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COMO LIDAR COM A INDISCIPLINA ESCOLAR

https://www.lendo.org/como-lidar-indisciplina-escolar/

No início de 2015, foi divulgado o resultado de uma pesquisa feita pela OCDE (Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico) que aponta o Brasil como sendo o país que mais perde
tempo em sala de aula contendo a indisciplina dos alunos.

Essa organização pesquisa dados em países como Finlândia, Suécia, República Tcheca, Malásia,
Holanda, Estados Unidos, México, Estônia, França, Canadá, Chipre, entre outros.

Os resultados apontaram números alarmantes sobre o uso do tempo em sala de aula no Brasil:

o 20% do tempo é utilizado para acalmar os alunos e organizar a classe


o 13% do tempo é utilizado para lidar com assuntos burocráticos
o 67% do tempo, pouco mais da metade, é usado para a aula propriamente dita
Para ter uma ideia da situação, a média do OCDE é de 13% para as questões disciplinares.

A pesquisa, segundo dados divulgados pelo G1, também revela outros números: 60% dos professores
apontam ter alunos-problema e o Brasil lidera o ranking de intimidação verbal entre alunos e professores.

O QUE É UM ALUNO - PROBLEMA?

o Um aluno que conversa muito?


o Que tem um comportamento agressivo ou expansivo que acaba atrapalhando a aula?
o Que foi mal alfabetizado e tem dificuldades na escrita?
o Que apresenta algum transtorno de aprendizagem?
o Que tem hiperatividade, TDAH ou Síndrome de Asperger?
Ao certo não há um consenso sobre quais são as características de um aluno-problema.
Rotular os alunos como sendo um problema e transferir a culpa do fracasso escolar para o próprio
educando parece ser algo perverso, sabendo que lidamos com crianças e adolescentes que, muitas
vezes, têm dificuldades em compreender o que sentem e explicar ou resolver seus conflitos de maneira
madura.

Rotulação dos alunos ou classes gera revolta e é um escorregão ético por parte do profissional da
educação.

A indisciplina escolar pode começar sendo tratada assim: despindo os alunos de rótulos e tendo uma visão
mais otimista sobre a educação.

Fazer longos discursos em sala de aula sobre a importância de estudar, lembrar aos alunos que o
conhecimento é para eles e não para o professor, passar 20 minutos dando bronca, são atitudes que vão
contribuir para a indisciplina pelo simples fato de isso GERAR TÉDIO nos seus alunos.

Sim, você pode estar deixando seus alunos entediados e, como citado anteriormente, são crianças e
adolescentes que não conseguem compreender que sentem tédio e o que devem fazer para lidar com
isso.
Ao invés de toda essa chatice da sua parte, professor, que tal motivar os alunos para uma atividade
dinâmica e desafiadora que instigue a sua curiosidade?

O QUE É INDISCIPLINA ESCOLAR?

Geralmente, quando pensamos em indisciplina, automaticamente relacionamos com conversa, bagunça e


até violência na escola.

A conversa pode atrapalhar a aula, mas pode ter certeza de que uma turma que não conversa é bem pior
para desenvolver conhecimentos. Quando há conversa, há diálogo, troca de vivências, relacionamento
entre os educandos e entre o professor também.
O que devemos fazer com uma turma que gosta de conversar é usar isso a nosso favor!
Partindo da ideia de que, numa boa partida de futebol, quem corre é a bola e não o jogador, o professor
deve falar menos e deixar que os alunos produzam mais: conversar, debater, discutir, propor soluções,
trocar ideias, opinar, problematizar, analisar, e aprender significativamente.

Professor que fala muito acaba se desgastando e desperdiçando aqueles 67% do tempo que sobra para a
explanação do conteúdo, pois a média de atenção do aluno é de, no máximo, um minuto e meio para cada
ano de idade.
Portanto, um aluno de 10 anos só consegue ouvir o professor com atenção por, no máximo, 15 minutos
(1,5 x 10). Isso explica por que aquela sua AULA EXPOSITIVA NÃO FUNCIONA.

O PROFESSOR TEM CULPA PELA INDISCIPLINA?

