, muitas vezes, quando estamos
moldando as costas, ocorre sobra de tecido
na cava, sendo necessário formar uma pen-
ce de omoplata. Normalmente este tem mais
ou menos 7 cm de comprimento, partindo do
Figura 6 - Alfinetando a linha de busto
ombro em direção à omoplata, seguindo a li-
Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 58).
nha princesa.

134
DESIGN

5. Agora acomode o tecido indo da linha lateral


da cava até a linha da cintura. Em seguida,
QUARTO PASSO: FINALIZANDO MOLDE
você vai alfinetar o tecido na linha da cintura, SUPERIOR - FRENTE E COSTAS
comece pela interseção dela com a linha late-
ral até chegar na princesa. Para não estragar a Agora que você fez todas as marcações necessárias
pence, o restante dos alfinetes deve ser colo- sobre cada molde, vamos finalizar a parte de moula-
cado indo do eixo central até a linha princesa. ge, desenhando a cava. Divida tudo que você precisa
6. Depois de alfinetar a cintura, você perceberá fazer em etapas, para facilitar a execução, vamos lá:
que sobrou um tecido em cima da linha prin- 1. No busto técnico coloque os dois moldes,
cesa, esse excesso é ajustado com a pence da frente e costas, preso por alfinetes. Para unir
cintura. Essa pence deve iniciar na linha da corretamente os dois moldes do manequim,
cintura, subindo em sentido à linha do busto, dobre as sobras de tecido para dentro das
não podendo traspassá-la. pences, como se fosse uma dobradura, e de-
7. Com a modelagem estabelecida, marque as pois alfinete junto frente e costas, lateral com
linhas de contorno do corpo: pescoço, om- lateral, ombro com ombro.
bro, lateral, cintura e o começo e fim de cada 2. Agora, contorne com tracejado a cava, tanto
pences. na frente quanto nas costas o risco deve sem-
8. Para finalizar o material, corte o excesso de pre começar da linha do ombro, sendo que
tecido deixando apenas 2 cm de sobra. a frente é mais cavada em relação às costas,
conforme a ilustração a seguir.
3. Coloque uma fita ao redor da cintura e trace
novamente esta linha para acertá-la, para co-
locá-la realmente no lugar certo.

Figura 7 - Alfinetando a linha de busto


Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 60).

135


Figura 8 - Alfinetando a linha de busto


Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 61).

4. Agora que todas as linhas estão marcadas, é


SAIBA MAIS
possível retirar os tecidos do busto e, na mesa,
traçar linhas contínuas por cima do traçado
anterior. Não esquecendo de acrescentar uma Você pode utilizar a mão como apoio para
margem de costura de 1 cm a toda a volta do fazer o desenho da cava, não esquecendo
molde. que o dedo polegar deve estar voltado para
a parte frente do corpo.
5. Depois de cortar, encaixe novamente a peça
das costas e depois da frente, para observar a Fonte: Grave (2010, p. 44).
vestibilidade da peça moldada.

E, assim, terminamos o molde base superior. Em-


bora pareça ser um processo, primário e fácil, você
deve executar todos as etapas do processo de mode-
lagem para desenvolver um produto planejado.

136
DESIGN

Variações de Pences e
Seus Efeitos na
Construção de Produtos
Agora que você já sabe produzir um molde base da principalmente em tecido plano, ou seja, as pences até
parte superior, vamos desenvolver modelos distintos, podem ser transportadas, mas jamais eliminadas.
transpondo a pence de posição. Isso quer dizer que não Vamos começar entendendo como fechar a pen-
há como eliminá-la, principalmente em tecidos planos, ce de um local da peça para abrir em outro. Para fa-
da peça. O máximo possível é mudar de local, pois são zer isso, os principais meios utilizados é por recorte,
elas, as pences, que dão tridimensionalidade ao tecido, franzido e pregas.

137


Figura 9 - Roupa com recorte princesa partindo da cava


Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 86).

138
DESIGN

RECORTE VERTICAL NA LINHA


PRINCESA SAINDO DA CAVA

Para desenvolver os moldes das costas, o processo de


execução é o mesmo que o da frente, a diferença é que
não tem o volume do busto. E esse recorte não precisa
ser na mesma altura do recorte frente (na cava).
Esse tipo de recorte poderá ser feito como recor-
te vertical na linha princesa ou também saindo do
meio do ombro.
1. Inicie pegando o manequim e marque com a
fita onde ficará o recorte. Nesse caso ele fica-
rá entre a cava, passando pela linha princesa,
indo em direção à cintura.
2. Prepare dois tecidos, marcando a linha cen-
tral de eixo e linha de busto, pois essas linhas
servirão como apoio para esquadrar o tecido
ao corpo. Lembrando que tem que sobrar uns
5cm acima da linha do ombro.
3. Molde o corpo conforme o modelo base su-
perior, indo do centro do corpo até o recorte
desejado.
4. Após isso, desenhe as linhas do corpo, inclusi-
ve a do recorte. Não esqueça de marcar o pon-
to de encontro da linha princesa e a linha de
busto, para, posteriormente, colocar o pique
de orientação de costura.
5. Recomendo que recorte as sobras de tecido
para facilitar a modelagem do recorte lateral,
tanto na frente como nas costas.
6. Para que possa moldar este recorte lateral do
corpo, é muito importante posicionar a linha
central do tecido mais ou menos no centro, en-
tre a linha lateral e linha princesa. Esse cuida-
do é para que o fio de urdume do tecido fique
perfeitamente paralelo ao eixo central do cor-
po, ou seja, uma linha vertical.
7. Para sua visualização, una as partes e deixe a
margem de costura para fora, tanto do centro
como da lateral. Depois, se houver necessida-
de, faça ajustes para possíveis defeitos na mou-
lage e recorte as sobras de tecido.
139


Figura 10 - Alfinetando a linha de busto


Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 88).

Figura 11 - Alfinetando a linha de busto


Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 88).

140
DESIGN

8. Retire o molde do manequim e leve os


tecidos para a mesa, desmonte a peça
e trace linhas contínuas, contornando
a forma com curvas ou retas.
9. Agora procure identificar as partes
dos moldes, na parte frente e costas e
nome dos recortes. Dê pique de orien-
tação no encontro das linhas de busto.
10. Monte novamente a peça com alfinetes
ainda fora do busto, como se tivesse
costurando e, depois, vista a peça no
busto técnico para que possa verificar
a vestibilidade.

Este aqui é um dos tipos de transposição de


Figura 12 - Alfinetando a linha de busto
pence que é possível de ser feito.
Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 89).

Figura 13 - Alfinetando a linha de busto


Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 89).

141


MODELO NA CINTURA E PENCE NA


LATERAL ALTURA DO BUSTO

Para desenvolver esse tipo de transferência


2. Você pode mudar a pence do busto para a al-
das pences, você desenvolverá a mesma téc- tura que desejar, isso dependerá do modelo
nica da moulage da base superior, mudando da peça, a única regra é que deve fechar a 2
apenas a posição da pence fundamental de cm do ápice do busto.
busto. 3. Após essa etapa de marcação, retire o tecido
1. Você deve iniciar a técnica de modelagem tri- do busto e, na mesa, reforce as linhas limitan-
dimensional como se fosse produzir a mou- do bem o contorno de cada peça e colocando
lage da frente da uma base superior. A única 1 cm de margem para costura e corte.
alteração é que, no momento de fazer a pence 4. A modelagem das costas desse modelo iden-
fundamental, em vez de ser na linha princesa, tifica a base superior.
é na linha lateral.

Figura 14 - Molde com pence na cintura e na lateral


Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 94).

142
DESIGN

Figura 15 - Pences de cintura e de busto moldadas


Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 94).

Centro da frente do corpo


Centro da frente do corpo

Centro da frente do corpo

Figura 16 - Alfinetando a linha de busto


Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 94).

143


MODELO DE BLUSA COM FRANZIDO NO


DECOTE E PALA

A modelagem começa igual a da base superior. O do o tecido indo da linha lateral do corpo em
que muda é que, na etapa das pences, em vez de fazer sentido ao ombro.
busto e cintura, o volume adicional é todo transferi- 3. Você perceberá que a sobra de tecido da pen-
ce da cintura se unificará à pence do busto.
do para o decote, ou seja, o molde final dessa peça
Depois disso, continue acomodando todo o
não tem pences. Vamos às etapas de construção do tecido acumulando a sobra no decote.
molde:
4. Distribua o tecido no decote, frente do cor-
1. Para fazer a parte da frente, posicione o teci- po, e vá alfinetando para que este não saia do
do no centro do corpo e comece a moldar a lugar.
peça, assim como faz no modelo base.
5. Nas costas, faça o mesmo processo, transfe-
2. Agora, quando modelar as pences, ao invés rindo todo o excesso de tecido das pences
de unir na linha princesa, transfira toda a so- para o decote, para ficar firme vá alfinetando
bra de tecido da linha da cintura, acomodan- o molde.

Figura 17 - Alfinetando a linha de busto


Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 100).

144
DESIGN

6. Conforme for moldando e dobrando as so-


8. Para moldar a pala ou gola anatômica, corte
bras de tecidos e costurando com alfinetes, dê
dois retângulos de tecidos com 10 cm altu-
a forma como aparenta estar pronta. E, para
ra, por 20 cm de comprimento. Lembrando
desenhar o modelo, pegue uma fita com mais
que o sentido do fio de urdume deve ser no
ou menos 1 cm de largura e vá prendendo em
comprimento do tecido e estar paralelo à
cima da peça moldada, fazendo o desenho do
ourela.
modelo. Não esqueça de desenhar a pala em
9. Molde à pala, frente e costas deve ser feito
volta do pescoço. Sugiro fazê-la com 3 cm de
separadamente utilizando o tecido. Lem-
largura, lembrando que ela vai ficar em outro
brando sempre de começar a moldar pelos
tecido.
eixos centrais do corpo, depois é que vai
7. Na finalização da moulage, corte as sobras de
contornando, contornando o pescoço, con-
tecidos em volta da cava e forme o decote na
forme desenho da pala.
parte.

Figura 18 - Transposição das pences para o decote


Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 102).

145


10. Acomode o tecido na volta do pescoço, dan- A partir dessa modelagem finalizada, você poderá
do piques e prendendo com alfinetes. Dese- fazer outros modelos, com pala, sem pala, com cava
nhe a forma da pala, deixando a largura da normal etc.
mesma com 3 cm.
Foram apenas alguns modos de mudar a pence
11. Retire o tecido da pala do corpo e, na mesa,
de posição que eu apresentei. É bom lembrar que
retrace as marcações de moldagem. Acres-
você pode e deve ter liberdade de criar outros mo-
cente 1 cm de margem de costura e corte o
excesso de tecido. delos, dessa forma estudando as possibilidades de
12. Com os alfinetes, costure os moldes no de- mudança.
cote e vista a peça no boneco para analisar a
vestibilidade.

Figura 19 - Gola ou pala com o tecido moldado na volta do pescoço


Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 102).

146
DESIGN

Figura 20 - Alfinetando a linha de busto


Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 102).

Com a técnica de moulage, o talento artístico está


em conseguir uma forma agradável com o mínimo
de corte e artifícios.
Fonte: adaptado de Jones (2005, p. 150).

147


Tipos de Golas,
Mangas e Decotes
Agora que você conhece como produzir a maior parte da modelagem do tron-
co, vamos tratar dos detalhes e complementos que enriquecem uma peça de
vestuário. Nas peças superiores, pensando em modelos, posso dizer que existe
uma diversidade imensa de golas, decotes e mangas que podem ser aplicadas
de forma distinta. Apresento primeiramente alguns modelos de gola e decotes.

