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OENSTEIN, S} ONO, Rj VILLA, SB; FONG | ANEE- YN-" \uAaANGAO _Pi>-boushAo zn) Ori Avaliagao pdés-ocupagao (APO) aplicada a realimentacao do processo de projeto Seite WaLae ORNSTEIN _slonais na area do ambiente constraido (Arqutetuae Urbaniamo € SonsnOva | SIMONE BARBOSA VILLA ssa abordagem era definida pela aya juoire Gausiart) simples sobreposicdo de elementos construtivos por ordem cronol6- _ LiMoNci FRANGA gica de execucio, que, de modo simplificado, séo os seguintes: lim- peza do terreno; movimento de terra; fundagdes e estruturas; vedos; instalagdes; cobertura, revestimentos, pinturas, obras € servigos adi- cionais; e limpeza da obra. Essa abordagem descritiva estd baseada em discriminagéo orgamen- ‘taria, que funciona ha décadas como um checklist para as etapas inerentes @ producao de edificios, a saber (ABNT, 1965, 2006): projeto (em todas as suas etapas); construgao (no canteiro de obras); 1 fabricagio de componentes. Assim, para essa abordagem contempordnea, deve ser considerado 0 processo de producéo, uso, operacZo e manutengao do ambiente construfdo luz de trés principios basicos: Nessa viséo e abordagem, como ja mencionado, pressupée-se a avalia- sao continua de todas as etapas (producdo, uso, operacéo e manutenco), a gual se configura em diagnésticos e recomendacées pata 0 préprio estudo de caso e em dirétrizes para futuros projetos semelhantes. Por meio da adocio da forma sistémica de avaliacao, deixa-se de con- 1 Siderar a abordagem linear, sequencial, em que cada ambiente com funsdes " semelhantes passa a ser produzido como se fosse um novo, O que se tem é um sistema de ambientes construidos no qual as informacées aferidas sobre um deles, por meio de avaliagbes continuadas, passam a colaborar para 2 melhoria e a gest4o da qualidade dos demais. ‘A ISO 6241 (1984, p. A-9) define’o 'desempenho como 0 comportamento de um determinado produto em relacio ao uso. Indica, portanto, que qualquer ambiente construido (em suas partes ou em seu todo) deve atender, no decorrer de sua vida titil, as necessidades dos usuarios. estabilidade; @ seguranca contra incéndio; @ seguranga de uso; estanqueidede; conforto higrotérmico; q pureza do ar; j conforto aciistico; 4 conforto visual; } conforto tatil; j conforto antropodinamico; { higiene; i adaptacao dos espacos ao uso; z i Baeeomee meee ee “Rantagho PE-OCUPAGEONA ARQUITETURA No URBANO E nO DESIR OK TEORA APRATICA | ] & durabilidade; B economia. ‘Acesses 14 itens de desempenho pode-se adicionar mais um/@|COnfoHtO) (GBI, 0 gu considers, sobre do asTelagbeIMNUENEAS EPO) No caso do Brasil, as diretrizes de projeto formuladas por drgaos ptiblicos, 08 cddigos de edificagées e as praticas arquitetonicas e urbanisticas em geral nao contemplam esse t6pico, 20 contrério do que ocorre em varios paises desenvolvidos. A anilise dos resultados de APOs aplicadas a distintos ambientes cons- trufdos pode ser um dos caminhos para a insercdo do item conforto psico- logico em diretrizes de projeto e, posteriormente, em normas a partir de trabalhos de equipes multidisciplinares. Em suma, se for entendido que o desempenho do ambiente construido € mais relevante que a simples descricéo dos elementos construtivos que 0 compéem, recomenida-se, para esse caminho, que a produgio, 0 uso, a operacio e a manuténcio de ambientes estejam pautados em critérios de desempenho, aqui definidos como parémetros de avaliagdo de ambientes construidos. a. A INTERDISCIPLINARIDADE E © AMBIENTE CONSTRUIDO (Gabalho) Pode-se dizer que, na construcao civil, essa fragmentacao das atividades vinculadas 4 producao arquitetonica e urbanistica teve seu momento mais significative na Qi GREW (Ornstein, 1996). Sendo assim, € posstvel identificar algumas falhas de caréter te6rico- -conceitual no que diz respeito as efetivas necessidades dos usudrios dos ambientes construidos concebidos nesse perfodo. Saa= se dé nas nuiltiplas interagdes de areas