Colega professor: somos profissionais. Desde o início da nossa formação sempre soubemos com quais
ossos do ofício deveríamos lidar.

Se coloco todas essas questões para questionamento, é pelo fato de ser nosso trabalho.
Claro, existem casos de indisciplina que não são fáceis de lidar e devem contar com um acompanhamento
especializado.

A profissão que escolhemos exige constante aperfeiçoamento, um eterno buscar saber mais e, devido a
isso, imagino, você está lendo este texto e refletindo comigo.

O que precisamos fazer imediatamente é, como diz Sílvia Gasparian Colello, parar de jogar o “jogo da
culpabilização”:

1. a escola culpa a família que não educa;


2. a família culpa a escola;
3. família e escola culpam as mudanças na estrutura familiar causadas pelas imposições da atualidade.
No meio desse jogo, está o nosso aluno pedindo ajuda, olhar e atenção.

Fica o meu convite: vamos repensar nossa prática pedagógica?

COMO COMBATER A INDISCIPLINA

A reflexão sobre nossas ações deve ser parte do cotidiano, não apenas no âmbito profissional. Repensar
significa comemorar os acertos e corrigir os erros -- este é o caminho que nos leva ao sucesso.

Há uma série de ações, das mais simples às mais complexas, que precisamos pensar a respeito de nossa
prática dentro e fora da sala de aula

A lista abaixo propõe caminhos que vão lhe ajudar em sua própria organização, proporcionando a
segurança necessária aos alunos em relação à figura de autoridade que está diante deles. Isso
irá contribuir para combater os principais problemas de disciplina, seja na Educação Infantil, Ensino
Fundamental ou Médio.

1. ESTABELEÇA AS REGRAS DESDE O PRIMEIRO DIA DE AULA

“A primeira impressão é a que fica”. Quem não conhece esse ditado? Pois é, ele traduz exatamente a
postura que o professor deve ter desde o primeiro dia de aula.

Dite as regras do jogo para que os alunos saibam jogar. Dizer o que se espera da criança ou do
adolescente é o primeiro passo para que façam o que é estabelecido.

Exigir silêncio e compromisso quando já ninguém respeita é impossível.

Para ilustrar a importância desta etapa, leia o poema abaixo.

No caminho com Maiakóvski


"[...]
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
[...]"

2. TENHA CERTEZA DE QUE SEU ALUNO SABE O QUE PODE E O QUE NÃO
PODE FAZER

Essa dica está relacionada à anterior.

As regras devem ser claras e devem ser de conhecimento de todos. Afinal, é fácil cometer algum deslize
quando desconhecemos alguma regra e, dessa maneira, criam-se as controvérsias, pois abre-se espaço
para o "disse-e-não-disse".

Por via das dúvidas, vamos deixar tudo esclarecido, não é mesmo?

3. ASSUMA AS REGRAS DA ESCOLA

Não fui eu quem decidiu assim, foi a diretora.


Se a escola estabelece regras e o professor não cumpre, por que um aluno irá cumprir uma regra
estabelecida pelo professor?

Não deseduque seus alunos. Seja profissional. Assuma as regras da sua instituição de ensino, juntamente
com toda a equipe.
A escola, por sua vez, deve ser um espaço para troca de experiências entre os professores, por
isso algumas regras devem ser estabelecidas democraticamente, não serem uma imposição
inquestionável.

4. NÃO CHEGUE ATRASADO

O professor que costuma se atrasar, quando chega, é uma decepção para o aluno.

A turma já estava em euforia pensando que teria uma aula extra de Educação Física e lá está você,
chegando atrasado. Pronto. Sua aula, que você demorou para preparar e que tem atividades dinâmicas e
divertidas, já começou sendo uma frustração.
DICA DE LIVRO

Você se perde em meio a planos de aula e correções, correndo de aula


para aula, cafezinho na mão, sem um minuto para você mesmo? Eu era
assim até pouco tempo atrás, quando descobri essa preciosidade.

