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NICOLE SCARLETT DA SILVA SOUZA

OBESIDADE NO CAMPO GEOGRÁFICO ESCOLAR

Artigo Científico apresentado como


Trabalho de Conclusão de Curso de
Segunda Licenciatura em Geografia (EaD)
do Centro Universitário Faveni .

Guarulhos/SP

Outubro/2023
Sumário

Introdução..........................................................................................................................3

1. A obesidade e o ambiente escolar ................................................................................5

1.1. A obesidade infantil e o bullying.........................................................................5

1.2. Promoção da alimentação saudável nas escolas..................................................7

Considerações finais..........................................................................................................9

Referências bibliográficas...............................................................................................10

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OBESIDADE INFANTIL

Nicole SCARLETT 1

INTRODUÇÃO

Desde muito cedo me interessei pela licenciatura, e ao longo da minha vida


escolar sempre fui sensível as causas que afetam negativamente o desenvolvimento do
aluno.
Justamente por ter tido algumas experiências negativas que me trouxeram
dificuldades para conseguir me desenvolver na escola, acredito que não basta ter apenas
bons professores e metodologias de ensino adequadas, é necessário acima de tudo,
proporcionar um ambiente adequado para o processo de ensino aprendizagem.
Este ambiente deve valorizar as diferenças, e relações baseadas em respeito
mútuo, e principalmente a coletividade, pois todos os alunos estão em sala pelo mesmo
motivo, e com um convívio sádio, podem tornar a descoberta e a aquisição de novos
conhecimentos uma busca ainda mais prazerosa.
Quando o ambiente é marcado pela discriminação, exclusão, violência através
do bullying, entre outros, é impossível o aluno se sentir confortável para expandir seus
conhecimentos, e geralmente acaba acontecendo o inverso, o aluno passa a se isolar,
apresentar problemas psicológicos, de aprendizagem, involuindo nos aspectos
essenciais, tais como intelectuais, emocionais e sociais.
Dessa forma, no presente trabalho, busquei refletir sobre a problemática da
obesidade infantil, através de memórias no âmbito escolar enquanto aluna e também
como futura professora através estágios realizados.
Infelizmente em meus estágios pude verificar que muitas crianças passam pelo
que passei, pois é cada vez mais recorrente a presença da obesidade na infância, e
muitas famílias não conseguem orientar e estabelecer uma alimentação saudável em
casa, ou até mesmo encaminhar para um acompanhamento específico no caso das
crianças que apresentam alguns distúrbios que resultam no peso excessivo, e por isto, a
escola tem um papel fundamental na promoção de novos hábitos para reverter este

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Graduando do Curso de Segunda Licenciatura em Geografia – Faculdade Faveni.

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quadro, inclusive através de pequenas medidas como proibição de alguns alimentos na
escola, nas cantinas e projetos que ensinem a importância da boa alimentação e
atividades físicas.
Portanto, através deste memorial, busco elucidar inforamações sobre a obesidade
infantil através de referenciais teóricos, bem como relatar a minha experiência como
aluna e vitima do bullying pelo peso na infância, para trazer novas contribuições com o
olhar de futura professora, sobre como podemos trabalhar este problema em sala de aula
buscando minimizar este problema e as consequências negativas na vida escolar do
aluno que se encontra com sobrepeso ou obeso.

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1. A obesidade e o ambiente escolar

Para Souza (2006, p. 7), “a obesidade é um grupo de condições crônicas


caracterizadas pelo excesso de gordura corporal, atribuídas a um desequilíbrio
energético, de origem multifatorial”. Entre as origens da obesidade estão o mau hábito
alimentar, fatores genéticos, hipernutrição infantil, sedentarismo, entre outros.
Infelizmente, a obesidade pode desencadear outras doenças, e por isto deve ser trabalha
no âmbito escolar para promover qualidade de vida para a população.
Diante da minha experiência como aluna que sofreu com a obesidade na
infância, acredito ser essencial desenvolver um trabalho pedagógico que contemple esta
temática nos anos iniciais, para despertar a consciência sobre a alimentação saudável na
criança e na família, através da prevenção, bem como auxiliando aqueles que precisam
perder peso.
Souza (2006), ainda destaca que a escola, enquanto instituição, possui função de
instruir seus alunos e por isto trabalhar questões da atualidade que influenciam a
qualidade de vida dos alunos.
A partir disto, surge a Educação para a Saúde, que se baseia em um diálogo entre
professor, aluno e sociedade, e trabalha questões intrigantes, que proporcionem reflexão
sobre qualidade de vida, alimentação saudável, entre outros. Os PCN’s ressaltam a
atuação do professor neste âmbito enfatizando que possui papel motivador que introduz
os problemas presentes, busca informações e materiais de apoio, problematiza e facilita
as discussões por meio da formulação de estratégias para o trabalho escolar’’ (BRASIL,
1998).