148
DESIGN

GOLAS

Quando falamos de gola, a primeira coisa que você E, segundo Aldrich (2014), os termos utilizados para
precisa ter em mente é que ela não tem lugar ou for- definir os elementos que constroem uma gola são:
ma específica. Podendo estar junto ou mais afastada • Linha de estilo: borda externa da gola ou da
do pescoço, ser arredondada, reta, franzida, bicuda, lapela.
drapeada e fluindo em qualquer direção. Conforme • Pontos de dobra: as linhas nas quais a gola
Duarte (2010), a gola é a parte da roupa que circun- dobra, formando a lapela da frente ou das
costas.
da o pescoço e o colo, emoldurando o rosto e ofere-
• Pé de gola: altura do decote na dobra da linha
cendo grandes oportunidades de criação.
da gola.
Este detalhe é moldado e costurado no pesco-
• Dobra da gola: profundidade da gola do pon-
ço da peça, de uma maneira que beneficia a diver-
to de dobra até a linha de estilo, conforme Fi-
sificação, pois possibilita uma infinidade de tipos. gura 21.

PÉ DE GOLA

PONTO DE DOBRA
DOBRA DA GOLA
DECOTE

LINHA DE ESTILO
PONTO DE DOBRA

PONTO DE DOBRA

LINHA CENTRAL
CARCELA

Figura 21 - Termos de construção das golas


Fonte: Aldrich et al. (2014, p. 74).

149


Variações de golas

Existem inúmeros tipos de modelos de golas, é im-


portante que você estude e pesquise sobre vários
deles. A cada nova coleção, as golas, normalmente,
sofrem variações com relação aos tamanhos e for-
mas, entretanto mantêm sempre a mesma estrutura.
Utilizando a divisão de Aldrich (2014, p. 74), po-
demos classificar as golas em quatro grupos básicos:
• Golas flat: têm como características per-
manecerem planas (ou quase) ao redor dos
ombros. Exemplo: gola Peter Pan, gola Ma-
rinheiro etc.
• Golas levantadas (alta): permanecem em pé
ao redor do pescoço e possuem uma dobra de
gola. Exemplo: gola colarinho de camisa, gola
esporte, gola militar e chinesa etc.
• Gola inteira: são modeladas junto às partes
do corpo da frente e das costas. Exemplo:
gola Smoking, gola xale.
• Golas simples com lapelas: separam gola e
lapela. Exemplo: gola tradicional de Blazer,
gola feminina tradicional etc.

SAIBA MAIS

A técnica do drapeado é a de manipular


o tecido com dobras ou rodados, com
objetivo de desenvolver espaços ou moldes
para construir ou fazer o design da peça de
roupa.

Fonte: Duburg e Vandertol (2012, p. 150).

Figura 22 - Exemplo de gola Peter Pan

150
DESIGN

Figura 23 - Exemplos de gola chinesa Figura 24 - Exemplos de Colarinho

151


Figura 25 - Exemplos de Gola xale Figura 26 - Exemplo de gola Simples ou com lapela

152
DESIGN

MODELANDO UMA GOLA ESPORTE

Assim como na modelagem base da parte su-


perior, vou apresentar o passo a passo de como
desenvolver o molde. Escolhi uma a gola espor-
te por ser de simples aplicação e muito utilizada.
Esse modelo é muito parecido com o colarinho,
só não tem pé de gola e, por isso, acaba levanta-
da. Dobrando ao redor do pescoço, uma outra
característica dessa gola é que quando estiver
desabotoada ela fica com lapela.

Figura 27 - Exemplo de gola esporte


Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 124).

153


Vamos lá, o ideal é que na modelagem da gola você


faça o molde com um afastamento do decote origi-
nal, principalmente na região do ombro, para que
não fique apertada. Nos tecidos leves, basta que afas-
te 0,5 cm, e para tecidos mais encorpados, até 1 cm.
Com isso claro, divida o processo de modelagem em
algumas estampas para ajudar a sua prática.

Preparação do tecido

Primeiro afaste 1 cm na direção da linha do ombro e


no eixo centro frente, meça o valor do decote. Procu-
re cortar um retângulo em que aparece toda a exten-
são do decote mais 8 cm para modelo e costura, pela
Figura 28 - Colocação do tecido no decote costas.
altura desejada. Dobre ao meio no sentido do urdu- Fonte: Duburg e Van Der Tol (2012, p. 109).
me e trace uma reta, e faça um tracejado. Este servirá
para que possa posicionar no centro das costas.

Moldando a gola

Para que analise a interação da gola com a peça, é


importante que a parte superior esteja alfinetada no
busto. Em seguida, pegue o tecido preparado para a
gola e posicione, faça um alinhamento à linha trace-
jada dele com o eixo central das costas, procurando
deixar 1 cm de tecido para baixo, assim como na Fi-
gura 28.
Continue colocando o tecido, contornando o
pescoço. E, para acomodar melhor, procure fazer al-
guns piques (cortes) no tecido.
Com as costas prontas, termine de alfinetar o te-
cido na linha do pescoço, dando a forma da gola,
conforme Figura 29.
Figura 29a - Contornando o pescoço
Fonte: Duburg e Van Der Tol (2012, p. 109).

154
DESIGN

Meça no eixo central costas 4 cm da linha de decote


para o pé de gola, em direção à cabeça, alfinete nesse
ponto, e dobra o restante que sobrou de tecido, ago-
ra molde o restante da gola.
A gola ficou pronta, basta adicionar costura e
cortar, lembrando que é preciso cortar 2 vezes no
tecido, pois ela tem o lado interno e externo. Não se
esqueça de fazer as marcações do contorno do deco-
te para o decote da gola.
Esse foi apenas um exemplo de gola, existem
vários com aplicações e materiais distintos. É im-
portante que você pesquise em materiais comple-
mentares, como a indicação no final da unidade
para propostas distintas. Muitas vezes, apenas com
Figura 29b - Colocação do tecido na parte lateral e centro frente do pescoço. as mudanças da gola você pode proporcionar efei-
Fonte: Duburg e Van Der Tol (2012, p. 108). tos diferentes em suas peças. O ideal é que procure
sempre novos modelos e tipos de golas para que suas
produções fiquem bem diferentes. Não me canso de
repetir que a pesquisa é primordial, junte-se aos li-
vros, pois quanto mais informações e conhecimen-
tos você tiver, independente do assunto, mais serão
seus insights criativos e mais fácil será a aplicação
prática. Vamos agora às mangas.

REFLITA

As golas podem até não ser o principal de-


talhe de uma roupa, mas são elas que dão
um charme todo especial à produção.

Figura 30 - Gola sport moldada.


Fonte: Duburg e Van Der Tol (2012, p. 108).

155


MANGAS

Caro(a) aluno(a), agora vamos estudar sobre a man-


ga, uma das partes que mais apresenta defeito em
uma peça. Qualquer tipo de manga, além de servir
como proteção e graciosidade, é responsável por dar
acabamentos na cava de qualquer peça de vestidos
ou blusas, por isso é importante que nesta etapa
tome alguns cuidados. Complementando, Smith
(2013, p. 189) fala que as mangas são de tamanhos e
formas variadas, e constituem uma parte importan-
te da composição de uma peça. Sendo essencial que
fiquem encaixadas nos ombros de forma adequada
e sem rugas. Em vários modelos, o acabamento da
extremidade inferior é feito com uma borda deco-
rativa ou revel.
A Figura 32 demonstra todas as informações re-
ferentes ao caimento ideal de uma manga.

Variações de mangas

Como nas golas, a variedade de modelos de manga


é imensa. A maioria é com a modelagem separada,
sendo costurada posteriormente na cava da peça,
mas também temos as que são executadas direta-
mente do corpo da blusa, como são as mangas japo-
nesas e morcegos.
O modelo simples de mangas pode ser ligeira-
mente arredondado ou com franzido na cabeça da
manga, parte que une no ombro, favorecendo ou não
a formação de volume. No comprimento, a manga
simples é classificada em: curta, ¾, 7/8, longa, mas
em alguns modelos existe variação de comprimento.
Agora quanto à largura, existem também muitas va-
riações, por exemplo, uma manga simples pode ser
larga/apertada na cabeça da manga, como também
larga/apertada no cotovelo e no punho.

156
DESIGN

Figura 31 - Indicações para o caimento perfeito de uma manga


Fonte: Seleções (2009, p. 215).

157


GUIA DE MANGAS

MANGA ENCAIXADA (CURTA) MANGA ENCAIXADA (LONGA) MANGA DE ABA

MANGA DOLMÃ MANGA BUFANTE

Figura 32 - Alguns tipos de mangas


Fonte: Smith (2012, p. 190).

158
DESIGN

Modelando uma Manga

Antes de modelar uma manga simples, você precisa


que seu busto técnico esteja com o braço instalado,
além de alfinetar o molde superior com cava ade-
quada para qual manga deseja inserir. Com o am-
biente pronto, posso agora explicar o passos a passo
para produzir um molde básico de manga.

Preparando o tecido

Para preparar o tecido, começamos definindo seu


tamanho. Como nos outros moldes, o comprimento
deve ser no sentido do urdume e o tamanho é a dis-
tância do encontro do ombro até onde você deseja o
punho, adicionando 5 cm para barra e costura. Já a
largura mínima é o contorno do braço na região do
bíceps mais 9cm. E, para encaixe do tecido, desenhe
o fio do eixo central da manga e desenhe uma linha
reta contrária ao fio, com valor de 18 cm para a altu-
ra da cabeça. Depois, desenhe outra linha contrária
ao fio na altura do cotovelo, conforme você pode ob-
servar na Figura 33.
Figura 33 - Marcação das linhas de construção no tecido.
Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 138).

159


Moldando a Manga

Com o tecido preparado, posicione ele no ponto formando um círculo. E, para ajudar na vestibilida-
mais alto do braço, verificando se o fio reto ficou de na altura do bíceps, faça duas pregas com mais ou
bem vertical, ou seja, perpendicular ao chão. Obser- menos 1 cm, uma para cada lado da linha de centro,
ve se a altura da cabeça da manga ficou na região das conforme mostra a Figura 354.
axilas. Veja na Figura 34. Comece a alfinetar o tecido ao busto na altura do
Em seguida, faça uma marcação nos dois lados ombro e vá contornando a parte mais alta do braço,
da linha central com a medida de 18 cm - total 36 distribuindo o tecido na cabeça da manga com uma
cm - e faça, também, uma marcação na altura do co- forma de embebimento, ou seja, como se estivesse
tovelo com 14,5 cm – total 29 cm. Prenda essas duas franzindo o tecido, sem fazer pregas, assim como
marcações com alfinetes nos pontos do cotovelo, mostra a Figura 36 a seguir.

Figura 34 - Posição do tecido no braço Figura 35 - Acrescentando folga na circunferência no bíceps da manga
Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 138). Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 138).

160
DESIGN

Figura 36 - Executando o embebimento (franzido) na cabeça da manga


Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 138).

SAIBA MAIS

Embeber significa que, quando você for encaixar as mangas no corpo, podem ser feitas duas costu-
ras com pontos mais frouxos e largos, numa distância de 1 cm, puxando as duas linhas, formando o
ajuste dos tecidos de corpo com a cava.

Fonte: adaptado de Smith (2012, p. 191).

161


Para acomodar o tecido na região da curva na la- Finalize essa etapa prendendo as marcações na
teral do braço e da axila, dê pequenos piques, toman- altura do bíceps, até formar um círculo em volta do
do muito cuidado para que o corte não fique muito braço e junte toda a lateral com alfinetes, formando
perto da cabeça da manga, assim como na Figura 38. o corpo da manga.