O livro vem com ótimas estratégias para ajudá-lo a aliviar a carga de


trabalho e garantir que você tenha pelo menos algum tempo para relaxar
durante o período letivo. Você vai precisar de apenas quinze minutos para
ler cada seção. Ele traz exemplos práticos e atividades de autorrevisão,
que personalizam o que você acabou de ler.

5. PROFESSOR BONZINHO NÃO É EDUCADOR

Educar é podar. Quem é pai ou mãe sabe muito bem a quantidade de "nãos" ditos diariamente para seu
tesouro mais precioso.

Quando não podamos nossos alunos, quando somos bonzinhos e permissivos, deixamos que uma criança
ou um adolescente tome as rédeas e decida pelo que bem entende. Não deve ser assim.

Quem sabe o que é melhor para seu aluno é você. Seja firme. Imponha-se.

6. ASSUMA QUE O ALUNO DIFÍCIL É UM DESAFIO PEDAGÓGICO E NÃO “UM


SACO”

Quem nunca presenciou os professores numa sessão desabafo no momento do intervalo?

Geralmente os alunos difíceis, aqueles que nos incomodam e nos tiram do sério, tornam -se uma pedra no
sapato e acabamos despejando culpas sobre eles.

Quando temos um caso assim, devemos tomar como um desafio a ser superado, pensar de que maneira
resolver esse quebra-cabeça. Tome como um desafio pessoal ou profissional.

No momento em que você considerar o aluno "um saco", pode ter certeza de que isso prejudicará ainda
mais a relação entre vocês e vai afetar a aprendizagem. Conquiste seus alunos. Faça-os jogar no seu
time.

7. TENHA PAIXÃO PELO CONHECIMENTO

Um colega meu, professor de Geografia, ao longo de suas aulas, despertou a curiosidade dos seus alunos
para o saber que ele adquiriu ao longo da sua trajetória de magistério.
Os educandos começaram a pesquisar, por conta própria, capitais de países para questionar o professor.
Eles sonham com o dia em que o mestre não saberá uma resposta.

Esse meu colega é um professor fantástico: sabe muito e, por ter paixão pelo conhecimento, conquista o
respeito dos seus alunos e desperta neles o gosto pela aventura do saber.

8. FAÇA DA SALA DOS PROFESSORES UM LUGAR PARA APRENDER MAIS


SOBRE SEUS ALUNOS

Voltamos à sala dos professores. Imagine um lugar em que todos, em meio a cafezinhos, dividam
experiências que dão certo em determinadas turmas.

Sem medo de repartir conhecimentos e informações, professores que são uma equipe ajudam-se
mutuamente.

Às vezes a experiência que o colega divide pode mudar o rumo dos nossos planos de aula e mudar o
comportamento dos educandos. Não custa tentar.

9. EVITE COMPARAÇÕES

Os alunos não gostam e não merecem comparações.

Em primeiro lugar, por que a educação não é nenhuma competição. O mundo por si só estimula a
competir o tempo todo, não precisamos reforçar essa premissa. Segundo, pois as comparações nada mais
são que um escorregão ético.

As informações sobre alunos, turmas e professores devem ser divididas apenas entre os profissionais
envolvidos com o processo educativo.

10. TENHA O HÁBITO DE FAZER REGISTROS

Nem precisa fazer essa atividade/assinar esse recado. Até a semana que vem, o professor já vai ter
esquecido mesmo!.

Ai, ai. Com essa frase o respeito para com o professor já era. Tenha o hábito de fazer anotações e cumpra
o que foi estabelecido, faça memória do que foi dito, exija do seu aluno. Nada pior do que um professor
esquecido.

11. SEJA UM CUMPRIDOR DE PROMESSAS

Estabelecendo uma relação com a dica anterior: tudo que foi dito deve ser cumprido.

Quando uma exigência vira falácia, acaba-se o respeito também. Como uma mãe que diz: “se fizer isso vai
ficar de castigo”. Pode funcionar por um tempo, mas se a mãe não cumprir, a criança não mais a
respeitará quando usar esse bordão.

Então, aí está um detalhe importante: não diga o que não vai cumprir.
A criança e o adolescente estão aprendendo sobre como viver em sociedade e precisam saber das
consequências de seus atos. Isso é uma coisa séria. No momento em que qualquer fantasia mirabolante
for a sua promessa, você estará afastando o educando da realidade, da consciência crítica, da capacidade
de decidir.

