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Inés Oseki-Dépré Teorias e praticas da traducao literaria TRADUGAO Lia Araujo Miranda de Lima EDITORA UnB Equipe editorial Marllia Carolina de Moraes Florindo bes Editora de publicag Luciana Lins Camello Galv8o Coordenadora de produce editor Ficha ci O81 rial tradugio | Lia ‘Araujo Miranda de Lima a Henriques Pereira e upervisfo | German ; Reval et Ana Alethéa Os6rio publicado originalmente na Franga como: Théories et pratiques de la traduction ittéraire, de Inés Oseki-Dépré © Armand Colin, Paris, 1999 ‘Armand Colin is a trademark of Dunod Editeur, 11, rue Paul Bert, 92240 Malakoff, © 2019 Editora Universidade de Brasilia Direitos exclusivos para esta edicdo: Editora Universidade de Brasilia SCS, quadra 2, bloco C, n°78, edificio Ok, 2° andar, CEP 70302-907, Brasilia, DF Telefone: (61) 3035-4200 site: www.editora.unb.br E-mail: contatoeditora@unb.br Todos 0s direitos reservados. Nenhuma parte desta publicagdo poder ser armazenada ou reproduzida por qualquer meio sem a autorizagao por escrito da Editora. atalogrdfica elaborada pela Biblioteca Central da Universidade de Brasilia Oseki-Dépré, Inés. Teorias e priticas da tradugdo literdria / Inés Oseki-Dépré ; tradugdo Lia Araujo Miranda de Lima, —Brasilia : Editora Universidade de Brasilia, 2021. 460 p. ; 23 cm. Inclui bibliografia e indice. ISBN 978-65-5846-149-4 1, Tradugao e interpretago na literatura. 2, Tradutologia. 3. Teoria da tradugao. |. Titulo. CDU 82.035 Impresso no Brasil Agradecimentos Para Walter Benjamin ‘Agradeco a meus caros colegas que se dispuseram a me aconselhar ou a reler 0 manuscrito: Sylvie Pittia, Yvonne Touchard, Mireille Habert, Héléne Moreau, Sara Greaves, Jotlle Gardes-Tamine. Da mesma forma, agradego a minha estudante Sandra Raguenet por sua ajuda preciosa, ea meu amigo, 0 poeta Haroldo de Campos, que me apontou o caminho. Sumario A arte do encontro: preficio a edigio brasileira... Nota da tradutora... Preambulo. Primeira parte - Teorias.. Introdugio .. 1. A tradugio... 2. O tradutor € 0 intérpretessessesees 3. As teorias da tradugio... Capitulo 1 — As teorias prescritivas... 1. Os precutsores.. 2. O renascimento .. 3. O gosto classic« 4. O século XVIII ¢ a adaptacéo... 5. Uma polémica sempre atual: Antoine Berman versus Umberto Eco... Capitulo 2 - As teorias descritivas... 1. Os precursores .. 2. Tradugao e linguagem ... 2.1, Vinay e Darbelnet, um método.. 2.2, Roman Jakobson, uma teoria fundadora.. wn LG 2.3, Jean-René Ladmiral.... dos polissistemas.. 3, A teoti 3,1. Prinefpios gerais. 3,2, O estudo da traduséo 3,3, A nogio de interferéncia .. 4, Traducdo ¢ literatura 4,1. Uma focalizagao: 0 Outro da traducdo... sreeeees 145 4.2, Por uma pottica da tradugéo: Henri Meschonnic... 148 433, Por uma tipologia da tradugio do verso: Efim Exkind 159 44, "Die Lore Lay’, de Brentano, por Guillaume Apollinaire 17) Capfeulo 3 — As teorias prospectivas... 1. A corrente literalista... 1.1. A tarefa do tradutor.... 1.2. Jacqueline Risset: Dante “ao pé da letra’... 2, A corrente da tradugio-rectiacio . 2.1. A tradugéo como (re)criagao literdtia .. 2.2. Léon Robel: um programa de traducio... 2.3. Octavio Paz: tradugao e transformacio. 3. Da transformagio a transcriacéo poética. 4, Conclusio: por uma sintese. Segunda parte ~ Priticas.. hss Capitulo 4 — Uma anilise em diacronia: a Eneida de Virgilio . 1. O comentétio: propostas metodoldgicas.... 2. Algumas palavras sobre a Eneida 2.1, Um heréi moderno... 2.2. O episédio amoroso (“Canto IV”). 2.3. O texto.. 2.4. Aescolha do fragmento. 2.5. A leitura..... 2.6. O projeto de Du Bellay. 2.7. A confrontagéo com o original... 2.8. A confrontagao com a Eneida de Louis des Masures 260 2.9. A comparacio... 3. O século XVII: A Eneida do Sieur de Bonlieu. 4. A Eneida ¢ as “belas infiéis” 4.1. Jacques Delille tradutor ... 4,2. A leitura comentada... 43. O horizonte da época.... 5. Uma outra “infiel” do século XVIII ea crise do verso 6,0 skculo XX Gal. A Eneida de Jeau modernidade: Pierre Klossowski... n-Pierre Chausserie-Lay prée , 6.2.A" araco em sincronia.n Capieulo 5— Uma comP 1. Edgar Allan Poe 1. Algumaspalavas sobre 0 Ur. 1.2. A obra de Poe e sua recepgao controversa 1.3. Poe € Baudelaire... 1.4, “The Raven” 1.5.0 principio de composicao... 1.6. A comparagio. 17.0 projeto de traducio 1.8. O comentario simultaneo .. 2, “Le Corbeau” de Henri Parisot.. 2.1. O comentario 2.2. O projeto do tradutor... 