distintas, durante © processo de projeto, ao longo da construcdo e também durante 0 uso, a operacdo ¢ a manutencdo dos ambientes construfdos. Desse modo, cabe ao pesquisador, nao mais das areas tradicionais de Arquitetura € Urbanismo, mas sim do projeto ambiental (Goncalves; Bode, 2015), a missio de influir nas “definigdes das relagdes entre arquitetura mudanca social" (Preiser; Vischer, 1991) ¢ de transferi-las ao profissional atuante no mezcado, por exemplo, por meio de equipes multidisciplinares € coordenadas de APO, Hl ‘Avaliag pés-ocupasio (APO) aplicada & ealimencacio do process de projeto} Observa-se gue, nos pafses desenvolvidos, hd pelo menos quatro déca- das, além de pesquisadores em Arquitetura e Urbanismo, aqueles de outras teas, como Engenharia Civil, Psicologia, Antropologia e Sociologia, entre outras, vém atuando de modo colaborativo, visando dar suporte a proje- tos ambientais. Mesmo nesses paises, hd que se ressaltar que o trabalho interdisciplinar nao é uma tarefa tranquila, havendo diversas divergéncias e diversas correntes implicitas em seu bojo. Porém, muitos resultados foram alcancados especialmente porque se partiu de uma visio mais recente da aprendizagem em Arquitetura e Urbanismo, que vem sendo adotada nos denominados (@eGionallenacIORAD Nesses casos, as atividades so desenvolvidas por equi: Pes compostas de profissionais de diferentes expertises, como arquitetos e urbanistas, economistas, socidlogos, paisagistas, engenheiros de transporte, demégrafos, gebgrafos, historiadores, especialistas em conservacio energé- tica e especialistas em politicas publicas, entre outros. Entretanto, ela € mais facilmemte encontrada entre os préprios arquitetos com especializagées dis- tintas (como paisagistas, planejadores urbanos e especialistas em conforto ambiental) do que entre arquitetos e urbanistas e profissionais com forma- ‘20 em outras éreas de conhecimemto, tais como os profissionais com foco no comportamento humano (pedagogos e psic6lo; Desse modo, enfatiza-se a importancia de promover o trabalho multi- disciplinar, especialmente no caso das pesquisas brasileiras. 1.2 AIMPORTANCIA DOS ESTUDOS DAS RELACOES ENTRE AMBIENTE CONSTRUIDO E COMPORTAMENTO HUMANO Uma parte das relacées entre ambiente construfdo e comportamento humano (RACS) que apresenta grande interesse e fornece subsidios te6- ticos € metodolégicos ¢ mesmo informagdes praticas aos pesquisado- ses e profissionais nas dreas de Arquitetura e Urbanismo esté baseada, pode-se dizer, em uma das abordagens tedricas da Psicologia: a PGBE) CAAMBIERD Ornstein, 1996) 2 Sang PEE GEUDAGRO WA ARTETA. | No UneaMtno nO Deen on weona PRfcn | | | | ‘ Por exemplo, certas condigées ambientais podem reduzir a produtivi- dade, como estag6es de trabalho em locais inadequados, e elevadas densida- des ocupacionais em conjuntos habitacionais podem aumentar as taxas de criminalidade (Newman, 1972). Por outro lado, o comportamento humano pode, reciprocamente, afetar o ambiente, como no caso de vandalismos. Estudos dessa natureza podem ser aplicados a lobbies de hotéis, lojas de departamento, aeroportos, espacos semipiblicos de shopping centers ou, ainda, escolas ou edificios de escrit6rios com planta livre, ambientes em que interagbes sociais ou de trabalhojestudo devem ser estimuladas, mas, ainda assim, permitindo a definicao de territérios e favorecendo a privacidade. Os conceitos pais frequentemente considerados @ luz das (elagees) entre ambiente e comportamento si desenvolvido por Hall (1966) e Sommer (1973), diz respeito a limites invisiveis que circundam cada um de nés, os quais nao podem ser ultrapassados por outros individuos. © espaco pessoal regula a proximidade das interagées com os demais individuos, podendo movimentar-se, ampliarse e reduzir- -se de acordo com o contexto em que cada um esta inserido (Bell; Fisher; Loomis, 1990). E assim que, segundo Sommer (1973), ficam estabelecidas, por exemplo, suas especificidades, tais como os niveis de