18. DICAS PARA CONDUZIR UMA AULA MANTENDO A DISCIPLINA

Há muitos detalhes que nós esquecemos com o passar do tempo e o dia a dia de uma aula após a outra.
Essas pequenas faltas vão deixando os alunos desnorteados e sem clareza quanto às regras e até sobre
o seu real propósito como professor.

Vamos voltar ao básico de nossas práticas e relembrar alguns preceitos básicos sobre postura e
comportamento em sala de aula.

1. Antes de começar, observe sua sala -- mapeamento/espelho, organização e limpeza

Há algumas turmas em que as fileiras estão tão próximas umas das outras que eu fico com calor só de
olhar. Impossível esperar silêncio dessa forma.

Além disso, não há espaço para o professor transitar entre as classes para poder ajudar os alunos nas
suas individualidades.

Então, primeira coisa ao entrar na sala de aula: organizar a bagunça! Exigir que os alunos sentem-se nos
seus lugares, conforme estabelecido no espelho de classe ou mapeamento, e organizar as classes,
inclusive o que há em cima delas.

Alguns alunos têm dificuldade de organização e isso interfere na sua aprendizagem -- são aqueles que
deixam caderno, livro, estojo, lápis e canetas esparramados sobre a mesa, que apoiam cadernos sobre os
lápis para escrever (!), ou têm garrafas de água destampadas prontas para virar e molhar seu material.

Parece uma coisa básica, tão simples, mas nossos alunos precisam do nosso auxílio.

A mesma orientação vale para a limpeza do ambiente: peça que ajuntem do chão os papéis maiores,
plásticos e saquinhos que possam ter ficado do lanche ou de alguma atividade que exigiu mais ness e
sentido.

Além de tudo, com esse costume estaremos contribuindo para que nossos alunos não sejam pessoas que
jogam embalagens fora pela janela do carro.

2. Inicie a aula sem demora

Tenha seus objetivos claros e trabalhe para conquistá-los. Portanto, comece aula sem rodeios, sem
conversas que não sejam relacionadas ao objetivo estipulado.
Lembre-se, como já foi mencionado, que os alunos têm 1 minuto e meio de concentração por ano de vida.
Não desperdice.
3. Seja breve e objetivo nas explicações

Não perca tempo falando muito. Explique de maneira clara e objetiva o que os alunos devem fazer e faça-
os produzir!

4. Olhe para todos os alunos

A afetividade é algo intrínseco ao sujeito, sendo principalmente importante na idade escolar.

Alunos que não gostam de um professor geralmente não gostam também da sua matéria e apresentam
baixo rendimento.

Olhe para seus alunos durante as explicações, não apenas para os 5 ou 6 que "têm vontade de estudar".

Às vezes, chamar aquele que está desatento pelo nome e perguntar se está compreendendo o traz para o
universo do conhecimento que estamos levando para a sala de aula.

Quando o professor demonstra seu interesse no desenvolvimento dos alunos, estes deixam a postura de
meros ouvintes e tornam-se parte do processo de aprendizagem, desejando compreender de fato e
fazendo perguntas que comprovam que estão prestando atenção.

5. Faça perguntas e ouça as respostas

O que move o mundo não são as respostas, mas sim as perguntas.

Então pergunte! Faça seus alunos pensarem, não dê respostas prontas, faça com que pesquisem e
desenvolvam habilidades. Faça o que Celso Antunes chama de ginástica para o cérebro.

6. Socialize as dúvidas

Quando um aluno o questiona, socialize. Às vezes a dúvida de um pode ser a dúvida de todos.

Não deixe que sua aula se transforme num diálogo de duas pessoas, enquanto, nesse meio tempo, os
outros alunos, sem nada para fazer, se dispersem com outros assuntos.

Outra coisa bem importante: respeite as dúvidas, evitando frases do tipo "me perguntando isso de novo?"
ou "quantas vezes já falei isso?" e faça com que seus colegas também a respeitem.