3, Outra lingua, outras tradugbes... 3.1. Um breve comentario 3.2. O projeto de Fernando Pessoa... 3,3. As propostas de Haroldo de Campos... oe BOL Capitulo 6 — A tradugéo da prosa... 1. A tradugio francesa das Primeiras est6rias, de Joio Guimaraes Rosa 2. A lingua do texto 3. O projeto de tradugio. 4, O autocomentirio. 5. O original e a tradusio ... 5.1. “Famigerado”... 5.2. “Légendaite” . Bibliografia... fndice onomistico ... Indice de conceito: Nota da tradutor: A obra Teorias e prdticas da tradugao literdria, que se apresenta aqui para © puiblico brasileiro, constitui referéncia para pesquisadores e professores no campo da literatura, da lingua e da tradugdo. Ela traz um panorama do pensamento sobre a tradugao literdria no Ocidente, sistematizado a partir de trés eixos — teorias prescritivas, teorias descritivas e teorias prospecti- vas —, ¢ anlises comparativas de textos traduzidos, de forma igualmente didatica e profunda. A autora franco-nipo-brasileira Inés Oseki-Dépré € professora de lite- ratura da Université d’Aix-Marseille e membro da ATLAS (Association des ‘Traducteurs Littéraires en Arles), da SFLGC (Société francaise de Littérature Générale et Comparée) e do CERCLE (Association Centre d’études et de recherches en littérature). Entre as intimeras obras criticas de tradugio e teoria literéria, redigiu De Walter Benjamin aos nossos dias: ensaios de tradutologia (2021), também publicada pela Editora UnB, traduziu para o francés escri- tores brasileiros como Guimardes Rosa ¢ José de Alencar. Em 1999, recebeu 0 prémio Roger Caillois por sua traducéo de Galdxias, de Haroldo de Campos. Teorias e praticas da tradugao literdria € uma obta ao mesmo tempo ampla, no sentido em que abarca de modo compreensivo as teorias da tra- duso literdria, e sintética, apresentando os autores ¢ as teorias de maneira organizada e didatica, articulando-as umas as outras. Destina-se estudantes de graduagao ¢ de pés-graduagéo em Estudos da Tradugio, tradutores em formacio, bem como tradutores literdrios profissionais e pesquisadores no campo da tradugdo literdria. Almejamos produzir, em portugués brasileiro, um texto que pudesse ser trabalhado em sala de aula com relativa facilidade, buscando apoio nas estratégias de redagio de obras diditicas e recuperando a linguagem ensaistica da autora. “Teorias ¢ priticas da tradugio literdrla i ido aquelas que j tologia, sobretudo aq que tne ci bras de tradut em, Atradugio de ol s traduzidas, dep: ao par linguistico envolvido no confronto ent, po, rgilio ¢ o frances de Joachim du Belly pe lise de obra ara-se com a condigo do multiinguisn, anilise de obra no texto. Significa ques im da Eneida de Vit Jo, 0 lati : exemplo, sadas em detalhes por Inés Oseki-Dépré—, nea meira das tradugoes anali o portugues, lise. nei a qual letor brasleizo deverdtecorer uma terceira lingua, fim de acompanhar a an Em Teorias ¢ prdticas da trai : “Prgticas”. Do ponto de vista da exposi. ducéo literdria, essa questao se coloca sobretudo, na segunda parte — 4o argumentativa, 0 traduror enfrenta 0 problema da apresentasio dog gio a ‘i tos em confronto, que, com frequéncia, ja € suficientemente intricadg texto: i sem a introdugio de um terceiro idioma. A titulo de exemplo, menciona- smos 0 comentéri simultanco as cradugées de Baudelaire e Mallarmé para “The Raven’, de Edgar Allan Poe (seo 1.8 do capfculo 5). Ali, eemos duas ecadugbes diferentes em francés para um poema em inglés, exposts estrofe aestrofe, com uma miriade de exemplos de recursos sonoros empregados pelos tradutores em sua tarefa. Coube-nos, portanto, avaliar a pertinéncia de inserira traducéo literal, para o portugues, de cada palavra ou sequéncia de palavras em Iingua estrangeira, seja em rela¢4o ao texto-fonte, seja para as obras traduzidas em exame. O leitor perceberd que néo hd uma homogeneidade na deciséo de inse- rir ou néo, entre colchetes, as tradugées literais dos vocdbulos, expressoes ou versos dos poemas comentados pela autora. Hi, antes, uma avaliacéo caso a caso, considerando, essencialmente, se a compreensio do sentido & indispensivel para 0 acompanhamento da anélise, mas também levando em conta 0 volume de informacéo visual na pagina, Em outros termos, privilegiamos a legibilidade do texto, sobretudo do ponto de vista gréfico. Assim, dispensamos, por exemplo, a inclusao da traducio literal para termos 16

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