1.1. A obesidade infantil e o bullying

Lembro-me da minha infância como o período em que eu tinha curiosidade de


descobrir o mundo e muito gosto pelo conhecimento. Tinha muita ansiedade de iniciar a
minha vida escolar, e sempre brincava simulando que era aluna ou professora, mas em
todos os momentos este brincar envolvia situações positivas.
No entanto, quando de fato fui matriculada, me sentia muito nervosa por as
mudanças que estavam acontecendo em minha vida e estrutura familiar, considerando
que minha mãe estava retornando ao mercado de trabalho, e tenho recordações da
desorganização com toda a correria da minha família para conciliar o horário das aulas,
com o trabalho dos meus pais, fora as compras da casa, etc.

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Por esta desorganização, comia muitas besteiras, a minha lancheira era lotada de
alimentos industrializados e eu tinha a liberdade de comer qualquer coisa que me
agradasse, como uma tentativa dos meus pais de amenizar a ausência em minha vida.
Segundo Diniz (2010), algumas famílias acabam superalimentando o filho para
suprir uma falta na relação, de tempo ou afeto. Por se sentirem culpados, tendem a
encher os filhos de brinquedo, comida e permissividade, possibilitando problemas
comportamentais e de obesidade na infância.
Com isso, fui uma criança obesa e sofri muito na escola com o bullying,
caracterizado como:
[..] todas as formas de atitudes agressivas, intencionais ou repetidas, que
ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudante, contra
outros, causando dor, angustia, e sendo executadas dentro de uma relação
desigual de poder. Atos repetidos entre iguais, e o desequilíbrio de poder são
características essenciais, que tornam possível a intimidação da vítima
(ARAMIS ET AL, 2015, P.3).

De acordo com Bandeira e Hutz (2012), na prática do bullying existe a clara


intenção de humilhar, prejudicar através de um poder de forças sobre a vítima, podendo
ser pela diferença de idade, gênero ou força. No geral, o aluno propício a sofrer este tipo
de agressão, apresenta-se vulnerável por características físicas, emocionais ou
comportamentais, podendo ser mais passivo, retraído, com baixa autoestima e com
círculo social de amigos restrito.
Aramis et al (2015) completa afirmando que as vítimas, dependendo de suas
características individuais, podem não superar os traumas causados pelo bullying,
refletindo negativamente para o resto de suas vidas, através de sentimentos negativos,
dificuldade para estabelecer relações, baixo autoestima.
Foi exatamente o que aconteceu comigo, toda a curiosidade e vontade de
frequentar a escola, se transformou em trauma. Vivia pensando em alternativas para não
precisar entrar na sala de aula, era isolada e em muitas vezes também assumi um
comportamento agressivo para afastar qualquer possibilidade de ser ofendida, não tinha
concentração para realizar as atividades pois me desequilibrava com qualquer insulto e
tive dificuldades em várias matérias por não ter um ambiente adequado para me
desenvolver.
Após um longo período de sofrimento, adotei uma postura menos passiva e fui
encontrando maneiras de me impor, mas as marcas do bullying são eternas. Em minha
época, senti falta de auxilio da escola para repreender o comportamento dos alunos

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agressores, inclusive vejo como antes os insultos e violência eram considerados como
brincadeiras normais.
Diante disso, Silva (2011), mostra que quando não existe intervenções efetivas
contra esse tipo de violência, o ambiente escolar como um todo, torna-se contaminado.
Todos os alunos são vítimas, mesmo que indiretamente, pois experimentam de
sentimentos de ansiedade, angustia e medo. E também, quando não há uma medida
adequada para esses casos, os alunos podem adotar comportamentos agressivos por
entenderem de forma errônea, que o comportamento agressivo não acarreta em
nenhuma consequência. Por isto, enquanto professora, lutarei para que outras crianças
não tenham sua trajetória marcada por algo tão cruel e vejam a escola como um
ambiente acolhedor e propício para o desenvolvimento de cidadãos plenos.

1.2. A promoção da alimentação saudável nas escolas

Considerando toda a experiência negativa que tive na escola por conta da


obesidade, assim que iniciei meu estágio, me preocupei em observar as crianças que
possivelmente estavam sofrendo pelo mesmo motivo. Infelizmente verifiquei que o
número de obesos em sala de aula tem aumentado bastante, e a violência em sala de
aula também.
Percebi que atualmente, por muito menos, os alunos sofrem represália de outros, e
atribuo este tipo de comportamento a falta da presença da família na vida das crianças,
desde aquele que possui uma alimentação irregular, e aquele que é agressivo, porque no
fim ambos são vitimas, a diferença é que o agressivo tende a procurar chamar a atenção
e faz isso desmerecendo outros colegas.
Tive muita sorte de fazer estágio em instituições com ótimas propostas
pedagógicas e muito abertas a novidade. O estágio feito com o Ensino Fundamental, me
proporcionou a experiência mais incrível, pois foi como se eu tivesse a oportunidade de
voltar no meu passado para reparar algo que me fez tão mal.
Em uma das aulas, conversei com a professora contando do problema que tive e
ela também demonstrou preocupação com os apelidos maldosos que alguns alunos
recebiam, e acreditava que por isto, estavam mais isolados, tristes, faltando nas aulas e
perdendo atividades.
A partir disto ela me deu a liberdade de auxiliá-la na criação de um projeto em pról
da alimentação saudável, e enfatizou que ninguém melhor do que uma aluna que passou