Não existe pergunta boba.

Existem dúvidas que dificultam a aprendizagem e, dependendo da individualidade do aluno, as mesmas


dúvidas irão surgir antes ou mais tarde.

7. Evite virar de costas para escrever no quadro

Cuidado com essa prática! Dependendo da turma essa pode ser uma péssima ideia, pois é um momento
que alguns alunos podem se aproveitar, já que não estão sendo vistos totalmente e em todo momento
pelo professor.

Mesmo assim, já tive turmas em que escrever no quadro era uma boa forma de manter a disciplina.
Vale ressaltar que não existem fórmulas prontas para uma aula proveitosa, mas sim a experimentação de
diferentes metodologias nas diferentes turmas.

8. Caminhe pela sala, evitando que os alunos levantem

Professor que caminha pela sala ajuda a manter o aluno sentado.

Professor que senta incentiva o aluno a levantar-se quando este precisa do seu auxílio. Qual atitude
parece mais inteligente?

Além da questão disciplinar, há outro motivo para você escolher a primeira opção: ao atender os alunos de
carteira em carteira, você pode observar a organização dos cadernos, se o que foi solicitado está sendo
feito, ajudar na organização daquele que tem essa dificuldade e talvez o mais importante: olhar para cada
um e oferecer uma atenção especial, fortalecendo a relação professor x aluno.

9. Explique as atividades com clareza

É comum que alunos esqueçam de algum material para a aula. Ainda que isso seja um problema em
muitos casos, sempre me preocupo em garantir que todos possam realizar as atividades para poderem
passar por aquela experiência.

Seguindo essa postura, certa vez, no calor da atividade, vi o aluno envolvido, comprometido e... feliz.

Não é isso que todos os pais desejam para seus filhos? Ele estava feliz! Feliz pois experimentou a
atividade e sentiu-se bem por realizá-la.

Então, professor, explique a tarefa com clareza, ensine como fazer, pois o aluno, quando alcança o
objetivo proposto, sente prazer. Tenha certeza de que ninguém se sente satisfeito em ir para a escola e
voltar para casa sem ter aprendido algo novo.

10. Valorize o aluno na sua individualidade – conheça-o e respeite-o

Se olharmos para trás, para a nossa vida escolar, com certeza lembraremos um professor que pisou na
bola conosco.

Lembro de certa vez, na terceira série, eu então com 8 anos. A professora pediu que plantássemos um
feijão no algodão (quem nunca?). Eu fiquei muito feliz com a proposta, emocionada de fato, e num de
meus relatórios escrevi que estava nascendo uma vagem. Para mim foi o que mudou, em todo aquele
tempo observando o dito feijão, e eu achei mágico, lembro de ter imaginado a história do João e o pé -de-
feijão e outras fantasias infantis.

A professora conseguiu me tocar com a sua proposta!

No entanto, após corrigir os relatórios, na frente de toda turma, a professora disse que "tinha gente que
escreveu que já estava aparecendo vagem! Onde já se viu? É um absurdo achar que está crescendo uma
vagem!"

Quanta vergonha que eu senti! Ela estava falando de mim perante a turma! O que eu ia saber de
plantação de feijão com 8 anos? Quase joguei meu trabalho fora, de raiva.
Analisando a atitude dessa professora, o que faltou? Onde ela pecou? No respeito aos alunos!

o Falar no grande grupo sobre algo que "alguém" escreveu. Ninguém sabe quem é esse alguém, a não
ser o próprio autor. Como o aluno se sente?
o Exigir levar em conta aspectos como idade, desenvolvimento, histórico de vida.
A criança não é um adulto em miniatura e não tem obrigação de saber! O professor é que deve conduzir
as atividades, respeitando o aluno na sua individualidade.

Quer ouvir uma música que ilustra perfeitamente essa problemática?

Música sapato 36 – raul seixas

Chega de dar sapato 36 para as nossas crianças!

11. Elogie

Imagine o efeito de um elogio ou de uma palavra de incentivo para um aluno que está demonstrando
interesse nas aulas, realizando os temas de casa e respeitando o ambiente de estudos.