Figura 37 - Cava da manga moldada


Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 139).

Marcando o contorno da manga

Agora vamos dar mais forma final a nossa manga. É importante que, quando for conferir outro
Com um lápis copie o contorno da cava, em seguida encaixe, é recomendado que, na circunferência da
faça uma linha pontilhada, partindo do pulso, que cava da manga, fique sobrando entre 1 a 2 cm para o
passe pelo cotovelo até axila. embebimento da cava, esta pequena folga serve para
Feito isso, retire o tecido do braço e retrace com proporcionar um bom caimento e permite movi-
linhas contínuas. Marcando os valores de margem mento ao braço.
de costura e valor da barra, corte as sobras de te- Finalize montando seu molde e costurando com
cidos e costure com alfinetes, montando a manga. alfinetinhos o resto do molde, para analisar o cai-
Em seguida, prove-a e verifique se a cava da manga mento e verificar possíveis defeitos. Faça tudo com
encaixou bem na peça do corpo. muita atenção e procure solucionar com tranquili-
dade qualquer imperfeição.

162
DESIGN

DECOTES

O corte que contorna em volta do pescoço, podendo


ser rente ou afastado do pescoço, é conhecido como
decote. Assim como as mangas e golas existe inúme-
ros modelos, cada um com valor distinto.
Desenvolver um decote é uma tarefa bem inte-
ressante, não tem muita diferença no passo a passo,
o que muda em questão é a forma, profundidade e
largura da abertura. Por isso vou apresentar um pas-
so a passo genérico e, posteriormente, os modelos
de decote mais comuns.

PREPARO

Como o decote é um recorte do molde superior, para


aplicá-lo você precisa ter a peça superior já modela-
da. Para a nossa explicação ficar mais clara, farei em
uma peça básica superior.
Então, nesta etapa, você precisa modelar uma
peça superior. Faça com atenção e, se for necessá-
rio, retorne aos estudos do começo desta unidade,
fazendo sua base com precisão.
Figura 38 - Cava da manga moldada.
Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 145)

SAIBA MAIS

Você também pode criar modelos de decotes com moulage, alfinetando a fita sobre o molde básico
no corpo. Procure desenhar os modelos de decotes com fita, é uma maneira de explorar as nuances
do design e retratar os detalhes.

Fonte: adaptado Abling e Maggio (2014, p. 107).

163


Centro da Linha do Recorte Linha do


frente ombro princesa busto
Desenho
plano finalizado

Decote Cava Costura lateral Pence Acabamento


Figura 39 - Estrutura dos decotes
Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 110).

Definindo o Decote Modelos: Decote “V”

Em seu molde básico (frente e costa), no corpo,


marque com uma fita e alfinetinho o formato que
deseja do decote. Em alguns modelos de roupas ou
por exigência do corpo, você terá que fazer algumas
pences no ombro costas (omoplata), isso vai ajudar
muito em caso da técnica de moulage de casacos,
pois possibilitam a questão da mobilidade.

Traçando o contorno

Agora que você já definiu o decote com uma fita,


retire os moldes do busto técnico, mantendo cos-
turados a frente das costas com alfinetes no ombro.
Leve sua peça para mesa e, assim como fizemos nos
outros moldes, retrace o decote utilizando a régua
de alfaiate.
São etapas bem simples para a confecção do de-
cote. Irei, agora, apresentar os decotes mais comuns Figura 40 - Decote “V” no corpo, marcado com fitas
e indicações de medidas. Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 111).

164
DESIGN

A principal característica desse decote é ter o centro Modelos: Decote Redondo


da frente rebaixado, desenhando um V no busto. E o
valor de rebaixamento, tamanho do “V”, é conforme Esse decote é todo afastado do pescoço, sendo bai-
a criação pré-estabelecida ou estabelecida no mo- xo no centro da frente e das costas. Geralmente o
mento da execução. Porém, segundo Abling e Mag- ombro fica mais estreito, devido ao afastamento da
gio (2014, p. 110), é sugerido seguir estas medidas: linha do pescoço.
rebaixar 1 cm no decote, 15,5 cm no centro da frente
e 1,5 cm no ombro, conforme você pode observar
na Figura 41:

CO
STA
S

1cm

1,5cm

15cm

FRENTE

Figura 41 - Afastando o decote do pescoço e formando o decote “V”


Fonte: acervo a autora.

Figura 42 - Modelo do decote redondo, desenho decote frente, desenho decote costas.
Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 112-113).

165


Figura 43 - Desenhando a forma do decote


Fonte: acervo da autora.

Modelos: Decote quadrado

Esse modelo é bem mais afastado do pescoço no


ombro forma uma alça. O centro da frente e das cos-
tas desenhe na forma quadrada, caso queira os can-
tos arredondados, retire em curva o canto do decote.

Figura 44 - Modelo do decote canoa, desenho decote frente, desenho decote costas.
Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 114-115).

166
DESIGN

Figura 45 - Desenhando a forma do decote


Fonte: acervo da autora.

Decote canoa

Esse decote é afastado no encontro do pescoço com


o ombro, e essa abertura pode chegar até a linha do
ombro. Para executar esse decote, observe o quanto
quer abrir no ombro e abaixar até o busto. Ela tem
Figura 46 - Modelo do decote canoa, desenho decote frente, desenho
que ser executada com muito cuidado e atenção, decote costas.
procure se basear nas informações da figura 46. Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 116-117).

167


CO CO CO CO
ST ST ST ST
AS AS AS AS

4cm 4cm

4cm 4cm

FRENTE
FRENTE FRENTE
FRENTE

Figura 47 - Sugestão de medidas e decote cortado


Fonte: acervo da autora.

168
DESIGN

Processo de Acabamentos
(Limpeza) para Parte
Superior do Corpo
Embora pareça um assunto repetido, aqui propor- Em se tratando da parte superior do corpo, o
cionarei algo diferente no sentido de limpeza e aca- acabamento ou limpeza é necessário para estética,
bamento. Como acabamentos em revel ou guarnição durabilidade, além disso, temos que nos preocupar
nos decotes ou cavas. Também conhecerá a técnica com o abotoamento para garantir vestibilidade à
de entretelar uma peça, para proporcionar estrutura. peça.

169


ACABAMENTO POR GUARNIÇÃO


(REVEL OU LIMPEZA)

Vamos iniciar pela guarnição, composto por revel Normalmente esse tipo de revel é costurado no
ou limpeza no decote e cavas. Cada região ou biblio- interior da peça, não aparecendo no lado de fora,
grafia acaba utilizando uma nomenclatura diferente, entretanto pode ocorrer que alguns modelos requer
mas todas têm o mesmo significado. Aqui em nos- que esses revéis fiquem aparentes como efeito deco-
sos estudos definiremos como guarnições de revel. rativo. Sendo que esse tipo de acabamentos pode ser
Segundo Smith (2012, p. 170), esta é a maneira mais moldado em partes ou inteiro.
simples de acabamento em decote ou à cava de uma • Revel moldado inteiro: são reproduções das
peça de roupa, independente da forma. O proces- partes do molde. Embora o molde tenha cos-
so de execução deste revel para limpeza é o mesmo, tura nos ombros, o revel é uma única peça,
costurado parte frente e costas. Caso deseje,
bastando desenhar o contorno do pescoço e/ou do
pode fazer o acabamento através de forros. A
contorno do braço nos moldes, tanto frente como figura 48 mostra o revel que cobre o ombro
costas, em seguida faz-se uma paralela. Copie este inteiro, ou seja, faz-se uma cópia da parte su-
contorno para outro tecido ou papel, reproduzindo perior do corpo, englobando o decote, cava e
a forma anatômica. centro, conforme figura 48:

C. C. C.
C. C. F.
C.
F.
C. C.
C. F.

Figura 48 - Exemplo revel, guarnição ou limpeza moldado inteiro


Fonte: Heinrich (2005, p. 151).

170
DESIGN

C.
C.
C.
F.

Figura 49 - Exemplo revel, guarnição ou limpeza moldado por partes


Fonte: Heinrich (2005, p. 151).

• Revel moldadas por partes: são extraídas, ge-


roupa for aberta na frente (um casaco), o revel de
ralmente, do decote e da cava separadamen-
te. Para facilitar o processo de cópia do re- cava é de fio reto e fica paralelo ao centro da frente
vel, aconselho que os moldes já estejam com ou das costas.
margem de costura, pois este já fica pronto no Uma possibilidade de model é extrair os moldes
momento da extração. da cava e do decote unidos no ombro, ficando uma
peça única. Essa forma de acabamento utiliza mais
Segundo Heinrich (2005), o fio reto da vista do de- tecido, pois fica com bastante curvas e dificulta o en-
cote será o mesmo do molde no centro costas. Se a caixe dos moldes no tecido.

171


C
C. .

C.
F.

Figura 50 - Exemplo de revel unidos no ombro


Fonte: Heinrich (2005, p. 151).

Entretanto, esse sistema de acabamento proporciona Os dois modelos de revel, no quesito qualidade,
à peça velocidade na execução, por ter menos costu- fazem o acabamento das peças de forma funcional,
ras e no sentido da produção da mesma, diminuin- eficiente e esteticamente agradável, basta que tenha
do a quantidade de operações na execução. o tecido suficiente para aplicação escolhida.

172
DESIGN

Caro aluno(a), acessando o vídeo você vai aprender ACABAMENTO ATRAVÉS DE


uma das maneiras de fazer acabamento em cavas e ABOTOAMENTO COM TRANSPASSE
decotes. Acesse com o QR Code abaixo e confira!
Não podemos falar de golas sem nos preocupar
com vestibilidade. Para isso, nós precisamos inserir
abertura finalizando com zíper e botões. Lembran-
do que, no último caso, você precisa inserir o trans-
passe, um acréscimo de tecido que permite colocar
botões e os caseados da peça, possibilitando vestir e
despir a peça.
O tamanho do transpasse, segundo Duarte
(2012, p. 53), deve levar em referência o tamanho do
botão. Por exemplo, para um botão nº 14, o trans-
passe é de 1,4 cm e aumenta o dobro para cada lado
da peça, ou seja, aumenta 1,4 cm no lado direito e no
esquerdo da peça.
Outro fator importante, influenciado pelo tama-
nho do botão, é o caseado ou casinha. Uma abertura
feita no transpasse para passar o botão. Temos as ca-
sinhas em formato reto, em formato de olho aberto
e com tecido.
Dobra

Dobra

Dobra

Dobra
C.F.

C.F.

C.F.

C.F.
O dobro O
dadobro da
Lado do LadoOdo
dobro O
dadobro da Medida do
MedidaLado
do do Lado do
Transpasse
Transpasse
Medida do
Medida do Transpasse
Transpasse Transpasse
Transpasse
FemininoFeminino
Transpasse
Transpasse Masculino
Masculino
Figura 51 - Exemplo de transpasse na peça
Fonte: Duarte (2012, p. 53).

173


Caseado em formato reto

Caseado em formato aberto e fechado

Caseado tecido

Figura 52 - Forma de caseados


Fonte: Duarte (2012, p. 53).

Em peças masculinas, o transpasse sobre o corpo Já o transpasse feminino deve ser voltado para o
deve ser voltado para o lado direito. lado esquerdo.

Figura 53 - Transpasse masculino Figura 54 - Transpasse feminino

174
DESIGN

ACABAMENTOS NO PUNHO DAS POSSIBILIDADES DE ACABAMENTO DO


MANGAS PUNHO DA MANGA

Quando for desenvolver o acabamento das mangas, A diversidade de possibilidades é imensa, assim,
é preciso levar em consideração o modelo da peça apresentarei algumas delas:
que irá produzir. Algumas peças têm acabamentos
mais justos, enquanto outras precisam de algo mais
largo, além disso, muitos acabamentos nas mangas
são decorativos.