privacidade desejados. Bsse espaco faz. parte de cada individuo e é diferente para cada cul- tura, contexto socioecondmico, género e situacao. Hall (1966) fot mais longe e sugeriu, para 0 caso dos norte-americanos, quatro zonas de espago pessoal ,enten- dendo que cada uma delas depende das relacées entre os individuos € do tipo de atividade em que esto envolvidos. A medida que ha o aumento das distancias entre os individuos (da zona {ntima a piiblica), passa-se a ter menos contato tatil e visual € mais contato auditivo. Segundo Sommer (1973), quando um individuo ndo consegue regular as distancias individuais adequa- damente e para cada situagao e contexto, podem ocorrer desequi- Iibrios causadores de estresse. Trata-se de uma invasdo espacial da privacidade, que pode ser fisica, visual ou actistica, GepfteFaliéaAeDAifere do conceito de espaco pessoal por se tratar de uma rea fixa (fisica) e ndo acompanhar o individuo a medida que ele se movimenta, com limites visiveis, que regulam quem ird inte- | | | agit. Esse aspecto nao estd baseado no individuo, mas sim no grupo {Bell; Fisher; Loomis, 1990). ‘ato, a territorialidade se manifesta pela personalizacio do espaco, e, segundo Ballast (1988), um projeto satisfatério deve permitir adaptagdes por meio de intervenes no espaco a serem realizadas pelos usuarios. Newman (1972) ainda destaca que, conforme o tertitério publico, por exemplo, é personalizado (pertencimento), aumenta a possibi lidade de defesa e de seguranga. Densidaae beupacionalMieve ser abordada desde a macroescala urbana até a microescala, por exemplo, de um dormitério em uma dada habitagao. Dos pontos de vista cultural e socioeconémico, distintos grupos percebem as densidades ocupacionais (se elevadas ou nao) diferentemente e se comportam também diferentemente em relagio a esse aspecto. Varios estudos tém demonstrado que densidades ocupacionais ele- . vadas (superpopulacao) podem causar problemas fisicos e mentais e induzir as pessoas a uma variedade de comportamentos antissociais. No Brasil, por exemplo, no caso das habitagdes sociais, situagdes estressantes de sobreposicio de tarefas sdo relativamente comuns impedem o desenvolvimento pessoal. J4 nos paises desenvolvidos, nos programas de necessidades para a habitacio social, tem sido inclufdas caracteristicas como o tamanho ea composigdo familiar. Uma vez que esses trés conceitos, existentes ha mais de quatro décadas, Permanecem atuais, a aplicacéo dos métodos e técnicas de,APO pode auxi- liar tanto a verificacao desses aspectos quanto a proposicdo de golugSes para resolver problemas relacionados a eles. 1.3, DA AVALIAGAO PRE-PROJETO A AVALIAGAO P6S-ocUPACAO Avaliagdes podem se configurar em ptocedimentos para a gestao da qualidade no proceso de projeto, construgio, uso, operacdo e manu- tengo de ambientes construfdos. Entre elas, séo particularmente relevantes aos projetistas a avaliagao pré-projeto (APP) ¢ a avaliacdo 16s-ocupacio (APO). RSALAGhG REE SEUPAGKO Na Ure, | [NO URBANO ENO DESIGN: DA TEORIA A PRATICA AAPO (ou ADU - avaliacao de desermpenho em uso), por sua vez, con- siste em uma abordagem multimétodos para a avaliacdo do desempenho no decorter do uso. Nesse caso, conforme mencionado inicialmente, conside- ram-se as RACs para as andlises. A abordagem adotada para a APO promove a integracdo das diferentes fases do ciclo de vida do ambiente construfdo, na medida em que tem por objetivo prover subsidios para a realimentacéo das etapas anteriores ao uso, a saber: planejamento, projeto e producio. ‘Cabe destacar que a APO tem a vantagem de se valer de multimétodos e técnicas num contexto multidisciplinar, cujas principais vantagens resi- dem na consideracao dos pontos de vista dos especialistas/avaliadores e dos usuarios, no tempo e na escala reais. Em contrapartida, sua possivel des. vantagem esta na necessidade, inerente a essa abordagem, de trabalhar com incimeras variaveis incontrolaveis ou nao faciimente controlaveis, tais como 0 comportamento humano e suas relacées com o ambiente construido. Na verdade, APPs e APOs, para se configurarem em procedimentos efi- cazes, voltados & melhoria continua, devem ser aplicadas regular e sistema- ticamente, em um processo continuo de realimentacao. 