O reconhecimento por parte do professor de uma atitude colabora com a repetição das atitudes que
consideramos positivas. Elogie seu aluno, faça -o sentir-se visto, valorizado. Escreva um bilhete na
agenda aos pais, comunicando o bom rendimento do filho.

A agenda escolar não deve ser apenas para notificar maus comportamentos, mas bons também. Faço isso
com frequência e garanto que incentivar e elogiar tem efeito mais duradouro e rápido que xingar, dar
sermões e chamar os pais.

12. Esteja atento às pistas

Os alunos estão o tempo todo pedindo para ir ao banheiro? Alerta! Será que sua aula não está cansativa
ou monótona demais?
É importante diversificar as propostas, intercalar atividades de maneira que não se permaneça muito
tempo fazendo a mesma coisa.

Imagine você, na faculdade, uma noite inteira apenas lendo artigos.

13. Mantenha a calma e a serenidade

Por mais que seja difícil, mantenha-se calmo. Os professores devem ser o exemplo e, por isso, quando
têm atitudes consideradas extravagantes ou erradas no julgamento dos seus alunos, estes ficam
chocados.

É como quando um filho descobre que o pai ou a mãe fazem algo errado.

Lembre-se que a educação se dá pelo exemplo. As atitudes que temos demonstram aos educandos o que
eles podem fazer quando forem adultos.
14. Tenha bom humor

Os alunos não têm opção: devem ir para a escola. Podem até optar entre esta e aquela instituição, mas
não podem fugir do profissional da educação com quem precisam conviver no mínimo 4 horas por dia.

Seja bem humorado, saiba relevar algumas situações.

Ter um comportamento colérico em sala de aula pode criar ou aumentar um clima de tensão que não
contribui com a aprendizagem. Coloque-se no lugar do aluno e imagine ter um palestrante mal humorado e
que, às vezes, até é grosseiro ou mal educado.

15. Evite gesticular ou elevar a voz em excesso

Cuidado com o tom de voz. É sempre preferível falar mais baixo, de modo que os alunos tenham que ficar
em silêncio para ouvir, do que o professor que fala muito alto.

Claro que deve haver bom senso: falar muito baixo, de maneira que a turma do fundo não consiga ouvir,
também pode gerar indisciplina.

Quem nunca terminou um dia de aula praticamente sem voz? Aprenda 10 exercícios para cuidar do seu
principal instrumento de trabalho.
A gesticulação exagerada também pode atrapalhar a aula. Uma boa técnica descrita por Celso Antunes
em seu livro Na Sala de Aula é a do espelho: treinar em casa olhando-se no espelho e ir corrigindo a
postura. Vale também lembrar da frase "você está sendo filmado" enquanto dá aula.

16. Não vincule nota à disciplina

A disciplina é fator importante na educação, não apenas o conhecimento. Portanto, trate a disciplina como
tal, sem vincular a nota.

Além disso, essa atitude contribui para uma educação pela nota, não pelo conhecimento ou satisfação
pessoal. Educar para atingir a "média" não motiva para ir além do conhecimento da escola.

"obtenção da disciplina por convicção leva a formação de uma personalidade forte, madura, que vai
sabendo o que quer, o que é certo ou errado; leva a internalização de valores, a autoconfiança, ao
crescimento da autoestima, ao senso comunitário, à criatividade e à verdade"
Celso Vasconcelos, p.50

17. Não incite o medo da prova

A avaliação deve ser encarada pelo aluno como um momento para testar seus conhecimentos e saber
qual aspecto dos conteúdos abordados devem ser revistos.

Ele não tem maturidade para compreender o objetivo final da avaliação.

Por isso é que o professor deve ajudá-lo. Muitos, pelo contrário, acabam descontando sua insatisfação
com o comportamento dos alunos incitando o medo da avaliação.
Saber que estamos sendo testados nos deixa tensos, aflitos. Então para que estimular esse
comportamento? Devemos contribuir é para a formação dos jovens, para que possam lidar com situações
adversas.

Esses alunos que têm medo de realizar uma prova poderão reprovar inúmeras vezes na autoescola, por
exemplo, devido ao nervosismo ou por falta de autocontrole num momento avaliativo.