Pode-se acrescentar
uma tira de viés,
reforçada, podendo
ser da largura que
desejar.

Figura 55 - Manga com acabamento em viés

175


Pode-se fazer com


uma borda de
elástico, ajustando a
manga ao punho da
pessoa. Pode-se fazer, tam-
bém, algumas tiras
em formato de ba-
bados, podendo ser
franzidos ou não.

Figura 56 - Manga com acabamento com elástico na borda do punho Figura 57 - Manga com acabamento com tiras de babados

176
DESIGN

Acabamento por punhos,


como no caso das camisas.
Punho é um pedaço de
Borda com bainhas, tecido colocado além do
ou seja, com barra. comprimento da manga,
Esse acabamento é podendo ser largo ou es-
o mais utilizado nas treito, dependendo muito
mangas, e é o mais do modelo desejado.
simples e fácil de
fazer.

Figura 58 - Manga com acabamento com barra Figura 59 - Manga com acabamento com punho

177


Acabamentos e bordas da barra da manga devem ser


feitos de acordo com o modelo desejado e o tipo de
tecido escolhido. Mas qualquer opção de escolha,
sendo aplicado com precisão, ficará com ótima qua-
lidade.

Considerações Finais
Caro(a) aluno(a), nesta unidade foi abordada a téc- detalhes como golas e mangas ou até adequando o
nica de moldar bases de blusas e também as varia- decote ou criando efeitos com técnicas de acaba-
ções de modelos mais comum, orientando e condu- mento e limpeza.
zindo todos os passos que você deve transpor, indo Como você pode ter percebido, durante toda a
da preparação do tecido de modelagem até a sua unidade, tudo que foi apresentado é muito introdu-
peça acabada. tório. As possibilidades de modelos e acabamentos
Por agora você conheceu todos os passos da mo- possíveis com a modelagem tridimensional são inú-
delagem de uma peça superior, podendo, com tran- meras. Inclusive saliento que esta unidade pode ter
quilidade, aplicar o que aprendeu e, no processo de ser vista por várias perspectivas, levando em consi-
praticar, pensar em novas possibilidades, de trans- deração que o estudo vem para cobrir o seu objetivo
posição de pences ou, até mesmo, organizar o tecido formal de ensino, e também serve para dar recursos
com recortes ao corpo, possibilitando a formação de de técnicas e capacidades de execução.
outros modelos. Por fim, tenho certeza de que os conhecimen-
Perceba como foi promissor o conhecimento tos aqui contribuirão na sua vida profissional, seja
que você teve nesta unidade. Agora você tem base no momento da execução da técnica ou mesmo na
sobre a modelagem tridimensional e isso aumenta compreensão de possibilidades. Acredito que, por
sua percepção de viabilidade de modelos. Assim, meio da interpretação dos modelos, você aperfeiço-
quando for criar uma peça ou até mesmo uma co- ará seu olhar, especialmente em projetos de constru-
leção, muito mais do que inovar, você agora tem co- ção de moldes e transformação de modelos sobre a
nhecimento para desenvolver peças distintas. Além técnica tridimensional, apropriando-se das propor-
disso, a unidade também apresentou para você for- ções da forma do corpo para torná-lo atraente.
mas de fazer grandes diferenciais na peça, mudando

178
LEITURA
COMPLEMENTAR

Uma roupa pode ser acabada com debruns, viéses ou (em roupas sem mangas), aberturas frontais e traseiras
corte a fio. A estética e o toque do acabamento podem ou em bainhas. Em geral, a limpeza é cortada no mesmo
fazer da roupa uma obra-prima ou acabar com a peça. tecido da roupa e aplicada com entretela; contudo, tam-
É sempre necessário ter um bom conhecimento sobre bém pode ser feita em um tecido ou cor contrastante à
fechamento, forros, comportamento de tecidos, técnicas peça.
para tecidos específicos. Alguns estilistas criaram seus Fechamento são itens funcionais que mantêm a roupa
próprios acabamentos para dar uma aparência exclusiva fechada. Eles podem ser ocultos ou transformados em
às criações. A Levi`s, por exemplo, utiliza as costuras nos um detalhe na roupa. Há uma grande variedade, de bo-
botões traseiros como marca registrada. tões, metais de pressão, velcro e botões magnéticos até
A limpeza é utilizada para fazer o acabamento das bor- fivelas, colchetes e zíperes. A escolha do fechamento
das de uma roupa. É mais usada quando as bordas são influenciará diretamente no design de uma peça. Evite
desenhadas, com o decote. A limpeza é cortada com o decidir pela primeira ideia e pesquise o que o mercado
mesmo formato da linha que se quer acabar e, então, é tem para oferecer.
costurada a dobra para o lado interno da peça. Apare-
cem com mais frequência em áreas como decotes, cavas Fonte: Fischer A. (2010).

179
atividades de estudo

1. Quando falamos de gola, a primeira coisa que você precisa ter em mente é que ela não tem lugar
ou forma específica e pode ser colocada junto ou afastada do pescoço, podendo ser arredondada,
reta, franzida, bicuda, drapeada e fluir em qualquer direção (DUARTE, 2010).
Conforme o texto citado, podemos definir os elementos que constroem uma gola, a seguir, analise as afirmações:
I. Linha de estilo: borda externa da gola ou da lapela.
II. Pontos de dobra: as linhas nas quais a gola dobra, formando a lapela da frente ou das costas.
III. Pé de gola: altura do decote na dobra da linha da gola.
IV. Dobra da gola: profundidade da gola do ponto de dobra até a linha de estilo.
É correto que se afirma em:
a. I apenas.
b. II apenas.
c. II e III apenas.
d. III e IV apenas.
e. I, II, III e IV.
2. Existem inúmeros tipos de modelos de golas, a cada nova coleção, as golas, normalmente, sofrem variações
com relação aos tamanhos e às formas, entretanto mantêm sempre a mesma estrutura (ALDRICH, 2014).
Considerando a situação mencionada, podemos classificar as golas em quatro grupos básicos, a seguir,
analise as afirmações:
I. Golas flat gola têm como características permanecerem planas (ou quase) ao redor dos ombros.
II. Golas levantadas (alta) permanecem em pé ao redor do pescoço e possuem uma dobra de Gol.
III. Gola inteira são aquelas modeladas junto às partes do corpo da frente e das costas.
IV. Golas simples com lapelas são aquelas golas que separa a gola e a lapela.
É correto que se afirma em:
a. I, apenas.
b. II, apenas.
c. II e III apenas.
d. III e IV apenas.
e. I, II, III e IV.
3. Quando falamos em mangas, o processo começa alfinetando o tecido ao busto, na altura do om-
bro, e vai contornando a parte mais alta do braço, distribuindo o tecido na cabeça da manga, com
uma forma de embebimento.
Considerando a situação mencionada e os conceitos apresentados, o significa embeber no processo de
modelagem de uma manga, analise, a seguir, as afirmações:
I. Embeber significa pregar o tecido duplo no busto, na altura do ombro, numa distância de 01 cm, pu-
xando as duas linhas, formando o ajuste dos tecidos de corpo com a cava.
II. Embeber significa que, quando você for encaixar as mangas no corpo, podem ser feitas duas costuras
com pontos mais frouxos e largos, numa distância de 01 cm, puxando as duas linhas, formando o ajus-
te dos tecidos de corpo com a cava.
III. Embeber significa pregar a manga com pontos pé de gola no busto na altura do ombro, numa distância
de 01 cm, puxando as duas linhas, formando o ajuste dos tecidos de corpo com a cava.

180
atividades de estudo

É correto que se afirma em:


a. I, apenas.
b. II, apenas.
c. III, apenas.
d. I e II apenas.
e. I, II e III.
4. O Revel e o tipo de acabamento, normalmente, são costurados no interior da peça, não aparecendo
no lado de fora, entretanto pode ocorrer que alguns modelos requerem que esses revéis fiquem
aparentes como efeito decorativo.
Considerando a situação mencionada, como esse tipo de acabamento pode ser moldado em partes ou
inteiro, a seguir, analise as afirmações.
I. Revel moldado inteiro são reproduções das partes do molde, o molde tem costura nos ombros, o revel
é uma única peça, costurado parte frente e costas o acabamento por meio de forros.
II. Revel moldadas por partes são extraídas, geralmente, do decote e da cava, separadamente.
III. Para facilitar o processo de cópia do revel, os moldes já estejam com margem de costura, pois este fica
pronto no momento da extração.
É correto que se afirma em:
a. I, apenas.
b. II, apenas.
c. I e II apenas.
d. II e III apenas.
e. I, II e III.
5. O acabamento das mangas pode ter vários tipos de acabamento, dependendo do modelo da peça.
Algumas peças têm acabamentos mais justos, enquanto outras precisam de algo mais largo, além
disso, muitos acabamentos, nas mangas, são decorativos.
Considerando a situação mencionada, referente ao acabamento das mangas, avalie as afirmações a seguir.
I. O acabamento pode ser uma borda de elástico, ajustando a manga ao punho da pessoa.
II. O acabamento pode ser confeccionado de algumas tiras em formato de babados, podendo ser franzidos ou não.
III. Borda com bainhas, ou seja, com barra, esse acabamento é o mais utilizado nas mangas, e é o mais
simples e fácil de fazer.
IV. Acabamento por punhos, como no caso das camisas, o punho é um pedaço de tecido colocado além
do comprimento da manga, largo ou estreito.
V. Pode-se acrescentar uma tira de viés, reforçada, da largura que desejar.
É correto o que se afirma em:
a. I, apenas.
b. II, apenas.
c. II e III apenas.
d. IV e V apenas.
e. I, II, III, IV e V.

181


Modelagem 3D Para Vestuário: Conceitos e Téc-


nicas de Criação de Peças - Série Eixos
Renata Nogueira Lobo, Érica Thalita Navas Pires Limeira,
Roseane de Nascimento Marques
Editora: Érica
Sinopse: voltado aos profissionais que desejam aprimo-
rar o conhecimento sobre técnicas de moulage (modela-
gem 3D) para o vestuário, o livro traz um breve relato da
história da moulage na indústria têxtil. Explica as etapas
percorridas até a finalização do produto e apresenta os
principais materiais usados para realizá-la. Ensina o pas-
so a passo de como marcar o manequim para desenvol-
ver as peças de roupa e quais os significados das linhas
marcadas. Introduz alguns dos tecidos mais utilizados e demonstra a confecção de decotes,
golas, blusas, vestidos e saias em tecido plano e em malha.
O conteúdo pode ser aplicado para os cursos técnicos em Modelagem de Vestuário, Produ-
ção de Moda, Vestuário, Têxtil, entre outros.

La Belle et La Bête
Ano: 2014
Sinopse: no ano de 1810 um naufrágio leva à falência um co-
merciante (André Dussollier), pai de três filhos e três filhas.
A família se muda para o campo e Bela (Léa Seydoux), a filha
mais jovem, parece ser a única entusiasmada com a vida ru-
ral. Certo dia o pai de Bela arranca uma rosa do jardim de um
palácio encantado e acaba condenado à morte pelo dono do
castelo, um monstro (Vincent Cassel). Para salvar a vida do pai,
Bela vai viver com o estranho ser. Lá ela encontra uma vida cheia de luxo, magia e tristeza, e
aos poucos descobre mais sobre o passado da Fera, que se sente cada vez mais atraída pela
jovem moça.
Comentário: o filme não é recomendado para menores de 12 anos. Ao assistir este filme você
observará os tipos de decotes golas e mangas utilizadas na época, até hoje. Poderá observar,
também, a respeito dos tipos de acabamentos e tecidos empregados nas peças e qualidade
em sua execução.