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por estas dificuldades para auxiliar nos pontos necessários para reverter este quadro o
mais cedo possível, proporcionando qualidade de vida aos alunos.
Sobre a questão do bullying, verifiquei que algumas medidas estavam sendo
tomadas, porque acredito muito que o aluno oprimido não deve ser o responsabilizado,
então antes de pensar que ele tem que emagrecer para não sofrer, o aluno agressor
precisa aprender a respeitar e conviver com as diferenças. No entanto, a ideia do projeto
era para reverter o cenário que víamos na escola: a péssima alimentação, focando
exclusivamente na saúde desta população ainda tão jovem.
Para isto, fiz uma pesquisa e apresentei algumas atividades que poderíamos
trabalhar em sala e assim fizemos. Desenvolvemos aulas mostrando sobre a importância
da alimentação saudável e as suas implicações na saúde, aplicamos dever de casa para
desenvolverem com os pais visando a mudança de hábito, fizemos receitas saudáveis na
escola para ensinar alguns conceitos de ciências, e foi um sucesso.
Em pouquíssimo tempo, notamos que os alunos substituíram alimentos da
lancheira como refrigerantes e salgadinhos, por frutas, sucos caseiros, pães e bolos que
ensinamos nas aulas.
Outro fator importante nesta mudança de hábito, é a Lei Nº 13.027, conhecida
como ‘’ Lei da Cantina’’, que controla a oferta de alimentos oferecidos nas cantinas
escolares, sendo que os lanches e bebidas hipercalóricas, devem ser substituídos por
alimentos mais saudáveis como lanches naturais, sucos e frutas, atendendo os
parâmetros do ‘’Guia Alimentar da População Saudável’’, estabelecido pelo Ministério
da Saúde, além de vetar as propagandas que estimulem a compra de guloseimas em
ambiente escolar (MELLO, 2015).
Com esta nova oferta nas cantinas, foi muito mais fácil garantir a alimentação
adequada das crianças, e associado aos novos hábitos alimentares, procuramos também
realizar atividades ao ar livre, para resgatar o brincar sem uso de tecnologia, e os alunos
gostaram muito. Foram atitudes simples, que estavam perdidas devido à falta de tempo
dos pais, mas que certamente os alunos levarão para suas vidas e terão uma saúde muito
melhor.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A elaboração do presente memorial me permitiu refletir sobre uma das causas


que afetam o bom desenvolvimento do aluno devido ao ambiente inadequado para a
aprendizagem. A obesidade, ainda que aparentemente pareça não ter ligação com o
bom desenvilvimento do aluno, impõe limitações físicas, emocionais e sociais, já que o
aluno geralmente é reprimido pela turma, sofre bullying, não se desenvolve socialmente,
e em muitas vezes mal consegue realizar exercícios físicos, e por isto, acaba
considerando a escola como um ambiente constrangedor, de repressão.
Assim, pude resgatar vivências negativas na minha fase escolar para criar um
projeto envolvendo hábitos alimentares saudáveis, na tentatiza de minimizar o número
de crianças obesas, sendo motivo de grande orgulho para finalizar o meu curso com
excelência.
Acredito muito que o processo de ensino aprendizagem necessite de
profissionais bem formados, que estejam atentos as metodologias de ensino eficazes,
mas acima de tudo, é preciso fazer da sala de aula um ambiente acolhedor, com
afetividade, paz, harmonia, ou seja, condições necessárias para que o aluno se
desenvolva plenamente.
Por isso, como futura pedagoga, desejo trabalhar com aulas que englobem a
diversidade, o respeito e a saúde, pois quero que meus alunos tenham uma visão
positiva da escola, e a partir disto, conseguirei desenvolver as habilidades e
competências necessárias em cada ciclo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAMIS, Antônio Lopes Neto. Bullying: Comportamento agressivo entre estudantes.


Jornal de Pediatria: Rio de Janeiro, 2015.

BANDEIRA, Claudia de Moraes; HUTZ, Claudio Simon. Bullying: Prevalência,


implicações e diferenças entre gêneros. Revista Semestral da Associação Brasileira
de Psicologia Escolar e Educacional. São Paulo: v.16, 2012, p.35-44.

DINIZ, Maria Claudia. Saúde como compreensão de vida: avaliação para inovação na
educação em saúde para o ensino fundamental. Ensaio – Pesq. Educ. Ciênc., v.12, n. 1,
abr. 2010.

MELLO, Gabriel. Obesidade infantil: Como podemos ser eficazes. Revista de


Pediatria. São Paulo: v.1, 2015, p. 13.

SILVA, Neri Garcia dos Santos. O papel do orientador educacional mediante o


Bullying. Pesquisa em foco: V.19, n.1, p.73-93. 2011.

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