Incitar o medo não melhora o comportamento e faz com que o objetivo da avaliação se perca.

18. Seja autoridade e não autoritário

Você sabe a diferença entre o professor autoritário e o professor que é autoridade na sua sala de aula?
UM RETRATO DO PROFESSOR AUTORITÁRIO

Todos conhecemos ou já ouvimos a MÚSICA ANOTHER BRICK IN THE WALL, DO PINK FLOYD.
Convido que você assista ao clipe para que possamos refletir a respeito da postura do professor ali
representado.
O que observamos sobre a postura do professor no vídeo:

Aos 34 segundos, o menino tem alguns relapsos de memória que dão a entender que o professor o
reprime.

Na aula, o professor humilha o aluno, sem reconhecê-lo como sujeito. Além disso, o expõe para a turma,
falta com respeito com suas preferências, sua individualidade.

Há flashes de agressão física – de uma época em que era permitida no ambiente escolar.

Inicia a parte mais tocante da crítica presente no vídeo. Vemos o professor disciplinado pelo autoritarismo,
numa espécie de indústria que confecciona comportamento: os alunos perdem sua identidade quando são
mascarados, deixando de ser quem são para serem iguais, apáticos, sem preferências ou
questionamentos a fazer.

A partir dos 3 minutos, aparece um relógio, o que identifica a relação do tempo com o trabalho, fruto da
Revolução Industrial. Parece que a escola, como sugerida, tem sua visão de educação como um modelo
para não pensar, não contestar, criando assim um operariado urbano, pronto para servir e obedecer.

Aos 3 minutos e 16 segundos, o professor grita "Wrong, Guess again!”, ou seja "Errado, faça de novo!". É
isso que gera o célebre coro:

We don't need no education


We dont need no thought control
No dark sarcasm in the classroom
Teachers leave them kids alone

As crianças se rebelam, iniciam uma revolução, quebram coisas, ateiam fogo. Tudo isso mostra o
sentimento, o desejo de mudança, a revolta pelas atitudes que são do professor e do modelo de educação
explícito no vídeo. Um desejo de libertar-se da tirania.

O professor autoritário já não tem mais espaço na escola desde a época em que o vídeo foi lançado. A
literatura a respeito da educação mudou muito ao longo das últimas décadas, principalmente com a teoria
das inteligências múltiplas, de Howard Gardner.

CHECKLIST: O QUE SEU PLANO DE AULA PRECISA PARA EVITAR A


INDISCIPLINA

Além das técnicas já propostas, uma boa organização do seu plano de aula vai ajudar em muito no
combate à indisciplina.

Se você ainda não sabe como fazer um plano de aula, clique aqui e aprenda.
Abaixo você encontra um exemplo de uma aula de História dada por mim e, ao lado, os elementos que
você deve atentar para manter seus alunos engajados durante todo o período.

PROGRESSÃO DAS ATIVIDADES NA AULA


PROBLEMATIZAÇÃO: Introduzi a aula com uma pergunta sobre o Imperialismo. Os alunos deveriam
pesquisar e encontrar uma resposta para a minha pergunta. Passado o prazo combinado, debatemos
sobre a pergunta.

INTRODUÇÃO AO CONTEÚDO: A partir da pergunta lançada e da resposta dos alunos, retomei o


contexto do Imperialismo, causas e consequências. Esse momento não passou de 21 minutos, prazo
máximo de atenção para alunos de 14 anos. Lembrando que, ao explicar, deve-se utilizar o quadro com
desenhos ou imagens, pois a maioria dos alunos adquire conhecimento de maneira visual.

DEBATE em equipes sobre partes do conteúdo: A partir da minha revisão, passamos a estudar alguns
conflitos imperialistas. Cada equipe recebeu um conflito e deveria fazer anotações no caderno sobre as
causas, o desenrolar do conflito e as consequências.

PROPOSTA DE ELABORAÇÃO DE CARTAZES PARA APRESENTAÇÃO: Após chegarem a um conceito


sobre o tema recebido, a equipe deveria elaborar um cartaz com as principais informações para divulgar
aos outros grupos.