182
referências

ABLING, B.; MAGGIO, K. Moulage, modelagem e desenho: prática integrada. Porto Ale-
gre: Bookman, 2014.
ALDRICH, W.; BUCHWEITZ, C.; MARTINS, L.; SILVA, P. Modelagem plana para moda fe-
minina. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2014.
DUBURG, A.; VAN DER TOL, R. Moulage: arte e técnica no design de moda. Porto Alegre:
Bookman, 2012.
DUARTE, S. MIB - Modelagem Industrial Brasileira: tabelas de medidas. Rio de Janeiro:
Guarda Roupa, 2012.
FISCHER, A. Fundamentos do design de moda: construção do vestuário. Porto Alegre:
Bookman, 2010.
GRAVE, F. M. Modelagem tridimensional ergonômica. Escrituras: São Paulo, 2012.
JONES, S. J. Fashion design. 2 ed. São Paulo: Cosac Naify, 2005.
HEINRICH, D. P. Modelagem e técnicas de interpretação para confecção industrial.
Novo Hamburgo: Feevale, 2005.
SMITH, A. Costura passo a passo: mais de 200 técnicas essenciais para iniciantes. São
Paulo: PubliFolha, 2012.

183
gabarito

1. E
2. E
3. B
4. E
5. E

184
UNIDADE
V
PRODUÇÃO PROTÓTIPO/
PEÇAS-PILOTO E ORIGINAL

Professora Esp. Inês Sarto Soares

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Análise do modelo e escolha de materiais
• Modelagem tridimensional peça piloto
• Análise e aprovação dos modelos de acordo com a
proposta
• Montagem e acabamento da peça no tecido original

Objetivos de Aprendizagem
• Analisar o desenho para desenvolvimento da peça piloto.
• Executar a modelagem da peça piloto.
• Analisar a vestibilidade da peça no corpo.
• Aplicar a técnica estética de acabamentos à montagem da
peça.
unidade

V
INTRODUÇÃO

Olá caro(a) aluno(a)! Entramos na etapa final da disciplina, e nada mais


justo que terminar com a produção de um protótipo, abordando a maioria
dos conteúdos vistos até agora. E é somente agora que podemos fazer isso,
pois, antes de modelar uma peça, é necessário que você conheça o processo
de obtenção da forma de um corpo, utilizando as técnicas de modelagem
tridimensional, respeitando suas medidas, volume, formas e movimentos.
Em outras palavras, para que você consiga produzir uma peça com qua-
lidade, é indispensável que entenda sobre a tridimensionalidade da peça
piloto e a criação de modelos sobre o corpo (modelagem tridimensional).
Sendo assim, o objetivo desta unidade é aplicar os estudos que você
adquiriu ao longo deste livro, utilizando as técnica de moulage e o que
foi estruturado em fundamentação teórica, com a abordagem descritiva
de cada etapa. Levando sempre em consideração as experiências práticas
com modelagem tridimensional do vestuário.
Bom, para produzir a sua primeira peça piloto, o primeiro passo é a
compreensão e análise do modelo para entender a construção, o caimen-
to e vestibilidade da peça original. Baseado nas suas conclusões, você fará
a escolha dos materiais para a construção da sua peça.
Inicialmente, interpretaremos um modelo já definido e analisaremos
quais materiais possibilitam um resultado satisfatório, proporcionando
uma boa vestibilidade ao corpo. Em seguida, construiremos os moldes,
utilizando a técnica de modelagem tridimensional. E, então, partiremos
para montagem da peça original.
Tenho certeza de que, quando experimentar a execução do vestido
sugerido, você instantaneamente terá uma visão imediata da roupa tri-
dimensionalmente. No entanto, como profissional de design de moda,
não basta colocar o tecido sobre o manequim e moldá-lo ao seu gosto - é
preciso que respeite o projeto de execução, pois, assim, irá garantir qua-
lidade durante a modelagem tridimensional.


Análise do Modelo e
Escolha de Materiais
Antes de tudo, para que você compreenda o assun- uma forma de aplicar os conhecimentos e atividades
to, começaremos definindo que "peça piloto" é o estudados anteriormente, para confecção de uma
primeiro modelo produzido de uma peça que será peça. E, para que seu estudo fique mais rico de con-
aplicada em série depois. Para Duarte (2012, p. 28) teúdo, escolhi alguns modelos com vários detalhes,
“é através da peça piloto que fica definido todos os para que possamos testar aplicabilidades distintas
acabamentos. É muito importante que se faça esta durante o seu desenvolvimento. Portanto, caro(a)
primeira peça, pois, é através desta que de define to- aluno(a), vamos entender o passo a passo do desen-
dos os acabamentos e reajustes.” volvimento de uma peça, indo da análise do dese-
Com esse termo esclarecido, seguiremos nos- nho ao produto final. Dessa maneira, recomendo
sos estudos. Levando em conta que você já tem o que faça tudo com atenção, utilizando as técnicas
conhecimento básico da modelagem tridimensio- explicadas no livro, seguindo as etapas, pois isso é
nal, vamos para a prática. Nesta unidade, você verá muito importante para o seu aprendizado.

190
DESIGN

O vestido deve seguir o corpo


da mulher, e não o corpo
seguir a forma do vestido.
(Hubert de Givenchy)

Se você observar a Figura 1, “de cara”, já perceberá que


a proposta do modelo é combinar dois tecidos, sendo
um liso e o outro uma renda de aviamentos delicados.
Quando pensamos em aviamento, é possível perce-
ber que a transparência da blusa e o caimento da saia
mostram que este modelo precisa de tecidos leves.

ANALISANDO O DESENHO
• Vamos começar nosso estudo analisando cui-
dadosamente o desenho, observando detalhes
e características para que possamos pensar,
desenvolver os moldes e definir os aviamen-
tos necessários. Neste momento, é muito im-
portante que você saiba analisar o modelo de
forma entender cada pequeno detalhe do de-
senho e pensar nos aviamentos e tecidos ne-
cessários ao sucesso da peça. Começando pela
frente, conforme a Figura 1, você percebe que:
• Recorte vertical: a parte central do vestido
apresenta um recorte vertical. Isso só é pos-
sível a partir da transposição de pences, do
busto e da cintura.
• Recorte entre cavas: na parte superior do bus-
to, para que possa ser colocada a renda trans-
parente, foi inserido outro recorte.
• Decote e cavas: o decote tem o formato de ca-
noa e as cavas são afastadas do braço, ou seja,
blusa cavada.
• Lateral: na altura da cintura tem um buraco
que mostra o corpo.
Figura 1 - Modelo de vestido curto com detalhes em renda
• Parte inferior: molde evasê com média roda.
Fonte: acervo da autora.

191


• Parte inferior: para fazer os arremates da cin-


Já, nas costas, o que você pode perceber é:
tura, faremos com fita de viés, podendo ser
• Parte superior: o decote em V mostra que as aparente ou embutido. Para a bainha da barra,
pences de cintura foram eliminadas (trans- dobramos duas vezes 1 cm e costuramos com
portadas) para as costuras centro e lateral. ponto invisível.
• Parte inferior: a saia é composta pelas costas
mais a lateral frente, sendo assim não tem cos-
Agora que você já analisou os desenhos, vamos ve-
tura lateral. A cintura é localizada e o modelo
é de saia evasê sem pence. rificar os materiais que precisamos para produzir o
desenho.
Feita esta análise, vamos pensar nos aviamentos para
a limpeza e vestibilidade da peça. Sobre a vestibili- DEFININDO MATERIAIS:
dade podemos desenvolver uma peça do vestuário,
com varias opções de vestir ou despir. Analisando o Começaremos a definir os materiais necessários
desenho ou croqui, podemos definir a vestibilidade. para a confecção da nossa peça. Na escolha de TE-
• Parte superior: eu recomendo um broche mé- CIDOS, deve-se levar em consideração as caracte-
dio para prender as partes direita e esquerda rísticas do desenho, sendo assim, irei sugerir alguns
das costas, mas você também pode fazer um tipos, mas você tem total liberdade de escolha, desde
botão, desde que faça o caseado. que não altere o caimento do vestido.
• Parte inferior: um zíper nas costas é necessá- Como já vimos, os aviamentos são utilizados
rio. para acabamento (limpeza) da peça, além permitir
vestibilidade à peça. Se você observar a Figura 1,
Em relação aos acabamentos, por se tratar da pri- verá que o modelo precisa de AVIAMENTOS para
meira peça, vamos fazer a limpeza simples. Para que a peça possa ser vestida e despida.
Smith (2012, p. 170), “a maneira mais simples de
dar acabamento do decote ou à cava de uma peça
de roupa é aplicando uma guarnição”. Por isso, para
este modelo, utilizaremos os seguintes aviamentos
SAIBA MAIS
para limpeza:
• Parte superior: nas cavas e decote, a fita de
renda sobreposta sobre a renda proporciona Na alta-costura, quando o tecido definitivo
um acabamento adequado para os mesmos, é muito diferente da peça piloto, como o
tricô, por exemplo, a moulage costuma ser
além de eliminar a inserção de revel. Já na cin-
feita no tecido definitivo, para se trabalhar,
tura da blusa, a limpeza será com viés, poden- desde o início, com a firmeza e o caimento
do ser costurado no lado certo ou avesso, isso correto.
vai depender do acabamento que você deseja
Fonte: Duburg e Van Der Tol (2012).
para a peça.

192
DESIGN

A lista a seguir apresenta quais são os materiais SAIBA MAIS


necessários para produção da sua peça. Compre tudo
com antecedência, antes de começar a produção e, Zíper: é um fecho utilizado para proporcio-
no que diz respeito ao estilo, modelo e estamparia, nar aberturas de peças para vestibilidade.
esses devem ir ao encontro do seu gosto pessoal, Broche: é uma joia ou bijuteria que está
lembrando que as metragens do tecido também pre- envolta por um objetivo essencialmente
cisam estar de acordo com o tamanho do manequim estético na roupa. É uma peça especial-
mente do sexo feminino. Comumente, ela é
técnico. Vamos à lista! É importante que você tenha: combinada por duas partes, a parte deco-
• Linhas e agulhas para costurar a peça. rativa, que é colocada em direção à frente e
• 1 zíper de 15 cm - o modelo pode ser comum atrás de fixação oculta (muitas vezes consis-
ou invisível, lembrando que o primeiro é mais tem em pino de segurança) que é fixo por
colagem ou soldagem.
fácil de costurar a peça.
• 1 Broche de tamanho médio - o estilo dele fica Botão: os botões são protuberâncias e
a seu gosto. E, caso prefira, pode trocar por podem ser feitos de vários materiais, como
plástico, metal, conchas ou osso, nylon.
um botão, não esquecendo de fazer o caseado
A casa de botões é essencial para que o
para que possa abotoar. botão tenha funcionalidade. Quando os bo-
• 3 metros de renda com bico da cor do tecido tões forem muito grandes, dê preferência
para acabamento do decote e cavas. para modelos de pressão, pois uma casa de
botão, ou caseado, pode causar estiramen-
• 1 fita de viés com um centímetro de largura, to da roupa.
para acabamento da cintura (blusa e saia);
• Recomendo que, para moulage do molde, uti- Casas para botão: é uma abertura essen-
cial para a introdução do botão, para que
lize um dos seguintes tecidos: Mourim, Algo-
tenha funcionalidade. Podendo ser execu-
dão cru ou Cretone. O importante é que todos tadas na máquina de costura Ziguezague
sejam 100 % algodão. ou com abertura com tecidos. Outra opção
• Agora, para a peça final, conforme o desenho, é você usar tiras de viés (aselhas) simulan-
são necessários 2 tecidos. Pelo caimento do do um caseado.
vestido, o melhor grupo de tecidos a usar é o Fonte: Smith (2012, p.124).
Médio, e recomendo escolher um dos seguin-
tes: Popeline 100 % algodão, Sarja acetinada
100 % algodão, Tricoline 100 % algodão, a Ne-
oprene 94% Poliéster 6%. Caso queira utilizar
algum tecido do grupo elásticos, recomendo
o Elastano. E, para manter nas costas, utilize
uma renda 100% poliéster.