1.4 PECULIARIDADES DA APO AAPO surgit apoiada no compromisso com 0 desempenho ambiental do ambiente construfdo, nos paises desenvolvidos nos anos 1960 e no Brasil em 1984. Bla sé diferencia de outros tipos de avaliacao apli- cada 20 ambiente construfdo tanto por interferir diretamente em seu proceso de producdo quanto por valorizar a opiniao do usuario, em complementacao ao ponto de vista dos especialistas (Elali; Veloso, 2004), Conforme Preiser e Schramm (2005), avaliar 0 projeto e seu pro- c2ss0 0010 edificio por meio da APO permite compreender os motivos subentendidos nas decisdes dos varios participantes do processo, uma vez que essas decisbes so, com frequéncia, baseadas em uma grande variedade de considerag6es. Para Kowaltowski et al. (2013), consistem em emocoes, intuigSes e julgamentos, que sao tao relevantes quanto os aspectos racionais, tais como medigbes e verificacao do atendimento a normas técnicas. Para Abiko € Ornstein (2002), 0 termo qualidade se refere a aspectos ‘que satisfazem as necessidades do usuério e esta associado ao desempenho satisfat6tio de ambientes construidos em funcdo das RACs. Para Van der Voordt e Van Wegen (2005), aliar a qualidade ao processo do projeto, objetivando o bem-estar e 0 atendimento as necessidades dos ‘usuatios, pressupde a participacio desses usuérios no programa de necessi- dades € nas questdes projetuais e construtivas. Como forma de compreensao dos complexos problemas de pesquisa e de aplicagdes praticas na frea das RACs por meio da multidisciplinaridade, ‘no campo da Psicologia Ambiental, da Arquitetura e Urbanismo, da Enge- nharia Civil ou mesmo do Design, o aprimoramento, a expansio e a diver- Avalingio pés-ocupasio (APO) apleada realmencacio do proceso de projec | sidade de estudos de caso estirmulam uma grande variedade de aplicagoes de meétodos e técnicas, sendo empregados miiltiplos métodos, isto é, pesquisas com base em métodos quantitativos € qualitativos (Blali; Pinheiro, 2003), pertitindo “contrabalancear possiveis desvios-tendéncias dos resultados" {Lay; Reis, 2005). ‘ Os resultados das pesquisas da APO revelam que sua abordagem mul- ~ timétodos pode aumentar sua abrangéncia, & medida que os pesquisadores percebem a importancia de ampliar 0 alcance na area de RAC ¢ de possibi- litar a transferéncia desse contetido para os projetos arquitet6nico, urbanis- tico e do produto, observados seus respectivos contextos ¢ escalas. 1.5 CRONOLOGIA DAS ATIVIDADES E EXPERIENCIAS INTERNACIONAIS Inerente aos estudos relativos a RAC, a aplicacdo dos-métodos e técni- cas de APO surgiu e se desenvolveu como uma abordagem que podia inserir a incégnita “ambiente” na equa¢3o “individuo + comporta- mento”. Nesse sentido, sua origem se encontra em pesquisas multidis- ciplinares do ambiente e do comportamento, baseadas em diversas disciplinas tradicionais, tais como Psicologia, Antropologia, Arquite- ture e Sociologia. Intimeras denominagdes foram dadas as pesquisas de RAC, a saber: Psicologia Ambiental, Psicologia Ecol6gica, Sociologia Ambiental, Desenho Ambiental e Arquitetura Psicolégica, entre outras. REV EVRENE CRHStOPHEE) As cronologias e referéncias bibliogrdficas que se seguem refletem a evolucéo dese campo do conhecimento imernacionalmente e no Brasil, desde seus primeiros fundamentos conceituais e te6ricos, no final da década de 1940, até os dias de hoje. No Quadro 1.1 observa-se que, apés 2 Segunda Grande Guerra, foram publicados trabalhos pioneiros nos campos da Psico- logia Ambiental e da Antropologia, tais como os de Barker e Wright (1954), Hall (1966) e Sommer (1973). B_ Thing ho ¥en Wa Sagi, NO URBANISMO ENO DESICN: DA TEORIAAPRATICA |

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