APRESENTAÇÃO DE CARTAZES E TEMAS: Uma vez prontos os cartazes, os alunos apresentam o que
entenderam, respondendo a possíveis perguntas dos colegas.

DEBATE: Após a apresentação, a análise dos conflitos, voltamos para a síntese: o que todos esses
conflitos representam. A partir do todo fomos estudando as partes e a partir das partes voltamos para o
todo.

ELABORAÇÃO DE QUESTÕES SOBRE O TEMA RECEBIDO (EM EQUIPES): Os alunos, após as


apresentações, elaboraram questões sobre o tema recebido. Elaborar questões não é fácil, uma vez que
deve ser analisado o que convém ser questionado ou não. Além disso, a clareza das perguntas é
fundamental para se chegar a uma resposta.

REDISTRIBUIÇÃO DAS EQUIPES PARA RESPONDER AS QUESTÕES: Uma vez que as questões
ficaram prontas, organizei uma ficha com as perguntas dos alunos, com o nome da equipe antes das
questões – também como forma de valorizar o seu trabalho. Redistribuí os grupos para responder as
questões de maneira que um membro de cada equipe anterior pertencesse à nova. Assim, temos, nas
novas equipes, um representante de cada equipe antiga. O objetivo dessa nova redistribuição é para
socializar as informações. Cada aluno sente-se responsável por um assunto (o da sua apresentação) e,
assim, pode explicar novamente para os colegas.
ELEMENTOS IMPORTANTES
 A aula é dinâmica e tem atividades suficientes para que os alunos não tenham tempo livre, o que
gera dispersão.

 O tempo para explicação oral respeita a capacidade natural que cada faixa etária tem de manter a
atenção.

 O aluno é um agente de sua própria aprendizagem, não um mero receptor daquilo que o professor
tem a dizer.

 São usadas diferentes estratégias como vídeos, imagens, textos complementares e jogos como
forma de envolver os alunos no processo de aprendizagem.

 Materiais concretos são utilizados como apoio ao aprendizado.

 A conversa e a interação entre os alunos é usada em prol do desenvolvimento da aula.

 Há momentos de estudo individual, mas também oportunidades de interação com o grupo.

 Há a associação de novos conteúdos a conceitos já estudados.

Repare que a aula é rica em atividades diversas, mas com foco nos trabalhos em grupo realizados pelos
alunos. Já se constatou que as taxas de aprendizagem sobem muito quando atividades de interação estão
no centro do processo.
CONCLUINDO UMA AULA NOTA 10

Acima, compartilhei um plano de aula bem sucedido e


estruturado. Mas uma ressalva é sempre importante nesse
momento: ao utilizar uma dinâmica nova, tenha bem claros os
seus objetivos e etapas e, principalmente, convicção na sua
proposta.
Muitos tentam usar algo novo em sala de aula e demonstram
insegurança -- algo que os alunos percebem rapidamente e
usam contra o professor, que acaba acreditando que "não vale a
pena tentar algo novo".
No livro Aula Nota 10, do norte-americano Doug Lemov,
podemos conhecer 49 técnicas para uma aula nota 10.
Uma delas, que se chama Deixe Claro, cabe exatamente neste
espaço do artigo. Lemov sugere que todos os dias, em
linguagem bem simples, seja escrito na lousa o objetivo da aula
para que os alunos estejam atentos ao que estão procurando.
Assim também podemos analisar se a aula aproximou-se ou
não do objetivo proposto.

REFERÊNCIAS

ANTUNES, Celso. Na Sala de Aula. 3ª ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2012.


AQUINO, Julio Groppa. Indisciplina na Escola - Alternativas Teóricas e Práticas. 8ª ed. São Paulo:
Summus Editorial, 1996.
LEMOV, Doug. Aula Nota 10: 49 técnicas para ser um professor campeão de audiência. 4ª ed. São Paulo:
Da Boa Prosa, 2011.
VASCONCELLOS, Celso dos. Disciplina: Construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula
e na escola. 14ª ed. São Paulo: Libertad, 2000.

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