193


Modelagem
Tridimensional
Peça Piloto
Vamos, agora, utilizar todo o conhecimento que Com seu manequim pronto, vamos preparar os
você adquiriu na disciplina para produzir nossa tecidos de modelagem que serão utilizados na pro-
peça piloto. Lembrando que toda a modelagem dução da peça. Em seguida, iremos para a etapa de
começa com a escolha do manequim do tamanho moldar a piloto. Nessa peça utilizaremos as bases
desejado. Importante que seu busto já esteja com de um vestido com recortes verticais que, segundo
as linhas de marcações e posicionado na sua al- Duburg e Van Der Tol (2012, p.122-123) é a mesma
tura. base do casaco cinturado.

194
DESIGN

Antes de iniciarmos o estudo PREPARAÇÃO DO TECIDO E EXECUÇÃO


acerca das etapas da modela- DA MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
gem do vestido, observe no ví-
deo como o estilista Christian Como a nossa referência de modelagem é o casaco
Dior analisou o desenho de um cinturado, será necessário utilizar quatro partes de
vestido drapeado na cintura e, baseado em seus cál- tecidos (painéis), sendo assim, prepare os painéis
culos, preparou o busto e produziu os moldes. conforme mostra a Figura 2:
Observe que foram marcadas as linhas de bus-
to, cintura, centro frente e centro costas. Nos painéis
das laterais, foi riscada a linha bem no meio do te-
cido, representando o fio reto para o recorte. Reco-
mendo que essas marcações sejam bem esquadradas
para facilitar a moldagem.

Altura do busto mais 5 cm


Fio de urdume

Fio de urdume
Fio de urdume

Fio de urdume

110 cm = comp. costas mais 5 cm


Linha de busto Linha de busto Linha de busto
Recorte lateral costas
Recorte lateral frente
CENTRO FRENTE

CENTRO COSTAS
Linha de quadril Linha de quadril Linha de quadril
Fio reto
Fio reto

Fio reto

Fio reto

35 cm 35 cm 35 cm 35 cm

Figura 2 - Preparação dos painéis para a modelagem


Fonte: adaptado de Duburg e Van Der Tol (2012).

195


PRODUZINDO OS MOLDES

Com os quatro tecidos da moulage preparados, va-


mos começar a moldar o vestido.
SUPERIOR FRENTE: pegue o painel com a
marcação da linha CENTRO FRENTE e posicione
no manequim, conforme Figura 3, tomando o cui-
dado de alfinetar, bem alinhado, o tecido ao mane-
quim, pois é nisso que você garante esquadro corre-
to e qualidade do seu molde.
Observando a Figura 3, você percebe que o teci-
do foi acomodado no corpo em toda a extensão do
eixo central frente e, para facilitar isso, no pescoço
foram feitos alguns piques.
Feito isso, comece a modelar o tecido no forma-
to do corpo, com alfinetes marque o decote, depois
já do ombro até a linha princesa e, para terminar,
siga da linha princesa até a cintura, ou seja, procu-
re desenhar toda a forma do corpo como o decote,
ombro, cava e linha princesa. O molde é apenas para
a parte superior, por isso corte as sobras de tecido
até a linha da cintura, guardando 2 cm para depois
marcarmos a margem de costura.

ATENÇÃO

Não descarte a parte do tecido que retirou,


precisaremos para fazer o efeito evasê da
peça inferior.

Figura 3 - Esquadrando o tecido ao corpo


Fonte: Dubug e Van Der Tol (2012, p. 122).

196
DESIGN

SUPERIOR LATERAL FRENTE: alfinete o teci-


do preparado para recorte lateral no busto técnico,
mantendo o fio reto central mais ou menos no meio
da linha lateral e da linha princesa. É importante que
o fio reto esteja paralelo ao eixo central e bem verti-
cal. Feito isso, modele o molde alfinetando na linha
princesa e, depois, acomode o tecido na linha lateral,
modelando toda a lateral do corpo, formando o re-
corte lateral frente. Após isso continue alfinetando a
linha lateral. Com isso, observe que você modelou
toda a parte da frente até a cintura.
INFERIOR: a partir da cintura, trace uma linha
reta na diagonal, partindo da cintura em sentido
ao final do tecido (barra). Em seguida, abra o eva-
sê conforme aprendeu no livro, aplicando o volume
que deseja. Como feito na Figura 5.
COMPRIMENTO: para este modelo, o tama-
nho recomendado é de 50 cm. Sendo assim, partin-
do da cintura meça, 50 cm do tecido, deixando uma
margem para a barra.

Figura 4 - Posicionamento do tecido na parte lateral do corpo


Fonte: Duburg e Van Der Tol (2012, p. 122).

197


Figura 5 - Exemplo do acréscimo para o evasê da saia


Fonte: Duburg e Van Der Tol (2012, p. 51).

198
DESIGN

Veja que a saia, no nosso caso, inicia-se a partir da


cintura, é como desenhar um acréscimo de um tri-
ângulo da cintura para baixo.
SAIA CENTRO FRENTE: neste molde você vai
abrir o evasê apenas na linha princesa, saindo da
barra.
SAIA RECORTE LATERAL: no molde lateral,
é necessário que você abra o evasê nos dois lados, à
linha princesa como na linha lateral, observe a Fi-
gura 5.
BARRA: em seguida, defina a barra com auxílio
de uma régua curva.
COSTURAS DE EMENDA: ainda com o tecido
no manequim, corte o excesso de tecido, deixando 2
cm para as costuras. Isso é para facilitar a visualiza-
ção de cada molde. Caso o corte não fique perfeito,
fique tranquilo, lembre que o molde é sempre finali-
zado fora do manequim.
Feito o corte, prenda o ombro e una a costura
com alfinetes em uma linha fluída a partir do ombro,
cruzando o ponto do busto até a cintura, se alongan-
do até a bainha (barra). Alfinete a mesma quantida-
de de tecido para bainha em ambos os tecidos.
COSTAS: a técnica de modelagem é idêntica
à frente, por isso, caro(a) aluno(a), repita todas as
operações feitas para produzir os moldes da frente -
a técnica de recorte é igual tanto no centro como na
lateral. Observe a Figura 7, ela mostra como ficará
sua moulage quando estiver pronta.

Figura 6 - Molde frente pronto


Fonte: Duburg e Van Der Tol (2012, p. 123).

199


FINALIZANDO A MOULAGE: agora que to-


das as peças foram produzidas, vamos unir todos os
moldes para analisar a vestibilidade da peça. Para
que possa analisar a peça, é preciso unir os ombros
da frente e das costas, além das costuras laterais e os
recortes na linha princesa.
Una a costura do ombro à costura da parte fren-
te, com alfinetes. Essa costura corre em uma linha
fluída, desde do ombro até a cintura, alongando-se
até a bainha. Alfinete a mesma quantidade de espaço
para a bainha em ambos os tecidos. Una a costura do
ombro com alfinetes. Una a costura lateral do painel
da frente e das costas com alfinetes. A costura corre
em direção à bainha com largura extra.
Caso queira unir as peças fora do manequim,
isso não é problema. O importante é analisar se a
peça produzida está conforme desejado.
FINALIZANDO OS MOLDES: nesse momen-
to, vamos resolver todas as imperfeições nos moldes
e deixar a linha de costura bem definida, lembrando
que linha de costura é a marcação de contorno do
molde que indica onde as peças serão costuradas.
Até o momento não havíamos marcado a linha
de cintura. Para que possamos continuar a modela-
gem, é interessante você definir essa linha, traçando
uma linha reta.
Faça um pique para indicar os pontos de en-
contro das linhas: cintura encontra com princesas e
lateral, linha princesa encontra com linha de busto
frente e costas. Acrescentando 1 cm de margem de
costura, nas linhas de união e 2 cm para a bainha,
conforme é possível observar na Figura 9.
Figura 7 - Costas do molde E, com isso, terminamos de fazer o molde do ves-
Fonte: Duburg e Van Der Tol (2012, p. 123). tido, utilizando modelagem tridimensional. Conse-
guimos definir o recorte lateral, que nada mais é que a
preparação para a interpretação do modelo escolhido,
sendo que podemos desenhar o modelo na peça mol-
dada a partir da prova final, que será a aula seguinte.
200
DESIGN

Figura 8 - Moldes finalizados vestido no corpo


Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 175). Centro da frente do vestido
Lateral das costas
Centro das costas do vestido

Lateral da frente

Figura 9 - Moldes frente e costas finalizado com margem de costura.


Fonte: Abling e Maggio (2014, p.175).
201


Análise e Aprovação
dos Modelos de Acordo
com a Proposta
A cada tópico, chegamos mais perto da nossa É nesta etapa que você pode executar variações
peça piloto. A partir deste momento, iremos pas- no modelo, por mais que tenhamos escolhido um
sar o molde feito em tecido similar para o tecido modelo simples, nada impede que você crie, em
original. cima desta base, outros modelos.

202
DESIGN

MONTAGEM DA PEÇA PROVA DA PILOTO

Com os moldes prontos, vamos uni-los novamente Agora, vamos vestir a peça no busto técnico. Ao ves-
e montar a peça. Nesse momento costuraremos as ti-lo, faça com cuidado para não se espetar com alfi-
peças com alfinetes, assim como é feito na costura netes. Procure colocar a peça bem na posição correta,
de alinhavo. Comece pela frente, juntando o recorte prendendo com alfinetes no corpo, somente no eixo
lateral com o centro frente, costurando com muito central frente e costas. O restante da peça tem que
cuidado, para que fique bem encaixado. Em segui- ficar solta no corpo, dessa forma facilita a correção.
da, faça a mesma coisa no molde das costas. Com Agora que você precisa analisar como a peça fi-
os moldes encaixados no busto, vamos agora juntar cou no corpo, verificando se ficou larga ou apertada,
a costura com alfinetes às linhas laterais das peças muito comprida ou se tem que fazer alguma altera-
e, finalizando, unindo o ombro. Este processo tem ção. É muito díficil a moulage apresentar defeitos
como objetivo montar a peça com alfinetes, como se nesta etapa, pois foi executada conforme a forma do
estivéssemos costurando-a. corpo.

Figuras 10a - Frente e costas costuradas


Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 176).

203


Figuras 10b - Frente e costas costuradas


Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 176).

O uso dos termos adequados facilita a comu-


Desenhando o modelo na base nicação e contribui para a compreensão dos
dos detalhes da peça, evitando, assim, defeitos
Agora, com a peça ainda no corpo, já corrigida, va- na produção das roupas, sejam estes na peças-
mos desenhar o modelo. Procure desenhar com uma -piloto ou na produção em escala para vendas
(HEINRICH, 2005, p. 24).
caneta, para que possa identificar melhor as riscas.
Observe a figura 11, veja os detalhes do modelo,
procure reproduzir todas as informações no molde, da Esse ato de identificar cada molde é muito impor-
peça. Para ajudar, elaborei um gabarito na Figura 11: tante. No momento da montagem, pode ser feito
por você ou outra pessoa, analisando e fazendo a
Definição dos moldes: sequência com tranquilidade. Além disso, segun-
do Heinrich (2005), unificar a linguagem técni-
Agora, retire a peça do manequim e separe todas as ca utilizada entre os diversos setores da empresa
partes. Nomeie cada parte separada, conforme Figu- melhora o funcionamento e organiza o sistema
ra 12, a seguir. produtivo.

204
DESIGN

Decote
canoa
frente
Decote
em V
costas Blusa
Recorte costas
lateral Decote
blusa canoa
frente frente

Saia
costas

Recorte
lateral
saia
frente

Figura 11 - Desenho do modelo diretamente na peça piloto, frente e costas


Fonte: a autora.

205


Figura 12 - Nomenclatura e marcações identificar cada molde


Fonte: a autora.

Após todas as identificações, vamos para o pró- Para isso, una o molde lateral frente da parte
ximo passo. Junte os moldes da saia frente e cos- inferior com a parte das costas pela linha princesa.
tas, para eliminar a costura lateral. Existe a pos- Veja, na Figura 13, que a linha de quadril ficou bem
sibilidade de deixar essa costura sem problemas, encontrada e unidas, faz uma leve curva da cintura.
entretanto será mais uma operação no processo Veja, também, que a posição do centro costas e
de montagem, além de influenciar na estética do no sentido do fio no tecido, a parte lateral na frente
vestido. fica na diagonal.

206
DESIGN

Figura 13 - Saia unida lateral frente com a saia costas


Fonte: a autora.

Agora, basta acrescentar a margem de costura.

Margem de costura

Caro(a) aluno(a), observe que as partes dos mol- apenas os locais de corte do desenho do modelo.
des que foram moldados no manequim já têm E é somente nessas partes que terá que ser inseri-
costura, que acrescentamos no retraçado dos da uma margem de costura.
moldes. As partes que ficaram sem costura foram

207


Planificação dos moldes

Para produzir o molde final, transportaremos a mo-


delagem feita em tecido para o papel.
FRENTE: para fazer com que seu molde seja
completo, vamos espelhar a frente, por isso dobra-se
o papel e alfinete, os moldes, nas seguintes posições:
o centro frente deve ir bem na dobra do tecido (ob-
serve Figura 14), o recorte lateral posiciona-se ao
lado do recorte frente. Acrescente margem de costu-
ra nas partes dos recortes.
COSTAS: aqui nenhum molde é distinto, não
precisando de um espelhamento central. Por isso,
pegue 2 folhas de papel, encaixe os moldes e alfi-
nete-os conforme Figura 15, a seguir. Não esqueça
de acrescentar margem de costura nas partes com
recortes.

Figura 14 - Moldes da frente posicionado no papel.


Fonte: a autora.

208
DESIGN

Figura 15 - Moldes das costas posicionado no papel


Fonte: a autora.

209


Neste momento, observe que todas as partes dos


moldes já têm costura e estão espelhados e, a partir
desta etapa, consideramos os moldes prontos para
serem cortados no tecido original.
E com os modelos prontos, terminamos de cons-
truir e interpretar o desenho escolhido. Você pode
cortar a peça no tecido original. Procure guardar
este molde, mas também gostaria que percebesse
que agora com os moldes pronto, você, em cima des-
ta base, pode criar muitos modelos, conforme a cria-
tividade permitir. Procure treinar outros modelos,
desenhando-os por cima do molde já utilizado, cada
um com uma cor de caneta, ou seja, para cada mo-
delo uma cor diferente, assim você não se confunde
no momento de tirar as partes do molde.
E, para exercer sua criatividade e criar novos
moldes sem danificar o molde de tecido, sempre que
for finalizar um novo molde transfira para o papel o
modelo escolhido, assim você fica com o molde do
modelo desejado e a base fica intacta. Até a próxima!

Figura 16a - Frente costa espelhadas


Fonte: a autora.

210
DESIGN

Figura 16b - Frente costa espelhadas


Fonte: a autora.

211


Montagem e Acabamento
da Peça no Tecido Original
Vamos finalizar nosso modelo? Bom, agora que ter- CORTE DA PEÇA NOS TECIDOS
minamos o molde, você vai compreender a totali- ORIGINAL
zação do modelo. Digo isso, porque enquanto esta-
mos produzindo etapa por etapa, não conseguimos Agora, pegue os tecidos originais, renda e tecido liso
imaginar como ficará a peça, dando a impressão de escolhido, posicione os moldes e alfinete a peça, to-
que nunca vamos terminá-la. Só que, agora, em cada mando cuidado com o fio reto que, segundo Duarte
etapa da preparação e montagem da peça, você já vai (2012), é um dos facilitadores da costura. Observe a
identificando o modelo. Figura 17 e alfinete os moldes.

212
DESIGN

Figura 17 - Posição dos moldes no tecido renda


Fonte: a autora.

Ao posicionar os moldes no tecido, alfinete muito


bem, posicionados no sentido do fio de urdume, e
analise o espelhamento, pois é importante que en-
caixe os moldes no tecido, procurando posicionar
com precisão, conferindo se o fio de urdume está
alinhado com o fio reto do molde.
Feito isso, com muito cuidado, corte a peça, evi-
tando cortar partes do moldes, pois, se forem danifi-
cados, não poderão ser utilizados outra vez.

ACABAMENTOS

Como já foi visto no início da unidade, conforme


análise do desenho, definimos que a limpeza da peça
será feita com dobras, viés e guarnição; técnicas sim-
ples de guarnição. Para o decote e cavas, vamos cos-
Figura 18 - Posição dos moldes no tecido liso
Fonte: a autora. turar uma renda de 2 cm de largura e na cintura da

213


2. Agora costure o centro frente ao recorte late-


saia e da blusa a limpeza da peça será com um viés.
ral frente.
Então, finalizando os acabamentos, faremos a barra
3. Costure as partes frente ao recorte superior
com uma bainha com duas dobras viradas de 1 cm. da blusa.
4. Costure a costa das saias até a altura do zíper
MONTAGEM (mais ou menos 15 cm).
5. Pregue o zíper no centro costas da saia.
No processo de finalização da peça, é preciso unir 6. Costurar a saia com a parte da frente.
cada parte de peça cortada, uma nas outras, visto 7. Costurar os ombros (frente com costas).
que as peças estão em formato bidimensional, resul- 8. Pregar os aviamentos de limpeza na cava e no
tando na forma tridimensional. Para montar a peça, decote.
você poderá utilizar a técnica de costura que prefe- 9. Costurar a bainha para fazer a barra.
rir. Podendo fazer uso das técnicas de costura que
aprendeu no começo da disciplina, ou costurar com Peça pronta, costurada e acabada, no centro das cos-
uma máquina, desde que conheça o equipamento. tas da blusa aplicar o broche para fechá-la, como se
Segundo Fischer (2010), costuras representam o estivesse abotoando. Assim terminamos nosso vesti-
jeito simples de unir duas ou mais partes de um ma- do. Da modelagem ao fim. Veja como é fácil produ-
terial na construção de um vestuário. A quantidade zir um modelo utilizando a técnica de modelagem
de margem de costura adicionada varia de acordo tridimensional. Começamos preparando os tecidos
com o tipo de costura utilizado. Além disso, tam- (painéis), modelos conforme o desenho, depois
bém é possível utilizá-las para criar formas e causar transportamos os moldes para o papel. Em alguns
impacto no design de uma roupa. Algumas possuem casos eu admito que esta etapa pode até ser descarta-
função na estruturação de partes de uma roupa (em da, já que o molde de tecido é suficiente para que se
espartilhos, por exemplo), enquanto outras são usa- possa cortar a peça original. E, assim, fizemos tudo
das para efeito de design. Existem alguns pontos a para que você saiba todas as etapas, além da durabi-
serem considerados durante a escolha da melhor lidade do seu molde ser maior no papel. E chegamos
costura para a construção de uma peça, até porque ao fim, cortando e costurando nosso vestido.
diferentes tecidos e estilos requerem diferentes cos-
turas. Você poderá escolher um dentre vários estilos
de costura e, quem sabe, até mesmo criar o seu.
Para esse modelo, visando a não ocorrência de REFLITA

problemas na costura, é importante que essa se-


quência operacional, que vou apresentar, seja segui- O acabamento é uma forma de finalizar
da. Vamos lá: determinadas partes de uma peça ou a
1. Comece costurando as linhas laterais da blusa maneira como serão aplicados alguns avia-
mentos.
(frente com costas) e faça a limpeza da cintu-
ra, costurando um viés, podendo ser aparente (Duarte)
ou não, isso vai de encontro ao seu estilo.

214
considerações finais

Caro(a) aluno(a), ao finalizar esta unidade, em que o objetivo está na produção


de um produto do vestuário, através da técnica de modelagem tridimensional, a
princípio, é muito importante ter convicção de certo domínio do assunto. Pois
isso nos faz ter noção de que o processo é um pouco demorado. Além disso,
confirma-se o que, ao aplicar a técnica, sistematizam-se as ideias estudadas ante-
riormente. Com isso, ampliou-se, com o estudo dos métodos e suas técnicas, um
fazer que traz muita satisfação para quem o executa com entusiasmo. Portanto, a
análise do modelo que sustenta essa prática vislumbra um futuro próspero para a
modelagem como recurso técnico e criativo.
A análise dos detalhes que compõem o modelo amplia a visão para várias
outras interpretação de modelos futuros. Dessa maneira, pode-se dizer que a
composição dessa Unidade relaciona a forma com a matéria e produção da peça
do vestuário. Os materiais, como tecidos e aviamentos, impulsionaram o aperfei-
çoamento das técnicas de estilo do modelo, e esse caso foi um dos responsáveis
pelo desenvolvimento do acabamento da peça.
Na última unidade, foi possível construir a peça através da técnica de costura.
Como qualquer outro processo, a montagem da peça implica na sequência operacio-
nal. E foi se materializando no decorrer das etapas apresentadas, a técnica de costura
de acordo com a escolha de cada designer.
Em suma, a presente prática confirma que a técnica de modelagem tridi-
mensional é um elemento fundamental para o exercício da produção de roupas
do vestuário, não só ao garantir a confecção, mas principalmente por apontar a
abertura que gera o processo criativo e produtos com vestibilidade funcionais e
esteticamente inovadores.

215
LEITURA
COMPLEMENTAR

O labirinto: transição entre bordado e renda e, a seguir, é cheio, isto é, recoberto de bordados fei-
A renda é uma obra na qual um fio, conduzido por uma tos com agulha. Assim, é um artesanato considerado ao
agulha, ou vários fios trançados engendram um tecido mesmo tempo bordado e renda de agulha.
e produzem combinações de linhas análogas às que O aparecimento da renda de agulha data dos fins do sé-
o desenhista obtém com o lápis. O bordado consiste culo XV, na Europa. Maia (1980) explica que ela surgiu
em uma decoração aplicada a um tecido pré-existente da necessidade de quebrar a monotonia do bordado fe-
(MAIA, 1980). A autora especifica duas grandes linhas de chado sobre um fundo compacto. Veio a ideia, então, de
produção de rendas: a renda de bilros e a renda de agu- cortar certos espaços no tecido entre os motivos, o que
lha. O que caracteriza a primeira é o que o próprio nome assinalou a transição entre o bordado e a renda. Suce-
significa, ou seja, é a renda tecida com bilros (pequenas deram-se os desfiados, que é o caso do crivo ou labirin-
hastes de madeira) afixados numa almofada cilíndrica to. A renda chegou a Portugal vinda da Itália, Flandres e
por meio de alfinetes ou espinhos. A renda de agulha França, além de sofrer influência oriental, com as inú-
compreende vários tipos, como a renda irlandesa ou re- meras viagens das frotas portuguesas. Durante muito
nascença, o filé, o rendendê e o labirinto, que é conheci- tempo, só foi feita em conventos e usada para adornos
do também como crivo. em igrejas e paramentos sacerdotais.
O labirinto tem como característica o fio desfiado preli- No século XIX, as rendas portuguesas ficaram conheci-
minarmente de um tecido que depois é trabalhado com das no mundo todo. Em 1747, foram publicados editais
agulha e linha segundo motivos ou desenhos preestabe- nas Ilhas dos Açores, convocando famílias a estabelece-
lecidos. Para Girão (1983), o labirinto, que merece esse rem-se no Brasil, assim, chegaram os comboios, e as fa-
nome pelo emaranhado dos pontos, é o bordado de fio mílias se espalharam pelo litoral e, mais tarde, pelo inte-
cortado, distendido em uma grade ou em um bastidor, rior. Enquanto os homens se dedicavam principalmente

216
LEITURA
COMPLEMENTAR

à pesca e a pequenas lavouras, as mulheres se dedica- a ajuda de uma carretilha que deixa marcas no tecido;
vam aos bordados e rendas. De início, foram as casas em seguida, vai-se desfiar o tecido, com a ajuda de uma
de família e os colégios de religiosas que difundiram a lâmina que corta os fios que são puxados. Depois vem o
renda de agulha no Brasil; mais tarde é que, para as mu- processo de encher o tecido, já preso no bastidor ou na
lheres das classes trabalhadoras, o trabalho com agulha, grade, o que significa bordar os motivos com agulha e li-
longe de representar apenas uma etapa das “prendas nha. Isso requer uma contagem detalhada dos fios. Após
domésticas”, representou uma oportunidade de atender o enchimento, vem a etapa de torcer, que compreende
às necessidades de complementar a renda familiar. o processo de prender os “pauzinhos” do tecido para dar
O local escolhido para este estudo, o Município de Juarez forma e firmeza ao desenho, passando a linha de três a
Távora, situa-se na região agreste do Estado da Paraíba, quatro vezes no mesmo lugar com movimentos de baixo
nordeste do Brasil. Trata-se de um Município pequeno para cima. A etapa seguinte consiste em perfilar, termo
(cerca de 7.000 habitantes), cuja economia se baseia na utilizado para se referir ao caseamento ou acabamento
agricultura de subsistência, no artesanato e no comér- das beiradas. O perfilo é feito fora do bastidor, com o
cio. No artesanato, destaca-se o labirinto, produto mais tecido preso firmemente entre as pernas da labirinteira,
conhecido e tradicional, principalmente na confecção de e requer a realização de movimentos repetitivos e rápi-
colchas, passadeiras, toalhas de mesa e ornamentos de dos. Por último, é necessário lavar e engomar. A peça é
altar para igrejas. engomada e presa, ainda molhada, na grade, de forma
Quanto ao processo de trabalho do labirinto propria- que seque bem esticada.
mente dito, este consiste em uma série de etapas desde
a preparação do tecido até a peça estar pronta e limpa
para ser vendida. Inicia-se com o processo de riscar, com Fonte: Cunha e Vieira (2009, on-line)1.

217
atividades de estudo

1. No processo de finalização da peça, é preciso unir cada parte de peça _____________________,


uma nas outras, visto que as peças estão em formato__________________, resultando na for-
ma tridimensional. Para montar a peça, você poderá utilizar a técnica de costura que pre-
ferir. Pode também fazer uso das ______________ de costura que aprendeu no começo da
_________________, ou costurar com uma máquina, desde que conheça o ___________________.
Diante do exposto, na sequência, analise a alternativa que preencha as lacunas corretamente.
a. cortada, bidimensional, técnicas, disciplina, equipamento.
b. bidimensional, técnicas, disciplina, equipamento, cortada.
c. técnicas, disciplina, bidimensional, equipamento, cortada.
d. técnicas, disciplina, equipamento, cortada, bidimensional.
e. bidimensional, equipamento, técnicas, disciplina, cortada.
2. Costuras representam o jeito simples de unir duas ou mais partes de um material na cons-
trução de um vestuário. Existem alguns pontos a serem considerados durante a escolha
da melhor costura para a construção de uma peça, porque diferentes tecidos e estilos
requerem diferentes costuras (FISCHER, 2010).
Considerando a situação mencionada, referente à sequência operacional, analise, a seguir, as afirmações:
I. Comece costurando as linhas laterais da blusa (frente com costas) e faça a limpeza da cintura,
costurando um viés.
II. Costure o centro frente ao recorte lateral frente, em seguida, as partes frente ao recorte su-
perior da blusa.
III. Costure a costa da saia até a altura do zíper (mais ou menos 15 cm).
IV. Pregue o zíper no centro costas da saia, em seguida, costurar a saia com a parte da frente.
V. Próximo passo é costurar os ombros (frente com costas) depois pregar os aviamentos de lim-
peza na cava e no decote, finalizando costurar a bainha para fazer a barra.
É correto que se afirma em:
a. I, apenas.
b. I e II, apenas.
c. II e III, apenas.
d. III e IV, apenas.
e. I, II, III, IV e V.
3. O tecido possui um fio de urdume, esse fio longitudinal, no sentido do comprimento, é o
principal fio de direcionamento do molde ao corte da peça original.
Considerando o texto mencionado, quanto ao posicionamento correto do fio reto do molde no
tecido original, analise, a seguir, as afirmações:
I. Fio reto do molde, na mesma posição do fio de urdume.

218
atividades de estudo

II. Fio reto do molde, na mesma posição do fio de trama.


III. Fio reto do molde, contrário ao fio de urdume.
É correto que se afirma em:
a. I, apenas.
b. II, apenas.
c. III, apenas.
d. II e III, apenas.
e. I, II e III.
4. O Designer de moda é quem cria os moldes que orientarão a produção das peças, por
isso, é importante que esse __________________ seja muito atento, saiba interpretar os de-
senhos das coleções de moda, e leve em consideração as ____________________ de cada
____________________ utilizado. Na alta-costura, quando o tecido definitivo é muito diferente
da peça __________________, como o tricô, por exemplo, a moulage costuma ser feita no
tecido definitivo, para se trabalhar, desde o início, com a firmeza e o caimento correto
(DUBURG; VAN DER TOL, 2012).
Diante do exposto, na sequência, assinale a alternativa que preencha as lacunas corretamente.
a. profissional, peculiaridades, tecido, piloto.
b. tecido, profissional, peculiaridades, piloto.
c. piloto, profissional, peculiaridades, tecido.
d. peculiaridades, piloto, tecido, profissional.
e. tecido, profissional, piloto, peculiaridades.
5. O Designer de moda é o responsável em projetar, planejar, idealizar, desenhar e criar as
coleções. Além da criatividade, esse profissional precisa ter conhecimentos avançados em
desenho, tecidos, estampas, e outros. Para desenvolver a modelagem tridimensional, re-
comenda-se que seja feita a escolha de um tecido.
Considerando o texto mencionado, referente ao tecido para desenvolver a modelagem tridi-
mensional, avalie as afirmações abaixo.
I. Tecido pode ser escolhido aleatoriamente.
II. Tecido precisar ser próximo ao da peça original.
III. Tecido precisa ser sempre rígido e com elastano.
É correto o que se afirma em:
a. I, apenas.
b. II, apenas.
c. III, apenas.
d. d. II e III, apenas.
e. e. I, II e III.
ABLING, B.; MAGGIO, K.; Moulage, modelagem e desenho: prática integrada. Porto Alegre: Bookman, 2014.

219


Pattern Magic Paperback


Tomoko Nakamichi
Editora: Gustavo Gilli, ltda
Sinopse: padrão Magic é o culto à tomada padrão de li-
vro do Japão. Inspirando-se a natureza, a partir Geometric
Shapes, e da rua , este livro explora a alegria de fazer e
esculpir roupas. O livro tem uma abordagem criativa para
a tomada padrão, com projetos passo a passo para os esti-
listas e costureiros desfrutarem. Cada projeto é belamen-
te ilustrado com diagramas e fotografias que mostram as
fases de construção, as muselinas claras, e as vestes aca-
badas.
Comentário: este livro e outros da série são de origem japonesa, que aponta formas de
modelar a roupa ao busto técnico, por meio de formas e detalhes criativos com volumes e
forma desestruturados.

220
referências

DUARTE, S. MIB - Modelagem Industrial Brasileira: tabelas de medidas. Rio de Janeiro: Guarda
Roupa, 2012.
DUBURG, A.; VAN DER TOL, R. Moulage: arte e técnica no design de moda. Porto Alegre: Bookman,
2012.
FISCHER, A. Construção de vestuário. Porto Alegre: Bookman, 2010.
HEINRICH, D. P. Modelagem e técnicas de interpretação para confecção industrial. Novo Ham-
burgo: Feevale, 2005.
SMITH, A. Costura passo a passo: mais de 200 técnicas essenciais para iniciantes. São Paulo: Pu-
bliFolha, 2012.

Referências On-Line
1
Em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932009000200005>.
Acesso em: 03 ago. 2016.

221
gabarito

1. A
2. E
3. A
4. A
5. B

222
gabarito

Conclusão geral
Caro(a) aluno(a), finalizamos mais um conteúdo, este tratava da montagem de
peças da parte superior do corpo, transferindo e mudando as pences de lugar,
acrescentando efeitos como decotes, cavas, golas e mangas.
Vimos que ao modelar a peça com Tecido Plano, o modelo é justo ao corpo,
assim existe a necessidade de pences, pregas ou recortes, pois, este não possui
elasticidade, sendo um tecido rígido. Algumas vezes o modelo não requer as
pences tradicionais de Busto e Cintura, neste caso é importante fazer algumas
alterações na localização das pences. Além do mais provou-se que a partir desta
técnica é possível transportar as pences fundamentais de busto e de cintura para
outros lugares do corpo, formando um novo modelo.
A partir daí, acrescentou-se a técnica de incluir alguns detalhes no pescoço,
braço, como mangas e golas, estes tem a função de adornos e proteção, as peças
do vestuário pode ter ou não estes detalhes.
Ao finalizar este conteúdo em que a modelagem tridimensional está tão pró-
xima do(a) aluno(a) a ponto de, a princípio, ter convicção de certo domínio do
assunto, nos damos conta de que estes conteúdos são difíceis, mas com a aplica-
ção da técnica tudo se torna fácil e ainda há muito por descobrir. Por um lado,
sugere a ansiedade de imergir nesses conteúdos e ampliar as possibilidades de
conhecimento de novos assuntos, que poderão ser desvendado em outros mo-
mentos.
Para finalizar aprendemos que é muito importante entender a sequência
lógica e o processo de modelagem tridimensional para a construção de toda e
qualquer peça que você irá criar. Acredito que você está apto para construir suas
peças, pois passamos por todos os processos de construção de uma roupa como
modelagem (toile), montagem do protótipo (piloto), costura e acabamento de
finalização.
Agora que você já aprendeu todos os conceitos básicos e primordiais para es-
sas criações me despeço por aqui. Desejo a você ótimos estudos e dedicação para
as próximas disciplinas! Até uma próxima oportunidade.

223

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